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INTENSIVO

DEFENSORIA
PÚBLICA
ESTADUAL

#TURMA5
META 9, ETAPA 3

#META9

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META 9, ETAPA 3

SUMÁRIO
Direito civil ..................................................................................................................................... 5
Espécies de família .................................................................................................................... 5
Família matrimonial ................................................................................................................... 5
Família mosaico reconstituída .................................................................................................. 5
Família monoparental ............................................................................................................... 5
Família anaparental ................................................................................................................... 5
Família unipessoal ..................................................................................................................... 6
Família eudemonista ................................................................................................................. 6
Família simultânea ou paralela ................................................................................................. 6
Esponsais ................................................................................................................................... 7
Namoro qualificado ................................................................................................................... 7
Casamento ................................................................................................................................. 7
Teoria clássica ............................................................................................................................ 8
Teoria institucionalista .............................................................................................................. 8
Teoria eclética ........................................................................................................................... 8
Novidade legislativa: idade núbil .............................................................................................. 8
Procedimento do casamento .................................................................................................. 11
Casamento entre pessoas do mesmo sexo ............................................................................ 12
Princípios de Yogyakarta ......................................................................................................... 12
Documentos necessários para instruir o pedido de habilitação ............................................ 13
Informações relevantes sobre o casamento .......................................................................... 13
Causas de impedimento (geram nulidade) ............................................................................. 14
Casamento avuncular .............................................................................................................. 15
Causas suspensivas .................................................................................................................. 15
Permissão ao juiz ..................................................................................................................... 16
Quem pode arguir as causas suspensivas? ............................................................................. 16
Violação às causas suspensivas ............................................................................................... 16
Casamento nulo....................................................................................................................... 17

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META 9, ETAPA 3

Casamento anulável ................................................................................................................ 17


Formas especiais de casamento ............................................................................................. 20
Casamento em caso de moléstia grave .................................................................................. 20
Casamento nuncupativo ......................................................................................................... 20
Casamento por procuração..................................................................................................... 20
Casamento putativo ................................................................................................................ 20
A Emenda Constitucional nº 66/2010 ..................................................................................... 21
Separação judicial em cartório ................................................................................................ 22
Divórcio .................................................................................................................................... 22
Regime de bens ....................................................................................................................... 23
Pacto antenupcial .................................................................................................................... 23
Nulidade do pacto antenupcial ............................................................................................... 24
Ineficácia do pacto antenupcial .............................................................................................. 24
Comunhão parcial de bens...................................................................................................... 25
Regime da comunhão universal .............................................................................................. 26
Regime de participação final nos aquestos ............................................................................ 27
Separação convencional de bens ............................................................................................ 28
Separação convencional.......................................................................................................... 28
Separação obrigatória (legal) .................................................................................................. 28
Separação obrigatória para maiores de 70 anos – inconstitucionalidade(?)......................... 29
Posse do estado de casados .................................................................................................... 29

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META 9, ETAPA 3

DIREITO CIVIL

Esponsais. Casamento - habilitação, celebração e eficácia. Dissolução de sociedade conjugal e


do vínculo matrimonial. Responsabilidade civil decorrente das relações familiares. Regime de
bens. Posse do estado de casado.

Oi, gente. Estamos de volta, agora com Direito Civil.

Neste momento entraremos em um ponto SUPER importante para nossas provas de


Defensoria Pública.

De início, precisamos saber as espécies de Família:

ESPÉCIES DE FAMÍLIA

FAMÍLIA
MATRIMONIAL Formada pelo casamento, hétero ou homoafetivo.

FAMÍLIA Nessa família, pais divorciados/separados/viúvos, que já têm outros


MOSAICO filhos, começam a viver com outra pessoa que também tem filhos de
RECONSTITUÍDA
outro relacionamento. É por essa razão que se chama “mosaico”.

FAMÍLIA É a família formada por qualquer um dos pais e seus descendentes. É o


MONOPARENTAL caso, por exemplo, de uma mãe e um filho. Não se confunde com família
ANAparental, que veremos agora.

A família anaparental é aquela formada sem a figura dos pais. O pré-fixo


FAMÍLIA “ana” significa “sem”. É o caso da família constituída só de irmãos, sem
ANAPARENTAL
pais.

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FAMÍLIA Goza de proteção jurídica também a família constituída de apenas uma


UNIPESSOAL pessoa. O STJ tem entendimento pacífico da aplicação da
impenhorabilidade do bem de família a famílias unipessoais. Vejam o
teor do Enunciado de súmula 364.

