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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
Autor: Dr. Jefferson Alex Maciel Cavalcante

DEDICATÓRIA

Ao senhor meu Deus, por estar à frente de tudo para mim.

Aos meus filhos: Enzo Kauã Fernandes Cavalcante & Anderson Kalel
Fernandes Cavalcante; por fazer parte e ser a razão da minha vida, hoje e
sempre.

A minha Progenitora: D. Carmen Lúcia Machado Maciel; pela dádiva,


compromisso e responsabilidade direta pela minha formação social, intelectual,
cristã, profissional e humana.

Ao meu pai: Lucivaldo Messias dos Santos Cavalcante, por ser usado
por Deus, a fim de contribuir em minha geração, criação e/ou reprodução.

Ao meu padrasto: Leonardus Franciscus Helene Roobden, chamado


por nós, familiares, de Léo; por ser um avô exemplar, amável, cuidadoso e
responsável com os meus filhotes.

As minhas irmãs biológicas: Danielly, Aline e Amanda; pela honra e


glória em existir.

As minhas duas sobrinhas: Carol e Olivia.

Aos meus três cunhados: Thiago, Kleber Cris & Yuri.

A minha namorada, ao qual amo e admiro infinitamente, Enfermeira


Especialista, Paula Karina Soares de Souza; por me inspirar, aturar,
acompanhar, retribuir e fazer parte da minha vida hoje e espero que sempre.

Ao meu enteado: Davi Luiz, por ser o caçulinha da turma.

i
ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
Autor: Dr. Jefferson Alex Maciel Cavalcante

RESUMO

A Constituição é a norma de maior hierarquia em um ordenamento jurídico, que

organiza, estrutura e constitui o Estado e os direitos e garantias individuais. As

constituições podem ser classificadas quanto ao conteúdo, à forma, ao modo

de elaboração, à origem, à estabilidade, à extensão e à finalidade. A

constituição federal do Brasil de 1988 é formal, escrita, dogmática, promulgada,

rígida e analítica. A área de Direito está presente e influenciando todos os

ramos, norteando os interesses do Estado e das pessoas que formam o seu

povo. Nenhuma carreira jurídica pode cortar os seus vínculos com o seu

ordenamento jurídico maior, sob a pena de se perderem os mais elevados

anseios da espécie humana e desse corromper a eficiência da

representatividade democrática legalmente constituída.

ii
ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
Autor: Dr. Jefferson Alex Maciel Cavalcante

ABSTRACT

The Constitution is the highest ranking norm in a legal system, which organizes,

structures and constitutes the State and individual rights and guarantees.

Constitutions can be classified according to content, form, way of elaboration,

origin, stability, extension and purpose. The 1988 federal constitution of Brazil is

formal, written, dogmatic, enacted, rigid and analytical. The area of Law is

present and influencing all branches, guiding the interests of the State and the

people who make up its people. No legal career can cut its ties with its larger

legal system, under penalty of losing the highest aspirations of the human

species and thereby corrupting the efficiency of legally constituted democratic

representation.

iii
ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
Autor: Dr. Jefferson Alex Maciel Cavalcante
Pág.
SUMÁRIO
i
Dedicatória....................................................................................
Resumo......................................................................................... Ii

Abstract......................................................................................... iii

1. INTRODUÇÃO.............................................................................. 01

2. O que é direito constitucional?...................................................... 02


2.1. Disciplinas ou subdivisões do direito constitucional.................... 02
2.1.1. Direito constitucional positivo ou particular................................... 02
2.1.2. Direito constitucional comparado.................................................. 02
2.1.3. Direito constitucional geral............................................................ 03

3. O constitucionalismo..................................................................... 03

4. A constituição................................................................................ 03
4.1. Origem.......................................................................................... 03
4.2. Histórico das constituições brasileiras.......................................... 04
4.3. Conceito........................................................................................ 06
4.4. Objetivo......................................................................................... 06
4.5 Os elementos das constituições................................................... 07
4.5.1. Orgânicos...................................................................................... 07
4.5.2 Limitativos.................................................................................... 07
4.5.3. Sócios ideológicos........................................................................ 07
4.6. Estrutura das constituições........................................................... 07
4.7. Estabilização Constitucional......................................................... 07
4.8. Regime constitucional................................................................... 07
4.9. Classificação das constituições.................................................... 08
4.9.1 Quanto ao seu conteúdo............................................................... 08
4.9.2. Quanto a sua forma...................................................................... 08
4.9.3. Quando ao modo de elaboração................................................... 08
4.9.4. Quanto à ideologia........................................................................ 08
4.9.5. Quanto à origem ou processo de positivação............................... 08
4.9.6 Quanto à estabilidade................................................................... 09
4.9.7. Quanto à extensão e a finalidade................................................. 09
4.10. Princípios constitucionais ou da interpretação constitucional.... 09
4.10.1. Princípio da supremacia da constituição....................................... 10
4.10.2. Princípio da máxima efetividade ou efetividade constitucional..... 10
4.10.3. Princípio da unidade da constituição............................................ 10
4.10.4. Princípio da proporcionalidade...................................................... 10
4.11. Poder constituinte......................................................................... 11
4.11.1. A titularidade do poder constituinte............................................... 11
4.11.2. Espécies de poder constituinte..................................................... 11
5. A organização do Estado brasileiro..............................................
12
5.1. Elementos do Estado.................................................................... 13

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
Autor: Dr. Jefferson Alex Maciel Cavalcante
5.1.1. O território..................................................................................... 13
5.1.2. O povo........................................................................................... 13
5.1.3. A soberania................................................................................... 13
5.1.4. A cidadania................................................................................... 13
5.2. Entidades federativas.................................................................... 13
5.2.1. A União......................................................................................... 13
5.2.2. Os Estados membros.................................................................... 13
5.2.3. Os Municípios............................................................................... 14
5.2.4. O Distrito Federal.......................................................................... 14
5.3. Os alicerces da federação............................................................ 14
a) A autonomia dos entes políticos................................................... 14
b) A repartição ou representante das competências......................... 15
6. A separação dos poderes............................................................. 15
6.1. Poder legislativo............................................................................ 15
6.2. Poder executivo............................................................................ 16
6.3. Poder judiciário............................................................................. 16
7. Permissões do processo legislativo.............................................. 16
7.1. Emenda constitucional.................................................................. 16
7.2. Das Leis........................................................................................ 17
7.2.1. Lei complementar.......................................................................... 17
7.2.2. Lei ordinária.................................................................................. 17
7.2.3. Lei delegada.................................................................................. 17
7.3. Medida provisória.......................................................................... 18
7.4. Decreto legislativo......................................................................... 20
7.5. Resolução..................................................................................... 20
8. Direitos e garantias fundamentais................................................. 21

8.1. As principais características dos direitos e das garantias


fundamentais................................................................................. 21
8.2. A evolução dos direitos fundamentais.......................................... 22
8.3. Os direitos individuais e coletivos................................................. 23
▪ Direito à vida................................................................................. 23
▪ Direito à liberdade......................................................................... 23
▪ Direito à intimidade e privacidade................................................. 23
▪ Direito de locomoção.................................................................... 23
▪ Direito de propriedade.................................................................. 23
▪ Inviolabilidade de domicílio........................................................... 23
▪ Inviolabilidade de correspondência............................................... 23
▪ Direito de certidão......................................................................... 24
▪ Liberdade de profissão................................................................. 24
▪ Direito de reunião......................................................................... 24
▪ Direito de associação................................................................... 24
▪ Direito de opinião......................................................................... 24
▪ Direito de expressão.................................................................... 24
▪ Direito à honra.............................................................................. 24
▪ Direito à imagem.......................................................................... 24
▪ Direito de informação................................................................... 24
▪ Direito de informação jornalística................................................. 24
▪ Direito de informação pública....................................................... 24
▪ Direito de resposta....................................................................... 25

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
Autor: Dr. Jefferson Alex Maciel Cavalcante
▪ Direito de petição......................................................................... 25
▪ Devido processo legal.................................................................. 25
▪ Presunção de inocência............................................................... 25
▪ Inafastabilidade de jurisdição....................................................... 25
▪ Juiz natural................................................................................... 25
▪ Pressupostos constitucionais para a privação da liberdade..... 25
▪ Garantia constitucional do júri....................................................... 25
▪ Previsão de extradição................................................................. 25
▪ Proibição da prisão civil................................................................ 25
▪ Proibição de tortura....................................................................... 25
8.4. Habeas corpus.............................................................................. 26
8.5. Habeas data.................................................................................. 26
8.6. Mandado de injunção.................................................................... 27
8.6.1. Requisitos para o mandado de injunção....................................... 27
8.7. Ação popular................................................................................. 27
8.8. Dispensa de advogado................................................................. 28
8.9. Mandado de segurança................................................................ 28
9. Controle da constitucionalidade................................................... 29
9.1. Espécies de inconstitucionalidades............................................. 29
9.1.1. Vício formal.................................................................................. 29
9.1.1.1 Vício formal subjetivo................................................................... 29
9.1.1.2 Vício formal objetivo..................................................................... 30
9.1.2. Vício material................................................................................ 30
9.1.2.1 Vício material total........................................................................ 30
9.1.2.2 Vício material parcial.................................................................... 30
9.2. Espécies de controle.................................................................... 31
9.2.1. Controle preventivo...................................................................... 31
9.2.2. Controle repressivo...................................................................... 31
9.3. Vias de controle........................................................................... 31
9.3.1. Via difusa ou controle concreto.................................................... 31
9.3.2. Via concentrada ou controle abstrato.......................................... 32
9.4. Instrumentos de controle concentrado......................................... 32
9.4.1. Ação direta de inconstitucionalidade (ADI).................................. 32
9.4.2. Ação direta de inconstitucionalidade por omissão..................... 33
9.4.3. Ação declaratória de constitucionalidade (ADC)........................ 35
9.4.4. Arguição de descumprimento de preceito fundamental........... 36
9.4.5. O controle da constitucionalidade de âmbito estadual.............. 37
10. Estado de exceção...................................................................... 38
10.1. Intervenção federal...................................................................... 38
10.1.1. Tipos de intervenção federal....................................................... 38
10.2. Intervenção estadual................................................................... 39
11. Estado de defesa e estado de sítio.............................................. 39
11.1. Estado de defesa......................................................................... 39
11.1.1. Pressupostos de ordem material do estado de defesa............. 40
11.2. Estado de sítio............................................................................. 41
11.2.1. Estado de sítio repressivo........................................................... 41
11.2.2. Estado de sítio defensivo............................................................ 42
12. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................ 42
13. REFERÊNCIAS............................................................................ 42

vi
ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
Autor: Dr. Jefferson Alex Maciel Cavalcante
1. INTRODUÇÃO

O Direito é dividido em dois grupos: Direito Privado que trata das


normas que regulam as relações individuais e dos indivíduos com o Estado
(sem que este esteja na sua condição de poder); e, o Direito Público que
corresponde às normas que regulam as atividades e funções do Estado,
servidores e particulares.

