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DIREITO DE FAMÍLIA
MANUAL ESQUEMÁTICO
(revisado em janeiro/2014)
Propositalmente, este material traz lacunas que devem ser preenchidas nas oficinas presenciais. A utilização correta
deste material (fornecido gratuitamente) implica na presença continuada em sala de aula, com inserção das falas e dos
debates produzidos no referido espaço acadêmico.
Definições
A paixão adulta
que é abrupta
e aguda
é a água que rompe o dique.
Sem fronteiras
sem raça
sem língua
sem cor:
como as águas amazoninas
assim é o amor.
ROTEIRO
1. Conceito amplo
2. Conceito restrito
3. Breve histórico
4. Família atual: características
5. Princípios constitucionais
DESENVOLVIMENTO
(Tarsila do Amaral – A família – 1925)
1. Conceito amplo
Conjunto de pessoas unidas por vínculo jurídico de natureza familiar, guardando,
portanto, relação de parentesco entre si, inclusive o *cônjuge ou companheiro.
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2. Conceito restrito
Núcleo formado por pais e filhos(1), ou por apenas um dos pais e seus descendentes
(2), onde os filhos vivem sob o poder familiar (3).
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(2).................................................................................................................................
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(3).....................................................................................................................................
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Comentários conceitos de Venosa e Josserand...
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A família nuclear biparental e a monoparental (Art. 226, § 4º, CF) são chamadas de
família natural, pelo ECA (Art. 25).
No estudo da adoção fala-se em família extensa ou ampliada (Art. 25, parágrafo
único, ECA), que não se confunde com a família em sentido amplo (de Josserrand),
mas trata-se do menor no convívio familiar de parentes (parentes assumem guarda,
tutela ou adotam).
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Obs.: incestuosa é a relação sexual entre pessoas impedidas, em razão do parentesco,
de se casar (pais/filhos; irmãos; cunhados; sogro/nora; genro/sogra etc).
3.2 Roma e patriarcalismo
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3.3 Patriarcalismo no Brasil
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4. Família atual: características
a) instituição basilar e matricial (CF, Art. 226);
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b) descentralização da educação (CF, Art. 227);
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d) dissociação do binômio casamento + religião (CF, Art. 226, § 1º) e
dissociação do binômio casamento + família (CF, Art. 226, § 3º): o afeto é a base
para a formação das entidades familiares;
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f) igualdade dos cônjuges e dos companheiros (CF, Art. 5º e § 1º e Art.
226, § 5º);
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g) convívio de gerações, em razão da longevidade;
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i) família monoparental é cada vez mais corrente (CF, Art. 226, § 4º);
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j) planejamento familiar pertence à família (CF, Art. 226, § 7º);
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5. Princípios constitucionais:
a) da dignidade da pessoa humana (CF, Art. 1º, III, Art. 226, §§ 3º e 4º, Art. 227, §
6º, Art. 230 etc);
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b) da igualdade (CF, Arts. 5º, I, 226, § 5º e 227, § 6º);
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c) da paternidade responsável e da liberdade – planejamento familiar (CF,Art. 226, §
7º);
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d) da solidariedade familiar (Art. 229);
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e) da função social da família – Gonçalves: CF, Art. 227;
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f) da liberação sexual – Maria Helena: CF, Art. 226, § 3º e 227, § 6º;
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g) da juridicidade do afeto – Maria Berenice Dias (CF, Art. 226, § 3º e Art. 227, §
6º).
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Outras questões:
- Liste dispositivos que se refiram ao conceito amplo e ao conceito restrito de família.
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- Comente a expressão legal (Art. 226, da CF): “especial proteção do Estado”.
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OBJETIVO nº 2
Conhecer o perfil do Direito de Família (Cp)
ROTEIRO
1. Definição
2. Disposições legais (Antropofagia – 1929 – Tarsila do Amaral)
3. Características
DESENVOLVIMENTO
1. Definição
Direito de Família é o sub-ramo do direito civil que regula o casamento, a união
estável, o regime de bens, o desfazimento da sociedade e do vínculo conjugal, a
filiação e outros institutos afins.
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2. Disposições legais
a) CF, Arts. 226 e s.;
b) CC, Livro IV, Arts. 1.511 e s.;
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c) Leis extravagantes, como: Lei nº 6.515/77 (divorcista); Lei nº 8.069/90 (ECA); Lei
nº 9.263/96 (Planejamento familiar); Lei nº 10.741/03 (Idoso); Lei nº 5.478/68
(Alimentos).
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b) intervenção estatal com finalidade protetiva;
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c) natureza extrapatrimonial – negócios intuitu personae;
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d) vontade sem escopo econômico – afetividade;
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f) centrado nos deveres;
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g) negócios jurídicos sem intuito negocial – efeitos desenhados na lei;
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h) exige especialização de seus operadores (citar exemplo da sentença);
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Algumas questões:
- o Direito de Família é público ou privado?
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- a vontade é a base dos negócios jurídicos. A vontade, no Direito de Família é,
ontologicamente, a mesma dos negócios jurídicos em geral?
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OBJETIVO nº 3
Compreender casamento, de forma ampla, considerando diversos aspectos (Cp)
ROTEIRO
1. Definição
2. Importância
3. Disposições legais: Arts. 1.511 e s. (Livro IV)
4. Natureza jurídica
5. Origem
6. Questões terminológicas
7. Características
8. Requisitos
9. Prova do casamento: regra e exceções
DESENVOLVIMENTO
1. Definição
Casamento é a união do homem e da mulher, contraída solenemente e de
conformidade com a lei civil – Josserand.
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2. Importância
Negócio jurídico mais solene do direito doméstico; é principal fonte de família, e
esta é a base da sociedade.
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4. Natureza jurídica
Três escolas:
a) clássica ou individualista (S. Rodrigues e Orlando Gomes);
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b) supra-individualista ou institucional: surge na França. Seguida por
Lafayette;
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c) eclética ou mista: combina as 2 anteriores. (Caio Mário, Eduardo
Espíndola, Pontes de Miranda e Gonçalves).
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5. Origem: no Brasil, surge o casamento civil (regulado pelo Estado) com o Decreto
nº 181/1890.
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6.1 Casamento
Comentários...
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7. Características do casamento
a) extrema solenidade (n.j. ad solemnitatem);
b) diversidade de sexos (Arts. 1.514 e 1.535);
c) igualdade dos cônjuges (Arts. 1.565 e 1.567);
d) celebração gratuita (Art. 1.512);
e) liberdade na eleição do consorte (Art. 1.514);
f) o casamento é civil (Art. 1.512);
g) dissolubilidade (divórcio – Art. 1.571, § 1º);
h) comunhão de vida (Art. 1.511);
i) monogamia (Art. 1.521, VI);
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j) vedada a união incestuosa e imoral (Art. 1.521);
k) idade nupcial a partir dos 16 anos, para ambos os sexos (Art. 1.517);
l) liberdade mútua para adotar o sobrenome (Art. 1.565, § 1º);
m) afetividade na escolha (Art. 1.514);
n) intuitu personae (Arts. 1.514 e 1.535).
8. Requisitos
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“é a situação ostensiva de duas pessoas de sexo diverso que vivem
como marido e mulher, com o animus de assim parecer aos olhos de
todos” (Silvio Rodrigues).
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Outra questão:
- Em regra como se prova o casamento? E excepcionalmente?
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OBJETIVO nº 4
Conhecer o processo de habilitação para o casamento (Cp)
ROTEIRO
1. Definição
2. Ordem do procedimento (Casamento na Roça – 1947 – Portinari)
3. Comentários ao procedimento
4. Documentos e ratio legis
DESENVOLVIMENTO
1. Definição
Procedimento administrativo, obrigatório, que se faz perante o oficial do Registro
Civil, com vistas a prevenir o casamento com infração de impedimento.
