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Rogério Rondinellli Nóbrega

Médico Veterinário da EAFMuz


Bovinocultura de Corte
Introdução

O principal ponto de estrangulamento na


produção de forragens tropicais é a
estacionalidade da produção, alternando-se,
durante o ano, períodos favoráveis e
desfavoráveis ao crescimento das forrageiras.
Os efeitos desse fato sobre a pecuária de corte
e de leite são evidentes. Durante o inverno é
comum os animais perderem peso; enquanto
no verão, terem ganhos acentuados.
Por que precisamos conservar
forragens?
Águas Seca

4X1

80 % 20 %
Soluções Técnicas

 Silagens
 Fenos
 Pré-secados
 Cana-de-açúcar
Ensilagens

É uma técnica que consiste em preservar


forragens por meio de fermentação anaeróbica,
após o seu corte, picagem, compactação e
vedação em silos. O produto final dessa
fermentação, denominado silagem, é obtido pela
ação de microrganismos sobre os açúcares
presentes nas plantas com a produção de ácidos,
resultando em queda do pH até valores próximos
de 4.
Vantagens da silagem:

• Produção de 30% a 50% mais de nutrientes em comparação à


produção de grãos.

• Manutenção do valor nutritivo, quando ensilado


adequadamente.

• Liberação de área mais cedo, para uso de safrinha ou formação


de pastagem.

• Alta aceitabilidade (palatabilidade).

• Processo totalmente mecanizado.

• Menor custo das máquinas em relação à fenação.

• Menor dependência das condições climáticas.


Desvantagens no uso da silagem

• Estrutura especial de armazenamento.

• Alta umidade.

• Redução da matéria orgânica e exposição do solo à erosão.

• Custo elevado em relação ao custo das pastagens.

Os custos de produção de silagem têm relação direta em conseqüência


das alterações cambiais (US$), já que estas aumentam os preços dos
insumos.
Em função dos altos custos das silagens de milho, sorgo e outras, tem
havido procura do produtor pelas silagens de capins, como Mombaça,
Tanzânia e Brizanta.
Entretanto, é preciso esclarecer que nem sempre a silagem mais barata
será a que irá produzir a arroba de carne de menor custo na medida em
que poderá exigir maior quantidade de concentrado.
animal
Animal

Homem

Forragem Ensilagem

Nutricionista
Sistema de produção de silagens

Fases da silagem

• Fase do manejo agrícola


• Fase da ensilagem ou colheita
• Fase fermentativa
• Fase da desensilagem ou descarregamento
• Fase de balanceamento ração
Manejo agrícola/clima

Ensilagem /Fermentação

Manutenção do solo/
Descarregamento

Balanceamento de rações

Ingestão de Nutrientes / Produção carne e Leite


Que variedade de milho plantar

?
O milho brasileiro é
majoritariamente Flynt,
endosperma vítreo.

Flynt duro
Dentado macio

O milho norte americano


é majoritariamente
dentado, endosperma é
farináceo.

OBS:. Quanto mais vítreo for o endosperma menor é


digestibili-
Degradação ruminal do amido de 3 híbridos EUA e 3 brasileiros

EUA Brasil

Taxa fracional da degradação do amido (%/h) 19,4 7,0

Fração A rapidamente degradável (% do amido) 31,0 6,1

Degradação efetiva no rúmem 77,4 48,5

Vitriosidade ( % endosperma ) 47,0 73,2

Fonte : Correa et al, 2002. J. Dairy Sci., v.85, p. 3008 . 3012.


Quando cortar o milho para ensilar ?
Ponto de corte

Recomenda–se efetuar o corte do milho quando o estand de


milho estiver com a Matéria seca (MS) em torno de 30 a 35 %.

Para tal recomenda-se:

 Retirar uma amostragem aleatória da área a ser ensilada;

 Picar o material;

 Determinar a Matéria seca em microondas ou laboratório;

 Caso a MS estiver entre 32 a 35 % iniciar a ensilagem.

OBS:. Caso a área de milho for muito grande, começar com a MS


menor, evitando-se que no final do estand a MS ultrapasse
35%
Ponto desejado de corte

Farináceo
No campo (prática):

2/3 do grão no estágio de farináceo duro

Objetivos:

MS desejável- 32 a 35 %;

Maiores níveis de açucares (glicose, frutose, sacarose), favorecendo


o ataque bacteriano para produção de ácido lático;

Teores de MS abaixo de 28% favorece crescimento de clostridium,


que são bactérias indesejáveis, bem como fungos.
Tamanho do corte

Recomenda-se que o corte seja


de 0,5 a 1,5 cm (1 a 2cm)

Vantagens:
 Melhor fermentação

 Melhor compactação, eliminação do O2 instalação de anaerobiose mais


rápida diminuindo perdas por respiração das plantas e microrganismos
aeróbicos (fungos e leveduras).

