Levantamento Da Gestão Financeira Das Propriedades Rurais de Umuarama Felipe Menegate Nascimento

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
FELIPE MENEGATE NASCIMENTO
LEVANTAMENTO DA GESTÃO FINANCEIRA DAS

PROPRIEDADES RURAIS DE UMUARAMA
PALOTINA
2022
FELIPE MENEGATE NASCIMENTO
LEVANTAMENTO DA GESTÃO FINANCEIRA

DAS PROPRIEDADES RURAIS DE UMUARAMA
Trabalho de conclusão de curso

apresentado ao curso de Agronomia, Setor
Palotina, Universidade Federal do Paraná, como
requisito à obtenção do título de Engenheira
Agrônoma.
Orientador: Prof. Dr. Roberto Rochadelli
PALOTINA
2022
AGRADECIMENTOS
A Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades.

Aos meus pais, Maria e Wanderley, pelo apoio, força e amor incondicional. Sem
vocês a realização desse sonho não seria possível.
Também quero agradecer à Universidade Federal do Paraná e a todos os
professores do meu curso pela elevada qualidade do ensino oferecido.
Deixo um agradecimento especial ao meu orientador pelo incentivo e pela
dedicação do seu escasso tempo ao meu projeto de pesquisa.
Sou grato a minha namorada Gabriella que nunca me recusou amor, apoio e
incentivo. Obrigado, todo o amor do meu coração, por compartilhar os inúmeros
momentos de ansiedade e estresse. Sem você ao meu lado o trabalho não seria
concluído.
Aos meus amigos que estavam ao meu lado durante esses anos, me apoiando
e me ajudando quando precisei.
RESUMO
A falta de gestão financeira na propriedade não permite ao produtor conhecer

os seus custos, a rentabilidade da atividade desenvolvida e nem traçar perspectivas
de ganhos reais. Além disso, ele fica impedido de conseguir visualizar onde estão os
maiores gastos da propriedade, dessa forma, o produtor trabalha “no escuro” e não
consegue realizar intervenções para diminuir custos e aumentar a rentabilidade. No
município de Umuarama, localizado no noroeste paranaense, um dos principais
problemas do agronegócio é a falta de gestão profissional pelos produtores rurais,
especialmente pelos agricultores com pequenas propriedades. Diante do exposto,
objetivou-se com esse trabalho a realização de um questionário com perguntas
pertinentes a respeito da gestão financeira entre pequenos, médios e grandes
agricultores com o objetivo de investigar se havia associação entre a área da
propriedade (1 a 10 alqueires, 10 a 50 alqueires e 50 ou mais alqueires) e cada uma
das variáveis do estudo. Através da análise de dados constatou-se resultados
significativos entre o tamanho da propriedade rural e sua qualidade de gestão, onde
os maiores produtores são aqueles que realizam melhores escolhas de organização
financeira e os menores produtores são aqueles que possuem baixo nível de
escolaridade e piores decisões administrativas.
Palavras-Chave: Gestão financeira; Propriedades rurais de Umuarama

ABSTRACT
The lack of financial management on the property does not allow the producer
to know their own, the profitability of the activity developed and costs or the prospects
of real gains. In addition, he is prevented from visualizing where the highest costs of
the property are, thus, the producer works “in the dark” and is unable to carry out
interventions to reduce costs and increase profitability. In the municipality of
Umuarama, located in the northwest of Paraná, one of the main aspects of
agribusiness is a lack of management by rural producers, especially by small farmers.
In view of the above, the objective of this work was to carry out an issue with this
pertinent work regarding financial management among small, medium and large
farmers in order to investigate whether there was an association between the area of
the property (1 to 1 to 50 bushels and 50 bushels or more) and each of the study
variables. The management of the quality analysis of the results of the choice of rural
results and the quality of the producers are the worst, which are the quality producers
who are the worst administrative.
Keywords: Financial management; Rural properties in Umuarama.

LISTA DE QUADROS
QUADRO 1. VARIÁVEIS DO ESTUDO.......................................................................5

QUADRO 2. PERFIL DA AMOSTRA (PERGUNTAS PESSOAIS) .............................7
QUADRO 3. PERFIL DA AMOSTRA (FATORES ECONÔMICOS) ............................8
QUADRO 4. PERFIL DA AMOSTRA POR ÁREA DE PROPRIEDADE RURAL
(COLUNA) (1-10 ALQUEIRES) .................................................................................12
(COLUNA) (10-50 ALQUEIRES) ...............................................................................15
(COLUNA) (MAIS DE 50 ALQUEIRES) ....................................................................18
QUADRO 7. PERFIL DA AMOSTRA POR VARIÁVEIS (LINHA) E TESTES DE QUI-
QUADRADO OU EXATO DE FISHER ......................................................................22
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................1
2. OBJETIVOS ........................................................................................................3
3. METODOLOGIA ..................................................................................................4
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...........................................................................7
4.1 ESTATÍSTICA DESCRITIVA DA AMOSTRA.....................................................7
4.2 ESTATISTICA DESCRITIVA POR ÁREA DA PROPRIEDADE RURAL..........12
4.3 TESTES DE QUI-QUADRADO OU EXATO DE FISHER.................................21
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................26
6. REFERÊNCIAS...................................................................................................27
1
1. INTRODUÇÃO
Nos anos de 1970-1980 a Revolução verde contribuiu para que os ganhos com
a produção agrícola dobrassem ou, até mesmo, triplicassem. Com esses resultados,
houve a constatação de que a tecnologia empregada no campo contribui de forma
expressiva para garantir a perenidade dos produtos, diminuindo por consequência, a
pobreza (JANVRY; SADOULET, 2002).
Atualmente, o pequeno produtor representa a maior contribuição no quesito de
gerar alimento para família brasileiras, segundo o PIB (Produto Interno Bruto) e
contribui para movimentação da economia local. Com isso, o produtor rural necessita
tomar decisões, executar e ter controle sobre elas, seja sobre as condições internas
quanto as condições ambientais (SILVA et al., 2020).
Para gerir uma empresa rural, dados devem ser coletados e as informações
geradas devem ser analisadas para que haja retorno ao produtor, e ele tome uma
decisão (Weiss, 2015). De acordo com a CNA (Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil, 2017), poucas propriedades rurais utilizam algum gerenciamento,
porém seus donos já enxergam que se não utilizam nada, só os conhecimentos
básicos não são essenciais.
O proprietário rural necessita se capacitar conforme o mercado evolui, para que
haja acompanhamento das novas tecnologias (SOARES et al., 2018).
Sandberg, Robinson e Pearce II (2001) afirmam que pequenas empresas que
não tenham e com atividades operacionais ou elaborar planos táticos ocasionais, não
é suficiente para garantir a sobrevivência dessas empresas. A uma estratégia
coerente e formalizada em um plano possuem maior probabilidade de não obter
sucesso. Apenas se preocupar com o dia-a-dia falta de compreensão sobre os fatores
econômicos, vendas insuficientes, despesas excessivas e a má gestão do capital
estão pautados em questões financeiras, questões essas diretamente relacionadas
com a competitividade do mercado e consequentemente com a sobrevivência dos
negócios.
De acordo com Cheng e Mendes (1989) a gestão financeira pode ser definida
como a gestão dos fluxos monetários derivados da atividade operacional, em termos
de suas respectivas ocorrências no tempo. Ela objetiva encontrar o equilíbrio entre a
2
rentabilidade (maximização dos retornos dos proprietários da empresa) e a liquidez

