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Direito de Família

Sumário
Conceito. Noções Gerais. Evolução história.................................................................................2
Natureza Jurídica......................................................................................................................4
Espécie de família (rol exemplificativo)....................................................................................4
Família conjugal:...................................................................................................................4
Família parental:...................................................................................................................5
Princípios Constitucionais............................................................................................................5
 PRINCÍPIOS DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.......................................................5
 (ART..............................................................................................................................5
 1º, III CRFB),..................................................................................................................5
 PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE: (..................................................................................6
 PRINCÍPIOS DA IGUALDADE ENTE CÔNJUGES E COMPANHEIROS:...............................6
 PRINCÍPIO DA NÃO INTERVENÇÃO OU DO LIVRE PLANEJAMENTO FAMILIAR (ART; 226
§7º) 6
 PRINCÍPIO DA IGUALDADE ENTRE FILHOS (ART. 227 §6º)............................................6
 PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO INTEGRAL A CRIANÇA E ADOLESCENTE (ART. 227 CRFB).....7
 PRINCÍPIOS DA PARENTALIDADE RESPONSÁVEL. (ART. 229 CRFB)...............................7
 PRINCÍPIO DA COMUNHÃO PLENA DE VIDA.................................................................7
 PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE CONSTITUIR UMA COMUNHÃO DE VIDA FAMILIAR......7
CASAMENTO............................................................................................................................7
 Conceito:......................................................................................................................7
Natureza jurídica..................................................................................................................8
 Características do Casamento......................................................................................8
Habilitação matrimonial. - Art. 1526 CC............................................................................9
Espécie de Casamento:.........................................................................................................9
 CAPACIDADE MATRIMONIAL......................................................................................10
 Causas de impedimento.............................................................................................11
 Causas suspensivas: art. 1523 CC...............................................................................13
Prova do casamento...........................................................................................................14
 Análise tridimensional do casamento.........................................................................14
Divórcio......................................................................................................................................17
Partilha de bens.........................................................................................................................19
Regime de bens..........................................................................................................................19
Regimes em espécie...................................................................................................................20
1. Separação legal ou separação obrigatória..........................................................................20
Regime de bens. Separação convencional/absoluta. Art. 1687..................................................20
Regime de bens. Comunhão parcial...........................................................................................20
Regime de bens. Comunhão universal.......................................................................................21
Regime de bens. Participação final nos aquestos (bens adquiridos na constância do casamento)
...................................................................................................................................................21
PARENTESCO..............................................................................................................................22
- Em linha reta........................................................................................................................22
- Parentesco na linha colateral ou transversal.......................................................................22
Parentesco por afinidade.......................................................................................................23
Famílias recompostas ou mosaico..........................................................................................23
Multiparentalidade................................................................................................................24
Filiação.......................................................................................................................................24
---Filiação presumida..............................................................................................................24
Filiação biológica....................................................................................................................25
Filiação socioafetiva...............................................................................................................26
Reconhecimento de filhos......................................................................................................27
Registro tardio de maiores de idade......................................................................................27

Conceito. Noções Gerais. Evolução história.


O direito de família é, de todos os ramos do direito, o mais intimamente ligado à própria vida,
uma vez que, de modo geral, as pessoas provêm de um organismo familiar e a ele conservam-
se vinculadas durante a sua existência, mesmo que venham a constituir nova família pelo
casamento ou pela união estável

O certo é falar direito das famílias, uma vez que há uma pluralidade de formas de famílias.
Lato sensu, o vocábulo família abrange todas as pessoas ligadas por vínculo de sangue e que
procedem, portanto, de um tronco ancestral comum, bem como as unidas pela afinidade e
pela adoção. Compreende os cônjuges e companheiros, os parentes e os afins.

As leis em geral referem-se à família como um núcleo mais restrito, constituído pelos pais e
sua prole.

Identificam-se na sociedade conjugal estabelecida pelo casamento três ordens de vínculos: o


conjugal, existente entre os cônjuges; o de parentesco, que reúne os seus integrantes em
torno de um tronco comum, descendendo uns dos outros ou não, e o de afinidade,
estabelecido entre um cônjuge e os parentes do outro.

O objeto do direito de família é, pois, o complexo de disposições, pessoais e patrimoniais, que


se origina do entrelaçamento das múltiplas relações entre os componentes da entidade
familiar.

Apesar do cunho patrimonial a infração do direito de família é diferente dos outros ramos do
direito, ex: perdas e danos, as violações do direito de família têm sanções diversas: suspensão
ou extinção do poder familiar, dissolução da sociedade conjugal, perda de direito a alimentos
etc.

Todavia, podem assemelhar-se as obrigações, como nos alimentos, ora tendo o tipo dos
direitos reais, como nos usufrutos dos bens dos filhos. Na realidade, tal acontece apenas
indiretamente, como nos exemplos citados e ainda no tocante ao regime de bens entre
cônjuges ou conviventes e a administração dos bens dos incapazes, em que aparentemente
assumem a fisionomia de direito real ou obrigacional.

Conforme a sua finalidade ou o seu objetivo, as normas do direito de família ora regulam as
relações pessoais entre os cônjuges, ou entre os ascendentes e os descendentes ou entre
parentes fora da linha reta; ora disciplinam as relações patrimoniais que se desenvolvem no
seio da família, compreendendo as que se passam entre cônjuges, entre pais e filhos, entre
tutor e pupilo; ora finalmente assumem a direção das relações assistenciais, e novamente tem
sua vista os cônjuges entre si, os filhos perante os pais, o tutelado em face do tutor, interdito
diante do seu curador. Relações pessoais, patrimoniais e assistenciais são, portanto, os três
setores em que o direito de família atua.

A partir da CRFB/88 adotou-se um caráter mais humanista, tendo o ser humano como um fim
em si mesmo, decorrente da dignidade da pessoa humana, preponderância do cunho
existencial frente a patrimonialização, configurando a despatrimonialização das relações
privadas

Anteriormente, a família era matrimonializada e passou a ser uma família democrática, antes
da CF/88 só era possível constituição da família através do casamento, só assim era
reconhecido a entidade familiar.

Não podemos esquecer, da instituição família como instrumento de proteção da dignidade de


seus integrantes. Família funcionalizada, função social que a família exerce. Conforme o Art.
226 CF, goza de proteção especial do estado, desenvolvimento com dignidade do ser humano
integrantes da família.

Frise-se que as alterações pertinentes ao direito de família demonstram e ressaltam a função


social da família no direito brasileiro, a partir especialmente da proclamação da igualdade
absoluta dos cônjuges e dos filhos; da disciplina concernente à guarda, manutenção e
educação da prole, com atribuição de poder ao juiz para decidir sempre no interesse desta e
determinar a guarda a quem revelar melhores condições de exercê-la, bem como para
suspender ou destituir os pais do poder familiar, quando faltarem aos deveres a ele inerentes;
do reconhecimento do direito a alimentos inclusive aos companheiros e da observância das
circunstâncias socioeconômicas em que se encontrarem os interessados; da obrigação imposta
a ambos os cônjuges, separados judicialmente (antes da aprovação da Emenda Constitucional
n. 66/2010) ou divorciados, de contribuírem, na proporção de seus recursos, para a
manutenção dos filhos etc.

Ex: respeito ao idoso. E, família eudemonista, se preocupa com o bem-estar dos seus
integrantes, atender as necessidades básicas do ser humano digno dessa dignidade. Busca da
felicidade.

Hoje está o afeto como valor jurídico. Afeto analisado através do comportamento objetivo,
enxerga padrão de conduta, uma vez que o sentimento é o subjetivo. Ex: guarda de filhos, o
juiz analisa quem melhor apresente condições de exercer essa guarda.

Igualdade entre cônjuges: abandonamos a família patriarcal, onde o homem comandava com
auxílio da mulher, mas sua opinião prevalecia. Hoje a família é democrática.

Relações parentais e proteção aos filhos, respeitando a condição do filho em desenvolvimento


e respeitando seus direitos fundamentais, atendidos com prioridades em relação aos outros.

Min Luz Fux. e ADPF 132. Art 226, CF.

Vínculo afetivo vai unir essas pessoas, seja na relação de parentesco ou entidade conjugal.
Identidade e Publicidade (Elemento externo). O código civil de 16 e as leis posteriores, vigentes
no século passado, regulavam a família constituída unicamente pelo casamento, de modelo
patriarcal e hierarquizada, como foi dito, ao passo que o moderno enfoque pelo qual é
identificada tem indicado novos elementos que compõe as relações familiares, destacando-se
os vínculos afetivos que norteiam a sua formação. Nessa linha, a família socioafetiva vem
sendo priorizada em nossa doutrina e jurisprudência.

Assunção de uma realidade familiar concreta, onde os vínculos de afeto se sobrepõem a


verdade biológica.

Necessita-se que haja um objetivo de comunhão de vida, projeto de vida dentro daquele
núcleo familiar.

Natureza Jurídica
Já foi dito que a família constitui o alicerce mais sólido em que se assenta toda a organização
social, estando a merecer, por isso, a proteção especial do Estado, como proclama o art. 226
da Constituição Federal, que ela se refere como “base familiar”. É natural, pois, que aquele
queira protege-la e fortalece-la, estabelecendo normas de ordem pública, que não podem ser
revogadas pela vontade dos particulares e determinando a participação do Ministério Público
nos litígios que envolvem relações familiares.

Mudança da expressão “pátrio poder” foi substituída, no novo diploma, por “poder familiar”.

Pontes de Miranda enfatiza essa característica, afirmando que “a grande maioria dos preceitos
de direitos de família é composta de normas cogentes. Só excepcionalmente, em matéria de
regime de bens, O código civil deixa margem à autonomia da vontade”.

Apesar da liberdade de escolha e decisão aos familiares, a disponibilidade é relativa, limitada,


como sucede também no concernente aos alimentos, não se considerando válidas as cláusulas
que estabelecem a renúncia definitiva de alimentos, mormente quando menores ou incapazes
são envolvidos.

Natureza personalíssima.
Espécie de família (rol exemplificativo)

Família conjugal:
1)família matrimonial: decorrente do casamento;

2) família informal: união estável (homo ou hetero)

Família parental:
1) Monoparental: 1 dos pais

2) Multiparental: 2 pais ou 2 mães, caso de padrasto.

3) Anaparental: constituída somente pelos filhos, 2 irmãos que vivem juntos, uma tia que cuida
de um sobrinho (Resp 1217415, reconhecimento da família Ana parental, e adoção pós
mortem)

4) Extensa: expressa na eca, a regra é a família natural, a exceção é art 25§única, além da
unidade pais e filhos, formada com parentes próximos com os quais a criança de afetividade e
afinidade. “ aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal,
formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém
vínculos de afinidade e afetividade.

5) Adotiva: família substituta expressamente previsto no ECA

6) Ectogenética: técnicas de reprodução assistida

7) Coparental: acordo no interesse na criação do filho, sem qualquer vínculo amoroso entre si,
não tem previsão no brasil. Critica: frágil em relação ao melhor interesse da criança, esquivar
da união de estável que existe.

8) Homoparental: pessoas do mesmo sexo.

9) Família simultânea ou paralela: “A preexistência de casamento ou união estão de um dos


conviventes, ressalvada a exceção do artigo de união estável de um dos conviventes, 1723§1º
CC, impede o reconhecimento de novo vínculo referente ao mesmo período, inclusive para fins
previdenciários, em virtude da consagração do dever de fidelidade e da monogamia pelo
ornamento jurídico-constitucional brasileiro” (RE 1045273). 2 núcleos familiares. Concubinato.

STJ: existência de união estável putativa, não sabe da existência do vínculo anterior, questão
de prova.

10) Familia Poliafetiva: é o mesmo núcleo, os integrantes sabem seu papel dentro do núcleo.
Não é necessário coabitação. Não é reconhecido no brasil.

Ex: família da religião islamismo, o brasil não admite pois adota o princípio da monogamia.
Liberdade religiosa tem que está de acordo com princípios de ordem pública, valor social
cultural da monogamia.

11) Familia multiespecies. REsp 1713167: seres humanos e pets, utilizar por analogia instituto
que você aplica apenas so para pessoas. Ex: casal se separa e tem um bicho de estimação,
semovente, como resolve a questão do cachorro? Guarda, series ser cientes, dotados de
sensibilidade.

12) família eudemonista: caracterizada pelo vinculo afetivo.


Princípios Constitucionais
 PRINCÍPIOS DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.
 (ART.
 1º, III CRFB),
Assinala Gustavo Tepedino, que “a milenar proteção da família como instituição, unidade de
produção e reprodução dos valores culturais, éticos, religiosos e econômicos, dá lugar à tutela
essencialmente funcionalizada à dignidade de seus membros, em particular no que concerne
ao desenvolvimento da personalidade dos filhos”. Leciona Rodrigo da Cunha Pereira “ todas
essas mudanças trouxeram novos ideais, provocaram um “declínio do patriarcalismo” e
lançaram as bases de suspensão e compreensão dos Direitos Humanos, a partir da noção da
dignidade da pessoa humana, hoje insculpida em quase todas as constituições democráticas.”
Ex: impenhorabilidade do bem de família (Sumula 364 STJ, pessoas solteiras e viúvas), união
estável homoafetiva. Respeito a autodeterminação, não discriminação. O princípio do respeito
à dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º III) constitui, assim, base da comunidade familiar,
garantindo o pleno desenvolvimento e a realização de todos os seus membros, principalmente
da criança e do adolescente (CF, art. 227)

 PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE: (art 3º, I CRFB)


Ex: Dissolução antes da edição da lei nº8971/94, ação de alimentos. A união estável pode
ensejar a obrigação de prestar alimentos ao companheiro que desses necessite, ainda que o
vínculo tenha se desfeito em momento anterior a entrada em vigor da lei que a regulamenta
(Resp: 309781). Ex: eu devo pagar alimentos a pessoa que me abandonou afetivamente? Sim
relativiza a solidariedade com o princípio da dignidade da pessoa humana.

 PRINCÍPIOS DA IGUALDADE ENTE CÔNJUGES E COMPANHEIROS:

Conforme estabelecido no art. 226 §5º da CRFB, verbis “os direitos e deveres referentes à
sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher”. A regulamentação
instruída no aludido dispositivo acaba com o poder marital e com o sistema de
encapsulamento da mulher, restrita a tarefas domésticas e à procriação. O patriarcalismo não
mais se coaduna, efetivamente, com a época atual, em que grande parte dos avanços
tecnológicos e sociais esta diretamente vinculada as funções da mulher na família e referenda
a evolução moderna, confirmando verdadeira revolução no campo social. O dever de prover à
manutenção da família deixou de ser apenas um encargo do marido, incumbindo também à
mulher, de acordo com as possibilidades de cada qual (art. 1567§u e 1568).

 PRINCÍPIO DA NÃO INTERVENÇÃO OU DO LIVRE PLANEJAMENTO FAMILIAR


(ART; 226 §7º)
Dispõe o artigo 226 §7º, o planejamento familiar é livre decisão do casal, fundado nos
princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável. Essa
responsabilidade é de ambos os genitores, cônjuges ou companheiros. A lei nº 9253/96
regulamentou o assunto, especialmente no tocante à responsabilidade do Poder Público. Art.
1565 §2 códigos Civil.
Ex: Embriões de congelamento, técnica de reprodução assistida.

 PRINCÍPIO DA IGUALDADE ENTRE FILHOS (ART. 227 §6º)


Dispõe o art. “os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os
mesmo direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à
filiação”. O dispositivo em apreço estabelece absoluta igualdade entre todos os filhos, não
admitindo mais a retrógada distinção entre filiação legitima ou ilegítima, segundo os pais
fossem casados ou não, e adotiva, que existia no Código Civil de 1916. Hoje, todos são apenas
filhos uns havidos fora do casamento, outros em sua constância mas iguais direitos e
qualificações (CC, arts. 1596 a 1629).

 PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO INTEGRAL A CRIANÇA E ADOLESCENTE (ART. 227


CRFB)
Criança e adolescente com sujeito de direito

 PRINCÍPIOS DA PARENTALIDADE RESPONSÁVEL. (ART. 229 CRFB)


Ambos os pais devem exercer sua parentalidade responsável, educando e responsabilizando
por eles enquanto menores. E os filhos maiores, o dever de ajudar e amparar os pais na
velhice, carência ou enfermidade.

 PRINCÍPIO DA COMUNHÃO PLENA DE VIDA


Baseada na afeição entre os cônjuges ou conviventes, como prevê no art. 1511 do Código Civil.
Tal dispositivo tem relação com o aspecto espiritual do casamento e com o companheirismo
que nele deve existir.

Priorizada, assim, a convivência familiar, ora nos defrontamos com o grupo fundado no
casamento ou no companheirismo, ora com a família monoparental sujeita aos menores
deveres e tendo os mesmos direitos. O estatuto da criança e do adolescente outorgou, ainda,
direitos à família substituta. Os novos rumos conduzem à família socioafetiva, onde
prevalecem os laços da afetividade sobre os elementos meramente formais. Nessa linha, a
dissolução da sociedade conjugal pelo divórcio tende a ser consequência da affectio, e não da
culpa de qualquer dos cônjuges.

 PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE CONSTITUIR UMA COMUNHÃO DE VIDA FAMILIAR


Seja pelo casamento, seja pela união estável, sem qualquer imposição ou restrição de pessoa
jurídica de direito publico ou privado, como dispõe o supramencionado art. 1513 CC. Tal
princípio abrange também a livre decisão do casamento no planejamento familiar (CC, art.
1565), intervindo o Estado apenas para propiciar recursos educacionais e científicos ao
exercício desse direito (CF. art. 226§7); a livre aquisição e administração do patrimônio familiar
(CC, art. 1642 e 1643) e opção pelo regime de bens mais conveniente (art. 1639); a liberdade
de escolha pelo modelo de formação educacional, cultural e religosa da prole (art. 1634) e a
livre conduta, respeitando-se a integridade físico-psiquica e moral dos componentes da
família.

Ex: reconhecimento da união estável como entidade familiar, possibilitam essa opção aos
casais que pretendem estabelecer uma comunhão da vida baseada no relacionamento afetivo.
CASAMENTO

 Conceito:
É um negócio jurídico de direito de família, por meio do qual um homem e uma mulher se
vinculam através de uma relação jurídica personalíssima e permanente, que traduz ampla
duradoura comunhão de vida– José Lamartine Corrêa.

O requisito de duas pessoas de sexo diferente, foi afastado pelo STJ, que reconheceu
expressamente a inexistência do óbice relativo à igualdade de sexos (uniões homoafetivas).

Natureza jurídica: teoria negocial ou contratualista, vontade convergente para a obtenção de


fins jurídicos

Outras teorias:

- Teoria institucionalista: conjunto de normas imperativas a que aderem os nubentes. Antes de


88, normas imperativas impostas pelo estado. Cunho histórico. Aqui o casamento constitui
assim “uma grande instituição social, que, de fato, nasce da vontade dos contraentes, mas
que, da imutável autoridade da lei, recebe sua forma, suas normas e seus efeitos... A vontade
individual é livre para fazer surgir a relação, mas não pode alterar a disciplina estatuída pela
lei”.

- Teoria eclética: ato complexo (contrato na sua formação e instituição no seu conteúdo),
defendida por Silvio rodrigues.

 Características do Casamento
a) É ato eminentemente solene: Destinam-se elas a dar maior segurança aos referidos
atos, para garantir a sua validade e enfatiza a sua seriedade. O ato matrimonial é,
desse modo, evolvido numa aura de solenidade, que principia com o processo de
habilitação e publicação dos editais, desenvolve-se na cerimônia em que é celebrado e
prossegue no registro no livro próprio. Destaca-se a formalidade da celebração,
presidida pelo representante do Estado que, depois de ouvida aos nubentes a
afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declara efetuado o
casamento mediante palavras sacramentais (CC, art. 1535). As formalidades exigidas
constituem elementos essenciais e estruturais do casamento, cuja inobservância torna
o ato inexistente.
b) As normas que o regulamentam são de ordem pública: O casamento é constituído de
um conjunto de normas imperativas, cujo objetivo consiste em dar À família uma
organização social moral compatível com as aspirações do Estado e a natureza
permanente do homem, definidas em princípios insculpidos na Constituição Federal e
nas leis civis. Por essa razão, malgrado a liberdade concedida a toda pessoa de
escolher o seu cônjuge, não é dado aos nubentes discutir com o celebrante o conteúdo
e a extensão dos seus direitos e deveres, nem impor regras sobre dissolução do
vinculo ou reconhecimento de filho.
c) Estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos
cônjuges: Assim o proclama o art. 1511 CC. União exclusiva, uma vez que o primeiro
dever imposto a ambos os cônjuges no art. 1566 é o de fidelidade recíproca. A aludida
comunhão esta ligada ao princípio da igualdade substancia, que pressupõe o respeito
a diferença entre os cônjuges e consequente preservação da dignidade das pessoas
cosadas. Em complemento o art. 1565. – finalidade, affectio conjugal. (procriação,
educação dos filhos e a satisfação sexual são objetivos secundários)
d) Representa união permanente. A constituição de 1988 reduziu o prazo da separação
de fato para um ano, no divorcio-conversão, criando ainda uma modalidade
permanente e ordinária de divórcio direito, desde que comprovada a separação de
fato por mais de 2 anos. O código Civil de 2002, proclama que o divorcio é uma das
causas que ensejam o termino da sociedade conjugal, tendo o condão de dissolver o
casamento valido (art. 157, IV e §1º), regulamento o assunto nos art, 1571 e 1582. A
emenda constitucional n 66/2010 alterou a redação do §6º do art. 226 da CF, retirando
do texto a referência à separação judicial e aos requisitos temporais para a obtenção
do divórcio.
e) Exige diversidade de sexos:, a partir do reconhecimento, pelo STF, da união
homoafetiva como entidade familiar, a jurisprudência, especialmente a do STJ REsp
1.183.378 – RS, tem afastado o requisito da diversidade de sexos, admitindo
expressamente o casamento homoafetivo.
f) Não comporta termo ou condição. Constitui, assim, negócio jurídico puro e simples.
g) Permite liberdade de escolha do nubente. Trata-se de uma consequencia ntural do seu
caráter pessoal. Cabe exclusivamente aos consortes manifestar a sua vontade,
pessoalmente ou por procurador com poderes especiais (CC, art.1542). Reconhece
hoje a melhor doutrina que a liberdade de casar-se corresponde a um direito da
personalidade, pois tutela interesse fundamental do homem.

Habilitação matrimonial. - Art. 1526 CC

Destina-se este a constatar a capacidade para o casamento, a inexistência de impedimentos


matrimoniais e a dar publicidade à pretensão dos nubentes.

1- fase: requerimento e apresentação da documentação (art. 1525 CC)


2- fase: editais e proclamas (art. 1527 cc) - publicidade
3- fase: registro (art. 1531) –
4- fase: expedição de certidão (validade 90 dias – 1532)

Celebração: juiz de direito, juiz de paz, autoridade eclesiástica, autoridades consulares.

Autoridade: art. 1533 a 1536

Manifestação inequívoca da vontade

Art. 1538: suspensão do ato

Local: art. 1534 no cartório ou outro lugar. Art. 1539 onde encontrar o impedimento (em caso
de moléstia grave)

Momento da Celebração: controvérsia. Art. 1514 e 1535 CC. Ato complexo, manifestação da
vontade e a autoridade do celebrante se declara casados. – entendimento majoritário.

Obs.: O silêncio, nesse caso, não pode ser interpretado como manifestação de vontade. Não se
admite também que o consentimento seja subordinado a condição ou termo. O estrangeiro
pode valer-se de intérprete, caso não entenda bem o vernáculo.

Obs.: Fidelidade recíproca está na esfera de disponibilidade do casal, eles entram em acordo
caso queiram. Diferente da assistência mútua.
A presença das testemunhas é imprescindível. O art. 1534, caput, CC exige a presença de pelo
menos duas, afirmando que podem ser parentes ou não dos contraentes. Se algum deles não
souber ou não puder escrever, colher-se-ão as impressões digitais, e o número de
testemunhas será aumentado para quatro, qualquer seja o local em que se realize o ato.
Também será aumentado para quatro se o casamento se realizar em edifício particular (art.
1.534 §§1 e 2), não havendo também aqui nenhuma restrição relativa ao parentesco, mesmo
próximo, dos contraentes.

Dispõe o art. 1538 CC, “a celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos
contraentes: I- recusar a solene afirmação da sua vontade; II- declarar que esta não é livre e
espontânea; III- manifestar-se arrependido. Parágrafo único: o nubente que, por algum dos
fatos mencionados neste artigo, der causa à suspensão do ato, não será admitido a retrata-se
no mesmo dia”.