Enunciado 364: O conceito de impenhorabilidade de bem de família


abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e
viúvas.
A família eudemonista é muito importante e tem caído bastante em
FAMÍLIA prova. Trata-se de conceito bastante moderno, em que a família busca,
EUDEMONISTA
em suma, a felicidade de seus membros, baseada sobretudo no afeto,
independentemente de ter ou não laços biológicos.

Sob o viés da família eudemonista, o instituto da família não é mais algo


que deve ser preservado por si só; a família deve ser preservada, sim.
Porém, o objetivo principal disso é a busca da felicidade dos próprios
membros que a compõem. A família não é um fim em si mesma, mas um
meio para que seus componentes busquem sua felicidade.
Neste caso o indivíduo mantém pelo menos duas relações ao mesmo
FAMÍLIA tempo. Pode ser uma união estável e um casamento, ou duas uniões
SIMULTÂNEA OU
estáveis ao mesmo tempo. A jurisprudência ainda é muito tímida em
PARALELA
reconhecer a possibilidade de famílias paralelas.

DE OLHO NA DOUTRINA: Maria Berenice, uma grande estudiosa desse ramo do


Direito Civil, prega, acertadamente, que a forma correta de chamar o direito de
família é “Direito das Famílias”. Isso porque aquela forma tradicional de se enxergar a
família tem cedido espaço para formatos modernos dessa instituição.

Observem no quadro anterior a quantidade de tipos de família que estudamos. É isso


que a autora quer que atentemos: família é o núcleo em que as pessoas se unem por
intermédio de laços biológicos e/ou afetivos, servindo como um meio para que seus
componentes busquem a felicidade (família eudemonista).

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META 9, ETAPA 3

Dando continuidade aos nossos estudos, vocês sabem o que são esponsais?

ESPONSAIS
É bem simples. Esponsais significa “promessa de casamento”, ou também conhecido como “noivado”.
É o que Venosa aduz nos seguintes termos: “trata-se, em síntese, da promessa de casamento, de um
negócio preliminar”.

NAMORO QUALIFICADO
Cuidado. O namoro, ainda que qualificado (aqueles que parecem bastante com união estável), não
têm natureza jurídica nem de união estável nem de casamento, e também não se confunde com os
esponsais.

Para a maioria da doutrina, o namoro não possui caráter jurídico de direito de família.

Uma questão importante é se o fim do noivado gera automaticamente


responsabilidade civil, isto é, indenização pela parte desistente.

Em regra, não. No entanto, se o rompimento do noivado causou dano a um dos


nubentes (psicológico ou material - lucros cessantes ou danos emergentes), a coisa muda de
cenário. Assim, verificando a hipótese de existência de dano (por ex., noivo que desiste da
festa de casamento, causando prejuízo emocional e material ao outro nubente), é possível a
responsabilização civil pela quebra da boa-fé objetiva.

Sendo assim, agora entraremos no tema casamento.

CASAMENTO

Vamos iniciar com uma pergunta básica: qual a natureza jurídica do casamento? É um
contrato? Essas perguntas foram feitas na prova oral da DPE-MA, em 2019.

Vamos entender.

Há três principais teorias, segundo Carlos Roberto Gonçalves:

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META 9, ETAPA 3

TEORIA CLÁSSICA TEORIA INSTITUCIONALISTA TEORIA ECLÉTICA


Para esta teoria, o casamento é Para esta, o casamento é uma Por fim, para a teoria eclética,
um contrato puro, resultando grande instituição social. o casamento é um ato
do acordo de vontades. complexo: um contrato
especial do Direito de Família,
pelo qual as partes aderem a
uma instituição pré-organizada,
alcançando o matrimonio.

Não há consenso na doutrina quanto à adoção de uma teoria.

NOVIDADE LEGISLATIVA: IDADE NÚBIL

Nessa oportunidade, gostaria de abrir um parêntese para comentar uma novidade


legislativa muito importante. A Lei 13.811/2019, publicada dia 13 de março de 2019, trouxe
uma impactante alteração sobre idade núbil e casamento. Embora já tenhamos tratado sobre
essa novidade em metas anteriores, vamos reforçar!

Para começar, o que é idade núbil?

Amig@s, a idade núbil é a idade em que se é permitido casar. Simples! Qual é,


portanto, a idade núbil no Brasil?

16 (dezesseis) anos.

Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar,


exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes
legais, enquanto não atingida a maioridade civil.

Coloquei a expressão “homem e mulher” destacada porque sabemos que esse artigo
deve ser interpretado à luz da Constituição, cuja interpretação dada pelo STF e STJ é no
sentido de não haver diferenciação entre união entre pessoas do mesmo sexo e pessoas de

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sexo diferentes, inclusive tendo sido editada a Resolução 175 no CNJ, que trouxe a seguinte
previsão em seu art. 1º.

