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br/documento/4415681
ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
CONSULTORIA-GERAL DA UNIÃO
CONSULTORIA JURÍDICA JUNTO AO MINISTÉRIO DA DEFESA
CGDAM - COORDENAÇÃO-GERAL DE DIREITO ADMINISTRATIVO E
MILITAR
ESPLANADA DOS MINISTÉRIOS, BLOCO Q, SALA 733, CEP: 70049-900,
BRASÍLIA-DF TELEFONE: 61-3312-4123.
EMAIL: CONJUR@DEFESA.GOV.BR
PARECER n. 00744/2015/CONJUR-MD/CGU/AGU
NUP: 60502.001013/2015-61
INTERESSADOS: SERVIÇO DE INFORMAÇÕES AO CIDADÃO - SIC
ASSUNTOS: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE
DIREITO PÚBLICO
1. RELATÓRIO
1. Os autos em epígrafe voltam para exame desta CONJUR-MD por força
do Despacho n° 127/SIC/DEORG/SEORI/SG/2015, no qual se requer manifestação
jurídica que possa respaldar a atuação da Pasta na sessão de julgamento de recurso de 3°
instância, no âmbito da Comissão Mista de Reavaliação de Informações da Presidência
https://sapiens.agu.gov.br/doctrnento/4415681 1/9
28/09/2015 https://sapiens.agagov.lx/d0curnento/4410381
da República - CMRI/PR.
2. O caso em tela cuida, na origem, de pedido de informações formulado
pelo Sr. Kelvin Daniel Capobianco junto ao Sistema de Informações ao Cidadão deste
Ministério da Defesa na internet, com fundamento nas disposições da Lei n° 12.527, de
18 de novembro de 2011 (vide fl. 03), no qual solicita acesso ao documento de
inteligência intitulado APRECIAÇÃO N° 40 DCI-E/SPEAI/MD, de 11 de outubro de
2001, que versaria sobre ameaças terroristas no País.
3. Na primeira vez em que provocada a se manifestar, a CONJUR-MD,
por meio do Parecer n° 00497/2015/CONJUR-MD/CGU/AGU, posicionou-se
favoravelmente à negativa de acesso nos termos da Lei de Acesso à Informação - LAI
(Lei n° 12.527/2011), pois o documento solicitado consistiria num material preparatório
de atividades de inteligência e protegido pelo sigilo profissional.
4. Por agora, contudo, trata-se de analisar o exame complementar
produzido pelo Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas às fls. 130/134, no qual
sustenta a tese da especialidade da Lei n° 9.883/1999 e da consequente inaplicabilidade
da LAI à espécie.
5. Sobre esse último ponto, inclusive, a Secretaria de Organização
Institucional - SEORI, com fins de buscar uma maior segurança jurídica na sessão de
julgamento recursal que se avizinha, apresenta os questionamentos abaixo:
a)a utilização de certidão teria o condão de atrair a matéria ao
âmbito de aplicação da LAI e, conseguinte, implicar
sobreposição com a legislação especial que trata dos assuntos
de inteligência?
b) a fixação de condicionantes temporais inerentes à natureza
de documento preparatório tem caráter discricionário ou deve
ser previamente fixado pelas autoridades públicas?
c)o arcabouço normativo empregado para atribuir natureza de
inteligência ao documento estaria mitigado em face do
disposto no inciso XXXIII do art. 5°, no inciso II do §3° do
art. 37 e no §2°do art. 216 da Constituição Federal; no art. 22
da Lei n° 12.527, de 18 de novembro de 2011; e no art. 6°,
inciso I, do Decreto n° 7.724, de 16 maio de 2012?
d) a eventual classificação do documento, ao amparo da LAI,
além de constituir precedente gravoso, colidiria com a
legislação que rege os assuntos de inteligência?
6. É o que se tem a relatar.
2. ANÁLISE
2.1 Considerações iniciais
7. Inicialmente, para facilitar a compreensão do tema, registra-se que num
primeiro momento serão analisadas apenas as alegações quanto à especialidade da Lei
n° 9.883/1999 e a inaplicabilidade da LAI aos documentos de inteligência. Somente após
a fixação da tese mais adequada juridicamente é que serão examinados pontualmente
htlps://sapiens.agu.gov.br/docunento/4415681 2/9
29/09/2015 HIps://sapiens.agagov.brldocumento/4415681
Art. 37 [...]
§ 3° A lei disciplinará as formas de participação do usuário na
administração pública direta e indireta, regulando
especialmente:
1 - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos
em geral, asseguradas a manutenção de serviços de
atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e
interna, da qualidade dos serviços; (Incluído pela Emenda
Constitucional n° 19, de 1998)
H- o acesso dos usuários a registros administrativos e a
informações sobre atos de governo, observado o disposto
no art 5°, X e XXXIII; [...]
Art.216 [...]
§ 2° Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão
da documentação governamental e as providências para
franquear sua consulta a quantos dela necessitem. [...].