Se, apesar da recusa, a cerimonia prosseguir e o ato for concluído e registrado, o casamento
será inexistente por falta de elemento essencial: o consentimento.

o assento no livro de registro, destina-se a dar publicidade ao ato e, precipiuamente, a servir


de prova de sua realização e do regime de bens. A sua lavratura constitui formalidade ad
probationem tantum, e não ad solemnitatem, pois ocorre depois que o casamento já está
concluído e aperfeiçoado. A sua falta apenas dificultará a prova do ato, mas não o tornará
inválido.

O registro “não contende com a existência, nem em rigor, com a nulidade ou mesmo com a
eficácia do ato, mas só com a sua prova”. Prova-se o casamento celebrado no Brasil, com
efeito, pela certidão do registro, como dispõe o art. 1543 CC. Nada obsta, porém, que
inexistindo tal assento, seja o casamento provado por outros meios, inclusive a posse do
estado de casado, provada por testemunhas que assistiram a celebração do ato ou que sempre
consideraram os cônjuges como ente si casados, como se verá no capitulo seguinte.

Espécie de Casamento:

1- Civil: feito perante o ocial do cartório de registro ciivl


2- Religioso com efeito civis: celebraod por autoridade eclesiástica (Art. 226 §2º CRFB)

Depende de habilitação (prévia ou posterior) e registro (efeitos retorativos) e art. 1515 e 1516
CC)

3- Por procuração: art. 1524 CC): O casamento pode ser celebrado “mediante
procuração, por instrumento público”, que outorgue “poderes especiais” ao
mandatário para receber, em nome do outorgante, o outro contraente, que deve ser
nomeado e qualificado. Reconhece a doutrina certo poder de decisão ao procurador
ad nuptias, que lhe permite recusar a celebração do casamento sempre que possa
supor que o mandante, se tivesse conhecimento da realidade, com certeza não se
casaria, como na hipótese de tomar ciência de relevante circunstancia, como uma
causa de invalidade do casamento ou doença física ou psíquica do nubente, por
exemplo. O mandato pode ser revogado só por instrumento publico e terá eficácia
pelo prazo de noventa dias. A revogação do mandato não necessita chegar ao
conhecimento do mandatário; mas, celebrado o casamento sem que o mandatário ou
o outro contraente tivessem ciência da revogação, responderá o mandante por perdas
e danos. Desse modo, valem os atos praticados enquanto o mandatário não sabe da
revogação. Quanto aos terceiros de boa-fé, ainda que notificada a revogação, não
produzirá efeitos (não se aplica a procuração ad nuptias). O casamento será anulável,
desde que não sobrevenha coabitação entre os cônjuges, como prescreve o art. 1.550,
V do Código Civil.
4- Nuncupativo ou in extremmis: iminente risco de morrer (Art. 1540 a 1541 CC).
Dispensa previa habilitação, autoridade celebrante + 6 testemunhas. Ratificação
posterior com efeitos retroativos.

Na habilitação que se escolhe o pacto nupcial, então como não houve tempo hábil para isso
aplica-se o regime de comunhão parcial de bens.

5- Putativo: art. 1561 CC. Apesar de nulo ou anulável, é possível produzir efeitos para
quem estiver de boa fé.
6- Consular: art. 1544 CC. Somente consul de carreira (art 13 Dec. 24.113/34). Uma das
partes voltando ao brasil registre em seu domilicio, 180 dias contados da volta de 1 ou
de ambos.

A Natureza do ato do casamento exclui que se possa contrai-lo por decisão de outrem, ou com
a sua assistência. Quando “os pais, os tutores, ou curadores, consentem no casamento, não
representam, nem assistem, pois a capacidade matrimonial é completa, e o consentimento,
que se faz mister, é simples formalidade, que se cerca de cautela o ato matrimonial, assim
como precisa o marido, para alienação de certos bens, do consentimento da mulher, ou vice-
versa”.

Merece detida reflexão a extinção da representação pela revogação da procuração, por morte
ou incapacidade superveniente do representado.

 CAPACIDADE MATRIMONIAL

O código civil de 2002 inovou ao tratar, em capítulo próprio (arts. 1517 a 1520), da capacidade
para o casamento, que deve ser demonstrada no processo de habitação, fixando em 16 anos a
idade mínima, denominada a idade núbil, tanto para homem como para a mulher.

Autorização dos pais (exercício do poder familiar – art. 1634, III,CC)

- Enunciado 512 CJF: O ART. 1517 cc, que exige autorização dos pais ou responsáveis para
casamento, enquanto não atingida a maioridade civil. Não se aplica ao emancipado.

O código civil de 2002 equiparou a capacidade matrimonial do homem e da mulher aos 16


anos de idade em razão da igualdade de direito e deveres entre os cônjuges, prevista no §5º
do art. 226 da Constituição Federal. Com a celebração do casamento cessa a incapacidade dos
nubentes (Art. 5º parágrafo único, II) Desfeito o vinculo matrimonial pela viuvez ou divórcio,
mantém-se a capacidade civil. O casamento nulo, entretanto, não produz nenhum efeito (CC,
art. 1563). Proclamada a nulidade, ou mesmo a anulabilidade, o emancipado retorna à
situação incapaz, salvo se o contraiu de boa fé.
O aludido diploma só exige que o homem e a mulher tenham “dezesseis anos” de idade e
exibam “autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não
atingida a maioridade civil”, permitindo suprimento judicial quando a denegação for injusta
(art. 1519 cc). O efeito do suprimento judicial é o regime de separação obrigatória de bens art.
1641, III CC)

Reputam-se justos e fundados, segundo os autores, os seguintes motivos: a) existência de


impedimento legal; b) grave risco à saúde do menor; c) costumes desregrados, como
embriaguez habitual e paixão imoderada pelo jogo; d) falta de recursos para sustentar a
família; e) total recusa ou incapacidade para o trabalho; f) maus antecedentes criminais, tais
como condenação em crime grave (p. ex., estupro, roubo, estelionato etc.)73.

Se o pedido de suprimento do consentimento for deferido, será expedido alvará, a ser juntado
no processo de habilitação. O procedimento para o suprimento judicial do consentimento dos
representantes legais é o previsto para a jurisdição voluntária. Para viabilizar o pedido, admite-
se que o menor púbere outorgue procuração a advogado, sem assistência de seu
representante legal, em razão da evidente colidência de interesses e por se tratar de
procedimento de jurisdição voluntária. Comumente, no entanto, o próprio representante do
Ministério Público – a quem não se pode negar a legitimidade de parte, como defensor dos
interesses dos incapazes – encarrega-se de requerer ao juiz a nomeação de advogado dativo
para o menor.

No entanto, a idade núbil não é o único pressuposto da capacidade matrimonial. É


impedimento ao casamento de uma pessoa com qualquer outra, também a loucura, a
existência de outro casamento e, para a mulher, em certos casos, o prazo de viuvez, ou seja, a
proximidade da dissolução de um casamento anterior.

A eventual deficiência ou intelectual, por si, não afastam a capacidade civil das pessoas, salvo
se, em decorrência delas não puderem exprimir sua vontade.

A existência de casamento anterior impede a união conjugal com qualquer outra pessoa, como
dispõe o art. 1521, VI CC. Procura-se, assim, combater a bigamia. O impedimento só
desaparece após a dissolução do anterior vínculo matrimonial pela morte, nulidade ou
anulação, divorcio e pela caracterização da presunção quanto ao ausente (Art. 1571 §1)

O decurso do prazo de dez meses de viuvez para o novo casamento é requisito imposto
somente à mulher, estabelecida no novo Código Civil como “causa suspesivs” (Art. 1523, II). O
objetivo é evitar duvida sobre a paternidade.

Casamento infantil: 1520. Art 1550, II – divergência.

Menores de 16 anos pode casar? Antigamente era possível o suprimento judicial em hipóteses
de gravidez. Hoje é proibido.

É nulo ou anulável esse casamento infantil?

1ª corrente: diz que a lei 13.811/19 revogou tacitamente a hipótese de anulabilidade. Nulidade
virtual, proíbe a conduta e não dá uma sanção. Fazer remissão – predominante.

2ª Não houve revogação expressa, anulável apenas para maiores de 14 anos (Lei 13.818/2018.
 Causas de impedimento
Os impedimentos são circunstâncias ou situações de fato ou de direito, expressamente
especificadas na lei, que vedam a realização do casamento. Evitam uniões que possam, de
algum modo, ameaçar a ordem pública, resultantes de circunstancias ou fatos impossíveis de
serem supridos ou sanados.

Os impedimentos visam preservar a eugenia (pureza da raça) e a moral familiar, obstando a


realização de casamento entre parentes consanguíneos, por afinidade a adoção, a monogamia,
não permitindo o casamento de pessoas já casadas, e evitar uniões que tenham raízes no
crime.

Art. 1.521. Não podem casar: - rol taxativo

I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;

Combinar com o art. 41 ECA

Sem limitação de grau. As relações sexuais entre os parentes por consanguinidade


caracterizam o incesto, que sempre foi combatido, mesmo entre os povos de pouca
cultura. Somente no estágio primitivo dos grupos sociais eram comuns uniões
envolvendo pais, filhos, irmãos etc. Preocupação de natureza eugênica.

Não importa, para a caracterização do impedimento, se se trata de descendente


havido do matrimonio ou não. Não podem se casar, efetivamente, o ascendente com
descendente, seja a relação oriunda de casamento, de união estável, de concubinato
ou de encontros esporádicos.

O impedimento resultante do parentesco civil, existente entre adotante e adotado, é


justificado pelo fato e a adoção imitar a família. Inspira-se, pois, em razões de
moralidade familiar. O adotante apresenta-se em face do adotado, aos olhos da
sociedade, no lugar do pai. Seria, por isso, “repugnante ao sentimento moral da
coletividade admitir um casamento entre as pessoas do adotante e do adotado. Daí a
proibição da parte final.

II - os afins em linha reta;

Dissolvido o casamento ou união estável que deu origem ao aludido parentesco, o


viúvo não pode casar-se com a enteada, nem com a sogra, porque a afinidade em linha
reta não se extingue com a dissolução do casamento que a originou.

Combinar com o art. 1595, §2º cc

A afinidade na linha colateral não constitui empecilho ao casamento. Assim, o cônjuge


viúvo ou divorciado pode casar-se com a cunhada. Tendo em vista que o art. 1595 CC
inclui o companheiro no rol dos parentes por afinidade, não pode ele, dissolvida a
união estável, casar-se com a filha de sua ex-companheira.

Obs: pode casar-se com ex-cunhado, linha colateral.

Obs: os afins de um cônjuge não são afins do outro “o marido da irmã e a mulher do
irmão nada são entre si”.

Obs: não existe afinidade futura.


Não se configura o impedimento para o casamento dos afins se a união que deu
origem a afinidade é declarada nula ou venha anular-se. Ainda que se considere ter
havido mera união de fato, não tem esta condão de gerar afinidade, pois dispõe o §1º
do art. 1723 CC.

III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do
adotante; - A proibição é de ordem moral, considerando o respeito e a confiança que
devem reinar no seio da família. A adoção, como foi dito, imita a família. Desse modo,
o pai adotivo ou a mãe adotiva não pode casar-se com a viúva do filho adotivo ou com
o viúvo da filha adotiva.

IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau


inclusive;

Casamento avuncular: Dec – lei 3200/41. Tios x sobrinhos, demonstrar que não há
incompatibilidade genética na prole, você pode sim ter casamento. Casamento homoafetivo?
Interpretação funcional, não haveria necessidade.

Enunciado. 98 CJF: o inc iv do art. 1521 ncc, deve ser interpretado a luz do decreto lei 3200/41,
no que se refere a possibilidade de casamento entre colaterais de 3º grau.

Primo não são atingidos pela restrição e podem casar-se sem nenhum problema, porque são
colaterais de quarto grau.

V - o adotado com o filho do adotante; - encontram-se na posição de irmãos. A adoção


no CC é concedida por sentença constitutiva (art. 1623, p ú), sendo, portanto,
irretratável. O impedimento, em consequência, é perpetuo.

VI - as pessoas casadas; -prestigio a monogamia. O impedimento só desaparece após a


dissolução do anterior vínculo matrimonial pela morte, invalidade, divórcio ou morte
presumida dos ausentes.

VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio


contra o seu consorte. – Não se aplica a crime culposo

Conforme previsto no art. 1522, os impedimentos podem ser opostos, até o momento da
celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver
conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo.

Efeitos: suspendem a celebração (dever do juiz) e nulidade (art. 1548, CC)

Mesmo nulo o casamento, necessita, para se casar novamente, obter a declaração judicial da
nulidade. Nesta ação, segundo ensinamento de Iolanda Moreira Leite, hpa que provar a
ocorrência de dois pressupostos: a)realização válida do primeiro casamento; b)vigência desse
casamento a época do segundo. Provados esses dois pressupostos na esfera civil, o segundo
casamento recebera a sanção de nulidade, cessando todos os seus efeitos. A sanção de
nulidade recairá sobre o segundo casamento, ainda que um ou ambos os contraentes
estivessem de boa-fé.

Enquanto não se pronuncia a nulidade do primeiro casamento, o posterior é tido como nulo.

A sentença de nulidade tem efeitos retroativos, assim como o anulável.


A oposição de impedimento é a comunicação escrita feita por pessoa legítima, antes da
celebração do casamento, ao oficial do registro civil perante quem processa a habilitação, ou
ao juiz que preside a solenidade, sobre a existência de um dos empecilhos mencionados na lei.
Cabe também ao MP.– art.1522 CC

O código civil de 2002 não prevê pena de multa para o oficial do registro e o juiz, por não
declararem de ofício os impedimento que conhecerem, como o fazia do Código de 1916 nos
arts, 227 III e 228 III. Mas o não cumprimento desse dever pode acarretar-lhes não só sanções
de natureza administrativa, como também de natureza indenizatória, uma vez que um
casamento anulado por conta de impedimento conhecido e não declarado de oficio pode dar
ensejo a grave dano de natureza moral.

A oposição de impedimento, ou a sua declaração de oficio, susta a realização do casamento


até final decisão. Se, malgrado o impedimento, o casamento se realizar, poderá a sua nulidade,
a qualquer tempo, por iniciativa de qualquer interessado ou do Ministério Público (CC, art.
1549). Não pode ser por anônimo.

Até o momento da realização da solenidade há, portanto, a possibilidade de se apontar o


impedimento, diferentemente do que sucede no tocante as causas suspensivas, cuja oposição
se submete ao prazo de publicação dos editais de habilitação, como se verá adiante.

Por outro lado, aos nubentes é assegurado o direito de “requerer prazo razoável para fazer
prova contrária aos fatos alegados, e promover as ações civis e criminais contra o oponente de
má-fé”.

O procedimento para a oposição dos impedimentos é sumário e complementado pelo art. 67


§5º da Lei dos Registros Publicos (Lei n 6015/73). Os autos serão remetidos ao juízo
competente, com as provas já apresentadas ou com a indicação do lugar onde possa ser
obtidas. O juiz designará audiência, se houver necessidade de ouvir testemunhas indicadas
pelo impugnante e pelos nubentes, e, após a oitiva dos interessados e do Ministério Público,
decidirá no prazo de cinco dias, cabendo a interposição de recurso de apelação por parte dos
interessados como do representante do Ministério Publico oficiante.

Se os cônjuges residirem em localidades diferentes, os editais serão publicados em cada


circunscrição. Neste caso, o processamento se dará no cartório onde foi apresentada, mas o
oficial deste comunicará ao do cartório onde se promove a habilitação. Enquanto não
resolvido o incidente, fica sobrestado o casamento.

 Causas suspensivas: art. 1523 CC


O art. 1524 CC enumera as pessoas que podem arguir as causas suspensivas, estabelecendo
que podem arguir as causas suspensivas, estabelecendo que podem ser opostas pelos
“parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins, e pelos colaterais
em segundo grau, sejam também consanguíneos ou afins”. Nem mesmo o Ministério Público
está autorizado a tomar essa providência.

A diferença de tratamento no fato de que os impedimentos são previstos em normas de


ordem pública, cuja observância atende aos interesses da própria sociedade, ao passo que as
causas suspensivas interessam apenas à família e eventualmente a terceiros. Podem, por isso,
deixar de ser aplicadas pelo juiz, provando-se a inexistência do prejuízo para as pessoas que lei
visa proteger (CC, art. 1523 e p.ú).
Entende Pontes de Miranda que se admitir, também, a oposição do que fora casado com a
mulher que quer novamente se casar antes dos trezentos dias, em caso de nulidade ou
anulação de casamento, porque tal causa suspensiva (1523, II cc) tem por fim evitar a turbatio
sanguinis. Com efeito, um dos maiores interessados em afastar o problema que pode decorrer
do casamento realizado antes dos dez meses posteriores à anulação do casamento anterior é o
ex-conjuge, do matrimônio anulado.

Causas suspensivas são determinadas circunstâncias ou situações capazes de suspender a


realização do casamento, ser arguidas tempestivamente pelas pessoas legitimadas a fazê-lo,
mas que não provocam, quando infringidas, a sua nulidade ou anulabilidade. O casamento é
apenas considerado irregular, tornando, porém obrigatório o regime da separação de bens
(art.1641, I), como sanção imposta ao infrator.

As aludidas causas visam proteger interesses de terceiros, em geral da prole (herdeiro) do leito
anterior (evitando a confusão de patrimônio e de sangue), do ex-cônjuge e da pessoa
influencia pelo abuso de confiança ou de autoridade exercido pelo outro (tutela e curatela).
Podem, por isso, deixar de ser aplicada pelo juiz, provocando-se a inexistência de prejuízo para
essas pessoas.

A oposição das causas suspensivas, como se verá no capítulo seguinte, dever ser feita no prazo
de quinze dias da publicação dos editais, para produzir o efeito de sustar a realização do
casamento. Se efetivada após esse prazo, não terá o condão de obstá-lo, embora sujeite os
cônjuges ao regime da separação dos bens e os imóveis destes a hipoteca legal, na hipótese do
inciso I do art. 1523, supramencionado. Ainda que arguidas tempestivamente, há, não
obstante, possibilidade de se afastar tais causas, com todos os seus respectivos efeitos, na
hipóteses do p.único do art. 1523, que se reporta à inexistência de prejuízo às pessoas que a
lei visa proteger.

Art. 1.523. Não devem casar:

I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do
casal e der partilha aos herdeiros;

- a jurisprudência tem, efetiva e sabiamente, nos casos de infração à restrição legal, afastado a
invalidade do regime de comunhão de bens, se o cônjuge falecido não tiver deixado algum filho,
assim como, ainda que tenha deixado algum, se o casal não tiver bens a partilhar. Por essa razão,
admitem os juízes, embora não prevista no Código de Processo Civil, a realização do inventário
negativo, instuido como certidão negativa de bens, cuja única finalidade é comprovar a inexistência
da causa suspensiva em questão. Mesmo existindo filhos e bens, também tem sido afastada a
nulidade quando não há risco de confusão de patrimônio em razão do novo casamento, como
consta do precedente retrotrasncrito.

II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses
depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;

III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal;

IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com


a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem
saldadas as respectivas contas.
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas
suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo,
respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no
caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na
fluência do prazo.

Prova do casamento
- certidão de casamento.

- posse do estado de casado (teoria da aparência) art. 1545 CC (hoje em dia não é mais
aplicado)

- presunção pro casamento (art. 1547 CC)

 Análise tridimensional do casamento.


-Plano da existência
Para que o casamento tenha existência jurídica, é necessária a presença dos elementos
denominados essências: diferença de sexo, consentimento e celebração na forma da lei. Para
que seja válido e regular, deve preencher outras condições.

Elementos:

1- Diferença de sexo
2- Consentimento: agentes capazes para manifestar vontade. Ex: Art 4º, III CC,
casamento inexistência.
3- Celebração na forma da lei

Obs: Diversidade de sexos. ADI 4277 e a ADPF 132. STJ. REsp. 1183378/RS

É possível a conversão da união estável em casamento, tanto pela via adm quanto a judicial.
Tanto homo e heteroafetivo.

Res. CNJ 175 (ADI 4966) – possível habilitação de casamento sem a diversidade do sexo.

“Assim sendo, as famílias formadas por pessoas homoafetivas não são menos dignas de
proteção do Estado se comparadas com aquelas apoiadas na tradição e formadas por casais
heteroafetivos. O que se deve levar em consideração é como aquele arranjo familiar deve ser
levado em conta e, evidentemente, o vínculo que mais segurança jurídica confere às famílias é
o casamento civil. Assim, se é o casamento civil a forma pela qual o Estado melhor protege a
família e se são múltiplos os arranjos familiares reconhecidos pela CF/1988, não será negada
essa via a nenhuma família que por ela optar, independentemente de orientação sexual dos
nubentes, uma vez que as famílias constituídas por pares homoafetivos possuem os mesmos
núcleos axiológicos daquelas constituídas por casais heteroafetivos, quais sejam, a dignidade
das pessoas e o afeto. Por consequência, o mesmo raciocínio utilizado tanto pelo STJ quanto
pelo STF para conceder aos pares homoafetivos os direitos decorrentes da união estável
devem ser utilizado para lhes proporcionar a via do casamento civil, ademais porque a CF
determina a facilitação da conversão da união estável em casamento (art. 226, § 3º)”

Casamento inexistente (ausência de efeitos): faculdade de cancelar eventual registro, não


produz efeito algum.
Plano da validade
1- Casamento de pessoa com deficiência, é anulável e não nulo.

- Art. 6º EPD, mesmo que deficiência psíquica tem plena capacidade para celebrar casamento.
Há deficiências que não, ex: autismo grau 4.

-Art. 85, caput e §º EPD Curatelado? Pode, curatela se restringe apenas a atos patrimoniais,
não precisa do curatelado para manifestar vontade. Pode ser feito com auxilio deste, mas não
é obrigatório. Casamento ato de existência, pacto antinupcial precisa da presença do curador.

- Revogação do Art. 1548, I

- Art. 1555 §2º (alteração do art. 1518 curador

Resp CNJ 230, especial art. 4º)

Art. 1526, p.u c/c art 67§1º da lei de registros públicos.

2- Casamento nulo:

Em dois casos o Código Civil considerava nulo o casamento: I) quando contraído por “enfermo
mental sem o necessário discernimento para atos da vida civil – revogado pelo Estatuto da
Pessoa com Deficiência; II) por infringência de impedimento (art 1521) - art. 1.548 CC;

A declaração de nulidade proclama, retroatividade, jamais ter existido casamento válido. Por
isso diz-se que, em princípio, a nulidade produz efeitos ex tunc. Desde a celebração o
casamento não produzirá efeitos, salvo para terceiros de boa fé.

Assim, os bens que se haviam comunicado pelo casamento retornam ao antigo dono e não se
cumpre o pacto antenupcial. O casamento nulo, entretanto, aproveita aos filhos, ainda que
ambos os cônjuges estejam de má-fé, segundo dispõe o §2º do art. 1561 CC, a paternidade é
certo.

Se conhecida a boa-fé de um ou de ambos os cônjuges, ele será putativo e produzirá efeitos de


casamento válido ao cônjuge de boa-fé até a data da sentença. A mulher, no entanto, não
deve casar-se novamente, até dez meses após a sentença, salvo se der à luz algum filho ou
provar inexistência de gravidez, na fluência do prazo (CC art. 1523, p ú, segunda parte).

Insuscetível de confirmação (art. 169 CC), não tem prazo, ação própria art. 1549 CC (deve),
sentença declaratória art. 1563 CC. É hipótese do art. 1548, II CC. MP ou legitimado. Qualquer
pessoa maior pode opor os impedimentos cuja violação acarrete a nulidade do casamento,
mas a ação declaratória de nulidade é permitida somente a quem tenha legítimo interesse,
econômico ou moral, e ao Ministério Público, cujo interesse é de cunho social.

Podem alegar interesse moral os próprios cônjuges, ascendentes, descendentes, irmãos,


cunhados e o primeiro cônjuge do bígamo. Têm interesse econômico os herdeiros sucessíveis,
os credores dos cônjuges e os adquirentes de seus bens, bem como a companheira.

Obs.: a ação declaratória de nulidade e a ação anulatória começar com o pedido de prévia
separação de corpos. O código civil de 2002 admite expressamente a separação de corpos,
comprovada a sua necessidade, como medida preparatória de ação de nulidade do casamento,
de anulação, de separação judicial, de divórcio direto e de dissolução de união estável,
devendo ser “concedida pelo juiz com a possível brevidade”. A separação de corpos se mostra
às vezes necessária, para proteger a integridade física e psicológica do casal, bem como para
comprovar o dies a quo da separação de fato.

Como a ação de nulidade segue o rito ordinário, admite-se reconvenção, com o pedido de
divórcio, por exemplo, ou imputação de culpa ao autor, para responsabilizá-lo pela nulidade e
pelos ônus da sucumbência.