Muito mais do que um alicerce aos profissionais da ciência jurídica, o


Direito Constitucional é a voz da cidadania.

Não é sem motivo que o assunto figura como matéria obrigatória em


diversos concursos públicos. Esse ramo do Direito está presente em todos os
demais, norteando os interesses do Estado e das pessoas que formam o seu
povo.

Nenhuma carreira jurídica pode cortar os seus vínculos com o seu


ordenamento jurídico maior, sob a pena de se perderem os mais elevados
anseios da espécie humana e desse corromper a eficiência da
representatividade democrática legalmente constituída.

A Constituição é a norma de maior hierarquia em um ordenamento


jurídico, que organiza a estrutura e constitui o Estado e os direitos e garantias
individuais.

É certo que o Direito Constitucional se desenvolve inter-relacionado a


outras ciências, principalmente a sociologia, a filosofia e a política. Em virtude
disso, existem diversos sentidos para se conceituar a Constituição:

x Sentido sociológico de constituição – Desenvolvido por Ferdinand


Lassalle. Ele defende que uma Constituição só seria legítima se representasse
a vontade popular, refletindo as forças sociais que constituem o poder. Caso
isso não aconteça, a Constituição não passaria de uma ‘folha de papel’.
x Sentido político de constituição – Desenvolvido por Carl Schmitt. Ele
conceitua Constituição como a decisão política fundamental. Segundo Schmitt,
a validade de uma Constituição não se apoia na justiça de suas normas, mas
na decisão política que lhe dá existência.

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Autor: Dr. Jefferson Alex Maciel Cavalcante
x Sentido jurídico de constituição – Desenvolvido por Hans Kelsen. Para
ele, a Constituição estaria no mundo do dever ser, e não no mundo do ser,
caracterizando-a como fruto da vontade racional do homem, e não das leis
naturais. A Constituição seria, assim, um sistema de normas jurídicas. Segundo
Kelsen, a Constituição é considerada como norma pura, sem qualquer
consideração de cunho sociológico, político ou filosófico. Em consequência, a
validade da norma é completamente independente de sua aceitação pelo
sistema de valores sociais vigentes em uma comunidade.
x Sentido culturalista de constituição: Desenvolvido por J.H. Meirelles
Teixeira. Para ele, a Constituição é produto de um fato cultural, produzido pela
sociedade e que sobre ela pode influir.

A concepção culturalista levaria ao conceito de Constituição Total, por


apresentar na sua complexidade intrínsecos aspectos: econômicos,
sociológicos, jurídicos e filosóficos.

2. O que é direito constitucional?

Ele faz parte do Direito Público sendo focado no estudo dos princípios e
das normas que organizam o Estado, os poderes, os órgãos públicos; bem
como os direitos individuais e coletivos. Está acima de todos os outros ramos
do direito e o seu objeto de estudo é a Constituição Política do Estado, o
principal documento que deve ser respeitado e obedecido.

2.1. Disciplinas ou subdivisões do direito constitucional

Faz parte do Direito Constitucional as seguintes disciplinas:

2.1.1. Direito constitucional positivo ou particular


É responsável por interpretar, criticar e sistematizar as normas
existentes em um determinado Estado. Por exemplo, é aquela que estuda a
Constituição Brasileira ou a Americana, etc.
2.1.2. Direito constitucional comparado
É feita uma comparação entre as diferentes constituições para obter
informações sobre as diferenças e semelhanças essenciais para o estudo
jurídico.

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Autor: Dr. Jefferson Alex Maciel Cavalcante
2.1.3. Direito constitucional geral

Estuda a teoria geral do direito constitucional, tais como: hermenêutica


interpretação e aplicação das normas, conceito, etc.
A hermenêutica é o estudo das técnicas de interpretação do Direito, bem
como da sua metodologia, princípios e pressupostos. Através da interpretação
constitucional, os intérpretes procuram transmitir o real significado das normas
jurídicas, a fim de expressá-las à sociedade.
3. O constitucionalismo

É o tipo de movimento político baseado em um regime constitucional, ou


seja, que utiliza uma Constituição para comandar o país. Esse movimento é
responsável pelo desenvolvimento do conceito de Constituição, bem como de
seu conteúdo e organização. O constitucionalismo moderno começou na
Europa com a revolta da burguesia contra o poder econômico e o Estado
Monárquico.

4. A constituição

É o objeto principal de estudo do Direito Constitucional. A palavra vem


do latim constituere e quer dizer: estabelecer definitivamente. É a principal lei
do Estado que mostra como ele está organizado juridicamente, além de
apresentar quais as regras e os princípios devem ser cumpridos por todos
aqueles que se pautam pela mesma. Possui um grau máximo de superioridade
e eficácia, ficando acima das outras leis. Essas normas menores devem estar
de acordo com a Lei Fundamental (Constituição).

4.1. Origem

A ideia de constituição que conhecemos surgiu nas civilizações


clássicas, ou seja, entre os gregos e romanos; no domínio do pensamento
filosófico e político.

As primeiras constituições possuíam apenas a organização do Estado,


bem como os direitos e garantias das liberdades individuais. Esse modelo
durou até a metade do século XX, que logo depois foi substituído pelas
constituições da Alemanha (Weimer - 1919) e do México (1917), que garantiam

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Autor: Dr. Jefferson Alex Maciel Cavalcante
direitos culturais, sociais e econômicos. Já nos Estados Unidos a primeira
surgiu com a Revolução Norte-Americana.

4.2. Histórico das constituições brasileiras


x Constituição de 1824
o Constituição Imperial;
o Estado Unitário (concentrado no poder central);
o Outorgada;
o Conteúdo: material;
o Alterabilidade: semirrígida ou semiflexível;
o Não havia nenhuma forma de controle de constitucionalidade;
o Voto: censitário (financeiro);
o Rol extenso de liberdades públicas, associado aos direitos de 1ª
Geração;
o Forma de Governo: Monarquia;
o Sistema de Governo: absolutista, apenas no final parlamentarista.
x Constituição de 1891
o Forma de Governo: República;
o Forma de Estado: Federativa;
o Promulgada;
o Apenas direitos de 1ª Geração;
o Nasceu o TCU;
o Nascimento do controle difuso;
o Alterabilidade: rígida;
o Sufrágio censitário (excluía os mendigos) e capacitário (excluía as
mulheres, os analfabetos);
o Abolida pena de morte;
o Surgimento do Habeas Corpus em sede constitucional.
x Constituição de 1934
o Promulgada;
o 1ª constituição social do Brasil, trouxe os direitos de 2ª Geração;
;

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o Voto: 1ª a garantir o voto feminino; mas ainda não podiam se alistar os
mendigos e analfabetos;
o Controle Concentrado: representação de inconstitucionalidade (RI)
interventiva federal;
o Surgimento do Mandado de Segurança (apenas o individual) e a Ação
Popular.
x Constituição de 1937
o Constituição “Polaca” (características: nazistas e fascista);
o Outorgada;
o Retrocesso: extraiu o MS e a Ação Popular; pena de morte; censura;
possibilidade de perda dos direitos políticos;
o Greve: a greve e o lock out são declarados recursos antissociais nocivos
ao trabalho e ao capital e incompatíveis com os superiores interesses da
produção nacional.
x Constituição de 1946
o Promulgada
o Sufrágio: alistamento e o voto são obrigatórios para os brasileiros de
ambos os sexos, salvo as exceções previstas em lei; não podem alistar-se
eleitores os analfabetos;
o Extinção da censura: É livre a manifestação do pensamento, sem que
dependa de censura, salvo quanto a espetáculos e diversões públicas;
o Função social da propriedade, prevendo desapropriação com
indenização
o Extinção da pena de morte
o Reconhecido o direito de greve
o Restauração do MS e da Ação Popular
o EC 16/65: criou a ADI (controle concentrado abstrato).
x Constituição de 1967
o Outorgada;
o Ação de suspensão de direitos individuais e políticos;
o Ficam aprovados e excluídos de apreciação judicial os atos praticados
pelo Comando Supremo da “Revolução” de 31 de março de 1964;
o 1968 → instituição do AI-5;

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Autor: Dr. Jefferson Alex Maciel Cavalcante
o Emenda Constitucional nº 1 de 1969 (em seu conteúdo uma verdadeira
constituição)

(legislativo, executivo e judiciário), quanto verticalmente (União, Estados e


Municípios), nas mãos do Presidente da República;
Eliminou as imunidades parlamentares materiais e processuais;

Determinou a liberdade de criação dos partidos políticos.

4.3. Conceito

É o conjunto de normas jurídicas supremas que estabelecem os


fundamentos da organização de um estado e da Sociedade; dispondo e
regulando a forma de estado, a forma e o sistema de governo, o seu regime
político, os seus objetivos fundamentais, o modo de aquisição e o exercício do
poder, a composição, as competências e o funcionamento dos seus órgãos, os
limites de atuação e a responsabilidade dos seus dirigentes; e, fixando uma
declaração de direitos e garantias fundamentais e as principais regras de
convivência social.

É a lei das leis, um conjunto de normas escritas ou não, com os


princípios que regem ou organizam um Estado. Ela pode ser chamada de Carta
Magna, Lei Suprema, etc.

