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Direito Penal - Volume 2 | 5ª ed.

SUMÁRIO

1. PARTE GERAL - TEORIA DA PENA 4


a) Conceito de Pena 4
b) Espécies de Pena 5
c) Da Pena Privativa de Liberdade 6
● Dos Regimes de Cumprimento de Pena Privativa de Liberdade 6
● Direitos do Preso 8
● Trabalho do Preso 8
● Progressão de Regime 9
d)​ ​Das Penas Restritivas de Direitos 10
● Espécies 10
● Características das Penas Restritivas de Direitos 12
e)​ ​Da Pena de Multa 13
f) ​ ​Da Aplicação da Pena 15
● Circunstância Judiciais (Art. 59 do CP) 15
● Circunstâncias Agravantes e Atenuantes 16
g)​ ​Suspensão Condicional da Pena 17
h)​ ​Do Livramento Condicional 19
i)​ ​Efeitos da Condenação 21
j)​ ​Da Reabilitação 21
k)​ ​Extinção da Punibilidade 22
l)​ ​Prescrição 23
● Prescrição da Pretensão Punitiva 24
● Prescrição da Pretensão Executória 26
● Prescrição Intercorrente 27
● Prescrição Retroativa 27
● Prescrição Antecipada ou Virtual 28
2. PARTE ESPECIAL – DOS CRIMES CONTRA A VIDA 28
a) Fundamento Constitucional e Internacional de Proteção do Bem Jurídico “Vida” 28
b) Titular do Direito à Vida 28
c) Dos Crimes em Espécie 29
3. PARTE ESPECIAL - DAS LESÕES CORPORAIS 39
a) Considerações Gerais 39
● Modalidades 39
4. PARTE ESPECIAL - DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 44
a) Furto (Art. 155 do CP) 44
● Modalidades de Furto 44
b)​ ​Roubo (Art. 157 do CP) 51

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● Espécies de Roubo (Art. 157 do CP) 52


c)​ ​Extorsão 56
● Extorsão Mediante Sequestro 57
● Extorsão Indireta (Art. 160 do CP) 58
d)​ ​Crime de Dano 59
e) ​Apropriação Indébita 61
f)​ ​Estelionato 62
g)​ ​Receptação 70
h)​ ​Disposições Gerais Aplicáveis aos Crimes Contra o Patrimônio 72
● Imunidade Penal 72
5. PARTE ESPECIAL – DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL 73
a) Estupro 73
b) Importunação Sexual 76
c) Assédio Sexual 78
d) Estupro de Vulnerável 81
6. PARTE ESPECIAL – DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM DE
PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL 82

7. PARTE ESPECIAL – CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA 84

8. PARTE ESPECIAL – DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA 88

9. PARTE ESPECIAL – DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 90


a) Dos Crimes Praticados por Funcionário Público Contra a Administração em Geral 90
b) Dos Crimes Praticados por Particular Contra a Administração em Geral 94
c) Dos Crimes Contra a Administração da Justiça 99

10. DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA 102


a) Dos Crimes de Perigo Comum - Incêndio e Explosão 102

BIBLIOGRAFIA 104

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1. PARTE GERAL - TEORIA DA PENA

CONCEITO DE PENA

Com a prática do delito surge a pretensão punitiva estatal materializada na sanção penal, a pena
e a medida de segurança são suas espécies.
● Pena:​ culpabilidade
● Medida de Segurança:​ periculosidade.

De acordo com Guilherme de Souza Nucci, a pena é a sanção imposta pelo Estado, por meio de
ação penal, ao criminoso como retribuição ao delito perpetrado e prevenção a novos crimes.
Possui duas finalidades, quais sejam:
a) Preventiva​: visa evitar a prática de novas infrações penais.
● Prevenção Geral​ - destina-se a todos integrantes da sociedade
● Prevenção Especial - destina-se ao indivíduo infrator, visa que o mesmo não cometa
novas infrações penais.
​b)​ ​Repressiva​: visa a punição do autor do delito.

Princípios Constitucionais aplicados à teoria da pena

a) Princípio da pessoalidade da pena - Art. 5º, XLV, da CRFB/88 - nenhuma pena passará da
pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

b) Princípio da individualização da pena - todo indivíduo tem o direito de ter a pena a ele
aplicada individualmente, consideradas todas as características e condições pessoais,
além de se valorar o que efetivamente fez.

c) Princípio da humanização da pena ​- A pena deve visar a ressocialização do apenado,


sendo proibidas:
● de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
● Obs.: CF X TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL - o entendimento de que o suposto
conflito entre o texto do Estatuto de Roma e a Constituição brasileira era apenas
aparente, tornando possível a sua vigência no ordenamento jurídico brasileiro sem
qualquer necessidade de reforma constitucional - a disposição que veda a pena de
prisão perpétua (art. 5º, XLVII, “b”, da CF/1988) encontra-se direcionada ao legislador

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interno, tendo em vista os crimes domésticos, não cabendo restrições aos legisladores
do Direito Internacional
● de caráter perpétuo;
● de trabalhos forçados;
● de banimento;e
● cruéis;
d) ​Princípio da inderrogabilidade - a pena não pode deixar de ser aplicada sob nenhum
fundamento.

ESPÉCIES DE PENA

Pena Privativa de Liberdade: são as penas de reclusão, detenção e prisão simples. É a mais
grave, pressupõe a restrição da liberdade do condenado.
Pena Restritiva de Direito:​ pressupõe a restrição de determinados direitos do condenado.
Multa:​ é uma pena pecuniária.

DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE

Conceito

Nas palavras de Ricardo Andreucci, nas penas privativas de liberdade há diminuição do direito à
liberdade do criminoso, fazendo com que seja ele recolhido a estabelecimento prisional
adequado, de acordo com a espécie e a quantidade de pena fixada. Se subdivide em:
a) Pena de Reclusão (regime fechado, semiaberto ou aberto)
b) Pena de Detenção (somente nos regimes semiaberto e aberto)
c) Pena de Prisão Simples (no caso das contravenções penais)

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DOS REGIMES DE CUMPRIMENTO DE PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE

Regime Fechado

Local de Cumprimento de Pena​: estabelecimento de segurança máxima ou média. A penitenciária


destina-se ao condenado à pena de reclusão, em regime fechado.
Quantum de Pena​: o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em
regime fechado ou o condenado reincidente.
Forma de Cumprimento​: O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento
durante o repouso noturno
Trabalho Externo​: O trabalho externo é admissível somente em serviços ou obras públicas.

Regime Semiaberto

Local de Cumprimento de Pena:​ colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar.


Quantum de Pena: poderá o condenado não reincidente, desde o princípio, cumpri-la em regime
semiaberto, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito).
Forma de Cumprimento: O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno,
em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar.
Trabalho Externo: O trabalho externo é admissível, bem como a frequência a cursos supletivos
profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior.
Saída Temporária:
● Cabimento: é permitida nos casos de presos no regime semiaberto, justifica-se pelo
fato de ser finalidade da pena a ressocialização do apenado.
● Súmula 520 do STJ: O benefício de saída temporária no âmbito da execução penal
é ato jurisdicional insuscetível de delegação à autoridade administrativa do
estabelecimento prisional.
● Requisitos:
a) Comportamento adequado;
b) 1/6 da pena se for primário
c) 1/4 da pena se for reincidente.
d) Compatibilidade do benefício com os objetivos da pena.
Obs.: Súmula 40 do STJ - Para obtenção dos benefícios de saída temporária e
trabalho externo, considera-se o tempo de cumprimento da pena no regime
fechado.
● Duração: A autorização será concedida por prazo não superior a 7 (sete) dias,
podendo ser renovada por mais 4 (quatro) vezes durante o ano. Quando se tratar de

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frequência a curso profissionalizante, de instrução de ensino médio ou superior, o


tempo de saída será o necessário para o cumprimento das atividades discentes.

Regime Aberto

Local de Cumprimento de Pena​: casa de albergado ou estabelecimento adequado.


Quantum de Pena​: condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos,
poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.
● Obs.: é cabível o cumprimento de pena no regime aberto para reincidentes quando
as circunstâncias favoráveis assim o permitir.
Forma de Cumprimento: O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de
responsabilidade do condenado. O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância,
trabalhar, frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido
durante o período noturno e nos dias de folga.
Trabalho Externo: é muito mais que um direito, constitui-se em um dever do condenado em
trabalhar ou frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada.

Regime Especial

As mulheres cumprem pena em estabelecimento próprio, observando-se os deveres e direitos


inerentes à sua condição pessoal.
Regras Específicas
● No estabelecimento para mulheres somente se permitirá o trabalho de pessoal do sexo
feminino, salvo quando se tratar de pessoal técnico especializado.
● A mulher e o maior de sessenta anos, separadamente, serão recolhidos a estabelecimento
próprio e adequado à sua condição pessoal.
● Os estabelecimentos penais destinados a mulheres serão dotados de berçário, onde as
condenadas possam cuidar de seus filhos, inclusive amamentá-los, no mínimo, até 6 (seis)
meses de idade.
● Será assegurado acompanhamento médico à mulher, principalmente no pré-natal e no
pós-parto, extensivo ao recém-nascido.

DIREITOS DO PRESO

É assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral (Art. 5.º, XLIX, da CF), bem como
o preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as
autoridades o respeito à sua integridade física e moral (Art. 38 do CP).

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TRABALHO DO PRESO

O trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-lhe garantidos os benefícios da Previdência


Social (Art. 39 do CP). Não se confunde com trabalho forçado, por conseguinte, constitui-se em
uma forma ressocialização do preso.
É possível com o trabalho a remição da pena imposta. A remição é o resgate da pena pelo
trabalho ou estudo, permitindo-se o abatimento do montante da condenação, periodicamente,
desde que se constate estar o preso em atividade laborativa ou estudando (Guilherme Nucci).

Questionamentos Regras para a remição

Quem poderá remir a - O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou


execução da pena? semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do
tempo de execução da pena (Art. 126 da LEP).
- Não há falar em remição de pena pelo trabalho estando o
condenado no regime aberto ou em livramento condicional,
visto que nestes casos o trabalho é condição de ingresso e
permanência (Renato Marcão)
- É possível a remição para o condenado que cumpre pena
em regime aberto pela frequência a curso de ensino regular
ou de educação profissional.

A quem incumbe requerer a - Incumbe à Defensoria Pública ou advogado constituído


remição da pena? requerer a remição da pena (Art. 81-B da LEP).
- O MP também poderá requerer a remição, considerando
que o mesmo atua como fiscal da lei.

A quem incumbe decidir - Compete ao Juiz da execução decidir sobre a remição da


sobre a remição da pena? pena (Art. 66 da LEP)

Como se conta o tempo da - Atividade de ensino fundamental, médio, inclusive


remição? profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação
profissional
❖ 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de
frequência escolar, divididas, no mínimo, em 3
(três) dias.
❖ O tempo a remir em função das horas de
estudo será acrescido de 1/3 (um terço) no caso
de conclusão do ensino fundamental, médio ou
superior durante o cumprimento da pena, desde
que certificada pelo órgão competente do
sistema de educação
● Trabalho
❖ 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de

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trabalho.
❖ O preso impossibilitado, por acidente, de
prosseguir no trabalho ou nos estudos
continuará a beneficiar-se com a remição.

Obs.: Admite-se a acumulação dos casos de remição


(trabalho + estudo), desde que exista compatibilidade das
horas diárias, e sendo assim, o preso que trabalhar e estudar
regularmente e com atendimento à carga horária diária que a
lei reclama para o trabalho e também para o estudo, poderá,
a cada 3 (três) dias, reduzir 2 (dois) dias de sua pena
(Renato Marcão)

Quais as consequências da Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um
prática de falta grave na terço) do tempo remido, recomeçando a contagem a partir da
remição? data da infração disciplinar.

PROGRESSÃO DE REGIME

As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o


mérito do condenado.
O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do
cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto
do ilícito praticado, com os acréscimos legais.

Regras de Progressão de Regime

● 1/6 da pena para condenados em crimes comuns


● 2/5 da pena para condenados em crimes hediondos
● 3/5 da pena para condenados em crimes hediondos (reincidente)
● o cumprimento da pena privativa de liberdade também contempla a possibilidade de
regressão de regime quando:
1) Cometimento de Falta Grave
2) Unificação de penas

Limite das penas

● Tempo Máximo da PPL - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não
pode ser superior a 30 (trinta) anos.

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● Pluralidade de Condenações - o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja


soma seja superior a 30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite
máximo deste artigo.

DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS

Conceito

São penas alternativas às privativas de liberdade, expressamente previstas em lei, tendo por fim
evitar o encarceramento de determinados criminosos, autores de infrações penais consideradas
mais leves, promovendo-lhes a recuperação através de restrições a certos direitos (Guilherme
Nucci).

ESPÉCIES

Prestação Pecuniária

A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a


entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1
(um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos.
O valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se
coincidentes os beneficiários.

Perda de Bens e Valores

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Destinação - A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a


legislação especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional
Valor ​- o que for maior:
● O montante do prejuízo causado ou;
● O provento obtido pelo agente ou; por terceiro, em conseqüência da prática do crime.

Limitação de Fim de Semana

A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos,


por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado.

Prestação de Serviço à Comunidade ou a Entidades Públicas

Cabimento: A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às


condenações superiores a seis meses de privação da liberdade.
Atividades Desenvolvidas: A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas
consiste na atribuição de tarefas ​gratuitas​ ao condenado.
Local de Cumprimento: A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades
assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas
comunitários ou estatais.
Forma de Cumprimento: ​As atividades serão atribuídas conforme as aptidões do condenado,
devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a
não prejudicar a jornada normal de trabalho.
Tempo de Cumprimento: ​Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado
cumprir a pena substitutiva em menor tempo, nunca inferior à metade da pena privativa de
liberdade fixada.

Interdição Temporária de Direitos

As penas de interdição temporária de direitos são:


a) proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato
eletivo;
b) proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação
especial, de licença ou autorização do poder público;
c) suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo;
d) proibição de freqüentar determinados lugares;
e) proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos.

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CARACTERÍSTICAS DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS

Substitutiva: São substitutivas porque derivam da permuta que se faz após a aplicação, na
sentença condenatória, da pena privativa de liberdade. Não há tipos penais prevendo, no preceito
secundário, pena restritiva de direito. Portanto, quando juiz aplicar uma pena privativa de
liberdade, pode substituí-la por uma restritiva, pelo mesmo prazo da primeira (Nucci).
Autonomia:​ São autônomas porque subsistem por si mesmas após a substituição.

Critérios para a substituição da Pena Privativa de Liberdade em Restritiva de Direito

Critérios para a Substituição da PPL em PRD

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Condenado Reincidente e Conversão da PRD em PPL

DA PENA DE MULTA

Conceito

A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e


calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e
sessenta) dias-multa.

Valor do Dia Multa

O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário
mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário.
O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção monetária.

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Do pagamento da Multa

Prazo de Pagamento: A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em
julgado a sentença.
Pagamento em Parcela: A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode
permitir que o pagamento se realize em parcelas mensais.
Desconto do Salário: A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento ou
salário do condenado quando:
a) aplicada isoladamente;
b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos;
c) concedida a suspensão condicional da pena.

OBSERVAÇÃO: O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao


sustento do condenado e de sua família.

Competência para Execução:


● Posicionamento STJ - a pena pecuniária é considerada dívida de valor e, desse modo,
possui caráter extrapenal, de forma que sua execução é de competência exclusiva da
Procuradoria da Fazenda Pública.
● Posicionamento STF - a multa é de natureza penal e precisa ser executada,
preferencialmente, pelo Ministério Público.

Critérios especiais da pena de multa

Critério de Fixação: Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situação
econômica do réu. A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude
da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo.
Multa Substitutiva (Vicariante): A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis)
meses, pode ser substituída pela de multa.

DA APLICAÇÃO DA PENA

Considerações Gerais

O Código Penal adotou o sistema trifásico de aplicação da pena, isto é, são três fases utilizadas
para se chegar ao quantum de pena aplicada ao condenado, são elas:
a) 1ª Fase​ - Circunstâncias Judiciais (Art. 59 do CP)

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b) 2ª Fase​ - Circunstâncias Agravantes e Atenuantes


c) 3ª Fase​ - Causas de Aumento e Diminuição de Pena
Fundamento - Princípio da Individualização da Pena.

CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAIS (ART. 59 DO CP)

Observações Importantes

São 08 (oito) circunstâncias judiciais, são elas, culpabilidade, antecedentes, conduta social,
personalidade do agente, motivos do crime, circunstâncias do crime, consequências do crime,
bem como o comportamento da vítima.
Para cada circunstância judicial seja utilizada a fração de 1/8, pois são oito circunstâncias no art.
59 do CP.

A fração de 1/8 deve ser calculada sobre o resultado da subtração entre a pena máxima e a
mínima do crime julgado. No delito de furto simples (art. 155, caput, do CP), em que a pena
mínima é de um ano e a máxima é de quatro anos (4 - 1 = 3 anos), para cada circunstância
judicial prejudicial, recrudesce-se em 1/8 de 3 anos. E esse quantum incidirá sobre a pena
mínima para obter-se a pena-base.

Circunstâncias Judiciais
​ urso
(​Quadro esquematizado desenvolvido a partir das lições do professor Marcelo Misaka -​ C
de Sentença Criminal)

1) ​Culpabilidade​: Entende-se por culpabilidade a maior ou menor censurabilidade do crime.


Quanto mais reprovável o delito, maior a culpabilidade.

2) ​Antecedentes​: deverá ser avaliada a vida pregressa do agente, normalmente o seu


envolvimento com episódios criminais antes daquele crime que se está a julgar.
● Obs.: Súmula 444 do STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais
em curso para agravar a pena-base.
● Segundo o entendimento dessa súmula, maus antecedentes seriam as condenações
criminais transitadas em julgado antes ou depois da prática do delito julgado, e que não
caracterizem reincidência (art. 63 do CP). Exs.: aquelas fulminadas pelo período
depurador da reincidência (art. 64, I, do CP), crimes militares e políticos (art. 64, II, do
CP) ou a prática de anterior contravenção penal.

3) ​Conduta Social: Por Conduta Social deve-se entender o comportamento do réu na sua
comunidade (na família, no emprego, no bairro etc.). Deve ter elementos presentes no autos
que atestem tal conduta.

4) ​Personalidade: é a índole do agente, o seu caráter, eventuais traumas da infância, a

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influência do meio social na formação do indivíduo

5) ​Motivo do Crime​: Os motivos do crime são as influências internas e externas que levaram o
sujeito a cometer o delito. Podem ser ou não mais reprováveis.

6) ​Circunstâncias do Crime​: Nas circunstâncias do crime analisa-se o momento da prática do


delito: a forma (meios utilizados, quantidade de agentes), o tempo (maior ou menor duração), o
lugar etc., que demonstrem a necessidade de uma exasperação na pena-base.

7) ​Consequência do Crime: ​é a extensão dos danos provocados pelo crime. Em crimes


formais, cujo resultado naturalístico é desnecessário à caracterização da infração penal, a
ocorrência do resultado naturalístico poderá ser avaliada nesse tópico. Ex.: Num latrocínio em
que a vítima deixa viúva e filhos desamparados, pois dependiam exclusivamente do salário do
de cujus. Eventuais traumas psíquicos adquiridos pela vítima após o delito.

8) ​Comportamento da Vítima: ​contribuição da vítima para a ocorrência do crime, embora não


tenha o condão de justificar ou excluir o crime, a contribuição da vítima pode tornar o delito
menos reprovável, influenciando na fixação da pena-base.

CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES E ATENUANTES

Considerações Gerais

Nas palavras de Marcelo Misaka, estabelecida a chamada pena-base, na fase seguinte serão
perquiridas as circunstâncias agravantes e atenuantes. No Código Penal há um rol de agravantes
(arts. 61 e 62) e atenuantes (arts. 65 e 66). Doutrina e jurisprudência predominante sustentam
que, tal qual na fase anterior, o juiz está adstrito aos limites mínimos e máximos da pena.
● SÚMULA 231 do STJ - A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à
redução da pena abaixo do mínimo legal.

Exasperação da Pena

A jurisprudência tem entendido razoável a fração de 1/6 para cada agravante ou atenuante,
limitados ao mínimo e máximo do preceito secundário.

Concurso de agravantes e atenuantes

No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas


circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos
determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência.
Exemplo: presente a agravante do recurso que dificultou a defesa da vítima e a atenuante da
prática do crime por relevante valor moral, esta deve prevalecer, já que atinente aos motivos do
crime. Então, a pena deve ser atenuada e não agravada (Marcelo Misaka).

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Causas de Aumento e Diminuição

No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz


limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais
aumente ou diminua.
Ex.: o crime tentado, o arrependimento posterior, a semi-imputabilidade quando se opta pela
prisão, o concurso formal e o crime continuado. Na parte especial do Código Penal, dependerá do
crime analisado. Destaca-se: no homicídio privilegiado, no homicídio majorado, em lesões
corporais majoradas, no furto privilegiado etc (Marcelo Misaka)
Nessa fase o juiz não está confinado aos limites mínimos e máximos do preceito secundário.

SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA

Conceito

De acordo com Guilherme Nucci, trata-se de um instituto de política criminal, tendo por fim a
suspensão da execução da pena privativa de liberdade, evitando o recolhimento ao cárcere do
condenado não reincidente, cuja pena não é superior a dois anos (ou quatro, se septuagenário ou
enfermo), sob determinadas condições, fixadas pelo juiz, bem como dentro de um período de
prova predefinido.

Cabimento

● Condenação em pena privativa de liberdade não superior a 2 (dois) anos.


● Condenação em pena privativa de liberdade não superior a 4 (quatro) anos, se o
condenado for maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a
suspensão.

Requisitos para a concessão do Sursis da Pena

● o condenado não pode reincidente em crime doloso


● a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como
os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício
● Não seja indicada ou cabível a substituição da Pena Privativa de Liberdade em Pena
Restritiva de Direito.

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Período de Prova

● Condenado em pena de até 02 (dois) anos (regra geral) - o período de prova será 2 (dois)
a 4 (quatro) anos.
● Condenado em pena não superior a 04 (quatro) anos (​condenado maior de setenta anos
de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão) ​- o período de prova será de 4
(quatro) a 6 (seis) anos.

Forma de Cumprimento

● Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará sujeito à observação e ao cumprimento


das condições estabelecidas pelo juiz.
● No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (Art. 46 do
CP) ou submeter-se à limitação de fim de semana (Art. 48 do CP).

Revogação Obrigatória

A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário:


a) é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso.
b) frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo
justificado, a reparação do dano.
c) não presta serviços à comunidade ou se submete à limitação de fim de semana, no
primeiro ano do prazo.

Revogação Facultativa

A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra condição imposta
ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de
liberdade ou restritiva de direitos.

Prorrogação do período de prova

● Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se


prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo.
● Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período de
prova até o máximo, se este não foi o fixado.

Cumprimento das Condições do Sursis da Pena

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Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera-se extinta a pena privativa de
liberdade.

DO LIVRAMENTO CONDICIONAL

Conceito

Trata-se de um instituto de política criminal, destinado a permitir a redução do tempo de prisão


com a concessão antecipada e provisória da liberdade do condenado, quando é cumprida pena
privativa de liberdade, mediante o preenchimento de determinados requisitos e a aceitação de
certas condições (Nucci).

Natureza Jurídica

é medida penal restritiva da liberdade de locomoção, que se constitui num benefício ao


condenado e, portanto, faz parte de seu direito subjetivo, integrando um estágio do cumprimento
da pena (Nucci).

Cabimento

O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual
ou superior a 2 (dois) anos

Requisitos Necessários para a Concessão do Livramento Condicional

● Cumprimento de mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime


doloso e tiver bons antecedentes;
● Cumprimento de mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;
● Comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom desempenho
no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria subsistência mediante
trabalho honesto;
● Reparação do dano causado pela infração, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo;
● Cumprimento de mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime
hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de
pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa
natureza.
Em suma:
Condenado não reincidente em crime doloso​ - 1/3 da pena.
Condenado reincidente em crime doloso ​- mais da metade da pena.

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Condenado em crime hediondo​ - 2/3 da pena.


Condenado em crime com violência ou grave ameaça a pessoa - Para o condenado por crime
doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará
também subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado
não voltará a delinquir.

Revogação do Livramento Condicional

O livramento condicional será revogado quando:


Se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade, em sentença irrecorrível:
a) por crime cometido durante a vigência do benefício
b) por crime anterior.
A revogação será facultativa se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes
da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que não seja
privativa de liberdade.

Extinção

Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena privativa de
liberdade.
Havendo prática de crime durante o livramento condicional, o juiz não poderá declarar extinta a
pena, enquanto não passar em julgado a sentença em processo a que responde o liberado, por
crime cometido na vigência do livramento.

EFEITOS DA CONDENAÇÃO

Constitui-se em efeito genérico da condenação:


a) A obrigação de indenizar o dano causado pelo crime.
b) A perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé, dos
instrumentos do crime (desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte
ou detenção constitua fato ilícito) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que
constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso.

Constitui-se em efeito específico da condenação:


a) a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo quando aplicada pena privativa de
liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de

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poder ou violação de dever para com a Administração Pública ou quando for aplicada pena
privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos.
b) incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela nos crimes
dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo
poder familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado.
c) a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime
doloso.

OBSERVAÇÃO: Os efeitos específicos não são automáticos, devendo ser


motivadamente declarados na sentença.

DA REABILITAÇÃO

Conceito
Reabilitação é a declaração judicial de que estão cumpridas ou extintas as penas impostas ao
sentenciado, que assegura o sigilo dos registros sobre o processo e atinge os efeitos da
condenação (Ricardo Andreucci).

Cabimento

A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença definitiva, assegurando ao


condenado o sigilo dos registros sobre o seu processo e condenação.

Prazo para Requerimento da Reabilitação

A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em que for extinta, de
qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o período de prova da
suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier revogação.

Requisitos para a Reabilitação

a) domicílio no País
b) demonstração efetiva e constante de bom comportamento público e privado;

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c) ressarcimento do dano causado pelo crime ou demonstração da absoluta impossibilidade


de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a renúncia da vítima ou
novação da dívida.

OBSERVAÇÃO: ​Negada a reabilitação, poderá ser requerida, a qualquer tempo,


desde que o pedido seja instruído com novos elementos comprobatórios dos
requisitos necessários.

Revogação da Reabilitação

A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, se o reabilitado


for condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de multa.

EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

OBSERVAÇÃO: A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento


constitutivo ou circunstância agravante de outro não se estende a este. Nos crimes
conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a
agravação da pena resultante da conexão. Ex.: não é porque o furto prescreveu,
extinguindo-se a punibilidade do agente, que a punibilidade da receptação sofrerá

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qualquer arranhão, ou porque a ameaça deixa de ser considerada delito que o roubo será afetado
(Nucci).

PRESCRIÇÃO

Conceito

Nas palavras de Ricardo Andreucci, prescrição é a perda do direito de punir do Estado pelo
decurso do tempo. Esse instituto tem sua justificativa no desaparecimento do interesse estatal na
repressão ao crime, em razão do tempo decorrido, já não havendo mais sentido na punição
tardia.

Espécies

PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA

Conceito

Ainda nas lições de Ricardo Andreucci, nesse tipo de prescrição, o decurso do tempo faz com
que o Estado perca o jus puniendi (direito de punir), consubstanciado no direito de invocar o
Poder Judiciário para aplicar a sanção ao autor do crime pelo fato cometido.

Prazos

A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, regula-se pelo máximo da pena
privativa de liberdade cominada ao crime.

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PATAMAR MÁXIMO DA PPL TEMPO PARA PRESCRIÇÃO

se o máximo da pena é superior a doze 20 (vinte) anos

se o máximo da pena é superior a oito anos e 16 (dezesseis) anos


não excede a doze

se o máximo da pena é superior a quatro 12 (doze) anos


anos e não excede a oito

se o máximo da pena é superior a dois anos e 08 (oito) anos


não excede a quatro

se o máximo da pena é igual a um ano ou, 04 (quatro) anos


sendo superior, não excede a dois;

se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano 03 (três) anos

OBSERVAÇÃO: no concurso de crimes, seja material, seja formal, seja crime


continuado, a prescrição incide sobre cada infração, isoladamente (Andreucci).

Redução dos Prazos da Prescrição

São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime,
menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos.

Prazo Prescricional e Penas Restritivas de Direitos

Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as privativas de


liberdade.

Início do Prazo da Prescrição Punitiva

Nos termos do Art.111 do CP, a prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final,
começa a correr:
a) do dia em que o crime se consumou
b) no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa

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c) nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência


d) nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da
data em que o fato se tornou conhecido
e) nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código
ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a
esse tempo já houver sido proposta a ação penal.

Interrupção do Prazo da Prescrição Punitiva

Interromper a prescrição significa recomeçar, por inteiro, o prazo prescricional. Ex.: se após o
decurso de 2 anos do lapso prescricional, de um total de 4, houver a ocorrência de uma causa
interruptiva, o prazo recomeça a correr integralmente (Guilherme Nucci). O rol de causas que
interrompem a prescrição é taxativo, são elas:
a) recebimento da denúncia ou da queixa
b) decisão de pronúncia (tribunal do júri)
c) decisão confirmatória da pronúncia (hipótese de o tribunal pronunciar o réu, anteriormente
impronunciado ou absolvido sumariamente pelo juiz)
d) publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis
e) início ou continuação do cumprimento da pena
f) reincidência

Observações Importantes
● a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime,
exceto nos casos de início ou continuação do cumprimento da pena ou reincidência.
● nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a
interrupção relativa a qualquer deles (ex.: Homicídio e Porte Ilegal de Arma de Fogo, com a
decisão de pronúncia do réu, a interrupção da prescrição atinge o crime principal,
homicídio, bem como o crime conexo, Porte Ilegal de Arma de Fogo)
● Com a interrupção da prescrição, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da
interrupção, exceto no caso de início ou continuação do cumprimento da pena.

PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA

Conceito

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Na prescrição da pretensão executória, o decurso do tempo sem o exercício do jus puniendi faz
com que o Estado perca o direito de executar a sanção imposta pela sentença condenatória.
ocorre após o trânsito em julgado da sentença condenatória (Ricardo Andreucci).

Prazos

A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada
e verifica-se nos prazos fixados para a prescrição da pretensão punitiva, os quais se aumentam
de um terço, se o condenado é reincidente.
Assim sendo:
Se Mévio (não reincidente) é condenado a 4 (quatro) anos pela prática de roubo simples o prazo
prescricional será determinado pela pena imposta na sentença condenatória, atingindo o seu
reconhecimento apenas o efeito principal da condenação (sanção) e não os efeitos secundários,
nesse caso, o prazo prescricional será de 08 (oito) anos para executar a sentença condenatória.

Início do prazo da Pretensão Executória


Nos termos do art. 112 do CP, a prescrição começa a corre:
a) do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que
revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional.
b) do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva
computar-se na pena.

PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE

É a prescrição da pretensão punitiva, com base na pena aplicada, com trânsito em julgado para a
acusação ou desde que improvido seu recurso, que ocorre entre a sentença condenatória e o
trânsito em julgado desta (Guilherme Nucci).

PRESCRIÇÃO RETROATIVA

Para a verificação da prescrição retroativa, deve-se tomar a pena em concreto aplicada ao réu e,
em seguida, adequá-la a um dos prazos estabelecidos nos incisos do art. 109. Encontrado o
valor, deve-se tentar colocá-lo entre a data do recebimento da denúncia ou queixa e a data da
publicação da sentença condenatória (Ricardo Andreucci).

Prescrição da Prescrição Prescrição Prescrição da


Pretensão Punitiva Retroativa Intercorrente Pretensão

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Executória

Antes do Do Recebimento da Ocorre entre a Depois de transitar


Recebimento da Denúncia até a sentença em julgado a
Denúncia Sentença condenatória e o sentença ou acórdão
trânsito em julgado condenatório
Atinge a Pretensão desta.
Regula-se pelo Punitiva, ou seja, o Atinge a Pretensão de
máximo da pena Estado perde o direito Atinge a Pretensão Executar a pena,
privativa de liberdade de punir pelo decurso Punitiva, ou seja, o apesar do Estado ter
aplicado ao crime do tempo. Estado perde o direito exercido seu ​jus
de punir pelo decurso puniendi​.
Regula-se pela pena do tempo.
aplicada Regula-se pela pena
Regula-se pela pena aplicada
aplicada

PRESCRIÇÃO ANTECIPADA OU VIRTUAL

Nas palavras de Ricardo Andreucci, prescrição antecipada, também chamada de virtual,


baseia-se na falta de interesse de agir do Estado e tem por escopo evitar que eventual
condenação não tenha função al-guma, desprestigiando a Justiça Pública. Considera-se a pena
que seria aplicada ao criminoso em vista das circunstâncias do caso concreto, pena esta que,
após os trâmites processuais, já estaria prescrita.

OBSERVAÇÃO: ​Súmula 438 do Superior Tribunal de Justiça - É inadmissível a


extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em
pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal.

2. PARTE ESPECIAL – DOS CRIMES CONTRA A VIDA

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FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL DE PROTEÇÃO DO BEM JURÍDICO


“VIDA”

Constituição Federal de 1988: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida​, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...]
Pacto de San José da Costa Rica​: Art. 4º Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua
vida​. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção.
Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente.
Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948: Artigo 3º Todo o homem tem ​direito à vida​,
à liberdade e à segurança pessoal.

TITULAR DO DIREITO À VIDA

Pessoa Humana (Vida Extrauterina): é toda pessoa que possui personalidade jurídica de acordo
com a lei civil, nesse sentido, personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida (Art.
2º, 1ª parte, do Código Civil).
● Crimes Aplicáveis
➔ Homicídio (Doloso e Culposo)
➔ Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio.
➔ Infanticídio.

Nascituro (Vida Intrauterina)​: é todo aquele que ainda não nasceu com vida, mas que está em
desenvolvimento no útero materno, por conseguinte, a lei põe a salvo, desde a concepção, os
direitos do nascituro (Art. 2º, 1ª parte, do Código Civil).
● Crimes Aplicáveis
➔ Aborto

DOS CRIMES EM ESPÉCIE

1) ​Homicídio (Art. 121 do CP)

Conceito​: De acordo com Celso Delmanto, o homicídio é a eliminação da vida de uma pessoa
praticada por outra. Consiste no simples fato de matar (núcleo do tipo) alguém (objeto material).

Modalidades:

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Modalidades de Observações Importantes


Homicídio

Homicídio Simples É aquele em que não ocorrem as hipóteses privilegiadas do § 1º ou


​ o as qualificadas do § 2º (Caráter Subsidiário).
(Art. 121, ​caput, d
CP)
Obs.: É hediondo o homicídio simples (art. 121, caput) quando
praticado em ​atividade típica de grupo de extermínio, ainda que
cometido por um só agente.

Homicídio
Privilegiado​ ​ (Art. Ocorre quando o agente comete o crime ​impelido (dominado)​ por:
​ o CP)
121, § 1º​, d
a) motivo de relevante valor social ou moral
● Valor Moral: diz respeito aos interesses pessoais do
agente (ex.: o pai mata o agente que estuprou sua
filha).
● Valor Social: diz respeito ao motivo nobre ligado a
questões de interesse coletivo (ex.: matar alguém que
tenha traído a pátria).
b) sob o domínio de violenta emoção, ​logo em seguida a injusta
provocação da vítima.
● Fórmula = injusta provocação + emoção violenta +
reação em seguida
● Violenta emoção: quando o sujeito está dominado
pela excitação dos seus sentimentos (ódio, desejo de
vingança, amor exacerbado, ciúme intenso) e foi
injustamente provocado pela vítima, momentos antes
de tirar-lhe a vida (Nucci).

Homicídio Privilegiado X Atenuante genérica do art. 65, III, c, última


parte, do CP (Guilherme Nucci)

a) para o privilégio exige a lei que o agente esteja dominado


pela violenta emoção e não meramente influenciado, como
mencionado no caso da atenuante
b) determina a causa de diminuição de pena que a reação à
injusta provocação da vítima se dê logo em seguida,
enquanto a atenuante nada menciona nesse sentido.

Efeito:

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O juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Homicídio Ocorre quando o homicídio é praticado:


Qualificado (Art.
121, § 2°, do CP) ● mediante paga ou promessa de recompensa, ou por
outro motivo torpe;

Mediante paga ou promessa de recompensa: é o chamado


homicídio mercenário, que o agente pratica por motivo de
pagamento (predomina o entendimento de que deve ter valor
econômico).

Motivo Torpe: Cuida-se do móvel abjeto, de razão soez,


baixa, ignóbil, repugnante, tais como “o prazer do mal, o
desenfreio da lascívia, a vaidade criminal, o despeito da
imoralidade contrariada” (André Estefam)

Ex.: homicídio cometido em razão da homossexualidade da


vítima; falta de pagamento de dívida; para ficar com o
dinheiro do seguro de vida e etc.

● por motivo fútil;

Motivo Fútil: É fútil o homicídio praticado por motivo


insignificante, sem importância, totalmente desproporcionado
em relação ao crime, em vista de sua banalidade (Celso
Delmanto).

Ex.: um operário, na hora do almoço coletivo, matou seu


companheiro de serviço porque este lhe furtara uma banana.

● com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura


ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa
resultar perigo comum;

Veneno: É o chamado venefício, isto é, homicídio cometido


com utilização de veneno. Entende-se por veneno, de acordo
com André Estefam, qualquer substância química, animal ou
vegetal que, uma vez ministrada no organismo, é apta a
causar perigo à vida ou à saúde da vítima.

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Fogo: Como exemplo, cite-se o deitar combustível e atear


fogo ao corpo da vítima.

Explosivo:​ substância capaz de gerar explosão.

Asfixia: Pode ser mecânica (ex.: enforcamento, afogamento


etc.) ou tóxica (ex.: gás asfixiante)

Tortura: É o suplício, que causa atroz e desnecessário


padecimento (Celso Delmanto).

Ainda nas lições de Celso Delmanto, a tortura geralmente é


física, mas também pode ser moral, desde que exacerba o
sofrimento da vítima.

Observe-se que o homicídio qualificado pelo emprego de


tortura não se confunde com o crime de tortura do qual
resulte morte (art. 1o, § 3o, da Lei no 9.455/97). Necessário
verificar o dolo do agente.

Outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar


perigo comum:

Meio Insidioso: É o meio dissimulado. Como exemplo,


a armadilha mortífera, o meio fraudulento.

Meio Cruel: é o meio que faz sofrer além do


necessário.

Meio que possa resultar de perigo comum: É aquele


que pode alcançar indefinido número de pessoas.

