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Gerson ArAGão siLvA FiGueiredo
Defensor Público e Fundador
do Método de Aprovação
ÍndiCe
Como ESTUdAR oS InfoRmATIvoS do STf E STj
I. Introdução..................................................................................................................................6
II. Os 3 erros básicos nos estudos dos informativos
1º ERRO : Ler Todas as Decisões dos Informativos ..........................................................7
2º ERRO : Estudar Decisões Não Concluídas.
3º ERRO : Estudar Decisões Antigas ................................................................................8
I. InTRodUÇÃo
Você já percebeu que a cada dia o estudo dos Infor- O maior problema, para mim, era que cada vez
mativos se torna mais importante? Quando comecei mais questões de jurisprudência eram cobradas nas
a estudar para concursos não era assim. Bastava provas e a diiculdade em estudar os Informativos
saber muito bem a legislação para ir bem nas pro- estava me prejudicando.
vas objetivas.
II. oS 3 ERRoS BáSICoS no ESTUdo doS
Com o passar do tempo, as decisões judiciais InfoRmATIvoS
começaram a ser mais cobradas e era impossível
ignorar o estudo dos Informativos do STF e STJ. Iniciar o estudo da jurisprudência não é fácil. Você,
Entre 2001 e 2014, por exemplo, houve até 700% neste momento, pode estar cometendo vários erros
de aumento na cobrança da jurisprudência nos prin- ao estudar os Informativos do STF e STJ.
cipais concursos jurídicos. Esses erros geram graves consequências nos es-
tudos, como:
Concursos de Carreiras Jurídicas como Magis-
tratura, Defensorias, Procuradorias e Ministério
Público: até 700% de aumento nos últimos 1. Perda de tempo;
9 anos.
Exame da Ordem: aumento de 400% nos 3. Desânimo nos estudos dos Informativos.
últimos 5 anos.
& 6
Tudo isso leva a uma aprendizagem extensa, can-
sativa e sem resultados.
Por isso, vou mostrar agora os 3 erros que você
pode estar cometendo e a melhor estratégia para
estudar os Informativos de forma eiciente.
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nas os trechos mais relevantes dos últimos 6 a 12
meses.
Evitando estes erros podemos construir uma es-
tratégia eiciente de estudo da jurisprudência para
concursos.
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3º PASSO: ESTUDAR OS INFORMATIVOS NãO Como você pode perceber, tal conteúdo é impor-
COMENTENDO OS 3 ERROS MENCIONADOS tantíssimo para concursos.
E UTIlIzANDO 2 TéCNICAS DE OTIMIzAçãO Quase sempre é assim, portanto, nos Informativos
NA lEITURA. do STF, o segredo é começar estudando as decisões
do Clipping.
1ª técnica: Estudar o ClIPPING DJ do STF
2ª técnica: Prioridades do STJ
Nos Informativos do STF, você deve estudar pelo
Clipping DJ (decisões que icam no inal dos Infor- Nos Informativos do STJ, você deve dar prioridade à
mativos), pois é lá que estão os veriditos dos Infor- leitura das decisões da Corte Especial e das Seções.
mativos anteriores de forma mais simples e prática. E qual o motivo disso?
Logo no início, as decisões do Clipping já trazem A corte especial decide os casos mais relevantes e
informações importantíssimas. Veja um exemplo tem uma maior composição de membros.
de um trecho inicial transcrito:
Signiica que as decisões da corte especial estão
sujeitas a menos revisões, e consequentemente,
são mais importantes para concursos, devido ao fato
de uma menor possibilidade de anulação das
questões.
& 9
Resolver questões de concurso que
1 foram baseadas em jurisprudência;
Dessa forma, você deve dar prioridade a essas de- Para que você possa veriicar seu desempenho e
cisões. aprimorar seus conhecimentos, nas próximas pági-
nas disponibilizamos 50 quizzes, com mais de 100
Com essas duas técnicas você poderá estudar os itens com comentários, baseados em questões e
Informativos de forma muito mais rápida, prática e previsões.
objetiva de forma a abranger a maioria de questões
do concurso. 5º PASSO: REVISAR E RESOlVER NOVA-
MENTE AS qUESTõES DE JURISPRUDêNCIA.
Neste ponto, você pode avançar mais rápido lendo
os Informativos resumidos de o Dizer o Direito. O Este último passo tem por objetivo a ixação do
Prof. Márcio Cavalcante já aplica estas técnicas e conteúdo das decisões dos Informativos. Para que a
ainda faz breves comentários que auxiliam o en- memorização ocorra de forma eiciente, é preciso-
tendimento das decisões do STF e STJ. que revise os Informativos, já resumidos por você
de forma frequente, e ainda releia as questões já
4º PASSO: VERIFICAçãO DE DESEMPENhO realizadas com os seus respectivos comentários.
DO ESTUDO.
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Resolva agoRa
50 QUESTõES
do Quiz dizeR o diReito.
11
AuLA GrAtuitA CLiQue AQui pArA
0s 3 Maiores Erros nos Estudos da Jurisprudência Assistir A AuLA e
e 1 Estratégia para Fixar as Decisões AssinAr o QuiZ
NãO
Esta Lei é inconstitucional por violar o direito adquirido (art. 5º, XXXVI, da CF/88) e o princípio
da irredutibilidade dos vencimentos (art. 37, XV):
Art. 5º (...)
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
Art. 37. (...) XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos
são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º,
150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
A Lei que concedeu o reajuste entrou em vigor na data de sua publicação, ou seja, em julho de
2007. Apenas os efeitos inanceiros, isto é, a obrigatoriedade inanceira do Estado de pagar o
reajuste, é que foram postergados para o dia 1º/1/2008.
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Assim, a melhoria concedida na remuneração foi incorporada ao patrimônio jurídico dos ser-
vidores públicos desde a entrada em vigor da lei que concedeu o reajuste, ou seja, desde a
sua publicação (julho de 2007). Em outras palavras, no momento em que a Lei entrou em
vigor, os servidores passaram a ter direito adquirido ao reajuste.
O fato de a Lei ter previsto o dia 1º/1/2008 como termo inicial para os efeitos inanceiros não
signiica que o direito ao reajuste somente fosse nascer naquela data. O direito, repito, já ex-
istia desde a data em que a Lei entrou em vigor (data de sua publicação). Apenas o exercício
do direito é que icou suspenso.
STF. Plenário. ADI 4013/TO, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 31/3/2016 (Info 819).
SIM
Denúncia anônima ocorre quando alguém, sem se identiicar, relata para as autoridades (ex:
Delegado de Polícia, MP etc.) que determinada pessoa praticou um crime. É o caso, por exemp-
lo, dos serviços conhecidos como “disk-denúncia” ou, então, dos aplicativos de celular por meio
dos quais se “denuncia” a ocorrência de delitos.
O termo “denúncia anônima” não é tecnicamente correto porque em processo penal denúncia
é o nome dado para a peça inaugural da ação penal proposta pelo Ministério Público. Assim, a
doutrina prefere falar em “delação apócrifa”, “notícia anônima” ou “notitia criminis inqualiicada”.
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I.02 é possível decretar medida de busca e apreensão com base unicamente em “denúncia
anônima”?
NãO
A medida de busca e apreensão representa uma restrição ao direito à intimidade. Logo, para
ser decretada, é necessário que haja indícios mais robustos que uma simples notícia anônima.
I.03 É possível decretar interceptação telefônica com base unicamente em “denúncia anônima”?
NãO
“Art. 2º Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer
das seguintes hipóteses:
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;”
Desse modo, a doutrina defende que a interceptação telefônica deverá ser considerada a ultima
ratio, ou seja, trata-se de prova subsidiária.
Tendo como fundamento esse dispositivo legal, a jurisprudência pacíica do STF e do STJ entende
que é ilegal que a interceptação telefônica seja determinada apenas com base em “denúncia
anônima”.
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I.04 é possível instaurar investigação criminal (inquérito policial, investigação pelo MP etc.)
com base em “denúncia anônima”?
SIM
É possível instaurar investigação criminal (inquérito policial, investigação pelo MP etc.) com
base em “denúncia anônima”, mas a jurisprudência airma que, antes, a autoridade deverá re-
alizar uma investigação prévia para conirmar se a “denúncia anônima” possui um mínimo de
plausibilidade.
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Segundo o STF, não é possível desprezar a utilidade da “denúncia anônima”. Isso porque em um
mundo no qual o crime torna-se cada vez mais complexo e organizado, é natural que a pessoa
comum tenha receio de se expor ao comunicar a ocorrência de delito. Daí a admissibilidade de
notícias crimes anônimas.
RESUMINDO:
As notícias anônimas (“denúncias anônimas”) não autorizam, por si sós, a propositura de ação
penal ou mesmo, na fase de investigação preliminar, o emprego de métodos invasivos de inves-
tigação, como interceptação telefônica ou busca e apreensão. Entretanto, elas podem constituir
fonte de informação e de provas que não podem ser simplesmente descartadas pelos órgãos
do Poder Judiciário.
STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29/3/2016 (Info 819).
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SIM
A hipótese pode, em tese, ser no art. 7º, II, “b”, do Código Penal:
Vale ressaltar, no entanto, que é necessário que sejam cumpridas as condições previstas no §
2º do art. 7º:
“§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes
condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
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e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a
punibilidade, segundo a lei mais favorável.”
I.02 Pelo fato de o crime ter sido cometido no exterior, a competência para julgá-lo é da
Justiça Federal?
A hipótese pode, em tese, ser no art. 7º, II, “b”, do Código Penal:
O fato de o delito ter sido cometido por brasileiro no exterior, por si só, não atrai a competência
da justiça federal.
STF. 1ª Turma. HC 105461/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/3/2016 (Info 819)
O crime só pode ser julgado pela Justiça Federal caso se amolde a uma das hipóteses previstas
no art. 109 da CF/88.
No caso, o delito não foi praticado em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou
de suas entidades autárquicas ou empresas públicas (inciso IV).
De igual modo, não se aplica o inciso V: “os crimes previstos em tratado ou convenção inter-
nacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no
estrangeiro, ou reciprocamente”. Isso porque no Brasil houve a prática de atos meramente
preparatórios. O ato criminoso fora inteiramente cometido no exterior, a afastar a incidência da
mencionada regra constitucional, cuja interpretação há de ser estrita.
Os demais incisos do art. 109 nem de longe geram dúvida e não se aplicam ao caso concreto.
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Dessa forma, não sendo hipótese de incidência da Justiça Federal, a competência para julgar o
delito em questão é da Justiça Estadual, que tem caráter residual.
I.03 A comarca competente para julgar o crime será a de Santana do livramento (RS)?
NãO
Será competente para julgar o crime uma das varas do Tribunal do Júri de São Paulo (SP) porque
esta é a capital do Estado que foi o último domicílio do réu no país, conforme prevê o art. 88
do CPP:
“Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o juízo
da Capital do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido
no Brasil, será competente o juízo da Capital da República.”
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NãO
O exercício da acupuntura por indivíduo que não é médico não conigura o delito previsto no
art. 282 do CP (exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica).
Não existe lei federal prevendo que a acupuntura é uma atividade privativa de médico (art. 22,
XVI, da CF/88).
STJ. 6ª Turma. RHC 66.641-SP, Rel. Min. Nei Cordeiro, julgado em 3/3/2016 (Info 578). NORMA
PENAL EM BRANCO
O tipo penal descrito no art. 282 do CP é norma penal em branco e, por isso, deve ser com-
plementado por lei ou ato normativo em geral para que se discrimine e detalhe as atividades
exclusivas de médico, dentista ou farmacêutico.
A complementação do art. 282 deve ser feita por meio de lei federal que regulamenta as prois-
sões de médico, dentista ou farmacêutico.
OBSERVAÇÃO
O Conselho Federal de Medicina (CFM) há anos pleiteia em ações movidas no Poder Judiciário
para que a acupuntura seja reconhecida como uma prática exclusiva médica, sob o argumento
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de que é uma técnica que trata doenças e o diagnóstico e tratamento de doenças são atividades
exclusivas de médicos.
Existe uma decisão favorável ao CFM no TRF1, contudo, o tema ainda não foi decidido, de forma
deinitiva, pelo STJ ou STF.
O julgado acima explicado, apesar de ser de uma turma que julga matéria criminal (6ª Turma do
STJ) é um importante precedente em sentido contrário aos interesses do CFM. Vamos aguardar
os desdobramentos do tema.
SIM
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Tendo o gerente se utilizado das facilidades da função para desviar valores da conta do cliente,
deve o banco, como empregador, responder pelos danos materiais causados, nos termos do
art. 932, III, do CC:
I.02 O banco deverá indenizar mesmo o gerente tendo atuado fora dos limites de suas atribuições?
SIM
A doutrina, ao interpretar a expressão “em razão dele” prevista no art. 932, III, do CC, confere
uma interpretação extensiva para abranger casos em que o vínculo com o trabalho é bastante
tênue. A título de exemplo, conira-se a doutrina de Sérgio Cavalieri Filho:
“Diferentemente de outros países, basta que o dano tenha sido causado em razão do trabalho
– importando, isso, dizer que o empregador responde pelo ato do empregado ainda que não
guarde com suas atribuições mais do que simples relação incidental, local ou cronológica. Na
realidade, a fórmula do nosso Código Civil é muito ampla e bastante severa para o patrão.
Bastará que a função tenha oferecido ao preposto a oportunidade para a prática do ato ilícito;
que a função tenha lhe proporcionado a ocasião para a prática do ato danoso. E isso ocorrerá
quando, na ausência da função, não teria havido a oportunidade para que o dano acontecesse.”
(Programa de Responsabilidade Civil. 9ª ed. São Paulo: Atlas, 2010, p. 203)
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NãO
A ação de despejo enquadra-se no art. 58, I, mas a ação de cobrança não. Assim, a partir do
momento em que o autor ajuíza ambas, de forma cumulada, a situação não mais se amolda ao
dispositivo legal acima mencionado.
Portanto, o processo que envolve ação de despejo cumulada com cobrança de aluguéis não
tramita durante o recesso forense. Este processo icará suspenso. Foi o que decidiu o STJ:
Nos casos em que há cumulação da ação de despejo com a cobrança de aluguéis, o prazo re-
cursal ica suspenso durante o recesso forense.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.414.092-PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
julgado em 1º/3/2016 (Info 578).
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I.02 “Mesmo nas hipóteses em que não ostente a condição de herdeira, a viúva poderá impug-
nar ação de investigação de paternidade post mortem”. Essa airmação está correta?Em outras
palavras, a ação de despejo cumulada com ação de cobrança de alugueis irá tramitar durante
as férias forenses?
SIM
SE JOÃO AINDA ESTIVESSE VIVO, CONTRA QUEM DEVERIA SER PROPOSTA A AÇÃO? CONTRA
QUEM É PROPOSTA A AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE?
Contra João. A ação de investigação de paternidade deve ser proposta em face do suposto pai.
E NESTE CASO, EM QUE JOÃO JÁ ESTÁ MORTO, CONTRA QUEM LUCAS TERÁ QUE AJUIZAR A
AÇÃO? QUEM DEVERÁ FIGURAR OBRIGATORIAMENTE NO POLO PASSIVO DA AÇÃO DE INVES-
TIGAÇÃO DE PATERNIDADE POST MORTEM?
A ação de investigação de paternidade post mortem deve ser proposta contra os herdeiros do
suposto pai. Isso é o que está previsto no art. 27 do ECA:
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reduzida.
EM NOSSO EXEMPLO, LUCAS TERÁ QUE PROPOR A AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO CONTRA MARIA
(A VIÚVA)?