4.4. Objetivo

Definir a estrutura do Estado, os seus princípios fundamentais e a


organização do poder político; disciplinando o modo de aquisição, a forma de
exercício e os limites de atuação do poder político e declarando os direitos e as
garantias fundamentais. Podendo estabelecer as principais regras de
convivência social e implementar a ideia de Direito e inspirando todo o sistema
jurídico e por fim fixando os fins sócios- econômicos dos Estados e da base da
Ordem Econômica e Social.

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4.5. Os elementos das constituições

4.5.1. Orgânicos

Regulam o Estado e o poder, como normas que disciplinam a divisão


dos poderes e o sistema de governo. Ex: Organização do Estado;

4.5.2. Limitativos

Normas que formam o catálogo de direito e garantias fundamentais,


limitadoras do poder estatal. Ex.: Art. 5.

4.5.3. Sócios ideológicos

Comprometimento das constituições modernas entre o estado individual


e o Estado social. Ex.: Direitos Sociais;.

4.6. Estrutura das constituições

x Preâmbulo: parte precedente do texto constitucional que sintetiza a


carga ideológica que permeou a CF.
Ex.: ADI 2076 STF: “Inexistência de força obrigatória do preâmbulo da CF,
limitando-se ao reconhecimento da importância para soluções interpretativas”.

x Dogmática: texto articulado que reúne os direitos civis, políticos, sociais


e econômicos que modernamente são veiculadas;
x Disposições transitórias: realiza a integração entre a nova ordem
constitucional e a que foi substituída ou disciplinar provisoriamente sobre
determinada situação enquanto não regulamente lei definitiva no país.

4.7. Estabilização constitucional

Visa garantir a solução dos conflitos, a defesa da constituição e das


instituições democráticas. Ex.: Processo de Emenda Constitucional.

4.8. Regime constitucional

Tipo de regime que se baseia na Constituição, no que a Lei Magna diz a


respeito de um determinado tema.

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4.9. Classificação das constituições

Existem vários modos, de acordo com a doutrina, de classificar as


constituições. Elas podem ser classificadas em:

4.9.1. Quanto ao seu conteúdo


Material ou substancial - é um tipo de constituição escrita ou não, que se
refere aos elementos que constituem o Estado, bem como a sua estrutura,
divisão do poder político, de competências e direitos fundamentais;

Formal - são normas escritas superiores às leis comuns, sendo essas


inseridas no texto da constituição escrita, podendo ter relação com as matérias
constitucionais ou não.
4.9.2. Quanto a sua forma
Escritas - um documento escrito com leis que foram criadas em um
período de reflexão;

Não Escritas - constituição formada pelos costumes de uma sociedade.


Também é conhecida como constituição costumeira.
4.9.3. Quando ao modo de elaboração
Dogmática - são ideais que surgiram desde o momento de sua criação;
e, portanto, funcionam como verdades da ciência política. Ela é feita de forma
escrita por um órgão constituinte;

Histórica - é uma constituição não escrita que depende de um processo


demorado para a sua formação; de acordo com a história, costumes e
tradições de um povo.
4.9.4. Quanto à ideologia
Eclética - apoiada em um conjunto de ideologias. Pode ser chamada
também de pluralista, compromissória ou complexa; e, a sua linha política não
possui uma definição;

Ortodoxa - aquela onde está definida a sua linha política, apoiando-se


em uma ideologia apenas.
4.9.5. Quanto à origem ou processo de positivação
Promulgada - é o tipo conhecida também como democrática e popular,
sendo feita por uma Assembleia Nacional Constituinte (representantes que
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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
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foram escolhidos pelo povo para fazer parte do poder constituinte e criar uma
constituição);

Outorgada - é quando o processo de criação passa por uma pessoa ou


um grupo responsável pela produção da Carta, sendo essa uma imposição do
poder do governante (monarcas, ditadores, juntas de governo golpistas). Nela
não ocorre a participação do povo.
4.9.6. Quanto à estabilidade
Rígida - tipo de constituição escrita, cujo processo de alteração é mais
demorado;

Flexível - tipo de constituição que não informa em seu texto qualquer


requisito para a sua alteração, sendo assim, não há um grau elevado de
dificuldade para alterá-la;

Semirrígida - se trata de uma constituição que ora poderá ter as suas


regras alteradas por meio de um processo legislativo ou ser imutável, em
alguns pontos.
4.9.7. Quanto à extensão e a finalidade
Sintética (sucinta ou concisa) - aquela que possui número de artigos
reduzidos. Um exemplo é a Constituição Norte-Americana;

Analítica (prolixa) - é uma constituição ampla e possui detalhes que


poderiam ser abordados por uma legislação ordinária.
A Constituição Federal do Brasil de 1988 – É formal, escrita,
dogmática, eclética ou pluralista, promulgada, rígida e analítica.
4.10. Princípios constitucionais ou de interpretação constitucional

Para que seja feito um correto estudo da Constituição foram criados os


princípios de interpretação constitucional que funcionam como ferramentas de
auxílio na interpretação da lei. Importante ressaltar que a partir da CF de 1988
houve uma valorização maior do texto constitucional e que a interpretação de
qualquer dispositivo legal deveria partir dela. Assim, todos os ramos do Direito,
estariam subordinados a Constituição. Esses princípios podem variar de acordo
com cada autor que trata sobre Direito Constitucional.

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
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4.10.1. Princípio da supremacia da constituição

Ostenta a posição de proeminência em relações às demais normas, seja


quanto ao modo de sua elaboração, seja quanto à matéria de que tratam.
Nesse princípio nenhum ato jurídico pode permanecer valendo em ação
contrária à Constituição Federal. As normas que outrora se chocam com a lei
suprema são revogadas. No entanto, as regras posteriores que vierem a ser
implementadas, passarão por um controle de constitucionalidade. Caso esteja
indo de encontro às normas-chave, serão tidas como nulas. Para o legislador
ordinário é proibido: burlar a lei, acrescentar, deturpar ou mudar algo que a
prejudique. O juiz como intérprete da lei deve aplicar os princípios da
constituição através de uma hermenêutica construtiva.
4.10.2. Princípio da máxima efetividade ou efetividade constitucional
Por esse princípio a uma norma constitucional deve ser atribuído um
sentido, que lhe permita maior eficácia, permitindo as duas formas de
interpretação, deixando ao intérprete da lei escolher a que seja mais eficiente
para o comando constitucional. Isso quando se tratar de direito ou garantia
fundamental. O intérprete deve favorecer o elemento teleológico que, de
acordo com o dicionário, essa palavra significa: teoria que estuda os seres pelo
fim que aparentemente serão destinados.
4.10.3. Princípio da unidade da constituição
A lei é tratada de forma sistemática e não isolada. A Constituição é
quem faz a ligação e dá a permissão da sistematicidade do ordenamento
jurídico, servindo de parâmetro para qualquer processo interpretativo.
4.10.4. Princípio da proporcionalidade
A proporcionalidade carrega consigo três subprincípios: adequação,
exigibilidade e proporcionalidade. A proporcionalidade serve como parâmetro
de controle da constitucionalidade das regras restritivas de direitos
fundamentais. Também atua na solução dos conflitos entre os princípios da
constituição. A adequação exige medidas interventivas, em que o meio
escolhido pela norma é ideal para alcançar o fim estabelecido; assim,
mostrando-se adequado. O subprincípio da exigibilidade propõe que o meio
indicado seja exigível, não tendo outro com eficiência equiparada e que seja
menos danoso a direitos fundamentais.

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
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4.11. Poder constituinte

É a manifestação soberana da suprema vontade política de um povo,


social e juridicamente organizado. O poder constituinte é o poder que tudo
pode.
4.11.1. A titularidade do poder constituinte

É predominante que a titularidade do poder constituinte pertence ao


povo. Logo, a vontade constituinte é a vontade do povo expressa por meio de
seus representantes.

4.11.2. Espécies

a) Poder constituinte originário - Estabelece a Constituição de um novo


Estado, organizando-se e criando os poderes destinados a reger os interesses
de uma sociedade. Não deriva de nenhum outro, não sofre qualquer limite e
não se subordina a nenhuma condição.
Ocorre Poder Constituinte no surgimento da 1ª Constituição e também
na elaboração de qualquer outra que venha depois.
x Características:
- Inicial: não se fundamenta em nenhum outro; é a base jurídica de um
Estado;
- Autônomo/ilimitado: não está limitado pelo direito anterior, não tendo que
respeitar os limites postos pelo direito positivo anterior; não há nenhum
condicionamento material;
- Incondicionado: não está sujeito a qualquer forma pré-fixada para
manifestação de sua vontade; não está submisso a nenhum procedimento de
ordem formal.
b) poder constituinte derivado - também chamado Instituído ou de segundo
grau – é secundário, pois deriva do poder originário. Encontra-se na própria
Constituição, encontrando limitações por ela impostas: explícitas e implícitas.
x Características:
- Derivado: deriva de outro poder que o instituiu, retirando sua força do
poder Constituinte originário;
- Subordinado: está subordinado a regras materiais; encontra limitações no
texto constitucional. Ex. cláusula pétrea

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
Autor: Dr. Jefferson Alex Maciel Cavalcante
- Condicionado: seu exercício deve seguir as regras previamente
estabelecidas no texto da CF; é condicionado a regras formais do
procedimento legislativo. Este poder se subdivide em:

I) poder derivado de revisão ou de reforma: poder de editar emendas à


Constituição. O exercente desse poder é o Congresso Nacional que, quando
vai votar uma emenda ele não está no procedimento legislativo, mas no Poder
Reformador.

II) poder derivado decorrente: poder dos Estados, unidades da federação,


de elaborar as suas próprias constituições. O exercente desse poder são as
Assembleias Legislativas dos Estados. Possibilita que os Estados Membros se
auto-organizem.

A Constituição de 1988 deu aos Municípios um status diferenciado do


que antes era previsto, chegando a considerá-los como entes federativos, com
a capacidade de se auto-organizar através de suas próprias Constituições
Municipais que são denominadas Leis Orgânicas.

5. A organização do Estado brasileiro

O Estado é uma sociedade organizada de forma política, fixada em um


território, com um poder soberano responsável por governar um povo e com a
finalidade de trazer o bem comum.

A Organização do Estado Brasileiro (art. 1º) - A República Federativa do


Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:

- A soberania;

- A cidadania;

- A dignidade da pessoa humana;

- Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; e

- O pluralismo político.

