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Aula 1: Lei de tortura..................................................................................................................... 5
Introdução ............................................................................................................................. 5
Conteúdo................................................................................................................................ 6
Crimes hediondos: assento constitucional e momento histórico ........................... 6
Crimes hediondos: assento constitucional e momento histórico ........................... 6
Critérios de tipificação ...................................................................................................... 7
A Lei n.8072/1990 e seu controle de constitucionalidade: alterações legislativas 8
Crimes equiparados a hediondos ................................................................................. 10
Conceito de Tortura - alcance da expressão “sofrimento físico e mental” .......... 11
A incidência dos institutos repressores previstos na Lei n.8072/1990 .................. 13
As figuras típicas previstas na lei n.9455/1997 e sua interpretação constitucional
............................................................................................................................................. 14
A figura prevista no art.1º, parágrafo 1º....................................................................... 15
Tortura qualificada .......................................................................................................... 16
O confronto entre o delito de tortura castigo e o delito de maus-tratos............. 16
Questões relevantes ........................................................................................................ 18
Efeitos da condenação no caso de o agente ser funcionário público e
extraterritorialidade ......................................................................................................... 18
Atividade proposta .......................................................................................................... 19
Referências........................................................................................................................... 19
Exercícios de fixação ......................................................................................................... 20
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 27
Aula 1 ..................................................................................................................................... 27
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 27
Aula 2: Lei de drogas ................................................................................................................... 29
Introdução ........................................................................................................................... 29
Conteúdo.............................................................................................................................. 30
Disposições gerais ........................................................................................................... 30
Conceito de drogas ......................................................................................................... 30
A Lei n.11.343/2006 e o direito intertemporal ............................................................ 31
Distinção entre as condutas de uso indevido de drogas e tráfico ilícito de drogas
............................................................................................................................................. 31
Tráfico de drogas: figuras típicas e equiparadas ....................................................... 31
Para tanto, será realizada uma análise crítica acerca do confronto entre a Teoria
do Garantismo Penal, consubstanciada em um Direito Penal Mínimo e a Função
Simbólica do Direito Penal – prefácio à seleção de tipos penais “hediondos” de
modo a relacionar as características de uma lei penal simbólica com os
princípios garantidores do Direito. Serão avaliadas as figuras elencadas pela Lei
n.8072/1990 como “hediondas” e as “equiparadas às hediondas” previstas,
respectivamente, no Código Penal e na Legislação Extravagante. Por fim, será
objeto de análise crítica a constitucionalidade dos dispositivos constantes na Lei
8072/1990.
Objetivo:
1. Identificar os denominados delitos “hediondos” e “equiparados a hediondos”,
assim como avaliar os critérios de tipificação dos delitos hediondos, sua
filtragem constitucional e controvérsias que envolvem o tema;
2. Identificar a tortura como crime equiparado a hediondo, avaliando os
institutos previstos na Lei 9455/97, assim como as diversas modalidades de
tortura.
Tal fenômeno foi amplamente divulgado pela mídia que, como espécie de
Controle Social Informal, pressionou os atores do cenário político a adotarem
medidas mais restritivas no exercício do Controle Social Penal.
Tal fenômeno foi amplamente divulgado pela mídia que, como espécie de
Controle Social Informal, pressionou os atores do cenário político a adotarem
medidas mais restritivas no exercício do Controle Social Penal.
Critérios de tipificação
O texto legal da Lei n.8072/1990 não conceituou “crime hediondo”, tendo o
legislador optado pela adoção de um critério legal taxativo, no qual selecionou
figuras típicas previstas no Código Penal e as “rotulou” como hediondas.
(adicionar artigo 1º da Lei 8072/90).
Com o advento da Lei 11.464, surgiu uma nova problemática: Deveria ela ser
aplicada aos crimes cometidos antes de sua entrada em vigor? Poderia a
jurisprudência sedimentada dos Tribunais Superiores servir como parâmetro
para que a referida lei fosse considerada maléfica e não pudesse retroagir?
Qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são
infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de terceira
pessoa, informações ou confissões; de castigá-la por ato que ela ou terceira
pessoa tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir
esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em
discriminação de qualquer natureza; quando tais dores ou sofrimentos são
infligidos por um funcionário público ou outra pessoa no exercício de funções
públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência.