Depende. A viúva é herdeira necessária (art. 1.845 do CC), mas se o falecido tiver deixado de-
scendentes (ilhos, netos etc.), a viúva poderá não ter direito à herança, a depender do regime
de bens.
A regra está no art. 1.829, I, do CC:
“Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o
falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640,
parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado
bens particulares;”
Esse inciso é muito confuso e mal redigido, o que gera bastante polêmica na doutrina e juris-
prudência. O que se pode extrair dele é o seguinte: o cônjuge é herdeiro necessário, mas há
situações em que a lei deu primazia (preferência) para os descendentes do morto. Assim, foram
previstos alguns casos em que o cônjuge, a depender do regime de bens, não irá ter direito à
herança, icando esta toda com os descendentes.
Assim, por exemplo, se Maria era casada com João sob o regime da separação convencional de
bens, ela terá direito, juntamente com Pedro e Tiago, à herança deixada pelo marido. Logo, neste
caso, Lucas terá que propor a ação de investigação de paternidade contra Maria, Pedro e Tiago.
Por outro lado, se Maria era casada com João sob o regime da comunhão universal de bens, ela
não terá direito à herança. Neste caso ela será meeira, mas não herdeira. Desse modo, Lucas
terá que propor a ação apenas contra Pedro e Tiago.
Se os consortes são casados no regime da comunhão universal, isso signiica que, quando a
pessoa morre, seu cônjuge tem direito à meação, ou seja, metade dos bens do falecido já per-
tencem obrigatoriamente ao cônjuge supérstite. A outra metade é que será a herança.
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Ora, o legislador pensou o seguinte: “se o cônjuge já vai ter direito à metade dos bens pelo fato
de ser meeiro, não é justo que ele também tenha parte da outra metade em prejuízo dos de-
scendentes; vamos excluir o cônjuge da herança para que ela ique toda para os descendentes.”
Pedro e Tiago foram citados e apresentaram contestação. Realizou-se audiência, na qual foi
ouvida uma testemunha, e o juiz remarcou o restante da audiência em razão de as duas teste-
munhas restantes estarem comprovadamente doentes.
Foi, então, que Maria soube que estava tramitando este processo e icou chateada porque que-
ria participar e provar que seu marido nunca a havia traído e que “não tinha outro ilho coisa
nenhuma”.
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PEDIDO 1: SIM.
Na hipótese de a viúva não ser herdeira do investigado, ela não ostentará, em princípio, a condição
de parte ou litisconsorte necessária na ação de investigação de paternidade post mortem. Em
outras palavras, o autor da ação não precisa propor a demanda contra ela.
A relação processual estará, em regra, completa com a citação de todos os seus herdeiros, não
havendo nulidade pela não inclusão no polo passivo de viúva não herdeira.
Ocorre que o Código Civil autoriza que qualquer pessoa que tenha interesse possa contestar a
ação de investigação de paternidade (art. 1.615).
No caso concreto, Maria não possui interesse patrimonial na demanda, considerando que, mesmo
que Lucas seja reconhecido como ilho, o que irá mudar é que Pedro e Tiago terão que dividir
a herança com ele. A meação de Maria permanecerá intacta.
A viúva possui, no entanto, interesse moral na causa.
Em regra, o interesse meramente moral não autoriza a intervenção como assistente. No entanto,
a interpretação da doutrina e da jurisprudência é que, no caso do art. 1.615 do CC, o interesse
moral permite que a viúva intervenha no polo passivo da ação de investigação de paternidade
post mortem.
Dessa forma, Maria poderá assumir o polo passivo da ação, juntamente com os demais réus,
pelo fato de possuir interesse moral na causa, o que satisfaz a exigência do art. 1.615 do CC:
Art. 1.615. Qualquer pessoa, que justo interesse tenha, pode contestar a ação de investigação
de paternidade, ou maternidade.
PEDIDO 2: NÃO
Maria, pelo fato de não ter direito à herança, não era litisconsorte necessária. Em outras pala-
vras, Lucas, o autor da demanda, não era obrigado a incluí-la no polo passivo. Ele não fez nada
errado ao intentar a demanda apenas contra os herdeiros (Pedro e Tiago). Logo, não há motivo
para se retroceder o curso processual.
Aplica-se aqui o raciocínio expresso no parágrafo único do art. 119 do CC:
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Art. 119. (...) Parágrafo único. A assistência será admitida em qualquer procedimento e em
todos os graus de jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em que se encontre.
RESUMINDO:
Mesmo nas hipóteses em que não ostente a condição de herdeira, a viúva poderá impugnar
ação de investigação de paternidade post mortem, devendo receber o processo no estado em
que este se encontra.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.466.423-GO, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 23/2/2016 (Info
578).
I.03 “ A viúva meeira que não ostente a condição de herdeira é parte ilegítima para igurar
no polo passivo de ação de petição de herança na qual não tenha sido questionada a meação,
ainda que os bens integrantes de sua fração se encontrem em condomínio “pro indiviso” com
os bens pertencentes ao quinhão hereditário.” Essa airmação está correta?
SIM
DIANTE DISSO, INDAGA-SE: FRANCISCA, HUGO E FÁBIO TERÃO DIREITO A ESTE VALOR? QUAL
É A PARTICIPAÇÃO DE CADA UM E A QUE TÍTULO?
Vimos no julgado anterior que se o falecido tiver deixado descendentes (ilhos, netos etc.), a
viúva poderá ter ou não direito à herança, a depender do regime de bens. Isso está previsto
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A viúva meeira que não ostente a condição de herdeira é parte ilegítima para igurar no polo
passivo de ação de petição de herança na qual não tenha sido questionada a meação, ainda
que os bens integrantes de sua fração se encontrem em condomínio pro indiviso com os bens
pertencentes ao quinhão hereditário.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.500.756-GO, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 23/2/2016 (Info
578).
Mesmo que a referida ação seja julgada procedente, isso não irá reletir na esfera de direitos
da viúva meeira, tendo em vista que sua participação não será afetada. Em outras palavras,
sendo ou não reconhecida a autora como ilha do morto, a meação continua sendo a mesma.
O cálculo da meação não muda se houver mais ou menos herdeiros. A meação será sempre a
metade do patrimônio do cônjuge falecido. A outra metade é a herança.
Logo, o cônjuge meeiro não pode ser qualiicado como litisconsorte passivo necessário.
Vale ressaltar que o fato de o bem deixado pelo falecido ser uma coisa indivisível (uma casa)
não faz com que a viúva meeira passe a ter legitimidade para estar na lide. Ela continua sendo
parte ilegítima porque, se a autora for reconhecida como ilha, a viúva continuará tendo 50%
da fração ideal da casa (o que ela já tinha antes) e os 50% restantes serão divididos entre os
três herdeiros.
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Existem várias regras envolvendo este tema. Se quiser aprofundar ou tiver dúvidas especíicas,
recomendo que consulte a Resolução Normativa DC/ANS nº 162/2007.
É nula a cláusula inserta por operadora de plano privado de assistência à saúde em formulário
de Declaração de Doenças ou Lesões Preexistentes (Declaração de Saúde) prevendo a renúncia
pelo consumidor contratante à entrevista qualiicada orientada por um médico, seguida apenas
de espaço para aposição de assinatura, sem qualquer menção ao fato de tal entrevista se tratar
de faculdade do beneiciário.
A inserção de cláusula de renúncia em declaração de saúde é abusiva por induzir o segurado
a abrir mão do direito ao exercício livre da opção de ser orientado por um médico por ocasião
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NãO
A migração de beneiciário de plano de saúde coletivo empresarial extinto para plano individual
ou familiar não enseja a manutenção dos valores das mensalidades previstos no plano primitivo.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.471.569-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 1º/3/2016
(Info 578).
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b) coletivo empresarial e
c) coletivo por adesão.
Quanto à formação de preços dos serviços de saúde suplementar e ao reajuste das mensalidades,
o cálculo difere entre as três modalidades de plano de saúde. Com efeito, no plano coletivo em-
presarial, o empresário ou o órgão público tem condições de apurar, na fase pré-contratual, qual
é a massa de usuários que será coberta, pois dispõe de dados dos empregados ou servidores,
como a idade e a condição médica do grupo. Diante disso, considerando-se a atuária mais precisa,
pode ser oferecida uma mensalidade inferior àquela praticada aos planos individuais. Ademais,
ao se constatar, na execução contínua do contrato, um desequilíbrio econômico-inanceiro devido
à alta sinistralidade da massa e à inlação acumulada no período, pode a operadora, em livre
negociação com a estipulante, pactuar um reajuste que viabilize a manutenção dos serviços de
saúde suplementar. Em outras palavras, o reajuste anual nesse tipo de contratação é apenas
acompanhado pela ANS, para ins de monitoramento da evolução dos preços e de prevenção
de práticas comerciais abusivas, não necessitando, todavia, de sua prévia autorização. Assim,
não havendo mais interesse na prestação dos serviços por qualquer das partes, os contratos
de planos privados de assistência à saúde coletivos podem ser rescindidos imotivadamente,
cumpridas algumas formalidades.
Por sua vez, no plano de saúde individual ou familiar, não existe livre negociação de preço so-
bre a mensalidade que será paga diretamente pelo beneiciário, visto que os valores praticados
devem ser aqueles compatíveis com o mercado e previamente aprovados pela ANS, mediante
notas técnicas, devendo ser cobrados indistintamente de todos que contratem aquela cobertura
especíica no mesmo período, segundo a faixa etária de cada um. Nessa modalidade, o preço
e os reajustes anuais são vinculados à prévia autorização da ANS, não guardando o índice de
reajuste correlação com a sinistralidade do plano de saúde em si, mas com outros parâmetros
adotados em metodologia particular.
Não existe na legislação qualquer norma que assegure, em caso de migração do plano coleti-
vo para o individual, a permanência dos mesmos valores de mensalidade praticados no plano
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coletivo empresarial rescindido. E nem poderia. Isso porque, conforme já explicado, no plano
coletivo existe uma prévia negociação com base na quantidade de pessoas que irá aderir, o que
permite a prática de preços mais baratos.
Assim, não existe direito de manutenção do mesmo valor das mensalidades aos beneiciários
que migram do plano coletivo empresarial para o plano individual, haja vista as peculiaridades
de cada regime e tipo contratual (atuária e massa de beneiciários), que geram preços difer-
enciados.
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Em regra, o prazo para impetrar o MS inicia-se na data em que o prejudicado toma ciência do
ato coator praticado.
Assim, a jurisprudência do STJ orienta-se no sentido de que o ato administrativo que SUPRIME
vantagem anteriormente paga ao servidor é considerado ATO ÚNICO E DE EFEITOS PERMANEN-
TES, iniciando-se o prazo de 120 dias para impetração do MS a partir do momento em que o
servidor toma ciência de que houve a supressão. Nesse sentido: STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp
635.368/PI, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 03/03/2015.
I.02 Situação 2: Pedro, servidor municipal, recebia remuneração de R$ 13 mil. O Prefeito de-
terminou a redução da remuneração de Pedro para R$ 10 mil (remuneração do Prefeito e teto
do funcionalismo naquele Município). Isso foi em janeiro de 2010. Desse modo, em fevereiro
Pedro recebeu apenas R$ 10 mil. Nos meses que se seguiram, ele continuou recebendo esta
quantia. Em outubro de 2010, o advogado do servidor impetrou um mandado de segurança
contra o Prefeito alegando que a redução da remuneração foi inconstitucional. Neste caso,
pelo fato de já terem se passado mais do que 120 dias da data do ato, houve decadência?
NãO
O prazo decadencial para impetrar mandado de segurança contra redução do valor de vantagem
integrante de proventos ou de remuneração de servidor público renova-se mês a mês.
A redução, ao contrário da supressão de vantagem, conigura relação de trato sucessivo, pois
não equivale à negação do próprio fundo de direito. Assim, o prazo decadencial para se impetrar
a ação mandamental renova-se mês a mês.
STJ. Corte Especial. EREsp 1.164.514-AM, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
16/12/2015 (Info 578).
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RESUMINDO:
O ato que SUPRIME ou REDUZ vantagem de servidor é ato único ou prestação de trato suces-
sivo? Como é contado o prazo para o MS no caso de a Administração Pública suprimir ou reduzir
determinada vantagem paga ao servidor?
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NãO
O exercício da acupuntura por indivíduo que não é médico não conigura o delito previsto no
art. 282 do CP (exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica).
Não existe lei federal prevendo que a acupuntura é uma atividade privativa de médico (art. 22,
XVI, da CF/88).
STJ. 6ª Turma. RHC 66.641-SP, Rel. Min. Nei Cordeiro, julgado em 3/3/2016 (Info 578).
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O objetivo velado deste inciso era fazer com que a acupuntura se tornasse atividade privativa
de médico.
Ocorre que o dispositivo foi vetado pela Presidente da República que apresentou a seguinte
justiicativa:
“Ao caracterizar de maneira ampla e imprecisa o que seriam procedimentos invasivos, os dois
dispositivos atribuem privativamente aos proissionais médicos um rol extenso de procedimen-
tos, incluindo alguns que já estão consagrados no Sistema Único de Saúde a partir de uma
perspectiva multiproissional. Em particular, o projeto de lei restringe a execução de punções
e drenagens e transforma a prática da acupuntura em privativa dos médicos, restringindo as
possibilidades de atenção à saúde e contrariando a Política Nacional de Práticas Integrativas
e Complementares do Sistema Único de Saúde. O Poder Executivo apresentará nova proposta
para caracterizar com precisão tais procedimentos.”
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ativo de médico, está ausente a complementação da norma penal em branco e o fato narrado
é atípico.
OBSERVAÇÃO
O Conselho Federal de Medicina (CFM) há anos pleiteia em ações movidas no Poder Judiciário
para que a acupuntura seja reconhecida como uma prática exclusiva médica, sob o argumento
de que é uma técnica que trata doenças e o diagnóstico e tratamento de doenças são atividades
exclusivas de médicos.
O tema ainda não foi decidido, de forma deinitiva, pelo STJ ou STF.
O julgado acima explicado, apesar de ser de uma turma que julga matéria criminal (6ª Turma do
STJ) é um importante precedente em sentido contrário aos interesses do CFM. Vamos aguardar
os desdobramentos do tema.
NãO
No entanto, para a pessoa enviar recursos para o exterior, ela deverá cumprir as condições
previstas na legislação.
REGRA: para que a pessoa envie dinheiro (nacional ou estrangeiro) para fora do Brasil, ela de-
verá fazê-lo por meio de instituição autorizada a operar no mercado de câmbio (art. 65 da Lei
nº 9.069/95). Ex: o indivíduo tem uma ilha que mora na Alemanha e deseja enviar dinheiro a
ela; para isso, será necessário que procure uma instituição autorizada para remeter a quantia.
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DÓLAR-CABO
Existe muita gente que possui dinheiro de origem ilícita e, como uma forma de proteger estas
quantias ou de gastar “tranquilamente” este numerário, decide mandar tais valores para fora
do país.
Ocorre que, como são quantias obtidas ilegalmente, a pessoa não poderá mandar este dinheiro
por meio das instituições autorizadas pelo Banco Central, já que icaria provado que ela possui
mais recursos do que declarou ao imposto de renda.
Tais pessoas procuram, então, formas de remeter os recursos para o exterior por meios não
oiciais.
