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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

AGRONOMIA

PROJETO TÉCNICO PARA BUBALINOS DE CORTE EM


BREVES

Docente: Thiago Carvalho Da Silva


Equipe 5: Cassio Wendell Pontes Pequeno
Dayse Silva da Costa
Enzo Perez Bouth
Julia Lima Da Costa Quaresma

BELÉM
2022
1. Descrição do local e do sistema de produção
A pesquisa foi desenvolvida no município de Breves, município do estado do
Pará que se localiza no norte brasileiro, ao sudoeste na Ilha de Marajó, a uma
latitude 01º40'56" sul e longitude 50º28'49" oeste. O acesso dar-se a partir de Belém
tendo como meios de transporte; barco e avião. A área total de breves abrange
9.556,572 km2 . Sobre o clima em Breves; o verão é curto e quente e o inverno é
longo, morno e com precipitação. Ao longo do ano, o tempo é opressivo e de céu
quase encoberto, em geral, a temperatura varia de 23° C a 35° C e raramente inferior
ou superior a essas temperaturas. O solo do município é formado por áreas planas e
possui muitos minerais, sendo bastante apropriadas para o plantio de grãos e frutos.
O sistema de produção a pastejo consorciado é feito pelo plantio de duas
espécies diferentes sendo uma gramínea e uma leguminosa em um mesmo local. É
uma opção para aumentar a qualidade da pastagem, ampliar a disponibilidade de
nitrogênio no solo e amenizar o impacto da erosão na terra. Esse método pode ser
utilizado em terrenos planos a ondulados e de textura variada. É bastante utilizado
para recuperação de pastagem ou reformas de pastagens danificadas pela síndrome
da morte de capim-braquiarão. Nessa técnica existem vantagens e desvantagens,
algumas de suas desvantagens são: a incidência de insetos exigindo um manejo
adequado, pouca disponibilidade de sementes e baixa persistência de algumas
leguminosas. No entanto, mesmo com algumas desvantagens nesse sistema, se o uso
das plantas for feito de forma correta e as técnicas de manejo forem feitas de forma
adequadas, o sistema pode ter bons resultados e uma produção pecuária mais
sustentável.
2. Escolha da espécie forrageira
A espécie forrageira Brachiaria humidicola (quicuio da Amazônia) foi escolhida
por ter uma boa produção de forragem, uma rápida velocidade de estabelecimento e
de rebrota, além de ter uma boa aceitação por bubalinos. Essa espécie é pouco
atacada por doenças e pragas e possui poucas exigências em fertilidade do solo. O
Amendoim forrageiro (Arachis pintoi) foi escolhida, por conter teores altos de
proteína bruta (16% a 25 % na matéria seca) e alta digestibilidade (60% a 70% na
matéria seca), além de ampliar a qualidade nutricional da dieta dos animais criados
em pastagens consorciados de capim- humidicola. O consorcio entre quicuio da
Amazônia e amendoim forrageiro é bastante indicado para pastagens plantadas na
Amazônia (Projeto Terraclass, 2016). Esses consorcio pode ser feito em áreas de
terrenos planos e ondulado como na Ilha de Breves. O consorcio entre as duas
espécies é bem estável, carecendo de manejo e lotação rotacionada. O amendoim
forrageiro pode ser inserido na pastagem já constituída com B. humidícola ou na
reforma de pastos. Pesquisas comprovaram que o uso de leguminosas em consorcio
com gramíneas conseguem reduzir os gastos com suplementos proteinados e
fertilizantes, além de aumentar a eficiência da dieta utilizada pelos animais,
favorecer a disponibilidade de forragem e aumentar o período de consumo e
pastagens (Barcellos et al.,2008)
3. Características gerais da espécie forrageira
A espécie forrageira do gênero Brachiaria humidicola também conhecida como
quicuio da Amazônia é nativa da África. (Soares filho, 1994) Possui crescimento
estolonífero, com grande número de gemas próximo dos solos, o que explica a sua
tolerância a manejo baixo e intenso. Essa espécie consegue sustentar animais
pesados e apresenta cobertura densa. É tolerante ao encharcamento periódico do
solo e apresenta boa adaptação em solos ácidos, com alta saturação e baixa
