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CÓDIGO:
231013019936
ROBERTA QUEIROZ
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Direito Civil
Direito das Famílias – Parte I
Roberta Queiroz
SUMÁRIO
Direito das Famílias – Parte I. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1. Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2. Principiologia do Direito das Famílias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2.1. Função Social das Famílias (226 CF). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.2 Concepção Constitucional e Tipos de Família . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3. Casamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3.1. Impedimentos para o Casamento (1.521 – 1.522) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
3.2. Causas Suspensivas de Casamento (1.523 – 1.524). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.3. Habilitação e Celebração de Casamento (1.525 – 1.532). . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.4. Provas do Cancelamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.5. Invalidade do casamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.6. Eficácia do Casamento (1.565 – 1.570) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.7. Dissolução do Casamento (1.571 – 1.582). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.8. Decisões Relevantes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4. Regime de Bens (1.639 – 1.688) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
4.1. Princípios que Regem o Regime de Bens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.2. Regras Gerais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
4.3. Regras Específicas de Regimes de Bem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4.4. Decisões Relevantes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
Resumo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
Questões de Concurso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
Gabarito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
Gabarito Comentado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
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Direito das Famílias – Parte I
Roberta Queiroz
1. INTRODUÇÃO
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1
Stolze, Pablo; Pamplona Filho, Rodolfo Manual de direito civil – volume único / Pablo Stolze; Rodolfo Pamplona Filho. – 4.
ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
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o ordenamento jurídico positivo se compõe de princípios e regras cuja diferença não é apenas de
grau de importância. Acima das regras legais, existem princípios que incorporam as exigências
de justiça e de valores éticos que constituem o suporte axiológico, conferindo coerência interna
e estrutura harmônica a todo o sistema jurídico.2
os princípios são normas jurídicas que se distinguem das regras, não só porque têm alto grau de
generalidade, mas também por serem mandatos de otimização. Possuem um colorido axiológico
mais acentuado do que as regras, desvelando mais nitidamente os valores jurídicos e políticos
que condensam. Devem ter conteúdo de validade universal. Consagram valores generalizantes
e servem para balizar todas as regras, as quais não podem afrontar as diretrizes contidas nos
princípios3
Como se extrai das palavras de Maria Berenice, os princípios têm esse grau generalizante,
de modo que sua violação é mais ampla e, por conseguinte, mais grave que a violação de
uma regra. As regras, por sua vez, e como também ensina a referida professora:
são normas que incidem sob a forma “tudo ou nada”, o que não sucede com os princípios.
Quando, aparentemente, duas regras incidem sobre o mesmo fato, é aplicada uma ou outra,
segundo critérios hierárquico, cronológico ou de especialidade. Aplica-se uma regra e considera-
se a outra inválida. As regras podem ser cumpridas ou não, contêm determinações de âmbito
fático e jurídico com baixa densidade de generalização. Quando são admitidas exceções, não
se está frente a um princípio, mas de uma regra concorrente ou subordinada à outra que lhe é
incompatível ou contrária4
2
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias, 13ª edição. Salvador: Juspodivm, 2020.
3
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias, 13ª edição. Salvador: Juspodivm, 2020.
4
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias, 13ª edição. Salvador: Juspodivm, 2020.
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ser solidário significa responder pelo outro, o que remonta à ideia de solidariedade do direito das
obrigações. Quer dizer, ainda, preocupar-se com a outra pessoa. Desse modo, a solidariedade
familiar deve ser tida em sentido amplo, tendo caráter afetivo, social, moral, patrimonial,
espiritual e sexual.5
Está superada antiga discriminação de filhos que constava no art. 332 do CC/1916, cuja lamentável
redação era a seguinte: “o parentesco é legítimo, ou ilegítimo, segundo procede, ou não de
casamento; natural, ou civil, conforme resultar de consanguinidade, ou adoção”. Esse dispositivo
já havia sido revogado pela Lei 8.560/1992, que regulamentou a investigação de paternidade dos
5
Tartuce, Flávio. Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2020.
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filhos havidos fora do casamento. Em suma, juridicamente, todos os filhos são iguais perante
a lei, havidos ou não durante o casamento. Essa igualdade abrange os filhos adotivos, os filhos
socioafetivos e os havidos por inseminação artificial heteróloga (com material genético de
terceiro). Diante disso, não se pode mais utilizar as odiosas expressões filho adulterino, filho
incestuoso, filho ilegítimo, filho espúrio ou filho bastardo. Apenas para fins didáticos utiliza-se
o termo filho havido fora do casamento, eis que, juridicamente, todos são iguais.6
JURISPRUDÊNCIA
A quebra de paradigmas do Direito de Família tem como traço forte a valorização
do afeto e das relações surgidas da sua livre manifestação, colocando à margem do
sistema a antiga postura meramente patrimonialista ou ainda aquela voltada apenas
ao intuito de procriação da entidade familiar. Hoje, muito mais visibilidade alcançam
as relações afetivas, sejam entre pessoas de mesmo sexo, sejam entre o homem e
6
IBIDEM
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Pela importância desse tema, que decorre do princípio implícito de socialidade que rege
o direito civil como um todo, a função social da família é extraída do artigo 226 da CF, que
estabelece que a família é a base da sociedade, recebendo uma especial proteção do Estado.
Assim sendo, as relações familiares serão analisadas dentro do contexto social, dentro
daquilo que a sociedade hoje apresenta ao Estado.
Se a sociedade muda, é preciso que a concepção de família também seja alterada, para,
assim, atender ao ideal de realização de todos os integrantes da entidade familiar.
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Temos, então, que a família é a base da sociedade e que, além disso, tem uma função
social que deve ser considerada nas mais diversas interpretações que se façam sobre esse
instituto.
Em suma, não reconhecer função social à família e à interpretação do ramo jurídico que a estuda
é como não reconhecer função social à própria sociedade, premissa que fecha o estudo dos
princípios do Direito de Família Contemporâneo.7
7
Tartuce, Flávio. Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
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união estável quanto ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, para atender ao princípio da dignidade da pessoa humana. Conforme
será mais bem analisado em tópico próprio, as uniões de pessoas do mesmo sexo eram tratadas como sociedades de fato e analisadas
pelo Estado, quando promovidas ações judiciais para tanto, apenas no aspecto material, desconsiderando-se o afeto existente entre
os envolvidos. Os julgados mencionados constituem, assim, um marco na evolução do conceito de família e a realização do princípio da
dignidade da pessoa humana e concretização do direito à felicidade.
v. MONOPARENTAL – pelo pai + filho ou mãe + filho - é a entidade familiar constituída por qualquer um dos genitores com seus
filhos. A Constituição Federal, de forma expressa, em seu artigo 226, § 4º, faz referência a esse tipo de família para fins de proteção do
Estado: § 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
vi. ANAPARENTAL – é a família caracterizada pela ausência dos genitores. Um exemplo que pode ser citado é a entidade familiar
constituída dos netos e avós, sem a presença dos pais. Ainda podemos citar irmãs ou irmãos que vivam juntos sem os pais, dentre
outros variados modelos.
vii. FAMÍLIA SOLIDÁRIA – é a irmandade: é uma classificação que se funda na ideia de afetividade e solidariedade. Por exemplo,
são situações em que pessoas idosas ou jovens se juntam com outras pessoas para morarem em determinado local, com objetivo de
solidariedade recíproca. Há, portanto, uma estrutura familiar, apesar de não haver certos efeitos como a partilha e alimentos. A base
é que uns cuidam dos outros.
viii. FAMÍLIA LABORAL: é a família que se forma no ambiente de trabalho.
ix. FAMÍLIA PARALELA OU SIMULTÂNEA: essa classificação precisa ser analisada com cuidado, na medida em que, pela análise do
entendimento jurisprudencial, há uma resistência muito grande a respeito do reconhecimento do que se denomina família paralela,
ou seja, formada paralelamente a uma outra família reconhecida, por exemplificando, uma pessoa casada e que mantenha a família
matrimonial passa a se relacionar de forma contínua, pública e notória com outra pessoa, com o objetivo também de constituir família.
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É um tema complicado, que merece cuidado, já que vivemos a era do conceito de família
pautado na afetividade. Nesse ponto convido você a ler um acórdão brilhante do TJRS8
no qual houve o reconhecimento de união estável paralela ao casamento – dá uma olhada
na ementa:
JURISPRUDÊNCIA
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE UNIÃO ESTÁVEL POST MORTEM. PLEITO DE
RECONHECIMENTO DO INSTITUTO. CABIMENTO. CONCOMITÂNCIA COM O CASAMENTO
QUE NÃO AFASTA A PRETENSÃO NO CASO. SENTENÇA REFORMADA. I. Presente prova
categórica de que o relacionamento mantido entre a requerente e o falecido entre
08/2000 e a data do óbito dele se dava nos moldes do artigo 1.723 do Código Civil, mas
também a higidez do vínculo matrimonial do de cujus até o mesmo momento. Caso
provada a existência de relação extraconjugal duradoura, pública e com a intenção de
constituir família, ainda que concomitante ao casamento e sem a separação de fato
configurada, deve ser, sim, reconhecida como união estável, mas desde que o cônjuge
não faltoso com os deveres do casamento tenha efetiva ciência da existência dessa
outra relação fora dele, o que aqui está devidamente demonstrado. Ora, se a esposa
concorda em compartilhar o marido em vida, também deve aceitar a divisão de seu
patrimônio após a morte, se fazendo necessária a preservação do interesse de ambas
as células familiares constituídas. Em havendo transparência entre todos os envolvidos
na relação simultânea, os impedimentos impostos nos artigos 1.521, inciso VI, e artigo
1.727, ambos do Código Civil, caracterizariam uma demasiada intervenção estatal,
devendo ser observada sua vontade em viver naquela situação familiar. Formalismo
legal que não pode prevalecer sobre situação fática há anos consolidada. Sentimentos
não estão sujeitos a regras, tampouco a preconceitos, de modo que, ao analisar as
lides que apresentam paralelismo afetivo, indispensável que o julgador decida com
observância à dignidade da pessoa humana, solidariedade, busca pela felicidade,
liberdade e igualdade. Deixando de lado julgamentos morais, certo é que casos como
8
https://www.tjrs.jus.br/novo/noticia/reconhecida-uniao-estavel-paralela-ao-casamento/
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o presente são mais comuns do que pensamos e merecem ser objeto de proteção
jurídica, até mesmo porque o preconceito não impede sua ocorrência, muito menos
a imposição do “castigo” da marginalização vai fazê-lo. Princípio da monogamia e
dever de lealdade estabelecidos que devem ser revistos diante da evolução histórica
do conceito de família, acompanhando os avanços sociais. II. Reconhecida a união
estável e o casamento simultâneos, como no presente, a jurisprudência da Corte tem
entendido necessário dividir o patrimônio adquirido no período da concomitância em
três partes, o que se convencionou chamar de “triação”. Não se pode deixar de referir
que o caso se centrou mais no reconhecimento da união estável, de modo que inviável
afirmar aqui e agora, com segurança, quais são exatamente os bens amealhados no
período. Além disso, ao que tudo indica, a partilha de bens do falecido já foi realizada
entre os anteriores herdeiros, enquanto que os filhos maiores e capazes desse não
participaram do processo, mas apenas a cônjuge, razão pela qual não podem ter
seu direito atingido sem o exercício do contraditório e da ampla defesa. Ao juízo de
família, na ação proposta, compete apenas reconhecer ou não a existência da afirmada
relação estável da demandante com o de cujus e a repercussão patrimonial a que essa
faz jus, sendo que a extensão dos efeitos patrimoniais que são próprios à condição
de companheira deverá ser buscada em demanda própria. Apelação parcialmente
provida, por maioria.
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familiar. A questão foi levada ao Conselho Nacional de Justiça - CNJ, por meio de um pedido
de providências, que objetivava proibir os cartórios de lavrarem essas escrituras públicas,
ante a ausência de amparo normativo. Essa controvérsia foi solucionada no ano de 2018,
quando o CNJ, no julgamento do pedido de providências n. 1459-08.2016.2.00.0000 houve
a proibição da lavratura dessas escrituras.
xi. FAMÍLIA MULTIESPÉCIE: é aquela constituída pelos seres humanos e seus animais
de estimação. É outra modalidade de família, cuja constituição e reconhecimento ainda
sofrem divergência. O indicativo de seu reconhecimento pelos tribunais pátrios começou a
ser delineado a partir de julgados que estabelecem o direito de visita dos animais, tratando-
os não mais apenas sob o ponto de vista apenas material. Nesse sentido, é importante
lembrar o julgado do STJ, de 2018, que decidiu sobre o direito de visita e custódia física
dos animais de estimação de um casal em processo de dissolução da união estável (REsp
1713167/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 19/06/2018,
DJe 09/10/2018).
xii. FAMÍLIA EUDEMONISTA: a expressão família eudemonista refere-se à prevalência
do amor nas configurações das entidades familiares constituídas. Segundo a maravilhosa
Maria Berenice Dias temos que:
Maria Berenice diz, ainda, que “surgiu um novo nome para essa nova tendência de
identificar a família pelo seu envolvimento afetivo: família eudemonista, que busca a
felicidade individual vivendo um processo de emancipação de seus membros”10
9
Dias, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. / Maria Berenice Dias - 14. ed. rev. ampl. e atual. — Salvador: Editora
JusPodivm, 2021.
10
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O que define família é o afeto. Hoje, então, fala-se da família eudemonista: pautada
no amor, no afeto, na busca pela felicidade.
JURISPRUDÊNCIA
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. Relação homoafetiva e entidade familiar – 1: A norma
constante do art. 1.723 do Código Civil — CC (“É reconhecida como entidade familiar
a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública,
contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família”) não
obsta que a união de pessoas do mesmo sexo possa ser reconhecida como entidade
familiar apta a merecer proteção estatal. Essa a conclusão do Plenário ao julgar
procedente pedido formulado em duas ações diretas de inconstitucionalidade ajuizadas,
respectivamente, pelo Procurador-Geral da República e pelo Governador do Estado do
Rio de Janeiro. Preliminarmente, conheceu-se de arguição de preceito fundamental
— ADPF, proposta pelo segundo requerente, como ação direta, tendo em vista a
convergência de objetos entre ambas as ações, de forma que as postulações deduzidas
naquela estariam inseridas nesta, a qual possui regime jurídico mais amplo. Ademais,
na ADPF existiria pleito subsidiário nesse sentido. Em seguida, declarou-se o prejuízo
de pretensão originariamente formulada na ADPF consistente no uso da técnica da
interpretação conforme a Constituição relativamente aos artigos 19, II e V, e 33 do
Estatuto dos Servidores Públicos Civis da aludida unidade federativa (Decreto-lei
220/75). Consignou-se que, desde 2007, a legislação fluminense (Lei n. 5.034/2007,
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tem como linha motivadora o princípio do melhor interesse do adotando, nada mais
justo que a sua interpretação também se revista desse viés. (REsp 1.217.415-RS, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/6/2012). (INF. 500)
3. CASAMENTO
O conteúdo, agora, abordará o casamento, que começa no CC no artigo 1.511.
Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos
e deveres dos cônjuges.
11
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Roberta Queiroz
É uma espécie de negócio jurídico, mas com regras específicas (monogamia, escolha
de vida...).
O casamento, independentemente da natureza jurídica que se adote para sua conceituação,
tem regras próprias de constituição, além de princípios específicos.
Assim é que se faz importante entender quais os princípios aplicáveis a esse instituto
e que muito auxiliam na interpretação da legislação pertinente.
São eles:
a) Princípio da monogamia: Segundo o princípio da monogamia, só é possível se casar
com uma única pessoa. Por esse princípio, afasta-se, então, a possibilidade do poliamor
para a celebração de casamento de mais de duas pessoas. Esse princípio é extraído do
art. 1.521, que estabelece que as pessoas já casadas não podem casar como outra pessoa
enquanto mantiverem essa condição prévia de casadas.
b) Princípio da liberdade de escolha: Segundo este princípio, é possível casar com
quem quiser, desde que essa pessoa também queira e desde que não haja impedimento,
previamente estabelecido em lei, conforme veremos em tópico próprio. Como exercício da
autonomia privada, prevalece de forma geral o princípio da liberdade de escolha.
c) Princípio da comunhão plena de vida: O casamento estabelece comunhão plena de
vida entre os cônjuges. É o que estatui de forma expressa o artigo 1511 do Código Civil.
