Você está na página 1de 6

Batuque (Rio Grande do Sul)

 15 de novembro de 2015  Orlando Roberto  Batuque


Desde os primórdios, da colonização(ocupação) no brasil, vieram, junto com os
escravos, nos navios negreiros, as principais raízes dos cultos afro-brasileiros, ou
seja as nações, africanas, assim surgindo nos quatro cantos do brasil, o
Candomblé da Bahia, a Jurema do nordete, o Xangô de Pernambuco, o Tambor
de Mina e do Maranhão e o Batuque do Sul( este último mais ao Rio Grande do
Sul). Exestindo assim, por aqui, muitas casas de Batuque, que seguem e são
orientadas e fundamentadas, dentro de preceitos de determinadas Nações
(Oyó,Ketu, Jeje, Ijexá, Cabinda, Nagô, kaminaloá…), porém os Orixás cultuados
são praticamente, os mesmos, em quase todos os terreiros, tendas, roças ,
templos, etc…os seus assentamentos, pontos,  rituais e rezas são, muito
parecidos, sendo que basicamente as diferenças entre as Nações são o respeito às
tradições próprias de cada raiz ancestral e a sua formação religiosa e cultural
passada por seus antecedentes, visto que seu culto é vivido e transmitido
oralmente na vivencia de seus integrantes(os seus mais velhos). Assim sendo,
cada pessoa possui três Orixás protetores, da cabeça, do corpo e dos pés, sendo
que todos possuem o orixá Bará nos pés, mudando apenas sua qualidade. No ato
de fazer a cabeça, a pessoa dedica todo sua vida ao cuidado ao Orixá em troca de
proteção do mesmo. Para sabermos quais serão os Orixás que regerão
determinada pessoa, é necessário que seja feito um jogo de búzios(kauris). Os
Orixás cultuados no Batuque em sua maioria são doze: Bará, Xangô, Oxum,
Ogum, Odé, Obá, Ossanhe, Otim, Obaluaiê, Iansã, Iemanjá e Oxalá.
Normalmente o Batuque começa as oito horas e estende-se até as quatro horas da
manhã. Quanto as vestimentas, Usam-se roupas brancas, e pretas quando, passa-
se a roda da esquerda, além das guias. As chamadas obrigações, são divididas por
fases, ditas: o serão, a festa de batuque e a levantação. Na primeira semana
realiza-se o amaci, o bori e a festa de batuque. Na segunda semana é feito o serão
de quatro-pés e por fim realiza-se a festa de Batuque com a mesa dos Ibejis.
Neste dia, são distribuídas bandejas, contendo todo tipo de culinária dos Orixás,
assim demostrando a divisão da fartura e da prosperidade com todos os
participantes . Após é feita a realição  da obrigação, do peixe. Na segunda-feira é
feito, o passeio. Logo pela manhã, bem cedo, se vai ao mercado, fruteiras e a
praia (se possivel), para apresentar a cidade ao novo iniciado. O Babalorixá ou
Yalorixá(Pai e Mãe de Santo)tem a responsabilidade de formar novos filhos de
santo, que darão continuidade aos rituais, sacramentos, etc, dentro da religião.
Passando a eles os segredos, condizentes aos rituais, como: A execução de
trabalhos, o uso das folhas  e oferendas, interpretação do jogo de búzios( para os
que mostram aptidão), e como iniciar e preparar um futuro sacerdote. O tempo é
longo, já que os ensinamentos são feitos,quase só oralmente, para o aprendizado,
sendo que a melhor forma de se aprender é tendo muita dedicação e conviver o
máximo de tempo possivel, dentro do terreiro, tenda roça, templo, etc. Nas
cerimônias, rituais, para invocar os Orixás, normalmente, são feitos, através da
curimba, de cantos e pontos, acompanhados com o toque dos atabaques, com
ritmos vários, próprios, para cada divindade(Orixá). As cerimônias são diversas,
são ofertados presentes, comidas diferentes para cada um e sacrifícios que
envolvem animais de duas patas(meio quatro patas), quatro pés e aves. Tirando-
se as partes, pertinentes, aos Orixás, toda carne é consumida e ofertada  aos
participantes e membros da comunidade. Aos orixás rogam-se proteção, paz,
saúde, espiritualidade e pedidos específicos às necessidades de cada um. Um
caminho que nos faz ter contato com os Orixás é através da incorporação; este é
o processo pelo qual a divindade se manifesta em seu filho(a) que já passou pelos
mais diversos rituais de iniciação. Contudo há casos de ocupação de não
iniciados. É possível uma pessoa estar assistindo um ritual uma gira,pela primeira
vez e se identificar com as forças espirituais e ter uma manifestação espontânea.