Não se considerará como tortura as dores ou sofrimentos que sejam
Atenção
Como dito anteriormente, a Lei n.9455/1997, diferentemente da
Convenção contra a Tortura, ao estabelecer a designação da
“tortura”, ampliou seu alcance além da prática pelos agentes
públicos.
Em decorrência da tipificação como delito comum, houve a
expressa revogação do art.233, da Lei n.8069/1990 – ECA, que
dispunha sobre a tortura perpetrada contra criança e adolescente.
Atenção
O legislador, no §2º, do art.1º, da Lei n.9455/1997, rompeu com
a sistemática adotada pelo artigo 13, parágrafo 2º do Código
Penal, que ao prever a figura do agente garantidor, estabelece
Tortura prova
Espécie de tortura prevista no art.1º, inciso I, alínea a, segundo a qual
configura tortura a conduta de constranger alguém com emprego de violência
ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, com o fim de obter
informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;
Tortura - crime
Espécie de tortura prevista no art.1º, inciso I, alínea b, segundo a qual
configura tortura a conduta de constranger alguém com emprego de violência
ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, com o fim de
provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
Sua consumação ocorre com a produção de sofrimento físico ou mental; assim,
não se exige para a consumação do delito que o agente alcance seu especial
Tortura discriminatória
Espécie de tortura prevista no art.1º, inciso I, alínea c, segundo a qual
configura tortura a conduta de constranger alguém com emprego de violência
ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, com especial
motivação discriminatória.
Nessa figura típica, exige-se apenas o dolo (elemento subjetivo geral), não se
exigindo o especial fim de agir, bem como não há exigência acerca da espécie
de prisão – legal ou ilegal, cautelar ou penal, bem como se é pena privativa de
liberdade ou medida de segurança reclusiva.
Tortura qualificada
A figura equiparada prevista no parágrafo 3º do artigo 1º (que tipifica a tortura
qualificada pela lesão grave ou pela morte) é crime preterdoloso. Desta forma,
o agente não intenciona a morte da vítima. O dolo está na tortura, havendo
culpa na morte. Caso o agente utilize a tortura como meio para provocar a
morte, haverá crime de homicídio qualificado pela tortura.
Nessa figura típica, há o dolo genérico, não se exigindo o especial fim de agir,
bem como não há exigência acerca da espécie de prisão – legal ou ilegal,
cautelar ou penal, bem como se é pena privativa de liberdade ou medida de
segurança reclusiva.
Ainda, o tipo penal prevê que a conduta possa ocorrer de forma comissiva ou
omissiva, física ou mental. Podemos citar como exemplo da tortura mental
omissiva o caso no qual o agente penitenciário deixa que um preso em RDD,
fique, durante um período de temporal, em uma cela com vazamentos e que,
em decorrência destes, venha a ser inundada e, juntamente com a água,
surjam as conhecidas “pragas urbanas”, tais como ratos e baratas.
Extraterritorialidade
Consoante dispõe o art.2º, da lei de tortura, esta será aplicada mesmo que o
delito tenha sido praticado fora do território nacional, desde que:
- o agente se encontre em local sob jurisdição brasileira
Ou
- quando a vítima for brasileira.
Chave de resposta: O pedido deve ser provido, pois a Lei 12015/09 revogou
o artigo 224 do Código Penal. Considerando que o artigo 9º da Lei de crimes
hediondos se baseia em um artigo já revogado, ele também é considerado
revogado. Aplica-se o disposto no artigo 2º do Código Penal.
Material complementar
Referências
CARVALHO, Américo A. Taipa de. Direito penal - parte geral. Porto:
Publicações Universidade Católica, 2003.
FRANCO, Alberto Silva. Crimes hediondos. 7. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2011.
STF. Disponível em: < href="http://www.stf.jus.br"
target="blank">http://www.stf.jus.br>. Acesso em: 12 ago. 2014.
STF. Informativo de Jurisprudência n. 456 e 465.
Exercícios de fixação
Questão 1
Questão 2
Questão 3
a) Latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); extorsão qualificada pela morte (art.
158, § 2o) e envenenamento de água potável ou de substância
alimentícia ou medicinal (art. 270).
Questão 5
Questão 6
Questão 7
(PC-RJ - 2008 - PC-RJ - Inspetor de Polícia) Em relação aos atos que podem
constituir crimes de tortura, assinale a afirmativa INCORRETA:
Questão 8
Questão 9
III. É crime qualificado pelo resultado a tortura que gere na vítima lesão
corporal de natureza grave ou gravíssima.