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Requerimento
+
Proclamas
+
Vistas ao MP
+
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[Homologação judicial]*
+
Certidão de habilitação (Art. 1.531)
3. Comentários ao procedimento
- urgência pode dar causa à dispensa dos proclamas (Art. 1.527, parágrafo único);
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- novidade: o Oficial deve esclarecer acerca dos impedimentos e dos regimes de
bens (Art. 1.528);
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- alegação de impedimentos: por escrito, assinada, com provas ou indicação delas
(Art. 1.529);
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- nubentes têm ampla defesa e podem responsabilizar oponentes de má-fé (Art.
1.530).
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4. Documentos e ratio legis (Art. 1.525)
I – certidão de nascimento ou doc. equivalente;
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Ratio:
- conferir idade nupcial mínima;
- verificação do estado e da qualificação (solteiro, sob o poder familiar);
- se maior de 70 anos, regime de bens obrigatório (separação de bens);
- diferença de sexo.
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II – autorização ou suprimento judicial (em caso de suprimento, regime de bens
obrigatório);
Ratio:
- alertar para a envergadura do ato conjugal.
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III – testemunhas;
Ratio:
- conferir a identidade dos nubentes e a ausência de impedimentos.
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IV – memorial;
Ratio:
- a ampla identificação = segurança jurídica do ato + possibilitar a publicidade.
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V – certidão de óbito, de sentença de nulidade do casamento ou de divórcio;
Ratio:
- prevenir a bigamia.
Observações:
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OBJETIVO nº 5
Conhecer os impedimentos matrimoniais e compreender as relações de parentesco
(Cp)
ROTEIRO
1ª Parte: Impedimentos
1. Definição
2. Natureza jurídica
3. Comentários iniciais
4. Leitura do Art. 1.521 (Bordeu-Di Cavalcanti)
5. Espécies
6. Princípio da taxatividade
7. Fundamentos
2ª Parte: Parentesco
8. Definição
9. Espécies
10. Linhas
11. Graus
12. Contagem dos graus (esquema convencionado)
DESENVOLVIMENTO
1ª Parte: Impedimentos
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1. Definição
São normas de ordem pública, com a finalidade de proteger a família, conservando-a
saudável em seus múltiplos aspectos: morais, físicos e psíquicos.
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2. Natureza jurídica
- Requisitos ou vedações?...............................................................................................
3. Comentários iniciais
- A inobservância aos impedimentos gera nulidade absoluta (Art. 1.548).
- Os impedimentos levam esse nome, mas são aplicáveis, também, à união estável.
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6. Espécies:
a) de parentesco (I a V);
b) de casamento anterior (VI);
c) de crime de homicídio (VII).
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8. Fundamentos: moral + ética + eugenia
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2ª Parte: Parentesco
9. Definição
É a relação que vincula as pessoas, seja em razão da consangüinidade, do
casamento (ou da união estável) ou da adoção, conforme assevera Gonçalves.
10. Espécies
a) por consangüinidade ou natural;
b) por afinidade;
c) por adoção ou civil.
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11. Linhas: são duas – linha reta e linha colateral ou transversal.
Quando a linha é reta?
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Quando é colateral?
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11.1 A linha reta é ad infinitum. A linha colateral é limitada: para os consaguíneos até
o 4º grau; para os afins, até o 2º grau (Art. 1.595, § 1º). O parentesco por adoção
acompanha o parentesco natural.
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11.2 Afinidade não gera afinidade. Exemplos: “concunhados” e “consogros”, do
discurso popular, não existem tecnicamente.
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11.3 A afinidade na linha reta jamais desaparece, diferentemente da afinidade na
linha colateral: com a morte ou o divórcio, o cunhadio desaparece (Art. 1.595, § 2º).
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12. Graus. Grau é a distância de uma a outra geração. Um grau = uma geração.
LINHA COLATERAL
E
LINHA RETA
D L
C J
B H
G
A 31
F
1. Classifique o vínculo parental entre:
a) A e B
b) A e C
c) E e A
d) B e H
e) C e J
f) D e L
g) B e G
h) C e I
i) C e L
j) A e G
k) B e I
l) A e J
m) A e L
n) cônj. de A e B
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o) comp. de B e D
p) cônj. de C e J
q) cônj. de B e H
r) ex-cônj. de B e D
s) ex-comp. de A e E
t) ex-comp. de C e J
u) ex-comp. de L e D
v) comp. de B e G
w) comp. de C e I
a) A e B
b) B e E
c) B e H
d) C e J
e) C e I
f) A e H
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g) A e G
h) B e L
i) A e F
j) ex-cônj. de A e D
k) ex-comp. de B e C
l) ex-comp. de B e H
m) ex-comp. de C e J
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14.1 Que é parentesco religioso?
É a relação parental reconhecida pelo Direito Canônico (da Igreja), como padrinho-
afilhado e compadres. Não existe para o Direito Civil, conforme estudos acima.
Questão: João e Maria se casaram. Maria já possuía uma filha, Joana. Maria veio a
falecer. É possível o conúbio entre João e Joana?
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Obs.: fazer atividade extra-sala, depositada na página do professor.
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OBJETIVO nº 6
Compreender as causas suspensivas e a consumação do casamento (Cp)
ROTEIRO
1ª Parte: Causas suspensivas
1. Definição
2. Conseqüências
3. Princípio da presunção relativa de prejuízo. O que é?
4. Hipóteses legais
5. Algumas observações
2ª Parte: Celebração
6. A solenidade é fundamental
3ª Parte: Consumação
7. São duas as grandes escolas
DESENVOLVIMENTO
1ª Parte: Causas suspensivas
1. Definição
São normas que, ao incidir sobre certas situações fáticas, recomendam que se
suspenda a realização do casamento, com vistas a proteger direitos de terceiros
(inclusive da prole) e dos próprios noivos.
No sistema anterior eram denominadas impedimentos proibitivos ou meramente
impedientes.
Sabe-se que atualmente são impedimentos apenas os listados, taxativamente, no Art.
1.521.
36
2. Conseqüências
A inobservância às causas suspensivas não invalidam o casamento. O casamento é
válido (denominado casamento irregular), MAS haverá sanção civil aos cônjuges:
a) eventualmente os bens serão gravados de hipoteca legal, lembra
Maria Helena (Art. 1.489, II);
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b) em regra haverá a imposição do regime de bens (Art. 1.641, I).
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III – idem. Visa, porém, à proteção do ex-cônjuge, do próprio nubente, do novo
cônjuge e de terceiros. A sanção é a imposição do regime;
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II – só se aplica à mulher. Visa prevenir a confusão de sangue, de prole (turbatio
sanguinis). O escudo protetor é especialmente dirigido à prole, que perderia a
presunção legal de paternidade;
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IV – para prevenir a pressão psicológica que poderia advir da autoridade do tutor ou
do curador (fazendo-os consentir no casamento), e prevenir a confusão patrimonial.
Visa à proteção do incapaz.
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4. Princípio da presunção relativa de prejuízo. O que é?
Analisar o parágrafo único do Art. 1.523 e verificar o afastamento da causa
suspensiva em cada hipótese legal.
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5. Algumas observações
a) a oposição dessas causas se faz por escrito, na forma do Art. 1.529;
b) diferentemente dos impedimentos, somente podem alegar os parentes
indicados no Art. 1.524: parentes em linha reta e colaterais em 2º
grau;
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c) os impedimentos são alegáveis até o momento da celebração (Art.
1.522), enquanto a oportunidade para alegar causa suspensiva se
esgota com o processo de habilitação, entendem Gonçalves e Caio
Mário.
2ª Parte: Celebração
6. A solenidade é fundamental (Arts. 1.533 e s.), devendo-se observar:
a) portas abertas;
b) 2 testemunhas;
c) prédio do cartório em que se fez a habilitação;
d) se em prédio extracartório, manter a publicidade (portas abertas).
