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APRESENTAÇÃO

O presente documento é o resultado do cumprimento referente à


Elaboração de Plano Participativo conforme contrato nº CRT. BL. 0000004-13
de 2013, celebrado entre a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
– EMATER-PARÁ e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(INCRA) para prestação de serviço de assistência técnica e extensão rural as
famílias que se encontram em situação de vulnerabilidade social localizadas na
Unidade de Conservação (UC) Marinha Chocoaré-Mato Grosso, município de
Santarém Novo, Estado do Pará, no âmbito do Plano Brasil Sem Miséria, na
qual as ações se pautam no planejamento, a execução e avaliação de
atividades individuais e coletivas, com vista a inclusão produtiva, promoção da
segurança alimentar e incremento da renda.

Este Plano foi construído baseado nos princípios e nas diretrizes da


Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural – PNATER e nos
programas de inclusão social e de geração e renda do Governo Federal (MDA
e INCRA). Além disso, está amparado nas resoluções dos órgãos que
normatiza e executa o processo de implementação do Plano Nacional de
Reforma Agrária no país, bem como, do Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio) por executar as ações do Sistema
Nacional de Unidade de Conservação (SNUC).

Assim, considerando o que define a Lei 9.985 de 2000 sobre Unidade de


Conservação e, principalmente, sobre Reserva Extrativista, as famílias que
vivem nessas áreas denominadas como populações tradicionais, cuja
subsistência baseia-se no extrativismo, e, complementarmente, na agricultura
de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, são grupos
culturalmente diferenciados com formas próprias de organização social e seus
saberes são repassados por meio de seus ancestrais das mais variadas
formas.

Portanto, o desafio da EMATER-PARÁ está em poder aliar


sustentabilidade econômica, social e ambiental, condizente com o objetivo de
garantir os meios de vida e da cultura dessas populações e assegurar o uso
sustentável dos recursos naturais da UC. Nesse sentido, as ações

5
apresentadas neste documento foram elaboradas juntamente com as famílias
que moram no entorno da Resex e que vivem do extrativismo por terem larga
experiência de conhecimento acumulado oriundas de várias gerações e
conhecedoras de saberes local.

Dessa forma, por meio de metodologias com enfoque participativo,


comunitários e técnicos debateram e analisaram a realidade da Resex nos
aspectos social, econômico, produtivo e ambiental, a fim de focar nas
demandas essenciais e buscar soluções reais e contínuas que contribuam para
o melhoramento da qualidade de vida dos beneficiários, criando um ambiente
adequado e digno para viverem com suas famílias sob a ótica da
sustentabilidade e da preservação ambiental. É desta maneira, combinando
saberes local e conhecimento técnico, que este Plano pretende ser uma
ferramenta de subsídio, consulta e tomada de decisões para implementação de
Políticas Públicas.

6
Sumário

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9
2. METODOLOGIA ..................................................................................................... 11
PARTE I
3. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO MUNICÍPIO DE SANTARÉM NOVO ............... 14
3.1. ORIGEM HISTÓRICA .......................................................................................... 14
3.2. LOCALIZAÇÃO E ACESSO ................................................................................. 14
3.3. DADOS DEMOGRÁFICOS .................................................................................. 15
3.4. CLIMA.................................................................................................................. 16
3.5. RELEVO .............................................................................................................. 16
3.6. SOLO................................................................................................................... 17
3.7. HIDROGRAFIA .................................................................................................... 17
3.8. FLORA................................................................................................................. 17
3.9. FAUNA ................................................................................................................ 18
3.10. ATIVIDADES ECONÔMICAS ............................................................................ 21
3.11. ASPECTOS AMBIENTAIS ................................................................................. 21
3.12. INFRAESTRUTURA .......................................................................................... 22
3.13. SAÚDE .............................................................................................................. 22
3.14. EDUCAÇÃO ...................................................................................................... 23
3.15. CULTURA .......................................................................................................... 23
PARTE II
4. A RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA CHOCOARÉ-MATO GROSSO ............. 26
5. O POLO PEDRINHAS ............................................................................................ 27
5.1. LOCALIZAÇÃO E ACESSO ................................................................................. 28
5.2. DADOS DEMOGRÁFICOS .................................................................................. 29
5.3. IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS USUÁRIOS ................................ 29
5.4. ORGANIZAÇÃO SOCIAL E RELAÇÕES INSTITUCIONAIS ................................ 35
5.5. SAÚDE ................................................................................................................ 39
5.6. EDUCAÇÃO ........................................................................................................ 43
5.7. POLÍTICAS PÚBLICAS........................................................................................ 48
5.8. INFRAESTRUTURA ............................................................................................ 49
5.9. ASPECTOS AMBIENTAIS ................................................................................... 52
5.10. ATIVIDADES ECONÔMICAS ............................................................................ 58
5.11. CARACTERIZAÇÃO DE RENDA ....................................................................... 62
5.12. ASPECTOS CULTURAIS .................................................................................. 64

7
PARTE III
6. PLANO PARTICIPATIVO DO POLO PEDRINHAS ................................................ 67
6.1. PLANO DE AÇÃO EM ORGANIZAÇÃO SOCIAL ................................................ 69
6.1.1. Projeto Fortalecimento da Associação dos Usuários da Reserva
Extrativista Marinha Chocoaré-Mato Grosso (AUREM/C-MG) ............................... 71
6.1.2. Projeto Fortalecimento da Participação das Mulheres na (AUREM/C-MG) . 74
6.1.3. Projeto Jovens Protagonistas para o Fortalecimento da Participação Social
na Gestão Pública da Biodiversidade e na Conservação dos Manguezais .......... 80
6.1.4. Projeto Inclusão Digital .................................................................................. 85
6.2. PLANO DE AÇÃO EM DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE PRODUTIVA ...... 87
6.2.1. Projeto Mangue Vivo, Caranguejo Sempre! .................................................. 88
6.2.2. Projeto Fortalecimento do Cultivo das Culturas Alimentares (arroz, milho,
feijão e mandioca) .................................................................................................... 90
6.2.3. Projeto Hortas Orgânicas ............................................................................... 92
6.2.4. Projeto Criação de Aves Caipiras no Polo Pedrinhas .................................. 94
6.2.5. Projeto Criação de Suínos para Extrativistas ............................................... 96
6.2.6. Projeto Meliponicultura Familiar no Polo Pedrinhas .................................... 99
6.2.7. Projeto Piscicultura em Tanque Escavado ................................................. 101
6.2.8. Projeto Artesanato ........................................................................................ 103
6.3. PLANO DE AÇÃO EM COMERCIALIZAÇÃO .................................................... 105
6.3.1. Projeto Comercialização e Marketing .......................................................... 107
6.4. PLANO DE AÇÃO EM MEIO AMBIENTE .......................................................... 109
6.4.1. Projeto SAF (Sistema Agroflorestal) para Recuperação de Áreas
Desmatadas com Ênfase na Fruticultura .............................................................. 110
7. ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO ................................................................ 112
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 112
9. REFERÊNCIAS CONSULTADAS ........................................................................ 113

8
1. INTRODUÇÃO

A execução da Reforma Agrária no Brasil exige a participação dos


atores sociais que aspiram à construção de uma sociedade mais democrática,
justa, soberana, igualitária e sustentável. A realização desta reforma é
condição para mudar a realidade econômica e social de trabalhadores e
trabalhadoras no campo e na cidade para vencer a fome, a pobreza e a
violência rompendo com o modelo de desenvolvimento dominante,
caracterizado por ser: excludente, concentrador da terra, da renda,
comprometido com o agronegócio, responsável por expandir as monoculturas,
destruir a biodiversidade, o meio ambiente e comprometer a agricultura familiar.

Diante desta realidade, a sociedade civil organizada mergulha em


reflexões e discussões e tem como resposta a formulação da Política Nacional
de Assistência Técnica e Extensão Rural - PNATER, cujo objetivo maior é a
consolidação de estratégias sistêmicas de desenvolvimento rural sustentável.
Assim, os serviços públicos de ATER realizados por entidades estatais e não
estatais devem ser executados mediante o uso de metodologias participativas,
devendo seus agentes exercerem um papel educativo, atuando como
animadores e facilitadores de processos de desenvolvimento rural sustentável
(PNATER, 2004).

Além do mais, as ações de ATER devem privilegiar o potencial


endógeno das comunidades e territórios, resgatar e interagir com os
conhecimentos dos agricultores familiares e demais povos que vivem e
trabalham no campo em regime de economia familiar e estimular o uso
sustentável dos recursos locais.

Deste modo, o Plano Participativo do polo Pedrinhas tem como


características comunidades tradicionais, onde os moradores são usuários da
Reserva Extrativista, na qual as atividades desenvolvidas pelas populações
locais baseiam-se na extração de recursos naturais dos manguezais e na
produção agropecuária de subsistência. Por isso, busca-se com esse Plano
oferecer aos beneficiários garantia de uso sustentável dos manguezais
existentes na Resex e da terra em que vivem e produzem, levando em conta
suas características e costumes.

9
Assim, baseado nesses princípios, a equipe técnica responsável pela
elaboração, implantação e execução do plano participativo procurou adotar
diretrizes dentro da abordagem multidisciplinar e interdisciplinar, atendendo aos
princípios da Lei 12.188/2010 e do Decreto nº 7.215/2010. Dessa forma, a
intervenção dos agentes de ATER ocorreu de forma democrática, participativa,
construtiva e humanista, observando a propriedade rural de maneira holística,
suas potencialidades e debilidades, levando em conta fatores sociais,
econômicos e ambientais.

Para efeito de entendimento, compreende-se Plano Participativo como


um conjunto de ações e propostas para serem executadas em prazos
determinados consideradas de curto, médio e longo prazo. Essas ações foram
norteadas pelas demandas identificadas no Diagnóstico Socioeconômico e
Ambiental e no Planejamento Participativo junto às famílias extrativistas da
Resex Chocoaré-Mato Grosso e são compostos por diversos projetos e
atividades com cronogramas e estratégias definidas para o cumprimento das
ações previstas, além de monitoramento e avaliação. Esses planos e projetos
estão divididos em quatro eixos principais que são Organização Social,
Atividades Produtivas, Comercialização e Gestão Ambiental.

Portanto, dentro deste contexto, e considerando as etapas


desenvolvidas junto às famílias extrativistas, este documento apresenta-se
organizado em três partes. Na parte I constam as características gerais do
município de Santarém Novo, com dados demográficos, clima, solo,
hidrografia, flora, fauna, economia, meio ambiente, infraestrutura, saúde,
educação e cultura.

Na segunda parte são identificados aspectos relacionados ao


Diagnóstico Participativo como: socioeconômico, institucional, estrutural e
ambiental. Além disso, são apresentadas as características da reserva
extrativista e dos usuários do Polo Pedrinhas, constituído pelas comunidades
de Pedrinhas, Pirateua, Cearense e Paraíso. Nessa parte são identificadas, por
meio de gráficos, o numero de comunidade e famílias existente em cada pólo.
Nesta parte procura-se responder todas as indagações que foram sendo feitas
ao longo do desenvolvimento das ações.

10
E na terceira e última parte se faz referência a elaboração dos Planos
Participativos que estão divididos em Plano da Organização Social, Plano de
Desenvolvimento da Atividade Produtiva, Plano de Comercialização e Plano de
Gestão Ambiental.

2. METODOLOGIA

A abordagem metodológica para a elaboração do Plano Participativo


está fundamentada na concepção dialética em que cada pessoa é situada
como agente do processo histórico, ou seja, a pedagogia dialética valoriza a
busca e a construção coletiva do conhecimento comprometido com a
transformação da realidade.

Os procedimentos pedagógicos privilegiam o fazer coletivo e a


capacidade de organização grupal, a problematização e a teorização
a partir da prática e da realidade vivida, a reflexão crítica,
possibilitando ao educando posicionar-se como sujeito do
conhecimento e transformador da realidade. (BRASIL, 2010).

Assim, para orientar as ações de ATER, as bases teóricas foram


inspiradas na Teoria Construtivista de Jean Piaget, onde “o sujeito humano é
um projeto em construção permanente, que se realiza como processo de
autoconstrução/transformação do ser humano e da sociedade”; no Sócio
Interacionismo de Lev Vygotsky, em que “o uso de signos conduz os seres
humanos a uma estrutura específica de comportamento que se destaca do
desenvolvimento biológico e cria novas formas de processos psicológicos,
enraizados na cultura”; na Constituição do Sujeito de Castoriadis, Onde “o
imaginário coletivo é constituído pelo magma de significações sociais – valores,
crenças, desejos, exigências – inculcadas, depositadas no inconsciente (ID) do
indivíduo ao longo de sua vida” e na Educação Popular emancipadora de Paulo
Freire, que “concebe a educação como processo de emancipação e
transformação do mundo, em que o papel do educador não é o de convencer o
educando, mas de vencer com ele, construir junto”.

Portanto, mediante a construção de um roteiro metodológico que


envolveu: planejamento das ações a ser realizada, qualificação técnica (cursos
e oficinas); pesquisa de campo, oficinas (junto aos agricultores), revisão
bibliográfica; sistematização dos dados e relatórios, a equipe técnica da
EMATER-PARÁ se apropriou de diferentes recursos metodológicos (técnicas,

11
métodos e ferramentas) que contribuísse para a participação das famílias de
forma mais efetiva.

Assim, como primeira etapa de preparação houve o nivelamento da


equipe técnica (aspectos conceituais, técnicos e logísticos) junto aos acervos
públicos e privados (pesquisa documental) disponíveis no município, assim
como, em sites governamentais oficiais. Nesta etapa também foi definido um
cronograma geral para a execução das ações que foram realizadas junto às
famílias beneficiadas. Na segunda etapa realizou-se o processo de
Sensibilização por meio de visitas, mobilização e oficinas de apresentação do
projeto.

Como terceira etapa da elaboração deste Plano foi utilizada um conjunto


de técnicas e ferramentas de diagnóstico baseada no Guia Prático de
Diagnóstico Rural Participativo - DRP (2007) e nas diretrizes da Política
Nacional de ATER para a realização de levantamento de informações junto aos
agricultores familiares por meio de visitas, entrevistas e oficinas, respeitando o
saber local. Na quarta fase do Plano Participativo, que corresponde ao Plano
de Ação foram utilizada ferramentas de Planejamento por meio de oficina
baseadas em matrizes do Livro de Metodologia com Enfoque Participativo da
EMATER-PARÁ (2012).

12
PARTE I

13
3. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO MUNICÍPIO DE SANTARÉM NOVO

O Município de Santarém Novo pertence à Mesorregião do Nordeste


Paraense e à Microrregião dos Caetés (Governo do Estado) ou Microrregião
Bragantina (IBGE). Foi criado pela Lei Nº 2.460, de 29 de dezembro de 1961,
desmembrado do Município de Maracanã, conforme publicação no Diário
Oficial Nº 19.757 do Estado do Pará, emancipado no dia 19 de janeiro e
instalado no dia 14 de Março de 1962. Possui uma área territorial de 231 km²,
onde a área rural detém 226 km² e o Distrito Sede 5 km².

3.1. ORIGEM HISTÓRICA

Sua origem está vinculada à história do Município de Maracanã,


segundo os dados oficiais (SEPOF, 2005), onde a antiga Vila de Cintra, que
teve suas origens relacionadas às missões jesuíticas de catequização dos
índios Maracanã, foi desmembrada para que pudessem ser criados outros
municípios a partir de seu território, como é o caso de Santarém Novo, que em
1898 saiu da categoria de Povoado e passou a ser Freguesia, mediante Lei
Provincial nº 584. Em 12/08/1890, através da Lei nº 176, foi-lhe concedido o
reconhecimento de Vila e sua elevação a Município, desconhecendo-se a sua
denominação inicial.

No ano de 1906, com uma reformulação político-administrativa do


Governo do Estado, foi editada a Lei nº 985 (26/10/1906), que extinguiu o
Município de Santarém Novo, em função de sua decadência.

Por apresentar um território muito grande, o Município foi desmembrado


originando o Município de Igarapé-Açú, enquanto a outra parte foi anexada ao
Município de Maracanã, tornando-se Distrito deste até sua emancipação, fato
ocorrido no ano de 1961, através da Lei Estadual nº 2.460, no dia 29 de
dezembro, quando obteve seu território de volta.

3.2. LOCALIZAÇÃO E ACESSO

A sede do município está situada à margem direita do Rio Maracanã,


geograficamente localizada pelas coordenadas: latitude S 00º 55’ 04” e
longitude W 47º 23’ 55”.

14
Ao Norte, Santarém Novo se limita com o Município de São João de
Pirabas; a Leste, com o Município de Primavera; ao Sul, com os Municípios de
Peixe-Boi, Nova Timboteua e Igarapé-Açú; e a Oeste, com o Município de
Maracanã.

O acesso a 37% das comunidades é feito por rodovias estaduais


asfaltadas (PA-438 e a PA-324) ou por estradas e ramais. Os 11 km da PA-438
já foram pavimentados (que liga o Município à PA-324), mas há necessidade
de recuperação de 63% das estradas e ramais, que se encontra em estado
regular de conservação.

3.3. DADOS DEMOGRÁFICOS

A evolução demográfica do Município mostra uma variação decrescente


no crescimento populacional, como mostrado nos resultados dos estudos feitos
pela Secretaria Municipal de Saúde – SEMUS em 2005 e o censo 2010 do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Os resultados da
pesquisa da secretaria mostraram um total de 6.331 habitantes e o censo do
IBGE uma população de 6.141.

Uma explicação para isso é a emigração para outros centros a procura


de uma melhoria na qualidade de vida dos habitantes, uma vez que o município
não oferece empregos formais suficientes, qualificação profissional e nem
acesso às universidades públicas.

O Município de Santarém Novo está organizado em 26 comunidades


(conforme Figura 01): Santarém Novo (Sede), Bacuriteua, Amapazinho,
Trombetinhas, Baroca, Bom Jesus, Brasileiro, Clemente, Areial, Faustina,
Fortaleza, Iraquara, Iraquara Colônia, Jutaí Grande, Jutaizinho, Vista Alegre,
Pacujá, Pau Amarelo, Paraíso, Pedrinhas, Pirateua, São João do Peri-Meri,
Santa Terezinha, Santo Antônio do Trombetas, Trombetas e Cearense.

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Figura 01: Mapa das comunidades do município de Santarém Novo.

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014


3.4. CLIMA

O clima do Município caracteriza-se como sendo do tipo Am na


classificação de Kôppen, com reduzida amplitude térmica entre as médias dos
meses mais quentes e mais frios, variando em torno de 26ºC, e a média anual
de umidade relativa superior a 80% (ROCQUE, 1992). Os excedentes hídricos
anuais estão entre os meses de fevereiro e junho, e a deficiência hídrica, entre
agosto e dezembro. A pluviosidade é elevada, estando acima de 2.000mm
(IDESP, 2014).

3.5. RELEVO

O relevo predominante é plano a suavemente ondulado, com variação


altimétrica insignificante, apresentando na sede aproximadamente, 30m de
altitude, acima do nível do mar (IDESP, 2014).

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3.6. SOLO

Nas áreas de terra firme, os solos predominantes são classificados como


Latossolo, seguidos pelos Argissolos. Nas áreas aluviais, estão presentes os
Neossolos, indiscriminados e de manguezais (LIMA et al., 2000).

3.7. HIDROGRAFIA

O Rio Maracanã é o principal acidente hidrográfico do Município,


separando Santarém Novo do Município de Maracanã. Estende-se de Sul a
Norte, por toda a porção Oeste, sendo seu curso bastante sinuoso. Serve de
via de acesso para os Municípios vizinhos: Igarapé-Açú, Maracanã e como
fonte de recurso pesqueiro, para consumo e venda no município. Recebe da
montante para a jusante os igarapés: Pacujá, Tejuapara e o Rio Chocoaré, que
limita Santarém Novo com o Município de São João de Pirabas. Ao Norte e
Leste recebe inúmeros igarapés pela margem esquerda, como o Pirateua e o
Peri-Meri (Figura 02).

Figura 02: Mapa de Hidrografia do Município de Santarém Novo/Pará

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014

3.8. FLORA

A cobertura vegetal, nas áreas de terra firme, apresenta capoeiras em


vários estádios de desenvolvimento. Ao Norte do Município, onde são

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identificadas as áreas aluviais, ocorre à influência salina do mar, despontando
manguezais. Ao longo dos pequenos cursos d’água, nota-se a influência do
desmatamento da mata ciliar, principalmente, nas áreas de formação de
pastagens. Nas áreas de manguezais, destaca-se a captura do caranguejo,
como uma das fontes econômicas da população local, oriunda do extrativismo.

A vegetação do município pode ser classificada em Floresta Ombrófila


Densa, Floresta Ombrófila Aberta e Floresta Ombrófila Densa Aluvial ou esta
última como várzea de maré baseada no tipo de rio e intensidade de inundação
(PRANCE, 1980).

3.9. FAUNA

De acordo com laudo biológico da Reserva Extrativista (LIMA et al.,


2000) e levantamento de campo, encontrou-se uma grande diversidade de
espécies animais distribuída nas classes: aves, répteis, crustáceos, peixes,
moluscos e mamíferos. A seguir apresentam a relação dos principais relatados.