Proposta a aludida ação, incumbe a quem a alega o ônus da prova. Como a aludida versa sobre
direitos indisponíveis, regidos por princípios de ordem pública, a confissão do réu é, por si só,
insuficiente para o decreto de procedência. O seu valor é considerado relativo, devendo a
admissibilidade do pedido ser sopesada em conjunto com outros elementos de convicção.

3-Casamento anulável:

O código Civil de 2002 considera anulável o casamento nas hipóteses elencadas nos art. 1550,
1556 e 1558.

O casamento anulável produz todos os efeitos enquanto não anulado por decisão judicial
transitada em julgado. Até então tem validade resolúvel, que se tornará definitiva se decorrer
o prazo decadencial sem que tenha sido ajuizada anulatória. Porém, a sentença que anula o
casamento tem efeitos retro-operantes, fazendo com que os cônjuges retornem à condição
anterior, como se jamais o tivessem contraído. Produz efeitos iguais a decretação da nulidade,
desfazendo a sociedade conjugal como se nunca houvesse existido, salvo caso de putatividade.
Tal como no nulo, não houve o efeito de antecipação da maioridade.

admite convalidação pelo decurso do tempo e confirmação do ato, prazos específicos


decadencial. Ação Própria. Legitimado específico, MP não pode. Efeitos retroage a data da
celebração. CULPA ART. 1564. Sentença desconstitutiva.

Obs.: O dolo, em si, isto é, quando não leve a erro essencial, embora vício do consentimento,
não conduz à anulabilidade do matrimônio, diversamente do que acontece com os negócios
jurídicos em geral

Art. 1.550. É anulável o casamento:

I - de quem não completou a idade mínima para casar;

A ação anulatória pode ser proposta pelo próprio cônjuge menor, mesmo sem assistência ou
representação, por seus representantes legais, e por seus ascendentes (CC, art. 1552), no
prazo de 180 dias 1560§1º.

Obs.: mesmo se o representante legal do menor consentiu no casamento, ele pode propor a
ação de anulação por defeito de idade, porque podia ter ignorado a verdadeira de idade do
menor representado e também porque a falta de idade nada tem que ver com a apreciação da
conveniência do casamento.

A lei n. 11.106/2005, revogou, além de outros dispositivos, o inciso VII do art. 107 do CP. Com
isso, o casamento deixou de evitar a imposição ou o cumprimento de pena criminal, nos
crimes contra os crimes contra os costumes de ação penal pública.

Entretanto, prossegue o mencionado autor, “em se tratando de crimes contra os costumes de


ação penal privada, persiste a possibilidade de extinção da punibilidade pela renúncia do
direito de queixa, ou pelo perdão do ofendido aceito (art. 107, V do CP). Como o casamento da
vítima com o agente pode ser visto como renúncia tácita, ou perdão tácito (conforme exercido
antes ou depois da propositura da ação penal, respectivamente), mesmo que a aplicabilidade
desta parte inicial do art. 1520 do CC/ 2002 tenha se reduzido, ainda persiste”.

1ª corrente: a lei 13.811/3,29 revogou tacitamente a hipótese de anulabilidade. Nulidade


virtual, proíbe a conduta e não dá uma sanção. Fazer remissao – predominante.

2ª Não houve revogação expressa, anulável apenas para maiores de 14 anos (Lei 13.818/2018.

Não se anulará, por motivo de idade, o casamento de que resultou gravidez.

II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;

maior de 16 e menor de 18, sem autorização dos pais ou suprimento judicial. Não há
divergência.

180 dias contados da celebração do casamento.

No caso de falta de autorização dos pais ou representantes legais, a ação anulatória só pode
ser proposta, por iniciativa do próprio incapaz, ao deixar de sê-lo, das pessoas que tinham o
direito de consentir, ou seja, de seus representantes legais, desde que não tenha assistido ao
ato ou, por qualquer modo, manifestado sua aprovação (CC, art. 1555 §2º), ou de seus
herdeiros necessários. Se a pessoa que tinha o direito de consentir tiver assistido ao
casamento, não poderá, pois requerer a anulação, porquanto a sua presença tem o valor de
um consentimento tácito.

Legitimidade: art. 1555 caput e §1 - será contado do dia em que cessou a incapacidade, no
primeiro caso, a partir do casamento, no segundo, e, no terceiro, da morte do incapaz (art.
1555 §1º).

Convalidação: art. 1555 §2º

Fato impeditivo: art. 1551 – após celebração houver gravidez, o juiz fica impedido.

Convalida após os 18 anos.

III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;

IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;

V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do
mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;

VI - por incompetência da autoridade celebrante.

§ 1 o . Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada. (Redação dada


pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

§ 2 o A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá contrair


matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou
curador. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

- 1550, II CC
- Art. 1550, III cc – vícios de vontade: erro e coação.

Erro. Art 1556 e 1557 CC, erro essencial sobre a pessoa do outro. Não cabe erro acidental. O
erro, como geral, consiste em uma falsa representação da realidade. Em matéria de casamento
nada mais é do que uma especificação da teoria geral do erro substancial quanto à pessoa.

I- Identidade: casamento por procuração ou gêmeos, transenxual. Honra e boa


fama:
II- subjetivo.
III- Crime: a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne
insuportável a vida conjugal. dispensa sentença penal condenatória transitada em
julgada (antes era inafiançável), se for investição incide no I
IV- Ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não
caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por
herança capaz de por em risco a saúde de outro cônjuge ou de sua descendência.
Sífilis, AIDS, tuberculose etc

Prazo: 3 anos.

Legitimidade: ação personalíssima, apenas o cônjuge enganado. Mas a cobabitação, havendo


ciência do vício, valida o ato, ressalvada a hipótese do inciso III do art. 1557, que se refere à
ignorância de defeito físico irremediável e molétia grave (CC, 1559) anteriores ao casamento.

*transexual: a condição de mudar nome não pode esta registrado. Transexual tem o direito de
sua privacidade, mas deve ser leal ao companheiro. Prof não deu uma resposta. Mas enseja
erro.

Admite convalidação apenas no I e II, a coabitação após a descoberta convalida.

Coação: 4 anos da data da celebração do casamento, legitimidade personalíssima. Convalida.

- 1550, IV CC Incapacidade de consentir, diferente de idade.

Ex: bêbado.

Ex: Prodigo: pode casar-se, mas tem a proteção patrimonial.

Prazo: 180 dias.

Legitimidade: qualquer interessado.

- art. 1550, V, CC – mandatário

Revogação de procuração.

Admite convalidação

Legitimidade: mandante ou cônjuge enganado (ciência da revogação)

- art. 1550, VI, cc – anulabilidade por incompetência territorial.

Prazo: art. 1560, II CC

Juiz de direito estadual – vara de registros publicos

Legitimidade.
Art. 1554 territorial. Valido, mesmo que não seja delegatário, mas exerce publicamente como
juiz de casamento.

- Casamento putativo. Art. 1561.

Ambas ou uma parte esteja de boa fe, desconheça a causa de anulabilidade.

Obs: efeitos em relação a pessoa dos filhos, independentemente da putatividade.

Produz efeito do casamento até a sentença

Divórcio
Evolução histórica.

4 fases:

a) Indissolubilidade absoluta do vínculo conjugal (ausência de divórcio)

O sistema canônico mantinha e matem a diretriz da indissolubilidade do matrimonio,


consagrando a figura da separação com permanência do vínculo, qual seja, o tão mencionando
“desquite”.

E, nesse diapsão, percebe-se a forte influência dos cânones romanos no sistema normatizado
brasileiro.

Nessa fase, há apenas o desquite, instituto de influência religiosa, que gerava apenas a
dissolução da sociedade conjugal, com a manutenção do vínculo conjugal, e a impossibilidade
jurídica de contrair formalmente novas núpcias, o que somente gerava “famílias clandestinas”,
destinatárias do preconceito e da rejeição social.

CC/16 – art. 315 – vinculo do casamento era indissolúvel, só era possível com a morte ou
nulidade. Dissolução da sociedade conjugal (morte, nulidade ou anulabilidade e desquite-
separação de corpos, partilha, não pode se casar de novo).

Começou a mudar a partir do advento da Lei 6515/77 (lei do divórcio) amparada pela EC
09/77, “casamento somente poderá ser dissolvido, nos casos expressos em lei, desde que haja
prévia separação judicial por mais de três anos”.

b) Possibilidade jurídica do divórcio, com imprescindibilidade da separação judicial como


requisito prévio.

Começa com a efetiva regulamentação do divorcio no Brasil, o que ocorreu com a


promulgação da famosa lei do divórcio 6.515/77. Cuidou de matérias pertinentes ao Direito de
Familia, como a separação judicial, a guarda de filhos, a isonomia na filiação e o uso do nome.

Tal diploma determinou expressamente que, no Código Civil, todas as disposições relativas ao
antigo “desquite” fossem substituídas pelo regramento da separação judicial.
Pela concepção originaria da lei do divórcio, a separação judicial, forma de extinção da
sociedade conjugal sem dissolução do vinculo matrimonial, passou a se constituir em um
requisito para o exercício do chamado divorcio indireto (divorcio por conversão).

Em síntese, a lei estabeleceu que a separação judicial passava ser requisito necessário e prévio
para o pedido de divórcio, que tinha de aguardar a consumação de um prazo de 3 anos, em
consonância com o art §1º do art. 175 CF vigente da época.

A ideia de exigência do decurso de um lapso temporal entre a separação judicial- extinguindo o


consórcio entre os cônjuges – e o efetivo divórcio – extinguindo, definitivamente, o casamento
– tinha a suposta finalidade de permitir e instar os separados a uma reconciliação, antes que
dessem o passo definitivo do fim do vinculo matrimonial.

c) Ampliação da possibilidade do divórcio, seja pela conversão da separação judicial, seja


pelo seu exercício direto.

Tem marco no texto original do art. 266 da Constituição Federal de 1988.

A partir de 1988, consolidou-se o divórcio direto, aperfeiçoando a tíbia da lei n. 6515/77 sem
extinguir porém o divórcio indireto (decorrente da conversão da separação judicial).

Divorcio direto passou a ser aceito expressamente no texto constitucional, com eficácia
imediata, tendo por único requisito o decurso do lapso temporal de mais de dois anos de
separação de fato.

d) Divórcio, como exercício de um direito potestativo

A EC 66/2010, a separação deixou de ser contemplada na constituição, inclusive na


modalidade de requisito voluntário para conversão ao divórcio.

Desapareceu, igualmente, o requisito temporal para o divorcio, que passou a ser


exclusivamente direto, tanto por mutuo consentimento dos cônjuges, quanto litigioso.

Trata-se de uma completa mudança de paradigma sobre o tema, em que o Estado busca se
afastar da intimidade do casal, reconhecendo a sua autonomia para extinguir, pela sua
vontade, o vinculo conjugal, sem necessidade de requisitos temporais ou de motivação
vinculante.

É o reconhecimento do divorcio como o exercício de um direito potestativo, cujo exercício


somente compete aos cônjuges, não afetando, porem a sua relação com os filhos.

-Extinguiu com as diferenças entre o divorcio direto ou por conversão

Dispensou também a discussão em relação a culpa (requisito subjetivo), não há mais


necessidade de declarar o porque de estar se divorciando. Atualmente, fala-se em “culpa”
somente em doutrina, há possibilidade de trazer essa discussão em questão de fixação de
alimentos: pelo CC, o cônjuge considerado culpado pelo fim do relacionamento, pode pedir
alimentos mas somente será o necessário a manutenção da sua subsistência, e não o
suficiente para manutenção do padrão de vida.

Obs.: Culpa nos alimentos e na usucapião familiar (Enunciado 595 da CJF). Art. 1240-A CC.

Abandono de lar para a perda da meação do bem – hipóteses de culpa. Você precisaria
provar? Não, dissociar da culpa. Abandono voluntario + ausência da tutela familiar.
Dessa forma, aplica-se o Enunciado 595 CJF: o abandono do lar significa deixar sua família
desprotegida financeiramente. é uma ausência de tutela/proteção da assistência material, não
tem nada a ver com o fim do relacionamento então.

Íntegra: “o requisito “abandono do lar” deve ser interpretado na ótica do instituto da


usucapião familiar como abandono voluntário da posse do imóvel somado à ausência da tutela
da família, não importando em averiguação da culpa pelo fim do casamento ou união estável”.

O divórcio pode ser judicial ou extrajudicial. Para o extrajudicial não podem haver filhos
menores de idade (poi para menores de 18 anos ensejaria a participação do Ministério Público
e via judicial para fixação da guarda, alimentos e regime de convivência) e não pode haver lide.
Contudo, comprava a resolução prévia de todas as questões de guarda, alimentos e regime de
convivência já tiver sido determinada judicialmente, o divórcio pode ser extrajudicial (571, VI
da jornada de direito civil do CJF).

Obs: Enunciado 571 (VI Jornada). Se comprovada a resolução previa e judicial de todas as
questões referente dos filhos menores ou incapazes, o rebelião de notas poderá lavras
escritura publica de dissolução conjugal.

O divórcio judicial não enseja necessariamente a partilha dos bens, o artigo 1581 estabelece
que o divorcio pode ser concedido mesmo que não haja a partilha de bens. Havendo acordo
sobe a vontade de dissolução do vínculo judicial, a partilha pode ser deixada para depois.

Divórcio extrajudicial. Art 733 CC

Por escritura publica, requisitos: acordo, não haver filhos/nascituro (precisa de intervenção do
MP e poder judiciário). Advogado (pode ser o mesmo advogad)

Formas de extinção do vínculo conjugal


A) Divórcio: trata-se, no vigente ordenamento jurídico brasileiro, de uma forma
voluntária de extinção da relação conjugal, sem causa específica, decorrente de
simples manifestação de vontade de um ou ambos os cônjuges, apta a permitir por
consequência, a constituição de novos vínculos matrimoniais.
B) A morte de um dos cônjuges: A morte como é cediço, extinguindo a personalidade
jurídica, põe fim à existência da pessoa física ou natural, desfazendo, evidentemente, o
vinculo matrimonial. Com isso, o cônjuge sobrevivente (supérstite) terá seu estado civil
alterado, deixando de ser casado, para ser considerado viúvo. Aplicado a morte
presumida (quando ausente, aberta a sucessão definitiva) e morte real art. 7º CC.
C) Invalidade do casamento: Se existe defeito ou impedimento, o vínculo matrimonial
deverá ser dissolvido por meio do reconhecimento de sua invalidade.

Divórcio judicial

quando não houver acordo

Legitimidade: regra, personalíssima (art.1582)

É possível deixar a partilhar posterior, quando houver consenso apenas pelo divórcio.
Exceção: P. único. Curador provisório (designado por sentença). Impossibilidade (Resp
1645612) (curador, ascendente, descendente e irmão)

Morte no curso do processo: em regra a ação personalíssima se extingue com a morte de uma
das partes, mas nesse caso não acarreta perda de seu objeto se já manifestada a vontade de
um dos cônjuges de se divorciar. Direito potestativo. Efeitos retroativos a data da propositura.

- Necessidade de mediação para divórcio? Art. 693 CPC Necessidade de passar pela meação. As
críticas está na defesa do divórcio ser um direito potestativo. As partes em comum acordo
estão com a decisão tomada e não há necessidade de uma possível meação. - recomendação

LIMINAR? INAUDITA ALTERA PARS? Criticas.

O divórcio não tem requisitos subjetivos e temporais, você só apenas manifesta seu desejo de
se divorciar. Seria possível um juiz liminarmente determinar o divórcio? Tem enunciado 46
EBDFAN permitindo. Essa tutela é provisória e alterar seu estado civil, por ser provisória pode
ser revogada, ou seja, um tempo você fica solteiro e depois é revogada? Como ficaria isso?
Inaudita altera pars? Sem a citação da pessoa, a pessoa não sabe que você ta se divorciando.
Como ficaria isso? A solução é sentença parcial de mérito, é uma sentença definitiva para um
dos pedidos e o processo continua aos demais.

Separação

Pode ser judicial ou de fato

Com o advento da lei de divórcio, a orientadora era de aditar a separação judicial nos
processos para que fossem convocados em ação de divórcio, pois entendeu-se que a
separação judicial teria sido revogada. Hoje, o entendimento majoritário é que ela é
permanente.

1ª corrente: abolicionista – há um esvaziamento do instituo. A separação judicial era um


caminho necessário para o divórcio, e hoje não é preciso mais passar por esse caminho para
chegar ao divorcio, logo, teria havido um esvaziamento total do instituto. Não haveria
interesse e necessidade.

2ª corrente – efeitos próprios – A separação judicial põe fim a sociedade conjugal (affectio
maritaris): há separação de corpos; pode ensejar uma partilha de bens; mas não põe fim ao
vínculo matrimonial (mesmo separado de fato, o estado civil ainda é de casado). Trata-se de
uma opção para quem, por aspectos morais e subjetivos, não tem certeza se quer se casar.
Essa teoria foi confirmada no CPC, que traz a separação judicial e consensual.

(o STF vai julgar se existe ou não em junho em 2022)

- foi extinta com a EC 66? Controvertido. Majoritária não foi extinta.

STJ: 3ª TURMA. REsp 1.431.370 – 4ª turma: REsp 2358098. – diz que ainda permance

- CPC: litigiosa (693). Consensual (Art. 731 e ss)

- Enunciado 514 “a emenda constitucional 66/2010 não extinguiu o instituo da separação


judicial e extrajudicial”.
Separação de fato

- Cessam os deveres do casamento e a comunicabiliade de bens. STJ. AgRg no resp 880229,


REsp 678907

Insegura jurídica muito grande, o dia que se separaram de fato. Já pode constituir uma família,
uma união estável art. 1723 §1º

Separação de corpos

Antecipa a cessação dos deveres de coabitação e fidelidade recíproca, afastando a imputação


de abandono do lar, e comprova cabalmente a data da ruptura da vida em comum para fins de
fixação do termo inicial da contagem do prazo para a conversão da separação judicial em
divórcio.

É uma medida cautelar. Visa simplesmente afastar as pessoas;

Tutela de urgência. Mesmo que não haja risco a integridade física, ex: questões econômicas.

-outras medidas cautelas: arrolamento e bloqueio de bens.

Partilha de bens
Divorcio sem partilha (art. 1581) – é possível com ou sem partilha

Separação e o divórcio faz cessar o estado de mancomunhao (são donos juntos, da


universalidade de bens) e existe enquanto perdura o casamento passando os bens ao estado
de condomínio – põe fim a comunicabilidade de bens.

Partilha de direitos possessórios. Loteamento irregular. REsp 1739042. Conteúdo econômico


relevante e era possível partilha. – Não é invasão, compra de posse.

Indenização pelo uso exclusiva de bem comum antes da partilha (art. 1319 CC), desde que a
parte que toca a cada um tenha sido definida por qualquer meio inequívoco. REsp 1250362,
mas não é obrigatória (filho comum morando com o genitor). Resp 1699.013.

Regime de bens
É lícito aos nubentes, antes do casamento, estipular o regime de bens de seu casamento.
Pode-se escolher quais regras irão se aplicar ou não: em regra, pode ter um regime de
comunhão parcial que estabelece, em pacto antenupcial que determina que as heranças irão
se comunicar.

Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento,


estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver.

§ 1 o O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar desde a


data do casamento.

§ 2 o É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização


judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a
procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de
terceiros.

Art. 1.640. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz,


vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão
parcial.

Parágrafo único. Poderão os nubentes, no processo de habilitação,


optar por qualquer dos regimes que este código regula. Quanto à
forma, reduzir-se-á a termo a opção pela comunhão parcial, fazendo-
se o pacto antenupcial por escritura pública, nas demais escolhas.

O código traz exceções, há hipótese de separação obrigatória:

Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:

I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas


suspensivas da celebração do casamento;

II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (Redação dada pela Lei nº


12.344, de 2010)

III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.

É um regime dotado de mutabilidade, ou seja, é possível que na constância do casamento o


regime seja alterado, na forma do artigo 1649§ único.

- Princípios específicos

a) variedade dos regimes de bens. Art. 1639, caput

b) liberdade dos pactos antenupciais: art. 1641 cc

c) mutabilidade do regime contratado no curso de casamento. Art. 1639 §2º CC e art. 734 CPC

Na escolha não precisa justificativa.

Alteração só se faz por sentença. Para alterar justo motivo. Ex.: atividade de risco. Pode
ensejar necessidade partilha

efeitos ex nunc: Resp 1533179.

- pacto antenupcial

Conteúdo. Art. 1655

Enunciado 635, VIII CJF: “o pacto antenupcial e o contrato de convivência podem conter
clausulas existências, desde que estas não violem os princípios da dignidade da pessoa
humana, a igualdade entre os cônjuges e da solidariedade familiar.

Infidelidade – dentro da esfera de disponibilidade das partes, acordo.


Não pode respeito e consideração mútua, alimentos...

É possível fixação de domicílio, contudo não pode estabelecer a moradia do menor nesse
pacto, pois você não sabe qual o melhor interesses do menor. Só no caso concreto

Clausula de indenização por infidelidade – só ensejaria mais discussão. Ilícito civil, clausula
penal, prefixação de perdas e danos.

Forma art. 1653 Por escritura publica, sob pena de nulidade. condição suspensiva necessita da
realização do casamento

Eficácia perante terceiros: art. 1657. Registro de matricula nos imóveis.

O art. 978 CC autoriza o empresário casado a, “sem necessidade outorga conjugal, qualquer
que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou grava-
los de ônus real”. Esse dispositivo, segundo Ricardo Fiuza, “veio a consolidar o entendimento
mais evoluído de que qualquer dos cônjuges pode, sem necessidade de outorga uxória, alienar
ou gravar de ônus reais bens que integrem o patrimônio da empresa de que cada um
isoladamente participe. No caso das sociedades comerciais, a aplicação desse princípio
decorre, diretamente, da separação patrimonial objetiva entre os bens da sociedade e os bens
particulares dos sócios.

Regimes em espécie

1. Separação legal ou separação obrigatória


Causas suspensivas. (confusão patrimonial ou confusão sanguínea)

Hipóteses: art. 1641 CC

II – Maiores de 70 anos, divergência, inconstitucional. Viola a autonomia privada, viola a


dignidade da pessoa humana, sua livre determinação e discriminação. A plena capacidade é a
regra. Legislador: Proteção da futura legitima, herança de pessoa viva e presumindo má fé.
Ampliada para união estável.

Sumula 377 STF – permite a comunicabilidade de bens. Vedação ao enriquecimento sem causa

A ideia é separar o patrimônio. Os bens adquiridos na constância desse casamento, poderia se


comunicar. – de forma onerosa.

Enunciado 643 CJF.

Prova do esforço comum, 2ª seção. EREsp. 1623858 – Não é presumido.

Loteria. REsp 16889152. 4ª T – União estável onde tinha aquisições a título oneroso sem prova
do esforço comum e o sujeito ganha na loteria na constância da união estável, o inicio do
relacionamento se deu por interesse. Daria direito a meação.

União estável. 4ª t. REsp 1319392 – prova do esforço comum.

Enunciado 261, III jornada CJF- ART. 1641: A obrigatoriedade do regime da separação de bens
não se aplica a pessoa maior de sessenta anos, quando casamento for procedido de união
estável iniciada antes dessa idade.
Regime de bens. Separação convencional/absoluta. Art. 1687
- Exige pacto nupcial, as partes separam do patrimônio, a titularidade permanece e o que vier
ser adquirido na constância do casamento permanecera com a pessoa que adquiriu. Mas cabe
condomínio se adquirir juntos e determinar fração.

- não aplica a sumula 377 STF. Mais protetiva do que a separação legal.

- Exige prova escrita para sociedade de fato. REsp 1706812

- Dispensa a outorga conjugal. (art. 1647 cc)

Regime de bens. Comunhão parcial


- regime legal. Art. 1640

- regras de incomunicabilidade. Art. 1659.

Frutos e benfeitorias se comunicam ainda que particulares.

- art. 1561 – financiamento remanescente pago na forma independente e autônoma. Resp


1841128

- regras de mancomunhão. Art. 1660

Previdência aberta: depende da finalidade. Se investimento, partilha (ARESp 1303879). Se


previdenciária. Não partilha

Previdência fechada: personalíssima. Não partilha. REsp 1477937 – MG

FGTS. Partilha 2ª seção. REsp 1399199. Oficiar a caixa econômica.

Verbas trabalhistas se comunicam (AREsp 1083593). Salvo as indenizatórias ( 4ª T. REsp


154932)

Valorização de cotas sociais adquiridas antes do casamento. Controvértido. Não comunica. STJ,
valorização das cotas adquiridas permancem como um bem particular3ª T; REsp 1173931. Ralf
M. – comunica

- exige outorga

* fiança não produz efeito”

Se for má fé- bens particulares que prestou fiança.