(que se refere a capacidade de a empresa honrar seus compromissos nos prazos
contratados). Isto e, esta implícita na gestão financeira a busca do equilíbrio entre
gerar lucros e manter caixa.
Chiavenato (2006) destaca que a administração financeira deve prover os
meios de pagamentos, bem como estimar entradas e saídas, através de um fluxo de
caixa. Providenciar para que as contas sejam pagas. Criar meios para manter viva a
empresa e buscar lucros, ou seja, buscar os recursos necessários para pagamento
de contas e buscar alcançar as metas estabelecidas.
O gerenciamento eficiente desses recursos torna-se um requisito básico para
sobrevivência e sucesso de qualquer empresa. As grandes empresas criam um
departamento com funções específicas de planejar, controlar e dirigir os recursos
financeiros. Já nas pequenas empresas, as finanças geralmente são administradas
de forma intuitiva pelos proprietários, sem um controle e planejamento adequado.
Para o desenvolvimento na propriedade, deve-se utilizar métodos de gestão,
como: registros, contas, controles econômicos, etc e estes devem ser analisados para
que se tenha retorno de gestão (UTEGI; UTEGI, 2014). Porém, há uma falta de
profissionais que atuem com assessoria e consultoria no ramo de gestão rural, o que
acarreta em prejuízos, principalmente, para pequenos produtores (LUCCA; SILVA,
2012)
Conforme Mosimann (1999), os objetivos primordiais da gestão financeira são
fornecer diretrizes para identificar ações necessárias que permita a organização
controlar e analisar sua posição, buscando a maximização dos lucros.
3
2. OBJETIVO
O objetivo deste trabalho foi analisar a relação entre o tamanho da propriedade

rural e o nível de ferramenta de gestão utilizadas.
4
3. METODOLOGIA
Tratou-se de uma pesquisa quantitativa a partir de dados de produtores rurais

da região de Umuarama, no Paraná. Os dados foram coletados por meio de
questionário, interrogando 33 agricultores para obter informações sobre o seu perfil, o
planejamento e controle das finanças pessoais, endividamento, inadimplência e
investimentos.
O questionário contém perguntas pessoais (idade, escolaridade, etc.) e
questões pertinentes a respeito da gestão financeira e consta de 27 perguntas
(Apêndice 1).
O estudo se deu em duas etapas. Na primeira, foi realizada uma análise
descritiva dos dados com todas as variáveis, apresentando o perfil geral da amostra.
Na segunda etapa, foram realizados testes de qui-quadrado de independência ou
testes exato de Fisher com o objetivo de investigar se havia associação entre a área
da propriedade (1 a 10 alqueires, 10 a 50 alqueires e 50 ou mais alqueires) e cada
uma das variáveis do estudo.
No quadro 1 foi apresentado a definição das variáveis do estudo, além de
detalhá-las por tipo, descrição e categorização. Nos quadros 2 e 3 são apresentados
os perfis da amostra, com todas as estatísticas descritivas das variáveis do estudo de
modo geral e por área da propriedade rural, respectivamente. Por fim, no quadro 4 é
exibido as estatísticas descritivas por variável independente, juntamente com os
valores do teste qui-quadrado ou exato de Fisher, com seus respectivos valores de
probabilidade de significância (p-valor). Para esse estudo, foi considerado
estatisticamente significativo um p < 0,05.
5
Quadro 1 – Variáveis do estudo

Variável Definição Descrição e
Categorização
Área da Área da propriedade rural do produtor 1 a 10 alqueires, 10 a 50
Propriedade alqueires e 50 ou mais
alqueires
Faixa etária Idade do produtor 18 a 25 anos, 25 a 40
anos, 40 a 55 anos e mais
de 55 anos
Escolaridade Escolaridade do produtor Fundamental Incompleto,
Fundamental Completo,
Médio Incompleto,
Médio Completo,
Superior Incompleto,
Superior Completo
Atividades Atividades desenvolvidas na propriedade Soja, Mandioca, Milho,
desenvolvidas Pecuária de Corte, Trigo,
Pecuária para Leite,
Avicultura, Silvicultura,
Cana-de-açúcar,
Melancia, Tomate,
Melão, Batata-doce,
Algodão, Outro.
Membros na Quantidade de membros na família do produtor 1 a 3 pessoas, 4 a 6
Família pessoas e mais de 7
pessoas.
Integração O produtor é integrado à cooperativa? Sim ou Não
Mão de Obra O produtor possui mão de obra familiar? Sim ou Não
Familiar
Mão de Obra O produtor possui mão de obra temporária? Sim ou Não
Temporária
Mão de Obra O produtor possui mão de obra permanente? Sim ou Não
Permanente
Fonte de renda Além da propriedade, o produtor possui outra fonte de renda Salário, Aposentadoria,
adicional principal? Aluguel ou Auxílio
Governamental
Tempo na Há quanto tempo o produtor reside na propriedade rural? Menos de um ano, de 1 a
Propriedade 3 anos, de 4 a 5 anos ou
Acima de 5 anos
Separação do Há separação do caixa pessoal do produtor com o da empresa? Sim ou Não
Caixa
Conhecimento O produtor conhece sobre a BM&F (Bolsa de Mercadorias e Sim ou Não
da Bolsa de Futuros)?
Valores
Posição na O produtor toma posição na BM&F? Sim ou Não
Bolsa de
Valores
Contabilidade O produtor utiliza alguma forma de contabilidade dos custos e Sim ou Não
lucros?
Acesso O produtor tem acesso a computador, celular e internet? Sim ou Não
Informática O produtor sabe utilizar informática básica? Sim ou Não
Software O produtor utiliza algum software agrícola para auxilio na Sim ou Não
Financeiro gestão financeira da propriedade?
6
Custos de Analisa-se os custos de depreciação de máquinas durante a Sim ou Não

