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Sumário
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 3
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................... 4
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8. DA SUCESSÃO EM GERAL ........................................................ 34
14. COLAÇÕES.................................................................................. 64
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 67
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NOSSA HISTÓRIA
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1. INTRODUÇÃO
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Não é a sociedade, contudo, que deve se adaptar ao Direito. O Direito
sempre deve se adaptar a sociedade. Nesse aspecto, merecem aplausos
brilhantes decisões jurisprudenciais e opiniões doutrinárias, que se mostram à
frente de nosso tempo, e que neste curso serão citadas. É o Direito se
mostrando, é a prova que o Direito Civil pode –e deve ser – um Direito
Constitucional.
2. O CONCEITO DE FAMÍLIA
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§ 3º, CF) e família monoparental (art. 226 § 4º, CF), os quais serão tratados
individualmente neste estudo.
3. DIREITOS CONSTITUCIONAIS/FUNDAMENTAIS
QUE NORTEIAM O DIREITO DE FAMÍLIA
Ressaltando esse princípio tem-se o §7º do art. 226, CF/88 que no seu
corpo legislativo diz:
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desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de
instituições oficiais ou privadas.
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àquelas afetivas, que se traduzem em uma comunhão
espiritual e de vida.
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personalização. O desvio de atenção do eixo patrimônio para o eixo pessoa. Diz
Paulo Luís Netto Lobo (2012), em já citado artigo:
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3.3. Princípio da igualdade entre filhos
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Aos filhos legítimos e ilegítimos somavam-se os filhos adotivos, fruto de
parentesco civil, cujos vínculos se restringiam ao adotante e adotado. Eles
também não gozavam de tratamento isonômico.
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3.4. Princípio da igualdade entre cônjuges e
companheiros
Lembramos que o art. 1º do atual Código Civil utiliza o termo pessoa, não
mais homem, como fazia o art. 2º do Código Civil de 1916, deixando claro que
não será admitida qualquer forma de distinção decorrente do sexo.
O Código Civil traz no bojo do parágrafo primeiro do seu artigo 1.565, que
qualquer dos cônjuges poderá acrescer ao seu nome o sobrenome do outro,
aplicando mais uma vez o princípio da isonomia, igualando os direitos dos
cônjuges e, assim, tanto o homem pode adotar o sobrenome da mulher, quanto
a mulher acrescer ao seu nome o sobrenome do marido.
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A liberdade para fixação do domicílio conjugal sempre foi uma batalha das
mulheres, pois este sempre foi determinado e imposto pelo marido, sem que a
esposa pudesse se opor ou mesmo argumentar sobre o assunto, como consta
no artigo 233, inciso III, e artigo 36, parágrafo único, do Código Civil de 1916.
Competia somente ao marido fixar o domicílio do casal, bem como, modificá-lo
sem qualquer restrição, e o pior, conforme a legislação antiga os cônjuges tinham
o dever de viverem no mesmo domicílio. Desta forma, cada vez que ao marido
aprouvesse alterá-lo a mulher tinha a obrigação de acompanhá-lo.
Em relação à guarda dos filhos, o Código Civil inovou e a guarda dos filhos
será atribuída a quem revelar melhores condições para exercê-la. Atualmente,
grande parte das mulheres trabalha fora do lar, alteraram-se os costumes,
ambos os cônjuges exercem profissões e dividem as tarefas e os cuidados com
os filhos, de modo que devem ser tidos, a princípio, em iguais condições de
guardá-los, cabendo ao juiz, no caso concreto, avaliar qual deles está mais
habilitado ao exercício da guarda, sem qualquer prevalência feminina.
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adolescente, excluindo a prevalência da mãe na atribuição da guarda dos filhos,
bem como, eliminou o regime de perda da guarda por culpa na separação
judicial, valorizando, sobretudo, as relações de afinidade e afetividade para sua
fixação, de modo que preserve a dignidade dos filhos.
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3.5. Princípio da igualdade na chefia familiar
Colocando fim ao machismo eivado no CC 1916, a CF e o CC/2002
igualaram o pai e a mãe no processo de educação de sua prole. Hoje não se
pode falar mais em pátrio poder, não é o pai mais o único chefe da família.
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comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade
e opressão.
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Em decorrência deste princípio, é que se pode falar na famosa
paternidade socioafetiva, predominante sobre a paternidade biológica.