10. Justamente em razão do interesse privado ou do interesse coletivo ou
geral que pode recair sobre uma determinada informação é que a LAI firma a diretriz de
que a publicidade deve ser observada como preceito geral e o sigilo como a exceção,
assim como determina que cabe aos órgãos e entidades do poder público propiciar o
amplo acesso da informação. Ex vi:
Art. 3° Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a
assegurar o direito fundamental de acesso à informação e
devem ser executados em conformidade com os princípios
básicos da administração pública e com as seguintes
diretrizes:
httpsi/sMens.agu.gov.br/dournento/4415691 319
28/09/2015 haps://sapiens agu gov.brldocumento/4415881
httQs•J/sapiers.egu.gov.tx/doarnento/44158a1 599
28/09/2015 hdps://sapiens.agu.gov.brldocumento/4415681
Mps://sapiens.agu.gov.br/documento/4415681 6/9
28/09/2015 Mtps://sapiens.agu.gov.br/doc merda4415681
23. Em socorro dessa conclusão, deve-se frisar que ela encontra arrimo
inclusive nos próprios ditames da LAI, tal como aquele que reconhece a existência de
outras espécies de sigilo que fogem da alçada reguladora da LAI. É o caso do disposto
em seu art. 22, que assim preconiza:
Art. 22. O disposto nesta Lei não exclui as demais hipóteses
legais de sigilo e de segredo de justiça nem as hipóteses de
segredo industrial decorrentes da exploração direta de
atividade econômica pelo Estado ou por pessoa fisica ou
entidade privada que tenha qualquer vínculo com o poder
público.
24. Ora, à luz dessa norma, resta claro que a LAI é um disciplinamento
geral que não exclui a existência de outras hipóteses de sigilo legal, como, por exemplo,
a restrição de acesso das informações atinentes à atividade de inteligência.
25. Do mesmo modo, registra-se que as atividades de inteligência são tão
relevantes para o interesse nacional que não foram totalmente ignoradas pela LAI. Essa
lei, ao enumerar em seu art. 23 quais as informações que devem ser consideradas
imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado, deixou claro que os documentos
que puderem comprometer atividades de inteligência são passíveis de classificação.
26. Isto é, não são os documentos de inteligência que são passíveis de
classificação sigilosa, pois estes, como ressaltado, estão fora do âmbito da LAI, mas
somente aqueles documentos administrativos que podem comprometer as ações de
inteligência.
27. Diante de todo esse contexto, nos termos da Lei n° 9.883/1999. especial
em relação à LAI. conclui-se que os documentos produzidos no âmbito de atividades de
inteligência são de conhecimento restrito. sendo acessíveis apenas pelas autoridades
públicas que deles necessitam conhecer para uma tomada de decisão ou ação
https://sapiens.agu.gov.brldournento/4415681 7/9
28/09/2015 https://sapien5.agug0v.br/documen1o/4415681
governamental.
28. Como exceção. somente quando o documento de inteligência disser
respeito a possíveis violações de direitos humanos é que o sigilo próprio das informações
de inteligência devem ceder perante a prevalência dos direitos humanos, tal como
previsto nos arts. 4° e 5°. §3°. da Carta Magna.
2.3 Dos questionamentos específicos apresentados pela SEORI
29. Partindo-se da premissa fixada no item anterior, tem-se que o
questionamento de letra "a", atinente à confecção de certidões dos documentos de
inteligência que vierem a ser solicitados, não encontra respaldo na Lei n° 9.883/1999. A
emissão de certidões está prevista, isso sim, no art. T' da LAI, o qual se revela
inaplicável à espécie.
30. O mesmo ocorre com o questionamento de letra "b", atinente à fixação
de condicionantes temporais para a restrição de acesso de um documento preparatório.
A temporalidade dessa restrição de acesso está prevista na LAI, a qual não merece
incidir sobre o caso concreto.
31. Por fim, no tocante aos questionamentos de letra "c" e "d", tem-se que a
tese desenvolvida no item anterior deste parecer esclarece as tais dúvidas, firmando o
entendimento de que a legislação de inteligência é especial em relação à LAI.
3. CONCLUSÃO
32. Ante o exposto, a CONJUR-MD firma posição no sentido de que a Lei
n° 9.883/1999, que trata dos documentos e informações de inteligência, é especial em
relação à LAI. Diante de tal quadro, conclui-se que os documentos produzidos no âmbito
de atividades de inteligência estão fora da alçada da LAI, sendo acessíveis apenas,
independente de qualquer classificação, pelas autoridades públicas que deles
necessitam conhecer para uma tomada de decisão ou ação governamental.
33. Como exceção, somente quando o documento de inteligência disser
respeito a possíveis violações de direitos humanos é que o sigilo próprio das informações
de inteligência devem ceder perante a prevalência dos direitos humanos, tal como
previsto nos arts. 4° e 5°, §3°, da Carta Magna.
34. Devolvam-se os autos para a SEORI, com a urgência que o caso
requer.
À consideração superior.
https://sapiens.agu.gov.br/documento/4415681 8/9
28109/2015 https://sapiens.agu.gov.brldocumento/4415681
https://sapiens.agu.gov.br/documento/4415681 9/9
28/09/2015 https://sapiens.agtigov.baldownento/4471342
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CONJUFt@DEFESA.GOV BR
DESPACHO n. 01626/2015/CONJUR-MD/CGU/AGU
NUP: 60502.001013/2015-61
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https://sapiens.agu.g0v.br/doctrnento14471342 1/1