Art. 1º É vedada às autoridades competentes a recusa de habilitação, celebração de


casamento civil ou de conversão de união estável em casamento entre pessoas de mesmo
sexo.

Até aqui tudo bem?

Vamos prosseguir.

Agora suponham que haja divergência entre os pais dos adolescentes que não
atingiram a maioridade civil. Um pai não concorda, mas o outro concorda. E agora, como
resolver?

O art. 1.517, parágrafo único, reforça que em caso de divergência, aplica-se o disposto
no parágrafo único do art. 1.631.

Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único
do art. 1.631.

Mas e o que traz o parágrafo único do art. 1.631, gente?

Simples, o suprimento judicial, que é um pedido que o (s) pai(s) faz(em) ao Juiz a fim
de que este solucione a divergência.

Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a


qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo.

Tudo bem, vamos avançar.

Professor, você falou que apenas pessoas com pelo menos 16 anos poderiam casar,
não foi isso?

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Foi, falei. Mas eu esqueci (de propósito) de te falar que há(via) exceções. Isto é,
mesmo com menos de 16 anos (portanto, sem a idade núbil), seria possível o casamento em
determinadas situações.

É que o art. 1.520 do Código Civil indicava (até dia 13 de março de 2019) duas
possíveis exceções ao requisito mínimo de 16 anos:

IDADE NÚBIL ANTES DA LEI EXCEÇÕES À IDADE NÚBIL ANTES DA LEI


13.811/2019 13.811/2019

16 anos. Estavam no art. 1.520 do Código Civil

a) para evitar imposição ou cumprimento


de pena criminal ou;

b) Em caso de gravidez.

Portanto, antes havia, pelo menos formalmente, duas exceções: 1) para evitar
imposição ou cumprimento de pena criminal ou 2) em caso de gravidez.

A primeira era a extinção da punibilidade pelo casamento com a vítima (Art. 107, VII,
CP), que já havia sido revogada pela Lei 11.106/2005.

A segunda, permitia o casamento entre pessoas que não havia atingido a idade núbil
em casos de gravidez.

No entanto, com a nova redação dada ao art. 1.520, você precisa atualizar o seu Vade
Mecum, pois não existe mais NENHUMA exceção à idade núbil.

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META 9, ETAPA 3

IDADE NÚBIL EXCECÕES À IDADE NÚBIL APÓS A LEI


APÓS A LEI 13.811/2019 13.811/2019

16 ANOS. Não há exceções.

Vejam como ficou a nova redação dada ao art.1.520:

Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade
núbil, observado o disposto no art. 1.517 deste Código.

Em resumo: não há mais qualquer situação, nos termos do art. 1.520 do Código Civil,
que permita o casamento entre pessoas que não atingiram a idade núbil.

Por fim, ressalte-se que essa alteração está de acordo com o Direito Internacional dos
Direitos Humanos, e segundo o Professor Caio Paiva1, “cumpre com recomendação dos
Comitês sobre os Direitos da Criança e sobre Eliminação de Discriminação contra a Mulher,
além de constar na RPU-BR (Revisão Periódica Universal sobre o Brasil)”.

Pergunta de prova oral: o que é o casamento infantil? Amig@s, simples; é o


casamento de quem não possui idade núbil (que no Brasil é 16 anos) e agora é vedado pelo
ordenamento jurídico.

Como se dá o procedimento do casamento? Essa pergunta, embora não seja difícil, foi
feita na prova oral da DPE-BA.

PROCEDIMENTO DO CASAMENTO
Os noivos devem requerer a instauração do referido processo no cartório de seu domicílio.

O oficial do cartório afixará os proclamas em lugar ostensivo no cartório e fará publicar pela
imprensa local, se houver. O MP terá vista dos procedimentos do casamento, mas o
magistrado, como regra, não. Os autos do casamento só vão para o Juiz se houver

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Publicação em suas Redes Sociais (Twitter).

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META 9, ETAPA 3

impugnação.

Decorrido o prazo de 15 dias (a contar da afixação do edital no cartório), o oficial, se não


houver oposição de impedimentos matrimoniais, entregará aos nubentes certidão de que
estão habilitados (desde que o casamento seja realizado em até 90 dias). Passado esse
prazo, perde-se a eficácia.

