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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
ÍNDICE
Origem existencial..........................................................................fls.7-8
Fundamento....................................................................................fls.9-10
Vínculo existencial.........................................................................fls.11
Orixás ............................................................................................fls.12-25
Classes de Orixás...........................................................................fls.26-37
Adjuntós.........................................................................................fls.37-39
Feituras ..........................................................................................fls.39-40
Religião..........................................................................................fls.40-41
Ylê..................................................................................................fls.41-42
Axé financeiro................................................................................fls.42
Hierarquia.......................................................................................fls.43-44
“Evolução e evolução”...................................................................fls.45-46
Tempo............................................................................................fls.47-48
Mitos..............................................................................................fls.49-52
Lendas............................................................................................fls.53-64
Limpezas espirituais.......................................................................fls.66-67
Calçamentos...................................................................................fls.67-68
Ecós................................................................................................fls.68-72
Opetés.............................................................................................fls.73-74
Colheita..........................................................................................fls.74-75
Ferramentas....................................................................................fls.75-76
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
Ebó.................................................................................................fls.76-80
Erú..................................................................................................fls.80-81
Sacralização de animais.................................................................fls.81-83
Ervas...............................................................................................fls.83-84
Axorô.............................................................................................fls.85-88
Quaresma.......................................................................................fls.89-91
Axé de penas..................................................................................fls.91-92
Inhelas............................................................................................fls.92-93
Levantação.....................................................................................fls.93-94
Plantio............................................................................................fls.94-95
A magia do som.............................................................................fls.95-96
Roda de xirê...................................................................................fls.97-98
Balança..........................................................................................fls.99-100
Mesa de Ybedjis............................................................................fls.100-103
Saída de ecó..................................................................................fls.104-105
Ocupação......................................................................................fls.105-107
A chegada do Orixá......................................................................fls.107-108
Orixá Axere..................................................................................fls.108-109
Orixá Inxê.....................................................................................fls.110
Aforiba..........................................................................................fls.111-114
Alá.................................................................................................fls.114-115
Obé................................................................................................fls.115-118
Axé de búzios................................................................................fls.118-122
Entrega de axés.............................................................................fls.122-124
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
Axé de fala....................................................................................fls.124-125
Mel e dendê...................................................................................fls.126-127
Moedas e búzios............................................................................fls.127-129
Acaçá.............................................................................................fls.129-130
Banha de Orí.................................................................................fls.130-131
Sabão da costa...............................................................................fls.131-132
Flores e frutas................................................................................fls.132
Quartinhas.....................................................................................fls.133
Assajéun........................................................................................fls.134
Orunmalé.......................................................................................fls.135-136
Assentamentos..............................................................................fls.141
Orí.................................................................................................fls.141-144
Borí...............................................................................................fls.144-148
Cores.............................................................................................fls.148-149
Passeio..........................................................................................fls.149-150
Sunas.............................................................................................fls.150-155
Bolo...............................................................................................fls.155-159
Axé dudu.......................................................................................fls.164-167
Considerações finais......................................................................fls.168
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
EFAN - DEÍ
ÁFRICA DO BRASIL
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
ORIGEM EXISTENCIAL
Olorum sem divisões não tinha formas, existia apenas o buraco negro.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
FUNDAMENTO
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
O VÍNCULO EXISTENCIAL
Tudo é interligado...
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
ORIXÁS
O universo divinizado nas manifestações da natureza
Condenável é o ser imprudente... Que com o fogo que aquece, queima; com
o ar que respira, asfixia; com a água que hidrata, afoga e com a terra que
alimenta, polui.
Podemos encontrar os Orixás em tudo aquilo que existe aos nossos sentidos
como visão, audição, tato, olfato, paladar, intuição, sonhos e etc... É muito
além de tudo aquilo que podemos compreender;
Orixá é essência que permite que algo exista, tendo eles todas as formas
possíveis de ação espiritual, física e da forma que for; são estes encontrados
em todos os tipos de matéria, sejam matérias primas ou objetos, assim
sendo, para que algo exista em plenitude é preciso à junção de todos os
Orixás...
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
BARÁ
"Sem Bará não se faz nada."
Tridente, cabo com ponta na extremidade, seguido por mais duas pontas a
direita e esquerda nos remetem a lembrar de que sem Bará no existe
passado nem futuro, para que algo exista é preciso que de alguma forma
tenha base e eis aí o cabo/eixo do tridente representando a onipresença de
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
Bará no presente e em tudo que existe; talvez seja essa uma das
ferramentas mais significativas do culto a esse Orixá, pois tendo um ponto
central e mais duas extremidades, representa também a parte neutra entre
positivo e negativo, firmando apenas o poder de execução.
Sineta, um instrumento que nos desperta para alguma nova ação, adverte.
Moedas, estas mesmas que são conduzidas a todos os lugares por onde
entram um ser humano, o ser existindo ou não a moeda continua a
"caminhar" com outros.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
OGUM
"Toda ação gera uma reação."
Esse Orixá é energia que nos fornece ânimo, forças e entre tantas
outras a objetividade para persistirmos em busca de nossas conquistas; e
também prenúncio de todos os limites ou sejam advertências independentes
de verbal, material, espiritual ou da ordem que sejam, comparando com o
nosso cotidiano podemos usar como exemplo o consumo de alimentos e
bebidas, naquele momento em que sentimos que devemos consumir ou
parar de consumir para mantermos o equilíbrio fisiológico sem chegarmos
a um mal-estar. Nos vale também relembrar que este o Orixá-ferramenta ou
de outra maneira falando, o Orixá regente das ferramentas, defesas e mão-
de-obra, são as "armas, armaduras" e táticas usadas em "lutas e batalhas"
do dia a dia, a energia que permite a existência a partir da execução e
concretiza as coisas que antes eram apenas projetos. Sendo assim me resta
dizer que ogum é a defesa em absoluta ação, seja a defesa física ou a defesa
de um ideal.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
YANSÃ/OYÁ
"O ar que alimenta o fogo é o mesmo que corroe o metal."
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
XANGÔ
“A justiça tarda, mas não falha”.
Talvez esse seja o Orixá mais difícil de tentar descrever, já que ele
próprio é a maneira de expressão, a fala, músicas, os sons, as letras,
palavras, escritas, literaturas, cálculos, medidas, toda forma de expressão
existente; e dele dependemos para conquistar o aprendizado, pois é entre
erros e acertos que aprendemos a diferença entre o certo e o errado ; Xangô
é a justiça que nunca se permite abalar, é justo e "duro" como a pedra, não
se modifica nem abala em função dos outros elementos, mas sim utiliza de
sua imponência para o auxílio da execução dos outros elementos, por certo
é um dos elementos primogênitos da criação já que entre suas principais
essências está a firmeza; é como as medidas que se usam para construir
uma morada, cálculos que permitem ou não o equilíbrio para que esta se
mantenha erguida. A única forma de abrandar a justiça de Xangô sobre um
culpado é o arrependimento por parte do julgado e a misericórdia por parte
do juiz; Tendo assim a justiça como promotor e escrivão, a Mãe natureza
como advogada e a Misericórdia como desembargador.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
ODÉ-OTIN/ODÉ E OTIN
“A união faz a força.”
Arco e flecha, como Odé e Otin exercem funções sobre e com o outro,
indica o valor do companheirismo.