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Um desses meios é chamado de “dólar-cabo”. Existem algumas variações, porém o tipo mais
comum de dólar-cabo consiste no seguinte: o corrupto procura um doleiro no Brasil e entrega a
este determinada quantia em moeda nacional (ex: 4 milhões de reais), pedindo que este envie
para Miami (EUA). O doleiro entra em contato com um parceiro seu no exterior (outro “doleiro”)
e este abre uma conta ou uma empresa em nome do corrupto ou de um “laranja” e lá deposita
o equivalente em dólar (ex: 1 milhão de dólares). Vale ressaltar que estes doleiros não estavam
autorizados a fazer esta transação e nem a comunicaram ao Banco Central.
Em suma, dólar-cabo consiste na prática de negociar dólar no mercado paralelo para depósito
em instituição no exterior (www.bcb.gov.br/glossario).
Se a pessoa fosse fazer a remessa de forma correta, deveria procurar uma instituição autorizada
e o envio das quantias seria realizado mediante transferência bancária.
“Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o im de promover evasão de divisas
do País:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem autorização
legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos não declarados à
repartição federal competente.”
I.03 João procurou um doleiro para remeter dólares para o exterior. Ele entregou R$ 9 mil
ao doleiro, que entrou em contato com seu parceiro em Nova York, que depositou U$ 2 mil
em uma ofshore pertencente a João. Ocorre que a Polícia Federal já estava investigando o
doleiro e, em uma busca e apreensão realizada em seu escritório, descobriu esta operação
ilegal. Diante disso, João foi denunciado pelo MPF por evasão de divisas. Em sua defesa, o réu
airmou que o art. 65 da Lei nº 9.069/95 autoriza que a pessoa leve para o exterior, em mãos,
moeda estrangeira em valor equivalente a R$ 10 mil sem declaração ao banco Central. logo,
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o mesmo raciocínio deveria ser aplicado para o presente caso, o que geraria a atipicidade de
sua conduta. A tese de João foi aceita pelo STJ? Em caso de remessa ilegal de quantia em valor
inferior a R$ 10 mil, é possível aplicar o princípio da insigniicância?
NãO
Nos casos de evasão de divisas praticada mediante operação do tipo “dólar-cabo”, não é possível
utilizar o valor de R$ 10 mil como parâmetro para ins de aplicação do princípio da insigniicância.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.535.956-RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 1º/3/2016
(Info 578).
As transações conhecidas como operações “dólar-cabo” - nas quais são efetuados pagamentos
em reais no Brasil, com o objetivo de disponibilizar, por meio de quem recebe tal pagamento,
o respectivo montante em moeda estrangeira no exterior - preenchem os elementos do delito
de evasão de divisas, na forma do art. 22, parágrafo único, primeira parte, da Lei nº 7.492/86.
Não prospera a tese de que deve ser considerado atípico o envio de moeda ou divisas ao exterior
se o volume de cada operação não exceder a R$ 10 mil. Isso porque, em primeiro lugar, ressal-
vada a hipótese do porte de valores em espécie, o ingresso no país e a saída do país, de moeda
nacional e estrangeira “serão processados exclusivamente através de transferência bancária,
cabendo ao estabelecimento bancário a perfeita identiicação do cliente ou do beneiciário” (art.
65, caput, da Lei nº 9.069/95). Ou seja, a legislação excepcionou, em relação ao valor inferior
a R$ 10 mil (ou seu equivalente em moeda estrangeira), apenas a saída física de moeda.
No caso de transferência eletrônica, saída meramente escritural da moeda, a lei exige, de forma
exclusiva, o processamento através do sistema bancário, com perfeita identiicação do cliente
ou beneiciário.
Além disso, no caso da transferência clandestina internacional, por meio de operações do tipo
“dólar-cabo” ou equivalente, existe uma facilidade muito grande na realização de centenas ou até
milhares de operações fragmentadas sequenciais. É muito mais simples do que a transposição
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física, por diversas vezes, das fronteiras do país com valores inferiores a R$ 10 mil.
Admitir a atipicidade das operações do tipo “dólar-cabo” com valores inferiores a R$ 10 mil é
deixar a porta aberta para a saída clandestina de divisas.
I.04 Imagine a seguinte situação hipotética: Pedro foi condenado pela prática de evasão de
divisas, na modalidade prevista no art. 22, parágrafo único, 1ª parte, da Lei nº 7.492/86. Na
sentença, o juiz, ao realizar a dosimetria da pena, airmou o seguinte: “As circunstâncias do
crime são desfavoráveis, considerando que o esquema criminoso engendrado pelo réu era
extremamente bem articulado e contava com diversos dispositivos voltados a inviabilizar sua
descoberta. Diante disso, aumento a pena-base para XX anos de reclusão”. Agiu corretamente
o magistrado? A soisticação e a complexidade do esquema voltado à prática de operações
inanceiras clandestinas podem ser consideradas circunstâncias judiciais desfavoráveis?
SIM
Na ixação da pena do crime de evasão de divisas (art. 22, parágrafo único, da Lei nº 7.492/86),
o fato de o delito ter sido cometido por organização criminosa complexa e bem estrutura pode
ser valorado de forma negativa a título de circunstâncias do crime.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.535.956-RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 1º/3/2016
(Info 578).
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A evasão de divisas pode ser praticada de diversas formas, desde meios muito rudimentares
- como a simples saída do país com uma mala contendo dinheiro em valor superior a R$ 10
mil sem comunicação às autoridades brasileiras - até a utilização de complexos esquemas de
remessas clandestinas.
Assim, não parece justo punir da mesma forma condutas tão distintas, sendo correta, no caso
de soisticado esquema de remessa ilícita, a valoração negativa das circunstâncias do delito na
ixação da pena-base do delito.
SIM
Essa exigência foi inserida na CF/88 pela emenda constitucional 45/2004, a chamada Reforma
do Judiciário.
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Desde que essa regra foi aprovada, surgiu uma intensa discussão sobre o momento no qual
deveria ser feita esta exigência.
Essa distinção possui importantes consequências práticas, considerando que, como entre a in-
scrição deinitiva e a posse normalmente se passam alguns meses, ou até anos, dependendo
da posição em que o candidato foi aprovado, é muito comum acontecer de, no momento da
inscrição, a pessoa não ter os três anos, mas completá-los antes do ato da posse.
Súmula 266-STJ: O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na
posse e não na inscrição para o concurso público.
No entanto, o CNJ resolveu dar solução diversa ao caso e, por meio de Resolução, estabeleceu
que os três anos de atividade jurídica (exercidos após a obtenção do grau de bacharel em di-
reito) deveriam ser exigidos no ato da inscrição deinitiva dos concursos da magistratura.
O argumento utilizado pelo CNJ para fazer tal opção foi o de que estavam sendo aprovados
muitos candidatos sem os requisitos necessários, o que somente era percebido no momento
da posse, atrapalhando o planejamento do Poder Judiciário para o preenchimento das vagas.
Assim, antecipando esta comprovação para o ato da inscrição deinitiva, os Tribunais poderiam
saber previamente quantos candidatos aprovados teriam condições de assumir e decidiriam se
era caso de delagrar ou não, desde logo, outro concurso.
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ESTE DEBATE CHEGOU ATÉ O STF. O QUE DECIDIU O SUPREMO? EM QUE MOMENTO DEVERÃO
SER COMPROVADOS OS TRÊS ANOS DE ATIVIDADE JURÍDICA?
No momento da inscrição deinitiva.
* É importante que todos os candidatos que adentrem na disputa tenham condições para o
exercício do cargo no momento da inscrição deinitiva, a im de evitar que o candidato, depois
de aprovado, ingresse com medidas judiciais para tentar suplantar este requisito da atividade
jurídica, o que atrapalharia o preenchimento dos cargos, contrariando o interesse público;
* Deinir a data da posse como termo inal para cumprimento dos três anos apresenta outro
ponto negativo, pois privilegia aqueles que icaram com pior classiicação no concurso já que
estes terão mais tempo para completar o triênio.
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OUTRO PRECEDENTE
Vale ressaltar que a posição acima explicada já era o entendimento do STF, que foi apenas con-
irmado neste recurso extraordinário submetido a repercussão geral. Nesse sentido:
(...) Os três anos de atividade jurídica contam-se da data da conclusão do curso de Direito e
o fraseado “atividade jurídica” é signiicante de atividade para cujo desempenho se faz impre-
scindível a conclusão de curso de bacharelado em Direito. O momento da comprovação desses
requisitos deve ocorrer na data da inscrição no concurso, de molde a promover maior segurança
jurídica tanto da sociedade quanto dos candidatos. (...)
(STF. Plenário. ADI 3460, Rel. Min. Carlos Britto, julgado em 31/08/2006)
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SIM
NÃO CABE SUSTENTAÇÃO ORAL NO JULGAMENTO QUE APRECIA O PEDIDO DE LIMINAR FOR-
MULADO EM MANDADO DE SEGURANÇA.
STF. Plenário. MS 34127 MC/DF, MS 34128 MC/DF, Rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o
acórdão Min. Teori Zavascki, julgados em 14/4/2016 (Info 821).
a) o art. 937, § 3º, do novo CPC, prevê o cabimento de sustentação oral em julgamento de
mandado de segurança unicamente no “agravo interno interposto contra decisão de relator que
o extinga”; e
I.02 Se o colegiado está reunido para decidir o mérito do mandado de segurança, neste caso,
as partes poderão fazer sustentação oral antes que os julgadores proiram os votos?
SIM
Isso está previsto no art. 937, VI, do CPC 2015 e no art. 16 da Lei nº 12.016/2009:
Art. 16. Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao relator a instrução do
processo, sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento.
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SIM
Art. 12 (...)
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado
estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos
civis;
Maria alegou em sua defesa que não poderá sofrer esta sanção, considerando que seu caso
se enquadraria na letra “b” do inciso II, ou seja, ela airmou que só adquiriu a nacionalidade
norte-americana porque isso era necessário para que ela permanecesse nos EUA e para que
pudesse exercer seus direitos civis.
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A situação de Maria não se enquadra em nenhuma das duas exceções dos incisos I e II do § 4º
do art. 12 da CF/88. Isso porque, como a interessada já tinha o green card, não havia necessi-
dade de ela ter adquirido a nacionalidade norte-americana como condição para permanência ou
para o exercício de direitos civis. Com o green card, ela já poderia morar e trabalhar livremente
nos EUA. Dessa forma, conclui-se que a aquisição da cidadania americana ocorreu por livre e
espontânea vontade.
Vale ressaltar que Maria não tinha nenhuma relação com os EUA que lhe garantisse o direito
de adquirir a nacionalidade originária americana, nos termos da alínea “a” do inciso II do § 4º
do art. 12 (ex: Maria não era ilha de norte-americanos nem nasceu em solo estadunidense).
I.02 Imagine agora que Maria que, em 2015, Maria matou seu marido e fugiu para o brasil.
Os EUA pediram a extradição de Maria. Esta alegou em sua defesa que o brasil não poderia
conceder a extradição em virtude de ela ser brasileira nata, havendo óbice no art. 5º, lI, da
CF/88: “Art. 5º (...) LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de
crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráico
ilícito de entorpecentes e drogas ains, na forma da lei;” Perdendo a nacionalidade brasileira,
Maria poderá ser extraditada para os EUA?
SIM
A partir do momento em que for concluído o processo administrativo e sendo declarada a perda
da nacionalidade pelo Ministro da Justiça, Maria deixa de ser brasileira nata e poderá, com isso,
ser extraditada.
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Repare bem: o brasileiro nato não pode nunca ser extraditado. Essa regra não comporta ex-
ceção. No entanto, se o brasileiro nato perder a sua nacionalidade, ele poderá ser extraditado
normalmente porque, neste caso, deixou de ser brasileiro nato, não havendo, portanto, mais o
óbice do art. 5º, LI, da CF/88.
RESUMINDO:
Se um brasileiro nato que mora nos EUA e possui o green card decidir adquirir a nacionalidade
norte-americana, ele irá perder a nacionalidade brasileira.
Não se pode airmar que a presente situação se enquadre na exceção prevista na alínea “b” do
§ 4º do art. 12 da CF/88. Isso porque, como ele já tinha o green card, não havia necessidade
de ter adquirido a nacionalidade norte-americana como condição para permanência ou para o
exercício de direitos civis.
O estrangeiro titular de green card já pode morar e trabalhar livremente nos EUA.
Dessa forma, conclui-se que a aquisição da cidadania americana ocorreu por livre e espontânea
vontade.
Vale ressaltar que, perdendo a nacionalidade, ele perde os direitos e garantias inerentes ao bra-
sileiro nato. Assim, se cometer um crime nos EUA e fugir para o Brasil, poderá ser extraditado
sem que isso conigure ofensa ao art. 5º, LI, da CF/88.
STF. 1ª Turma. MS 33864/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 19/4/2016 (Info 822).
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NãO
Para que incida a redução do prazo prescricional prevista no art. 115 do CP, é necessário que,
no momento da sentença, o condenado possua mais de 70 anos. Se ele só completou a idade
após a sentença, não terá direito ao benefício, mesmo que isso tenha ocorrido antes do julga-
mento de apelação interposta contra a sentença.
STF. 2ª Turma. HC 129696/SP, Rel. Min. Dias Tofoli, julgado em 19/4/2016 (Info 822).
I.02 SITUAÇÃO 2. Imagine agora o exemplo um pouco diferente: João, com 69 anos, foi con-
denado, em 1ª instância, no dia 02/02/2010. O condenado opôs embargos de declaração.
O juiz conheceu dos embargos, mas os julgou improvidos em 05/05/2010, mantendo a sen-
tença. Nesta data, o condenado já tinha mais de 70 anos. O réu terá direito ao art. 115 do CP?
SIM
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RESUMINDO:
Em regra, para se beneiciar da redução de prazo prevista no art. 115 do CP, o condenado de-
verá ser maior de 70 anos no dia da sentença.
Existe, no entanto, uma situação em que o condenado será beneiciado pela redução do art.
115 do CP mesmo tendo completado 70 anos após a sentença: isso ocorre quando o condenado
opõe embargos de declaração contra o acórdão condenatório e esses embargos são conhecidos.
Nesse caso, o prazo prescricional será reduzido pela metade se o réu completar 70 anos até a
data do julgamento dos embargos.
STF. Plenário. AP 516 ED/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, julgado
em 5/12/2013 (Info 731).
NãO
O STJ possui entendimento pacíico no sentido de que é incabível a restituição ao erário dos
valores recebidos de boa-fé pelo servidor público em decorrência de errônea ou inadequada
interpretação da lei por parte da Administração Pública.
Em virtude do princípio da legítima coniança, o servidor público, em regra, tem a justa expecta-
tiva de que são legais os valores pagos pela Administração Pública, porque jungida à legalidade
estrita.
Assim, diante da ausência da comprovação da má-fé no recebimento dos valores pagos in-
devidamente por erro de direito da Administração, não se pode efetuar qualquer desconto na
remuneração do servidor público, a título de reposição ao erário.
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STJ. 1ª Seção. REsp 1.244.182-PB, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 10/10/2012 (re-
curso repetitivo).
I.02 Se o servidor recebeu valores indevidamente por força de erro operacional da Admin-
istração (ex: falha no sistema de informática), mas icar provado que ele estava de boa-fé,
ainda assim que devolver as quantias?
NãO
O mesmo entendimento tem sido aplicado pelo STJ nos casos de mero equívoco operacional
da Administração Pública.
Assim, para o STJ, não é devida a devolução de verba paga indevidamente a servidor em decor-
rência de erro operacional da Administração Pública, quando se constata que o recebimento
pelo beneiciado se deu de boa-fé.
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STJ. 1ª Turma. AgRg no REsp 1447354/PE, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
16/09/2014.
STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1560973/RN, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 05/04/2016.