O Orixá novo não possui o direito de falar, só terá o mesmo quando por decisão
do Babalorixá ou Yalorixá(Pai e Mãe de Santo), a passar por um ritual fechado,
que lhe dará o Axé da fala. Quando o Orixá deseja subir (desencorporar), é feito
um ritual rápido para que ele seja suspendido,termo exato(pois não se despacha
orixá), devendo o Orixá ficar em axêro(axerê), que significa “ficar ao lado”, do
médium.Ritual doAmaci ou OMieró

É a primeira obrigação da iniciação. Depois de jogada e confirmada nos búzios a cabeça e


as passagens do filho, é feito o amaci, que é um ritual realizado com ervas específicas de
cada Orixá, maceradas na água onde o Babalorixá lava a cabeça do filho que fará a
obrigação, enquanto tira-se o Erí, ou seja, a reza do Babalorixá.Ritual do Aribibó
O Aribibó é a obrigação realizada com um casal de pombos pertencentes ao Orixá. Nesta
obrigação não é feito nenhum tipo de assentamento, visto que se trata de um reforço ou
até mesmo um axé de saúde.Ritual do Bori de aves
O Bori(presente para a cabeça) de aves é a obrigação em que o filho-de-santo reafirma
sua convicção dentro da religião. É feito como uma preparação para o aprontamento, ou
como um “reforço de cabeça”, que tem como objetivo melhorar as condições gerais do
filho-de-santo. Na obrigação do bori, são sacrificados galos ou galinhas da cor pertencente
ao Orixá de cabeça e para o Orixá que rege o corpo da pessoa. São consagrados alguns
objetos que juntos também se chamam bori: uma sopeira, de vidro ou porcelana, uma
moeda antiga, alguns búzios (de acordo com o número de axé do Orixá) e uma quartinha
(espécie de vaso de barro com tampa). Estes objetos são colocados dentro de uma
vasilha, juntamente com as guias e recebem o sangue (axorô, ejé) dos animais
sacrificados, ofertados, vasilha esta que fica no colo do filho que está sendo borido,
enquanto este fica sentado no chão.O Babalorixá ou Yalorixá(Pai e Mãe de Santo),faz as
marcações no corpo do filho, com pemba da mesma forma que foi feita no aribibó, com a
diferença de serem sacrificados além de pombos(irês), galos ou galinhas(Adié), de acordo
com o Orixá dono da coroa do filho-de-santo. Na continuação da obrigação de bori
conservam-se as mesmas etapas do aribibó, porém no bori há uma testemunha a quem
chamamos de padrinho ou madrinha de cabeça, devendo-se total respeito ao padrinho,
que deverá ser alguém com feitura, filho-de-santo pronto, pois é o padrinho ou madrinha
que deverá ser procurado caso o afilhado necessite de orientação e o Babalorixá estiver
impossibilitado de auxiliar o filho-de-santo.  A reclusão do filho de santo que está sendo
borido varia de 03 a 04 dias em média. Durante este período o borido reduz ao máximo
suas atividades e movimentos, permanecendo a maior parte do tempo deitado ao chão.