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4. O DIREITO DE FAMÍLIA NO CÓDIGO CIVIL DE 2002
Depois da Constituição Federal de 1988 houve a necessidade que o
Código de 1916 passasse por mudanças legislativas, pois muitos artigos ali
presentes feriam os princípios norteadores do novo Estado Brasileiro
Democrático e igualitário.
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de toda a coletividade, passo relevante à correção das
injustiças sociais (PEREIRA, 2004, p. 19).
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somente anulado. Tudo isso para atender aos interesses do
Estado e da Igreja, que impunham um padrão na tentativa
de conservar a moralidade. (BAPTISTA, 2014, p. 27)
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exclusivamente ocupar-se da criação dos filhos e do cuidado com o lar, deixou
de realizar investimentos educacionais e profissionais ao longo de sua vida,
sendo assim cabível a fixação de alimentos, uma vez que seria mais difícil sua
recolocação no mercado de trabalho para sustento próprio.
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em desvantagem, nos moldes do art 1790 do CC. O assunto estava sob
repercussão geral e foi recentemente julgado pelo STF:
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casamento quanto a união estável, tendo o companheiro os mesmos direitos que
o cônjuge no casamento.
Por fim, cabe mencionar que ambas as decisões, por terem sido decididas
na sistemática da repercussão geral, servem de parâmetro para todas as
disputas sucessórias nas diferentes instâncias da Justiça. Pela tese firmada, o
art. 1.790 do CC foi considerado inconstitucional, por determinar regras distintas
para a herança nos casos de uniões estáveis.
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Cabe ainda mencionar que o fundamento da família monoparental está no
art. 19 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que prevê o direito da
criança ao convívio familiar, mesmo na falta de um dos pais.
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estabilidade e ostensibilidade e a finalidade de constituição de família’. Além
disso, para o autor, outra prova de que esse tipo constitui família é o fato de que
a Constituição Federal “não veda o relacionamento entre pessoas do mesmo
sexo com finalidades familiares”.
O art. 226, § 3º, CF, dispõe que: “Para efeito de proteção do Estado, é
reconhecida a união estável entre homem e a mulher como entidade familiar,
devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”.
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Observa-se que, em ambos os diplomas, consta a expressão “homem e
mulher”, ou seja, duas pessoas para caracterização da união estável, porém, de
sexos distintos. No entanto, o STF, no julgamento da Ação Direta de
Inconstitucionalidade nº 4.277 estabeleceu o seguinte entendimento:
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julgamento da ADI 4.277 e da ADPF 132, ambas da
Relatoria do Ministro Ayres Britto, Sessão de 05/05/2011,
consolidou o entendimento segundo o qual a união entre
pessoas do mesmo sexo merece ter a aplicação das
mesmas regras e consequências válidas para a união
heteroafetiva. 2. Esse entendimento foi formado utilizando-
se a técnica de interpretação conforme a Constituição para
excluir qualquer significado que impeça o reconhecimento
da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do
mesmo sexo como entidade familiar, entendida esta como
sinônimo perfeito de família. Reconhecimento que deve ser
feito segundo as mesmas regras e com idênticas
consequências da união estável heteroafetiva. 3. O direito
do companheiro, na união estável homoafetiva, à percepção
do benefício da pensão por morte de seu parceiro restou
decidida. No julgamento do RE nº 477.554/AgR, da Relatoria
do Ministro Celso de Mello, DJe de 26/08/2011, (...) 4.
Agravo regimental a que se nega provimento. (RE 687432
AgR, Relator (a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado
em 18/09/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-193
DIVULG 01-10-2012 PUBLIC 02-10-2012)
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A doutrina, analisando a ementa do acórdão em tela, tece comentários
importantes sobre o tema:
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criança. Pelo contrário, até mesmo famílias formadas por uma só pessoa podem
adotar uma criança, bastando preencher os requisitos legais da adoção.
Para Maria Berenice Dias (2006, p. 184): “Quando não existe uma
hierarquia entre gerações e a coexistência entre ambos não dispõe de interesse
sexual, o elo familiar que se caracteriza é de outra natureza, é a denominada
família anaparental”.
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EXECUÇÃO. EMBARGOS DE TERCEIRO. LEI Nº 8.009/90.