I.03 Imagine agora a seguinte situação: Maria era servidora pública aposentada e recebia to-
dos os meses seus proventos na conta bancária. Determinado dia, Maria faleceu e seus dois
ilhos informaram ao departamento de pessoal do Estado a morte da mãe. Com o falecimento
da servidora, o correto seria que cessasse o pagamento dos proventos, já que os ilhos não
tinham direito à pensão por morte, considerando que eram maiores e capazes. Ocorre que,
por uma falha no programa de computador do órgão público, os proventos continuaram a ser
depositados na conta bancária da falecida, o que perdurou por três meses. Os ilhos de Maria
tinham o cartão e a senha da conta bancária e, à medida que os valores iam sendo deposit-
ados, eles sacavam as quantias. A Administração, enim, percebeu o erro, cessou os novos
pagamentos e cobrou dos ilhos a restituição dos três meses pagos. O pleito da Administração
Pública deverá ser atendido? Os herdeiros da servidora deverão devolver o dinheiro?
NãO
Os herdeiros devem restituir os proventos que, por erro operacional da Administração Pública,
continuaram sendo depositados em conta de servidor público após o seu falecimento.
STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.387.971-DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
15/3/2016 (Info 579).
Como vimos acima, o STJ tem o entendimento paciicado no sentido de que as verbas alimenta-
res pagas ao servidor de boa-fé não podem ser repetidas (pedidas de volta) mesmo que tenham
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sido pagas indevidamente por erro da Administração Pública na interpretação da lei. Isso porque
gera uma falsa expectativa no servidor de que os valores recebidos são legais e deinitivos, o
que decorre, em certo grau, pela presunção de validade e de legitimidade do ato administrativo
que ordenou a despesa. Veja o recurso repetitivo que consolidou a posição:
(...) quando a Administração Pública interpreta erroneamente uma lei, resultando em pagamen-
to indevido ao servidor, cria-se uma falsa expectativa de que os valores recebidos são legais
e deinitivos, impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-fé do servidor
público. (...)
(STJ. 1ª Seção. REsp 1244182/PB, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 10/10/2012)
Contudo, no caso de as quantias indevidas terem sido pagas aos herdeiros do falecido, a situação
deverá ser analisada sob outro ângulo e merece uma conclusão diferente. Isso porque, nesse
caso, os valores pagos já não mais possuem caráter alimentar. Os salários ou proventos do ser-
vidor possuem natureza alimentar somente em relação ao próprio servidor. Se ele já morreu,
tais valores são considerados como herança e herança não é remuneração nem aposentadoria.
Logo, não é uma verba alimentícia.
Pelo princípio da saisine, com a morte, houve a transferência imediata da titularidade da conta
bancária da falecida aos seus herdeiros e os valores que foram nela depositados (por erro) não
tinham mais qualquer destinação alimentar. Logo, por não se estar diante de verbas de natureza
alimentar, não é nem mesmo necessário analisar se os herdeiros estavam ou não de boa-fé ao
sacar o dinheiro. A boa-fé aqui não importa. Os herdeiros têm o dever de restituir as quantias
porque eles não possuem nenhum direito sobre as verbas. O fundamento aqui para que ocorra
a devolução está baseado no princípio da proibição do enriquecimento sem causa, previsto no
art. 884 do CC:
Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a res-
tituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.
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SIM
O STJ entende que, mesmo nos casos em que o imóvel pertence à pessoa jurídica, é possível
conferir a ele a proteção como bem de família se ele é utilizado como residência pelos sócios.
Nesse sentido:
(...) É impenhorável a residência do casal, ainda que de propriedade de sociedade comercial,
da qual os cônjuges são sócios exclusivos. (...)
(STJ. 3ª Turma. REsp 356.077/MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 30/08/2002).
O bem de família é um instituto que visa a assegurar o direito fundamento à moradia (art. 6º,
caput, da CF/88), sendo um corolário da dignidade da pessoa humana, razão pela qual é preciso
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O benefício conferido pela Lei nº 8.009/90 se trata de norma cogente, que contém princípio
de ordem pública, e sua incidência somente é afastada se caracterizada alguma hipótese
descrita no art. 3º do mesmo diploma.
SIM
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CPC 1973
* Não havia previsão expressa.
* Mesmo assim, o STJ airmava que isso seria possível, sob o argumento de que não havia
nenhum impedimento legal para que se determinasse a negativação do nome do devedor de
alimentos.
* O art. 19 da Lei de Alimentos (Lei nº 5.478/68) prevê que incumbe ao juiz da causa adot-
ar as providências necessárias para a execução da sentença ou do acordo de alimentos. Isso
deve ser interpretado da forma mais ampla possível, tendo em vista a natureza do direito em
discussão, o qual, em última análise, visa garantir a sobrevivência e a dignidade da criança ou
adolescente alimentando.
* Ademais, o princípio do melhor interesse da criança e do adolescente encontra respaldo con-
stitucional (art. 227 da CF/88).
* Se a inscrição do nome do devedor no SPC/SERASA pode ser utilizada para resguardar inter-
esses bancários e empresariais em geral, com maior razão esta medida pode ser utilizada para
dívidas alimentícias.
* STJ. 3ª Turma. REsp 1.469.102-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 8/3/2016
(Info 579).
CPC 2015
* Esta possibilidade passou a ser expressamente prevista. Veja o que diz o novo CPC:
Art. 782. Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz determinará os atos executivos, e o oicial
de justiça os cumprirá.
(...)
§ 3º A requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclusão do nome do executado em
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cadastros de inadimplentes.
§ 4º A inscrição será cancelada imediatamente se for efetuado o pagamento, se for garantida
a execução ou se a execução for extinta por qualquer outro motivo.
§ 5º O disposto nos §§ 3º e 4º aplica-se à execução deinitiva de título judicial.
SIM
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c) protesto da dívida;
STJ. 4ª Turma. REsp 1.550.509-RJ, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 3/3/2016 (Info
579).
O simples recebimento de fatura de cartão de crédito na qual incluída cobrança indevida não
constitui ofensa a direito da personalidade (honra, imagem, privacidade, integridade física);
não causa, portanto, dano moral objetivo, in re ipsa.
Esse entendimento é mais compatível com a dinâmica atual das formas de pagamento por meio
de cartões e internet, os quais facilitam a circulação de bens, mas, por outro lado, ensejam
fraudes, as quais, quando ocorrem, devem ser coibidas, propiciando-se o ressarcimento do le-
sado na exata medida do prejuízo.
A banalização do dano moral, em caso de mera cobrança indevida, sem repercussão em di-
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Por outro lado, a indenização por dano moral, se comprovadas consequências lesivas à person-
alidade decorrentes da cobrança indevida, como, por exemplo, inscrição em cadastro de inad-
implentes, desídia do fornecedor na solução do problema ou insistência em cobrança de dívida
inexistente, tem a benéica consequência de estimular boas práticas do empresário.
SIM
A CF/88 autoriza que as associações façam a defesa, judicial ou extrajudicial, dos direitos e
interesses individuais e coletivos de seus associados (art. 5º, XXI, da CF/88).
I.02 A associação precisa da autorização dos associados para propor a ação na defesa de seus
interesses?
SIM
O inciso XXI do art. 5º da CF/88 exige que as associações tenham sido expressamente autor-
izadas. Veja:
Art. 5º (...)
XXI — as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para
representar seus iliados judicial ou extrajudicialmente;
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I.03 Qual é a amplitude da locução “expressamente autorizadas”? Essa autorização pode ser
genericamente prevista no estatuto valendo para toda e qualquer ação proposta pela asso-
ciação?
NãO
Para o STF, a autorização estatutária genérica conferida à associação não é suiciente para le-
gitimar a sua atuação em juízo na defesa de direitos de seus iliados. Assim, para cada ação a
ser proposta, é indispensável que os iliados a autorizem de forma expressa e especíica.
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dos iliados para cada ação ajuizada pelas associações, sob pena de se esvaziar a atribuição de
tais entidades na defesa dos seus membros.
Aduziram, ainda, que a associação atuou na qualidade de substituto processual, razão pela
qual não seria necessária a autorização, considerando que isso já consta expressamente de seu
estatuto.
Art. 5º (...)
XXI — as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para
representar seus iliados judicial ou extrajudicialmente;
O TEMA FOI DECIDIDO PELO STF EM SEDE DE REPERCUSSÃO GERAL, TENDO SIDO FIRMADA
A SEGUINTE TESE:
O disposto no artigo 5º, inciso XXI, da Carta da República encerra representação especíica,
não alcançando previsão genérica do estatuto da associação a revelar a defesa dos interesses
dos associados.
As balizas subjetivas do título judicial, formalizado em ação proposta por associação, é deinida
pela representação no processo de conhecimento, presente a autorização expressa dos asso-
ciados e a lista destes juntada à inicial.
STF. Plenário. RE 573232/SC, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o acórdão Min. Marco
Aurélio, julgado em 14/5/2014 (Info 746).
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Logo, no caso concreto, como não foi aprovada na assembleia geral da entidade, somente os
associados que apresentaram, na data da propositura da ação de conhecimento, autorizações
individuais expressas, puderam executar o título judicial proferido na ação coletiva.
Conforme deixou claro o STF, essa autorização é um traço que distingue a legitimidade das enti-
dades associativas (art. 5º, XXI) em relação à legitimidade das entidades sindicais (art. 8º, III).
Art. 5º (...)
LXX — o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
(...)
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcio-
namento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
I.04 Agora que você já respondeu as perguntas acima, imagine a seguinte situação: a asso-
ciação dos Auditores Fiscais ajuizou ação coletiva pedindo que a União fosse condenada a pagar
a gratiicação “X” a todos os Auditores iliados à associação, bem como àqueles que vierem a
se associar até o momento da execução do título judicial. Esse pedido poderá ser conhecido?
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NãO
A associação não tem legitimidade ativa para defender os interesses dos associados que vierem
a se agregar somente após o ajuizamento da ação de conhecimento.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.468.734-SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 1º/3/2016 (Info
579).
Conforme foi deinido pelo STF, “as balizas subjetivas do título judicial, formalizado em ação
proposta por associação, é deinida pela representação no processo de conhecimento, presente
a autorização expressa dos associados e a lista destes juntada à inicial.” (STF. Plenário. RE
573232/SC, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, julgado
em 14/5/2014. Info 746).
Em palavras mais simples, no momento em que a associação ajuíza a demanda, ela deverá
juntar aos autos autorização expressa dos associados para a propositura dessa ação e uma lista
com os nomes de todos as pessoas que estão associadas naquele momento.
A associação não tem legitimidade ativa para defender os direitos de pessoas que, depois da
propositura da ação, vierem a se agregar à entidade.
Caso a ação seja julgada procedente, o título executivo irá beneiciar apenas os associados cujos
nomes estão na lista de iliados juntada com a petição inicial. Só essas pessoas é que poderão
executar o título.
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NãO
O advogado que, por força de convênio celebrado com o Poder Público, atua de forma re-
munerada em defesa dos hipossuicientes agraciados com o benefício da assistência judiciária
gratuita, enquadra-se no conceito de funcionário público para ins penais.
Sendo equiparado a funcionário público, é possível que responda por corrupção passiva (art.
312 do CP).
STJ. 5ª Turma. HC 264.459-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/3/2016
(Info 579).
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I.02 Retornando ao exemplo. Na primeira fase da dosimetria da pena, o juiz aumentou a pe-
na-base sob o argumento de que o réu, sabedor da situação de vulnerabilidade emocional da
assistida, mãe, que acabara de perder seu ilho e que objetivava a reparação por danos morais
e materiais contra àqueles que haviam sido os responsáveis pela morte de seu ilho, se aprove-
itou desta situação de abalo psicológico para perpetrar sua conduta e obter maior ganho que
aquele que já lhe era devido pela celebração do convênio. Assim, o magistrado airmou que a
culpabilidade, assim entendida como reprovabilidade do crime, foi intensa (muito elevada).
Esse argumento é válido? O juiz poderia ter decidido dessa forma?
SIM
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SIM
Súmula vinculante 24-STF: Não se tipiica crime material contra a ordem tributária, previsto no
artigo 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento deinitivo do tributo.
I.02 Imagine agora a seguinte situação hipotética envolvendo sonegação iscal do art. 1º, I:
João suprimiu imposto de renda prestando declaração falsa às autoridades fazendárias. Em
2010, o processo administrativo-iscal foi concluído e houve a constituição deinitiva do crédito
tributário. Em virtude do excesso de trabalho, a Receita Federal somente em 2016 comunicou
o MPF e a Procuradoria da Fazenda Nacional que houve a constituição deinitiva, enviando
cópia integral do processo administrativo. A PFN ingressou com execução iscal contra João
cobrando a dívida tributária. O MPF ofereceu denúncia criminal contra João pela prática do
art. 1º, I, da Lei nº 8.137/90. Sob o ponto de vista tributário, houve prescrição?
SIM
Sob o ponto de vista tributário, sim. Isso porque o art. 174 do CTN prevê o prazo prescricional
de 5 anos, nos seguintes termos:
Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da
data da sua constituição deinitiva.
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NãO
Sob o ponto de vista penal, não. Como a pena máxima do delito é de 5 anos, a pretensão pu-
nitiva somente prescreve em 12 anos, conforme previsto no art. 109, III, do CP:
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença inal, salvo o disposto no § 1º
do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao
crime, veriicando-se:
(...)
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito;
I.04 O juiz da vara de execuções iscais julgou improcedente a execução iscal, extinguindo o
processo com resolução do mérito em virtude da prescrição. O juiz da vara criminal recebeu
a denúncia. Diante disso, a defesa de João impetrou habeas corpus contra a decisão do juiz
criminal alegando que a a prescrição tributária tem duplo efeito: 1) processual, porque extingue
a possibilidade de cobrança judicial da dívida (art. 174 do CTN); e 2) material, considerando
que a prescrição no direito tributário extingue o próprio crédito tributário, nos termos do art.
156, V, do CTN (Art. 156. Extinguem o crédito tributário: V - a prescrição e a decadência;).
Assim, quando é reconhecida a prescrição tributária, o próprio crédito tributário deixa de ex-
istir. Não havendo crédito tributário, o direito penal, ultima ratio, não deve atuar. A tese da
defesa encontra amparo na jurisprudência do STJ?
NãO
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STJ. 6ª Turma. RHC 67.771-MG, Rel. Min. Nei Cordeiro, julgado em 10/3/2016 (Info 579).
As esferas penal e tributária são independentes. Assim, o fato de ter escoado o prazo para a
cobrança do crédito tributário em razão da prescrição, não signiica que o crime tributário não
se consumou. Ao contrário, a prescrição no direito tributário é um fenômeno que só ocorre após
ter havido a constituição do crédito tributário.
Por essa razão, uma vez regular e deinitivamente constituído o crédito tributário, sua eventual
extinção na esfera tributária, pela prescrição (art. 156 do CTN), em nada afeta o jus puniendi
estatal, que também resta ileso diante da prescrição para a ação de cobrança do referido crédito
(art. 174 do CTN).
Precedente citado do STJ: AgRg no AREsp 202.617-DF, Quinta Turma, DJe 16/4/2013. Prece-
dente citado do STF: HC 116.152-PE, Segunda Turma, DJe de 7/5/2013.
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O recurso cabível contra a absolvição sumária é a apelação, amoldando-se ao art. 593, I, do CPP:
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:
I - das sentenças deinitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular;
NãO
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Vale ressaltar que, se o réu havia sido absolvido sumariamente, isso signiica que não foram
ouvidas testemunhas nem realizado interrogatório. Assim, não foi produzida nenhuma prova
em juízo, não podendo, portanto, haver condenação neste caso.