Desvantagens:
 Maior gasto de energia por parte do maquinário principalmente
quando a MS está a cima de 35 %.

 Moagem muito fina, diminui fibra efetiva conseqüentemente menor


digestibilidade em função do tempo de ruminação, diminuindo
desempenho animal.
Enchimento do silo
Decorridos 90 a 110 dias do plantio tempo para atingir a MS desejada 32 a 35%,
dependendo da variedade,clima, adubação, solo, etc.

Não se recomenda encher e fechar o silo em um único dia, em função do


acamamento da massa ensilada.

Não interromper o enchimento do silo por um período superior a 24 horas.

importante que toda vez que o processo de enchimento for reiniciado, proceda-se
a compactação.

O processo de Enchimento e Compactação deve ser feito de forma a distribuir por


todo silo, camadas uniformes de espessura média ao redor de 30 a 40 centímetros,
estas camadas devem ser espalhadas de forma a ficarem inclinadas em direção a
entrada do silo ou porta.

Fundo Frente do Silo

30 a 40 cm
Compactação
A compactação deverá ser feita por sucessivas passagens do trator na massa
distribuida. O peso do trator deverá corresponder a 40% do peso da massa.

Ex.
Suponhamos que a camada 30cm de silagem esparramada foi de 5 carretas
pesando 2000 kg cada, então a massa a ser compactada será de 10000 kg,
Logo o peso da maquina será de 4000 kg aproximadamente.

Quanto mais compactado, maior expulsão do ar, diminuindo a respiração e


favorecer a fermentação e a preservação da qualidade.

A bitola do pneu deverá ser mais fina possível para melhorar compactação e
deverá ser intercalada na superfície de compactação da silagem.
Vedação

o.Grandes perdas podem ser atribuídas à demora em vedar o silo, Resultado


de oxidação excessiva das camadas superficiais da massa ensilada.

o A vedação tem por objetivo também evitar a penetração de águas


provenientes das chuvas por infiltração.

o Manter adequadamente vedada para manutenção da estabilidade da


massa.

o Usar lonas plástica de no mínimo 200 micras, de dupla face evitando


super aquecimento da massa .

o Iniciar a vedação do fundo do silo em direção a frente e retirando o ar de


trás para frente, e por ultimo fechar a frente.

o Abrir valas laterais (sulcos) com pelo menos 0,5 m de profundidade para
colocar a lona e tampa-la.
Transformações no interior do silo

•Quando se coloca a forragem no silo e elimina-se o ar presente, os


Microorganismos aeróbicos que acompanham a forragem se encarregam de
consumir o remanescente do oxigênio.

•Em condições anaeróbicas, os microorganismos aeróbicos morrem ou ficam


inativos.

•Os microorganismos anaeróbicos utilizam os açucares do meio para produzir


os ácidos orgânicos que contribuem para o abaixamento do pH, sendo o
Ácido Lático o mais importante.

•Com o pH entre os valores de 3,8 a 4,2, ocorrem limitação do desenvolvimento


dos microorganismos anaeróbicos, nessas condições,se não houver entrada de ar
ou água, a forragem conserva-se por tempo indeterminado.

•Para que esse processo se concretize e a silagem se estabilize são necessários


de 15 a 20 dias
40% do peso da MS
Total da planta
Aditivos

São substâncias adicionadas as forragens, durante o processo de


ensilagem, que podem reduzir as perdas, estimular as fermentações
desejáveis e enriquecer o valor nutritivo, além de melhorar a
palatabilidade, a digestibilidade e o consumo da silagem.

 Aditivos Nutricionais e, ou auxiliares na fermentação

Uréia- 0,5 a 1%
Melaço- 1 a 3%
Poupa cítrica- 5 a 15%
MDPS- 5 a 10%
Farelos – 5 a 10%

 Aditivos estimulantes da fermentação ( produtos enzimo-microbianos)

Silomax
Transformam transformam carboidratos complexos em
Silobac
açucares simples para serem utilizados pelas bactérias
Sil. All
produtoras de ácido Lático (Lactobacillus plantarum,
Pioneer 1174
Streptococcus faecium e Pediococcus acidilactici).
Lasil cana
Conclusão

Na prática o emprego dessa ferramenta se deve ao fato, de que


quando houver necessidades de obtenção de uma silagem para uso
mais imediato, em torno de 7 a 10 dias, pós corte justificaria sua
utilização.
O pecuarista não deve se iludir com o uso indiscriminado destes
aditivos, pois o retorno percentual é pequeno e os seus custos de
utilização ainda elevados, o que torna a relação custo / benefício
ainda desfavorável. Conseqüentemente, esses produtos não devem
ser utilizados como paliativos ou solução para sistemas ineficientes.
Novas pesquisas na área ainda são necessárias para determinar para
quais forragens e em quais condições esses produtos poderão
contribuir para tornar os sistemas de produção de silagens mais
eficientes e econômicos.
Desensilagem
Avanço ou retirada

Fonte: Adaptado de Pitt e Muck (1993).