IMPENHORABILIDADE. MORADIA DA FAMÍLIA. IRMÃOS
SOLTEIROS. Os irmãos solteiros que residem no imóvel
comum constituem uma entidade familiar e por isso o
apartamento onde moram goza de proteção de
impenhorabilidade, prevista na Lei nº 8.009/90, não podendo
ser penhorado na execução de dívida assumida por um
deles. Sem embargo do fim proposto da impenhorabilidade,
a decisão cuida de entidade familiar que se insere totalmente
no conceito de família do art. 226, pois dotada do requisito
de afetividade, estabilidade e ostensibilidade. Não há, nesse
caso, “sociedade de fato” mercantil ou civil, e não se poderá
considerar como tal a comunidade familiar de irmãos
solteiros (Recurso Especial nº 159.851-SP, DJ de
22.06.1998).
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famílias, não definindo as prerrogativas parentais dos padrastos, nem seu
eventual dever de alimentar ao enteado.” (VENOSA, 2016, p. 9)
Mas o que dizer das famílias formadas por uma só pessoa? Podem ser
consideradas famílias? Muitas são as moradias brasileiras habitadas por apenas
uma pessoa, sejam solteiras, separadas ou viúvas.
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A jurisprudência tem admitido a família unipessoal como família,
conferindo-lhes direitos:
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DE BARROS, CORTE ESPECIAL, julgado em 06/02/2002,
DJ 07/04/2003, p. 209).
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8. DA SUCESSÃO EM GERAL
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O Princípio Básico do Direito das Sucessões é conhecido como Droit de
Saisine (direito de posse imediata), ou seja, transmite-se automaticamente e
imediatamente, o domínio e a posse da herança aos herdeiros legítimos e
testamentários do de cujus, sem solução de continuidade (ou seja, sem
interrupção) e ainda que estes (os herdeiros) ignorem o fato (art. 1.784 CC).
Não necessita da prática de qualquer ato. No entanto deve-se proceder a um
inventário para se verificar o que foi deixado e o que foi transmitido.
Só se abre sucessão se o herdeiro sobrevive ao de cujus. O herdeiro
que sobrevive ao de cujus, ainda que por um instante, herda os bens por ele
deixado e os transmite aos seus sucessores, se falecer em seguida. Há
necessidade de apuração da capacidade sucessória.
Além disso, é válido frisar que o herdeiro sucede a título universal e o
legatário a título singular.
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Se o herdeiro “renunciar” em favor de outrem, isto não se configura em uma
renúncia propriamente dita. Na verdade é uma aceitação e imediata
transmissão, havendo a incidência de tributação causa mortis e também inter
vivos. Também é chamada de renúncia translativa. A renúncia válida é a
abdicativa, isto é, cessão gratuita, pura e simples.
Efeitos da renúncia:
• O renunciante é tratado como se nunca tivesse sido chamado à
sucessão; seus efeitos retroagem à data da abertura da sucessão. O que
repudia a herança pode aceitar legado.
• O quinhão hereditário do repudiante, na sucessão legítima, transmite-
se de imediato aos outros herdeiros da mesma classe (direito de acrescer). Os
descendentes do renunciante não herdam por representação. No entanto se
ele for o único da classe seus filhos herdam por direito próprio e por cabeça.
• O renunciante não perde o usufruto e nem a administração dos bens
que, pelo seu repúdio, foram transmitidos aos seus filhos menores.
• A renúncia da herança é irretratável e irrevogável.
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9. HERANÇA JACENTE E VACANTE (ARTS 1819 A
1823)
Herança Jacente
Falecendo uma pessoa na situação acima, seus bens são arrecadados.
Nomeia-se uma pessoa (curador) para conservá-los e administrá-los. A
característica principal da herança jacente é a transitoriedade da situação dos
bens. Não goza de personalidade jurídica; é uma universalidade de direito. São
expedidos editais convocando eventuais sucessores. Após a realização de
todas as diligências, não aparecendo herdeiro e decorrido um ano após o
primeiro edital, haverá a declaração de vacância.
Herança Vacante
Superada esta primeira fase, os bens passam, então, para a propriedade
do Estado (em sentido amplo). Mas ainda não de forma plena, mas apenas
resolúvel (propriedade resolúvel - é a que pode se “resolver”, ou seja, se
extinguir). Somente após 05 (cinco) anos da abertura da sucessão a
propriedade passa para o domínio público (Município, Distrito Federal ou
União). Comparecendo herdeiro, converte-se a arrecadação em inventário
regular.
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O Poder Público, pelo atual Código, não consta mais do rol de herdeiros
apontados na ordem de vocação hereditária. É, portanto, um sucessor irregular,
desde que haja sentença que declare a vacância dos bens.