IV. Não há crime de tortura previsto no Código Penal Militar, razão pela qual a
conduta típica de tortura por policial militar enseja a aplicação da Lei n.
9.455/1997.
César, oficial da Polícia Militar, está sendo processado pela prática do crime de
tortura, na condição de mandante, contra a vítima Ronaldo, policial militar.
César visava obter informações a respeito de uma arma que havia sido furtada
pela vítima.
b) Se César for condenado, deve incidir uma causa de aumento pelo fato de
ele ser agente público.
Questão 2 - D
Justificativa: O crime foi cometido após a entrada em vigor da Lei 11464/07.
Logo, o novo quantum para progressão será aplicado a ele.
Questão 3 - B
Justificativa: Em nenhum momento, a lei de crimes hediondos proibiu o
relaxamento da prisão ilegal. O que já foi vedada, tendo sido declarado
inconstitucional pelo STF, foi a liberdade provisória. Posteriormente, a Lei
11464/07 retirou a proibição de liberdade provisória do artigo 2º da Lei
8072/90.
Questão 4 - A
Justificativa: O artigo 270 não se encontra no rol de crimes hediondos.
Questão 5 - A
Justificativa: Trata-se da conduta descrita no artigo 157, par. 3º do CP,
considerado crime hediondo pelo rol da Lei 8072/90.
Questão 6 - E
Justificativa: Trata-se da conduta prevista no artigo 1º, par. 2º da Lei 9455/94.
Questão 7 - E
Justificativa: A conduta descreve o crime de constrangimento ilegal e não de
tortura.
Questão 9 - B
Justificativa: As assertivas II e III mencionam as condutas previstas ao longo
do artigo 1º da Lei 9455/97.
Quanto à assertiva IV, de fato não há previsão de tortura no CPM. Quando
praticado por militar, o crime será considerado comum.
Questão 10 - B
Justificativa: Trata-se de causa de aumento de pena prevista no artigo 1º,
parágrafo 4º da Lei 9455/97.
Objetivo:
1. Identificar as Políticas Criminais de Controle Social adotadas na Lei de
Drogas;
2. Avaliar os critérios de distinção entre as condutas de uso indevido e tráfico
ilícito de drogas e sua aplicação em caso de conflito de leis penais no tempo;
3. Identificar os pontos de inconstitucionalidade da Lei n.11343/06.
Disposições gerais
Com o advento da Lei n.11343/2006, foi criado o Sistema Nacional de Políticas
Públicas sobre Drogas – regulado pelo Dec. Lei n.5912/2006. Cabe salientar
que a Lei n.11343/2006 revogou expressamente a Lei n.6368/1976, vigente em
relação aos crimes e às penas, e a Lei n.10409/2002, que até então vigorava
em relação à parte processual da política nacional sobre drogas.
Por outro lado, em relação ao tráfico de drogas, foi mantida a Política Criminal
adotada para a Lei de Crimes Hediondos, qual seja, Movimento da Lei e da
Ordem.
Conceito de drogas
Diferentemente da legislação anterior, na Lei n.11343/2006, o legislador optou
pela adoção da expressão “droga”, por ser mais abrangente que a expressão
anteriormente utilizada – substância entorpecente.
Tráfico privilegiado
Esta figura típica encontra-se prevista no §4º, do art.33, da Lei n.11343/2006
e, na verdade, configura-se como verdadeira causa de diminuição de pena, a
ser aplicada ao delito de tráfico quando o agente for primário, de bons
antecedentes, não integrar organização criminosa e não se dedicar a atividades
Atenção
Cabe salientar que é vedada a combinação de leis, logo no caso
de o agente ter consumado o delito de tráfico de drogas na
vigência da Lei n.6368/1976, cuja pena abstrata não excedia a 12
anos e, vindo a ser condenado na vigência da Lei n.11343/2006,
cuja pena abstrata máxima é de 15 anos e, encontrando-se nas
condições estabelecidas no §4º, do art.33, é vedado ao
magistrado aplicar o caput do art.12, da Lei n.6368/1976 com a
causa de diminuição de pena prevista §4º, do art.33 da lei nova.
Neste sentido, o julgamento do RE 600817 do STF e enunciado
501 da súmula do STJ.