CASAMENTO ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO


O Supremo Tribunal Federal, nos acórdãos prolatados em julgamento da ADPF 132/RJ e da
ADI 4277/DF, reconheceu a inconstitucionalidade de distinção de tratamento legal às
uniões estáveis constituídas por pessoas de mesmo sexo.

Nesse sentido, o CNJ editou a Resolução n. 175/2013, que traz os seguintes artigos:

Art. 1º É vedada às autoridades competentes a recusa de habilitação, celebração de


casamento civil ou de conversão de união estável em casamento entre pessoas de mesmo
sexo.
Art. 2º A recusa prevista no artigo 1º implicará a imediata comunicação ao respectivo juiz
corregedor para as providências cabíveis.

PRINCÍPIOS DE YOGYAKARTA
O princípio n. 2 de Yogyakarta afirma que todas as pessoas têm o direito de desfrutar de
todos os direitos humanos livres de discriminação por sua orientação sexual ou identidade
de gênero. Todos e todas têm direito à igualdade perante à lei e à proteção da lei sem
qualquer discriminação, seja ou não também afetado o gozo de outro direito humano. A lei
deve proibir qualquer dessas discriminações e garantir a todas as pessoas proteção igual e
eficaz contra qualquer uma dessas discriminações.

A discriminação com base na orientação sexual ou identidade gênero inclui qualquer


distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada na orientação sexual ou identidade de
gênero que tenha o objetivos ou efeito de anular ou prejudicar a igualdade perante à lei ou

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META 9, ETAPA 3

proteção igual da lei, ou o reconhecimento, gozo ou exercício, em base igualitária, de todos


os direitos humanos e das liberdades fundamentais.

Atenção: É importante ter conhecimento de regras e princípios internacionais, sobretudo


em provas discursivas e orais, relacionando-os com o sistema jurídico brasileiro.

Agora vamos continuar.

DOCUMENTOS NECESSÁRIOS PARA INSTRUIR O PEDIDO DE HABILITAÇÃO

Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos
os nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com
os seguintes documentos:

I - certidão de nascimento ou documento equivalente;

II - autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato
judicial que a supra;

III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-
los e afirmem não existir impedimento que os iniba de casar;

IV - declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de


seus pais, se forem conhecidos;

V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de


anulação de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio.

INFORMAÇÕES RELEVANTES SOBRE O CASAMENTO


CUIDADO: o casamento é civil e gratuito A SUA CELEBRAÇÃO. As bancas gostam de confundir. O
casamento é pago, apenas a CELEBRAÇÃO que é gratuita. Portanto, a habilitação, em tese, não é
gratuita.

EXCEÇÃO À REGRA: a habilitação para o casamento, o registro e a primeira certidão serão isentos
de selos, emolumentos e custas, para as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as penas da lei.

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META 9, ETAPA 3

CASAMENTO RELIGIOSO: O casamento religioso que atender às exigências da lei para a validade do
casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a
partir da data de sua celebração.

§ 1o O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de sua
realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de
qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação. Após o referido
prazo, o registro dependerá de nova habilitação.

NULIDADE: Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos
consorciados houver contraído com outrem casamento civil.

Agora vamos para dois pontos importantíssimos sobre a validade do casamento:


causas de impedimento (absolutamente dirimentes) e causas de suspensão (impedimentos
proibitivos ou impedientes).

CAUSAS DE IMPEDIMENTO (GERAM NULIDADE)


CAPÍTULO III
Dos Impedimentos

Art. 1.521. Não podem casar:

I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;

II - os afins em linha reta;

III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;

IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;

V - o adotado com o filho do adotante;

VI - as pessoas casadas;

VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra

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META 9, ETAPA 3

o seu consorte.

Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do


casamento, por qualquer pessoa capaz.

Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum


impedimento, será obrigado a declará-lo.

Em caso da infringência aos impedimentos acima, haverá a nulidade do casamento.

A título de curiosidade, você sabe o que é casamento avuncular? Se sim, ele é


permitido no Brasil?

CASAMENTO AVUNCULAR
Trata-se do casamento entre tios e sobrinhos, ou seja, entre parentes colaterais em terceiro grau.

Embora haja a proibição do art. 1.521, IV do Código Civil, o casamento avuncular (entre tios e
sobrinhos) é permitido, devendo ser observado o disposto no Decreto-Lei n. 3.200/41 (perícia por
junta médica para verificação da saúde e riscos para a prole). Portanto, cuidado com questões
assim.

Veremos agora as causas suspensivas.

CAUSAS SUSPENSIVAS
Art. 1.523. Não devem casar:

I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos
bens do casal e der partilha aos herdeiros;

II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez
meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;

III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do
casal;

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META 9, ETAPA 3

IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou


sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não
estiverem saldadas as respectivas contas.