Em um caso envolvendo recurso contra rejeição da denúncia, o STJ já havia decidido de forma
semelhante:
(...) Viola os princípios do juiz natural, devido processo legal, ampla defesa e duplo grau de
jurisdição, a decisão do tribunal a quo que condena, analisando o mérito da ação penal em
apelação ministerial interposta ante mera rejeição da denúncia. (...)
STJ. 6ª Turma. HC 299.605/ES, Rel. Min. Nei Cordeiro, julgado em 18/06/2015.
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NãO
A suspeição de autoridade policial não é motivo de nulidade do processo, pois o inquérito é mera
peça informativa, de que se serve o Ministério Público para o início da ação penal.
Assim, é inviável anular o processo penal por irregularidade no inquérito policial, pois, segundo
jurisprudência irmada no STF, as nulidades processuais estão relacionadas apenas a defeitos de
ordem jurídica pelos quais são afetados os atos praticados ao longo da ação penal condenatória.
Em suma, sendo o inquérito peça meramente informativa, eventuais vícios nele existentes não
contaminam a ação penal.
STF. 2ª Turma. RHC 131450/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/5/2016 (Info 824).
I.02 O investigado, durante o inquérito policial, poderia ter arguido junto ao Poder Judiciário,
a suspeição do Delegado?
NãO
Prevalece que não por falta de previsão legal. Essa é a posição da doutrina majoritária:
Vale ressaltar a posição de Nucci, para quem seria possível arguir essa suspeição junto aos
órgãos administrativos da Polícia (Delegado Geral de Polícia, no caso da Polícia Civil):
“Cremos, pois, que, havendo motivação para a consideração da suspeição do delegado, não
podendo o magistrado afastá-lo, por falta de previsão legal, deve a parte interessada solicitar
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o afastamento da autoridade policial ao Delegado Geral de Polícia ou, sendo o pleito recusa-
do, ao Secretário da Segurança Pública. A questão torna-se, então, administrativa, pois existe
recomendação legal para que o afastamento ocorra”. (NUCCI, Guilherme de Souza. Código de
Processo Penal Comentado. 13ª ed. Forense, Rio de Janeiro: 2014, p. 298).
O inciso XXI prevê que, se for negado o direito de o advogado participar do interrogatório ou
depoimento, haverá nulidade absoluta desses atos e, por consequência, nulidade também de
todas as “provas” (elementos informativos) que, direta ou indiretamente, decorrerem deles.
Ex: o Delegado não permitiu que o advogado participasse do depoimento de uma testemunha
do inquérito policial. Durante o depoimento, a testemunha revela que viu o investigado, no dia
do crime, em um determinado endereço. A partir desse depoimento, a autoridade policial pede a
realização de uma busca e apreensão no local e ali descobre a arma utilizada pelo investigado no
crime, além de objetos pessoais a ele pertencentes. Pela redação do inciso XXI, haveria nulidade
absoluta da oitiva da testemunha e também das “provas” obtidas com a busca e apreensão,
uma vez que tal diligência foi decorrente das informações passadas pela testemunha.
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NãO
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Improbidade administrativa é um ato praticado por agente público, ou por particular em con-
junto com agente público, e que gera enriquecimento ilícito, causa prejuízo ao erário ou atenta
contra os princípios da Administração Pública.
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Diante disso, a im de poder participar do certame, João, antes de tomar posse como Secretário,
fez uma alteração contratual e saiu do quadro societário, dando lugar ao seu amigo, Pedro Lar-
anja. Na prática, contudo, João é quem continuava sendo o dono da empresa.
João assumiu a Secretaria e delagrou o procedimento licitatório.
A empresa participou e venceu a licitação, fornecendo os materiais e recebendo o pagamento
por isso.
Ocorre que o Ministério Público descobriu o esquema e ingressou com ação de improbidade
contra João, Pedro e a empresa, alegando que incidiram no caput do art. 9º da Lei nº 8.429/92:
Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir
qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato,
função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:
DEFESA
A defesa de João alegou que não houve prejuízo ao erário, considerando que os preços apre-
sentados estavam dentro da média do mercado. Para tanto, apresentou laudo pericial compro-
vando isso.
Dessa forma, a defesa argumentou que, não tendo havido prejuízo, não pode haver a conde-
nação por improbidade administrativa com base no art. 9º da Lei nº 8.429/92.
A TESE DA DEFESA FOI ACOLHIDA PELO STJ? O SIMPLES FATO DE NÃO TER HAVIDO PREJUÍZO
AO ERÁRIO É MOTIVO SUFICIENTE PARA AFASTAR A CONFIGURAÇÃO DO ATO DE IMPROBIDADE
PREVISTO NO ART. 9º DA LEI Nº 8.429/92?
NÃO. Ainda que não haja dano ao erário, é possível a condenação por ato de improbidade ad-
ministrativa que importe enriquecimento ilícito (art. 9º da Lei nº 8.429/92).
Para a coniguração do art. 9º da Lei de Improbidade não se exige prejuízo ao erário, bastando
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Assim, comprovada a ilegalidade na conduta do agente, bem como a presença do dolo indis-
pensável à coniguração do ato de improbidade administrativa, a ausência de dano ao patrimônio
público exclui tão-somente a possibilidade de condenação na pena de ressarcimento ao erário.
As demais penalidades são, em tese, compatíveis com os atos de improbidade tipiicados no
art. 9º da LIA.
O prejuízo ao erário só é indispensável no caso do art. 10 da Lei nº 8.429/92.
RESUMINDO:
Ainda que não haja dano ao erário, é possível a condenação por ato de improbidade adminis-
trativa que importe enriquecimento ilícito (art. 9º da Lei nº 8.429/92), excluindo-se, contudo,
a possibilidade de aplicação da pena de ressarcimento ao erário.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.412.214-PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min.
Benedito Gonçalves, julgado em 8/3/2016 (Info 580).
I.02 “Para a condenação por ato de improbidade administrativa no art. 10 da Lei 8.429/92,
é indispensável a demonstração de que ocorreu efetivo dano ao erário.” Essa airmação está
correta?
SIM
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“Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa QUE CAUSA LESÃO AO ERÁRIO qualquer
ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, mal-
baratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei,
e notadamente:”
SIM
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Agiu corretamente o juiz na ixação do termo inicial dos juros moratórios da pensão mensal?
NÃO.
MAS E A SÚMULA 54 DO STJ? POR QUE ELA NÃO É APLICADA NESTE CASO?
A súmula 54 do STJ aplica-se apenas para condenações que são ixadas em uma única parcela.
No caso em análise, embora se trate de responsabilidade extracontratual, o juiz não condenou a
uma prestação de cunho singular (pagável uma única vez), sendo, na verdade, uma obrigação
de trato sucessivo.
Dessa forma, nestes casos, deve-se calcular os juros de mora a partir do vencimento de cada
prestação.
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Na prática, deverá ser elaborada uma planilha na qual seja feito o cálculo das parcelas atrasadas
e, a partir do dia em que venceu cada prestação, incidem os juros. Ex: a primeira parcela que
a empresa deveria pagar venceu em 06/07/2014 (um mês depois do acidente), logo, os juros
de mora quanto a ela, devem ser calculados a partir desta data; no que se refere à segunda
parcela, os juros só incidirão a partir de 06/08/2014; a terceira prestação receberá juros a partir
de 06/09/2014 e assim por diante.
E AS PRESTAÇÕES QUE AINDA IRÃO VENCER (PARCELAS VINCENDAS), SOBRE ELAS INCIDE
JUROS DE MORA?
Em princípio não, a não ser que a empresa atrase o pagamento, situação na qual os juros irão
incidir sobre a data do vencimento.
Se a dívida ainda não venceu, não há motivo para se falar em juros de mora. Não há como se
imputar ao devedor os efeitos da inadimplência se ainda não houve mora.
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NãO
Em alienação iduciária de bem imóvel (Lei nº 9.514/1997), é nula a intimação do devedor para
oportunizar a purgação de mora realizada por meio de carta com aviso de recebimento quando
esta for recebida por pessoa desconhecida e alheia à relação jurídica.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.531.144-PB, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 15/3/2016 (Info 580).
Conforme já explicado, a intimação do devedor deverá ser feita de forma pessoal. A necessidade
de intimação pessoal decorre da previsão constitucional da propriedade como direito funda-
mental (art. 5º, XXII, da CF), o que torna justiicável a exigência de um tratamento rigoroso ao
procedimento que visa desapossar alguém (devedor) desse direito essencial.
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Art. 2º (...)
§ 2º A mora decorrerá do simples vencimento do prazo para pagamento e poderá ser compro-
vada por carta registrada com aviso de recebimento, não se exigindo que a assinatura constante
do referido aviso seja a do próprio destinatário.
COMPARANDO:
* Alienação iduciária de bens imóveis: o devedor deve ser intimado pessoalmente para que
haja a constituição em mora (art. 26 da Lei nº 9.504/97).
* Alienação iduciária de bens móveis: a mora decorre do simples vencimento do prazo para
pagamento e poderá ser comprovada por carta registrada com aviso de recebimento, não se
exigindo que a assinatura constante do referido aviso seja a do próprio destinatário (art. 2º, §
2º do DL 911/69).
SIM
CONCEITO
A nota promissória é...
- um título de crédito
- no qual o emitente, por escrito, se compromete a pagar (promessa de pagamento)
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MESMO QUE TENHA TRANSCORRIDO ESSE PRAZO E A NOTA PROMISSÓRIA TENHA PERDIDO
SUA FORÇA EXECUTIVA (ESTEJA PRESCRITA), AINDA ASSIM SERÁ POSSÍVEL A SUA COBRANÇA?
SIM. O beneiciário terá duas opções para cobrar o valor contido na nota promissória:
I.02 O autor da ação de locupletamento deverá provar a causa debendi, ou seja, a causa que
deu origem a emissão do título? Ex: a nota promissória foi emitida por João pelo fato de ele
ter comprado um celular de Pedro. Esse negócio jurídico que deu origem à emissão da nota
promissória precisa ser provado pelo autor da ação de locupletamento?
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NãO
A simples apresentação de nota promissória prescrita é suiciente para embasar a ação de lo-
cupletamento pautada no art. 48 do Decreto nº 2.044/1908, não sendo necessário comprovar
a relação jurídica subjacente.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.323.468-DF, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 17/3/2016
(Info 580).
Desse modo, nas ações cambiais não é necessário comprovar a causa debendi.
Repare também que o aludido art. 48 fala que a ação de locupletamento pode ser proposta pelo
“portador” do título de crédito. Ora, se o referido Decreto (que tem força de lei) faculta essa
possibilidade ao portador, signiica dizer que ele não se importa com a relação jurídica que deu
causa a este título, uma vez que, se pensarmos na hipótese de título que tenha circulado, o
portador não teria como fazer prova da relação jurídica subjacente.
Dessa maneira, a posse, pelo portador, da nota promissória não paga e prescrita gera a pre-
sunção juris tantum de veracidade do locupletamento ilícito havido pelo não pagamento (em
contrapartida ao empobrecimento do portador do título), nada obstante seja assegurada a am-
plitude de defesa ao réu.
QUAL É O PRAZO PRESCRICIONAL DE QUE DISPÕE O AUTOR PARA AJUIZAR ESSA AÇÃO DE
LOCUPLETAMENTO DA NOTA PROMISSÓRIA PRESCRITA?
3 anos, contados do dia em que se consumar a prescrição da ação executiva.
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Como o Decreto nº 2.044/1908 não prevê prazo prescricional especíico para o exercício dessa
pretensão, utiliza-se o prazo previsto no art. 206, § 3º, IV, do CC, de acordo com o qual pre-
screve em “três anos” “a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa”.
Cuidado:
* Ação de locupletamento envolvendo NOTA PROMISSÓRIA (art. 48 do Decreto nº 2.044/1908):
prazo prescricional de 3 anos.
* Ação de locupletamento envolvendo CHEQUE (art. 62 da Lei n.º 7.357/85): prazo prescricional
de 2 anos.
SIM
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culpabilidade e passível de ser substituído a qualquer momento por outra pessoa, no âmbito de
uma organização ilícita de poder. Exemplo: o líder do PCC (Primeiro Comando da Capital), em
São Paulo, ou do CV (Comando Vermelho), no Rio de Janeiro, dá as ordens a serem seguidas
por seus comandados. É ele o autor de escritório, com poder hierárquico sobre seus ‘soldados’
(essa modalidade de autoria também é muito comum nos grupos terroristas).” (MASSON, Cleber.
Direito Penal esquematizado. São Paulo: Método, 2014, p. 541-542).
I.02 Na dosimetria da pena do autor intelectual, o magistrado poderá fazer incidir a agravante
prevista no art. 62, I, do CP (Art. 62. A pena será ainda agravada em relação ao agente que:
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes;)?
Essa agravante é compatível com a autoria intelectual?
SIM
Em princípio, a incidência da agravante do art. 62, I, do Código Penal é compatível com a autoria
intelectual do delito (mandante).
STJ. 5ª Turma. REsp 1.563.169-DF, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/3/2016
(Info 580).
Esta agravante tem por objetivo punir mais severamente aquele que tem a iniciativa da emp-
reitada criminosa e exerce um papel de liderança ou destaque entre os coautores ou partícipes
do delito, coordenando e dirigindo a atuação dos demais, fornecendo, por exemplo, dados rel-
evantes sobre a vítima, determinando a forma como o crime será perpetrado, emprestando os
meios para a consecução do delito.
Logo, não há bis in idem no fato de o juiz reconhecer a participação do agente com base no fato
de ele ter organizado o crime e, logo em seguida, aplicar a agravante também pelo fato de ele
ter organizado o crime. Essa circunstância (“ter organizado o crime”) foi utilizada duas vezes,
mas com objetivos diferentes e em momentos distintos.
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I.03 O mandante do crime deverá sempre ser punido com a agravante do art. 62, I, do CP?
NãO
O mandante do crime somente deverá ser punido com a agravante se, no caso concreto, houver
elementos que sirvam para caracterizar a situação descrita pelo inciso I do art. 62, ou seja, é
necessário que ique demonstrado que ele promoveu, organizou o crime ou dirigiu a atividade
dos demais agentes.
Em outras palavras, o mandante poderá responder pela agravante do inciso I do art. 62 do CP,
mas isso nem sempre acontecerá, dependendo das circunstâncias do caso concreto.
NãO
As ações de indenização por danos morais decorrentes de perseguição, tortura e prisão, por
motivos políticos, durante o regime militar, são imprescritíveis. Para esses casos, não se aplica
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O STJ concluiu que tais demandas são imprescritíveis porque se referem a um período (regime
militar) em que a ordem jurídica foi desconsiderada, com legislação de exceção, tendo havido,
sem dúvida, incontáveis abusos e violações dos direitos fundamentais, mormente do direito à
dignidade da pessoa humana (AgRg no Ag 1391062/RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira
Turma, julgado em 09/08/2011).
I.02 é possível que o anistiado político pleiteie judicialmente indenização por danos morais
mesmo já tendo recebido administrativamente a reparação econômica da Lei nº 10.559/2002?
SIM
O anistiado político que obteve, na via administrativa, a reparação econômica prevista na Lei
nº 10.559/2002 (Lei de Anistia) não está impedido de pleitear, na esfera judicial, indenização
por danos morais pelo mesmo episódio político.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.485.260-PR, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 5/4/2016 (Info 581).
Esse dispositivo pode dar a impressão de que seria proibida a acumulação da reparação econômi-
ca com a indenização por danos morais. Contudo, não foi esta a interpretação dada pelo STJ.