Agora, vamos tratar algumas determinadas regras.
Existem as regras de disposições gerais sobre casamento (arts. 1.511 ao 1.516) e as
regras sobre capacidade para o casamento (arts. 1.517 ao 1.520).
Ninguém pode “se meter” na vida familiar – esse é o princípio da não intervenção
na família.
Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante
o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados.
Embora este art. 1.514 disponha que é casamento quando o homem e mulher manifestam
à vontade, a lei não proíbe; portanto, hoje, o casamento entre pessoas do mesmo sexo
é permitido. Não há impedimento para isso e também não há nenhuma peculiaridade
diferenciadora.
Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento
civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir
da data de sua celebração.
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Muitas pessoas fazem o casamento religioso com efeito civil. Faz-se toda a habilitação
para o casamento e, ao invés de fazer a celebração apenas civil, pode-se fazer a celebração
civil e, depois, religiosa, ou se pode fazer o religioso com efeito civil.
Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para
o casamento civil.
§ 1º O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de
sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa
de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação regulada
neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação.
Faz-se a habilitação, marca-se o casamento religioso com efeito civil, a celebração ocorre
ao mesmo tempo que a celebração religiosa e, depois, homologa-se em 90 dias.
Art. 1.516. § 2º O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código,
terá efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil,
mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532.
Art. 1.516. § 3º Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos
consorciados houver contraído com outrem casamento civil.
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• O casamento religioso deve ser observado em relação a qualquer religião e pode ser,
também, conjuntamente com casamento civil (art. 1.535).
Do casamento religioso, ainda, há a questão da habilitação, que é o procedimento de
verificação se as pessoas podem ou não se casar. Esse procedimento pode ser feito antes
do casamento religioso, havendo o casamento religioso com efeito civil e registro, ou depois,
havendo o casamento religioso, habitação e o registro.
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de
ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil.
Art. 1.517.
Parágrafo único. Se houver divergências entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único
do art. 1.631.
Art. 1.518. Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar a autorização.
Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz.
Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade
núbil, observado o disposto no art. 1.517 desde Código.
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Então, na questão da capacidade para o casamento, existe a idade núbil (idade para o
casamento) de 16 anos. Se a pessoa se casa com 16 anos, ela estará emancipada (art. 5º
do Código Civil).
Mas, para se casar com 16 anos, é preciso a autorização dos pais. Quando os genitores
são divorciados e um detém a guarda e o outro o direito de visita, os dois continuam tendo
poder familiar sob os filhos. Quem tem a guarda não tem mais ou menos poder familiar do
que quem exerce o direito de visita.
Tanto é verdade, que o poder familiar continua sendo dos pais, e essa decisão é dos dois.
Se houver conflito entre os dois, vai para o Judiciário para o juiz decidir. O outro só perde
o poder familiar nas hipóteses previstas em lei; enquanto não perde, manda.
A autorização dos pais para o casamento de pessoa de 16 anos tem fundamento no
poder familiar — o poder que os pais possuem de controlar a vida dos seus filhos menores.
Se houver problema em relação à autorização, pode-se pedir o suprimento judicial.
A pessoa com 16 anos pode ser autor, mas não tem capacidade para estar em juízo por
ser considerada relativamente incapaz por conta da idade.
Assim, a pessoa não pode ajuizar ação sozinha e os seus pais não vão estar ao seu lado
na ação, porque eles também são réus.
O Código de Processo Civil dispõe que:
Art. 70. Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar
em juízo.
Art. 71. O incapaz será representado ou assistido por seus pais, por tutor ou por curador, na
forma da lei.
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O juiz chamará um curador especial para a pessoa de 16 anos que está movendo a ação
contra os pais, e quem será esse curador especial será a Defensoria Pública, ou até mesmo
o próprio advogado.
A autorização dos pais é revogável até a celebração (art. 1.518).
A partir dos 18 anos, se pode casar e divorciar, mas há regras que devem ser respeitadas.
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De acordo com o inciso reproduzido acima, não pode haver o casamento entre pai e
filha(o) ou mãe e filho(a), seja o laço de parentesco natural (consanguíneo) ou civil (por
adoção ou socioafetividade).
Art. 1.521.
II – os afins em linha reta;
Art. 1.521.
III – o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV – os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
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Art. 1.521.
V – o adotado com o filho do adotante;
O adotado não pode se casar com o filho do adotante, pois eles são irmãos.
Art. 1.521.
VI – as pessoas casadas;
VII – o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra
o seu consorte.”
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento,
por qualquer pessoa capaz.
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum
impedimento, será obrigado a declará-lo.
Obs.: Em razão de se tratar de uma regra proibitiva, o rol apresentado pelo art. 1.521 do
Código Civil é considerado um rol taxativo, ou seja, as hipóteses que não se encontram
elencadas em seus dispositivos são hipóteses em que o casamento é permitido
Cabe apontar que as disposições presentes nos artigos reproduzidos acima também se
aplicam à união estável, conforme expressa o art. 1.723 do mesmo Código.
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher,
configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de
constituição de família.
§ 1º A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se
aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou
judicialmente.
§ 2º As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável.
Para fins de prova é importante que você esteja atento a um detalhe: segundo expressa
o art. 1.521, inciso VI, a pessoa que é casada não poderá casar novamente – não importando
há quanto tempo esteja separada de fato de seu ex-cônjuge –, a menos que efetue o divórcio
em relação ao seu matrimônio anterior.
Em contrapartida, o art. 1.723, § 1º, expressa que a incidência do inciso VI não se aplicará
à união estável, ou seja, a pessoa casada que estiver separada de fato não poderá se casar,
mas poderá contrair união estável.
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Se mesmo diante dessa situação a pessoa desejar se casar, o enlace deverá ser realizado
sob o regime da separação obrigatória de bens.
Art. 1.523.
II – a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses
depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;
III – o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal;
Do mesmo modo que ocorre em relação à viuvez, o Código Civil expressa que os divorciados
não devem se casar enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos
bens do casal.
No entanto, caso a pessoa deseje se casar mesmo diante dessa situação, será imposto
o regime de separação obrigatória de bens, que poderá ser alterado após a efetivação da
partilha de bens referente ao casamento anterior.
Art. 1.523.
IV – o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos,
com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem
saldadas as respectivas contas.
A fim de evitar que ocorra qualquer espécie de confusão patrimonial, não poderá
haver casamento entre o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos,
cunhados ou sobrinhos e a pessoa tutelada ou curatelada.
Nesse sentido, caso Joana seja tutora de Maria e a tutelada e seu filho se apaixonem,
o casamento não poderá ser realizado enquanto não cessar a tutela ou, caso os nubentes
não desejem esperar, deverá ser realizado sob o regime de separação obrigatória de bens.
Art. 1.523.
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas
suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo,
respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada;
no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez,
na fluência do prazo.
Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser arguidas pelos parentes
em linha reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo
grau, sejam também consanguíneos ou afins.
Em síntese, as causas suspensivas são causas dispostas a fim de que sejam evitadas
confusões sanguíneas e/ou patrimoniais.
Diferentemente do que ocorre em relação aos impedimentos, que podem ser podem
ser opostos por qualquer pessoa capaz, as causas suspensivas de casamento somente
podem ser opostas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes e pelos colaterais de
segundo grau, sejam estes consanguíneos ou afins.
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Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos os nubentes,
de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os seguintes
documentos:
I – certidão de nascimento ou documento equivalente;
II – autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial
que a supra;
III – declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e
afirmem não existir impedimento que os iniba de casar;
IV – declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais,
se forem conhecidos;
V – certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação
de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio.
Realizada a apresentação dos documentos elencados pelo art. 1.525, o oficial do cartório,
a fim de dar publicidade ao ato, publicará por meio de edital a intenção dos nubentes em
efetuar o matrimônio.
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Art. 1.526. A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a
audiência do Ministério Público.
Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, a habilitação
será submetida ao juiz.
Art. 1.527. Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital, que se afixará durante
quinze dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se
publicará na imprensa local, se houver.
Parágrafo único. A autoridade competente, havendo urgência, poderá dispensar a publicação.
Art. 1.528. É dever do oficial do registro esclarecer os nubentes a respeito dos fatos que podem
ocasionar a invalidade do casamento, bem como sobre os diversos regimes de bens.
Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serão opostos em declaração
escrita e assinada, instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicação do lugar onde
possam ser obtidas.
Art. 1.530. O oficial do registro dará aos nubentes ou a seus representantes nota da oposição,
indicando os fundamentos, as provas e o nome de quem a ofereceu.
Parágrafo único. Podem os nubentes requerer prazo razoável para fazer prova contrária aos
fatos alegados, e promover as ações civis e criminais contra o oponente de má-fé.
Art. 1.531. Cumpridas as formalidades dos arts. 1.526 e 1.527 e verificada a inexistência de fato
obstativo, o oficial do registro extrairá o certificado de habilitação.
Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que foi extraído
o certificado.
Por sua vez, o processo relativo à celebração do casamento é expresso pelos arts. 1.533
a 1.542 do Código Civil:
Art. 1.533. Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lugar previamente designados pela
autoridade que houver de presidir o ato, mediante petição dos contraentes, que se mostrem
habilitados com a certidão do art. 1.531.
Art. 1.534. A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda publicidade, a portas abertas,
presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes, ou, querendo as
partes e consentindo a autoridade celebrante, noutro edifício público ou particular.
§ 1º Quando o casamento for em edifício particular, ficará este de portas abertas durante o ato.
§ 2º Serão quatro as testemunhas na hipótese do parágrafo anterior e se algum dos contraentes
não souber ou não puder escrever.
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Diante da situação em que um dos nubentes não saiba ou não possa escrever, também
será preciso que haja a presença de quatro testemunhas.
Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com
as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de
que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nestes
termos: “De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes
por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados”.
Art. 1.536. Do casamento, logo depois de celebrado, lavrar-se-á o assento no livro de registro.
No assento, assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges, as testemunhas, e o oficial do
registro, serão exarados:
I – os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento, profissão, domicílio e residência atual dos
cônjuges;
II – os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento ou de morte, domicílio e residência atual
dos pais;
III – o prenome e sobrenome do cônjuge precedente e a data da dissolução do casamento anterior;
IV – a data da publicação dos proclamas e da celebração do casamento;
V – a relação dos documentos apresentados ao oficial do registro;
VI – o prenome, sobrenome, profissão, domicílio e residência atual das testemunhas;
VII – o regime do casamento, com a declaração da data e do cartório em cujas notas foi lavrada
a escritura antenupcial, quando o regime não for o da comunhão parcial, ou o obrigatoriamente
estabelecido.
Art. 1.537. O instrumento da autorização para casar transcrever-se-á integralmente na escritura
antenupcial.
Art. 1.538. A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos contraentes:
I – recusar a solene afirmação da sua vontade;
II – declarar que esta não é livre e espontânea;
III – manifestar-se arrependido.
Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos mencionados neste artigo, der causa à
suspensão do ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia.
Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo
onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas
que saibam ler e escrever.
§ 1º A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-se-á por
qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado
pelo presidente do ato.
§ 2º O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro
em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado.
Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo
a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o
casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham
parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau.
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Conforme determina o art. 1.542 do Código Civil, é possível que um casamento seja
celebrado mediante procuração. Nesse sentido, caso o noivo ou a noite esteja vivendo
uma aventura no Camboja, por exemplo, e não possa estar presente na data marcada para
a celebração do casamento, uma procuração pode ser efetivada para que uma pessoa
escolhida pelo(a) nubente o substitua.
Cabe apontar que a procuração a ser utilizada para a celebração do casamento deve
consistir em uma procuração por instrumento público, isto é, deve ser uma procuração
realizada em cartório e que apresente poderes especiais autorizando o casamento.
É de conhecimento geral que, ao estabelecer uma procuração, uma pessoa confere
determinados poderes a outra.
No que se refere à procuração para a celebração de casamento, o art. 1.542, § 1º,
determina que a revogação do mandato não precisará chegar ao conhecimento do mandatário;
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porém, se o casamento for celebrado sem que o mandatário ou o outro contraente tenha
ciência da revogação, o mandante responderá pelas perdas e danos.
Perceba que assim como ocorre em relação à certidão de habilitação, a procuração
também produzirá efeitos por um período de 90 (noventa) dias.
Obs.: É comum que a banca tente confundir o candidato ao afirmar que tanto a certidão
de habilitação como a procuração de casamento possuem validade de 90 (noventa)
dias. Perceba que esta afirmação é equivocada, pois o prazo de 90 (noventa) dias
não se refere à validade dos documentos, e sim ao seu período de eficácia.
Dado o exposto, é importante lembrar que a validade de um documento ocorre
quando há o respeito aos requisitos exigidos por lei. A certidão de habilitação e a
procuração de casamento, por exemplo, deixarão de produzir seus efeitos passado
o prazo de 90 (noventa) dias, mas sua validade não cessará.
Ainda no que concerne ao tema, é importante apontar que os arts. 1.539 e 1.540
apresentam algumas regras em que haverá a flexibilização do processo de habilitação
e/ou celebração do casamento:
Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo
onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas
que saibam ler e escrever.
§ 1º A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-se-á por
qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado
pelo presidente do ato.
§ 2º O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro
em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado.
Perceba que o artigo acima reproduzido determina que no caso de moléstia grave
de um dos nubentes, a autoridade celebrante presidirá o ato, perante duas testemunhas
que saibam ler e escrever, no local em que se encontrar o impedido. Tal flexibilização é
compreendida como uma flexibilização mínima das regras, pois para que esta ocorra é
necessário que os nubentes já estejam habilitados ao casamento.
Por sua vez, o art. 1.540 apresenta uma situação distinta, em que há a configuração de
uma flexibilização máxima das regras de habilitação e celebração de casamento:
Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo
a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o
casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham
parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau.
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Observe que, nesse caso, a verificação quanto à habilitação dos nubentes para a celebração
do casamento será realizada a posteriori, ou seja, após a realização do mesmo.
Art. 1.541
§ 2º Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento, assim o decidirá a autoridade
competente, com recurso voluntário às partes.
§ 3º Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar em julgado, apesar dos recursos
interpostos, o juiz mandará registrá-la no livro do Registro dos Casamentos.
§ 4º O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do casamento, quanto ao estado dos cônjuges,
à data da celebração.
§ 5º Serão dispensadas as formalidades deste e do artigo antecedente, se o enfermo convalescer
e puder ratificar o casamento na presença da autoridade competente e do oficial do registro.
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netos, bisnetos, enteados, sogros, cunhados ou irmãos – mesmo sem que haja a
habilitação.
É importante lembrar que, no caso da segunda hipótese, as testemunhas deverão
comparecer perante a autoridade judicial mais próxima, dentro em dez dias, para manifestar
a realização do casamento entre aquelas duas pessoas. A partir da realização dessas
declarações, o juiz procederá às diligências necessárias para verificar se os contraentes
podiam ter-se habilitado e, verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento, os
efeitos do casamento retroagirão à data de sua celebração.
Obs.: A hipótese prevista pelo art. 1.540 pode aparecer em provas com a denominação
de casamento nuncupativo, casamento in extremis vitae ou, ainda, casamento
in articulo mortis.
Art. 1.543. O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidão do registro. Parágrafo único.
Justificada a falta ou perda do registro civil, é admissível qualquer outra espécie de prova.
Art. 1.544. O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades
ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a contar da volta de
um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no
1º Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir.
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Art. 1.545. O casamento de pessoas que, na posse do estado de casadas, não possam manifestar
vontade, ou tenham falecido, não se pode contestar em prejuízo da prole comum, salvo mediante
certidão do Registro Civil que prove que já era casada alguma delas, quando contraiu o casamento
impugnado.
Art. 1.546. Quando a prova da celebração legal do casamento resultar de processo judicial, o
registro da sentença no livro do Registro Civil produzirá, tanto no que toca aos cônjuges como
no que respeita aos filhos, todos os efeitos civis desde a data do casamento.
Art. 1.547. Na dúvida entre as provas favoráveis e contrárias, julgar-se-á pelo casamento, se os
cônjuges, cujo casamento se impugna, viverem ou tiverem vivido na posse do estado de casados.