Regime de bens. Comunhão universal


Exige pacto antenupcial

Regra: comunicabilidade. Art. 1667

Obs: separação de fato/corpos – rompe a comunicabilidade

- regras de incomunicabilidade: art. 1668. Inc I


Ativos se comunicam, a regra é que não se comunicam.

Extensíveis aos frutos: art. 1669

Exige outorga

Regime de bens. Participação final nos aquestos (bens adquiridos


na constância do casamento)
Exige pacto antenupcial

Art. 1672

Livre administração dos bens moveis. Art. 1673, pú

Exige outorga que pode ser dispensada. Art. 1656

Pagamento de divida. Art. 1678 CC

PARENTESCO
Paulo lobo: “ parentesco é a relação jurídica estabelecida pela lei ou por decisão judicial entre
uma pessoa e as demais que integram o grupo familiar, nos limites da lei.”

Após a constituição de 1988: não há mais parentesco legítima ou ilegítimo. Art. 227 §6º e art.
226 CRFB.

Não há mais parentesco adotivo, decorrente da adoção simples

Irrevogável por ato de manifestação de vontade. Recíproco.

Art. 1593 CC: natural (consanguinidade) e civil ( “ outra origem”). Enunciado 103 CJF. Ex:
adoção, inseminação heteróloga.

- Em linha reta
Art. 1591 CC “ são parentes em linha renha que estão umas para com as outras na relação de
ascedentes e descedentes”

Contagem de grau: infinito

Os mais próximos preferem aos mais remotos em direitos e obrigações recíprocas. Ex. art 1829
e 1833. Art. 1696 e 1697 CC.

Impedimento para o casamento (art. 1521, I CC)

Não podem adotar um ao outro (art. 42§1º ECA)

Filiação. Art. 229 CRFB

- Parentesco na linha colateral ou transversal


Art. 1592 e 1594 CC

Contagem de graus finita, limitada a 4ª grau


Irmãos bilaterais (germanos), unilaterais: art. 1841 CC

Arts 12, p único, 1521 IV e 1697, 1839 cc

Parentesco por afinidade


Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da
afinidade.

Parentesco por determinação legal. ❑Casamento (válido) ou união estável.

Concubinato e casamento putativo não geram afinidade.

Art. 1.595, §1o - ascendentes, descendentes, irmãos.

Finalidade: impedimentos e deveres. Art. 1.521, II, CC c/c Art.

1.595, §2o - impedimento perpétuo

Guilherme Calmon: parentesco e afinidade são vínculos distintos.

Os afins de um cônjuge não são afins do outro.

Famílias recompostas ou mosaico


Conceito: recomposição afetiva, nas quais, ao menos um dos parceiros traz filhos decorrentes
de um relacionamento anterior.

Vínculos por afinidade x vínculos socioafetivos: de afinidade para socioafetivo através de


adoção unilateral.

Trato e fama – para ter direito a sucessão do padrasto, mesmo com a inclusão do nome.

Artigo 1636 do CC – necessidade de adequação.


Adoção unilateral. Art. 41, §1o, ECA.

Acréscimo do sobrenome do padrasto/madastra. Participação

do MP, citação dos pais biológicos (se menor de 18 anos). Efeitos

Multiparentalidade
Reconhecimento do parentesco socioafetivo pode se dar com ou sem exclusão do parentesco
biológico. Também nas famílias homoafetivas.

Repercussão Geral 622: “A paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro público,


não impede o reconhecimento do vínculo de filiação concomitante baseado na origem
biológica, com os efeitos jurídicos próprios”. (STF, REx no 898.060, Rel Min. Luiz Fux, Plenário,
pub. 24/08/2017).

Reconhecimento extrajudicial. Provimento CNJ 63/2017 – maiores de 12 anos e oitivia. – ler.

Filiação
1) Legítima. Paternidade presumida Art. 1.597, CC
2) Biológica. Genética. Lei no 8.560/92
3) Socioafetiva

Princípios constitucionais:

• Parentalidade responsável. Art. 229, CRFB

• Igualdade de tratamento entre os filhos. Art. 227, §6o, CRFB e art.

1.596,CC

• Consequentemente, a origem da filiação não repercute nos deveres

e obrigações parentais.

Reconhecimento

-Presunção legal

-Reconhecimento voluntário. Art.1609 CC

-Reconhecimento judicial ou compulsório. Ações de estado. – ação de investigação de


paternidade.

---Filiação presumida
❑Decorre da demonstração do estado de casado. Pater is est quem justae nuptiae
demonstrant.
❑Mater semper certa est. Decorre da gravidez e do parto, todavia uso das técnicas de
reprodução assistida (cessão temporária de útero). Resolução CFM 2294/2021 e Provimento
63/2017

❑Art. 1.597, CC se aplica à união estável? Controvertido (inc. I e II). STJ, 3a T., REsp 1.194.059-
SP, DJ 14.11.2012. Inc. III a V – efeito autônomo do consentimento (reflexo do planejamento
familiar, art. 226, §7o CRFB

❑Presunção absoluta ou relativa?

• Inc. I e II: relativa. Coabitação e fidelidade recíproca.

Art. 1.598, CC

Separação de fato também gera ruptura de convivência. Cabível negatória de paternidade. Art.
1.601, CC

• III a V: irrevogável. Planejamento familiar x Dignidade da pessoa humana x paternidade


responsável. – até a implantação.

Reprodução humana assistida.

❑ Inc. III – inseminação homóloga. Material do marido ou da esposa (princípio da igualdade).

❑ In. IV e V – embriões excedentários (homóloga ou heteróloga). Res. CFM 2294/2021: limites


(I.7), destinação em caso de morte ou divórcio (V.3), descarte (IV. 4 e 5).

Post mortem: art. 17, §2o, Prov. CNJ 63/2017 (termo de autorização prévia específico, com
firma reconhecida) e Res. CFM 2294/2021.Enunciado 633, CJF. A decisão de autorizar a
utilização de embriões consiste em disposição post mortem, atraindo, portanto, a imperativa
obediência à forma expressa e incontestável, alcançada por meio do testamento ou
instrumento análogo. Não pode em contrato padrão de prestação de serviços de reprodução
humana. Resp 1918421, 4a T, dj 26/08/2021.

Filiação na reprodução assistida heteróloga. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.


Filiação post mortem. Enunciado 111, CJF e Prov. CNJ 63/2017 – ausência de vínculo com o
doador.

Sigilo (Res. CFM 2294/2021, IV.2 e 4) x direito à identidade genética. Melhor interesse da
criança e do adolescentes. Art. 48, ECA - conhecimento sem que estabeleça qualquer vinculo
jurídico.

Filiação biológica
Exame de DNA. Alto grau de confiabilidade. Lei 8560/92.

Existe o falso positivo, nunca falso negativo.

Mitigação da coisa julgada. Improcedência por falta de provas

(STJ, 4a T., REsp 226.436-PR, DJ 04.02.2002)


Recusa em se submeter ao exame de DNA. Direito à integridade corporal e intimidade (art. 5o,
X,CF) e Direito à verdade biológica. STF, HC 71373-4. – o direito a integridade prevalece, mas
há presunção de paternidade.

Art. 232, CC, sum 301 STJ, art. 2-A, Lei 8560/92. Presunção relativa.

- Aplica-se a outros parentes? Investigação de paternidade post mortem. Possibilidade STJ, 3a


T., REsp 1.531.093/RS. Dir indisponível e instransmissível. STJ, 4a T., REsp 714.969/MS.

Filiação socioafetiva
❑Afeto como valor jurídico.

❑Requisitos: nome, trato e fama (nomem, tractatus e reputatio). ❑ Enunciado 256, CJF: “A
posse do estado de filho (parentalidade socioafetiva) constitui modalidade de parentesco
civil.”

❑ Irrevogabilidade: Enunciado 339, CJF: “A paternidade socioafetiva, calcada na vontade livre,


não pode ser rompida em detrimento do melhor interesse do filho.”

É diferente do erro induzido. Quando se descobre a verdade e rompe vínculo, pode


desconstitui a filiação. Não é pacifico, pois é possível prevalecer o melhor interesse da criança
(não ficar sem pai).

❑Enunciado 520, CJF. Idem STJ, 4a T, REsp 1333360/SP, 3a T, REsp 1613641/MG- o


conhecimento da ausência de vinculo biológico, reconhece voluntariamente o vínculo, esse
reconhecimento é irrevogável ao pai registral.

❑Adoção à brasileira. Irrevogabilidade. Possibilidade da busca da verdade biológica quando


maior de idade. STJ, 4a T., REsp 1352529/SP, 3a T., REsp 1383408

A ação de investigação de paternidade pode ter tão somente conhecimento da ascendência


genética.

❑Vício de consentimento no registro. STJ, 3a T., REsp 1.330.404/RS

Cabe ao marido (ou ao companheiro), e somente a ele, fundado em erro, contestar a


paternidade de criança supostamente oriunda da relação estabelecida com a genitora desta,
de modo a romper a relação paterno- filial então conformada, deixando-se assente, contudo, a
possibilidade de o vínculo de afetividade vir a se sobrepor ao vício, caso, após o pleno
conhecimento da verdade dos fatos, seja esta a vontade do consorte/ companheiro (hipótese,
é certo, que não comportaria posterior alteração)

Filiação socioafetiva

Se nas demandas negativas propostas em face do filho, pelo próprio pai registral ou terceiros,
a filiação socioafetiva pode prevalecer mesmo ausente o laço biológico; nas demandas
positivas movidas pelo filho para reconhecimento da filiação biológica, a existência da filiação
socioafetiva não pode ser obstáculo, sob pena de se impor restrição vedada pela lei (Rose
Venceslau, Filiação biológica, socioafetiva e registral, p. 360)

Possibilidade de multiparentalidade: famílias recompostas, filhos de criação, reprodução


assistida heteróloga (doador conhecido), relações poliafetivas, adoção à brasileira.
Possibilidade de reconhecimento judicial ou extrajudicial

Enunciado 519, CJF: O reconhecimento judicial do vínculo de parentesco em virtude de


socioafetividade deve ocorrer a partir da relação entre pai(s) e filho(s), com base na posse do
estado de filho, para que produza efeitos pessoais e patrimoniais.

Provimento 63/2017

Art. 10 - O reconhecimento voluntário da paternidade ou da maternidade socioafetiva de


pessoas acima de 12 anos será autorizado perante os oficiais de registro civil das pessoas
naturais.

Efeitos pessoais e patrimoniais.

❑Nome, guarda, autoridade parental

❑ Herança, Alimentos

Enunciado 341 CJF: Para os fins do art. 1.696, a relação socioafetiva pode ser elemento
gerador de obrigação alimentar.

Reconhecimento de filhos
Fora da presunção legal. Filhos fora do casamento (art. 1.607, CC)

❑Reconhecimento voluntário:

• Ato pessoal. Capacidade (16 anos). Art. 1.860, CC

• Forma: art. 1.609

• Irrevogável, independe do consentimento materno. Art. 1.610.

• Se maior, depende do consentimento do filho.

• Averiguação inoficiosa. Art. 2o Lei 8560/92.

Reconhecimento compulsório. Ações de estado

• Art. 27, ECA. Direito de filiação é personalíssimo, indisponível e

imprescritível

• Ação de impugnação da paternidade (presunção legal) e

investigação de paternidade (exame DNA) – cumulada ou não com

negatória.

• Ação de nulidade do registro por erro ou falsidade. Art. 1604


Registro tardio de maiores de idade
❑Prazo para o registro: Art. 50, Lei 6.015/73

❑Registro fora do prazo: Art. 46, Lei 6.015/73. Resolução CNJ no

28/2013

Família internacional.
Cuida-se de relações jurídicas transnacionais. É necessário que haja um elemento

estrangeiro para que se aplique o direito internacional privado. Para o paradigma conflito de
leis,

conflito de jurisdições e reconhecimento de sentenças estrangeiras.

Para o paradigma francês, deve-se definir quem é o brasileiro, e consequentemente

quem é o estrangeiro e qual sua a situação jurídica. A primeira questão imposta é a jurisdição:

qual juiz tem jurisdição sobre determinada questão jurídica? As regras de jurisdição são

comumente unilaterais, ou seja, cada um tem as suas. Trata-se aqui de conflito de jurisdições.

Dentro dos conflitos de jurisdições, há a necessidade de cooperação internacional,

carta rogatória, auxilio direito e etc. Dentre de jurisdições também há necessidade de

homologação de sentenças estrangeiras.

Impõe-se portanto o conceito de leis: qual a lei que o juiz usará para decidir o mérito

da situação jurídica a ser tutelada? Por exemplo, quando celebra-se um casamento no


exterior,

qual a lei a ser utilizada?

1. Casamento para o Direito Internacional Privado

A) Casamento celebrado no Brasil: a questão é estudada a partir de 2 dispositivos

da LINDB. A LINDB é uma das principias normas de direito internacional privado, trazendo

diversas regras de conexão.

Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o

fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. A lei do domicílio é

aquela que determinará sua capacidade. Alguém que esta domiciliado no Chile terá sua

capacidade determinada pela lei chilena. Há limites para essa aplicação, sendo o mais

importante a ordem publica. Se uma lei estrangeira diz que alguém pode se casar aos 10

anos de idade, essa lei não pode ser aplicada no brasil. Mas se uma lei prevê que é

possível o casamento aos 17, essa lei deve ser aplicada. Fora a violação da ordem publica,
é necessário aplicar a lei estrangeira quando a lei brasileira assim determinar.

§ 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos

impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração. Formalidades quer dizer que as

leis aplicadas do aspectos formais são as brasileiras. Quanto aos impedimentos, são

aqueles do 1.521 e 1.523, CC (suspensos e impedidos). Nota-se a limitação da aplicação

da lei brasileira, que só se aplica aos casamentos feitos no Brasil.

O artigo 41 do Código Bustamante (tratado internacional ainda tem vigor, com status

de Lei Federal) reitera o disposto pelo artigo 7º, §1º, LINDB. Trata-se, por parte da doutrina, do

princípio locus regis actum, de maneira que a lei aplicada será aquela do ato.

Artigo 41: Ter-se-á em toda parte como valido, quanto à forma, o matrimônio celebrado na

que estabeleçam como eficaz as leis do país em que se efetue. Contudo, os Estados,
cujalegislação exigir uma cerimônia religiosa, poderão negar validade aos matrimônios

contraídos por seus nacionais no estrangeiro sem a observância dessa formalidade.

B) Casamento celebrado no exterior: o que a doutrina propõe é uma bilateralização

da regra de conexão - na essência, o artigo 7º, §1º, LINDB, estabelece um critério de

territorialidade, se é assim para o casamento celebrado no brasil, será assim para a lei no
exterior

(o casamento celebrado na Franca, será regido pela lei francesa). É uma consequência lógica
do

locus regis actum. O limite é eventual conflito com a lei brasileira - se os requisitos
determinados

pelo país X forem manifestamente contrárias a lei brasileira, o ato praticado no estrangeiro
não

será aplicado no Brasil. Dessa forma, dispõe o Código Bustamante:

Artigo 17, A nacionalidade de origem das associações será a do país em que se

constituam, e nele devem, ser registradas ou inscritas, se a legislação local exigir esse

requisito.

Quando se pensa na validade do casamento, sem dúvidas será válido se estiver de

acordo com as leis do local que foi celebrado o ato. O que se discute no Brasil, é como esse

casamento produz efeitos no Brasil. Para tanto, além de se observar a ordem pública, há outro

requisito formal, a depender da nacionalidade dos nubentes.

Quando os cônjuges se casaram no exterior tem nacionalidade brasileira tem uma


formalidade a ser praticadas que é o translado (= registro do casamento realizado no exterior
no

Brasil/transcrição do casamento). Essa formalidade vem prevista no artigo 32 da Lei de


Registros

Públicos:

Art. 32. Os assentos de nascimento, óbito e de casamento de brasileiros em país

estrangeiro serão considerados autênticos, nos termos da lei do lugar em que forem feitos,

legalizadas as certidões pelos cônsules ou quando por estes tomados, nos termos do

regulamento consular.

§ 1º Os assentos de que trata este artigo serão, porém, transladados nos cartórios de 1º

Ofício do domicílio do registrado ou no 1º Ofício do Distrito Federal, em falta de domicílio

conhecido, quando tiverem de produzir efeito no País, ou, antes, por meio de segunda via

que os cônsules serão obrigados a remeter por intermédio do Ministério das Relações

Exteriores. Se não voltar a residir no Brasil, não tem prazo, basta, quando queria, fazer o

registro para que o casamento tem efeitos no brasil (ex: pensão em órgão público).

Art. 1.544, CC: O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as

respectivas autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em cento e

oitenta dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do

respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1o Ofício da Capital do Estado em que passarem

a residir.

Resolução 155/2012, CNJ: Art. 1º O traslado de assentos de nascimento, casamento e

óbito de brasileiros em país estrangeiro, tomados por autoridade consular brasileira, nos

termos do regulamento consular, ou por autoridade estrangeira competente, a que se

refere o caput do art. 32 da Lei nº 6.015/1973, será efetuado no Livro "E" do 1o Ofício de

Registro Civil de Pessoas Naturais da Comarca do domicílio do interessado ou do 1º Ofíciode


Registro Civil de Pessoas Naturais do Distrito Federal, sem a necessidade de

autorização judicial.

A jurisprudência esvazia a necessidade de registro, de maneira que o STJ entende

que a existência do casamento independe do registro, sendo este somente necessário quando
se

pretende produzir efeitos (ex: para fins previdenciários, identificação do cônjuge nessa
qualidade

em ação judicial e etc.). O casamento realizado no estrangeiro é valido no Brasil tendo sido ou
não registrado, e dessa forma impede que seja contraído novo casamento. A prova do estado
de

casado se dá pela apresentação da certidão de casamento estrangeira apostilada e traduzida, e

mais uma vez, só é necessário para produzir efeitos. O casamento no exterior produz efeitos

desde sua celebração, independente da data do registro no Brasil.

E o casamento realizado no exterior com nubentes de nacionalidade estrangeira? Não

há necessidade de registro, não importa o quanto esvaziada essa necessidade de registro


esteja

atualmente. Se for exigido registro, deve ser feito no RTD, na forma do artigo 29, Lei de
Registro

Públicos, já que o RTD é o órgão competente para reconhecer situações estrangeiras que

produzam efeitos em repartição pública ou em juízo. Essa não é uma previsão legal.

C) Casamento Consular: Importante determinar de pronto que as embaixadas/

consulados não são repartições estrangeiras. O que acontece é que esses territórios é que são

dotados de imunidade dada diversos tratados internacionais.

O artigo 7º, §2º determina o casamento de estrangeiros realizado por autoridade

consular. O que a lei brasileira autoriza é que, caso a lei do pais de origem permita, que o

autoridade diplomática realize casamento de dois nubentes de mesma nacionalidade (ex: um

casal de nubentes belgas são casados pelo Cônsul da Bélgica).

Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o

fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.

§ 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou

consulares do país de ambos os nubentes. Não é uma obrigatoriedade, mas sim uma

faculdade. Além da autorização da lei brasileira, deve haver autorização da lei do país

estrangeiro também.

O artigo 18 traz a autorização para hipótese contrária: o casamento de brasileiros no

exterior feito por autoridade diplomática também é possível.

Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras

para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive

o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da

sede do Consulado. A lei do país em que se localiza o cônjuge deve também autorizar. § 1º As
autoridades consulares brasileiras também poderão celebrar a separação
consensual e o divórcio consensual de brasileiros, não havendo filhos menores ou

incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, devendo constar

da respectiva escritura pública as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens

comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu

nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o

casamento.

§ 2o É indispensável a assistência de advogado, devidamente constituído, que se dará

mediante a subscrição de petição, juntamente com ambas as partes, ou com apenas uma

delas, caso a outra constitua advogado próprio, não se fazendo necessário que a

assinatura do advogado conste da escritura pública.

Esse casamento também precisa de registro no Brasil. Na prática, o que acontece

nesses casamentos é que eles são automaticamente comunicados aos registro brasileiros. Mas

se o registro não acontecer, de forma automática, pode (e deve) ser feito no registro civil na
forma

da Resolução 155, CNJ.

d) Casamento entre pessoas do mesmo sexo: Hoje em dia não há uma discussão

muito grande, já que é vedada a recusa de autoridades em casar ou convocar união estável em

casamento para pessoas do mesmo sexo, logo o casamento celebrado no Brasil entre pessoas

do mesmo sexo é plenamente possível, mesmo que no pais de origem de um ou ambos os

nubentes ele não seja reconhecido.

Na França, um nubente francês e um marroquino solicitaram habilitação para se

casar, e o juiz, apesar da legalidade da previsão no direito francês, negou a habilitação, pois

violaria a ordem pública do Marrocos, em que o casamento entre pessoas do mesmo sexo é

crime. A Corte de Cassação Francesa determinou que seria possível pois o casamento seria

legalizado na França.

Quanto ao casamento entre pessoas do mesmo sexo realizado no estrangeiro, não há

mais violação a ordem pública, logo, não restam controvérsias no tema.

e) Invalidade do casamento: o artigo 7º §3º, LINDB traz determinada disposição. É

possível que o casamento celebrado na França (ex) seja invalidado pela lei brasileira? O STF

entende que esse artigo não possui aplicabilidade, portanto, não seria possível

Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o
fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.

§ 3o Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a

lei do primeiro domicílio conjugal. Muito provavelmente os casamentos celebrado no

exterior seriam anulados, já que a lei estrangeira não é exatamente igual a lei brasileira,

teria um ou outro requisitos diferentes.

F) Regime de bens (artigo 7º §4º): a regra geral é o domicílio comum dos nubentes e

se esse domicílio for diverso nessa hipótese, e somente nessa hipótese, o domicilio que regerá
o

regime de bens será o primeiro domicílio depois de casados. Se o domicílio for comum já antes

do casamento, este será o domicílio do regime de bens.

Quando a lei fala em “domicílio do chefe de família” esse dispositivo não foi

recepcionado pela CRFB/88.

Art. 7º, § 7º: Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao

outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob

sua guarda.

Como se verifica o domicílio conjugal? O artigo 1.524 determina os requisitos par a

habilitação do casamento, entre eles, o domicilio para fins de fixação do regime de bens.

Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o

fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.

§ 4o O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os

nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal.

• STF - RE 86787 - 1978: em 1970, A. B., 58 anos, viúva, com vasto patrimônio

decidiu casar-se com C.D., 28 anos, solteiro, sem bens declarados. À época, para evitar a

repercussão do casamento, os nubentes domiciliados no Rio Grande do Sul, habilitam-se e

casam-se no Uruguai, declarando perante as autoridades, estarem lá domiciliados. Após 30

dias, retornam ao Rio Grande do Sul, onde passam a viver por alguns anos. Na ação de

divórcio, o marido alega a nulidade da declaração, uma vez que, à luz dos fatos, o casal

efetivamente permaneceu domiciliado no Rio Grande do Sul. O regime legal brasileiro era o da

comunhão universal e o regime legal uruguaio o da separação total de bens. Quid iuris?

Casamento. Regime de bens. Interpretação do artigo 7º, § 4º, da Lei de Introdução ao Código

Civil Brasileiro. 1) Nubentes que, sem impedimento para casar, contraem matrimônio no
Uruguai, depois de preencher, pela lei uruguaia, os requisitos exigidos para a fixação de

domicílio nesse país. Decisão onde se reconhece que o domicílio se estabeleceu no lugar

do casamento também segundo a lei brasileira. Conclusão que assentou, neste ponto, no

exame da prova, sendo, pois, irreversível em sede de recurso extraordinário (Súmula 279).

Inexistência, pois, de ofensa ao artigo 7º, § 4º, da Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro.

[...] 3) Infração ao princípio geral de direito segundo o qual não pode a parte ‘venire contra

factum proprium’.”

Quanto ao pacto antenupcial, deve registrar o documento no RTD e depois no registro

civil, e o conteúdo desse pacto deve estar de acordo com a lei do domicílio. Ninguém verifica
se

o conteúdo está de acordo com a lei do domicilio, isso só é invocado quando dá problema.
Mas e a forma do pacto? Interpretação harmonizada: lei do local da celebração para a

forma do pacto + lei do domicílio conjugal para as disposições existentes no pacto.

Art. 1.653 (CC). É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, é ineficaz

se não lhe seguir o casamento.

Art. 1.657 (CC). As convenções antenupciais não terão efeito perante terceiros senão

depois de registradas, em livro especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio

dos cônjuges.