Depreciação gestão da propriedade agrícola?
Análise de A empresa analisa o mercado para desenhar as suas estratégias? Sim ou Não
Mercado
Despesa Contabiliza-se a despesa operacional, considerando as perdas Sim ou Não

Operacional geradas por atrasos ou a perda de uma safra?
Procedimentos Procedimentos utilizados para o registro/controle das finanças Planeja com antecedência
das Finanças pessoais. os ganhos e gastos,
Pessoais Registra os ganhos e
gastos durante o mês ou
Registra os ganhos e
gastos após o fechamento
do mês.
Dificuldades Dificuldades enfrentadas para realizar o registro/controle das Não tem dificuldade,
das Finanças finanças pessoais Falta de Disciplina, Falta
Pessoais de Tempo, Dificuldade
com Planilhas ou
Aplicativos, Falta de
Habilidade, Não sabe.
Modalidades Modalidades de crédito utilizados pelo produtor Cartão de Crédito,
de Créditos Cheque Especial, Cheque
Utilizados Pré-Datado, Empréstimos
com Bancos Privados e
Empréstimos de Política
Agrícola.
Ampliação da Nível de dificuldade do produtor em ampliar as atividades de Capital, Terra e Mão de
Produção produção através da aquisição de capital, terra e mão de obra. Obra
Seguro Rural Realiza seguro rural na propriedade? Sim ou Não
Assistência Recebe assistência técnica na propriedade? Sim ou Não

Técnica
7
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 ESTATISTICA DESCRITIVA DA AMOSTRA
No quadro 2 é apresentado o perfil geral da amostra. Em relação à faixa etária,

a maioria dos produtores possuem mais de 55 anos. Dos 33 respondentes, 15 (45,5%)
estão nessa faixa etária. As faixas etárias de 25 a 40 e de 40 a 55 anos apresentaram
9 produtores (27,3%) cada um. Por fim, a faixa etária de 18 a 25 anos não apresentou
nenhum produtor.
Quadro 2 – Perfil da Amostra (Perguntas pessoais)

Variável N % de N da
coluna
Faixa Etária Entre 18 e 25 0 0,0%
Entre 25 e 40 9 27,3%
Entre 40 e 55 9 27,3%
Mais de 55 anos 15 45,5%
Escolaridade Fundamental Incompleto 9 27,3%
Fundamental Completo 6 18,2%
Médio Incompleto 4 12,1%
Médio Completo 6 18,2%
Superior Incompleto 4 12,1%
Superior Completo 4 12,1%
Atividades desenvolvidas
Soja 3 9,1%
Mandioca 5 15,2%
Milho 4 12,1%
Pecuária de corte 14 42,4%
Trigo 0 0,00%
Pecuária para Leite 6 18,2%
Avicultura 2 6,1%
Silvicultura 6 18,2%
Cana-de-açúcar 7 21,2%
Melancia 0 0,00%
Tomate 0 0,00%
Melão 0 0,00%
8
Batata-doce 0 0,00%
Algodão 0 0,00%
Outro 0 0,00%
Membros na família De 1 a 3 pessoas 9 27,3%
De 4 a 6 pessoas 17 51,5%
Mais de 7 pessoas 7 21,2%
Integração NÃO 19 57,6%
SIM 14 42,4%
Mão de obra familiar NÃO 5 15,2%
SIM 28 84,8%
Mão de obra temporária NÃO 20 60,6%
SIM 13 39,4%
Mão de obra permanente NÃO 18 54,5%
SIM 15 45,5%
Em relação à escolaridade, a maioria dos agricultores possuem o ensino

fundamental incompleto (27,3%), seguido de fundamental completo e médio completo
(18,2%) e de médio incompleto, superior incompleto e superior completo (12,1%).
Sobre as atividades desenvolvidas, a maior parte dos produtores estão ligados
ao ramo de pecuária de corte (42,4%), seguido de cana-de-açúcar (21,2%), de
pecuária para leite e silvicultura (18,2%). As atividades de trigo, melancia, tomate,
melão, batata doce e algodão não foram citadas entre os respondentes.
Em relação à quantidade de membros na família, a maioria possui de 4 a 6
pessoas (51,5%), seguidos de 1 a 3 pessoas (27,3%) e de mais de 7 pessoas (21,2%).
Sobre o questionamento de ser integrado à cooperativa, 42,4% responderam
sim e 57,6% não. Sobre o tipo de mão de obra, a maioria apresentou mão de obra
familiar (84,8%), mas não apresentou mão de obra temporária (60,6%) nem
permanente (54,5%).
Quadro 3 – Perfil da Amostra (Fatores econômicos)
Variável N % de N da
coluna
Fonte de renda adicional Salário 4 12,1%
Aposentadoria 5 15,2%
Aluguel 6 18,2%
Auxílio 6 18,2%
Não tem 16 48,5%
9
Tempo na propriedade Menos de 1 ano 0 0,0%

1 a 3 anos 9 27,3%
4 a 5 anos 12 36,4%
Acima de 5 anos 12 36,4%
Separação do caixa NÃO 19 57,6%
SIM 14 42,4%
Conhecimento da Bolsa de Valores NÃO 15 45,5%
SIM 18 54,5%
Posição na Bolsa de Valores NÃO 26 78,8%
SIM 7 21,2%
Contabilidade NÃO 16 48,5%
SIM 17 51,5%
Acesso NÃO 12 36,4%
SIM 21 63,6%
Informática NÃO 19 57,6%
SIM 14 42,4%
Software financeiro NÃO 22 66,7%
SIM 11 33,3%
Custos de depreciação NÃO 17 51,5%
SIM 16 48,5%
Análise de mercado NÃO 14 42,4%
SIM 19 57,6%
Despesa operacional NÃO 18 54,5%
SIM 15 45,5%
Procedimentos das finanças Planeja com antecedência 9 27,3%
pessoais
Registra durante o mês 11 33,3%
Registra após o fechamento do mês. 13 39,4%
Dificuldades das finanças pessoais Não tenho dificuldade 6 18,2%
Falta de Disciplina 3 9,1%
Falta de tempo 6 18,2%
Dificuldade com Planilhas ou Aplicativos 2 6,1%
Falta de habilidade 9 27,3%
Não sabe. 7 21,2%
Modalidades de crédito utilizados Cartão de crédito 10 30,3%
Cheque especial 10 30,3%
Cheque pré-datado 0 0,0%
Empréstimos com bancos privados 12 36,4%
Empréstimos de política agrícola 24 72,7%
Seguro rural NÃO 19 57,6%
SIM 14 42,4%
10
Assistência técnica NÃO 16 48,5%

