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Recomendações 44

Técnicas
ISSN 1415-0891
Novembro, 2002
Porto Velho, RO

Degradação de pastagens:
causas e recuperação
1
Newton de Lucena Costa
2
Claudio Ramalho Townsend

Em Rondônia, cerca de cinco milhões de hectares pela queimada. Com a utilização de plantas
de florestas estão atualmente ocupados com forrageiras adaptadas, estes nutrientes podem
pastagens cultivadas. Desta área, quase 40% já ser mantidos em níveis aceitáveis por períodos
apresenta pastagens em diferentes estágiosde de tempo relativamente longos.
degradação, o que reflete na necessidade
contínua de novos desmatamentos, a fim de Neste contexto, considerando-se que o
alimentar adequadamente os rebanhos, nitrogênio e o fósforo são os nutrientes mais
resultando numa pecuária itinerante. limitantes à produção de forragem, a
manutenção de níveis satisfatórios desses
O desequilíbrio ecológico causado pelo nutrientes é de vital importância para quebrar
desmatamento das florestas naturais para o a reação em cadeia do esgotamento do solo
estabelecimento de pastagens não adaptáveis aos que causa a degradação das pastagens. O
tipos de solos da região pode ser considerado nitrogênio poderá ser suprido através da
utilização de leguminosas forrageiras, uma
como o início do processo de degradação das
vez que estas possuem a capacidade de
pastagens. fixação e incorporação do nitrogênio
atmosférico ao solo, as quais podem variar
No preparo do solo e na queimada, todos os entre 50 e 300 kg/ha/ano de nitrogênio.
nutrientes não voláteis da biomassa florestal são Quanto ao fósforo, trabalhos conduzidos na
incorporados ao solo sob a forma de cinzas, o que Amazônia Ocidental demonstram que a
implica no aumento do pH e da fertilidade do solo, aplicação de 50 a 80 kg/ha de P2O5 pode ser
favorecendo o estabelecimento e crescimento das suficiente para promover um ótimo
pastagens. No entanto, esta alta fertilidade é estabelecimento e aumentar gradativamente
apenas temporária. O nitrogênio pode ser perdido os rendimentos de forragem.
por lixiviação, volatilização (transformação em
gás) ou imobilização, um processo onde o A utilização de plantas forrageiras que
nutriente torna-se inutilizável pela planta. Já, o demandem grandes quantidades de
fósforo, apesar de estar inicialmente presente nutrientes, tais como capim-colonião, pasto
quando a floresta é queimada, apresenta uma imperial, capim-elefante, grama-estrela,
rápida e grande fixação deste nutriente na fração leucena, guandu, dentre outras, poderá dar
argilosa do solo, o que o torna indisponível para a início ao processo de diminuição da fertilidade
planta, cuja deficiência provoca declínios drásticos do solo, implicando em menor produtividade
na produção de forragem e, consequentemente, no da pastagem e, por conseguinte da sua
desempenho dos animais. Os níveis de cálcio, capacidade de suporte, desde que não sejam
magnésio e potássio são grandemente aumentados realizadas adubações periódicas (anuais ou

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Eng. Agrôn., M.Sc., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, CEP 78900-970, Porto Velho, Rondônia
2
Zootec., M.Sc., Embrapa Rondônia
2 Degradação de pastagens: causas e recuperação

bianuais) de manutenção. Outra prática de grande importância consiste na


diversificação das espécies na pastagem.
Dentre os fatores que mais afetam a Devido a grande variação existente entre as
produtividade e persistência das pastagens, plantas forrageiras quanto aos requerimentos
destacam-se a utilização de germoplasma nutricionais, produção estacional de forragem,
pouco adaptado às condições edafoclimáticas valor nutritivo, tolerância às pragas e doenças,
do trópico úmido e a adoção de práticas de além da produção durante o período de
manejo inadequadas (carga animal e sistema estiagem, com este procedimento haverá um
de pastejo). melhor aproveitamento das potencialidades de
cada espécie.
Com relação ao manejo das pastagens, deve-se
sempre evitar o superpastejo (número
Quanto ao uso de leguminosas, sugere-se duas
excessivo de animais por área). Quando
possível, fazer a divisão das pastagens e utilizar maneiras: consorciadas diretamente com as
o pastejo rotativo. No caso da adição do pastejo gramíneas ou a formação de bancos-de-
contínuo, dar pelo menos um a dois meses de proteína, que consiste no plantio isolado da
descanso nas pastagens durante o ano. leguminosa. Como estas sentem menos os
efeitos da estiagem, tem-se durante o período
de estiagem um alimento de excelente
qualidade e em quantidades satisfatórias.

Recomendações Exemplares desta edição podem ser Comitê de Presidente: Newton de Lucena
adquiridos na: Costa
Técnicas, 44 Embrapa Rondônia
Publicações Secretária: Marly Medeiros
Endereço: BR 364, km 5,5 Normalização: Alexandre Marinho
Caixa Postal 406, CEP 78900-970 Membros: Claudio R. Townsend,
Porto Velho, RO Marilia Locatelli, Maria Geralda de
Fone: (69) 222-0014 Souza, José Nilton M. Costa, Júlio
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA,
PECUÁRIA E ABASTECIMENTO Fax: (69) 222-0409 César F. Santos, Vanda Gorete
E-mail: sac@cpafro.embrapa.br Rodrigues,

1ª Edição Expediente Supervisor Editorial: Newton de


1ª Impressão 2002 Lucena Costa
Tiragem 100 exemplares Revisão de texto: Ademilde
Andrade Costa
Editoração Eletrônica: Marly
Medeiros

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