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istração Pública, e não à jurisdição. Em outras palavras, esse dispositivo proíbe que o Poder
Público pague, administrativamente, a reparação econômica cumulada com outros pagamentos,
benefícios ou indenização.
Além disso, a reparação econômica prevista na Lei nº 10.559/2002 não tem por objetivo inde-
nizar danos morais.
O art. 8º do ADCT determina que seja paga reparação econômica para aquelas pessoas que sof-
reram prejuízos na sua esfera proissional e, por consequência, patrimonial. A Lei nº 10.559/2002,
ao regulamentar o art. 8º do ADCT, restringiu-se a estipular os direitos proissionais do anistiado
político e suas repercussões econômicas. Analisando os arts. 4º e 5º da Lei ica ainda mais claro
que essa reparação econômica tem natureza patrimonial e se destina a compensar o anistiado
pelo fato de ele não mais ter podido exercer suas atividades laborais.
Desse modo, o recebimento da reparação econômica de que trata a Lei nº 10.559/2002 não
exclui, por si só, o direito de o anistiado buscar na via judicial, em ação autônoma e distinta, a
reparação dos danos morais que tenha sofrido em decorrência da mesma perseguição política
geradora da anterior reparação administrativa (art. 5º, V e X, da CF/88), pois distintos se rev-
elam os fundamentos que amparam cada uma dessas situações.
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semanais. Determinado dia, um advogado amigo de João comentou que ele, por ser servidor
público federal que trabalha com atividade radioativa deveria ter uma jornada semanal de,
no máximo, 24 horas. A informação dada pelo amigo de João é correta?
SIM
Existe uma Lei federal que garante este direito. Trata-se da Lei nº 1.234/50, que, apesar de
antiga, continua em vigor. Conira o que ela prevê:
I.02 A União defende que esse art. 1º somente se aplica para servidores que trabalham na
área da saúde, o que não é o caso de João. Este argumento é aceito pela jurisprudência?
NãO
A alegação de que a jornada reduzida deve ser restrita a uma determinada categoria proissional
não é aceita pela jurisprudência. O objetivo da lei é o de proteger a saúde dos servidores que
operam diretamente com Raios X e substâncias radioativas, de forma habitual e permanente,
independentemente da qualiicação proissional.
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NãO
O art. 19 da Lei nº 8.112/90 prevê que “os servidores cumprirão jornada de trabalho ixada
em razão das atribuições pertinentes aos respectivos cargos, respeitada a duração máxima do
trabalho semanal de quarenta horas e observados os limites mínimo e máximo de seis horas e
oito horas diárias, respectivamente.”
Contudo, o § 2º do mesmo art. 19 airma que essa regra acima explicada não se aplica para
servidores públicos federais que são regidos por legislação especíica. Conira: “O disposto neste
artigo não se aplica a duração de trabalho estabelecida em leis especiais”.
Os servidores federais que trabalham com Raios X e substâncias radioativas estão regidos pela
Lei nº 1.234/50, razão pela qual estão abrangidos pela ressalva feita pelo § 2º do art. 19 da
Lei nº 8.112/90.
Conclui-se, portanto, que a Lei nº 1.234/50 não foi revogada pela Lei nº 8.112/90, pois esta
mesma excepciona as hipóteses estabelecidas em leis especiais (STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp
1117692/RJ, Rel. Min. Nei Cordeiro, julgado em 17/09/2015).
RESUMINDO:
Independentemente da categoria proissional, todos os servidores da União, civis e militares,
e os empregados de entidades paraestatais de natureza autárquica que operam, de forma ha-
bitual, diretamente com raios X e substâncias radioativas, próximo às fontes de irradiação, têm
o direito à redução da duração máxima da jornada de trabalho de 40 para 24 horas semanais
prevista no art. 1º da Lei nº 1.234/50.
Vale ressaltar que a Lei nº 1.234/50 não foi revogada pela Lei nº 8.112/90, pois esta mesma
excepciona as hipóteses estabelecidas em leis especiais.
STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1.569.119-SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 7/4/2016
(Info 581).
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SIM
É de cinco anos o prazo para o TCU, por meio de tomada de contas especial (Lei nº 8.443/92),
exigir do ex-gestor público municipal a comprovação da regular aplicação de verbas federais
repassadas ao respectivo Município.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.480.350-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 5/4/2016 (Info
581).
Quando o TCU instaura procedimento para iscalizar a correta aplicação de recursos de um con-
vênio, o ônus de provar o adequado e regular emprego das verbas públicas é do imputado, ou
seja, do administrador público responsável pela utilização dos valores repassados pela União.
Assim, caso o administrador não consiga provar a adequada aplicação dos recursos públicos,
isso gera uma presunção de que houve prejuízo ao erário e, consequentemente, o TCU aplica
multa ao gestor falho ou faltoso, além de determinar a imputação do débito (ressarcimento dos
valores).
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Justamente por isso, deve-se entender que o TCU possui um prazo para instaurar a referida
iscalização (tomada de contas). Isso porque como o ônus da regularidade é do ex-gestor pú-
blico, não é razoável que ele permaneça obrigado a provar que aplicou adequadamente verbas
públicas mesmo após longos anos. Caso isso fosse exigido dele, haveria lagrante vulneração
dos princípios da segurança jurídica e da ampla defesa, bases do ordenamento jurídico, ainal,
é notória a instabilidade jurídica e a diiculdade, ou mesmo impossibilidade, de produção de
provas após o decurso de muito tempo.
Quando o § 5º do art. 37 da CF/88 fala que as ações de ressarcimento por prejuízo ao erário
são imprescritíveis, ele está se referindo apenas a ações judiciais, ou seja, propostas perante o
Poder Judiciário. Isso porque nas ações judiciais, o autor é quem tem o ônus de provar o ale-
gado prejuízo e a responsabilidade do causador. Logo, a situação torna-se menos gravosa ao
ex-administrador público.
A Lei nº 8.443/92 (Lei Orgânica do TCU) não estabelece prazo para que o Tribunal de Contas
realize a tomada de contas especial. Diante disso, é necessário se valer da analogia como re-
curso de integração legislativa, conforme permissivo do art. 4º da LINDB, para o im de aferir
o prazo para o agir da Administração.
Utilizando, portanto, este raciocínio, deve-se adotar o prazo de 5 anos, aplicando-se, por analogia,
o mesmo prazo previsto em diversos dispositivos, como o art. 1º do Decreto nº 20.910/1932,
arts. 173 e 174 do CTN, art. 142 da Lei nº 8.112/90, art. 54 da Lei nº 9.784/1999, art. 23 da
Lei nº 8.429/92, art. 13, § 1º, da Lei nº 9.847/99, art. 1º da Lei nº 6.838/80, e, em especial,
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Percebe-se, da análise desses dispositivos, que o prazo máximo de cinco anos é uma constante
para as hipóteses de decadência ou prescrição nas relações com o Poder Público, seja por meio
de regra geral, quando está no polo passivo da relação, seja por meio de inúmeras regras es-
pecíicas, quando está no polo ativo da relação jurídica.
Dessa forma, a tomada de contas especial está sujeita ao prazo decadencial de 5 anos, limite
temporal para que qualquer irregularidade nas contas gere presunção de prejuízo ao erário e
importe na imputação do débito e multa ao responsável. Expirado esse prazo, ressalva-se a via
judicial para eventual ação de ressarcimento, esta imprescritível, oportunidade em que deverá
ser provado o efetivo prejuízo ao erário e a responsabilidade do acionado.
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NãO
O QUE É FIANÇA?
Fiança é um tipo de contrato por meio do qual uma pessoa (chamada de “iadora”) assume o
compromisso junto ao credor de que irá satisfazer a obrigação assumida pelo devedor, caso
este não a cumpra (art. 818 do Código Civil).
Logo, João, ao assinar o contrato na condição de iador, forneceu ao banco uma garantia pessoal
(uma caução idejussória): “se a empresa JJ não pagar o que deve, pode cobrar a dívida de mim”.
OUTORGA UXÓRIA
Se a pessoa for casada, em regra, ela somente poderá ser iadora se o cônjuge concordar.
Essa concordância, que é chamada de “outorga uxória/marital”, não é necessária se a pessoa
for casada sob o regime da separação absoluta.
Tal regra encontra-se prevista no art. 1.647, III, do CC:
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização
do outro, exceto no regime da separação absoluta:
(...)
III — prestar iança ou aval;
Se o cônjuge negar essa autorização sem motivo justo, a pessoa poderá pedir ao juiz que su-
pra a outorga, ou seja, o magistrado poderá autorizar que a iança seja prestada mesmo sem
o consentimento (art. 1.648).
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PELO MAGISTRADO?
NÃO.
O STF decidiu que o art. 3º, VII, da Lei n. 8.009/90 é constitucional, não violando o direito à
moradia (art. 6º da CF/88) nem qualquer outro dispositivo da CF/88 (STF. 1ª Turma. RE 495105
AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 05/11/2013).
I.02 O executado alega também que a iança concedida não é válida. Isso porque não houve
autorização do cônjuge do iador (no caso, Maria). Essa alegação feita pelo iador pode ser
acolhida pelo juiz?
NãO
O iador não tem legitimidade para arguir essa nulidade. Veja o que diz o Código Civil:
Art. 1.650. A decretação de invalidade dos atos praticados sem outorga, sem consentimento,
ou sem suprimento do juiz, só poderá ser demandada pelo cônjuge a quem cabia concedê-la,
ou por seus herdeiros.
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Assim, João não poderá alegar a invalidade da iança outorgada, considerando que se isso fosse
aceito haveria a ocorrência do chamado venire contra factum proprium (proibição de compor-
tamento contraditório), sendo uma forma de abuso de direito.
I.03 Foi, então, que Lucas, ilho de João, que está estudando para concurso público, teve uma
ideia: ele, enquanto ilho de Maria, poderia ingressar com ação objetivando anular o contrato
de iança por falta de consentimento. A ideia de Lucas é boa? Esta ação tem chance de êxito?
SIM
O herdeiro do cônjuge prejudicado pode pleitear a anulação da iança concedida sem a devida
outorga conjugal. Essa possibilidade está prevista expressamente no art. 1.650 do CC acima
transcrito.
Dessa forma, Lucas, sendo herdeiro de Maria (esposa que não concedeu a outorga), possui
legitimidade para buscar a anulação da iança.
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anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois
de terminada a sociedade conjugal.
Em nosso exemplo, a sociedade conjugal terminou com a morte de Maria. Logo, a partir desta
data é que se conta o prazo de 2 anos para ajuizamento da ação anulatória.
EM SUMA:
O prazo decadencial para herdeiro do cônjuge prejudicado pleitear a anulação da iança irmada
sem a devida outorga conjugal é de dois anos, contado a partir do falecimento do consorte que
não concordou com a referida garantia.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.273.639-SP, Rel. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/3/2016 (Info 581).
SIM
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O QUE PEDRO PODERÁ FAZER NESTE CASO PARA RESGUARDAR SEUS DIREITOS?
Pedro poderá ajuizar uma ação declaratória pedindo que se reconheça que havia entre ele e
João uma relação de paternidade socioafetiva, ou seja, que o falecido era seu pai socioafetivo.
Essa ação deverá ser proposta contra Ricardo, o único herdeiro de João e que será afetado ju-
ridicamente caso o pedido seja julgado procedente.
Na ação, deverão ser juntadas fotos, bilhetes, vídeos de celular, posts do Facebook e quaisquer
outros documentos que provem a relação de afeto como pai e ilho. Poderão também ser arro-
ladas testemunhas.
Ao falar em “outra origem”, o legislador permite que a paternidade seja reconhecida com base
em outras fontes que não apenas a relação de sangue. Logo, permite a paternidade com fun-
damento no afeto. Assim, a paternidade socioafetiva é uma forma de parentesco civil. Nesse
sentido, conira o Enunciado nº 256 da III Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal:
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Vale ressaltar que o STJ adota uma interpretação ampliativa desse dispositivo e airma que em
situações nas quais icar amplamente demonstrada a inequívoca vontade de adotar, é possível
o deferimento da adoção póstuma mesmo que o adotante não tenha dado início ao processo
formal para tanto (STJ. 3ª Turma. REsp 1.326.728/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
20/8/2013).
Dessa forma, ainda que o pai, em vida, não tenha formalizado o processo de adoção do ilho,
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isso pode ser reconhecido se icar provado que havia entre eles uma ligação de paternidade
socioafetiva.
Existe uma relação direta entre a possibilidade de adoção post mortem com a iliação socioafe-
tiva, conforme já reconheceu o STJ:
(...) Para as adoções post mortem, vigem, como comprovação da inequívoca vontade do de
cujus em adotar, as mesmas regras que comprovam a iliação socioafetiva: o tratamento do
menor como se ilho fosse e o conhecimento público dessa condição. (...) (STJ. 3ª Turma. REsp
1.217.415/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/06/2012).
Tal entendimento consagra a ideia de que o parentesco civil não advém exclusivamente da ori-
gem consanguínea, podendo lorescer da socioafetividade, o que não é vedado pela legislação
pátria, e, portanto, plenamente possível no ordenamento.
NãO
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É possível impor ao consumidor sua prévia iliação à entidade aberta de previdência comple-
mentar como condição para contratar com ela empréstimo inanceiro.
STJ. 4ª Turma. REsp 861.830-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 5/4/2016 (Info 581).
As entidades abertas são empresas privadas constituídas sob a forma de sociedade anônima,
que oferecem planos de previdência privada que podem ser contratados por qualquer pessoa
física ou jurídica.
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Dessa forma, a entidade de previdência, ao exigir que o consumidor, antes de realizar o em-
préstimo, izesse um plano de previdência complementar, não praticou qualquer ato ilícito,
considerando que tais entidades somente podem realizar este tipo de operação com seus pa-
trocinadores, iliados e assistidos. Logo, sem essa prévia iliação, a entidade estaria impedida
de conceder o empréstimo.
Assim, não existiu a chamada “venda casada” de que trata o art. 39, I, do CDC. O que houve
foi a exigência de uma providência que é imposta por lei.
SIM
CONCEITO DE DUPLICATA
Duplicata é...
um título de crédito
que consiste em uma ordem de pagamento emitida pelo próprio credor
por conta de mercadorias que ele vendeu ou de serviços que prestou
e que estão representados em uma fatura
devendo ser paga pelo comprador das mercadorias ou pelo tomador dos serviços.
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A TESE DA EMPRESA FOI ACOLHIDA PELO STJ? HOUVE IRREGULARIDADE NO FATO DE A DU-
PLICATA SE REFERIR A MAIS DE UMA NOTA FISCAL?
NÃO.
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DE SÁ, Antônio; LOPES DE SÁ, Ana Maria. Dicionário de Contabilidade. São Paulo: Atlas, 1994).
A nota iscal prova que houve a realização de um negócio jurídico sujeito à iscalização tributária.
Faz prova da entrada e saída de mercadorias de estabelecimentos empresariais, acompanhando
a sua entrega aos destinatários.
O QUE É A FATURA?
A fatura é um documento emitido pelo vendedor ou prestador de serviços no qual são discrim-
inadas as mercadorias que foram vendidas ou os serviços prestados. Na fatura constam a de-
scrição e os preços dos produtos vendidos ou do serviço prestado.
Todas as vezes que for celebrado um contrato de compra e venda mercantil entre partes dom-
iciliadas no Brasil, com prazo não inferior a 30 dias, contado da data da entrega ou despacho
das mercadorias, o vendedor é obrigado a extrair uma fatura para apresentar ao comprador
(art. 1º, da Lei nº 5.474/68).
No caso de prestação de serviços (qualquer prazo) ou de compra e venda inferior a 30 dias, a
emissão de fatura é facultativa.