● à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou


outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa
do ofendido;

Traição: É o ataque sorrateiro, praticado inesperadamente


(traição física) ou quebra de confiança entre agente (traição
moral).

Emboscada: É a tocaia, com o agente escondido à espera


da vítima.

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Dissimulação: o agente esconde ou disfarça o seu propósito,


para atingir o ofendido desprevenido. Pode ser moral
(quando o agente dá falsas mostras de amizade para captar
a atenção da vítima) ou material (utilização de disfarce).

● para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade


ou vantagem de outro crime

Homicídio Teleológico: As qualificadoras do inciso V trazem


o elemento subjetivo do tipo, constituído pelo especial fim de
agir.

Feminicídio (Art. Também qualifica o homicídio quando praticado contra a mulher por
121, § 2°, VI, do razões da condição de sexo feminino.
CP)
Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando
o crime envolve:

a) Violência doméstica e familiar;


b) Menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

Majorantes

A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade


se o crime for praticado:

● durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao


parto;

● contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60


(sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças
degenerativas que acarretem condição limitante ou de
vulnerabilidade física ou mental;

● na presença física ou virtual de descendente ou de


ascendente da vítima;

● em descumprimento das medidas protetivas de urgência

Praticados em Também qualifica o homicídio quando praticado contra contra

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Face de Agentes autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
da Segurança Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de
Pública e Forças Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela,
Armadas (Art. ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
121, § 2°, VII, do terceiro grau, em razão dessa condição.
CP)
Forças Armadas: ​Constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela
Aeronáutica (Art. 142 da CF/88).

Agentes da Segurança Pública: A segurança pública é exercida


para a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
● Polícia federal;
● Polícia rodoviária federal;
● Polícia ferroviária federal;
● Polícias civis;
● Polícias militares
● Corpos de bombeiros militares.

Objeto Material:​ É a vida humana extrauterina.

Sujeito Ativo:​ Pode ser qualquer pessoa (crime comum).

Sujeito Passivo:​ Qualquer ser humano com vida.

Tipo Objetivo: Pode ser praticado mediante ação (modalidade comissiva) ou omissão
(modalidade omissiva), nos casos em que há o dever jurídico de agir.

Majorantes: a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor
de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.

Consumação e Tentativa: Com o evento morte (crime instantâneo de efeitos permanentes). A


morte ocorre com a cessação do funcionamento cerebral, circulatório e respiratório. É possível
a tentativa (crime material)

Homicídio Culposo:​ Admite-se a modalidade culposa.


● Majorante - No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço):
a) se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício.
b) se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as
conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante.

Perdão Judicial: Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as
conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal

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se torne desnecessária.

OBSERVAÇÃO: De acordo com Celso Delmanto, as conseqüências podem ser


físicas (ex.: ferimentos no agente) como morais (morte ou lesão em parentes, em
pessoas ligadas ao agente por afinidade ou por laços de afeto, como amásio, noivo,
namorado, amigo).

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2)​ Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio (Art. 122 do CP)

Conceito: Consiste em induzir ou instigar (núcleo do tipo) alguém (objeto material) a suicidar-se
ou prestar-lhe auxílio para que o faça. Nas reflexões de Celso Delmanto, embora o suicídio não
seja ilícito penal, a lei pune o comportamento de quem induz, instiga ou auxilia outrem a
suicidar-se.

Das Penas:
● Se o suicídio se consuma - pena de reclusão de dois a seis anos (não admite sursis
processual)
● Se resulta em lesão corporal de natureza grave - pena de reclusão de um a três anos
(admite sursis processual)

Majorantes​ - A pena é duplicada:


● se o crime é praticado por ​motivo egoístico;​
● se a vítima é ​menor​ ou tem diminuída, por qualquer causa, a ​capacidade de resistência.​
Obs.: Diminuída ≠ ausência - se a vítima não possuía qualquer capacidade de resistência
(ausência) o delito será de homicídio.
Nas lições de Celso Delmanto, poderá haver homicídio se a vítima é forçada a suicidar-se, ou
não tem resistência alguma.

Objeto Material:​ É a vida humana extrauterina.

Sujeito Ativo:​ Pode ser qualquer pessoa (crime comum).

Sujeito Passivo: Qualquer pessoa (desde que tenha discernimento, senão o crime poderá ser
homicídio).

Núcleos do Tipo:
● Induzir - é o mesmo que incitar.
● Instigar - consiste em estimular ideia já existente.
● Auxiliar - consiste em ajudar materialmente.

Consumação:​ Com a morte da vítima ou ocorrência de lesão corporal grave (crime material).

Tentativa: Predomina o entendimento negativo, dado que o tipo penal condiciona a


punibilidade do ato à ocorrência do resultado morte ou lesão corporal grave. Assim, se a
pessoa sobreviver ao tresloucado ato e não sofrer lesões ou forem estas leves, o fato será
penalmente atípico (André Estefam).

3)​ Infanticídio (Art. 123 do CP)

Conceito: consiste em matar (núcleo do tipo), sob a influência do estado puerperal (elemento
fisiopsicológico), o próprio filho (Objeto Material), durante o parto ou logo após (elemento

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normativo temporal).

Delmanto define como um crime semelhante ao homicídio, que recebe, porém, especial
diminuição de pena por motivos fisiopsicológicos (influência do estado puerperal).

Objeto Material:​ O bem juridicamente protegido é a vida do nascente ou do neonato.

Sujeito Ativo:​ Só a mãe (crime próprio).

Concurso de Pessoas é admissível? Sim! - HIPÓTESES (utilizando o raciocínio


desenvolvido pelo professor Rogério Greco)

a) a parturiente e o terceiro executam a conduta núcleo do tipo do art. 123, ou seja, ambos
praticam comportamentos no sentido de causar a morte do recém-nascido
b) somente a parturiente executa a conduta de matar o próprio filho, com a participação do
terceiro
c) somente o terceiro executa a conduta de matar o filho da parturiente, contando com o
auxílio desta

● A gestante, que atua influenciada pelo estado puerperal, causando a morte do


próprio filho logo após o parto, deverá ser responsabilizada pelo infanticídio.
● O terceiro, que também executa a ação de matar, da mesma forma, deverá
responder pelo mesmo.

Justificativa - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal,


salvo quando elementares do crime (Art. 30 do CP). O Estado Puerperal se constitui
elementar do crime do art. 122 do CP, por conseguinte, esta circunstância se comunica
com eventual terceiro que pratique o crime, em concurso de pessoas, nas formas
supramencionada.

Estado Puerperal: Trata-se de confusão alucinatória que se dá em momento distante no


nascimento da criança, embora esteja associada às alterações hormonais e emocionais
decorrentes do parto (André Estefam).

Obs.: Se a agente era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de


determinar-se de acordo com esse entendimento, será isento de pena.

Consumação e Tentativa:​ Com a morte do nascente ou recém-nascido. É possível a tentativa.

4) ​Aborto (Art. 124 a 129 do CP)

Conceito: Aborto, para efeitos penais, é a interrupção intencional do processo de gravidez, com
a morte do feto (Celso Delmanto).

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Do começo da tutela penal da vida humana intrauterina: Entende-se pelo início da gravidez, por
conseguinte, a proteção penal ocorre desde a fase em que as células germinais se fundem,
com a resultante ​constituição do ovo,​ até aquela em que se inicia o processo de parto (Damásio
de Jesus).

Modalidades:

a) ​Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento (Art. 124 do CP)

● Conceito: consiste no fato da gestante provocar aborto em si mesma (autoaborto) ou


consentir que outrem lho provoque.
● Crime Duplo: De acordo com Celso Delmanto, a gestante que consente em que outrem
lhe pratique o aborto, incide no art. 124. Todavia, quem pratica os atos materiais do
aborto incorre nas penas do art. 126 (aborto com consentimento da gestante ou
consensual).

OBSERVAÇÃO: ​Ainda nas lições de Celso Delmanto, quem apenas auxilia a


gestante, induzindo, indicando, instigando, acompanhando, pagando etc., será
copartícipe do crime do art. 124 e não do art. 126 do CP. A coautoria do art. 126
deve ser reservada, apenas, a quem eventualmente auxilie o autor da execução
material do aborto (exs.: enfermeira, anestesista etc.).

b)​ ​Aborto provocado por terceiro (Art. 125 e 126 do CP)

● Sem o consentimento da Gestante (Art. 125 do CP)


➔ Conceito:​ consiste em provocar aborto, sem o consentimento da gestante.
➔ Formas: pode ser praticado por meio de violência real (violência, grave ameaça ou
fraude) ou presumida (menor de 14 anos, alienada ou débil mental).
● Com o consentimento da Gestante (Art. 126 do CP)
➔ Conceito:​ consiste em provocar aborto, com o consentimento da gestante.

OBSERVAÇÃO: se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou


débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou
violência, aplica-se a pena do crime de aborto praticado sem o consentimento da
gestante (Art. 125 do CP)

c) ​Aborto Majorado (Art. 127 do CP)

● As penas cominadas ao aborto provocado por terceiro, com ou sem o consentimento da


gestante, são aumentadas de:
➔ um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para
provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave;
➔ são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.

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d)​ Aborto Legal (Art. 128 do CP)

Em duas hipóteses diferentes, o legislador declara lícito o aborto, excluindo a sua


antijuridicidade, quais sejam, o aborto necessário e o aborto sentimental.

● Aborto Necessário: é aquele realizado se não há outro meio de salvar a vida da


gestante.
● Aborto Sentimental: Trata-se do aborto também denominado ético ou humanitário,
levando-se em consideração a saúde psíquica da mãe decorrente do trauma causado
pelo crime sexual de que foi vítima (Celso Delmanto).
Regras:
➔ se a gravidez resulta de estupro.
➔ o aborto deve ser precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz,
de seu representante legal.

Obs.: Devem ser realizados por MÉDICO.

Sujeito Ativo:
a) Gestante: No autoaborto (art. 124, primeira parte), ou no aborto consentido (art. 124,
segunda parte).
b) Terceiro: ​ Nos crimes dos arts. 125 e 126 do CP.

Sujeito Passivo:​ é o nascituro.

Objeto Material:​ a vida humana intrauterina.

Consumação e Tentativa:​ Com a morte do nascituro.

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3. PARTE ESPECIAL - DAS LESÕES CORPORAIS

CONSIDERAÇÕES GERAIS

Conceito de Lesão Corporal

De acordo com Guilherme de Souza Nucci, as lesões corporais se constituem uma ofensa física
voltada à integridade ou à saúde do corpo humano. Não se enquadra neste tipo penal qualquer
ofensa moral. Para a configuração do tipo é preciso que a vítima sofra algum dano ao seu corpo,
alterando-se interna ou externamente, podendo, ainda, abranger qualquer modificação prejudicial
à sua saúde, transfigurando-se qualquer função orgânica ou causando-lhe abalos psíquicos
comprometedores.

Núcleo do Tipo

Consiste em ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem (Art. 129 do CP). A ofensa é
deve ser dirigida da outra pessoa, não se pune a autolesão no direito penal, salvo quando o
agente, pretendendo obter indenização ou valor de seguro, fere o próprio corpo, mutilando-se
(crime de estelionato).

MODALIDADES

Lesão Corporal Simples ou Leve (Art. 129, caput, do CP)

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● Por integridade corporal entende-se a alteração, anatômica ou funcional, interna ou


externa, que lese o corpo (ex.: ferimentos, cortes, luxações, fraturas etc.).
● O dano à saúde compreende a alteração fisiológica ou psíquica.

Lesão Corporal de Natureza Grave (Art. 129, § 1º, do CP)

Ocorre se resulta em:


a) Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias
● Ocupação habitual é toda e qualquer atividade regularmente desempenhada pela
vítima, e não apenas a sua ocupação laborativa (Nucci)
● Para a prova do prazo da incapacidade é exigido perícia, podendo ser suprida pela
prova testemunhal (Art. 168,§ 2º, do CP).
b)​ Perigo de vida
● Perigo de vida é a probabilidade, concreta e efetiva, de morte, como consequência
da lesão ou do processo patológico que esta originou. Não é presumido, precisa ser
provado.
c) ​Debilidade permanente de membro, sentido ou função
● De acordo com Celso Delmanto, Debilidade é a redução da capacidade funcional.
Permanente é a debilidade cuja cessação não se prevê, aquela que não muda com
o tempo.
● A debilidade não precisa ser perpétua, contentando-se que seja duradoura (sem
previsão para cura)
d)​ Aceleração de parto
● É a antecipação do nascimento, a saída do feto vivo, antes do prazo normal.

Lesão Corporal de Natureza Gravíssima (Art. 129, § 2º, do CP)

Hipóteses:
a) Incapacidade permanente para o trabalho;
● Trata-se da inaptidão duradoura para exercer qualquer atividade laborativa lícita
(Nucci)
● O conceito é econômico e a expressão “trabalho” costuma ser entendida em sentido
genérico (Celso Delmanto)
b) ​Enfermidade incurável;
● De acordo com Celso Delmanto, é a doença (física ou mental) cuja curabilidade não
é alcançada pela Medicina, em seus recursos e conhecimentos atuais.

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● Uma vez condenado o autor da agressão por lesão gravíssima, consistente em ter
gerado ao ofendido uma enfermidade incurável, não cabe revisão criminal caso a
medicina evolua, permitindo a reversão da doença (Nucci).
c) ​Perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
● De acordo com Guilherme Nucci, a perda implica destruição ou privação de algum
membro (ex.: corte de um braço), sentido (ex.: aniquilamento dos olhos) ou função
(ex.: ablação da bolsa escrotal, impedindo a função reprodutora);
● Inutilização quer dizer falta de utilidade.
d)​ Deformidade permanente;
● A lei requer que ela seja permanente, isto é, indelével e irrecuperável pela atuação
do tempo ou da Medicina (Celso Delmanto).
● É posição majoritária a exigência de ser a lesão visível, causadora de
constrangimento ou vexame à vítima, e irreparável. Citam-se como exemplos as
cicatrizes de larga extensão em regiões visíveis do corpo humano, que possam
provocar reações de desagrado ou piedade (tais como as causadas pela
vitriolagem, isto é, o lançamento de ácido no ofendido), ou a perda de orelhas,
mutilação grave do nariz, entre outros (Guilherme Nucci - embora o autor discorde
de tal posição majoritária em sua obra).
e) ​Aborto:
● É necessário que o resultado qualificador (aborto) ocorra na forma culposa (já que o
dolo é de lesionar)

​ ​º​ , do CP)
Lesão corporal seguida de morte (Art. 129, ​ § 3

● Ocorre quando a lesão resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis
o resultado (dolo direto), nem assumiu o risco de produzí-lo (dolo eventual).
● O legislador deixou nítida a exigência de dolo no antecedente (lesão corporal) e somente a
forma culposa no evento subsequente (morte da vítima).
Lesão corporal seguida de privilegiada (Art. 129, § § 4° e 5° , do CP)
● Se o agente comete o crime impelido por ​motivo de relevante valor social ou moral ou ​sob
o domínio de violenta emoção,​ logo em seguida a injusta provocação da vítima,​ o juiz pode
reduzir a pena de um sexto a um terço. A pena, não havendo lesões graves, poderá ser
substituída por multa.
● A pena será substituída por multa, se as lesões são recíprocas, ausente a gravidade das
mesmas.

Lesão Corporal Culposa (Art. 129, ​§ 6º​, do CP)

Admite a modalidade Culposa: Tratando-se de lesão corporal culposa, não há forma grave nem
gravíssima.

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Admite-se o Perdão Judicial: o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da


infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne
desnecessária

Lesão Corporal Majorada ​(Art. 129, § 7º, do CP)

Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer

● Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício.


● Se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as
consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante.
● Se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta)
anos.

A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se:

● O crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de
segurança, ou por grupo de extermínio.

Lesão Corporal praticada em contexto de Violência Doméstica ​(Art. 129, § 7º, do CP)

É a Lesão praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com


quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas,
de coabitação ou de hospitalidade.

OBSERVAÇÃO: De acordo com Ricardo Andreucci, a violência doméstica prevista


nesse dispositivo legal pode ter como vítima tanto homem quanto mulher. Caso a
vítima seja mulher e a lesão corporal tenha sido praticada em situação de violência
doméstica e familiar, incidirão as disposições mais rigorosas previstas na Lei n.
11.340/2006 (Lei Maria da Penha).

● Súmulas do STJ relativas a violência doméstica.

● Súmula 542 do STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de
violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada.
● Súmula 588 do STJ: ​“A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com
violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos”.

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● Súmula 589 do STJ: “É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou


contraven​ções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas”.
● Súmula 600 do STJ: “Para a configuração da violência doméstica e familiar prevista no
artigo 5º da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) não se exige a coabitação entre autor
e vítima”.

Majorantes da Lesão Corporal em Contexto de Violência Doméstica

● A pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de
deficiência.
● A lesão corporal grave, gravíssima ou seguida de morte, praticada no contexto de violência
doméstica, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).

Lesão Corporal Funcional (Art. 129, § 12 , do CP)

É aquela praticada contra autoridade ou agente membros das forças armadas, da segurança
pública e integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício
da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo
até terceiro grau, em razão dessa condição,

Sujeito Ativo
Pode ser qualquer pessoa (crime comum)

Sujeito Passivo

Também qualquer pessoa, salvo nas figuras dolosas qualificadas do § 1º, IV, e do § 2º, V, em que
deve ser mulher grávida, e nas figuras dos §§ 9º e 10, em que deve ser ascendente,
descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou quem conviva ou tenha convivido com o
agente, ou, ainda, pessoa em relação à qual o agente haja se prevalecido de relações
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade (Celso Delmanto).

Consumação e Tentativa

O crime de lesão corporal se consuma com a ofensa à integridade corporal ou à saúde física ou
mental da vítima. É possível a tentativa

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4. PARTE ESPECIAL - DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

FURTO (ART. 155 DO CP)

Conceito

Furto é a subtração de coisa alheia móvel com o fim de apoderar-se dela, de modo definitivo
(Celso Delmanto). No mesmo sentido, Guilherme Nucci entende que furtar significa apoderar-se
ou assenhorear-se de coisa pertencente a outrem, ou seja, tornar-se senhor ou dono daquilo que,
juridicamente, não lhe pertence.

É também entendido como a subtração patrimonial não violenta.

MODALIDADES DE FURTO

Modalidades de Observações Importantes


Furto

Furto Simples (Art.


155, ​caput,​ do CP) Conceito

Possui caráter subsidiário, há a figura simples ou fundamental quando


não ocorrem as circunstâncias dos §§ 1°, 2°, 4º e 5º.

Coisa Alheia Móvel

● é tudo aquilo que existe, podendo tratar-se de objetos


inanimados ou de semoventes, desde que possua valor
econômico (Nucci).
● seria tudo aquilo passível de remoção, ou seja, tudo o que
puder ser removido, retirado, mobilizado (Greco).
● Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra
que tenha valor econômico.