Quadro 01: Relação de aves encontradas em Santarém Novo


FONTE
AVES NOME CIENTÍFICO Lima et al., Levantamento
(2000) de Campo
Nambu Preto Crypturellus cinereus X
Nambu Peoa Tinamus guttatus X
Arancuam Ortalis guttata X
Juruti Leptotila verreauxi X
Pomba Galega Patagioenas cayennensis X
Araçari-de-bico-amarelo Pteroglossus flavirostris X
Pipira do Campo Tachyphonus rufus X
Pato do Mato Cairina moschata X
Urutau Nyctibius bracteatus X
Ariramba Ceryle torquata X X
Garça Branca Grande Casmerodius albus X X
Garça Branca Pequena Egretta thula X X
Garça Morena ou Parda Florida caerulea X X
Gavião Circus sp. X X
Guará Eudocimus ruber X X
Maçarico Pequeno Calidris alba X X
Maçarico Grande Tringa sp. X X
Maguari Ciconia maguari X X
Papagaio Curica Pionus sp. X X
Socó–boi Tigrisoma sp. X X
Saracura Aramides cajanea X X
Rendeira Manacus manacus X
Tem tem Lanio leucothorax X
Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

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Quadro 02: Relação de répteis encontrados em Santarém Novo
FONTE
REPTEIS NOME CIENTÍFICO Lima et Levantamento
al., (2000) de Campo
Sucuri Eunectes murinus X X
Surucucu Lachesis muta muta X X
Jiboia Boa constrictor X X
Cobra Cipó Oxybelis aeneus X X
Caninana Spilotes pullatus X X
Cobra Papagaio Corallus caninus X X
Jararaca da Água Helicops leopardinus X X
Jacaré Papo Amarelo Caiman latirostris X
Jacaré Açu Melano suchisniger X
Jacaré Coroa Paleosuchus palpebrosus X
Tejú Tupinambis teguixin X
Iguana Iguana iguana X
Lagarto Papa Vento Enyalius inheringii X X
Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.
Quadro 03: Relação de crustáceos encontrados em Santarém Novo
FONTE
CRUSTACEOS NOME CIENTÍFICO Lima et al., Levantamento
(2000) de Campo
Siri Callinectes bocourti X X
Caranguejo Ucides cordatus X X
Sarara Ocypode spp. X X
Camarão Pitu Macrobrachium carcinus X X
Camarão Cascudo Macrobrachium amazonicum X X
Camarão Branco Litopenaeus schmitti X X
Camarão Piticaia Xiphopenaeus kroyeri X X
Saratú Goniopsis cruentata X
Caracas Cerripédios X
Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.
Quadro 04: Relação de peixes encontrados em Santarém Novo
FONTE
PEIXES NOME CIENTÍFICO Lima et al., Levantamento
(2000) de Campo
Jandiá Leiarius marmoratus X
Mandí Pimelodella ornatus X X
Bagralhão Bagre sp. X
Bagre Arius sp. X X
Caratai Pseudauchenipterus nodosus X
Acari Acarichthys sp. X
Amoré Gobioides sp. X X
Bandeirado Bagre bagre X X
Branquinha Psectrogaster sp. X X
Camorin Centropomus undecimalis X X
Pacamum Amphichthys cryptocentrus X
Arraia Dasyatis sp. X
Dourada Brachyplatystoma flavicans X X
Gurijuba Arius parkeri X X
Jurupiranga Arius rugispinis X X

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Pescada Amarela Cynosciona coupa X X
Pescada Branca Plagioscion squamosis simus X X
Pescada Gó Macrodon ancylodon X X
Pescada Preta Plagioscion auratus X X
Piramutaba Brachyplatystoma vaillantii X X
Pirapema Tarpon atlanticus X X
Pratiqueira Mugil sp. X X
Sarda Sarda sarda X X
Sardinha Opisthonema oglinum X X
Tainha Mugil sp. X X
Tralhoto Anableps sp. X X
Uricica Cathorops spixii X X
Acará Cichlidae sp. X X
Jiju Erythrinuse rythrinus X
Jacundá Crenicichlas sp. X
Itui Gymnotus carapo X
Tamuatá Callichthys callichthys X
Matupiri Astyanax fasciatus X
Piau Leporinus friderici X
Anujá Trachycorystes galeatus X
Traíra Hoplias sp. X
Pacu Piaractus mesopotamicus X
Baiacú Tetrodon sp. X
Uritinga Arius Proops X
Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.
Quadro 05: Relação de moluscos encontrados em Santarém Novo
FONTE
MOLUSCOS NOME CIENTÍFICO Lima et al., Levantamento
(2000) de Campo
Mexilhão Perna perna X X
Turu Teredo navalis X X
Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.
Quadro 06: Relação de mamíferos encontrados em Santarém Novo
FONTE
MAMÍFEROS NOME CIENTÍFICO Lima et al., Levantamento
(2000) de Campo
Paca Cuniculus paca X
Tatu Tolypeutes sp. X
Cutia Dasyprocta aguti X
Capivara Hydrochoerus hydrochaeris X
Quati Nasua sp. X X
Lontra Lutra sp. X X
Porco Espinho Coendou prehensilis X
Caititu Tayassu tajacu X
Tamanduá Myrmecophaga sp. X
Tamanduaí Cyclopesdi dactylus X
Raposa Vulpes sp. X
Veado Cervus sp. X
Irara Eira barbara X
Gato Maracajá Leopardus wiedii X
Cachorro do Mato Cerdocyon thous X
Mucura Didelphis sp. X

20
Macaco de Cheiro Saguinus sciureus X X
Macaco Guariba Alouatta sp. X
Macaco da Noite Aotus trivirgatus X
Guaxinim Procyon cancrivorus X
Preguiça Bradypus tridactylus X
Esquilo Sciurus sp. X
Boto Inia geoffrensis X
Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

3.10. ATIVIDADES ECONÔMICAS

A atividade econômica, com enfoque na área rural, baseia-se no cultivo


de mandioca, seguida pelos grãos (milho, feijão caupi e arroz), além de
hortaliças, apicultura, pecuária e o extrativismo (captura de caranguejo, frutos,
peixes, madeira para construções, lenha, etc.). Segundo informações
levantadas na Prefeitura Municipal de Santarém Novo, de um modo geral, a
economia municipal setorialmente se distribui da seguinte maneira: 54,56%
pelo comércio e serviço; 35,79% pela atividade agropecuária e 9,65% pela
atividade agroindustrial. Dados levantados pela Agência de Defesa
Agropecuária do Estado do Pará – ADEPARÁ, Unidade Local de Sanidades
Agropecuárias (ULSA) do município de Santarém Novo, em novembro de 2014,
confirmam um rebanho bovino de 3.763 cabeças e 362 de bubalinos.

3.11. ASPECTOS AMBIENTAIS

O município possui um espaço territorial com aspectos ambientais


naturais e limites definidos, onde os objetivos são a forma de uso e a
conservação dos recursos naturais e proteger os meios de vida e a cultura da
população extrativista local. É constituído por florestas de terra firme, campos e
florestas de várzea, manguezais e áreas que já sofreram interferência antrópica
pela agricultura e pecuária (BASTOS; SANTOS, 2008).

Entre as principais características desse ecossistema estão os pulsos


diários de inundação influenciados diretamente pelas marés oceânicas (PIRES;
PRANCE, 1985), a alta fertilidade do solo e a alta produtividade de biomassa
(CATTANIO et al., 2004), a baixa riqueza de espécies (SANTOS; JARDIM,
2006; JARDIM; VIEIRA, 2001), a grande heterogeneidade florística, a presença
de oligoespécies (poucas espécies com grandes quantidades de indivíduos) e
espécies adaptadas as condições de inundação (ALMEIDA et al., 2004).
Segundo Macedo et al. (2007), a várzea foi o primeiro ecossistema que

21
contribuiu com o fornecimento de madeira e produtos não-madeireiros
(borracha, sementes oleaginosas e fibras) em escala comercial, favorecendo o
desenvolvimento de outras atividades na região amazônica, como a pesca e a
agricultura.

As principais perdas referentes ao passivo ambiental são:

 Os desmatamentos das reservas legais e das áreas de preservação


permanente, pela forma predatória de exploração;
 As queimadas, resultando na poluição do ar;
 O uso de agrotóxico, que afeta o meio ambiente e a saúde dos
habitantes;
 O assoreamento da rede hidrográfica.

As consequências desses fatores configuram prejuízos sociais,


ecológicos e econômicos, conduzindo à perda da flora e da fauna, ao
enfraquecimento dos solos, à alteração do clima, resultando em baixa
produção, aumento do custo de produção das culturas alimentares e
diminuição gradativa da renda dos agricultores familiares extrativistas,
causando um maior índice de pobreza.

3.12. INFRAESTRUTURA

Todas as comunidades assistidas possuem energia elétrica disponível,


porém não atendem todas as residências. O abastecimento de água atende
58% das comunidades e 37% possuem serviços de telefonia fixa. Há quatro
linhas de transporte intermunicipal:

 Duas: Santarém Novo/Capanema;


 Uma: Santarém Novo/Nova Timboteua/Peixe-Boi/Capanema; e,
 Uma: Santarém Novo/Salinas.

O transporte urbano é feito pelo deslocamento dos ônibus escolares,


moto-taxi e automóveis particulares.

3.13. SAÚDE

A Secretaria Municipal de Saúde – SEMUS coordena os Programas


Saúde da Família – PSF, Epidemiologia e Controle de Doenças – ECD, Saúde
Bucal – PSB, Agentes Comunitários de Saúde – PACS, Hipertensão e Diabete,

22
Triagem Neonatal, Imunização, Assistência Farmacêutica, Piso de Atenção
Básica Ampliada – PABA, Sisprenatal, Siscolo, Vigilância Sanitária e Saúde à
Distância. Existem Unidades Básicas de Saúde – UBS, nas comunidades de
Santo Antônio do Trombetas, de São João de Peri-Meri; de Jutaizinho,
Pedrinhas e Sede do município. Duas ambulâncias dão apoio aos serviços da
SEMUS e conta também com o Serviço Ambulatorial Móvel de Urgência –
SAMU.

3.14. EDUCAÇÃO

De acordo com a Secretaria Municipal de Educação (SEMED), até 2014,


o município possuía 20 escolas que atendem a educação infantil, o ensino
fundamental e a Educação para Jovens e Adultos (EJA), com um contingente
de 1.973 alunos; estão divididas por Polos (I, II, III e IV) e por Zonas (urbana e
rural). Quanto ao Ensino médio, existe apenas uma escola localizada na sede
do município, que funciona em três turnos para atender 543 alunos do primeiro
ao terceiro ano. Há ainda, uma Creche que acolhe crianças de dois a seis anos
de idade, foi inaugurada em 2014 e possui 155 alunos matriculados. A Tabela
01 mostra a distribuição dos alunos nos Polos.

Tabela 01: Distribuição dos alunos nos Polos


Senso Escolar 2014 Quantidade de alunos por série
Educação
Polo Localização Comunidade Ens. Fund. EJA
Infantil
Polo l Zona Urbana Santarém Novo 155 461 57
Polo l Zona Rural Pedrinhas 24 82 -
Polo ll Zona Rural Peri Meri 68 369 52
Polo lll Zona Rural Jutaizinho 38 300 34
Polo lV Zona Rural Santo Antonio 52 281 -
Total 337 1.493 143
Total Geral 1.973
Fonte: SEMED, 2014

3.15. CULTURA

A cultura do Município está relacionada com o surgimento da Irmandade


de São Benedito, entidade civil de natureza religiosa e cultural. Criada em
meados do século XIX, por membros da comunidade local, historicamente
oriunda de cultos e ritmos africanos, miscigenada com a influência indígena
para organizar o tradicional culto a São Benedito, expresso através da
Festividade do Carimbó, realizada sempre entre os dias 21 a 31 de dezembro.

23
A devoção popular e a Irmandade de São Benedito, em Santarém Novo,
são frutos do processo histórico, social e cultural vivenciados pelas
comunidades tradicionais amazônicas, no período de colonização. Sendo
apreciada por todas essas comunidades como uma espécie de síntese de
todas as culturas que a formaram.

O Carimbó é hoje reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do


Brasil. Essa manifestação cultural apresenta características particulares com o
uso de instrumentos típicos de batuques e vestes a caráter, que se diferenciam
dos outros grupos do Estado. Nas festas, são servidas bebidas de gengibre e
tacacá de caranguejo, além de outras iguarias tradicionais.

24
PARTE II

25
4. A RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA CHOCOARÉ-MATO GROSSO

A Reserva Extrativista (RESEX) é uma área utilizada por populações


que, tradicionalmente, fazem uso recursos de base extrativista para exploração
de subsistência e comercial, transformada em área do poder público e
administrada através de concessão de direito real de uso por comunidades
locais. Pode ser definida simultaneamente como área de conservação e de
produção, uma vez que a exploração dos recursos naturais depende do plano
adequado de manejo (LIMA et al., 2000).

Pelo Decreto sem número de 13 de dezembro de 2002, foi criada a


Reserva Extrativista Marinha Chocoaré-Mato Grosso, no município de
Santarém Novo, estado do Pará, objetivando garantir o uso sustentável e a
conservação dos recursos naturais renováveis, protegendo os meios de vida e
a cultura da população extrativista local.

De acordo com o Decreto de criação, a RESEX possui uma área de


aproximadamente 2.785,72 hectares. Faz limite com os municípios de São
João de Pirabas, Santarém Novo, Maracanã, Nova Timboteua e Igarapé-Açú,
tendo como principais rios constituintes o Maracanã e o Chocoaré (conforme
Figura 03). Está localizada a 180 km de distância da capital do estado,
percorrendo a PA 438 (12 quilômetros) até a PA 324 que está distante há 48
quilômetros da BR 316, rodovia que dá acesso a Belém.

Atualmente, a Unidade de Conservação abrange cinco Polos (Bacuriteua,


Chocoaré, Pedrinhas, Peri-Meri e Sede), onde existem 17 comunidades.
Constam 1.091 famílias na Relação de Beneficiários fornecida pelo INCRA,
entretanto, segundo levantamento de campo, apenas 974 dos beneficiários,
encontra-se no município. Tem como entidade representativa a Associação de
Usuários da Reserva Extrativista Marinha Chocoaré-Mato Grosso (AUREM/C-
MG) – CNPJ: 05.637.581/0001-90, localizada na Vila de Pedrinhas, Rua Beira
Mar, S/N, Zona Rural, CEP: 68.720-000, Santarém Novo/Pará.

26
Figura 03: Mapa de Localização da Reserva Extrativista Marinha Chocoaré-
Mato Grosso

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.


5. O POLO PEDRINHAS

A ocupação do Polo Pedrinhas teve início no século XIX. As informações


sobre a ocupação histórica foram obtidas a partir de narrativas dos moradores
locais. A senhora Josina Dias Furtado, bisneta da primeira família que se
estabeleceu no lugar, foi uma das informantes, juntamente com seu filho,
Aldenor Dias Furtado.

Informaram que o senhor Manoel Joaquim e a esposa Ana Tertuliana de


Farias, em 1892, procedentes do Município de Marapanim, adquiriram uma
grande área de terra próximo ao igarapé Atembaua. No local cultivavam
mandioca, arroz, milho, feijão e malva.

A data mencionada corresponde, na história do Município, a um período


anterior à mudança da condição de Povoado, para Freguesia, ou seja, 1898.

O casal teve dois filhos, e esses, vários descendentes, e hoje muitos


deles ainda moram na comunidade.

O nome original do lugar é Retiro Pedral, conforme documento em posse


da família. A denominação Pedrinhas foi atribuída tempos depois.

27
Ainda segundo relato, até 1963 havia apenas 12 famílias em Pedrinhas
(dois anos após a emancipação do Município de Santarém Novo, do Município
de Maracanã).

Na época, o acesso à sede do Município e às comunidades vizinhas era


feito pelo rio Maracanã, igarapés e “caminhos”, sendo a primeira estrada
construída em 1969, pelos próprios moradores, para facilitar a vinda do padre à
comunidade, em virtude de o mesmo possuir um veículo Jeep e não gostar de
andar de barco.

Núcleos de famílias foram se estabelecendo com o passar do tempo,


ganhando outras denominações, como é o caso da Comunidade Cearense,
cuja ocupação ocorreu na década de 80.

5.1. LOCALIZAÇÃO E ACESSO

O Polo Pedrinhas está localizado a 8 Km da sede do município. São


duas as principais vicinais de acesso: a vicinal das Pedrinhas até a Estrada do
Polo Peri-Meri, e a vicinal Tejuapara, esta com aproximadamente 6 Km de
extensão.

.Figura 04: Mapa de Localização do polo Pedrinhas

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

28
5.2. DADOS DEMOGRÁFICOS

A população geral do Polo Pedrinhas é composta pela somatória das


quatro comunidades que o compõe: Vila Pedrinhas, Pirateua, Cearense e
Paraíso, sendo a Vila Pedrinhas, a maior delas.

Quanto à distribuição dos usuários constantes na Relação de


Beneficiários (RB), observa-se, segundo a Tabela 02, nas comunidades
Cearense, Pedrinhas e Pirateua um número maior de beneficiários do que o
número de famílias viventes, isso se justifica por existir mais de um beneficiário
da Resex em uma mesma família.

Tabela 02: Distribuição dos usuários na relação de beneficiários


Nº TOTAL DE Nº DE FAMÍLIAS Nº DE FAMÍLIAS
COMUNIDADES
FAMÍLIAS EM RB ATENDIDAS
Cearense 12 15 10
Pedrinhas 114 132 117
Pirateua 23 25 25
Paraíso 5 5 5
TOTAL 154 177 157
Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

5.3. IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS USUÁRIOS

A condição de Beneficiário pelos usuários da Reserva é identificada


segundo critérios estabelecidos pela Lei Nº 12.188 de 11 de janeiro de 2010
(PNATER). A Relação de Beneficiários (RB) é homologada no Sistema de
Informação do Programa de Reforma Agrária-SIPRA (Art. 5º, I e II). Os filhos e
outros parentes que dependem do(a) titular, são também assim considerados.
A maioria das famílias entrevistadas possui mais de um integrante, daí o
número de titulares (32,83%) ser inferior ao de dependentes (67,17%) (Gráfico
01).

29
Gráfico 01: Condição de titularidade das famílias na RB do Polo Pedrinhas

67,17%

32,83%

Titular Dependente

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

A maioria das famílias do Polo é numerosa, e em sua composição


familiar, o maior percentual (56,71%), corresponde a pessoas que não são
filhos dos beneficiários, ou seja, parentes em vários graus, como sobrinhos,
netos, primos, assim como agregados: genros, noras, enteados e outros,
residindo no mesmo domicílio. Este número supera o número de filhos que é
de 32,14%. Nessa composição, o número de esposas (7,47%), é superior ao
número de maridos (4,22%), o que pode ser um indicativo de que são viúvas
ou separadas ou mães solteiras (Gráfico 02).

Gráfico 02: Composição familiar existente no Polo Pedrinhas

56,17%

32,14%

7,47%
4,22%

Marido Esposa Filho(a) Outros

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

30
De acordo com o Gráfico 03, a maioria dos beneficiários do Polo é do
gênero masculino com 53,43%. É importante ressaltar que, até o ano de 2005,
os cadastros de beneficiários do INCRA eram feitos em nome dos homens, e
somente a partir de 2012, os cadastros passaram a ser feitos em nome das
mulheres.

Gráfico 03: Gênero dos beneficiários no Polo Pedrinhas

Feminino
46,57%
Masculino
53,43%

Número Amostral = 466

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

O grande número de jovens no Polo é um dado importante. As faixas


etárias de 13 à 24 anos (28,97%), e 25 à 36 anos (20,60%), são significativas,
pois apontam possibilidades de inserção desses jovens em Políticas Públicas
cujo público beneficiário se encontra na faixa etária entre 16 e 29 anos. Essas
duas faixas demonstraram outro dado importante: são consideradas faixas de
plena idade produtiva (Gráfico 04).

Já as pessoas com idade de 37 a 48 anos, representaram 14,38%.


Outra faixa significativa identificada foi a infantil (22,53%), de crianças até 12
anos de idade, o que requer maior atenção em Políticas Públicas de Saúde e
Educação.

Os menores percentuais estão nas faixas de 49 a 60 anos (9,01%), e na


de mais de 61 anos (4,5%), ou seja, a população do Polo é relativamente
jovem.

31
Gráfico 04: Faixa etária dos Beneficiários do Polo Pedrinhas

28,97%

22,53%
20,60%

14,38%
9,01%
4,51%

<= 12 13 - 24 25 - 36 37 - 48 49 - 60 61+

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

O Gráfico 05 mostra que o percentual de pessoas com necessidades


especiais no Polo é de 2,58%, não sendo identificadas na pesquisa, porém, o
tipo de necessidade especial ocorrida.

Quanto aos principais documentos obrigatórios, a maioria das pessoas


do Polo os possui, como Certidão de Nascimento, Registro de Identidade e
CPF, que apresentaram percentuais de 98,07%, 67,97% e 86,16%,
respectivamente.
Quanto ao Título Eleitoral, 62,88% possuem o documento, considerando
que sua emissão é opcional aos 16 anos, e ter elevado percentual de jovens no
Polo, como vimos anteriormente.

O levantamento de campo mostrou ainda que apenas 1,29% dos


beneficiários possui a Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar – DAP. Esta, por sua vez, é o
documento utilizado para identificar e qualificar as Unidades de Produção
Familiar (UPF) e suas formas associativas organizadas. São também
identificados pela DAP os pescadores artesanais, os extrativistas, silvicultores,
aquicultores, quilombolas, indígenas e assentados do Programa Nacional de
Reforma Agrária (PNRA). No caso especial dos usuários das Reservas
Extrativistas, a entidade responsável pela emissão deste documento é o
INCRA, devido o vínculo existente entre o extrativista e a Relação de
Beneficiários. Entretanto, as DAP’s existentes neste Polo foram emitidas pela

32
EMATER-PARÁ para promover o acesso de alguns produtores ao PRONAF B,
em conformidade com a Nota Técnica emitida em 18 de dezembro de 2012
pelo Departamento de Financiamento e Proteção à Produção vinculada a
Secretaria de Agricultura Familiar (SAF) do Ministério do Desenvolvimento
Agrário (MDA) que trata da concessão de DAP do Grupo “B” ou “V” para
agricultores (as) dos programas do PNRA e PNCF a partir da safra 2012/2013.

No que diz respeito a certidão de casamento, apenas 10,3% possui e


89,7% não possui, o que é indicativo de que a formação da maioria das
famílias é na condição de união estável. Elevado percentual possui a Carteira
de Trabalho (60,3%), documento mais procurado pelos jovens em idade
produtiva. Apenas 18,67% possui a Certidão de Reservista, obrigatória para
pessoas do sexo masculino.
Gráfico 05: Dados Pessoais dos Beneficiários

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

Analisando a gestão da Unidade Familiar, ainda prevalece o gênero


masculino, com 63,40%, no entanto, além das atividades domésticas
consideradas trabalho feminino, a mulher tem uma importante participação na
produção agrícola e extrativista, principalmente, no beneficiamento “catação”
do caranguejo, como mostra o Gráfico 06.

33
Gráfico 06: Gestão familiar por gênero

63,40%

36,60%

Masculino Feminino

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.


No que se refere à moradia (Gráfico 07), a maioria das casas são de
alvenaria, embora não signifique que seja considerada de boa qualidade.
Segundo informações levantadas junto aos usuários, parte das construções
que foram beneficiadas com o crédito do INCRA se encontra em estado
precário (paredes rachadas, piso de banheiros cedendo, madeiramento
apodrecendo e sem acabamento). As famílias nomeiam as seguintes causas:
má gestão dos recursos, problemas com a empreiteira e falta de fiscalização no
processo de aquisição de materiais, bem como, na construção das mesmas.

Uma das medidas tomadas pelos próprios beneficiários foi refazer o


trabalho de construção, no entanto outras famílias não tiveram condições de
fazê-lo, isso porque, de acordo com os comentários dos moradores, a
quantidade de material utilizado não foi suficiente, embora constasse no
orçamento quantidades maiores. Foi mencionado, também, que não houve
critérios para a contratação da mão de obra, assim como, muitos usuários
deixaram de ser beneficiados.

34
Gráfico 07: Tipos de moradia existentes no Polo Pedrinhas

79,08%

14,38%
6,54%
0,00%

Alvenaria Barro/Adobe Madeira Outro

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

5.4. ORGANIZAÇÃO SOCIAL E RELAÇÕES INSTITUCIONAIS

Para identificar a existência de relações sociais e parcerias institucionais


entre as comunidades do Polo Pedrinhas e as instituições, foi utilizada a
ferramenta denominada “Diagrama de Venn”, muito utilizada em diagnóstico
participativo. Com o uso de círculos em papel de tamanho e cores e variadas,
os participantes, por meio de perguntas orientadoras, foram construindo o
diagrama.

De acordo com a ferramenta, os círculos maiores representaram os


órgãos mais importantes, e os menores, os menos importantes, e quanto mais
distante do círculo central (comunidade) mais distante é a relação da instituição
com os comunitários. Essa relação demonstra com quem, em termos de
parceria, a comunidade pode contar com o apoio. Dessa forma, se obteve as
seguintes informações, conforme o diagrama da Figura 05.

35
Figura 05: Diagrama de Venn construído pelo Polo Pedrinhas

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

De acordo com as informações levantadas, as instituições que estão


mais próximas da comunidade, consideradas as mais importantes são:

 O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), pela atividade de


assistência social envolvendo a família;
 A EMATER-PARÁ, como entidade de assistência técnica e antiga
parceira, principalmente, no processo de construção da Reserva e da
atual proposta da Chamada Pública;
 A Paróquia, mencionada devido ao trabalho religioso por meio dos
grupos de oração, catequese, pastorais e celebrações;
 O Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STTR) e a Colônia de Pesca Z-
29, como entidades representativas dos trabalhadores rurais e

36
pescadores, respectivamente, principalmente, no encaminhamento de
processos de aposentadoria e tratamento de saúde para associados e
dependentes;
 O INCRA, como a instituição parceira da RESEX, na concessão de
crédito para moradia e outros benefícios aos usuários;
 A Associação dos Usuários da Reserva Extrativista Marinha Chocoaré-
Mato Grosso – AUREM/C-MG, como representante dos usuários que
contribuiu bastante no processo de reconhecimento da Reserva;
 O Instituto Chico Mendes de Biodiversidade - ICMBio, como órgão
atuante e gestor da RESEX, além de atuar como fiscalizador dos crimes
ambientais.
 O grupo de mulheres, situado como de importância e próximo da
comunidade, embora atualmente com menor número de componentes
no envolvimento comunitário local.

No plano seguinte, os comunitários situaram a Prefeitura Municipal de


Santarém Novo, como entidade parceira no processo de criação da RESEX, no
transporte da comunidade, no apoio a eventos locais, e nos serviços municipais
prestados;

Na sequência de localização de afastamento em relação ao círculo


maior, localizaram-se a Associação de Clubes e a Secretaria Municipal de
Cultura no mesmo plano, a Secretaria de Turismo e o Movimento dos
Pescadores do Estado do Pará - MOPEPA, esta entidade, que em momentos
anteriores, já esteve mais próxima da comunidade e atualmente não se faz
presente.

No penúltimo nível de distanciamento, porém de considerável


importância para a comunidade, localizou-se o grupo da Pastoral da Criança,
com o trabalho evangelizador.

Como instituições mais distantes da comunidade, mas sendo as


mesmas de grande importância, localizaram-se o Serviço Brasileiro de Apoio
às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE e o Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural – SENAR como entidades capacitadoras de mão de obra,

37
que muito contribuiriam para a profissionalização dos usuários, principalmente
dos jovens.

Em relação à participação das famílias em Organizações Sociais


(Gráfico 08), 72,26% dos entrevistados participam da AUREM/C-MG,
considerado um número bastante significativo. O motivo se deve ao fato da
entidade representar os extrativistas, na condição de usuário da Reserva.
Segundo o presidente, a Associação possui 1.400 associados, englobando os
usuários dos cinco polos da Reserva, porém, somente em torno de 800 são
considerados efetivos, pelo cumprimento dos regulamentos da Associação
(deveres e, principalmente, assiduidade).

No entanto, a participação das famílias extrativistas na Colônia de


Pescadores é considerada bastante baixa (1,37%). Segundo o presidente da
Colônia de Pescadores (Z-69) existem aproximadamente 600 associados
apenas “no papel”, mas efetivamente, são aproximadamente 170 pessoas.
Desses, somente do Polo Pedrinhas são mais de 70 associados. Ainda de
acordo com o presidente, uma das maiores dificuldades enfrentadas é reunir os
associados, pois a média de participantes nas convocações fica em torno de
sete a oito pessoas.

Nenhuma cooperativa foi identificada no Polo. No entanto, outras


participações das famílias extrativistas são em Conselhos (1,71%), ressaltando
que existem vários tipos e com finalidades específicas como: Conselho
Escolar, Conselho de Saúde, Conselho Tutelar e o Conselho da Reserva. Além
disso, existe a participação dos grupos de jovem (1,03%) formados através das
igrejas católicas e evangélicas, voltadas às atividades de catequese. De acordo
com o diagnóstico, parte dos jovens que pertencem a esses grupos, também,
realiza atividades de reciclagem de papel e garrafas pet no espaço comunitário
“Casa da Alegria”.

Em relação ao grupo de mulheres (16,78%), foi diagnosticado que existe


um Grupo informal de Mulheres que se reúne na “Casa da Alegria”, para
confecção de artesanato em tecido, crochê, pet e outros. Essas mulheres,
anteriormente, participavam do grupo formado pelo CRAS que também
desenvolviam atividades em artesanato.

38
Participantes informaram que, em épocas passadas, até 30 mulheres
participavam das atividades porque havia recursos para a confecção das
peças, mas na programação das atividades estavam incluídas palestras, o que
não agradava às participantes, que mostravam interesse somente pelas
atividades práticas. Como os recursos cessaram, diminuiu muito a participação.

Entre outras formas de organização (6,85%) em que as famílias


participam estão incluídas o STTR, Clubes de Futebol e Grupos de
Festividades.

Gráfico 08: Tipos de Organizações Sociais existentes no Polo Pedrinhas

Associação 72,26%
Cooperativa 0,00%
Conselho 1,71%
Colônia de Pescadores 1,37%
Grupo de Jovens 1,03%
Grupo de Mulheres 16,78%
Outras 6,85%

Número Amostral= 292

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

5.5. SAÚDE

O Polo possui uma Unidade Básica de Saúde – UBS para o atendimento


das famílias, com profissionais fixos: enfermeiro e Agentes Comunitários de
Saúde (ACS) e médico em dias determinados. Nesse Polo não há atendimento
odontológico.

Tabela 03: Profissionais de saúde na UBS do Polo


Profissional de saúde Comunidade Nº de famílias
1 Enfermeiro
Vila Pedrinhas 114
2 ACS
Cearense 12
1 ACS Paraiso 05
Pirateua 23
TOTAL 154
Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

39
Todavia, é importante ressaltar que conforme a Tabela 03, os
profissionais de saúde foram contratados para atender todos os moradores da
comunidade relacionados ao Polo, entretanto, os dados que foram
mencionados são referentes apenas a 157 formulários aplicados in loco.

De acordo com o diagnóstico apresentado, 92,27% dos usuários e seus


dependentes possuem o Cartão do Sistema Único de Saúde – SUS e 7,73%
não possuem tal documento (Gráfico 09). É importante ressaltar que essa
identificação permite o atendimento em qualquer local destinado a saúde e
controla todos os procedimentos médicos vinculados ao SUS. O sistema
registra no cartão todos os dados do paciente, como: informações das
consultas, local de atendimento, data e horário.

Gráfico 09: Beneficiários que possuem o Cartão do SUS

92,27%

7,73%

Sim Não

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

Com relação às doenças existentes, 81,5% afirmou não possuir nenhum


tipo. Com iguais percentuais, foram identificadas as seguintes doenças:
sinusite, mioma, epilepsia, dengue, chagas e insuficiência cardíaca, com
0,25%; reumatismo, gastrite e alergia, com 0,50%; e hérnia, hipertensão e
diabetes, com 0,75%.

40
Gráfico 10: Identificação de doenças no Polo Pedrinhas

Sinusite 0,25%

Mioma 0,25%

Epilepsia 0,25%

Dengue 0,25%

Doença de chagas 0,25%

Insuficiência cardíaca 0,25%

Reumatismo 0,50%

Gastrite 0,50%

Alergia 0,50%

Hérnia 0,75%

Hipertensão 0,75%

Diabetes 0,75%

Não possui 81,50%

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

Em entrevista com os ACS (Agentes Comunitários de Saúde) e


levantamento junto à Secretaria de Saúde Municipal, foram relacionados vários
tipos de doenças que tem o acompanhamento na UBS.

Dependendo do tipo e da gravidade da doença, as pessoas são


encaminhadas para a sede do Município, e de lá, podem ser encaminhados
para Salinópolis e Capanema. Uma ambulância na sede do Município fica
disponível.

Segundo informações dos ACS, há 7 anos não há registro de ocorrência


de malária e que a erradicação foi feita devido a rigoroso acompanhamento e
combate à doença. Em época anterior, alguns casos foram identificados no
Polo.

Outro serviço prestado pela UBS é a distribuição de medicamentos,


embora não seja de forma regular, gerando descontentamento quando estes
faltam.

41
Os remédios da medicina caseira, cujo princípio básico é o
conhecimento tradicional, são utilizados pelas comunidades. Pessoas mais
idosas são referência no conhecimento e na manipulação das ervas para
tratamento de doenças.

Receitas preparadas com folhas, raízes, batatas, cipós, óleos e seivas


das espécies nativas ou cultivadas nas comunidades são utilizados para
diversos tipos de doenças.

O tratamento fitoterápico tradicional em alguns casos é acompanhado de


rezas na pessoa doente ou apenas na parte do corpo afetada, como no
tratamento da erisipela, doença que afeta geralmente os pés e as pernas. Os
remédios podem ser em forma de xaropes, banhos, chás, emplastros ou
garrafadas.

Quadro 07: Espécies de plantas medicinais utilizadas no Polo Pedrinhas


PLANTAS NOME CIENTÍFICO INDICAÇÃO
Abacateiro Persea americana Icterícia, rins
Amapá Parahancornia amapa Fraqueza do Pulmão
Amor crescido Portulaca pilosa L. Ferimentos
Anador Justicia pectoralis Jacq Dores
Arruda Ruta graveolens L Derrame, paralisia cerebral
Babosa Alloe succotrina Tosse, bronquite
Barbatimão (Mart.) Coville Mioma
Batatão Não identificado Estômago, alergia
Cabacinha Luffaoperculata Cogn. Contusões
Canarana Hymenachneamplexicaulis Problemas renais
Cipó-pucá Cissussicyoides Derrame
Coramina Pedilanthustithymaloides Palpitações no coração
Corrente Não identificado Dor de barriga
Elixir paregórico Piper callosum Dor de barriga
Hortelãnzinho Menthasp. Cólica
Japana EupatoriumTriplinerve Gripe
Jucá CaesalpineaFerrea Estomago / gastrite
Malvarisco Plectranthusamboinicus Gastrite, tosse
Marupazinho Eleutherineplicata Diarreia
Mucuracaá Não identificado Reumatismo
Murta Salviagesneriflora Alterações ginecológicas
Pariri Arrabiadae chica Anemia
Pecaconha Cephaelisipepacuanha Tosse
Pião branco Jatrophacurcas Ferimentos
Quebra Pedra Phyllanthusniruri Problemas renais
Vindicaá Não identificado Coração
Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

42
Quanto aos locais de atendimento das famílias do Polo, 55,58% participa
do Programa Saúde da Família, cujo acompanhamento é feito nas residências;
43,78% buscam atendimento fora do Polo, e apenas 0,64% em outros locais.

Gráfico 11: Local de atendimento

Em casa (Saúde da Família) 55,58%

Posto de Saúde no Pólo 43,78%

Posto de Saúde fora do Pólo 0,00%

Hospital 0,00%

Outros 0,64%

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

A média do número de pessoas que busca atendimento na Unidade


Básica de Saúde, nos dias de consulta, é em torno de 30 a 40 pessoas, mas
somente 15 fichas são distribuídas, as quais não são suficientes para a
demanda das comunidades.

Os usuários afirmaram que a ampliação e melhoria dos serviços só


seriam possíveis com a instalação de um Posto de Saúde da Família (PSF) no
Polo, porém, a condição para sua instalação, é ter em torno de 360 famílias no
local.

5.6. EDUCAÇÃO

O percentual de usuários e dependentes que não estudam (54,91%) é


significativo, considerando o elevado número de pessoas jovens no Polo, já
mencionado no gráfico referente à faixa etária dos beneficiários do Polo. Os
que afirmaram estar estudando são 42,19%, conforme o Gráfico 12.

43
Gráfico 12: Situação escolar dos beneficiários do Polo Pedrinhas

54,91%

42,19%

2,90%

Estuda Não estuda Não se aplica

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

Quanto ao grau de escolaridade, 6,92% é o percentual de pessoas não


alfabetizadas. O ensino fundamental é o nível de escolaridade predominante no
Polo. Entre os que concluíram e ainda cursam o ensino fundamental existem
59,23% de entrevistados. Usuários e dependentes que concluíram o ensino
médio são 10,51% (Gráfico 13).

Gráfico 13: Grau de escolaridade no Polo Pedrinhas


Não alfabetizado/Nunca estudou 6,92%

Creche(a) 4,10%

1°ano 5,38%

2°ano 4,62%

3°ano 3,85%

4°ano 7,44%

5°ano 5,38%

6°ano 4,10%

7°ano 4,36%

8°ano 5,64%

9°Ano 1,28%

Ensino Fundamental incompleto 17,18%

Ensino Médio completo 10,51%

Ensino Médio incompleto 17,44%

Ensino Superior completo 0,00%

Ensino Superior incompleto 1,79%

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

44
Em termos de gênero (Gráfico 14), o percentual de mulheres não
alfabetizadas ou que nunca frequentaram a escola é de 8,33%, enquanto que o
de homens é 5,71%.

Do segundo ao sexto ano, a escolaridade da mulher é menor em relação


a dos homens. Já em relação à sétima e oitava série o nível de escolaridade
delas é maior. No nível superior incompleto apenas 1,11% das mulheres o
possui, enquanto que para os homens o percentual é de 2,38%.

Gráfico 14: Escolaridade versus gênero

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

A dupla jornada feminina de atividades produtivas (beneficiamento do


caranguejo, roçados, mangues e para algumas delas atividades de
mariscagem1) e atividades domésticas (atividades de casa e cuidados com a
família) é condição limitante para este resultado, ou seja, para que deixem de

1
Atividade desenvolvida pelos usuários para captura de mariscos (ostra, mexilhão, siri,
camarão,sarnambi e turu).

45
frequentar a escola. O Polo possui duas Escolas de Ensino Fundamental
(Figura 06).

Figura 06: Escolas do Polo Pedrinhas - (a) Escola Socorro Gabriel e (b) Escola
Santa Lúcia

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

A distribuição das turmas e níveis de ensino está de acordo com o


quadro 08.

Quadro 08: Distribuição e horário das turmas das escolas do Polo


ESCOLAS SÉRIE TURNO
Educação Infantil Manhã
1º ano Tarde
E.M.E.I.E.F. Santa Lucia 2° ano Tarde
(Pedrinhas) 3º ano Manhã
4º ano Tarde
5º ano Manhã
Educação Infantil Manhã
E.M.E.I.E.F. Socorro Gabriel
1º e 2º ano Intermediário
(Pirateua)
3º e 4º ano Tarde
Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

As turmas da Escola Socorro Gabriel da comunidade Pirateua são


multisseriadas, ou seja, duas séries na mesma sala de aula. Nenhuma das
Escolas possui a Educação de Jovens e Adultos – EJA.

A qualidade da alimentação escolar servida nas escolas é considerada


adequada para 70,35% dos entrevistados (Gráfico 15).

46
Gráfico 15: Qualidade da alimentação escolar

70,35%

29,65%

Adequada Não adequada

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

Do total de pessoas que frequentam a escola 59,78% estudam no


próprio Polo, as demais pessoas frequentam outras escolas fora do Polo.
Estes, provavelmente, são os alunos que cursam a partir do ensino médio, uma
vez que nas escolas do Polo, há apenas o ensino fundamental. Já 29,08% não
estudam em nenhum desses dois locais.

Gráfico 16: Principais locais de acesso às escolas

59,78%

29,08%

11,14%

No Polo Fora do Polo Não se aplica

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

47
5.7. POLÍTICAS PÚBLICAS

Das políticas públicas sociais concedidas às famílias do Polo, a de maior


número de beneficiários é o Programa Bolsa Família, programa de
transferência de renda para famílias em situação de extrema pobreza: 73,39%
das famílias recebem mensalmente (Gráfico 17).

Já o programa Bolsa Verde, de apoio à conservação ambiental, pago


trimestralmente, 76,82% das famílias não recebem e 23,18% recebem esse
benefício (Gráfico 17).

O Benefício de Prestação Continuada – BPC, garantido pela


Constituição Federal aos idosos de 65 anos ou mais e a deficientes ou
incapacitados é concedido para apenas 3% dos entrevistados. Não recebe o
Benefício, 97% (Gráfico 17). As doenças mais frequentes das quais são
acometidos os trabalhadores dos manguezais e da pesca, segundo o
presidente da Colônia de Pescadores, são: o reumatismo, perda gradativa da
visão e problemas da coluna.

A aposentadoria previdenciária é concedida para apenas 4,51% dos


beneficiários do Polo. Ainda de acordo com o presidente da Colônia o processo
para a concessão ainda é um pouco demorado, o que afirmaram também os
beneficiários, mesmo já tendo adquirido a idade exigida por lei. Dos
entrevistados, 95,49% não recebem o benefício (Gráfico 17). É importante
ressaltar que benefício do Seguro Defeso não é recebido por nenhum
beneficiário do Polo. Haja vista que, o seguro defeso é um beneficio temporário
com termos e prazos fixados pelo governo, concedido aos pescadores
artesanais em virtude da paralisação temporária de suas atividades, tendo
como finalidade a preservação da espécie durante o período reprodutivo.

Entretanto, o período do defeso coincide com o “Sauatá” ou “andada”,


que, é a denominação dada pela comunidade ao comportamento do
caranguejo durante a fase de reprodução, onde tanto os machos quanto as
fêmeas saem das galerias e se deslocam ao longo do manguezal para o
acasalamento e liberação de ovos, tornando-se nesta fase vulneráveis a
captura.

48
Desse modo, é de extrema necessidade de um benefício durante o
Defeso, garantindo a proibição para à preservação e à reprodução da espécie,
assim como a recomposição da fauna, evitando o desequilíbrio do ecossistema
na reserva, assim como o trabalho dos usuários que sobrevivem da extração e
comercialização do caranguejo.

Já a troca de carapaça, denominada de “muda” ou “ecdiase”, é um


fenômeno em que ocorre a troca do exoesqueleto para que ocorra o
crescimento do crustáceo. Nesse momento, os caranguejos costumam
abastecer as galerias com alimentos e obstruir as entradas até o
endurecimento da carapaça. Segundo Ivo e Gesteira (1999), as mudas do
caranguejo-uçá ocorrem com bastante frequência nas fases larval e juvenil até
atingirem uma única muda anual quando adultos, afirmam também que
indivíduos mais velhos não mudam a carapaça.

Gráfico 17: Políticas públicas sociais acessadas pelos usuários da reserva

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.


5.8. INFRAESTRUTURA

O abastecimento de água no Polo é feito pela rede pública em 75,16%


das residências. Utilizam poço raso 13,73% e apenas 11,11% das famílias
possui poço artesiano (Gráfico 18).

49
Gráfico 18: Tipos de abastecimento de água utilizados pelos moradores do
Polo

Poço raso/Cacimba 13,73%

Poço Artesiano 11,11%

Rio 0,00%

Cisterna 0,00%

Não tem água 0,00%

Águas pluviais 0,00%


Rede de abastecimento
75,16%
pública

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.


Da água consumida no Polo 99,35% é para o consumo humano e
apenas 0,65% para consumo animal, conforme mostra o Gráfico 19.

Gráfico 19: Destino da água

Consumo Humano 99,35%

Consumo Animal 0,65%

Irrigação 0,00%

Piscicultura 0,00%

Aqüicultura 0,00%

Pesca Artesanal 0,00%

Destino Agroindustrial 0,00%

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

Informaram os usuários que no período de inverno a água muda de


sabor (fica salobra), mas que já melhorou bastante com a troca da encanação,
e que em todas as casas, a água sai das torneiras com areia, devido o solo ser
arenoso. A profundidade ideal para a perfuração de poço na região é de no

50
mínimo 30 metros, por causa das características do solo. Informaram também
da necessidade da instalação de mais caixas d’água no Polo.

Todas as moradias possuem energia elétrica e 100% é para o consumo


humano. Segundo os usuários, a rede de energia é monofásica, assim como a
ampliação da rede.

O transporte das famílias para a Sede do Município é feito por ônibus


coletivo às terças-feiras, quintas-feiras e sábado. Os alunos são transportados
diariamente em ônibus escolar.

O Polo possui ainda um trapiche utilizado pelos usuários para embarque


e desembarque de passageiros e para embarcações de pesca.

Quanto à coleta de lixo, esta é feita em apenas um dia na semana,


geralmente às quintas-feiras, o que é considerado insuficiente para os
moradores. O que não é recolhido é queimado ou jogado em via pública,
causando problemas ambientais.

O Polo conta com o espaço cultural denominado “Casa da Alegria” onde


são realizadas oficinas de artesanato (reciclagem) com mulheres e jovens para
atividades recreativas com as crianças e reuniões com as mães das crianças
do Programa PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil).

A sede da AUREM/C-MG (Figura 07) é um amplo espaço, localizado às


margens do rio Maracanã, onde são realizados eventos do Conselho
Deliberativo da Reserva, dos Comitês Comunitários, da Associação e outras
atividades da comunidade.

Figura 07: Sede da AUREM/C-MG

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

51
Quatro Igrejas estão localizadas no Polo: uma da religião católica (São
Pedro) e três de religiões evangélicas.

Há no Polo pequenos comércios de gêneros alimentícios, produtos de


higiene e limpeza e alguns bares. O serviço de telefonia móvel é prestado
pelas operadoras OI e TIM.

5.9. ASPECTOS AMBIENTAIS

O principal acidente hídrico do Polo é o Rio Maracanã. Compondo ainda


seus recursos hídricos outros rios e igarapés: Samboteua, Pirateua, Jacá,
Atembaua, Peri-Chapada, Chapada, Anuerá e Tanque. Conta ainda com uma
área de lagoa, com 117 ha.

A área do grande lago sofreu um incêndio de grandes proporções na


década de 80. Hoje, está em processo de recomposição da vegetação original,
em cerca de 60% de sua área (açaizais e outras espécies).

A área de manguezais do Polo é extensa, desempenhando importante


papel na manutenção dos ecossistemas existentes, além de garantir a
sustentabilidade econômica e social das famílias.

Protegidas por lei no Brasil, essas áreas são grandes berçários naturais,
para as espécies típicas desses ambientes, como também para aves, peixes,
moluscos e crustáceos, que vivem nesses locais e encontram condições ideais
para reprodução, eclosão, criadouro e abrigo, “quer tenham valor ecológico ou
econômico. Os mangues, portanto, formam a base da cadeia alimentar
marinha” (FREIRE, 2014).

A captura de caranguejo é feita em 25 “pontos de mangue”, como são


chamados pelos usuários os locais de captura. O quadro a seguir lista esses
“pontos”, conforme denominação local.

Quadro 09: “Pontos de mangue” para captura de caranguejo do Polo


Pedrinhas
Nº NOME Nº NOME
01 Argentina 14 Porto da Viuva
02 Buiuçu 15 Porto do Caíto
03 Buraco da Velha 16 Porto do Padre
04 Capanema 17 Porto Velho
05 Curupirão 18 Quaruba
06 Enseada 19 Remanso
07 Enseadinha 20 Reoito

52
08 Itarana 21 Sucenal
09 Mangueira 22 Sucurijuquara
10 Mangalzinho 23 Porto do Tangará
11 Porto Alto 24 Boca larga
12 Marimiteua 25 Chato
13 Porto do Maneledo
Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

Mangalzinho e Reoito são os “pontos de mangues” mais próximos,


considerados pelos usuários como locais de aprendizado para os mais jovens e
menos experientes na atividade da captura do caranguejo. Ficam localizados
há cerca de 15 minutos da Vila de Pedrinhas. O manguezal mais distante é o
denominado “Enseadinha,” localizado a mais de 3km em relação à Vila de
Pedrinhas.

Além desses, existem mais de dez “pontos” localizados na Resex


Maracanã, município de Maracanã que também são utilizados pelos usuários
do Polo Pedrinhas. Da mesma forma, os usuários da Resex Maracanã utilizam
as áreas de manguezais da RESEX Chocoaré.

A captura do caranguejo (e a atividade de pesca) além dos limites da


RESEX Chocoaré e da RESEX Maracanã costuma gerar desentendimentos e
acusações recíprocas dos usuários das duas Reservas com relação ao
descumprimento da legislação ambiental. A maior área (ou “ponto”) de captura
de caranguejo, afirmam estar na RESEX Chocoaré.

Os locais são classificados, segundo os usuários, pelo grau de


dificuldade na captura do caranguejo em: “mangue duro” (captura mais difícil) e
“mangue mole” (captura mais fácil).

Quanto às principais espécies florestais da área de manguezais, os


usuários citaram as seguintes espécies:

Quadro 10: Espécies florestais encontradas nos manguezais do Polo

ESPECÍES NOME CIENTIFICO

Amapazeiro Hancornia amapa


Andiroba Carapa guianensis
Corticeira ou Sapupema Pterocarpus amazonicus
Louro Vermelho Ocotea rubra
Mangueiro Branco ou Tinteiro Laguncularia racemosa
Mangueiro Vermelho Rhizophora mangle
Marapixuna ou Pau Ferro Caesalpinia leiostachya

53
Mangue preto ou Siriúba Avicennia germinans
Tatajuba Bagassa guianensis
Ucuuba Virola surinamensis
Pequiá Caryocar villosum
Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.
Alguns usuários afirmam que atualmente as pessoas estão mais
conscientes da importância da preservação dos manguezais e de suas
espécies animais e vegetais, tendo maior cuidado no manejo. Como exemplo,
cita-se o corte da raiz da Sapupema, que só deve ser feito quando a mesma
possuir mais de quatro raízes “maduras”, pois cortando uma, a árvore se
“regenera”.

Espécies consideradas “raras”, mas ainda existentes no Polo, foram


citadas: a Andiroba, Tatajuba e Louro Vermelho. Essas duas últimas espécies
são utilizadas para a confecção de canoas, e atualmente são adquiridas em
outras localidades, por não serem mais facilmente encontradas. A espécie
Pequiá foi “extinta” e a espécie Ucuuba está quase em “extinção”. A espécie
Marapixuna, utilizada para a construção de casas, e o Amapazeiro ainda fazem
parte das espécies florestais do Polo.

O açaizeiro (Euterpe oleracea) é uma espécie vegetal nativa, ainda


abundante no Polo. O local mencionado de maior concentração da espécie é
denominado “Quebrada”. De acordo com os usuários, mesmo com orientação
para coleta seletiva na época apropriada, ainda há muito descumprimento, pois
muitas coletas são feitas com os frutos ainda verdes.

O recurso hídrico mais importante é o rio Maracanã (Figura 08) que


circunda o Polo e seus afluentes, do qual os usuários retiram o alimento
principal das famílias: o pescado. Berçário de várias espécies de peixes, os
usuários relatam as potencialidades de seus recursos, mas também as
mudanças que vem ocorrendo e a extinção de algumas espécies, devido a falta
de conscientização das pessoas. “Há vinte anos, era possível ver cardumes de
gurijuba, onde hoje é a sede da Associação e antes não existia lei para
fiscalizar” (Reginaldo Santos, pescador).

54
Figura 08: Rio Maracanã

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

São várias as espécies citadas pelos usuários, que costumam classificá-


las de acordo com o Quadro 11:

Quadro 11: Peixes encontrados no Polo


ESPECÍES ÁGUA DOCE ÁGUA SALGADA DUAS ÁGUAS
Acará X
Acari X
Aracapuri X
Arraia X
Bagre X
Carataí X
Dourada X
Gurijuba X
Jurupiranga X
Mandií X
Pacamum X
Pescada Amarela X
Pescada Branca X
Piramutaba X
Pratiqueira X
Tainha X
Traíra X
Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

A espécie Acari Cachimbo, segundo pescadores locais, é de “água


temperada” ou salobra, período em que ocorre a salinização do rio. Os
conhecimentos tradicionais dos pescadores afirmam que a chegada do inverno
é anunciada quando a espécie Carataí está “ovada”.

55
Sobre a diminuição da quantidade de peixes da “água doce” mencionada
pelos usuários como consequência de danos ambientais, afirmam que há uma
década, mesmo com a utilização de métodos de captura proibidos como o
Cunambi e o Timbó (espécies vegetais tóxicas utilizadas para captura de
peixes), os peixes não desapareciam, como por exemplo, a Traíra, Aracapuri,
Acará e Jacundá. Uma espécie considerada rara, devido a pesca ocorrer em
lugares muito distantes, é a Pescada Amarela.

Sobre a questão do cumprimento da legislação para utilização do rio, há


pescadores que ainda utilizam as malhas de nº 35 a 40, que são proibidas.
Afirmam que só utilizam o “espinhel” (apetrecho pesqueiro), mas que pessoas
do Município de Maracanã e até do Município de Vigia, “botam rede no rio”.

De acordo com a Portaria SUDEPE Nº 466 de 08 de novembro de 1972,


artigo 2º e o acordo de preservação da Pesca de 1999, ficam proibida a pesca
com embarcações que utilizam rede de arrasto e rede apoitada:

Art. 2° No exercício da pesca interior, fica proibido o uso dos


seguintes aparelhos:
a) redes de arrasto e de lance, quaisquer;
b) redes de espera com malhas inferiores a 70 mm, entre ângulos
opostos, medidas esticadas e cujo comprimento ultrapasse 1/3 (um
terço) do ambiente aquático, colocadas a menos de 200m das zonas
de confluência de rios, lagos e corredeiras a uma distância inferior a
100m uma da outra (Portaria SUDEPE Nº 466/1972).

É importante ressaltar ainda que de acordo com a Lei Nº 7.679 de 23 de


novembro de 1988, que dispõe sobre a proibição da pesca de espécies em
períodos de reprodução, em seu Art. 1º, fica proibido pescar em cursos d'água,
nos períodos em que ocorrem fenômenos migratórios para reprodução, e em
água parada ou mar territorial, nos períodos de desova, de reprodução ou de
defeso.

Dessa forma, essas artes de pesca utilizadas ao longo dos rios da


reserva, representam riscos à reprodução das espécies que utilizam os rios
como berçário para o período de desova devido à captura de indivíduos ovados
ou imaturos, a exemplo do que vem ocorrendo com a Gurijuba (Arius spp.) e a
Dourada (Brachyplatistoma spp.).

De acordo com os usuários, os diferentes apetrechos de pesca são


utilizados por alguns usuários sem nenhuma fiscalização dos órgãos

56
competentes. Em consequência disto, tem-se observado por parte dos usuários
a redução considerável dos estoques pesqueiros na reserva.

Os extrativistas informaram, que os usuários da RESEX já tiveram, em


épocas anteriores, maior autonomia nas ações fiscalizatórias delegadas pelo
ICMBio, tanto no rio como nos manguezais e que em algumas dessas ações
contaram com a presença de policiais.

Outros fatores são apontados como sérios problemas na questão


ambiental:

 O desmatamento em áreas de roçado nas cabeceiras do rio e limites dos


manguezais;
 A prática predatória de fazendeiros;
 A fiscalização deficiente;
 O aumento populacional.

O Turu é outra espécie existente nesse ambiente. As espécies florestais


que abrigam o molusco são: o Mangueiro Vermelho e o Mangueiro Branco. Na
primeira, tem a maior produção, embora o Turu seja de tamanho “miúdo”; na
segunda, ele é encontrado em maior tamanho, porém, sua constituição,
apresenta “mais terra”.

Nas árvores com as cavidades em forma de cascalho, com água em seu


interior, o molusco é retirado juntamente com a água e consumido, pois
segundo os usuários a água é também medicinal.

Ainda compondo o ecossistema, outro crustáceo existente e coletado


pelos extrativistas é o siri, no período de janeiro até abril.

Várias espécies compõem a fauna do Polo, onde ainda a prática da caça


é frequente, mesmo sendo proibida. Os animais citados pelos usuários foram
as seguintes: caititu, capivara, cotia, jabuti, paca, veado (raro) e tatu.

Ainda sobre a questão ambiental, informou o senhor Oscar Furtado,


presidente da AUREM/C-MG, existir ainda certa resistência para a conservação
e preservação do rio, manguezais e florestas, embora os usuários conheçam o
Plano de Utilização da Reserva, o Acordo de Pesca e demais documentos.

57
5.10. ATIVIDADES ECONÔMICAS

O extrativismo marinho e vegetal e a produção de culturas de


subsistência constituem os Sistemas Produtivos de Produção e Extração do
Polo Pedrinhas. O sistema de produção extrativista, que representa 51,51%, é
formado pela captura de caranguejo, siri, turu, camarão, pesca artesanal,
coleta de frutas nativas e caça.

Gráfico 20: Tipos de Sistemas Produtivos

Produção
48,49%
Extração
51,51%

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

No sistema de extração, a captura de caranguejo, é a que mais se


destaca. Realizada de 4 a 5 dias na semana, a quantidade mínima capturada
varia entre 35 a 40 unidades/pessoa e a maior quantidade varia de 150 a 180
unidades, dependendo do tempo de permanência no manguezal, que gira em
torno de seis horas. Mensalmente, essa produção varia, aproximadamente, de
600 à 1.200 unidades/pessoa.

Uma parte da produção de caranguejo se destina ao beneficiamento ou


“catação”, atividade feita pelas mulheres com a participação dos filhos ou, em
muitos casos, apenas pelas mulheres. Depois de “catado”, o produto é
separado e embalado de duas formas para a comercialização: “massa” e
“patas”.

Segundo informações dos extrativistas, para produzir 1 kg de “massa”,


são necessários de 18 a 20 unidades de caranguejos “grandes” ou mais de 20,

58
se forem pequenos. Os locais e os equipamentos utilizados no beneficiamento,
não são apropriados, considerando as normas vigentes de manipulação de
alimentos.

A pesca artesanal é a segunda atividade mais importante no sistema


extrativista. A produção estimada por pescaria, dependendo da época, varia de
5 a 10 kg, ou até mais. Os peixes costumam ser selecionados por tamanho
para consumo e venda, mas isso não chega a ser regra.

A coleta de frutas é outra atividade extrativista importante. Das frutas


coletadas o açaí é o complemento alimentar principal das famílias. Em época
de safra, costuma-se coletar de três a quatro latas/semana. Outras frutas
consideradas de importância são a bacaba e o cupuaçu.

Chamados de produtos da “mariscagem”, o siri, o turu e o camarão,


também são componentes desse sistema. Nessa atividade, mulheres também
participam, existindo no Polo oito marisqueiras. No período de janeiro à abril, o
número de unidades de siri coletado varia de 20 até 50 por dia de coleta. A
atividade de caça, embora proibida, completa o sistema produtivo extrativista.

O outro sistema produtivo é formado pelas produções agropecuárias,


com destaque para o cultivo de culturas alimentares (mandioca, feijão, milho e
arroz), produção de hortaliças em pequena escala, criação de pequenos
animais e cultivo de frutas para produção de polpas. Representa esse sistema
48,49% da produção.

Nesse sistema de produção, o principal objetivo é a garantia de


sobrevivência da família, ou seja, ela visa suprir suas necessidades
alimentares, ocorrendo, no entanto, a venda do excedente. É geralmente
praticada em pequenas extensões de área com pouco recurso tecnológico. No
preparo das áreas destinadas a agricultura, a principal técnica utilizada ainda é
baseada nas operações de broca, derruba, queima e coivara, havendo,
contudo, a possibilidade do uso da mecanização agrícola. Neste caso, o preço
cobrado pela hora do trator é de R$ 80,00 (oitenta reais) quando é feito através
do STTR e R$ 120,00 (cento e vinte reais) quando é feito pela Prefeitura. A
mandioca é o produto mais importante desse sistema.

59
As variedades de mandioca citadas como mais cultivadas pelas famílias
são: “Torrãozinho” ou “Chico Vara”, “Muruti”, “Maranhense”, “Pecuí”,
“Mamaluca Amarela”, “Manteiguinha” e a “Giganta”.

A variedade “Chico Vara” produz aproximadamente 25 sacos por tarefa


em área de capoeirão ou mecanizada e é a variedade que produz mais rápido,
com ciclo de seis a oito meses. Considerada a mais “resistente”, a variedade
“Maranhense” necessita ter o cuidado de ser colhida até um ano, pois depois
desse período ela fica amarga. Já a variedade “Giganta”, apresenta melhor
rendimento sendo colhida após um ano. Em solos mais férteis, ela produz até
25 sacos por tarefa.

Dentre as pragas e doenças que atacam a mandioca, os entrevistados


destacaram à podridão2, ocorrente principalmente em áreas de baixada.

Existem dez locais de beneficiamento da mandioca no Polo (produção


de farinha e outros subprodutos), que ficam: quatro na Vila de Pedrinhas, três
na comunidade Cearense e três na comunidade Pirateua. Os locais de
beneficiamento da Vila de Pedrinhas não utilizam prensa, somente nas demais.
É comum entre os usuários, a prática de colocar a mandioca de molho nos
igarapés e a utilização do tipiti e da peneira. Conforme as informações
levantadas junto aos usuários, as condições de produção e beneficiamento, a
falta de insumos e equipamentos e assistência técnica deficiente, são
apontadas como alguns dos fatores “responsáveis” para a produção de farinha
de baixa qualidade.

Ainda se tratando de sistema de produção, a criação de pequenos


animais e o cultivo de hortaliças e frutas complementam as atividades das
famílias extrativistas, porém em menor escala.

A Figura 09 representa o calendário sazonal construído na oficina de


diagnóstico, que mostra as principais produções agrícolas e extrativistas em
cada mês do ano, permitindo aos agricultores e extrativistas a organização de
suas atividades.

2
Doença radicular da mandioca causada por uma diversidade de fitopatógenos, principalmente,
fungos dos gêneros Phytophora sp. e Fusarium sp. É mais acentuada em plantios implantados
em áreas sujeitas a encharcamento do solo.

60
Figura 09: Calendário Sazonal do Polo Pedrinhas

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014

No que diz respeito a comercialização dos produtos, 100% é realizada


em mercado privado. Os mercados principais são: Salinópolis, Distrito de Santa
Luzia (Município de São João de Pirabas), Capanema e, em menor escala,
Belém. Nenhum extrativista ou grupo, formal ou informal, comercializa nos
mercados institucionais (Gráfico 21).

Gráfico 21: Destino da produção

PAA 0,00%

PNAE 0,00%

Mercado Privado 100,00%

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

61
5.11. CARACTERIZAÇÃO DE RENDA

Os principais produtos do extrativismo que compõem a renda dos


beneficiários são: caranguejo, peixe, frutas e mariscos. Os caranguejos
representam 26,1% (Gráfico 22) e são comercializados “vivos”, em “cambadas”
(amarrados com barbantes), ou em sacas de plástico, no Polo, ao preço de R$
0,60 a unidade, para atravessadores ou “marreteiros” do Polo, ou de outros
locais. Quando a venda é realizada fora do Polo, o preço varia de R$ 1,00 a R$
1,20 a unidade. Outra forma de comercialização do caranguejo é a extração da
massa do caranguejo, que é comercializada entre R$ 15,00 e R$ 20,00 o kg.

A produção de pescado representa 20,05% da atividade extrativista do


Polo (Gráfico 22). A comercialização é feita em pequena escala, no Polo e de
forma direta, não havendo atravessador. As espécies de maior valor para a
comercialização são: a Gurijuba, Piramutaba, Dourada e Bragalhão. Essas
espécies costumam ser comercializadas a preços que variam de R$ 10,00 a R$
12,00 o kg. Entre as espécies de menor valor comercial estão a Arraia, cujo
preço é de R$ 5,00 e o Acari de R$ 3,00 o kg.

As frutas (Gráfico 22) representam o terceiro produto extrativista na


composição da renda (3,3%), destacando-se o açaí, bacaba, bacuri e muruci,
estes últimos são comercializados em forma de polpa, a preços que variam de
R$ 8,00 a R$ 10,00 o kg.

A unidade do siri é vendida a R$1,00, e representa 0,82% da


composição da renda (Gráfico 22).

O turu é produto bastante procurado, com “venda certa”, até por


encomenda. É colhido o ano inteiro, chegando o preço do litro a R$ 10,00.
Suas propriedades medicinais são mencionadas pelos extrativistas.

A extração de camarão e a caça de animais silvestres complementam a


renda das atividades extrativistas, com menores percentuais, 0,55 % e 0,27%
respectivamente (Gráfico 22).

62
Gráfico 22: Produtos extrativistas que compõem a renda familiar

26,10%
Caranguejo

20,05%
Pescado

3,30%
Frutas

0,82%
Siri

0,55%
Camarão

0,27%
Guarimã

0,27%
Caça

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

Principal produto não extrativista, a mandioca é cultivada por todas as


famílias que praticam a agricultura, e representa 34,62% na somatória da
renda. É comercializada no Polo ou em pontos comerciais da Sede do
Município. Cultivada em pequenas áreas de terra que variam de 0,3 a 0,9
hectares, juntamente com o milho (7,69%) e o feijão (2,75%). Ocorre ainda a
produção de arroz solteiro com 0,27%. (Gráfico 23).

As hortaliças são cultivadas por poucas famílias e comercializadas no


local ao preço de R$ 1,00 cada maço. Isso representa 1,1% da composição da
renda. A produção de frutas também é pequena, destacando-se a produção de
banana e abacaxi, o que representa 1,1%.Outra fruta de destaque é a melancia
que representa 0,27% da renda.

Quanto à pecuária, a aplicação dos formulários mostrou que é composta


pela criação de galinhas caipiras (0,27%). No entanto, de acordo com outros
moradores do Polo ainda existe a criação de porcos, criados por poucas
famílias e que costumam ser comercializados vivos, com o peso em torno de
70 kg, ao preço de R$ 360,00.

63
Gráfico 23: Produtos agropecuários que compõe a renda familiar

Mandioca 34,62%

Milho 7,69%

Feijão 2,75%

Hortaliças 1,10%

Frutas 1,10%

Arroz 0,27%

Galinha 0,27%

Melancia 0,27%

Fonte: EMATER-PARÁ, 2014.

5.12. ASPECTOS CULTURAIS

As florestas, os rios, igarapés, manguezais são elementos importantes


para as populações tradicionais, que têm suas práticas e se reproduzem
socialmente nesses ambientes. No modo de vida dessas populações, a
simbologia não é desassociada de outras dimensões do cotidiano.

O curupira, habitante das áreas de manguezais do Polo Pedrinhas, é


uma das representações simbólicas, que, de acordo com os relatos, ao ser
importunado em seu habitat, pode “mundiar” (desnortear) aquele(a) que lhe tira
o sossego. Costuma “bater” no pé da Sapupema (árvore de raiz enorme),
quando os visitantes costumam passar da hora de se retirar do manguezal.
Segundo a lenda, ao ser contrariado, costuma fazer com que a pessoa perca o
caminho de volta para casa.

Quanto às festividades do Polo, ocorrem a partir do mês de maio com a


Festa das Mães. No mês de junho, a Festividade de São Pedro envolve as
famílias católicas, realizando novenas, leilões e missas. Em julho, ocorre a
Festa do Clube Esportivo São Pedro. Já no mês de agosto, acontece a Festa
dos Pais. Em dezembro, a Festa do Carimbó, que inclui a participação de
vários grupos culturais. A Festa de Natal completa o calendário anual das
festividades, com a confraternização entre as famílias das comunidades.

64
65
PARTE III

66
6. PLANO PARTICIPATIVO DO POLO PEDRINHAS

A elaboração do Plano Participativo foi norteada pelas demandas


identificadas nos formulários e nas Oficinas de Diagnóstico e de Planejamento
Participativo que foram realizados junto às famílias extrativistas durante o ano
de 2014. Sobre o Enfoque Participativo, Cordioli (2008) diz que esse conceito
“vai além de trabalhar participativamente, passando a ser uma filosofia de
trabalho que permeia toda a dinâmica organizacional”. Essa dinâmica envolve
um conjunto de fatores que são:

A valorização do elemento humano como instrumento de trabalho,


sua capacidade de criar soluções para os desafios; mudança de
atitudes e de posturas frente às equipes e grupos de trabalho,
tornando virtuais as hierarquias, mas ao mesmo tempo, fortalecendo
as responsabilidades; concepção de somar, de buscar sinergia,
substituindo a do fracionamento e da competição; acreditar que os
outros também são capazes de gerir desafios, desenvolvendo a
confiança e o espírito de equipe. (CORDIOLI, 2008).
Com base nesse enfoque, a postura adotada pela equipe técnica passou
a ser de facilitadores e moderadores do processo, orientando as famílias
extrativistas sobre a aplicação das ferramentas participativas, permitindo a
estes um papel mais ativo na comunidade diante da realidade. Partindo desse
princípio, as famílias extrativistas passaram a desempenhar ações mais
participativas, o que serviu de subsídios para a elaboração deste Plano, pois
todas as informações coletadas foram baseadas nas demandas, fragilidades e
potenciais oriundas da própria comunidade.

Quanto aos métodos, ferramentas e técnicas adotadas para a


elaboração do Plano Participativo, a equipe técnica optou pela utilização da
ferramenta “Árvore de Problemas” que serve tanto para analisar a relação
causa-efeito de um determinado problema apontado pela comunidade,
identificando as possíveis soluções para o problema levantado como, também,
para fazer o planejamento do polo.

Assim, o plano foi desenvolvido considerando o diagnóstico como ponto


de partida e os objetivos como ponto de chegada. Nesse contexto, as famílias
identificaram os problemas existentes na localidade apontando as causas e os
seus efeitos e priorizaram aqueles problemas que consideram mais relevantes,
e por fim, propuseram soluções para os problemas detectados, contribuindo
para a elaboração de um Plano de Ação, cujo objetivo foi definir ações de

67
curto, médio e longo prazo voltado para a mitigação das fraquezas e ameaças
e, principalmente, a otimização das fortalezas e oportunidades observadas pela
comunidade, em todos os processos que envolvem a RESEX.

Deste modo, as informações elencadas como prioridades pelos


beneficiários levaram aos quatro eixos principais, que tem como objetivos:

 Fortalecer o processo de Organização Social das comunidades a partir


das associações, dando subsídio ao melhor gerenciamento dos
empreendimentos coletivos e/ou individuais nas comunidades;
 Fortalecer as Atividades Produtivas prioritárias, com vistas á segurança
alimentar, bem como apresentar alternativas de diversificação da
produção, e melhor gerenciamento da atividade extrativista;
 Fortalecer as atividades de Comercialização, identificando e viabilizando
mercados potenciais, com vistas a agregar valor aos produtos bem como
garantir o desenvolvimento dos empreendimentos coletivos e/ou
individuais.
 Fortalecer as ações de cunho Ambiental trabalhando a conscientização
dos usuários e garantir o desenvolvimento sustentável das
comunidades.

Desta forma, a construção deste Plano, elaborado de forma participativa,


visa mostrar de forma abrangente a partir do interesse dos (as) beneficiários
(as) os aspectos socioeconômicos e ambientais da Reserva, evidenciando
possíveis potencialidades, bem como, suas fragilidades, podendo direcionar os
recursos a serem investidos e assim proporcionar, de fato, o desenvolvimento
sustentável.

Além disso, o Plano procura compreender e abordar os fatores de


produção, coleta e/ou extração relacionados a um Arranjo Produtivo Local
(APL) da Resex: caranguejo, açaí, pesca artesanal, artesanato, mandioca, etc.;
e a sua exploração racional, econômica, ambiental e sustentável, dentro das
regras estabelecidas pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação
(SNUC) para o uso dessa Unidade de Conservação (UC). Para isso, é
importante que os fatores humanos, sociais, políticos e econômicos possam
interagir, a fim de discutir possibilidades para manter o agricultor familiar em

68
sua localidade ou seja, obtendo da natureza seu sustento e da sua família mas
de forma consciente e sustentável preservando e conservando o meio
ambiente para as futuras gerações.

Este planejamento é norteado pela integração das atividades


organizacionais, produtivas, comerciais e ambientais, com ações que garantam
a melhoria do meio ambiente, sendo este entendido como produto da interação
entre os recursos naturais e as ações do homem que visam garantir o bem
estar socioeconômico da população local.
6.1. PLANO DE AÇÃO EM ORGANIZAÇÃO SOCIAL

Denominadas como áreas de uso sustentável e de domínio público, as


Reservas Extrativistas são geridas por um Conselho Gestor, formado pelo
poder público com a participação dos usuários e vários outros segmentos da
sociedade civil. A Lei 9.985 de 2008 que cria o Sistema Nacional de Unidades
de Conservação (SNUC) define a forma compartilhada de gestão das
Reservas:
A Reserva Extrativista será gerida por um Conselho Deliberativo,
presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído
por representantes de órgãos públicos, de organizações da
sociedade civil e as populações tradicionais residentes na área,
conforme se dispuser em regulamento no ato de criação da Unidade
(§ 4º Art. 18, Lei 9.985 de 2008).

A recenticidade da regulamentação das Unidades de Conservação


trouxe significativo avanço nos espaços de participação conquistados por
diversos segmentos sociais a partir da década de 80, e intensificados no final
da década seguinte, entre eles, a gestão compartilhada dos bens de uso
público. Sobre isso, é possível perceber:

De fato, os conselhos gestores foram a grande novidade nas políticas


públicas ao longo dos anos. Com caráter institucional, eles têm o
papel de instrumento mediador na relação sociedade/Estado e estão
inscritos na Constituição de 1988, e em outras leis do país, na
finalidade de instrumentos de expressão, representação e
participação da população (GOHN, 2001, p. 83).

Novos canais de participação, novas relações se estabelecem entre o


poder público e a sociedade civil, engendrando assim novas práticas
participativas entre os sujeitos. Para as populações tradicionais ocupantes
desses territórios trata-se de um novo desafio, compartilhar a gestão de seus

69
locais de vivencia, com outros segmentos sociais, a partir de instrumentos
normativos. Dessa forma, as entidades representativas das populações
ocupantes desses territórios, precisam estar habilitadas e fortalecidas o
suficiente para assumir novos papéis em diferentes espaços decisórios.

Nas Reservas Extrativistas, a associação de usuários também


denominada associação-mãe, e é a entidade co-gestora da Resex. Todas as
áreas de abrangência da Reserva estão nela representadas, através dos
comitês comunitários. Outras representações historicamente mais antigas
estão presentes nesses territórios como Colônia de Pescadores, Sindicato de
Trabalhadores Rurais, Grupos de Mulheres e outras.

Na Resex Chocoaré-Mato Grosso, a AUREM (Associação dos Usuários


da Resex Marinha) é a entidade que, entre outras atribuições de gestão da
Reserva, faz a mediação entre os interesses dos usuários nas suas
reivindicações e os demais agentes institucionais, e no acesso às políticas
públicas, tais como, de habitação, crédito, assistência técnica, fomento, e as
políticas de acesso a mercados e as de benefícios sociais.

Nesse aspecto, as mulheres da Reserva embora não estejam


formalmente constituídas, fazem parte da Associação e tiveram uma grande
contribuição no processo de discussão e reconhecimento da Resex. No
entanto, a relação de equidade de gênero nos espaços decisórios participativos
ainda é desigual.

Outro aspecto são as ações no sentido de contribuir para a melhoria do


nível de participação dos grupos sociais que necessitam de incentivos, o que
requer processos de formação continuada e o domínio de novas tecnologias de
informação.

Dessa forma, o referido Plano tem como objetivo incluir a comunidade


na participação social das entidades existentes, onde cada usuário saberá com
clareza sua participação e importância dentro da sua organização. Assim a
implantação desse Plano visa esclarecer, informar e fortalecer a comunidade,
oportunizando que a mesma cumpra seu papel social através de estratégias
propostas pelos projetos de assistência técnica e extensão rural proporcionado

70
pela EMATER-PARÁ, que são importantes instrumentos no fortalecimento do
Polo.

6.1.1. Projeto Fortalecimento da Associação dos Usuários da Reserva


Extrativista Marinha Chocoaré-Mato Grosso (AUREM/C-MG)

Justificativa

A trajetória dos movimentos sociais das populações extrativistas no


cenário brasileiro ganhou maior significado com a criação das Unidades de
Conservação, em várias partes do território. Ocupados por populações
tradicionais o uso e o manejo de seus recursos naturais que garantem sua
sobrevivência nesses espaços, historicamente, eram baseados na tradição e
nos costumes dessas populações.

Com a regulamentação das Unidades de Conservação, e dentre elas as


Reservas Extrativistas, a forma de ocupação e a gestão desses espaços,
passam a ser compartilhadas e orientadas por normas jurídicas, que conferem
papéis e responsabilidades a seus ocupantes, e ainda por um Conselho
composto por vários agentes. Neste, são representados por uma Associação
de Usuários da Reserva, denominada co-gestora e criada para essa finalidade.

As mudanças nas relações e na forma de ocupação nesses territórios


trouxeram, assim, novos significados, novas práticas participativas, na medida
em que seus atores passaram a desempenhar novas competências, e seus
interesses, representados por uma entidade jurídica.

A Associação dos Usuários da Resex Chocoaré-Mato Grosso, fundada


em 2003, um ano após a criação da Resex, é a entidade que representa os
usuários no Conselho. É composta pela Diretoria, Secretarias, Tesouraria, e
representantes dos comitês das comunidades dos cinco Polos, que compõem a
Reserva. Também participam do Conselho Deliberativo de acordo com a
Portaria ICMBio nº 42 de 03/04/2014.

A Associação possui em seu quadro de associados mais de mil


registros, porém, participando de forma mais efetiva são em torno de
oitocentos. No entanto, o nível de participação não é satisfatório atualmente, o
que acaba contribuindo negativamente nas discussões e tomadas de decisão,

71
bem como na baixa arrecadação do valor da taxa de mensalidade, criando
dificuldades para despesas administrativas da Associação.

Dentre suas atribuições, a Associação acompanha atualmente a


execução deste contrato entre INCRA e EMATER-PARÁ (Chamada Pública nº
01/2013), e tem procurado encaminhar o acesso aos seguintes programas:
PNHR (continuidade); Programa Bolsa Verde (continuidade); Programa de
Ensino Técnico, Formação e Emprego; Educação e Capacitação de Jovens e
Adultos - PRONERA; apoia a Colônia de Pescadores no atendimento ao
Programa de Cesta Básica da CONAB - Ministério da Pesca.

Outras funções que são pertinentes a associação são de acompanhar


algumas questões como, a regularização fundiária; discutir a recente legislação
sobre o transporte do caranguejo e o período da troca da carapaça, em que
não é permitida a captura e os usuários ficam sem rendimento; discutir
alternativas de atividades produtivas para diminuir a pressão nos manguezais.
E ainda, administrar conflitos causados pelo uso indevido e manejo inadequado
dos recursos naturais da Reserva. Sendo que o Plano de Manejo está na pauta
das próximas discussões.

A complexidade de atribuições e o compartilhamento de


responsabilidades na gestão da Reserva pressupõe claro entendimento da
importância da entidade enquanto co-gestora, assim como, dos instrumentos
normativos orientadores da gestão. Porém, a deficiência na compreensão
desse processo influencia negativamente no desempenho da organização.

Por isso, ações que facilitem a compreensão pelos usuários, enquanto


sujeitos ativos nos processos de gestão, e promovam melhorias na atuação de
seus representantes, resultarão na melhor qualidade da participação e no
fortalecimento da entidade.

Objetivo Geral

Contribuir para o fortalecimento da Associação dos Usuários da Resex-


AUREM nos processos participativos e de gestão da Unidade e de seus
empreendimentos.

72
Objetivos Específicos

 Aperfeiçoar as capacidades de gestão dos dirigentes e representantes


de comitês comunitários;
 Contribuir para melhor compreensão de gestão compartilhada e dos
instrumentos normativos orientadores;
 Promover o associativismo entre os associados visando a
implementação de seus empreendimentos;
 Compartilhar experiências entre Reservas Extrativistas da região.

Ações Estratégicas

Resgatar coletivamente a importância dos extrativistas no processo de


discussão e consolidação da Reserva Chocoaré-Mato Grosso, servirá como
motivação para qualificar a participação na gestão da mesma, assim como
reconhecer seus avanços e dificuldades na trajetória em mais de uma década.

Também, nesse momento, visualizar novas demandas do atual contexto


e a importância do fortalecimento da associação para o enfrentamento de
novos desafios. Evidenciar também duas questões importantes: a permanência
do diálogo e de parcerias com outras representações como a Colônia de
Pescadores, Sindicato dos Trabalhadores Rurais e outras representações
locais, com os agentes institucionais e com moradores não beneficiários da
Reserva.

Em momento posterior, deve-se buscar a compreensão do processo de


gestão compartilhada, seus conceitos e os instrumentos jurídicos norteadores
da gestão, bem como o papel dos sujeitos no processo. Isso permitirá a
ampliação do conhecimento dos usuários, e assim uma participação mais
qualificada nos espaços decisórios.

Trocar saberes e experiências é importante nos processos participativos,


o que será previsto como etapa seguinte, com a Reserva Extrativista em
município vizinho. O associativismo também será estimulado visando o
planejamento e a gestão dos empreendimentos coletivos da associação.

73
Metas

 Realizar 01 Seminário para resgatar a memória do processo de criação


e consolidação da Resex, assim como, contextualizar os novos desafios;
 Realizar 05 Oficinas para dirigentes e representantes de comitês, sobre
gestão compartilhada e instrumentos normativos de gestão, nos cinco
Polos que compõem a Reserva;
 Confeccionar 3.000 cartilhas para disseminar, de forma clara e
compreensível, informações sobre os principais instrumentos normativos
de gestão como Plano de Utilização, Composição do Conselho
Deliberativo e outros de maior relevância;
 Realizar 01 Intercâmbio para troca de experiências com a Resex
Marinha do município de Maracanã;
 Promover 01 Curso sobre associativismo para associados da AUREM,
com foco em empreendedorismo.

Cronograma de Execução

MESES
Etapa

Descrição
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
1
2
3
4
5
6
7
8
9

1 Seminário X
2 Oficinas X X X X X
Confecção de
3
Cartilhas X
4 Intercâmbio X
5 Curso X

6.1.2. Projeto Fortalecimento da Participação das Mulheres na (AUREM/C-


MG)

Justificativa

A década de 80, período de redemocratização do país, houve intensa


participação dos movimentos sociais do campo, dos quais as mulheres
participaram ativamente. Organizadas formalmente ou no interior dos
movimentos mistos, a participação de mulheres extrativistas buscava,
inicialmente, o reconhecimento e a defesa de seus territórios, assim como a
preservação de seus modos de vida.

74
No decorrer da década seguinte ganharam maior visibilidade vários
movimentos sociais de mulheres, como o Conselho Nacional das
Mulheres Indígenas, O Movimento de Mulheres Pescadoras, a
Secretaria da Mulher Trabalhadora Rural Extrativista (do Conselho
Nacional dos Seringueiros), a organização das Mulheres
Quilombolas. Entre esses movimentos, um que é mais antigo e
ganhou visibilidade nacional é o Movimento das Quebradeiras de
Coco Babaçu, que atualmente conta com uma organização
interestadual e desenvolve inúmeras atividades que vão da luta pela
terra e pela garantia de acesso aos recursos naturais, à
agroindustrialização e comercialização de produtos a partir do
babaçu (CINTRÃO; HEREDIA, 2006).
Formulação e implementação de políticas públicas com enfoque de
gênero, direitos sociais e previdenciários, acesso a mercados, documentação,
crédito e outras conquistas, foram resultados dessa caminhada durante essas
décadas, destacando-se o Movimento das Quebradeiras de Coco Babaçu, cuja
participação foi importante para a criação de reservas extrativistas
regulamentadas hoje no país.

No ano de 2000, com a realização da primeira mobilização nacional


denominada “Marcha das Margaridas”, importantes negociações com o
governo federal passaram a ser feitas, resultando em políticas públicas para as
mulheres do campo (agricultoras, extrativistas, quilombolas, ribeirinhas e
indígenas).

Refletir sobre a trajetória dos movimentos de mulheres extrativistas, e


entender que os mesmos surgiram a partir de inquietações locais e se
fortaleceram, à medida que, foram ampliando seus espaços de participação, é
importante quando pensamos em fomentar ações que favoreçam maior
participação das mulheres nos espaços decisórios, assim como o
reconhecimento de suas identidades e autonomia econômica e social.

Os movimentos sociais compostos e liderados por mulheres


extrativistas emergiram também na busca desse reconhecimento
associado ao direito à diferença, quer seja na forma de gestão do
recurso natural, quer seja no modo de viver as relações de gênero
(PORRO; MOTA; SCHMITZ, 2002).
Dada a recenticidade da criação das Reservas no território brasileiro, o
enfoque de gênero na gestão, tem sido objeto de estudos e pesquisas. Nas
Reservas Extrativistas Marinhas da Amazônia, os estudiosos apontam algumas
questões importantes que limitam essa participação como “dificuldade de
mobilização e organização das mulheres; poucas alterações nos lugares de

75
gênero; pequena incorporação da questão por parte dos gestores e lideranças,
em sua maioria, masculinas.” (MANESCHY; SIQUEIRA, 2012).

Reunidos em Encontro em Belém (PA), representantes de Reservas


Extrativistas Marinhas e Florestais, ao construírem propostas para a
sustentabilidade ambiental e social das Reservas, relacionaram, entre outras
questões importantes, “o fortalecimento do associativismo; qualificação para a
gestão; maior envolvimento das mulheres; fortalecimento da Secretaria da
mulher na Associação e organização dos comitês comunitários.” (Pauta de
Reivindicações da População Extrativista, 2008).

Reconhecer a importância da abordagem de gênero na gestão das


Reservas, assim como o fortalecimento das organizações existentes fizeram
parte das propostas encaminhadas nesse encontro, do qual a AUREM esteve
representada e ajudou a construir.

A Associação dos Usuários da Resex Chocoaré-Mato Grosso (AUREM)


co-gestora da Reserva, possui apenas 25% da participação feminina em
cargos da administração da entidade. Como associadas, as mulheres
participam das assembleias e reuniões na sede da Associação e nas reuniões
de comitês. Nestas, o representante repassa as informações da pauta para as
comunidades, e registra os resultados das discussões.

A instalação da sede da AUREM no Polo Pedrinhas facilita a frequência


das mulheres residentes nas comunidades do Polo, às convocações, o que
pode ser um fator limitante para as mulheres residentes em outros Polos. Mas
a falta de inclusão da questão de gênero nas agendas de discussão da
entidade propicia uma participação mais restrita das mulheres.

Pensar em possibilidades que permitam maior contribuição das


mulheres nas discussões e tomadas de decisão em todas as questões
relacionadas à Reserva, é condição necessária para uma gestão com equidade
de gênero.

Da mesma forma, incentivar as iniciativas de grupos de mulheres, já


existentes, embora de forma pouco expressiva, para que possam servir de
espaços para ampliar e fortalecer a participação, além de promover o debate
de questões de gênero e cidadania. Assim como, buscar promover a

76
autonomia econômica e social, através da realização de atividades geradoras
de renda, produzidas coletivamente.

A existência de um grupo de mulheres participantes da AUREM no Polo


Pedrinhas, pode representar essa possibilidade para despertar a capacidade
mobilizadora das mulheres do Polo e das mulheres das demais comunidades,
de buscar alternativas para uma participação mais ativa nos espaços decisórios
da Associação, estabelecer parcerias, trocar experiências e fortalecer a
organização produtiva.

Objetivo Geral

Contribuir para ampliar e fortalecer a participação das mulheres na


gestão socioambiental da Resex Chocoaré.

Objetivos Específicos

 Implementar a participação representativa das mulheres nos órgãos de


gestão da Resex;
 Promover o associativismo;
 Capacitar as mulheres para melhor atuação na gestão socioambiental;
 Promover a organização produtiva das mulheres;
 Trocar experiências com mulheres extrativistas de outras Reservas.

Ações Estratégicas
Sensibilizar as comunidades sobre a importância do conhecimento e
experiência das mulheres para a sustentabilidade ambiental, econômica e
social da Reserva e de sua participação na gestão da mesma, será a ação
inicial para implementar a proposta. Momento em que será feito um breve
histórico da participação das mulheres no processo de criação da Reserva, em
todas as suas etapas, apresentando em seguida a proposta e as estratégias
para que essa participação seja mais ativa. A prática participativa de um grupo
de mulheres da comunidade Pedrinhas deverá ser enfatizada como
instrumento importante para a concretização da proposta.

O grupo de mulheres de Pedrinhas reunirá com a Diretoria da AUREM


para discutir e encaminhar ações para a criação (ou implementação) da
Secretaria da Mulher, na composição de sua diretoria, assim como conhecer os

77
procedimentos para a eleição do cargo, de acordo com o estatuto e o
regimento da entidade. Também discutir propostas de incentivo para registro
de candidaturas de mulheres, nas próximas eleições da Associação. No
calendário de reuniões dos comitês, deverá ser incluída na pauta, a
apresentação da proposta, procurando identificar possíveis representantes
para concorrer ao cargo.

Um evento de mulheres com temáticas de gênero, a importância de suas


representações nas esferas decisórias, com a participação de mulheres de
outras Reservas, será importante para mobilizar um grande número de
participantes.

Em seguida, o grupo de mulheres acompanhará o processo de eleição


para os cargos na Secretaria da Mulher da Associação, com ampla divulgação,
incluindo material impresso, de acordo com o estatuto e regimento da entidade.

Para melhor compreensão dos instrumentos normativos da entidade


(estatuto, regimento e outros), direitos, deveres, competências, atribuições e
demais informações para qualificar a participação das mulheres, será realizado
um evento com material impresso, claro e compreensível.

Incentivar e valorizar a produção coletiva das mulheres, e fundamental


para sua autonomia econômica e social. Assim, deverá ser feita uma
capacitação que enfoque a Economia Solidária, políticas públicas destinadas à
organização produtiva das mulheres, e parcerias com movimentos de mulheres
da região, como possibilidades de integração nesses movimentos.

Trocar saberes e experiências fortalece e enriquece os processos de


participação. Com essa finalidade será realizado um encontro em que mulheres
da Reserva do município vizinho, possam partilhar suas experiências e
conhecer a experiência local.

Discutir e decidir sobre o uso e o manejo dos ecossistemas, deve ser


uma ação amplamente divulgada e debatida, dada a sua importância para a
sustentabilidade econômica, ambiental e social da Reserva. A discussão nos
Polos, facilitará a participação das mulheres, considerando suas extensas
jornadas de trabalho e o deslocamento para a sede da AUREM. As discussões
deverão ser acompanhadas de material impresso, claro e compreensível.

78
Como participação é processo, é importante ser avaliada, conhecer os
avanços e dificuldades, e traçar estratégias de melhorias para as próximas
etapas. Um encontro será realizado, utilizando metodologias que possam
avaliar esses momentos e visualizar novas conquistas.

Metas

 Realizar 01 Reunião para sensibilização da comunidade sobre a


importância da proposta;
 Realizar 01 Reunião do grupo de mulheres com a diretoria da AUREM,
sobre a criação (ou implementação) da Secretaria da Mulher na
Associação;
 Realizar 05 Reuniões para mobilização e identificação de candidatas ao
cargo de Secretária da Mulher;
 Realizar 01 Seminário sobre equidade de gênero na gestão da Resex;
 Realizar 01 Oficina sobre os instrumentos normativos da Associação;
 Realizar 01 Oficina sobre Plano de Manejo da Reserva;
 Realizar 01 Curso sobre Economia Solidária, políticas públicas para a
organização produtiva, com a participação do MNEPA (Movimento das
Mulheres do Nordeste Paraense);
 Realizar 01 Encontro de Mulheres Extrativistas com a participação de
mulheres da Resex do Município de Maracanã e de outras regiões;
 Realizar 01 Encontro de Avaliação envolvendo todas as mulheres
participantes e convidadas.

Cronograma de Execução

MESES
Etapa

DESCRIÇÃO
10
11
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14
15
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17
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21
22
23
24
1
2
3
4
5
6
7
8
9

1 Reuniões X X

2 Seminário X

3 Oficinas X X

4 Curso X

5 Encontros X X

79
6.1.3. Projeto Jovens Protagonistas para o Fortalecimento da Participação
Social na Gestão Pública da Biodiversidade e na Conservação dos
Manguezais

Justificativa

O projeto é uma ação do Instituto Chico Mendes de Conservação e


Biodiversidade (ICMBio) com a cooperação do Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento (PNUD), além das Reservas Extrativistas Marinha de
Soure, São João da Ponta e Chocoaré-Mato Grosso e do Projeto Manguezais
do Brasil. Agora, tendo também como parceiro a EMATER-PARÁ.

CRIAR PARÁGRAFOS QUE FAÇAM MENÇÃO AOS CAPÍTULOS 1 E 8


DO LIVRO VERDE PERTO EDUCAÇÃO VOLUME 1 (RODRIGUES, L. S;
ANCIÃES, M. Verde Perto Educação. Ed. INPA. Manaus-AM, 2015. Vol 01.)

Foi idealizado para garantir a formação dos jovens comunitários e


promover:

 Competências para a ação cidadã voltada à conquista de seus direitos e


para o desenvolvimento de ações em benefício de suas comunidades;
 A reflexão sobre o contexto da crise ambiental e da crise civilizatória e
como isso se relaciona com os modelos de desenvolvimento, o
mercado, a relação Estado/Sociedade/Natureza, a injustiça ambiental e
os conflitos socioambientais (territoriais) especialmente nas áreas de
Manguezal;
 Maior compreensão sobre a importância da biodiversidade, da
organização comunitária, das políticas públicas, dos instrumentos da
gestão ambiental e do exercício da cidadania;
 A compreensão do papel do jovem extrativista na gestão das RESEX e
da vida comunitária (Eu-Jovem Extrativista);
 Maior organização comunitária dos atores sociais no interior e entorno
das Unidades de Conservação;
 Estímulo à renovação de lideranças nos processos comunitários e na
gestão das UCs;

80
 Estímulo à sua participação social na gestão dessas áreas, de modo a
gerar a melhoria das condições de vida das populações extrativistas e a
conservação do ecossistema manguezal;
 A valorização da sua cultura para a sua qualidade de vida e a
conservação desse ecossistema;
 A articulação entre o conhecimento tradicional e o conhecimento
científico sobre o uso e conservação do mangue.

Os manguezais são um dos ecossistemas mais produtivos do planeta.


Contribuem para a biodiversidade de relevância mundial, asseguram a
integridade ambiental da faixa costeira e são responsáveis pelo fornecimento
dos recursos e serviços ambientais que sustentam atividades econômicas. O
papel desempenhado pelos manguezais no aumento da resiliência dos
ecossistemas, comunidades e atividades econômicas costeiras às mudanças
climáticas é cada vez mais reconhecido.

Apesar de sua importância, os manguezais no Brasil são vulneráveis a


uma série de ameaças antropogênicas. Embora o Brasil tenha construído e
implementado um arcabouço bastante abrangente objetivando assegurar a
conservação dos manguezais por meio de uma abordagem de áreas
protegidas, os sistemas estão permeados de deficiências institucionais e de
capacidade que agem como barreiras à efetiva proteção desse ecossistema.
Essas deficiências se traduzem na perda de habitats de manguezais e na
diminuição na oferta de recursos dos quais muitas comunidades e setores
dependem.

Na região do Salgado Paraense, a criação de unidades de conservação,


especialmente as Reservas Extrativistas Marinha, pelo ICMBio, é umas das
estratégias de conservação de manguezais. A gestão dessas UCs tem na
legislação e na estratégia do ICMBio a participação efetiva das comunidades
em todos os seus processos. Essa participação, para ser qualificada, demanda
a atuação do poder público no sentido de ampliar a capacidade de participação
social, por meio de processos de formação e capacitação dos grupos sociais
representativos dessas comunidades, como lideranças, jovens e mulheres.
Contudo, percebe-se a fragilidade da participação social e da
organização comunitária voltada à gestão das Unidades de Conservação e ao

81
desenvolvimento humano dessas populações. Nesse contexto, a falta de
capacitação das comunidades extrativistas, a dificuldade que essas
comunidades têm em renovar as suas lideranças e, em parte, a dificuldade em
se articular politicamente em escala regional e nacional dificultam a efetividade
da participação na gestão das Unidades de Conservação (UCs).

Para o público jovem, observa-se pouco interesse e envolvimento destes


nos processos de gestão das UCs, ou mesmo dentro das comunidades, o que
é necessário para a renovação de novas lideranças. Ao mesmo tempo, os
jovens se deparam com problemas relacionados à defasagem ou inexistência
de educação formal, seja o ensino básico ou profissional, com a falta de
perspectiva de geração de renda ou de uma visão de um futuro incerto pouco
motivador para a realidade do extrativismo, onde muitas vezes não participam,
não conhecem e não decidem, ficando à margem do processo.

Experiências exitosas recentes na região de Tefé (AM), demonstraram


que os processos de capacitações de jovens podem estimular:

 Maior participação de jovens nos instrumentos de gestão das UCs;


 A formação de novas lideranças capazes de se envolverem ativamente
na solução de problemas locais, das UCs e em um contexto mais amplo,
de articulação nacional;
 A sustentabilidade do uso e manejo de recursos ambientais e o
fortalecimento da gestão das UCs.

O processo metodológico leva em consideração as realidades locais, o


contexto de gestão das Unidades de Conservação, o uso de linguagem
acessível e técnicas didáticas adaptadas às especificidades socioeconômicas e
culturais onde a juventude está inserida.

Com os grandes desafios existentes hoje para a conservação dos


manguezais, a educação ambiental se constitui em importante instrumento
para formação dos atores sociais que dependem desse ecossistema para a
reprodução de seu modo de vida e a garantia de sua qualidade de vida.
Assim, a implementação de processos de capacitação de jovens
usuários da Resex Chocoaré-Mato Grosso precisa ser ampliada. Dessa forma,
o envolvimento dos parceiros locais passa a ter fundamental importância para

82
a execução e acompanhamento dessas ações. Da mesma forma, pode
contribuir para ampliar a escala e garantir a continuidade desses processos de
capacitação e formação.

Para atender a demanda de ampliar a capacitação e formação de jovens


no contexto da Gestão Pública da Biodiversidade, e especialmente no caso da
gestão das áreas de manguezais abrangidas pela Resex, esse projeto tem por
objetivo promover o fortalecimento institucional e as parcerias locais para
implementação da formação de jovens para sua atuação qualificada, crítica,
protagonista e cidadã.

Desta forma, buscando atender os objetivos do Projeto Manguezais do


Brasil e dar continuidade aos processos de conservação deste importante
ecossistema manguezal, o ICMBio e a EMATER-PARÁ se propõem a
desenvolver um amplo processo de capacitação e formação de jovens com
foco na Gestão Púbica da Biodiversidade.

Objetivo Geral

Promover a organização comunitária e a participação social na Gestão


Pública da Biodiversidade, especialmente do ecossistema Manguezal, por meio
da formação da juventude extrativista do polo Pedrinhas, contribuindo para a
conservação da Biodiversidade, o exercício da cidadania e a melhoria das
condições de qualidade de vida das populações envolvidas.

Objetivos Específicos

 Promover o fortalecimento institucional e as parcerias locais para


implementação da formação de jovens para sua atuação qualificada,
crítica, protagônia e cidadã;
 Ampliar a escala e garantir a continuidade desses processos de
formação;
 Ampliar o número de jovens e parceiros capacitados para a execução e
acompanhamento desses processos;

83
Ações Estratégicas

Formar jovens para a sua atuação qualificada, crítica, protagonista e


cidadã nos processos de organização comunitária e de gestão da
biodiversidade do polo Pedrinhas da Reserva Extrativista Marinha Chocoaré-
Mato grosso.

A capacitação dos Jovens será iniciada com um grande processo de


mobilização comunitária, envolvendo inicialmente as lideranças locais e grupos
de jovens em suas comunidades, convidando a todos para a reunião de
apresentação do projeto.

Na etapa seguinte, os jovens comunitários serão convidados a contribuir


para a construção de proposta para sua formação, onde os elementos trazidos
pelo ICMBio e EMATER-PARÁ, que visam qualificar a participação social na
Gestão Pública da Biodiversidade por meio da educação ambiental crítica e
emancipatória, se somarão e deverão estar articuladas às demandas de
capacitação desses jovens (ex: doenças, violência, drogas, prostituição,
emprego, renda, etc).

A partir da elaboração do módulo inicial para o Polo, serão executados


mais quatro módulos de dois dias, com intervalos de até dois meses entre os
módulos.

Neste contexto, o conteúdo teórico e as atividades lúdicas em ambiente


de oficina, contribuirão para o aprendizado, a participação e protagonismo
juvenil, criando os meios necessários para a formação de novas lideranças,
que contribuirão para os processos de gestão local.

Metas

 Realizar uma Reunião local para consolidar parcerias;


 Realizar uma oficina para elaborar o plano pedagógico de quatro
módulos para o polo Pedrinhas;
 Organizar e executar conjuntamente com o gestor da Resex a execução
de quatro módulos do processo de formação de jovens extrativistas.
OBS: Cada etapa deverá ser planejada e executada presencialmente
nas comunidades do Polo, observando as particularidades sazonais de
cada uma;
84
 Após a execução dos módulos, deverá ser apresentado um relatório,
contendo uma análise crítica do processo, a avaliação das
potencialidades, os entraves do processo, as oportunidades e as
ameaças ao desenvolvimento do processo de formação de jovens nesse
Polo;
 Elaborar um relatório final, contendo a análise e avaliação de cada uma
das oficinas e recomendações para continuidade do processo de
formação.

Cronograma de Execução

MESES
Etapa

Descrição 10
11
12
13
14
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16
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24
1
2
3
4
5
6
7
8
9

1 Reunião X

2 Oficina X

3 Módulos X X X X

6.1.4. Projeto Inclusão Digital

Justificativa

No mundo atual, não ter acesso, ou acesso limitado às Tecnologias de


Informação e Comunicação – TIC é uma forma de exclusão social. Possibilitar
o acesso à comunicação virtual, assim como a apropriação de seus
instrumentos, é promover os grupos sociais à sua autonomia à ampliação de
seus direitos e à cidadania.

Nas Reservas Extrativistas de gestão compartilhada, tão importante para


os beneficiários é ter o conhecimento dos instrumentos normativos para uma
participação plena nos espaços decisórios, é ter o acesso às novas tecnologias
de informação. Não dispondo de um sistema de informações atualizado nas
novas mídias, estão assim socialmente excluídos, não interagindo virtualmente
com o país e o mundo.

Se a pretensão é buscar a transformação social e a autonomia dessa


população e de suas representações, é necessário que se promovam ações no
sentido de possibilitar esse acesso permitindo assim que passem de sujeitos

85
passivos que apenas recebem informação, para sujeitos ativos na sociedade
atual, chamada de sociedade da informação.

A implantação de um espaço digital fortalecerá, não apenas à


Associação, mas abrirá um leque de novos conhecimentos e oportunidades
aos beneficiários da Resex, permitindo-lhes o desenvolvimento de novas
habilidades para o desempenho de suas atividades produtivas e,
consequentemente, obterem melhores condições de vida. Outra possibilidade é
o acesso de jovens e adultos a programas educação à distancia (EAD), o que
contribuirá para o crescimento pessoal dos mesmos.

Objetivo Geral

Promover a inclusão social e digital através do acesso às novas


Tecnologias da Informação e Comunicação – TIC.

Objetivos Específicos

 Aprimorar os processos de gestão e dos empreendimentos da AUREM;


 Contribuir para melhoria da qualidade de vida dos beneficiários da
Resex;
 Qualificar dirigentes e representantes de comitês no uso das novas
tecnologias da informação;
 Possibilitar o estabelecimento de troca de experiências e saberes em
rede;
 Proporcionar o acesso de jovens e adultos a programas educacionais à
distancia (EAD).

Ações Estratégicas

Para a implementação das ações, inicialmente o projeto será


apresentado aos beneficiários, mostrando no momento, a importância do
mesmo para o fortalecimento da Associação e das comunidades que compõem
o Polo.

Após, os dirigentes da Associação apresentarão o projeto a possíveis


parceiros como a Fundação Banco do Brasil, Caixa Econômica, Serpro,
Universidades e outros que possuem programas de inclusão digital. Também

86
buscarão acessar políticas públicas de inclusão digital para populações
tradicionais operacionalizadas pelo MDA, ICMBio e outras.

Estabelecida a parceria, será realizado um levantamento das pessoas


interessadas em participar do projeto. A implantação do espaço digital, assim
como as capacitações previstas no projeto, ocorrerá de acordo com a proposta
de execução da entidade parceira.

Metas

 Realizar 01 Reunião comunitária para apresentação do projeto;


 Implantar 01 Espaço Digital com internet;
 Realizar 01 Curso de Alfabetização Digital para jovens e adultos;
 Realizar 02 Cursos de Informática Básica para jovens e adultos (Nível I);
 Realizar 02 Cursos de Informática (Nível II);
 Capacitar 03 Monitores para acompanhamento das atividades no
espaço.

Cronograma de Execução

MESES
Etapa

Descrição
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1
2
3
4
5
6
7
8
9

1 Reunião X

2 Cursos X X X X
Capacitação de
3 X
Monitores
Implantação de
4 X
espaço Digital

6.2. PLANO DE AÇÃO EM DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE


PRODUTIVA

As atividades produtivas do polo caracterizam-se tanto pelo extrativismo


animal e vegetal quanto pelas produções agropecuárias, essas atividades
combinam técnicas de coleta de produtos naturais do meio ambiente, de
cultivo, de beneficiamento e de criação, que buscam se adequar aos padrões
de sustentabilidade exigidos na reserva extrativista. O desenvolvimento e
ampliação dessas atividades, tais como: os manejos a que são destinadas, irão
alavancar o fortalecimento econômico do polo, além de proporcionar benefícios

87
na qualidade de vida e nas atividades produtivas agregando valor ambiental
que a reserva oferece aos beneficiários do Polo.