Bodoque, utensílio para atingir coisas distantes e para chegar ao alvo busca
o auxilio de um material a ser disparado.
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OBÁ
“O pior surdo é o que não quer ouvir”
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
OSSAYN
“Mente sã, corpo são”.
Ossayn e as ferramentas:
Casco de cágados e tartarugas, pois embora sejam uns dos animais com
maior lentidão para se locomover se adaptam tanto a água quanto em terra,
além de serem animais com grandiosa longevidade.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
XAPANÃ
“Olho por olho e dente por dente”.
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IBEDJIS
“Dois pensam melhor que um”.
OXUM
“...Beleza da força/Força da beleza...”
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
Vasilhas de louça ou vidro nos vários tons de amarelo, material que tem
sua origem na areia e com suas cores relembrando o ouro.
YEMANJÁ
"Sozinho é grão, sustentando oceanos junto a seus irmãos."
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
OXALÁ
"Assim no Ayê como no Orun”.
Fogo, água, terra e ar, são todos estes elementos indispensáveis para a
sobrevivência.
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CLASSES E ORIXÁS
Fato é que se dá somente o que se tem quem junto a canjica tem tomate
pode dar canjica e tomate, quem junto a canjica tem salsa e não o tomate
poderá dar salsa e canjica.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
Légba para trazer movimento... Lodê para que movimente a rua e traga
os clientes... Lanã para que tenhamos giros e trocas comerciais... Adague
para atrair os bons negócios... Ajelú para trazer a prosperidade...
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
para Xapanã dizendo abau atotô; já o Orixá Xangô cultuado na rica e farta
cidade de Oyó recebe como agrado o amalá podendo ser feito com pirão de
farinha de mandioca, molho de tomates, carne bovina, de frango ou
camarões cozidos, folhas de carurú, repolho branco ou de mostarda
cozidas, quiabos refogados, podendo agregar e variar entre bananas,
carambolas e maçãs já que em Oyó haviam melhores condições para
cultivos agrícolas e pecuário somados a maiores recursos na gastronomia
local.
Com a vinda dos escravos de várias tribos foram aqui reunidos nas
senzalas brasileiras, espalhados, separados e misturados no intuito de
dispersarem suas afinidades e a força deste povo, uniam-se uns aos outros
em busca de apoio mútuo que os permitiam maiores proximidades com sua
terra de origem ao serem deserdados de sua Mãe África, aqui integravam e
se união, juntos forjaram da religião um de seus maiores pontos de
resistência, misturaram-se tanto os dialetos internos da África como
gradativamente com eles a língua portuguesa quanto a junção de diversas
tribos africanas desde os porões dos navios negreiros até as senzalas que os
adotava como filhos escravos que entrelaçavam culturas uns aos outros,
além de seus próprios costumes... Interagiam transmitindo lendas, segredos,
rezas, receitas e etcs... Então Oxum que reinava na cidade de Ipondá sendo
a mesma Oxum que também era rainha da cidade de Yjimun e vice versa,
aqui ficou conhecida entre as partes que a compartilharam em prol de cada
tribo seguir com seus próprios fundamentos somados em uma mesma
nação, reverenciada pelos Ipondás como Oxum de Ipondá, pelos Yjimuns
como a Oxum de Yjimun e dos Karis a Oxum Yê(Mãe) Kari, que em terras
brasileiras se tornaram Oxum Pandá, Oxum Demun e Oxum Ieiê-Cari;
reunião-se e familiarizavam-se os yorubás a divulgar a seus descendentes
que por um lado Oxum era moça e rainha das águas doces que se banhava
entre as pedras de águas agitadas, Oxum Pandá o Orixá de Ipondá a ser
agradado com canjica amarela cozida e refogada com tomates picados, por
outro lado aprendiam com os Yjimuns que Oxum era a rainha de Yjimun,
uma senhora rainha das águas doces que se banhava em águas calmas
cercadas por vegetações, quanto o axé que mais lhe agradava era canjica
amarela refoga com salsa ou couve picada; estabelecendo aqui a união
entre povos vizinhos de diferentes tradições mas de um mesmo Orixá
iniciarem-se os cultos a mais de uma Oxum que de acordo a cada origem a
"classificavam" de uma forma semelhantes por um ponto mas peculiares
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
por outros, assim ocorreu como todos os outros Orixás que foram
agregados por classes e reunidos em uma mesma nação que longe de suas
cidades de origem buscavam forças em seus descendentes e ancestrais em
comum.
Classes de Orixás.
Subdivisões de um mesmo elemento
Exemplificando:
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
Bará Ajelú
·Bará Adague
·Bará Lanã
Bará Lodê
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
Ogun Avagãn
Ogun Olobedé
Ogun Onira
Ogun Adiolá
Yansã/Oyá
Xangô Aganjú
Xangô Agodô
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Xapanã Jubeteí
Xapanã Belujá
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
Xapanã Sapatá
Oxum Docô
Forma a origem das águas doces, como os olhos d'água e as vertentes que
lentamente brotam formando as nascentes dos rios, cachoeiras e cascatas,
em forma de vapor envia águas para Oxalá que retornam em gotas de
chuva. É a fase da beleza madura como o ouro envelhecido.
Oxum Olobá
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
Oxum Demun
Oxum Pandá
É Pandá a mais moça, vista com beleza jovial e sedutora, é agitada como as
quedas das águas e as correntezas mais fortes, é o curso natural que revela
o brilho do ouro.
Yemanjá Bocí
Yemanjá Bomí
Oxalá Olokun
Oxalá Dakun
Oxalá Jobokun
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Oxalá Orunmylá
ADJUNTÓS.
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Xangô-Yansã/Oyá:
Xangô Agodô adjuntó com Yansã(brisa), por ser Agodô e Yansã classes
mais velhas digamos que o adjuntó influencia de forma a manter aceso um
fogo brando;
Xangô Aganjú com Oyá(ventos), por serem Aganjú e Oyá as classes mais
joviais e ativas de Xangô e Yansã fazem um fogo ardente, vezes
incontroláveis.
Xangô-Obá:
Xangô-Oxum:
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
Xangô Agodô adjuntó de Oxum Docô, classes mais velhas, como o lago
que embeleza cercando um vulcão que caso entre em plena atividade de
erupção revoltam as águas e tornam-se Aganjú com Pandá que ao
abrandarem voltam aos pontos de Agodô e Docô; tornando assim Agodô
com Docô um Xangô mais calmo até seu ápice ponto de ação.
FEITURAS
Partindo do princípio, como tudo no plano físico é iniciado por uns estágios
de formações, tornando aí o primeiro ponto que se encontram os elos
existentes entre espiritual e físico, todas as formas de vida assim como todo
plano material tem suas origens no espiritual... Aquilo que é material foi
espiritual; Fé, esta que permite a um indivíduo chegar a qualquer estágio
que for de ascensão a decadência moral e psicológicas, elevando ou
decaindo em graus motivacionais; de origem interna a fé não é algo
imposto e sim natural.
Acreditar no provável não passa de sabedoria, vezes uma falsa crença pode
ser conveniente aos aspectos humanos. Fé e crenças são formas diferentes...
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
É como saber que existem os verbos sem haverem palavras para descrevê-
los.
RELIGIÃO
A CONFIRMAÇÃO DA FÉ
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
ele tem valor tão grande quanto um oceano, porém cada um com seus
desígnios.