SIM 17 51,5%
Questionados sobre a existência de uma fonte de renda adicional, a maioria
respondeu que não possui (48,5%), seguidos de aluguel e auxílio com 18,2% cada,
aposentadoria (15,2%) e salário (12,1%). Sobre o tempo que reside na propriedade
rural, a maioria respondeu de 4 a 5 anos e acima de 5 anos, com 36,4% cada um,
seguido por 1 a 3 anos (27,3%). Nenhum respondeu residir na propriedade por menos
de 1 ano.
Em relação às perguntas de ordem financeira, o perfil mostrou que a maioria
dos produtores: não praticam a separação do caixa com o da empresa (57,6%);
conhecem sobre a bolsa de valores (54,5%) mas não tomam posição nela (78,8%);
utilizam alguma forma de contabilidade dos custos e dos lucros (51,5%); têm acesso
a computador, celular e internet (63,6%) mas não sabem utilizar informática básica
(57,6%); não utilizam nenhum software agrícola para auxílio na gestão financeira da
propriedade (66,7%); não analisam os custos de depreciação das máquinas (51,5%);
analisam o mercado para desenhar suas estratégias (57,6%); e não contabilizam a
despesa operacional (54,5%).
Em comparação com a pesquisa de Zanin et al. (2014), a mesma apresentou
as características da estrutura e gestão das propriedades rurais do Oeste de Santa
Catarina, por meio da aplicação de questionários em 210 proprietários rurais da
região, sendo que a maior parte das propriedades eram de pequeno porte. Verificou-
se a falta da utilização de controles contábeis no meio rural. Grande parte dos
produtores não separa os gastos particulares com os da empresa, 54% dos
entrevistados não possuem controles que os auxiliem na tomada de decisões e
somente 28% realizam algum tipo de controle para a gestão da atividade rural. Tais
dados demonstraram que poucos produtores realizaram treinamentos para capacitá-
los a realizar uma gestão com mais qualidade, os respondentes dos questionários
relataram necessidade e interesse em participar de capacitações. Zambon e Pagno
(2017) analisaram 75 produtores rurais, maioria de pequeno porte, associados ao
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Tapejara-RS, e investigaram se os
respondentes dos questionários fazem uso de instrumentos gerenciais para a gestão
de suas propriedades. Identificou-se que os produtores não fazem uso de ferramentas
gerenciais, muitos deles fazem anotações simples, separando em alguns casos as
11
receitas dos gastos. Os autores sugerem que os contadores devem disseminar melhor
a importância da contabilidade na gestão das propriedades, pois, ela é vista pelos
produtores apenas com a finalidade tributária e fiscal.
Para Ulrich (2009), o empresário rural, em busca de ter seu espaço no cenário
competitivo em que o mercado se encontra, precisa conhecer e entender das técnicas
de gestão contábil, essencial para a tomada de decisão. O autor, a respeito da
segregação das despesas, diz que uma medida importante é a separação das contas
bancárias particulares das empresariais, buscando alcançar os resultados esperados.
Para o pesquisador, propriedade precisa ser vista pelo empresário como uma
empresa.
Sobre as finanças pessoais, a maioria (39,4%) registra os ganhos e gastos
após o fechamento do mês, sendo que 33,3% registra durante o mês e apenas 27,3%
planeja os gastos com antecedência. Já no que diz respeito às dificuldades
enfrentadas para realizar o registro das finanças pessoais, 27,3% dos produtores
apresentou falta de habilidade, seguido de 21,2% que não soube responder e de
produtores que relataram falta de tempo ou não ter dificuldade, ambos com 18,2% do
total.
Relacionado a isso, Hofer et al. (2011) concluiu em sua pesquisa que um
número pequeno de produtores utiliza de instrumentos e métodos para a gestão de
sua propriedade e que a maioria faz a administração do seu negócio com anotações
simples. Os autores também perceberam que são poucos os que usufruem de uma
gestão contábil profissional, porém, esses poucos que a utilizam conseguem ver
vantagens e benefícios com um serviço de contabilidade. Por fim, os pesquisadores
acreditam que o setor contábil deveria mostrar mais sua importância para auxiliar os
empresários rurais em suas atividades.
Em relação às modalidades de crédito utilizadas pelos produtores, a maioria
afirmou adquirir empréstimos de política agrícola (72,7%), seguido de empréstimos
com bancos privados (36,4%) e de cartão de crédito e cheque especial, ambos com
30,3%. Por fim, 57,6% afirmou não realizar seguro rural na propriedade e 51,5%
respondeu receber assistência técnica na propriedade.
Por fim, em relação ao fator de maior nível de dificuldade em ampliar suas
atividades de produção, 9 (27,3%) consideraram a terra, 8 (24,2%) consideraram o
12
capital, e 4 (12,1%) a mão de obra. Sobre o fator de menor dificuldade (nenhuma

dificuldade), 4 (12,1%) responderam a terra e 6 (18,2%) a mão de obra.
Dorr et al. (2012), em pesquisa, concluíram que a maioria dos produtores
guardam os recibos de compras e vendas de produtos agrícolas e insumos como
instrumento de controle, mas não usam como ferramenta de tomada de decisão.
Também observaram que maioria dos produtores utiliza de controle de estoque,
porém, aqueles que não utilizam acabam prejudicando a formação do custo de
produção e preço de venda dos produtos. Segundo os autores, a contabilidade,
através de suas técnicas, permite um melhor acompanhamento dos resultados, o que
facilita que o produtor tome as melhores decisões em sua atividade. Tais autores
perceberam, também, que os profissionais contábeis precisam apoiar mais os
produtores mostrando o quanto as ferramentas da contabilidade são importantes na
gestão de seus negócios.
4.2 ESTATISTICA DESCRITIVA POR ÁREA DA PROPRIEDADE RURAL
No quadro 3 é demonstrado o perfil dos produtores rurais, dessa vez detalhado

por área da propriedade rural (1 a 10 alqueires, 10 a 50 alqueires e 50 ou mais
alqueires) (1 alqueire → 24 200 m2 → 2,42 ha).
Quadro 4 – Perfil da Amostra por Área de Propriedade Rural (Coluna) (1-10 alqueires)
Área da propriedade rural
1-10 alqueires
Contagem % de N da linha
Entre 25 e 40 3 27,3%
Entre 40 e 55 4 36,4%

Atividades desenvolvidas Soja 0 0,0%
Mandioca 2 11,8%
13
Milho 2 11,8%
Trigo 0 0,0%
Pecuária para leite 3 17,6%
Avicultura 0 0,0%
Cana de açúcar 3 17,6%
Atividades desenvolvidas Melancia 0 0,0%
Tomate 0 0,0%
Melão 0 0,0%
Batata doce 0 0,0%
Algodão 0 0,0%
Outro 0 0,0%
SIM 3 27,3%
SIM 10 90,9%
SIM 4 36,4%
SIM 1 9,1%
Aluguel 2 14,3%
Auxílio 4 28,6%
Não tem 3 21,4%
1 a 3 anos 4 36,4%
4 a 5 anos 2 18,2%
SIM 1 9,1%
Conhecimento da Bolsa de NÃO 9 81,8%
Valores SIM 2 18,2%
SIM 0 0,0%
SIM 1 9,1%
14
Acesso NÃO 6 54,5%