2. Divórcio

A) Divórcio no brasil: quando pode o juiz brasileiro exercer jurisdição em relação ao

divórcio? Observa-se as regras de exercício da jurisdição brasileira, na forma dos ritos 21 e

23, CPC.

Art. 21 (CPC) Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações

em que: Os requisitos não são cumulativos, basta que um esteja presente. O que

se define aqui é a possibilidade de jurisdição e nabo de competência.

I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;

II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;

III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. Se o ato que dá

origem ao casamento for originado no Brasil, o juiz pode exercer jurisdição.

• STJ, REsp no 973.553, 2010: “A competência da jurisdição brasileira para conhecer

do feito [ação de dissolução de união estável] é determinada pelo art. 88 [21], I, do Código de

Processo Civil, tendo em vista que o réu possui domicílio no Brasil – competência internacional
cumulativa ou concorrente.”

• STJ, REsp no 978.655, 2010: Embora atualmente os cônjuges residam no exterior,

a autoridade judiciária brasileira possui competência para a decretação do divórcio se o

casamento foi celebrado em território nacional. Inteligência do art. 88 [21], III, do CPC”

Não só a ação de divórcio mas também de alimentos, regime de guarda e filhos são

de competência concorrente, ou seja, o juiz estrangeiro pode dispor sobre todas essas
matérias.

Dessa forma, sentenças estrangeiras podem ser homologadas no brasil.

O que não pode ser homologado ano Brasil é a sentença estrangeira que dispõe

sobre bens localizadas no Brasil, já que essa competência é exclusiva da jurisdição brasileira,
na

forma do artigo 23, I, CPC. O que acontece aqui é que o juiz estrangeiro pode livremente
decidir

sobre bens localizados no Brasil, mas a sentença não será homologada já que competência

exclusiva do Brasil

Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer

outra:

I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; O capítulo da

sentença estrangeira que trata sobre bens no brasil simplesmente não será

homologado.

II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento

particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor

da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território

nacional;

III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à

partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade

estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.

• STJ, SEC no 15639, 2017: no mesmo sentido STJ, SEC no 14822, 2018, STJ, SEC no

14233, 2018: A partilha de bens imóveis situados no Brasil, em decorrência de divórcio ou


separação

judicial, é competência exclusiva da Justiça brasileira, nos termos do art. 23, III, do Código de

Processo Civil. Nada obstante, a jurisprudência pátria admite que a Justiça estrangeira ratifique
acordos firmados pelas partes, independente do imóvel localizar-se em território brasileiro”

• STJ, SEC no 11795, 2019: A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça [...] autoriza a

homologação de sentença estrangeira que, decretando o divórcio, convalida acordo celebrado


pelos

ex-cônjuges quanto à partilha de bens imóveis situados no Brasil, que não viole as regras de
direito

interno brasileiro”

Dessa forma, caso haja sentença estrangeira tiver simplesmente homologado acordo,

ou seja, houve acordo no exterior e o juiz estrangeiro somente homologou, então a sentença

estrangeira que trate da partilha de bens no exterior pode ser homologada no Brasil.

O artigo 29 da Resolução 35/2007, CNJ estabelece que é possível divórcio

extrajudicial no Brasil desde que não haja bens a serem partilhados no exterior. Nesse caso
devese

recorrer a via judicial ou fazer o divorcio no exterior.

As hipóteses do artigos 21, 22 e 23, CPC são taxativas? Não há consenso na

doutrina, alguns entendem que pode haver outras hipóteses em que há interesse do Estado

brasileiro em fazer uso da jurisdição. Quanto a doutrina, no RO 64 de relatoria da Ministra


Nancy

Andrighi, há forte inclinação do STJ para entender que é um rol exemplificando, contudo,
deve-se

observar a falta de efetividade a sentença, de maneira que, não iria adiantar que o juiz
brasileiro

decidisse sobre bens no exterior se a lei do país em que se encontram os bens prevem a

jurisdição exclusiva.

b) Divórcio no exterior: a competência para homologado de sentença estrangeira

compete ao STJ, na forma do artigo 105, CRFB/88 c/c 961, CPC. Trabalha-se aqui no plano da
eficácia, e não da validade. Para anular a sentença estrangeira deve-se recorrer ao tribunal que
a

proferiu. O que o STJ faz é reconhecer a eficácia da sentença no Brasil, de maneira que,

independente da decisão do STJ, a sentença pode produzir efeitos no local onde foi proferida.

Art. 961 (CPC) A decisão estrangeira somente terá eficácia no Brasil após a homologação

de sentença estrangeira [...]

§ 5º A sentença estrangeira de divórcio consensual produz efeitos no Brasil,

independentemente de homologação pelo Superior Tribunal de Justiça;


§ 6º Na hipótese do § 5º, competirá a qualquer juiz examinar a validade da decisão, em

caráter principal ou incidental, quando essa questão for suscitada em processo de sua

competência.

Na sentença estrangeira de divorcio consensual (se tiver litígio, não se aplica essa

regra) não há necessidade de homologação. E se a sentença estrangeira dispuser sobre mais

assuntos que o divorcio consensual? Todo o resto precisa ser homologado, restado dispensado
o

capítulo de divórcio consensual. Na prática, o STJ homologa tudo.

• STJ, SEC no 13571, 2017: No caso concreto, uma vez requerida a homologação em

período anterior à vigência do NCPC, vislumbro interesse de agir e proveito às partes no exame

da homologação, sobretudo diante do § 6º do art. 961 do CPC de 2015, que prevê a

possibilidade de qualquer juiz examinar a validade da decisão proferida no exterior. Tal

entendimento não implica reconhecer a presença de interesse de agir de pedidos de

homologação de decisões estrangeiras sobre divórcios consensuais formulados após o

advento do novo CPC.

Nem sempre o divorcio feito no exterior será feito pelo respectivo poder judiciário,

pode ser um ato administrativo e nesse caos, poderá ser homologado pelo Brasil, mesmo que

não seja sentença.

O artigo 7º, §6º, LINDB não foi recepcionado:

Art. 7º§ 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem

brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença,

salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a

homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a

eficácia das sentenças estrangeiras no país. Não há mais prazo uma vez que não há mais

prazo para divórcio.

Nesse sentido: Com a Emenda Constitucional 66, de 13 de julho de 2010, que instituiu o

divórcio direto, a homologação de sentença estrangeira de divórcio para alcançar eficácia

plena e imediata não mais depende de decurso de prazo, seja de um ou três anos,

bastando a observância das condições gerais estabelecidas na Lei de Introdução às

Normas do Direito Brasileiro (LINDB) e no Regimento Interno do STJ.” (STJ, SEC no 4445,
Quando o divórcio é litigioso, ou seja, não há necessidade de homologação, pode

haver averbação:
Artigo 1º do Provimento no 53/2016 – CNJ: A averbação direta no assento de casamento

da sentença estrangeira de divórcio consensual simples ou puro, bem como da decisão

não judicial de divórcio, que pela lei brasileira tem natureza jurisdicional, deverá ser

realizada perante o Oficial de Registro Civil das Pessoas Naturais a partir de 18 de março

de 2016. Deve ser uma sentença pura a simples de divórcio. A sentença só pode tratar

sobre divórcio, e mais nada. Esse dispositivo é aplicável aos casamentos que foram

realizados no Brasil.

Ainda sobre o divórcio no exterior, tem-se o artigo 18, LINDB que dá mais

disposições:

Art. 18, 1º As autoridades consulares brasileiras também poderão celebrar a separação

consensual e o divórcio consensual de brasileiros, não havendo filhos menores ou

incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, devendo constar

da respectiva escritura pública as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens

comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu

nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento.

Alimentos no âmbito internacional

1. Competência internacional

Art. 21 (CPC) Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em

que: I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no

Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato

praticado no Brasil.

Art. 22 (CPC) Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações:

I - de alimentos, quando: a) o credor tiver seu domicílio ou sua residência no Brasil; b) o réu

mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de

renda ou obtenção de benefícios econômicos. [forum actoris + forum patrimonii]

A matéria de alimentos é de competência concorrente, depois de homologada a

sentença de alimentos do exterior, caso alguma das partes queira revê-la, cabe ação revisional
de

alimentos.

• STJ, HDE no 1396, 2019: O Brasil adotou sistema que prevê ser de jurisdição

internacional concorrente com a estrangeira, e não exclusiva, o conhecimento das


questões relacionadas à guarda de menores e à alimentos, de modo que o simples

ajuizamento de uma ação judicial no Brasil não inviabiliza, por si só, a homologação da

sentença estrangeira que versou sobre as mesmas matérias [...] mas a existência de decisão

judicial proferida no Brasil contrária ao conteúdo da sentença estrangeira impede a sua

homologação.

Na prática, apensar dos dispositivos do direito brasileiro, a prestadora de alimentos

em aborto internacional é influenciado fortemente pelas Convenções e Tratados


Internacionais.

Dessa forma, a convenção de Nova York foi a primeira Convenção a tratar de

prestação de alimentos no exteriorConvenção de Nova York (Decreto no 56.826/65)

• criação do mecanismo de instituições intermediárias para a facilitação da

cooperação internacional

• Instauração de um sistema complementar regulando aspectos procedimentais da

cooperação internacional

• Art. VI.3 “a lei que regerá as ações mencionadas e qualquer questão conexa será a

do Estado do demandado, inclusive em matéria de direito internacional privado”

• instituição intermediária no Brasil: Procuradoria Geral da República

• propositura da ação no país de residência habitual do credor-alimentando [com

necessidade de citação e posterior homologação da sentença para execução no país

estrangeiro de residência do devedor] (art. V e VII)

• propositura da ação diretamente no país de residência do devedor com posterior

transferencia para o país de residência habitual do credor-alimentando.

Quanto a competência:

a) Justiça Federal – processos com atuação do Ministério Público Federal na

condição de instituição intermediária

(art. 26, Lei no 5.478/68)

b) Justiça Estadual – processos sobre alimentos, ainda que fundamentados na

Convenção de Nova York, intentados diretamente pelas partes interessadas

• CC 20175 (1998), STJ

Quando a Convenção Interamericana sobre prestação de alimentos, ela só se aplica

aos estados-partes da OEA. Logo, seu artigo 11, determina que a sentença determinaria que a
sentença produzisse efeitos em demais países, dispensada a homologação, o juiz que
recebesse

a sentença poderia executa-la imediatamente, sem que tivesse homologação pelo STJ. O artigo

960, CCP, determina a necessidade de homologação sentença estrangeira. Essa previsão da

convencia não é usada no Brasil, todas ase sentença, com excessão do divorcio consensual, são

homologadas.

A Convenção de Haia dispõe que esta subsistirá a Convenção anterior, que é a de

Nova York. Dentre os benefícios, alarga-se o âmbito de prestação de alimentos: alimentos

decorrentes não somente de filiação, mas também de relações conjugais ou de outras relações

decorrentes de vínculos familiares.

O Brasil amplia a aplicação de toda a Convenção, ressalvadas eventuais reservas, a

obrigações de prestar alimentos derivadas de relação de parentesco em linha colateral,

parentesco em linha reta, casamento ou afinidade, incluindo, especialmente, as obrigações


relativas a pessoas vulneráveis

A Convenção de Haia também cria uma figura análoga a Autoridade Central, cada

estado cria a sua autoridade central (no Brasil é o Ministério da Justiça) que irá receber os

pedidos e sendo o caso, dar-lhes prosseguimento. O Ministério da Justiça, na figura da


atividade

central, só presta ajuda técnica (apostilar documentos, traduzi-los e outras atividades) a


pedidos

que tratem de alimentos em relação de filiação ou filiação e relação conjugal, nos demais

pedidos, não pode fazer uso da Autoridade Central. Essa previsão vem no artigo 26, §4º, CPC.

Uma parte importante da convento é o mecanismo de reconhecimento de sentença

estrangeira de alimentos: não há incompatibilidade entre os requisitos do direito brasileiro e


os

requisitos da Convenção, com exceção de uma: o artigo 30 da Convenção traz a possibilidade


de

acordo de alimentos, e esse artigo foi objeto de reserva pelo Brasil. A ideia aqui é impedir que
se

viole o princípio do juiz natural, o Brasil não aceita que as partes façam modificação do foro
em

sentença de alimentos. No caso das sentenças estrangeiras sobre alimentos, há necessidade


de

homologação (não se faz uso dessa previsão na Convenção Interamericana).


A exceção da obrigação de alimentos e matéria da lei nacional do Estado requerido,

mas esse método deve ser rápido. A Convenção assim traz sugestões de medidas a serem

tomadas, como por exemplo, a penhora de salário, mecanismos para facilitação do trânsito

financeiro (nessa hipótese, caso seja alimentos em razão de filiação ou filiação e relação
conjugal,

pode haver ajuda da Autoridade Central - Ministério da Justiça) entre outros.

Quanto a Convenção de Haia sobre os aspectos civis do sequestro internacional de

crianças, a ideia é aqui é proteger o regime de guarda assegurado a um Estado. Quando a

criança é retirada de um Estado ilicitamente por seu genitor, existe um mecanismo de retorno

imediato.

A Convenção se aplica a todos os menores de 16 anos. A convenção parte d num

pressuposto que o juiz da residência habitual da criança é o juiz natural para tratar de guarda,

não pode um genitor retirar ilicitamente a criança de seu país e propor a altercar de guarda em

um juízo de outro país.

As condutas de sequestro são a transferência ilícita e retenção ilícita: a transferencia é

a retirada da criança da de um país para outro, transferência nasce ilícita. A retenção, por
outro

lado, nasce lícita mas se torna ilícita (um exemplo é quando um dos genitores leva a criança
para

viajar com autorização do outro cônjuge e nunca mais volta). A ilicitude decorre da violação do

direito de guarda Os objetivos da convenção são: assegurar o retorno imediato de crianças


ilicitamente

transferidas para qualquer Estado Contratante ou nele retidas indevidamente; fazer respeitar
de

maneira efetiva nos outros Estados Contratantes os direitos de guarda e de visita existentes
num

Estado Contratante.

O artigo 16 da Convenção traz a l´pogica que o juiz estrangeiro onde. Criança tinha

residência habitual, quando a autoridade Central é notificada da transferência ilícita, o Estado


em

que a criança se encontra não pode decidir sobre o direito de guarda.

Art. 16 Depois de terem sido informadas da transferência ou retenção ilícitas de uma

criança, nos termos do Artigo 3, as autoridades judiciais ou administrativas do Estado

Contratante para onde a criança tenha sido levada ou onde esteja retida não poderão
tomar decisões sobre o fundo do direito de guarda sem que fique determinado não

estarem reunidas as condições previstas na presente Convenção para o retorno da criança

ou sem que haja transcorrido um período razoável de tempo sem que seja apresentado

pedido de aplicação da presente Convenção. Sentença feita no país de residência habitual

da criança com fundo de direito de guarda não obsta o retorno da criança.

A Convenção de Haia pra a possibilidade da Autoridade central propor uma ação de

retorno do Estado de residência habitual.

Há óbices para o retorno dentro da Convenção:

Art. 12 Quando uma criança tiver sido ilicitamente transferida ou retida nos termos do

Artigo 3 e tenha decorrido um período de menos de 1 ano entre a data da

transferência ou da retenção indevidas e a data do início do processo perante a

autoridade judicial ou administrativa do Estado Contratante onde a criança se encontrar, a

autoridade respectiva deverá ordenar o retomo imediato da criança. Por que esse

intervalo entre os prazos? Porque nem sempre o genitor que ficou para trás sabe onde está

a criança. Não é “passou mais de um ano, a criança já está adaptada”, a criança deve ser

devolvida, como na forma do §2º

§2º A autoridade judicial ou administrativa respectiva, mesmo após expirado o período

de uma ano referido no parágrafo anterior, deverá ordenar o retorno da criança, salvo

quando for provado que a criança já se encontra integrada no seu novo meio. […]

Quando o prazo for maior que um ano, autoridade central poderá investigar se a criança já

está adaptada.

Art. 13 Sem prejuízo das disposições contidas no Artigo anterior, a autoridade judicial ou

administrativa do Estado requerido não é obrigada a ordenar o retomo da criança se a

pessoa, instituição ou organismo que se oponha a seu retomo provar:

a) que a pessoa, instituição ou organismo que tinha a seu cuidado a pessoa da criança não

exercia efetivamente o direito de guarda na época da transferência ou da retenção,

ou que havia consentido ou concordado posteriormente com esta transferência ou

retenção; ou Hipótese de afastamento da aplicação da Convenção.

b) que existe um risco grave de a criança, no seu retorno, ficar sujeita a perigos de

ordem física ou psíquica, ou, de qualquer outro modo, ficar numa situação

intolerável. Essa hipótese é bastaste arguida pelo o genitor responsável pelo sequestro.
Uma hipótese que passou a ser paliçada no Brasil é a Lei Maria da Penha, por mais que não
seja a criança que sofra violência doméstica, mas sim a mãe, pode haver óbice ao

retorno.

A autoridade judicial ou administrativa pode também recusar-se a ordenar o e retorno da

criança se verificar que esta se opõe a ele e que a criança atingiu já idade e grau de

maturidade tais que seja apropriado levar em consideração as suas opiniões sobre o

assunto. Ex: criança de 15 anos e 10 meses que diz que quer ficar no Brasil.

Art. 20 O retomo da criança de acordo com as disposições contidas no Artigo 12° poderá

ser recusado quando não for compatível com os princípios fundamentais do Estado

requerido com relação à proteção dos direitos humanos e das liberdades fundamentais.

Exemplos: contexto de guerra e conflito armado. Ainda que a guerra acabe, não pode

propor nova ação, pois quando se nega o reitor, se opera uma transferencia da residência

habitual para o Brasil, e o juízo competente passa a ser do Brasil.

Quanto a competência:

• CC 100345 (2009), STJ; CC 64012 (2006), STJ Justiça Federal: tratado-contrato – cumprimento
de

obrigação fundada em tratado internacional (art. 109, III, CRFB) [CC 100345 (2009), STJ; CC
64012

(2006), STJ]

Havendo recusa do retorno, caberá à Justiça Estadual dispor sobre as questões de Direito de

Família, em virtude do deslocamento da residência habitual para o Brasil, e o juízo competente


passa a ser

o juiz comum do Brasil.

Poder Familiar
Histórico

O poder familiar só recebeu esse nome, porque anteriormente era o pátrio poder, poder
paterno, poder de pai e não conseguimos sustentar esse termo depois da constituição de 88,
que traz a igualdade entre pai e mãe, igualdade entre filho e no teor das relações familiares foi
muito importante, mudando o viés das relações familiares. Quando veio o código de 2022 veio
o nome iuris, poder familiar.

O poder patriarcal era unificado, chefe da religião familiar, alicerçada em preceitos católicos.

Como também, antigamente a criança e adolescente não era vista como sujeito de direito
dentro dessa familia, apenas os determinados pelo pai. Com a constituição de 88 muda esse
cenário, adotando o princípio da prioridade absoluta da criança e do adolescente
Art. 227 CF.

Obs.: é dever da família, da sociedade e do Estado, com absoluta propriedade. Assim, a criação
do seu vizinho importa.

Regras de direcionamento de expansão de sociedade, como é o exemplo da lei da palmada.

O que é afinal esse poder familiar? Só exerce pai ou mãe, quem tem guarda ou tutor não
exerce esse direito. Mesmo se você tem multiparentalidade todos ali vão exercer, poder
advindo de um dever jurídico. Art. 229 CF.

Poder de gerência na vida os filhos menores. Exercício exclusivo, apenas na existência, no


falecimento, ou da destituição do poder familiar dos demais. Em caso de divergência entre os
pais, o juiz decidirá. Se os pais não puderem exercer o poder familiar, será nomeado tutor a
criança ou adolescente.

Se um dos pais morrer/perder/destituir/suspende o poder familiar, o outro exercerá com


exclusividade.

A dissolução de união estável ou casamento de nada atinge o poder familiar sob os filhos, a
relação jurídica dos cônjuges ou companheiros são relações distintas aos filhos.
Historicamente acometia, a mulher que pedia desquite, separação e depois o divórcio, a culpa
pelo desfazimento era dela, a pessoa culpada pelo desfazimento pelo vínculo conjugal perdia a
guarda dos filhos.

Dever dos pais – art. 1630 CC

É dirigir a criação e educação dos filhos menores, de acordo com as regras do art. 1630 Cc. Ter
seus filhos em sua companhia e guarda, se a pessoa perde o poder familiar perde também a
companhia e guarda. Conceder autorização para o casamento dos filhos a partir dos 16 anos
de idade, atenção para menores de 16 gravida, conjugar o artigo com o ECA (revogação em
2019). Determinar em tutor, em caso de impossibilidade de exercício do poder familiar.
Representar os filhos absolutamente incapazes e assisti-los até término da incapacidade
relativa. Exigir obediência e respeito, além dos serviços próprios a idade.

Só quem exerce o poder familiar é o pai e/ou mãe. Tutor não exercer poder familiar,

exerce tutela (se a criança está sobre tutela é porque, por algum motivo não há poder familiar

ativo). Na hipótese de múltiplos registros, quando há 2 pais e uma mãe, por exemplo, todos

exercerão o poder familiar.

Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos

maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.

O poder familiar é advindo de um dever jurídico, que o limita. Para que se exerce esse

poder? Para o cumprimento de deves impostos legislativamente, sendo conferida a gerência


da

vida dos filhos menores. Fala-se em “menores”, pois o filho pode atingir a maioridade e
continuar
incapaz, nesse caso, nomeia-se um curador. Ambos os pais (atualmente) podem exercer a

curatela.

O exercício pode ser exclusivo de um dos pais, na hipótese de um deles o perder,

falecer e etc.

A dissolução da União estável ou do casamento em nada atinge o poder familiar dos

pais em relação aos filhos, uma vez que, com a Constituição de 1988, a relação jurídica entre
os

cônjuges é diferente da relação que estes tem com seus filhos. Historicamente, a dissolução da

sociedade conjugal acometia a relação entre pais e filhos: a mulher que pedia um desquite

(depois separação e depois o divórcio) carregava a culpa pelo desfazimento da sociedade

conjugal, perdia a guarda (e não o poder familiar) de seus filhos.

Quais são os deveres que colocam o poder familiar nas mãos dos pais?

a) Dirigir a criança e educação dos filhos menores: o Estado impõe limites e regras,

como por exemplo, a proibição do trabalho infantil e a Lei 13.010/14.

b) Ter seus filhos em sua companhia e guarda: se tem poder familiar, tem direito à

guarda.

c) Conceder autorização para o casamento dos filhos: a partir dos 16 anos de idade.

Existe a possibilidade de isso acontecer antes dos 16 anos? Existe uma previsão no Código

Civil para a hipótese em que a menina menor de 16 anos pode receber autorização do juízo

para se casar caso esteja grávida. Essa regra deve se interpretada com ECA, de maneira a se

tutelar o melhor interesse e proteção integral da criança e do adolescente. Acredita-se que

essa previsão não está de acordo com o ECA e não deve ser aplicada.

e) Representar os filhos absolutamente incapazes e assisti-los até término da

incapacidade relativa.

f) Exigir obediência e respeito, além dos serviços próprios à idade: fazer com que o

menor seja amadurecido aos poucos, para que eventualmente possa ser inserido na

sociedade como um individuo independente.

Art. 227, CRFB/88 É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à

criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à

alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito,


à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda

forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. O

cuidado com a criança é dever de todos. A expressão “prioridade absoluta” é um princípio

constitucional que também tem previsão no ECA.

Como extingue o poder familiar? A previsão vem no artigo 1.635, CC.

Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar:

I - pela morte dos pais ou do filho;

II - pela emancipação, nos termos do art. 5 o , parágrafo único; Importante lembrar que o

adolescente de 16 anos é assistido e está em uma espécie de “estágio probatório”.

III - pela maioridade;

IV - pela adoção; A adoção extingue o poder familiar na medida que retira o poder familiar

da família X e da para a família adotante. Há possibilidade de adoção sem desconexão

com a família originária, é o caso da adoção unilateral, quando o padrasto ou a madrasta

adota o enteado ou enteada. Há adoção e a não há destituição do poder familiar.

V - por decisão judicial, na forma do artigo 1.638. Somente em situações graves.

3. Abuso do poder familiar

Pode ser que quem exerce o poder abuse-o. Caso o abuso seja muito grave ou

reiterado, pode ser extinto.

Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles

inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o

Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e

seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha.

Pode haver suspensão do poder familiar caso: (i) haja má administração/dilapidação

do patrimônio dos filhos (aqui, interessa o patrimônio dos filhos, se os pais se tornam
insolventes

por má administração de seu próprio patrimônio, não há perda do poder familiar); (ii) cabível

requerimento judicial por qualquer parente (leia-se “interessado” para estar em consonância
com

o ECA) ou Ministério Público; (iii) judiciário adotará medida voltada à segurança e ao resguardo

do patrimônio da criança/adolescente; (iv) cabe suspensão do porte familiar em virtude de

condenação penal irrecorrível cuja pena seja superior a 2 anos.