Neste caso são exigidas 4 testemunhas (Art. 1.534, § 2º);
e) autoridade competente;
f) é possível a celebração coletiva (Gonçalves);
g) deve ser suspensa, nas hipóteses do Art. 1.538.
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3ª Parte: Consumação
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Questão: corria a celebração nupcial de João e Maria, quando esta sofreu um mal
súbito, entrando em coma logo após declarar sua vontade positivamente. O juiz teve
dúvida se declarava suspensa a solenidade ou se os declarava casados, uma vez que
ambos já haviam emitido o “sim” expressamente. Comente.
Outra hipótese: ambos declararam a vontade, mas o juiz sofreu o mal súbito que o
impediu de proclamar a fórmula solene da consumação. Comente.
Obs. final: para o Direito Civil não se fala em consumação com a coabitação
(conjunção carnal), conforme prevê o Direito da Igreja.
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OBJETIVO nº 7
Listar as espécies válidas e inválidas de matrimônio (Cn)
ROTEIRO
1. Casamentos válidos
2. Casamentos inválidos
DESENVOLVIMENTO
1. Casamentos válidos:
a) válido strictu sensu;
b) putativo (Art. 1.561);
c) por procuração (Art. 1.535 c.c. Art. 1.542);
d) consular (Art. 1.544);
e) irregular (Art. 1.523);
f) conversão de união estável (Art. 1.726);
g) religioso com efeitos civis (Art. 1.516);
h) em caso de moléstia grave (Art. 1.539);
i) nuncupativo (Arts. 1.540 e 1.541).
2. Casamentos inválidos:
a) inexistente;
b) nulo (Art. 1.548);
c) anulável (Art. 1.550)
OBJETIVO nº 8
Identificar o casamento válido strictu sensu e entender seus efeitos (Cp)
ROTEIRO
41
1. Definição
2. Comentários
3. Efeitos
DESENVOLVIMENTO
1. Definição
É a espécie válida de casamento que produz todos os seus efeitos, a partir da
consumação, seguindo o caminho ordinário da lei, alheio a óbices gerados por
condições especiais.
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.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
2. Comentários
Como a doutrina se manifesta....
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
3. Efeitos
Sociais
a) cria a família (Arts. 226, §§ 1º e 2º, CF);
b) gera parentesco (Art. 1.595, §§ 1º e 2º);
c) emancipa o consorte menor (Art. 5º, par. único, II);
d) constitui estado de casado.
42
Pessoais
Pessoais entre os cônjuges
a) fidelidade mútua (Art. 1.566, I);
b) coabitação (Art. 1.566, II);
c) mútua assistência (at. 1.566, III);
d) respeito e consideração mútuos (Art. 1.566, V).
3.3 Patrimoniais
a) vigora o regime de bens (Art. 1.653, parte final);
b) possui vocação hereditária em relação ao consorte (Art. 1.830).
43
OBJETIVO nº 9
Compreender o casamento putativo (Cp)
ROTEIRO
1. Definição
2. Casamento putativo e teoria das nulidades
3. Aferição da boa-fé
4. Efeitos
5. Outras características
DESENVOLVIMENTO
1. Definição
É o casamento nulo, ou anulável, que, contraído de boa-fé por ambos ou
pelo menos um dos esposos, tem, em razão dessa boa-fé, efeitos civis
reconhecidos por lei – Yussef Cahali.
1.1 Comentários
a) está previsto no Art. 1.561 e seu § 1º;
b) putativo, segundo o Aurélio, é o que aparenta ser verdadeiro. Em direito
penal, putativo é o crime que só ocorre na imaginação do agente.
Putativo vem de putare: crer, acreditar.
.........................................................................................................................................
2. Casamento putativo e teoria das nulidades
Um dos destaques do perfil do Direito de Família (objetivo nº 2) reside
nesse fenômeno; um ato anulável, ou mesmo nulo, pode ser válido e eficaz
em direito matrimonial.
.........................................................................................................................................
44
.........................................................................................................................................
3. Aferição da boa-fé
Qual o momento referencial para aferição do elemento subjetivo nuclear do
instituto: o momento do requerimento da habilitação, o momento da
certidão da habilitação, o momento da celebração ou o momento do
registro?
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
No referido momento ao menos um dos nubentes encontrava-se em erro, fazendo
configurar, assim, a putatividade do casamento.
Admitimos tanto o erro de fato quanto o de direito. Erro de fato: não sabiam que
eram irmãos, por exemplo. Erro de Direito: sabiam que eram irmãos por adoção,
mas não sabiam que havia vedação neste caso. No Direito Civil argentino só se
admite o erro de fato. Idem o Direito Civil português (Arts. 1.647 e 1.648 do Código
lusitano).
4. Efeitos
Os efeitos são variantes de acordo com a boa ou má-fé.
4.1 Para o cônjuge de boa-fé:
Regra: todos os efeitos de um casamento válido strictu sensu, produzidos
até a sentença.
Exceção: alguns efeitos poderão ultrapassar a data da sentença, como a
emancipação, o uso do nome e o direito a alimentos.
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45
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.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
..........................................................................................................................
..........................................................................................................................
46
b) Maria se equivocou quanto ao estado civil familiar do retirante João de
Deus. Pensava que fosse viúvo, mas estava casado, descobrindo o
infortúnio apenas meses após a conjugalidade. Quais os efeitos?
......................................................................................................................
.....................................................................................................................
OBJETIVO nº 10
Identificar outras espécies válidas de casamento (Cp)
ROTEIRO
1ª Parte: por procuração
1. Casamento por procuração
2. Características
3. Efeitos
2ª Parte: consular
1. Requisitos
2. Características
3. Efeitos
3ª Parte: irregular
1. Definição
2. Efeitos
7ª Parte: nuncupativo
1. Definição
2. Peculiaridades
3. Efeitos
DESENVOLVIMENTO
.........................................................................................................................................
c) Gonçalves: não é possível um procurador para ambos;
.........................................................................................................................................
d) o mandato, neste caso, só se revoga por instrumento público (Art. 1.542,
§ 4º);
e) a revogação não necessita chegar ao conhecimento do mandatário, mas...
(Art. 1.542, § 1º);
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
f) o mandato vale por 90 dias (Art. 1.542, § 3º). No sistema anterior não
havia prazo.
3. Efeitos
Produz todos os efeitos de um casamento válido strictu sensu, a contar da
consumação, desde que cumpridas as peculiaridades.
2ª Parte: consular
49
Não se confunde com casamento estrangeiro. É o casamento de brasileiro que se
encontra fora do Brasil.
1. Requisitos
a) ambos os nubentes sejam brasileiros;
b) cônsules brasileiros;
c) lei local reconheça efeitos civis aos casamentos assim celebrados.
2. Características
a) tem previsão no Art. 1.544, CC, nos Arts. 18 e 19 da LICC e no Decreto
nº 24.113/34;
b) é matéria de direito internacional privado.
3. Efeitos
Todos os efeitos de um casamento-regra, desde que observadas suas
peculiaridades, inclusive o registro no Brasil, nos termos do Art. 1.544.
3ª Parte: irregular
1. Definição
É o casamento válido, que ocorre em inobservância às causas suspensivas (Art.
1.523).
....................................................................................................................................
2. Efeitos
Produz todos os efeitos de um casamento válido strictu sensu, mas acarreta sanção
aos nubentes, que sofrem a imposição de regime de bens e, no caso do Art. 1.523,
I, também sofrerá gravame de hipoteca.
50
4ª Parte: conversão da união estável
1. Introdução
É possível converter a união estável em casamento, conforme previsão
constitucional (Art. 226, § 3º).
O Art. 8º, da Lei nº 9.278/96, regulamentou o dispositivo da Constituição, mas
também o Art. 1.726 do NCC. Comentar o conflito aparente de normas, à luz da
doutrina.
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....................................................................................................................................