SIM 5 45,5%

SIM 2 18,2%
SIM 0 0,0%
SIM 2 18,2%
Análise do mercado NÃO 8 72,7%
SIM 3 27,3%
SIM 1 9,1%
Registra os ganhos e gastos 2 18,2%

durante o mês
Registra após o 8 72,7%
fechamento do mês.
Dificuldades das finanças Não tenho dificuldade 0 0,0%
Dificuldade com Planilhas 0 0,0%
ou Aplicativos
Não sabe. 5 45,5%
Modalidades de crédito utilizados Cartão de crédito 4 22,2%
Cheque especial 4 22,2%
Empréstimos com bancos 3 16,7%
privados
Empréstimos de política 7 38,9%
agrícola
SIM 1 9,1%
SIM 2 18,2%
Os produtores que possuem propriedades menores (1 a 10 alqueires)

apresentaram o seguinte perfil em sua maioria: acima de 40 anos (72,8%); nível
fundamental incompleto (63,6%); produção de pecuária de corte (23,6%); 4 a 6
pessoas na família (54,5%); não ser integrado à cooperativa (72,7%); possuir apenas
15
mão de obra familiar (90,9%), mas não possuir mão de obra temporária (63,6%) nem
permanente (90,9%); ter o auxílio como fonte de renda adicional (28,6%); residir há
mais de 5 anos na propriedade rural (45,5%); não ter separação de caixa pessoal com
o da empresa (90,9%); não conhecer (81,8%) nem tomar posição na bolsa de valores
(100,0%); não utilizar nenhuma forma de contabilidade de custos (90,9%); não ter
acesso a computador, celular e internet (54,5%); não saber utilizar informática
(81,8%); não utilizar nenhum software agrícola na gestão financeira da propriedade
(100,0%); não analisar os custos de depreciação das máquinas (81,8%); não analisar
o mercado para desenhar suas estratégias (72,7%); não contabilizar as despesas
operacionais (90,9%); registrar os ganhos e gastos após o fechamento do mês
(72,7%); não saber em relação às dificuldades enfrentadas para realizar o registro das
finanças pessoais (45,5%); utilizar empréstimos de política agrícola (38,9%); não
realizar seguro rural (90,9%) nem assistência técnica na propriedade (81,8%). Em
relação aos fatores de maior nível de dificuldade em ampliar suas atividades de
produção, a maioria respondeu o capital e a terra. Sobre o fator de menor dificuldade,
a maioria respondeu a mão de obra.
Quadro 5 – Perfil da Amostra por Área de Propriedade Rural (Coluna) (10-50 alqueires)
10-50 alqueires
Entre 25 e 40 3 27,3%
Entre 40 e 55 3 27,3%

Mandioca 2 12,5%
Milho 0 0,0%
Trigo 0 0,0%
16
Avicultura 1 6,2%
Silvicultura 1 6,2%
Tomate 0 0,0%
Melão 0 0,0%
Batata doce 0 0,0%
Algodão 0 0,0%
Outro 0 0,0%
SIM 5 45,5%
SIM 9 81,8%
SIM 8 72,7%
SIM 4 36,4%
Aluguel 3 25,0%
Auxílio 2 16,7%
Não tem 4 33,3%
1 a 3 anos 3 27,3%
4 a 5 anos 5 45,5%
SIM 5 45,5%
Valores SIM 7 63,6%
SIM 2 18,2%
SIM 6 54,5%
Acesso NÃO 5 45,5%
SIM 6 54,5%
SIM 5 45,5%
17

SIM 4 36,4%
SIM 6 54,5%
SIM 7 63,6%
SIM 6 54,5%
Registra os ganhos e gastos durante o 5 45,5%

mês
Registra após o fechamento do mês. 4 36,4%
Dificuldade com Planilhas ou 0 0,0%
Aplicativos
Não sabe. 2 18,2%
Modalidades de crédito Cartão de crédito 4 21,1%
utilizados Cheque especial 4 21,1%
Empréstimos com bancos privados 4 21,1%
Empréstimos de política agrícola 7 36,7%
SIM 5 45,5%
SIM 5 45,5%
Os produtores que possuem propriedades médias (10 a 50 alqueires) (1

alqueire → 24 200 m2 → 2,42 ha). apresentaram o seguinte perfil em sua maioria:
acima de 55 anos (45,5%); nível médio completo (36,4%); produção de pecuária de
corte (31,3%); 4 a 6 pessoas na família (45,5%); não ser integrado à cooperativa
(54,5%); possuir apenas mão de obra familiar (81,8%) e temporária (72,7%), mas não
possuir mão de obra permanente (63,6%); não ter fonte de renda adicional (33,3%);
residir há 4 a 5 anos na propriedade rural (45,5%); não ter separação de caixa pessoal
com o da empresa (54,5%); conhecer a bolsa de valores (63,6%), mas não tomar
posição nela (81,8%); utilizar contabilidade de custos (54,5%); ter acesso a
computador, celular e internet (54,5%), mas não saber utilizar informática (54,5%);
18
não utilizar nenhum software agrícola na gestão financeira da propriedade (63,6%);

analisar os custos de depreciação das máquinas (54,5%); analisar o mercado para
desenhar suas estratégias (63,6%); contabilizar as despesas operacionais (54,5%);
registrar os ganhos e gastos durante o mês (45,5%); ter falta de habilidade em relação
a realizar o registro das finanças pessoais (45,5%); utilizar empréstimos de política
agrícola (36,7%); não realizar seguro rural (54,5%) nem assistência técnica na
propriedade (54,5%). Em relação aos fatores de maior nível de dificuldade em ampliar
suas atividades de produção, a maioria respondeu o capital e a terra. Sobre o fator de
menor dificuldade, a maioria respondeu a mão de obra.
Quadro 6 – Perfil da Amostra por Área de Propriedade Rural (Coluna) (Mais de 50 alqueires)
50 ou mais alqueires
Entre 25 e 40 3 27,3%
Entre 40 e 55 2 18,2%

Mandioca 1 7,1%
Milho 2 14,3%
Trigo 0 0,0%
Avicultura 1 7,1%
Tomate 0 0,0%
Melão 0 0,0%
19
Batata doce 0 0,0%