Atenção
Interessante situação ocorre nos casos em que o agente, além de
financiar, também pratica a conduta do tráfico; neste caso, será
responsabilizado pelo art.33, caput, c.c art.40, VII.
A figura do informante
Art.37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação
destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e §
1o, e 34 desta lei:
Entretanto, a nova lei passou a tratar a conduta como tipo autônomo, para o
qual não há que se falar em permanência e estabilidade sob pena da conduta
ser tipificada como associação para fins de tráfico.
Atividade proposta
Analise as duas situações abaixo e tipifique as condutas descritas:
Situação 1: Agente encontra-se na praia e, ao paquerar uma garota que
nunca viu antes, oferece um “cigarrinho” como desculpa para “puxar assunto”.
Material complementar
Referências
GRECO FILHO, Vicente; RASSI, João Daniel. Lei de drogas anotada. São
Paulo: Saraiva, 2007.
INFORMATIVOS de Jurisprudência n. 433, 491, 512, 508, 533, 593, 594, 597,
665, do Supremo Tribunal Federal. Disponível em: <
href="http://www.stf.jus.br" http://www.stf.jus.br>. Acesso em: 14
ago. 2014.
INFORMATIVOS de Jurisprudência n. 358, 360, 441, 509, do Superior Tribunal
de Justiça. Disponível em: < href="http://www.stf.jus.br"
http://www.stf.jus.br>. Acesso em: 14 ago. 2014.
Exercícios de fixação
Questão 1
Questão 2
III – A nova lei não prevê penas privativas de liberdade para o usuário.
Questão 3
Questão 4
Entre as penas previstas pela Lei n.11343/2006, para quem adquirir, guardar,
tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal,
drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, encontra-se a:
a) Prisão domiciliar
c) Prisão civil
d) Prisão preventiva
Questão 5
Questão 6
Questão 8
Questão 9
Questão 10
a) Nos casos de crime de tráfico de drogas, o agente poderá ter sua pena
reduzida se ficar demonstrado que é primário, com bons antecedentes e
que não se dedica às atividades criminosas e nem é membro de
organização criminosa.
Questão 2 - D
Justificativa: Artigo 28 da Lei 11343/06.
Questão 3 - A
Justificativa: A Lei n.11343/06 passou a prever no artigo 28 a conduta de
plantio.
Questão 4 - B
Justificativa: Com o advento da Lei n.11343/06, passou a não mais existir pena
privativa de liberdade para a conduta do usuário. Entre as penas atualmente
previstas no artigo 28, está a advertência sobre os efeitos das drogas.
Questão 5 - C
Justificativa: A previsão se encontra no artigo 28 da Lei n.11343/06, que define
o tempo máximo inicial de cinco meses para a prestação de serviços à
comunidade.
Questão 6 - B
Justificativa: Neste aspecto, a Lei n.11343/06 quebrou a teoria monista. À
época da vigência da Lei n.6368/76, o informante era partícipe (geralmente de
menor importância) do crime de tráfico.
Questão 8 - A
Justificativa: Consoante a adoção da teoria do domínio final do fato, o coautor é
aquele que possui poder de consumação e desistência sobre o crime, que pode
determinar “se” e “como” o crime vai ocorrer, sem necessidade de prática de
atos que consubstanciem um dos verbos núcleos do tipo.
Questão 9 - C
Justificativa: Neste aspecto, a Lei n.11343/06 quebrou a teoria monista. À
época da vigência da Lei n.6368/76, o informante era partícipe (geralmente de
menor importância) do crime de tráfico.
Questão 10 - A
Justificativa: Trata-se do denominado tráfico privilegiado, causa de diminuição
de pena prevista no parágrafo 4º do artigo 33.
Objetivo:
1. Reconhecer a inserção de políticas criminais voltadas à proteção da própria
coletividade e consequente adoção de tipos penais de perigo, assim como
analisar os pontos de destaque e controvertidos no CTB;
2. Coordenar os conflitos de Direito intertemporal relativos aos crimes de
trânsito, confrontando as condutas típicas mais importantes previstas na Lei nº
9.503/1997.
Neste contexto, o Controle Social Penal busca, dentre outras formas de controle
social, minimizar a sensação de insegurança decorrente da denominada
“sociedade de riscos”. Para tanto, utiliza-se de instrumentos de política criminal
com vistas à delimitação de riscos permitidos ou tolerados, tais como a
tipificação de condutas, até então, sancionadas na esfera administrativa.