2. Como?
Perante o oficial do Registro? Ou se faz em juízo?.................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
3. Efeitos
Todos os efeitos de um casamento-regra (válido strictu sensu), observadas suas
especificidades, a contar do assento no Registro Civil.
.........................................................................................................................................
1.2 Efeitos
Os mesmos de um casamento-regra, desde que cumpridas suas especificidades, e
tais efeitos são a contar da celebração religiosa.
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....................................................................................................................................
....................................................................................................................................
....................................................................................................................................
3. Algumas observações
a) se no interregno de tempo entre a celebração religiosa e o seu assento no
Registro Civil, um ou ambos os nubentes contrair casamento civil, valerá
este, e o assento do casamento religioso será nulo (Art. 1.516, § 3º);
b) sem as providências da lei civil, não terá validade o casamento religioso,
que será meramente religioso (não reconhecido por nosso sistema – Art.
1.512). Por outro lado, referida união poderia produzir efeitos jurídicos?
..........................................................................................................................
..........................................................................................................................
53
Obs.: Já determinou o STF, que se observe o princípio in dubio pro matrimonio.
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
2. Peculiaridades
a) urgência;
b) habilitação prévia;
c) enfermo em condições de consentir (ainda que não possa falar);
d) celebração in locu (onde está o enfermo);
e) 2 testemunhas;
f) o juiz de paz (caso de MS) poderá ser substituído e o oficial do Registro
Civil, se não puder comparecer, será substituído por um ad hoc (Art.
1.539, § 1º);
g) no caso de oficial ad hoc, o termo avulso deve ser levado a registro em 5
dias, perante 2 testemunhas.
3. Efeitos
Os mesmos do casamento válido strictu sensu, observadas as devidas
peculiaridades, a contar da celebração.
7ª Parte: nuncupativo
54
1. Definição
Também denomimado in extremis ou in articulo mortis, é o conúbio em que o
nubente, surpreendido por situação de iminente risco de morte, celebra seu
próprio matrimônio (ou alguém por ele), mesmo não estando habilitado nem
tendo a presença da autoridade.
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1.1 Comentários
Silvio Rodrigues entende que o legislador pátrio perdeu a oportunidade de
descartar tamanha velharia. O repúdio da doutrina se deve a dois fatores
principais: prejuízo para a segurança jurídica e extrema atenção ao interesse
privado.
É evidente que há uma atenção exagerada ao interesse particular, onde
possivelmente o moribundo fora relapso acerca desse interesse. Por outro lado, se
se trata de pessoas que convivem a longo tempo, e se sentem no dever moral de se
entregarem em núpcias, deveriam ser orientadas de que o instituto da união
estável atende sobejamente a essa questão moral.
2. Peculiaridades
a) previsão legal nos Arts. 1.540 e 1.541. Faz referência a um contraente
enfermo. Com maior razão se ambos estiverem;
b) não houve habilitação;
c) urgência decorrente de iminente risco de morte;
d) enfermo em condições de consentir (ainda que não possa falar) – Art.
1.541, II;
e) sem autoridade celebrante;
55
f) 6 testemunhas sem parentesco em linha reta nem na colateral em 2º grau;
g) celebração por um dos nubentes ou por qualquer pessoa;
h) não convalescimento do enfermo;
i) testemunhas se apresentam em juízo (Art. 1.541);
j) habilitação extraordinária (pelo juízo);
k) assento no Registro.
3. Efeitos
Produz os mesmos efeitos de um casamento válido strictu sensu, a contar da
celebração (Art. 1.541, § 4º), desde que observadas suas especificidades.
(A negra-1923-Tarsila do Amaral)
56
OBJETIVO nº 11
Conhecer os casamentos inválidos (Cp)
ROTEIRO
DESENVOLVIMENTO
1. Definição
57
Classificado como espécie de casamento inválido, inexistente é o casamento para o
qual falta pelo menos um dos pressupostos de existência, a saber: diferença de sexo,
consentimento e celebração.
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.....................................................................................................................................
Sobre a diferença de sexo, todavia, não se pode mais ser exigida, em razão da
decisão prolatada pelo STF, na ADPF nº 132-RJ, e Resolução 175/2013, do CNJ.
2. Hipóteses
2.1 Inexistência por falta de consentimento (diferente de consentimento viciado)
- Falta o consentimento:
a) se o nubente permanece em silêncio, sem expressar sua
vontade;
b) resposta negativa: “não”;
c) procuração sem a forma legal (Art. 1.542);
d) nubente falece antes de se manifestar.
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3. Origem
Sem previsão legal, como costuma nos demais diplomas (Gonçalves), a teoria surgiu
na Alemanha, no séc. XIX, por meio de Zaccharias (Teoria do ato inexistente). A
França a acolheu no direito matrimonial.
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59
Para esses, a teoria das nulidades resolve a questão. Ocorre que se trata de situação
sui generis, em que o ato, embora inexistente, produz efeitos jurídicos...
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Maior defensor da teoria, no Brasil: Pontes de Miranda. A doutrina brasileira
(Venosa, Gonçalves, Maria Helena, Washington de Barros) admite a teoria,
especialmente porque:
a) se há efeitos jurídicos indesejados, é necessário ação para afastá-los;
b) há um princípio do direito francês, recepcionado por nós, segundo o qual em
direito matrimonial não há nulidade sem previsão legal (pás de nullité sans
texte).
Dessa forma, é proposta ação para extinção dos efeitos, mas ação declaratória de
inexistência, ensina Pontes de Miranda.
1. Definição
É aquele casamento inválido, por se enquadrar em hipótese legal de nulidade
absoluta.
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2. Hipóteses
60
O Art. 1.548 traz as hipóteses de nulidade:
I - enfermo mental sem o necessário discernimento;
Questão: e no caso dos absolutamente incapazes (Art. 3º), como o casamento do
menor de 16 anos?
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......................................................................................................................................
3. Legitimação
Qualquer interessado e o MP podem propor a ação anulatória (Art. 1.549).
Que se deve entender por “qualquer interessado”?
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4. Efeitos
Os efeitos da sentença serão ex tunc.
61
1. Definição
É aquele casamento inválido, por se enquadrar em hipótese legal de nulidade
relativa.
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Inc. III:
a) coação
O que é coação?
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62
Coação X temor reverencial
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b) erro essencial
O que é?
É aquele que recai sobre elementos fáticos de tal importância que, se conhecidos,
teriam impedido a consumação do matrimônio.
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64
Mulher pode sofrer de impotência coeundi?
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Continuação dos comentários aos incisos do Art. 1.550, que são as hipóteses de
nulidade relativa (ou de anulabilidade):
Inc. IV – Ver Art. 1.560, I;
Quem é considerado incapaz de consentir?
Fabrício Zamprogna Matiello: não se trata de absolutamente incapaz. O autor
cita o exemplo do surdo-mudo que não se expresse. Entendemos que se trata das
65
hipóteses listadas no Art. 4º (relativamente incapazes), compatíveis com a norma
em estudo. Seriam exemplos: ébrios habituais; deficientes mentais; toxicômanos.
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(Antropofagia – 1929 – Tarsila)
OBJETIVO nº 12
Compreender a união estável (Cp)
ROTEIRO
1. Definição
2. Disposições legais
3. Breve histórico
4. Elementos (pressupostos de existência)
5. Efeitos
6. Observações finais
DESENVOLVIMENTO
68
1. Definição
O Art. 1.723 define o instituto. Com base no dispositivo, podemos dizer que: É a
entidade familiar resultante da união entre o homem e a mulher, configurada na
convivência pública, contínua e duradoura, estabelecida intuitu familiae.
....................................................................................................................................
.....................................................................................................................................
2. Disposições legais: Arts. 1.723 a 1.727 do CC (Tít. III), além das Leis nº 8.971/94
e 9.278/96. Explicar a compatibilização dessas normas...
....................................................................................................................................