fertilidade, sendo bem tolerante a umidade, mas pouca adaptação em solos com
encharcamentos prolongados. É uma espécie bastante tolerante às pragas, doenças e
queima, sendo flexível a níveis elevados de contaminação de cigarrinhas-das-
pastagens. Produz sementes com pouca efetividade e com maiores períodos de
dormência. Recomenda-se que a semeadura seja feita durante o período chuvoso
(outono/novembro). A forma de plantio pode ser em linhas espaçadas de 0,5 a 1,0m
entre si ou a lanço, com profundidade de 2 a 4 cm. A densidade de semeadura pode
variar de 10 a 15 kg/ha, mas isso dependerá da qualidade das sementes e do método
de plantio. O primeiro pastejo deve ser realizado 90 a 120 dias depois do plantio.
Devido ao seu hábito de crescimento prostrado, podendo utilizar maiores pressões
de pastejo. Pastagens bem formadas apresentam uma capacidade de suporte de 1,5 a
2,5 UA/há no período chuvoso e de 1,0 a 1,5 UA/há no período seco ( UA = 450 kg
peso vivo). O manejo mais adequado seria o pastejo contínuo ou com períodos
menores de descanso e uso de animais com carga adequada para manter a pastagem
em 10 cm de altura (AGROLINK, 2013).
Amendoim forrageiro ( Arachis pintoi ) é uma espécie que se adequa aos solos
de ácidos e de baixa fertilidade, uma forte característica é sua boa capacidade em
produção de forragem com uma boa qualidade, além de ser eficiente em fixar
nitrogênio e tolerância ao sombreamento, possui crescimento estolonífero, é uma
leguminosa perene, e sua proliferação se dá por meio de sementes, estolão ou coroa
com parte da raiz. Essa espécie se adapta em regiões tropicais como o Brasil,
podendo ser usada em sistemas agroflorestais e como forrageiras em sistemas
silvipastoris. A A. pintoi conservam a forragem verde durante a estação seca quando
estabelecido em áreas de várzea, em áreas bem drenadas, suporta a estação seca,
porém nota-se uma ausência de folhas. A principal praga de A.pintoi é o ácaro
(Tetranychus urticae) e pode causar danos severos. Cercospora spp. E antracnose
(colletotrichum gloeosporioides) podem causar manchas foliares. Ocasionalmente
podem haver ocorrência de sintomas de viroses. Essa espécie pode ser usada como
forrageiras em consorcio com algumas gramíneas tropicais e como cobertura verde
em culturas perenes. Uma forte característica é a boa produção de matéria seca (5 a
13 t/ha/ano), a matéria seca pode atingir de 60 a 70% e os teores de proteínas estão
13 a 25% . Possui boa aceitação em animais em pastejo e eles selecionam o A.
pintoi durante o ano todo, os ganhos de pesos em animais são na ordem de 500-1000
g/dia. (Silva, M.P., 2004)
4. Recomendação de Calagem e Adubação
Quando se deseja a neutralização da acidez do solo em curto prazo, é
recomendável a incorporação de todo o calcário em uma só época, pois a maior
parte da aplicação tem surtido efeito quando não se fraciona o material. O que pode
ocorrer quando se fraciona o calcário é uma menor elevação do rendimento nos
primeiros anos, que onera a aplicação, em consequência da necessidade de maior
número de operações. Nesse caso, sugere-se aplicar todo o calcário de uma só vez e
gradear de forma cruzada. Como o calcário não é muito solúvel, não tem reação
imediata no solo, por isso sua aplicação, no estado do Pará, deve ser feita, pelo
menos, 20 a 30 dias antes do plantio, para que possa reagir e proporcionar o efeito
desejado. A reação do calcário depende da umidade do solo e das suas próprias
características. Em períodos de muita chuva e calor, as reações se processam com
mais rapidez. Para as leguminosas que, em geral, são muito sensíveis à acidez, é
sugerido realizar a calagem pelo menos 60 dias antes do plantio. O período ideal
para esse consorcio seria de 45 dias antes do plantio. O calcário, deve ser distribuído
uniformemente sobre o terreno e incorporado à maior profundidade possível (no
mínimo 20 cm), para permitir melhor contato do corretivo com as partículas do solo
(RECOMENDAÇÃO DE CALAGEM ADUBAÇÃO PARA O ESTADO DO
PARÁ, 2020).