Pode-se perder o poder familiar na forma do artigo 1.638, CC


Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:

I - castigar imoderadamente o filho;

II - deixar o filho em abandono;

III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;

IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente.

V - entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção. (Incluído pela Lei nº

13.509, de 2017)

4. Interesse previdenciário do menor

O ECA tem uma uma interpretação e o a previsão previdenciária é outra, dessa forma,

o STJ entende em favor da lei previdenciária em detrimento do ECA.

Art. 16, Lei 8213: São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de

dependentes do segurado:

I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer

condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou

mental ou deficiência grave;

§ 2º .O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do segurado

e desde que comprovada a dependência econômica na forma estabelecida no

Regulamento.

Artigo 33, ECA: A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à

criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive

aos pais. (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição de dependente, para todos os

fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários.

5. Adoção do Maior de Idade

Art. 1.618. A adoção de crianças e adolescentes será deferida na forma prevista pela Lei n

o 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. É necessário que

processo judicial em processo de adoção. Caso seja socioafetividade, pode apolciar a

regra do CNJ.

Art. 1.619. A adoção de maiores de 18 (dezoito) anos dependerá da assistência efetiva do

poder público e de sentença constitutiva, aplicando-se, no que couber, as regras gerais da

- Estatuto da Criança e do Adolescente.


Há um deslizamento total dos parentes originários. O único omento em que se verifica

a relação com a família originária é no processo de habilitando do casamento. Quando adota-


se o menor, é possível adotar o pré nome, para que a criança tenha o

mesmo nome da família. Quando é maior de 18 anos, não pode mais mudar o pré nome.

E se o adotante falece no meio do processo? A sentença retroage à data do óbito, o

processo não se encerra em razão do óbito.

Os pais tem, inerente ao exercício do poder familiar, a administração dos bens dos

filhos: os pais são usufrutuários e administradores.

Quem perde o poder familiar não perde o dever de prestar alimentos, salvo ema aso

de adoção.

Dano moral nas relações familiares

A primeira questão que se coloca em relação ao dano moral nas relações familiares é

acerca do reconhecimento do dano moral:

Primeira corrente: Entende que basta haver a violação de algum dever legal relacionado

a família e/ou sociedade conjugal para que reste configurado o dano moral passível de

compensação. O dano pode ser ser patrimonial ou existencial (artigo 1.566). O dano ao

direito da personalidade é indelével, não há como retornar ao status quo ante da relação,

por isso fala-se em reparação de dano - gênero - que se dividirá em indenização (= dano

material) e a compensação (= dano extra patrimonial), que seriam as espécies.

Artigo 1.566: São deveres de ambos os cônjuges:

I - fidelidade recíproca;

II - vida em comum, no domicílio conjugal;

III - mútua assistência;

IV - sustento, guarda e educação dos filhos;

V - respeito e consideração mútuos.

Segunda corrente: para a caracterização da responsabilidade civil nas relações

familiares, devem estar presentes os artigos 186 e 187 do Código Civil. Essa é a corrente

majoritária - para que exista a caracterização da responsabilidade ivil no direito de família,

basta que haja responsabilidade civil no geral. Logo, é necessário que haja conduta

humana culpável (ou seja, deve ser voluntária). Conduta humana é o comportamento
humano voluntário que se exterioriza através de uma ação ou omissão, produzindo

consequências jurídicas.

Artigo 186: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou

imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente

moral, comete ato ilícito.

Artigo 187: Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,

excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela

boa-fé ou pelos bons costumes.

Para a segunda corrente, além da conduta humana voluntária e culpável, é necessário que

o resultado seja danoso. O dano, por sua vez, é uma lesão ao bem juridicamente tutelável.

Entre a conduta e o dano é necessário haver nexo de causalidade, ou seja, a condito sine

qua non para que haja responsabilidade.

A competência para julgar ações de dano moral oriundas do direito de família é o

direito de família.

Questões práticas relacionadas ao direito de família:

• Existe a possibilidade de reparação de dano moral por abandono afetivo? Sim, o

abandono afetivo decorrente ao dever de cuidador da prole. Não se reconhece o direito


jurídico

de “amar”. Essa hipótese é rechaçada pelo STJ, de maneira que, o abandono afetivo deve

decorrer do dever legal de cuidado para que constitua elemento suficiente para caracterizar

dano moral compensável. O dano aqui caracterizado é o dano moral in re ipsa, ou seja, não

precisa que fique demonstrada a lesão, decorrendo da própria violação das regras jurídicas
que

determinam o dever de cuidado.

• Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da justiça

ordinária têm competência cumulativa para o julgamento e a execução das causas decorrentes

da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do art. 14, da Lei no

11.340/2006.

• O STJ possui firme o entendimento no sentido de que “o dever de cuidado

compreende o dever de sustento, guarda e educação dos filhos. Não há dever jurídico de
cuidar
afetuosamente, de modo que o abandono afetivo, se cumpridos os deveres de sustento,
guarda

e educação da prole, ou de prover as necessidades de filhos maiores e pais, em situação de

vulnerabilidade, não configura dano moral indenizável”.

Alimentos
Garante uma serie de direitos fundamentais, sob a luz do princípio da dignidade da

pessoa humana. O principio da solidariedade que determina a obrigação alimentar entre os


parentes e na relação intra-conjugal. O princípio da solidariedade familiar tem previsão no
artigo

3º, I, CRFB/88.

Orlando Gomes se refere às prestações alimentícias, mas pode-se falar em alimentos

como direitos da personalidade: direitos de receber os alimentos que você precisa, mas sem
que

você possa prover por si mesmo. Alimentos prescrevem? Depende da acepção utilizada: se se

refere ao direito da personalidade, trata-se de um direito imprescritível - o direito de se exigir


os

alimentos necessários não prescrevem. O que prescreve é a prestação alimentícia, que


prescreve

em até 2 anos, de acordo com o 206, §2º, Código Civil - nesse caso, trata-se dos alimentos já

fixados e estabelecidos.

O artigo 1.694 traz os alimentos legítimos e há também os alimentos voluntários,

que decorrem de um ato de manifestação de vontade (inter vivos ou causa mortis), assume-se

essa obrigação por uma liberalidade.

Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os

alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social,

inclusive para atender às necessidades de sua educação.

§ 1º Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos

recursos da pessoa obrigada.

§ 2º Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de

necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia. Outro dispositivo que fala de alimentos

necessários é o §2º do artigo 1.694, no caso do filho pródigo.

O artigo 1920 prevê a possibilidade de fixação de lamentosa causa mortis. Os

alimentos indenizatórios são aqueles oriundos de atos ilícitos, cuja previsão vem no artigo 920,
CC.

Quanto aos alimentos legítimos, é necessário destacar que o entendimento do STJ é

no sentido de somente caber prisão civil do devedor de alimentos legítimos, e não os dos

alimentos indenizatórios. Uma outra distinção importante é que os alimentos legítimos são
causa

de impenhorabilidade do bem de família: a dívida aumentar é ser sanada pode ser oriunda de

alimento legítimos ou indenizatórios.

Quanto à extensão, o juiz emir regra irá fixar alimentos legítimos pra garantir o padrão

de vida do alimentando, a previsão vem no artigo 1.694, CC, se chamam alimentos civis ou

alimentos côngruos.

Todavia, o juiz pode, em exceção a regra, fixar alimentos naturais ou necessários

(artigo 1.704, § único), em que os alimentos correspondem ao mínimo[para a subsistência e


não à

manutenção do padrão de vida. A hipótese o artigo 1.704, § único, CC, traz a hipótese de culpa

para o fim do relacionamento. Quem defende que não há culpa para fim de relacionamento,

entende que esse dispositivo viola o principio constitucional da solidariedade familiar, prevista
no

artigo 3º, §1º, CRFB/88.

Art. 1.704. Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a necessitar de alimentos,

será o outro obrigado a prestá-los mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha

sido declarado culpado na ação de separação judicial.

Parágrafo único. Se o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não tiver

parentes em condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será

obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispensável à sobrevivência.

Nem toda doutrina aceita a categoria de lamentos compensatórios, mas seriam

queles com caráter indenizatório e seriam devidos em 3 situações: (i) em razão do fim do

casamento, regido pela separação total de bens, e em razão do fim do relacionamento há um

aqueda abrupta do padrão de vida de uma das partes; (ii) bens a partilhar que são do mesmo

valor mas a liquidação de um é muito maior do que de outro; (iii) uso exclusivo de um bem que

pertence a ambos (a partilha dos bens ainda não foi feita mas fixa um valor a título e aluguéis -

REsp 1.290.313).

Os alimentos temporários (Stefany Brito e Alexandre Pato) são alimentos fixado a


certo termo, ou seja, com prazo específico ou com condição resolutiva. A vantagem é a

exoneração automática: decorrido o prazo ou implementada condição, os devedor é


exonerado

automaticamente.

O alimentos gravídicos tem previsão em lei própria (Lei 11.804/2008 - imprimir as

razões de veto da lei, já que a maior parte foi vetada)3: a lei regulamenta os alimentos da mãe

gestante ou do feto? Pelo artigo 1º a titular dos alimentos seria mãe gestante. Deve-se ter em

vista que o STF adota a teoria natalista, ou seja, só se é titular de direitos após o nascimento
com

vida. Para a segunda corrente, aplica-se o entendimento do artigo 2º:

Art. 1o Esta Lei disciplina o direito de alimentos da mulher gestante e a forma como será

exercido.

Art. 2o Os alimentos de que trata esta Lei compreenderão os valores suficientes para

cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da

concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e

psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais

prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras

que o juiz considere pertinentes.

Parágrafo único. Os alimentos de que trata este artigo referem-se à parte das despesas

que deverá ser custeada pelo futuro pai, considerando-se a contribuição que também

deverá ser dada pela mulher grávida, na proporção dos recursos de ambos.

Na jurisprudência não há essa discussão, os alimentos são devidos à mulher

gestante.

Na ação de alimentos gravídicos é necessário provar a paternidade? O artigo 6º traz a

possibilidade de o juiz possuir apenas indícios de paternidade

Art. 6o Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos

gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as necessidades da

parte autora e as possibilidades da parte ré.

Parágrafo único. Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos

em pensão alimentícia em favor do menor até que uma das partes solicite a sua revisão.

Não se pode exigir que a mãe faca exame de DNA antes do nascimento do bebê, já

que se mostra risco ao feto.


Ação de Alimentos
Procedimento especial quando você tiver certeza da origem da ação alimentar, você usa a Lei
5478/67, finalidade de fixar o quantum e uma certeza quanto a ação alimentar, trazer prova da
pré existência de um vínculo.

Também a outros procedimentos, por meio de tutela provisória de urgência (cautelar ou


antecipada) nos procedimentos especiais nos procedimentos especiais de família (CPC, art;
693 a 699), ex: investigação de paternidade ou alimentos gravíticos. Ou nos procedimentos
comuns, se a origem é ato lícito.

Implícito em qualquer ação de investigação de paternidade.

Oferecimento de alimentos. Art. 24 Lei. 5478/68.

Tinha diferença entre alimentos provisórios, provisionais (fixados liminarmente,) e definitivos.


Hoje não. Provisionais não tinha certeza do direito.

Provisórios: fixados em decisão interlocutória no procedimento comum, enos pesciais e nas


ações que tramitam sob o rito da lei 5.478/98

Definitos: fixados em sentença

Até quando vigoram os alimentos provisórios? Até o transito julgado da decisão, inclusive em
recursos que não são dotados de efeito suspensivo.

Apelação da sentença que fixa os alimentos não tem efeito suspensivo.

Quando favoráveis ao alimentando a sentença produz efeito desde logo – valor superior a
liminar.

Se for redução da verba alimentar, o STJ entende que nesse caso a liminar vai produzir efeito
até o trânsito em julgado, após o TJ o valor fixado na sentença retroage até a citação Art.
13§3º. (em caso se execução)

Obs.: os alimentos são Irrepetíveis e insuscetíveis de compensação. Sumula 621 STJ

Mas se o valor for a menor na liminar e depois a maior na sentença, você pode cobrar a
diferença. – execução provisória, verba alimentar.

É controvertido se cabe prisão ou não em execução provisória.

528 cpc, protesto do título executivo, sem prejuízo da possibilidade de prisão civil (medida
coercitiva)

Reiterada e procrastinação de não pagar alimentos pode caracterizar abandono material.

Com a pandemia, STJ flexibilizou a prisão civil poderia ser fixado em regime domiciliar. É
possível a penhora dos bens do devedor de alimentos, sem que haja a conversão do rito da
prisão para o da constrição patrimonial, enquanto durar a suspensão de todos as ordens de
prisão civil...

Facultou ao credor se pretende que a prisão civil seja cumprida em regime domiciliar ou se
prefere diferir o seu cumprimento.

Agora com a vacina, já pode a prisão civil em regime fechado.


O adimplemento parcial não afasta prisão civil, apenas com o pagamento integral. Não aplica a
teoria do adimplemento substancial.

Sentença já como cognição exauriente.

Recurso de apelação efeitos meramente devolutivos.

A decisão não transita em julgado e pode ser a qualquer tempo revista ou exonera – alteração
superveniente dos fatos. – De acordo com Alexandre Câmara, diz que transita em julgado sim
e faz coisa julgada material, o que você traz é uma nova causa de pedir, nova demanda.

Art. 1708, se você tiver um novo casamento ou união estável cessa a obrigação de alimentos.
Em. 265, III, CJF) – cessa também se tiver em concubinato (criticado).

Art. 1709 CC Nova prole (divergência), p stj tinha entendimento pacifico que não enseja a
redução dos alimentos, ex: novos filhos. – Cabe equiparação.

Os obrigados a pagar alimentos:

- entre parentes. Fiilhos menores – dever de sustento

- entre cônjuges/compnhaieors – parentes maiores= obrigação alimentos. Súmula 258 STJ.

- entre cônjuges: mutua assistência. Separação de fato. Art. 1704. Divórcio exceção REsp
1073052

-Para companheiro/a: separação de fato. – em regra, não cessa a obrigação de alimentos.


Comprove a a dependência financeira.

Já no divorcio rompe com o vínculos e os deveres decorrentes desse casamento, mas preclui a
ação, eu perco a chance de pedir esses alimentos?

-Alimentos avoengos: quando o pai não tiver condições ou não for vivo. Art. 1698, 1696. –
subsidiário, uma decisão judicial comprovando. Sumula 596 e Enunciado 342; - não abre uma
nova cognição para ver as necessidades dos avos de pagar.

- Para pessoa idosa: art. 230 CR. Art. 12 e 13 E. idoso

- alimentos entre colaterais. Art. 1697 CC. Tios/sobrinho Resp. 1032846- RS. – Stj entende que
na linha colateral se limita ao segundo grau. – analisar mera liberalidade, obrigação natural,
sem qualquer executividade, sendo possível a exoneração a qualquer tempo, mas sendo
repetíveis.

Na falta de ascendentes, cai para os descedentes e depois irmãos.

Obs: solidariedade so se fala nos alimentos ao idoso.

Fixação de alimentos: in natura, da aquilo que a menor precisa. Não é a regra

Alimentos fixados em pecúnia – fixação de valor.

Alimentos intitutuo personae – regra, para cada um credor.

Intuito familiar – determinado para os credores. Vantagem: entende que mesmo que um dos
filhos tenha alcançando a idade, o valor continua o mesmo.
Incide sobre quais verbais?

Valor fixo ou percentual sobre o salario do alimentante. Obs: hrs extras tb.

Não cabe verbas de caráter indenizatória.

Participação dos lucros (PLR )– em regra esta excluída

União estável – reconhecida a posteriori.

Tempo não está pré estabelecido.

Direitos assegurados art. 1723 e seguintes.

Concubinato – pessoas impedidas de casar ou constituir união estável. Nossa sociedade preza
a monogamia. Art. 1727 RESP 988090- MT/ RELATOR FILIPE SALOMÃO, APELAÇÃO CIVIL
001936-15.2006 – ALEXANDRE CAMARA.

Requisitos da União Estável:

a) De ordem subjetiva: sujeito, convivência more uxoria, vida de casal similar as pessoas
casadas, não é necessária coabitação.
affectio maritais, intuito de constituir família.

REsp: 1454643-Rel. Marco aurelio Belize. 1257819 Rel. Manssame ... Agr em recurso
726098 , Rel Ricardo levandowisk

b) Ordem objetiva: diversidade de sexos (em princípio), notoriedade (publico), duradora


e estável, (mínimo de 2 anos, mas não ta escrito em lugar nenhum). Relação
monogâmica, inexistência de impedimento maritaris.
União estável putativa: se estabelece entre pessoas, que pelo menos 1 delas não sabe
do impedimento.

Diversidade do sexo –
(livro e material do trabalho)
*interpretação conforme*
ADPF 123 – RJ
Apelação civil 0017795-52.2012.8.19.0209- 20ª câmara cível.

Deveres dos companheiros. 1724 – lealdade, respeito, assistência, guara, sustento e educação
dos filhos.
Art 1725.

Tutela, curetela e TDA. – institutos assistenciais, instrumentos de apoio em favor de


determinadas pessoas.

Tutela
Destinados a crianças e adolescentes órfãs ou cujos pais tenham sido destituídos do poder
familiar (Todos), menores de 18 anos. Estão sem representação jurídica, sem poder familiar.
Tem por finalidade atribuir representação jurídica e tornar alguém responsável pelo cuidado
daquela criança ou adolescente. – poder familiar (autoridade parental) é exclusivo dois pais,
logo não restitui o poder familiar e sim uma representação jurídica e responsabilidade de
cuidado.
Pode ser exercido por uma pessoa ou por mais de uma pessoa (tutela compartilhada, não tem
previsão na lei, faz uma interpretação extensiva da norma de curatela e o melhor interesse da
criança)

É o encargo conferido por lei a uma pessoa capaz, para cuidar da pessoa do menor e
administrar seus bens.
Se os pais recuperarem o poder familiar, ou se este surgir com a adoção ou o reconhecimento
do filho havido fora do casamento cessará o aludido ônus. Se o menor ainda se encontrar sob
o poder familiar, só se admitirá a nomeação de tutor depois que os pais forem destituídos de
tal encargo.
Art. 1728 CC
O tutor exerce um múnus público, uma delegação do Estado que, não podendo exercer essa
função, transfere a obrigação de zelar pela criação, pela educação e pelos bens do menor a
terceira pessoa. É considerada um encargo público e obrigatório, salvo 1736 e 1737 CC.

Legitimados:
- O primeiro suscetível a tutela é a pessoa indicada pelos pais, costuma conhecer essa tutela
como tutela testamentária, os pais no exército da autoridade parental pode em testamento ou
em outro documento autentico podem indicar quem eles gostariam que na inexistência dele,
quem exercesse a tutela. – Obs: é proibido testamento conjunto, logo cada um dos pais ira
fazer seu documento. -1729. Se o juiz entender que outra pessoa é mais indicada, pode o juiz
deferir assim como na legal que a família extensa é prioritária.
- Em caso de não houver indicação, ou estas indicadas rejeitam ou o juiz entende que eles não
estão apts, será o caso de tutela legal/legitima, exercida pelos parentes, primeiros ascendentes
e depois colaterais- 1731
- tutela dativa, determinada pelo juiz. – qualquer pessoa, mesmo sem vinculo de afetividade.
Juiz deve preferir o com vinculo.

Se caso for grupo de irmãos, o código propõe que os mesmos tutores exerçam a tutela desse
grupo, unificar cuidados e educação e manter eles unidos – melhor interesse da criança, regra
preferencial.

Para ser tutor ou tutora você precisa ser mais de 18 anos e ter plena capacidade civil.
Na lei do deficiente físico, os art. 6º e 84 diz expressamente as pessoas com deficiência não
tem afetado o âmbito existencial, ou seja, em tese pessoas sob curatela podem ser tutoras de
outra.

Art. 1735 CC. –

Quem for indicado por recursar - art. 1736 cc


Obs: qualquer pessoa pode recusar desde que apresente motivos legítimos.

Diferentemente da adoção, a tutela cessa aos 18 anos. São os casos de encerramento também
da modicação do tutor (remoção de tutela), morte ou emacipação do menor.

Ler o 1740 a 1762

Responsabilidades:
- Cuidar da criança ou adolescente (alimentação, moradia, educação, roupa, saúde)
- Administrar o patrimônio. Obs.: gastos extraordinários precisam de autorização judicia.
- fazer prestação de contas, a cada 2 anos, completas e nos anos de intervalo faz uma
simplificada.
Aspectos processuais:
- vara de família ou vara da infância, o que determina é a existência ou não a situação de risco.
(Competência absoluta, pode declinar)
- foro competente: onde o menor esteja.
- qualquer pessoa tem legitimidade, mas em regra o MP que pleiteia a ação (família, estado e
sociedade). Criança e adolescente não é parte do processo. DP: entende que a criança também
poderia influir no resultado, pois o que esta decidindo é a vida dela.

O procedimento esta no ECA. – 165

Da sentença cabe apelação.


Mandar averbar

CURATELA:
É instrumento de apoio utilizado para pessoas com mais de 18 anos de idade e que
apresentem diminuição /déficit em sua capacidade.
Uma pessoa com menos de 18 anos pode ser submetida a curatela? O CC diz que menos de 18
é tutela e mais de 18 é curatela. O Cristiano chaves defende que as pessoas entre 16 e 18 anos
podem ser submetida também a curatela (se apresentar em déficit em sua capacidade) ou
pessoas emancipadas também.
A curatela tem por objetivo é o instrumento de apoio e segundamente é atribuir um
representante legal para essa pessoa.
O papel principal do curador é do curatelado e ajudar a desenvolver a autonomia desse
curatelado
A curatela é excepcional, sendo justificada no caso concreto.

1774 e 1775

Defensoria é legitimada para ação de curatela.


Aspectos processuais: rj interior vara de familia ou órfãos e sucessões.
O curatelando vai ser citado para e defender.
Entrevista pessoal com o curatelando.
TOMADA DE DECISÃO APOIADA
A tomada de decisão apoiada é uma medida de apoio para pessoas com deficiência, mas
capazes, indicando auxiliadores aos atos civis.
Ela só pode ser utilizada em pessoas capazes.

Auxiliar a pessoa com deficiência nos atos civis. Só podemos usar a TDA em pessoas capazes.
So quem pleitear a TODA, tem legitimidade.

Apoiador pessoas maiores e capazes que foram indicadas pela pessoa que quer a TDA.

Juiz não pode modificar

A opinião dos curadores é facultativas. Os atos praticados mesmo sem apoio são validos.

Procurar artigo Joyciane Bezerra;


É possível a recusa justificada.

Reprodução assistida e Biodireito (bioética)


Bioética vai promover reflexões sobre como tecnológica médicas e de saúde impactam a vida
dos seres humanos, e mas recentemente, em seres não humanos. Animais e meio ambiente
hoje se encontram no espectro da bioética. O biodireito tem um aspecto mais publico que a
bioética, tomando a discussão mais jurídica, valendo da filosofia
Biodireito usa discussão para normatizar da bioética, tornar algo jurídico.
Fala sobre curatela, restrição de direitos e substituição de uma pessoa por seu curador, pode
ser tratado pela bioética, pois deve-se avaliar se essa medida favorece ou reduz a dignidade da
pessoa humana. A ideia é sempre proteger o desenvolvimento humanos maximizando a
dignidade.
Dentro do direito de família, reprodução assistida e filiação
Vamos ter que separar paternidade e maternidade. Pai para o direito é pater is est, marido da
mae que deu a luz e art. 1597 CC;

(...)
Gestação após falecimento por inseminação, é possível. – autorização do material mesmo
depois da morte.

Maternidade
Provmento 63 cnj – mae é qm escolheu a materidade.

Mudança de sexo e gênero do transsexual com ou sem cirurgia.


Sigilo do registro. Portarias do Min da Saúde e Resolução do
CFM.
Três Aspectos que são absolutamente diferentes, denominações para fins acadêmicos:
identidade de gênero, orientação sexual e sexo biológico. É possível fazer cruzamento, uma
vez que você tem cada um deles.