.....................................................................................................................................
b) diversidade de sexo;
Em que pese a exigência da lei civil, com a pacificação da matéria pelo STF não é
mais exigível a diferença de sexo. Presentes os demais pressupostos, aqueles exigidos
das uniões heterossexuais, as parcerias homoafetivas devem ser reconhecidas como
entidade familiar.
c) publicidade;
Semelhante à posse do estado de casados, com ela não se confunde. Teoria da
aparência. É a união que se dá aos olhos da sociedade.
Para Maria Helena, basta notoriedade; basta que não seja clandestina, velada.
....................................................................................................................................
.....................................................................................................................................
d) intuitu familiae;
70
União com intenção de constituir família, sobrevenha prole ou não. É a união more
uxorio, afetiva.
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.....................................................................................................................................
e) coabitação;
É exigida? Sem coabitação, haveria a configuração da união e haveria como
conferir a estabilidade? Só há coabitação se houver convívio físico?
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..............................................................................................................................
5. Efeitos
Art. 1.723: cria a família.
Art. 1.724: dever recíproco de lealdade, respeito e assistência. Acerca dos filhos,
ambos devem: guarda, sustento e educação.
Art. 1.725: vigora regime de bens.
Art. 1.726: é possível a conversão em casamento.
Art. 1.790: direito sucessório.
Art. 1.694: alimentos.
Art. 42, § 2º, ECA: adoção conjunta.
71
Além de outros ricos efeitos: direitos previdenciários, ao sobrenome etc
....................................................................................................................................
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.....................................................................................................................................
c) o juízo competente é o de família, em segredo de justiça;
....................................................................................................................................
.....................................................................................................................................
.....................................................................................................................................
72
Observe trecho transcrito do artigo “União estável sob os ângulos da
informalidade e da prova”:
Numa análise teórico-prática, o casamento está em vantagem pela
segurança jurídica que oferece, afinal, enquanto este é o negócio
jurídico mais solene do país, com todos seus efeitos projetados na
própria lei (a partir da consumação), a união livre é apenas um ato-
fato jurídico que poderá vir a configurar uma relação jurídica, e, em
se chegando a isso, produzirá seus múltiplos efeitos, mas em
intensidade inferior (Porto, 2010).
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.....................................................................................................................................
g) por último, recomenda-se a leitura do artigo “União estável sob os
ângulos da informalidade e da prova”, publicado, dentre outras, nas
revistas jusnavigandi (virtual), Multitemas e Bonijuris (distribuição em
nível nacional). Esse material está disponível na Xerox do Bloco “C”.
73
(Sol poente – Tarsila – 1929)
OBJETIVO nº 13
Conhecer as disposições gerais de regime de bens (Cp)
ROTEIRO
1. Definição
2. Disposições legais
3. Princípios
4. Administração
5. Pacto antenupcial
DESENVOLVIMENTO
1. Definição (Paisagem com touro – 1925 – de Tarsila)
74
É o estatuto que regula os interesses patrimoniais dos cônjuges durante o
matrimônio – Silvio Rodrigues. Na mesma linha, Gonçalves e Venosa.
1.1 Comentários
a) o móvel principal da vontade dos cônjuges é a afetividade. A
patrimonialidade é um aspecto secundário;
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.....................................................................................................................................
b) apenas o fim da sociedade conjugal faz sobressaltar a importância
do regime de bens;
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.....................................................................................................................................
c) as definições doutrinárias merecem um reparo: não se aplica só aos
cônjuges, mas também aos companheiros, na união estável.
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3. Princípios
a) da livre estipulação (Art. 1.639);
É a regra. Limites dessa autonomia: ordem pública (Art. 1.641, por ex.) + moral +
bons costumes.
.........................................................................................................................................
b) da irrevogabilidade relativa (Art. 1.639, § 2º);
75
b1) Como era no sistema de 1916?
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....................................................................................................................................
.....................................................................................................................................
b3) Gonçalves: a regra ainda é a imutabilidade – Por quê?
Segurança jurídica, refletida na garantia aos próprios
cônjuges ou companheiros e para terceiros.
c) da variedade de regimes;
Está contido no princípio da livre estipulação ou da autonomia dos nubentes, e
consiste em silenciar (vigorará o regime legal ou supletivo – Art. 1.640 + Art. 1.725),
escolher um dos regimes típicos ou mesmo combinar características desses regimes.
4. Administração
O regime de bens pode apresentar disposições de duas naturezas:
a) as convencionais;
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.....................................................................................................................................
....................................................................................................................................
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5. Pacto antenupcial
5.1 É o contrato solene e condicional, por meio do qual os nubentes convencionam
acerca do regime de bens.
Por que solene?
.........................................................................................................................................
Por que condicional?
77
.........................................................................................................................................
5.2 Características
a) menores serão assistidos (Art. 1.654);
b) sua validade depende de observação às limitações;
.....................................................................................................................
c) efeitos erga omnes somente a partir do assento no Registro
competente (Art. 1.657).
c1) é possível falar em regimes interno e externo? (Gonçalves);
...............................................................................................................
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...............................................................................................................
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OBJETIVO nº 14
Conhecer os regimes em espécie (Cp)
ROTEIRO
1. Separação obrigatória de bens (Art. 1.641)
78
2. Separação de bens (Arts. 1.687 e 1.688)
3. Comunhão parcial de bens (Arts. 1.658 e s.)
4. Comunhão universal de bens (Arts. 1.667 e s.)
5. Participação final nos aqüestos (Arts. 1.672 e s.)
6. Regime de bens na união estável (Art. 1.725)
DESENVOLVIMENTO
79
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
80
d) o de separação obrigatória é também chamado de separação legal;
já o de separação convencional pode ser chamado apenas de
separação de bens;
e) o Art. 1.647 usa a expressão “separação absoluta”, e esta faz
referência tanto a um quanto a outro.
2.2 Características
a) há duas massas de bens que não se comunicam em momento algum;
b) cada cônjuge (ou companheiro) administra livremente seu patrimônio
(Art. 1.687);
.....................................................................................................................
....................................................................................................................
c) as despesas cabem a cada um em per si, na proporção de suas forças
patrimoniais (Art. 1.688);
.....................................................................................................................
.....................................................................................................................
d) há um descompasso entre o regime e a comunhão que do casamento
se espera, critica a doutrina (Art. 1.511);
.....................................................................................................................
.....................................................................................................................
81
É o regime que vigora quando não há vontade expressa (Art. 1.640 e Art. 1.725).
Logo, nele não há pacto antenupcial.
....................................................................................................................................
.....................................................................................................................................
3.1 Idéia-base
A idéia-base consiste em separar os bens presentes e criar uma comunicabilidade
quanto aos bens futuros. É a chamada comunhão dos aqüestos.
3.2 Outras denominações
O presente regime, dada a vontade presumida pela lei, é também chamado regime
legal, regime supletivo e regime legal supletivo. Tornou-se regime legal com o
advento da Lei nº 6.515/77.
Não se confundem as expressões regime legal e separação legal. Qual a diferença?
....................................................................................................................................
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3.3 Bens que não entram na comunhão – ver Art. 1.659 + Art. 1.661
....................................................................................................................................
.....................................................................................................................................
.............................................................................................................................
3.4 Bens que entram na comunhão – ver Art. 1.660
....................................................................................................................................
82
....................................................................................................................................
............................................................................................................................
3.5 Como opera a administração? – ver Arts. 1.663, 1.665 e 1.666
....................................................................................................................................
.....................................................................................................................................
....................................................................................................................................
.....................................................................................................................................
4.1 Características
a) como explica Venosa, por razões de ordem histórica e moral, fora o
regime legal desde as Ordenações Filipinas;
b) afinal, era o regime que melhor se coadunava com a idéia de
comunhão exigida pelo conúbio;
c) só deixa de ser o regime presumido (legal) com o advento da Lei nº
6.515/77;
d) para Washington, era o regime “dos caça-dotes e das pescadeiras de
maridos ricos”.