Atenção
O Código de Trânsito prevê crimes de dano e de perigo. Dentre
os crimes de perigo, alguns são de perigo concreto, por expressa
exigência típica, a exemplo dos arts. 309 e 310.
Princípio da confiança
Em relação ao princípio da confiança, este pode ser definido a partir da
confiança que os indivíduos possuem em relação à prática de condutas por
terceiros dentro dos limites estabelecidos pelo risco permitido ou tolerado, ou
seja, todo condutor de veículo automotor espera que o outro aja de acordo com
o seu dever objetivo de cuidado.
Sobre o tema, vide decisão proferida pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do
Sul: Apelação Crime nº 70034563718. Terceira Câmara Criminal. Rel.: Odone
Sanguiné. Julgado em: 10.02.2011.
Atenção
Narrativa
Eduardo, após ingerir duas taças de vinho tinto e uma taça de
prosecco em uma festa de aniversário de um amigo, afirma à
sua namorada Letícia que se encontra em plenas condições de
conduzir seu carro para levá-la até sua casa, mesmo após a
insistência desta em conduzi-lo. Após dirigir por alguns metros,
Eduardo adormece ao volante vindo a colidir o veículo com outro
que se encontrava estacionado. Do fato, o pedestre Cláudio é
atropelado e falece no local.
Significa dizer que as referidas medidas, consoante o disposto nos arts. 292,
293 e 294, da Lei nº 9.503/1997, podem ser aplicadas desde a fase da
investigação até a aplicação de sanção penal, tendo, neste caso, duração pelo
período de 02 meses a cinco anos, de acordo com a pena privativa de liberdade
imposta na sentença condenatória.
Ainda, nas situações fáticas em que haja, por exemplo, a colisão de vários
veículos, tais como os conhecidos “engavetamentos”, há de se tomar muito
cuidado ao identificar o condutor do veículo que deu causa (culposamente)
ao acidente com vítimas, pois aquele condutor que, embora envolvido no
acidente e que não tenha prestado socorro à(s) vítima(s), não tenha sido o
Embriaguez ao volante
Desde a entrada em vigor da Lei nº 9.503/1997, a interpretação do delito de
embriaguez ao volante tem sido objeto de várias controvérsias de natureza
constitucional, bem como de alterações legislativas: as Leis nºs 11.705/2008 ,
Atividade proposta
Leia o case e responda na sequência.
Haroldo, em 10 de março de 2009, por volta das 20h30, ao trafegar na BR 116,
sentido São Paulo, na condução do veículo Honda, placa MAL XXXX, ao efetuar
uma curva acentuada à esquerda, derrapou na pista devido à chuva forte,
perdeu o controle da direção de seu veículo, ingressou no acostamento da
estrada vindo a colidir de ré com um reboque, que havia sido acionado uma
hora antes a fim de auxiliar o condutor de um caminhão que passara pela
mesma situação de Haroldo, tendo, em decorrência, “quebrado”. Da colisão, o
condutor do caminhão, em pé ao lado do caminhão a ser rebocado, ficou
gravemente ferido. Ainda que socorrido em seguida, faleceu a caminho do
hospital. Dos fatos, Haroldo restou indiciado e denunciado pela conduta
prevista no tipo penal do art. 302 da Lei nº 9.503/1997.
Referências
BUSATO, Paulo César et al. Modernas tendências sobre o dolo em direito
penal. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008.
JESUS, Damásio E. Crimes de trânsito: anotações à parte criminal do
código de trânsito – Lei nº 9.503/1997. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. Parte geral. Parte
especial. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.
SANTOS, Juarez. Direito penal: parte geral. Curitiba: ICPC; Lumen Juris,
2006.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Verbete de Súmula n. 720. Disponível em:
< href="http://www.stf.jus.br" http://www.stf.jus.br>.SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. ADI 3.897/DF. HC 93.916/PA. Disponíveis em:
href="http://www.stf.jus.br" <http://www.stf.jus.br>.
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Resp nº 608078, RHC 20190/MS, RHC
13.485-SP, HC 45636/RJ, CC 93900/MG, REsp 970994/PR. Disponíveis
em: < href="http://www.stj.jus.br" http://www.stj.jus.br>.