A identidade de gênero está relacionada a personalidade, estou verificando o sujeito


unicamente, não estou fazer uma comparação com uma terceira pessoa. É a autopercepção
de gênero, te pertencermos ao feminino, masculino, ou há nenhum, ou os 2 ao mesmo tempo.
Antigamente, só se percebia através da ciência, o binarismo, apenas homem e mulher. Há
uma enorme diversidade hoje. Exercício de papel de gênero elencado pela sociedade. Existe a
possibilidade de uma pessoa embora uma pessoa a veja como homem ter uma identidade de
gênero diferente? Sim. (convicção intima de perterncer ao genero)

Orientação sexual é a emoção, atração sexual, tem a ver com os relacionamentos íntimos
sexuais. Está errado a expressão opção, uma vez que você não escolhe sentimentos. Se for do
mesmo gênero, é homossexual. Se for sexos diferentes, é heterossexual. Há também, a
bissexualidade, liberdade maior nas suas preferências sexuais. Existe outras diversidades fora
do binarismo. (comportamento padrão definido pela pratica cultural)

O sexo biológico esta formado a formação biológica do aspecto sexual e para definição do sexo
biológico tem 5 características biológicas que precisam estar organizadas entre si para dizer se
a pessoa é do sexo feminino ou do sexo masculino, nada tem a ver com a orientação ou
identidade.

Papel de gênero é um conjunto de comportamento socialmente imposto para o exercício de


funções em acordo com o gênero feminino e masculino.

Comportamento cis normativo – comportamento

A partir da cis-normativo- significado: a partida cis-normativa, todos os comportamentos são-


desconcordantes (quem não concorda com o comportamento imposto)

Quando falamos de igualdade é de tratamento.

Identidade de Gênero

a) Cisgênero: se identifica completamente com o seu gênero de nascimento.

b) Transgénero:

- Transsexuais: identidade de gênero diversa daquele sexo biológico nascido.

- intersexualidade: existência de fatores biológicos tanto do masculino, quanto do feminino.

A conformidade da genitália, no momento do nascimento a verificação do sexo se da para


genitália, na qual rotula a pessoa na sociedade, se você não consegue a formação da genitália
se busca os outros fatores.

Ex: questão crossomial que saiu do padrão. A mulher nasce sem ovário.

- queer

- não binários

-travestis

-binário
- panagênero

- cross- dressers: transcende o papel de genero, ex: é homem e se sente bem, mas se veste de
mulher.

- andógrenos

- drag-queen

Diversidade sexual: desejo sexual

- homossexual

-heterossexual

-bissexual

-pansexual: qualquer pessoa, sem distinção de gênero.

-assexual: não tem desejo sexual.

-polissexual: fora do binarismo.

-feitiche: envolve comportamentos.

Realidade trans:

- desconforto persistente com o sexo feminino ou masculino que lhe foi atribuído no registro

- inaquedação no exercício do Papel Social;

- Sofrimento e prejuízo à vida pessoal, social e escolar

- Buscar pelo respeito e dignidade. Direito a felicidade

- Protagonistas de constrangimento e infelicidade

- Pedidos judiciais de alteração dos elementos: nome e sexo nos registro civis.

Pode levar a automutilação e suicídio.

I Jornada de Direito da Saúde – 2014 – SP

ENUNCIADO Nº 42 – dispensa cirurgia para alteração do nome Quando comprovado o desejo


de viver e ser aceito como pessoa do sexo oposto, resultando em uma incongruência entre a
identidade determinada pela anatomia de nascimento e a identidade sentida, a cirurgia de
transgenitalização é dispensável para a retificação de nome no registro civil.

ENUNCIADO Nº 43 - dispensa cirurgia para alteração do sexo É possível a retificação do sexo


jurídico sem a realização da cirurgia de transgenitalização.

Sentença – TJRJ – 2016- Requalificação Civil – Relatório:


- Trata-se de ação de requalificação civil, postulando o autor a alteração no nome e sexo
registral, em razão de incompatibilidade entre o sexo biológico e o psicológico. Inobstante
inexistir no ordenamento jurídico pátrio leis que tratem especificadamente a questão em
exame, a pretensão autoral tem amparo na Constituição Federal, notadamente no princípio da
dignidade da pessoa humana, fundamento da República Federativa do Brasil e norteador de
todo o sistema jurídico.

O direito não pode calar-se às realidades sociais. A identidade sexual afeta o mais íntimo
aspecto da vida privada. Negar o reconhecimento do sexo psicológico, no caso em exame, em
que é latente a incompatibilidade do requerente com o gênero registral feminino, resultaria
num sofrimento perpétuo para o autor

Por tais fundamentos, JULGO PROCEDENTES OS PEDIDOS, com resolução do mérito, na forma
do artigo 487, inciso I, do CPC/15, para determinar que seja expedido mandado de registro
para modificação do assentamento de nascimento do autor para que seu nome passe a
constar ANTÔNIO LUIZ DE TAL e a designação sexual para MASCULINO.

3ª. Vara de Família – Regional da Leopoldina – TJRJ – Dra. Márcia Malvar Barambo – novembro
de 2016.

Sentença – 5ª. Vara de Família da Capital – TJRJ 2017:

Requalificação Civil - Relatório

- Pois bem, a falha primária acometida sobre a transexualidade é o engano no primeiro


registro do tipo sexual, determinado ao nascer e apenas em observância dos fatores
biológicos, mas que com o passar dos anos, demonstra-se incoerente com o aspecto do sexo
psicológico e da real identidade de gênero, no caso da parte autora, a masculina. Assim, requer
a parte autora a reparação desse engano, para que adquira sua real identidade registral,
podendo ser identificado publicamente através de seus registros civis em total coerência com
sua representação de gênero e nome frente à sociedade.

Reconhecer ao Autor o direito à sua própria identidade é respeitá-lo enquanto pessoa e


cidadão, e não trará nenhum prejuízo à sociedade, gerando ao contrário, enorme bem estar,
dignidade e sentimento de justiça

Isso posto, julgo procedente o pedido do autor para a retificação civil de seu nome, de modo
que passe a figurar no Registro Civil de Pessoas Naturais como Roberto de Tal. Em
consequência, extingo o feito, nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil. Expeça-se
o Mandado ao Registro Civil, para a modificação do Registro de Nascimento do Autor para que
seu nome passe a ser ROBERTO DE TAL, alterando-se também a designação sexual de feminino
para MASCULINO.

Expeçam-se ofícios à Secretaria da Receita Federal, ao DETRAN-RJ, à Junta de Serviço Militar


para que expeça o certificado de isenção do serviço militar, à Secretaria de Políticas de
Emprego e Salário do Ministério do Trabalho, ao Serviço de Polícia Marítima Área de Fronteiras
e à Polícia Federal - repartição expedidora do Rio de Janeiro, comunicando a presente decisão,
e determinando sejam feitas as anotações pertinentes; 5ª. Vara de Família da Capital – TJRJ –
Dra. Leise Espírito Santo - 2017

Decisão STJ - 2017 - Em 09/05/2017, a Quarta Turma do STJ acolheu pedido de modificação de
prenome e de gênero de transexual que apresentou avaliação psicológica pericial para
demonstrar identificação social como mulher.  Para o colegiado, o direito dos transexuais à
retificação do registro não pode ser condicionado à realização de cirurgia, que pode inclusive
ser inviável do ponto de vista financeiro ou por impedimento médico.  RE 1.626.739/RS,
Ministro Relator Dr. Luis Felipe Salomão. Se a mudança do prenome configura alteração de
gênero (masculino para feminino ou vice-versa), a manutenção do sexo constante do registro
civil preservará a incongruência entre os dados assentados e a identidade de gênero da
pessoa, a qual continuará suscetível a toda sorte de constrangimentos na vida civil,
configurando-se, a meu juízo, flagrante atentado a direito existencial inerente à personalidade.

ADI 4275/DF - STF - 2018 - Voto do Ministro Dr. Fachin Premissas Primeira: O direito à
igualdade sem discriminações abrange a identidade ou expressão de gênero. Segunda: A
identidade de gênero é manifestação da própria personalidade da pessoa humana e, como tal,
cabe ao Estado apenas o papel de reconhecê-la, nunca de constituí-la. Terceira: A pessoa não
deve provar o que é, e o Estado não deve condicionar a expressão da identidade a qualquer
tipo de modelo, ainda que meramente procedimental.

Voto do Ministro Dr. Edson Fachin Diante de todo o exposto, julgo procedente a presente ação
direta para dar interpretação conforme a Constituição e o Pacto de São José da Costa Rica ao
art. 58 da Lei 6.015/73, de modo a reconhecer aos transgêneros, que assim o desejarem,
independentemente da cirurgia de transgenitalização, ou da realização de tratamentos
hormonais ou patologizantes, o direito à substituição de prenome e sexo diretamente no
registro civil. É como voto

RE 670.422- STF - 2018 - RE com repercussão geral reconhecida.  Foram reconhecidos os


seguintes direitos: 1. O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu
prenome e de sua classificação de gênero no registro civil. Não se exige, para tanto, nada além
da manifestação de vontade do indivíduo, o qual poderá exercer tal faculdade tanto pela via
judicial quanto pela via administrativa. 2. Essa alteração deve ser averbada à margem do
assento de nascimento, vedada a inclusão do termo 'transgênero'. 3. Nas certidões do registro
não constará nenhuma observação sobre a origem do ato, vedada a expedição de certidão de
inteiro teor, salvo a requerimento do próprio interessado ou por determinação judicial. 4.
Efetuando-se o procedimento pela via judicial, caberá ao magistrado determinar, de ofício, ou
a requerimento do interessado, a expedição de mandados específicos para a alteração dos
demais registros dos órgãos públicos ou privados, os quais deverão preservar o sigilo sobre a
origem dos atos.

Três Conclusões Importantes do Julgado  O relator, Min. Dias Toffoli, destacou 3 fatores
importantes: i) ampliou o rol de pessoas abarcadas pelo decisum, de transexuais para
transgêneros; ii) reconheceu o direito à substituição de prenome e sexo, independentemente
de cirurgia ou tratamento; iii) assentou que a via, para adequação da identidade nos assentos
públicos pode ser administrativa ou judicial, ficando afastada a imperatividade desta última.

Provimento CNJ nº 73 – 2018:

IBDFAM enviou pedido de Providências à Corregedoria Nacional de Justiça para edição de


provimento de padronização do procedimento em conformidade com o julgado na ADI 4275 e
RE 670.422.

Para a averbação que altera o registro civil dos transgêneros, a pessoa requerente deverá
apresentar ao ofício do RCPN, no ato do requerimento: I – certidão de nascimento atualizada;
II – certidão de casamento atualizada, se for o caso; III – cópia do registro geral de identidade
(RG); IV – cópia da identificação civil nacional (ICN), se for o caso; V – cópia do passaporte
brasileiro, se for o caso; VI – cópia do cadastro de pessoa física (CPF) no Ministério da Fazenda;
VII – cópia do título de eleitor; IX – cópia de carteira de identidade social, se for o caso; X –
comprovante de endereço; XI – certidão do distribuidor cível do local de residência dos últimos
cinco anos (estadual/federal); XII – certidão do distribuidor criminal do local de residência dos
últimos cinco anos (estadual/federal); XIII – certidão de execução criminal do local de
residência dos últimos cinco anos (estadual/federal); XIV – certidão dos tabelionatos de
protestos do local de residência dos últimos cinco anos; XV – certidão da Justiça Eleitoral do
local de residência dos últimos cinco anos; XVI – certidão da Justiça do Trabalho do local de
residência dos últimos cinco anos; XVII – certidão da Justiça Militar, se for o caso.

CNJ de 3 de Maio de 2021 Pag. 11-12 Regras registrais para sexo ignorado

- Provimento dispõe sobre o assento de nascimento no Registro Civil das Pessoas Naturais nos
casos em que o campo sexo da Declaração de Nascido Vivo (DNV) ou na Declaração de Óbito
(DO) fetal, tenha sido preenchido “ignorado”.

-Declaração de Nascido Vivo (DNV), o campo sexo “ignorado”, o assento de nascimento será
lavrado registrando o sexo “ignorado”.

- O oficial recomendará a escolha de prenome comum aos dois sexos.

-Recusada a sugestão, o registro deve ser feito com o prenome indicado pelo declarante.

-a designação de sexo será feita por opção, a ser realizada a qualquer tempo e averbada no
registro civil de pessoas naturais, independentemente de autorização judicial ou de
comprovação de realização de cirurgia de designação sexual ou de tratamento hormonal, ou
de apresentação de laudo médico ou psicológico.

- A pessoa optante sob poder familiar poderá ser representado ou assistido apenas pela mãe
ou pelo pai.  Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será necessário o
consentimento da pessoa optante.

CNJ nº128 Fevereiro de 2022:

- CONSIDERANDO que a igualdade de gênero é um dos Objetivos de Desenvolvimento


Sustentável da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas, à qual se comprometeram o
Supremo Tribunal Federal e o Conselho Nacional de Justiça;

-Art. 1º. Recomendar aos órgãos do Poder Judiciário a adoção do Protocolo para Julgamento
com Perspectiva de Gênero, aprovado pelo Grupo de Trabalho instituído por intermédio da
Portaria CNJ no 27/2021, para colaborar com a implementação das Políticas Nacionais
estabelecidas pelas Resoluções CNJ no 254/2020 e 255/2020, relativas, respectivamente, ao
Enfrentamento à Violência contra as Mulheres pelo Poder Judiciário e ao Incentivo à
Participação Feminina no Poder Judiciário.

STJ Sexta Turma:

-Aplicação das medidas protetivas da Lei Maria da Penha aplica-se a mulheres transexuais.

- Decisão de 05 de abril de 2022 - unânime

-Análise do recurso do Ministério Público contra decisão da Justiça de São Paulo, que negou
medidas protetivas previstas na lei para uma mulher transgênero que foi agredida pelo pai. 
Relator, Ministro Rogério Schietti – ressaltou que foram 140 assassinatos de mulheres trans no
ano de 2021.

- REsp 1.977.124/SP (2021/0391811-0)

Provimento 16/2022 do TJRS Abril de 2022:

- Permite a alteração do registro civil de pessoas nãobinária, maior de 18 anos, sem


necessidade de requerimento judicial.

- Abrange a exclusão da anotação de gênero feminino ou masculino e a inclusão da expressão


“não-binário” no registro de nascimento.

STF – ADPF 527/DF - 2021 Ministro Roberto Barroso

-Ementa: Direito das Pessoas LGBTI. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental.


Transexuais e Travestis. DIREITO DE OPÇÃO PELO CUMPRIMENTO DE PENA EM UNIDADES
PRISIONAIS FEMININAS OU MASCULINAS, NO ÚLTIMO CASO, EM ALAS ESPECÍFICAS, QUE LHES
GARANTA A SEGURANÇA.

-1. Direito das transexuais femininas e travestis ao cumprimento de pena em condições


compatíveis com a sua identidade de gênero. Incidência do direito à dignidade humana, à
autonomia, à liberdade, à igualdade, à saúde, vedação à tortura e ao tratamento degradante e
desumano (CF/1988, art. 1º, III; e art. 5º, caput, III). Normas internacionais e Princípios de
Yogyakarta. Precedentes: ADI 4275, red. p/acórdão Min. Edson Fachin; RE 670.422, rel. Min.
Dias Toffoli.

- 18 de março de 2021.

Legislação Brasileira :

-Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde, instituída pela Portaria/MS nº 675, de 30 de março
de 2006 – garante o direito ao atendimento humanizado e livre de discriminação por
orientação sexual e identidade de gênero ;

- Portaria/MS 1.707 de 18 de agosto de 2008 – instituiu o processo transexualizador -


Revogada  Portaria nº 2.803, de 19 de novembro de 2013 – redefine e amplia o processo
transexualizador no sistema SUS.

- Resolução CFM nº 2.265/2019 – revogou a Resolução CFM nº 1.955/2010 – viabilidade


técnica para as cirurgias de neocolpovulvoplastia e/ou neofaloplastia.

Resolução CFM nº2265/2019

Art. 1º Compreende-se por transgênero ou incongruência de gênero a não paridade entre a


identidade de gênero e o sexo ao nascimento, incluindo-se neste grupo transexuais, travestis e
outras expressões identitárias relacionadas à diversidade de gênero.

§ 1º Considera-se identidade de gênero o reconhecimento de cada pessoa sobre seu próprio


gênero.

§ 2º Consideram-se homens transexuais aqueles nascidos com o sexo feminino que se


identificam como homem.
§ 3º Consideram-se mulheres transexuais aquelas nascidas com o sexo masculino que se
identificam como mulher.

§ 4º Considera-se travesti a pessoa que nasceu com um sexo, identifica-se e apresenta-se


fenotipicamente no outro gênero, mas aceita sua genitália.

§ 5º Considera-se afirmação de gênero o procedimento terapêutico multidisciplinar para a


pessoa que necessita adequar seu corpo à sua identidade de gênero por meio de
hormonioterapia e/ou cirurgias.

Art. 9º Na atenção médica especializada ao transgênero é vedado o início da hormonioterapia


cruzada antes dos 16 (dezesseis) anos de idade.

§ 1º Crianças ou adolescentes transgêneros em estágio de desenvolvimento puberal Tanner I


(prépúbere) devem ser acompanhados pela equipe multiprofissional e interdisciplinar sem
nenhuma intervenção hormonal ou cirúrgica.

§ 2º Em crianças ou adolescentes transgêneros, o bloqueio hormonal só poderá ser iniciado a


partir do estágio puberal Tanner II (puberdade), sendo realizado exclusivamente em caráter
experimental em protocolos de pesquisa, de acordo com as normas do Sistema CEP/Conep,
em hospitais universitários e/ou de referência para o Sistema Único de Saúde.

§ 3º A vedação não se aplica a pacientes portadores de puberdade precoce ou estágio puberal


Tanner II antes dos 8 anos no sexo feminino (cariótipo 46,XX) e antes dos 9 anos no sexo
masculino (cariótipo 46,XY) que necessitem de tratamento com hormonioterapia cruzada por
se tratar de doenças, o que está fora do escopo desta Resolução

Art. 5º A atenção médica especializada para o cuidado ao transgênero deve ser composta por
equipe mínima formada por pediatra (em caso de pacientes com até 18 (dezoito) anos de
idade), psiquiatra, endocrinologista, ginecologista, urologista e cirurgião plástico, sem prejuízo
de outras especialidades médicas que atendam à necessidade do Projeto Terapêutico Singular.
(...)

Art. 10. Na atenção médica especializada ao transgênero é permitido realizar hormonioterapia


cruzada somente a partir dos 16 (dezesseis) anos de idade, de acordo com o estabelecido no
Projeto Terapêutico Singular, sendo necessário o acompanhamento ambulatorial
especializado, conforme preconiza a linha de cuidados específica contida no Anexo II desta
Resolução.

Art. 11. Na atenção médica especializada ao transgênero é vedada a realização de


procedimentos cirúrgicos de afirmação de gênero antes dos 18 (dezoito) anos de idade.

§ 1º Os procedimentos cirúrgicos de que trata esta Resolução só poderão ser realizados após
acompanhamento prévio mínimo de 1 (um) ano por equipe multiprofissional e interdisciplinar.

Resolução CFM 2.294/2021 Reprodução Assistida

-Adota as normas éticas para a utilização das técnicas de reprodução assistida;

- Revoga a Resolução 2.168 de 2017;

- Capítulo II - Item 2. É permitido o uso das técnicas de RA para heterossexuais, homoafetivos e


transgêneros.

Considerações da 1ª. Portaria do Min. Saúde de 2008 (Port.1707/08):


A orientação sexual e a identidade de gênero são fatores reconhecidos pelo Ministério da
Saúde como determinantes e condicionantes da situação de saúde;

- Exposição das pessoas a agravos decorrentes do estigma, dos processos discriminatórios e de


exclusão que violam seus direitos humanos, dentre os quais os direitos à saúde, à dignidade, à
não discriminação, à autonomia e ao livre desenvolvimento da personalidade;

-Providências necessárias à estruturação e implantação do processo transexualizador no SUS.

Violência Doméstica Gênero Feminino:

A câmara Especial do TJ/SP decidiu em janeiro de 2021, o caso de mulher transexual agredida
pelo companheiro, devendo tramitar na vara do Foro Central de Violência Doméstica e
Familiar Contra a Mulher da Capital.

Para o colegiado, deve ser reconhecida a identificação com o gênero feminino e a


consequente vulnerabilidade no relacionamento amoroso.

A jurisprudência do TJ/SP vem decidindo pela aplicação das medidas protetivas da lei Maria da
Penha a pessoa biologicamente do sexo masculino, mas com nome social feminino, em caso de
agressões de ex-companheiro. Tramitação em vara especializada em violência doméstica, e
não em vara criminal comum.

"Prestigiando o princípio da dignidade da pessoa humana, deve ser reconhecida sua


identificação com o gênero feminino e a consequente vulnerabilidade no relacionamento
amoroso, compatível com a ratio legis invocada, vivenciando a dominação do gênero
masculino sobre o feminino, fazendo incidir, na apuração das supostas lesões sofridas, a lei
11.340/06 (lei Maria da Penha)."

O julgamento foi unânime. O processo tramita em segredo de justiça. Fonte:


https://migalhas.uol.com.br/quentes/339431/agressao-contra-mulher-trans-tramitara-na-
vara-de-violencia-domestica?U=9117C75380C1

Jurisprudência Aplicação da Lei Maria da Penha:

O Juizado de Violência Doméstica contra a Mulher de Arapiraca, em Alagoas, aplicou a Lei


Maria da Penha em favor de uma mulher transexual ofendida e agredida por outras duas
mulheres que não aceitavam a identidade de gênero da vítima.

O juiz Alexandre Machado de Oliveira, titular do juizado, determinou como medida protetiva
que as agressoras estão proibidas de fazerem contato com a vítima ou com as testemunhas,
sob pena de prisão.

Jurisprudência – TJSP – julg. 09 Out 19 – utilização banheiros públicos:

Ação Direta de Inconstitucionalidade. Lei nº 1.185, de 28 de setembro de 2015, de iniciativa


parlamentar, que veda “a utilização de banheiros, vestiários e demais espaços segregados, de
acordo com a identidade de gênero, em instituições que atendam ao ensino fundamental,
público ou privado, instaladas no âmbito do Município”

Ato normativo impugnado está em flagrante afronta às disposições constitucionais estaduais


(arts. 144 e 237, incisos I, II, IV, VII e VIII) e às disposições constitucionais federais (arts. 1º,
inciso III art. 3º, incisos I e IV e 5º).
Aduz o MP que a lei municipal traduz grave comprometimento à dignidade da pessoa humana
e à liberdade de orientação de gênero.

Afirma que não há espaço para tal discrepância em uma sociedade multicultural que,
conforme mandamentos constitucionais federais (CF, arts. 1º, III, 3º, IV, e 5º) e estaduais acima
referidos (CE, arts. 144 e 237, I, II, IV, VII e VIII), deve primar pelo respeito ao outro, às suas
diferenças, à sua particular forma de ser e sentir, quando esta em nada afeta a forma de ser e
sentir dos seus demais integrantes.

ADI nº 2137220-79.2018.8.26.0000 - Procedente

O Desenvolvimento dos Direitos LGBT no BR 4 Direitos Fundamentais Constituição Federal


Procedimento terapêutico e cirúrgico para os transexuais. SUS União Homoafetiva. STF
Habilitação dos casamentos homoafetivos. CNJ Nome social Sistema educacional do país.
Decreto Presidencial Alteração de nome e sexo sem cirurgia compulsória. STJ 1988 2008 2011
2013 2015 2017 Alteração registro civil da pessoa transexual Direto RCPN. STF 2018 2019
Criminalização da LGBTfobia STF Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) 26 e
Mandado de Injunção (MI) 4733 - Lei 7.716/89 ADI 5543 Decisão STF 09/maio/2020 Doação de
Sangue por homossexuais 2020 ADPF 527/DF/2021 - cumprimento de pena em condições
compatíveis com a sua identidade de gênero 2021

Nome & Sexo Registral :

-Atribuídos ao nascer

- Registro de nascimento

- Pauta a representação em sociedade

NOME

- Elemento de identificação civil;

-Atribuição nominativa que passamos a ter representatividade individual no meio social em


que vivemos;

- Imprescritibilidade, inalienabilidade, imutabilidade;

Nome Social;  Lei de Registros Públicos (6.015/73);

Projeto de Lei do Senado 72/07 - que dispõe sobre registros públicos e dá outras providências,
possibilitando a substituição do prenome de pessoas transexuais - arquivado.

Projeto de Lei da Câmara 5002/2013 - Lei da identidade de gênero – denominada Lei João Nery
– propõe alterar o Art.58 da LRP;

Formação do nome FULANO SICRANO DE TAL JÚNIOR Nome ou Prenome - Simples ou


composto (nome próprio) Sobrenome Ou Patronímico Ou Apelido de família Agnome

Nome Social

Nome Social é aquele pelo qual travestis e transexuais se identificam em seu meio social.
Diversos Decretos asseguram o uso do nome social no âmbito da administração pública.
Decreto nº 33.816/11 – Município do Rio de Janeiro.  Portaria nº 233/10 – Min. Planejamento
– Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional.  Decreto nº 8.727/16 –
Presidência da República - uso em todos os órgãos públicos, autarquias e empresas federais.