YLÊ
A CASA DE RELIGIÃO E SUAS ESTRUTURAS
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AXÉ FINANCEIRO
Diante aos fatores que agregam uma casa de religião assim como
qualquer outro templo, são mantidos mediante aquisições de verbas
originadas por trabalhos religiosos e sociais, na medida do possível somam-
se fundos e doações através de benefícios e doações, sejam elas vindas por
partes como clientes, filhos e simpatizantes a religião; dessas fontes
podemos distinguir com maiores assiduidade os clientes e os filhos da casa.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
HIERARQUIA
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
diante aos Orixás mais descalços dançaram, pois é regra de Orixá que ao
dançar todos estejam de pés descalços e em contato com o chão. Temos
cargos que são designados por aptidões de acordo a nossos conhecimentos
e rituais de iniciação, quem tiver maior interesse nas áreas culinárias
envolve-se na cozinha, aos mais interessados na percussão ensina-se os
manuseio dos instrumentos rítmicos, aos mais ligados a decoração são
instruídos a organização física da casa e etc, cabendo a todos dividirem-se
para com as atividades de higienização e serviços gerais, sempre
acompanhados e instruídos pelo Babalorixá e Yalorixá o qual foi escolhido
para inicia-los cabendo ao mesmo sempre explicar os motivos e
fundamentações pelas quais são feitos tais procedimentos, tornando assim
um sacerdote exemplo presente, cabendo a ele cumplicidade a seus filhos
de santo que além de serem seus iniciados também serão seus irmãos da
mesma religião diante a visão dos Orixás; os fatores básicos e primordiais
param se tornar um verdadeiro praticante da religião é ter boas intenções,
disposição para aprender e força de vontade. Uma das maiores virtudes
notáveis a um futuro Babalorixá e Yalorixá são os esforços em
continuamente melhorar perspectivas, de modo a envolver os aspectos
coletivos a iniciarem-se em suas próprias atitudes, pois a sabedoria se inicia
através da reflexão onde independente de sabedoria sobre um determinado
ponto todos seguem um aprendizado infindável junto as leis dos Orixás,
sempre poderemos aprender mais, tanto país quanto filhos e uns com os
outros, a final religião vai além de preceitos... Religião é o modo de viver.”
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
"EVOLUÇÃO" E EVOLUÇÃO...
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
poder que busca por "liderança" a somarem quantias de filhos de santo que
lhes sirvam em mãos de obra sem custo enquanto o pai de santo cobra
custos tão elevados para iniciar uma pessoa que muitas vezes nos leva a
crer que o valor cobrado ultrapassa a "quantia" de axé, muitos desses
"líderes" de grupo se provalecem não somente da boa vontade mas também
da boa fé dos que estão ao seu redor, enquanto aos babalorixás mais antigos
compreendiam como maiores satisfações e gratificações o bom resultado de
suas ações a serem reconhecidas como sendo de bom axé; muitas vezes os
que deveriam servir de exemplo são os que mais deixam a desejar para com
os parâmetros de fidelidade ética e moral como religiosos, abusam da
ingenuidade dos leigos, menos experientes e "desfavorecidos" a ostentá-los
de certa forma como seus empregados.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
... TEMPO...
... ...
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
O tempo em Odé é flecha de caça do chão atirada para o céu meio dia
no sol; de cima da árvore reta a terra é meia noite no sol; para a frente hs.:
18:00 no sol, para trás hs.: 06:00 no sol, porém a flecha é lançada por um
arco e para que possa lançar tem que ser algo invergavel e para ser assim
tem de ser flexível não estando em um ponto e outro e ao mesmo tempo
influenciando em um todo, é aí que entra Otin que ao jogar a lança de caça
também a utiliza para pescar formando Odé o tempo que segue, e Otin as
frações do tempo a seguir. O tempo inicial pode ser chamado como Oxalá
moço, quando o sol se ergue e com ele a rotina do despertar para um novo
dia; O tempo final pode ser interpretado como Oxalá velho, àquele que
passou pelo início e segue ao cair da noite, com o por do sol trás o repouso.
Segue o tempo em vice versa como senhor da razão.
Tão diferente é o tempo para os humanos quanto é para os Orixás, isto se
confirma quando notamos lavar nosso corpo algumas vezes ao dia quanto
as limpezas de espirituais ocorrem estipuladas por calendários e consultas
através do jogo de búzios, nas épocas de Omí-océ (limpeza de
assentamentos e ferramentas destinadas aos Orixás) que geralmente
ocorrem no máximo duas vezes ao ano; enquanto fazemos uma média em
torno de três refeições ao dia nossos assentamentos de Orixás recebem suas
confirmações de forma anual. Quanto nossos sentidos se movem sentido
horário os sentidos do Orixá seguem rumo anti horário, enquanto nossas
apresentações físicas não ultrapassam se quer um século as formas de
apresentações dos Orixás ultrapassam séculos, milênios e o tempo
incalculável nas árvores, nos metais, nas pedras e em todos os elementos
encontrados na natureza; nas estrelas, nos planetas onde o tempo se perde
no espaço nossos períodos são marcados pelo sol e pela lua, onde luz e
escuridão demarcam nossos dias.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
MITOS
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
CICLO MENSTRUAL
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ORUNMYLÁ
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LENDAS
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OBÁ x OXUM
Famosa é a lenda que conta sobre a cega paixão de Obá por Xangô,
fazendo de Obá a portadora de sentimentos e ações gerados por sua paixão
revolta devido à preferência de Xangô por suas outras duas esposas que são
Yansãn e Oxum, tal desequilíbrio a ponto de Obá ser ludibriada por Oxum
e mutilar-se fazendo de sua orelha um amalá (comida predileta de Xangô) e
ofertando-a ao seu amado que revoltado e enfurecido diante a tal ato acaba
por repudiar Obá e Oxum que se transformam em rios de águas conflitantes
ao encontrarem-se.
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XAPANÃ
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A MULETA DE OSSAYN
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BARÁ x OXALÁ
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Xapanã
O poder das forças ocultas.
O Senhor dos mistérios, o Pai da magia.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
Xapanã dividindo seus mistérios com sua mãe Yemanjá Nanã sabiam
que nos fundos dos oceanos não faltavam belezas com que pudesse
presentear sua mãe, foi então que teve a ideia de transmitir as ostras parte
do seu segredo de axé que as permitiria transformar partículas de "sujeiras"
indesejadas em pérolas, sobe a pena de que se abrirem a boca na intenção
de revelar os segredos dessa magia serão junto a isso presenteadas com o
silêncio da morte; ficando assim apenas entre as ostras e Xapanã o poder de
gerar pérolas. É nas coisas fora de ordem que Xapanã reverte negatividade
para que diante da cura a enfermidade reverta-se em axé.
ODÉ
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
AS 3 MULHERES DE XANGÔ
Então Xangô vive cercado por estas três mulheres que o destacam e
favorecem.
Yansãn ou Oyá?
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
OGUN
Diz à lenda que ao chegar a uma cidade procurando por seu filho, Ogun
deparou se com pessoas que agiam em silêncio, sem comunicações como
se estivessem a ignora-lo.