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
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5.1. Elementos do Estado

5.1.1. O território

É o espaço físico delimitado por fronteiras naturais ou não.

5.1.2. O povo

É o número determinado ou não de indivíduos que habitam o território;


unidos por uma mesma língua, objetivos e cultura.

5.1.3. A soberania

É a supremacia do Estado brasileiro na ordem de política externa e


interna. É o poder de um país de dizer e aplicar o Direito dentro do seu
território, com o efeito erga omnis.

5.1.4. A cidadania

É a titularidade dos direitos políticos e civis de cada indivíduo, aos quais


devem ser garantidos e preservados.

5.2. Entidades federativas

5.2.1. A União

Exerce as atribuições da soberania sem ser um estado membro, agindo


em nome de toda a Federação, interna e externamente. Entidade federativa
autônoma cabe-lhe exercer as atribuições da soberania do Estado brasileiro.
Não se confunde com o Estado federal, pois este é pessoa jurídica de direito
internacional. A União age em nome de toda a Federação quando representa o
país no plano internacional ou quando intervém em um Estado membro, no
plano interno.

5.2.2. Os Estados membros

Têm independência relativa, pois existem de forma não dependente no


que se refere certa autonomia administrativa e financeira, mas estão ligados
diretamente à Federação. Auto-organizado por meio do exercício do seu poder
constituinte derivado decorrente; e, posteriormente, por meio da sua própria

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
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constituição. O artigo 25 da Constituição Federal, em consonância com o artigo
11, caput, do Ato das Disposições Constitucionais Transitória, permite aos
Estados membros a auto-organização, por meio de Constituições estaduais,
desde que observados os princípios estabelecidos por nossa Lei Maior.

5.2.3. Os Municípios

Células de composição dos estados membros, as quais existem de


forma independente no que se refere a certa autonomia administrativa e
financeira, estando ligados diretamente aos estados que compõem.
Consagrados como entidades federativas indispensáveis ao nosso sistema
federativo, integram-se na organização política e administrativa cercados de
plena autonomia. A criação, a incorporação, a fusão e o desdobramento do
Município dependem de lei Estadual dentro do período determinado por lei
complementar federal; assim como de consulta prévia, mediante plebiscito, às
populações interessadas, após a divulgação dos Estudos de Viabilidade
Municipal, apresentados e publicados na forma da lei.

5.2.4. O Distrito Federal

A Constituição garante ao mesmo a natureza de ente federativo


autônomo, vedando-lhe a possibilidade de subdividir-se em Municípios. Dessa
forma, não é Estado membro nem tão pouco Município; tendo em regra, todas
as competências legislativas e tributárias reservadas aos Estados e Municípios.

5.3. Os alicerces da federação

A forma federativa do Estado possui dois alicerces imutáveis a sua


estabilidade e funcionamento. São eles:

a) A autonomia dos entes políticos – é autônomo quando possui as


seguintes características:

x Arrecadação – tributos próprios;


x Administração pública – servidores concursados (estáveis);
x Representante do poder executivo eleito diretamente.

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
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b) A repartição ou representante das competências

Cada ente político recebe da Constituição competências específicas


para as suas atividades administrativas, legislativas e tributárias; designadas
dessa maneira:

x Competência privativa da União – delegável aos Estados membros (art.


22);
x Competência comum entre os entes políticos (art. 23);
x Competência concorrente – União, Estados e o Distrito Federal (art.24).

6. A separação dos poderes

Poderes (art. 2º) - São Poderes da União, independentes e harmônicos


entre si; o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

6.1. Poder legislativo

A sua função básica é a elaboração de leis. Na esfera federal é exercido


pelo Congresso Federal e é bicameral - composto da Câmara dos Deputados e
do Senado. Nos estados e municípios, é unicameral.

O poder legislativo federal é bicameral (é o regime em que o Poder


Legislativo é exercido por duas Câmaras: a Câmara baixa e a Câmara alta,
respectivamente), é exercida pelo Congresso Nacional, que se compõe da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal. É fundamental que se
diferenciem os Legislativos Estadual, Distrital e Municipal; aos quais se
consagra o sistema unicameral.

O bicameralismo do Legislativo Federal está intimamente ligado à


escolha pelo legislador constituinte da forma federativa de Estado. No Senado
Federal se encontram representantes de todos os Estados membros e do
distrito Federal, consagrando o equilíbrio entre as partes da federação.

6.2. Poder executivo

A sua função básica é a administração do Estado em conformidade com


a legislação específica. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
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República. Sua função atípica é legislar e julgar em temas ligados a sua esfera
de atuação.

Constitui órgão cuja função típica é o exercício da chefia de Estado.


Entre as suas funções atípicas estão o ato de legislar e o de julgar o seu
contencioso administrativo.

Da mesma forma que os congressistas, o chefe do Executivo é eleito


pelo povo e possui várias prerrogativas e imunidades, as quais são garantias
para o independente e imparcial exercício das suas funções.

Quanto às atribuições do presidente da república do Brasil a mesma


está descrita no art. 84 da Constituição Federal.

6.3. Poder judiciário

Tem como função basilar a pacificação de litígios por meio da jurisdição,


ou seja, cabe ao Judiciário a distribuição da justiça pela aplicação das normas
preexistentes e elaboradas pelo poder legislativo.

Completando a tripartição dos poderes, em sua divisão clássica, está o


Poder Judiciário. A sua presença garante o verdadeiro Estado democrático de
direito. Exatamente por esse motivo, justifica-se a aplicação de certas garantias
aos seus membros julgadores, tais como: vitaliciedade, inamovibilidade e a
irredutibilidade dos vencimentos. Dessa maneira se pode contar com um órgão
independente e autônomo para guardar as leis e garantir a ordem
governamental.

7. Permissões do processo legislativo (art. 59)

O processo legislativo compreende a elaboração de: emendas à


Constituição; leis complementares; leis ordinárias; leis delegadas; medidas
provisórias; decretos legislativos e resoluções.

7.1. Emenda constitucional (art. 60)

A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: de um terço,


no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; do
Presidente da República; ou de mais da metade das assembleias legislativas

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
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das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria
relativa de seus membros.

7.2. Das Leis (art. 61)

7.2.1. Lei complementar

A iniciativa dessas leis, que disciplinam e regulamentam mandamentos


constitucionais, pode-se dizer que existem duas diferenças básicas entre a lei
complementar e a ordinária. A primeira delas é uma diferença material, já que
só pode ser objeto de lei complementar a matéria expressamente prevista na
Constituição Federal, enquanto as demais matérias devem ser objeto de leis
ordinárias.

A segunda diferença, também chamada de formal, refere-se ao processo


legislativo na fase de votação. Enquanto o quórum para aprovar a lei
complementar é o absoluto, o quórum que aprova a lei ordinária é o simples ou
relativo.

O rito de elaboração da lei complementar segue o modelo do processo


legislativo.

7.2.2. Lei ordinária

A razão da existência da lei complementar se dá pelo fato de o legislador


constituinte entender que determinadas matérias, ainda que importantes, não
devem ser tratadas no contexto da própria Constituição.

A essas leis, que regulamentam outros mandamentos sem previsão de


regulamentação no texto constitucional, cabem a qualquer membro ou
comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso
Nacional; ao Presidente da República; ao Supremo Tribunal Federal; aos
Tribunais Superiores; ao Procurador-Geral da República; e, aos cidadãos, na
forma e nos casos previstos na Constituição.

7.2.3. Lei delegada (art. 68)

São elaboradas pelo presidente da república em função de autorização


expressa do Poder Legislativo e nos limites impostos por estes, constitui

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
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delegação externa da função de legislar; possibilitando ao Executivo
regulamentar assuntos mais próximos de si com um maior grau de eficiência.

Uma vez encaminhada a solicitação do presidente ao congresso, será


submetida a votação pelas duas casas, em sessão conjunta ou
separadamente; e, se aprovada por maioria simples, terá forma de resolução.

A resolução, por sua vez, deverá especificar os limites do ato do


presidente e se existe necessidade ou não de remessa do texto ao Congresso
para análise final, antes da promulgação. Na hipótese de o presidente
extrapolar os limites impostos pelo Legislativo, o Congresso Nacional poderá
se valer de um decreto legislativo para sustar os efeitos da lei delegada, o que
não afasta a existência de um eventual ADI como instrumento de controle da
constitucionalidade.

O Presidente da República deverá solicitar a delegação ao Congresso


Nacional. Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do
Congresso Nacional; os de competência privativa da Câmara dos Deputados
ou do Senado Federal; a matéria reservada à lei complementar; nem a
legislação sobre:

- Organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a


garantia de seus membros;

- Nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;

- Planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.

7.3. Medida provisória

Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá


adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato
ao Congresso Nacional. As medidas provisórias perderão eficácia, desde a sua
edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias,
prorrogável, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional
disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes. Se a
medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias, contados de
sua publicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente, em cada

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
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uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime
a votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver
tramitando. Aprovado o projeto de lei de conversão, alterando o texto original
da medida provisória, esta se manterá integralmente em vigor até que seja
sancionada ou vetada.

Alterado pela Emenda Constitucional 32/2001, o artigo 62 da


Constituição Federal é bem claro em definir como requisitos da medida
provisória: relevância e urgência. Assim, presentes tais requisitos, o
presidente da república poderá editar medidas provisórias com força de lei,
devendo estas ser submetidas ao Congresso Nacional imediatamente.

O Congresso Nacional, por sua vez, tem 60 dias, prorrogáveis por igual
período, para analisar o texto da medida provisória, sendo possíveis três
ocorrências: aprovação com ou sem alteração do texto, rejeição expressa ou
rejeição tácita.

No caso de aprovação, a medida provisória se converterá em lei


ordinária, sendo promulgada pelo presidente do Senado Federal, que remeterá
ao presidente da República para a publicação.

Se for rejeitada expressamente, será arquivada e caberá ao presidente


do Congresso Nacional baixar ato declarando-a ineficaz.

Se a análise não terminar no prazo de 120 dias, ficará caracterizada a


rejeição tácita, o que também acarreta a perda de eficiência da medida.