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Lembre-se de que, no Brasil, a idade mínima para que uma pessoa possa se casar é de
16 (dezesseis) anos.
Art. 1.550.
II – do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;
III – por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;
Os arts. 1.556 a 1.558, aos quais se refere o art. 1.550, inciso III, estabelecem o seguinte
a respeito do vício da vontade:
Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de um dos
nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro.
Existem diversas análises em relação ao que consiste em erro essencial contra a pessoa
do outro, sendo consolidado o entendimento de que, para que haja a configuração de
tal aspecto, o erro deve ser tal que torne insuportável a vida em comum do casal, como
pode ocorrer, por exemplo, em relação a alguém que case com determinado indivíduo
acreditando que ele seja uma pessoa honesta e de boa índole quando, na verdade, o sujeito
é um bandido perigoso.
Ao tratar sobre o erro essencial quanto à pessoa do outro é comum que haja a indagação
quanto às pessoas transsexuais. Conforme é de conhecimento geral, atualmente não há
a necessidade de que uma pessoa realize a cirurgia de transgenitalização ou que tenha
autorização judicial para que possa alterar o seu prenome nos registros em cartório, bastando
que efetue uma autodeclaração.
Nesse sentido, a pessoa que realiza a cirurgia de alteração de sexo (tanto do feminino
para o masculino como do masculino para o feminino) pode alterar seus registros sem que
haja a necessidade de apresentação de nenhuma informação adicional; sendo possível,
desse modo, que o cônjuge venha a ter conhecimento sobre o ato apenas após a celebração
do casamento.
Apesar de, em teoria, esta situação não consistir em algo passível de tornar a vida em
comum insuportável, algumas pessoas que se encontram diante desse tipo de situação
alegam o erro essencial sobre a pessoa com o intuito de invalidar o casamento.
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I – o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu
conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;
II – a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a
vida conjugal;
III – a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize
deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em
risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência; (Redação dada pela Lei n. 13.146, de
2015) (Vigência)
IV – (Revogado). (Redação dada pela Lei n. 13.146, de 2015) (Vigência)
Cabe lembrar que a declaração de nulidade pode ser demandada por qualquer interessado
que seja capaz, inclusive pelo Ministério Público; já a anulação somente poderá ser demandada
pela parte interessada que incidiu em erro.
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Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento, a contar da data da
celebração, é de:
I – cento e oitenta dias, no caso do inciso IV do art. 1.550;
II – dois anos, se incompetente a autoridade celebrante;
III – três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557;
IV – quatro anos, se houver coação.
§ 1º Extingue-se, em cento e oitenta dias, o direito de anular o casamento dos menores de
dezesseis anos, contado o prazo para o menor do dia em que perfez essa idade; e da data do
casamento, para seus representantes legais ou ascendentes.
§ 2º Na hipótese do inciso V do art. 1.550, o prazo para anulação do casamento é de cento e
oitenta dias, a partir da data em que o mandante tiver conhecimento da celebração.
Mais uma vez vou repetir para ficar firme na sua mente:
O casamento anulável é aquele sujeito à convalidação. As hipóteses de anulabilidade
estão previstas no art. 1.550/CC e são elas:
• casamento de quem não completou a idade mínima para casar;
• casamento do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante
legal;
• casamento por vício da vontade;
• casamento do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;
• casamento realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse
da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;
• casamento por incompetência da autoridade celebrante.
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A) Casamento de quem não completou a idade mínima para casar: como vimos, após a
mudança legislativa que alterou a redação do artigo 1.520/CC, a idade mínima para casar
passou a ser 16 anos. Entretanto, se eventualmente o menor com idade inferior a 16 anos
conseguir se casar, esse casamento será anulável e não nulo. O prazo decadencial para ação
de anulação é de 180 dias (artigo 1.560, §1º, CC) e deve observar que:
• se proposta pelo próprio menor, começa a contar da data em que completar 16 anos;
• se proposta pelos demais legitimados, começa a contar da data do casamento.
• A ação anulatória, no caso, pode ser proposta (art. 1.552/CC):
• pelo próprio cônjuge menor;
• pelos seus ascendentes.
B) Casamento do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal:
o casamento do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu(s) representante(s)
legal(is), também é um casamento anulável. O prazo para propositura da ação anulatória
é de 180 dias (art. 1.555/CC) e deve observar que:
• se proposta pelo menor, começa a contar da data em que cessar a incapacidade;
• se proposta pelo representante legal, começa a contar a partir da data da celebração
do casamento;
• se, por fim, proposta por um herdeiro necessário, começa a contar da data do óbito
do menor.
O transcurso do prazo decadencial, sem que haja anulação, importará em sua convalidação
para todos os efeitos. É importante destacar o disposto no §2º do artigo 1.555/CC, que
estabelece que não se anulará o casamento quando da sua celebração houverem assistido
os representantes legais do incapaz ou tiverem, por qualquer motivo, manifestado sua
aprovação.
C) Casamento com coação moral: a lei prevê também que o casamento realizado com
coação moral será anulável. A coação moral, conforme art. 1.558/CC, ocorre quando o
consentimento de um ou de ambos os cônjuges houver sido captado mediante fundado
temor de mal considerável e iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de seus
familiares. Nessa situação, o prazo decadencial para a ação anulatória será de 4 anos,
contados da celebração do casamento (art. 1.560,IV/CC). A ação, no caso da coação moral, é
personalíssima, somente podendo ser proposta pelo coagido (art. 1.559/CC). O art. 1.559/
CC prevê, ainda, que na hipótese de coação, a coabitação, havendo ciência do vício, valida
o ato. É mais uma hipótese de convalidação.
D) Casamento com erro essencial: o vício de vontade consistente no erro essencial
também é hipótese de anulação do casamento. É importante destacar que para anulação do
casamento nessa hipótese de erro, é preciso que estejam reunidos os seguintes requisitos de
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forma cumulativa: erro essencial anterior ao casamento (hipóteses previstas no art. 1.557/
CC) + descoberta após o casamento + a descoberta torna a vida em comum insuportável.
Consoante art. 1.557/CC, considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:
• O erro que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal
que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge
enganado. A doutrina costuma citar, como exemplos de erro sobre a pessoa: casamento
com um dos gêmeos quando se pretendia com o outro; atividades de prostituição do
homem ou da mulher; perversão do instinto sexual; homossexualidade desconhecida;
• A ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável
a vida conjugal: um exemplo dessa hipótese seria o caso de a mulher descobrir, após
o casamento, que o marido era traficante de drogas;
• A ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize
deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz
de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência: a doutrina cita,
como exemplo, a hipóteses de hermafroditismo. Cabe destacar que o defeito físico,
citado nesse inciso, que enseja a anulação do casamento, é o defeito que impede o ato
sexual, ou seja, a incapacidade denominada coeundi ou incapacidade instrumental.
Isso significa que a chamada incapacidade generandi ou incapacidade de fecundação
(incapacidade para ter filhos) não é hipótese de anulação do casamento. O prazo
decadencial para anular o casamento por erro in persona é de 3 anos, contados da
celebração do casamento (art. 1.560, III/CC). Essa ação também é personalíssima (art.
1.559/CC). A coabitação posterior, sabendo do vício, convalida o casamento, salvo
nas hipóteses de defeito físico irremediável ou de moléstia grave (art. 1.559/CC).
E) Casamento do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento:
o casamento do incapaz de consentir ou de manifestar a sua vontade de modo inequívoco
pode ser anulado. Essa situação engloba o casamento dos ébrios habituais, alcoólatras,
viciados em tóxicos e daqueles que por causa transitória não puderem exprimir a sua
vontade. Nestes casos, o casamento será considerado anulável. Dessa forma, percebe-se
que o inciso IV do artigo 1.550 não foi revogado pelo Estatuto do Deficiente, que acrescentou
o § 2º ao mesmo artigo, segundo o qual “a pessoa com deficiência mental ou intelectual
em idade núbio poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por
meio de seu responsável ou curador”. Nesses casos, o prazo decadencial para anulação do
casamento também é de 180 dias, contados da celebração do casamento (art. 1560, I/CC).
F) Casamento realizado por procuração com revogação antes da celebração, mas sem
conhecimento do mandatário e do outro cônjuge: pode acontecer de a revogação outorgada
para o casamento ser revogada sem que o mandatário e o outro cônjuge tomem conhecimento
da revogação. Nessa hipótese, realizada a celebração, o casamento será anulável. O prazo da
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ação anulatória será decadencial de 180 dias, contados do momento em que o mandante
toma o conhecimento de que o casamento, a despeito da revogação do mandato, foi
celebrado (art. 1.560, §2º/CC). A legitimidade para a ação de anulação, nessa hipótese, é
apenas do mandante, em caráter personalíssimo, sendo o ato convalidado pela coabitação
(art. 1.550, V, CC).
G) Casamento realizado por autoridade relativamente incompetente: foi visto, quando
da análise do plano da existência do casamento, que a celebração feita por autoridade
absolutamente incompetente importa em inexistência do casamento. Já a celebração
realizada por autoridade relativamente incompetente ensejará a anulabilidade do ato.
A incompetência relativa do celebrante está relacionada à região em que pode celebrar
casamentos. Assim, um juiz de paz é investido pelo Estado dos poderes para celebração de
casamentos, tornando-se autoridade absolutamente competente para o ato. Porém, sua
competência tem limitação territorial, que, uma vez não observada, enseja a anulabilidade
do casamento. O prazo será decadencial de 2 anos, contados da data da celebração do
casamento (art. 1.560,II/CC). Sobre a incompetência da autoridade celebrante, é importante
destacar o disposto no art. 1.554/CC que trata da denominada teoria da aparência, aplicável
ao celebrante. Define o referido artigo que subsiste o casamento celebrado por aquele
que, sem possuir a competência exigida na lei, exercer publicamente as funções de juiz de
casamentos e, nessa qualidade, tiver registrado o ato no Registro Civil.
Por fim, quanto à invalidade do casamento, cabe destacar aquilo que é denominado
como CASAMENTO PUTATIVO, referente ao casamento que é nulo ou anulável, mas que
foi contraído de boa-fé.
A fim de compreender o casamento putativo, imagine a seguinte situação: Maria a João
se encontram por acaso e acabam se apaixonando perdidamente, decidindo se casarem;
contudo, algum tempo após estarem casados, descobrem que são irmãos. Perceba que,
nos termos da lei, esse casamento será declarado nulo. No entanto, em razão da falta de
conhecimento acerca do laço sanguíneo, isto é, em razão da boa-fé, os efeitos do casamento
– como o direito de pedir alimentos, de usar o sobrenome do outro e demais questões
relacionadas a situações que decorram dos efeitos do casamento – permanecerão em
relação aos cônjuges. O mesmo ocorrerá em relação ao casamento anulável: os efeitos do
casamento serão aplicáveis ao(s) cônjuge(s) de boa-fé, conforme dispõe o artigo 1.561:
Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o
casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença
anulatória.
§ 1º Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele
e aos filhos aproveitarão.
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Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes,
companheiros e responsáveis pelos encargos da família.
§ 1º Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro.
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Obs.: Em regra, após a realização do divórcio, a pessoa deve deixar de usar o nome de seu
ex-cônjuge, a menos que seja conhecida em seu ambiente de trabalho por aquele
sobrenome, hipótese em que terá o direito de continuar a utilizá-lo
Art. 1.565.
§ 2º O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos
educacionais e financeiros para o exercício desse direito, vedado qualquer tipo de coerção por
parte de instituições privadas ou públicas.
Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:
I – fidelidade recíproca;
Art. 1.566.
II – vida em comum, no domicílio conjugal;
III – mútua assistência; IV – sustento, guarda e educação dos filhos;
V – respeito e consideração mútuos.
Art. 1.567. A direção da sociedade conjugal será exercida, em colaboração, pelo marido e pela
mulher, sempre no interesse do casal e dos filhos.
Parágrafo único. Havendo divergência, qualquer dos cônjuges poderá recorrer ao juiz, que decidirá
tendo em consideração aqueles interesses.
Art. 1.568. Os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção de seus bens e dos rendimentos
do trabalho, para o sustento da família e a educação dos filhos, qualquer que seja o regime
patrimonial.
Note que, conforme dispõe o artigo 1.568, o casal deve contribuir proporcionalmente na
manutenção do lar, ainda que essa manutenção não esteja relacionada ao aspecto financeiro.
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Art. 1.569. O domicílio do casal será escolhido por ambos os cônjuges, mas um e outro podem
ausentar-se do domicílio conjugal para atender a encargos públicos, ao exercício de sua profissão,
ou a interesses particulares relevantes.
Art. 1.570. Se qualquer dos cônjuges estiver em lugar remoto ou não sabido, encarcerado por mais
de cento e oitenta dias, interditado judicialmente ou privado, episodicamente, de consciência,
em virtude de enfermidade ou de acidente, o outro exercerá com exclusividade a direção da
família, cabendo-lhe a administração dos bens.
Resumindo:
O casamento válido produz, então, vários efeitos, tanto no plano pessoal, quanto no
social e patrimonial.
EFEITOS
• EFEITOS SOCIAIS DO CASAMENTO
- cria a família matrimonial;
- estabelece o vínculo de afinidade;
- acarreta a emancipação.
• EFEITOS PESSOAIS
- fidelidade mútua;
- coabitação;
- mútua assistência e respeito e consideração mútuos;
- igualdade de direitos e deveres entre os cônjuges;
- sustento, guarda e criação dos filhos.
• EFEITOS PATRIMONIAIS
- cria a sociedade conjugal;
- estabelece direito sucessório;
- dever de alimentar o outro cônjuge;
- institui o bem de família;
- estabelece o regime de bens entre o casal.
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Interessante consignar que, no Brasil, até o ano de 1977, o casamento era considerado
indissolúvel, tendo essa situação mudado a partir da Emenda Constitucional n. 9, de 28
de julho de 1977, que alterou a Constituição Federal então vigente (CF de 1969), abrindo
espaço para o divórcio, ao ser alterado o § 1º do art. 175, que passou a permitir a dissolução
do matrimônio nos casos previstos em lei.
Na década de 70, ainda, surgiu a tal Lei do Divórcio (Lei n. 6.515, de 26 de dezembro
de 1977) que representou um marco importantíssimo e um alívio no Direito de Família ao
permitir, de forma expressa e categórica, o divórcio como forma de dissolução do vínculo
matrimonial.
Em tempo, importante entender que a sociedade conjugal é diferente de vínculo
matrimonial. Como mencionado, um dos efeitos do casamento é o estabelecimento
da sociedade conjugal, o que indica que o casamento (vínculo matrimonial) é algo mais
abrangente que a sociedade conjugal, estando esta contida naquele.
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Assim, a separação judicial põe fim à sociedade conjugal, mas não põe fim ao vínculo
matrimonial. Entendeu?
É fato que, conforme expressa o artigo reproduzido acima, a morte real e a morte
presumida colocam fim ao casamento, pois geram o estado de viuvez do cônjuge sobrevivente.
Segundo dispõe o Código, a dissolução do enlace também ocorrerá pela nulidade ou
anulação do casamento, pela separação judicial ou pelo divórcio.
No entanto, é importante destacar que a Emenda Constitucional n. 66/2010 estabeleceu
uma alteração quanto à questão do divórcio: anteriormente, para que fosse possível realizar
o pedido de divórcio, era necessário que o casal estivesse separado de fato por 2 (dois) anos
ou separado judicialmente por 1 (um) ano, como vimos.
A partir da referida emenda, o divórcio pode ser pedido a qualquer momento, sem que
haja a necessidade de espera.
Cabe apontar que a possibilidade existente nos dias atuais de que o divórcio seja realizado
“de cara” não significa que a separação judicial não exista mais.
Caso um casal decida se separar judicialmente, a sociedade conjugal ficará suspensa
até que o divórcio de fato seja realizado.
Nesse sentido, havendo apenas a separação judicial, os indivíduos detêm a possibilidade
de reatar o casamento sem que haja maiores problemas, diferentemente do que ocorre
quando acontece o divórcio: a partir deste, o casamento somente pode ser retomado caso
seja efetuado novamente, pois consiste em um procedimento que coloca um fim efetivo
à sociedade conjugal.