4.2 Administração
83
Mesma orientação do regime de comunhão parcial (ver Arts. 1.670 + 1.663, 1.665 e
1.666).
4.3 Não entram na comunhão
Fugindo à regra, não entram na comunhão: Art. 1.668. E os frutos desses mesmos
bens?
Direitos patrimoniais de autor também não se comunicam, salvo os rendimentos (Lei
nº 9.610/98, Art. 39), lembra Venosa.
5.1 Ideia-base
É praticamente a combinação de dois regimes tradicionais: separação de bens +
comunhão parcial. Os bens presentes não se comunicam. Os bens futuros seguem a
idéia de separação patrimonial, com autonomia na administração, mas, em
sobrevindo o fim da sociedade *conjugal, verifica-se a conquista patrimonial de
cada **cônjuge no período da sociedade, somam-se essas conquistas, e o montante é
dividido ao meio. Observe que essa participação ao final (daí o nome do regime) tem
a idéia do regime de comunhão parcial.
* ou união estável **ou companheiro
5.2 Características
a) a doutrina o chama de regime híbrido;
b) durante a sociedade vigora a autonomia na administração, exceto
quanto aos bens imóveis, se assim não for convencionado no pacto
(Art. 1.656);
c) não entram na partilha os bens listados no Art. 1.674;
84
d) é negócio jurídico extremamente complexo;
e) há regras carentes de clareza, como o Art. 1.677, no entender de
Venosa;
f) Venosa acha, também, que se trata de um regime compatível com
pessoas abastadas e esclarecidas.
Questão: Como ficam os bens adquiridos conjuntamente? (Ver Art. 1.679)
....................................................................................................................................
.....................................................................................................................................
6. Regime de bens na união estável (Art. 1.725)
A exemplo do casamento, vigora a autonomia dos companheiros. Se estes não se
manifestarem, aplica-se o regime de comunhão parcial.
6.1 Contrato de convivência
Corresponde ao pacto antenupcial no casamento, mas não lhe é exigida a forma e
ocorre a qualquer momento, durante a união estável. É um contrato escrito.
....................................................................................................................................
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Outra questão: e se ao invés de um contrato de convivência, existirem vários
contratos?
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85
“Eu visto a camisa da Católica, e você?”
OBJETIVO nº 15
Compreender dissolução da sociedade e do vínculo conjugal (Cp)
ROTEIRO
1ª Parte: Introdução
2. O que é desquite?
3. Dissolubilidade do vínculo conjugal
DESENVOLVIMENTO
1ª Parte: Introdução
86
Sociedade conjugal é o complexo de direitos e obrigações que formam a vida em
comum dos cônjuges – Gonçalves.
Questões:
- todo fenômeno capaz de desfazer a sociedade, desfaz o vínculo conjugal?
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Observação: o rompimento da sociedade conjugal acarreta o fim dos deveres de
coabitação e de fidelidade, assim como põe fim ao regime de bens (Art. 1.576), mas o
vínculo conjugal (casamento) permanece até a morte ou o divórcio.
- sempre que é desfeito o casamento é desfeita a sociedade conjugal?
....................................................................................................................................
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2. O que é desquite?
Comentário à lição de Silvio Rodrigues...
Termo genuinamente brasileiro para se referir ao fim da sociedade conjugal.
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..................................................................
- Segurança jurídica?
(Abaporu – 1928 – Tarsila do Amaral)
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- Essa separação permanece com a EC 66/2010?
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........................................................................................................................................
b) de direito
- O que é?
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b) judicial
- O que é?
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(Com base na vontade dos cônjuges)
Já a separação judicial pode ser:
a) consensual (ou amigável, ou por mútuo consenso) – Art. 1.574, CC +
Arts. 1.120 e s., CPC + Lei nº 6.515/77, Arts. 34 e s.
Requisitos:
- consenso
- casamento com mais de 1 ano
Observações:
- São juntados os documentos: certidão de casamento + escritura de
pacto antenupcial + certidão de nascimento dos filhos;
89
- Guarda (Arts. 1.583 e s.), direito de visita (Art. 1.589) e partilha
patrimonial feitos amigavelmente, sendo homologados pelo juiz;
- Intervenção do MP;
- Juiz homologa (desde que não haja dúvida sobre o livre consenso).
b) litigiosa
(Com base na causa)
A separação litigiosa poderá ser:
a) separação-sanção (Art. 1.572, caput + Lei nº 6.515/77, Art. 34, parte
final)
Única com discussão de culpa.
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Requisito único:
90
- violação dos deveres conjugais
Sanção ao cônjuge culpado:
- perda do direito a alimentos – ver Arts. 1.694, § 2º + 1.704, parágrafo
único;
- perda do direito ao sobrenome – ver Art. 1.578.
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91
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7. Fenômenos que rompem o vínculo conjugal: morte e divórcio
- Pessoas separadas podem restabelecer a sociedade conjugal?
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- Existe divórcio de fato?
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A EC 66/2010, pautada nos princípios da dignidade da pessoa e da economia
processual, criou o divórcio direto, eliminando, assim, o pedágio da separação, que
acarretava um ônus desnecessário à Justiça e sobrecarregava os divorciandos,
mormente no aspecto moral.
Sobre esse aspecto moral, veja trecho do artigo “O novo divórcio brasileiro” (Porto,
2010): quanto mais entraves burocráticos e quanto mais tempo houver na
prorrogação do rompimento do núcleo familiar falido, maior será a fadiga de todos
os envolvidos no processo: consortes, filhos e demais familiares. Minorar essa fadiga
de alma é questão de observar, sobretudo, o princípio da dignidade da pessoa
humana (Art. 1º, inc. III, da Constituição Federal).
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94
Lôbo, entendem que a EC 66/2010 teria colocado fim, definitivamente, à
discussão de culpa no rompimento do núcleo familiar.
95
7) é possível a separação de corpos, como medida acautelatória (Art. 1.562);
8) o NCC derrogou a Lei nº 6.515/77: entretanto, a processualística foi recepcionada;
9) os divorciados podem convolar novas núpcias, quantas vezes quiserem, inclusive
entre si;
10) a simples separação de fato desimpede os cônjuges para o estabelecimento de
união estável (Art. 1.723, § 1º);
11) a partilha não é requisito para o divórcio, embora na prática não se faça divórcio
sem partilha (Art. 1.581);
12) feita a separação ou o divórcio, haverá averbação no Registro Civil (Art. .124,
CPC);
13) a morte, não só a real, como também a presumida, rompem o vínculo conjugal,
pois extingue a personalidade da pessoa natural;
14) ler artigo depositado na página do professor e/ou na xerox (O novo divórcio
brasileiro) e resolver questionário pertinente (depositado na página).
OBJETIVO nº 16
Compreender poder familiar e tutela (Cp)
ROTEIRO
1ª Parte: Poder familiar
1. Definição
2. Comentários à expressão
3. Titularidade
4. Conteúdo e princípios orientadores
5. Atributos (Menina lendo–dec. 1930-Anita Malfatti)
6. Natureza jurídica
7. Extinção e suspensão do poder familiar
96
2ª Parte: Tutela
8. Definição
9. Espécies
10. Natureza jurídica
11. Exercício da tutela
12. Garantia da tutela
13. Incapazes de exercer a tutela
14. Hipóteses de escusa
15. Cessação da tutela (A menina de rosa e os elementos da natureza-dec. 1930-idem)
3ª Parte: Comparação
DESENVOLVIMENTO
1. Definição
Conjunto de direitos e deveres atribuídos aos pais, no tocante à pessoa e aos bens
dos filhos menores – Gonçalves.
97
2. Comentários à expressão
- Poder familiar (Arts. 1.630 e s.);
- Substitui a expressão pátrio poder;
- Portugal: poder paternal (Arts. 1.877 e s.);
- franceses e estadunidenses: autoridade parental.