Um dos principais pontos alterados pela Emenda 32 é em relação ao


alcance das matérias a serem regulamentadas por meio das medidas
provisórias. Assim, além de as medidas provisórias não poderem regulamentar
assuntos reservados às leis complementares, o atual artigo 62 traz diversas
limitações novas, por isso, sugere-se um estudo detalhado do próprio texto da
Constituição atualizada.

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
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7.4. Decreto legislativo (art. 59, inciso VI)

São da competência do Congresso Nacional, não estando sujeitos a


veto ou sanção do Presidente. Têm efeitos externos, previstos no artigo 49
(que trata da competência exclusiva do Congresso Nacional).

Constitui espécie normativa cujo objetivo é veicular as matérias de


competência exclusiva do Congresso Nacional, basicamente previstas no artigo
49 da Constituição Federal. O processo legislativo dessa espécie não se
encontra na Constituição Federal, pois cabe ao próprio Congresso Nacional
discipliná-lo.

Os decretos legislativos são instruídos, discutidos e votados em ambas


as Casas Legislativas e, se aprovados, são promulgados pelo presidente do
Senado Federal, na qualidade de presidente do Congresso Nacional, que
também determina a sua publicação. Ressalte-se, ainda, que o presidente da
República nem sempre participa desse processo.

Como melhor exemplo do uso dos decretos legislativos está à


incorporação de tratados internacionais no direito interno. Isso se dá em três
fases distintas:

1ª fase – Compete privativamente ao presidente da República celebrar


tratados internacionais.

2ª fase – O congresso Nacional tem competência exclusiva para resolver


definitivamente sobre os tratados internacionais. A deliberação do Parlamento
será realizada por meio da aprovação de um decreto legislativo, definitivamente
promulgado pelo presidente do Senado Federal e publicado.

3ª fase – Edita-se um decreto do presidente da República ratificando o


tratado internacional devidamente homologado pelo Congresso Nacional.

7.5. Resolução

É ato normativo do Congresso Nacional, do Senado Federal ou da


Câmara dos Deputados; destinado a regular as suas matérias internas ou de

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
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competência privativa. Existem, porém, exceções em que a resolução pode ter
efeito externo quando dispõe sobre a delegação de legislar.

Exemplos de resoluções são as políticas (Senado referendando uma


nomeação), as deliberativas (ao fixar alíquotas), as de coparticipação na
função judicial (suspensão de lei declarada inconstitucional pelo Supremo
Tribunal Federal); e, finalmente, a auto condição da função legislativa
(autorização da elaboração de uma lei delegada).

O processo legislativo das resoluções também não se encontra no texto


constitucional. Uma vez que elas podem se originar em três fontes e apresenta
uma premissa básica válida de forma geral: a resolução isolada de cada Casa
Legislativa somente por ela será instruída, discutida e votada; cabendo ao seu
presidente promulga-la e determinar a publicação. No caso de uma resolução
do congresso, a aprovação será bicameral, cabendo ao seu presidente à
promulgação.

8. Direitos e garantias fundamentais

Os direitos e garantias fundamentais se constituem em um amplo rol em


que estão inseridos os direitos de defesa do indivíduo perante o Estado, os
direitos políticos, os relativos à nacionalidade e os direitos sociais; dentre
outros. Os direitos fundamentais têm por finalidade proteger a dignidade
humana em todas as dimensões.

8.1. As principais características dos direitos e das garantias


fundamentais
a) Historicidade – os direitos fundamentais possuem caráter histórico;
nasceram com o cristianismo, perpassando pelos direitos humanos; e, hoje,
encontram-se ainda em plena discussão. É um processo que não possui
epílogo.
b) Universalidade – por esse critério os direitos fundamentais são
dirigidos a todos os seres humanos.
c) Limitabilidade – os direitos fundamentais não são absolutos, podendo
haver um choque de direitos ao qual o exercício de um implicará a invasão do

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
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âmbito da proteção do outro (exemplo: choque entre o direito de informação e o
de privacidade).
d) Concorrência – por esse critério os direitos fundamentais podem ser
acumulados. Por exemplo: o jornalista que depois de transmitir a informação
fez uma crítica e exerceu os direitos de informação, opinião e comunicação.
e) Irrenunciabilidade – os direitos fundamentais são irrenunciáveis, o que
implica que os indivíduos não podem deles dispor.

Para assegurar o cumprimento dos tratados internacionais de direitos


humanos ao qual o Brasil seja signatário, o procurador geral da república
poderá, em qualquer fase processual ou instância, suscitar incidente de
deslocamento de competência pra a Justiça Federal, caso entenda ser
pertinente.

8.2. A evolução dos direitos fundamentais

A doutrina reconhece quatro níveis de direitos fundamentais, a saber:

1. Direitos fundamentais de primeira geração – são aqueles que surgem


com a ideia de Estado de Direito. São os direitos de defesa do indivíduo
perante o Estado (exemplo: direito à vida, à intimidade, à inviolabilidade do
domicilio).

2. Direitos fundamentais de segunda geração – são aqueles que tratam


da satisfação das necessidades mínimas para que haja dignidade e sentido na
vida humana. Exigem uma atividade prestacional do Estado (exemplo: os
direitos sociais, os econômicos e os culturais). A Emenda Constitucional 64
inseriu a “alimentação” como o Direito Social.

3. Direitos fundamentais de terceira geração – são aqueles relativos à


existência do ser humano, ao destino da humanidade, à solidariedade
(exemplo: direito à paz, à preservação do meio ambiente).

4. Direitos fundamentais de quarta geração – são temas relacionados ao


biodireito, tais como: células tronco, clonagem, organismos geneticamente
modificados, eugenia, criogenia, reprodução assistida e a identidade sexual.

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
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8.3. Os direitos individuais e coletivos

O artigo 5º da Constituição Federal enuncia os mesmos, sendo abaixo


relacionados e agrupados na medida das relações existentes entre eles.

x Direito à vida – a Constituição protege a vida como um bem maior.


Contudo, em observância ao princípio da dignidade da pessoa humana;
algumas modalidades de eutanásia, aborto e criogenia possuem
regulamentação própria e atualizada;
x Direito à liberdade – o indivíduo exerce a sua liberdade por meio da
autonomia da vontade. Só deixará de fazer algo se a norma limitar ou proibir
determinados atos e comportamentos.
x Direito à intimidade e privacidade – por privacidade entendem-se os
níveis de relacionamento social que o indivíduo mantém oculto do público em
geral, tais como: a vida familiar e os segredos de negócios. A intimidade
implica o “eu” do indivíduo, que tem direito de criar um espaço impenetrável
mesmo aos mais próximos (exemplo: segredos pessoais e orientação sexual).
x Direito de locomoção – é um direito de resistência em face do Estado,
podendo o indivíduo ir, ir, ficar ou permanecer sem que seja molestado pelo
Poder Público. Esse direito sofre várias restrições, como em face do direito de
propriedade.
x Direito de propriedade – genericamente, a propriedade é um direito
subjetivo que assegura ao indivíduo o monopólio de exploração de um bem e
de fazer valer essa faculdade contra tudo e contra todos.
x Inviolabilidade de domicílio – o domicílio, para efeito de proteção
constitucional, deve ser considerado uma projeção espacial da privacidade e
da intimidade, abrangendo; assim, até uma residência ocasional.
x Inviolabilidade de correspondência – protege o sigilo das
comunicações pessoais, das comunicações telegráficas, de dados (inclusive
informática) e das comunicações telefônicas.
x Direito de certidão – a certidão pode se referir tanto a direitos
individuais quanto coletivos perante órgãos públicos, a qualquer título que seja,
mediante a demonstração de legítimo interesse.

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x Liberdade de profissão – a sua finalidade é proibir que o Poder Público
criasse normas ou critérios que levam o indivíduo a exercer ofício ou profissão
em desacordo com a sua vontade. É norma de eficácia contida, podendo a lei
infraconstitucional limitá-la, criando requisitos ou qualificações para o exercício
de determinadas profissões.
x Direito de reunião – é o direito de ação coletiva que tem por objetivo a
concretização de um propósito comum aos partícipes.
x Direito de associação – é o direito de ação coletiva que, dotado de
caráter permanente, envolve a coligação voluntária de duas ou mais pessoas,
tendo em vista a realização de um objetivo comum, sob a direção única.
x Direito de opinião – a constituição assegura o direito de livre
manifestação de pensamento.
x Direito de expressão – enquanto a opinião diz respeito a juízo de valor,
o direito de expressão consiste na possibilidade de livre manifestação de
sentimentos e de criatividade, tal como ocorre na música, na pintura, no teatro,
na fotografia, etc.
x Direito à honra – possui dois aspectos: o da honra subjetiva e o da
honra objetiva. A primeira, em apertada síntese, implica no sentimento de
autoestima do indivíduo; a segunda parte do parâmetro do conceito social que
o indivíduo possui.
x Direito à imagem – divide-se em imagem retrato, que implica o direito à
reprodução gráfica (foto, desenho, filmagem, etc.), imagem atributo, que
corresponde às características do conjunto de atributos coletivos pelo indivíduo
e reconhecidos pelo conjunto social.
x Direito de informação – envolve o direito de passar, receber e buscar
informações.
x Direito de informação jornalística – a informação jornalística é
composta pela notícia e pela crítica. A liberdade de informar só existe diante
dos fatos cujo conhecimento seja importante para que o indivíduo possa
participar do mundo em que vive.
x Direito de informação pública – esse direito se restringe aos
organismos públicos que possuem a obrigação de manter o cidadão
constantemente informado acerca das atividades públicas.