Obs.: Vale ressaltar que o divórcio é um direito potestativo, isto é, consiste em um direito
que não admite contestações. Nesse sentido, caso um dos cônjuges tome a iniciativa
de divórcio, sua decisão deve ser acatada e respeitada.
Em decorrência dessa característica, atualmente existem projetos para que o
procedimento seja impositivo, ou seja, para que o divórcio possa ocorrer por meio
do pedido de apenas uma das partes perante o cartório.
Em geral, a ação de divórcio é cumulada com a partilha de bens. No entanto, para
que o procedimento seja efetuado, não é obrigatório que seja realizada a partilha:
o divórcio pode ser concedido primeiro, inclusive liminarmente, sendo a partilha
discutida posteriormente.
Ainda no que se refere ao tema, é importante destacar que existem duas espécies
de divórcio:
• Divórcio consensual: ocorre quando ambas as partes estão de acordo em relação à
partilha de bens. Caso não haja o interesse de incapazes, o divórcio consensual pode
ser realizado no cartório.
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• Divórcio litigioso: ocorre quando não há concordância entre as partes acerca dos
aspectos que envolvem a partilha de bens.
Em sua continuidade, o Código Civil determina o seguinte:
Art. 1.572. Qualquer dos cônjuges poderá propor a ação de separação judicial, imputando ao
outro qualquer ato que importe grave violação dos deveres do casamento e torne insuportável
a vida em comum.
Art. 1.573. Podem caracterizar a impossibilidade da comunhão de vida a ocorrência de algum
dos seguintes motivos:
I – adultério;
II – tentativa de morte;
III – sevícia ou injúria grave;
IV – abandono voluntário do lar conjugal, durante um ano contínuo;
V – condenação por crime infamante;
VI – conduta desonrosa.
Parágrafo único. O juiz poderá considerar outros fatos que tornem evidente a impossibilidade
da vida em comum.
Art. 1.574. Dar-se-á a separação judicial por mútuo consentimento dos cônjuges se forem casados
por mais de um ano e o manifestarem perante o juiz, sendo por ele devidamente homologada
a convenção.
Parágrafo único. O juiz pode recusar a homologação e não decretar a separação judicial se apurar
que a convenção não preserva suficientemente os interesses dos filhos ou de um dos cônjuges.
Art. 1.575. A sentença de separação judicial importa a separação de corpos e a partilha de bens.
Parágrafo único. A partilha de bens poderá ser feita mediante proposta dos cônjuges e homologada
pelo juiz ou por este decidida.
Art. 1.576. A separação judicial põe termo aos deveres de coabitação e fidelidade recíproca e
ao regime de bens.
Parágrafo único. O procedimento judicial da separação caberá somente aos cônjuges, e, no caso
de incapacidade, serão representados pelo curador, pelo ascendente ou pelo irmão.
Art. 1.577. Seja qual for a causa da separação judicial e o modo como esta se faça, é lícito aos
cônjuges restabelecer, a todo tempo, a sociedade conjugal, por ato regular em juízo.
Parágrafo único. A reconciliação em nada prejudicará o direito de terceiros, adquirido antes e
durante o estado de separado, seja qual for o regime de bens.
Art. 1.578. O cônjuge declarado culpado na ação de separação judicial perde o direito de usar o
sobrenome do outro, desde que expressamente requerido pelo cônjuge inocente e se a alteração
não acarretar:
I – evidente prejuízo para a sua identificação;
II – manifesta distinção entre o seu nome de família e o dos filhos havidos da união dissolvida;
III – dano grave reconhecido na decisão judicial.
§ 1º O cônjuge inocente na ação de separação judicial poderá renunciar, a qualquer momento,
ao direito de usar o sobrenome do outro.
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Art. 1.581. O divórcio pode ser concedido sem que haja prévia partilha de bens.
JURISPRUDÊNCIA
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. Relação homoafetiva e entidade familiar – 1: A norma
constante do art. 1.723 do Código Civil — CC (“É reconhecida como entidade familiar
a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua
e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família”) não obsta que
a união de pessoas do mesmo sexo possa ser reconhecida como entidade familiar apta
a merecer proteção estatal. Essa a conclusão do Plenário ao julgar procedente pedido
formulado em duas ações diretas de inconstitucionalidade ajuizadas, respectivamente,
pelo Procurador-Geral da República e pelo Governador do Estado do Rio de Janeiro.
Preliminarmente, conheceu-se de arguição de preceito fundamental — ADPF, proposta
pelo segundo requerente, como ação direta, tendo em vista a convergência de objetos
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grupos familiares descritos no art. 42, § 2º, do ECA. Esses elementos subjetivos são
extraídos da existência de laços afetivos - de quaisquer gêneros -, da congruência de
interesses, do compartilhamento de ideias e ideais, da solidariedade psicológica, social
e financeira e de outros fatores que, somados, demonstram o animus de viver como
família e dão condições para se associar ao grupo assim construído a estabilidade
reclamada pelo texto da lei. Dessa forma, os fins colimados pela norma são a existência
de núcleo familiar estável e a consequente rede de proteção social que pode gerar para
o adotando. Nesse tocante, o que informa e define um núcleo familiar estável são os
elementos subjetivos, que podem ou não existir, independentemente do estado civil
das partes. Sob esse prisma, ressaltouse que o conceito de núcleo familiar estável não
pode ficar restrito às fórmulas clássicas de família, mas pode, e deve, ser ampliado para
abarcar a noção plena apreendida nas suas bases sociológicas. Na espécie, embora os
adotantes fossem dois irmãos de sexos opostos, o fim expressamente assentado pelo
texto legal - colocação do adotando em família estável - foi plenamente cumprido, pois
os irmãos, que viveram sob o mesmo teto até o óbito de um deles, agiam como família
que eram, tanto entre si como para o infante, e naquele grupo familiar o adotando se
deparou com relações de afeto, construiu - nos limites de suas possibilidades - seus
valores sociais, teve amparo nas horas de necessidade físicas e emocionais, encontrando
naqueles que o adotaram a referência necessária para crescer, desenvolver-se e
inserir-se no grupo social de que hoje faz parte. Dessarte, enfatizou-se que, se a lei
tem como linha motivadora o princípio do melhor interesse do adotando, nada mais
justo que a sua interpretação também se revista desse viés. (REsp 1.217.415-RS, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/6/2012). (INF. 500)
JURISPRUDÊNCIA
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. CASAMENTO. PESSOAS. IGUALDADE. SEXO. In casu, duas
mulheres alegavam que mantinham relacionamento estável há três anos e requereram
habilitação para o casamento junto a dois cartórios de registro civil, mas o pedido foi
negado pelos respectivos titulares. Posteriormente ajuizaram pleito de habilitação
para o casamento perante a vara de registros públicos e de ações especiais sob o
argumento de que não haveria, no ordenamento jurídico pátrio, óbice para o casamento
de pessoas do mesmo sexo. Foi-lhes negado o pedido nas instâncias ordinárias. O Min.
Relator aduziu que, nos dias de hoje, diferentemente das constituições pretéritas, a
concepção constitucional do casamento deve ser plural, porque plurais são as famílias;
ademais, não é o casamento o destinatário final da proteção do Estado, mas apenas
o intermediário de um propósito maior, qual seja, a proteção da pessoa humana em
sua dignidade. Assim sendo, as famílias formadas por pessoas homoafetivas não são
menos dignas de proteção do Estado se comparadas com aquelas apoiadas na tradição
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O regime dos bens está diretamente relacionado às regras patrimoniais que têm incidência
no casamento ou na união estável, quer a relação seja estabelecida entre homem e mulher
ou entre casais homoafetivos.
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Basicamente, dado que durante a vida as pessoas acabam por adquirir bens – sejam
estes constituídos antes do casamento, durante ou depois do mesmo – o regime de bens
visa estabelecer as regras que irão reger o patrimônio das pessoas envolvidas no casamento
quando este vier a terminar, seja por meio do divórcio ou devido à morte de um dos cônjuges.
O importante a se ter em mente é que, em qualquer uma das situações de término,
ou seja, independentemente se o fim da relação se der razão de divórcio ou de morte, o
regime de bens adotado pelo casal terá reflexo sobre a partilha dos bens, de maneira que
este deverá ser escolhido com cautela.
O regime de bens é um dos efeitos patrimoniais do casamento.
É necessário que as pessoas tenham consciência da necessidade de se pensar nas
possíveis situações de divórcio e/ou morte no momento em que estiverem constituindo
o casamento ou a união estável, pois a escolha ou alteração do regime de bens adequado
poderá facilitar ou complicar suas vidas no futuro. Apesar de essa questão ser, na maioria
das vezes, compreendida como uma visão pessimista acerca do enlace, tal atitude se refere,
na verdade, a um planejamento de vida que deveria ser efetuado por todos.
Obs.: A título de lembrança, cabe apontar que não há hierarquia entre o casamento e a
união estável, sejam essas modalidades familiares decorrentes de uma união hétero
ou homoafetiva.
Para que seja possível compreender os aspectos inerentes à incidência do regime de
bens, é necessário, primeiramente, estar atento às diferenças existentes entre o casamento
e a união estável: enquanto o casamento possui um marco celebrativo, a partir do qual os
envolvidos recebem uma certidão que comprova a data de ocorrência da união; a união
estável é estabelecida pela convivência pública, contínua e duradoura entre duas pessoas que
possuam o intuito de constituição de família, não havendo nenhuma espécie de celebração
ou solenidade prevista em lei.
Obs.: Vale apontar que um namoro, por si só, não pode configurar a união estável em
razão de não haver o objetivo de constituição de família. No entanto, pode ocorrer
que as pessoas envolvidas em um namoro estejam vivendo uma situação tal que o
relacionamento venha a se transformar, em determinado momento, em uma união
estável. A partir desse ponto, a questão da incidência do regime de bens deverá
entrar em cena.
Devido ao fato de não haver o estabelecimento de um período mínimo para que a
união estável possa caracterizada, o regime de bens terá incidência sob o patrimônio dos
envolvidos qualquer que tenha sido o tempo do relacionamento. Tal aspecto acaba por
gerar certo desconforto quanto às situações em que a partilha de bens chega a juízo, pois
diferentemente do que ocorre em relação ao casamento, em que o ajuizamento de divórcio
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se dá por meio da junção da certidão do casamento, possuindo esta a data que constitui
o marco do início da relação conjugal a ser considerado para os fins de partilha, a união
estável não possui um marco claro de início, a menos que os companheiros elaborem um
documento estabelecendo uma data, o que não ocorre na maioria dos casos.
Desse modo, quando a união estável chega ao fim, cabe ao juiz reconhecer a sua existência
e, em acordo com a situação, estabelecer a data que marcará o início da união a fim de
possibilitar a dissolução da relação e a partilha dos bens adquiridos durante a constância
da união. No entanto, na maioria das vezes os indivíduos não concordam com o período
apontado pelo outro o que enseja longas brigas e buscas de provas robustas...
O estudo dos regimes requer a análise prévia dos princípios que os regem, a saber:
Princípio da autonomia privada: as partes poderão, como regra geral, escolher um
regime diferente do regime legal (exceção é o artigo 1.641/CC), inclusive adaptando os
regimes, desde que não viole norma de ordem pública. O art. 1.639 aduz ser lícito aos
nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes
aprouver. O exercício dessa autonomia privada se dá através de um contrato ou pacto.
Como esse pacto se dá antes da celebração do casamento (antes das núpcias), esse pacto
é chamado de pacto antenupcial, e terá eficácia a partir do casamento;
Princípio da indivisibilidade do regime de bens: o regime de bens é indivisível em
relação aos cônjuges, não podendo ser um regime de bens para um dos cônjuges e outro
regime para o outro cônjuge;
Princípio da variedade do regime de bens: a legislação prevê, de forma expressa, quatro
regimes de bens: comunhão parcial, comunhão universal, separação total e participação
final nos aquestos. Além de poder, em regra, escolher qualquer um desses regimes, é
possível aos nubentes mesclá-los para criar um regime novo, desde que não viole norma
de ordem pública;
Princípio da mutabilidade justificada: o Código Civil possibilita a alteração justificada
do regime de bens, desde que haja autorização judicial nesse sentido. O juiz apreciará as
razões de justificação de alteração do regime de bens, ficando ressalvados os direitos
de terceiros, os quais não experimentarão o regime de bens inicialmente fixado (art.
1.639,§2º/CC). O NCPC, no art. 734, trata das possibilidades e procedimentos especiais
quanto à alteração de regime de bens. Para promover a alteração de regime de bens, é
preciso que a petição inicial seja proposta por ambos os nubentes, sendo uma hipótese de
jurisdição voluntária. O §1º do art. 734 determina que, ao receber a petição inicial, o juiz vai
determinar a intimação do MP e a publicação de edital em que se divulgue essa pretendida
modificação do regime de bens. Após 30 dias da publicação do edital, o juiz poderá decidir
sobre a modificação do regime de bens. Os efeitos da alteração do regime de bens são ex
nunc, não retroagindo, portanto, tendo efeito a partir do trânsito em julgado da decisão
que alterou o regime de bens.
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Quanto ao tema em análise propriamente dito, o Código Civil brasileiro apresenta quatro
espécies de regime de bens que poderão incidir tanto sobre o casamento como sobre a união
estável: comunhão universal de bens, separação de bens, participação final nos aquestos
e comunhão parcial de bens.
Essas categorias de regime de bens devem ser divididas em dois grupos:
1 2
• comunhão • comunhão
universal de bens parcial de bens
• separação e bens (regime regra)
• participação final
nos aquestos
A começar pelo regime da comunhão parcial de bens, é necessário apontar que esse
consiste no regime-regra devido ao fato de se referir ao regime que é estabelecido
automaticamente pela lei quando não há a escolha do casal por qualquer outra espécie
de regime.
Em outros termos, se os indivíduos estão vivenciando uma união estável e não realizaram
nenhuma escolha documentada quanto ao tipo de regime de bens sob o qual desejariam
que a relação fosse estabelecida, estes estarão, automaticamente, sob a incidência da
comunhão parcial de bens.
Do mesmo modo, o casal que celebrou o casamento, mas não realizou qualquer tipo de
escolha sobre o regime de bens, terá o relacionamento regido pela comunhão parcial de
bens, em que se define que tudo aquilo que for adquirido onerosamente por um ou ambos
os cônjuges na constância do casamento ou da união estável deverá ser partilhado por dois,
ainda que o bem esteja apenas no nome de um.
Como se pode observar, os outros tipos de regime dependem de uma escolha do casal,
que será operada de maneira distinta a depender se a relação se trata de uma união estável
ou de um casamento, conforme indicado abaixo:
• União estável: diante da união estável, a escolha do regime de bens diverso da
comunhão parcial de bens deverá ocorrer por meio da realização, através de escritura
pública, de um pacto/contrato convivencial em que será estabelecido o tipo de regime
a ser contraído.
• Casamento: diante do casamento a escolha do regime de bens diverso da comunhão
parcial de bens deverá ocorrer através da instituição (em cartório) daquilo que é
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Art. 1.653. É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e ineficaz se não
lhe seguir o casamento.
Lembre-se de que a questão da nulidade está no campo das invalidades. Nesse sentido,
conforme estabelece o artigo reproduzido acima, o pacto antenupcial que não for realizado
por escritura pública será nulo, isto é, não possuirá validade. Observe, ainda, que o artigo
expressa que o referido pacto não produzirá efeitos caso o casamento não ocorra.
Questão de prova: Em uma questão elaborada pela FGV, a banca indagava o candidato
sobre a incidência do regime de bens quanto à seguinte situação: João e Maria haviam
se apaixonado e, pretendendo oficializar a relação por meio do casamento, realizaram o
processo de habilitação, marcaram a data de celebração da cerimônia e elaboraram, por
meio de escritura pública, o pacto antenupcial no qual se definia que contrairiam o regime
da separação de bens. No entanto, alguns dias antes do casamento, João sofreu um grave
acidente e teve que ficar internado durante meses no hospital, o que impediu a realização
da cerimônia. Quando o homem recebeu alta, o casal decidiu não mais se casar, mas apenas
viver sob união estável. Passados quinze anos, João decidiu terminar o relacionamento com
Maria e dissolver a união estável. No entanto, no momento da dissolução e partilha de bens,
o homem alegou que tudo aquilo que se encontrava em seu nome lhe pertencia, pois os
dois estariam vivendo sob o regime de separação de bens em razão ao pacto antenupcial
que haviam firmado anos antes. Perceba que a perspectiva de João quanto ao regime de
bens relativo à união estável do casal estava equivocada, pois apesar de o pacto ser valido,
em razão de ter sido realizado por escritura pública, este nunca chegou produzir efeitos,
pois o casal nunca se casou.