Foi utilizada a seguinte fórmula para necessidade de calagem:

Tabela de recomendação de calagem:


Calagem
Ca (cmolc.dm¯³) 0.50
Mg (cmolc.dm¯³) 1.00
K (cmolc.dm¯³) 0.03
H+Al (cmolc.dm¯³) 2.10
SB (cmolc.dm¯³) 1.53
V2 (%) 60.00
V1 (%) 42.15
T (cmolc.dm¯³) 3.63
PRNT (%) 85.00
NC (t/ha) 0.76
A recomendação de adubação fosfatada e potássica para o estabelecimento de
pastagens, em função do resultado da análise de solo e da textura do solo, para
médio nível tecnológico, é apresentada na tabela a seguir.
Adubação
Nutriente Recomendação (kg/ha) Teor solo (mg/dm³) Fonte P2O5 (%) K2O (%) Qtd (kg/ha) Qtd Total (kg)
Fósforo 50.00 1.5 SFS 18 - 277.78 500000.00
Potássio 40.00 11.73 KCl - 60 66.67 120000.00

Até a dose máxima de 60 kg/ha de K2O, é possível fazer a aplicação de uma só


vez, em geral aos 30 dias após o plantio. Quando a dose for superior a 60 kg/ha de
K2O, o excedente deve ser parcelado em até três vezes com intervalo de 30 dias
entre aplicações. Por causa da capacidade de fixação do nitrogênio atmosférico do
amendoim forrageiro, dispensa-se a adubação com esse elemento
(RECOMENDAÇÃO DE CALAGEM ADUBAÇÃO PARA O ESTADO DO
PARÁ, 2020).
A partir do estabelecimento da pastagem, recomenda-se avaliar anualmente a
fertilidade do solo, por meio de análise química da camada arável (0 cm a 20 cm) e
recomendando a reposição de P e K a cada ano. Na tabela está uma estimativa da
quantidade indicada por ano de adubação:
Adubação
Nutriente Recomendação (kg/ha) Fonte P2O5 (%) K2O (%) Qtd (kg/ha) Qtd Total (kg)
Fósforo 20.00 SFS 18 - 111.11 200000.00
Potássio 100.00 KCl - 60 166.67 300000.00
5. Recomendação da quantidade de sementes
Serão utilizados dois tipos de sementes para a implementação da área,
utilizaremos Brachiaria Humidicola e Amendoim forrageiro, no momento da
semeadura será realizada uma proporção de 80% de Brachiaria Humidicola e 20%
de Amendoim Forrageiro. Como o plantio da Brachiaria Humidicola será feito a
lanço foi considerado o ponto de valor cultural de 520. A quantidade de sementes
comerciais do Amendoim Forrageiro para efeitos de cálculos será de 15.
CUSTOS DAS CASA DO PLANTE
SEMENTES AGRONORTE ADUBO FORTE AGROCENTER
VALOR R$ 1.260,00 R$ 1.303,54 R$ 900,00 R$ 1.100,00
SACA, Kg 10 10 10 15
CUSTO, R$/Kg R$ 126,00 R$ 130,35 R$ 90,00 R$ 73,33
GERMINAÇAO 60% ND ND ND
PUREZA 60% ND ND ND
VALOR
36
CULTURAL 60 50 50
PONTOS DE
VALOR
CULTURAL,
Kg/há 520 520 520 520
QTD DE
SEMENTES 14 10
COMERCIAIS 9 10
CUSTO DA
SEMENTE, R$ 1.764,00 R$ 1.173,19
R$/Kg R$ 900,00 R$ 733,33
A semente escolhida foi da loja 4, por possuir um melhor custo da semente e
apresentar um valor cultural adequado. Sendo assim será utilizado um total de 14,4
Toneladas de sementes de Brachiaria Humidicola para ser utilizado na proporção de
80% da área total da propriedade, já a de capim forrageiro para suprir os 20%
restantes o total será de 5,4 Toneladas (DIAS FILHO, 2012).
6. Orçamento dos Custos
Orçamento (Área - 1800 ha)
Formação da pastagem
Insumos Unidade Valor Unitário (R$) Qtd Valor Total (R$)
Calcário t 95 1372.14 130353.30
SFS saco 50 kg 170 10000.00 1700000.00
KCl saco 50 kg 355 2400.00 852000.00
Preço Total (R$) 2682353.30

Sementes Quantidade (ha) SEMENTE R$/Kg Valor Total (R$)


B. Humidicola VC 60 1.440 733,33 1055.995,2
Amendoin Forrageiro 360 1107 398.520.00
Preço Total (R$) 1454.515,2

Manutenção da pastagem (Anual)


Insumos Unidade Valor Unitário (R$) Qtd Valor Total (R$)
SFS saco 50 kg 170 4000.00 680000.00
KCl saco 50 kg 355 6000.00 2130000.00
Preço Total (R$) 2810000.00

Manutenção da pastagem (3 anos)


Insumos Unidade Valor Unitário (R$) Qtd Valor Total (R$)
SFS saco 50 kg 170 4000.00 2040000.00
KCl saco 50 kg 355 6000.00 6390000.00
Preço Total (R$) 8430000.00

Total do Plano de Intensificação 14.376.868,5


7. Referências
MOACYR BERNARDINO DIAS FILHO, CPATU. Referência: Belém, PA:
Embrapa Amazônia Oriental, 2012
BARCELLOS, A. O.; RAMOS, A. K. B.; VILELA, L.; MARTHA JUNIOR, G. B.
Sustentabilidade da produção animal baseada em pastagens consorciadas e no
emprego de leguminosas exclusivas, na forma de banco de proteína, nos trópicos
brasileiros. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 37, p. 51-67, 2008. Supl. especial.
SOARES FILHO, C. V. Recomendações de espécies e variedade de Brachiaria para
diferentes condições. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 11.,
1994, Piracicaba. Anais... Piracicaba: Fundação de Estudos Agrários "Luiz de
Queiroz", 1994. p. 25-48.
PROJETO TerraClass: levantamento de informações de uso e cobertura da terra na
Amazônia Legal brasileira – 2004-2014. São José dos Campos: INPE: Embrapa,
2016. Disponível em:
http://www.inpe.br/cra/projetos_pesquisas/dados_terraclass.php. Acesso em: 25 jul.
2016.
Recomendação de Calagem Adubação para o estado do Pará (2020).

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