Casuística

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a) Furto de cadáver
● Se estiverem sendo utilizados em pesquisas ou tiverem
caráter econômico (Crime de Furto).
● Nas demais hipóteses, ausente o caráter econômico
(crime contra o respeito aos mortos).
b) Furto de coisas abandonadas (res derelicta) não pertencentes a
ninguém (res nullius) ou perdidas (res deperdita)
● Não se configurará no delito de furto a subtração, assim
sendo, Além de móvel, ou seja, passível de remoção, a
coisa, obrigatoriamente, deverá ser considerada alheia,
isto é, pertencente a alguém que não aquele que a
subtrai (Greco)
c) Furto de Uso
● Não se trata de crime de furto, é necessário o ânimo de
assenhoreamento. Guilherme Nucci explica se o agente
retirar a coisa da posse da vítima apenas para usar por
pouco tempo, devolvendo-a intacta, é de se considerar
não ter havido crime. É indispensável, entretanto, para a
caracterização do furto de uso, a devolução da coisa no
estado original, sem perda ou destruição do todo ou de
parte.
d) Furto sob vigilância
● É possível a consumação do delito de furto, ainda que
haja vigilância por meios eletrônicos no local dos fatos.
Vale dizer, a existência de sistema de segurança não
torna, por si só, o crime impossível (AgRg no REsp
1413041-MG, 6.ª T., rel. Rogerio Schietti Cruz,
24.03.2015, v.u.)
e) Furto Famélico
● De acordo com Nucci, é a hipótese de se subtrair
alimento para saciar a fome. Pode, em tese, constituir
estado de necessidade.
f) Furto de Imagem
● Não configura o crime de Furto. Diz Nucci que a coisa,
objeto do delito, deve ser palpável, não podendo tratar-se
de uma imagem, como a captada por meio de uma foto
ou filme.

Furto Majorado (Art.


155, § 1º, do CP) Conceito

É o furto praticado durante o repouso noturno, por conseguinte, a pena


aumenta-se de um terço.

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Justificativa da majorante

Diminuição da vigilância da vítima durante o repouso.

Critério Psicossociológico

Deve obedecer aos costumes locais relativos ao horário em que a


população se recolhe.

Repouso Noturno X Noite

De acordo com Andreucci, a expressão “repouso noturno” não se


confunde com a expressão “à noite”. Basta para caracterização da
qualificadora especial do repouso noturno que se apro​veite o agente
da quietude e da oportunidade que as circunstâncias do horário lhe
propi​ciam para a prática do furto.

Há furto noturno ainda que o imóvel não esteja habitado?

De acordo com a posição jurisprudencial dominante, para a


configuração da circunstância majorante do § 1º do art. 155 do Código
Penal ​basta que a conduta delitiva tenha sido praticada durante o
repouso noturno,​ dada a maior precariedade da vigilância e a defesa
do patrimônio durante tal período e, por consectário, a maior
probabilidade de êxito na empreitada criminosa, ​sendo irrelevante o
fato de uma das vítimas não estar dormindo no momento do
crime (STJ, HC 331.100/MS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 5ª T., DJe
03/05/2016).

É possível a aplicação da majorante repouso noturno no furto


qualificado?
● De acordo com a doutrina majoritária, a majorante em estudo
somente se aplica ao furto simples, não sendo permitida a
causa de aumento nas hipóteses de furto qualificado (Rogério
Greco).
● Obs.: Existem posicionamentos do STJ, de forma isolada, em
sentido contrário, improvável de ser cobrado na prova do exame
de ordem.

Furto Privilegiado
(Art. 155, § 2º, do CP) Conceito

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É possível quando:
● O criminoso é primário (não seja reincidente)
● A coisa furtada é de pequeno valor (A doutrina e a
jurisprudência convencionaram que, por pequeno valor deve ser
entendido aquele que gira em torno de um salário mínimo)

Consequência Jurídica

O Juiz poderá:
● substituir a pena de reclusão pela de detenção
● diminuí-la de um a dois terços
● aplicar somente a pena de multa.

Aplica-se o presente privilégio no Furto Qualificado?

Súmula 511 do STJ​: É possível o reconhecimento do privilégio previsto


no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se
estiverem presentes:
● a primariedade do agente
● o pequeno valor da coisa
● a qualificadora for de ordem objetiva (a única que não se aplica
é o abuso de confiança).

Furto Qualificado
(Art. 155, § 4º, do CP) Hipóteses
a) Destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa
● Conceito de Obstáculo - De acordo com Rogério Greco,
considera-se obstáculo tudo aquilo que tenha a finalidade
precípua de proteger a coisa e que também não seja a
ela naturalmente inerente.
● Necessidade de Prova Pericial - tratando-se de furto
qualificado pelo rompimento de obstáculo, de delito que
deixa vestígio, torna-se indispensável a realização de
perícia para a sua comprovação, a qual somente pode
ser suprida por prova testemunhal quando
desaparecerem os vestígios de seu cometimento ou
esses não puderem ser constatados pelos peritos
(Informativo nº 481 - STJ).
● Modalidades - Destruir (agente destrói o obstáculo, ou
seja, usa de violência contra a coisa, destruindo,
eliminando ou fazendo desaparecer aquilo que o impedia
de levar a efeito a subtração) e Romper (De acordo com

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Greco, é o ato afastar, eliminar o obstáculo, mesmo que


o agente o preserve intacto)
● Obs.: De acordo com Rogério Greco, a destruição ou o
rompimento do obstáculo podem ocorrer antes ou
mesmo depois da apreensão da res.

b) Abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;


● Abuso de Confiança - confiança é um sentimento interior
de segurança em algo ou alguém; portanto, implica
credibilidade. O abuso é sempre um excesso, um
exagero em regra condenável. Portanto, aquele que viola
a confiança, traindo-a, está abusando (Guilherme Nucci).
Dessa forma, também para que se caracterize a
qualificadora em questão, ​será preciso comprovar que,​
anteriormente à prática da subtração, havia,
realmente, essa relação sincera de fidelidade​, que
trazia uma sensação de segurança à vítima (Rogério
Greco).
● Fraude - Utilizando-se do raciocínio desenvolvido por
Rogério Greco, fraude significa a utilização de meios
ardilosos, insidiosos, fazendo com que a vítima incorra
ou seja mantida em erro, a fim de que o próprio agente
pratique a subtração.
● Obs.: De acordo com Andreucci, não se confunde o furto
mediante fraude com o estelionato.
✓ No furto mediante fraude ocorre a subtração da
coisa, servindo a fraude como meio de iludir a
vigilância ou a atenção da vítima.
✓ No estelionato o ​ corre a entrega voluntária da
coisa pela vítima, em decorrência da fraude
empregada pelo agente.
● Escalada - De acordo com Nucci, é a subida de alguém a
algum lugar, valendo-se de escada. Escalar implica subir
ou galgar. Portanto, torna-se fundamental que o sujeito
suba a algum ponto mais alto do que o seu caminho
natural, ou seja, é o ingresso anormal de alguém em
algum lugar, implicando acesso por aclive. Ex.: subir no
telhado para, removendo telhas, invadir uma casa. Não
existe aqui destruição ou rompimento de obstáculo.

c) Emprego de chave falsa


● O conceito de chave falsa abrange ​todo o instrumento,
com ou sem forma de chave​, utilizado como dispositivo
para abrir fechadura, incluindo gazuas, mixas, arames,
etc. O uso de mixa, na tentativa de acionar o motor de

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automóvel, caracteriza a qualificadora do inc. III do § 4º


do art. 155 do Código Penal (STJ, REsp.906685/RS, Rel.
Min. Gilson Dipp, 5ª T., DJ 6/8/2007, p. 683).

d) Mediante concurso de duas ou mais pessoas.


● Com bem observa Rogério Greco, para que se configure
a mencionada qualificadora basta, tão somente, que um
dos agentes seja imputável, não importando se os
demais participantes possuam ou não esse status.

​Furto com emprego


de explosivo ou de Conceito
artefato análogo que Consiste em subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel com
cause perigo comum
emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo
(Art. 155, § 4º-A, do
comum.
CP)

Considerações Gerais

A intenção do legislador foi de punir mais severamente esse tipo de


furto, em razão da proliferação dos casos de sub​tração de dinheiro de
caixas eletrônicos com emprego de explosivo ou de artefato análogo,
causando perigo comum (Ricardo Andreucci).

Perigo Comum

É necessário a existência de perigo comum (probabilidade de dano a


um número indeterminado de pessoas). Nucci exemplifica que caso a
explosão seja realizada num celeiro, para o furto de um cavalo, em
local rural não habitado no momento, não se pode aplicar esta
qualificadora. Resta ao juiz utilizar o rompimento de obstáculo para a
subtração da coisa.

Furto de veículo
automotor (Art. 155, Conceito
§ 5º, do CP) Ocorre quando a subtração for de veículo automotor que venha a ser
transportado para outro Estado ou para o exterior. Guilherme Nucci
ressalta que há de ter um motor de propulsão, circulando por seus
próprios meios. Pode ser um automóvel, um barco, uma moto, entre
outros.

Conhecimento e adesão à qualificadora

De acordo com Nucci, é imperioso que o agente ou seus comparsas

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tenham perfeita noção de que o veículo foi subtraído com a finalidade


de ser levado a outro Estado da Federação ou ao exterior, aceitando
tal situação. Dessa forma, se o agente subtrai veículo automotor sem a
finalidade de ultrapassar a barreira de seu Estado, o furto será
simples, e não qualificado (Rogério Greco).

Furto de semovente
domesticável de Conceito
produção (Art. 155, § Ocorre quando a subtração for de semovente domesticável de
5º, do CP)
produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da
subtração (Abigeato).

Sujeitos Crime

a) Sujeito Passivo - Pode ser qualquer pessoa (Crime Comum)


b) Sujeito Ativo - O proprietário ou o possuidor (ou só um deles, consoante a objetividade
jurídica adotada) ou, ainda, o detentor (Celso Delmanto).

Objeto Material

Deve ser coisa móvel, a energia elétrica ou outras de valor econômico, ​v.g.​, energia solar, a
térmica, a sonora, a atômica, a mecânica, e a genética são equiparadas a coisa móvel (CP, art.
155, § 3º)

Consumação e Tentativa

De acordo com o STF e o STJ, a consumação do crime de furto ocorre com a mera inversão da
posse, não se exigindo que ela seja mansa e pacífica (Teoria da Amotio).

De acordo com as lições de Rogério Greco, quatro são as teorias que buscam explicar o
momento consumativo do crime de furto, quais sejam:
a) Teoria da contrectatio: entendia como consumado o furto quando o agente simplesmente
tocava na coisa com a finalidade de subtraí la, mesmo que não conseguisse removê-la do
local em que se encontrava.
b) Teoria da illactio: a consumação do furto exigia, para a sua configuração, o fato de
conseguir o agente levar o objeto ao lugar que era destinado.

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c) Teoria da amotio: o momento consumativo do furto ocorre com a deslocação do objeto


material (a coisa alheia móvel), independentemente de posse mansa e tranquila (posição
dominante no STF e STJ).
d) Teoria da ablatio: a consumação exige dois requisitos: apreensão e deslocação do objeto
material (posse mansa e tranquila).

ROUBO (ART. 157 DO CP)

Conceito

De acordo com Guilherme de Souza Nucci, o roubo nada mais é do que um furto associado a
outras figuras típicas, como as originárias do emprego de violência ou de grave ameaça (Crime
Complexo).

Sujeito ativo

O crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa.

Sujeito passivo

Pode ser:
a) O proprietário da coisa (aquele que tem os poderes de disposição, uso, gozo e
reivindicação da coisa)
b) O possuidor da coisa (todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos
poderes inerentes à propriedade)
c) O detentor (aquele que possui a coisa de forma precária)
d) A pessoa atingida pela violência ou grave ameaça, mesmo que não seja titular do direito
patrimonial protegido.

Princípio da Insignificância

De acordo com o STF (HC 96671/MG e HC 95174/RJ), o princípio da insignificância ou da


bagatela não pode ser aplicado ao crime de roubo, que visa proteger, além do patrimônio,
também a integridade corporal e a liberdade individual do cidadão

Elemento subjetivo

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É o dolo, vontade de subtrair coisa pertencente a outrem, utilizando-se de violência e grave


ameaça.

ESPÉCIES DE ROUBO (ART. 157 DO CP)

a) Roubo próprio (art. 157, caput): ​A conduta incriminada é subtrair, que significa assenhorear
se da coisa retirando​ a de quem a possua. A subtração, utilizando as ideias do professor
Ricardo Andreucci, deve ser:
● com o emprego de violência (emprego de força física — lesão corporal ou vias de fato)
● grave ameaça (intimidação, prenúncio de um mal, que deve ser injusto e grave)
● qualquer outro meio capaz de reduzir a vítima à impossibilidade de resis​tência
(embriaguez, intoxicação por drogas, soníferos, anestésicos, hipnose etc.).

b) Roubo impróprio (art. 157, § 1º): O agente, logo depois de subtraída a coisa, emprega
violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a
detenção da coisa para si ou para terceiro.

c)​ Roubo Majorado ou Circunstanciado (art. 157, § 2º e § 2º-A do Código Penal)

Conceito: São circunstâncias trazidas pelo legislador que majoram a pena base, não estabelecem
novos limites mínimo e máximo de pena, apenas um acréscimo ao quantum de pena estabelecido
na pena base.

Majorantes X Qualificadoras: as majo​rantes funcionam como modificadoras somente na terceira


fase do cálculo da pena, ao contrário das qualificadoras, que fixam novos limites, mais elevados,
dentro dos quais será estabelecida a pena​ base (BITENCOURT, 2019, p. 128).

Acréscimos Legais:

Pode ser de:

a)​ 1/3 da pena base, nas seguintes hipóteses:


● Concurso de duas ou mais pessoas;
● Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
● Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado
ou para o exterior;
● Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.

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● Se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou


isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.

b)​ 2/3 da pena base, nas seguintes hipóteses:


● Se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;
● Se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de
artefato análogo que cause perigo comum.

OBSERVAÇÃO:​ Arma de Fogo X Arma Branca


A Lei 13.654/18 extirpou o emprego de arma branca como circunstância majorante do
delito de roubo. Em havendo a superveniência de novatio legis in mellius, ou seja,
sendo a nova lei mais benéfica, de rigor que retroaja para beneficiar o réu (art. 5º, XL,
da CF/88) - (STJ - AREsp 1249427/2018 - Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA)

Roubo Qualificado pelo Resultado

É a modalidade de roubo que pela tamanha gravidade do resultado decorrente da conduta


imputada ao sujeito ativo do crime constitui em uma espécie de novo tipo penal, embora o sentido
ainda esteja ligado a violência para subtrair coisa alheia móvel, com nova definição no patamar
mínimo e máximo do preceito secundário do tipo penal (quantum de pena).

Tipos
a) Roubo Qualificado em face de Lesão Corporal de Natureza Grave: a pena é de reclusão de
7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;
b) Roubo Qualificado em face da morte (Latrocínio)​: a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30
(trinta) anos, e multa.

QUADRO ESQUEMATIZADO
ROUBO (ART. 157 do CP) CONCEITOS IMPORTANTES

ROUBO PRÓPRIO Previsão Legal: ​Art. 157, ​caput, ​do CP

Definição:​ A violência, grave ameaça ou


qualquer outro meio que reduza a
possibilidade de resistência da vítima são
praticados contra a pessoa para a subtração
da coisa.

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Palavra Chave: (“​antes​” ou “​durante”​ a


execução)

ROUBO IMPRÓPRIO Previsão Legal:​ Art. 157, § 1º​, ​do CP

Definição:​ No roubo impróprio a violência ou


grave ameaça são praticadas, logo depois da
subtração, para assegurar:

● a impunidade do crime
● a detenção da coisa subtraída.

Palavra Chave: (“depois” da execução;


impunidade; detenção da res furtiva)

ROUBO MAJORADO Previsão Legal:​ Art. 157, § 2º e § 2º-A, do


CP

Tipos de Aumento:

1/3 da pena

● se há o concurso de duas ou mais


pessoas;
● se a vítima está em serviço de
transporte de valores e o agente
conhece tal circunstância
● se a subtração for de veículo automotor
que venha a ser transportado para outro
Estado ou para o exterior;
● se o agente mantém a vítima em seu
poder, restringindo sua liberdade.

● se a subtração for de substâncias


explosivas ou de acessórios que,
conjunta ou isoladamente, possibilitem
sua fabricação, montagem ou emprego.

2/3 da pena

● se a violência ou ameaça é exercida


com emprego de arma de fogo;

● se há destruição ou rompimento de

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obstáculo mediante o emprego de


explosivo ou de artefato análogo que
cause perigo comum.

ROUBO QUALIFICADO PELO RESULTADO Previsão Legal:​ Art. 157, § 3º​, ​do CP

Hipóteses:

● Lesão Corporal de Natureza Grave


● Morte

Observações Importantes
● O Latrocínio é considerado crime hediondo, vide Art. 1º, III, da Lei de Crimes Hediondos.
● As causas especiais de aumento de pena previstas para os crimes de roubo, inscritas no §
2º e §2º-A do art. 157 do CP, não são aplicáveis em nenhuma das hipóteses contidas no §
3º.
● A consumação do crime de roubo se perfaz no momento em que o agente se torna
possuidor da res furtiva, subtraída mediante violência ou grave ameaça,
inde​pendentemente de sua posse mansa e pacífica (​ BITENCOURT, 2019, p. 140).
➔ Súmula 582 do STJ - “Consuma​-se o crime de roubo com a inversão
da posse do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça,
ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao
agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse
mansa e pacífica ou desvigiada.

Diferença entre roubo e extorsão

A diferença concentra-se no fato de a extorsão exigir a participação ativa da vítima ​fazendo


alguma coisa, ​tolerando que se faça ou ​deixando de fazer algo em virtude da ameaça ou da
violência sofrida. Enquanto no roubo o agente atua sem a participação da vítima, na extorsão o
ofendido colabora ativamente com o autor da infração penal (NUCCI, 2019, p. 983).

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EXTORSÃO

Conceito

Consiste em c​onstranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter
para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de
fazer alguma coisa​.

Para Nucci (2019, p. 984), constranger significa tolher a liberdade, forçando alguém a fazer
alguma coisa. É justamente a diferença do roubo, cujo núcleo é subtrair, demonstrando que o
agente prescinde da colaboração da vítima, pois tem o bem ao seu alcance.

Sujeitos ativo e passivo

Trata-se de crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa. Sujeito passivo será a
vítima da violência física ou grave ameaça e o que sofrer prejuízo.

Elemento subjetivo

De acordo com Celso Delmanto, o elemento subjetivo consiste no:


● Dolo (vontade livre e consciente de constranger)
● Especial fim de agir (com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem
econômica).

Não admite-se a modalidade culposa.

Nas lições de Ricardo Andreucci, deve o constrangimento dar​-se com:


● emprego de violência (emprego de força física — lesão corporal ou vias de fato)
● grave ameaça (intimidação, prenúncio de um mal, que deve ser injusto e grave).

Consumação e tentativa

A consumação, sendo a extorsão crime formal, ocorre com o comportamento positivo ou nega​tivo
da vítima, fazendo, deixando de fazer ou tolerando que se faça alguma coisa. Não é necessária à
consumação a obtenção de indevida vantagem econômica pelo agente (Ricardo Andreucci).

Causa de aumento de pena


Aumenta-se a pena de um terço até metade:

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● Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas.


● Se o crime é cometido com emprego de arma.

Extorsão qualificada pelo resultado


Se em face da conduta praticada pelo sujeito ativo do crime ocorrer lesão corporal grave ou morte
da vítima será aplicada as mesmas penas previstas para o Roubo Qualificado.

Sequestro relâmpago
Nas palavras de Celso Delmanto, a intenção do legislador, com a presente qualificadora, foi de
punir severamente os casos de “sequestro relâmpago”, em que a vítima é constrangida a entregar
dinheiro ou valores, mediante restrição da sua liberdade (geralmente praticada no próprio
automóvel da vítima).

