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Tema 3.

Gestão de Efluentes

SUMÁRIO Pág.

1. INTRODUÇÃO.................................................................................. 02

2. DESENVOLVIMENTO.................................................................... 02

2.1. O que são efluentes?............................................................................. 02


2.1.1. O que é um fluido? .............................................................................. 03
2.2. A natureza do efluente.......................................................................... 03
2.2.1. Principais parâmetros usados para avaliar os efluentes........................ 03
2.3. Tipos de efluentes................................................................................. 04
2.3.1. Quanto à origem................................................................................... 04
2.3.1.1. Efluentes domésticos............................................................................ 04
2.3.1.2. Efluentes hospitalares........................................................................... 04
2.3.1.2. Efluentes industriais ou agroindustrias................................................ 04
2.3.2. Quanto ao estado físico........................................................................ 05
2.3.2.1. Efluentes líquidos................................................................................. 05
2.3.2.2. Efluentes gasosos................................................................................. 06

2.4. Gestão de efluentes............................................................................... 06


2.4.1. Tratamento primário ou preliminar...................................................... 07
2.4.2. Tratamento secundário......................................................................... 07
2.4.3. Tratamento terciário............................................................................. 08

2.5. Gestão de efluentes industriais ou agroindustriais............................... 08


2.5.1. Processos físicos................................................................................... 08
2.5.1.1. Gradeamento........................................................................................ 08
2.5.1.2. Peneiramento........................................................................................ 09
2.5.1.3. Sedimentação ou decantação................................................................ 09
2.5.1.4. Flotação................................................................................................ 09

2.5.2. Processos biológicos............................................................................ 09


2.5.2.1. Processo biológico aeróbico................................................................. 09
2.5.2.2. Processo biológico anaeróbico............................................................. 10

2.5.3. Processos químicos.............................................................................. 10


2.5.3.1. Cloração............................................................................................... 10
2.5.3.2. Ozonização........................................................................................... 11
2.5.3.3. Radiação ultravioleta............................................................................ 11

2.5.4. Processo eletrolítico............................................................................. 11


2.5.4.1. Eletrofloculação.................................................................................... 12
2.5.4.2. Eletroflotação....................................................................................... 12
2.5.4.3. Eletrocoagulação.................................................................................. 12

2.6. Legislações referentes à gestão de efluentes........................................ 13

3. CONCLUSÃO.................................................................................... 15

1. INTRODUÇÃO

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Tema 3. Gestão de Efluentes

O conceito tradicional de sustentabilidade pode ser definido como: a capacidade


de atender as necessidades atuais sem comprometer a capacidade de gerações futuras
atenderem as suas próprias necessidades. Aliado à sustentabilidade, tem-se o conceito
de educação ambiental. Para Leonardi (1997), a definição de educação ambiental é
influenciada pelas diversas formas de compreensão do próprio ambiente: questão
biológica, econômica, política e cultural.

O despejo de efluentes, principalmente industriais e domésticos, em recursos


hídricos, está diretamente ligado à definição de sustentabilidade. Dentre os principais
fatores de degradação da qualidade da água fluvial, pode-se destacar a poluição
ocasionada pelo lançamento de esgotos oriundos dos mais diversos meios, em corpos
receptores.

Nas cidades os efluentes lançados na atmosfera, pelas indústrias, pelos


transportes, pelas termoelétricas, pelas centrais de aquecimento etc.; são os principais
responsáveis pela poluição do ar, pela chuva ácida, pelo efeito estufa, pela ilha de calor,
pela inversão térmica e pela destruição da camada de ozônio.

Os efluentes sejam esses: domésticos, hospitalares ou industriais/agroindustriais;


mesmo após um tratamento, podem ocasionar algum grau de interferência na qualidade
da água ou do ar.

Grande parte da água consumida torna-se poluída em algum grau, aumentando a


pressão ambiental, não em quantidade, mas em qualidade.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1. O que são efluentes?