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
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x Direito de resposta – por esse direito fica garantido ao indivíduo a
resposta não só em casos de ofensa à honra, mas também em qualquer
situação de agravo.
x Direito de petição – possui caráter individual ou coletivo, podendo ser
exercitado em face do abuso ou da ilegalidade, independentemente do
pagamento de taxas.
x Devido processo legal – possui sentido genérico – material e
processual. Em sentido processual, abarca o contraditório e a ampla defesa, o
direito ao juiz natural, ao direito a prévia citação, o direito a prévia citação, o
direito a igualdade entre acusação e defesa. Da ótica material, abrange a
substância dos atos normativos, implicando a observância da igualdade na lei.
x Presunção de inocência – significa que ninguém será considerado
culpado até que se prove o contrário.
x Inafastabilidade de jurisdição – esse princípio, de um lado, outorga ao
Poder Judiciário o monopólio de jurisdição; e, de outro, faculta ao indivíduo o
direito de ação, incluindo o duplo grau de jurisdição.
x Juiz natural – também conhecido como princípio do juiz legal, o seu
conteúdo jurídico implica a necessidade de predeterminação do juízo
competente, proibindo qualquer forma de designação de tribunais ou juízes
para os casos determinados.
x Pressupostos constitucionais para a privação da liberdade – a regra
é a liberdade, a sua privação e a excepcionalidade. A privação da liberdade
tem como pressupostos a prisão em flagrante delito e a ordem judicial
fundamentada, salvo as transgressões e os crimes militares.
x Garantia constitucional do júri – É a condição para a privação da
liberdade individual, para os determinados crimes.
x Previsão de extradição – a extradição pode acontecer em casos ao
qual o estrangeiro ou, excepcionalmente, o brasileiro naturalizado, comete um
crime no exterior.
x Proibição da prisão civil – a prisão somente é admitida em caso de
inobservância norma penal, salvo nos casos de inadimplemento de obrigação
alimentícia e do depositário infiel.

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
Autor: Dr. Jefferson Alex Maciel Cavalcante
x Proibição de tortura – o constituinte preocupou-se em assegurar a
rigidez física e mental dos indivíduos, proibindo a prática de tortura.

8.4. Habeas corpus

É uma ação constitucional de cunho penal e de procedimento especial,


isenta de custas, que visa evitar e cessar violência ou ameaça na liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Não se trata, portanto, de uma
espécie de recurso, apesar do regulamento no capítulo a ele destinado no
Código de Processo Penal.

A liberdade de locomoção deve ocorrer no:

x Direito de acesso e ingresso no território nacional;


x Direito de saída do território nacional;
x Direito de permanência no território nacional;
x Direito de deslocamento dentro do país.

8.5. Habeas data

É uma ação constitucional, de caráter civil, conteúdo e rito sumário; que


tem por objetivo a proteção do direito líquido e certo do impetrante de conhecer
todas as informações e registros relativos a sua pessoa e constantes de
repartições públicas ou particulares acessíveis ao público, para eventual
retificação dos seus dados pessoais.

Por meio do habeas data é objetivado fazer com que todos tenham
acesso às informações que o Poder Público ou entidades de caráter público
(ex.: serviço de proteção ao crédito) possuam a seu respeito.

A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido da necessidade de


negativa da ia administrativa para justificar o ajuizamento do habeas data, de
modo que inexistirá interesse de proceder a essa ação se não houver
relutância do detentor das informações em fornecê-las ao interessado.

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
Autor: Dr. Jefferson Alex Maciel Cavalcante
8.6. Mandado de injunção

Não se confundindo com a sua origem anglo-saxã, o mandado de


injunção é previsto no artigo 5º, inciso LXXI, da Constituição Federal, insere
outra novidade do Direito Constitucional.

Assim, nas ocasiões em que o exercício de um direito, de uma liberdade


ou de uma prerrogativa inerente à nacionalidade, cidadania ou soberania se
tornar inviável ou prejudicando em razão da falta de uma norma
regulamentadora, aquele que se sentir prejudicado pode fazer uso do mandado
de injunção, a fim de suprir omissão do poder público.

As situações fáticas e os dispositivos constitucionais que permitem a


utilização do mandado de injunção são similares aos da ação direta de
inconstitucionalidade por omissão. Contudo, o mandado de injunção se destina
às normas constitucionais de eficácia limitada, o que significa que sempre
haverá necessidade de vácuos na estrutura legal que necessitem correção por
meio de leis ou atos normativos.

8.6.1. Requisitos para o mandado de injunção

x Falta de norma reguladora de um dispositivo constitucional (inércia do


Estado);
x Impossibilidade de exercício dos direitos e liberdades constitucionais e
das prerrogativas inerentes à nacionalidade, soberania e cidadania.

8.7. Ação popular

Adotando a previsão do artigo 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal,


entende-se que qualquer cidadão é legitimado para propor ação popular que
vise à anulação de ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade ao qual o
Estado participe, contra a moralidade administrativa, o meio ambiente e o
patrimônio histórico e cultural.

Sem dúvida, a ação popular constitui, ao lado de outras prerrogativas


como o sufrágio e a iniciativa de lei, mais um exercício da soberania popular,
por meio da qual se autoriza o povo a exercer diretamente a fiscalização do
poder público.

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
Autor: Dr. Jefferson Alex Maciel Cavalcante
Assim como o mandado de segurança, a ação popular pode ser utilizada
de forma preventiva, antes de se verificar a lesão ou a repressiva, na busca da
indenização pelo dano causado.

Requisitos para a propositura de ação popular: requisito subjetivo


(somente o cidadão tem a legitimidade para propor a ação popular); requisito
objetivo (o ato ou a falta dele deve ser comprovadamente lesivo ao patrimônio
público).

8.8. Dispensa de advogado

Não é necessária a contratação de advogado para as ações de habeas


corpus, habeas data, mandado de injunção e ação popular; essas ações não
possuem custas e sucumbências.

Não existe unanimidade nesse entendimento; alguns doutrinadores


indicam a necessidade de capacidade postulatória para as três últimas
garantias citadas.

8.9. Mandado de segurança

Tanto na vida prática, quanto nos desafios apresentados em proas


jurídicas, é bastante útil manter o mandado de segurança como caminho por
exclusão. Isso significa dizer que se deve analisar se nenhuma outra garantia
constitucional é aplicável ao problema apresentado, a fim de certificar-se de só
resta o mesmo a ser feito.

Utilizando esse critério, acaba por ficar mais claro o porquê da


necessidade de um advogado para assinar esse instrumento. Afinal, o fato de o
indivíduo apresentar uma situação em que apenas o mesmo seja cabível
significa que a situação em pauta é mais complexa tecnicamente falando.

Conforme o artigo 5º, inciso LXIX, da Constituição Federal, o mesmo


está à disposição dos indivíduos que necessitam se proteger dos atos ilegais
ou praticados com abuso ou desvio de poder, independentemente de serem
atos discricionários ou vinculados.

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
Autor: Dr. Jefferson Alex Maciel Cavalcante
A natureza jurídica dele é a de uma ação constitucional, de natureza
civil; cujo objetivo é a proteção do direito líquido e certo lesado por um ato ou
omissão de uma autoridade pública ou de uma pessoa jurídica nas funções do
Poder Público. Ainda que a sua natureza seja civil, isso não impede que o
mandado de segurança seja usado em matéria criminal.

Podem-se enumerar três requisitos do mandado de segurança: o ato


comissivo ou omissivo de autoridade do poder público ou particular em
sua função; a ilegalidade, o desvio ou o abuso de poder; a ilegalidade é
gênero ao qual são espécies em sentido estrito e o abuso de poder, a lesão ou
a ameaça de lesão é um direito líquido e certo.

O direito deve ser comprovado ab initio, mediante prova documental.


Todavia, de acordo com a Lei nº 12.016/09, é possível pedir ao juiz que
determine à autoridade coautora que traga ao processo o documento
necessário à prova.

9. Controle da constitucionalidade

9.1. Espécies de inconstitucionalidades

9.1.1. Vício formal

É a inconstitucionalidade no processo de realização e de formação da


norma. Nada tem a ver com o seu conteúdo, ou seja, a estrutura responsável
pela construção da norma possui falha. Essa ocorrência tem lugar no processo
legislativo e se divide em duas subespécies: o formal subjetivo e o objetivo.

9.1.1.1. Vício formal subjetivo

Ocorre na fase de iniciativa do processo legislativo. Tendo estudado a


matéria e sabendo que a iniciativa é a competência de alguém ou algum órgão
para solicitar ou apresentar um projeto de norma, torna-se bem simples
compreender como esse vício se dá. Se um parlamentar apresentar um projeto
de lei cuja iniciativa compete exclusivamente ao presidente da república (forças
armadas, por exemplo), esse ato configurará, por si só, uma
inconstitucionalidade formal subjetiva.

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
Autor: Dr. Jefferson Alex Maciel Cavalcante
9.1.1.2. Vício formal objetivo

Ocorre durante as demais fases do processo legislativo, ou seja, durante


a elaboração e a aprovação da norma. Assim, no caso de uma norma ser
aprovada por um quórum inadequado, com a sua espécie normativa, ou na
hipótese de as Casas Legislativas não obedecerem ao número correto de
turnos para a aprovação de uma norma, estar-se-á lidando com uma
inconstitucionalidade formal objetiva.

9.1.2. Vício material

Ocorre em virtude do conteúdo da norma, do assunto tratado por ela.


Quer dizer, independente do procedimento das Casas Legislativas ou de quem
teve a iniciativa da norma; esta apresenta um vício insanável em termos de
matéria, oferecendo a Constituição Federal em seu texto e limitações. Pode-se
exemplificar essa subespécie por meio de uma proposta de emenda tendendo
a abolir a forma federativa do Estado brasileiro ou qualquer das cláusulas
pétreas presentes no artigo 60, § 4º, da Constituição Federal.

Classifica-se em: vício material total e vício material parcial.

9.1.2.1. Vício material total

Ocorre quando a inconstitucionalidade contamina todo o texto da norma,


tornando-a completamente ineficaz.

9.1.2.2. Vício material parcial

Se apenas alguns artigos isolados da norma forem inconstitucionais; e,


uma vez retirados, a norma pode surtir ainda a desejada eficácia, diz-se que o
vício é parcial. Nesse caso, os artigos conflitantes são vedados pelo legislador
(preventivamente) ou em decisão judicial (repressivamente).

9.2. Espécies de controle

Em relação ao momento de realização, o que distingue as duas


espécies de controle é o ingresso da lei ou o ato normativo no ordenamento
jurídico.

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
Autor: Dr. Jefferson Alex Maciel Cavalcante
9.2.1. Controle preventivo

Ocorre antes da publicação da norma e o seu objetivo é impedir que


qualquer norma contaminada com alguma inconstitucionalidade pudesse
adentrar ao ordenamento jurídico, vilipendiando a Carta Maior.