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NãO
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Assim, se for proposta ação na qual se discuta a diiculdade do aluno de obter o diploma do
curso à distância que realizou por causa da ausência/obstáculo de credenciamento da instituição
particular junto ao MEC, haverá nítido interesse da União, que deverá compor a lide no polo
passivo da demanda, já que é ela quem credencia as instituições.
No STJ, este tema já havia sido paciicado por meio de recurso especial repetitivo: STJ. 1ª Seção.
REsp 1344771/PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 24/04/2013.
Existe também precedente do STF no mesmo sentido: STF. 2ª Turma. ARE 750186 AgR, Rel.
Min. Gilmar Mendes, julgado em 24/06/2014.
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QUADRO-RESUMO:
* Ação (diferente do MS) discutindo registro de diploma perante o órgão público competente
ou o credenciamento da entidade perante o Ministério da Educação (obs: neste caso, a União
deverá igurar na lide): competência da JUSTIÇA FEDERAL.
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NãO
Se a sentença é meramente homologatória – tal como ocorreu, no caso –, não cabe ação re-
scisória. Deve-se propor ação anulatória, prevista no art. 966, § 4º do CPC 2015:
Art. 966 (...) § 4º Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros par-
ticipantes do processo e homologados pelo juízo, bem como os atos homologatórios praticados
no curso da execução, estão sujeitos à anulação, nos termos da lei.
Nesse sentido:
(...) A sentença judicial que, sem adentrar o mérito do acordo entabulado entre as partes, lim-
ita-se a aferir a regularidade formal da avença e a homologá-la, caracteriza-se como ato mera-
mente homologatório e, nessas condições, deve ser desconstituída por meio da ação anulatória
prevista no art. 486 do CPC (1973), sendo descabida a Ação Rescisória para tal im. (...)
STJ. 4ª Turma. AgRg no REsp 1440037/RN, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em
09/09/2014
I.02 Neste caso concreto, o prazo para a ação anulatória será de 4 anos, nos termos do art.
178 do CC (“Art. 178. é de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do
negócio jurídico, contado:”)?
NãO
No exemplo acima mencionado, o prazo é de 5 anos, com base no art. 1º do Decreto 20.910/32.
Em se tratando de ação anulatória proposta contra a Fazenda Pública, o prazo decadencial é
regido pelo Decreto 20.910/32. Isso porque este prazo do Decreto mencionado é aplicável em
relação a todo e qualquer direito ou ação exercitável contra a Fazenda Pública (federal, estadual
ou municipal), seja qual for a sua natureza. Logo, não é aplicável o prazo previsto no art. 178
do CC (quatro anos), utilizado apenas quando a Fazenda Pública não ocupa o polo passivo da
ação anulatória.
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I.03 Esse prazo de 5 anos é contado da data em que o acordo foi homologado judicialmente?
NãO
O prazo da ação anulatória deve ser contado da DATA EM QUE FOI CELEBRADO O ACORDO.
POR QUE ESTE PRAZO NÃO É CONTADO DA DATA EM QUE O ACORDO FOI HOMOLOGADO?
Porque o que está sendo questionado não é a homologação judicial, mas sim o acordo.
A ação anulatória não é proposta contra a sentença em si, que, no caso, apenas homologou o ato
de vontade das partes, sem qualquer conteúdo decisório do Juiz. Em verdade, a ação é contra
o que foi objeto da manifestação de vontade das partes, ou seja, contra a própria transação.
O que se objetiva rescindir, ou melhor, anular, não é a sentença homologatória, que não faz
coisa julgada material, mas a transação celebrada pelos litigantes, ou seja, o acordo feito pelas
partes quanto à relação jurídico-material.
EM SUMA:
No caso em que particular e Fazenda Pública irmaram, sem a participação judicial, acordo que
tenha sido meramente homologado por decisão judicial - a qual, por sua vez, apenas extinguiu
a relação jurídica processual existente entre as partes, sem produzir efeitos sobre a relação de
direito material existente entre elas -, o prazo decadencial para anular o ajuste por meio de
ação ajuizada pelo particular é de 5 anos, contados da data da celebração da transação, e não
da decisão homologatória.
STJ. 2ª Turma. REsp 866.197-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 18/2/2016
(Info 581).
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SIM
Dirigir sem possuir CNH é uma conduta diferente de dirigir com CNH vencida. Isso ica muito
claro ao se analisar o art. 162 do CTB, onde são previstas as infrações administrativas de trân-
sito. Conira:
Essas situações, embora igualmente conigurem infração de trânsito, foram tratadas separada-
mente, de forma diversa.
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Ora, se o legislador quisesse punir de forma mais gravosa o autor de homicídio culposo na direção
de veículo automotor cuja CNH estivesse vencida, teria feito expressa alusão a esta hipótese.
No Direito Penal não se admite a analogia in malam partem, de modo que não se pode inserir
no rol das circunstâncias que agravam a pena (art. 302, § 1º) uma conduta que não foi prevista
expressamente.
NãO
O fato de o empregador obrigar seu empregado a portar arma de fogo durante o exercício das
atribuições de vigia não caracteriza coação moral irresistível (art. 22 do CP) capaz de excluir
a culpabilidade do crime de “porte ilegal de arma de fogo de uso permitido” (art. 14 da Lei nº
10.826/2003) atribuído ao empregado que tenha sido lagrado portando, em via pública, arma
de fogo, após o término do expediente laboral, no percurso entre o trabalho e a sua residência.
STJ. 5ª Turma. REsp 1.456.633-RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 5/4/2016
(Info 581).
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Segundo o Ministro Relator, esse argumento até poderia, em tese, justiicar a aplicação da ex-
cludente de culpabilidade se o réu tivesse sido lagrado portando a arma no exercício de sua
atividade laboral. No entanto, ele foi preso com o revólver quando já não estava mais trabalhando
e fora dos limites da chácara.
Assim, o STJ entendeu que não se deve aceitar o argumento de que o réu estivesse sob in-
luência de coação moral irresistível, até porque, quando praticou a conduta proibida, estava
fora do horário e de seu ambiente de trabalho, livre, portanto, da relação de subordinação que
o obrigava a portar arma de fogo de modo ilegal.
Vale ressaltar, por im, que o acusado em questão era “vigia” e não “vigilante armado”. O “vigia”
não pode usar arma no exercício de suas funções. Já o vigilante é um proissional contratado por
estabelecimentos inanceiros ou por empresa especializada em prestação de serviços de vigilân-
cia e transporte de valores, sendo categoria regulamentada pela Lei nº 7.102/83, possuindo o
direito de portar armas de fogo, quando em efetivo exercício da proissão. Nesse sentido: STJ.
6ª Turma. REsp 1221960/SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 22/02/2011.
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NãO
O STJ entendeu que, no caso concreto, os documentos em questão não estavam protegidos
pelo sigilo bancário e/ou iscal (art. 5º, XII, da CF/88). Isso porque o sigilo bancário é um dever
jurídico imposto às instituições inanceiras para que estas não divulguem informações acerca
das movimentações inanceiras de seus clientes, tais como aplicações, depósitos, saques etc.
Tal imposição legal deriva do próprio art. 1º da LC 105/2001, que assim dispõe:
Art. 1º As instituições inanceiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e
serviços prestados.
Semelhante ao dever jurídico imposto às instituições inanceiras, o art. 198 do CTN, igualmente,
proibiu à Fazenda Pública e seus servidores públicos de divulgarem qualquer informação obtida
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Assim, tanto as instituições inanceiras quanto a Administração Pública não estão autorizadas a
fornecer dados inanceiros e/ou iscais que detenham em razão do exercício de suas atividades
e funções, salvo, conforme previsão do art. 5º, XII, da CF/88, mediante autorização judicial
devidamente motivada.
No caso dos autos, contudo, os documentos utilizados pelo Ministério Público para oferecimento
da denúncia não se encontravam sob a autoridade e posse de instituições inanceiras e/ou da
Administração Pública. Eles estavam sob a posse da ex-companheira do réu que, espontanea-
mente, os entregou ao Parquet.
Dessa forma, veriica-se que não houve, em nenhum momento, quebra ilegal de sigilo bancário
e/ou iscal por parte do MP, visto que os dados fornecidos não se encontravam mais sob a tutela
de instituições inanceiras e/ou da Administração Pública, às quais é imposta a obrigatoriedade
de proteção do sigilo bancário e iscal, mas, sim, tratava-se de recibos que foram, espontanea-
mente, impressos e guardados pelo próprio investigado, o qual, voluntariamente, os deixou sob
a responsabilidade de sua companheira, tendo esta os entregado por livre vontade ao Ministério
Público. Logo, constata-se que tais documentos entregues não estavam acobertados pelo di-
reito fundamental do sigilo bancário e/ou iscal, não incidindo, pois, a cláusula de reserva de
jurisdição descrita no artigo 5º, XII, da Carta Magna.
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SIM
O STF decidiu recentemente que a execução provisória de acórdão penal condenatório proferido
em grau de apelação, ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário, não compromete o
princípio constitucional da presunção de inocência (STF. Plenário. HC 126292/SP, Rel. Min. Teori
Zavascki, julgado em 17/02/2016. Info 814).
Os recursos especial e extraordinário interpostos pela defesa contra o acórdão condenatório não
possuem efeito suspensivo (art. 637 do CPP). Isso signiica que, mesmo a parte tendo inter-
posto algum desses recursos, a decisão recorrida continua produzindo efeitos. Logo, é possível
a execução provisória do acórdão condenatório enquanto se aguarda o julgamento do recurso.
Vale ressaltar que o STJ acompanhou o novo entendimento do STF decidido no HC 126292/SP
mesmo ainda não tendo havido a publicação do acórdão do Supremo.
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NãO
Art. 55 (...) § 3º A comprovação do tempo de serviço para os efeitos desta Lei, inclusive me-
diante justiicação administrativa ou judicial, conforme o disposto no art. 108, só produzirá
efeito quando baseada em início de prova material, não sendo admitida prova exclusivamente
testemunhal, salvo na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto
no Regulamento.
A comprovação do tempo de serviço em atividade rural, seja para ins de concessão de benefício
previdenciário ou para averbação de tempo de serviço, deve ser feita mediante a apresentação
de início de prova material.
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são de lavrador; atestado de frequência escolar em que conste a proissão e o endereço rural;
declaração do Tribunal Regional Eleitoral; declaração de ITR; contrato de comodato etc.” (AMADO,
Frederico. Direito e processo previdenciário sistematizado. Salvador: Juspodivm, 2013, p. 566).
I.02 O segurado pode apresentar prova material de apenas uma parte do tempo de serviço e
se valer de testemunhas para comprovar o restante?
SIM
Pode haver a apresentação de prova material de apenas parte do lapso temporal, de forma que
a prova material seja complementada por prova testemunhal idônea.
Segundo o STJ, não é imperativo que o início de prova material diga respeito a todo o período de
carência estabelecido pelo art. 143 da Lei nº 8.213/91, desde que a prova testemunhal amplie
sua eicácia probatória, vinculando-o, pelo menos, a uma fração daquele período (AgRg no REsp
1326080/PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 06/09/2012).
Vale ressaltar, no entanto, a necessidade de que a prova seja contemporânea aos fatos que se
pretende provar:
Súmula 34-TNU: Para ins de comprovação do tempo de labor rural, o início de prova material
deve ser contemporâneo à epoca dos fatos a provar.
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o caso, de sindicato ou colônia de pescadores, desde que homologada pelo Instituto Nacional
do Seguro Social – INSS;
IV – comprovante de cadastro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA,
no caso de produtores em regime de economia familiar;
V – bloco de notas do produtor rural;
VI – notas iscais de entrada de mercadorias, de que trata o § 7º do art. 30 da Lei nº 8.212, de
24 de julho de 1991, emitidas pela empresa adquirente da produção, com indicação do nome
do segurado como vendedor;
VII – documentos iscais relativos a entrega de produção rural à cooperativa agrícola, entreposto
de pescado ou outros, com indicação do segurado como vendedor ou consignante;
VIII – comprovantes de recolhimento de contribuição à Previdência Social decorrentes da comer-
cialização da produção;
IX – cópia da declaração de imposto de renda, com indicação de renda proveniente da comer-
cialização de produção rural; ou
X – licença de ocupação ou permissão outorgada pelo Incra.
I.03 O art. 106 da Lei nº 8.213/91 traz um rol de documentos hábeis à comprovação do ex-
ercício de atividade rural. Esse rol de documentos é taxativo?
NãO
Art. 106. A comprovação do exercício de atividade rural será feita, alternativamente, por meio de:
I – contrato individual de trabalho ou Carteira de Trabalho e Previdência Social;
II – contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural;
III – declaração fundamentada de sindicato que represente o trabalhador rural ou, quando for
o caso, de sindicato ou colônia de pescadores, desde que homologada pelo Instituto Nacional
do Seguro Social – INSS;
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Súmula 6-TNU: A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição
de trabalhador rural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícola.
I.04 João, trabalhador rural, deseja se aposentar. Após ter o pedido negado administrativa-
mente, ele ingressou com ação judicial contra o INSS pedindo a concessão da aposentadoria
por idade rural. Como início de prova material, João juntou três documentos (docs. 1, 2 e 3).
O Juiz Federal julgou improcedente o pedido airmando que os documentos apresentados não
são suicientes para comprovar o exercício de atividade rural pelo período correspondente à
carência. O juiz, ao decidir que não existem nos autos documentos que se constituam em in-
ício de prova material da atividade rural, deverá extinguir o processo com ou sem resolução
do mérito? O autor poderá repropor ação?
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SIM
Se a petição inicial de ação em que se postula a aposentadoria rural por idade não for instruída
com documentos que demonstrem início de prova material quanto ao exercício de atividade
rural, o processo deve ser extinto SEM resolução de mérito por falta de pressuposto de con-
stituição e desenvolvimento válido do processo (art. 485, IV, do CPC). ISSO SIGNIFICA QUE
O SEGURADO PODERÁ AJUIZAR NOVA AÇÃO CASO REÚNA OS ELEMENTOS NECESSÁRIOS A
ESSA INICIATIVA (art. 486, § 1º).
QUAL É A RELEVÂNCIA DESSE DEBATE? QUAL É A CONSEQUÊNCIA DE O STJ DIZER QUE O JUIZ
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RESUMINDO:
Se a petição inicial de ação em que se postula a aposentadoria rural por idade não for instruída
com documentos que demonstrem início de prova material quanto ao exercício de atividade rural,
o processo deve ser extinto sem resolução de mérito por falta de pressuposto de constituição
e desenvolvimento válido do processo (art. 485, IV, do CPC). Isso signiica que o segurado
poderá ajuizar nova ação caso reúna os elementos necessários a essa iniciativa (art. 486, § 1º).
STJ. Corte Especial. REsp 1.352.721-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
16/12/2015 (recurso repetitivo) (Info 581).
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NãO
Antes de justiicar a resposta, vamos fazer uma breve revisão sobre o tema:
O QUE É O DPVAT?
O DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestres) é um seguro
obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre, ou por sua
carga, a pessoas, transportadas ou não.
Em outras palavras, qualquer pessoa que sofrer danos pessoais causados por um veículo auto-
motor, ou por sua carga, em vias terrestres, tem direito a receber a indenização do DPVAT. Isso
abrange os motoristas, os passageiros, os pedestres ou, em caso de morte, os seus respectivos
herdeiros.
Ex: dois carros batem e, em decorrência da batida, acertam também um pedestre que passava
no local. No carro 1, havia apenas o motorista. No carro 2, havia o motorista e mais um pas-
sageiro. Os dois motoristas morreram. O passageiro do carro 2 e o pedestre icaram inválidos.