Após o batuque e o término do período de reclusão levanta-se a obrigação e monta-se o
bori: Faz-se uma cama de algodão dentro da sopeira(manteigueira) e põe-se a moeda ao
centro rodeada pelos búzios. Cobre-se com bastante mel. O Bori é considerado o
“cérebro” do indivíduo, portanto exige certos cuidados, não deve ser mexido, a quartinha
deve estar sempre com água e deve ser reforçado de tempos em tempos com nova
obrigação. Nesta obrigação o filho estreita sua relação com o Orixá, sendo para alguns, a
principal obrigação do Batuque onde o filho-de-santo estreita sua relação com o Orixá,
tornando-se assim um filho da Religião.Ritual do Bori de Meio Quatro Pés
É considerado como preparação para o aprontamento, isto é, antecede o Bori de Quatro-
pés. Esta obrigação é feita para filhos que já tenham feito bori de aves e também pode ser
feito como reforço, para os que já são filhos prontos. É sacrificado um casal de galinhas
d’angola se o filho-de-santo pertence a um Orixá de frente, casal de marrecos se o filho-
de-santo pertencer a Oxum ou Oxalá ou então, um casal de patos se for filho de Iemanjá.
A feitura de um Bori de Meio Quatro-Pés, vai depender da necessidade e ou da exigência
e caracteristicas de seu Orixá.
Ritual do Bori de Quatro Pés
Considerado como apronte de cabeça, principalmente quando junto ao Bori(cabeça)
ocorre o assentamento do Orixá, de cabeça do filho-de-santo. Ocasião onde se consagra
não somente o Bori, mas também os objetos místicos: as ferramentas e o ocutá(pedra),
onde será fixado o Orixá e a guia delegum, guia com vários fios de contas que variam em
número e cor de acordo com o axé do Orixá. É sacrificado um animal de quatro patas de
acordo com o Orixá do indivíduo. A partir desta obrigação, aumentam as
responsabilidades do filho-de-santo. O período de reclusão varia de 06 até 20 dias ou
mais.
Ritual do Aprontamento
O aprontamento corresponde ao estabelecimento oficial e definitivo do vínculo entre
iniciado e Orixá. Entretanto este vínculo precisa ser renovado de tempos em tempos, pois
o ato de colocar axorô na cabeça implica na idéia de alimentar o Orixá e fortalecer o seu
filho. O aprontamento sempre ocorre na obrigação que chamamos de matança e o
principal passo do aprontamento é o corte dos animais ofertados a cada um dos Orixás a
serem assentados em cima da vasilha que contém os objetos a serem consagrados.
Ritual da Obrigação do Peixe
São sacrificados aos Orixás peixes vivos, logo pela manhã cedo, e somente depois que as
obrigações de quatro-pés forem levantadas. Os peixes variam de acordo com os Orixás
que vão receber a obrigação, e a sua quantidade varia muito de acordo com o axé de
número do mesmo. Os Orixás de frente recebem pintado como obrigação e os Orixás de
praia recebem jundiá. Nos Quartos-de-santo são sacrificados ao menos um peixe para
cada Orixá e a eles são destinados: a cabeça, a cauda, as barbatanas e um pouco de
axorô ( ejé,sangue ). Os peixes sacrificados, são servidos, com pirão,  no almoço e devem
ser consumidos, pelos filhos que estão de obrigação e pelos que estão na casa, pois o ebó
de peixe simboliza fartura e prosperidade. E uma quantidade maior de peixes, é preparada
frita, para serem servidos ao povo que comparecer ao batuque de encerramento ou no
Toque do Peixe – toque realizado na noite do corte do peixe, porém com duração mais
curta quando serão consumidos o ebó do peixe e peixes fritos, além das comidas, amalás
dos Orixás.