______. HC 21442/SP; Quinta Turma. Rel. Min. Jorge Scartezzini. Julgado em:
07.11.2002.
______ HC 219396/SP. Quinta Turma, Rel. Min. Jorge Mussi. Julgado em:
12.06.2012.
______. REsp 608078, RHC 20190/MS, RHC 13.485-SP, HC 45636/RJ, CC
93900/MG, REsp 970994/PR. Disponíveis em: < href="http://www.stj.jus.br"
http://www.stj.jus.br>.
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO GRANDE DO SUL. Apelação Crime nº
70034563718. Terceira Câmara Crimina. Rel. Odone Sanguiné. Julgado em:
10.02.2011. Disponível em: < href="http://www. tjrs.jus.br" http://www.
tjrs.jus.br>.
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO. Apelação nº 0001944-
63.2010.8.19.0040. Quarta Câmara Criminal. Rel. Des. Min. Sandra kayat
Exercícios de fixação
Questão 1
a) Apenas na assertiva I.
c) Em todas as assertivas.
Questão 2
Questão 3
Questão 4
a) I
b) II
c) III
d) I e II
e) II e III
Questão 5
a) Poderá ser decretada pelo juiz como medida cautelar, de ofício, mesmo
antes de instaurada a ação penal.
Questão 6
Luiz, maior de idade, capaz, motorista habilitado, quando trafegava com seu
veículo em via pública, onde a velocidade máxima era de 40 km/h, atropelou
Rui, que estava em faixa de trânsito destinada à travessia de pedestres,
causando-lhe lesão corporal. Luiz, que, no momento do acidente, dirigia seu
veículo à velocidade de 95 km/h, prestou imediato socorro à vítima. CESPE -
2013 - DPE-RR - Defensor Público
II. Luiz será responsabilizado pelo delito de lesão corporal culposa, com a
incidência da causa de aumento de pena em razão de o fato ter ocorrido sobre
faixa de trânsito destinada à travessia de pedestres, e a ação penal será pública
incondicionada.
III. Nesse caso, de acordo com preceito expresso do CTB, Luiz praticou crime
de lesão corporal culposa e a sua responsabilização dependerá de
representação de Rui, vítima no acidente.
IV. No caso, o crime perpetrado por Luiz foi o de lesão corporal culposa com a
incidência das agravantes do excesso de velocidade na via e de o fato ter sido
praticado na faixa de pedestres, admitindo-se, no caso, a incidência da causa
de diminuição de pena por ter sido prestado socorro à vítima.
a) Apenas a afirmativa I
b) Afirmativas II e III
c) Afirmativa IV
d) Afirmativa II
e) Afirmativa I e IV
Questão 7
II. De acordo com a Lei nº 11.705/08, aplica-se aos crimes de trânsito de lesão
corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei nº 9.099/95, exceto em
algumas hipóteses, como por exemplo se o agente estiver transitando em
velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinquenta
quilômetros por hora).
IV. Uma vez condenado o agente pela prática de homicídio culposo na direção
de veículo automotor, aculta-se ao magistrado incrementar a reprimenda com a
suspensão ou proibição da obtenção de permissão ou habilitação para dirigir.
a) na assertiva II.
a) Art. 121, §3º do Código Penal haja vista o incidente ter ocorrido no
interior de seu prédio.
c) Art. 121, caput, do Código Penal, pois João atuou com dolo eventual ao
manobrar sem olhar se alguém poderia estar “circulando” na garagem.
d) Art. 129, §3º, do Código Penal, por ter agido com dolo eventual em
relação ao delito de lesão corporal culposa sendo previsível o resultado
mais gravoso morte.
Questão 10
Questão 2 - C
Justificativa: O CTB prevê delitos de duas naturezas: de dano e de perigo.
Questão 3 - V, F, V, V
Justificativa: A questão em análise se refere à letra da lei, em relação aos arts.
293, 301 e 310 do CTB.
Questão 4 - E
Justificativa: Atual redação do art. 291, com alteração feita pela Lei nº
11.705/08.
Questão 5 - A
Justificativa: Artigo nº 294 do CTB.
Questão 6 - B
Justificativa: A conduta encontra tipificação no art. 302 do CTB, com incidência
da causa de aumento de pena prevista no parágrafo 1º, renumerado pela Lei
nº 12.971/2014.