Para a caracterização da presente qualificadora, é mister a ocorrência:


● de constrangimento ilegal;
● da intenção de se obter vantagem econômica indevida;
● que esse constrangimento seja praticado mediante a restrição da liberdade da vítima;
● que tal restrição seja indispensável para se obter a vantagem econômica indevida.

EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO

Conceito

Consiste em sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem,
como condição ou preço do resgate.

É hediondo o crime de extorsão mediante sequestro, tanto em sua forma simples (​caput)​ quanto
nas qualificadas (§§ 1º a 3º).

Sujeitos ativo e passivo

Trata-se de crime comum, assim sendo, os sujeitos ativo e passivo podem ser qualquer pessoa.

Elemento subjetivo

A extorsão mediante sequestro é crime doloso. Exige-se para a sua configuração o ato de
sequestrar acrescido da finalidade especial de obtenção de vantagem patrimonial.

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Não havendo a intenção (dolo) do agente em obter vantagem patrimonial, a conduta criminosa
constitui crime autônomo (art. 148, CP), quando a finalidade do agente é, realmente, insular a
vítima (Nucci).

Extorsão mediante sequestro = Sequestrar (tirar a liberdade, isolar, reter a pessoa) + Finalidade
Específica (Obtenção de vantagem patrimonial).

Consumação e tentativa

Consuma-se com o sequestro da vítima, ou seja, com a privação da liberdade do ofendido por
espaço de tempo que tenha alguma relevância jurídica (do contrário, o crime será de extorsão
qualificada - art. 158, §3º, do CP);

A consumação independe da efetiva obtenção da vantagem desejada pelo agente.

Admite-​se a tentativa, em que pese o crime ser formal.

Qualificadoras

Qualificadoras

Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas


● Conta-se o prazo a partir do início da privação.

Se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos

Se o crime é cometido por bando ou quadrilha


● Desse modo, é necessária a prova de que três ou mais pessoas se associaram com a
finalidade específica de cometer crimes - não se confunde com concurso de pessoas.

Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave

Se do fato resulta a morte

EXTORSÃO INDIRETA (ART. 160 DO CP)

É uma modalidade de extorsão no qual o sujeito ativo do crime exige ou recebe como garantia de
dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal
contra a vítima ou contra terceiro.

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Exemplo​: induzir o necessitado cliente a assinar um contrato simulado de depósito ou a forjar no


título de dívida a assinatura de algum parente abastado, de modo que, não resgatada a dívida no
vencimento, ficará o mutuário sob a pressão da ameaça de um processo por apropriação indébita
ou falsidade.

CRIME DE DANO

Conceito

Consiste em destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia.

De acordo com Guilherme Nucci:


Destruir​: quer dizer arruinar, extinguir ou eliminar.
Inutilizar:​ significa tornar inútil ou imprestável alguma coisa aos fins para os quais se destina.
Deteriorar:​ é a conduta de quem estraga ou corrompe alguma coisa parcialmente.

E aquele que desaparece a coisa alheia? Não comete o crime de dano (ausência de
destruição, inutilização ou deterioração), também não responde pelo delito de furto por ausência
da finalidade específica, qual seja, “​subtrair para si”.​ A solução seria a responsabilidade civil do
agente, no raciocínio de Nucci.

Objeto Material

É a coisa que sofre a conduta criminosa do agente.

Sujeitos do Crime

● Sujeito Ativo - pode ser qualquer pessoa (crime comum).


● Sujeito Passivo - é o proprietário e o possuidor.

Elemento Subjetivo

Consiste no dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de destruir, inutilizar ou danificar.

A doutrina e a jurisprudência vem entendendo que deve haver por parte do agente a finalidade
específica de causar prejuízo patrimonial à vítima, por conseguinte, o delito de dano ao
patrimônio público, quando praticado por preso para facilitar a fuga da prisão, exige o dolo

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específico (animus nocendi) de causar prejuízo ou dano ao bem público (STJ, HC 162.662/MG,
Rel. Min. Nefi Cordeiro, 6ª T., DJe 03/08/2015).

Exame Pericial

O crime de Dano, que consiste em destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia é crime material
que sempre deixa vestígios, ​sendo indispensável o exame de corpo de delito p ​ ara comprovar a
materialidade delitiva (STJ, HC 274431/SE, Relª Minª Laurita Vaz, 5ª T., DJe 1º/7/2014).

Consumação e Tentativa

Consuma-se como efeito danoso, isto é, com a destruição, inutilização ou deterioração de coisa
alheia. Admite-se a tentativa.

Modalidades Qualificadas

Qualificadoras

Com violência à pessoa ou grave ameaça

A violência à pessoa ou a grave ameaça deve ser empregada com o fim de destruir, inutilizar
ou deteriorar coisa alheia, se a violência à pessoa ou a grave ameaça for empregada depois da
consumação do delito de dano, não poderá ser aplicada a qualificadora (Rogério Greco)

Com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais
grave
De acordo com Celso Delmanto, deve ser meio para o cometimento do delito de dano; esta
qualificadora é expressamente subsidiária - “se o fato não constitui crime mais grave”

Contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de


autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa
concessionária de serviços públicos

Rogério Greco entende que somente abrange os bens de propriedade da Administração


Pública podem ser objeto de aplicação da presente qualificadora, ficando excluídos aqueles
bens alugados ou cedidos à Administração Pública.

Por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima

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● O motivo egoístico é qualificadora de natureza subjetiva, não se comunicando ao


eventual coparticipante.
● Nas palavras de Guilherme Nucci, motivo egoístico é um particular motivo torpe.
Quem danifica patrimônio alheio somente para satisfazer um capricho ou
incentivar um desejo de vingança ou ódio pela vítima deve responder mais
gravemente pelo que faz. Ex.: o agente destrói a motocicleta do colega de classe
somente para ser o único da sua turma a ter aquele tipo de veículo.
● Somente se procede mediante queixa.

APROPRIAÇÃO INDÉBITA

Conceito

Consiste em apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção.

Elementos Importantes

Proprietário - O proprietário é aquele que tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o
direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
Possuidor - Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de
algum dos poderes inerentes à propriedade (Art. 1.196 do CC).
Detentor - Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com
outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas (Art.
1.198 do CC).

Convalidação da Posse

A apropriação indébita constitui-se posse precária, não passível de convalidação, assim sendo,
não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância (POSSE PRECÁRIA) assim como
não autorizam a sua aquisição os atos violentos (POSSE VIOLENTA), ou clandestinos (POSSE
CLANDESTINA), ​senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade​ (Art. 1.208 do CC).

O Código Civil só faz uma ressalva em relação a violência e a clandestinidade, assim sendo:
● Posse Violenta - ROUBO --- pode ser convalidada
● Posse Clandestina - FURTO --- pode ser convalidada
● Posse Precária - APROPRIAÇÃO INDÉBITA --- não pode ser convalidada

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Direito Penal - Volume 2 | 5ª ed.

Efeito Prático - Não é possível a usucapião de coisa derivada de apropriação indébita.

Sujeitos ativo e passivo

O sujeito ativo é a pessoa que tem a posse ou a detenção de coisa alheia; o sujeito passivo é o
senhor da coisa dada ao sujeito ativo (Guilherme Nucci).

Elemento subjetivo

É o dolo. Não existe a forma culposa, por conseguinte, o agente que por imprudência ou
negligência desaparece com coisa alheia da qual tinha a posse ou a detenção não responderá
por crime algum, cabendo, ​in casu, somente a responsabilização civil do mesmo. Nesse sentido,
posicionamento interessante do STJ colacionado abaixo:

No caso, pode-se afirmar que o paciente foi displicente, negligente mesmo com a coisa que lhe
foi emprestada, pois em vez de embriagar-se a ponto de esquecer onde deixara a bicicleta que
não era dele, deveria ter feito suas compras e prontamente devolvido o veículo ao proprietário.
Sua conduta poderia se encaixar numa modalidade culposa, mas fica a anos luz do dolo exigido
para configurar a apropriação indébita descrita no Código Penal” (HC 92.828-MS, 6.ª T., rel.
Nilson Naves, 05.11.2009, v.u.).

Consumação

Apropriação indébita consuma-se com a inversão da posse, demonstrada pelo ato de dispor da
coisa como se dono fosse ou pela negativa em devolvê-la.

ESTELIONATO

Conceito

O estelionato (art. 171 do CP) se aperfeiçoa quando o agente obtém vantagem ilícita, em prejuízo
alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro mediante o emprego de fraude.

● Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou
mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:

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Análise das elementares do núcleo do tipo

ELEMENTAR CONCEITO

Obter Significa conseguir um benefício ou um lucro


ilícito em razão do engano provocado na
vítima.

para si ou para outrem Consiste no ​elemento subjetivo específic​o,


não havendo proveito próprio ou alheio não há
que se falar em estelionato

vantagem ilícita Precisa ter natureza econômica, é ilícita


porque não corresponde a nenhum direito.

Mas se a vantagem for lícita??? Teremos o


crime de exercício arbitrário das próprias
razões (Art. 345 do CP)

em prejuízo alheio É o dano patrimonial. Portanto, a vantagem


auferida pelo agente deve implicar numa
perda, de caráter econômico, ainda que
indireto, para outra pessoa.

induzindo ou mantendo alguém em erro Induzir - Significa persuadir, no sentido de


criar para a vítima uma situação falsa.
Manter - É fazer o ofendido permanecer na
posição de equívoco em já se encontrava
Erro - É a falsa percepção da realidade, apta
a produzir uma manifestação de vontade
viciada.

mediante artifício, ardil, ou qualquer outro Artifício - ​é toda astuta alteração da verdade,
meio fraudulento quer simulando o agente o que não existe
(v.g., riqueza, qualidades, enfermidades), quer
dissimulando a realidade, como, por exemplo,
quando oculta seu estado de insolvência.
Consiste na fraude material, o agente se utiliza
algum instrumento ou objeto para enganar a
vítima.
Ardil - ​É a fraude moral, representada pela
conversa enganosa. É a astuta aplicação de
meios enganosos, revestida de uma forma

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intelectual. Atua sobre a inteligência ou


sentimento da vítima, desvirtuando a realidade
fática em torno daquilo que objetiva o agente
Qualquer outro meio fraudulento ​- trata-se
de interpretação analógica, ou seja, qualquer
outro semelhante ao artifício e ao ardil, que
possa, igualmente, ludibriar a vítima.

Quadro esquematizado feito com base nas lições dos professores Guilherme de Souza Nucci, Cleber Masson e Luiz
Régis Prado, in fine referenciados.

Momentos do Crime de Estelionato

Sujeitos ativo e passivo

Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa.

De acordo com Celso Delmanto, o Sujeito passivo poderá ser qualquer pessoa, mas deve ser
determinada, porquanto não há estelionato contra pessoa incerta, assinalando-se que podem
existir dois sujeitos passi- vos, no caso de a pessoa enganada ser diversa da prejudicada.

Elemento subjetivo

O elemento subjetivo consiste no dolo, direcionado a uma finalidade especial, qual seja, a
obtenção de vantagem indevida, para si ou para outrem.

Não admite a modalidade culposa

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Falso e estelionato

Súmula 17 do STJ​: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é
por este absorvido.

Consumação

Crime de Duplo Resultado, assim sendo, temos como possíveis resultados a(o):
● Lesão Patrimonial
● Prejuízo ao Ofendido

Espécies de Estelionato (figuras equiparadas)

ESPÉCIES DE ESTELIONATO COMENTÁRIOS

Disposição de Coisa Alheia como Própria Disposição Legal​: Art. 171, I, do CP


● “vende, permuta, dá em pagamento, em
locação ou em garantia coisa alheia
como própria;”

Elementares do Tipo Penal


● Vender - é sinônimo de alienar ou ceder
por preço certo.
● Permutar​ - é o mesmo que trocar.
● Dação em Pagamento ​- consiste no
recebimento pelo credor de prestação
diversa da que lhe é devida (Art. 356 do
CC)
● Locação - Na locação de coisas, uma
das partes se obriga a ceder à outra,
por tempo determinado ou não, o uso e
gozo de coisa não fungível, mediante
certa retribuição (Art. 565 do CC)

Objeto Material
● Coisa Alheia

Estelionato X Ap. Indébita


● Distinguem-se quanto ao momento em
que desponta o dolo de locupletar-se
perante o patrimônio alheio: na

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apropriação indébita o dolo é


subsequente ou sucessivo, enquanto
no estelionato o dolo é antecedente ou
ab initio (MASSON , 2018, p. 772).

Alienação ou oneração fraudulenta de Disposição Legal​: Art. 171, II, do CP


coisa própria ● vende, permuta, dá em pagamento ou
em garantia coisa própria inalienável,
gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel
que prometeu vender a terceiro,
mediante pagamento em prestações,
silenciando sobre qualquer dessas
circunstâncias.

Objeto Material
● Coisa Própria Inalienável - Aquela que
não pode ser vendida em razão de
disposição legal ou convenção.
Ad exemplum:
● Legal - bem da família (art.
1.717, CC)
● Convencional - cláusula
inserida na doação ou no
testamento (art. 1.911, CC).
● Coisa Própria Gravada de Ônus -
hipoteca, a anticrese, o penhor, as
servidões, o usufruto, o uso, o direito do
promitente comprador e a habitação
● Coisa Própria Litigiosa ​- coisa sobre a
qual recaia demanda judicial
● Imóvel que prometeu vender a terceiro,
mediante pagamento em prestações

Obs.: A alienação ou oneração de bens, por si


sós, não constituem crime. ​O delito consiste
em SILENCIAR acerca do ônus ou encargo
suportado pela coisa.

Defraudação de Penhor Disposição Legal​: Art. 171, III, do CP


● defrauda, mediante alienação não
consentida pelo credor ou por outro
modo, a garantia pignoratícia, quando

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tem a posse do objeto empenhado;

Conceito de Penhor
● Consiste na transferência efetiva da
posse que, em garantia do débito ao
credor ou a quem o represente, faz o
devedor, ou alguém por ele, de uma
coisa móvel, suscetível de alienação
(Art. 1.431 do CC).
● É possível que as coisas empenhadas
continuem em poder do devedor, que
as deve guardar e conservar (Art.
1.431, p.ú., do CC). Nesse caso haverá
aplicação do crime em comento.

Objeto Material
● É a coisa móvel.

Sujeito Ativo
Conforme relatado anteriormente, somente a
modalidade de penhor disciplinada no Art.
1.431, p.ú., do CC será objeto do crime em
questão, por conseguinte, o sujeito ativo será
o devedor que estava na posse da coisa
móvel.

Fraude na Entrega de Coisa Disposição Legal​: Art. 171, IV, do CP


● defrauda substância, qualidade ou
quantidade de coisa que deve entregar
a alguém.

Objeto Material
● Coisa móvel ou imóvel

Observações Importantes
● O crime pressupõe a existência de
negócio jurídico envolvendo duas
pessoas, no qual o sujeito responsável
pela entrega do objeto material
fraudulentamente o modifica,
entregando em seguida a vítima.
● O mero inadimplemento contratual não
caracteriza o delito.
● A obrigação pode decorrer da lei,
contrato ou ordem judicial.

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● A entrega da coisa defraudada a título


gratuito não configura o crime em tela,
por ausência de dano patrimonial
àquele que recebe.

Fraude para recebimento de indenização Disposição Legal​: Art. 171, IV, do CP


ou valor de seguro ● Destrói, total ou parcialmente, ou oculta
coisa própria, ou lesa o próprio corpo
ou a saúde, ou agrava as
conseqüências da lesão ou doença,
com o intuito de haver indenização ou
valor de seguro.
Contrato de Seguro
● O pressuposto fundamento do delito é a
existência de um contrato de seguro em
vigor, do contrário, estará caracterizado
crime impossível, em face da
impropriedade absoluta do objeto.

● O contrato de seguro pode ser:


a) Legal​ - Ex.: Art. 1.346 do CC
b) Convencional - Vontade das
Partes

Elementares do Tipo Penal


● Destruir, total ou parcialmente, coisa
própria
● Ocultar coisa própria
● Lesar o próprio corpo ou a saúde
● Agravar as consequências da lesão ou
doença.

Fraude no pagamento por meio de cheque Disposição Legal​: Art. 171, IV, do CP
emite cheque, sem suficiente provisão de
fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o
pagamento.

Causa de Aumento de Pena


A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
cometido em detrimento de entidade de direito
público ou de instituto de economia popular,
assistência social ou beneficência.

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Elementares do Tipo Penal


- Emitir cheque sem suficiente provisão de
fundos
- Frustrar o pagamento do cheque

Súmulas
Súmula 246 do STF ​- Comprovado não ter
havido fraude, não se configura o crime de
emissão de cheque sem fundos.
● O ​animus lucri faciendi (intenção
de fraudar) é indispensável para
a caracterização do delito. Do
contrário, só será caso de
inadimplemento contratual.
Súmula 521 do STF - O foro competente para
o processo e julgamento dos crimes de
estelionato, sob a modalidade da emissão
dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o
do ​local onde se deu a recusa do pagamento
pelo sacado.
Súmula 554 do STF​. O pagamento de cheque
emitido sem provisão de fundos, ​após o
recebimento da denúncia​, não obsta ao
prosseguimento da ação penal.
● Se antes do recebimento da
denúncia, restará, por
conseguinte, a ausência de justa
causa para o ajuizamento da
ação penal.
Súmula 244 do STJ - Compete ao f​oro do local
da recusa processar e julgar o crime de
estelionato mediante cheque sem provisão de
fundos.
Quadro esquematizado feito com base nas lições dos professores Guilherme de Souza Nucci, Cleber Masson e Luiz
Régis Prado, in fine referenciados.

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RECEPTAÇÃO

Conceito

O crime de receptação consiste em adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito


próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a
adquira, receba ou oculte.

É preciso ter havido, anteriormente, um delito, não se admitindo a contravenção penal.

Espécies

RECEPTAÇÃO CARACTERÍSTICAS
(ESPÉCIES)

Receptação dolosa a) própria (art. 180, caput, 1ª parte, do CP)​: consiste em adquirir,
simples receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito pró, admite-se
tentativa (crime material). Admite-se tentativa.

b) imprópria (art. 180, caput, 2ª parte, do CP)​: influir para que terceiro,
de boa-fé, a adquira, receba ou oculte (crime formal). Não admite
tentativa.

Receptação dolosa Trata-se de crime próprio (comercial ou industrial), que se aperfeiçoa


qualificada com dolo direto (​Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter
(Art. 180, § 1º, do CP) em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou
de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio)​ ou dolo
eventual (coisa que deve saber ser produto de crime).

Receptação dolosa Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do Distrito


agravada Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa
(Art. 180, § 6º, do CP) pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de
serviços públicos, aplica-se ​em dobro​ a pena prevista.

Receptação dolosa O juiz pode:


privilegiada ● Substituir a pena de reclusão pela de detenção.
(Art. 180, § 5º, 2ª ● Diminuí-la de um a dois terços
● Aplicar somente a pena de multa.
parte, do CP)

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Receptação Culposa Consiste em adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela
(Art. 180, § 3º, do CP) desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a
oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso.

Se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as


circunstâncias, deixar de aplicar a pena.

Sujeitos do Crime

● Sujeito Ativo - Pode ser qualquer pessoa (crime comum). Nucci adverte que o sujeito que
foi coautor ou partícipe do delito antecedente, por meio do qual obteve a coisa, não
responde por receptação, mas somente pelo que anteriormente cometeu.
● Sujeito Passivo - O sujeito passivo necessita ser o proprietário ou possuidor da coisa
produto de crime.

Objeto Material

O objeto material é a coisa produto de crime.


