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Adriana Guim
Professora do Departamento de Zootecnia/UFRPE, Recife- PE,
E-mail: guim@dz.ufrpe.br
RESUMO – Objetivando caracterizar uma população de feijão bravo (Capparis flefluosa) foram avaliadas 30 plantas
de cada categoria (árvores, adultas podadas e regeneração), dispostas ao caso em uma área de palma. Foram avaliadas a
altura da planta, diâmetro da altura do peito, diâmetro da altura da base, presença de botões florais, florescimento,
frutificação em arvores. Para interpretação dos resultados foi utilizada uma analise de variância, com delineamento
inteiramente casualizado. A altura média das plantas avaliadas foi de 5,1 m, diâmetro da altura do peito de 16,8 cm,
diâmetro da altura da base 18,6 cm e diâmetro da copa 5,3 m. As árvores apresentaram botões florais entre janeiro e
fevereiro, floresceram entre janeiro e março e frutificaram entre fevereiro e março. A composição química entre as
categorias apresentou um teor médio para matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN),
fibra em detergente acido (FDA), matéria mineral (MM), matéria orgânica (MO), hemicelulose (HEM), celulose (CEL)
e lignina (LIG), de 49,5 %; 15,4 %; 54,1 %; 35,6 %; 8,9 %; 91,1 %; 18,4 %; 27,6 % e 7,2 %, respectivamente. Os
resultados obtidos indicaram que o feijão bravo possui composição química semelhante a leguminosas forrageiras,
sendo considerado uma alternativa para a exploração em sistemas de consórcio visando à alimentação animal em
períodos de escassez de forragem da região.
Os valores médios da altura das plantas, diâmetro da O DAP e o DAB apresentaram um aumento ao longo
altura do peito, diâmetro da altura da base e o diâmetro da do estudo concordando com a altura da planta, o que
copa dos indivíduos de feijão bravo apresentaram um reflete em plantas mais altas possivelmente apresentam
crescimento linear em relação ao inicio até o final do caules mais largos. Este valor esta superior a outros
experimento (Tabela 3). trabalhos com outras espécies encontradas na caatinga
O aumento da altura das plantas foi considerado (Carvalho et al., 1999; Drumond et al., 1998; Santos et al.,
relativamente pequeno, isto se deve possivelmente as 1997).
condições de precipitação ocorrida, como também a Em relação ao diâmetro da copa, as arvores
fertilidade do solo. Ferreira et al., (2007) trabalhando com apresentaram diâmetros médios de 5,3 e 5,4 m na
leguminosas nativas observaram uma altura média de 5,8 primeira e segunda avaliação, respectivamente. Houve um
m. o que para o feijão bravo não é considerado bom, se aumento médio do diâmetro de 0,15m. o baixo
visar um sistema silvipastoril na caatinga, da mesma crescimento da copa deve-se provavelmente as mesmas
forma deste autor, os valores encontrados neste estudo ocorrências que a altura da planta.
para altura da planta (4,8 ou 5,3 m), refletem plantas
inacessível ao animal, em sistema de pastejo.
Tabela 3. Altura média (AP), diâmetro a altura do peito (DAP), diâmetro a altura da base (DAB) e diâmetro da
copa (DC) de arvores de feijão bravo, na região do cariri paraibano
Período AP Desvio DAP Desvio DAB Desvio DC Desvio
(m) padrão (cm) padrão (cm) padrão (m) padrão
1º ano (maio/2000) 4,8 1,1 16,3 9,8 17,5 7,5 5,3 1,8
2º ano (maio/2001) 5,3 0,9 17,3 9,7 19,8 8,0 5,4 1,8
Média 5,1 16,8 18,6 5,3
Na tabela 4 observou se significância (P<0,05) entre satisfatórios em se tratando de uma forrageira nativa
as categorias de plantas apenas para matéria seca e ocorrendo em condições naturais do semi-árido
proteína bruta. Em relação a matéria seca as arvores paraibano.