Revoltado com o ato que tomou como afronta sacou de suas armas em
aniquilar, devastando toda cidade de Irê; após estarem todos mortos chega
a cidade o filho que Ogun procurava, informando seu pai de que as pessoas
não o recepcionaram apenas porque era dia consagrado ao silêncio e assim
todos deviam cumprir com seus deveres. Após perceber o erro que cometeu
Ogun sucumbiu em arrependimento para dentro da terra se tornando um
Orixá.
Otin também é o nome de um rio em solo africano, assim como Oyá, Ogun,
Obá, Oxum e Yemanjá, mas vale lembrar que na cultura afro brasileira
tanto os rios como as demais fontes de água doce pertencem ao Orixá
Oxum, não é a nomenclatura de um local que faz o axé do Orixá. Embora
sejam possíveis feituras de obrigações em que Odé receba adjuntó com
outros Orixás que não sejam Otin, para Otin o único adjuntó seria Odé já
que ela depende dele.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
YBEDJIS
Ybedjis, são dois (ou mais) em um... Ybedjis são dois Orixás que formam
um único Orixá, não dois pontos divididos e sim pontos de multiplicação;
estes Orixás juntos são puros e inocentes, "separados/desencontrados"
seguem com as mesmas virtudes, porém com distinção entre "masculino”
/ativo {"pólo negativo” (-)} e feminino “/receptivo {"pólo positivo"(+)},
podendo em partes serem descritos como o menino sendo o
espermatozoide e a menina sendo o óvulo, o encontro entre ambos (fusão)
forma o Ybedjis, ambos são o embrião... Quanto ao nascimento de gêmeos,
um tem regência predominante da menina/feminino quanto o outro é
predominante o Orixá menino/masculino, isto independente do sexo dos
recém nascidos já que na essência os Orixás não possuem gêneros sexuais.
Parecidos mas não iguais... DNA's, tons, impressões digitais são referências
aos Ybedjis.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
A função dos elementos materiais tais como potes, vasilhas, pós, sementes
e tantos outros artigos são ferramentas de auxílio para o culto, por suas
emanações de energia, desemprega e desencadeia funções não podendo
jamais um material ter mais importância ou destaque que a própria
natureza; são vinculados por suas origens materiais, como o barro do
aguidal de barro, dos metais as ferramentas de assentamento, das madeiras
as gamelas e os vultos, das canjicas o milho, da carne o animal, assim como
das ervas uma parcela do axé vegetal, e com elas despertamos as magias de
um todo o qual pertencem.
Vale ressaltar que o Orixá age de forma neutra, porém consciente a cada
ação a qual desemprega, o livre arbítrio nos permite diversas formas de lida
com o Orixá... Como as diferenças de bronzear ou escaldar o corpo diante
o sol, o tênue limite entre ações medidas ou errôneas que se revelam por
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
LIMPEZAS ESPIRITUAIS
Todo e qualquer etapa de ligação com os vínculos aos Orixás deve ser
tomado diante a iniciativa de selecionar aquilo a serem direcionados, os
cereais como milho, feijão, amendoim selecionados, as verduras lavadas, os
legumes descascados e mesmo que para fazer um pedido ao plano superior
a mente tem de estar limpa; assim inicia-se o equilíbrio entre os lados
diferentes, desvinculando o prejudicial do neutro aproximam-se os homens
a seus Orixás.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
CALÇAMENTOS
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
ECÓS
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
*Ecó para Yansãn/Oyá (água, rosa vermelha, perfume, mel para dentro
de casa ou azeite de dendê para a rua. Pode ser usado para calcamentos
contra Eguns o ecó de água, cinzas de lenha e azeite de dendê).
*Ecó para Xangô (banana esmagada com mel, água, farinha de mandioca,
e por ultimo gotas de azeite de dendê).
*Ecó para Odé (água de coco, farinha de mandioca, sete ou oito feijões
miúdos e mel).
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
*Ecó para Obá (água, sal grosso, açúcar cristal e gotas de azeite de dendê,
quando para serviços ligados ao amor e união coloca-se uma rosa cor de
rosa).
Tem por feições auxiliar nas respostas, decisões e reativação das coisas
estagnadas, como o desembocar das águas doces nas águas salgadas se faz
o duelo entre sal e açúcar para que logo as águas sejam um único oceano.
O ecó com mel pode ser feito dentro de casa para atrair e assegurar a
prosperidade e a boa sorte, assim como também faz proteções a saúde e
resolução de problemas difíceis. Já o ecó com azeite tem por missão afastar
as más companhias sejam elas físicas ou espirituais.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
*Ecó para Oxum (água, duas gemas de ovos, oito moedas, farinha de
milho, mel, perfume e flores amarelas).
Os ecós de Oxum assim como dos outros Orixás podem ter variações de
acordo a cada nação e casa religiosa. Podendo ser feitos com água, moedas,
gemas, mel e perfume; água, farinha de milho, moedas, mel, perfume e
flores inteiras e/ou despetaladas; todos os materiais citados ou apenas
composto por alguns. Dentre tantos temos as gemas da fecundação, as
moedas da prosperidade, a farinha de milho para o sucesso, as flores com
axé de felicidade, a atração do perfume e a doçura do mel. Os ecós de
Oxum, Yemanjá e Oxalá são despachados nos fundos do pátio ou puxados
do portão principal aos fundos, de acordo aos preceitos de cada casa.
templo) o mesmo deve ser respingado na terra, já que o culto aos Orixás é
herança ancestral, vinculamos assim uma forma de respeito a nossas raízes.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
OPETÉS
O opeté é um dos grandes fundamentos nos cultos aos Orixás por seu poder
representativo, é utilizado desde os axés de frente ("oferendas"), serviços
até seguranças e calçamentos; na maioria dos casos é feito de batatas
inglesas descascadas, cozidas em água, amassadas e moldadas em formas
semelhantes a um cone, podendo também ser e terem outras formas como
arredondados, chatos, piramidais, em formas de pêra, porongo, pés,
corações, cabeças, mãos e etc... Seus ingredientes e temperos variam de
acordo a cada função e ocasião, podendo ser com ou sem cascas, de batatas
doces, canjicas cozidas e esmagadas, farinha de mandioca, farinha de milho
etc... São "temperados" de forma individual, mesmo que em uma ocasião
todos sejam de batatas inglesas e de formas cônicas, o primordial não são
os materiais e sim o axé que emanam, sendo rolados e polvilhados em pós,
como pó de carvão, pós de tijolo, colorau, pó de telha, pó de anil, erva mate
moído, café, terra, adornados por moedas, grãos e etc... Podendo ser estes
"temperos" compreendidos por complementares as ações e reações
espirituais.
COLHEITA
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
Tudo está onde deve estar, nem uma folha se desprende de uma árvore sem
um devido propósito de origem divina.
FERRAMENTAS DE ORIXÁS
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
EBÓ
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
terra e suas mutações, como os caminhos mais firmes aos passos... Que não
encontremos água nem lama ao passar, assim assando e torrando seus
ingredientes para retirar o líquido, regados por azeite de dendê que entre
outros aspectos age com repelente e impermeabilizante de água; assam-se
as batatas por serem representantes do chão, na transformação onde os
líquidos secam em vapor temos o estourar das pipocas, o opeté representa o
poder e a força dos caminhos... Cozido em água, mas que só toma forma
sólida e firmeza após o escoar do líquido, os milhos que quanto mais
distante for a classe do Bará em relação a praia mais torrados e escuros se
fazem. Como Ajelú sendo o Bará de praia também pode receber axoxó
(milho cozido) e o Bará Lodê por ser o mais distante d'água só recebe
abadô (milho torrado) mais torrado que as outras classes ficam em
evidências os contrastes entre as cores da areia e as cores da terra.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
ERÚ-EBÓ / ERÚ
O ebó erú, troca de vida ou simplesmente erú como mais são conhecidos,
consistem em reverenciar a vida e a morte através de um ebó... Através da
ligação dos alimentos são entrelaçados Orixás e Eguns em um mesmo
propósito/atuação.