● O instrumento do crime pode ser objeto material do crime de receptação? ​Não pode,
considerando que o objeto jurídico do crime de receptação é o patrimônio, assim sendo, se
alguém ocultar, por exemplo, um revólver para proteger o criminoso, responde por
favorecimento real, e não por receptação (Nucci).

Elemento Subjetivo

Admite-se a forma dolosa e culposa.

Consumação e Tentativa

Nas palavras de Ricardo Andreucci, a consumação da receptação se opera:


● Na modalidade dolosa própria: com a efetiva aquisição, recebimento, transporte, condução
ou ocultação da coisa (delito material).
● Na modalidade dolosa imprópria: com a influência exercida sobre o terceiro de boa-​fé,
inde​pendentemente da efetiva aquisição, recebimento ou ocultação da coisa por parte
deste (delito formal).

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DISPOSIÇÕES GERAIS APLICÁVEIS AOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

IMUNIDADE PENAL

Conceito

Nas palavras de Guilherme Nucci, imunidade é um privilégio de natureza pessoal, desfrutado por
alguém em razão do cargo ou da função exercida, bem como por conta de alguma condição ou
circunstância de caráter pessoal. No âmbito penal, trata-se (art. 181) de uma escusa absolutória,
condição negativa de punibilidade ou causa pessoal de exclusão da pena.

Justificativa

Ainda nas lições de Nucci, o fundamento justificador é de política criminal, levando em conta
motivos de ordem utilitária e baseando-se na circunstância de existirem laços familiares ou
afetivos entre os envolvidos, o legislador houve por bem afastar a punibilidade de determinadas
pessoas.

Hipóteses de Incidência

Regra Geral: ​É isento de pena quem comete qualquer dos crimes patrimônio contra
● O cônjuge, na constância da sociedade conjugal.
● O ascendente ou descendente, seja civil ou natural.
Exceção:​ ​ Não se aplica a regra retromencionada
● Se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave
ameaça ou violência à pessoa;
● Ao estranho que participa do crime.
● Se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.

Necessidade de representação

Somente se procede mediante representação, se o crime contra o patrimônio é cometido em


prejuízo:
● Do cônjuge desquitado ou judicialmente separado.
● De irmão.
● De tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.

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5. PARTE ESPECIAL – DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE


SEXUAL

ESTUPRO

Conceito

Consiste em constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou
a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso (Art. 213 do CP).

Núcleo do Tipo Penal

O núcleo do tipo é “constranger”, no sentido de coagir tolher a liberdade, forçar ou coagir.

OBSERVAÇÃO: O constrangimento também é núcleo do tipo penal de


constrangimento ilegal (Art. 146 do CP), contudo, no estupro a coação da vítima se
destina a uma finalidade específica, qual seja, a conjunção carnal ou outro ato
libidinoso (MASSON, 2018).

Objeto Material

O Objeto Material é a pessoa contra a qual é dirigida a conduta praticada pelo agente.

Meios de Execução

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Pluralidade Típica

De acordo com Masson (2018, p. 894), o tipo penal de Estupro contém 03 (três) condutas típicas,
são elas:
a) Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal: A
vítima, homem ou mulher, é obrigada , em razão da violência ou grave ameaça à prática
da conjunção carnal - nesse caso é indispensável a relação heterossexual.
b) Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar outro ato libidinoso:
Nesse caso o papel da vítima é ativo, pois ela pratica algum ato libidinoso nela própria ou
em terceiro, pode ser heterossexual ou homossexual.
c) Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a permitir que com ele se
pratique outro ato libidinoso: ​Nesse caso o papel da vítima é passivo, pois permite que nela
se pratique um ato libidinoso.

OBSERVAÇÃO: ​É dispensável o contato físico natureza erótica entre o estuprador e


a vítima? Cleber Masson entende que é possível somente em se tratando de atos
libidinosos (as duas últimas hipóteses), em que a vítima participe ativa ou
passivamente, não tendo a vítima praticado ou deixado alguém praticar nela qualquer
tipo de ato libidinoso não haverá crime de estupro, podendo se falar em crimes de contemplação
lasciva ou constrangimento ilegal.

Objetividade jurídica

Aqui se protege a liberdade de autodeterminação, a livre escolha em matéria sexual.

Sujeito ativo

É crime comum, os sujeitos ativo e passivo podem ser homem ou mulher.

Elemento subjetivo

Nas palavras de Guilherme Nucci, o elemento subjetivo do crime de estupro consiste no dolo.
Não existe a forma culposa. Há, também, a presença do elemento subjetivo do tipo específico,
consistente na finalidade de obter a conjunção carnal ou outro ato libidinoso, satisfazendo a
lascívia.

Consumação e tentativa

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No raciocínio de Rogério Greco, o crime de estupro consuma-se:

a) Quando a conduta do agente for dirigida finalisticamente a ter conjunção carnal: com a
efetiva penetração do pênis do homem na vagina da mulher, não importando se total ou
parcial, não havendo, inclusive, necessidade de ejaculação.
b) Quando a conduta do agente for obriga a vítima a praticar ou permitir que com ela se
pratique outro ato libidinoso diverso da conjunção carnal: com a prática do ato libidinoso,
ativa ou passivamente.

Espécies

ESPÉCIES DE ESTUPRO CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES

SIMPLES Definição Legal​: Art. 213,​ caput​, do CP

Constranger alguém, mediante violência ou


grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a
praticar ou permitir que com ele se pratique
outro ato libidinoso

QUALIFICADO PELA LESÃO CORPORAL DE Definição Legal​: Art. 213, § 1º, 1ª parte, do CP
NATUREZA GRAVE
Ingressam as lesões corporais graves e
também as lesões corporais gravíssimas
As vias de fato e as lesões leves são
absorvidas pelo crime sexual
A lesão de natureza grave há de ser produzida
na vítima do estupro

QUALIFICADO PELA MORTE DA VÍTIMA Definição Legal​: Art. 213, § 2º, do CP

● O estupro será qualificado se resultar a


morte da vítima, se resultar em pessoa
diversa, deverão ser imputados ao
agente os crimes de estupro e
homicídio qualificado (concurso
material)
● Se a vítima for menor de 18 e maior 14
anos e falecer em razão do estupro,
incidirá somente a qualificadora prevista

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§ 2º. Podendo o magistrado utilizar tal


situação como circunstância judicial
desfavorável.

QUALIFICADO PELA IDADE DA VÍTIMA Definição Legal​: Art. 213, § 1º, 2ª parte, do CP

● Fundamenta-se na maior
reprovabilidade da conduta e na
facilidade para execução do delito, em
face da reduzida capacidade de
resistência do ofendido, bem como pela
extensão dos danos físicos, morais e
psicológicos causados ao adolescente.
● É possível erro de tipo em relação a
idade da vítima, por conseguinte, é
necessário que a faixa etária da vítima
entre na esfera de conhecimento do
agente.

PRATICADO CONTRA ÍNDIOS Definição Legal​: Art. 59 da Lei 6001/73

No caso de crime contra a pessoa, o


patrimônio ou os costumes (​leia-se: dignidade
sexual​), em que o ofendido seja índio não
integrado ou comunidade indígena, a pena
será agravada de um terço.
Quadro esquematizado feito com base nas lições do professor Cleber Masson, in fine referenciado.

IMPORTUNAÇÃO SEXUAL

Contexto Social

Como bem lembra Bitencourt (2019, p. 80), trata-se de um tipo penal de extrema importância
preenchendo importantes lacunas em nosso sistema penal, como deixaram claro os graves fatos
ocorridos no interior dos meios de transportes públicos de São Paulo, com crimi​nosos ejaculando,
impunemente, em mulheres indefesas e comprimidas nesses locais, sem chance de defesa. Em
situações como essas, agora tipificadas como importunação sexual, o executor da ação
degradante violenta a dignidade sexual da vítima, que é ultrajada, vilipendiada e humilhada por
uma conduta repugnante e indigna do referido agresso.

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Conceito
A conduta criminosa consiste em praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com
o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro (Art. 215-A do CP).

Bem Jurídico Tutelado

Tutela-se a liberdade sexual e a dignidade sexual.

Sujeito Ativo e Passivo

● Ativo - De acordo com Bitencourt (2019, p. 82), o crime pode ser praticado ou sofrido,
indistintamente, por homem ou mulher, sendo indiferente o gênero do sujeito ativo e do
sujeito passivo, inclusive por ex-​maridos, ex-namorados ou ex​-companheiros após o
término da relação, e, nesta última hipótese, ganha especial relevo a ausência de
consenti​mento da vítima.
● Passivo - pode ser, independentemente, homem ou mulher.

Adequação Típica

Ainda nas lições de Cezar Roberto Bitencourt, o crime em comento trata-se de uma violência
intrínseca, isto é, na prática de atos de libidinagem na presença de alguém (vítima), qualquer ato
de libidinagem, como é o caso do exemplo clássico, ejacular na presença, ou na própria vítima,
bem como no apalpamento das re​giões pudendas (nádegas, seios, pernas, genitália etc.), cuja
forma de execução traz consigo a ​presença inequívoca da vontade consciente de satisfazer a
própria lascívia ou a de outrem.​

O texto legal traz consigo duas elementares de extrema importância, quais sejam:

● Na presença de alguém: o ofendido deve estar, pessoalmente, ​in loco​, ou, dito de outra
forma, deve estar “de corpo pre​sente” onde se desenrola o ato libidinoso.
● Sem sua anuência:​ sem o consentimento da vítima.

Elemento Subjetivo

● Dolo: é o dolo constituído pela vontade consciente de praticar a ação descrita no tipo
penal, qual seja, praticar, na presença de alguém e sem a sua anuência, ato libidinoso
(BITENCOURT, 2019, p. 86).
● Finalidade Especial:​ satis​fazer a própria lascívia ou a de terceiro.

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Consumação e Tentativa

● Con​suma​-se com a efetiva prática de ato libidinoso, independentemente de satisfazer a


sua luxúria ou a de terceiro.
● Admite​-se a tentativa, embora seja difícil de ser visualizada.

ASSÉDIO SEXUAL

Conceito

O crime de assédio sexual consiste em constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou
favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou
ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função (Art. 216-A do CP).

Bem Jurídico Tutelado

O tipo penal protege a liberdade sexual, o direito à intimidade e à dignidade das pessoas no
âmbito das atividades de trabalho ou nos ambientes em que determinadas pessoas tenham
ascendência sobre outras, em razão do emprego, cargo ou função (PRADO, 2018).

Sujeito Ativo e Passivo

● Sujeito Ativo - De acordo com Luiz Régis Prado, trata-se de delito especial próprio, visto
que o tipo exige uma qualidade pessoal do agente, que deve ser ​superior hierárquico ou
ter ascendência sobre a vítima.

● Sujeito Passivo - Seguindo o raciocínio anterior, o sujeito passivo será a pessoa que sofreu
a conduta delitiva, podendo ser do sexo masculino ou do feminino, desde que figure como
inferior hierárquico​ ou esteja​ submetida à ascendência​ do agente.

Adequação Típica

Art. 216-A do CP. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual,
prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao
exercício de emprego, cargo ou função.

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ELEMENTAR OBSERVAÇÕES IMPORTANTES

Constranger ● Significa embaraçar seriamente a


vítima, importuná-la, incomodá-la,
aborrecê-la, acanhá-la, denotando uma
forma sutil de obrigá-la.
● Abrange tanto a conduta desprovida de
maiores intenções (ex.: uma simples
“cantada” do chefe em sua secretária)
quanto a prática do assédio como
chantagem, vale dizer, com o escopo
de obter favores sexuais sob pena de
represália no âmbito laboral (ex.:.,
ameaça de demissão)
● Luiz Regis Prado entende que somente
o assédio como chantagem pode ser
objeto do crime em comento.
● No mesmo sentido, Cleber Masson
entende que a intimidação inerente ao
assédio sexual deve ser SÉRIA, pouco
importando se o mal prometido é justo
ou injusto.

Alguém É a pessoa que está em situação de inferior


hierárquico a quem ocupa posição de superior
hierárquico ou de ascendência inerentes ao
exercício de cargo, emprego ou função.

Atenção!
Professores e Alunos: Não se caracteriza o
crime de assédio sexual entre tais pessoas,
ausência de relação derivada de exercício de
cargo, emprego ou função (Cleber Masson).
● De forma minoritária, Luiz Regis
Prado entende que pode
configurar o crime em comento.
Líderes Religiosos e Seguidores: Pelas
mesmas razões retro, não acarreta em crime
de Assédio Sexual.
Prostitutas: Havendo a presença de relação
derivada de exercício de cargo, emprego ou
função, haverá crime de Assédio Sexual.

Com o intuito de obter vantagem ou Consiste na finalidade especial exigida pelo


favorecimento sexual tipo, sendo, contudo, irrelevante que seja

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satisfeita para a consumação do delito.

prevalecendo-se o agente da sua condição de ● Superior Hierárquico: é condição que


superior hierárquico ou ascendência inerentes decorre de uma relação laboral, tanto
ao exercício de emprego, cargo ou função no âmbito da Administração Pública
como da iniciativa privada, em que
determinado agente, por força
normativa ou por contrato de trabalho,
detém poder sobre outro funcionário ou
empregado, no sentido de dar ordens,
fiscalizar, delegar ou avocar atribuições,
conceder privilégios funcionais
(PRADO, 2019).
● Ascendência: relação de domínio, de
influência, de respeito e até mesmo de
temor reverencial.
● Emprego: contrato de trabalho que lhe
dê a condição de superior hierárquico.
● Cargo: é o conjunto de atribuições e
responsabilidades previstas na
estrutura organizacional que devem ser
cometidas a um servidor (Art. 3º da Lei
8112/90).
● Função: é a atribuição ou atividade
específica ou um conjunto delas, cujo
exercício o Poder Público incumbe a
um agente administrativo ou a um
conjunto deles
Quadro esquematizado feito com base nas lições dos professores Guilherme de Souza Nucci, Cleber Masson e Luiz
Régis Prado, in fine referenciados.

Elemento Subjetivo do Tipo

● É o dolo consistente na consciência e vontade de constranger a vítima, acrescido do


elemento subjetivo do injusto, consistente no intuito de obter vantagem ou favorecimento
sexual.
● Luiz Regis Prado lembra que se outro for fim buscado pelo agente (exemplo: humilhar a
vítima, persegui-la no ambiente laboral), não se configura o assédio sexual, podendo
subsistir algum outro tipo penal (exemplo: constrangimento ilegal).

Consumação e Tentativa

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● Em relação a consumação do crime, destaque-se o posicionamento do professor Cezar


Roberto Bitencourt segundo o qual consuma​-se o crime de assédio sexual com a ​prática
de atos concretos​, efetivos, suficientemente idôneos para demonstrar a existência de
constrangimento.
● A concretização da finalidade especial do tipo, qual seja, ​o intuito de obter vantagem ou
favorecimento sexual,​ é irrelevante para se aferir a consumação do crime, por conseguinte,
consuma-​se o assédio sexual, independentemente de a vítima subme​ter​-se à chantagem
sexual constrangedora.

ESTUPRO DE VULNERÁVEL

Conceito

Consiste em ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com:


● Menor de 14 (catorze) anos.
● Com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato.
● Com alguém que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.

O cerne do presente tipo penal é a situação de vulnerabilidade da vítima, pode ser etária (menor
de 14 anos) ou circunstancial (enfermidade, deficiência mental, falta de discernimento ou aquela
sem possibilidade de oferecer resistência).

Objeto Material
É a pessoa em situação de vulnerabilidade.

A pessoa menor de 14 (catorze) anos: o agente, obrigatoriamente, deverá ter conhecimento de


ser ela menor de 14 (catorze) anos, pois, caso contrário, poderá ser alegado o chamado erro de
tipo que, dependendo do caso concreto, poderá conduzir até mesmo à atipicidade do fato, ou à
sua desclassificação para o delito de estupro, tipificado no art. 213 do Código Penal (Rogério
Greco).
A pessoa com enfermidade ou deficiência mental: é necessário a falta de discernimento para a
prática do ato.
A pessoa sem possibilidade de oferecer resistência: em casos de doenças crônicas e debilitantes
(tuberculose avançada, neoplasia grave, desnutrições extremas etc.); uso de aparelhos
ortopédicos (gesso em membros superiores e tórax; gesso aplicado na coluna vertebral;

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manutenção em posições bizarras para ossificação de certas fraturas etc) ou em casos de


embriaguez completa da vítima, se a embriaguez for parcial e se a vítima podia, de alguma forma,
resistir, restará afastado o delito em estudo (Rogério Greco).

Figuras qualificadas

Qualifica o crime de estupro de vulnerável se o mesmo resultar em (crime qualificado pelo


resultado):
● Lesão corporal de natureza grave
● Morte

Sujeitos do Crime

● Sujeito Ativo - pode ser qualquer pessoa (crime comum)


● Sujeito Passivo - a pessoa em situação de vulnerabilidade.

Consumação e Tentativa

O tipo penal não exige o emprego da violência e da grave ameaça, por conseguinte, o crime
consuma-se independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido
relações sexuais anteriormente ao crime.

● Súmula 593 do STJ: O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção


carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual
consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou
existência de relacionamento amoroso com o agente.

6. PARTE ESPECIAL – DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA


PARA FIM DE PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE
EXPLORAÇÃO SEXUAL

Conceito de Lenocínio

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Consiste, nas lições de Luiz Regis Prado, a conduta delitiva consistente em intermediar, facilitar
ou promover atos de libidinagem, bem como obter proveito da prostituição alheia.

● Lenocínio Principal - o agente induz a vítima a satisfazer a lascívia de outrem ou a leva


efetivamente a prostituir-se.
● Lenocínio Acessório - o agente, encontrando a vítima corrompida ou prostituída, apenas
facilita ou explora a concreção dos atos libidinosos.

Principais Espécies Delitivas

1)​ Mediação para servir a lascívia de outrem (Art. 227 do CP)

Conceito: consiste no simples induzimento para que alguém satisfaça a lascívia de ​outra
pessoa​.

Formas Qualificadas:
● Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, ou se o agente
é seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador
ou pessoa a quem esteja confiada para fins de educação, de tratamento ou de
guarda (​pena mais grave).
● Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude(​pena
mais grave)​.
● Se o crime é cometido com o fim de lucro (​mesma pena acrescida da multa)​.

2) ​Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual (Art. 228 do CP)

Conceito:​ consiste em induzir ou atrair alguém à:


● prostituição.
● qualquer forma de exploração sexual.
● facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone.

Forma Qualificadas:
● Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro,
tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra
forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância (​pena mais grave)​.
● Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude (​pena mais
grave)​.
● Se o crime é cometido com o fim de lucro (​mesma pena acrescida da multa)​.

3) ​Casa de Prostituição (Art. 229 do CP)

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Conceito: consiste na manutenção, por conta própria ou de terceiro, de ​estabelecimento em


que ocorra exploração sexual,​ haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário
ou gerente.
Obs​.: Em face do requisito da habitualidade, é atípica a conduta quando o agente cede casa ou
local apenas ocasionalmente para exploração sexual de terceiros.

4) ​Rufianismo​ ​(Art. 230 do CP)

Conceito​: consiste na atuação por parte do agente (Rufião) de tirar proveito da prostituição
alheia, participando diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte,
por quem a exerça.

Rufião:​ é aquele que aufere vantagens, subdivide-se em:


● Rufião Ativo: é aquele que se julga sócio da prostituta e, num simulacro de indústria, esta
ingressa com a penosa atividade carnal enquanto aquele aufere os lucros, em troca de
proteção.
● Rufião Passivo - é a figura do gigolô, que recebe vantagem econômica da pessoa
prostituída porque lhe cobre de afetos ou lhe faz juras de amor.