Atenção ao enunciado 330 da IV JDC: As causas suspensivas da celebração do casamento


poderão ser arguidas inclusive pelos parentes em linha reta de um dos nubentes e pelos
colaterais em segundo grau, por vínculo decorrente de parentesco civil.

PERMISSÃO AO JUIZ
É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas
previstas nos incisos I, III e IV do artigo anterior, provando-se a inexistência de prejuízo,
respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no
caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na
fluência do prazo.

QUEM PODE ARGUIR AS CAUSAS SUSPENSIVAS?


Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser arguidas pelos parentes
em linha reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo
grau, sejam também consanguíneos ou afins.

A pergunta agora é a seguinte: se houver o desrespeito às causas suspensivas vistas


acima, o casamento é nulo ou anulável?

Nenhum dos dois. O Código Civil apenas traz uma sanção de efeitos patrimoniais,
vejam:

VIOLAÇÃO ÀS CAUSAS SUSPENSIVAS


Duas são as principais sanções para quem infringe a regra do art. 1.523:

1. SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DE BENS

Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:

I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração
do casamento;

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META 9, ETAPA 3

2. HIPOTECA LEGAL
Art. 1.489. A lei confere hipoteca:

(...)

II - aos filhos, sobre os imóveis do pai ou da mãe que passar a outras núpcias, antes de
fazer o inventário do casal anterior;

CASAMENTO NULO CASAMENTO ANULÁVEL


Será nulo o casamento contraído com Art. 1.550. É anulável o casamento:
infringência de impedimento.
I - de quem não completou a idade mínima para
casar;
CUIDADO: com o Estatuto da Pessoa com
Deficiência, não há mais nulidade em razão de
II - do menor em idade núbil, quando não
casamento contraído por pessoa com
autorizado por seu representante legal;
deficiência.
III - por vício da vontade, nos termos dos arts.
1.556 a 1.558;
ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA: A
pessoa com deficiência mental ou intelectual em IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de

idade núbia poderá contrair matrimônio, modo inequívoco, o consentimento;


expressando sua vontade diretamente ou por
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o
meio de seu responsável ou curador.
outro contraente soubesse da revogação do
mandato, e não sobrevindo coabitação entre os
cônjuges;

VI - por incompetência da autoridade


celebrante.

PRAZO: há prazo para que seja intentada a ação


de anulação de casamento.

Qual o prazo para ser ajuizada uma ação de anulação de casamento?

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META 9, ETAPA 3

Depende.

Vejam abaixo a tabela.

Do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;


180 DIAS
2 ANOS Se incompetente a autoridade celebrante;
Nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557 (ERRO ESSENCIAL)

Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:


3 ANOS

I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal
que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge
enganado;

II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne


insuportável a vida conjugal;

III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não


caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por
herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência;

CUIDADO: o inciso IV foi revogado pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência.

4 ANOS Se houver coação.

Cuidado para não confundir.

CASAMENTO É o contraído com a inobservância das causas suspensivas.

IRREGULAR
CASAMENTO Casamento sem celebração ou sem consentimento.

INEXISTENTE

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META 9, ETAPA 3

CASAMENTO NULO/ANULÁVEL E OS EFEITOS QUANDO REALIZADO DE BOA FÉ


Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o
casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença
anulatória.

§ 1o Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a


ele e aos filhos aproveitarão.

§ 2o Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só


aos filhos aproveitarão.

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META 9, ETAPA 3

FORMAS ESPECIAIS DE CASAMENTO

Agora vamos nos aventurar pelas formas especiais de casamento


O presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo
CASAMENTO EM CASO DE urgente, ainda que à noite, perante DUAS TESTEMUNHAS que saibam ler e
MOLÉSTIA GRAVE
escrever.
Também chamado de casamento “in articulo mortis”.

CASAMENTO NUNCUPATIVO
Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não
obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de
seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de SEIS
TESTEMUNHAS, que com os nubentes não tenham parentesco em linha
reta, ou, na colateral, até segundo grau.
Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por
instrumento público, com poderes especiais.
CASAMENTO POR
PROCURAÇÃO
§ 1o A revogação do mandato não necessita chegar ao conhecimento do
mandatário; mas, celebrado o casamento sem que o mandatário ou o
outro contraente tivessem ciência da revogação, responderá o mandante
por perdas e danos.

§ 2o O nubente que não estiver em iminente risco de vida poderá fazer-se


representar no casamento nuncupativo.

§ 3o A eficácia do mandato não ultrapassará noventa dias.