São feitas então as junções de ebós para os Eguns com os ebós para os
Orixás, faz-se um banquete onde a vida e a morte sentam lado a lado, pois
entre esses dois planos estão os seres humanos, recebem a mesma toalha e
os mesmos pratos, servidos entre alimentos de todas as espécies e origens,
dos crus aos cozidos. É uma "mesa" com alimentos, bebidas, velas, flores,
utensílios, pombos, aves e até quadrúpedes ofertados aos ancestrais e
antepassados em busca das curas para o físico por meios do espiritual.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
SACRALIZAÇÃO DE ANIMAIS
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
ERVAS
Dentro das essências das folhas são encontradas partes dos axés dos Orixás,
cada erva com seu Orixá e cada Orixá com/em suas ervas, mesmo que
todos vegetais pertençam ao axé de Ossayn assim como compõe a flora.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
Para colher uma folha basta arrancá-la do galho, porém aos conhecedores
dos fundamentos, nada se faz sem pedir licença as forças que o regem,
pede-se então o devido agô ao Orixá Ossayn, saudando a natureza, para que
não se colham apenas as folhas em seu físico, mas para que com ela venha
o axé, parte de sua alma, suas bençãos, a força sagrada de cada Orixá; em
destaque, deve-se ressaltar que nos fundamentos do culto aos Orixás as
ervas tem suas utilidades que além de litúrgicas servem como clínicas,
terapêuticas e gastronômicas.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
AXORÔ
"O hálito de Olorum é vida, quanto o Axorô é sua saliva."
Do sangue verde temos o axorô das ervas, que para os Orixás de praia são
encontrados nas ervas doces, e nas ervas amargas, quando para os Orixás
de guerra, sangue verde dissolvido (macerados) em água, assumem as
formas de mierós/amacís. Do sangue branco, temos o axorô extraído da
casca do ibí(lesma africana), que o guarda como uma ampôla interna ao
final do caracol. Do sangue vermelho temos o axorô frio dos peixes e o
axorô quente das aves, dos caprinos e suínos.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
*Pombos
O axorô extraído dos casais de pombos são geralmente mais utilizados
como axé de selagem as demais emanações de axorô, tornando-se assim
um dos últimos elementos nas sequências do axorô a ser utilizados, o axorô
do pombo cobrem todos outros axorôs... Já outros fundamentos seguem por
aplicar este axorô como uma espécie de revestimentos/estabilizador para
que então sejam empregados outros axorôs vermelhos de axés mais
"impactantes"; o pombo e a pomba portadores de axorô com polaridades
diferentes entre si, o axorô "macho"(-) somado ao axorô "fêmea"(+) geram
um elo de ligação aos originais permitindo conexões entre elementos
sucessores e antecessores, o ponto agregador entre distintos, é o axorô dos
pombos o propulsor das interações/interligações entre orí físico e orí
espiritual, o laço entre as partes dos adjuntós e etc...
* Ibí/Ebí
Os ebís (lesmas/caramujos nativos) são animais bissexuados, um único ebí
possui órgãos reprodutores tanto masculinos quanto femininos, podendo se
reproduzir com outro bissexuado em reprodução cruzada, onde o órgão
masculino fecunda o feminino do outro e ao mesmo tempo tem seu órgão
feminino fecundado pelo masculino do outro, ou sendo ele mesmo capaz de
se auto fecundar sem a necessidade de um parceiro para reprodução... é o
ebí um animal auto fecundo que de certa forma se assemelha ao axé do de
Oxalá (o Orixá da criação) por gerar a vida de forma autônoma, entre
outros aspéctos que fazem do axorô branco um elemento de axé universal e
abrangente as obrigações de cabeça aos filhos de todos Orixás, semelhante
ao axorô encontrado na junção do casal de pombos brancos.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
* Peixes
Nos vínculos ritualísticos mais comuns onde é empregado o axorô frio
encontramos os peixes pitados que servem aos rituais de todas as classes de
Orixás e os jundiás que por sua vez são específicos apenas aos
fundamentos de Orixás de rua. O axorô frio sempre é empregado nas
sequências posteriores às obrigações de levantação do axorô de
quadrúpedes, ofertado por exercer justamente a função de "resfriar" o axorô
quente, em outras palavras é o mesmo que dizer que o axorô frio serve de
fixador das intensas emanações do axorô quente, portador de axé contensor
deve ser empregado como um conservador/conservante as propriedades do
axorô quente, evitando desprendimentos, desgastes e desperdícios
espontâneos aos axés antecessores.
* Quadrúpedes
Dentro da religião as obrigações que envolvem a sacralização de
quadrúpedes são popularmente conhecidas como obrigações de "quatro
pés", envolvendo de formas mais comuns a utilização de cabritos, cabritas,
bodes, cabras, carneiros, ovelhas e suínos, para "portar" uma obrigação de
quatro pés o indivíduo tem de ser antes iniciado gradativamente com
obrigações de mierós (lavagem com axorô verde), mieró coberto (axorô de
aves diluído em axorô verde), seguida por aribibó (axorô de pombos),
obrigação de borí (axorô aves); para então após as anteriores etapas de
preparação e adaptação ser devidamente iniciado com ebós de 4 pés (axorô
de quadrúpedes)... O axorô de quadrúpedes assume caráter de legitimidade
para além das necessidades particulares, acima dos interesses pessoais, é
este elemento um selo de voto onde o iniciado assume papel de plenas
disposições como uma ferramenta a serviço dos Orixás.
É com axorô de quatro pés que se assentam os Orixás, não existem Orixás
assentados sem o emprego de axorô de quadrúpedes somados ao axorô de
aves e vise versa a ser confirmada nos rituais decorrentes a semana
posterior ao início dos assentamentos chamados de delogun, onde em uma
sequência de complementações aos axés são empregados o axorô frio (de
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
* Meio 4 pés
O axorô obtido a partir da utilização de casais de galinhas d'angola, casais
de marrecos e casais de patos contém axés "mais intensos" que os obtidos
com o axorô das outras aves (galos e galinhas comuns) e "menos intenso"
que o axorô de quadrúpedes, tendo assim uma potência intermediária entre
as duas principais fontes de axorô utilizam-se os termos "meio quatro pés"
ou até mesmo "quatro pés de pena" embora não tenha um axé tão propulsor
quanto de quadrúpedes é utilizado como potencializadores das forças do orí
em obrigações feitas a cabeça, galinhas d'angola para o povo de Orixás de
dendê, marrecos para os filhos de Oxum e os patos para as pessoas de
Yemanjá e Oxalá, não possuindo axé completo.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
QUARESMA
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
AXÉ DE PENAS
COROAÇÃO DE EBÓ
Quando analisada em seu aspecto físico, se faz notável que ao criar as aves
Oxalá (a primeira parte de Olorun a se formar em Orixás) agraciou suas
penas com o axé da beleza e da impermeabilidade para que mesmo após o
mergulhar em água e apanhar chuva não sejam encharcadas sem poder
levantar voo, assim como mesmo voando não sejam prejudicadas pelas
ações dos raios solares; reverenciando assim a infinita sabedoria do criador
seguimos por ritualisticamente valorizar suas formas de criação,
reproduzindo sua onisciência em nossos rituais.
das costas quando para Orixás que recebem animais machos, como
retiradas dos peitos quando para Orixás de aspectos femininos, podendo as
penas ao redor ter suas partes internas voltadas para dentro quando para
Orixás de aspectos masculinos como voltadas para fora quando para Orixás
que recebem animais fêmeas, podendo também as quantias de penas ser
duplicadas quando para um ebó à Orixá de cabeça, assim como também
para os Orixás dos Babalorixás donos da casa.