Algodão 0 0,0%
Outro 0 0,0%
SIM 6 54,5%
SIM 9 81,8%
SIM 1 9,1%
SIM 10 90,9%
Aluguel 1 9,1%
Auxílio 0 0,0%
Não tem 9 81,8%
1 a 3 anos 2 18,2%
4 a 5 anos 5 45,5%
SIM 8 72,7%
Valores SIM 9 81,8%
Posição na Bolsa de NÃO 6 54,5%
Valores SIM 5 45,5%
SIM 10 90,9%
Acesso NÃO 1 9,1%
SIM 10 90,9%
SIM 7 63,6%
SIM 7 63,6%
SIM 8 72,7%
SIM 9 81,8%
20

SIM 8 72,7%
Registra os ganhos e gastos 4 36,4%

durante o mês
Registra após o fechamento 1 9,1%
do mês.
Dificuldade com Planilhas 2 18,2%
ou Aplicativos
Não sabe. 0 0,0%
Modalidades de crédito Cartão de crédito 2 10,5%
utilizados Cheque especial 2 10,5%
Empréstimos com bancos 5 26,3%
privados
Empréstimos de política 10 52,7%
agrícola
SIM 8 72,7%
SIM 10 90,9%
Os produtores que possuem as maiores propriedades (50 ou mais alqueires)

(1 alqueire → 24 200 m2 → 2,42 ha). apresentaram o seguinte perfil em sua maioria:
acima de 55 anos (54,5%); ensino superior completo (36,4%); produção de pecuária
de corte (35,8%); 4 a 6 pessoas na família (54,5%); ser integrado à cooperativa
(54,5%); possuir apenas mão de obra familiar (81,8%) e permanente (90,9%), mas
não possuir mão de obra temporária (90,9%); não ter fonte de renda adicional (81,8%);
residir há 4 a 5 anos na propriedade rural (45,5%); ter separação de caixa pessoal
com o da empresa (72,7%); conhecer a bolsa de valores (81,8%), mas não tomar
posição nela (54,5%); utilizar contabilidade de custos (90,9%); ter acesso a
computador, celular e internet (90,9%); saber utilizar informática (63,6%); utilizar um
software agrícola na gestão financeira da propriedade (63,6%); analisar os custos de
depreciação das máquinas (72,7%); analisar o mercado para desenhar suas
21
estratégias (81,8%); contabilizar as despesas operacionais (72,7%); planejar com

antecedência os ganhos e gastos do mês (54,5%); não ter dificuldade para realizar o
controle das finanças pessoais (54,5%); utilizar empréstimos de política agrícola
(52,7%); realizar seguro rural (72,7%) e assistência técnica na propriedade (90,9%).
Em relação ao fator de maior nível de dificuldade em ampliar suas atividades de
produção, a maioria respondeu a mão de obra. Sobre os fatores de menor dificuldade,
a maioria respondeu o capital e a terra.
4.3 TESTES DE QUI-QUADRADO OU EXATO DE FISHER
Foram realizados testes de qui-quadrado de independência ou testes Exato de

Fisher com o objetivo de investigar se havia associação entre a área da propriedade
(1 a 10 alqueires, 10 a 50 alqueires e 50 ou mais alqueires) (1 alqueire → 24 200 m2
→ 2,42 ha) e cada uma das variáveis do estudo. Para usar o teste qui-quadrado em
tabelas r x s, no máximo 20% das caselas podem ter valores esperados (𝐸𝑖𝑗) inferiores
a 5 e nenhum 𝐸𝑖𝑗 pode ser menor do que 1. Se isso acontecer, usa-se o teste Exato
de Fisher. No quadro 4 é exibido as estatísticas descritivas por variável, juntamente
com os resultados de significância dos respectivos testes qui-quadrado ou de Fisher.
Pela estrutura de algumas perguntas do questionário aplicado, nem todas as
variáveis puderam ser submetidas aos testes mencionados, pelo fato da possibilidade
de mais de uma resposta por pergunta. São os casos das variáveis atividades
desenvolvidas, fonte de renda adicional, modalidades de crédito utilizados e fator de
maior nível de dificuldade em ampliar suas atividades de produção.
Em relação à variável atividades desenvolvidas, os grupos apresentaram
valores semelhantes, com destaque apenas para a soja, que aumenta à medida que
aumenta a área da propriedade; a pecuária para leite, que deixa de ser selecionada
com 50 ou mais alqueires; e a cana-de-açúcar, que é reduzida também com 50 ou
mais alqueires.
Em relação à variável fonte de renda adicional, observa-se que a maioria dos
produtores que possuem 50 ou mais alqueires de propriedade não têm renda
22
adicional, enquanto os que têm as menores propriedades possuem no geral mais

fontes.
Sobre as modalidades de crédito utilizadas, observa-se que, no geral, o cartão
de crédito e o cheque especial são mais utilizados pelos produtores das menores
propriedades, enquanto que os empréstimos são mais requisitados pelos produtores
da maior propriedade.
Em relação ao fator de maior nível de dificuldade em ampliar suas atividades
de produção, observou-se que à medida que aumenta o tamanho da propriedade, a
dificuldade vai deixando de ser o capital e a terra para ser a mão de obra.
Quadro 7 – Perfil da Amostra por Variáveis (Linha) e Testes de Qui-Quadrado ou Exato de Fisher
χ2 (gl) P- valor
Faixa Etária Entre 18 e 25 1,28 (4) 0,984

Entre 25 e 40
Entre 40 e 55
Mais de 55 anos
Escolaridade Fundamental Incompleto 20,41 (10) 0,004**
Fundamental Completo
Médio Incompleto
Médio Completo
Superior Incompleto
Superior Completo
Membros na família De 1 a 3 pessoas 0,71 (4) 1,000
De 4 a 6 pessoas
Mais de 7 pessoas
Integração NÃO 1,74 (2) 0,558
SIM
Mão de obra familiar NÃO 0,66 (2) 1,000
SIM
Mão de obra NÃO 9,22 (2) 0,011**

temporária
SIM
23
Mão de obra NÃO 15,40 (2) 0,000**

permanente
SIM
Tempo na Menos de 1 ano 2,82 (4) 0,680

propriedade
1 a 3 anos
4 a 5 anos
Acima de 5 anos
Separação do caixa NÃO 9,21 (2) 0,013**
SIM
Conhecimento da NÃO 9,53 (2) 0,009**