§ 4o Só por instrumento público se poderá revogar o mandato


(paralelismo das formas).

CASAMENTO PUTATIVO É todo casamento (mesmo nulo ou anulável) que produz efeitos jurídicos
para quem está de boa-fé.

Agora entraremos em um ponto importante e sempre presente em provas, que é a


dissolução da sociedade conjugal.

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META 9, ETAPA 3

A EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 66/2010

A Emenda Constitucional n. 66/2010 alterou o art. 226 da Constituição, retirando o


prazo de separação judicial e separação de fato para concessão do divórcio.

De início, informo a vocês que o STJ entendeu, em 15/08/2017, que a EC 66/2010 não
revogou, expressa ou tacitamente, a legislação ordinária que trata da separação judicial.

RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. EMENDA


CONSTITUCIONAL N° 66/2010. DIVÓRCIO DIRETO. REQUISITO
TEMPORAL.EXTINÇÃO. SEPARAÇÃO JUDICIAL OU EXTRAJUDICIAL.
COEXISTÊNCIA.INSTITUTOS DISTINTOS. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA
VONTADE. PRESERVAÇÃO. LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL.
OBSERVÂNCIA. 1. A dissolução da sociedade conjugal pela separação
não se confunde com a dissolução definitiva do casamento pelo
divórcio, pois versam acerca de institutos autônomos e distintos.
2. A Emenda à Constituição nº 66/2010 apenas excluiu os requisitos
temporais para facilitar o divórcio. 3. O constituinte derivado
reformador não revogou, expressa ou tacitamente, a legislação
ordinária que cuida da separação judicial, que remanesce incólume no
ordenamento pátrio, conforme previsto pelo Código de Processo Civil
de 2015 (arts. 693, 731, 732 e 733 da Lei nº 13.105/2015).
4. A opção pela separação faculta às partes uma futura reconciliação e
permite discussões subjacentes e laterais ao rompimento da relação.
5. A possibilidade de eventual arrependimento durante o período de
separação preserva, indubitavelmente, a autonomia da vontade das
partes, princípio basilar do direito privado.
6. O atual sistema brasileiro se amolda ao sistema dualista opcional
que não condiciona o divórcio à prévia separação judicial ou de fato.
7. Recurso especial não provido.

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META 9, ETAPA 3

(REsp 1431370/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA,


TERCEIRA TURMA, julgado em 15/08/2017, DJe 22/08/2017)

Vejam como era e como ficou o art. 226 da CF/88:

ANTES DA EMENDA 66/2010 DEPOIS DA EMENDA 66/2019


§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo
divórcio, após prévia separação judicial por mais divórcio.
de um ano nos casos expressos em lei, ou
comprovada separação de fato por mais de dois
anos

A separação judicial consiste em uma forma de dissolução da sociedade conjugal, mas


não põe fim ao VÍNCULO conjugal. Esta pode ser CONSENSUAL ou LIGITIOSA.

Há ainda a separação consensual por escritura publica, independente de ação judicial.

SEPARAÇÃO JUDICIAL EM CARTÓRIO


Pode ser feita em cartório se não houver conflito (tem que de ser consensual), não pode haver
interesses de incapazes ou menores e é OBRIGATÓRIA a presença de um advogado.

Agora veremos mais detalhes sobre divórcio.

DIVÓRCIO
O divórcio e a morte põem fim ao casamento. Precisamos saber duas formas das partes se divorciarem:
1. DIVÓRCIO CONVERSÃO: conversão de separação em divórcio (para aqueles que estavam apenas
separados).
2. DIVÓRCIO DIRETO: Isso foi possível a partir de 2010, com a Emenda 66 que vimos acima.

Por fim, cuidado com o Enunciado 197 da Súmula do STJ:

ENUNCIADO 197: O divórcio direto pode ser concedido sem que haja prévia partilha dos
bens.

22
META 9, ETAPA 3

Pronto.

Agora analisaremos os REGIMES DE BENS, ponto EXTREMAMENTE IMPORTANTE para


nossa prova.
REGIME DE BENS

Em síntese, temos 5 (cinco) regimes de bens previstos no Código Civil. Quatro são de
livre escolha dos nubentes, e 1 (separação obrigatória) é uma sanção imposta a quem não
poderia casar, mas mesmo assim casou.

Vamos começar do começo, como se diz, não é?

Você já ouviu falar em pacto antenupcial? Isso cai bastante e vocês precisam entender
direitinho.