Ritual dos Axés de ifá e obé
Os filhos-de-santo são, agraciados, com os axés de Obé e Ifá(faca e búzios), quando o
Babalorixá ou Yalorixá( Pai e Mãe de santo), perceberem o merecimento, o empenho e o
desenvolvimento, do filho, perante suas obrigações e o comprometimento com seus Orixás
e com os fundamentos da Religião. Assim significando, que o Babalorixá tem plena e total
confiança no filho que irá receber os axés, tanto em relação aos seus conhecimentos,
quanto a sua honestidade e seu caráter, pois é através do Ifá que se auxilia quem precisa
de orientação e com a Obé realizamos os cortes para os Orixás. A entrega destes axés
ocorre após o término da gira de terminação, geralmente no sábado posterior ao Batuque
Maior. Quando for entregue os objetos que compõe o jogo de Ifá e as facas, deverão ser
colocados em uma bandeja e se fará o ritual de entrega. O padrinho ou madrinha
testemunham a obrigação. A partir dai o iniciado(filho-de-santo), é considerado pronto, isto
é tem sua obrigação completa com o assentamento de todos os Orixás e os axés de obé e
ifá. Depende agora de seu conhecimento, desenvolvimento e aptidões, e com o
consentimento de seu orixá-de-cabeça e de seu Babalorixá ou Yalorixá( Pai e Mãe de
Santo), poderá ter seu próprio Ilê(Casa de Santo).
A Festa do Batuque
Após  cumpridas as obrigações e encerrado o levantamento, das mesmas, é iniciada a
festa, ou própriamente, o Batuque. O Babalorixá ou Yalorixá(Pai e Mãe de Santo),
ajoelhados em frente ao quarto de santo, juntamente com todos seus filhos e demais
convidados, toca-se o adjá, puxando todos os cantos, e fazendo a chamada de todos os
Orixás, de Bará a Oxalá com suas saudações específicas, pedindo-se aos Orixás, as
coisas que a eles competem. Terminada a invocação, o Babalorixá ou yalorixá(Pai e Mãe
de Santo), autoriza o Ogan ou atabaqueiro a começar os toques, que correm, na ordem de
Bará a Oxalá. Todos que estão na roda, gira dançam com as características de cada Orixá
aos quais estam sendo tocado os pontos.
Rituais específicos os Axés.
Ritual do Axé da Balança
Se a obrigação que originou a festa teve o corte de quatro-pés, deverá ser realizada dentro
das rezas para Xangô, a obrigação da balança em homenagem, a Xangô, e também por
conter o axé de todos os Orixás em harmonia. Há um intervalo na movimentação da roda e
os presentes, inclusive os Orixás afastam-se do centro do salão, deixando espaço para a
gira da roda da balança. Nesta hora, participam só os médiuns já prontos colocados lado a
lado, formando uma gira uma roda de mãos dadas, dançam ao ritmo dos atabaques que
vão, indo gradualmente aumentando de intensidade. É quando ocorre o maior número de
médiuns incorporados ao mesmo tempo. Ao terminar a balança os Orixás cumprem o
fundamento: vão ao Quarto-de-santo, depois até a porta da rua para cumprimentar os
Orixás da rua e depois dançam ao som do Alujá de Xangô e do Alujá de Iansã, erís
destinados unicamente pelos Orixás de frente. Ritual esse de grande AXÉ, que emociona
a todos os presentes.
Ritual do Alujás
Logo após a balança, os Orixás que estão incorporados em seus respectivos médiuns,
dançam o Alujá do Xangô e de Iansã, respectivamente. São ritmos dos atabaques,
característicos destes Orixás.
Ritual do Aforiba
Já o aforiba, é o momento em que o orixá Ogum e Iansã demonstram a passagem em que
Iansã embebeda Ogum para fugir com Xangô. O Babalorixáou Yalorixá(Pai e Mãe de
Santo) convida um Ogum e uma Iansã para fazerem o Aforiba, então colocam-se no centro
do salão duas garrafas contendo atã (aforiba) e as armas inerentes a estes Orixás
(espadas). Iansã pega as garrafas e oferece a Ogum que logo se embriaga, mas logo em
seguida Ogum volta a si e vai atrás de Iansã empunhando a sua espada. Os dois
digladiam, mas Iansã consegue acalmar Ogum e os dois reconciliam-se e assim voltam a
dançar juntos. Tendo um Xangô no mundo poderá vir a fazer parte do Aforiba. Xangô vem
em defesa de Iansã e com seu machado de dois gumes entra na luta com Ogum. Aí então,
Iansã acalma os dois Orixás(que por natureza, não se dam bem), tanto que numa gira, se
tiver um filho de Xangô e um de Ogum, coloca-se um “filho” de outro orixá, no meio dos
dois, para não haver quizila.