Questão 7 - A
Justificativa: Alguns tipos penais fazem tal exigência, a exemplo dos arts. 308 e
309 do CTB.
Questão 9 - B
Justificativa: O artigo 302 não exige que o delito seja praticado em via pública.
Questão 10 - D
Justificativa: O artigo 303 faz remissão à aplicação das causas de aumento de
pena do homicídio culposo, previstas em rol taxativo no parágrafo 1º do art.
302 do CTB.
Objetivo:
1. Identificar os modelos de política criminal adotados para a tipificação de
condutas de perigo;
2. Avaliar as condutas típicas de posse irregular e porte ilegal de arma de fogo
de uso permitido; posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e
seus consectários penais e
processuais penais.
Considerações iniciais
Antes de analisarmos as figuras típicas constantes no Estatuto do
Desarmamento, imperioso identificarmos os critérios de política criminal
norteadores do referido estatuto. Podemos afirmar, prima facie, que o que se
busca é o desarmamento da população civil, em consonância com as
recomendações de Direito Internacional adotadas pela ONU e pela OEA em
diversas oportunidades, tais como o IX Congresso sobre Prevenção do Crime e
Justiça Criminal realizado em Viena, em maio de 1995, o qual o Brasil foi um
dos Estados participantes.
Por outro lado, não se pode olvidar que, para a efetividade da política pública
de desarmamento da população civil é imprescindível que tenhamos um
Sistema de Justiça Criminal, compreendido pela tríplice articulação entre polícia,
justiça e sistema penitenciário, tecnicamente capacitado – treinado, equipado e
bem remunerado.
Case relacionado
Uma casa em obras que servia como depósito para guardar
armamento pesado de uma quadrilha foi descoberta na Rua Corá,
no Ipiranga, na Zona Sul de São Paulo, em 24 de maio de 2012.
No local, foram encontradas metralhadoras, granadas e
munições.
Atenção
Sobre o tema, vide o Informativo de Jurisprudência nº. 465, do
Supremo Tribunal Federal.
Atenção
Para que possamos diferenciar as figuras típicas de posse
irregular e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido; posse
ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e seus
consectários penais e processuais penais, tais como a incidência
de conflito aparente de normas ou concurso de crimes em relação
às outras figuras típicas previstas no Código Penal ou na
Legislação Penal Especial, imperioso identificarmos a correta
distinção entre as referidas “classificações das armas de fogo”.
As figuras típicas
No que concerne às figuras típicas previstas na Lei nº. 10.826/2003,
analisaremos as questões controvertidas afetas aos art.12 a 16 e seu confronto
com a revogada Lei de Arma de Fogo – Lei nº. 9.437/1997.
Primeiramente, é importante perceber que os artigos 12 e 14 se referem à
arma de uso permitido, enquanto o artigo 16 tipifica a posse/porte de arma de
uso restrito. Com isso, teremos a seguinte divisão esquemática:
Ao entrar em vigor, a Lei nº. 10.826/2003 revogou a antiga Lei nº. 9.437/1997.
No entanto, é preciso atentar para alguns detalhes. A princípio, sendo lei
maléfica em relação à maioria das condutas previstas, não poderá retroagir
para alcançar os fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor.
Ocorre que a entrada em vigor da Lei nº. 10.826/2003 não ocorreu para todos
os seus artigos em 23 de dezembro de 2003. O artigo 12, que dispõe acerca da
conduta de possuir, sem autorização legal, arma de fogo de uso permitido,
apenas entraria em vigor em cento e oitenta dias.
Ainda, a nova lei passou a cominar pena mais severa que a prevista na lei de
arma de fogo, bem como estabeleceu que o delito deveria ser considerado
inafiançável, o que, como vimos, foi objeto de declaração de
inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal. No entanto, promoveu a
abolitio criminis do porte de arma de brinquedo, antes tipificado na Lei nº.
9.437/1997.
Atenção
Questão interessante versa sobre a controvérsia entre a
incidência do conflito aparente de normas ou concurso de crimes
entre a figura prevista no art.14, do Estatuto do Desarmamento,
quando esta estiver inserida no mesmo contexto fático de outro
delito que possa ser qualificado ou majorado pelo emprego de
arma de fogo.