O axé de penas é feito para preservar o axé interno, e como barreira ao que
está do lado de fora, para que as forças depositadas no ebó permaneçam as
oscilantes emanações do axé ali recém-depositado, assim como para que
não sofra interferências externas vindas de outros pontos de energias como
as irradiadas por pessoas presentes durante os rituais que vão desde as
limpezas e calcamentos da casa, passando pela festa que recebe inúmeras
visitas até o momento da levantação de ebó; ficando neutras as emanações
externas como ciclo menstrual, consumo de bebidas alcoólicas, atos sexuais
e todos os tipos de cargas negativas.
INHELAS
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
LEVANTAÇÃO
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
obé de feitura aliviando os axés latentes no obé, os doces secos, balas, bolo
e as flores a cobrir a levantação; após montar toda obrigação de levantação,
rega-se com mel e perfume.
PLANTIO
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
A MAGIA DO SOM
*Tambor
O tambor é formado por um cilindro oco (tubo) com suas duas
extremidades cobertas por uma membrana de couro esticado por cordas
transpassadas, comparativamente pode ter seu formato associado a
duplicidade do axé de Xangô, dois lados como o oxé (machado sagrado), a
balança de um eixo e dois pratos que nos remetem a dois sentidos, dois
planos paralelos unidos por um ponto em comum. Quando para saudar os
Orixás o tambor deve ser afinado esticando os couros a forma de cadências
agudas e médias graves quando percutidas com batidas manuais, de
vibrações percussivas contrárias se fazem os toques em rituais aos Eguns
onde o tambor deve ser "desafinado" a ponto de afrouxar os couros, o
chamado "tambor frouxo" que produz som grave abafado.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
*Agê
*Agogô
Instrumento de metal em forma de "V" com dois cones (campânulas) de
tamanhos diferentes fixados em suas extremidades com a finalidade de
produzirem sons agudos e diferente de uma campânula para outra; Tocado
por uma baqueta originalmente de metal com propósitos em despertar os
axés dos Orixás para a guerra no sentido de que retribuam o incentivo de
maneira enérgica, suas batidas de metal com metal invocam o axé da
guerra. É um instrumento de Ogun, por ser ele o Orixá tanto dos metais
quanto da guerra.
*Sineta
A popular sineta é utilizada não somente nas rodas de dança
aos Orixás acompanhando e interligando os instrumentos, mas também
como instrumento padrão a qualquer ritual ligado ao culto, como
instrumento de conexão e despertar axé, é regido por Bará o Orixá
mensageiro.
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RODA DE XIRÊ
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O AXÉ DA BALANÇA
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MESA DE YBEDJIS
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Após acender a vela, as crianças são sentadas uma a uma, quando a última
criança a compor o ritual de mesa for devidamente acomodada, são
iniciados os toques de tambor seguidos pelas cantigas ao Orixá Bará
(geralmente Ajelú, por ser esta a classe que acompanha os fundamentos aos
Orixás Ybedjis) e a partir de então os Orixás começam a se manifestar em
seus filhos, segue-se a cantar axés para Xangô, momento no qual é servida
a canja do primeiro ao último, após todos os pratos servidos com canja
estiverem diante das crianças, elas são instruídas a iniciar a alimentação ao
mesmo tempo e de forma simultânea iniciam a se alimentarem. Enquanto
uma criança não estiver saciada de canja, deve novamente ser servida, os
adultos que servem as crianças sempre caminham no sentido anti-horário
ao redor da mesa, dispondo os pratos com alimento pela direita da criança a
ser servida e retirando pela esquerda preservando assim o sentido anti-
horário, para levantar um prato arria-se outro a substituí-lo(como os pratos
da balança de Xangô, desce o mais pesado e sobe o mais leve exercendo a
justiça), preservando assim o equilíbrio de forma ritual; quando necessário
adultos e iniciados podem auxiliar as crianças, tanto sentando junto a
criança na mesa como consumindo os alimentos servidos as mesmas.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
crianças, em seguida dar água da quartinha, as mãos das crianças devem ser
lavadas por Yemanjá, ou por um de seus filhos em água pura contida em
vasilha de louça branca, a sequência de tirar as mãos da vasilha são
amparadas e enxugadas por Oxalá ou um de seus filhos com uma toalha
branca.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
SAÍDA DE ECÓ
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
A saída de ecó pode ser entendida como o limitador ritual entre Orixás de
dendê e Orixás de mel, pois é após a sua conclusão que se percebe uma
acelerada "subida" dos Orixás de frente paralela as manifestações dos
Orixás de praia. Encerrados os procedimentos de ecó, iniciam-se as
louvações aos Orixás do mel... Dando assim sequência a noite de batuque
aos Orixás Oxum e Yemanjá a ser encerrada por Oxalá.
OCUPAÇÃO
ORIXÁ MANIFESTADO
Ex.:
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
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AXERE
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ORIXÁ INXÊ
O ÚLTIMO ESTÁGIO DA OCUPAÇÃO
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
AFORIN-AFORIBA
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
"Em aforiba de rosa branca, espadas não batem e Xangô não dança".
tem suas próprias formas e que cada ser tem seu valor...
Interpretadas como Oxum a dona da sabedoria e Yemanjá sendo a
senhora dos pensamentos, se faz notável o gesto de nossas
imagens em seus espelhos, é a mãe que abre mãos de sua vaidade
para focar em seus filhos, é a luz por ele refletida em nossos
passos que se fazem em bênçãos e axés, para que tenhamos a
sabedoria suficiente em nossas reflexões, e que através dos
pensamentos tenhamos clareza e melhores resoluções em nossas
vidas.
OLOMÍ OXUM
Axé do perfume
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
Em meio ao rufar dos tambores e seus ritmos ouvimos a reza que canta...
"...yeyê kari yeyéwô kariô, Oxum kariô kariô kariô..." traduzida em "... mãe
da região, mãe da fortuna da região..." vemos no centro do salão Oxum
segurando uma peneira de palha dançando entre as pessoas e Orixás como
a peneirar o ouro e com breve gestos de mover das mãos para o centro e
para fora da peneira estende o ouro a seus filhos; é ela a mãe que ensina a
seus filhos que o sucesso vem através dos merecimentos e dos esforços.
ALÁ
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
OBÉ
A ferramenta de ligação / O axé de Ogum
Assentamentos de obés, assim como tarefas divide apenas com seu irmão
Bará, cabendo aos dois às execuções de tarefas ao Orixá do pai-de-santo. É
o obé do Orixá da casa, o obé de fazer filhos e assentar Orixás, só têm
direitos a sair de dentro da casa de religião quando em rituais de feituras
rumo à outra casa de religião de filhos e/ou afilhados do Babalorixá.
