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FENAÇÃO

Conceitos

Fenação: Processo de desidratação que transforma a forrageira verde com 65 a 80% de umidade
em feno com 10 a 20% de umidade conservando o máximo possível do seu valor nutritivo.

Feno: É a forragem que sofreu a desidratação até atingir teor de umidade que lhe permita estar
em equilíbrio com o ambiente. O teor de umidade está geralmente na faixa de 10 a 20%, o que
na prática significa estar em equilíbrio com a umidade relativa do ar.

CARACTERÍSTICAS DAS FORRAGEIRAS PARA PRODUÇÃO DE FENO

a) Valor nutritivo
Ao escolher a forrageira a ser fenada, deve-se observar a sua composição químico-
bromatológica, destacando-se os teores de proteínas, fibras, fósforo, cálcio (minerais) e a
digestibilidade da matéria seca.
O valor nutritivo varia com a espécie botânica, idade da planta, fertilidade do solo. Em
geral, as leguminosas são mais ricas em proteínas e cálcio que as gramíneas. À medida que a
planta se desenvolve, ocorre redução do valor nutritivo em função da diminuição das
percentagens de proteína, fósforo, digestibilidade e consequentemente, do consumo.
A influência da fertilidade do solo reflete-se nos teores de proteína, fósforo, potássio,
digestibilidade e consumo, sendo importante a sua manutenção que, além disso, garante maior
produtividade por unidade de área.

b) Facilidade de corte
Quando o corte é realizado manualmente qualquer forrageira pode ser utilizada para a
produção de feno.
Algumas plantas dificultam o trabalho da segadeira, devido às suas características
estruturais, ou ao seu hábito de crescimento. Neste caso, são mais fáceis de serem cortadas as
plantas cespitosas (de crescimento ereto), quando comparadas às estoloníferas. As espécies
estoloníferas expandem seus caules no sentido horizontal, enraizando-se ao solo e suas folhas
são emitidas na vertical.
No entanto, a maioria dos capins cespitosos é mais vulnerável ao corte rente ao solo,
sendo uma das principais exceções o capim-elefante, que possui rizomas (colmos subterrâneos
com gemas viáveis).

c) Facilidade de desidratação
A facilidade de secagem é influenciada pela relação folha/haste, cerosidade das folhas,
teor de umidade ao tempo de corte, número e abertura de estômatos. Em geral, forrageiras
mais folhosas são mais fáceis de serem fenadas. No entanto, quando não é possível a utilização
destas, a solução para uma rápida secagem consiste no uso de segadeira condicionadora.
Atualmente é possível fenar todo tipo de forrageira, bastando para isso utilizar métodos
e equipamentos adequados ao processamento da planta, embora algumas espécies forrageiras
apresentem mais facilidade, principalmente quanto à velocidade de desidratação atingindo o
ponto de feno mais rapidamente e expondo a forragem a menos riscos de perdas.

FORRAGEIRAS INDICADAS

Para a escolha da planta a ser fenada devemos levar em consideração as sua


produtividade, tolerância ao corte, capacidade de rebrota, qualidade, além da facilidade de
secagem.
Várias são as forrageiras passíveis de serem fenadas, sendo assim as que mais se
destacam:
a) Gramíneas: Tifton, coast-cross, braquiárias, capim quicuio, capim gordura, capim
Jaraguá, capim elefante, aveia, azevém, Mombaça, Tanzânia, colonião, milheto.
b) Leguminosas: Alfafa, soja, soja perene, siratro, lab-lab, feijão guandu, leucena.