Situação 2
Por outro lado, caso Febrônio fosse encontrado por policiais algumas horas
mais tarde, ainda na posse da res furtiva e da arma de fogo que utilizara para a
subtração, não haveria que se falar em consunção, mas em verdadeiro
concurso material de crimes entre os delitos de roubo - art. 157,§2°, inc. I, do
Código Penal e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, previsto no art.
16 da Lei nº. 10.826/2003.
Narrativa
Pablo, parado em uma blitz – ação rotineira da polícia militar –, foi encontrado
portando arma de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro
sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado. Nesta situação
hipotética, sua conduta será tipificada como incursa na figura típica prevista no
art.16, parágrafo único, inciso IV, da Lei nº. 10.826/2003, pois neste dispositivo
as condutas de suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de
identificação de arma de fogo ou artefato e portar, possuir, adquirir, transportar
ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de
identificação raspado, suprimido ou adulterada foram tratadas de forma
autônoma.
Atividade proposta
Roberto Carlos, em 05 de maio de 2007, foi preso em flagrante delito em
conhecido local de tráfico de drogas, portando uma arma de fogo cartucho
calibre 357 devidamente municiado com 05 cartuchos de igual calibre (arma
apreendida) e por trazer consigo, para fins de comercialização, 09 "buchas" de
maconha, já embaladas, prontas para a venda, pesando aproximadamente
7,55g, droga, sem autorização e em desacordo com as determinações legais e
regulamentares, presentes na Portaria n. 344/98 SVS/MS (inclusos autos de
apreensão e laudo de constatação).
Material complementar
Referências
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Legislação Penal Especial. 5. ed.
São Paulo: Saraiva, 2010. v. 4.
SUPERIOR Tribunal de Justiça, REsp 958075/RS, Relatora Ministra Jane Silva.
Desembargadora convocada do TJ/MG, Quinta Turma, julgado em 20/11/2007.
Disponível em: < href='http://www.stj.jus.br' target='_blank'><font
color='#0000ff'>http://www.stj.jus.br>. Acesso em: 25 ago. 2014.
_______ HC 116052/MG; REsp 1048211/RS; HC 109231/RS; RHC 22668/RS;
REsp 958075/RS. Disponível em: < href='http://www.stj.jus.br'
target='_blank'><font color='#0000ff'>http://www.stj.jus.br>.
Acesso em: 25 ago. 2014.
SUPREMO Tribunal Federal, Informativos de jurisprudência n.526, 549 e 550.
Disponível em: < href='http://www.stf.jus.br' target='_blank'><font
color='#0000ff'>http://www.stf.jus.br>. Acesso em: 25 ago. 2014.
Exercícios de fixação
Questão 1
a) comprovação de idoneidade.
a) na assertiva I.
Questão 3
b) III e IV
c) Apenas a IV
d) Apenas a III
e) II e IV
Questão 4
Marque a alternativa correta. De acordo com a Lei nº. 10.826/2003, que dispõe
sobre o Estatuto do Desarmamento e suas alterações legislativas mais recentes,
tem direito de portar arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela
respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, nos termos
regulamentares, com validade em âmbito nacional:
Questão 5
a) Apenas a assertiva I.
b) As assertivas I, II e III.
c) As assertivas II e II.
Questão 6
d) Um fato atípico.
Questão 7
Questão 8
(FCC - 2013 - TJ-PE – Juiz) NÃO incorre nas mesmas penas cominadas para o
delito de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito quem:
Questão 9
Questão 10
Questão 2 - A
Justificativa: Artigo 16 do Estatuto do desarmamento.
Questão 3 - B
Justificativa: Os crimes previstos são de perigo abstrato, visam a tutela da
incolumidade pública, buscando minimizar o risco de comportamentos que vem
produzindo efeitos danosos à sociedade.
Questão 4 - A
Justificativa: Artigo 6º, par. 1º B do Estatuto do desarmamento.
Questão 5 - D
Justificativa: Não se exige a efetiva comprovação de perigo.
Questão 6 - C
Justificativa: O artigo 13, ao descrever a omissão de cautela, prevê crime
omissivo próprio.
Questão 7 - C
Justificativa: O parágrafo único do artigo 16 traz condutas equiparadas ao porte
de arma de uso restrito, que independem da natureza da arma.
Questão 8 - D
Justificativa: A conduta descrita encontra previsão específica no artigo 13.
Questão 10 - B
Justificativa: As condutas descritas encontram previsão típica no artigo 12 do
Estatuto do Desarmamento.