apresentam valores superiores as demais categorias, o Semelhantemente a avaliação da composição
mesmo não ocorrendo para proteína bruto, visto que, as nutricional das categorias do feijão bravo, a época de
arvores foram consideradas os menores teores. corte apresentou significância apenas para os teores de
Possivelmente ocorreu devido a idade avançada dessa matéria seca e proteína bruta, indicando que estas
categoria em relação as demais. variáveis foram influenciadas pelas condições
Almeida et al., (2006) trabalhando com plantas da edafoclimaticas. Almeida et al., (2006) estudando a
caatinga observaram que a composição química decresce algaroba, marmeleiro e jurema preta em épocas
com o avanço da idade. diferentes, não observaram diferenças entre épocas para
Os teores de fibra em detergente neutro e fibra em as variáveis matéria seca e proteína bruta.
detergente ácido foram considerados bons, comparados a Não houve diferença significativa (P>0,05) para os
outras plantas, como o sabiá e leucena, observador por teores de MO e MM em relação aos cortes avaliados
Almeida et al., (2006) valores de 50,6; 42,1 % e 36,5; (Tabela 5). Os valores encontrados demonstram que as
29,9 %, respectivamente, em condições favoráveis de plantas de feijão bravo mantiveram-se estáveis, não
chuva e adversas aos deste estudo. Indicando que apesar havendo oscilação quanto á extração de minerais contidos
da pouca incidência de chuvas o feijão bravo não foi na solução do solo, o mesmo acontecendo para o acumulo
prejudicado em sua composição química, sendo desta de matéria orgânica. Estudando o feijão bravo autores
forma uma planta promissora em condições de escassez como Soares (1989) e Araújo et al., (1996c) encontraram
de forragem. teores de MM superiores ao obtido neste trabalho, já
A celulose e a hemicelulose não apresentou Nozzela et al., (2001) obtiveram um teor médio inferior.
diferenças significativas entre as categorias estudadas. Os O que infere na questão da interferência das condições
valores encontrados para celulose foram considerados edafoclimaticas sob a composição química destas plantas,
Devido às medidas da fibra em detergente neutro e Em relação aos teores de lignina estes apresentaram
acido não apresentarem significância em relação aos variação media de 6,9 a 7,7 % para o segundo e terceiro
cortes, demonstram que as categorias se comportaram corte, período em que a planta encontrava-se com
semelhantemente entre si e entre épocas de avaliação. crescimento lento. Estes valores observados no presente
Os teores de FDN ao longo do período estudado trabalho foram superiores aos encontrados para carquejo
variaram de 50,5 a 57,3 %, essa variação pode ter (Calliandra depauperata), mata pasto (Senna uniflora P.
ocorrido em função do feijão bravo iniciar sua produção Mill), umbuzeiro (Spondias tuberosa) e inferiores ao
biológica durante o período de estiagem (Soares 1989), quebra facão (Cróton mucronifolious), leucena (Leucaena
época neste trabalho semelhante ao quarto corte, leucocephala), respectivamente (Passos 1994 a, b).
ocasionando assim um baixo teor nos constituintes
fibrosos.
Tabela 5. Composição química em quatro cortes de plantas de feijão bravo no cariri paraibano
1º corte 2º corte 3º corte 4º corte Média CV
% na matéria seca (%)
Matéria seca 48,8b 45,5ª 51,9b 51,5b 49,4 2,3
b
Proteína bruta 14,7ª 18,1 14,3ª 14,5ª 15,4 4,9
Matéria mineral 8,3ª 9,1ª 8,3ª 9,9ª 8,9 13,8
Matéria orgânica 91,6ª 90,9ª 91,7ª 90,1ª 91,1 1,3
Fibra em detergente neutro 53,7ab 57,3ª 54,3ab 50,5b 53,9 4,9
Fibra em detergente ácido 36,4ª 35,9ª 35,8ª 34,2ª 35,6 4,5
Hemicelulose 17,8ab 21,3ª 18,4ab 16,2b 18,4 10,8
Celulose 28,1ª 28,4ª 27,6ª 26,7 27,7 4,9
Lignina 7,3ab 6,9b 7,7ª 7,0b 7,2 5,3
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