ETAPAS DA FENAÇÃO

O processo de fenação, tradicionalmente, abrange três etapas principais: corte,


desidratação e armazenamento. Em cada etapa deve-se adotar o procedimento correto, em
função do tipo de maquinário utilizado, da espécie forrageira e das condições climáticas para
que o feno produzido apresente qualidade satisfatória.

a) Corte/ceifa
A produção acumulada de matéria seca cresce segundo o modelo sigmoidal com a idade
da planta enquanto, o valor nutritivo decresce quando a planta passa da fase de crescimento
vegetativo para reprodutivo. Cortes no inicio dessa fase de crescimento vegetativo trariam como
desvantagens, menor rendimento forrageiro e ainda alto teor de umidade da forrageira. Cortes
durante a fase de crescimento reprodutivo teriam como desvantagens, maior lignificação das
células e menor digestibilidade da proteína e energia.
A época ideal de corte seria aquela em que a forrageira estaria mais adequada para a
fenação, sob aspecto qualitativo e quantitativo. Assim, de acordo com o estádio de
desenvolvimento da planta, recomenda-se de forma geral, que as leguminosas sejam cortadas
no inicio do período de floração e as gramíneas no período de emborrachamento (pré-floração,
período este antes da panícula ser liberada pela folha).
As condições ambientais estão ligadas ao momento do corte. É importante realizar os
cortes em dias ensolarados, pouca nebulosidade, baixa umidade relativa do ar, ocorrência de
ventos e temperaturas elevadas. O corte pode ser manual ou mecânico e, deve ser feito nas
primeiras horas da manhã, após o orvalho, pois facilita o corte e possibilita maior desidratação
ao final do dia.
As plantas forrageiras têm características morfofisiológicas que demandam diferentes alturas
de corte. De maneira geral, os capins de crescimento prostado podem ser cortados de 10 à 15
cm e do gênero Cynodon de 5 à 10 cm, enquanto que plantas de crescimento ereto as alturas
de corte são de 10 à 20cm. Leguminosas utiliza-se altura de corte entre 8 à 10 cm.

Corte/ceifa de forragem a ser fenada

Fonte: INTERNET

b) Desidratação

As condições ambientais que favorecem a secagem são: dias ensolarados, pouca


nebulosidade, baixa umidade relativa do ar, ocorrência de ventos e temperaturas elevada.
Nessas condições, dois ou três dias serão suficientes para se produzir um feno de boa qualidade,
desde que a forrageira seja colhida no momento ideal.
A viragem do material deve-se iniciar logo após o corte e, ser repetido tantas vezes
quanto possível. A viragem pode ser feita manualmente ou com o uso de ancinhos de tração
mecânica. Se o material permanecer no campo por mais de um dia, este deverá ser enleirado à
tarde e esparramado no dia seguinte.
Pela manhã seguinte deve-se esperar escorrer o orvalho e esparramar novamente a
forrageira. Ocorrendo chuva durante o dia, o material também deverá ser enleirado, voltando
ao processo de viragens após enxugar os espaços entre as leiras, onde o material é espalhado
novamente. Repete-se essas operações até a forrageira atingir o “ponto de feno”. No instante
do corte, a forragem contém aproximadamente 85% de umidade. Com as sucessivas viragens e
afofamentos, ela vai sendo secada, até atingir 12-15% de umidade, que é o chamado “ponto de
feno.

Forragem a ser fenada desidratando no campo

Fonte: INTERNET

c) Avaliação do ponto de feno


A determinação do ponto de feno pode ser feita por equipamentos adequados ou por
maneiras práticas, sendo que a umidade final deverá estar entre 10 a 20%. A identificação do
“ponto de feno” é a prática mais importante que os produtores devem dominar, uma vez que
fenos armazenados com alto teor de umidade podem ter até perdas totais, além de qualidade
inferior devido à proliferação de fungos.
- Método de torção
Dentre as maneiras práticas de verificações podemos citar o processo de torcer um feixe
de forragem e observar: se surgir umidade (escorrer água ou umedecer a mão) e, ao soltar, o
material voltar à posição inicial rapidamente, ainda não está no ponto; se houver rompimento
das hastes (quebradiça), passou do ponto e, se não eliminar umidade e, ao soltar o material
voltar lentamente à posição inicial, sem rompimento de hastes, está no ponto.
-Método do sal
Esse método consiste em introduzir uma porção da forrageira dentro de um vidro limpo
e seco. Em seguida adicione uma colher de sal (pacote fechado) dentro do vidro contendo a
forrageira e agite. Posteriormente, deve-se virar o vidro de boca para baixo, caso o sal aderir a
parede do vidro ou empelotar a forrageira apresenta-se com excesso de umidade, caso
contrário, a forrageira pode ter atingido o “ponto de feno” ou apresenta-se com baixa umidade
(passou do ponto).