Ritual do Axé do Ecó
Terminado os Erís de Xapanã é hora da Saída do Ecó, que nada mais é do que o
despacho do axé de Bará, e do ecó de Bará Lanã e do Bará Lodê (alguidar com água,
farinha de mandioca e gotas de epô) e do ecó de Oxum (Vasilha de vidro com farinha de
milho, água, mel e perfume e flores) que servem como imãs de energias negativas. A
saída do ecó simboliza a saída de toda a negatividade que existe no ambiente e nas
pessoas presentes. Prepara o ambiente para os erís dos Orixás mais velhos, que tem um
toque mais brando. Enquanto sai o ecó, os alabês continuam puxando os erís, só que
agora puxam os erís dos Orixás da rua – Bará Lodê, Ogum Avagã e Iansã Timboá – não
há movimento da roda e a assistência evita olhar para o que está acontecendo, virando
para a parede. Diz a crença que quem olhar a saída do ecó atrai para si a negatividade ali
contida.
Ritual da roda de Ibeji
No Batuque de Quatro-pés há a roda de Ibejis, no JÊje-Ijexá ela acontece durante os erís
de Oxum. É o momento em que as crianças participam da obrigação e as mulheres que
pretendem a maternidade ou que estão grávidas fazem os seus pedidos e
agradecimentos. Os orixás, principalmente Oxum e Xangô, distribuem aos que estão na
roda e na assistência, as frutas e os doces que estão no Quarto-de-santo. Assim como ao
AXÉ do perfume distribuido por Oxum, a todos os participantes.
Ritual dos Axés dos Presentes
Acontece no final do Batuque, os Orixás que estão aniversariando apresentam seus bolos,
comidas enquanto os presentes os saudam. Depois os bolos são servidos aos convidados
e o excedente é distribuído juntamente com as oferendas. É tradição,  também, os
convidados ofertarem presentes ao Orixá do Babalorixá ou Yalorixá(Pai e Mãe de Santo),
por ocasião de seu aniversário de aprontamento. Os presentes mais comuns são
perfumes, flôres, doces, e outros utensílios que podem ser usados no dia a dia do Ilê(Casa
de Santo).
Ritual do Axé do Alá de Oxalá
Pertence aos erís do Oxalá o axé do Alá. Em determinado momento, os filhos de santo
com estatura mais elevada suspendem ao alto um grande Pano branco(Alá). Enquanto a
gira e os erís continuam, todos passam por baixo do Pano branco(Alá), pedindo ao Orixá
fun fun ou seja o orixá do branco a paz, saúde, fartura, prosperidade e a proteção.
Ritual dos Axêres
Conforme o Batuque vai se desenrolando, os Orixás “chegam” e “sobem”, e vão embora.
Os orixás são suspendidos, normalmente, pelos “filhos de santo”, mais antigos e
experientes do Ilê(Casa de Santo), porém eles ficam em “axêre” ou “axêro” , estado
intermediário entre a ocupação do Orixá e do médium propriamente dito.
Ritual da Mesa de Ibeji
A obrigação da Mesa de Ibeji é feita no Batuque de Encerramento e nas ocasiões em que
o Babalorixá ou Yalorixá(Pai e Mãe de Santo), acharem necessárias. É realizada no início
da noite e antecede o Batuque de Encerramento. Dela participam crianças de zero á doze
anos, além de mulheres grávidas, ou que queiram engravidar. São cantados erís de Bará,
de Xangô e Oxum (que representam os Ibeji) e dos Orixás velhos. A Mesa de Ibeji é
riquíssima de detalhes e constitui uma obrigação religiosa com muito axé e beleza.