9.2.2. Controle repressivo

Realizado depois da publicação da norma, tem o seu escopo de retirar


do mundo jurídico/legal qualquer norma que esteja em desacordo com o texto
constitucional.

No direito constitucional brasileiro, em regra, foi adotado o controle de


constitucionalidade repressivo jurídico ou judiciário, em que o próprio poder
judiciário realiza o controle da lei ou do ato normativo; já editados perante a
constituição federal, para retirá-los do ordenamento jurídico, desde que
contrários à Carta Magna.

9.3. Vias de controle

9.3.1. Via difusa ou controle concreto

Também conhecida como via de exceção ou defesa, caracteriza-se pela


permissão a todo e qualquer juiz ou tribunal de realizar, no caso concreto, a
análise sobre a Constituição Federal.

Na via de exceção, a pronúncia do judiciário sobre a


inconstitucionalidade não é feita como manifestação sobre o objetivo principal
da lide, mas sim sobre a questão prévia, indispensável ao julgamento do
mérito. Nessa via, o que é outorgado ao interessado é obter a declaração de
inconstitucionalidade somente para o efeito de isentá-lo, no caso concreto, do
cumprimento da lei ou ato produzido em desacordo com a Lei Maior.

O controle difuso se caracteriza, principalmente, pelo fato de ser


exercitável apenas perante um caso concreto a ser decidido pelo Poder
Judiciário. Assim, iniciada a lide, o poder judiciário deverá solucioná-lo; e, para
tanto, incidentalmente, analisar a constitucionalidade ou não da lei ou do ato
normativo.

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
Autor: Dr. Jefferson Alex Maciel Cavalcante
Além das garantias constitucionais originárias, o principal instrumento do
controle difuso é o recurso extraordinário. Endereçado ao presidente do STF, é
distribuído nos Tribunais de Justiça, estando sujeito a dois exames de
admissibilidade – um no próprio TJ e outro no STJ. Mesmo sendo admitido em
ambos, ao chegar ao STF, poderá o relator da turma, observando a
jurisprudência dominante daquela Corte, extinguir o recurso em decisão
monocrática, cabendo agravo em caso de inconformidade da parte.

É fundamental saber que o parágrafo 3º do artigo 102, inserido pela


Emenda 45, torna obrigatório à parte recorrente demonstrar, para a
admissibilidade do recurso, a repercussão geral das questões constitucionais
discutidas no caso, ou seja, deve a parte justificar o recurso levando em
consideração os proveitos efetivos da coletividade em caso de provimento.

9.3.2. Via concentrada ou controle abstrato

O Supremo Tribunal Federal tem competência para processar e julgar


originariamente a representação de inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo federal ou estadual.

Por meio desse controle, procura-se obter a declaração de


inconstitucionalidade da lei ou ato normativo em tese, independentemente da
existência de um caso concreto, visando à obtenção da invalidação da lei, a fim
de garantir a segurança das relações jurídicas, que não podem ser baseadas
em normas inconstitucionais.

A declaração de inconstitucionalidade, portanto, é o objetivo principal da


ação, da mesma forma que ocorre nas cortes constitucionais europeias,
diferentemente do ocorrido no controle difuso, característica básica do judicial
review do sistema norte americano.

9.4. Instrumentos de controle concentrado

9.4.1. Ação direta de inconstitucionalidade (ADI)

A finalidade da ação direta de inconstitucionalidade é retirar do


ordenamento jurídico lei ou ato normativo incompatível com a ordem

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
Autor: Dr. Jefferson Alex Maciel Cavalcante
constitucional. Assim, não poderá a ação ultrapassar os seus fins de exclusão,
do ordenamento jurídico, dos atos incompatíveis com o texto da Constituição.

A ADI, em virtude da sua natureza e finalidade especial, não é suscetível


de desistência.

Prazo – O ajuizamento da ADI não se sujeita à observância de qualquer


prazo de natureza prescricional ou de caráter decadencial, pois os atos
inconstitucionais jamais se convalidam pelo decurso do tempo.

Procurador geral da república – Cabe ao procurador geral da república


realizar o exame de admissibilidade de cada ADI proposta, a fim de verificar se
os requisitos exigidos processual e materialmente estão nela presentes. Esse
exame tem como escopo evitar o excesso de ações com o mesmo objeto e
fundamento jurídico e evitar que as ações de cunho meramente político
ingressem no Supremo Tribunal Federal.

Advogado geral da união – Cabe ao advogado geral da união, em


ação direta de inconstitucionalidade, a defesa da norma legal ou ato normativo
impugnado, independentemente de sua natureza federal ou estadual; pois atua
como curador especial do princípio da presunção da constitucionalidade das
leis e atos normativos, não lhe competindo opinar nem exercer a função
fiscalizadora já atribuída ao procurador geral da república, mas a função
eminentemente defensiva.

Dessa forma, atuando como curador da norma infraconstitucional, o


advogado geral da união está impedido de manifestar-se contrariamente a ela,
sob a pena de ofensa frontal à função que lhe foi atribuída pela própria
Constituição Federal e que configura a única justificativa de sua atuação
processual, nesse caso.

Legitimidade – Os autores legitimados para a propositura da ADI se


encontram no artigo 103 da Constituição Federal, a saber:

a) Presidente da República;

b) Mesa do Senado Federal;

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
Autor: Dr. Jefferson Alex Maciel Cavalcante
c) Mesa da câmara dos deputados;

d) Mesa da Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito


Federal;

e) Governador de Estado ou do Distrito Federal;

f) Procurador geral da república;

g) Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

h) Partidos políticos com a representação no Congresso Nacional;

i) Entidade de classe ou associação de âmbito nacional.

9.4.2. Ação direta de inconstitucionalidade por omissão

Trata-se da ação que visa a combater a inércia do Estado em legislar ou


regulamentar o assunto previamente estipulado na Constituição federal.

Objetivo – pretendido pelo legislador constituinte de 1988, com a


previsão da ação direta de inconstitucionalidade por omissão, foi conceder
plena eficácia às normas constitucionais que dependessem de
complementação infraconstitucional. Assim, tem cabimento a presente ação
quando o Poder Público se abstém de um dever que a Constituição lhe atribuiu.

Legitimidade e procedimento – São legitimados para a propositura da


ação direta de inconstitucionalidade por omissão dos mesmos nove autores
legitimados para propor a ADI propriamente dita, previstos no artigo 103 da
Constituição Federal.

O procedimento a ser seguido pela ação direta de inconstitucionalidade


por emissão é o mesmo da ação de inconstitucionalidade genérica.

É importante salientar que inexiste o prazo para a propositura da


presente ação, havendo; porém, a necessidade de auferir caso a caso a
existência do transcurso de tempo razoável, que já tenha permitido a edição da
norma faltante.

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
Autor: Dr. Jefferson Alex Maciel Cavalcante
Não é obrigatória a oitiva do advogado geral da união na ação direta de
inconstitucionalidade por omissão, uma vez que inexiste ato impugnado a ser
defendido. O ministério Público; porém, sempre deverá se manifestar, antes da
análise do Plenário, sobre a ação proposta.

É incompatível com o objetivo da referida demanda a concessão de


liminar.

A Constituição Federal prevê que, declarada a inconstitucionalidade por


omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência
ao poder competente para a adoção das providências necessárias; e, em se
tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em 30 dias.

9.4.3. Ação declaratória de constitucionalidade (ADC)

A Emenda Constitucional 3, de 17 de março de 1993, introduziu em


nosso ordenamento jurídico constitucional uma nova espécie dentro do controle
de constitucionalidade.

Compete, portanto, ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar,


originalmente, a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato
normativo federal.

A ação declaratória de constitucionalidade, que consiste em típico


processo objetivo destinado a afastar a insegurança jurídica ou o estado de
incerteza sobre a validade da lei ou ato normativo federal, busca preservar a
ordem jurídica constitucional.

Nesse ponto situa-se a finalidade precípua da ação declaratória de


constitucionalidade: transformar a presunção relativa de constitucionalidade em
presunção absoluta em virtude dos seus efeitos vinculantes.

Portanto, o objetivo primordial da ação declaratória de


constitucionalidade é transferir ao Supremo Tribunal Federal decisão sobre a
constitucionalidade de um dispositivo legal que esteja sendo duramente
atacado pelos juízes e tribunais inferiores, afastando-se o controle difuso da
constitucionalidade da norma, o Judiciário e também o Executivo ficam
vinculados à decisão proferida.

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
Autor: Dr. Jefferson Alex Maciel Cavalcante
Objetivo – Somente poderá ser objeto de ação declaratória de
constitucionalidade lei ou ato normativo federal, sendo; porém, pressuposta
para o seu ajuizamento, a demonstração, juntamente com a petição inicial, de
comprovada controvérsia judicial que coloque em risco a presunção de
constitucionalidade do ato normativo sob o exame, a fim de permitir ao
Supremo Tribunal Federal o conhecimento das alegações em favor e contra a
constitucionalidade, bem como o modo pelo qual estão sendo decididas as
causas que envolvem a matéria.

A comprovação da controvérsia exige prova de divergência judicial e não


somente de entendimento doutrinários diversos, como consta de decisão do
Supremo Tribunal Federal, exigindo-se a ”existência de inúmeras ações em
andamento em juízos ou tribunais, em que a constitucionalidade da lei é
impugnada”. Outra decisão da Suprema Corte reforça essa posição e deixa
claro que, nos casos de ação com a decisão materialmente jurisdicional,
“impõe-se que se faça comprovada, desde logo, a existência de controvérsia
em torno da validade ou não da lei ou ato normativo federal”.

9.4.4. Arguição de descumprimento de preceito fundamental

A Constituição Federal determina isso sendo apreciado pelo Supremo


Tribunal Federal, na forma da lei.

Trata-se, portanto, de norma da Constitucional de eficácia limitada, que


depende de edição de lei, estabelecendo a forma pela qual será apreciada a
arguição de descumprimento de preceito fundamental decorrente da
Constituição.

O Congresso Nacional editou a Lei nº 9.882, de 3 de dezembro de 1999,


em complementação ao artigo 102, § 1º, da Constituição Federal. A lei
regulamentou a arguição de descumprimento de preceito fundamental da
seguinte forma:

x Órgão competente para o processo e julgamento: Supremo Tribunal


Federal;
x Legitimados ativos: são os mesmos colegitimados para a propositura da
ação direta de inconstitucionalidade (art. 103, I a IX, CF), ou seja, o presidente

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
Autor: Dr. Jefferson Alex Maciel Cavalcante
da república, a mesa do senado federal, a mesa da câmara dos deputados, as
mesas das assembleias legislativas e da câmara legislativa, os governadores
de estado, o procurador geral da república, os partidos políticos com
representação no congresso nacional, o conselho federal da ordem dos
advogados do Brasil e as confederações sindicais ou as entidades de classe de
âmbito nacional;
x Hipóteses de cabimento: a lei possibilita a arguição de descumprimento
de preceito fundamental em três hipóteses:
a) Para evitar lesão a preceito fundamental resultante de ato do poder
público;
b) Para reparar lesão ao preceito fundamental resultante de um ato do
poder público;

c) Quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre


lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal; incluídos os anteriores à
constituição.

9.4.5. O controle da constitucionalidade de âmbito estadual

O artigo 125, § 2º, da Constituição Federal da República atribui às


constituições estaduais a competência para a instituição da ação direta de
inconstitucionalidade de âmbito estadual.

Nesse contexto, é impossível enumerar as características dessa ação, uma


vez que os seus parâmetros devem ser estabelecidos por cada uma das
unidades federadas. Todavia, é impossível relacionar algumas características
estabelecidas pela Constituição Federal, a saber:

a) A competência para o conhecimento da ação é dos Tribunais de Justiça;


b) A Constituição Federal foi expressa ao vedar a legitimação para a
propositura da ação de um único órgão;
c) Campo material: normas estaduais e municipais.

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
Autor: Dr. Jefferson Alex Maciel Cavalcante
10. Estado de exceção

10.1. Intervenção federal

Quando a união intervém em algum estado membro, ela não está agindo
em seu próprio nome, mas sim representando os interesses de toda a
federação; logo, é a federação, por meio da união, que intervém nos estados.

A regra é a não intervenção que pode ser quebrada em face de


determinadas condições excepcionais expressamente previstas no artigo 34 da
constituição federal.

10.1.1. Tipos de intervenção federal

Há dois tipos de intervenção federal: a espontânea, quando o


presidente da república age de ofício; e, a provocada, quando o presidente
age, conforme o caso, de forma discricionária ou vinculada.

Haverá intervenção espontânea quando da ocorrência de uma das


hipóteses constantes dos incisos I, II, III e IV do artigo 34 da constituição
federal.

No que tange à intervenção provocada, o artigo 36, inciso I, da


constituição federal estabelece disciplina específica para a hipótese de
intervenção federal; nos termos do artigo 34, inciso IV, de nossa lei maior, qual
seja: no caso de coação ao poder executivo e ao poder legislativo, a
intervenção dependerá da solicitação; e, no caso de coação ao poder judiciário,
de requisição ao supremo tribunal federal.

Em se tratando de solicitação, o presidente da república não estará


vinculado à decretação da intervenção federal, devendo agir com
discricionariedade. Diferentemente, quando se tratar de requisição, o
presidente da república ficará vinculado à intervenção.

Saliente-se que a intervenção federal dependerá sempre de um decreto


do presidente da república, especificamente a amplitude, o prazo e as
condições de execução, nomeando, quando for o caso, interventor.

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
Autor: Dr. Jefferson Alex Maciel Cavalcante
10.2. Intervenção estadual

O estado não poderá intervir nos Municípios, nem a união federal poderá
intervir nos municípios localizados em territórios federais, salvo nas hipóteses
insculpidas no artigo 35 da constituição federal.

11. Estado de defesa e estado de sítio

O estado de defesa e o estado de sítio são instrumentos normativos


colocados à disposição do estado com o objetivo de debelar situações de crise.
Em outro giro, o estado de defesa e o estado de sítio são o conjunto de
faculdades públicas atribuídas ao poder executivo federal, por força da
constituição federal, de modo a possibilitar o exercício de poderes excepcionais
para superar uma crise.

Nesse sentido os poderes de crise devem estar em consonância com os


seguintes princípios:

a) Princípio da necessidade – a declaração dos estados de defesa e de


sítio fica condicionada ao preenchimento de pressupostos fáticos que
justifiquem a decretação (comprometimento da ordem pública e da paz social
por instabilidade institucional ou por calamidade pública).
b) Princípio da temporariedade – existe uma limitação temporal à adoção
das medidas necessárias para debelar a crise.
c) Princípio da proporcionalidade – as medidas adotadas devem ser
proporcionais aos fatos que justificaram a adoção do estado de sítio ou defesa.

Com a adoção dos princípios acima explicitados, nasce um regime de


legalidade extraordinária que sustentado pela constituição federal; afeta
temporariamente o conjunto de normas jurídicas regentes das relações sociais,
cedendo o seu lugar às regras excepcionais.

11.1. Estado de defesa

Embora tanto o estado de defesa quanto o estado de sítio tenham como


pressuposto a superação de uma situação de crise, é fato que as medidas
adotadas quando da utilização do estado de defesa são menos gravosas que
aquelas apropriadas para o estado de sítio.

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
Autor: Dr. Jefferson Alex Maciel Cavalcante
O estado de defesa outorga ao executivo federal poderes mais restrito
do que aqueles conferidos no estado de sítio. O estado de defesa pode ser
decretado para preservar ou restabelecer, em locais determinados ou restritos,
a ordem pública ou a paz social ameaçada por iminente instabilidade ou
atingida por calamidade pública de grandes proporções na natureza.

11.1.1. Pressupostos de ordem material do estado de defesa

a) Grave perturbação da ordem pública ou da paz social;


b) Que a ordem pública ou a paz social não possam ser restabelecidas
pelos instrumentos coercitivos normais.
Já os pressupostos formais são:
a) Prévia oitiva do conselho da república e do conselho de defesa
nacional;
b) Decreto do presidente da república, com tempo de duração do estado de
defesa, as áreas abrangidas e aos quais as medidas adotadas, dentre as
seguintes: restrição aos direitos de reunião, sigilo de correspondência e de
comunicação telegráfica e telefônica, ocupação e uso temporário de bens e
serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a união
pelos danos e custos decorrentes.
c) Submissão do ato, com respectiva motivação, ao congresso nacional em
24 horas, Na hipótese de o congresso nacional não estar reunido, será
convocado, no prazo de cinco dias, com apreciação do decreto em dez dias.
Eventual rejeição implicará a imediata cessação do estado de defesa.

O estado de defesa deve, necessariamente, ficar circunscrito a uma


localidade determinada, sendo vedada a sua extensão a todo o país.

No estado de defesa, as garantias de proteção da liberdade do indivíduo


ficam substituídas pelas seguintes:

a) Prisão por crime contra o estado pode ser determinada pelo executor da
medida. O juiz competente será comunicado, podendo relaxá-la;

b) A comunicação da prisão será acompanhada de declaração do estado


físico e mental do preso, podendo-se solicitar a qualquer momento a realização
do exame de corpo de delito;

40
ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
Autor: Dr. Jefferson Alex Maciel Cavalcante
c) É vedada a incomunicabilidade do preso.

11.2. Estado de sítio

O estado de sítio é a medida mais gravosa, na medida em que o seu


objetivo é debelar situações aflitivas mais graves. Pode ser repressivo ou
defensivo.

11.2.1. Estado de sítio repressivo

Tem como pressuposto material a ocorrência de comoção grave de


repercussão nacional ou a existência de fatos que demonstrem a ineficácia do
estado de defesa. Entenda-se por comoção grave aquele que não pode ser
superada por instrumento de segurança ordinário do estado. No que diz
respeito à repercussão nacional, esse pressuposto é de singular importância,
pois a sua falta seria a hipótese do estado de defesa. Além disso, se depois da
decretação do estado de defesa a situação de crise não for superada, após o
transcurso do prazo de 60 dias, pode-se decretar o estado de sítio.

No estado de sítio repressivo podem ser adotadas as seguintes medidas:

a) Obrigação de permanência em localidade determinada;

b) Detenção em edifícios não destinados a essa finalidade;

c) Restrições – não pode haver supressão – à inviolabilidade da


correspondência, ao sigilo das comunicações e à liberdade de imprensa;

d) Suspensão da liberdade de reunião;

e) Busca e apreensão em domicílio sem as formalidades constitucionais;

f) Intervenção em empresas de serviço público;

g) Requisição de bens.

Salienta-se, por oportuno, que o estado de sítio não pode ser decretado
por prazo superior a 30 dias nem renovado, a cada vez, por um período
superior, embora sejam possíveis sucessivas renovações.

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ANÁLISE DE DIREITO CONSTITUCIONAL: para concurso ou aprendizado
Autor: Dr. Jefferson Alex Maciel Cavalcante
11.2.2. Estado de sítio defensivo

O seu pressuposto material é a declaração de estado de guerra ou a


resposta a armada estrangeira. No estado de sítio defensivo, qualquer garantia
constitucional pode ser suspensa, podendo ser decretado por todo tempo que
durar a guerra ou agressão armada estrangeira.

Os estados de sítio repressivo e defensivo dependem de decreto do


presidente da república, após prévia autorização do congresso nacional e
prévia oitiva do conselho da república e do conselho de defesa nacional, não
vinculantes.

O decreto deverá conter o prazo de duração da medida, as normas


necessárias a sua execução, as garantias que ficarão suspensas, com
expressa designação do procedimento; e, por último, as áreas abrangidas.

12. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Constituição seria, assim, um sistema de normas jurídicas. A ação


declaratória de constitucionalidade é transferir ao Supremo Tribunal Federal
decisão sobre a constitucionalidade de um dispositivo legal que esteja sendo
duramente atacado pelos juízes e tribunais inferiores, afastando-se o controle
difuso da constitucionalidade da norma, o Judiciário e também o Executivo
ficam vinculados à decisão proferida.

13. REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:


Senado Federal, 1988.

LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. São Paulo,


Método, 2007.

MORAIS, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2006.

SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São


Paulo: Malheiros, 2005.

TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. São Paulo:


Saraiva, 2007.

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