Bolsa de Valores
SIM
Posição na Bolsa de NÃO 6,45 (2) 0,043**

Valores
SIM
Contabilidade NÃO 14,80 (2) 0,000**
SIM
Acesso NÃO 5,59 (2) 0,075
SIM
Informática NÃO 4,61 (2) 0,125
SIM
Software financeiro NÃO 10,60 (2) 0,008**
SIM
Custos de depreciação NÃO 6,79 (2) 0,033**
SIM
Análise do mercado NÃO 6,67 (2) 0,047**
SIM
Despesa operacional NÃO 9,53 (2) 0,009**
SIM
Procedimentos das Planeja com antecedência 10,72 (4) 0,027**

finanças
Registra durante o mês
Registra depois.
Dificuldades das Não tenho dificuldade 29,97 (10) 0,000**

finanças
Falta de Disciplina
Falta de tempo
24
Dificuldade com Planilhas

Falta de habilidade
Não sabe.
Seguro rural NÃO 9,21 (2) 0,013**
SIM
Assistência técnica NÃO 11,89 (2) 0,003**
SIM
Foi encontrada uma associação significativa entre a área da propriedade rural

e a escolaridade (χ2 (10) = 20,41, p = 0.004). Análises dos resíduos padronizados
ajustados demonstraram que as diferenças estão nos níveis fundamental incompleto
para o grupo 1-10 alqueires e superior completo para 50 ou mais alqueires. Ou seja,
os produtores com a menor área da propriedade apresentaram a menor escolaridade
e os produtores com a maior área da propriedade apresentaram a maior escolaridade.
Foi identificada uma associação significativa entre a área da propriedade rural
e possuir ou não mão de obra temporária (χ2 (2) = 9,22, p = 0.011). Análises dos
resíduos padronizados ajustados demonstraram que as diferenças estão nos grupos
10-50 e 50 ou mais alqueires. Ou seja, os produtores com a área da propriedade de
10-50 alqueires apresentaram maior probabilidade de possuir mão de obra temporária
do que os produtores com a maior área da propriedade.
Identificou-se uma associação significativa entre a área da propriedade rural e
possuir ou não mão de obra permanente (χ2 (2) = 15,40, p = 0.000). Análises dos
resíduos padronizados ajustados demonstraram que as diferenças estão nos grupos
1-10 e 50 ou mais alqueires. Ou seja, os produtores com a maior área da propriedade
apresentaram maior probabilidade de possuir mão de obra permanente do que os
produtores com a menor área da propriedade.
Várias variáveis apresentaram uma associação estatisticamente significativa
com a menor (1-10 alqueires) e a maior (50 ou mais alqueires) propriedades. Os
resultados demonstraram que as maiores propriedades fazem a separação do caixa
pessoal com o da empresa (χ2 (2) = 9,21, p = 0.013); conhecem (χ2 (2) = 9,53, p =
0.009) e tomam posição na Bolsa de Valores (χ2 (2) = 6,45, p = 0.043); utilizam alguma
forma de contabilidade de custos (χ2 (2) = 14,80, p = 0.000); utilizam algum software
agrícola (χ2 (2) = 10,60, p = 0.008); analisam os custos de depreciação (χ2 (2) = 6,79,
p = 0.033); analisam o mercado para desenhar as suas estratégias (χ2 (2) = 6,67, p =
25
0.047); contabilizam a despesa operacional (χ2 (2) = 9,53, p = 0.009); realizam seguro
rural na propriedade (χ2 (2) = 9,21, p = 0.013) e recebem assistência técnica na
propriedade (χ2 (2) = 11,89, p = 0.003).
Identificou-se uma associação significativa entre a área da propriedade rural e
os procedimentos utilizados para o controle das finanças (χ2 (4) = 10,72, p = 0.027).
Análises dos resíduos padronizados ajustados demonstraram que as diferenças estão
nos grupos 1-10 e 50 ou mais alqueires em relação a registrar os ganhos e gastos
após o fechamento do mês e no grupo de 50 ou mais alqueires com os demais no
grupo de planejar com antecedência os ganhos e gastos. Ou seja, de modo geral, os
produtores com a maior área da propriedade apresentaram maior probabilidade de
planejar com antecedência os ganhos e gastos e os produtores com a menor área da
propriedade de registrar os ganhos e gastos após o fechamento do mês.
Foi encontrada uma associação significativa entre a área da propriedade rural
e as dificuldades enfrentadas para realizar o registro/controle das finanças pessoais
(χ2 (10) = 29,97, p = 0.000). Análises dos resíduos padronizados ajustados
demonstraram que o grupo de 50 ou mais alqueires apresentou diferença em relação
aos outros dois grupos apresentando não ter dificuldade alguma, mas ter falta de
disciplina e dificuldade com planilhas. Por outro lado, não apresentou falta de
habilidade em relação aos outros dois grupos.
26
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Gerir uma empresa implica em diversos aspectos que devem ser

considerados como planejamento, conhecimento da atividade, organização,
acompanhamento de custos dentre outros, e pensando em uma propriedade rural
não deve ser diferente.
Principalmente o gerenciamento de gastos e receitas, que é um aspecto
importante e que deve ser aplicado no setor produtivo. Contudo, esse aspecto
geralmente é desconsiderado pela maioria dos produtores pequenos, que acabam
produzindo sem saber ao certo quanto estão realmente lucrando com a atividade. Isso
pode ser bastante perigoso e até́ mesmo tornar a atividade inviável.
O estudo comprova que especificamente na agricultura familiar o costume de
fazer o registro regular de dados econômicos da atividade rural é praticamente
inexiste. O fato de os produtores não fazerem esse tipo de registro pode ter diversas
origens, porém ele está́ relacionado principalmente por desconhecimento dos
benefícios dessa prática e também por resistência a inovações.
Observa-se, também, que os produtores pequenos e médios não separam as
despesas particulares com os da empresa, mostrando desconhecimento de um dos
princípios da contabilidade.
É preciso que sejam estimuladas políticas com o propósito de educar os
produtores, para que eles façam a gestão financeira da empresa rural. Para isso o
fomento de capacitações e assistência técnica no campo desempenham um papel
importante na aplicação de ferramentas de fácil entendimento como a adoção de
planilhas de controle de entradas e saídas, por exemplo.
Destaca-se a necessidade de outras pesquisas na área, maior divulgação de
informações sobre a contabilidade rural entre os empresários rurais e mais
treinamentos ligados à gestão. Sugere-se que sejam feitas mais pesquisas abordando
a contabilidade rural, apresentando quais foram os benefícios e o impacto nos
negócios encontrados pelos produtores rurais ao fazerem o uso dos instrumentos
contábeis na gestão de suas propriedades.
27
6. REFERÊNCIAS
CNA - Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, 2017. Disponível em:

<www.cna.org.br>. Acesso em: 13 abril 2022.
JANVRY, A. de; SADOULET, E. World Poverty and the Role of Agricultural