Significa agradar e reverenciar aos Orixás das crianças que simbolizam pureza, paz e
prosperidade. Uma grande toalha branca é colocada ao chão e nela colocam-se frutas,
amalá, flores, uma quartinha, brinquedinhos, bolo, doces e refrigerantes. As crianças
sentam-se ao redor da toalha, as menores acompanhadas por um adulto. Servem-se para
as crianças: primeiramente canja de galinha, depois os doces e refrigerante. Depois são
lavadas e enxugadas as mãos das crianças. Terminadas estas etapas as crianças são
levantadas da mesa por pessoas adultas ou por Orixás que tenham chegado e conduzidos
a formarem uma roda ao som de erís de Xangô. Encerrada a Mesa, os Orixás que
chegaram recolhem os itens que ainda restam na mesa e levam até o quarto de santo. Os
brinquedos são distribuídos entre as crianças que participaram.
Ritual doToque de Encerramento
É o toque que encerra as atividades públicas do batuque grande. Tem uma proporção um
pouco menor do que o primeiro toque, pois é antecedido pelo corte do peixe e do corte de
confirmação, quando são imoladas somente aves aos Orixás. A cor dos axós é
preferencialmente o branco e pode acontecer a Mesa de Ibedji antes do início do toque. É
nesta noite que serão dados os axés de Obés e Ifá. Seguido do toque, no dia posterior há
a levantação da obrigação do corte de confirmação.
Ritual da Levantação da Obrigação
Terminada o período em que a obrigação deve ficar arriada, há a levantação, termo que se
refere ao ato de levantar as vasilhas contendo as obrigações de corte que estavam
arriadas, limpa-las e guarda-las nas prateleiras dentro do quarto de santo. Mantendo um
costume desde o tempo dos escravos, as obrigações são guardadas e ocultas por cortinas
que geralmente tem a sua frente velas, castiçais, comidas de santo, flores e outros objetos
sagrados pertencentes aos Orixás.
Ritual do Passeio
O término da obrigação para os filhos de santo que estão em reclusão é o passeio no dia
posterior a Levantação. Pela manhã, o Babalorixá ou Yalorixá os leva até a porta da frente
do Ilê e apresenta-os à rua (aos Orixás da Rua), liberando-os para saírem fora dos limites
do Ilê. Vão até o centro visitar lugares de grande significado: a igreja, o mercado público
(onde compram velas, grãos, ervas, cereais, etc. ). Em seguida, vão visitar algum
Ilê(casa), de um conhecido onde batem cabeça cumprimentando os Orixás do Ilê(casa), e
lá depositam parte das compras feitas no mercado. De volta ao Ilê(casa), batem-se a
cabeça no quarto de santo e arriam-se o restante das compras feitas. Cumprimentam o
Babalorixá ou Yalorixá(Pai e Mãe de Santo), agora na nova condição de filho de santo.
Ritual das Quinzenas
As obrigações das, quinzenas, são obrigações que duram normalmente dois ou três dias
onde é feito a matança e os toques. Geralmente, um número não muito grande de pessoas
fazem parte desta fase, que estão associadas a alguma data especial ou a obrigação de
bori de filhos de santo do Ilê(casa). Começasse com os toques das rezas, pontos onde as
comidas de santo são oferendadas aos Orixás, e as comidas servidas a todos, como:
canjas, canjicas brancas e amarelas, os amalás. Sendo uma obrigação menor, exige-se
um mínimo de aves a serem sacrificadas. As carnes das aves são consumidas e ofertadas
nos intervalos do toque e dos pontos dos atabaques, servindo-se, enfarofados e as canjas,
comidas que por tradição são ofertadas às pessoas que comparecem ao ebó. Há ainda as
“quinzenas secas”, quando não se sacrificam animais.
Bem espero ter passado mais um conhecimento, pois fiz minha obrigação com o saldoso
pai Manolo, a muitos anos atrás( No rio grande do Sul), onde aliás tem mais Ylês(casas),
registradas do que na própria bahia, mas voltando, ao Pai Manolo, pessoa essa dotada de
muita humildade e bondade, pois passou-me tudo que podia, de muita boa vontade,
ensinamentos que carregarei para o resto de minha vida, e tentarei passar a quantos
puder, para assim não se terminar, essa que é uma religião, muita querida e praticada por
muitos.
AXÉ, Paz Profunda, em todos os corações, que lêrem essas linhas.

feitura de santo no Batuque

Você também pode gostar