3. Titularidade
- Sistema anterior: pai;
- Sistema atual: ambos, em igualdade (Art. 1.631);
- Na falta de um dos pais, o outro (Art. 1.631, parte final);
- Na divergência: via judicial (Art. 1.631, parágrafo único);
- Separação, divórcio e dissolução de união estável = não alteram a titularidade
(Art. 1.632).
5. Atributos
Por ser direito personalíssimo, apresenta-se:
- irrenunciável;
- indelegável;
- imprescritível;
- indivisível (o exercício é divisível);
- inalienável.
6. Natureza jurídica: munus publicum
7. Extinção, suspensão e perda do poder familiar
98
a) extinção: Art. 1.635, I a IV;
- é definitiva.
- atinge toda a prole, se morre o titular.
- não decorre de abuso do poder familiar.
- ocorre ipso iure.
b) suspensão: Art. 1.637 e seu parágrafo único (efeito secundário da
pena) + alienação parental*;
- é temporária.
- pode atingir apenas parte da prole, no caso do Art. 1.637.
- decorre de abuso do poder familiar.
- é medida excepcional.
- por processo judicial.
99
7.1 Algumas observações:
- Silvio Rodrigues: tem mais a natureza de proteção ao menor, que de sanção aos
pais.
- Procedimento: ampla defesa ao pai acusado de abuso – Arts. 155 e s., ECA.
2ª Parte: Tutela
8. Definição
Complexo de direitos e obrigações conferidos pela lei a um terceiro, para que
proteja a pessoa de um menor, que não se acha sob o poder familiar, e administre
seus bens – Maria Helena.
9. Espécies
a) testamentária (Art. 1.729);
- por testamento ou outro documento autêntico.
101
O encargo dura, em regra, 2 anos (Art. 1.765), mas pode cessar nas hipóteses dos
Arts. 1.763 e 1.764.
3ª Parte: Comparação
Dantemão, diga-se que são incompatíveis. Daí a doutrina dizer que a tutela é
sucedâneo do poder familiar (Maria Helena, Venosa, Silvio Rodrigues, Gonçalves).
PODER FAMILIAR X TUTELA
Mais amplo Restrições
confiabilidade dos pais é presumida não se presume a confiabilidade
não há prestação de contas há prestação de contas
não há fiscalização fiscalização por juiz e protutor
tem usufruto legal sem usufruto
encargo definitivo encargo temporário
tem poder de correção sem poder correcional (Art. 1.740, II)
OBJETIVO nº 17
Identificar o instituto da curatela (Cp)
ROTEIRO
1. Definição
2. Natureza jurídica
3. Finalidade
4. Sujeitos à curatela
5. Legitimidade para requerer a interdição
6. Exercem a curatela
7. Exercício da curatela
8. Sentença de interdição: efeitos
DESENVOLVIMENTO
(Anjo – sem data – Tarsila do Amaral)
102
1. Definição
A curatela constitui um poder assistencial ao incapaz maior, completando-lhe ou
substituindo-lhe a vontade – Venosa.
1.1 Comentários
- curador vem de curare = cuidar;
- “completando-lhe ou substituindo-lhe a vontade”?
- só incapaz maior?
3. Finalidade
Proteger o incapaz, garantir a preservação dos negócios jurídicos, sendo que o foco
principal é o aspecto patrimonial.
3.1 Comentários
Sempre que possível, promover a recuperação da saúde do curatelado (Art. 1.776)
4. Sujeitos à curatela
Arts. 1.767 (incapazes) + 1.779 (nascituro) + 1.780 (capaz = NCC)
103
5. Legitimidade para requerer a interdição
Arts. 1.768 e 1.769.
Questão: o companheiro tem legitimidade (Art. 1.775)?
6. Exercem a curatela
Art. 1.775.
A doutrina chama as hipóteses legais de curatela legítima, exceto o § 3º, curatela
dativa.
7. Exercício da curatela
Art. 1.781.
Portanto, aplicação de normas subsidiárias (exceto limites da curatela) + Art.
1.783.
104
(Favela-Cândido Portinari)
OBJETIVO nº 18
Compreender filiação e presunção legal de paternidade(Cp)
ROTEIRO
1ª Parte: filiação
1. Definição
2. Princípio da igualdade
3. Distinguir X discriminar
4. Classificação
7. Princípio
8. Comentários às hipóteses legais (Art. 1.597): aplica-se à união estável?
9. Inseminação artificial: homóloga ou heteróloga
10. Comentários ao Art. 1.599
11. Matéria legislativa inacabada
105
12. Fenômeno da desbiologização e paternidade socioafetiva: trato + fama + nome
(Art. 1.614)
13. Paternidade socioafetiva e direito a conhecer a origem biológica (STF)
1ª Parte: filiação
1. Definição
É a relação de parentesco consanguíneo, em primeiro grau e em linha reta, que liga
uma pessoa àquelas que a geraram, ou a receberam como se a tivessem gerado –
Silvio Rodrigues.
3. Distinguir X discriminar
Luis Edson Fachin ensina que distinguir é possível. A distinção não atinge a
dignidade da pessoa, apenas diferenciando-a em razão da situação jurídica em que
ela se encontra.
4. Classificação
Para fins meramente didáticos, a filiação, quanto à origem, classifica-se em:
a) legítima – concebida no casamento;
b) natural;
106
Esta pode ser singela (pais desimpedidos), incestuosa (há impedimento
matrimonial decorrente de parentesco) e adulterina (de pai ou pais
adúlteros);
c) adotiva.
(Retirante Grávida-1945-Portinari)
5. O que é?
É a presunção relativa de que o filho concebido de mulher casada, é de seu marido,
onde referida presunção opera como proteção da prole.
Nos tempos atuais, ainda que o filho não seja concebido pela mulher casada, dadas
as técnicas de reprodução, ainda assim vale a presunção.
6. A quem assiste?
As hipóteses legais de presunção só operam em favor dos filhos concebidos na
constância do casamento. Referida presunção não se estende à união estável?
7. Princípios
- pater is est quem nuptiae demonstrant. É o próprio princípio da presunção legal de
paternidade, que atribui a paternidade ao homem casado com a mulher que
concebeu, em todas as hipóteses legalmente previstas.
107
Esse princípio é absoluto?
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Voltar ao item 10!
13. Paternidade socioafetiva e direito a conhecer a origem biológica (STF)
Ante o conflito de interesses, como resolver? O STF nega a paternidade
socioafetiva?
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110
Outra questão: o filho pode ser reconhecido mesmo antes de nascer? E demandar
pelo seu reconhecimento, pode o nascituro?
Observações:
a) a ação investigatória de paternidade segue o rito da Lei nº 8.560/92.
b) consoante lição de Venosa, a averiguação de paternidade poderá se dar de
ofício (Lei nº 8.560/92, Art. 2º), pelo juiz.
111
OBJETIVO nº 19
Compreender o direito e a obrigação alimentar (Cp)
ROTEIRO
1. Conceito
2. Conteúdo
3. Pressupostos
4. Fundamento jurídico dos alimentos
5. Caracteres do direito e da obrigação alimentar
6. Classificação
7. Pessoas obrigadas aos alimentos (Mãe e Filho – 1945 – Portinari)
DESENVOLVIMENTO
1. Conceito
São prestações para a satisfação das necessidades vitais de quem não pode provê-las
por si – Orlando Gomes.
1.1 Comentários à definição clássica...
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.........................................................................................................................................
112
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2. Conteúdo
- Art. 2003 do Código Civil português; - Art. 1.920, por analogia.
2.1 Comentários...
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3. Pressupostos
a) existência de vínculo conjugal, de companheirismo ou de parentesco;
b) necessidade do alimentando;
c) possibilidade (econômica) do alimentante;
d) proporcionalidade na equação necessidade/possibilidade (Art. 1.694,
§ 1º - Venosa considera a regra fundamental dos alimentos civis)
e) irrenunciável (1.707);
h) intransacionável;
i) atual;
j) irrestituível;
114
k) variável (Art. 1.699);
m) periodicidade;
6. Classificação
6.1 Quanto à finalidade:
a) provisionais ou ad litem: determinados em medida cautelar,
preparatória ou incidental;
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116
7. Pessoas obrigadas aos alimentos (Art. 1.697)
Interpretando o dispositivo legal:
1ª ideia: trata de alimentos em decorrência do parentesco;
2ª ideia: parentes consaguíneos. E os adotivos?
3ª ideia: ordem preferencial;
4ª ideia: ascendentes + descendentes maiores e capazes + colaterais em
segundo grau;
5ª ideia: dentro da classe, o grau mais próximo prefere ao mais distante;
6ª ideia: embora haja a preferência, é possível a divisibilidade (Art. 1.698).
117
Modos de garantia:
a) desconto em folha de pagamento (CPC, Art. 734; Dec.-lei nº
3.200/41, Art. 7º; Lei nº 1.046, Art. 3º, IV);
b) reserva de aluguéis de prédios (Dec.-lei nº 3.200/41, Art. 7º);
c) penhora de vencimentos de magistrados, professores, funcionários
públicos, de soldos de militares etc (CPC, Art. 649, IV);
d) constituição de garantia real ou fidejussória e de usufruto (Lei nº
6.515/77, Art. 21);
e) prisão civil (CPC, Art. 733 e Lei nº 5.478/68, Arts. 19 e 21);
e’) Comentários à prisão civil e questões
- qual o quantum da prisão: CPC – Art. 733, § 1º = 1 a 3 meses, referindo-se a
alimentos provisórios.
Lei de alimentos, Art. 19 = até 60 dias.
Para Maria Helena, nesse conflito aparente de normas, aplica-se a Lei de alimentos
para os alimentos regulares.
Para Gonçalves, aplica-se sempre a medida contida na Lei de alimentos, lição que
preferimos neste ponto. Por quê?
118
- cabe a medida para levar ao cumprimento de obrigações vencidas?
120
OBJETIVO nº 20
Identificar bem de família (Cn)
1. Origem
2. Conceito
3. Classificação doutrinária
4. Características
5. Exceções à impenhorabilidade
DESENVOLVIMENTO
1. Origem
EUA – Texas, com o objetivo de fixar a população no campo (homestead exemption
act – 1839).
2. Conceito
É o prédio residencial, urbano ou rural, que, por lei ou por vontade das partes, está
a salvo de eventuais credores, com vistas à proteção da família.
Questões:
- O instituto beneficia apenas o casamento, ou também a união estável?
3. Classificação doutrinária
a) legal: Lei nº 8.009, de 29 de março de 1990;
121
b) voluntário (ou convencional, ou, ainda, tradicional): Arts. 1.711 e s.
4. Características
a) impenhorabilidade, que não implica em inalienabilidade;
b) objeto: o imóvel devidamente guarnecido, ou o mobiliário apenas, no
caso de locação. Este último caso só diz respeito à modalidade legal;
Questões:
- se o imóvel for suntuoso?
- as plantações são objeto de bem de família (um pomar, ou uma lavoura, por
exemplo)?
123
OBJETIVO nº 21
Determinar a adoção, com base em suas características e em seus efeitos jurídicos
(Cp)
ROTEIRO
1. Definição
2. Finalidade
3. Histórico
4. Princípios
5. Requisitos
6. Características e efeitos
(Menino com carneirinho-1954-Portinari)
DESENVOLVIMENTO
1. Definição
Ato jurídico pelo qual se estabelece um vínculo fictício de filiação, trazendo para a
família pessoa que geralmente lhe é estranha – com base em Maria Helena.
1.1 Comentários
- adoção e vínculo filial natural.
- parentesco civil.
2. Finalidade
Dupla face:
a) dar filhos a quem a natureza negou ou deseja aumentar a prole;
124
b) proteção material e moral do adotando (Art. 43, ECA).
125
4. Princípios
a) da dignidade da pessoa humana;
c) da solidariedade familiar; e
5. Requisitos
a) adotante maior de 18 anos (Art. 42, ECA);
Questão: na adoção *conjunta é exigida maioridade de ambos?
*Conjunta é a adoção feita por cônjuges ou companheiros. Em oposição, tem-se a
adoção singular, que é feita por uma só pessoa.
126
Outra questão: se o adotando contar menos de 12 anos (criança) – Art. 28, § 1º,
ECA?
6. Características e efeitos
a) irrevogabilidade (Art. 39, § 1º);
127
b) PL nº 6.960/02 - várias alterações, como:
- adoção administrativa de maiores (sugestão de Zeno Veloso).
- adoção singular por pessoa casada ou em união estável, exigirá
consentimento do outro e dos filhos.
c) ato intuitu personae (não se faz por procuração – Art. 39, § 2º, ECA);
d) adoção conjunta só por cônjuges ou companheiros, comprovada a
estabilidade familiar (Art. 42, § 2º, parte final, ECA);
Questão: cônjuges separados judicialmente podem adotar?
128
Questão: a colocação em família substituta extensa pode ser feita por adoção (Art.
39, § 1º, ECA)?
Questão:
- se um cônjuge ou companheiro adota o filho do outro (enteado), também desaparece
o vínculo parental?
129
i) João pode adotar um sobrinho ou um primo? (Art. 42, § 1º, ECA);
Questão: existe algum caso em que irmão adotou irmão?
130
“Eu visto a camisa da Católica, e você?”
131
REFERÊNCIAS
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Janeiro: Francisco Alves, 1950. v. 2.
BEVILÁQUA, Clóvis. Direito de Família. Campinas: Red Livros, 2001.
CASTILHO, Maria Augusta. Roteiro para elaboração de monografia em ciências jurídicas. 4. ed.
São Paulo: Saraiva, 2008.
CAHALI, Francisco José. Dos alimentos. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.
COTRIM, Gilberto. História e Consciência do Brasil. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
DIAS, Maria Berenice. Da separação e do divórcio. In: Direito de Família e o novo Código Civil.
Belo Horizonte: Del Rey – IBDFAM, 2001.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 1.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 22. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. v. 5.
FACHIN, Luiz Edson. Comentários ao Novo Código Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2004. v. XVIII.
GAGLIANO, Pablo Stolze. FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo Curso de Direito Civil: Parte Geral.
11. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. V. I.
GAMA, Guilherme Calmon Nogueira da. Direito Civil: Família. São Paulo: Atlas S.A., 2008.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2005. v.I.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2005. v. VI.
HIRONAKA, Giselda M. F. Novaes. (Org.). Direito de Família. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2008, v. 7.
JOSSERAND, Louis. Derecho Civil: la familia. Tradução espanhola de Santiago Cunchillos y
Manterola. Buenos Aires: Bosch, 1952.
LISBOA, Roberto Senise. Direito de Família e Sucessões. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, v. 5.
LÔBO, Paulo. Famílias. São Paulo: Saraiva, 2008.
MATIELLO, Fabrício Zamprogna. Código Civil Comentado. 2. ed. São Paulo: LTr, 2005.
MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do Fato Jurídico. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 1995.
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil. 37. ed. Atualização por Regina
Beatriz Tavares da Silva. São Paulo: Saraiva, 2004. v. 2.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 13. ed. São Paulo: Atlas S.A., 2003.
MORAIS. Luís Fernando Lobão. Liberdade e Direito: uma reflexão a partir da obra de Goffredo
telles Júnior. Campinas: Copola Livros Ltda, 2000.
PATIÑO, Ana Paula Corrêa. Direito Civil: Direitos de Família. São Paulo: Atlas S.A., 2006, v. 8.
132
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Atualização de Tânia Pereira da
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