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1. INTRODUÇÃO
A intervenção humana sobre o relevo terrestre, quer seja em áreas urbanas ou rurais,
demanda a ocupação e a transformação da superfície do terreno. Dependendo do tamanho
dessa intervenção, das práticas conservacionistas utilizadas e dos riscos geomorfológicos
envolvidos, os impactos ambientais associados poderão causar grandes prejuízos ao meio e
aos seres humanos (Guerra, 2003).
A necessidade de se buscar a conservação e a preservação da biodiversidade tem se
tornado uma questão prioritária. Nesse contexto, é significativa a proteção de áreas que
venham abranger os diversos tipos de ecossistemas, principalmente aqueles que ocupam
ambientes serranos, com declividades acentuadas, onde a perda da cobertura vegetal poderá
desencadear diversas instabilidades ambientais.
É baseada nessa problemática ambiental que reside a importância dessa pesquisa, e
busca, através de um estudo integrado, analisar e refletir o ambiente como fruto da má
utilização do espaço e dos recursos naturais pela sociedade.
O objetivo desse trabalho foi analisar as modificações ambientais, particularmente
aquelas ocorridas sobre a cobertura vegetal da Serra da Jurema, Guarabira-PB, a partir da
intensificação da ação antrópica.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Após a pesquisa de gabinete, através de leitura e fichamento do material bibliográfico,
partiu-se para os trabalhos de campo. A área específica da pesquisa foi o topo da Serra da
Jurema, no município de Guarabira, PB. Foi escolhida uma área na altitude de 320 m, nas
proximidades do Memorial Frei Damião, ocupada pela mata secundária, que ali brotou após a
área ter sido desmatada e utilizada com agricultura de subsistência, há cerca de 20 anos.
Elegeu-se o método dos quadrados formando-se uma parcela de 100 m2 (10 x 10 m),
onde foram identificados todos os indivíduos nela inseridos. Os parâmetros fitossociológicos
escolhidos nessa fase preliminar do trabalho permitiram identificar as características da
comunidade vegetal além de fazer uma hierarquização das espécies segundo sua importância
na estruturação da comunidade (Durigan, 2003). Dessa forma foram levantados e discutidos
os seguintes dados biométricos:
- DAP (diâmetro à altura do peito) – importante indicador da estrutura da vegetação e,
consequentemente, da probabilidade de ocorrência de processos erosivos;
- Altura das espécies – para entender o estágio de crescimento de cada espécie;
- Cobertura da copa – para mensurar o desenvolvimento da espécie e o poder de cobertura do
solo quanto à ação solar e às chuvas que contribuem para o aumento dos processos erosivos;
- Altura do tronco – para avaliar o estágio de desenvolvimento de cada espécie.
Em seguida foram pesquisados os seus nomes científicos, etno-botânica e classificação
de cada espécie nos tipos de vegetação (floresta subcaducifólia, caducifólia e caatinga
hipoxerófila).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As caminhadas permitiram a visualização e comprovação de diversas ações
impactantes no solo e na vegetação, principalmente decorrente do fluxo turístico religioso que
visita o Memorial de Frei Damião, construído no topo da Serra da Jurema. Destacam-se as
queimadas, a erosão presente em grande parte da serra, o lixo que é jogado pelos turistas sem
nenhuma preocupação, plantação de varias culturas em áreas de declive acentuado sem a
utilização de técnicas adequadas como plantação em curvas de nível que diminui a erosão do
solo. Tudo isso vai interferir negativamente no desenvolvimento florestal, contribuindo na
fragilidade de espécies vegetais mais vulneráveis à ação antrópica.
Na amostragem da vegetação foram identificados 68 indivíduos, mas somente 18
espécies, com predominância de algumas invasoras, típicas da caatinga hipoxerófila que aí se
alojaram em busca de melhores condições ambientais e nutricionais do solo e tomaram os
espaços anteriormente ocupados com vegetação caducifólia. Entre as espécies invasoras estão
o marmeleiro (Cróton sonderianus), a vassourinha (Eupatorium serratum) e o câmara-de-
bucha (Lantana aculeata L.).
Os dados biométricos revelaram que a maioria das espécies ali presentes é secundária,
jovem e bastante degradada, com apenas algumas espécies da antiga cobertura vegetal (mata
caducifólia e subcaducifólia) (Brasil, 1972, IBGE, 2005). Essa condição fragilizada da
cobertura vegetal é um indicativo de que a área já foi desmatada sucessivas vezes, entretanto
devem ter ocorrido períodos de pousio que permitiram a renovação de algumas espécies e a
invasão de outras típicas da caatinga hipoxerófila.
Das 18 espécies identificadas (Quadro 3) predominam o cabotã-de-rego (Cupania
revoluta Radlk), com DAP médio de 1,41 mm, altura média de 3,48 m; vassourinha
(Eupatorium serratum), com DAP médio de 1,62 mm e altura média de 2,93 m; câmara-de-
bucha (Lantana aculeata L.), com DAP médio de 0,91 mm e altura média de 2,41 m; e
espinheiro preto (Acácia glomerosa Benth), com DAP médio de 1,2 mm e altura média de
3,56 m, todas consideradas vegetação secundária típicas da caatinga hipoxerófila. Não foi
registrada a ocorrência de qualquer espécie da mata úmida, embora as condições de umidade,
solo e altitude permitam essa ocorrência, o que comprova a degradação da área.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As modificações ocorridas na cobertura vegetal da Serra da Jurema são intensificadas
pela ação antrópica, que sem nenhum planejamento ambiental adequado, se apropria dos
espaços, sem levar em consideração as suas fragilidades naturais.
As espécies predominantes são: cabotã-de-rego (Cupania revoluta Radlk), vassourinha
(Eupatorium serratum), câmara-de-bucha (Lantana aculeata L.) e espinheiro preto (Acácia
glomerosa Benth), todas consideradas vegetação secundária típicas da caatinga hipoxerófila,
sem nenhuma ocorrência de espécies da mata úmida.
Como sugestão, é importante que a Serra da Jurema se transforme em área de proteção
ambiental que vise a manutenção de sua biodiversidade; é preciso fiscalizar e controlar as
atividades causadoras de agressão ao meio ambiente local; promover a conscientização
ambiental e implantar atividades relacionadas ao turismo ecológico.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AB’SÁBER. A. N. O domínio morfoclimático semi-árido das caatingas brasileiras. São
Paulo: USP. Instituto de Geografia. São Paulo: (peródico), nº 20. 1974. 39p.
ALMEIDA, Eny Amorim de. Impactos Ambientais na Serra da Jurema: Memorial de frei
Damião em Guarabira – PB, orientadora: Professora Mestra Ana Glória da Silva Marinho,
Guarabira – PB, maio 2002.
GUERRA, Antonio José Teixeira; CUNHA, Sandra Baptista da. A questão ambiental:
diferentes abordagens. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.