Os herdeiros dos motoristas receberão indenização de DPVAT no valor correspondente à morte.
O passageiro do carro 2 e o pedestre receberão indenização de DPVAT por invalidez.
Para receber indenização, não importa quem foi o culpado. Ainda que o carro 2 tenha sido o
culpado, os herdeiros dos motoristas, o passageiro e o pedestre sobreviventes receberão a in-
denização normalmente.
O DPVAT não paga indenização por prejuízos decorrentes de danos patrimoniais, somente danos
pessoais.
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QUEM SÃO OS BENEFICIÁRIOS DO SEGURO DPVAT? QUEM TEM DIREITO DE RECEBER A IN-
DENIZAÇÃO?
* no caso de morte: metade será paga ao cônjuge do falecido, desde que eles não fossem
separados judicialmente, e o restante aos herdeiros da vítima, obedecida a ordem da vocação
hereditária. Não havendo cônjuge nem herdeiros, serão beneiciários os que provarem que a
morte da vítima os privou dos meios necessários à subsistência.
* no caso de invalidez permanente: a própria vítima.
* no caso de despesas de assistência médica e suplementares: a própria vítima.
IMAGINE AGORA QUE JOÃO SOFREU ATROPELAMENTO EM VIA FÉRREA (FOI ATROPELADO POR
UM TREM), OCASIONANDO A SUA MORTE. MARIA, SUA ESPOSA, REQUEREU INDENIZAÇÃO DO
DPVAT. O PEDIDO SERÁ ACEITO?
NÃO.
A Lei nº 6.194/74 instituiu o “Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados por veículos au-
tomotores de via terrestre, ou por sua carga, a pessoas transportadas ou não”, conhecido como
seguro DPVAT.
O Anexo I do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) deine “veículo automotor” como sendo:
“todo veículo a motor de propulsão que circule por seus próprios meios, e que serve normal-
mente para o transporte viário de pessoas e coisas, ou para a tração viária de veículos utilizados
para o transporte de pessoas e coisas. O termo compreende os veículos conectados a uma linha
elétrica e que não circulam sobre trilhos (ônibus elétrico)”.
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O veículo automotor se distingue das demais espécies, por contar com um movimento intrínseco
em sua estrutura, locomovendo-se, de forma autônoma, por meio de motor.
O trem e seus assemelhados (metrô e bonde) também se movimentam por meio de motor. No
entanto, nem por isso, poderão ser considerados como veículos automotores. Isso porque o
trem, apesar de se autolocomover por motor, necessita da utilização de “trilhos”, circunstância
que o diferencia dos veículos automotores.
Quando o legislador quis ampliar o conceito de veículo automotor abrangendo meios de trans-
porte que andam sobre trilhos, ele fez isso expressamente. Foi o caso da parte inal do anexo I
do CTB, na qual o legislador incluiu na expressão “veículo automotor” os veículos “conectados a
uma linha elétrica e que não circulam sobre trilhos (ônibus elétrico)”. Se ele quisesse ter incluído
os trens, o teria feito também de forma taxativa, como fez com o ônibus elétrico.
Assim, resumindo, para ins de recebimento do DPVAT, o veículo deve apresentar um motor em
sua estrutura, que o permita se autolocomover e circular por terra ou por asfalto (via terrestre).
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modo, a seguradora pagou a ele apenas R$ 100 mil (indenização por invalidez parcial). In-
conformado, João ingressou com ação judicial contra a seguradora pedindo o pagamento do
benefício. O pedido de João foi aceito pelo STJ?
NãO
O fato de o beneiciário de seguro de vida ter sido reformado pelo Exército em razão de inca-
pacidade total para sua atividade habitual (serviço militar) não implica, por si só, o direito à
percepção de indenização securitária em seu grau máximo quando a apólice de seguro estipula
que esse grau máximo é devido no caso de invalidez total permanente para qualquer atividade
laboral.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.318.639-MS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 26/4/2016
(Info 582).
O indivíduo que é considerado inválido para o serviço militar não o é, necessariamente, para as
atividades laborais comuns. Isso porque é muito mais rígida a exigência física na seara militar.
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pensão alimentícia, sendo a transação homologada pelo Juiz, após parecer favorável do MP.
Ocorre que algum tempo depois, João se recusou a pagar o valor estipulado alegando a nuli-
dade do acordo celebrado sob o argumento de que ele estaria inquinado de nulidade porque,
no momento em que realizada a transação, não teve a assistência técnica do seu advogado.
A tese de João foi aceita pelo STJ? O acordo judicial de alimentos celebrado sem a presença
do advogado da parte é nulo/anulável pelo simples fato da ausência do causídico?
NãO
“Art. 6º Na audiência de conciliação e julgamento deverão estar presentes autor e réu, inde-
pendentemente de intimação e de comparecimento de seus representantes.
(...)
Art. 9º Aberta a audiência, lida a petição ou o termo, e a resposta, se houver, ou dispensada
a leitura, o juiz ouvirá as partes litigantes e o representante do Ministério Público, propondo
conciliação.
§ 1º Se houver acordo, lavrar-se-á o respectivo termo, que será assinado pelo juiz, escrivão,
partes e representantes do Ministério Público.”
Vale ressaltar que a Lei de Alimentos aceita a postulação verbal pela própria parte, por termo
ou advogado constituído nos autos (art. 3º, § 1º), o que demonstra a preocupação do legisla-
dor em garantir aos necessitados a via judiciária mesmo sem advogado (REsp 1.113.590-MG,
Terceira Turma, DJe 10/9/2010).
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Assim, com base nessa lei especíica, entende-se que o alimentante possui capacidade e legit-
imidade para transacionar, independentemente da presença de seu patrono no momento da
realização do ato.
ADMITE-SE ACORDO EXTRAJUDICIAL SEM ADVOGADO; LOGO, COM MAIOR RAZÃO, DEVE-SE
ACEITAR NA VIA JUDICIAL
O STJ possui diversos precedentes no sentido de que “A assistência de advogado não constitui
requisito formal de validade de transação celebrada extrajudicialmente mesmo versando sobre
direitos litigiosos” (RESP 666.328-PR, Primeira Turma, DJ 21/3/2005).
Ora, se é possível o acordo extrajudicial sem advogado, com maior razão deve-se admitir no
caso de este ser celebrado perante a via judicial, especialmente porque, neste caso, há maior
proteção das partes, tendo em vista a participação do Ministério Público, como custos legis,
bem como por meio da atuação do próprio Estado-Juiz. Incide aqui a premissa de que “quem
pode o mais, pode o menos”.
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fendendo que, mesmo com o § 9º, a presença do advogado na audiência de conciliação é mera
faculdade (e não dever) das partes. Veja:
“Segundo o § 9º do art. 334 do Novo CPC, as partes devem estar acompanhadas por seus ad-
vogados ou defensores públicos. Compreende-se a preocupação do legislador, porque com uma
assessoria técnica se evitam avenças inexequíveis ou temerárias, nas quais as partes podem
dispor de direitos que nem sabiam ser titulares.
Apesar de aparentemente instituir um dever, o dispositivo não prevê a consequência de seu
descumprimento. Entendo que não se trata efetivamente de um dever, mas de uma faculdade
da parte, até porque o ato de autocomposição ou mediação é ato da parte, que independe de
capacidade postulatória, de forma que a ausência de seu patrono nessa audiência não impede
que a solução consensual seja obtida e homologada em juízo. Dessa forma, a ausência do ad-
vogado não impede a realização da audiência e a consequente autocomposição.” (NEVES, Daniel
Amorim Assumpção. Novo CPC comentado. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 578).
NãO
Não é abusiva a mera previsão contratual que estabelece a duplicação do valor do aluguel no
mês de dezembro em contrato de locação de espaço em shopping center.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.409.849-PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 26/4/2016
(Info 582).
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ELEMENTOS DO CONTRATO
A locação de espaço em shopping center é uma modalidade de contrato empresarial, contendo
fundamentalmente os seguintes elementos:
a) o consentimento dos contratantes;
b) a cessão do espaço; e
c) o aluguel.
ALUGUEL
O aluguel em si é composto de uma parte ixa e de uma parte variável.
A parcela ixa é estabelecida em um valor preciso no contrato com possibilidade de reajuste
pela variação da inlação, correspondendo a um aluguel mínimo mensal.
A parcela variável consiste em um percentual sobre o montante de vendas (faturamento do
estabelecimento comercial), variando em torno de 7% a 8% sobre o volume de vendas.
Se o montante em dinheiro do percentual sobre as vendas for inferior ao valor do aluguel ixo,
apenas este deve ser pago; se for superior, paga-se somente o aluguel percentual.
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A discussão acerca da validade dessa cláusula centra-se na tensão entre os princípios da au-
tonomia privada e da função social do contrato.
O princípio da autonomia privada é o poder que o ordenamento jurídico confere aos particulares
para que possam dispor sobre os seus interesses, notadamente os econômicos (autonomia ne-
gocial), realizando livremente negócios jurídicos e determinando os respectivos efeitos.
A autonomia privada, embora modernamente tenha sido mitigada por outros princípios (como
a boa-fé e a função social do contrato), apresenta-se, ainda, como a pedra angular do sistema
de direito privado, especialmente no plano do Direito Empresarial.
AUTONOMIA PRIVADA
O princípio da autonomia privada concretiza-se, fundamentalmente, no direito contratual, por
meio de três dimensões (campos de incidência):
a) liberdade contratual: poder conferido às partes de escolher o negócio a ser celebrado, com
quem contratar e o conteúdo das cláusulas contratuais;
b) força obrigatória dos pactos: o agente é livre para contratar ou não, mas a partir do momento
em que contrata, ica vinculado a ele. Assim, deve ser responsável pelos atos praticados, pois
os contratos são celebrados para serem cumpridos (pacta sunt servanda);
c) relatividade dos contratos: a força obrigatória do contrato é restrita às partes contratantes
(res inter alios acta). Os direitos e as obrigações nascidos de um contrato não atingem terceiros,
cuja manifestação de vontade não teve participação na formação desse negócio jurídico. De
outro lado, nenhum terceiro pode intervir no contrato regularmente celebrado. Limita-se, assim,
até mesmo, a atuação legislativa do próprio Estado, em virtude da impossibilidade de uma lei
nova incidir retroativamente sobre contrato regularmente celebrado, por constituir ato jurídico
perfeito. Entretanto, admite-se a revisão administrativa e judicial dos contratos nos casos ex-
pressamente autorizados pelo ordenamento jurídico.
Assim sendo, a cláusula que prevê a duplicação do valor do aluguel no mês de dezembro em
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contrato de locação de espaço em shopping center (aluguel dúplice ou 13º aluguel) não deve
ser julgada abusiva pelo Poder Judiciário, considerando que é tradicional nesse tipo de contrato
e foi livremente pactuada entre as partes.
NãO
Assim, o conceito é técnico-jurídico e só será considerada droga o que a lei (em sentido amplo)
assim reconhecer como tal. Mesmo que determinada substância cause dependência física ou
psíquica, se ela não estiver prevista no rol das substâncias legalmente proibidas, ela não será
tratada como droga para ins de incidência da Lei nº 11.343/2006 (ex: álcool).
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TETRAHIDROCANABINOL (THC)
Tetrahidrocanabinol, também conhecido como THC, é uma substância psicoativa encontrada na
planta Cannabis sativa, mais popularmente conhecida como maconha.
A quantidade de THC na maconha pode variar de acordo com uma série de fatores, como o tipo
de solo, a estação do ano, a época em que foi colhida, o tempo de colheita e consumo etc.
A THC é prevista expressamente como droga na Portaria SVS/MS nº 344/1998, da ANVISA.
CANABINOIDE
Canabinoide é uma expressão genérica utilizada para descrever substâncias que, se utilizadas
por seres humanos, ativam os receptores canabinoides.
Os canabinoides podem ser divididos em três diferentes espécies: itocanabinóides, endo-
canabinóides e canabinoides sintéticos.
Na maconha são encontrados itocanabinóides. Assim, pode-se dizer que canabinoide seja uma
característica da maconha (possibilidade de se ativar os receptores canabinoides).
A portaria da ANVISA não prevê a “canabinoide” como substância proibida, mencionando apenas
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a tetrahidrocanabinol (THC).
DIANTE DO CENÁRIO ACIMA, A DEFESA DE JOÃO ALEGOU QUE ELE NÃO PRATICOU O CRIME
PREVISTO NO ART. 33 DA LEI Nº 11.343/2006, CONSIDERANDO QUE A CABANINOIDE NÃO
ESTÁ PREVISTA NA LISTA DA ANVISA E TENDO EM VISTA QUE NÃO FOI ENCONTRADA THC NA
SUBSTÂNCIA APREENDIDA. ESTA TESE FOI ACOLHIDA PELO STJ?
NÃO.
Classiica-se como “droga”, para ins da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas), a substância
apreendida que possua “canabinoides” (característica da espécie vegetal Cannabis sativa), ainda
que naquela não haja tetrahidrocanabinol (THC).
STJ. 6ª Turma. REsp 1.444.537-RS,Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 12/4/2016 (Info
582).
A Lista E da Portaria nº 344/1998 traz o rol de plantas que podem originar substâncias entor-
pecentes e/ou psicotrópicas. A Cannabis sativa integra a Lista E da referida portaria, de forma
que ela é considerada droga.
Os exames realizados pelos peritos concluíram que, no material apreendido e analisado, “foi
constatada a presença de canabinoides, característica da espécie vegetal Cannabis sativa”.
Portanto, irrelevante, para a comprovação da materialidade do delito, o fato de o laudo pericial
não haver revelado a presença de tetrahidrocanabiol (THC) – um dos componentes ativos da
Cannabis sativa – na substância, porquanto constatou-se que a substância apreendida contém
canabinoides, característicos da espécie vegetal Cannabis sativa, que causam dependência e
integram a Lista E da Portaria nº 344/1998.
Em outras palavras, o laudo pericial apontou a presença de substância que integra a espécie
vegetal Cannabis sativa, a qual encontra-se expressamente prevista na Lista E da Portaria da
Anvisa.
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cias, da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Sul, o material enviado
para análise foi submetido ao exame botânico macroscópico e ao teste químico com o sal ‘Fast
Blue B’, e o resultado foi positivo para canabinóides. Segundo a conclusão do referido laudo, a
‘cannabis sativa’ contém canabinóides que causam dependência’ (l. 70)” . (...)
STF. 1ª Turma. HC 116312, Rel. Min. Dias Tofoli, julgado em 10/09/2013.
NãO
Ainda que o réu comprove o exercício de atividade proissional lícita, se, de forma concomitante,
ele se dedicava a atividades criminosas, não terá direito à causa especial de diminuição de pena
prevista no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas).
STJ. 6ª Turma. REsp 1.380.741-MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 12/4/2016
(Info 582).
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A razão de ser da mencionada minorante é justamente punir com menor rigor o pequeno traf-
icante, ou seja, aquele indivíduo que não faz do tráico de drogas o seu meio de vida.
O § 4º do art. 33, ao prever que o acusado não deve se dedicar a atividades criminosas, não
exige, em nenhum momento, que essa dedicação seja exercida com exclusividade. Portanto,
a aplicação da minorante é obstada ainda que o agente exerça, concomitantemente, atividade
proissional lícita.
I.02 O fato de ter icado provado que o agente se utilizava de um adolescente para vender
a droga para ele em troca de comissão serve como indicativo de que este réu se dedicava a
atividade criminosas, impedindo a aplicação do § 4º do art. 33 da lD?
SIM
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