Tomando por exemplo, seria pouco conveniente um Babalorixá filho de
Orixá de rua ter de levar o obé de rua para dentro de casa em razões de
feituras de filhos e após devolvê-lo-ia aos assentamentos de rua.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
... Para que a caminhada dos iniciados vinculados ao ritual seja em passos
equilibrados.
Ex.:
O AXÉ DE ORUNMYLÁ
Jogo de búzios / A comunicação entre os mundos
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
Após reverenciar entregamos as favas nas mãos da pessoa para que captem
as emanações individuais e tragam maior legibilidade ao leitor de búzios,
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
Vontade pode ser lida como oposta a força de vontade, querer é algo, ter é
outro e merecer é a maior evolução.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
Assim como todo e qualquer axé recebido, como o axé de obés e o axé de
búzios, antes de ganhar o axé é preciso cumprir os preceitos de assentar os
Orixás vinculados ao axé.
ENTREGA DE AXÉS
O DIPLOMA DO BABALORIXÁ
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
(Acima, foto da entrega de axés do Babalorixá Branco d'Oxalá. a direita da foto sua
madrinha de orí, Yalorixá Janaina de Xapanã Sapatá; a esquerda sua madrinha de axés,
Yalorixá Raquel de Oxun Docô e ao centro o Babalorixá Luiz de Xangô Agodô,
responsável pelas feituras e entregas de axés).
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
AXÉ DE FALA
O AVAL AOS ORIXÁS
...
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
MEL E DENDÊ
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
favos de cera encontrados nas colmeias, exige apenas ações naturais como
a colheita do pólen e a produção do mel exercido apenas pelas abelhas.
Os Orixás secos (epô) são representados pelo azeite, por ser um elemento
ícone de ação, que além de ser considerado um material quente também
não é solúvel (repelente e impermeável) a água, aspecto semelhante ao
caráter que define esses Orixás por serem guerreiros, extremamente ativos
e contrários as atividades pacíficas que englobam os Orixás d'água. Os
Orixás de praia se fazem representados no mel, pois contrários ao dendê, o
mel que além de ser um elemento compreendido como frio também carrega
características como doces receptivas e solúveis; enquanto o azeite revela
agilidade e leveza, o mel se mostra mais lento e pesado, misturando-se e até
emergindo em água.
MOEDAS E BÚZIOS
Cwaurim, cauri, cimbo, jimbo, zimbo e o famoso búzio são vários nomes
de uma concha pertencente a um molusco, também podendo ser
compreendida como o esqueleto do mesmo.
que em torno das primeiras décadas do séc. XIX (ano 1800 a +/-1830) não
portavam mais valores de trocas comerciais, outros itens assumiram o papel
de moeda de troca, assim como dos pagamentos com sal surgiram os
salários... Vieram o açúcar, fumo, cacau, couro e uma série de elementos
agregavam em sí valores monetários e poder de trocas comerciais; tornando
o porte dos búzios como sinal/símbolo de riquezas da terra que ao passar
dos anos tiveram as substituições de seus valores nas moedas cunhadas em
metais e mais recentes transmitidos nas impressões de células de papel.
A moeda por sua vez é um material visto como itinerante por circular
praticamente em todos os lugares e ambientes... Ruas, becos, caminhos,
estradas, avenidas, veículos, parques, praças, cemitérios, hospitais, bancos,
bancas, comércios, bolsas, bolsos e etc... Todo caminho transitável pode ser
percorrido pela moeda.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
tomada para uma resolução e boa sorte, nos assentamentos de borí a moeda
representa o universo individual a cada orí quanto os búzios posicionados
em sua volta são números representativos de axé do Orixá eledá de cada
iniciado nas obrigações de borí, nos assentamentos de Orixá encontramos
um círculo de búzios intercalados com moedas ambos de acordo as contas
numéricas de cada Orixá, quando intercalados seguem como uma corrente
que entrelaça o plano material com o espiritual confirmando os axés do
assentamento que por sua vez tem por significados unir dois planos
vinculando o Orixá com o cotidiano; quando um búzio é sobreposto acima
de uma moeda é indicativo que o sobrenatural se faz superior às leis
naturais, como a proteção divina; empregados nas confecções de fios de
contas, guias, adornos como brincos, anéis, colares, braceletes,
tornozeleiras e pulseiras servem como amuletos, um ponto de axé que para
nós africanistas assume valores além de ornamentais, são ícone de
referências à ancestralidade de todo nosso povo como símbolo de uma só
nação, a fé.
ACAÇÁ
Comparado a uma parte do corpo, pode-se dizer que acaçá seria o coração.
Só pode ser retirado da folha ("desenformado") no momento de
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
BANHA DE ORÍ
A banha de orí recebe maiores destaques por ser um elemento que facilita
a infiltração do axé, como as forças encontradas nos mierós e nos axorôs,
são um salientador e fixador do axé sobre os materiais; atenuante das
barreiras que distinguem a matéria do espírito, utilizado para vulnerabilizar
os pontos onde irão ser plantados os fundamentos característicos a cada
propósito permitindo melhor fluidez das emanações direcionadas.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
SABÃO
Tem ou tiveram suas cabeças lavadas com sabão da costa, sabão de coco,
untadas com banha de orí entre outros, mas e aí? Se não dominam os
conhecimentos nem por coisas que são ligadas ao seu próprio orí (cabeça)
estarão aptos a criticar seus próximos?
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
FLORES E FRUTAS
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
QUARTINHAS
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
ASSAJÉUN
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
ORUNMALÉ
A SAGRADA FAMÍLIA
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
Yemanjá a rainha do mar, por sua vez tem parte do seu axé encontrado
nos ocutás cristalizados e cristais de estruturas semelhantes ao sal, pedras
de tons claros como a lua, brancos, azuis como o mar e seus matizes; de
aparências semelhantes aos peixes, às conchas e outros frutos marinhos ou
com elementos ligados a navegação como os traços de embarcações.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
ASSENTAMENTOS
ORÍ
Orí é a parte imortal que compõe todo e cada ser humano, seu ponto
canal é cultuado no topo da cabeça, onde nas crianças recém-nascidas
chamamos de fontelas ou moleira; crianças e animais percebem os efeitos
espirituais por não terem o orí físico poluído, limpas são as linhas entre
matéria e espírito... Pois aqueles que agem cientes de seu livre arbítrio são
motivados não só por instintos próprios mais em função dos demais
perdendo assim a pureza em notar o espiritual.
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
BORÍ
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Efan-deí, O livro dos batuqueiros
É preciso borir-se para então de acordo aos fundamentos ser ligado aos
elementos religiosos de culto aos Orixás, tais como os aprontamentos de
formação religiosa rumo à formação sacerdotal; em outras palavras, é dizer
que se faz preciso o despertar e preparar do próprio espírito para então
termos o efetivo alcance as ferramentas ligadas a ancestralidade, e entre
elas nós mesmos, pois verdadeiramente adentrar no campo religioso não
nos faz superiores a ninguém e a nada mas sim para servirmos e não para
sermos servidos, diante as virtudes divinas a humildade é padrão de maior
alcance a qualquer aspecto.