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11. SUCESSÃO LEGÍTIMA
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mantendo no 3º grau, como mais próximos afastam mais remotos, logo,
sobrinho exclui tio (Arts 1840, 1843 caput e 1851 ss).
Observações importantes:
1. Uma classe só será chamada quando faltarem herdeiros da classe
precedente. Exemplo: os ascendentes só serão chamados na sucessão se não
houver descendentes.
2. Dentro de uma classe, o grau mais próximo, em princípio, exclui o
mais remoto. Exemplo: o de cujus deixou um filho e este possui dois filhos (que
são netos do de cujus); a herança irá somente para o filho, excluindo, neste
caso, os netos.
3. Os descendentes, os ascendentes e o cônjuge sobrevivente são
considerados herdeiros necessários; neste caso o testador só poderá dispor
por testamento de metade da herança. Isto é, metade de seus bens irá
obrigatoriamente para os herdeiros necessários (salvo alguma hipótese de
deserdação). A outra metade ele poderá dispor em testamento.
4. Todos os filhos herdam em igualdade de condições (Constituição
Federal, art. 227, § 6º: “Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou
por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer
designações discriminatórias relativas à filiação”). Assim, um filho não pode ser
chamado de adulterino ou bastardo. Tanto faz seja ele proveniente de um
casamento ou de uma relação extraconjugal: é filho do mesmo jeito e terá
direito à herança.
5. Se houver um testamento essa ordem pode não prevalecer
exatamente desta forma, ou seja, pode haver algumas modificações.
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11.2. DIREITO DE REPRESENTAÇÃO (ARTS. 1851
A 1856)
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12. SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA E
TESTAMENTO
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12.1. Capacidade Testamentária Ativa
A capacidade testamentária ativa é a capacidade para fazer o
testamento. O Código Civil estabelece apenas como incapazes de testar
(art. 1.860 CC): os menores de dezesseis anos, os desprovidos de
discernimento (ex.: os que não estiverem em perfeito juízo, surdos-mudos, que
não puderem manifestar a sua vontade, etc.) e a pessoa jurídica.
Assim, podem testar o cego, o analfabeto, o pródigo, o falido, etc. Os maiores
de 16 anos, mas menores de 18 anos, apesar de relativamente incapazes,
podem testar, mesmo sem a assistência de seu representante legal.
A incapacidade posterior à elaboração do testamento não o invalida. A
capacidade para testar deve existir no momento em que o testamento é feito,
pois a incapacidade superveniente não invalida o testamento eficaz. O
testamento do incapaz não pode ser convalidado com a superveniência da
capacidade.
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São relativamente incapazes para adquirir por testamento, proibindo que
se nomeiem herdeiros ou legatários:
• A pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, seu cônjuge, seus
ascendentes, descendentes e irmãos.
• As testemunhas do testamento.
• O concubinário (amante) do testador casado, salvo se este, sem culpa
sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de 05 anos.
• O tabelião, civil ou militar, o comandante, ou escrivão, perante o qual
se fizer, assim como o que fizer, ou aprovar o testamento.
TESTAMENTO ORDINÁRIO
Testamento Público (arts. 1.864 a 1.867 CC)
Testamento público é o lavrado por tabelião em livro de notas, de acordo
com a declaração de vontade do testador, exarada verbalmente (o mudo não
pode) em língua nacional, perante o oficial. É o testamento mais seguro. Porém
tem o inconveniente de permitir a qualquer pessoa conhecer o seu teor. Podem
testar de forma pública: os analfabetos, os surdos (desde que não sejam
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mudos). O cego só pode testar por testamento público. Só não podem assim
testar os mudos e os surdos-mudos.
Os requisitos essenciais dessa forma estão nos incisos do
art. 1864 do CC.
Com a abertura da sucessão, o traslado é apresentado em juízo. Depois
de lido e não tendo vícios o Juiz ordena o registro e cumprimento.
Requisitos:
• Escrito (em língua nacional ou estrangeira – art. 1.871 CC) e assinado
pelo testador; pode ser escrito mecanicamente, desde que todas as páginas
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sejam numeradas e autenticadas com sua assinatura (art. 1.868, parágrafo
único CC).
• Entregue ao oficial na presença de 02 (duas) testemunhas.
• Oficial pergunta se este é o testamento e exara o auto de aprovação,
tendo-o por bom, firme e valioso.
• Leitura do auto de aprovação.
• É cerrado (fechado e lacrado) e costurado.
Observações:
1. Estão proibidas de usar este testamento as pessoas que não saibam
ler (analfabetos e cegos).