Rufião X Proxeneta: De acordo com Luiz Regis Prado, ​o rufião não se confunde com o
proxeneta, porque este age como um intermediário e, mesmo no proxenetismo lucrativo, o
agente, após obter a sua vantagem, se afasta da vítima. O rufião, ao contrário, é explorador
que vive continuamente, total ou parcialmente, às expensas da pessoa prostituída​.

7. PARTE ESPECIAL – CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

Conceito de Crime contra a Fé Pública

Conforme ensina Nucci (2016, p. 100), a fé é uma crença ou uma confiança em algo ou alguém.
No sentido jurídico-penal, acrescenta-se o termo pública, de modo a evidenciar ser uma confiança
geral, que se estabelece em assuntos proporcionados pelo Estado. Tal contexto vincula-se à
credibilidade existente em certos atos, símbolos, documentos, papéis ou formas em geral,
impostas em lei,​ que merecem salvaguardar-se do seu maior algoz: o falso.

Principais Espécies Delitivas

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1) ​Moeda Falsa (Art. 289 do CP)

Conceito: consiste em falsificar (Núcleo do tipo), fabricando-a ou alterando-a (condutas


acessórias), moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro (Objeto
Material).

Figuras Equiparadas:
● importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na
circulação moeda falsa, por conta própria ou alheia.
● restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, quem, tendo recebido de boa-fé,
como verdadeira, moeda falsa ou alterada.

Qualificadora: É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou
diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou
emissão:
● de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei.
● de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.

Proteção Internacional​: o Brasil é signatário da Convenção Internacional para a Repressão da


Moeda Falsa (Decreto 3.074/38). A incriminação do falso numário, não se limita a lei a proteger
a soberania monetária do Estado, mas tutela a circulação monetária em geral

OBSERVAÇÃO: O crime de moeda falsa exige, para sua configuração, ​que a


falsificação não seja grosseira.​ A moeda falsificada há de ser apta à circulação
como se verdadeira fosse. Se a falsificação for grosseira a ponto de não ser hábil a
ludibriar terceiros, não há crime de estelionato.[HC 83.526, rel. min. Joaquim
Barbosa, j. 16-3-2004, 1ª T, DJ de 7-5-2004.]

Pode ser aplicado o Princípio da Insignificância? Dez notas de pequeno valor. Princípio da
insignificância. Inaplicabilidade.​ Desvalor da ação e do resultado. Impossibilidade de
quantificação econômica da fé pública efetivamente lesionada. Desnecessidade de dano efetivo
ao bem supraindividual. Ordem denegada [HC 93.251, rel. min. Ricardo Lewandowski, j.
5-8-2008, 1ª T, DJE de 22-8-2008.]

2) ​Petrechos de Falsificação (Art. 294 do CP)

Conceito: consiste em fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar (núcleos do tipo) objeto
especialmente destinado à falsificação de qualquer dos papéis definidos em lei (objeto
material).

Crime Subsidiário: ​Se o mesmo agente, após fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar o

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petrecho de falsificação, também pratica ou concorre para a prática da falsificação


subsequente, não incidirá nos dois crimes.

Majorante: Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo,


aumenta-se a pena de sexta parte.

3) ​Falsificação de Documento Público (Art. 297 do CP)

Conceito: consiste em falsificar (núcleo do tipo), no todo ou em parte, documento público


(objeto material), ou alterar (núcleo do tipo) documento público verdadeiro.

Figuras Equiparadas
● inserir na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a
fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de
segurado obrigatório.
● inserir na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento
que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que
deveria ter sido escrita.
● inserir em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as
obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que
deveria ter constado.
● omitir, na folha de pagamento, documento de informações e contábil, Carteira de
Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito
perante a previdência social, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração,
a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços.

Documento Público Equiparado: Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o


emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações
de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular.

Majorante: Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo,


aumenta-se a pena de sexta parte.

Exige resultado naturalístico? Não! O delito de falsificação de documento público é crime


formal, cuja consumação se dá no momento da falsificação ou da alteração do documento.
[RHC 91.189, rel. min. Cezar Peluso, j. 9-3-2010, 2ª T, DJE de 23-4-2010.]

4)​ Falsidade Ideológica (Art. 299 do CP)

Conceito: consiste em omitir (núcleo do tipo), em documento público ou particular (objeto


material), declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir (núcleos do tipo)
declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita (condutas acessórias), com o fim de
prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante

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(finalidade especial do tipo).

Majorante: se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou


se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta
parte.

Falsidade Ideológica exige efetivo prejuízo? A declaração, no cível, de inexistência de prejuízo


não repercute no processo-crime considerado o tipo falsidade ideológica.[HC 108.554, rel. p/ o
ac. min. Marco Aurélio, j. 20-3-2012, 1ª T, DJE de 18-5-2012.]

5) ​Uso de Documento Público (Art. 304 do CP)

Conceito: consiste em fazer (núcleo do tipo) uso de qualquer dos papéis falsificados ou
alterados (objeto material), a que se referem os arts. 297 a 302 do Código Penal.

Post Factum Impunível (Exaurimento): O uso dos papéis falsificados, ​quando praticado pelo
próprio autor da falsificação,​ configura post factum não punível, mero exaurimento do ​crimen
falsi​, respondendo o falsário, em tal hipótese, pelo delito de falsificação de documento público
(CP, art. 297) ou, conforme o caso, pelo crime de falsificação de documento particular (CP, art.
298). [AP 530, rel. p/ o ac. min. Roberto Barroso, j. 9-9-2014, 1ª T, 2014]

6) ​Adulteração de sinal identificador de veículo automotor (Art. 311 do CP)

Conceito: consiste em adulterar ou remarcar (núcleo do tipo) número de chassi ou qualquer


sinal identificador de veículo automotor (objeto material), de seu componente ou equipamento.

Figura Equiparada: Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui para o
licenciamento ou registro do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente
material ou informação oficial.

Majorante: Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão dela, a


pena é aumentada de um terço.

7) ​Fraudes em certames de interesse público​ ​(Art. 311 - A do CP)

Conceito: consiste em utilizar ou divulgar (núcleo do tipo), indevidamente, com o fim de


beneficiar a si ou a outrem , ou de comprometer a credibilidade do certame (finalidade especial
do tipo), conteúdo sigiloso de:
a) concurso público;
b) avaliação ou exame públicos;
c) processo seletivo para ingresso no ensino superior;

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d) exame ou processo seletivo previstos em lei:


Todos se constituem em Objeto Material do crime em comento.

Figura Equiparada: permitir ou facilitar, por qualquer meio, o acesso de pessoas não
autorizadas às informações retromencionadas.

Qualificadora:​ Se da ação ou omissão resulta dano à administração pública (aumento da pena).

Majorante:​ Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido por funcionário público.

8. PARTE ESPECIAL – DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA

Conceito de Paz Pública

Para Damásio de Jesus, paz pública é o sentimento de tranquilidade ao qual têm direito todas as
pessoas, e sem a qual torna-se impossível o desenvolvimento e sobrevivência dos componentes
de uma determinada coletividade.

Dos crimes contra a Paz Pública

1) ​Incitação ao Crime (Art. 286 do CP)

Conceito​: consiste no simples fato de incitar, de forma pública, a prática de crime.


“De forma Pública”​: De acordo com Nucci (2016, p. 1361), a instigação à prática do delito
somente ganha relevo penal ​quando feita publicamente,​ isto é, de modo ​a atingir várias
pessoas, em lugar público ou de acesso ao público.​ Não seria conduta típica a incitação feita
em particular, de um amigo para outro, por exemplo.
Incitação ao crime. Reunião privada. Atipicidade. O tipo do art. 286 do CP ​pressupõe a
incitação em local público.​ [Inq 3.811, rel. min. Marco Aurélio, j. 24-11-2015, 1ª T, STF,
DJE de 10-12-2015.]

Incitação à prática de contravenção penal: não induz a prática do crime em comento, a


incitação deve ser à prática de crime. Se o agente incita, publicamente, à prática de
contravenção, o fato é atípico, o mesmo devendo ser dito se incita publicamente à prática de
ato imoral (Damásio de Jesus).

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Consumação e Tentativa: O crime consuma-se com a percepção, por indeterminado número de


pessoas, da incitação pública ao crime. É irrelevante que o crime ao qual foram tais pessoas
incitadas não seja praticado. A tentativa é possível, v.g., por meio de carta ou panfletos
(Damásio de Jesus).

2)​ Apologia de crime ou criminoso (Art. 287 do CP)

Conceito:​ consiste em fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime.

Apologia: Fazer apologia significa exaltar, enaltecer, elogiar. Assim sendo, Damásio de Jesus
ensina que a apologia deve ser de fato definido como crime, não configurando o delito o elogio
de fato contravencional nem de fato imoral, outrossim, o fato criminoso deve ser determinado e
ter realmente ocorrido anteriormente à apologia criminosa, podendo ser feito em forma de
elogio ao autor do crime (nexo de causalidade com a conduta).

Apologia X Direito à Livre Manifestação do Pensamento (Caso da Marcha da Maconha): O


direito à livre manifestação do pensamento: núcleo de que se irradiam os direitos de crítica, de
protesto, de discordância e de livre circulação de ideias. Abolição penal (abolitio criminis) de
determinadas condutas puníveis. Debate que não se confunde com incitação à prática de delito
nem se identifica com apologia de fato criminoso. Discussão que deve ser realizada de forma
racional, com respeito entre interlocutores e sem possibilidade legítima de repressão estatal,
ainda que as ideias propostas possam ser consideradas, pela maioria, estranhas, insuportáveis,
extravagantes, audaciosas ou inaceitáveis. O sentido de alteridade do direito à livre expressão
e o respeito às ideias que conflitem com o pensamento e os valores dominantes no meio social.
Caráter não absoluto de referida liberdade fundamental (CF, art. 5º, IV, V e X; Convenção
Americana de Direitos Humanos, art. 13, § 5º).[ADPF 187, rel. min. Celso de Mello, j.
15-6-2011, STF, DJE de 29-5-2014.]

3)​ Associação Criminosa (Art. 288 do CP)

Conceito: consiste em associarem-se 3 (três) ou mais pessoas​, para o fim específico de


cometer crimes (mínimo de 03 pessoas).

Menor de 18 anos: o tipo penal não exige que todas elas sejam imputáveis, de modo que se
admite, para a composição do crime, a formação de associação criminosa entre maiores e
menores de 18 anos (Nucci, 2016, p. 1364)

Características: A estrutura central deste crime reside na consciência e vontade de os agentes


organizarem-se em associação criminosa com a finalidade de cometer crimes. Trata-se de
crime autônomo, de perigo abstrato, permanente e de concurso necessário, inconfundível com
o simples concurso eventual de pessoas.
● Majorante: A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a

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participação de criança ou adolescente.

4) ​Constituição de Milícia Privada (Art. 288 do CP)

Conceito: consiste em constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar,


milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes
previstos no Código Penal.

9. PARTE ESPECIAL – DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO


PÚBLICA

DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM


GERAL

Conceito de Funcionário Público

Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública (Art. 327 do CP).

OBSERVAÇÃO:​ Estagiário - é considerado servidor público.


Estagiário de órgão público que, valendo-se das prerrogativas de sua função,
apropria-se de valores subtraídos do programa bolsa-família subsume-se
perfeitamente ao tipo penal descrito no art. 312, § 1º, do Código Penal –
peculato--furto –, porquanto estagiário de empresa pública ou de entidades congêneres se
equipara, para fins penais, a servidor ou funcionário público, lato sensu, em decorrência do
disposto no art. 327, § 1º, do Código Penal(STJ, REsp. 1303748/AC, Rel. Min. Sebastião Reis
Júnior, 6ª T., DJe 6/8/2012).

Funcionário Público Equiparado

Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade


paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para
a execução de atividade típica da Administração Pública (Art. 327, § 1º, do CP).

Causa de Aumento de Pena

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A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes forem ocupantes de ​cargos
em comissão ou de ​função de direção ou assessoramento de ​órgão da administração direta​,
sociedade de economia mista​, ​empresa pública ou ​fundação instituída pelo poder público
(Art. 327, § 2º, do CP)

Dos Crimes em Espécie

1)​ Peculato (Art. 312 do CP)

Modalidades:
● Peculato Apropriação: Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer
outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo (Art. 312,
caput, 1ª parte,​ do CP)
● Peculato Desvio: desviar, em proveito próprio ou alheio, dinheiro, valor ou qualquer outro
bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo (Art. 312,
caput, 2ª parte,​ do CP)
- Atenção! ​O proveito precisa ser próprio ou alheio, nesse sentido, não se configura
o delito de peculato-desvio quando o agente público destina verba pública para
outro elemento que o determinado por lei. Verba para o FUNDEF, que foi
emprestada ao Estado para resolver déficit de caixa. Ausência de configuração do
tipo previsto na parte final do art. 312 do CP (STJ, CE, Apn. 391/MS,Rel. Min.
José Delgado, DJ 25/9/2006, p. 197).
● Peculato Furto: Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a
posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em
proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de
funcionário (Art. 312, ​caput, ​§ 1º​,​ do CP).
● Peculato Culposo: ocorre quando o funcionário público concorre culposamente para o
crime de outrem.
- Obs.: A reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.

Objeto Material:​ Dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel.


● Obs.: O objeto material pode ser um bem público (pertencente a Adm. Pública) ou
particular (bem apreendido ou mesmo guardado).
● Requisitos:
a) Posse: é necessário que o agente tenha a posse do bem, isto é, a utilização de
um dos poderes inerentes ao domínio (propriedade), exceto na modalidade
peculato furto.
b) Em razão do cargo: Isso significa que o sujeito tinha uma liberdade desvigiada
sobre a coisa em virtude do cargo por ele ocupado.

Sujeito Ativo

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● Funcionário Público (crime próprio): é conhecido como delito funcional impróprio, isto é,
se fosse retirado a condição de funcionário público teríamos um crime contra o
patrimônio.
● Obs.: O crime de peculato exige, para sua configuração, a especial condição do sujeito
ativo, que deve ser funcionário público, entretanto, essa circunstância não impede que
alguém, que não ostente essa condição, ​pratique o crime em concurso com funcionário
público (art. 30 do Código Penal) (STJ, AgRg. no REsp.1262099/RR, Relª Minª Laurita
Vaz, 5ª T., DJe 28/3/2014)

Sujeito Passivo
● É o Estado, bem como a pessoa física ou jurídica diretamente prejudicada com a
conduta praticada pelo sujeito ativo (Rogério Greco).

Consumação e Tentativa
● Peculato Apropriação: se consuma quando o agente inverte a posse, agindo como se
fosse dono.
● Peculato Desvio: ocorre quando o agente dá a coisa destino diverso, quando a emprega
em fins outros que não o próprio ou regular, agindo em proveito dele mesmo ou de
terceiro.
- O crime de peculato na modalidade desvio (art. 312, caput, segunda parte, do
Cód. Penal) ​é crime material.​ Em outras palavras, consuma -se com o prejuízo
efetivo para a Administração Pública (STJ, AgRg. no Ag.905635/SC, Rel. Min.
Nilson Naves, 6ª T., j. 16/9/2008).
● Peculato Furto: ocorre a consumação quando o agente consegue levar a efeito a
subtração do dinheiro, valor ou bem.

Concussão (Art. 316 do CP)

Conceito: consiste em exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de assumi-la, ​mas em razão dela,​ vantagem indevida.
- Obs.: Devemos olhar com mais cuidado para a expressão ainda que fora da função ou
antes de assumi-la, mas em razão dela. Isso porque o agente, quando da prática do
comportamento típico, ​já gozava do status de funcionário público, mesmo não
estando no exercício de sua função. O importante, frisamos, é que ele já seja
considerado funcionário público, utilizando, para tanto, o conceito previsto pelo art. 327 e
seu § 1º do Código Penal (​Rogério Greco​).

Vantagem econômica: De acordo com Rogério Greco, a vantagem indevida pode ser
econômica, sentimental, moral ou sexual.

Objeto Material:​ O objeto material é a vantagem indevida.

Sujeito Ativo:​ Funcionário Público (crime próprio).

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Sujeito Passivo: O Estado (de forma direta) e protege-se o interesse patrimonial dos cidadãos,
e também a liberdade individual daquele que sofre a coação (de forma secundária).

Consumação e Tentativa: O crime de concussão possui natureza formal, assim sendo,


consuma-se no momento da exigência da vontade indevida, o recebimento de tal vantagem é
considerado mero exaurimento do crime. É possível a tentativa, ​v.g.​, por meio de carta, email e
etc.

Concussão X Extorsão: Na extorsão se pressupõe o emprego de violência e grave ameaça, já


a concussão a exigência não vem acompanhada da violência e da grave ameaça.

Corrupção passiva (Art. 317 do CP)

Conceito: consiste no fato do funcionário público ​solicitar ou receber,​ para si ou para outrem,
direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
vantagem indevida, ou ​aceitar​ promessa de tal vantagem.

Corrupção Passiva X Concussão: a diferença consiste no verbo do núcleo do tipo, ou seja, na


concussão a ação do sujeito ativo é exigir, na corrupção ativa o núcleo do tipo é solicitar ou
receber (tipo penal misto alternativo).

Objeto Material:​ O objeto material é a vantagem indevida.

Sujeito Ativo:​ Funcionário Público (crime próprio).

Sujeito Passivo: O Estado (de forma direta) e protege-se o interesse patrimonial dos cidadãos,
e também a liberdade individual daquele que sofre a coação (de forma secundária).

Consumação e Tentativa: sendo a corrupção passiva um crime formal, ou de consumação


antecipada, é indiferente para a tipificação da conduta a destinação que o agente confira ou
pretenda conferir ao valor ilícito auferido, que constitui, assim, mera fase de exaurimento do
delito (STF, Inq. 2245/MG, Pleno, Min. Joaquim Barbosa). É possível a tentativa, em havendo
a possibilidade de fracionamento do​ iter criminis.​

Majorante: A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa,


o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever
funcional.

Modalidade privilegiada
● Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever
funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem (pena diminuída).
● Nesta hipótese não existe o recebimento, solicitação ou aceitação de vantagem indevida.

4) ​Prevaricação (Art. 319 do CP)

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Conceito: Consiste no fato do funcionário público retardar ou deixar de praticar, indevidamente,


ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou
sentimento pessoal.

Núcleos do Tipo:
● Retardar: dá a ideia de que o funcionário público estende, prolonga, posterga para além
do necessário a prática do ato que lhe competia (Rogério Greco).
● Deixar de Praticar: omissão dolosa.
● Praticar ato de ofício contra disposição expressa de lei - ressalte-se que a lei deve ser
constitucional, isto é, compatível com a constituição.

Objeto Material
● É o ato de Ofício que fora retardado. De acordo com Rogério Greco, por ato de ofício
deve ser entendido todo aquele que se encontra na esfera de atribuição do agente que
pratica qualquer dos comportamentos típicos.

Especial fim de agir do Tipo


● Consiste na satisfação do interesse ou sentimento pessoal.
● Nas palavras de Luiz Regis Prado, o ​interesse pessoal ​é aquele que interessa ao agente
de qualquer modo, seja material (patrimonial), seja moral, ​v.g.​, a expedição ilegal de
alvará de funcionamento de determinada indústria, pelo agente da municipalidade, por
se tratar o dono de um amigo. Já o ​sentimento pessoal denota um estado afetivo ou
emocional, manifestado através de uma paixão ou emoção, como o amor, o ódio, a
piedade, o espírito de vingança etc.