Portanto, o regime de bens referente à união estável de João e Maria consistia, na
verdade, na comunhão parcial de bens, de modo que tudo que foi adquirido onerosamente
pelo casal, ainda que esteja apenas em seu nome, teria que ser dividido em partes iguais.
Art. 1.654. A eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor, fica condicionada à aprovação
de seu representante legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório de separação de bens.
Art. 1.655. É nula a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição absoluta de lei.
Art. 1.656. No pacto antenupcial, que adotar o regime de participação final nos aquestos, poder-
se-á convencionar a livre disposição dos bens imóveis, desde que particulares.
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Em regra, para que um bem imóvel de um dos cônjuges possa, por exemplo, ser alienado,
é preciso que haja a autorização de seu companheiro, ainda que se trate de bem particular.
No entanto, conforme estabelece o artigo acima, o pacto antenupcial que adotar o regime
de participação final nos aquestos poderá convencionar a livre disposição dos bens imóveis,
desde que estes sejam particulares.
Art. 1.657. As convenções antenupciais não terão efeito perante terceiros senão depois de
registradas, em livro especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges.
Apesar de não ser um ponto costumeiramente cobrado em provas, cabe apontar que é
possível que sejam convencionadas determinadas cláusulas existenciais dentro do pacto
nupcial, desde que estas não sejam contra a lei. Nesse sentido, apesar de haver discussões
doutrinárias quanto a esse aspecto, há a possibilidade de que sejam estipuladas, por
exemplo, cláusulas a serem aplicadas em caso de traição.
Quando tratamos de regime de bens, observa-se os arts 1.639 a 1.688 do Código Civil.
E o que seria regime de bens?
Regime de bens é o conjunto de regras de ordem privada relacionadas com interesses
patrimoniais ou também econômicos resultantes da entidade familiar.
Observe que tudo aqui comentado ocorre entre a sociedade conjugal, esqueça, por
enquanto, situações decorrentes da morte...
Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus
bens, o que lhes aprouver.
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Art. 1.642.
I – praticar todos os atos de disposição e de administração necessários ao desempenho de sua
profissão, com as limitações estabelecida no inciso I do art. 1.647;
II – administrar os bens próprios;
III – desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham sido gravados ou alienados sem o seu
consentimento ou sem suprimento judicial;
IV – demandar a rescisão dos contratos de fiança e doação, ou a invalidação do aval, realizados
pelo outro cônjuge com infração do disposto nos incisos III e IV do art. 1.647;
V – reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo outro cônjuge ao
concubino, desde que provado que os bens não foram adquiridos pelo esforço comum destes,
se o casal estiver separado de fato por mais de cinco anos;
VI – praticar todos os atos que não lhes forem vedados expressamente.
O art. 1.642 anota que um pode praticar atos sem o consentimento do outro. Ou seja,
há uma liberdade quanto aos atos que estão ligados à vida pessoal e à vida econômica de
cada pessoa. Já o art. 1.643 anota o seguinte:
Art. 1.644. As dívidas contraídas para os fins do artigo antecedente obrigam solidariamente
ambos os cônjuges.
Veja que há obrigação solidária entre o casal. Isso quer dizer que ambos serão atingidos
na falta de pagamento do bem comprado.
Art. 1.645. As ações fundadas nos incisos III, IV e V do art. 1.642 competem ao cônjuge prejudicado
e a seus herdeiros.
Art. 1.646. No caso dos incisos III e IV do art. 1.642, o terceiro, prejudicado com a sentença
favorável ao autor, terá direito regressivo contra o cônjuge, que realizou o negócio jurídico, ou
seus herdeiros.
Então, nesta ação, o terceiro prejudicado terá direito de ação regressiva em face do
cônjuge que fez o negócio. E se quem contraiu a dívida tiver falecido, contra os herdeiros
caberá a ação regressiva.
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Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização
do outro, exceto no regime da separação absoluta.
Art. 1.647.
I – alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
II – pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
O art. 73 do CPC estabelece que nas ações que discutam direitos reais imobiliários,
caso uma pessoa queira ser autora, ela precisa do consentimento do cônjuge. Não havendo
consentimento deste, o juiz poderá supri-lo. Mas, ao ajuizar uma ação que discuta direito real
de bem imóvel contra uma pessoa casada, deve-se levar o cônjuge para a ação, formando
um litisconsórcio passivo necessário.
Art. 1.647.
III – prestar fiança ou aval;
IV – fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura
meação.
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem
economia separada.
Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, suprir a outorga, quando um dos
cônjuges a denegue sem motivo justo, ou lhe seja impossível concedê-la.
Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará
anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois
de terminada a sociedade conjugal.
Parágrafo único. A aprovação torna válido o ato, desde que feita por instrumento público, ou
particular, autenticado.
Segundo o artigo acima, o ato será anulável, ofendendo o direito de um dos envolvidos. E
se há essa ofensa, torna-se necessário o ajuizamento de uma ação anulatória. Não ajuizando
a ação no prazo correto, o ato será convalidado.
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Obs.: o ato nulo nunca se torna válido, veja que estamos falando de anulabilidade.
Trata-se de um prazo decadencial de 2 (dois) anos que deve ser respeitado.
Esse prazo começa a contar a partir do fim da sociedade conjugal, que ocorre no divórcio
ou na morte.
E caso o cônjuge prejudicado venha a morrer, os herdeiros poderão ajuizar a ação.
Art. 1.650. A decretação de invalidade dos atos praticados sem outorga, sem consentimento,
ou sem suprimento do juiz, só poderá ser demandada pelo cônjuge a quem cabia concedê-la,
ou por seus herdeiros.
Art. 1.651. Quando um dos cônjuges não puder exercer a administração dos bens que lhe incumbe,
segundo o regime de bens, caberá ao outro:
I – gerir os bens comuns e os do consorte;
II – alienar os bens móveis comuns;
III – alienar os imóveis comuns e os móveis ou imóveis do consorte, mediante autorização judicial.
Art. 1.652. O cônjuge, que estiver na posse dos bens particulares do outro, será para com este
e seus herdeiros responsável:
I – como usufrutuário, se o rendimento for comum;
II – como procurador, se tiver mandato expresso ou tácito para os administrar;
III – como depositário, se não for usufrutuário, nem administrador.
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de bem imóvel contra uma pessoa casada, deve-se levar o cônjuge para a ação, formando
um litisconsórcio passivo necessário.
Caso haja prática de um ato sem autorização, o cônjuge pode aprovar o ato, tornando-o
válido, quer por instrumento público ou particular. Não autorizando, o juiz poderá conceder
a autorização.
🍒 Sem autorização do cônjuge ou do juiz, o ato é anulado. O prazo para ajuizar a ação
anulatória tem como prazo decadencial 2 anos, contados do divórcio ou da morte, este
último tendo ação proposta pelos herdeiros.
A autorização do outro cônjuge é chamada de outorga conjugal. Essa outorga legitima
um dos cônjuges a praticar os atos do art. 1.647. E quando essa outorga é consentida pela
esposa, tem-se uma outorga uxória. E quando pelo marido, tem-se a outorga marital.
Quando o motivo da negatória for injusto, o juiz poderá autorizar.
Caso um imóvel seja alienado, ainda que o imóvel seja um bem particular adquirido
antes do casamento, quem alienou estará diante de um ato anulável.
Logo, a outorga conjugal legitima a alienação para que o ato seja válido.
O prazo de 2 (dois) anos é decadencial, contando ao fim do casamento.
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Bem sub-rogado continua sendo bem particular. Assim, havendo uma casa de R$
500.000,00 quando solteira, e, quando casada, Maria tenha comprado outra casa de mesmo
valor, ainda assim o valor da casa continua sendo um bem particular. Todavia, estando
casada, Maria recebe uma doação de seu pai, esse bem é apenas de Maria. Agora, estando
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Roberta Queiroz
Art. 1.659.
II – os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-
-rogação dos bens particulares;
III – as obrigações anteriores ao casamento;
Art. 1.659.
IV – as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal;
V – os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;
VI – os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
VII – as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
Art. 1.660. Entram na comunhão:
I – os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome
de um dos cônjuges;
Ex.: O apartamento comprado está no nome do marido. Quitado o apartamento, ainda assim,
uma vez adquirido onerosamente no casamento, ele deverá ser partilhado.
Art. 1.660.
II – os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior;
Ex.: Maria ganha na loteria no curso do casamento, esconde o bilhete do marido, divorcia e,
após o divórcio, se apresenta como milionária. Neste caso, se o marido comprovar que Maria
ganhou na loteria ainda casada, haverá a comunhão de bens.
Art. 1.660.
III – os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges;
IV – as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge;
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Direito das Famílias – Parte I
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Imagine: Maria comprou um lote quando solteira. Casando com João, este propõe, depois
do casamento, construir uma mansão. Ocorre o divórcio e João quer dividir tudo, mas Maria
não aceita. Neste caso, nem João e nem Maria tem razão. O lote é de Maria e a benfeitoria
deve ser repartida.
Art. 1.660.
V – os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância
do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão.
Regras básicas:
• Exclui-se da comunhão: art. 1.659;
• Entram na comunhão: art. 1.660;
• Bem particular é: herança particular, doação particular;
• Bem comum: FGTS e loteria.
Imagine o seguinte: Maria não possuía nada antes do casamento. João, casado com Maria,
enquanto solteiro, não possuía nada. Casados, ambos moravam nos fundos da casa da mãe
de Maria. Anos depois, já concursados, Maria e João compraram a casa própria. Neste caso,
não há bem particular, e sim apenas bens comuns. Ou seja, temos aqui uma comunhão parcial
de bens sem bens particulares.
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Direito das Famílias – Parte I
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morar juntos e nem ter filhos. Em um julgado antigo do Tribunal do Rio Grande do Sul, um
casal ficou junto por alguns meses. O rapaz, nesse período, comprou um casamento, não
conseguindo comprar que o dinheiro do apartamento era particular. A moça ajuizou uma
ação de reconhecimento e dissolução de união estável e o juiz mandou partilhar o bem.
Resumindo:
O art. 1.660/CC traz um rol de bens comunicáveis, que são:
• bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em
nome de um;
• dos cônjuges;
• bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa
anterior;
• bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges;
• benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge;
• frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância
do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão.
Existem bens que, entretanto, não se comunicam (incomunicáveis), estando excluídos,
portanto, da comunhão, conforme o art. 1.659/CC:
• bens que cada cônjuge já possuía ao se casar e os bens havidos por doação ou sucessão,
bem como os sub-rogados em seu lugar não se comunicam;
• bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em
sub-rogação dos bens particulares;
• obrigações anteriores ao casamento;
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Direito das Famílias – Parte I
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Art. 1.667. O regime de comunhão universal importa a comunicação de todos os bens presentes
e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas, com as exceções do artigo seguinte.
Art. 1.668. São excluídos da comunhão:
I – os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu
lugar;
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Direito das Famílias – Parte I
Roberta Queiroz
A cláusula de incomunicabilidade é uma cláusula que impõe que o bem não se comunique
com o cônjuge.
Imaginando que Maria é casada com João. O pai de Maria quer doar para esta um
apartamento. Recebendo o apartamento, ele será de bem comum de Maria e João, mesmo
que este tenha sido doado antes do casamento (regime de comunhão universal de bens).
Contudo, o pai de Maria pode, ao doar o bem, constando uma cláusula de incomunicabilidade.
Essa cláusula define que o bem é apenas de Maria, não havendo partilhar em caso
de divórcio.
Art. 1.668.
II – os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada
a condição suspensiva;
Art. 1.668.
III – as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou
reverterem em proveito comum;
IV – as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de
incomunicabilidade;
V – Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.
Art. 1.659: VI – os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
VII – as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
Art. 1.669. A incomunicabilidade dos bens enumerados no artigo antecedente não se estende
aos frutos, quando se percebam ou vençam durante o casamento.
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Não entrará comunhão universal quando o bem recebido houver uma cláusula de
incomunicabilidade.
Meação: trata-se da metade dos bens. Ela é retirada apenas dos bens comuns. Ela ocorre
apenas no divórcio, sendo 50% dos bens comuns para um e 50% para outro. Não há como
termos meação em bens particulares, já sabemos disso.
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Art. 1.687. Estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob a administração exclusiva
de cada um dos cônjuges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus real.
Art. 1.688. Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na proporção
dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto
antenupcial.
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É possível observar que a imposição da lei pode causar injustiça para o casal. Em vista
disso, observa-se o exemplo: Maria divorciou de João e casou com Pedro sem fazer a partilha
com João. Casados, a lei impõe para Maria e Pedro a separação obrigatória de bens. Tendo
sido feita a partilha, Maria vive com Pedro e angariam patrimônio juntos e ainda em separação
obrigatória de bens, estando tudo registrado no nome de Pedro. Havendo patrimônio em
comum, a fim de evitar injustiças, há uma Súmula n. 377 do STF (1964): no regime de
separação legal de bens, comunica-se os adquiridos na constância do casamento.
Ex.: João, de 80 anos, casa com Maria. Anos depois, Maria separa de João, afirmando que
não há nada a dividir, dado a imposição do regime imposto para o maior de 70 anos. Havendo
a dissolução do casamento em regime de separação obrigatória de bens, a Súmula acima
deverá ser observada, devendo haver uma meação.
Observa-se, ainda, que o STJ, em 2018, no Julgado do EResp 1.623.858, definiu que, no
regime da separação obrigatória de bens, comunica-se os adquiridos na constância do
casamento, desde que comprovado o esforço comum.
Diante do exposto acima pelo STJ, o esforço comum poderá presumido?
Não!
O esforço comum não poderá presumido, e sim efetivamente comprovado.
Presumindo o esforço comum, haveria uma ineficácia total da comunhão obrigatória de bens.
O STJ também possui julgados afirmando que as regras de separação legal devem ser
aplicadas em caso de união estável: Resp 646.259, TJ-RS, de relatoria do Ministro Luís
Felipe Salomão.
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Direito das Famílias – Parte I
Roberta Queiroz
Art. 1.672. No regime de participação final nos aquestos, cada cônjuge possui patrimônio próprio,
consoante disposto no artigo seguinte, e lhe cabe, à época da dissolução da sociedade conjugal,
direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento.
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Direito das Famílias – Parte I
Roberta Queiroz
JURISPRUDÊNCIA
DIREITO CIVIL. INEXISTÊNCIA DE MEAÇÃO DE VALORES DEPOSITADOS EM CONTA
VINCULADA AO FGTS ANTES DA CONSTÂNCIA DA SOCIEDADE CONJUGAL SOB O REGIME
DA COMUNHÃO PARCIAL. Diante do divórcio de cônjuges que viviam sob o regime da
comunhão parcial de bens, não deve ser reconhecido o direito à meação dos valores
que foram depositados em conta vinculada ao FGTS em datas anteriores à constância
do casamento e que tenham sido utilizados para aquisição de imóvel pelo casal durante
a vigência da relação conjugal. Diverso é o entendimento em relação aos valores
depositados em conta vinculada ao FGTS na constância do casamento sob o regime
da comunhão parcial, os quais, ainda que não sejam sacados imediatamente à separação
do casal, integram o patrimônio comum do casal, devendo a CEF ser comunicada para
que providencie a reserva do montante referente à meação, a fim de que, num momento
futuro, quando da realização de qualquer das hipóteses legais de saque, seja possível
a retirada do numerário pelo ex-cônjuge. Preliminarmente, frise-se que a cada doutrina
pesquisada no campo do Direito do Trabalho, um conceito e uma natureza diferentes
são atribuídos ao Fundo, não sendo raro alguns estudiosos que o analisam a partir de
suas diversas facetas: a do empregador, quando, então sua natureza seria de obrigação;
a do empregado, para quem o direito à contribuição seria um salário; e a da sociedade,
cujo caráter seria de fundo social. Nesse contexto, entende-se o FGTS como o “conjunto
de valores canalizados compulsoriamente para as instituições de Segurança Social,
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Direito Civil
Direito das Famílias – Parte I
Roberta Queiroz
através de contribuições pagas pelas Empresas, pelo Estado, ou por ambos e que tem
como destino final o patrimônio do empregado, que o recebe sem dar qualquer
participação especial de sua parte, seja em trabalho, seja em dinheiro”. No que diz
respeito à jurisprudência, o Tribunal Pleno do STF (ARE 709.212-DF, DJe 19/2/2015,
com repercussão geral reconhecida), ao debater a natureza jurídica do FGTS, afirmou
que, desde que o art. 7º, III, da CF expressamente arrolou o FGTS como um direito dos
trabalhadores urbanos e rurais, “tornaram-se desarrazoadas as teses anteriormente
sustentadas, segundo as quais o FGTS teria natureza híbrida, tributária, previdenciária,
de salário diferido, de indenização, etc.”, tratando-se, “em verdade, de direito dos
trabalhadores brasileiros (não só dos empregados, portanto), consubstanciado na
criação de um ‘pecúlio permanente’, que pode ser sacado pelos seus titulares em
diversas circunstâncias legalmente definidas (cf. art. 20 da Lei 8.036/1990)”. Nesse
mesmo julgado, ratificando entendimento doutrinário, afirmou-se, quanto à natureza
do FGTS, que “não se trata mais, como em sua gênese, de uma alternativa à estabilidade
(para essa finalidade, foi criado o seguro-desemprego), mas de um direito autônomo”.