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também ser usado o azeite de dendê para fixar as propriedades do axé neles
direcionados para uma maior estabilidade entre as partes físicas e
imateriais.
Do início preparativo ao final do ritual de borí pode o padrinho ou alguma
pessoa de confiança do sacerdote, que por sua vez tenha feituras de
obrigações plurais ou de graus mais elevados ao que está por borir-se
assumir o papel de padrinho de vela; após sentar o iniciado, se segura uma
vela branca ou da cor do Orixá-eledá em altura superior a cabeça,
indicativo que a força do ancestral é superior ao individual, recorrendo ao
mesmo com intuito de firmar as bênçãos rumo a clarear os pensamentos e
iluminar os passos. Iniciam os rituais de ligar o orí com seu assentamento...
o sacerdote apresenta o obé pedindo agô aos presentes na cerimônia assim
como no quarto de santo aos Orixás, entoam-se o axé de ciência/segredo
cantado as rezas de orí da pessoa, através do axorô são feitos os vínculos
entre os planos..."borí-orí-borí/orí-borí...", enquanto no decorrer de liberar
o axorô, o responsável pela feitura invoca o Orixá guardião daquela cabeça;
entre os elementos de vínculos de orí com borí se faz indispensável o axorô
de um casal de pombos brancos ou da cor do Orixá-eledá, por
representarem a universalidade, de sexualidades distintas entre si e tendo
seus axorôs interligados geram uma emanação não portadora de gênero
sexual, assemelhando-se como as essências do orí já que a alma não é
homem nem mulher; quando completo apenas com aves canta-se o axé de
ciência do orí também conhecido como reza de quarto de santo ou com
aves e quadrúpedes onde se canta o axé de assentamentos, também
conhecido por reza de salão que devem ser estipulados de acordo ao Orixá
de cada cabeça por ser através do Orixá que podemos ter alcance ao orí;
quando realizado somente com aves tem por finalidades fortalecer orí, o
físico e a pessoa; já quando for borí com quadrúpedes é feito não só o
revigorar do orí com o plano físico mas sim do orí com o espiritual,
podendo então junto a essa obrigação assentar o Orixá de cabeça em seu
okutá, vínculo o qual sugere maiores compromissos e deveres do iniciado
para com o universo religioso e seu todo.
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CORES
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PASSEIO
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SUNAS
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A classe assim como a suna são estipuladas pelo próprio Orixá, a suna
por sua vez pode ser referente as atividades, abrangências, desígnios,
propósitos, preferências e fatores que envolvem o orí de um iniciado as
feituras de seus Orixá.
Traduzindo...
Oní que significa rei para Ogun se faz Onire (rei da cidade de Ire), para
Xangô Onibolá(rei afortunado) já para Oxalá se pode usar Onifan.
Oxalá Alufan, Oxalá Elefan, Oxalá Efam, Oxalá Efam-deí, Oxalá Orifan...
Ex.:
OXUM Pandá - Demí OLOBOMÍ Efam... teve suas feituras assentadas nas
raízes onde OXUM Demun - Taladê DEMÍ Orocí pertencente ao
Orunmalé do Orixá OXALÁ Dakun - Mocosé EFAM Yákerê que por sua
vez teve suas feituras assentadas sob o Axé de um Babá/Yalorixá o qual
pertence a Yemanjá de nome Yákerê que em sua família de Orixás é
acompanhada por um assentamento de Oxalá de nome Mocosé.
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Menino(-/♂)"Xangô"
Ybedjis Deí-Omí+Daré Luá-Demí+Suê
Menina(+/♀)"Oxum"
Omí-Deí+Daré Demí-Luá+Suê
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BOLO
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Já o macho é quase que sempre distinto por ser maior, por marcar
território, por buscar o alimento enquanto a fêmea zela por seus filhotes,
perante certo entendimento Olorum destinou espermatozoides ao polo
negativo (ativo) e óvulos ao polo positivo (receptivo). No inverno as
árvores apresentam suas folhas menores, no verão maiores, no outono sem
folhas e na primavera com flores, não se apresentam de tais formas por
questões estéticas ou preferenciais como o sol que nasce de um lado do
horizonte e repousa por outro, por maior que seja um rio ele se inicia por
uma nascente, como por mais frondosa que seja uma árvore seu início foi
com o germinar de pequeno broto, suas purezas só as permitem assim
serem e estarem de acordo as próprias condições estipuladas pelo clima da
própria natureza.
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EGUN
Ex.:
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Os cultos aos Eguns ocorrem geralmente uma vez ao ano para as casas
que possuem assentamento de balé (a casa dos Eguns) a fim de homenagear
e prestar agradecimentos através de oferendas a seus ancestrais, visando
sempre que após a morte o espírito do falecido é desprendido do físico
seguindo sua missão espiritual em outros planos, porém, podendo os
mesmos ser invocados a terra para o nosso auxílio. O culto aos Eguns é
realizado para que através dessa conexão entre os planos sejamos
abençoados e orientados pela sabedoria desse único ponto portador de
várias e tantas vidas (reencarnações) trazendo para junto de nossas dúvidas
as respostas adquiridas através dos Eguns e suas experiências vividas.
Enquanto o Orixá é designado a cumprir seu axé universal, o Egun atua
para além da vida orientando seus descendentes e suas comunidades; sendo
assim quando encarnado, em vida deveria ter uma postura a servir de
exemplo e/ou auxílio a sua comunidade, contrário aos que em vida foram
suicidas, homicidas, pedófilos, estupradores... Todo ou qualquer indivíduo
que não honrou sua vida ou as demais vidas é compreendido como de
espírito atrasado, estes não devem e nem podem ser cultuados como Egun
já que não são ligados ao valor da vida, fazendo-se desnecessários inclusive
proceder com rituais de axexê/aresún (desligamento) para com esses já que
foram desleais as naturezas de sua religião, atos compreendidos como
contrários tanto aos Orixás quanto a Olorun.
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doces temos o arroz de leite que assim como os outros ebós carrega em si
uma sequência de fundamentos da terra que nos cria e nos consome como a
vida possibilita a morte e a morte sustenta a vida.
AXÉ DUDU
O obé de feituras tem fio liso, quanto a faca de dano deve ser enferrujada,
podendo ter alguma falha na lâmina, cabo quebrado ou lascado;
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Completo, a incompleto;
O talco é pó de carvão;
Bondade em maldade;
Do verso ao inverso;
Axé e dano.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao registrar por escrito uma visão que em termos pode ser lida como
um ponto de vista exposto de maneiras públicas se faz importante a
consciência sobre os prós e contras de uma publicação, e assim foi feito,
entre escritas e correções foram escolhidos os termos e explicações de
formas traduzidas a compreensão do escritor a simplificarem seu
entendimento em âmbitos gerais; assim não foram as palavras
minuciosamente estudadas, enquanto uns cultuam o Orixá como Ossayn,
outros o chamam de Ossanha, uns falam Emanjá, outros dizem Iemanjá
quanto outros escrevem Yemanjá, sendo assim a pretensão deste livro é
transmitir informações e não corrigir meniras particulares aos grupos. Vale
relembrar que nossa religião foi trazida por escravos analfabetos que
falavam dialetos com que variavam em sons de acordo a região de origem,
preservando-se de forma oral e sem registros escritos, podendo assim
ocorrer um breve respaldo em relação as pronúncias e formas de escrever.
31 de Julho de 2015
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