Painel de silo com desuniformidade durante o processo de retirada.
Efeito da inclusão de silagem de milho deteriorada no consumo
e desempenho de bovinos de corte.

Fonte: Adaptado de Whitlock et. al. (2000).


TIPOS DE SILOS
Existem vários tipos de silos, que adaptam-se às mais diferentes condições das propriedades, principalmente terreno. Na prática, são divididos em Silos
Verticais Aéreos e Silos Horizontais.Atualmente a grande maioria dos produtores tem construído os Silos Horizontais, em especial o Tipo Trincheira, pelo
seu custo, funcionalidade e durabilidade.
TAMANHO DOS SILOS

Tamanho do silo, requer a consideração de alguns pontos:

o O número de animais que será alimentado, levando-se em consideração o peso inicial dos
animais e a produtividade que se deseja alcançar (carne, leite ).

o O número de dias ou período em que os animais receberão a silagem.

o Quantidade de silagem fornecida aos animais por dia, que é determinada em função do
peso do animal, produtividade que se deseja alcançar e potencial produtivo dos animais.

o A espessura de corte diário da silagem, devido ao contato com o ar atmosférico.

o A estrutura da fazenda ou propriedade versus o período para o corte, enchimento,


compactação e vedação do silo.

o O tamanho do local para construção do silo e posicionamento com relação às instalações

o O peso médio da silagem por metro cúbico.

o O percentual de perdas, consideradas normais devido a processos fermentativos e perdas


diárias comuns.
CÁLCULO DO CONSUMO DIÁRIO DE SILAGEM (CD )

100 bois confinados – Consumo 20kg silagem/dia – 120 dias em confinamento.

CD = Nº cabeças X Consumo/cabeça/dia.
CD = 100 x 20 kg/dia = 2000 kg de silagem/dia

CONSUMO TOTAL (CT)


CT = CD x Período de trato
CT= 2000Kg x 120 dias = 240.000 kg = 240 Toneladas.

CÁLCULO DA SILAGEM TOTAL CONSIDERANDO PERDAS ( CT )


CST= CT + 10% a 20% de perdas.
CST = 240 ton x 10% (perdas) = 240 ton + 24 ton = 264 ton.

CÁLCULO DO VOLUME DIÁRIO DE SILAGEM ( VD )


Considerando que em média o metro cúbico de silagem em trincheira pesa 600kg de massa, temos
que o volume do silo é igual a :
VD = CD / 600 = 2000 / 600kg/m3 = 3,33 m3/dia
CÁLCULO DA SUPERFÍCIE DO SILO (S) ou Painel

Considera espessura de corte diário ou avanço de 30 cm

S = VD / espessura de corte
S = 3,33m3 / 0,30m
S = 11,11m2
Área do Painel
Silo Trincheira

Área trapézio

¼h
B

S= (B + b) x h
2 h = 2m 25%

S=b+1+b x 2m

2 b
S = 2b + 1 x 2m
Onde: B = b + 1 e Altura variando de 2 a 2,5 m
2
CÁLCULO DO VOLUME TOTAL DO SILO
(VT)

VT = CT / peso médio da silagem

VT = 264.000 / 600

VT = 440 m3

CÁLCULO DO COMPRIMENTO DO SILO


(C)
2b + 1x 2
S= 2
11,11 = 2b + 1 VT = C X S
11,11 - 1= 2b
2b=10,11 440 m3 = C x 11,11

b = 10,11 C = 39,6 = 40 metros de comprimento


2
Ideal 2 silos com 20 metros cada.
b = 5,05

B = 5,05 + 1= 6,05
Exercício

Um confinamento deseja terminar 1000 bois com peso inicial de


350 kg p.v até o final do ano de 2008.
O volumoso utilizado é silagem de milho com 34% de MS, o peso por
metro cúbico de silagem 580 kg, o consumo por animal é de 2% do p.v
em MS.
Considerar :
Altura do silo trincheira=3,00 metros.
Avanço ou retirada = 100 cm
Dimensione o silo para que seus bois sejam terminados em tempo hábil,
sem falta de volumoso para acabamento.
Calcule também a área em ha a ser cultivada de milho, para enchimento
do silo.

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