PACTO ANTENUPCIAL
Em síntese, o pacto antenupcial é uma solenidade indispensável para formalizar a escolha de um
regime matrimonial DIFERENTE daquele previsto como regra. Ou seja, sempre que o regime
escolhido NÃO FOR O REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL DE BENS, o pacto antenupcial é
OBRIGATÓRIO.

E o que vocês precisam saber sobre ele?

Primeiro: É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública (porque é uma forma
exigida para a validade do ato), e ineficaz se não lhe seguir o casamento (porque se não houve
casamento então não tem como um pacto antenupcial fazer efeito). Mais abaixo faremos uma
tabelinha sobre isso.

Segundo: A eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor, fica condicionada à aprovação de
seu representante legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório de separação de bens.

Terceiro: As convenções antenupciais não terão efeito perante terceiros senão depois de
registradas, em livro especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges (é o

23
META 9, ETAPA 3

registro que dará a publicidade erga omnes do pacto).

Tabelinha prometida:

NULIDADE DO PACTO ANTENUPCIAL INEFICÁCIA DO PACTO ANTENUPCIAL


Se não for feito por escritura pública Se não lhe seguir o casamento.

Interessante.

Agora uma pergunta: em união estável existe pacto antenupcial?

Na união estável, como regra, vigora o regime de comunhão parcial de bens. Para que
o regime seja diverso, podem as partes realizarem um pacto de convivência para escolha do
regime de bens independentemente de registro em cartório.

Como bem assevera Márcio André Cavalcante, o Provimento 37/2014-CNJ dispõe


sobre o registro da união estável no Livro "E", por Oficial do Registro Civil da Pessoas Naturais,
deixando claro que não é obrigatório o registro do contrato de convivência nem a sua
celebração por escritura pública.2

Em relação aos regimes de bens, o STF possui dois enunciados de súmula que
merecem ser destacados:

ENUNCIADO 305: Acordo de desquite ratificado por ambos os cônjuges não é retratável
unilateralmente.

ENUNCIADO 377: No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na


constância do casamento.

Mas como dito anteriormente, quais são os regimes de bens existentes?

2
Disponível em https://www.dizerodireito.com.br/2017/02/contrato-de-convivencia-nao-exige.html. Acesso em
10/05/2019.

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META 9, ETAPA 3

REGIMES DE BENS

COMUNHÃO COMUNHÃO PARTICIPAÇÃO FINAL SEPARAÇÃO SEPARAÇÃO


PARCIAL UNIVERSAL NOS AQUESTOS CONVENCIONAL OBRIGATÓRIA

Vamos analisá-los.

COMUNHÃO PARCIAL DE BENS

É a regra no Direito brasileiro. Quando não há pacto antenupcial - para escolher


regime diverso - a comunhão parcial será o regime adotado.

Certo, mas o que se comunica na comunhão parcial?

No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na


constância do casamento. O que não entra na comunhão, por exemplo? Vejamos!

BENS EXCLUÍDOS DA COMUNHÃO PARCIAL DE BENS


I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do
casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;

II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-


rogação dos bens particulares;

III - as obrigações anteriores ao casamento;

IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal;

V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;

VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;

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META 9, ETAPA 3

VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.

Precisamos saber também os bens que ENTRAM na comunhão quando se fala no


regime de comunhão parcial:

BENS QUE ENTRAM NA COMUNHÃO PARCIAL


Art. 1.660. Entram na comunhão:

I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome
de um dos cônjuges;

II - os bens adquiridos por fato eventual (ex.: um dos cônjuges ganhou na loteria), com ou sem
o concurso de trabalho ou despesa anterior;

III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges
(porque se fosse em favor de um cônjuge apenas o bem não iria se comunicar);

IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge;

V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância
do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão.

CUIDADO PLUS: São incomunicáveis os bens cuja aquisição tiver por título uma causa anterior ao
casamento.

CUIDADO MEGA POWER: No regime da comunhão parcial, presumem-se adquiridos na constância


do casamento os bens móveis, quando não se provar que o foram em data anterior.

REGIME DA COMUNHÃO UNIVERSAL

O regime de comunhão universal importa a comunicação de todos os bens presentes e


futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas.

Mas calma, há exceções, que veremos agora:

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META 9, ETAPA 3

BENS EXCLUÍDOS DA COMUNHÃO UNIVERESAL


Art. 1.668. São excluídos da comunhão:

I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em


seu lugar;

II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada


a condição suspensiva;

III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou
reverterem em proveito comum;

IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de


incomunicabilidade;

V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659 (os bens de uso pessoal, os livros e
instrumentos de profissão; os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; as pensões, meios-
soldos, montepios e outras rendas semelhantes).