d) Armazenamento do feno
O feno pode ser armazenado, solto ou enfardado em locais ventilados e livres de
umidade. Podem ser aproveitadas construções já existentes ou construir galpões rústicos no
campo, levando-se em consideração as facilidade encontradas na propriedade e o tempo que o
feno deverá permanecer armazenado. As formas de armazenamento mais comuns são o
armazenamento solto (medas) e em forma de fardos.
-Construção de medas
No armazenamento solto, o feno é levado a galpões reservados para este fim ou para as
chamadas medas, que são montes de feno organizados no próprio campo de produção. Essa
forma de armazenamento é mais indicada para criações extensivas ou semi-extensivas.
Escolhido o local nivelado, coloca-se o mastro ou tutor; marca-se uma circunferência de
acordo com a área da base ao redor do seu tutor e, inicia-se a colocação do feno em camadas
bem compactadas, abrindo o diâmetro de até 2/3 da altura, voltando a fechar a partir daí até ao
topo da meda, onde deverá ser feita uma espécie de chapéu de sapé, lona plástica ou similares,
que evite a penetração de água das chuvas.
Uma vez pronta a meda, o acesso dos animais a esta deve ser impedido por cercas, para
permitir o consumo somente no momento oportuno. É necessário construir uma pequena
canaleta ao redor da meda, para proteção contra as enxurradas. Para melhor estabilidade da
meda, recomenda-se construí-la com altura equivalente, no máximo, a uma vez e meia do
diâmetro da base. De maneira geral, as medas têm por diâmetro da base entre 4 a 6 metros,
altura de 6 a 9 metros e capacidade de 6 a 12 toneladas.
Como principais vantagens deste sistema, podemos citar o menor custo no
armazenamento, não necessita de abrigos, reduz o transporte e tem fácil acesso para o gado.
As desvantagens são as perdas por lavagem, contribuindo para um menor valor nutritivo e
também, ocorrem desperdícios pelos animais no momento da utilização.

Medas de feno

Fonte: INTERNET

e) Enfardamento
Na forma de fardos, o armazenamento pode ser feito em galpões especiais ou a campo,
cobertos com lona ou sapé. O material enfardado ocupa menor espaço, tem melhor
conservação, facilita o transporte e possibilita o controle da disponibilidade de feno. Este
método requer uma enfardadeira que pode ser manual ou mecânica, arame ou cordão
apropriado para amarrio, sendo, portanto, mais caro e trabalhoso do que o armazenamento do
feno solto.
O enfardamento pode ser feito de forma manual ou mecânica automática. O
enfardamento manual é feito utilizando-se enfardadeiras que usam o sistema de prensa manual
diferenciado, que reduz consideravelmente o esforço do operador durante a produção de
fardos. Tal equipamento produz fardos de 13 a 15 kg medindo 40 cm de altura, 45 cm de largura
e 65 cm de comprimento, tendo uma produção média de 100 fardos por dia com o uso de 3
operadores.
Como principais vantagens no sistema de enfardamento deve-se citar: facilidade no
transporte, melhor conservação, ocupação de menor espaço para armazenamento, menores
perdas, possibilidade de comercialização e facilidade no fornecimento do feno aos animais.

Enfardadeira manual Enfardadeira mecânica

Fontes: INTERNET

QUALIDADE DO FENO

O feno de boa qualidade é proveniente de uma forragem cortada no momento


adequado. Promovendo uma rápida desidratação na forragem, é possível a conservação do seu
valor nutritivo, uma vez que a atividade respiratória da planta, bem como a dos microrganismos
é paralisada.
O feno de boa qualidade apresenta cor verde característica, maciez ao tato e excelente
aroma, caules finos e macio, livre de impurezas e ausência de mofo. Dentre os fatores que
influem na qualidade e valor nutritivo do feno citam-se: espécie forrageira, fertilidade do solo
para produção da forrageira, idade da planta no momento do corte, condições climáticas na
ocasião da fenação, rapidez na desidratação, umidade na ocasião do armazenamento e formas
de armazenamento.

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