A Terceira Turma do STJ, por sua vez, já sustentou que “o FGTS integra o patrimônio
jurídico do empregado desde o 1º mês em que é recolhido pelo empregador, ficando
apenas o momento do saque condicionado ao que determina a lei” (REsp 758.548-MG,
DJ 13/11/2006) e, em outro julgado, estabeleceu que esse mesmo Fundo, que é “direito
social dos trabalhadores urbanos e rurais”, constitui “fruto civil do trabalho” (REsp
848.660-RS, DJe 13/5/2011). No tocante à doutrina civilista, parte dela considera os
valores recebidos a título de FGTS como ganhos do trabalho e pondera que, “no rastro
do inciso VI do artigo 1.659 e do inciso V do artigo 1.668 do Código Civil, estão igualmente
outras rubricas provenientes de verbas rescisórias trabalhistas, como o FGTS (Fundo
de Garantia por Tempo de Serviço), pois como se referem à pessoa do trabalhador
devem ser tratadas como valores do provento do trabalho de cada cônjuge”. Aduz-se,
ainda, o “entendimento de que as verbas decorrentes do FGTS se incluem na rubrica
proventos”. Nesse contexto, deve-se concluir que o depósito do FGTS representa
“reserva personalíssima, derivada da relação de emprego, compreendida na expressão
legal ‘proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge’ (CC, art. 1559, VI)”. De fato, pela
regulamentação realizada pelo aludido art. 1.659, VI, do CC/2002 - segundo o qual
“Excluem-se da comunhão: (...) “os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge” -,
os proventos de cada um dos cônjuges não se comunicam no regime da comunhão
parcial de bens. No entanto, apesar da determinação expressa do CC no sentido da
incomunicabilidade, realçou-se, no julgamento do referido REsp 848.660-RS, que “o
entendimento atual do Superior Tribunal de Justiça, reconhece que não se deve excluir
da comunhão os proventos do trabalho recebidos ou pleiteados na constância do
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Direito das Famílias – Parte I
Roberta Queiroz
com o pagamento dos salários, devendo os depósitos serem feitos pelo empregador
até o dia 7 de cada mês em contas abertas na CEF vinculadas ao contrato de trabalho,
conforme dispõe o art. 15 da Lei n. 8.036/1990. Assim, deve ser reconhecido o direito
à meação dos valores do FGTS auferidos durante a constância do casamento, ainda
que o saque daqueles valores não seja realizado imediatamente à separação do casal.
A fim de viabilizar a realização daquele direito reconhecido, nos casos em que ocorrer,
a CEF deverá ser comunicada para que providencie a reserva do montante referente
à meação, para que, num momento futuro, quando da realização de qualquer das
hipóteses legais de saque, seja possível a retirada do numerário. REsp 1.399.199-RS,
Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, Rel. para acórdão Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
9/3/2016, DJe 22/4/2016. (INF. 581).
JURISPRUDÊNCIA
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. Dissolução de união estável. Partilha de bens. Companheiro
sexagenário. Súmula 377 do STF. Bens adquiridos na constância da união estável. Partilha
igualitária. Demonstração do esforço comum dos companheiros para legitimar a divisão.
Necessidade. Prêmio de loteria. Fato eventual ocorrido na constância da união estável.
Necessidade de meação. O propósito recursal consiste em definir se, numa dissolução
de união estável de companheiro sexagenário, é necessário, para fins de partilha, a
prova do esforço comum, bem como se o prêmio de loteria, ganho no período da relação
conjugal, é comunicável ao parceiro. No caso em exame, a lide ganha especial relevo
por envolver sexagenário ao qual, por força do art. 258, parágrafo único, inciso II, do
Código Civil de 1916 (equivalente, em parte, ao art. 1.641, inciso II, do Código Civil de
2002), era imposto o regime de separação obrigatória de bens (recentemente, a Lei n.
12.344/2010 alterou a redação do art. 1.641, II, do CC, modificando a idade protetiva
de 60 para 70 anos). Nos ditames da súmula 377 do STF, aplicada ao caso em concreto,
“no regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância
do casamento” e, por conseguinte, apenas os bens adquiridos na constância da união
estável devem ser amealhados pela companheira. A partir de uma interpretação
autêntica, percebe-se que o Pretório Excelso também estabeleceu que somente
mediante o esforço comum entre os cônjuges (no caso, companheiros) é que se defere
a comunicação dos bens, seja para o caso de regime legal ou convencional (RTJ 47/614).
Dessa forma, a ex-companheira fará jus à meação dos bens adquiridos durante a união
estável, desde que comprovado o esforço comum. No entanto, em relação ao prêmio
lotérico, por se tratar de bem comum, em regra, ocorre sua comunicabilidade em favor
do casal, sendo que tal benesse não se confunde com as aquisições a título gratuito,
por doação, herança ou legado, que integram o patrimônio pessoal do donatário (CC,
art. 1.659). A loteria ingressa na comunhão sob a rubrica de “bens adquiridos por fato
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Direito das Famílias – Parte I
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eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior” (CC/1916, art. 271,
II; CC/2002, art. 1.660, II). Com isso, no caso em que o prêmio de loteria foi recebido
por sexagenário durante relação de união estável, é de se observar que este deve ser
objeto de partilha com a ex-companheira pelas seguintes razões: a) é bem comum que
ingressa no patrimônio do casal, independentemente da aferição do esforço de cada
um, pouco importando se houve ou não despesa do accipiens; b) o próprio legislador
quem estabeleceu a referida comunicabilidade; c) a comunicabilidade é a regra, que
admite exceções, a depender do regime de bens, sendo que aquele de separação
legal do sexagenário é diverso do regime de separação convencional; d) a partilha dos
referidos ganhos com a loteria não ofenderia o desiderato da lei, já que o prêmio foi
ganho durante a relação, não havendo falar em matrimônio realizado por interesse ou
em união meramente especulativa. REsp 1.689.152-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
por unanimidade, julgado em 24/10/2017, DJe 22/11/2017. (INF. 616).
JURISPRUDÊNCIA
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. Direito de Família. Emenda Constitucional n. 66/2010.
Divórcio Direto. Requisito Temporal. Extinção. Separação Judicial ou extrajudicial.
Coexistência. Institutos distintos. Princípio da autonomia da vontade. Preservação.
Legislação infraconstitucional. Observância. A Emenda Constitucional n. 66/2010
não revogou, expressa ou tacitamente, a legislação ordinária que trata da separação
judicial. O ponto nodal do debate consiste em analisar se o instituto da separação
judicial foi ab-rogado após o advento da Emenda à Constituição n. 66/2010. O texto
constitucional originário condicionava como requisito para o divórcio a prévia separação
judicial ou de fato. Por sua vez, a EC n. 66/2010 promulgada em 13 de julho de 2010
conferiu nova redação ao § 6º do art. 206 da Constituição Federal de 1988, a saber:
“o casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio”. A alteração constitucional não
revogou, expressa ou tacitamente, a legislação ordinária que regula o procedimento da
separação, consoante exegese do art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro (DecretoLei n. 4.657/1942). Como se afere da sua redação, a Emenda
apenas facultou às partes dissolver direta e definitivamente o casamento civil, por
meio do divórcio – objeto de nova disciplina, tendo em vista a supressão do requisito
temporal até então existente. A supressão dos requisitos para o divórcio pela Emenda
Constitucional não afasta categoricamente a existência de um procedimento judicial
ou extrajudicial de separação conjugal, que passou a ser opcional a partir da sua
promulgação. Essa orientação, aliás, foi ratificada: (i) pelos Enunciados n.s 514, 515,
516 e 517 da V Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal (CJF), ocorrida
em 2010; (ii) pela nova codificação processual civil (Lei n. 13.102/2015), que manteve,
em diversos dispositivos, referências ao instituto da separação judicial (Capítulo X – Das
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Direito das Famílias – Parte I
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da separação judicial e do divórcio (arts. 34 a 37, 40, §2º, e 47 e 48), a qual remete
ao CPC (arts. 1.120 a 1.124). Entretanto, a interpretação de todos esses dispositivos
infraconstitucionais deverá observar a nova ordem constitucional e a ela se adequar,
seja por meio de declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução de texto,
seja como da interpretação conforme a constituição ou, como no caso em comento,
pela interpretação sistemática dos artigos. REsp 1.483.841-RS, Rel. Min. Moura Ribeiro,
julgado em 17/3/2015, DJe 27/3/2015 (INF. 558).
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Direito das Famílias – Parte I
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RESUMO
Brasil, falamos um monte de coisa sobre casamentos e muitos temas são efetivamente
abordados em prova.
A banca ama cobrar esse tema...
Vamos para um singelo resumo???
Para começar, nada melhor do que recordar os ensinamentos do nosso professor amado
Pablito...
I – Princípio da Dignidade da pessoa humana tem previsão no artigo 1º da CF, que rege
todo o ordenamento civil – é um guia geral.
II – Princípio da Solidariedade é o epicentro do Direito das Famílias e está previsto no
artigo 3º da CF - no direito das famílias, a solidariedade é verificável na ideia de que todos
os membros de uma entidade familiar e cada um deles, considerados individualmente,
respondem por todos os demais e por cada um, de forma recíproca. Esse princípio não se
limita ao aspecto material, devendo ser concebido num sentido amplo, tendo um caráter
afetivo, social, moral, patrimonial e espiritual...
Como menciona Flávio Tartuce:
ser solidário significa responder pelo outro, o que remonta à ideia de solidariedade do direito das
obrigações. Quer dizer, ainda, preocupar-se com a outra pessoa. Desse modo, a solidariedade
familiar deve ser tida em sentido amplo, tendo caráter afetivo, social, moral, patrimonial,
espiritual e sexual.13
III – Princípio da Igualdade entre os filhos – artigo 227 da CF e 1.596 do CC. Não
existe diferença entre os filhos, sejam eles do casamento, adotados, fora do casamento,
12
Stolze, Pablo; Pamplona Filho, Rodolfo Manual de direito civil – volume único / Pablo Stolze; Rodolfo Pamplona Filho. – 4.
ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
13
Tartuce, Flávio. Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2020.
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Direito Civil
Direito das Famílias – Parte I
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filhos socioafetivos (decorre do afeto), filho é filho. Todos têm direitos iguais sobre a
herança dos pais.
IV – Princípio da Igualdade entre os cônjuges e companheiros – artigo 226 e 227 da
CF. Hoje não se fala mais sobre pátrio poder, mas em poder familiar. O poder que os pais
têm sobre os filhos é igual. O reflexo é em relação à guarda, por exemplo.
V – Princípio da não intervenção previsto no artigo 1.513 do CC: “ninguém pode intervir
no âmbito familiar”. Se houver, tem que ser mínimo e estritamente necessária.
VI – Princípio do maior interesse da criança e do adolescente (art. 227, caput, da
CF/1988 e arts. 1.583 e 1.584 do CC)
VII – Princípio da afetividade - Afetividade rege as relações familiares e, por isso, o
termo “Direito das Famílias” – pela pluralidade de formas de afeto. Por meio desse princípio,
temos, por exemplo, a análise da parentalidade socioafetiva.
Pela importância da função social das famílias, que decorre do princípio implícito de
socialidade que rege o direito civil como um todo, a função social da família é extraída
do artigo 226 da CF, que estabelece que a família é a base da sociedade, recebendo uma
especial proteção do Estado.
Assim sendo, as relações familiares serão analisadas dentro do contexto social, dentro
daquilo que a sociedade hoje apresenta ao Estado.
Se a sociedade muda, é preciso que a concepção de família também seja alterada, para,
assim, atender ao ideal de realização de todos os integrantes da entidade familiar.
Assim, estaremos efetivando a função social das famílias. O
Esse princípio é um reflexo do movimento de mudança do paradigma liberal-individualista,
apoiado fortemente na teoria positivista, para o paradigma social-personalista, representado
por teorias pós-positivistas que colocam a pessoa humana no centro das atenções. A
pessoa passa a ocupar o lugar que outrora foi destacado ao patrimônio, de forma que são
incorporados valores éticos e sociais para a interpretação e aplicação do Direito.
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Direito Civil
Direito das Famílias – Parte I
Roberta Queiroz
Temos, então, que a família é a base da sociedade e que, além disso, tem uma função
social que deve ser considerada nas mais diversas interpretações que se façam sobre esse
instituto.
Em suma, não reconhecer função social à família e à interpretação do ramo jurídico que a estuda
é como não reconhecer função social à própria sociedade, premissa que fecha o estudo dos
princípios do Direito de Família Contemporâneo.14
A regra de ouro hoje quando se fala em Direito das Famílias é a pluralidade familiar.
Há variadas situações.
O artigo 226 da CF dispõe que família é decorrente de: casamento, união estável ou
família monoparental.
No entanto, o conceito de família não está engessado pela CF, devendo esse rol ser
interpretado como exemplificativo.
O que define família é o afeto. Hoje, então, fala-se da família eudemonista: pautada
no amor, no afeto, na busca pela felicidade.
Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos
e deveres dos cônjuges.
14
Tartuce, Flávio. Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2020.
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Direito das Famílias – Parte I
Roberta Queiroz
Princípio da Legalidade, que quer dizer “praticar atos de acordo com a lei”. E, como sabemos,
o particular pode tudo o que a lei não proíba.
Observe a definição de casamento proposta por Flávio Tartuce: “união entre duas
pessoas, reconhecida e regulamentada pelo Estado, formada com objetivo de constituição
de uma família e baseado no vínculo do afeto”. 15
Pergunta comum em provas: existe hierarquia entre casamento e união estável? Não.
Não existe hierarquia entre entidades familiares.
É uma espécie de negócio jurídico, mas com regras específicas (monogamia, escolha
de vida...).
Agora, vamos tratar algumas determinadas regras.
Existem as regras de disposições gerais sobre casamento (arts. 1.511 ao 1.516) e as
regras sobre capacidade para o casamento (arts. 1.517 ao 1.520).
15
Tartuce, Flávio. Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2020.
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Direito das Famílias – Parte I
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Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão
de vida instituída pela família.
Ninguém pode “se meter” na vida familiar – esse é o princípio da não intervenção
na família.
Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante
o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados.
Embora este art. 1.514 disponha que é casamento quando o homem e mulher manifestam
à vontade, a lei não proíbe; portanto, hoje, o casamento entre pessoas do mesmo sexo
é permitido. Não há impedimento para isso e também não há nenhuma peculiaridade
diferenciadora.
Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento
civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir
da data de sua celebração.
Muitas pessoas fazem o casamento religioso com efeito civil. Faz-se toda a habilitação
para o casamento e, ao invés de fazer a celebração apenas civil, pode-se fazer a celebração
civil e, depois, religiosa, ou se pode fazer o religioso com efeito civil.
Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para
o casamento civil.
§ 1º O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de
sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa
de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação regulada
neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação.
Faz-se a habilitação, marca-se o casamento religioso com efeito civil, a celebração ocorre
ao mesmo tempo que a celebração religiosa e, depois, homologa-se em 90 dias.
Art. 1.516, § 2º O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código,
terá efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil,
mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532.
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Art. 1.516, § 3º Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos
consorciados houver contraído com outrem casamento civil.
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de
ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil.
Art. 1.517.
Parágrafo único. Se houver divergências entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único
do art. 1.631.
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Direito das Famílias – Parte I
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Art. 1.518. Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar a autorização.
Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz.
Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade
núbil, observado o disposto no art. 1.517 desde Código.
Então, na questão da capacidade para o casamento, existe a idade núbil (idade para o
casamento) de 16 anos. Se a pessoa se casa com 16 anos, ela estará emancipada (art. 5º
do Código Civil).
A autorização dos pais para o casamento de pessoa de 16 anos tem fundamento no
poder familiar — o poder que os pais possuem de controlar a vida dos seus filhos menores.
Se houver problema em relação à autorização, pode-se pedir o suprimento judicial.
A pessoa com 16 anos pode ser autor, mas não tem capacidade para estar em juízo por
ser considerada relativamente incapaz por conta da idade.
Assim, a pessoa não pode ajuizar ação sozinha e os seus pais não vão estar ao seu lado
na ação, porque eles também são réus.
O Código de Processo Civil dispõe que:
Art. 70. Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar
em juízo.
Art. 71. O incapaz será representado ou assistido por seus pais, por tutor ou por curador, na
forma da lei.
Art. 72. O juiz nomeará curador especial ao:
I – incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem com os
daquele, enquanto durar a incapacidade.
A partir dos 18 anos, se pode casar e divorciar, mas há regras que devem ser respeitadas.
Os arts. 1.521 e 1.522 do Código Civil apresentam as hipóteses de impedimento para o
casamento, isto é, as situações em que o casamento será proibido, conforme expresso a seguir:
Cabe apontar que caso as hipóteses de impedimento sejam ignoradas e o casamento
ocorra, este será considerado nulo.
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Direito das Famílias – Parte I
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De acordo com o inciso reproduzido acima, não pode haver o casamento entre pai e
filha(o) ou mãe e filho(a), seja o laço de parentesco natural (consanguíneo) ou civil (por
adoção ou socioafetividade).
Art. 1.521.
II – os afins em linha reta;
Art. 1.521.
III – o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV – os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
Art. 1.521.
V – o adotado com o filho do adotante;
O adotado não pode se casar com o filho do adotante, pois eles são irmãos.
Art. 1.521.
VI – as pessoas casadas;
VII – o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra
o seu consorte.
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento,
por qualquer pessoa capaz.
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Cabe apontar que as disposições presentes nos artigos reproduzidos acima também se
aplicam à união estável, conforme expressa o art. 1.723 do mesmo Código.
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher,
configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de
constituição de família.
§ 1º A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se
aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou
judicialmente.
§ 2º As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável.
Para fins de prova é importante que você esteja atento a um detalhe: segundo expressa
o art. 1.521, inciso VI, a pessoa que é casada não poderá casar novamente – não importando
há quanto tempo esteja separada de fato de seu ex-cônjuge –, a menos que efetue o divórcio
em relação ao seu matrimônio anterior.
Em contrapartida, o art. 1.723, § 1º, expressa que a incidência do inciso VI não se aplicará
à união estável, ou seja, a pessoa casada que estiver separada de fato não poderá se casar,
mas poderá contrair união estável.
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No entanto, aqueles que casam mediante uma causa suspensiva devem, obrigatoriamente,
ser regidos pelo regime da separação obrigatória de bens.
Para que um casamento possa celebrado é necessário, primeiramente, que os nubentes
passem por um processo de habilitação. Conforme previsto pelos arts. 1.525 a 1.532 do
Código Civil, o processo de habilitação visa a conferir a ambos os nubentes, a partir da
apresentação e análise de alguns documentos, uma certidão – com eficácia de 90 (noventa)
dias – para que o casamento seja celebrado:
Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos os nubentes,
de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os seguintes
documentos:
I – certidão de nascimento ou documento equivalente;
II – autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial
que a supra;
III – declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e
afirmem não existir impedimento que os iniba de casar;
IV – declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais,
se forem conhecidos;
V – certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação
de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio.
Realizada a apresentação dos documentos elencados pelo art. 1.525, o oficial do cartório,
a fim de dar publicidade ao ato, publicará por meio de edital a intenção dos nubentes em
efetuar o matrimônio.
Art. 1.526. A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a
audiência do Ministério Público.
Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, a habilitação
será submetida ao juiz.
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Art. 1.527. Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital, que se afixará durante
quinze dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se
publicará na imprensa local, se houver.
Parágrafo único. A autoridade competente, havendo urgência, poderá dispensar a publicação.
Art. 1.528. É dever do oficial do registro esclarecer os nubentes a respeito dos fatos que podem
ocasionar a invalidade do casamento, bem como sobre os diversos regimes de bens.
Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serão opostos em declaração
escrita e assinada, instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicação do lugar onde
possam ser obtidas.
Art. 1.530. O oficial do registro dará aos nubentes ou a seus representantes nota da oposição,
indicando os fundamentos, as provas e o nome de quem a ofereceu.
Parágrafo único. Podem os nubentes requerer prazo razoável para fazer prova contrária aos
fatos alegados, e promover as ações civis e criminais contra o oponente de má-fé.
Art. 1.531. Cumpridas as formalidades dos arts. 1.526 e 1.527 e verificada a inexistência de fato
obstativo, o oficial do registro extrairá o certificado de habilitação.
Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que foi extraído
o certificado.
Por sua vez, o processo relativo à celebração do casamento é expresso pelos arts. 1.533
a 1.542 do Código Civil:
Art. 1.533. Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lugar previamente designados pela
autoridade que houver de presidir o ato, mediante petição dos contraentes, que se mostrem
habilitados com a certidão do art. 1.531.
Art. 1.534. A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda publicidade, a portas abertas,
presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes, ou, querendo as
partes e consentindo a autoridade celebrante, noutro edifício público ou particular.
§ 1º Quando o casamento for em edifício particular, ficará este de portas abertas durante o ato.
§ 2º Serão quatro as testemunhas na hipótese do parágrafo anterior e se algum dos contraentes
não souber ou não puder escrever.
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Cabe apontar que a procuração a ser utilizada para a celebração do casamento deve
consistir em uma procuração por instrumento público, isto é, deve ser uma procuração
realizada em cartório e que apresente poderes especiais autorizando o casamento.
É de conhecimento geral que, ao estabelecer uma procuração, uma pessoa confere
determinados poderes a outra.
No que se refere à procuração para a celebração de casamento, o art. 1.542, § 1º,
determina que a revogação do mandato não precisará chegar ao conhecimento do mandatário;
porém, se o casamento for celebrado sem que o mandatário ou o outro contraente tenha
ciência da revogação, o mandante responderá pelas perdas e danos.
Perceba que assim como ocorre em relação à certidão de habilitação, a procuração
também produzirá efeitos por um período de 90 (noventa) dias.
Ainda no que concerne ao tema, é importante apontar que os arts. 1.539 e 1.540
apresentam algumas regras em que haverá a flexibilização do processo de habilitação
e/ou celebração do casamento:
Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo
onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas
que saibam ler e escrever.
§ 1º A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-se-á por
qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado
pelo presidente do ato.
§ 2º O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro
em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado.
Perceba que o artigo acima reproduzido determina que no caso de moléstia grave
de um dos nubentes, a autoridade celebrante presidirá o ato, perante duas testemunhas
que saibam ler e escrever, no local em que se encontrar o impedido. Tal flexibilização é
compreendida como uma flexibilização mínima das regras, pois para que esta ocorra é
necessário que os nubentes já estejam habilitados ao casamento.
Por sua vez, o art. 1.540 apresenta uma situação distinta, em que há a configuração de
uma flexibilização máxima das regras de habilitação e celebração de casamento:
Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo
a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o
casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham
parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau.
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deverá ser efetuado na presença de seis testemunhas com quem os nubentes não tenham
parentesco em linha reta ou colateral, até segundo grau.
Cabe ressaltar, ainda, que diferentemente do que ocorre em relação ao casamento
celebrado no caso de moléstia grave de um dos nubentes, o art. 1.540 trata sobre uma
situação em que o casal não passou pelo processo de habilitação para o casamento.
Em suma, existem duas hipóteses distintas de flexibilização das regras de habilitação
e celebração de casamento:
• a primeira refere-se ao caso de moléstia grave de um dos nubentes, situação em que
o casamento será celebrado havendo a habilitação dos noivos;
• a segunda hipótese diz respeito ao cenário em que um dos contraentes estiver em
iminente risco de vida, em que o casamento será celebrado – perante a presença de
seis testemunhas que não tenham parentesco com os nubentes em linha reta ou
colateral até o segundo grau, ou seja, que não sejam seus pais, avós, bisavós, filhos,
netos, bisnetos, enteados, sogros, cunhados ou irmãos – mesmo sem que haja a
habilitação.
É importante lembrar que, no caso da segunda hipótese, as testemunhas deverão
comparecer perante a autoridade judicial mais próxima, dentro em dez dias, para manifestar
a realização do casamento entre aquelas duas pessoas. A partir da realização dessas
declarações, o juiz procederá às diligências necessárias para verificar se os contraentes
podiam ter-se habilitado e, verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento, os
efeitos do casamento retroagirão à data de sua celebração.
A hipótese prevista pelo art. 1.540 pode aparecer em provas com a denominação
de casamento nuncupativo, casamento in extremis vitae ou, ainda, casamento in
articulo mortis.
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INVALIDADE DO CASAMENTO
A invalidade do casamento poderá ser configurada ao se estabelecer que
esse casamento é nulo ou anulável.
De modo resumido, o conceito geral de nulidade se relaciona à ocorrência
de algo que ofende o interesse público, enquanto a anulação ofende interesse
privado, sendo assim, menos grave.
Conforme determina o Direito Civil, não há prazo para que seja declarada a nulidade de
algo, dado que o que é nulo nunca se torna válido.
Por outro lado, em razão de se referir a algo que ofende o interesse particular, e não o
interesse público, o que é anulável pode se tornar válido com o passar do tempo, ou seja,
caso a pessoa que se sentiu prejudicada pelo ato não ajuíze ação dentro do prazo específico
a fim de que seja decretada a anulação, o ato se tornará válido.
CASAMENTO NULO CASAMENTO ANULÁVEL
INTERESSE PÚBLICO INTERESSE PRIVADO
Refere-se ao casamento que ocorre
Refere-se ao casamento que ocorre sob
mediante a violação das regras presentes
a incidência do art. 1.550 do Código Civil.
nos arts. 1.521 e 1.548 do Código Civil.
A declaração da nulidade ocorre por meio A anulação se dá por meio da decretação
da ação declaratória de nulidade. em ação anulatória.
A ação de nulidade pode ser proposta A ação anulatória somente pode ser
por qualquer interessado, inclusive pelo proposta pela parte interessada e possui
Ministério Público, e é imprescritível. prazo decadencial para tal.
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Resumindo:
i. Muitas vezes a anulação do casamento é preferível ao divórcio devido ao fato de não
ficar registrada no histórico do indivíduo, pois se você se divorcia, constará “divorciado”
em seus documentos.
ii. Lembre-se de que, em razão de ofender o interesse público, o casamento nulo nunca
se tornará válido, independentemente do tempo que passe. Em contrapartida, por ofender
apenas o interesse privado, o casamento anulável poderá se tornar válido se a parte ofendida
não agir dentro do prazo previsto em lei.
iii. Ocorrendo a validade do casamento, o mesmo somente poderá ser desfeito por meio
do divórcio ou caso ocorra a morte de um dos cônjuges, configurando o estado de viuvez
daquele que for sobrevivente.
Hipóteses de anulação do casamento Prazo de decadência
Quando a pessoa que casa ainda não houver completado a idade núbil
180 (cento e oitenta) dias
(dezesseis anos)
Quando for caso de vício de vontade por erro essencial 3 3 (três) anos
Quando for caso de vício de vontade por coação 4 (quatro) anos
Quando for caso de incapacidade 180 (cento e oitenta) dias
Quando for caso de revogação de procuração 180 (cento e oitenta) dias
Por incompetência da autoridade celebrante 2 (dois) anos
Por fim, quanto à invalidade do casamento, cabe destacar aquilo que é denominado
como CASAMENTO PUTATIVO, referente ao casamento que é nulo ou anulável, mas que
foi contraído de boa-fé.
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Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o
casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença
anulatória.
§ 1º Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele
e aos filhos aproveitarão.
§ 2º Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só
aos filhos aproveitarão.
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EFEITOS
• EFEITOS SOCIAIS DO CASAMENTO
- cria a família matrimonial;
- estabelece o vínculo de afinidade;
- acarreta a emancipação.
• EFEITOS PESSOAIS
- fidelidade mútua;
- coabitação;
- mútua assistência e respeito e consideração mútuos;
- igualdade de direitos e deveres entre os cônjuges;
- sustento, guarda e criação dos filhos.
• EFEITOS PATRIMONIAIS
- cria a sociedade conjugal;
- estabelece direito sucessório;
- dever de alimentar o outro cônjuge;
- institui o bem de família;
- estabelece o regime de bens entre o casal.
Interessante consignar que, no Brasil, até o ano de 1977, o casamento era considerado
indissolúvel, tendo essa situação mudado a partir da Emenda Constitucional n. 9, de 28
de julho de 1977, que alterou a Constituição Federal então vigente (CF de 1969), abrindo
espaço para o divórcio, ao ser alterado o § 1º do art. 175, que passou a permitir a dissolução
do matrimônio nos casos previstos em lei.
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Na década de 70, ainda, surgiu a tal Lei do Divórcio (Lei n. 6.515, de 26 de dezembro
de 1977) que representou um marco importantíssimo e um alívio no Direito de Família ao
permitir, de forma expressa e categórica, o divórcio como forma de dissolução do vínculo
matrimonial.
Em tempo, importante entender que a sociedade conjugal é diferente de vínculo
matrimonial. Como mencionado, um dos efeitos do casamento é o estabelecimento
da sociedade conjugal, o que indica que o casamento (vínculo matrimonial) é algo mais
abrangente que a sociedade conjugal, estando esta contida naquele.
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Cabe apontar que a possibilidade existente nos dias atuais de que o divórcio seja realizado
“de cara” não significa que a separação judicial não exista mais.
Caso um casal decida se separar judicialmente, a sociedade conjugal ficará suspensa
até que o divórcio de fato seja realizado.
Nesse sentido, havendo apenas a separação judicial, os indivíduos detêm a possibilidade
de reatar o casamento sem que haja maiores problemas, diferentemente do que ocorre
quando acontece o divórcio: a partir deste, o casamento somente pode ser retomado caso
seja efetuado novamente, pois consiste em um procedimento que coloca um fim efetivo
à sociedade conjugal.
Ainda no que se refere ao tema, é importante destacar que existem duas espécies
de divórcio:
• Divórcio consensual: ocorre quando ambas as partes estão de acordo em relação à
partilha de bens. Caso não haja o interesse de incapazes, o divórcio consensual pode
ser realizado no cartório.
• Divórcio litigioso: ocorre quando não há concordância entre as partes acerca dos
aspectos que envolvem a partilha de bens.
Em sua continuidade, o Código Civil determina o seguinte:
Art. 1.572. Qualquer dos cônjuges poderá propor a ação de separação judicial, imputando ao
outro qualquer ato que importe grave violação dos deveres do casamento e torne insuportável
a vida em comum.
Art. 1.573. Podem caracterizar a impossibilidade da comunhão de vida a ocorrência de algum
dos seguintes motivos:
I – adultério;
II – tentativa de morte;
III – sevícia ou injúria grave;
IV – abandono voluntário do lar conjugal, durante um ano contínuo;
V – condenação por crime infamante;
VI – conduta desonrosa.
Parágrafo único. O juiz poderá considerar outros fatos que tornem evidente a impossibilidade
da vida em comum.