Resolução nº 12/2015 - Presidência da República (SDH) - uso do nome social nas instituições de
ensino do país.

Carteiras de Identificação com Nome Social

OAB Federal aprovou em 17/05/2016, o uso de identidade civil de advogados com o nome
social.

Estado do Pará aprovou a confecção de carteiras de nome social emitidas oficialmente pela
Polícia Civil daquele estado.

Projeto de Lei Estatuto da Diversidade Sexual e de Gênero:

PROJETO DE LEI DO SENADO nº 134, DE 2018

AUTORIA: Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa  Visa a promover a


inclusão de todos, combater e criminalizar a discriminação e a intolerância por orientação
sexual ou identidade de gênero, de modo a garantir a efetivação da igualdade de
oportunidades, a defesa dos direitos individuais, coletivos e difusos das minorias sexuais e de
gênero.

125 artigos, com proposta de alteração de diversas legislação para fazer constar a igualdade
de direitos e de tratamento.

1ª Questão

Luiza dos Santos, transexual, obteve o direito de alterar no Registro Civil das Pessoas Naturais
seu prenome registral de Luiz dos Santos para Luiza do Santos, todavia o magistrado indeferiu
o pedido quanto à alteração do sexo civil, tendo em vista não ter a demandante se submetido
à cirurgia de transgenitalização (ou de redesignação genital). O magistrado sustenta que a Lei
dos Registros Públicos (Lei 6.015/1973) não contém norma que autorize a modificação do sexo
civil, contendo apenas autorização para se modificar o prenome, nos casos de substituição por
"apelidos públicos notórios", ou no caso de exposição ao ridículo (arts. 58, caput, e 59, p. u.).
Por fim, afirma que o registro civil goza de fé pública, devendo espelhar a verdade, e o que se
tem admitido é a alteração do registro, em relação ao sexo, quando a mesma for submetida à
cirurgia de redesignação sexual. Decidiu corretamente o magistrado? Responda
fundamentadamente a questão.

REsp 1561933 / RJ RECURSO ESPECIAL 2015/0044406-1 Relator(a) Ministro PAULO DE TARSO


SANSEVERINO (1144) Órgão Julgador T3 - TERCEIRA TURMA Data do Julgamento: 20/03/2018.
Data da Publicação/Fonte DJe 23/04/2018 Ementa. RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL.
REGISTRO CIVIL. ALTERAÇÃO DO SEXO. TRANSEXUAL NÃO TRANSGENITALIZADO. CABIMENTO.
PRECEDENTES DO STF E DO STJ. 1. Controvérsia acerca da possibilidade de se autorizar a
alteração do registro civil para mudança do sexo civil de masculino para feminino no caso de
transexual que não se submeteu a cirurgia de redesignação genital. 2. Possibilidade de
alteração do prenome na hipótese de exposição da pessoa a situações ridículas (art. 59, p. u.,
da Lei dos Registros Públicos). 3. Ocorrência de exposição ao ridículo quando se mantém a
referência ao sexo masculino, embora o prenome já tenha sido alterado para o feminino em
razão da transexualidade. 4. Possibilidade de alteração do sexo civil nessa hipótese. 5.
Precedentes do STF e do STJ. 6. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.

Direitos humanos e o Direito de Família. Convenções e tratados internacionais e aplicação


nos processos de Vara de Família. Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San
José da Costa Rica). Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação
contra a mulher. Convenção sobre os Direitos da Criança. Pacto internacional sobre Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais. A convenção internacional sobre os direitos das Pessoas com
deficiência.

Desenvolvimento do Direito Fundamental:

1) Propriedade e Liberdade;
2) Direitos Políticos e Cidadania;
3) Direitos Individuais – Intimidade e Vida Privada (liberdade);
4) Direito Fundamental- Sentido da existência humana.

O que é ter dignidade?

Dignidade como direitos sociais e coletivos integrados com os direitos individuais. O direito
sociais e coletivos abrange a saúde, educação, moradia. Direitos Individuais abrange igualdade
de direitos e personalidade.

Direitos Humanos da Família:

- Busca pela despatrimonialização, igualdade e dignidade na família;

- como célula mater, os princípios desenvolvidos no seio da família, derrama-se pela


sociedade;

- sociedade mais justa e mais humana, através do resgate dos valores de amor, respeito e
dignidade.

- antes, os interesses da família estavam sobrepostos aos interesses de seus entes.

- privilégio da família matrimonializada: desigualdade entre os filhos, desigualdade entre os


cônjuges;

- modelo de legitimidade da família advindo do casamento.

Declaração Universal dos Direitos Humanos:

- Assembleia Geral das Nações Unidas. Em Paris, em 10 de dezembro de 1948;

- Normas comuns a serem alcançadas por todas as nações signatárias;

Antecedentes:

- Declaração de direitos Inglesa – 1689 – pós Guerras Civis Inglesas, visando pregar a
democracia;

- Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão – 1789, pós Revolução Francesa, visando a
igualdade para todos.

Princípios Gerais:
Artigo 1º. Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Dotados de
razão e de consciência, devem agir uns pra os outros em espírito de fraternidade.

Artigo 2º. Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamadas na
presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de
língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de
nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção
fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade
da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autônomo ou sujeito a
alguma limitação de soberania.

Artigo 3º. Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS

- Assinada na conferência especializada interamericana sobre direitos humanos;

- San José, Costa Rica, em 22 de novembro de 1969;

- Realizada pela Organização dos Estados Americanos, fundada em 1948, atualmente congrega
35 países.

- Estabelecimento de normas internacionais de proteção da família;

- Princípio da não-discriminação na família; livre consentimento para casar, igualdade entre


cônjuges e entre os filhos havidos ou não do casamento;

- Direito ao nome e à nacionalidade.

Constituição de 1988

- Constituição Cidadã – garante direitos individuais e coletivos;

-Princípios da dignidade, da igualdade, da não discriminação e da liberdade, dentre outros;

- Norteia as novas formações familiares, iguala os filhos e os cônjuges.

- Tornou inconstitucional inúmeros dispositivos, incluindo o Código Civil então vigente (1916).
Ex.: CC/16 - Art. 358 – proibia o reconhecimento de filhos espúrios

Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e as Normas de proteção à


Família

Promulgado pelo Decreto nº 591/1992.

Igualdade entre homens e mulheres (art.3º);

Direitos básicos como salário justo, previdência e seguro social;

Garantia de proteção e à constituição das famílias (art.10);

Proteção à maternidade e ao parto, inclusive à licença remunerada.

1ª Questão

Eduardo e Mônica se conheceram por meio de amigos em comum. "E mesmo com tudo
diferente, veio mesmo, de repente uma vontade de se ver, e os dois se encontravam todo dia
e a vontade crescia, como tinha de ser". Depois de 6 anos entre namoro e noivado, resolveram
se casar. Após cinco anos de casamento tiveram um filho. Viviam felizes, quando então
resolveram descobrir a origem biológica de Mônica, que viveu toda a infância e adolescência
em um orfanato. Para a surpresa do casal, após a análise do registro de nascimento de Mônica
vieram a descobrir que eram irmãos. Diante do exposto, pode-se concluir que o matrimônio
em questão é nulo com fulcro no artigo 1521, IV do Código Civil? Responda,
fundamentadamente, a questão.

É certo que os impedimentos matrimoniais são proibições decorrentes de uma norma-regra


afirmando que determinadas pessoas não podem contrair casamento. É a proibição de
casamento para certas pessoas entre si. A justificativa é de natureza sanitária e moral,
obstando-se o casamento entre parentes em linha reta, ascendente ou descendente (esta
relação é chamada, comumente, de incesto). A proibição ao incesto, portanto, é justificável
normativamente.

Postas essas ideias gerais, vale, então, encalamistrar uma hipótese pouco comum, mas crível:
se dois irmãos se conhecem e se casam, estabelecendo uma relação entre marido e mulher,
sem a ciência do vínculo fraternal que os entrelaça, inclusive com decorrência de prole,
haveria nulidade casamentária, por conta do impedimento nupcial, decorrente da fria e
insensível aplicação da regra à hipótese vertente? Ora, se a regra proibitiva do incesto é
constitucional e compatível com o sistema jurídico, não há como se negar a aplicá-la (an all or
nothing). O caso, portanto, seria de um casamento nulo, embora contraído de boa-fé - o que
permitiria a projeção de alguns efeitos apenas, a partir da caracterização como casamento
putativo (CC, art. 1561).

A relação afetiva, contudo, inexoravelmente, estaria desfeita, sem a possibilidade de se


manter o núcleo familiar constituído. E, no particular, note-se que, inclusive, com a
decorrência de prole. Lado outro, se a concepção de família é de possibilidade de convivência,
salta aos olhos que, na hipótese prospectada, não se justifica invalidar a relação casamentaria
estabelecida entre irmãos (que não conheciam tal condição) e que, posteriormente,
efetivaram um núcleo familiar, centrado em solidariedade, respeito e afeto. A toda evidência,
sacrificar essa comunhão de afetos estabelecida nesse caso seria um golpe no próprio sistema
jurídico, que estabelece especial proteção para os núcleos afetivos. Até porque, ao proceder
assim, estar-se-ia utilizando a regra (CC, art. 1521, estabelecendo a proibição do incesto) para
sacrificar os valores perseguidos pelo sistema jurídico como um todo e, particularmente, por
ela mesma. O que se pretende com a proibição do incesto é evitar um prejuízo para a
convivência familiar (por conta dos potenciais efeitos deletérios), mas não sacrificar uma
comunhão de vidas formada entre irmãos que, sequer, conheciam essa condição.

Por isso, o caso seria de superabilidade (derrotabilidade) da regra proibitiva do incesto,


afastando a norma específica e reconhecendo, casuisticam ente, a validade e a eficácia do
matrimônio. Advirta-se, por oportuno: não se imaginem, com isso, que o impedimento
matrimonial decorrente da proibição de incesto estaria sendo afrontado ou eliminado do
sistema jurídico, apenas e tão somente, será superado no caso concreto, por meio da
derrotabilidade (defeseability), para privilegiar as circunstâncias específicas de um verdadeiro
extreme case. Em casos tais, supera-se, em concreto apenas, a norma regulatória, afastando-a
episodicamente, permitindo uma decisão judicial baseada na coerência, homenageando os
valores humanistas da Constituição da República.

Princípios de Yogyakarta
 29 Princípios para aplicação da legislação internacional de direitos humanos em relação à
orientação sexual e identidade de gênero

 Redigido a partir da reunião de especialistas de 25 países em novembro de 2006, em


Yogyakarta na Indonésia.

Princípio 24. Toda pessoa tem o direito de constituir uma família, independente de sua
orientação sexual ou identidade de gênero. As famílias existem em diversas formas. Nenhuma
família pode ser sujeita à discriminação com base na orientação sexual ou identidade de
gênero de qualquer de seus membros.

Os Estados deverão: a) Tomar todas as medidas legislativas, administrativas e outras medidas


necessárias para assegurar o direito de constituir família, inclusive pelo acesso à adoção ou
procriação assistida (incluindo inseminação de doador), sem discriminação por motivo de
orientação sexual ou identidade de gênero;

Corte Interamericana de Direitos Humanos – condena o Chile por violação do direito à não
discriminação por orientação sexual.

Julgamento do caso Pavez Pavez v. Chile (2022)

 Professora que ministrava aulas de religião católica desde 1985, que perdeu o “certificado
de idoneidade” necessário em razão da descoberta de sua orientação sexual.

 Afirmou que a ampla deferência de liberdade religiosa para outorga de tais certificados deve
compatibilizar-se com outros princípios fundamentais, como o da não-discriminação,
especialmente no contexto laboral, em que o trabalho e, portanto, a subsistência da pessoa
está envolvido

 Vocação docente com a redesignação forçada que caracterizou discriminação laboral.

Convenção sobre o Direitos da Criança:

 Promulgada pelo Decreto nº 99.710/1990;  Formulada pela ONU;  Cuidado e atenção


especiais à infância;  A família como ambiente natural para o crescimento e bem-estar de
todos os seus membros, e em particular das crianças, deve receber a proteção e assistência
necessárias a fim de poder assumir plenamente suas responsabilidades dentro da
comunidade;  A criança deve crescer no seio da família, em um ambiente de felicidade, amor
e compreensão, para o pleno e harmonioso desenvolvimento de sua personalidade.

Direitos Internacionais de Criança e Adolescentes:

Falta de maturidade física e mental, enseja proteção e cuidados especiais, inclusive proteção
legal, tanto antes quanto após seu nascimento.

 Princípios Sociais e Jurídicos relativos à proteção e ao bem-estar das crianças, especialmente


com referência à adoção e à colocação em lares de adoção;

 Para efeitos da Convenção, consideram crianças, os menores de 18 anos.

 Os Estados Partes adotarão medidas a fim de lutar contra a transferência ilegal de crianças
para o exterior e a retenção ilícita das mesmas fora do país.

 Estipulação de regras básicas para adoção.


 A violência contra as crianças inclui violência física, psicológica, discriminação, negligência e
maus-tratos. Estipulação de medidas urgentes e de inserção em lares seguros;

 Assinado em Haia, Holanda, em 25 de outubro de 1980;

 Entrada em vigor internacional: 1º de dezembro de 1983;

 Promulgação no Br: Decreto nº 3413, de 14 de abril de 2000;

 Protege os interesses da criança relativas à sua guarda no plano internacional, e dos efeitos
prejudiciais resultantes de mudança de domicílio ou de retenção ilícitas;

 Estabelecer procedimentos que garantam o retorno imediato da criança ao Estado de sua


residência habitual, bem como assegurar a proteção do direito de visita;

 O termo sequestro não possui a mesma designação do Código Penal – Brasil adotou a
tradução de 1980;

 Deslocamento ilegal da criança de seu país (a) e/ou a sua retenção indevida em outro local
que não o da sua residência habitual (b).

Art. 1º - A presente Convenção tem por objetivo: a) assegurar o retorno imediato de crianças
ilicitamente transferidas para qualquer Estado Contratante ou nele retidas indevidamente; b)
fazer respeitar de maneira efetiva nos outros Estados Contratantes os direitos de guarda e de
visita existentes.

Art. 16 - Depois de terem sido informadas da transferência ou retenção ilícitas de uma criança
nos termos do Artigo 3, as autoridades judiciais ou administrativas do Estado Contratante para
onde a criança tenha sido levada ou onde esteja retida não poderão tomar decisões sobre o
fundo do direito de guarda sem que fique determinado não estarem reunidas as condições
previstas na presente Convenção para o retorno da criança, ou sem que haja transcorrido um
período razoável de tempo sem que seja apresentado pedido de aplicação da presente
Convenção.

COMPETÊNCIA

Aplica-se os termos da Convenção caso o deslocamento ou retenção indevida haja ocorrido


com menos de 1 ano até a da reclamação judicial ou administrativa (art. 12)

 O juízo federal é competente no Brasil, para aferir o deslocamento ou retenção internacional


de crianças.

 O juízo estadual de família tem competência para determinação da guarda e estipulação da


convivência.

 Primeiro, analisa-se a irregularidade com a fixação do efetivo domicílio, depois busca-se a


determinação da guarda, etc.

 Aplicar-se-á ao caso, a legislação onde for domiciliada a criança, considerando como tal, sua
residência habitual quando ocorreu o deslocamento ou retenção.

 Após ciência da reclamação nos termos da Convenção, não poderá a autoridade determinar
decisão de guarda (art.16).

2ª Questão
João Carlos, residente nos Estados Unidos da América, genitor do menor Sandro, suscitou
conflito positivo de competência em que estão envolvidos o Juízo Federal da 1ª Vara de
Salvador (BA) e o Juízo de Direito da 2ª Vara de Família, Sucessões, Órfãos, Interditos e
Ausentes da mesma cidade. Afirma o suscitante ter proposto, na Justiça Federal, ação cautelar
de busca e apreensão de menor com fundamento na Convenção de Haia sobre os Aspectos
Civis do Sequestro Internacional de Crianças. Informa ainda a existência, na Justiça comum
estadual, de ação de fixação de guarda de menor c/c regulamentação de visitas, proposta pela
genitora do menor. Aduz que a genitora do menor, nascido e residente nos Estados Unidos da
América, trouxe Sandro para o Brasil mediante autorização do suscitante, a pretexto de
comparecer ao casamento do irmão dela, todavia não mais retornou àquele país e ainda
ingressou com a demanda de guarda narrada. Sustenta, portanto, que há conflito de
competência a ser solucionado, sendo certo que compete à Justiça Federal julgar as causas
mencionadas, visto haver interesse da União, signatária da Convenção de Haia.

Dessa forma João Carlos requer o sobrestamento do processo que tramita na Justiça estadual,
atribuindo-se ao juiz federal competência para tratar dos atos subsequentes. Postula, ao final,
a declaração da completa competência do juízo federal e a anulação das decisões concedidas
no juízo estadual, à exceção da que diz respeito ao direito de visitação. Intimada, a União
apresenta petição, destacando a necessidade de reunião das demandas por coerência com o
sistema de normas pertinentes, visto que a Convenção de Haia de 1980 tem por objetivo
preservar o foro do país de residência habitual da criança como o competente para julgar
ações de guarda.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO PROPOSTA NA JUSTIÇA FEDERAL


COM BASE NA CONVENÇÃO DE HAIA SOBRE ASPECTOS CIVIS DO SEQUESTRO INTERNACIONAL
DE CRIANÇAS. AÇÃO DE GUARDA E REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS PROPOSTA NA JUSTIÇA
ESTADUAL. INEXISTÊNCIA DE DECISÕES CONFLITANTES. INEXISTÊNCIA DE CONEXÃO. HIPÓTESE
DE PREJUDICIALIDADE EXTERNA. 1. Na ação de busca e apreensão em curso na Justiça Federal,
cinge-se o julgador ao exame da ocorrência de transferência e retenção ilícitas de criança e de
eventual motivo para a recusa da restituição. 2. A decisão sobre o fundo do direito de guarda e
visitação é do juiz de família. 3. A cooperação internacional estabelecida pela Convenção de
Haia tem por escopo repor à criança seu status quo, preservando o juiz natural, assim
entendido o juiz do local de sua residência habitual, para decidir sobre a guarda e
regulamentação de visitas. 4. Inexiste conexão entre a ação de busca e apreensão e a ação de
guarda e regulamentação de visitas, senão, apenas, prejudicialidade externa, a recomendar a
suspensão desta última. 5. Conflito de competência não conhecido. C 132100 / BA CONFLITO
DE COMPETENCIA 2014/0002719-9 Relator(a) Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA (1123)
Órgão Julgador S2 - SEGUNDA SEÇÃO Data do Julgamento 25/02/2015 Data da
Publicação/Fonte DJe 14/04/2015. VOTO - VISTA (VENCIDO). Ministro: Min. RICARDO VILLAS
BÔAS CUEVA. Cinge-se a controvérsia a definir se há conflito de competência entre o Juízo
Federal, em que se processa a ação de busca e apreensão de menor fundada na Convenção de
Haia, e o Juízo estadual, no qual tramita a ação de fixação de guarda e regulamentação de
visitas envolvendo o mesmo menor. Segundo o artigo 115 do Código de Processo Civil, "Art.
115. Há conflito de competência: I - quando dois ou mais juízes se declaram competentes; II -
quando dois ou mais juízes se consideram incompetentes; III - quando entre dois ou mais
juízes surge controvérsia acerca da reunião ou separação de processos ". Em uma análise
literal do referido dispositivo legal, seria possível concluir-se pela não ocorrência de qualquer
conflito de competência do caso dos autos - em que um dos juízos (o Federal) nega a
existência de conflito por estar cada juízo agindo dentro da sua respetiva esfera e o outro (o
estadual) acena tão somente pela configuração de prejudicialidade externa a ensejar a
suspensão de um dos feitos até a solução final do outro.

CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO CONTRA A


MULHER

 Decreto nº 4.316/2002 – promulga o Protocolo à Convenção;

 Formulada pelo Comité da ONU;

 Visa coibir atos atentatórios à vida e à dignidade da Mulher, garantindo-lhe igualdade de


direitos.

 Denúncias internacionais contra violações nos Estados-parte, que terão 6 meses para
apresentar soluções.

 Em relatório de 2020, a ONU defende ação urgente para erradicar “pandemia” de


feminicídio;

 Junto ao relatório, a ONU emitiu comunicado apoiado por dezenas de especialistas em


direitos humanos propondo criação de observatórios e sistemas de vigilância para prevenir
assassinatos; a Covid-19 está ofuscando a crise da violência a meninas e mulheres.

 Segundo a ONU, 7 em cada 10 mulheres no mundo já sofreram violência que vão desde o
assédio até a morte.

 Brasil é um dos países líderes em violência – dados da ONU.

 A ONU estima que cerca de 5 mil mulheres são mortas por crimes de honra no mundo por
ano.

 A 7ª forma mais comum é pelo fogo.

 UNICEF estima que 100 milhões serão forçadas ao casamento na próxima década (65%
Bangladesh, 48% Índia e 76% Níger)

“A violência contra mulheres é uma construção social, resultado da desigualdade de força nas
relações de poder entre homens e mulheres. É criada nas relações sociais e reproduzida pela
sociedade.” Nadine Gasman, porta-voz da ONU Mulheres no Brasil.

DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

 Convenção Internacional Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Promulgada pelo
Decreto nº 6.949/2009;

 Deficiência é um conceito em evolução e resulta da interação entre pessoas com deficiência


e as barreiras devidas às atitudes e ao ambiente que impedem sua plena e efetiva participação
em igualdade de oportunidades.

 Assegura a acessibilidade física, psíquica, emocional e social.

 Lei 13.146/2015 – Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência


.  Considera-se deficiente a pessoa que possui impedimento de longo prazo de natureza
física, mental, intelectual ou sensorial.

LEI BRASILEIRA DE INCLUSÃO

 Conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência – Lei 13.146/2015.

 Pessoa com deficiência é aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física,
mental, intelectual ou sensorial, capaz de obstruir participação plena em igualdade de
condições. (art.2º).

 Revogou e alterou os incisos do art. 3º e 4º do Código Civil.

 Alterou os incisos do art. 4º do CC, retirando os deficientes mental com discernimento


reduzido e os excepcionais sem desenvolvimento mental completo – que passam a depender
de avaliação técnica

 Somente serão considerados incapazes por determinação judicial e após avaliação de equipe
multidisciplinar.

 Processo de Interdição deu lugar ao processo de Curatela.

ALTERAÇÃO NO CÓDIGO CIVIL – CAPACIDADE

 Várias intervenções

 Revogou os incisos do art. 3º do Código Civil, que passa a ter apenas o caput: São
absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 anos.

 Deixaram de ser considerados, automaticamente, absolutamente incapazes: aqueles que,


por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática
de atos; ou aqueles que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade;

 Alterou os incisos do art. 4º do CC, retirando os deficientes mental com discernimento


reduzido e os excepcionais sem desenvolvimento mental completo.

 Alterou Título IV – Da Tutela, Curatela e da Tomada de Decisão Apoiada

 Criação do art. 1.783-A

LEI DA INCLUSÃO E O DIREITO DE FAMÍLIA

 Alterou o art. 1518 do CC – retirou a possibilidade do curador revogar autorização para o


casamento;

 Revogou o inciso I do art.1548 – não poderá ser considerado nulo o casamento contraído
pelo enfermo mental;

 Inseriu o §2º no art. 1550: A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbil
poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu
responsável ou curador.
 Alterou o inciso III do art.1557 (erro essencial): defeito físico irremediável que não
caracterize deficiência.

 Revogou o inciso IV – doença mental não é fator de anulação do casamento.

Alterações quanto à curatela

 Retira a sujeição à curatela (1767), o enfermo ou deficiente mental (inc. I): aqueles que não
puderem exprimir sua vontade.

 MP conduzirá o processo de curatela, em caso de deficiência mental ou intelectual e se as


pessoas designadas não o fizerem (art.1769);

 Não se fala mais em interdição – apenas processo de curatela.

 Alterações nos termos do art.1771: ao invés de especialistas, equipe multidisciplinar;

 Alterações dos termos do art.1772;

 Caberá curatela compartilhada (art.1775-A);

 Preservação do convívio familiar (art.1777);

 Cria a Tomada de Decisão Apoiada.

Tomada de Decisão Apoiada. Art. 1783 – A, CC.

 É o processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas,
com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na
tomada de decisão sobre atos da vida civil;

 A pessoa com deficiência e seus apoiadores devem apresentar termo em que conste os
limites do apoio e o prazo;

 Em caso de divergência entre o apoiado e apoiadores, caberá ao juiz decidir (§6º);

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