Entre as principais atividades encontradas no local destaca-se a


extração do caranguejo e peixe, a criação de aves caipiras, suínos e abelhas, a
produção do artesanato, as culturas alimentares (arroz, milho, feijão e
mandioca) e hortaliças.

Foi diagnosticado que no polo Pedrinhas houve uma desvalorização dos


produtos agroextrativistas por pouca infraestrutura e recursos financeiros nas
comunidades, a carência de visitas técnicas e de equipamentos necessários
para o manejo da produção, acarretando em uma desvalorização dos produtos
o que favorece o enfraquecimento socioeconômico e ambiental da reserva e a
estagnação no desenvolvimento das comunidades. Portando é evidente a
inserção da população extrativista nos padrões de extração, beneficiamento e
de produtos agroextrativista desta forma os projetos irão fortalecer a economia
local além de agregar valor socioeconômico e ambiental aos beneficiários do
polo.

Para oportunizar a continuidade de forma eficaz das atividades


extrativistas, será respeitado o plano de gestão da Reserva e as necessidades
de produção econômica do homem. Assim, esse plano através de projetos
voltados para a atividade produtiva irá orientar os beneficiários sobre os
manejos adequados de animais e vegetais, para a organização produtiva na
unidade familiar, para o beneficiamento, assim como a valorização cultural
através do artesanato, valorizando os produtos tradicionais da região e
consequentemente o fortalecimento da economia local.

6.2.1. Projeto Mangue Vivo, Caranguejo Sempre!

Justificativa

A principal atividade econômica do Polo Pedrinhas é a extração de


caranguejo que é realizada pela maioria das famílias, ressaltando que uma
parte é destinada a comercialização in natura e outra ao beneficiamento ou
“catação” como é denominada essa atividade. Nessa prática, de acordo com as
informações levantadas no diagnóstico, a comunidade de Pedrinhas, se

88
destaca na extração da massa de caranguejo, com registros de
aproximadamente de 600 a 700 quilos por semana.

No entanto no processo de manipulação (massa e pata) existem


problemáticas de natureza higiênicas sanitárias, por ser realizada em
condições precárias, ocasionando sérios riscos à saúde, pois a carne do
caranguejo é perecível e altamente propícia a proliferação de microrganismos,
não havendo fiscalização efetiva pelos órgãos Estadual e nem Municipal para
essa prática.

Os produtos oriundos do extrativismo, principalmente, o caranguejo é


uma iguaria muito apreciada e consumida pela população local e
comercializada nos mercados internos e regionais, além de ser um produto
valorizado na culinária paraense, sobretudo, no período de veraneio amazônico
nas áreas litorâneas.

Assim para contribuir na qualidade e higiene alimentar desse produto, a


EMATER-PARÁ tem como proposta desenvolver ações de melhorias nas
condições de manipulação do alimento nos locais de processamento, conforme
os padrões de higiene estabelecidos nas normas vigentes no Decreto nº 2.634,
de 02 de dezembro de 2010, publicado no Diário Oficial nº 31805 de
06/12/2010 (publicação nº 186211), e pela Portaria ADEPARÁ nº 159 de 31 de
janeiro de 2014. Dessa forma, tais práticas contribuirão para garantir uma
alimentação saudável sem o risco de contaminação.

Objetivo Geral

Padronizar, do ponto de vista higiênico-sanitário, a produção de massas


e patas de caranguejo no polo Pedrinhas com vista a garantir a alimentação
saudável da população consumidora, além de agregar valor ao produto.

Objetivos Específicos

 Construir uma unidade de manipulação comunitária dentro dos critérios


estabelecidos em lei;
 Promover a organização e a valorização das mulheres envolvidas nessa
atividade;
 Incrementar a renda dos catadores de caranguejos, por meio da
agregação de valor do produto no mercado;
89
 Incentivar o aproveitamento dos resíduos do caranguejo (carapaças)
para a utilização em outras atividades agrícolas e não agrícolas.

Ações Estratégicas

Envolver os usuários da necessidade de melhorar as condições da


extração da carne do caranguejo por meios de capacitações (seminários,
cursos e oficinas) sobre o processo de produção dessa atividade.

Metas

 Realizar 01 intercâmbio na unidade de beneficiamentos no município de


Quatipuru;
 Realizar 01 seminário de socialização das ações em andamentos e
levantamentos de novas propostas a serem encaminhadas;
 Realizar 02 cursos sobre Boas Práticas de Beneficiamento;
 Viabilizar a construção de 01unidade de manipulação.

Cronograma de Execução

MESES
Etapa

Descrição
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1
2
3
4
5
6
7
8
9

1 Intercambio X X

2 Seminário X X

3 Cursos X

Construção da
4 unidade de
manipulação x

6.2.2. Projeto Fortalecimento do Cultivo das Culturas Alimentares (arroz,


milho, feijão e mandioca)

Justificativa

A produção das culturas alimentares no Polo está baseada


principalmente nas culturas: arroz (Oryza sativa), milho (Zea mays), feijão caupi
(Vigna unguiculata) e mandioca (Manihot esculenta), sendo que as produções
dessas culturas são destinadas, especialmente, para o consumo da família,
ocorrendo a comercialização do excedente.

90
No entanto, o sistema de cultivo adotado é o tradicional (no toco), que se
caracteriza pela derruba, queima, coivara e plantio. Outra característica desse
sistema é a forma itinerante de produção, ou seja, abandono e abertura de
novas áreas para garantir e viabilizar a produção.

Assim a proposta de ATER é compartilhar novos conhecimentos com os


beneficiários, não deixando de considerar para o desenvolvimento sustentável
o uso de técnicas agroecológicas, considerando que estes usuários estão no
entorno de uma unidade de conservação.

Objetivo Geral

Garantir aos beneficiários do polo Pedrinhas a segurança alimentar de


forma saudável e sustentável melhorando a qualidade da produção.

Objetivos Específicos

 Inserir técnicas conservacionistas de manejo para a produção das


culturas anuais;
 Diminuir a abertura de novas áreas (desmatamento), procurando fixar o
agricultor apenas em uma área de produção;
 Promover a soberania alimentar dos beneficiários;
 Aumentar a produtividade das espécies cultivadas;
 Incrementar a renda dos produtores, através da venda dos excedentes.

Ações Estratégicas

Fortalecer o cultivo das culturas alimentares através da capacitação das


famílias que praticam essa atividade com implantação de Unidades
Demonstrativas que servirão de referência para a realização de práticas que
contemplem todo o ciclo produtivo das espécies cultivadas. Outra ação
importante refere-se à construção de um local apropriado para o
beneficiamento e armazenamento dos produtos.

Metas

 Realizar 01 Reunião de socialização do projeto;


 Realização de 01 Curso sobre Boas Práticas de Manejo das Culturas
Alimentares;

91
 Implantar 04 Unidades Demonstrativas que mostre diferentes maneiras
de produção;
 Realizar 16 Demonstrações de Métodos voltadas para a cadeia de valor
das culturas alimentares.

Cronograma de Execução

MESES
Etapa

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1
2
3
4
5
6
7
8
9
Descrição

1 Reunião X

2 Curso X
Implantação de
Unidades
3 Demonstrativas X X X X
Demonstrações de
4 Métodos X X X X X X X X

6.2.3. Projeto Hortas Orgânicas

Justificativa

Este projeto adota um sistema de produção que se caracteriza pela


diversificação das espécies vegetais cultivadas (hortaliças, plantas medicinais,
aromáticas, frutíferas e ornamentais), manejo adequado do solo para evitar o
empobrecimento do mesmo, uso de adubos orgânicos (estercos, húmus,
compostagens, etc.), rotações de culturas, controle integrado de pragas e
doenças e outras técnicas isentas de agrotóxicos.

A preocupação com o excessivo e desordenado uso de produtos


químicos no controle de pragas e doenças pelos agricultores familiares nas
áreas de produção de hortaliças, promove a substituição do modelo
convencional (controle químico de pragas e doenças) por um modelo com base
nos princípios da Agroecologia (controle alternativo de pragas e doenças) com
a finalidade de minimizar os passivos ambientais, garantir a saúde das famílias
no meio rural e urbano (mercado consumidor local e regional) e etc. originando
de forma participativa o Desenvolvimento Sustentável, a ética e a qualidade de
vida das famílias envolvidas no processo.
92
O acréscimo desta atividade às famílias do Polo tem como principal foco
a segurança alimentar, de forma visando estabelecer o consumo de produtos
livres de agrotóxicos e ricos em nutrientes essenciais para uma alimentação
saudável, propondo melhoria na qualidade de vida e geração de renda.

A Assistência Técnica especializada se propõe em levar esses


conhecimentos até a unidade de produção familiar, considerando o
desenvolvimento sustentável com uso de técnicas agroecológicas, de acordo
com a realidade local.

Objetivo Geral

Fortalecer o desenvolvimento da cadeia produtiva sustentável da


horticultura, com ênfase as práticas agroecológicas, visando o equilíbrio dos
ecossistemas, a produção de alimentos saudáveis e a segurança alimentar,
proporcionando qualidade de vida, responsabilidade social e fortalecimento da
economia das famílias extrativistas.

Objetivos Específicos

 Melhorar a qualidade da alimentação das familias extrativistas;


 Promover a segurança alimentar dos beneficiários;
 Implementar técnicas sustentáveis de manejo para as culturas
cultivadas;
 Aumentar a produção e a produtividade das espécies cultivadas;
 Incrementar a renda dos produtores;
 Incentivar o uso de compostagem e vermicompostagem para reciclar os
resíduos orgânicos gerados diariamente.

Ações Estratégicas

Proporcionar às famílias do polo a oportunidade de participarem do


desenvolvimento desse projeto para receberem capacitações práticas e
teóricas de modo a serem incentivadas a implantar ou melhorar nas suas
propriedades essa atividade. Ocorrerá também a implantação de uma Unidade
Demonstrativa para dar suporte às técnicas que serão demonstradas.

93
Metas

 Realizar 01 Reunião de socialização do projeto;


 Realização de 01 Curso sobre Hortas Orgânicas;
 Implantar 01 Unidade Demonstrativa que mostre diferentes maneiras de
produção;

Cronograma de Execução

MESES
Etapa

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1
2
3
4
5
6
7
8
9
Descrição

1 Reunião X

2 Curso X

3 Unidade Demonstrativa X
Acompanhamento
5 Técnico X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X

6.2.4. Projeto Criação de Aves Caipiras no Polo Pedrinhas

Justificativas

A avicultura representa uma ótima alternativa para a produção de carne


e ovos suprindo a necessidade por proteínas e energia de origem animal, além
disso, as aves ainda produzem esterco de qualidade, rico em macronutrientes
de grande necessidade que são utilizadas principalmente em hortaliças.

O sistema de manejo semi-intensivo proporciona condições que


aumentam o bem estar das aves, reduzem o custo de produção e o
aproveitamento dos vários tipos de vegetais, tendo influencia positiva no
desenvolvimento e qualidade do produto final. E com relação a alimentação
das aves, pode ser oferecido outras alternativas com material do próprio sítio e
que por muitas seriam vistos como lixo e não recurso.

Contudo, a criação de aves no polo é realizada de forma tradicional, sem


técnica de produção e manejo adequados, resultando em baixa produtividade,
tornando a alimentação no polo, mais precisamente nas comunidades
extrativista, cada vez mais escassa e de difícil obtenção, sendo que o número
de habitantes aumenta proporcionalmente ao extrativismo predatório.

94
Desta forma, a ATER pública propõe um sistema alternativo de criação
sustentável visando a melhoria da qualidade de vida das famílias
proporcionando mais uma fonte de alimento a baixo custo, possibilitando ainda
a venda do excedente promovendo a geração de renda aos beneficiários.

Objetivo Geral

Implantar um sistema produtivo e econômico sustentável produzindo


carne e ovos viabilizando proteína animal servindo de subsistência para as
famílias, além de possibilitar alternativa de renda, através da comercialização
do excedente.

Objetivos Específicos

 Fornecer alimento de qualidade às famílias do polo, promovendo a


segurança alimentar e nutricional;
 Incentivar a organização da produção de aves caipiras tornando-a
econômica e sustentável;
 Promover a utilização de ração alternativa, aproveitando ingredientes
que poderão ser encontrados na região e ainda produzidos na
propriedade rural;
 Utilizar equipamentos tecnológicos (chocadeira, fontes de aquecimento,
bebedouros, comedouros e etc.,) que permitam o bom andamento da
atividade;
 Aproveitar a cama viária da criação das aves caipiras na produção,
principalmente, de hortaliças.

Ações estratégicas

Promover a capacitação dos usuários sobre as boas práticas de criação;


escolher um local apropriado para a implantação de uma Unidade
Demonstrativa (UD); e futuramente fomentar ou elaborar projetos para esse
público com o devido acompanhamento técnico.

Metas

 Visitar as propriedades rurais a fim de identificar produtores com


potencial para a atividade proposta neste projeto;
 Promover 01 curso sobre Criação de Aves Caipiras;

95
 Implantar 01 Unidade Demonstrativa (UD) visando as práticas
zootécnicas específicas para essa atividade;
 Realizar visitas mensais na UD visando o Acompanhamento técnico da
atividade.

Cronograma de Execução

MESES
Etapas

Descrição

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11
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23
24
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Visita às propriedades rurais
1 para identificação dos X X X
produtores com potencial
Realizar curso de capacitação
2 X X
Instalação de 01 Unidade
3 Demonstrativa X

6.2.5. Projeto Criação de Suínos para Extrativistas

Justificativa

A suinocultura é uma atividade de grande importância para a economia


brasileira, pois gera emprego e renda para cerca de 2 milhões de propriedades
rurais. O setor fatura mais de R$ 12 bilhões por ano (IBGE, 2015). Atualmente
é de grande importância que as atividades tenham preocupação com o meio
ambiente, assim o Sistema de Tratamento de Efluentes da Suinocultura
(Sistrate) é uma das maneiras de fazer da suinocultura uma atividade
ambientalmente correta.

A atividade gera um produto livre de poluição e limpo, integrando várias


fases do tratamento de dejetos. Sua base está no tratamento de nitrogênio e
fósforo contidos nesses resíduos, podendo ser acoplados aos biodigestores ou
realizado pela compostagem orgânica em áreas agroextrativistas. Com o
Sistrate é feito o controle da poluição do ar, do solo e da água. É possível
também produzir biogás, reutilizar a água nas plantações e diminuir a área
necessária para a criação dos suínos.

Os principais desafios para o desenvolvimento sustentável da


suinocultura são: as dificuldades da aplicação da legislação ambiental; a falta
de recursos técnicos para estimar os níveis de poluição da água, ar e solo; a

96
inexistência de consenso sobre as tecnologias adequadas para o controle da
poluição; e a desarticulação entre políticas agropecuárias de apoio à agricultura
familiar e estratégias de sustentabilidade rural regionais.

No polo, essa atividade é realizada de forma tradicional, sem manejo


zootécnico adequado, resultando em baixa produtividade e sanidade, sendo
vida das famílias proporcionando mais uma fonte de alimento a baixo custo,
permitindo ainda a possibilidade de venda do excedente.

Existe no polo a facilidade de serem encontrados materiais regionais


alternativos que compõem parte desse processo de criação de suínos,
disponíveis para a construção de pocilgas, baias ou “chiqueiros”, além de
produzir uma ração alternativa viável, pois, além de reaproveitar os restos
alimentares que seriam desperdiçados, acumulados no meio ambiente como
resíduos sólidos, causando a poluição ambiental. Tal reaproveitamento
promove a conversão alimentar saudável aos suínos, assegurando alimentação
a família dos beneficiários e ainda promover a comercialização dos
excedentes, gerando lucro, e consequentemente, renda.

No decorrer dos anos os criadores vêm intensificando as suas técnicas


de manejo mudando, gradualmente, o sistema de criação extensivo para o
sistema semi-intensivo, procurando melhorar o controle sanitário, a eficiência
da mão-de-obra e o desempenho dos animais. Com isso, eliminaram as
opções de busca, por parte dos animais, de um ambiente mais propício ao seu
bem-estar e alimentação. Nesse sentido as instalações apresentam um papel
fundamental no desempenho dos animais, rústica ou simples, o que vale é a
condição de conforto e segurança aos animais.

A ATER tem como proposta repassar orientações técnicas para a


atividade diminuindo os riscos (índice de mortalidade, baixo desenvolvimento
etc.) que causam prejuízos aos suinocultores.

Objetivo Geral

Implantar um sistema de criação intensiva sustentável, visando uma


fonte de proteína animal saudável, higiênica para a alimentação dos
extrativistas e seus familiares, e consequentemente, o excedente ser
comercializado aos consumidores.

97
Objetivos Específicos

 Melhorar o sistema de criação dos suínos, extensivo para semi-


intensivo, promovendo o manejo adequado bem como a qualidade da
carne e seus subprodutos;
 Incentivar o uso de alimentação alternativa, reduzindo os custos de
produção;
 Possibilitar o manejo dos dejetos proporcionando o abastecimento do
fluxo de energia originados da atividade para as demais atividades da
propriedade rural.

Ações Estratégicas

Capacitar os usuários da Resex sobre as boas práticas zootécnicas de


criação e escolher um local apropriado para a implantação da Unidade
Demonstrativa (UD).

Metas

 Visitar propriedades rurais a fim de identificar criadores com potencial


para a atividade proposta nesse projeto;
 Realizar 01 reunião com os beneficiários do Polo;
 Promover 01 Curso sobre a atividade;
 Implantar 01 Unidade Demonstrativa (UD) que contemple as práticas
zootécnicas específicas para essa atividade.

Cronograma de Execução

MESES
Etapa

Descrição
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11
12
13
14
15
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24
1
2
3
4
5
6
7
8
9

Realizar 01 reunião
1 X
com os beneficiários.
Visitar as
2 X X X
propriedades rurais.
Realizar 01 curso de
3 X
capacitação
Instalação de 01
4 Unidade X X X
Demonstrativa

98
6.2.6. Projeto Meliponicultura Familiar no Polo Pedrinhas

Justificativa

A Meliponicultura na região Amazônica está em estágio de implantação


e desenvolvimento, ainda que a tecnologia seja promissora. O ambiente do
polo oferece condições ecológicas adequadas com suas florestas conservadas
e o clima favorável para a implantação da atividade.

O mel de abelha sem ferrão é de características diferenciadas em


relação ao sabor, aroma, consistência e coloração quando comparados ao de
apis. Possuem um papel de grande importância para o meio ambiente uma vez
que podem ser criadas para extração de seus produtos e principalmente pela
contribuição na reprodução dos vegetais através da polinização das flores,
sendo as sem ferrão, responsáveis pela polinização das plantas nativas,
contribuindo na manutenção e equilíbrio do ecossistema; aumentando a
produtividade e a melhoria da qualidade dos frutos, grãos e sementes pela
polinização entomófila (feita por insetos).

Pode-se afirmar que a Meliponicultura é uma atividade ecologicamente


correta, economicamente viável e socialmente justa; pois, além de gerar renda,
melhora as condições de vida dos seus beneficiários.

A desvantagem em relação à produção de mel entre a meliponicultura e


a apicultura está no rendimento maior com a criação da apis, cerca de 20 a 25
litros/ano, enquanto que a melípona produz cerca de 1,5 litro/ano; porém, o
valor agregado no mel e seus derivados, da meliponia, é maior, devido ser
enquadrado como produto orgânico.

Objetivo Geral

Estimular os usuários a utilizar outros recursos naturais através do


manejo sustentável e racional das abelhas nativas sem ferrão, fornecendo um
mel de melhor qualidade, orgânico, ecologicamente correto, e de alto valor
nutricional e econômico.

99
Objetivos Específicos

 Melhorar a alimentação das famílias do polo;


 Aumentar a renda das famílias produtoras através da exploração de mel
e seus subprodutos;
 Favorecer a flora apícola da vegetação local.

Ação Estratégica

Realizar a capacitação dos meliponicultores identificando as áreas onde


serão construídas as instalações tanto da casa de processamento quanto do
meliponário e realizar acompanhamento técnico durante todas as fases da
atividade.

Metas

 Implantar 01 Unidade Demonstrativa (UD) de meliponário com 20


colmeias;
 Ministrar 01 Curso para as famílias do polo envolvidas no projeto;
 Construção de 01 casa de processamento do mel, própolis, cera de
abelhas e demais produtos.

Cronograma de Execução

MESES
Etapa

Descrição
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12
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1
2
3
4
5
6
7
8
9

Ministrar 01 Curso
1 para as famílias do X
polo envolvidas no
projeto
Implantar 01
Unidade
2 Demonstrativa – UD X X X X
de meliponário com
20 colmeias
Construção de 01
casa de
3 processamento X X X X
do mel, própolis,
cera de abelhas e
demais produtos

100
6.2.7. Projeto Piscicultura em Tanque Escavado

Justificativa

A piscicultura é uma atividade economicamente rentável, pois


proporciona a diversificação da produção e o aumento da renda familiar, além
de garantir a segurança alimentar, já que a produção é voltada primeiramente
para atender o consumo, ocorrendo somente a venda do excedente. Desta
forma, a criação de peixes em cativeiro irá ocasionar a diminuição dos esforços
de pesca nestas áreas estuarinas, uma vez que ela serve de berçário para
várias espécies de peixes e outros organismos aquáticos.