2. As testemunhas, ao contrário do testamento público, não sabem quais
são as disposições testamentárias.
3. Desvantagens: possui muitas formalidades, pode ser ocultado;
qualquer vício o invalida (ex: lacre rompido).
Requisitos:
• Escrito de próprio punho pelo testador ou mediante processo mecânico
(art. 1.876 CC) – neste caso não pode conter rasuras ou espaços em branco.
• 03 (três) testemunhas.
• Leitura do testamento pelo testador.
• Publicação, em juízo, após a morte do testador.
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• Homologação do testamento pelo Juiz.
• Sobrevivência de pelo menos uma das testemunhas. Se as
testemunhas forem afirmativas (contestes) sobre o fato ou pelo menos da
leitura perante elas e reconheçam suas assinaturas o testamento será
confirmado. Em casos excepcionais o testamento sem testemunhas poderá ser
confirmado pelo Juiz, desde que se convença da sua veracidade.
TESTAMENTOS ESPECIAIS
São os de caráter provisório, feitos em situações de emergência.
Testamento Militar
Testamento militar é a declaração de última vontade feita por militares e
demais pessoas a serviço do exército em campanha, dentro ou fora do país.
Deve ser escrito por autoridade militar, na presença de duas testemunhas.
Admite a forma nuncupativa, isto é, feita por pessoa ferida; neste caso, pode
ser feito de viva voz na presença de duas testemunhas.
Em qualquer hipótese, se o testador não morrer na guerra ou nos 90 dias
subsequentes em lugar onde possa testar na forma ordinária, o testamento
caducará.
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Registro, Arquivamento e Cumprimento
Após a morte do testador, o testamento deve ser apresentado ao Juiz
que o mandará registrar, arquivar e cumprir, se não houver vício externo que o
torne suspeito de nulidade ou falsidade. Depois de efetuado o registro, o mérito
das disposições testamentárias será examinado no inventário ou em ação
ordinária própria.
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em nosso ordenamento jurídico. Existem duas regras gerais, a primeira, onde
diz que somente o testador tem o poder de instituir os herdeiros, e a segunda,
é que não existem nenhuma restrição acerca da quantidade de herdeiros. A
Instituição de algum herdeiro gera efeitos imediatos, cabendo aos herdeiros
testamentários o direito à sua parte.
É lícito ao testador impor alguma condição sobre os bens dispostos em
testamento, de modo que podem haver condições que enquanto não forem
atendidas, o bem não se transmitirá. Por exemplo, um herdeiro testamentário
receberá o bem quando colar grau em curso superior.
Conforme a vontade do testador, podem ser apostos sobre os bens
determinados encargos, que podem variar indefinidamente. Podendo ser o
encargo em favor de terceira pessoa, ou da sociedade em geral.
O testador, da mesma forma, pode colocar no testamento, algumas
razões que levaram ele a realizar a divisão dos bens como foi feita, dá-se o
nome dessa disposição de Disposição Causal.
Finalmente, pode impor ônus e gravames sobre os bens que serão
herdados. Os mais conhecidos desses ônus são as cláusulas restritivas à
propriedade, que consistem na cláusula de incomunicabilidade,
inalienabilidade e impenhorabilidade. Sobre essas últimas, se faz necessário
que o disponente, no próprio instrumento, mencione um motivo bastante
justificado para a aposição dessas cláusulas no testamento.
12.6. LEGADOS
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alienação, modificação ou perecimento da coisa; falecimento do legatário antes
do testador; revogação; indignidade, etc.).
Enquanto a herança consiste na totalidade ou de uma fração ideal dos
bens do de cujus, como uma universalidade de bens, sendo considerada um
único bem imóvel, conforme o art. 80, II do CC, o legado é a sucessão que
incide sobre uma coisa certa e determinada. A herança é indefinida e o legado
é definido.
Quando o legado é deixado para um herdeiro legítimo, que passa a
acumular os papéis de herdeiro e legatário, é chamado de legado precípuo ou
prelegado.
O legado, quanto ao objeto, pode ser de coisas corpóreas ou
incorpóreas, crédito ou de quitação de dívidas, alimentos; usufruto, imóvel,
dinheiro; renda ou pensão periódica.