É qualquer líquido ou gás gerado pelas diversas atividades humanas e que são
descartados na natureza.

Efluentes são os resíduos provenientes das indústrias, dos esgotos e das


redes pluviais; que são lançados no meio ambiente, na forma de líquidos ou de
gases.

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Cada efluente possui a sua característica própria, inerente à sua procedência,


podendo conter as mais variadas substâncias de origem química ou orgânica, seja ela
para reuso, biodegradável, poluente, tóxica etc.

2.1.1. O que é um fluido?

É uma substância que se deforma continuamente quando submetida a


uma tensão de cisalhamento, não importando o quão pequena possa ser essa tensão. Um
subconjunto das fases da matéria, os fluidos incluem os líquidos, os gases,
os plasmas; e, de certa maneira, os sólidos plásticos.

2.2. A natureza do efluente

O conhecimento da natureza do efluente é essencial tanto para o projeto e análise


das instalações de tratamento, quanto para a tomada de decisão em relação a uma fonte
considerada poluidora.

2.2.1. Principais parâmetros usados para avaliar os efluentes

Os parâmetros utilizados para avaliar os efluentes são: os níveis de sólidos em


suas diversas frações, a temperatura, a cor e turbidez, o potencial hidrogeniônico (pH), a
demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e a demanda química de oxigênio (DQO).

Os principais parâmetros são: físicos, químicos e biológicos - normalmente


analisados conforme as características da fonte - são: sólidos totais, fixos, voláteis, em
suspensão, dissolvidos e sedimentáveis; temperatura; cor; odor; turbidez; demanda
bioquímica de oxigênio (DBO); demanda química de oxigênio (DQO); carbono
orgânico total (COT); pH; oxigênio dissolvido (OD); metais pesados – chumbo, cromo,
cádmio, zinco, ferro, mercúrio etc.; gás sulfídrico; metano; nitrogênio; fósforo; óleos e
graxas (O & G); cloretos; sulfatos; compostos tóxicos (cianetos e cromatos); fenóis;
agentes tensoativos – ABS, LAS; microrganismos – coliformes fecais e totais, em geral;
vazão do efluente.

Normalmente um subconjunto desses parâmetros é utilizado para caracterizar o


efluente de determinada empresa ou setor. As análises necessárias para conhecer cada
parâmetro são realizadas em laboratórios especializados, normalmente utilizando
procedimentos padronizados segundo o Standard Methods (AWFAWWA-WEF, 1998).

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2.3. Tipos de efluentes

2.3.1. Quanto à origem

2.3.1.1. Efluentes domésticos

O efluente líquido de origem doméstica é aquele formado pela utilização da água


para fins domésticos, como aqueles usados nas descargas de vasos sanitários, no banho,
em lavagens de utensílios de cozinha, lavagem de pisos, de roupas etc. São também
formados por águas da chuva, de águas provenientes das diversas indústrias, do
comércio, entre outras.

Os efluentes domésticos ou esgotos sanitários são os dejetos produzidos na


cozinha ou banheiro das casas, edifícios e indústrias; é composto de 99,9% de água e o
restante por sólidos orgânicos e inorgânicos; e de microrganismos.

2.3.1.2. Efluentes hospitalares

Os Efluentes hospitalares caracterizam-se como possíveis veículos de


disseminação de inúmeros microrganismos patogênicos, além de apresentarem grandes
concentrações de contaminantes utilizados por serviços de saúde, que são excretados
pelas vias urinária e fecal dos pacientes.

2.3.1.2. Efluentes industriais ou agroindustriais

São os resíduos líquidos ou os gases provenientes das indústrias que são


descartados na natureza.

São resultantes da mistura de diversas correntes geradas em diferentes unidades


de processamento produtivo. A sua vazão e características podem apresentar
significativa variação ao longo do tempo, em função das mudanças de operação dos
processos, do produto processado, de atividades de limpeza etc. Outra característica dos
efluentes industriais é a complexidade, no que se refere à composição química e à forma
como se apresentam os poluentes (solúveis ou suspensos na fase aquosa). Portanto, a
variabilidade e a complexidade são atributos típicos dos efluentes industriais.