Technology: direct and indirect effects. Journal Of Development Studies, [S.L.], v.
38, n. 4, p. 1-26, abr. 2002. http://dx.doi.org/10.1080/00220380412331322401.
LUCCA, E.J.; SILVA, A.L.L.. Análise e Diagnóstico de Uma Unidade de Produção

Agrícola Familiar. Revista de Administração Imed, [S.L.], v. 2, n. 3, p. 172-184, 30
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SOARES, JESSICA MARTINS; DA SILVA, SILVIO FREITAS; ZARO, CLAUDIO

SOERGER. Gestão de Custos e a Informação Contábil: Um Estudo Aplicado em
Propriedades Rurais na Região de Fronteira Sul-Mato-Grossense. Anais do
Congresso Brasileiro de Custos-ABC, 2018.
SILVA, E.C.G.; TRUGILHO, W.S.; RODRIGUES, J.A.; OLIMPO, G.A.; CHRISTO,

B.F. Estudo das teorias da administração na gestão de pequenas propriedades rurais.
Caderno Profissional de Administração UNIMEP, v. 9, n. 1, p. 239-257, 2020.
UTEGI, M.; UTEGI, E.N. The importance of farm records and accounting in agricultural
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WEISS, C. Mensuração de custos e rentabilidade implícita das propriedades

tabaqueiras do sul do Brasil. Custos e agronegócio on line, v. 11, n. 3, p. 280-297,
jul/set. 2015
ZANIN, Antonio; OENNING, Vilmar; TRES, Naline; KRUGER, Silvana Dalmutt;

GUBIANI, Clésia Ana. Gestão das propriedades rurais do oeste de Santa Catarina: as
fragilidades da estrutura organizacional e a necessidade do uso de controles
28
contábeis. Revista Catarinense da Ciência Contábil, v. 13, n. 40, p.09-19,

set./dez.2014. Disponível em
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2019.
ZAMBOM, Edson Pedro; PAGNO, Letícia Carissimi. O uso de ferramentas gerenciais

na gestão de propriedades rurais de pequeno porte. In: XVI Convenção de
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ULRICH, Elisane Roseli. Contabilidade rural e perspectivas da gestão no

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c3%83o_ no_agroneg%c3%93cio.
DORR, Andréa Cristina; GUSE, Jaqueline Carla; FREITAS, Luiz Antônio Rossi de;
ROSSATO, Marivane Vestena. Utilização de instrumentos de gestão contábil pelos
produtores agropecuários. Revista Eletrônica de Contabilidade, Santa Maria, v. 6, n.
1, jan/jun. 2012.

Levantamento Da Gestão Financeira Das Propriedades Rurais de Umuarama Felipe Menegate Nascimento

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Levantamento Da Gestão Financeira Das Propriedades Rurais de Umuarama Felipe Menegate Nascimento

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

FELIPE MENEGATE NASCIMENTO

LEVANTAMENTO DA GESTÃO FINANCEIRA DAS

LEVANTAMENTO DA GESTÃO FINANCEIRA

Trabalho de conclusão de curso

Orientador: Prof. Dr. Roberto Rochadelli

A Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades.

A falta de gestão financeira na propriedade não permite ao produtor conhecer

Palavras-Chave: Gestão financeira; Propriedades rurais de Umuarama

Keywords: Financial management; Rural properties in Umuarama.

QUADRO 1. VARIÁVEIS DO ESTUDO.......................................................................5

rentabilidade (maximização dos retornos dos proprietários da empresa) e a liquidez

O objetivo deste trabalho foi analisar a relação entre o tamanho da propriedade

Tratou-se de uma pesquisa quantitativa a partir de dados de produtores rurais

Quadro 1 – Variáveis do estudo

Custos de Analisa-se os custos de depreciação de máquinas durante a Sim ou Não

Despesa Contabiliza-se a despesa operacional, considerando as perdas Sim ou Não

Seguro Rural Realiza seguro rural na propriedade? Sim ou Não

Assistência Recebe assistência técnica na propriedade? Sim ou Não

4.1 ESTATISTICA DESCRITIVA DA AMOSTRA

No quadro 2 é apresentado o perfil geral da amostra. Em relação à faixa etária,

Quadro 2 – Perfil da Amostra (Perguntas pessoais)

Em relação à escolaridade, a maioria dos agricultores possuem o ensino

Tempo na propriedade Menos de 1 ano 0 0,0%

Assistência técnica NÃO 16 48,5%

capital, e 4 (12,1%) a mão de obra. Sobre o fator de menor dificuldade (nenhuma

4.2 ESTATISTICA DESCRITIVA POR ÁREA DA PROPRIEDADE RURAL

No quadro 3 é demonstrado o perfil dos produtores rurais, dessa vez detalhado

Fundamental Completo 3 27,3%

Acesso NÃO 6 54,5%

Informática NÃO 9 81,8%

Registra os ganhos e gastos 2 18,2%

Os produtores que possuem propriedades menores (1 a 10 alqueires)

Fundamental Completo 1 9,1%

Software financeiro NÃO 7 63,6%

Registra os ganhos e gastos durante o 5 45,5%

Os produtores que possuem propriedades médias (10 a 50 alqueires) (1

não utilizar nenhum software agrícola na gestão financeira da propriedade (63,6%);

Fundamental Completo 2 18,2%

Batata doce 0 0,0%

Despesa operacional NÃO 3 27,3%

Registra os ganhos e gastos 4 36,4%

Os produtores que possuem as maiores propriedades (50 ou mais alqueires)

estratégias (81,8%); contabilizar as despesas operacionais (72,7%); planejar com

4.3 TESTES DE QUI-QUADRADO OU EXATO DE FISHER

Foram realizados testes de qui-quadrado de independência ou testes Exato de

adicional, enquanto os que têm as menores propriedades possuem no geral mais

Faixa Etária Entre 18 e 25 1,28 (4) 0,984

Integração NÃO 1,74 (2) 0,558

Mão de obra familiar NÃO 0,66 (2) 1,000

Mão de obra NÃO 9,22 (2) 0,011**

Mão de obra NÃO 15,40 (2) 0,000**

Tempo na Menos de 1 ano 2,82 (4) 0,680

Conhecimento da NÃO 9,53 (2) 0,009**

Posição na Bolsa de NÃO 6,45 (2) 0,043**

Custos de depreciação NÃO 6,79 (2) 0,033**

Análise do mercado NÃO 6,67 (2) 0,047**

Despesa operacional NÃO 9,53 (2) 0,009**

Procedimentos das Planeja com antecedência 10,72 (4) 0,027**

Dificuldades das Não tenho dificuldade 29,97 (10) 0,000**

Dificuldade com Planilhas

Foi encontrada uma associação significativa entre a área da propriedade rural

Gerir uma empresa implica em diversos aspectos que devem ser

CNA - Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, 2017. Disponível em: