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UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ - UNOCHAPECÓ

ESCOLA DE GESTÃO E NEGÓCIOS


CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

SUCESSÃO FAMILIAR DO AGRONEGÓCIO NAS PEQUENAS PROPRIEDADES


RURAIS DO OESTE DE SANTA CATARINA

CACIANE INÊS MARCON

CHAPECÓ – SC, 2022


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UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ - UNOCHAPECÓ


ESCOLA DE GESTÃO E NEGÓCIOS
CURSO Administração
PERÍODO 8º - (Oitavo)
DISCIPLINA Projeto de Pesquisa II: TCC
COORDENADORA DE CURSO Prof. Gilseli Molozzi
COORDENADOR DO TCC Prof. Duílio Pedro Schaefer Junior
PROFESSORA ORIENTADORA Prof. Andréa Bencke Zambarda

SUCESSÃO FAMILIAR DO AGRONEGÓCIO NAS PEQUENAS PROPRIEDADES


RURAIS DO OESTE DE SANTA CATARINA

CACIANE INÊS MARCON

CHAPECÓ – SC, 2022


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RESUMO

O presente estudo teve como objetivo analisar o processo de sucessão em algumas


propriedades rurais. A escolha desse tema surgiu, pela importância da sucessão rural,
pois a saída do jovem do campo ameaça a manutenção do patrimônio adquirido pela
família e descontinua os empreendimentos da agricultura familiar. Por esse motivo
que a sucessão rural precisa ser pensada, preparada e capacitada a fim de dar
continuidade no núcleo familiar. O método utilizado foi a pesquisa qualitativa, em que
foram realizadas entrevistas semiestruturadas aplicadas aos entrevistados visando
obter respostas sobre problemática da pesquisa: quais as características, as
motivações dos envolvidos e os fatores que interferem no processo de sucessão na
agricultura familiar? Participaram da pesquisa três famílias rurais do Oeste de Santa
Catarina. Como resultados pode-se identificar que não houve um planejamento de
sucessão, que as motivações dos envolvidos em dar continuidade ao negócio da
família é o gosto e orgulho pela profissão, e que existe entre eles uma preocupação
com a continuidade da propriedade. Quanto aos fatores que podem auxiliar
estrategicamente no processo de sucessão nos empreendimentos agrícolas
destacam-se: o planejamento familiar no processo de sucessão, a capacitação dos
membros da família e as políticas públicas de incentivo que permitam alinhar o
crescimento do agronegócio com mais desenvolvimento tecnológico valorizando
assim o empreendedor rural.

Palavras-Chave: Sucessão Rural. Agronegócio. Agricultura familiar.


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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Propriedades rurais pesquisadas.....................................................10


Quadro 2. Compilação das Informações............................................................41
Quadro 3. Resultados Obtidos ...........................................................................45
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................06
1.1 Objetivos............................................................................................................08
1.1.1 Objetivo geral.................................................................................................08
1.1.2 Objetivos específicos.....................................................................................07
2 JUSTIFICATIVA......................................................................................................09
3 APRESENTAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO................................................................10
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...............................................................11
4.1 Delimitação da Pesquisa..................................................................................11
4.2 Caracterização da Pesquisa.............................................................................11
4.3 População e Amostra / Ambiente de Estudo.................................................13
4.4 Instrumentos de Coleta e Tratamento dos Dados.........................................13
4.5 Técnica de Análise e Interpretação dos Dados.............................................14
5 REVISÃO TEÓRICA.........……..............................................................................16
5.1 A gestão de pessoas e as organizações........................................................16
5.2 As empresas familiares nas propriedades rurais..........................................20
5.3 O futuro no agronegócio..................................................................................24
5.4 Sucessão familiar na agricultura.....................................................................28
6 PLANO DE ATIVIDADES.......................................................................................36
7 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS.......................................................37
7.1 Descrição da realização do processo de sucessão.......................................37
7.2 A percepção dos gestores quanto ao processo de sucessão......................40
7.3 A identificação do interesse dos membros da família em dar continuidade
na propriedade.........................................................................................................42
7.4 Avaliação da motivação em permanecer no campo conforme o prazo -
curto, médio ou longo prazo...................................................................................43
7.5 Levantamento dos fatores/desafios que influenciam na sucessão
familiar......................................................................................................................44
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS …………...….............................................................47
REFERÊNCIAS.........................................................................................................49
APÊNDICES..............................................................................................................53
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1 INTRODUÇÃO

O agronegócio tem representado mais de 20% do PIB (Produto Interno Bruto),


em 2020 o agronegócio brasileiro alcançou participação de 26,6% no PIB do Brasil,
(CEPEA, 2020). E esse dado demonstra importância do setor compreender como se
comporta a sucessão familiar na área rural, para as atividades agrícolas e a produção
se manterem, caso ocorra uma diminuição de pessoas e propriedades, pode causar
um impacto muito grande na economia das famílias rurais da região oeste catarinense,
foco deste estudo, e consequentemente na economia brasileira.
Nos últimos anos os produtores rurais passaram a se preocupar mais com a
continuidade das atividades desenvolvidas em seus estabelecimentos rurais. Dados
do censo agropecuário obtidos através do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - IBGE, 2017, indicam que 60% da população rural brasileira possuem
idade entre 30 e 60 anos e 34% possuem mais de 60 anos. Conforme os dados a
longevidade dos estabelecimentos rurais dependerão das novas gerações e é nessa
geração que o êxodo rural mais se evidencia (KRUGER, 2018).
Nas pequenas propriedades, o êxodo ocorre porque as terras são insuficientes
para o trabalho e há dificuldades de capital financeiro (MOREIRA; SCHLINDWEIN,
2016). Para Mera e Netto (2014), a maior parte desse êxodo rural decorre da
modernização e das mudanças tecnológicas, as quais estão presentes com maior
frequência nos grandes estabelecimentos rurais.

O ideal é que o processo sucessório seja desenvolvido de forma gradual,


estruturada e progressiva. Cada família terá sua particularidade: número de
atores envolvidos, interesses individuais e coletivos, realidade econômico-
financeira, ramo de atividade (BACKER, p. 11, 2011).

De acordo com os autores o processo sucessório ocorre a partir de uma


preparação realizada pelos gestores, sócio colaboradores, no caso o pai preparando
o filho para no futuro assumir o seu trabalho de forma preparada para poder tomar as
decisões certas pois a sucessão implica na sobrevivência, expansão e
continuidade da empresa rural.
Os estudos de Alcântara e Ávila (2017), Bassalo (2017), Barroso (2013), Cunha
(2019), Grando (2019), Krüger et al. (2014), Machado (2016), Matte (2017), Mera e
Netto (2014), Moreira (2014), Oliveira (2018), Peloso (2012), Ricca (2012), Vieira Filho
(2017), entre outros, evidenciam que a sucessão é fundamental para a continuidade
8

dos estabelecimentos rurais familiares, visto que são as novas gerações que
determinarão o futuro desses estabelecimentos.
Assim, a presente pesquisa pretende elucidar a seguinte problemática: quais
as características, as motivações dos envolvidos e os fatores que interferem um
processo de sucessão na agricultura familiar?

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo geral

Analisar o processo de sucessão familiar, caracterizando o interesse e a


motivação dos sucessores assim como os fatores que interferem nesta transição.

1.1.2 Objetivos específicos

 Descrever como se deu o processo de sucessão;


 Conhecer a percepção dos gestores quanto ao processo de sucessão;
 Identificar o interesse dos membros da família em dar continuidade na
propriedade.
 Avaliar se a motivação em permanecer no campo é de médio à longo prazo.
 Levantar quais os fatores que influenciam na sucessão familiar.
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2 JUSTIFICATIVA

Um dos pilares da economia brasileira são os negócios gerenciados por


famílias. No âmbito rural as propriedades estão sendo modernizadas graças a
importância que tem esse setor na economia mundial. O aprimoramento e a sucessão
familiar minimizam a pulverização do patrimônio e a desunião da família, ou seja, com
a continuidade nas pequenas propriedades rurais é fundamental para garantir o
abastecimento, a preservação dos costumes e equilíbrio econômico das famílias que
dependem desse setor (BUAINAIN, 2014).
A Agricultura Familiar é uma referência de desenvolvimento sustentável da
maioria das pequenas propriedades rurais. Sua importância é justificável por ser
responsável por 80% dos alimentos que chegam às mesas da população. Pesquisar
sobre as características desse setor, buscando entender a atuação dos agricultores
familiares, como se realiza o processo de sucessão nessas pequenas propriedades,
é também apoiar esse segmento, permitindo que o conhecimento seja difundido entre
as diferentes comunidades: acadêmica, científica, profissional e/ou para a própria
sociedade ou grupos sociais (MATTE, 2017).
A permanência dos jovens no campo está a cada dia menor. Para que se
fortaleça a agricultura familiar é muito importante que os jovens permaneçam no
campo para fortalecer a sua identidade de ser agricultor e logo resistência ao êxodo
rural (MENDES, 2010).
A situação e perspectiva dos jovens rurais no campo deve ser vista com mais
atenção por parte dos representantes e também pelos gestores atuais dessas
propriedades, as famílias. A permanência desses jovens pode ser planejada,
orientada como sendo um projeto de melhoria de vida para os jovens, é possível criar
um espirito empreendedor através da modernização da propriedade, obtendo não
somente o sustento da sua família, mas com possibilidade de ascensão econômica,
garantindo assim a sua permanência na propriedade (BACKER, 2011).
Dessa forma o trabalho justifica-se pela importante contribuição cientifica na
área do conhecimento e para a formação acadêmica. Através do estudo pode-se
compreender melhor os fatores que influenciam na sucessão nas pequenas
propriedades rurais do Oeste Catarinense e promover projetos de incentivo a
permanência em tais propriedades.
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3 APRESENTAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

Conforme Dmitruk (2018), este tópico traz informações sobre o que se deseja
pesquisar.
As propriedades rurais pesquisadas foram assim escolhidas por possuírem
porte semelhante, se enquadram como pequenas e médias propriedades localizadas
na região oeste de Santa Catarina, local do estudo, e, portanto, serão apresentadas
no quadro número 1:

Quadro 1 – Propriedades rurais pesquisadas


Propriedade Proprietário Ramo de Estrutura Localização Nº de
atividade pessoas
que
trabalham
Balerini Gilso José Propriedade Possuem um Comunidade Três
A propriedade é Balerini, 54 de gado de galpão para as Sede pessoas
da família e está anos. leite, vacas leiteiras, Figueira (casal e
sendo gerida pelo produtor de um galpão para Chapecó/SC filho)
atual proprietário, grãos como as máquinas
terceira geração. soja, trigo e agrícolas e a
milho. casa onde
reside a família.
Giuriatti Alves Propriedade Possuem um Distrito de Sete
A propriedade é Giuriatti, 59 produtora de aviário, algumas Sede pessoas
da família desde anos Aves - Peru máquinas Figueira (casal, 3
1956 e está sendo de corte e agrícolas que Chapecó/SC filhas,
gerida pelo atual Gado de auxiliam no genro e
proprietário desde corte. desenvolviment neto)
1992, terceira o das atividades,
geração. um galpão para
o confinamento
do gado e duas
casas.
Menegatti Flávio Propriedade Possuem um Rodeio Cinco
Menegatti, produtora de galpão para as Bonito pessoas
A propriedade é da
45 anos gado de leite máquinas Chapecó/SC (casal,
família desde 1976
e grãos. agrícolas, um filho e
e está sendo gerida
para o gado de dois
pelo atual
leite e outra caseiros.
proprietário desde
estrutura com as
2000, terceira a
ordenhas e os
geração.
resfriadores,
uma casa
Fonte: dados da pesquisa (2021).
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4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste capítulo serão apresentados os procedimentos metodológicos que


conduzem a realização do presente estudo, como delimitação da pesquisa,
caracterização, população e amostra / ambiente de estudo, instrumentos de coleta e
tratamento dos dados, técnica de análise e interpretação dos dados.

4.1 Delimitação da Pesquisa

Essa delimitação refere-se ao planejamento da pesquisa, em sua dimensão


mais ampla, envolvendo tanto a diagramação, quanto a previsão de análise e a
interpretação de dados. Considera-se o ambiente em que são coletados os dados,
bem como as formas de controle das variáveis envolvidas.

Detalhando as operações necessárias para abordar o universo temático do


objeto de estudo, o autor do projeto passa a mencionar os chamados
procedimentos ou métodos particulares de coleta de dados e o plano de
análise de dados. Se for uma pesquisa documental ou bibliográfica, as fontes
(documentos primários, secundários, sejam escritos, iconográficos, etc.)
devem ser indicadas. Se for uma pesquisa de campo ou experimental, cabe
indicar a característica dos grupos de amostra, tipos de amostragem, etc
(DMITRUK, 2018, p.188).

A escolha e a aplicação do método científico requerem a utilização de “um


conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos para que os objetivos sejam
atingidos”. (GIL, 1999, p. 26). Portanto, pode-se afirmar que o método constitui de um
procedimento estratégico geral que pode abranger inúmeras técnicas, isto é,
procedimentos específicos mesmo dentro das diversas etapas de um método.
O estudo foi realizado pela acadêmica de Administração, Caciane Inês Marcon,
no período de agosto de 2021 a junho de 2022, junto aos gestores de três
propriedades rurais localizadas no Oeste de Santa Catarina, com o objetivo de estudar
e analisar o processo de sucessão das propriedades rurais.

4.2 Caracterização da Pesquisa

O proceder metodológico relacionado ao problema da pesquisa qualifica-se em


uma tipologia de pesquisa qualitativa do tipo descritiva buscando esclarecer e
comentar os resultados do estudo. Conforme Sampieri (2010), a abordagem
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qualitativa dá profundidade aos dados e aos detalhes, flexibilidade e uma melhor


interpretação de estudo e oferece um ponto de vista “recente, natural e holístico” dos
fenômenos estudados.
Segundo Nunes (2016), a pesquisa de abordagem qualitativa possibilita uma
série métodos de investigação e coletas de dados, através de entrevistas,
observações, documentos e registros.
Quanto aos objetivos, a tipologia aplicada foi a descritiva incluindo um estudo
de multicasos, analisando três propriedades rurais e o seu processo de sucessão.
Nessa análise observa-se as características relacionadas ao processo de sucessão
proporcionando uma nova visão sobre uma realidade já existente.
De acordo com Moreira e Caleffe (2008), a pesquisa descritiva baseia-se na
premissa de que os problemas podem ser resolvidos através da observação, da
análise e da descrição.
Segundo Gil (2010), esse tipo de pesquisa tem por objetivo estudar as
características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo, procedência, nível de
escolaridade, estado de saúde, física e mental, etc.
Para Trivinõs (2011), esses estudos exigem do pesquisador uma série de
informações sobre o que se deseja pesquisar, para que a pesquisa tenha um grau de
validade científica necessita-se de uma precisa delimitação de técnicas, métodos,
modelos e teorias que orientarão a coleta e interpretação dos dados.
Quanto aos procedimentos adotados para a elaboração da pesquisa se refere
a um estudo de multicasos, ou seja, pode analisar dois ou mais sujeitos sem objetivar,
o que demanda apreciação das organizações, objetivando conhecer a missão, a
visão, os valores, os objetivos e as metas, bem como a característica da estrutura, a
cultura e a função social da instituição (DMITRUK, 2018).
Sob a ótica de Pádua (2019), o estudo de caso tem uma abordagem qualitativa
sendo elemento complementar quando se quer coletar dados pois permite investigar
em profundidade o desenvolvimento, as características e aspectos de qualquer
unidade social: seja pessoa, comunidade, organização ou núcleo familiar.
Para Oliveira (2002), o estudo de caso enquanto método é suficiente e
competente para identificar e analisar as múltiplas ocorrências de um mesmo
fenômeno, em várias situações.
13

4.3 População e Amostra / Ambiente de Estudo

A população da presente pesquisa foram produtores rurais residentes na zona


rural do oeste do estado de Santa Catarina. A amostra selecionada foram três
produtores rurais que estão na terceira geração, caracterizando-se como sucessão
familiar rural, e que possuem pequenas e médias propriedades, cada um com seu
ramo de atividade, e seu grupo familiar distinto.
Sobre universo ou população da pesquisa, Lakatos (2010), explica que é
caracterizado pela definição da área ou população-alvo, descrevendo a quantidade
de pessoas que atuam na pesquisa. Para o autor a população é o conjunto de seres
animados ou inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum.
Quanto a amostragem, Vergara (2010), afirma que é uma parte da população
escolhida segundo algum critério de representação. O formato da amostragem no
estudo é intencional.

Ela requer mínimo de conhecimento antecipado da população, livre de


possíveis erros de classificação e facilita a análise de dados e cálculos de
erros. Suas desvantagens são que o conhecimento que o pesquisador possa
ter sobre o problema em estudo é desprezado e que para o mesmo tamanho
da amostra, os erros são mais amplos do que a amostragem estratificada.
Serve como um plano amostral e tem como principal vantagem requerer o
mínimo (NAGAE, 2007, p.05).

Nesse sentido, a amostra intencional objetiva extrair um subconjunto da


população onde os elementos selecionados para a amostra são escolhidos pelo
critério do investigador e é representado áreas de interesse da pesquisa mais
relevante e simples que permite atingir os resultados esperados, contribui Vergara
(2010).

4.4 Instrumentos de Coleta e Tratamento dos Dados

Quanto aos instrumentos necessários para a coleta dos dados, de acordo com
os procedimentos metodológicos adotados, foi utilizado o instrumento entrevista, com
perguntas pré-elaboradas para seguir um roteiro, onde as respostas foram coletadas
em momento presencial e também de forma escrita e por áudio.
Conforme Vergara, Lakatos e Marconi (2010), o levantamento de dados
necessário para a pesquisa e seus instrumentos de coleta estão relacionados aos
14

objetivos do estudo e seus resultados devem estar de acordo com as questões da


pesquisa.
Quanto a entrevista realizada no estudo consistiu na conversação entre o
pesquisador e a pessoa a ser observada, visando obter as informações necessárias
a pesquisa.
Para Gil (2010), a entrevista é uma forma de interagir socialmente através do
diálogo, aonde uma parte coleta dados e a outra oferece informação. Para Cortês
Miguel(2009), entrevistar, é uma modalidade básica de investigação aonde descreve
as narrativas sobre as experiências que fazem parte da vida das pessoas.
Sob a visão de Minayo (2009), a entrevista deve extrair visões e opiniões do
entrevistado possibilitando acesso ao contexto das informações desejadas, no caso
da presente pesquisa a entrevista será semiestruturada a fim de promover um melhor
caminho para o pesquisador compreender os significados dos comportamentos de
cada entrevistado.

4.5 Técnica de Análise e Interpretação dos Dados

A técnica de análise é muito utilizada nas dissertações a fim de interpretar os


dados primários colhidos através das entrevistas aplicadas a amostra (DMITRUK,
2018).
Para melhor analisar esse conteúdo foi utilizado o uso de computadores
eletrônicos equipados com softwares específicos como o Microsoft Word a fim de
transcrever a entrevista.
Corroborando com esse entendimento, Minayo (2009), diz que a análise de
conteúdo, é a expressão mais comumente usada para representar o tratamento dos
dados de uma pesquisa qualitativa. Para Vergara (2010), os objetivos da
investigação somente são alcançados com a coleta, o tratamento e, posteriormente,
com a interpretação dos dados, buscando assegurar com isso a correlação entre
objetivos e formas de atingi-los.
Para Gil (2010), a análise e interpretação dos dados se complementam, sendo
necessário que haja um equilíbrio entre os dados teóricos e os dados que foram
coletados, para a pesquisa obter resultados reais e significativos. A técnica utilizada
será a análise de conteúdo.
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A análise de conteúdo, de acordo com Minayo (2009), é a expressão mais


comumente usada para representar o tratamento dos dados de uma pesquisa
qualitativa. A análise de conteúdo, segundo Bardin (1979, p. 42), pode ser definida
como:
Um conjunto de técnicas de análise de comunicação visando obter, por
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo
mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de
conhecimentos relativos às condições de produção/recepção destas
mensagens.

Nesse sentido o autor define as técnicas a serem utilizadas como sendo uma
possibilidade de verificação, devendo estar disponibilizados e informados, clara e
metodicamente, os caminhos a serem seguidos.
16

5 REVISÃO TEÓRICA

Neste capítulo, é apresentada a revisão teórica utilizada como base para a


execução deste estudo. Os tópicos a seguir referem-se, de acordo com a metodologia
utilizada, às categorias de análise reveladas na pesquisa. Dividimos este capítulo em
cinco partes: A gestão de pessoas e as organizações; As empresas familiares nas
propriedades rurais; O futuro no agronegócio; A sucessão familiar na agricultura.

5.1 A gestão de pessoas e as organizações

O contexto da gestão de pessoas é formado por pessoas e organizações. O


trabalho toma um tempo considerável das pessoas pois dependem dele para ganhar
o seu sustento e atingir sucesso pessoal e profissional. O sucesso depende do
desempenho, criatividade, força de vontade por isso é muito difícil separar o trabalho
da vida das pessoas, assim as organizações tornam-se indispensáveis para as
pessoas atingirem suas metas pessoais e individuais (CHIAVENATO, 2008).
Partindo da premissa que a Gestão de Pessoas atende o relacionamento das
pessoas ela se torna uma área sensível dentro da organização porque esse
departamento tem evoluído muito com o passar do tempo, as atribuições de hoje não
são somente verificar a frequência dos trabalhadores, suas faltas e atrasos, para
efeitos de pagamento dos empregados, o profissional que atua na Administração
de Recursos Humanos é também responsável pelo plano estratégico da
organização (AVILA, 2017).
As organizações por sua vez também dependem diretamente das pessoas
porque necessitam delas para operar, produzir seus bens e serviços, atender seus
clientes, competir nos mercados e atingir seus objetivos globais e estratégicos; em
resumo as organizações são constituídas por pessoas e dependem delas para atingir
seus objetivos pois as pessoas dão vida, dinâmica, energia, inteligência, criatividade
e racionalidade criando uma espécie de simbiose entre as pessoas e as organizações
(CHIAVENATO, 2008).
Existe uma grande relação entre as pessoas e o trabalho. Ambas se
complementam para garantir a subsistência. As organizações necessitam das
pessoas para o desenvolvimento de suas atividades, é por isso que a Gestão de
17

Pessoas vem para cuidar do relacionamento entre ambas: Organização versus


colaboradores (CUNHA, 2015).
Quando a organização possui em seu planejamento, em sua cultura
organizacional uma equipe de RH engajada, envolvida ativamente no processo de
cuidar dos seus colaboradores, é possível atingir os resultados almejados, pois
uma equipe unida com espírito colaborativo e construtivo tem potencial e pode ser
aproveitada na construção de estratégias empresarias eficientes e eficazes
(PELOSO, 2012).
A Gestão de pessoas depende de vários aspectos, sendo “contingencial e
situacional” porque depende da cultura da organização, da “estrutura organizacional
adotada, das características do contexto ambiental, do negócio da organização, da
tecnologia utilizada, dos processos internos, do estilo de gestão utilizado”, entre outras
variáveis importantes (CHIAVENATO, 2008, p. 8).
O mais importante fator que permite as empresas de qualquer setor alcançarem
seus objetivos é através de uma correta gestão de pessoas. Ribeiro (2014), afirma
que a administração do fator humano em uma organização, ou seja, gerir
corretamente as pessoas permitirá a empresa alcançar com facilidade os seus
objetivos.
A relação humana passou a ser mais reconhecida a partir do momento que os
gestores começaram a estudar o comportamento dos seus colaboradores, dando
atenção nas situações diárias ocorridas na empresa, os fatores emocionais podem
afetar diretamente o desempenho desses profissionais, levando ao stress,
desentendimento com os colegas, problemas psicológicos e consequentemente a
baixa produtividade. Isso pode ser evitado quando o gestor possui um olhar atento as
atitudes comportamentais da sua equipe (ÁVILA, 2017).
Ribeiro (2014), explica que administrar as relações das pessoas nas
organizações é de uma responsabilidade muito grande por ser um processo complexo
isso porque elas se tornaram parceiras do negócio e não mais recursos empresarias.
A forma que o profissional de Recursos Humanos deve trabalhar com o corporativo
deve permear meios capazes de avaliar as pessoas em todos os sentidos desde a
formação profissional até a coleta de informações para estudar parcialmente o caráter
de cada uma delas.
18

Ainda no que tange a Gestão de pessoas, seguindo o raciocínio de Peloso


(2012, p. 04):
É caracterizada pela participação, capacitação, envolvimento e
desenvolvimento do bem mais precioso de uma organização, o Capital
Humano, que nada mais é do que as pessoas que a compõe. Cabe à
área de Gestão de Pessoas a nobre função de humanizar as empresas.
Apesar da Gestão de Pessoas ser um assunto tão atual na área de
Administração, ainda é um discurso para muitas organizações, ou pelo
menos não se tornou uma ação prática. Compete ao Departamento de
Recursos Humanos promover, planejar, coordenar e controlar as
atividades desenvolvidas relacionadas à seleção, orientação, avaliação de
desempenho funcional e comportamental, capacitação, qualificação,
acompanhamento do pessoal da instituição num todo, assim como as
atividades relativas à preservação da saúde e da segurança no
ambiente de trabalho da Instituição.

Com informações idôneas do seu quadro de pessoal, o profissional de recursos


humanos da empresa consegue identificar os conhecimentos, habilidades,
competências, destrezas e capacidades de cada um, pois vivemos em uma época de
globalização, competição, tecnologia, o que torna indispensável saber diferenciar as
pessoas com quem lida no dia a dia na empresa e adequá-las a gestão dos recursos
organizacionais (RIBEIRO,2014).
Dessa maneira o gestor humaniza a organização e muda o foco de “gestor
protetor para planejador e gestor agente de mudanças”. Com a atuação do gestor de
pessoas cabe ao departamento de Recursos Humanos da empresa estimular a
contribuição dos colaboradores, o comprometimento e a capacitação (AVILA, 2017).
O autor vê o sucesso das empresas quando as mesmas enxergam seus
funcionários como parceiros e não somente como recursos. Segundo ele, “todo
processo produtivo somente se realiza coma a participação conjunta”, de fato quando
os empregados contribuem com os seus conhecimentos e habilidades, as ações
tornam-se dinâmicas para a organização (CHIAVENATO, 2008, p. 10).

Na função administrativa da infraestrutura da empresa, os profissionais de


RH criam e desenvolvem processos para contratação, avaliação e
treinamento dos funcionários. Esses profissionais atuam também na melhoria
de processos da área de RH, bem como em outras áreas, com vistas a reduzir
custos e a melhorar a eficiência das atividades da empresa. Quando os
colaboradores se tornam competentes e dedicados, o know-how se torna um
importante ativo mensurável refletido nos resultados financeiros da empresa.
(AVILA, 2017, p.23)

A adesão de pessoas e projetos pode ser realizada com o auxílio de algumas


metodologias, ferramentas e técnicas de gestão, conforme Bassalo (2017), explica, a
metodologia quando utilizada pode minimizar bastante os riscos pois é criada no
19

intuito de gerenciar os aspectos humanos além de se adequar a diferentes naturezas


e ciclos de implantação de projetos. Essas metodologias tem o foco no
endereçamento dos aspectos humanos e são classificados por Modelo Individual e
Modelo organizacional. A sua utilização contempla a preparação, estruturação,
execução e sustentação que quando conjugadas se adequam a diferentes naturezas
e ciclos de implantação de projetos com o objetivo de permitir que os negócios das
organizações sejam alcançados, com altos níveis de engajamento e performance.
Os modelos de planejamento de gestão de pessoas explicados por Ávila (2017,
p. 27-28) são:
Modelo baseado na procura estimada do produto ou serviço – baseia-se no
conceito de que a necessidade de pessoal é considerada uma variável
dependente da procura estimada do produto (quando indústria) ou do serviço
(quando organização não industrial). • Modelo baseado em segmentos de
cargos – é o modelo de planejamento de pessoal operacional utilizado por
empresas de grande porte. Algumas organizações preferem calcular suas
necessidades totais de pessoal operacional com base em projeções
relacionadas apenas com certos segmentos de cargos de sua força de
trabalho que apresentam variações maiores. Modelo de substituições de
postos-chave – é um modelo que recebe os nomes de mapas de substituição
ou organogramas de encarreiramento para o planejamento de funcionários.
Trata-se de uma representação visual de quem substitui quem na
eventualidade de alguma possível vaga futura dentro da organização. Modelo
baseado no fluxo de pessoal – refere-se a um modelo que mapeia o fluxo das
pessoas para dentro, através e para fora da organização. A análise histórica
do movimento de entrada, saída, promoções e transferências internas
permitem uma predição de curto prazo das necessidades de pessoal da
organização.
Modelo de planejamento integrado – trata-se de um modelo mais amplo e
abrangente. Do ponto de vista de provisão de insumos humanos, o
planejamento integrado leva em conta o volume de produção planejado pela
organização, as mudanças tecnológicas dentro da organização, as condições
de oferta e procura no mercado e o planejamento de carreiras dentro da
organização.

Segundo o autor esses modelos servem para alcançar todo o potencial das
organizações, para isso as empresas precisam ter pessoas adequadas e disponíveis
para realizar o trabalho, para isso é preciso analisar os cargos.
Essa prática de analisar um cargo significa detalhar o que o cargo exige do seu
ocupante em termos de conhecimento, habilidades e capacidades para que possa
desempenhá-la adequadamente, após com a descrição do cargo é possível enquadra-
lo no nível em que melhor se encaixa, ou seja, a tomar ciência da sua habilidade e
competência fica fácil recrutar para o cargo que melhor se adapte (ÁVILA, 2017).
Os princípios básicos da Administração preconizam que o tipo de gestão
aplicados a indústria e comércio sejam também aplicados na agricultura, porém deve-
20

se ressaltar que o último segmento possui diferentes características em relação aos


demais (VIEIRA FILHO, 2017).
Ao se aplicar um modelo de gestão no segmento comercial e industrial é
necessário estudar o comportamento da organização, das pessoas e também analisar
as mudanças ocorridas no cenário econômico para que se possa adotar formas de
gestão mais participativas, integradas, flexíveis e produtivas (CUNHA, 2015).
Sobre o modelo de gestão Cunha (2015, p. 04) explica:

Diante das mudanças ocorridas no contexto de trabalho e no conceito de


carreira, a área de gestão de pessoas enfrenta o importante desafio de
incorporar, definitivamente, a dimensão estratégica, sendo responsável por
promover o encontro dos interesses dos colaboradores, patrões e clientes, e
exercer seus quatro papeis: • ser parceiro estratégico, agente de mudanças,
especialista administrativo e defensor dos funcionários.

E quanto ao modelo de gestão no segmento agrícola, a empresa rural possui


também como objetivos técnicos o lucro, a sobrevivência e o crescimento, possui
despesas, receitas e necessita de mão de obra especializada, além de alto capital
investido e alto grau de comercialização. Com uma diferença, a falta recursos
humanos, mão de obra é escassa e não há concorrência para o trabalho. O que não
ocorre nas empresas urbanas dos segmentos de indústria e comércio (VIEIRA FILHO,
2017).
Os desafios do setor agrícola estão sob a influência direta de condições que
apresentam riscos e incertezas inerentes à atividade devido às condições do
ambiente, onde a atividade está inserida, isso implica que o agricultor precisa ser ágil
na resposta às imprevisibilidades climáticas (OLIVEIRA, 2018).

5.2 As empresas familiares nas propriedades rurais

Uma empresa é conceituada como “familiar” quando o controle societário da


mesma está em mãos de uma família. Seus integrantes podem ser os filhos, marido,
esposa, primos, enfim familiares que controlem e empresa e ao mesmo tempo sejam
conscientes da dinâmica familiar em um ambiente presencial. É preciso conhecer a
diferença entre o controle familiar e a cultura da empresa. Estarem sempre juntos e
casa e no trabalho é uma particularidade desse tipo de empresa e devem adotar um
comportamento profissional em seu local de trabalho, não deixando que o aspecto
emocional interfira nas decisões e condutas da empresa (OLIVEIRA; SILVA, 2012).
21

Para Lodi (1998, p. 06), a definição de empresa familiar é assim formulada:

É aquela que a consideração da diretoria está ligada ao fator hereditário e


onde os valores institucionais da firma identificam-se com um sobrenome de
família ou com a figura do fundador.
O conceito de empresa familiar nasce geralmente com a segunda geração de
dirigentes, ou porque o fundador pretende abrir caminho para eles entre seus
antigos colaboradores, ou porque os futuros sucessores precisam criar uma
ideologia que justifique a sua ascensão ao poder.

Para Werner (2004, p. 02) a empresa familiar pode ser definida como:

Aquela que nasceu de uma só pessoa, um empreendedor. Ele a fundou, a


desenvolveu, e, com o tempo, a compôs com membros da família a fim de
que, na sua ausência, a família assumisse o comando. É a que tem o controle
acionário nas mãos de uma família, a qual, em função desse poder, mantém
o controle da gestão ou de sua direção estratégica.

As empresas familiares possuem as seguintes composições: Integralmente


familiar, gestão familiar, gestão influenciada, controle familiar e gestão profissional.
Os autores Oliveira e Silva (2012), definem a empresa integralmente familiar
quando todos as ocupações são feitas por familiares; a empresa com gestão familiar
é realizada por familiares, porém com alguns cargos sendo ocupados por não
familiares. Na gestão influenciada ocorre independentemente de haver familiares
ocupando cargos. No controle familiar as cotas ou ações são exclusivas da família e
na gestão profissional a família é acionista, proprietária da empresa, porém a gestão
é desempenhada por terceiros.
As principais características de uma empresa familiar conforme o SEBRAE
(2021):
Comando único e centralizado, permitindo reações rápidas em situações de
emergência;
Estrutura administrativa pequena;
Financiamentos e outros investimentos podem ser obtidos da poupança
feita pela família, assim evitando juros;
Equipe determinada e dedicada;
Importantes relações na região com a comunidade e comerciantes, traz
uma maior credibilidade;
Confiança mútua;
Investimento em novas capacitações dos colaboradores, será um retorno
dentro da própria empresa; e
Desenvolvimento em conjunto.

As características acima apresentadas fazem parte dos pontos fortes, a seguir


veremos as características dos pontos fracos:

Dificuldade para separar dentro da empresa a parte emocional/intuitivo e


racional, tendendo mais para os interesses pessoais
22

A postura de autoritarismo do fundador, alterna-se com atitudes de


paternalismo, que acabam sendo usadas como forma de manipulação.
Grande resistência a mudança.
Laços afetivos extremamente fortes, influenciando comportamentos,
relacionamentos e decisões da empresa.
Expectativa de alta fidelidade dos empregados. Isso pode gerar um
comportamento de submissão, sufocando a criatividade.
Jogos de poder, nos quais muitas vezes vale mais a habilidade política do
que a característica ou competência administrativa (SEBRAE, 2021).

No âmbito da gestão, Oliveira (2015, p. 129), explica sobre as fraquezas e


vantagens de uma empresa familiar:

Fraqueza: Conflitos entre os interesses da família e os da empresa, como


Vantagem há a Lealdade dos empregados, em virtude da identificação com
as pessoas. Fraqueza: Emprego e promoção de parentes por nepotismo, em
detrimento da qualificação profissional. Vantagem: Sensibilidade social e
política, pela possível influência da família nas relações nacionais e regionais.
Fraqueza: Resistência à modernização da área comercial, sujeitando-se a
antigos vendedores de confiança. Como Vantagem: Sistema de decisão mais
rápido. Fraqueza: Falta de controle e planejamento de custos e recursos
financeiros. Vantagem: Maior humanismo nas relações e permanência por
causa das sucessões, dos valores fundacionais e visões pessoais dos
dirigentes. Fraqueza: Apropriação de recursos da organização para membros
da família. Vantagem: Continuidade do negócio, pela sucessão de familiares
capacitados e competentes.

Para Rica (2012), na empresa familiar alguns princípios e valores vão se


direcionando e posicionando no mercado com o intuito de perpetuar e fazer
sucessores. A identidade de uma empresa familiar se pauta em quatro pilares
importantes: a palavra/credibilidade, perseverança, carisma/liderança e cultura.
De fato, as fraquezas e forças citadas, pelo autor precisam ser identificadas
pelos gestores ao longo de sua existência como organização, minimizando as
fraquezas e promovendo-se através das forças identificadas. Cada empresa possui
suas próprias características e devem ser exploradas para ser montada as estratégias
de gestão organizacional para a organização (OLIVEIRA, 2015).
No meio rural, as empresas familiares são a unidade de produção
predominante. Mesmo com corte de alguns subsídios, falta de preços mínimos nos
seus produtos, e a competitividade do mercado, isso não desestimulou o produtor.
Investe em tecnologia quando é possível para aumentar ganhos de escala e redução
nos custos produtivos, o que favorece o aprimoramento nas propriedades, com
possibilidade de investir a curto e longo prazo, aumentar a área e torna-la mais
estratégica; tais ações são semelhantes e administradas nos empreendimentos
industriais e comerciais urbanos (MACDONALD, 2014).
23

No entender dos autores a fazenda ou propriedade rural deve ser organizada,


mantida e comandada pela família sem interferência de terceiros, com essa conexão
o trabalho fica mais íntimo com valores éticos sem acirrar concorrência, no entanto
necessita preparar o herdeiro ou futuro sucessor para alcance de tal objetivo.
Krüger et al. (2014), menciona o uso da contabilidade, como instrumento de
gestão dos estabelecimentos rurais para auxiliar na identificação dos custos e
controles e análise dos resultados das atividades e o suporte ao processo decisório.
Nessa premissa de investir, produzir mais e gastar menos Marion (2005),
destaca que o proprietário rural está se transformando em empresário rural, um
administrador profissional, que, além de se preocupar com a produção, busca a
produtividade e a lucratividade e necessita realizar um bom planejamento.
Para Santos (2000), o planejamento é importante porque previne os
empresários rurais quanto às mudanças na economia, na tecnologia, no
comportamento climático, nos custos, na oferta dos produtos, muitas vezes o
planejamento prevê um problema antes que ele aconteça permitindo ao empresário
rural um resultado antecipado de cada atividade, tanto no plano empresarial como
operacional.
A profissionalização da gestão familiar é vista como um processo de evolução
para desenvolver e preparar a estrutura organizacional da empresa, muitos negócios
familiares possuem curta duração por falta de sucessão familiar, cujo herdeiro não foi
preparado e nem capacitado para assumir o cargo que lhe é de direito. Isso acaba
prejudicando muito as empresas familiares rurais ou não pois sem sucessão
interrompem um trabalho de anos e não podem modernizar por falta de continuidade.
Por isso é muito importante planejar e preparar e profissionalizar seus sucessores
(MACDONALD, 2014).
Partindo da visão sobre sucessão e a profissionalização em empresas
familiares, são dois aspectos que merecem atenção. Em muitas empresas onde a
missão da empresa é colocada de lado para dar lugar as emoções, ocorre uma ruptura
com os ideais e os valores familiares ocasionando uma competição ou luta pelo poder
entre os sócios e pode desencadear trajetórias conturbadas, do ponto de vista
econômico-financeiro e comportamental (BARROSO, 2013).
Portanto as empresas familiares representam uma cultura corporativa
específica porque muitos aspectos estão ligados entre a família, o fato de todos
almejarem o lucro para a sua subsistência, de lutar para que a empresa continue
24

gerando lucros, que a empresa tenha uma boa imagem para representar a família, ou
seja, a empresa familiar tem como importante atributo a lealdade e a confiança. “O
que diferencia a empresa familiar das demais, é a interação entre família e empresa
(OLIVEIRA, ALBUQUERQUE E PEREIRA, 2012).
Neste âmbito pode-se dizer que na agricultura familiar encontramos uma
empresa familiar rural. Conforme explica Buainain et. al., (2014, p. 31), existe alguns
agentes que a diferem da empresa rural de grande porte:

Os agentes econômicos da agricultura familiar, ou pequena agricultura como


já foi chamada, diferem do grande empresário rural, não pelo tamanho, mas
pelos valores sociais e pela lógica social, econômica e política que os norteia,
que é outra. Eles podem ver e valorizar a terra que lhes está cotidianamente
perto, diversamente do grande empresário que se relaciona com a terra pela
mediação da renda fundiária, de uma abstração. O pequeno a vê como
mediação e condição de um modo de vida, pode ver nela a poesia que nela
há. Vê também na perspectiva do valor de uso. O grande a vê como
instrumento de uma relação racional de interesse, uma relação seca e
puramente instrumental. Vê na perspectiva do valor de troca que pode
produzir.

Na mesma vertente das empresas familiares rurais, existe o gestor que


normalmente são os pais e os colaboradores os filhos, a esposa, os sogros, ou
familiares que vivem na propriedade. O poder decisório da empresa é transferido de
maneira hereditária e muitas vezes sem planejamento e profissionalização, o que
demostra uma fraqueza no setor. Os profissionais que atuam na empresa/propriedade
rural também exigem racionalidade para a tomada de decisões (KRÜGER et al.,
2014).

5.3 O futuro no agronegócio

Atualmente a agricultura no Brasil está sendo adaptada as diferentes regiões e


conduzida por produtores rurais conscientes e responsáveis com o meio ambiente. O
Setor foi o responsável pela produção de alimentos o que muito contribuiu para reduzir
os impactos sociais e econômicos durante a pandemia. Foi com a contribuição do agro
na produção de alimentos que a comida chegou nas mesas das pessoas do mundo
todo. Essas pessoas compõem o setor produtivo mais moderno do mundo, que vem
transformando a economia brasileira (CNA, 2021).
O agronegócio é visto como cadeia produtiva que diferentes atividades: desde
a fabricação de insumos, passando pela produção e pela transformação até o
consumo final. A cadeia envolve, tais como pesquisa e assistência técnica,
25

processamento e manufatura industrial, transporte, comercialização, crédito,


exportação, serviços portuários e distribuição (VIEIRA FILHO, 2017).

A assistência técnica é pautada na necessidade de desenvolver ferramentas


e instrumentos que qualifiquem o processo produtivo de base familiar, através
de atividades de formação, capacitação e acompanhamento a propriedade,
apresentando aos agricultores estratégias e tecnologias que melhorem o
desempenho produtivo, a renda e a qualidade de vida no campo (GRANDO,
2019, p. 151).

O setor agropecuário é um segmento muito grande que cresce a cada ano, a


cadeia é bem produtiva e longa e auxilia outros segmentos como a indústria que se
liga ao agro para a fabricação de caminhões, tratores, implementos, fertilizantes,
defensivos e produtos veterinários. O setor da indústria trabalha em conjunto com a
produção agrícola e demonstra forte práxis tecnológicas, compondo o que se chama
de agronegócio (BUAINAIN et al., 2014).
Por ser um segmento grande e complexo também exige uma boa gestão. A
gestão se baseia em dois fatores primordiais: nível educacional e recebimento de
orientação técnica. Quando há falta de conhecimento, os produtores não sabem como
buscar orientação técnica sobre o uso das novas tecnologias na produção levando-os
à subutilização ou ao uso ineficiente dos insumos. Em termos de orientação técnica
há uma grande precariedade isso ocasiona uma vulnerabilidade entre os técnicos e
agentes pois muitas vezes não há capacitação por parte dos mesmos. Essa
precariedade deve-se ao fato da intensa modernização do setor e as empresas do
ramo agropecuário não se planejaram com políticas de inclusão de capacitação aos
seus colaboradores (VIEIRA FILHO, 2017).
A agricultura e indústria no Brasil refletem em inovação, biotecnologia,
competividade e reponsabilidade ambiental. Com a utilização de uma agricultura
moderna consegue uma combinação mínima adequada de insumos graças as
inovações químicas, que ao longo desta trajetória foram incorporadas potencializando
o uso das inovações mecânicas (BUAINAIN et. al., 2014).
Do ponto de vista da formulação de políticas públicas, (VIEIRA FILHO, 2017,
p.95) afirma:
Exige ações específicas para promover a produção e realocar recursos para
os diferentes segmentos e regiões. O planejamento e o desenvolvimento
regional têm de ser alvejados. É preciso haver políticas para aumentar a
capacidade de absorção de tecnologia, o que implica fazer progressos na
extensão e na educação rural. Isso requer instrumentos estritamente
integrados nas esferas federal, estadual e municipal que possam chegar a
26

todas as localidades. Devem-se planejar políticas de inclusão produtiva e de


capacitação técnica dos agentes.

As inovações biotecnológicas, por sua vez, podem condicionar as trajetórias


químicas e mecânicas, como por exemplo correção do solo, tratamento de sementes,
adoção de novas sementes melhoradas e resistentes a certos tipos de pragas,
reduzindo o uso de herbicidas no controle de pragas e aumentando a renda do
produtor auxiliando a impulsionar a produção mundial de alimentos. Assim, a
bioquímica, a biologia molecular e a genética constituem áreas do conhecimento
fundamentais ao fomento da moderna agricultura (BUAINAIN et. al., 2014).
Sob a ótica do setor do agronegócio possuir responsabilidade ambiental, os
autores Grando (2019, p. 165) colabora:

O conjunto dessas atividades produziu efeitos ambientalmente positivos.


Fixação biológica do nitrogênio, controle biológico e integrado de pragas,
utilização de biodigestores para tratamento de resíduos animais e plantio
direto são exemplos de tecnologias amigáveis ao meio ambiente. A utilização
de defensivos foi largamente racionalizada, reduzindo o excesso na sua
utilização e o número de acidentes do trabalho decorrentes da atividade. O
País tem o mais amplo sistema do mundo de reciclagem de embalagens de
defensivos. E é largamente conhecida a contribuição positiva, ao meio
ambiente, da produção de biocombustíveis produzidos com base na cana-de-
açúcar, atestados internacionalmente. Práticas reconhecidamente nocivas,
como o despejo de vinhoto nos rios, são coisas do passado.

Diante disso, o papel do agricultor não está apenas preocupado em gerar um


produto econômico, mas também contribuir para a manutenção do fluxo de um
importante conjunto de bens e serviços ecossistêmicos, que contribuem para o bem-
estar da sua família (CONAB, 2019).
O agronegócio também enfrenta diversos desafios estruturais, políticos e
econômicos. A maioria dos produtores tem baixa capacidade de absorção de
conhecimento e, portanto, não se beneficiaram dos ganhos de eficiência da
tecnologia, alta concentração de produção com a minoria de produtores enquanto a
maioria disputa preços de insumos acessíveis, muitos não possuem acesso ao crédito
e quando conseguem precisam pagar altos juros. Falta assistência técnica, altos
custos de produção, mudanças climáticas, entre outros fatores, como a moderna
agricultura é intensiva em energia, o preço do petróleo impactou diretamente os custos
agrícolas (VIEIRA FILHO, 2017).
Os riscos mais relevantes nas atividades agropecuárias segundo Buainain et.
al. (2014, p. 179):
27

O risco da produção é sem dúvida o mais óbvio da atividade, e embora o


resultado final seja multideterminado, tal risco é em geral associado às
variações climáticas. O risco de preço também é bastante conhecido, em
particular em mercados de commodities sujeitos às intensas oscilações
associadas ao movimento dos fluxos financeiros em busca de valorização. O
risco de crédito tem dois lados, que abrangem o acesso ao financiamento e
a liquidação da dívida, e está vinculado aos demais riscos. Finalmente, o risco
de contrato refere-se à possibilidade de rompimento dos contratos que
regulam o funcionamento da agricultura contemporânea.

A maior de todas as ameaças que incidem sobre a atividade agropecuária é o


risco financeiro, ele ganha relevância por conta da sua empregabilidade muito
utilizada, seja em investimentos, custeio, mobilizados e necessários para viabilizar a
produção agropecuária (MATTE, 2017).
Apesar do cenário de pandemia o setor teve recorde nos preços das
commodities, demanda externa e alta nas transações cambiais. Mesmo nas pequenas
propriedades percebeu-se uma valorização em seus produtos produzidos por
exemplo: carne, vegetais, leite e ovos. Nas grandes fazendas a soja, o milho e o trigo
foram produtos com maior rentabilidade. Em contrapartida os valores dos insumos
triplicaram, mesmo assim hoje o produtor consegue investir em máquinas mais
tecnológicas para fazer o trabalho render em menos tempo, com redução no consumo
de combustível e consequentemente menos impacto para o meio ambiente (CONAB,
2021).
O futuro no agronegócio é investir em inovação tecnologia e em projetos de
sucessão, sendo a última considerada muito importante, com a ausência da sucessão,
o cenário acaba ficando prejudicado sofrendo inúmeras consequências, conforme cita
Matte (2017, p.135):
A não continuidade das propriedades e das atividades produtivas
desenvolvidas em seu interior ocasiona um crescente esvaziamento
demográfico, econômico e cultural das propriedades e das comunidades
rurais com um aumento da população urbana.
Falta de mão de obra; envelhecimento da população rural; pais sem amparo
na velhice; mercado interno brasileiro diretamente afetado por reduzir a
produção de alimentos que o abastecem; expansão de monoculturas (soja,
silvicultura); domínio de área por poucos proprietários (monopólio); descaso
com as populações que permanecem no meio rural (marginalizadas); entre
tantas outras implicações.

Por outro lado, optar em permanecer na propriedade significa garantir a


continuidade da propriedade valorizando os projetos e investimentos já implantados,
encaminhar profissionalmente os filhos, garantir as funcionalidades produtivas e
sociais do estabelecimento rural, impedir o esvaziamento das comunidades rurais e o
28

isolamento das pessoas que permanecem nelas, além de reproduzir o bem e o nome
da família (VIEIRA FILHO, 2017).
A sucessão torna-se importante e demanda uma estratégia de preparação,
projetos de incentivo com políticas públicas adequadas sendo inseridas bem
precocemente nas famílias com propriedades rurais com o intuito de evitar
consequências graves e irreversíveis no cenário agrícola visto que não se constrói um
agricultor, ou não se contrata uma mão de obra especializada do dia para a noite mas
sim é algo construído a longo prazo, que está na essência do ser humano gostar da
terra, plantar e saber esperar a colheita e saber compreender que nem sempre é
possível colher os frutos da forma almejada (MATTE, 2017).

5.4 Sucessão familiar na agricultura

O processo sucessório no meio rural tornou-se uma discussão complexa e


importante merecedora de incentivos de órgãos públicos e assunto indispensável no
diálogo da família. Quando a sucessão é trabalhada a longo prazo e discutida em
família ela não se torna uma decisão autoritária e rígida, imposta pelos pais, mas sim
uma escolha natural por parte dos jovens sucessores (HEISLER, 2017).
Os autores Oliveira, Albuquerque e Pereira verificaram que, em alguns casos,
os pais já escolheram seu sucessor, os quais demonstram mais interesse em ficarem
na propriedade, os que assumiram a profissão de agricultor por objetivo. Os autores
também ressaltam outro ponto interessante, em que a questão do processo
sucessório, em muitos casos, gera confusões, ou seja, conflitos, os quais nascem da
disputa, divisão dos valores territoriais, pois acaba por gerar a contemplação, entre os
filhos, diferenciada (OLIVEIRA; ALBUQUERQUE; PEREIRA, 2012).
O processo de sucessão nas pequenas propriedades familiares, deve ser
preparado a médio e longo prazo, conforme Ricca (2012), esse processo não deve
misturar as relações afetivas de família com a gestão da propriedade, deve ser
realizada de forma clara, organizada e monitorada e a família precisa reconhecer que
necessita de um sucessor e a pessoa tem de querer também. Nesse sentido é
importante compreender quais são os motivos que tem influenciado os filhos dos
agricultores a não permanecer na propriedade rural e não sucederem seus pais e a
atividade familiar.
29

Uma das razões que impede a sucessão da propriedade rural deve- se a falta
de incentivo para permanecer no campo, muitas vezes os filhos crescem ouvindo
sobre a dificuldade de produzir pela falta da chuva ou excesso dela, as pragas, as
plantas daninhas, a falta de preço nos produtos, o alto custo dos insumos e a
dificuldade de acesso à tecnologia, a falta de diálogo entre pais e filhos, o tamanho da
propriedade, entre outras razões pelas quais dificultam a sucessão (OLIVEIRA;
VIEIRA, 2012).
Quando nas famílias “há dificuldades para identificar um descendente como
potencial sucessor do negócio, a tendência é de que os investimentos cessem. ”
(RICCA, 2012, p.14). Com base na afirmativa do autor é possível entender que a
sequência ou continuidade do trabalho na prioridade dependerá da escolha de um
sucessor na família, caso contrário automaticamente com o passar dos anos encerra
as atividades na propriedade e o que foi conquistado com muito trabalho acaba se
dissolvendo.
As características nesse processo sucessório citadas por Oliveira;
Albuquerque; Pereira (2012, p.23):

Os sucessores devem ser preparados ao longo de sua trajetória na empresa,


mostrando qual são as necessidades para comandar a empresa, para assim
o fundador escolher qual dos herdeiros possui competência para comandar a
empresa após a saída.

O desenvolvimento do processo de sucessão descrita pelos autores em uma


propriedade rural pode ser realizado de várias maneiras, uma delas é a sucessão
inicial, como se fosse um experimento, onde são ensinadas para os membros da
família através de profissionais de mercado, com treinamento especializado aos
futuros gestores (MENDES; REIS, 2010).
Ou seja, é um processo que exige tempo de preparação que envolve não
somente uma preparação operacional como emocional por parte dos indivíduos
envolvidos, essa motivação deve ser construída pela família, pelas pessoas que
trabalham na atividade, construindo ao longo dos anos a transferência da liderança
do fundador para um sucessor que tenha habilidade e competência para dar
continuidade as atividades da propriedade (OLIVEIRA; ALBUQUERQUE; PEREIRA,
2012).
O preparo, o diálogo e o planejamento são indispensáveis no processo de
sucessão pois essas pessoas necessitam ter capacidade de assumir posições
30

estratégicas. O processo de sucessão precisa iniciar com o fundador da propriedade


e juntamente com os demais familiares realizar a escolha do sucessor (OLIVEIRA,
SILVA, 2012).
Conforme Savian (2014), o desenvolvimento do processo de sucessão
depende das condições que a propriedade está, se não há conflitos familiares e se os
filhos foram preparados para esse processo pois além dos bens físicos a serem
transferidos, há bens intangíveis, como o conhecimento tácito, que só se adquire
através da convivência. Os herdeiros por sua vez precisam ter consciência do que vão
herdar, consciente do seu papel no tempo e no espaço que ocupam.
A família também assume um papel importante na tomada de decisão do
jovem, pois o seu desejo de permanecer na unidade de produção terá relação direta
com o espaço que ele conquista dentro da estrutura produtiva, que, na agricultura
familiar, associa família, produção e trabalho. Isso proporciona o reconhecimento
simbólico e material do jovem, fator que influencia diretamente as suas escolhas
(MENDES; REIS, 2010).
A sucessão adquirida com o preparo e convivência minimiza problemas
oriundos da troca abrupta de gestores de determinado empreendimento pois o
sucessor não precisará de um período para conhecer a atividade, a unidade de
produção em si e os valores da família e, a partir disso, pode manter ou transformar a
estratégia de gestão (GRANDO, 2019).

A sucessão não é um evento único, mas é (ou deveria ser) um processo que
tem lugar em um período de tempo extenso. Sucessão é o processo de
transferência da gestão dos recursos do empreendimento. Este pode
envolver a transferência da unidade de produção familiar a um sucessor (ou
múltiplos sucessores), ou pode envolver a transferência do capital necessário
para estabelecer um novo empreendimento agrícola. Desta forma, é possível
distinguir entre sucessão do agricultor e sucessão da ocupação de agricultor
(LOBLEY, 2010, p. 50).

Conforme o SEBRAE (2021), é preciso seguir alguns passos e responder


algumas questões para que a ação sucessória seja a mais clara possível. Questionar
como será o processo de sucessão e quando ocorrerá essa transição, que preparação
será necessária, o que será feito se o processo sucessório não for bem-sucedido e
quais as principais responsabilidades adquiridas.
Uma maneira de incentivar os futuros herdeiros e sucessores nessa escolha é
oportunizar a utilização da tecnologia que se tornou uma importante ferramenta na
agricultura, presente na tecnologia de precisão, na agricultura digital e ou sensores de
31

agricultura para ter mais produção na lavoura independente do seu tamanho. Essa
ferramenta contribui para estimular as novas gerações a permanecerem no campo e
tornar o processo de sucessão mais aceitável e simples (WARD, 2011).
Lobley (2010), comenta que a adoção de novas tecnologias, certificações de
processos produtivos e de produtos, cuidados com o meio ambiente, dentre outros,
são as tendências da atividade agropecuária moderna. Essas tendências auxiliam na
permanência dos jovens na propriedade aonde podem colocar em prática os
conhecimentos adquiridos na faculdade e não terem a impressão que estão isolados
do mundo. A inclusão digital não é somente uma concessão dos pais para com os
filhos jovens do meio rural, mas é também consequente de uma nova cultura juvenil
que demanda novas formas de sociabilidade e inclusão.
Além dessas tendências comentadas por Ward (2011), futuras políticas podem
ser criadas a fim de garantir a reprodução social da agricultura familiar e objetivar
questões econômicas e estruturais e fortalecer as motivações de todos os membros
da família. É importante lembrar que os fatores são diferentes em cenários distintos;
assim, a natureza dos riscos e das potencialidades pode apresentar-se de diferentes
formas.
Nesse sentido, Lobley et al. (2010), cita algumas políticas que poderiam
facilitar no processo de sucessão: aumento da possibilidade da presença de um
sucessor motivado a assumir o controle da unidade de produção; encorajar a
identificação precoce do sucessor e o planejamento conjunto do processo de
sucessão e; reduzir as dificuldades para a aposentadoria.
Atualmente os jovens do campo perceberam que a educação é um instrumento
importante de empoderamento perante a comunidade rural e, principalmente, a
sociedade como um todo e estão buscando conhecimento contrariando a crença de
que, para trabalhar em atividades agrícolas, não seria necessária a educação formal.
As famílias rurais entenderam que o investimento no capital humano resulta em
maiores possibilidades de diversificar a renda com maior qualidade, minimizar os
riscos, encontrar alternativas mais rentáveis, agregar valor, encurtar as cadeias e
fortalecer as rendas não agrícolas. Todas essas capacidades exigem conhecimentos
que podem ser mais facilmente acessados com a escolaridade (BUAINAIN et. al.,
2014).
Apesar dos avanços e ampliação de políticas públicas voltadas à agricultura
familiar, ao longo das últimas décadas, a problemática da sucessão nos espaços
32

rurais se constitui em uma preocupação recente. São fatores que interferem no


processo de sucessão: a localização das propriedades rurais, situadas distantes das
cidades, o interesse ou vontade dos filhos quanto a permanência no campo, a
compensação ou divisão para os demais herdeiros da propriedade, existência de
divergência de ideias entre as gerações, redução do número de filhos pelos casais,
pouca participação e a participação dos filhos nas decisões e a falta de incentivo para
as futuras herdeiras (GRANDO, 2019).
Outro fator a ser analisado pela autora é a concentração do poder representado
pelo pai nas tomadas de decisão e gestão na propriedade rural, podendo ser mais
democráticos e inclusivos, pois isso tem impacto na permanência do jovem, que
vislumbra liberdade e autonomia. Com relação a liberdade do jovem, é preciso
repensar o processo produtivo como estratégia de desenvolvimento humano, a fim de
melhorar a qualidade de vida dos agricultores. Para que não seja penosa a ideia do
trabalho no meio rural, que ele possa planejar suas férias e consequentemente ter a
liberdade para fazer as coisas que gosta (MENDES; REIS, 2010).
As ações políticas citadas por Grando (2019, p. 144) que já foram implantadas
e que servem como incentivo ao produtor rural:

Entre as políticas criadas a partir dos anos de 1990, merece destaque o


Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf)
implementado em 1997, este programa se situa na 2ª geração de políticas
para a agricultura familiar e na 3ª geração cujo referencial está voltado para
a construção de mercados para segurança alimentar e sustentabilidade
ambiental, se destacam o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o
Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) entre outros, criados e
implementados a partir de 2003. Desenvolver ações e políticas públicas é vital
à sucessão contribuindo para a reprodução da agricultura familiar, pois ela
entende que as pautas e reivindicações dos agricultores vêm se construindo
e consolidando, a partir da atuação das diferentes organizações que
representam este universo, para promover a melhoria das condições de vida
dos agricultores.

Sob essa ótica Machado (2016), aponta alguns aspectos responsáveis pelo
desinteresse dos jovens de prosseguir no trabalho dos pais na agricultura. O jovem
associa a realidade de trabalho no campo como um local sem perspectivas. Mesmo
havendo incentivos a sua permanência no meio rural, ainda são pouco atrativos
perante as oportunidades oferecidas pelas áreas urbanas. A cidade vislumbra
ambientes que dão a impressão de qualidade de vida, ascensão profissional, alto
poder aquisitivo, facilidade de locomoção, lazer, acesso à tecnologia, entre outras
possibilidades.
33

Apesar dos avanços afirmados pela autora e ampliação de políticas públicas


voltadas à agricultura familiar, ao longo das últimas décadas, a problemática da
sucessão nos espaços rurais se constitui em uma preocupação recente na agenda
pública enquanto política pública específica e estratégia estrutural (SAVIAN, 2014).
Segundo Grando (2019, p. 145):

Em 2016 foi formulado e lançado o Plano Nacional de Juventude e Sucessão


Rural, fruto de uma oficina realizada pelo MDA e que agregou pautas
apontadas pelos movimentos sociais como a ausência de políticas
estruturantes para as juventudes do campo, das águas e das florestas. Este
plano se orienta por cinco diretrizes: a garantia dos direitos sociais e da
juventude; a garantia de acesso aos serviços públicos e às atividades
produtivas com geração de renda e promoção do desenvolvimento
sustentável e solidário; o estímulo e o fortalecimento das redes da juventude
nos territórios rurais; a valorização das identidades e diversidade individual e
coletiva da juventude rural; a atuação transparente, democrática, participativa
dos órgãos da administração pública federal com os governos estaduais,
distrital e municipais, e com a sociedade. Em relação as políticas em vigência,
duas se destacaram como fundamentais para a permanência do agricultor no
meio rural e à promoção da sucessão familiar na pesquisa realizada, tendo
ainda estreita relação com as organizações investigadas.

É possível observar de certa forma que as políticas públicas criadas para


incentivar o homem do campo são importantes para a sucessão, necessárias para o
agricultor, entretanto, ainda se caracterizam como ações isoladas que não impactam
significativamente sobre o processo sucessório (MACHADO, 2016).

O acesso à educação, habitação, métodos de produção menos penosos e


com retorno financeiro mais adequados, valorização dos modos de vida e
comunitários, a melhoria de serviços de educação, saúde, lazer e acesso à
informação, espaços de socialização e equipamentos sociais coletivos,
agregação de valor dos produtos tradicionais e diferenciados, autonomia dos
jovens, entre outros, são dimensões que precisam estar articuladas, para que
possam estimular a permanência dos jovens rurais e promover ações efetivas
de desenvolvimento para o meio rural (GRANDO, 2019, p. 156).

Dessa forma a problemática da sucessão deve ser entendida como um


processo que envolve múltiplos fatores, como os aspectos intrafamiliares. O apoio e
fortalecimento do projeto de desenvolvimento sustentável deve continuar a estimular
a permanência no meio rural, com tecnologia adequada à pequena produção, em
menor escala, com diversidade e agroecológica (Grubbström, et. al., 2014).
Esse vislumbre é ocasionado muitas vezes por falta de convivência e contato
com o trabalho da terra e por ficarem diariamente em locais urbanos ficam com a
impressão de que a vida é mais fácil no ambiente urbano. Muitos desses jovens
estudam e seguem uma carreira em uma área distante do segmento agrícola, por
exemplo: ao escolher um curso na área de saúde ele precisará trabalhar em um
34

hospital, ao escolher ser professor ele precisará trabalhar em uma escola e assim
sucessivamente. Os pais precisam orientar os seus filhos desde pequenos para que
os mesmos possam escolher a sua profissão voltada para a agricultura caso tenha
interesse em trabalhar com a terra (MACHADO, 2016).
Para Grubbström et al (2014, p. 222):
O futuro da agricultura está nas mãos das gerações futuras de agricultores, e
uma questão chave para que se tenha a continuidade deste processo é que
estes jovens tenham condições de se relacionar e se adaptar aos processos
de mudança em curso no setor agrícola. Ou seja, a agricultura deve ser
considerada como uma alternativa profissional para essa nova geração.

É importante considerar também que muitos jovens estão buscando motivação


para continuar o trabalho dos seus pais em suas propriedades. Certas influências
estão levando os jovens herdeiros a olhar com prosperidade os projetos dos pais,
como: a infraestrutura de algumas propriedades, a quantidade e a qualidade da terra,
o retorno financeiro, acesso à tecnologia, a distância da propriedade até a cidade,
opções de lazer nas comunidades rurais, possibilidade de matrimônio e constituição
de família, incentivo e dialogo dos pais, políticas públicas de incentivo,
comercialização da produção, preço dos produtos agrícolas, assistência técnica
especializada, participação das decisões da propriedade, acesso a informação
através da internet, acesso ao crédito rural com boas condições de pagamento,
disponibilidade de escolas agrícolas destinadas ao jovens filhos de agricultores com
teorias e práticas envolvendo o setor, valorização social do agricultor (MACHADO,
2016).
Diante desses fatores apresentados pelo autor, entende-se que muitos jovens
mostram interesse pela sucessão e sentem-se motivados a permanecerem no campo.
Dessa forma é necessário conscientizar as famílias a incentivar e dialogar com seus
futuros herdeiros desde pequenos pois são elas que irão mostrar aos seus sucessores
como é rentável a propriedade, que existe futuro na continuidade da empresa rural,
que há desafios em diferentes setores sejam urbanos ou rurais, e que com o avanço
da tecnologia muitas das dificuldades enfrentadas no passado serão extintas
(GRUBBSTRÖM et. al., 2014).
Nesse aspecto é importante que os pais compreendam que os filhos podem
auxiliar e participar de forma mais enfática e direta das atividades da propriedade, e
que estes, por sua vez, esperam receber estas responsabilidades, com isso podem
estar influenciando no o futuro da propriedade. A essa relação de pais e filhos, a boa
35

convivência pode influenciar na hora da sucessão, dando abertura com relação aos
negócios e dividendos financeiros acaba motivando os jovens, e mostrando a eles a
realidade da propriedade e com isso eles não terão necessidade de buscar a
autonomia financeira e de estima e realização, em outros espaços (MACHADO, 2016).
36

6 PLANO DE ATIVIDADES

WHAT (O WHEN WHY (Por que) HOW (Como)


que) (Quando)
Elaborar as De 01 a Para coletar Com base nas orientações,
perguntas 28/02/2022 dados e na revisão teórica e nas
para o roteiro informações a fim aulas frente os objetivos
de entrevistas de alcançar os elencados no estudo
objetivos do
estudo
Aplicar as De 01 a Para Por meio de agendamento
entrevistas 31/03/2022 compreender o prévio e se deslocando até
processo de a propriedade para realizar
sucessão da a visita a fim de entrevistar
propriedade, e buscar as informações de
coletando os forma presencial utilizando
dados e um tablete, notebook ou
informações smartphone para gravação,
sobre o cargo, além de bloco de anotações
sua principal para auxiliar na aplicação
atividade, total de da entrevista
pessoas
envolvidas no
negócio e
interesse dos
envolvidos na
propriedade
Organizar e De 01 a Para verificar Por meio das respostas
analisar os 30/04/2022 como ocorreu e obtidas dos entrevistados
dados se ocorreu o gravadas de forma
coletados processo de eletrônica.
sucessão familiar
na propriedade
caracterizando o
interesse e a
motivação dos
sucessores nesta
transição e os
fatores que
interferem
Dar a Julho Para retribuir o Por meio de uma visita até
devolutiva do compartilhamento a propriedade entregando
relatório da de conhecimento uma cópia do TCC
pesquisa aos recebido
participantes
da pesquisa
37

7 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Com base nas respostas obtidas através da entrevista realizado através da


aplicação de perguntas pré elaboradas para seguir um roteiro, onde as respostas
foram coletadas em momento presencial e também de forma escrita e por áudio,
dessa forma pode-se perceber que os três entrevistados em questão possuem um
sentimento de orgulho por terem suas propriedades elencadas como exemplo de
sucessão familiar, ainda mais na atualidade onde o êxodo rural continua tão grande
principalmente entre os jovens, que na maioria das vezes, deixam as propriedades
rurais para estudar nos grandes centros e em sua maioria não retornam mais para as
propriedades, encerrando assim, muitos ciclos de sucessão.
Para melhor apresentar e analisar os dados os entrevistados foram assim
denominados: Gilso José Balerini e Família - Entrevistado 1, Alves Giuriatti e família -
Entrevistado 2 e Flávio Menegatti e Família - Entrevistado 3.
A seguir está descrito, de forma sucinta, com base nos objetivos propostos os
seguintes tópicos para a o relato da discussão: Descrição da realização do processo
de sucessão; A percepção dos gestores quanto ao processo de sucessão; A
identificação do interesse dos membros da família em dar continuidade na
propriedade; Avaliação da motivação em permanecer no campo conforme o prazo -
curto, médio ou longo prazo; e por último o Levantamento dos fatores que influenciam
na sucessão familiar.

7.1 Descrição da realização do processo de sucessão

O processo de sucessão conforme o Entrevistado 1 ocorreu de maneira não


planejada, ele por ser o filho mais novo, acabou herdando a propriedade depois do
falecimento de seu pai, relata que não houve interferência de terceiros nesse
processo, não teve nenhuma capacitação externa ou planejamento, simplesmente as
circunstâncias levaram a assumir a propriedade. No caso do próximo sucessor, ele já
está preparando seu filho mais velho, dando a ele autonomia para que faça as
melhorias que achar importantes, implantação de ideias e sugestões, bem como
decisões sobre investimentos e formas de processos mecanizados. A formação em
Agronomia e outros cursos estão fazendo a diferença nesta transição de comando
38

O Entrevistado 2 explica que não houve planejamento nesse ciclo da sucessão


familiar que ocorreu, ele e um irmão eram sócios na propriedade que foi herdada dos
pais deles, quando começou na criação e confinamento de gado, acabou precisando
de mais área de terra, comprando assim a parte que correspondia a seu irmão. E após
isso, sua filha mais velha e seu genro vieram morar também na propriedade e ajudar
com a administração:

Acredito que a sucessão familiar ocorreu, pois sempre gostei da vida no


campo, e sempre quis ter meu próprio negócio, acredito que minha filha e seu
marido vão dar continuidade ao negócio da família como já vem fazendo
nesse período que estão morando aqui (ENTREVISTADO 2, 2022).

Para o Entrevistado 3 não foi diferente, a propriedade pertencia a seus pais,


quando esse resolveu começar na produção leiteira, os irmãos resolveram seguir
caminhos diferentes, assim ele ficou para ajudar seus pais e consequentemente após
seu pai ir se desligando aos poucos da propriedade ele assumiu como administrador.

No início eram poucos animais na propriedade, mas sempre tive o desejo de


fazer confinamento de gado leiteiro, e com muito trabalho e algumas
capacitações externas como cursos, consegui aumentar consideravelmente
o número de animais na propriedade, porém a maior experiência com certeza
é a vivência na pratica, no dia a dia, hoje me vejo realizado pelo que consegui
conquistar (ENTREVISTADO 3, 2022).

Os três proprietários já estão à frente da administração das propriedades a


bastante tempo, sendo que pertence à família há muitas gerações como explica o
primeiro entrevistado: “A propriedade era do meu avô, depois passou para o meu pai
e depois que ele faleceu eu assumi a propriedade e estou nela até hoje”.
Nesse sentido, é importante destacar a falta de planejamento por parte de
alguns empresários rurais. O planejar é indispensável dentro de qualquer
organização, conforme a contribuição de Santos (2000) o planejamento é importante
porque previne os empresários rurais quanto às mudanças na economia, na
tecnologia, no comportamento climático, nos custos, na oferta dos produtos, muitas
vezes o planejamento prevê um problema antes que ele aconteça permitindo ao
empresário rural um resultado antecipado de cada atividade, tanto no plano
empresarial como operacional.
Quanto a principal atividade desenvolvida nas propriedades dos entrevistados
pode-se destacar os seguintes pontos, na propriedade da família do Entrevistado 1 a
principal fonte de renda é o gado leiteiro, possui diversos animais na propriedade e
39

obtém sua principal fonte de renda com a venda do leite. Já na propriedade da família
do Entrevistado 2, as principais fontes de renda provém da venda de gado de corte
(confinamento) com cria e recria de animais, possui também na propriedade um
aviário de perus. Na propriedade da família do Entrevistado 3, a principal fonte de
renda provém do plantio de grãos como soja e trigo, também criam novilhas para
venda.
Referente as estruturas das propriedades ambos possuem pequenas e médias
propriedades onde desenvolvem suas atividades agrícolas e pecuárias. Sobre quem
trabalha atualmente nas propriedades, primeiro entrevistado destaca o trabalho feito
junto com sua família em sua propriedade, ele e sua esposa trabalham na propriedade
juntamente com o filho mais velho, o qual é formado em agronomia.
Assim também, o segundo entrevistado destaca a importância da ajuda da
família nos afazeres da propriedade, ele conta atualmente com a ajuda do genro e da
filha, como também suas outras duas filhas que ajudam em algumas tarefas, pois
estudam fora e, portanto, não possuem muito tempo livre, relata que provavelmente
quem irá tocar a propriedade logo adiante seja somente sua filha mais velha e seu
genro.
O terceiro entrevistado comenta que o trabalho é realizado por ele e sua esposa
e um casal de caseiros que também residem na propriedade e ajudam nos afazeres.
Possui um filho pequeno.
O preparo, o diálogo e o planejamento são indispensáveis no processo de
sucessão pois essas pessoas necessitam ter capacidade de assumir posições
estratégicas. O processo de sucessão precisa iniciar com o fundador da propriedade
e juntamente com os demais familiares realizar a escolha do sucessor (OLIVEIRA,
SILVA, 2012).
O processo de sucessão sob a ótica do autor Savian (2014), depende das
condições que a propriedade está, se não há conflitos familiares e se os filhos foram
preparados para esse processo pois além dos bens físicos a serem 30 transferidos,
há bens intangíveis, como o conhecimento tácito, que só se adquire através da
convivência. Os herdeiros por sua vez precisam ter consciência do que vão herdar,
consciente do seu papel no tempo e no espaço que ocupam.
Já para Mendes e Reis (2010) é a família detém boa parte da responsabilidade
nesse processo pois possui um papel importante na tomada de decisão do jovem, pois
o seu desejo de permanecer na unidade de produção terá relação direta com o espaço
40

que ele conquista dentro da estrutura produtiva, que, na agricultura familiar, associa
família, produção e trabalho. Isso proporciona o reconhecimento simbólico e material
do jovem, fator que influencia diretamente as suas escolhas.

7.2 A percepção dos gestores quanto ao processo de sucessão

O relato a seguir trata-se da percepção dos atuais gestores das propriedades,


que são os sucessores de seus país, e que estão preparando seus filhos para serem
os futuros representantes dos negócios da família.
Segundo a percepção do Entrevistado 1 quanto a sucessão familiar foi o desejo
de continuar no campo e dar continuidade ao negócio da família, ainda segundo ele
ocorreram algumas mudanças depois que seu filho mais velho que se formou em
Agronomia, começou a auxiliar de maneira mais técnica na produtividade da
propriedade, mudando assim a forma de gestão. Ocorreu também mudança na
atividade que passou de suinocultura para bovinocultura e produção leiteira.
Para o Entrevistado 2, o que lhe motiva a continuar no campo é realmente
gostar do que faz e saber que quando parar, seu legado terá continuidade por sua
filha e seu genro que já ajudam na administração da propriedade. Para ele, mesmo
que por muitas vezes os problemas financeiros, causados em sua maioria por
questões climáticas e ambientais, podem até desanimar no momento, mas tem que
seguir em frente pois é dali que vem o sustento da família.
E para o Entrevistado 3, o que mais o motiva é a busca pela liberdade de ter
seu próprio negócio, mas acima de tudo o amor que tem por sua profissão.
No quadro abaixo segue um compilado das principais informações:
41

Quadro 2- Compilação das Informações

Entrevistados Quanto ao Percepção Interesse nos Motivação em Fatores/desafios


processo de dos gestores membros da permanecer que influenciam
sucessão se quanto ao família em dar no curto – no processo de
houve processo de continuidade médio – longo sucessão
planejamento sucessão prazo na familiar
propriedade
Entrevistado 1 Não Aconteceu Sim Qualidade de Políticas voltadas
pelo desejo vida, essência as propriedades,
em da família. uso de
permanecer tecnologias e
no campo profissionalismo.
dando
continuidade
no negócio.
Entrevistado 2 Não Gosto pelo Sim Legado para Liderança e boa
que faz, força as próximas gestão. Amor pela
de vontade. gerações profissão.
Entrevistado 3 Não Liberdade e o Pretende Satisfação em Investimentos,
amor pela despertar o ter seu próprio modernização,
profissão. interesse do negócio competência,
filho redução do grupo
familiar, pouca
mão de obra.

O desenvolvimento do processo de sucessão em uma propriedade rural pode


ser realizado de várias maneiras, uma delas é a sucessão inicial, como se fosse um
experimento, onde são ensinadas para os membros da família através de profissionais
de mercado, com treinamento especializado aos futuros gestores (MENDES; REIS,
2010).
Ou seja, é um processo que exige tempo de preparação que envolve não
somente uma preparação operacional como emocional por parte dos indivíduos
envolvidos, essa motivação deve ser construída pela família, pelas pessoas que
trabalham na atividade, construindo ao longo dos anos a transferência da liderança
do fundador para um sucessor que tenha habilidade e competência para dar
42

continuidade as atividades da propriedade (OLIVEIRA; ALBUQUERQUE; PEREIRA,


2012).

7.3 A identificação do interesse dos membros da família em dar continuidade na


propriedade

Em relação a continuidade na propriedade, ou seja, realizar a sucessão familiar


o Entrevistado 1 vê seu filho mais velho muito preparado para assumir a propriedade
e administrá-la da melhor forma possível, para ele a formação do filho na área de
Agronomia o ajudará bastante nesse processo de transição, e o que mais irá lhe ajudar
é a essência do agronegócio que o mesmo possui.
O Entrevistado 2 acredita que sua filha e seu genro estão preparados para dar
continuidade ao negócio da família, assim que o mesmo resolver parar, e que isso irá
ocorrer de maneira tranquila, já que os dois já estão envolvidos na propriedade há
algum tempo e estão preparados para assumir em um futuro próximo.
O Entrevistado 3, não está muito confiante na sucessão familiar em geral, pois
de acordo com o mesmo: “não vejo as próximas gerações dando continuidade ao
agronegócio, hoje com tanta informação e redução no número de filhos nas famílias,
é difícil prever se um filho irá dar continuidade ao negócio”. Lembrando que possui um
filho pequeno e ainda não sabe se irá dar continuidade ao negócio que vem de outras
gerações da família. Ele traz um ponto importante ao que diz respeito a continuidade
de seu negócio no futuro.

Infelizmente a lucratividade vem sendo cada vez menor, e outra grande


dificuldade que enfrentamos na propriedade é a falta de mão de obra
qualificada, está cada vez mais difícil achar pessoas que queiram trabalhar
no campo, vejo que futuramente a mão de obra será cada vez mais
robotizada, tendo em vista que essa já é uma necessidade nas propriedades
(ENTREVISTADO 3, 2022).