O polo Pedrinhas apresenta um grande potencial hídrico para o


desenvolvimento da prática de criação de peixes. No entanto, esse potencial é
aproveitado em outras atividades pelas famílias do polo. De acordo com
informações levantadas no diagnostico, o polo apresenta apenas um criatório
que está desativado.

Entretanto, ressalta-se que essa atividade esbarra no alto custo com a


alimentação dos peixes o que muitas vezes onera sua implantação, assim para
diminuir os custos com a produção, será utilizado alimentos alternativos (frutas,
grãos, derivados da mandioca, etc.), tornando a atividade economicamente
viável aos beneficiários.

A criação de peixes em viveiros é uma atividade bastante promissora na


área da aquicultura, voltadas as cadeias de valores das espécies, com alta
rentabilidade e produtividade. O manejo e o controle dos parâmetros da
qualidade de água adequado durante o cultivo é essencial para o
desenvolvimento de uma excelente produção, entretanto o manejo inadequado
aliado a má qualidade da água pode provocar varias alterações no ambiente de
cultivo, e na maioria dos casos a perda total da produção.

Objetivo geral

Fornecer proteína animal as famílias do polo melhorando a qualidade de


vida e a segurança alimentar, consequentemente diminuir os esforços aos
recursos pesqueiros.

101
Objetivos específicos

 Implantar tecnologias simples de manejo na piscicultura com vista a


diminuição de perdas durante o processo;
 Buscar espécies que sejam economicamente viáveis e que melhor se
adaptem ao ambiente local, assim como a aceitabilidade do mercado
consumidor;
 Fornecer proteína de qualidade as famílias do polo;
 Capacitar as famílias para o desenvolvimento da atividade;
 Construir Unidade Demonstrativa.

Ações Estratégicas

Realizar reuniões com os beneficiários sobre a importância da atividade;


promover intercâmbio a fim de conhecer técnicas de manejo; realizar
capacitações e implantar uma unidade demonstrativa.

Metas

 Realizar 02 Reuniões para a importância (conscientização e estímulo)


do projeto;
 Visitar (intercâmbio) a Unidade Didática de Bragança da EMATER-
PARÁ;
 Realizar 01 Curso para a capacitação das famílias sobre criação de
peixes em viveiros escavados;
 Implantar 01 Unidade Demonstrativa de piscicultura familiar.

Cronograma de Execução

MESES
Etapa

Descrição
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24
1
2
3
4
5
6
7
8
9

1 Reunião
X X

2 Intercâmbio
X

3 Cursos
X
Unidade
4
Demonstrativa X X

102
6.2.8. Projeto Artesanato

Justificativa

Os produtos artesanais de base agroecológica é uma tendência em


expansão nos mercados nacionais e internacionais. A produção artesanal é
uma atividade geradora de renda para as populações tradicionais, mas requer,
no entanto, exigências específicas que as fazem distinguir da produção
industrial. Entre essas, podem ser citadas a identificação de elementos
característicos da cultura local nos objetos produzidos e a garantia da
sustentabilidade como preocupação principal em seu processo de produção. de
tem, ao longo do tempo, adquirido novas características, tipos e formas, assim
como a maior diversidade de objetos.

Outro fator importante a considerar na produção artesanal com espécies


do agroextrativismo é o manejo correto das espécies, observando-se a
capacidade de renovação das mesmas para a manutenção do equilíbrio dos
ecossistemas, o que nem sempre é realizado.

Apesar do potencial produtivo e econômico das espécies para a


produção artesanal esta é mínima no polo devido entre outros fatores a falta de
incentivo para a produção, a baixa valorização dos produtos a nível local, a
falta de espaço para exposição e comercialização, capacitação para o
aperfeiçoamento/inovação das técnicas e a diversificação da produção.

Na composição florística do Polo Pedrinhas, é significativa a existência


de espécies fibrosas como palmeiras, cipós (lianas) e algumas espécies de
herbáceas (capim). Tais espécies já são utilizadas pela população local para a
confecção de objetos, geralmente para uso doméstico, sendo mínima sua
comercialização.

Assim, entende-se necessário o desenvolvimento de ações que gere


renda para os agroextrativistas; resgate e combine as técnicas e experiências
tradicionais com outros conhecimentos teóricos e práticos que possam conferir
uma identidade visual nos produtos, a originalidade, a diversificação, sem,
contudo, perder a identidade da cultura local nos objetos produzidos. Além
disso, deve-se despertar a preocupação com a sustentabilidade ambiental,
econômica e social.

103
Objetivo Geral

Promover geração de trabalho e renda para artesãos extrativistas,


através da produção do artesanato, utilizando matéria-prima oriunda da
biodiversidade local.

Objetivos Específicos

 Despertar a preocupação com a sustentabilidade econômica, ambiental


e social na produção artesanal extrativista;
 Capacitar os (as) artesãos (ãs), na confecção de objetos com a
identidade da cultura local;
 Capacitar os artesãos extrativistas na gestão participativa de seus
empreendimentos;
 Fazer o manejo correto das espécies utilizadas.

Ações Estratégicas

Para a concretização do projeto é de fundamental importância que as


pessoas envolvidas estejam sensibilizadas a participar, dada a importância do
mesmo. Como ação inicial, será realizada uma ação coletiva para socialização
de conhecimentos sobre as espécies da biodiversidade local, a importância do
manejo adequado e o potencial produtivo sustentável.

Conhecedores das espécies, usuários identificarão, em etapa seguinte,


as variedades existentes, seu habitat, o tipo de manejo utilizado e as formas de
utilização. Isso servirá de subsídio para o momento da capacitação, onde um
dos objetivos propostos é a complementação de saberes. Concluirá essa etapa
do projeto, um mapa construído coletivamente.

Metas

 Realizar 01 Reunião comunitária de socialização dos conhecimentos;


 Realizar 01 Caminhada pelo Polo identificando as espécies em seu
habitat e as formas de utilização de cada uma;
 Construir 01 Mapa com a localização das espécies.
 Realizar 01 Curso sobre Produção Artesanal Sustentável;
 Realizar 01 Curso sobre Gestão Participativa de Empreendimentos;

104
 Realizar 01 Intercâmbio com grupos que realizam atividades artesanais
com produtos da biodiversidade;
 Realizar 01 Excursão para locais de referência no turismo da capital,
que comercializam produtos artesanais de origem sustentável.

Cronograma de Execução

MESES
Etapa

Descrição

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11
12
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14
15
16
17
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22
23
24
1
2
3
4
5
6
7
8
9
1 Reunião X

2 Caminhada X
Construção
3 X
de Mapa
4 Cursos X X

5 Intercâmbio X

6 Excussão X

6.3. PLANO DE AÇÃO EM COMERCIALIZAÇÃO

O desenvolvimento de um plano de comercialização serve


fundamentalmente para orientar os beneficiários – que pretendem iniciar uma
atividade econômica, expandir as suas atividades e/ou gerenciar a
sustentabilidade local na tomada de decisões estratégicas, a fim de evitar
fatores de risco.

Empreender sem planejar é uma aventura que até pode dar certo, mas é
um voo cego. Intuição e capacidade gerencial são fatores indispensáveis que,
junto com o conhecimento técnico irão ajudar no sucesso das práticas voltadas
a valorização dos produtos regionais, nos saberes locais, na subsistência e na
comercialização de produtos como: artesanatos e produtos agroextrativistas.

O plano de negócios é, na verdade, um instrumento que visa estruturar


as principais concepções e alternativas para uma análise correta de viabilidade
do negócio pretendido, proporcionando uma avaliação antes de colocar em
prática a nova ideia, reduzindo, assim, as possibilidades de se desperdiçarem
recursos e esforços em um mercado inviável. Ele serve, também, como
instrumento para a solicitação de financiamento junto às instituições de crédito,

105
podendo ainda, ser utilizado na busca de novos parceiros para os usuários da
Resex.

Na construção do plano participativo, com ajuda de ferramentas


metodológicas (matrizes de priorização de problemas, quadro de problemas
com suas causas e efeitos e do diagnóstico participativo) se identificou alguns
entraves que dificultam a comercialização dos produtos do Polo:

 Vias não pavimentadas e esburacadas;


 Acúmulo de lama nas estradas durante o inverno, ocasionando atoleiros;
 Existem amontoamentos de lixo nas estradas.

Segundo os usuários, essas barreiras atrapalham o escoamento dos


produtos agroextrativistas para outros centros de comercialização,
principalmente, Salinas, Nova Timboteua e Capanema.

Outro fator relevante levantado se refere ao desconhecimento de


técnicas de aprimoramento para o trabalho agroextrativista. Ou seja, com o uso
de tecnologias adequadas e inovadoras nas produções, espera-se agregar
maior valor aos produtos, incrementar a renda e, consequentemente, melhorar
a qualidade de vida dos beneficiários.

Assim, este Plano surge da necessidade de criar formas alternativas de


comercialização da produção, gerar renda para os beneficiários e promover o
desenvolvimento econômico sustentável. Tudo isso, atribuindo um valor
diferenciado aos produtos pelas suas características e valorização do bom uso
sustentável da biodiversidade. Dessa forma, pretende-se estimular a inserção
desses produtos nos Mercados Diferenciados, além de buscar o acesso aos
Mercados Institucionais PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e
PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), pois, deste modo, os produtores
terão mercado garantido para seus produtos, valorização dos alimentos
regionais produzidos, estímulo a se organizarem em associação ou
cooperativa, incentivo ao empreendedorismo de seus sistemas de produção,
novas oportunidades de comercialização, geração de emprego e renda e,
principalmente, valorização dos aspectos culturais, sociais e ambientais.

106
6.3.1. Projeto Comercialização e Marketing

Justificativa

A comercialização é o ponto sensível para o sucesso dos


empreendimentos, porém, enfrenta problemas que vão da falta de capital de
giro, até a falta de uma estratégia definida de marketing que possibilite ao
produtor visualizar todo o processo produtivo agregado à etapa de negociação.

De modo geral, é uma oportunidade existente no polo para os usuários


atendidos e que não é bem aproveitada. Toda via, vale ressaltar que,
geralmente, as produções agropecuárias (farinha, milho, hortaliças, arroz,
pequenos animais, etc.) são destinadas principalmente para a mantença das
famílias e o principal produto vendido vem do extrativismo (caranguejo).

Vários são os fatores encontrados no Polo Pedrinhas que contribuem


para o pouco aproveitamento dessa oportunidade, tais como: irregularidade na
oferta dos produtos devido a sazonalidade das atividades desenvolvidas pelos
beneficiários, a comercialização no polo possui dependência direta do
intermediário (atravessador), este, por sua vez, gera uma grande variação de
preço pago ao produtor, inviabilidade econômica em buscar mercados
exteriores ao Polo, não há o uso de embalagens adequadas às legislações em
vigor e nem de um rótulo que identifique e caracterize os produtos locais, não
existe a disponibilidade de um modo específico para a realização do
escoamento da produção e não há local coletivo de comercialização, por
exemplo, feira de produtor rural.

A implantação desse projeto de comercialização é necessária devido à


importância de se gerar renda e garantir a rentabilidade dos empreendimentos,
tendo como pontos de mudança a adoção de estratégias que permitam analisar
os mercados acessíveis, ampliando suas possibilidades de venda. Para isso, o
produtor terá que gerenciar sua propriedade com conhecimentos técnicos
sobre os diferentes tipos de atividades desenvolvidas. Outra questão que
deverá ser trabalhada é o ordenamento da produção a ser comercializada,
garantindo a disponibilidade do produto no mercado consumidor.

Esse projeto pretende inserir no Polo um sistema de comercialização e


marketing para os produtos locais, traçando estratégias para facilitar a venda e

107
o escoamento da produção, como por exemplo: a pesquisa de mercado,
aumento da produção, padrão de embalagem, associar boas práticas
ambientais aos processos de produção e comercialização, estabelecer marcas
(rótulo) que personalizem todos os produtos do Polo e organizar os produtores.

Objetivo Geral

Implantar um sistema de comercialização e marketing para os produtos


e serviços gerados no Polo Pedrinhas, visando agregação de valor para
incrementar a renda dos beneficiários.

Objetivos Específicos

 Divulgar os produtos do Polo Pedrinhas;


 Criar marcas que identifiquem os produtos agroextrativistas do Polo;
 Estabelecer um padrão para os produtos a serem comercializados;
 Associar boas práticas ambientais aos processos de comercialização;
 Estimular a organização dos usuários da Resex para melhorar suas
vendas.

Ações Estratégicas

Capacitar os beneficiários sobre os mecanismos utilizados para realizar


a comercialização de seus produtos (padronização, embalagens, marcas,
divulgação e atendimento). Será feito levantamento dos pontos de venda
existentes na região e promover o acesso dos produtores a esses locais. Além
disso, incentivar a promoção de festividades sazonais para divulgar novos
produtos.

Metas

 Realizar 02 Reuniões para apresentação do projeto;


 Efetivar 01 Curso sobre criação de embalagens alternativas, quando
possível;
 Realizar 01 Curso sobre Marketing;
 Criar instrumentos (folders, cartazes, blog, etc.) para a propaganda da
produção;
 Promover 01 Intercâmbio em uma feira de produtores (a definir o local).

108
Cronograma de Execução

MESES
Etapa

Descrição

10
11
12
13
14
15
16
17
18
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21
22
23
24
1
2
3
4
5
6
7
8
9
1 Reuniões X

2 Cursos X X

3 Intercâmbio X

4 Propaganda da Produção X X X X X X X X X X X X X X X X X X

6.4. PLANO DE AÇÃO EM MEIO AMBIENTE

Considerando as dificuldades citadas pelos beneficiários durante a


construção deste plano, puderam-se identificar alguns problemas ambientais
encontrados nas comunidades:

 Desmatamento desordenado;
 Degradação das áreas protegidas, principalmente, matas ciliares;
 Assoreamento dos rios e extinção de nascentes;
 Extinção de espécies vegetais e animais;
 Descarte inadequado do lixo;
 Poluição dos rios e mangues;
 Pesca e captura de caranguejos predatórios;
 Ausência de fiscalização efetiva para controlar as irregularidades.

De acordo com os extrativistas estes problemas ocorrem principalmente


por um monitoramento deficiente das entidades responsáveis sobre as
atividades irregulares que ocorrem no Polo e também sobre os recursos
financeiros repassados para a reserva, tendo como efeito as ameaças das
espécies nativas e danos ambientais dos recursos naturais das comunidades
do polo Pedrinhas, além da transmissão de diversas doenças. Ainda em
consonância com os usuários da reserva, a pouca informação dos moradores
sobre as questões ambientais da Resex também favorece para a ocorrência de
atos proibidos e prejudiciais ao meio ambiente.

Assim, o presente Plano é um instrumento norteador para os usuários do


Polo promoverem o desenvolvimento sustentável em meio as suas atividades
produtivas. Tem como objetivo estabelecer os projetos propostos pelas

109
comunidades, participantes da oficina de planejamento, voltados para a
preservação ambiental. Além disso, a implementação desse plano visa o
estabelecimento de estratégias de atuação da EMATER-PARÁ, com o intuito
de proporcionar a melhoria na qualidade de vida dos beneficiários, gerando,
assim, o desenvolvimento socioeconômico com a proteção ambiental de forma
sustentável e equilibrada.

6.4.1. Projeto SAF (Sistema Agroflorestal) para Recuperação de Áreas


Desmatadas com Ênfase na Fruticultura

Justificativa

Os sistemas agroflorestais são formas de produção agrícola e florestal


que relaciona a estrutura e a dinâmica dos ambientes naturais, combinando
espécies nativas com outras de interesse econômico (fruteiras, por exemplo),
ampliando a diversificação das plantas no ambiente.

Atualmente, os produtores utilizam modelos rudimentares de produção


agrícola (derruba e queima) com baixos níveis tecnológicos, o que favorece
para a degradação dos recursos naturais. Outro ponto importante refere-se às
áreas exploradas: não há o devido respeito pela preservação das Áreas de
Preservação Permanente (APP), principalmente, dos leitos dos rios, tão pouco,
pela Reserva legal, onde a legislação ambiental garante conservação de 80%
da propriedade que está localizada na Amazônia Legal.

Assim, para obter produção agrícola de maneira sustentável, os SAFs


vêm ser uma importante ferramenta para juntar as atividades agropecuárias e a
conservação florestal, gerando alimento e renda sem causar danos a natureza.
Além disso, serve como restaurador dos ecossistemas degradados.

Desse modo, a proposta de ATER é compartilhar novos conhecimentos


com os beneficiários, promovendo o desenvolvimento sustentável com o uso
de técnicas agroecológicas.

Objetivo Geral

Recompor as matas ciliares dos rios, bem como das áreas destinadas a
reserva legal utilizando espécies nativas com maior concentração de fruteiras
de valor econômico, garantindo aos beneficiários produtos de qualidade,

110
melhoria de qualidade de vida, além da manutenção do equilíbrio do meio
ambiente.

Objetivos Específicos

 Inserir técnicas agroflorestais em áreas degradadas;


 Diminuir o desmatamento em áreas de protegidas por lei;
 Aumentar a produtividade das espécies cultivadas;
 Incrementar a renda dos produtores através do aproveitamento
econômico das espécies frutíferas.

Ações Estratégicas

Fortalecer o cultivo de espécies frutíferas e de essências florestais


através da capacitação das famílias que exercerão essa atividade. Será
implantada uma Unidade Demonstrativa que servirá de referência para a
realização de práticas que contemplem manejos e tratos culturais necessários
à instalação de um sistema agroflorestal.

Metas

 Realizar 01 Reunião de socialização do projeto;


 Realização de 01 Curso sobre Técnicas de Sistemas Agroflorestais;
 Implantar 01 Unidade Demonstrativa que mostre diferentes maneiras de
produção em SAFs;
 Realizar 10 Demonstrações de Métodos voltadas para os sistemas
agroflorestais.

Cronograma de Execução

MESES
Etapa

Descrição
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
1
2
3
4
5
6
7
8
9

1 Reunião X

2 Curso X
Implantação da Unidade
3 X
Demonstrativa
Demonstrações de
4 X X X X X
Métodos

111
7. ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO

Esse plano vai ter acompanhamento técnico periódico durante toda sua
vigência, seja in loco ou através de contatos no escritório da EMATER-PARÁ.
A equipe executora do projeto juntamente com os beneficiários terão o papel
de fiscalizadores onde poderão acompanhar todo o processo, desde a
implantação até os resultados, de acordo com os cronogramas estabelecidos.

Através de reuniões periódicas será obtida uma análise da opinião dos


participantes para medir o grau de satisfação dos envolvidos nos projetos
proposto.

É importante ressaltar que o proposto neste plano não é uma regra


imutável e sim o início da descoberta de meios que possam desenvolver o
Polo, mas que depende principalmente dos beneficiários envolvidos para que
persistam os projetos implantados e que recebam as mudanças necessárias
para a satisfação de todos.

Portanto, para que haja resultados favoráveis, será preciso fiscalizar


através de métodos que nortearão os envolvidos de forma eficaz abrangendo
tanto a parte tecno-científica como a parte disseminadora de saberes, a própria
comunidade. Desta forma, brotará um trabalho compensatório firmado nas
raízes dos conhecimentos empíricos sob a luz do conhecimento científico que
se bem acompanhado e feito às devidas análises das ações renderão bons
frutos às comunidades, tornando-as mais desenvolvidas e em sintonia com o
meio ambiente.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabe-se que foi de extrema importância absorver os saberes locais


através das oficinas ministradas no polo Pedrinhas, pois desta maneira se
estabelece um elo entre a entidade executora do presente contrato (CRT. BL.
0000004-13 de 2013) de prestação de ATER e os extrativistas, público alvo da
ação. Com esta conexão a EMATER-PARÁ e extrativistas começam a construir
ações de melhorias nas comunidades envolvidas através de projetos
elaborados de acordo com as necessidades locais.

Desta maneira, os extrativistas passam a ser atores de sua própria


história e desenvolver o papel principal na construção de uma comunidade

112
mais desenvolvida ligada harmonicamente entre a identidade local e a
assistência técnica especializada, sendo a EMATER-PARÁ a ponte entre as
duas partes firmando-as nos pilares do desenvolvimento sustável e igualitário
para que os extrativistas obtenham um ambiente para além de suas
necessidades.

9. REFERÊNCIAS CONSULTADAS

ALMEIDA, S. S.; AMARAL, D. D.; SILVA, A. S. Análise florística e estrutura


de florestas de várzea no estuário amazônico. Acta Amazônica, v.34, n.4,
p.513-524, 2004.

BASTOS, M.N.C.; SANTOS J.U.M. Caracterização e Composição Florística


de ecossistemas naturais. In: JARDIM, M.A.G.; ZOGHBI, M.G.B. (Eds.) A
flora da RESEX Chocoaré-Mato Grosso (PA): diversidade e usos. Belém:
Museu Paraense Emílio Goeldi, p.9-23, 2008.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Agrário. Fundamentos teóricos,


orientações e procedimentos metodológicos para a construção de uma
pedagogia de ATER. Brasília: MDA/SAF, 2010. 45 p. Disponível em:
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfBJsAH/mda-fundamentos-teoricos-
metodologicos-ater. Acessado em: 18 de março de 2015.

BRASIL. Lei Nº 985, de 26 de outubro de 1906. Disponível em:


http://www.santaremnovo.pa.cnm.org.br/portal1/municipio/historia. Acessado
em: 12 de janeiro de 2015.

_______. Lei Nº 2.460, de 29 de dezembro de 1961. Disponível em:


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