O legado de coisas pode se dar sobre uma coisa específica ou genérica,
de modo que, nesse último caso, a escolha somente será feita depois, pelo
legatário, ou outra pessoa designada pelo testador. Como a coisa legada é
definida apenas pelo gênero, o legado se cumprirá mesmo que tal coisa não
exista entre os bens do testador, segundo reza o art. 1.915 do CC. Além disso,
o código veda totalmente o legado de coisa alheia, conforme o disposto no
art. 1.912.
Também pode um crédito de propriedade do de cujus ser objeto de
legado, para se transferir ao legatário, de modo que o novo crédito agora seja
devido ao mesmo, de modo igual ao que ocorre em uma cessão de crédito.
Pode ser transmitida uma quitação de dívida ao legatário, e se transfere pela
própria entrega do instrumento de quitação do herdeiro para o legatário.
Os alimentos podem ser transmitidos por legado. Através dessa
modalidade de legado, cria-se uma relação jurídica que obriga o pagamento da
pensão alimentícia, como aquela devida aos filhos. Os alimentos devem
compreender o necessário à manutenção da vida do legatário (alimentado),
levando sempre em conta as circunstâncias e o meio-termo, de modo que o
valor estipulado dos alimentos não seja praticamente uma “esmola”, mas
também não seja muito alto, de modo que seja um aproveitamento ilícito do
alimentado.
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Em geral, os alimentos são fixados levados em conta as possibilidades
do alimentante e as necessidades do alimentado. Essa modalidade de legado
tem fulcro legislativo no art. 1.920 do CC: “O legado de alimentos abrange o
sustento, a cura, o vestuário e a casa, enquanto o legatário viver, além da
educação, se ele for menor.”
O testador, se possuir plena propriedade de um bem, pode legar o seu
usufruto para uma terceira pessoa, de modo que essa fique no uso e fruição do
bem, em todo o prazo estipulado. Se não houver um prazo estipulado pelo
testador, há uma presunção iure et de iure de que este prazo seja vitalício com
relação ao legatário, conforme o disposto no art. 1.921.
Quanto ao legado de bem imóvel deve-se observar a disposição do art.
1.922: “Se aquele que legar um imóvel lhe ajuntar depois novas aquisições,
estas, ainda que contíguas, não se compreendem no legado, salvo expressa
declaração em contrário do testador”. E, no parágrafo único: “Não se aplica o
disposto neste artigo às benfeitorias necessárias, úteis ou voluptuárias feitas
no prédio legado”.
Pode-se também legar dinheiro. O pagamento deve ser feito logo após
a partilha, de forma que os juros correrão a partir do momento em que o
herdeiro pagador se constituir em mora, ou seja, no momento em que for feito
a partilha e o legatário não receber o dinheiro.
O Legado de Renda ou Pensão Periódica é o gênero do qual o legado
de Alimentos é espécie. Nesta modalidade, é legada uma renda, de caráter
vitalício ou não, renda esta fixada pelo próprio testador.
Há o legado alternativo quando o testador coloca duas ou mais opções
de legado ao herdeiro incumbido de cumprir o legado. Está amparado no art.
1.932 do Código: “No legado alternativo, presume-se deixada ao herdeiro a
opção.”
O art. 1.924 do Código Civil assinala que o direito de pedir o legado não
se exercerá, enquanto se litigue sobre a validade do testamento, e, no legados
condicionais, ou a prazo, enquanto esteja pendente a condição ou o prazo não
se vença.
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12.7. DIREITOS DE ACRESCER ENTRE OS
HERDEIROS
Requisitos
• Nomeação de co-herdeiro ou co-legatário, na mesma disposição
testamentária.
• Deixa dos mesmos bens ou da mesma porção de bens.
• Ausência de cotas hereditárias.
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nada impede que o herdeiro necessário renunciar a herança, na conformidade
da Lei.
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Espécies de substituição:
1) Vulgar ou Ordinária
a) simples (ou singular)
b) coletiva (ou plural)
c) recíproca
2) Fideicomissária
3) Compendiosa
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passarão a ser dos filhos de B (que é irmão). Notem que neste caso B não é
herdeiro necessário do de cujos. Seus filhos são meus sobrinhos.
Assim, no fideicomisso participam três pessoas:
a) fideicomitente – é o testador.
b) fiduciário (ou gravado) – é a pessoa que é chamada a suceder em
primeiro lugar e que deverá passar os bens para o fideicomissário; é titular da
propriedade resolúvel e pode praticar todos os atos inerentes ao domínio.
c) fideicomissário – é o último destinatário da herança ou legado.
Segundo o atual Código, o fideicomissário deve ser pessoa não concebida ao
tempo da abertura da sucessão. Caso o fideicomissário já tenha nascido, não
haverá fideicomisso, mas usufruto. O fideicomissário será o proprietário dos
bens fideicomitidos e o fiduciário passará à condição de usufrutuário, pelo
tempo de duração que fora previsto originalmente. Se o fideicomissário não
nascer a propriedade plena se consolida nas mãos do fiduciário.
O fideicomisso só pode ser instituído sobre a metade disponível, não
podendo comprometer a legítima. Possui três modalidades:
• vitalício – a substituição ocorre com a morte do fiduciário.
• a termo – a substituição ocorre no momento fixado pelo testador.
• condicional – quando depende de cumprimento de condição resolutiva.
Fideicomisso X Usufruto
Usufruto – é um direito real sobre coisa alheia, sendo que o domínio se
divide em duas partes, cada uma com seu titular (nu proprietário – direito de
dispor e reaver – e usufrutuário – direito de usar e fruir), que exercem seus
direitos simultaneamente.
Fideicomisso – é espécie de substituição testamentária em que as
partes (fiduciário e fideicomissário) exercem a propriedade plena, mas de forma
sucessiva, permitindo que se beneficie prole eventual.
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12.10. DESERDAÇÃO
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direito de defesa. Não se provando o motivo da deserdação, o testamento
produzirá efeitos em tudo o que não prejudicar a legítima do herdeiro
necessário.
Mera reconciliação do testador com o deserdado não gera ineficácia da
deserdação. Deve ser realizada a revogação por testamento (trata-se do
perdão).
Revogação
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Revogação é o ato pelo qual o testador, conscientemente, torna ineficaz
o testamento anterior, manifestando vontade contrária à que nele se encontra
expressa. Um testamento só pode ser revogado por outro, mesmo que de
modalidade diversa (um testamento público pode revogar um cerrado; um
testamento particular pode revogar um cerrado, etc.). O importante é que o
novo testamento seja válido. No entanto é irrevogável o testamento na parte
em que o testador reconhece filho havido fora do casamento.
O testamento revogado não se restaura pelo fato deste ter sido revogado
posteriormente (não há repristinação no testamento).
Um codicilo não pode revogar um testamento, mas este pode revogar o
codicilo.
A revogação, quanto a sua extensão, pode ser classificada em:
a) total – o testamento superveniente retira a eficácia de todas as
disposições testamentárias anteriores.
b) parcial – retira algumas das disposições, subsistindo as demais.
Já quanto à forma utilizada, pode ser classificada em:
a) expressa (ou direta) – declaração inequívoca, explícita do testador —
» novo testamento revoga o anterior (pode ser total ou parcial).
b) tácita (ou indireta) —> quando o testador não declara que revoga o
anterior, mas há incompatibilidade entre as disposições deste e as do novo
testamento ou em caso de dilaceração ou abertura do testamento cerrado, pelo
testador, ou por outrem, com o seu consentimento, ou quando o testado alienar
voluntariamente a coisa legada.
Rompimento
É a inutilização do testamento por perda de validade em razão da
ocorrência de certos fatos previstos em lei. Exemplo: superveniência de
descendente sucessível ao testador, que o não tinha ou não o conhecia quando
testou ou quando o testamento foi feito na ignorância de existirem outros
herdeiros necessários. O testador não teria disposto de seus bens em
testamento se soubesse da existência de algum herdeiro necessário. Também
é chamado de revogação presumida (o testamento é chamado de rupto).
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Caducidade
Ocorre a caducidade quando as disposições testamentárias não
prevalecerão, embora válidas, pela ocorrência de obstáculo superveniente.
Exemplo: herdeiro morreu antes do testador; herdeiro renuncia ou foi excluído;
perecimento da coisa legada, etc. Caducará o testamento marítimo e o militar,
três meses após o momento em que o testador podia testar de forma ordinária
e não o fez.
Nulidade e Anulabilidade
O testamento pode ser anulado se contiver defeito leve ou grave. Pode
atingir o testamento em sua totalidade (neste caso abre-se a sucessão legítima)
ou em parte (prevalece a parte válida do testamento, abrindo-se sucessão
legítima, se for o caso, quanto ao que for anulado).
a) Nulidade: incapacidade do testador; impossibilidade ou ilicitude do
objeto; inobservância das formas legais e nulidade das disposições.
Requerimento de qualquer interessado, do Ministério Público ou de ofício pelo
Juiz.
b) Anulabilidade: erro substancial na designação da pessoa do herdeiro,
legatário ou da coisa legada; dolo; coação ou fraude. Requerimento apenas do
interessado, respeitando o prazo decadencial de quatro anos.
TESTAMENTEIRO
Art. 1976 do Código Civil. O testamenteiro é a pessoa encarregada de
executar o testamento. Quando o testador nomeia um, este será o
testamenteiro instituído. Caso o testador não tenha nomeado, o juiz nomeará
um testador dativo, de acordo com uma ordem estabelecida por lei. Podem
também haver mais de um testamenteiro, quando trabalham em conjunto (dois
ou mais testamenteiros agindo ao mesmo tempo, podendo cada um ter uma
função específica ou não) ou separados (testamentária sucessiva, apenas um
atua, mas, havendo necessidade, é substituído pelos outros testamenteiros já
nomeados).
Os atos do testador são pessoais e indelegáveis, podendo constituir
formalmente um mandato para outro. Pode também o indicado recusar, já que
não é obrigatório.
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Extensão dos poderes: UNIVERSAL: posse e administração da herança.
Deve requerer a abertura do inventário (o testador não pode ter herdeiros
necessários). PARTICULAR: sem posse e administração da herança.
Obrigações: (a) propugnar pela validade do testamento. (b) Cumprir as
disposições do testamento no prazo estabelecido pelo testador ou em até 180
dias após a aceitação da testamentária caso não haja prazo. (c) Fiscalizar o
cumprimento das disposições testamentárias, podendo até se substituir a um
herdeiro que não esteja cumprindo tais disposições. (d) Prestar contas. (e) O
testamenteiro universal deve defender a posse de atos de turbação, esbulho e
ameaça.
Remuneração: VINTENA, 20% ou 1/5 da herança deferida por sucessão
testamentária, já que ele presta um serviço. Caso o testamenteiro também seja
herdeiro ou legatário nomeado pelo testador, pode escolher entre receber a
vintena ou a herança/legado. O que é herdeiro legítimo recebe normalmente a
vintena.
Perda do Direito da Vintena: (a) Negligência, (b) Não cumprimento das
disposições por dolo ou culpa, (c) Prestação de contas julgada negativamente.
Observação 1: O valor da vintena é de 5%, sendo que o testador ou o
juiz pode fixar um valor menor do que os 5%, dependendo do grau de
dificuldade e complexidade do cumprimento das disposições.
Observação 2: A vintena é paga ao final do cumprimento das atribuições
do testamento, mas o testador pode pedir adiantamento.
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13. INVENTÁRIO E PARTILHA
Espécies de inventário:
a) Tradicional ou propriamente dito – procedimento completo, atos
bem identificados, prazos, aplicação subsidiária do arrolamento (Art 982 CPC);
b) Arrolamento – mais simplificado, com atos concentrados, prazos
reduzidos, mais célere e econômico; Sumário: interessados maiores e capazes
de comum acordo com a forma da partilha (não importa o valor); Comum:
herança de pequeno valor (índice adotado pelo Estado), mesmo com menores
e incapazes, porém se há conflito, mesmo sendo o valor pequeno, deve-se usar
o inventário tradicional.
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de evitar imposição de finalidades civis (ex: viúvo para casar novamente sem
ser com separação obrigatória de bens deve apresentar inventário do cônjuge
falecido).
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Destituição do inventariante: impossibilidade de continuar no cargo por
causas externas ao processo de inventário. (inventariante – Arts 990 e ss CPC
falta no caderno)
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14. COLAÇÕES
Noção: ato de retorno à herança de bens que foram retirados por ato de
liberalidade do de cujus. Bens que ultrapassaram os limites da legítima. (Arts
1014 e ss CPC).
O Art 2002 – retorno das doações feitas aos descendentes, não
menciona o cônjuge, há críticas: muitos falam que os bens doados aos
cônjuges também deveriam retornar por ser herdeiro necessário, mas o CC não
prevê isso, há projeto de lei para mudar.
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15. SONEGADOS
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por alma do falecido só obrigarão a herança quando ordenadas em testamento
ou codicilo.
17. CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 26°ed. V.5. São Paulo:
Saraiva, 2011.
Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. São Paulo:
Saraiva V.5, 21ªed. 2006, p. 436-437.
Lei nº 11.340 de 07 de agosto de 2006. Lei Maria da Penha. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm>.
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 3. ed. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2006.
LÔBO, Paulo Luiz Netto. Direito civil: famílias. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
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