Quando nas famílias “há dificuldades para identificar um descendente como


potencial sucessor do negócio, a tendência é de que os investimentos cessem”.
Com base na afirmativa dos autores é possível entender que a sequência ou
continuidade do trabalho na prioridade dependerá da escolha de um sucessor na
família, caso contrário automaticamente com o passar dos anos encerra as atividades
na propriedade e o que foi conquistado com muito trabalho acaba se dissolvendo.
(RICCA, 2012)
43

7.4 Avaliação da motivação em permanecer no campo conforme o prazo - curto,


médio ou longo prazo

De acordo com as respostas obtidas dos entrevistados segue o relato de cada


um na questão motivação em permanecer na área rural pelo período de curto, médio
e longo prazo. Conforme os entrevistados entre as motivações principais informadas
estão a qualidade de vida e o amor pela profissão.
O Entrevistado 1 destaca como motivação para continuar sua vida no campo é
a qualidade de vida e por estar na essência da família, passando de gerações para
gerações.
A propriedade que o mesmo possui atualmente vem de várias gerações da
família, que começou com seu avô, passou para seu pai e atualmente está
sobre sua gestão, o mesmo ainda cita que possui dois filhos homens e que o
mais velho provavelmente irá assumir a propriedade em curto prazo, já o mais
novo está na graduação e não pretende dar continuidade ao agronegócio da
família (ENTREVISTADO 1, 2022).

Para o Entrevistado 2, o que lhe motiva a continuar no campo é realmente


gostar do que faz e saber que quando o mesmo parar, seu legado terá continuidade
por sua filha e seu genro que já ajudam na administração da mesma. Para ele, mesmo
muitas vezes os problemas financeiros, causados em sua maioria por questões
climáticas e ambientais, podem até desanimar no momento, mas tem que seguir em
frente pois é dali que vem o sustento da família. A maior dificuldade também está na
falta de mão de obra para ajudar na propriedade, e ainda também a questão de
modernização, onde não dá para parar no tempo, precisa cada vez mais acompanhar
o mercado e suas tecnologias para ajudar no aumento da produção e assim da
lucratividade do negócio.
E para o Entrevistado 3, o que mais o motiva é a busca pela liberdade de ter
seu próprio negócio, mas acima de tudo o amor que tem por sua profissão.
O fator motivação para continuar o trabalho dos pais nas propriedades depende
de certas influências adquiridas. Conforme Machado (2016), muitos dos jovens
herdeiros sentem se motivados e influenciados ao olhar com prosperidade os projetos
dos pais, como: a infraestrutura de algumas propriedades, a quantidade e a qualidade
da terra, o retorno financeiro, acesso à tecnologia, são a distância da propriedade até
a cidade, opções de lazer nas comunidades rurais, possibilidade de matrimônio e
constituição de família, incentivo e dialogo dos pais, políticas públicas de incentivo,
comercialização da produção, preço dos produtos agrícolas, assistência técnica
44

especializada, participação das decisões da propriedade, acesso a informação


através da internet, acesso ao crédito rural com boas condições de pagamento,
disponibilidade de escolas agrícolas destinadas ao jovens filhos de agricultores com
teorias e práticas envolvendo o setor, valorização social do agricultor.
O processo sucessório no meio rural tornou-se uma discussão complexa e
importante merecedora de incentivos de órgãos públicos e assunto indispensável no
diálogo da família. Quando a sucessão é trabalhada a longo prazo e discutida em
família ela não se torna uma decisão autoritária e rígida, imposta pelos pais, mas sim
uma escolha natural por parte dos jovens sucessores (HEISLER, 2017).
O processo de sucessão nas pequenas propriedades familiares, deve ser
preparado a médio e longo prazo, conforme Ricca (2012), esse processo não deve
misturar as relações afetivas de família com a gestão da propriedade, deve ser
realizada de forma clara, organizada e monitorada e a família precisa reconhecer que
necessita de um sucessor e a pessoa tem de querer também. Nesse sentido é
importante compreender quais são os motivos que tem influenciado os filhos dos
agricultores a não permanecer na propriedade rural e não sucederem seus pais e a
atividade familiar.

7.5 Levantamento dos fatores/desafios que influenciam na sucessão familiar

Quanto as fatores e desafios apontados, o Entrevistado 1 contribui dizendo que


o faturamento de sua propriedade no momento é bom, porém acredita que seja
necessário que haja políticas voltadas as pequenas propriedades, como uma forma
de incentivo a continuidade do agronegócio, considera também muito importante
nesse processo é o uso de tecnologias a seu favor e ser profissional nas decisões que
a propriedade e o dia a dia exigem.
O Entrevistado 2 diz que o que considera mais importante nesse processo de
sucessão é o amor a profissão e também a liderança, pois uma propriedade com um
bom administrador dá muitos frutos positivos a longo prazo.
Conforme o Entrevistado 3, o que ele considera como fator determinante no
processo de sucessão foi a questão de seus pais terem trabalhado muito durante suas
vidas e estarem cansados, sendo assim segundo ele: “natural passarem a
responsabilidade para os filhos, como o ocorrido”, segundo ele a maior diferença está
na gestão da propriedade pois explica que seus pais queriam guardar dinheiro para
45

depois investir e não usavam de recursos como financiamentos, as benfeitorias da


propriedade também eram antigas o que não facilitava o trabalho, ele por sua vez
buscou expandir seus negócios adquirindo mais gado leiteiro e também investindo na
infraestrutura da propriedade, modernizando com máquinas e equipamentos, para
assim obter mais lucro e com trabalho menos pesado. “Acredito ser necessário
investimentos para futura lucratividade nos negócios e sempre foi um sonho dar
continuidade e expandir os negócios da família. ”
Além disso o Entrevistado 3 considera como importante fator a competência
que o próximo sucessor deve ter:

Primeiramente amor ao trabalho, assim como eu sempre tive. A obrigação


em tocar o negócio não será fator decisivo, mas comemorar com o incentivo
no geral e lucratividade na produção, que não seja somente comemorada a
lucratividade, mas também o caminho percorrido até que ela ocorra de fato,
pois há muito trabalho e suor por trás de uma vitória (ENTREVISTADO 3,
2022).

Conforme os entrevistados os fatores preponderantes em um processo e


sucessão familiar são: a vocação para assumir o cargo, a aptidão, treinamento,
infraestrutura adequada e políticas de incentivo.
No quadro seguinte uma síntese dos resultados obtidos.

Quadro 3- Resultados Obtidos


Resultados

 Quanto ao processo de sucessão constatou-se ausência de um planejamento;


 Na percepção dos gestores das propriedades o processo foi acontecendo ao
natural/orgulho pela profissão;
 Existe interesse de pelo menos um dos membros da família em dar
continuidade;
 Motivações apontadas (o legado, a qualidade de vida, a liberdade).
 Fatores e desafios (políticas públicas, gestão, uso de tecnologia, mão de
obra, liderança, redução do grupo familiar).

Uma das razões que impede a sucessão da propriedade rural deve- se a falta
de incentivo para permanecer no campo, muitas vezes os filhos crescem ouvindo
sobre a dificuldade de produzir pela falta da chuva ou excesso dela, as pragas, as
46

plantas daninhas, a falta de preço nos produtos, o alto custo dos insumos e a
dificuldade de acesso à tecnologia, a falta de diálogo entre pais e filhos, o tamanho da
propriedade, entre outras razões pelas quais dificultam a sucessão (OLIVEIRA &
VIEIRA, 2012).
47

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O setor que mais contribuiu nos últimos anos para a economia brasileira foi a
cadeia do agronegócio com um notável crescimento principalmente dos
estabelecimentos de menor porte com gestão familiar – a agricultura familiar. Apesar
de ser vulnerável em diversos quesitos, como no acesso à tecnologia, na
infraestrutura e no crescimento em massa, contribui muito para a geração de renda,
na diversificação de culturas, eliminação da pobreza rural, aumento da produção de
alimentos em escala, e consequentemente acaba fomentando cada vez mais o setor
agrícola.
Nas últimas décadas foram muitas as transformações que o setor passou, em
questão de incremento de tecnologia, produtividade, rentabilidade; porém, a sucessão
rural é um desafio em análise, ainda com poucos avanços e que merece especial
atenção para não retardar e estagnar o processo de continuidade do
empreendedorismo rural dentro da agricultura familiar, ocasionando uma perda na
economia, tanto para os pequenos proprietários rurais quanto para todo o setor do
agronegócio.
A partir desse contexto o estudo teve como objetivo geral analisar o processo
de sucessão familiar, caracterizando o interesse, a motivação dos sucessores e
apontamento de quais os principais fatores que interferem nesta transição, ou seja,
na continuidade da unidade produtiva familiar por uma ou mais gerações.
Para fundamentar a pesquisa os procedimentos metodológicos utilizados
qualificam-se em uma tipologia de pesquisa qualitativa do tipo descritiva e os
procedimentos adotados referem-se a um estudo de multicasos com o objetivo de
analisar o processo de sucessão de três propriedades rurais da região Oeste do
estado de Santa Catarina.
Conforme relato nas entrevistas realizadas o processo da sucessão ocorreu
sem planejamento, a propriedade foi passando de pai para filho.
Quanto a percepção dos sucedidos o processo de sucessão foi o desejo de
continuar no campo e dar continuidade ao negócio da família, o gosto pelo trabalho e
a busca pela liberdade em ter o seu próprio negócio.
Sobre o interesse dos membros da família em dar continuidade na propriedade
é importante destacar que a terceira geração se sente mais motivada e incentivada a
48

dar continuidade mesmo com uma redução no número de pessoas por família, alguns
estão se capacitando e se preparando para assumir o negócio da família, e que a
motivação em permanecer no campo é a longo prazo com planejamento.
Sobre os fatores que influenciaram os entrevistados em assumir a propriedade
destacou- se o gosto pela atividade, vontade de expandir o negócio utilizando novas
tecnologias e dar continuidade ao projeto de vida de seus antecessores.
Pelo exposto na pesquisa compreende-se que os objetivos propostos foram
atingidos e ressaltou-se ainda mais a importância de planejar a sucessão, a ela deve-
se a perpetuação do negócio, a proteção patrimonial, a qualidade de vida dos
envolvidos e a certeza de que a transferência da administração da propriedade
passará de geração em geração ficando sempre em família.
Conforme os fundamentos estudados na literatura como (MATTE, 2017) e
HEISLER, 2017), contatou-se que a sucessão deve ser feita de forma gradual, o
planejamento deve ser realizado a longo prazo com a passagem de responsabilidades
e de patrimônio de uma geração para a outra. Para que ocorra a continuidade por
mais gerações no campo, é importante auxiliar no processo, este deve ser iniciado o
mais cedo possível, com debates e visão de curto, médio e longo prazo, com
estabelecimento de objetivos, estratégias, políticas e planejamento da distribuição da
herança.
Para estudos futuros segue como sugestão, uma pesquisa dos impactos no
processo de sucessão com a redução significativa dos grupos familiares, e o aumento
da implantação de processos mecanizados e tecnológicos nas propriedades.
49

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APÊNDICE

Apêndice A – Roteiro de entrevista com os produtores rurais

1. Qual a principal atividade desenvolvida na propriedade ou qual a principal fonte de


renda?
2. Como a área rural está estruturada?
3. Atualmente quem trabalha na propriedade?
4. Há quanto tempo conduz a gestão da propriedade?
5. Como ocorreu o processo de sucessão familiar na propriedade? Houve um
planejamento de como se daria a sucessão? Foi buscada alguma experiência
externa? Alguma capacitação específica?
6. Quais fatores você acredita que influenciaram no processo de sucessão familiar?
Depois da sucessão houve mudanças na forma de gestão, quais? Porquê?
7. O que motiva a família em permanecer no campo?
8. Como você vê futuramente sua propriedade? E a continuidade do seu
agronegócio?
9. Como você vê as perspectivas dos membros da família em dar continuidade ao
negócio?
10. O que você considera como competências necessárias ao próximo sucessor?

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