Art. 1.574. Dar-se-á a separação judicial por mútuo consentimento dos cônjuges se forem casados
por mais de um ano e o manifestarem perante o juiz, sendo por ele devidamente homologada
a convenção.
Parágrafo único. O juiz pode recusar a homologação e não decretar a separação judicial se apurar
que a convenção não preserva suficientemente os interesses dos filhos ou de um dos cônjuges.
Art. 1.575. A sentença de separação judicial importa a separação de corpos e a partilha de bens.
Parágrafo único. A partilha de bens poderá ser feita mediante proposta dos cônjuges e homologada
pelo juiz ou por este decidida.
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Art. 1.576. A separação judicial põe termo aos deveres de coabitação e fidelidade recíproca e
ao regime de bens.
Parágrafo único. O procedimento judicial da separação caberá somente aos cônjuges, e, no caso
de incapacidade, serão representados pelo curador, pelo ascendente ou pelo irmão.
Art. 1.577. Seja qual for a causa da separação judicial e o modo como esta se faça, é lícito aos
cônjuges restabelecer, a todo tempo, a sociedade conjugal, por ato regular em juízo.
Parágrafo único. A reconciliação em nada prejudicará o direito de terceiros, adquirido antes e
durante o estado de separado, seja qual for o regime de bens.
Art. 1.578. O cônjuge declarado culpado na ação de separação judicial perde o direito de usar o
sobrenome do outro, desde que expressamente requerido pelo cônjuge inocente e se a alteração
não acarretar:
I – evidente prejuízo para a sua identificação;
II – manifesta distinção entre o seu nome de família e o dos filhos havidos da união dissolvida;
III – dano grave reconhecido na decisão judicial.
§ 1º O cônjuge inocente na ação de separação judicial poderá renunciar, a qualquer momento,
ao direito de usar o sobrenome do outro.
§ 2º Nos demais casos caberá a opção pela conservação do nome de casado.
Art. 1.579. O divórcio não modificará os direitos e deveres dos pais em relação aos filhos.
Parágrafo único. Novo casamento de qualquer dos pais, ou de ambos, não poderá importar
restrições aos direitos e deveres previstos neste artigo.
Art. 1.580. Decorrido um ano do trânsito em julgado da sentença que houver decretado a
separação judicial, ou da decisão concessiva da medida cautelar de separação de corpos, qualquer
das partes poderá requerer sua conversão em divórcio.
§ 1º A conversão em divórcio da separação judicial dos cônjuges será decretada por sentença,
da qual não constará referência à causa que a determinou.
§ 2º O divórcio poderá ser requerido, por um ou por ambos os cônjuges, no caso de comprovada
separação de fato por mais de dois anos.
Art. 1.581. O divórcio pode ser concedido sem que haja prévia partilha de bens.
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O regime dos bens está diretamente relacionado às regras patrimoniais que têm incidência
no casamento ou na união estável, quer a relação seja estabelecida entre homem e mulher
ou entre casais homoafetivos.
O regime de bens é um dos efeitos patrimoniais do casamento.
Quanto ao tema em análise propriamente dito, o Código Civil brasileiro apresenta quatro
espécies de regime de bens que poderão incidir tanto sobre o casamento como sobre a união
estável: comunhão universal de bens, separação de bens, participação final nos aquestos
e comunhão parcial de bens.
Essas categorias de regime de bens devem ser divididas em dois grupos:
A começar pelo regime da comunhão parcial de bens, é necessário apontar que esse
consiste no regime-regra devido ao fato de se referir ao regime que é estabelecido
automaticamente pela lei quando não há a escolha do casal por qualquer outra espécie
de regime.
1 2
• comunhão • comunhão
universal de bens parcial de bens
• separação e bens (regime regra)
• participação final
nos aquestos
Em outros termos, se os indivíduos estão vivenciando uma união estável e não realizaram
nenhuma escolha documentada quanto ao tipo de regime de bens sob o qual desejariam
que a relação fosse estabelecida, estes estarão, automaticamente, sob a incidência da
comunhão parcial de bens.
Do mesmo modo, o casal que celebrou o casamento, mas não realizou qualquer tipo de
escolha sobre o regime de bens, terá o relacionamento regido pela comunhão parcial de
bens, em que se define que tudo aquilo que for adquirido onerosamente por um ou ambos
os cônjuges na constância do casamento ou da união estável deverá ser partilhado por dois,
ainda que o bem esteja apenas no nome de um.
Como se pode observar, os outros tipos de regime dependem de uma escolha do casal,
que será operada de maneira distinta a depender se a relação se trata de uma união estável
ou de um casamento, conforme indicado abaixo:
• União estável: diante da união estável, a escolha do regime de bens diverso da
comunhão parcial de bens deverá ocorrer por meio da realização, através de escritura
pública, de um pacto/contrato convivencial em que será estabelecido o tipo de regime
a ser contraído.
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Art. 1.654. A eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor, fica condicionada à aprovação
de seu representante legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório de separação de bens.
Art. 1.655. É nula a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição absoluta de lei.
Art. 1.656. No pacto antenupcial, que adotar o regime de participação final nos aquestos, poder-
se-á convencionar a livre disposição dos bens imóveis, desde que particulares.
Em regra, para que um bem imóvel de um dos cônjuges possa, por exemplo, ser alienado,
é preciso que haja a autorização de seu companheiro, ainda que se trate de bem particular.
No entanto, conforme estabelece o artigo acima, o pacto antenupcial que adotar o regime
de participação final nos aquestos poderá convencionar a livre disposição dos bens imóveis,
desde que estes sejam particulares.
Art. 1.657. As convenções antenupciais não terão efeito perante terceiros senão depois de
registradas, em livro especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges.
Apesar de não ser um ponto costumeiramente cobrado em provas, cabe apontar que é
possível que sejam convencionadas determinadas cláusulas existenciais dentro do pacto
nupcial, desde que estas não sejam contra a lei. Nesse sentido, apesar de haver discussões
doutrinárias quanto a esse aspecto, há a possibilidade de que sejam estipuladas, por
exemplo, cláusulas a serem aplicadas em caso de traição.
Quando tratamos de regime de bens, observa-se os arts 1.639 a 1.688 do Código Civil.
E o que seria regime de bens?
Regime de bens é o conjunto de regras de ordem privada relacionadas com interesses
patrimoniais ou também econômicos resultantes da entidade familiar.
Observe que tudo aqui comentado ocorre entre a sociedade conjugal, esqueça, por
enquanto, situações decorrentes da morte...
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Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal,
na constância do casamento, com as exceções dos artigos seguintes.
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:
I – os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do
casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;
Regras básicas:
• Exclui-se da comunhão: art. 1.659;
• Entram na comunhão: art. 1.660;
• Bem particular é: herança particular, doação particular;
• Bem comum: FGTS e loteria.
Meação: trata-se da metade dos bens.
Ela é retirada apenas dos bens comuns.
Ela ocorre apenas no divórcio, sendo 50% dos bens comuns para um e 50% para outro.
Não há como falar em meação em bens particulares.
O regime da comunhão de bens, lembre-se é o regime que prepondera no casamento
e na união estável.
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Art. 1.667. O regime de comunhão universal importa a comunicação de todos os bens presentes
e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas, com as exceções do artigo seguinte.
Art. 1.668. São excluídos da comunhão:
I – os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu
lugar;
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A cláusula de incomunicabilidade é uma cláusula que impõe que o bem não se comunique
com o cônjuge.
Imaginando que Maria é casada com João. O pai de Maria quer doar para esta um
apartamento. Recebendo o apartamento, ele será de bem comum de Maria e João, mesmo
que este tenha sido doado antes do casamento (regime de comunhão universal de bens).
Contudo, o pai de Maria pode, ao doar o bem, constando uma cláusula de incomunicabilidade.
Essa cláusula define que o bem é apenas de Maria, não havendo partilhar em caso
de divórcio.
Art. 1.668.
II – os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada
a condição suspensiva;
Art. 1.668.
III – as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou
reverterem em proveito comum;
IV – as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de
incomunicabilidade;
V – Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.
Art. 1.659: VI – os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
VII – as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
Art. 1.669. A incomunicabilidade dos bens enumerados no artigo antecedente não se estende
aos frutos, quando se percebam ou vençam durante o casamento.
Art. 1.670. Aplica-se ao regime da comunhão universal o disposto no Capítulo antecedente,
quanto à administração dos bens.
Art. 1.671. Extinta a comunhão, e efetuada a divisão do ativo e do passivo, cessará a responsabilidade
de cada um dos cônjuges para com os credores do outro.
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No regime da separação de bens, temos uma distinção dos patrimônios dos cônjuges,
que ficam destacados, tanto em relação à propriedade, quanto a posse e administração.
A regra básica é a de que não haverá comunicação de qualquer bem, seja ele posterior
ou anterior à união.
Como consequência, cabe a administração de cada bem ao seu proprietário exclusivo,
que, no caso da separação convencional, poderá aliená-lo ou gravá-lo com ônus real,
independentemente da outorga do outro cônjuge.
O regime da separação convencional de bens (separação absoluta de bens) tem como
regra os arts. 1687 a 1688.
Já o regime obrigatório pode ser lido no art. 1.641.
Na separação convencional de bens, o que for adquirido por um cônjuge é somente dele,
quer antes, quer no ínterim do casamento.
Nesse sentido, há apenas os bens particulares de cada um. Essa separação também é
chamada de regime de separação absoluta de bens.
Art. 1.687. Estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob a administração exclusiva
de cada um dos cônjuges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus real.
Art. 1.688. Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na proporção
dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto
antenupcial.
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Divirta-se!!!!!
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QUESTÕES DE CONCURSO
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loteria, em dinheiro, que foi imediatamente aplicado em uma conta poupança aberta por
ele naquele momento.
Em 2013, Lúcia e Sérgio se separaram. Lúcia procurou um advogado para saber se tinha
direito à partilha do prêmio que Sérgio recebeu na loteria, bem como aos valores oriundos
dos aluguéis dos imóveis adquiridos por ele antes do casamento e, mensalmente, depositados
na conta corrente de Sérgio.
Com base na hipótese narrada, assinale a afirmativa correta.
a) Ela não tem direito à partilha do prêmio e aos valores depositados na conta corrente
de Sérgio, oriundos dos aluguéis de seus imóveis, uma vez que se constituem como bens
particulares de Sérgio.
b) Ela tem direito à partilha dos valores depositados na conta corrente de Sérgio, oriundos
dos aluguéis de seus imóveis, mas não tem direito à partilha do prêmio obtido na loteria.
c) Ela tem direito à partilha do prêmio, mas não poderá pleitear a partilha dos valores
depositados na conta corrente de Sérgio, oriundos dos aluguéis de seus imóveis.
d) Ela tem direito à partilha do prêmio e dos valores depositados na conta corrente de
Sérgio, oriundos dos aluguéis dos imóveis de Sérgio, uma vez que ambos constituem-se
bens comuns do casal.
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GABARITO
1. b
2. c
3. b
4. b
5. a
6. d
7. c
8. d
9. b
10. c
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GABARITO COMENTADO
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c) Aldo tem direito à meação dos valores recebidos por Mariane, durante o casamento, a
título de aluguel.
d) Aldo faz jus à meação tanto sobre a propriedade do imóvel doado a Mariane por Rubens,
quanto sobre os valores recebidos a título de aluguel desse imóvel na constância do casamento.
Letra c.
Não esqueça que estamos diante de uma questão que aborda o que um cônjuge pode fazer
em relação ao patrimônio, se precisa de autorização conjugal ou não.
No caso em tela, há necessidade de consentimento de Arnaldo, pela aplicação do artigo
1.647 do CC.
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização
do outro, exceto no regime da separação absoluta:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
Letra b.
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Veja que essa questão aborda o tema da questão anterior, qual seja, alienação de bem
imóvel, mas agora após a alienação em si.
Lembre-se de que quando houver a alienação sem o consentimento ocorre a possibilidade
de anular o ato.
Não esqueça que quando for caso de anulabilidade, caso não seja esta decretada por decisão
judicial, o ato torna-se válido.
Portanto, o fato de Mônica não ter anuído com a alienação do bem representa um vício
que convalesce com o decurso do tempo, pois, contrariamente à nulidade, a anulabilidade
se convalesce com o tempo.
Letra b.
Questão também maravilhosa e que tenta confundir o candidato com a redação do artigo
550 e a questão dos impedimentos para o casamento.
O artigo 550 do código civil diz que a doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser
anulada pelo outro cônjuge ou por seus herdeiros necessários, até 2 anos depois de dissolvida
a sua sociedade conjugal. Contudo, neste caso, doação é válida pois não há hipótese de
doação de cônjuge adúltero ao cúmplice visto que é possível inclusive a incidência de
união estável quando o cônjuge estiver separado de fato.
Assim se não há mais relação conjugal, não há impedimento para a doação.
Letra d.
financiamento significativo. Casada com Mário pelo regime da comunhão universal de bens,
desde 1998, e sem filhos, decide o casal alterar o regime de casamento para o de separação
de bens, sem prejudicar direitos de terceiros, e com a intenção de evitar a colocação do
patrimônio já adquirido em risco.
Sobre a situação narrada, assinale a afirmativa correta.
a) A alteração do regime de bens mediante escritura pública, realizada pelos cônjuges e
averbada no Registro Civil, é possível.
b) A alteração do regime de bens, tendo em vista que o casamento foi realizado antes da
vigência do Código Civil de 2002, não é possível.
c) A alteração do regime de bens mediante autorização judicial, com pedido motivado de
ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos
de terceiros, é possível.
d) Não é possível a alteração para o regime da separação de bens, tão somente para o
regime de bens legal, qual seja, o da comunhão parcial de bens.
Na aula de hoje trabalhamos demasiadamente este tema. Perceba que a cobrança está
em relação a possibilidade de alteração do regime de bens. Sabemos que de acordo com o
artigo 1639 do código civil é admissível alteração de regime de bens, mediante autorização
judicial, com pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões
invocadas e ressalvados os direitos de terceiro. Assim, a alteração do regime de bens
mediante autorização judicial com o pedido motivado é possível neste caso.
Art. 1.639, § 2º É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido
motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os
direitos de terceiros.
Letra c.
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Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal,
na constância do casamento, com as exceções dos artigos seguintes.
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:
I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do
casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;
Art. 1.660. Entram na comunhão:
II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior;
V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância
do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão.
Letra d.
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a) Os imóveis situados no Recreio dos Bandeirantes e em Santa Teresa são bens comuns e,
por isso, deverão ser partilhados em virtude da separação do casal.
b) Apenas o imóvel situado no Recreio dos Bandeirantes deve ser partilhado, sendo o imóvel
situado em Santa Teresa bem particular de Roberto.
c) Apenas o imóvel situado em Santa Teresa deve ser partilhado, sendo o imóvel situado
no Recreio dos Bandeirantes excluído da comunhão, por ter sido adquirido com o produto
de bem advindo de fato eventual.
d) Nenhum dos dois imóveis deverá ser partilhado, tendo em vista que ambos são bens
particulares de Roberto.
Mais uma questão abordando a partilha de bens em relação a casamento contraído sob o
regime da comunhão parcial de bens.
No caso apresentado houve o casamento no ano de 2005, Roberto ganhou na loteria no
ano de 2008 e com esses valores adquiriu um imóvel.
No ano de 2014, Roberto recebeu a herança de sua tia.
Observe que de acordo com as regras do código civil o bem recebido a título de doação ou
herança não se comunica com o cônjuge em caso de eventual divórcio. Contudo ao ganhar
na loteria adquirir o bem imóvel este deve ser incluído na comunhão, por se tratar de fato
eventual.
Letra b.
Questão que aborda os atos que os cônjuges devem praticar mediante autorização do outro,
basicamente o artigo 1647 do Código Civil.
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização
do outro, exceto no regime da separação absoluta:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
III - prestar fiança ou aval;
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura
meação.
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem
economia separada.
Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, suprir a outorga, quando um dos
cônjuges a denegue sem motivo justo, ou lhe seja impossível concedê-la.
Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará
anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois
de terminada a sociedade conjugal.
Parágrafo único. A aprovação torna válido o ato, desde que feita por instrumento público, ou
particular, autenticado.
Letra c.
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caminhos
crie
futuros
gran.com.br
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