Consumação e Tentativa
● Na modalidade retardar ou deixar de praticar (omissão) - consuma-se com o com o
retardamento ou a omissão. Não é possível a tentativa.
● Na modalidade praticar ato de ofício contra disposição expressa de lei (comissão) - o
delito se aperfeiçoa com a efetiva prática do ato. É possível a tentativa.

DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL

Dos Crimes em Espécie

1)​ Usurpação de função pública (Art. 328 do CP)

Conceito:​ consiste em usurpar (núcleo do tipo) o exercício de função pública (Objeto Material).

Modalidade Qualificada:​ Se do fato (usurpação) o agente aufere vantagem.

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Obs.: o funcionário público também pode perpetrar o delito, desde que pratique função
atribuída a outro agente público, devendo essa função ser totalmente estranha àquela em que
está investido (PRADO, 2019, p. 404).

2) ​Resistência​ ​(Art. 329 do CP)

Conceito: consiste no fato do particular opor-se (núcleo do tipo) à execução de ato legal (Objeto
Material), mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem
lhe esteja prestando auxílio.

O sentido de “resistir” para fins penais: Luiz Regis Prado adverte que essa oposição
(resistência) ​deve ser positiva, mediante a prática de violência (vis corporalis) ou ameaça (vis
compulsiva), [...] Assim, se o agente empreende fuga, agarra-se a um obstáculo ou queda-se
inerte no chão, para não ser preso ou removido de determinado local, não há que se falar em
delito de resistência, podendo, ​in casu,​ se falar em desobediência.

Modalidade Qualificada: Se o ato legal, em razão da resistência, não se executa (exaurimento


do crime)

3) ​Desobediência (Art. 330 do CP)

Conceito: consiste no fato do particular desobedecer a ordem legal de funcionário público.


Havendo violência ou grave ameaça o crime será de resistência (Art. 319 do CP). Somente se
configura o delito de desobediência quando há descumprimento à ordem legal endereçada
diretamente para quem tem o dever legal de cumpri-la.

Princípio da independência das instâncias civil, administrativa e penal: quando alguma lei
comina determinada sanção civil ou administrativa para o descumprimento de ordem legal de
funcionário público, ​somente incidirá o crime tipificado no art. 330 do Código Penal se a
mencionada lei ressalvar ​expressamente a aplicação cumulativa do delito de desobediência
(Cleber Masson).

EXEMPLOS - TESTEMUNHAS NO CPP e CPC

● Testemunha no CPC.: A testemunha que, intimada na forma legal, deixar de comparecer


sem motivo justificado ​será conduzida e ​responderá pelas despesas do adiamento (Art.
455, § 5º, do CPC) ----- NÃO SE APLICA O CRIME DE DESOBEDIÊNCIA.

● Testemunha no CPP.: ​O juiz poderá aplicar à testemunha faltosa a ​multa prevista no art.
453​, ​sem prejuízo do processo penal por crime de desobediência​, e ​condená-la ao
pagamento das custas da diligência (Art. 219 do CPP) ---- SE APLICA O CRIME DE
DESOBEDIÊNCIA.

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4) ​Desacato (Art. 331 do CP)

Conceito: consiste no fato de se desacatar (núcleo do tipo) funcionário público no exercício da


função ou em razão dela.

Desacato: desacatar é o mesmo que humilhar, menosprezar ou afrontar. Nas lições de Luiz
Regis Prado, o desacato representa a conduta do agente direcionada a funcionário público com
o propósito de ofendê-lo, humilhá-lo, atentando contra o prestígio da função pública e que pode
se manifestar através de palavrões, gritos, vias de fato, agressões, gestos obscenos, vaias,
ruídos, ameaças, empurrões etc.

Modalidade
● No exercício da função pública (na prática de atos de ofício)
● Em razão da função pública (a ofensa contra o funcionário público proferida vincula-se à
sua função pública).

Desacato X Injúria: O desacato deve ser dirigido a funcionário público (no exercício da função
ou em razão dela) e na presença do mesmo. Caso a ofensa não seja dirigida na presença do
funcionário público, teremos a prática de crime de injúria.

Advogado e Desacato: O advogado pode ser sujeito ativo do crime de desacato. A imunidade
assegurada aos causídicos pelo art. 133 da Constituição Federal somente poderia abranger os
crimes contra honra (difamação e injúria), mas não os crimes contra a Administração Pública.

5) ​Tráfico de Influência (Art. 332 do CP)

Conceito: consiste no fato do particular solicitar, exigir, cobrar ou obter (núcleo do tipo), para si
ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem (Objeto Material), a pretexto de influir em
ato praticado por funcionário público no exercício da função.

Tráfico de Influência X Estelionato: De acordo com Cleber Masson, é prescindível


individualização do funcionário público pelo criminoso. Contudo, se for individualizado no caso
concreto, e posteriormente restar apurado que tal pessoa não ostenta a qualidade de
funcionário público, estará configurado o delito de estelionato.

Tráfico de Influência X Corrupção Ativa: O agente utiliza como pretexto de influir em ato
praticado por funcionário público no exercício da função. Contudo, ele não influi realmente no
ato funcional, se houver influência o crime será de corrupção ativa (Art. 333 do CP).
● Exemplo (Cleber Masson): “A”, alegando ser amigo de um Delegado de Polícia, sem
realmente sê-lo, solicita de “B” a entrega de determinada quantia em dinheiro, para
supostamente convencer a autoridade policial a não instaurar inquérito policial visando a
apuração de crime cometido pelo seu filho. Com efeito, se o sujeito realmente possuir

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influência perante o funcionário público, e vier a corrompê-lo, deverá ser


responsabilizado pelo crime de corrupção ativa (CP, art. 333).

6) ​Corrupção Ativa (Art. 333 do CP)

Conceito: consiste no fato de oferecer ou prometer (núcleo do tipo) vantagem indevida (Objeto
Material) a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício.

O ato pretendido pelo particular precisa ser ilegítimo? Não! Nesse sentido, Masson explica que:
Subsiste o crime de corrupção ativa na hipótese em que o particular propõe entregar valor
diverso do solicitado pelo funcionário público para realizar atos legítimos do seu ofício, uma vez
que tal circunstância não afasta o caráter ilícito da vantagem.

E se o agente não tem competência para a prática do ato de ofício? Teremos um caso de crime
impossível (Art. 17 do CP)

E se o funcionário pratica ato de ofício de forma ilegal ou abusiva? Não há corrupção ativa na
conduta daquele que oferece ou promete entregar vantagem indevida ao funcionário público
para que este deixe de praticar um ato ilegal ou abusivo (Cleber Masson).

Causa de Aumento de Pena​: A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou


promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional
(exaurimento do crime).

7) ​Descaminho (Art. 334 do CP)

Conceito: consiste em iludir (núcleo do tipo), no todo ou em parte, o pagamento de direito ou


imposto (Objeto Material) devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria
(Contrabando Impróprio).

Figuras Equiparadas:​ Na mesma pena incorre quem:


● pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei.
● pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho.
● vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito
próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de
procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou
fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território
nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem;
● adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade
comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de
documentação legal ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos

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Objeto Material:​ é o tributo não recolhido.

Descaminho e Princípio da Insignificância: se o valor do tributo não ultrapassa o valor de R$


20.000,00 (vinte mil reais), se aplica o princípio da insignificância.

● Obs.: O STJ decidiu que a reiterada omissão no pagamento do tributo devido nas
importações de mercadorias de procedência estrangeira impede a incidência do princípio
da insignificância em caso de persecução penal por crime de descaminho (art. 334 do
CP).

Núcleo do Tipo: consiste em iludir, isto é, enganar, ludibriar, frustrar o pagamento de tributo
devido pela entrada ou saída de mercadoria do território nacional. Como bem lembra Cleber
Masson, a ilusão traz uma ideia de fraude, por conseguinte, ​se o agente simplesmente deixa
de recolher os tributos devidos pela entrada ou saída de mercadoria permitida no território
nacional, sem se valer de meio fraudulento, estará concretizado um mero ilícito tributário, e não
o descaminho​.

Falso X Descaminho: Quando o falso se exaure no descaminho, sem mais potencialidade


lesiva, é por este absorvido (STJ).

Espécies de Descaminho
● Total - fraude de todo o tributo incidente sobre a coisa.
● Parcial - fraude de parte do tributo incidente sobre a coisa.

Consumação e Tentativa: consuma com o ato de iludir o pagamento de imposto devido pela
entrada ou saída de mercadoria do país. É possível a tentativa.
● Obs.: O pagamento do tributo devido não extingue a punibilidade do crime de
descaminho.

Majorante: A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte


aéreo, marítimo ou fluvial.
● Obs.: O STJ entende que o transporte aéreo, marítimo ou fluvial precisam ser
irregulares, nesse sentido, é descabida a aplicação do art. 334, § 3.º, do Código Penal
quando a prática delitiva é realizada por meio de transporte aéreo regular, sendo
justificada a incidência da majorante tão somente quando se tratar de voo clandestino

8) ​Contrabando (Art. 334 - A do CP)

Conceito:​ consiste em importar ou exportar mercadoria proibida.

Figuras Equiparadas:​ na mesma pena incorre quem:


● pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando.
● importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou

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autorização de órgão público competente;


● reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação
● vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito
próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida
pela lei brasileira
● adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade
comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira.

Mercadoria: Mercadoria, para os fins do tipo penal, é todo e qualquer bem móvel suscetível de
comercialização, desde que, a mesma seja proibida pela lei brasileira.

Princípio da Especialidade: O crime de contrabando é residual a outros crimes previstos no


Código Penal e na Legislação Penal Extravagante, senão vejamos:
● Se a importação ou exportação possuir como objeto material qualquer tipo de ​droga,
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, estará
caracterizado o crime previsto no art. 33, caput, da Lei 11.343/2006 – Lei de Drogas
(Cleber Masson).
● Se a importação ou exportação relacionar-se com ​arma de fogo​, acessório ou munição,
sem autorização da autoridade competente, estará configurado o crime de tráfico
internacional de arma de fogo, delineado no art. 18 da Lei 10.826/2003 – Estatuto do
Desarmamento (Cleber Masson).

Princípio da Insignificância: Em regra não é cabível o princípio da insignificância, tratando-se de


crime de alta gravidade. Contudo, o STJ já admitiu o referido princípio em situações
excepcionais, senão vejamos:
A importação de pequena quantidade de medicamento destinado a uso próprio denota a
mínima ofensividade da conduta do agente​, a ​ausência de periculosidade social da ação​,
o ​reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e a ​inexpressividade da
lesão jurídica, tudo a autorizar a ​excepcional aplicação do princípio da insignificância
(STJ).

DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA

Considerações Gerais

Os crime contra a administração da justiça não tutelam apenas a atividade judiciária, a justiça,
para fins penais, possui um sentido amplo, assim sendo a tutela jurídica se expande para outras
temáticas relacionadas a administração da justiça, senão vejamos:
● Atividade judiciária (Crime de falso testemunho ou falsa perícia)
● Autoridade das decisões judiciais (Crime de reingresso de estrangeiro expulso)
● Tutela jurídica (Crime de exercício arbitrário de razões e poder)

Dos Crimes em Espécie

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1) ​Reingresso de estrangeiro expulso (Art. 338 do CP)

Conceito:​ consiste no reingresso no território nacional do estrangeiro que dele foi expulso.

O que é Expulsão?: a expulsão consiste em medida administrativa de retirada compulsória de


migrante ou visitante do território nacional, conjugada com o impedimento de reingresso por
prazo determinado (Art. 55 da Lei de Migrações)

2) ​Denunciação Caluniosa (Art. 339 do CP)

Conceito​: consiste em dar causa (núcleo do tipo) à instauração de investigação policial, de


processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de
improbidade administrativa (Objeto Material) contra alguém, imputando-lhe crime de que o
sabe inocente.

Denunciação Caluniosa X Calúnia

Denunciação Caluniosa Calúnia

É crime contra a Administração da Justiça É crime contra a Honra

Imputação de crime ou contravenção (​§ 2º)​ a Na calúnia o sujeito se limita a imputar a


alguém que sabe ser inocente alguém, falsamente e perante terceira
+ pessoa, a prática de fato definido como
Leva esta imputação ao conhecimento da crime, com o objetivo de ofender a honra
autoridade pública, movimentando a máquina objetiva da vítima (Cleber Masson)
estatal mediante a instauração de
investigação policial, de processo judicial,
instauração de investigação administrativa,
inquérito civil ou ação de improbidade
administrativa.

Crime de Ação Penal Pública Incondicionada Crime de Ação Penal Privada

Elemento Subjetivo da Conduta: É o dolo direto, representado pela consciência e vontade de


dar causa à instauração de investigação policial, processo judicial, investigação administrativa,
inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de
que o sabe inocente (Luiz Regis Prado).

É possível a prática pela modalidade de dolo eventual? Luiz Regis Prado entende que não é
possível, assim sendo, se o autor considera como seriamente possível a falsidade da

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imputação e, apesar da dúvida, prefere arriscar-se a imputá-la a renunciar à ação (dolo


eventual), não se configura a denunciação caluniosa.

Consumação e Tentativa: Consuma-se com a efetiva instauração da investigação policial, de


processo judicial, de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade
administrativa contra alguém, em razão da imputação falsa de crime ou contravenção penal de
que o sabia inocente (Crime Material). É possível a tentativa.

Majorantes:
● A pena é aumentada de ​sexta parte​, se o agente se serve de anonimato ou de nome
suposto.
● A pena é diminuída de ​metade,​ se a imputação é de prática de contravenção.

3) ​Comunicação falsa de crime ou de contravenção (Art. 340 do CP)

Conceito: consiste em provocar (núcleo do tipo) a ação de autoridade (objeto material),


comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que ​sabe ​não se ter verificado.

Consumação e Tentativa: É crime material, portanto, consuma-se no instante em que a


autoridade pública adota alguma ação (ou providência) com a finalidade de apurar a ocorrência
do crime ou da contravenção penal falsamente comunicados (Cleber Masson).

4) ​ Falso testemunho ou falsa perícia (Art. 342 do CP)

Conceito: consiste em fazer (núcleo do tipo) afirmação falsa, ou negar ou calar (núcleo do tipo)
a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou
administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral.

Majorante: As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante


suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo
penal, ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou
indireta.

Extinção da Punibilidade: O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em
que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.

Teoria Subjetiva da Falsidade: O Código Penal adotou a teoria da falsidade, ou seja, exige-se a
proferimento de uma declaração falsa e a ciência do agente em relação a esta circunstância.

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10. DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA

Conceito
De acordo com Cleber Masson, incolumidade é o estado de preservação ou segurança de
pessoas ou de coisas em relação a possíveis eventos lesivos. No mesmo sentido, Luiz Regis
Prado entende que a incolumidade pública quer dizer a segurança de todos os membros da
sociedade, que têm sua vida, integridade pessoal e patrimonial, sujeitas a acentuada
probabilidade de lesão. Como estado de incólume, quer dizer livre ou isento de perigo ou de
dano.

Subdivisão

● Capítulo I – Dos crimes de perigo comum (arts. 250 a 259);


● Capítulo II – Dos crimes contra a segurança dos meios de comunicação e transporte e
outros serviços públicos (arts. 260 a 266);
● Capítulo III – Dos crimes contra a saúde pública (arts. 267 a 285).

DOS CRIMES DE PERIGO COMUM - INCÊNDIO E EXPLOSÃO

1) ​Incêndio (Art. 250 do CP)

Conceito: consiste em causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o


patrimônio de outrem.
Majorantes:​ As penas aumentam-se de um terço:

I - se o crime é cometido com intuito de obter ​vantagem pecuniária e ​ m proveito próprio ou


alheio;
II - se o incêndio é:
a) em casa habitada ou destinada a habitação;
b) em edifício público ou destinado a uso público ou a obra de assistência social ou de
cultura;
c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de transporte coletivo;
d) em estação ferroviária ou aeródromo;
e) em estaleiro, fábrica ou oficina;
f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável;

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g) em poço petrolífico ou galeria de mineração;


h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.

Incêndio Culposo:​ Admite a modalidade culposa (Art. 250, § 2º, do CP)

Incêndio para fins penais: Como incêndio entende-se o fogo perigoso, potencialmente lesivo à
vida, integridade corporal ou ao patrimônio de um número indeterminado de pessoas (Luiz
Regis Prado).

Crime de Perigo Comum: a consumação dos crimes de perigo não depende da efetiva lesão do
bem jurídico; basta sua exposição a uma situação perigosa, evidenciada pela provável
ocorrência de dano (Cleber Masson).

Consumação e Tentativa: É crime material, consuma-se com a exposição a perigo da vida, da


integridade física e do patrimônio de pessoas indeterminadas pelo agente incendiário.
● É crime de Perigo Concreto, ou seja, é indispensável a prova da efetiva ocorrência da
situação perigosa.

2) ​Explosão (Art. 251 do CP)

Conceito: consiste em expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem,


mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância
de efeitos análogos.
Obs.:​ Explosão e intenção de matar
Masson Explica que:
● Se a explosão for provocada com o intuito de matar alguém (exemplo: explodir um barco
para ceifar a vida do seu tripulante), estará configurado o crime de homicídio qualificado
pelo emprego de explosivo (CP, art. 121, § 2.º, inc. III), de natureza hedionda, nos
termos do art. 1.º, inc. I, da Lei 8.072/1990.
● Já se da conduta resultar, além da morte de alguém, perigo à vida, à integridade física
ou patrimônio de pessoas indeterminadas (exemplo: explodir com dinamite um
automóvel que trafegava em via pública para matar seu condutor, expondo
simultaneamente a perigo inúmeros indivíduos), serão imputados ao agente dois crimes,
em concurso formal impróprio ou imperfeito, em face da presença de desígnios
autônomos: homicídio qualificado pelo emprego de explosivo (CP, art. 121, § 2.º, inc. III)
e explosão (CP, art. 251, caput). Não há falar em bis in idem, pois foram ofendidos dois
bens jurídicos (vida humana e incolumidade pública), pertencentes a titulares diversos.

Modalidade Privilegiada: Se a substância utilizada não é dinamite ou explosivo de efeitos


análogos (Diminuição de Pena )

Crime Culposo:​ Admite a modalidade culposa (Art. 251, § 3º, do CP)

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BIBLIOGRAFIA

ANDREUCCI, Ricardo Antonio. Manual de direito penal. – 13. ed. – São Paulo: Saraiva
Educação, 2019.

DELMANTO. Celso. Código Penal comentado. — 9. ed. rev., atual. e ampl. — São Paulo:
Saraiva, 2016.

GRECO, Rogério. Código Penal: comentado. – 11. ed. – Niterói, RJ: Impetus, 2017.

MARCÃO, Renato. Lei de execução penal anotada. – 6. ed. rev., ampl. e atual. – São Paulo:
Saraiva, 2017.

MASSON, Cleber Direito Penal: parte especial (arts. 213 a 359-H) – vol. 3 – / Cleber Masson. – 9.
ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019.

MISAKA, Marcelo Yukio. Sentença criminal coordenação Cleber Masson. – Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014.

NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. – 19. ed. – Rio de Janeiro: Forense,
2019.

PRADO, Luiz Regis Tratado de direito penal brasileiro: parte especial (arts. 250 a 361), volume 3.
– 3. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2019.

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