REGIME DE PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS

É um regime que costuma cair em provas, por ser menos estudado pela maioria dos
alunos.

Trata-se de um regime misto: durante o casamento aplicam-se as regras da separação


total de bens e, após sua dissolução, as regras da comunhão parcial. Lembrem-se: depende
de pacto antenupcial.

NÃO CUSTA REFORÇAR


No regime de participação final nos aquestos, cada cônjuge possui patrimônio próprio, e lhe cabe, à
época da dissolução da sociedade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título
oneroso, na constância do casamento.

VAI CAIR: na participação final nos aquestos, integram o patrimônio próprio os bens que cada
cônjuge possuía ao casar e os por ele adquiridos, a qualquer título, na constância do casamento.

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META 9, ETAPA 3

SEPARAÇÃO CONVENCIONAL DE BENS

Nesse regime, cada um dos cônjuges conserva a plena propriedade. É aquele ditado:
cada um fica com o que é seu. No entanto, ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para
as despesas do casal na proporção dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo
estipulação em contrário no pacto antenupcial.

Cuidado para não confundir a SEPARAÇÃO CONVENCIONAL com a SEPARAÇÃO


OBRIGATÓRIA DE BENS.

SEPARAÇÃO CONVENCIONAL SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DE BENS (LEGAL)


Não é uma punição. É uma punição para aqueles que descumprem
algumas regras.
Aqui os cônjuges, de livre e espontânea
vontade, decidem optar pela separação dos seus Assim, será o regime de separação obrigatória e
bens. Por isso o nome “separação bens para as seguintes situações:
convencional”, porque é uma convenção entre
Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação
eles.
de bens no casamento:

I - das pessoas que o contraírem com


inobservância das causas suspensivas da
celebração do casamento;

II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos;

III - de todos os que dependerem, para casar, de


suprimento judicial.

SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA (LEGAL)

Conforme explica Márcio André Cavalcante no Livro Dizer o Direito Comentado (2018,
p.522), a separação absoluta é a separação convencional, ou seja, estipulada voluntariamente
pelas partes (art. 1.687). Não há comunicação dos bens adquiridos na constância do
casamento. Assim, somente haverá separação absoluta (incomunicável) na separação
convencional (...). Por outro lado, separação obrigatória (LEGAL) é aquela prevista no art.

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META 9, ETAPA 3

1.641. Comunicam-se os bens adquiridos na constância do casamento, desde que


comprovado o esforço comum para a sua aquisição. Neste caso aplica-se o Enunciado de
Súmula 377 do STF.

Enunciado 377-STF: No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na


constância do casamento.

Chamo à atenção de vocês para um detalhe importante:

SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA PARA MAIORES DE 70 ANOS – INCONSTITUCIONALIDADE(?)


O art. 1.641, II, afirma que o regime de bens será o de separação obrigatória se um dos nubentes
for pessoa maior de 70 (setenta) anos.

A hipótese é atentatória do princípio constitucional da dignidade da pessoa humana, por reduzir


sua autonomia como pessoa e constrangê-la à tutela reducionista, além de estabelecer restrição à
liberdade de contrair matrimônio, que a Constituição não faz. Consequentemente, é
inconstitucional este ônus (LÔBO, p. 242-243 apud GONÇALVES, 2012, p. 402).

Registre-se que a referida proteção ao idoso acaba por violar sua própria autonomia, causando,
sem dúvidas, um impacto desproporcional.

Por fim, gostaria que vocês anotassem em seus cadernos um ponto importante. Vocês
já ouviram falar em “posse do estado de casado”?

POSSE DO ESTADO DE CASADOS


Segundo Ciara Bertocco Zaqueo, a celebração do casamento é provada pela certidão do registro
conforme dispõe o art. 1.543, CC.

Assim, regra geral, ninguém pode alegar estado de casado sem essa prova. Entretanto, o registro
não é essencial, pois mesmo em sua ausência, o casamento pode ser provado pelos meios de
provas admitidas em direito para justificar a perda ou a falta do documento (art. 1.543, parágrafo
único).

Na ausência do registro, a posse de estado de casado é a melhor prova do casamento, mas o CC

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META 9, ETAPA 3

admite apenas em duas situações:

1) Cônjuges que não possam manifestar sua vontade;

2) Falecimento dos cônjuges nesse estado, em benefício da prole comum (art. 1545, CC).

No entanto, a doutrina afirma que o casal deve ter um comportamento social, público e notório,
assim se tratando reciprocamente. Quem assim se comporta, presumivelmente encontra-se no
estado de casado.

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