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A composição dos efluentes industriais varia de acordo com o ramo de atividade


exercida, podendo resultar em efluentes reutilizáveis ou em substâncias carregadas de
produtos químicos, poluentes que devem ser tratados.

A grande diversidade de indústrias, a crescente geração de efluentes e o seu


descarte na natureza; vem cada vez mais despertando a preocupação da sociedade. A
legislação vigente e a conscientização da preservação do meio ambiente levam as
indústrias a desenvolverem processos de tratamento dos seus efluentes para evitar a
contaminação do solo, do ar, dos rios, lagos e oceanos.

Os efluentes industriais são os resíduos líquidos ou os gases provenientes das


indústrias e que são descartados na natureza.

Os efluentes industriais líquidos são os resíduos provenientes das atividades


industriais que são lançados de volta à natureza. Esses resíduos líquidos possuem
características químicas, físicas e biológicas que variam conforme o ramo da atividade
industrial. Eles são resultado dos diversos processos de fabricação e da higiene da
própria indústria. São líquidos impregnados de substâncias poluentes que devem ser
tratados para depois retornar à natureza.

A emissão dos efluentes líquidos na natureza foi regulamentada pelo “Protocolo


de Annapolis”, publicado em 1999, que diz respeito ao lançamento de esgoto sanitário
no mar, através de emissários submarinos.

A composição dos efluentes industriais varia de acordo com o ramo de atividade


exercida, podendo resultar em efluentes reutilizáveis ou em substâncias carregadas de
produtos químicos, poluentes que devem ser tratados.

2.3.2. Quanto ao estado físico


2.3.2.1. Efluentes líquidos

Efluentes líquidos são os resíduos provenientes dos esgotos sanitários, das


indústrias, dos lixões, das redes pluviais e da agricultura; sendo resultado das atividades
humanas.

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Quanto a sua classificação Hoag, (2008, p.25) indica que as águas residuárias
podem ser de três tipos:
- Rejeições de origem doméstica (as águas que provêm das cozinhas, as rejeições
que resultam das atividades de lavanderia e para higiene dos pacientes e funcionários);
- Rejeições industriais (as águas que provêm das garagens e locais de manutenção,
que contêm geralmente um volume importante de óleos e de detergentes);
- Efluentes gerados pelas atividades hospitalares, de análise e de investigação; que
são muito específicas aos hospitais. Essas rejeições podem conter produtos químicos e
radioativos, líquidos biológicos, excreções contagiosas de resíduos de medicamentos
eliminados nos excrementos dos pacientes.

2.3.2.2. Efluentes gasosos

Os efluentes industriais gasosos são um dos principais responsáveis pela


poluição do ar nas grandes cidades, com o lançamento na atmosfera de gases tóxicos,
liberados principalmente pelas chaminés das fábricas.

Os níveis de emissão de gases na atmosfera foram regulamentados pelo


“Protocolo de Kyoto”, na Conferência de Kyoto, em 1997, com a finalidade de por
limites às emissões desses gases poluentes na atmosfera.

O lançamento na atmosfera, em grande quantidade, de efluentes industriais,


junto com o escapamento dos veículos, com a queima de resíduos domésticos e
industriais em depósitos de lixo; têm gerado fenômenos como: a chuva ácida, o buraco
na camada de ozônio, o efeito estufa e a inversão térmica.

A poluição do ar por partículas suspensas e substâncias venenosas para o homem


como: o dióxido de enxofre, o dióxido de carbono, o dióxido de nitrogênio e o
monóxido de carbono; aumenta e agrava o número de doenças e infecções respiratórias,
como: rinite, sinusite, asma e bronquite.

2.4. Gestão de efluentes

Tratar os efluentes de forma adequada, com alta eficiência, não garante proteção
integral da água e do ar. O lodo gerado nos sistemas de tratamento de efluentes precisa
receber destinação adequada. Uma tendência promissora é à disposição do lodo nos
solos, como fertilizante ou corretivo agrícola; porém, essa disposição deve ser feita de

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forma consciente e com técnicas definidas em legislação e estudos científicos. A


disposição do lodo no solo pode ocasionar a contaminação deles, além do risco de
contaminação das águas subterrâneas e superficiais. Abordagens distintas devem ser
consideradas para tratar efluentes provenientes de diferentes fontes, devido à
variabilidade em suas composições.

O aumento da eficiência no processo de gestão é vital para o funcionamento


adequado ao tratamento de efluentes, visto que os processos produtivos estão em
constante transformação, visando o aumento da produtividade. Efluentes gerados
sofrem mudanças consideráveis que podem afetar significativamente as instalações e os
equipamentos que estejam defasados. Portanto, de maneira geral, o tratamento de
efluentes pode ser dividido em três etapas:

2.4.1. Tratamento primário ou tratamento preliminar

Separa-se a água dos materiais poluentes a partir da sedimentação nos


equipamentos, através de ação física. Pode, em alguns casos, ser ajudado pela adição de
agentes químicos que através de coagulantes e floculantes possibilitam a obtenção de
flocos de matéria poluente de maiores dimensões e assim mais facilmente decantáveis.
Após o tratamento primário, a matéria poluente que permanece na água é reduzida em
dimensões, normalmente constituída por coloides, devido à digestão do lodo, não sendo
por isso passível de ser removida por processos exclusivamente físicos e químicos
(SILVA, 2004).

Durante o tratamento primário é realizada a remoção de materiais grosseiros,


sólidos em suspensão (essa etapa também pode ser chamada de tratamento preliminar),
sólidos sedimentáveis, parte da matéria orgânica e também o ajuste de pH. Se após esta
etapa o efluente estiver de acordo com os padrões de despejo, pode ser lançado no corpo
receptor. Caso não esteja, deve passar para outra unidade de tratamento a fim de receber
o tratamento secundário.

2.4.2. Tratamento secundário

É geralmente um processo biológico, do tipo lodo ativado ou do tipo filtro


biológico, onde a matéria orgânica coloidal é consumida por microorganismos nos
chamados reatores biológicos. Esses reatores são normalmente constituídos por tanques

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com grande quantidade de microorganismos aeróbios, havendo por isso a necessidade


de promover o seu arejamento. Terminado o tratamento secundário, as águas residuais
tratadas apresentam um reduzido nível de poluição por matéria orgânica, podendo na
maioria dos casos, serem admitidas no meio ambiente receptor (NEVES, 1974).

No tratamento secundário é realizada principalmente a degradação biológica


de compostos orgânicos, acarretando também na decomposição
de carboidratos, lipídios e proteínas em compostos mais simples como H2O, CO2, NH3,
CH4, H2S etc.; dependendo do processo predominante.

2.4.3. Tratamento terciário

Tem como principal objetivo a remoção de nutrientes (fósforo e o nitrogênio), de


compostos tóxicos e contaminantes específicos, além da desinfecção.

Tem como objetivo a remoção de poluentes específicos, ou ainda, a remoção


complementar dos poluentes não suficientemente removidos no tratamento secundário.

2.5. Gestão de efluentes industriais ou agroindustriais

2.5.1. Processos físicos

Dentre os vários processos de tratamento de efluentes, podem-se destacar os


processos físicos, que são caracterizados por métodos de separação de fases, sendo que
esse fato pode ocorrer através de gradeamento, peneiramento, sedimentação ou
decantação e por flotação dos resíduos (CRESPILHO, et al., 2004).

2.5.1.1. Gradeamento

O sistema de gradeamento tem por objetivo reter o material sólido grosseiro em


suspensão no esgoto, para proteger tubulações, válvulas, bombas e outros equipamentos.

O gradeamento pode ser feito utilizando grades constituídas por barras metálicas
paralelas e igualmente espaçadas (de limpeza manual) ou por grades mecanizadas (de
limpeza mecânica) BRANDÃO & CASTILHO (2001).

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2.5.1.2. Peneiramento

Tem como objetivo principal a remoção dos sólidos grosseiros com


granulometria maior que 0,25 mm. As peneiras podem ser classificadas em estáticas e
rotativas; essas devem ser usadas, principalmente, em sistemas de tratamento de águas
residuárias industriais, sendo que em muitos casos, os sólidos separados podem ser
reaproveitados (MELLO, 2007).

2.5.1.3. Sedimentação ou decantação

O processo de sedimentação reduz parte da matéria orgânica presente nos


esgotos, removendo os sólidos em suspensão sedimentáveis e sólidos flutuantes, pois o
processo ainda contém sólidos em suspensão, não grosseiros e mais pesados que a parte
líquida. O processo de sedimentação ocorre em decantadores ou tanques de
sedimentação, aos quais os sólidos se sedimentam, indo para o fundo desses, formando
assim o lodo primário bruto (MELLO, 2007).

2.5.1.4. Flotação

É uma técnica de separação de misturas que consiste na introdução de bolhas de


ar em uma suspensão de partículas. Com isso, verifica-se que as partículas aderem às
bolhas, formando uma espuma que pode ser removida da solução e separando assim os
seus componentes de maneira efetiva. O importante nesse processo é que ele representa
exatamente o inverso da sedimentação das partículas (MASSI, et al., 2008).

2.5.2. Processos biológicos

São considerados como processos biológicos aqueles que necessitam da ação de


microrganismos aeróbios ou anaeróbios, na transformação da matéria orgânica, sob a
forma de sólidos dissolvidos em suspensão, em compostos simples como: sais minerais,
gás carbônico, água e outros; sendo que esse processo se subdivide em aeróbios e
anaeróbios (PROJETO MUNICIPIO VERDE, 2012).

2.5.2.1. Processo biológico aeróbico

No tratamento biológico aeróbio, os microrganismos, mediante processos


oxidativos, degradam as substâncias orgânicas, que são assimiladas como "alimento" e
fonte de energia, sendo que nesse processo ocorre a utilização de O 2 para que ocorra a

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biodegradação. Dentre os processos aeróbios o processo de lodo ativado é o mais


aplicado e também o de maior eficiência, o termo lodo ativado designa a massa
microbiana floculante que se forma quando esgotos e outros efluentes biodegradáveis
são submetidos à aeração (BARCELLO; CARVALHO, 2012).

2.5.2.2. Processo biológico anaeróbico

Nos processos anaeróbios de tratamento de efluentes são empregados


microrganismos que degradam a matéria orgânica presente no efluente, na ausência de
oxigênio molecular, tendo como resultado final a produção de metano e dióxido de
carbono, deixando na solução aquosa subprodutos como amônia, sulfetos e fosfatos. O
processo de digestão é desenvolvido por uma sequência de ações realizadas por uma
gama muito grande e variável de bactérias, tendo-se então uma cadeia sucessiva de
reações bioquímicas, onde inicialmente acontece à hidrólise ou quebra das moléculas de
proteínas, lipídios e carboidratos; até a formação dos produtos finais, sendo esses
essencialmente: o gás metano e o dióxido de carbono (FERNANDES, 2012).

2.5.3. Processos químicos

Processos químicos são aqueles onde a utilização de produtos químicos é


necessária para aumentar a eficiência na remoção de um elemento ou substância,
modificando o seu estado ou estrutura, ou simplesmente alterando as suas características
químicas, sendo que esses são utilizados em conjunto com os processos físicos e
algumas vezes a processos biológicos. Os processos químicos visam à remoção de
substâncias não eliminadas a níveis desejados nos tratamentos físicos e biológicos como
os nutrientes e microrganismos patogênicos, sendo esses: cloração, ozonização,
radiações ultravioletas, processo eletrolítico, entre outros (PROJETO MUNICIPIO
VERDE, 2012).

2.5.3.1. Cloração

A cloração é um processo adotado como sistema de desinfecção tanto de águas


como de esgotos, o cloro é o desinfetante mais utilizado nesses casos e é normalmente
aplicado na forma de cloro gasoso, hipoclorito de sódio ou de cálcio, apresentando um
menor custo de implantação e operação quando comparado aos outros processos
químicos, é uma tecnologia muito conhecida, sendo que essa é considerada efetiva para
diversificada gama de microrganismos. O cloro quando adicionado na entrada das
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Tema 3. Gestão de Efluentes

estações de tratamento de esgoto reduz a geração do gás sulfídrico, que causa odor
desagradável e é prejudicial às instalações da empresa e ao ser humano (DIAS; STIPP;
SOUZA, 2012).

2.5.3.2. Ozonização

O processo de ozonização é uma importante tecnologia aplicada tanto ao


tratamento de águas de abastecimento como residuárias, isso ocorre devido ao seu
elevado potencial de oxidação, é aplicado como uma tecnologia capaz de reduzir ou
remover inúmeros parâmetros de poluição ambiental, tais como: cor, concentração de
fenóis, toxicidade entre outros (ASSALIN; DURÁN, 2006).

2.5.3.3. Radiação ultravioleta

A irradiação UV pode ser usada sozinha com muito sucesso na inativação de


algas e na inativação de microorganismos patogênicos, pois ela causa um dano no seu
DNA, impedindo a sua reprodução. Além disso, a radiação UV pode ser usada na
destruição de compostos orgânicos em processos de degradação fotoquímicos e
fotocatalítico, as lâmpadas no processo de radiação ultravioleta apresentam uma vida
útil que pode variar em função de vários fatores, tais como: o composto que está sendo
tratado, pois dependendo da sua natureza ele pode atacar a superfície da lâmpada, assim
deve-se ter certeza de que a sua eficiência, medida pela intensidade luminosa, está
garantida; pois, caso isso não ocorra o processo pode ser afetado (VASCONCELOS;
GOMES, 2009).

2.5.4. Processo eletrolítico

O processo eletrolítico foi utilizado, na prática, pela primeira vez por Webster
em 1889, logo após ser concebido por Leeds no ano de 1888, esse foi aplicado no
tratamento de esgotos em Crossness, na Inglaterra, e fazia uso de eletrodos de ferro e da
adição de água do mar ao efluente a tratar. Operando com o sistema a uma tensão de 10
volts. Nos Estados Unidos, na primeira década do século XX foram desenvolvidos
estudos realizados por Harris, em 1909, sobre o tratamento eletrolítico aplicado a
esgotos, usando-se eletrodos de ferro e de alumínio (ABES, 2012).
No Brasil, só em 1985, foi implantada a primeira estação de tratamento usando o
processo eletrolítico em Iracemápolis – SP, nos anos seguintes outras estações de
tratamento utilizando o processo eletrolítico também foram instaladas nos municípios de
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Limeira, Pirassununga, Marília, Campinas e Águas de Lindóia, sendo todas no Estado


de São Paulo, no entanto em 1989, essas instalações foram gradativamente abandonadas
devido ao processo demonstrar inviabilidade financeira (ANGELIS et al., 1997).

2.5.4.1. Eletrofloculação

Está disponível há mais de cem anos e ressurgiu nas últimas duas décadas como
uma das técnicas mais interessantes para o tratamento de água e efluentes, devido às
crescentes restrições ambientais, consiste na utilização de reatores eletroquímicos para,
com utilização de corrente elétrica para gerar coagulantes “in situ” por oxidação
eletrolítica de um material apropriado no anodo, geralmente Fe ou Al onde espécies
iônicas carregadas são removidas dos efluentes através das reações delas com um íon de
carga oposta ou com floco de hidróxido metálico gerado dentro do efluente. Os gases
produzidos durante a eletrólise da água e da dissolução do metal resultam nos flocos que
promoverão a eletroflotação, removendo assim as partículas presentes no meio
(MACHADO et al., 2007).

2.5.4.2. Eletroflotação

Consiste em um processo eletroquímico baseado na geração de bolhas de gás,


sendo geralmente os gases O2 e H2. O processo consiste em quatro etapas: a geração de
pequenas bolhas de gás; contato entre as bolhas e as partículas em suspensão; adsorção
das pequenas bolhas de gás na superfície das partículas; e, ascensão do conjunto de
partículas com as bolhas para a superfície, desse modo toda a matéria em suspenção é
eletroflotada, proporcionando assim o clareamento do líquido tratado e formando na
superfície uma camada de espuma que contem as partículas flotadas, podendo ser
facilmente removidas do meio (PASCHOA; TREMILIOSI; FILHO. 2005).

2.5.4.3. Eletrocoagulação

A eletrocoagulação é um processo que envolve a geração de coagulantes “in


situ” pela oxidação de íons de ferro ou alumínio, a partir de eletrodos, pela ação da
corrente elétrica aplicada a esse eletrodo. A geração de íons metálicos ocorre no anodo,
enquanto o gás hidrogênio surge no catodo (PALACIO, 2009).

2.6. Legislações referentes à gestão de efluentes

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Tema 3. Gestão de Efluentes

A disposição inadequada do efluente no meio ambiente pode propiciar a


contaminação do solo, do ar e dos recursos hídricos; vinculado a isso, algumas culturas
agrícolas, animais e a biota podem vir a ser afetados. Para que os efluentes sejam
lançados no meio ambiente ou reutilizados, os mesmos devem atender aos padrões
estipulados por normas, legislações, resoluções etc. O lançamento de efluentes, nos
corpos receptores, é regido por padrões de lançamento de efluentes estabelecidos pelo
Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) – Resolução nº 357 de março de 2005.

A mesma dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais


para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e os padrões de
lançamento de efluentes. Essa resolução segue o procedimento reportado em Métodos
Padrões para Exame de Águas e Rejeitos (Standard Methods for the Examination of
Water and Wastewater) e estabelece limites máximos para os diferentes poluentes nos
corpos d´água.

Essa legislação estabelece o valor de 0,5 mg/l para o limite máximo de fenóis
nos corpos de água.

Ela estabelece que “os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão
ser lançados, direta e indiretamente, nos corpos d’água, após o devido tratamento, e
desde que obedeçam as condições, padrões e exigências estabelecidas nessa e em outras
normas aplicáveis”.

Quando são despejados sem tratamento, nos corpos d’água, os efluentes


provenientes de qualquer fonte poluidora (doméstica, industrial, agropecuária,
de aquicultura etc.) podem causar sérios danos ao meio ambiente (como a mortalidade
dos peixes, a proliferação excessiva de algas ou o desequilíbrio no ecossistema
aquático) e também à saúde humana (podendo provocar doenças
como cólera, disenteria, meningite, amebíase, hepatites A e B; bem como a
contaminação por metais pesados, bioacumulando-se).

Para evitar esses problemas, no Brasil, os efluentes só devem ser lançados nos
corpos receptores, após receberem tratamento adequado e desde que obedeçam aos
padrões, condições e exigências estipuladas pela Resolução CONAMA Nº 430/2011.

3. CONCLUSÃO

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Tema 3. Gestão de Efluentes

Os efluentes, tanto da indústria quanto os domésticos, liberados na natureza sem


o devido tratamento, provocam sérios desequilíbrios ao ecossistema e
consequentemente à vida dos seres vivos.

O tratamento dos efluentes industriais requer diversas técnicas para remover ou


reduzir os poluentes, antes do descarte ou da sua reutilização; são usados processos
biológico, físico e/ou químico. Uma única empresa pode gerar diversos tipos de
resíduos que demandam tratamentos específicos, que podem ser realizados por
empresas especializadas.

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