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HABEAS DATA
Pontes e Lacerda - MT
2021
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HABEAS DATA GE
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1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
Para a impetração de um habeas data, configura no polo ativo qualquer pessoa, seja ela
física ou jurídica, a fim de ter acesso às informações a seu respeito (Lenza, 2021, p. 1.831). Indo
mais afundo, também são legítimas as pessoas estrangeiras, ao qual necessitam obter
informações constantes no banco de dados governamental.
A Lei nº 9.507/97, parágrafo único, art. 1º, traz o conceito de banco de dados, como
sendo: “Considera-se de caráter público todo registro ou banco de dados contendo informações
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que sejam ou que possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso privativo GE
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órgão ou entidade produtora ou depositária das informações”.
No entanto, incumbe ressaltar que o habeas data possui caráter personalíssimo, ou seja,
somente a informações de interesse pessoal à pessoa impetrante (Nome, ano, p. 395), pode
ajuizar ação requerendo a obtenção dos dados constantes em entidades governamentais.
Contudo há uma excepcionalidade onde afasta-se o caráter personalíssimo do habeas data,
quando parente do de cujus (ascendente, descendente, cônjuge ou irmão), requerem
informações para salvaguardar a memória do falecido constante no banco de dados
governamental.
A respeito do polo passivo dessa relação jurídica, compreende-se todas as entidades
governamentais, tanto da administração direta quanto indireta, ou seja, pessoa jurídica de direito
público. Todavia, cabe ressaltar que entidade de caráter privado também podem se enquadrar
nesse quesito e serem sujeitas passivas desta relação jurídica. É o caso das empresas privadas
de proteção ao crédito (SPC), que possuem informações constante no banco de dados
governamentais acerca, por exemplo, de devedores inadimplentes. É o que diz o art. 43, §4º, da
Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor): “os bancos de dados e cadastros relativos
a consumidores, os serviços de proteção ao crédito e congêneres são considerados entidades de
caráter público”.
Na contramão do referido dispositivo legal, o Supremo Tribunal Federal (STF), por
meio do RE 165.304/MG decidiu que o Banco do Brasil, embora seja empresa pública federal,
não enquadra-se no polo passivo de ação de habeas data, ao fato de que “não configura como
entidade governamental - mas sim como explorador de atividade econômica -, nem se enquadra
no conceito de registros de caráter público a que se refere o art. 5º LXXII, a, da CR”.
3. PROCEDIMENTO
Como anteriormente mencionado, o habeas data foi introduzido na vigente Constituição
Federal como instrumento a ser utilizado para frear o controle indevido do Estado sobre os
indivíduos. Salienta-se que via de regra, o direito garantido pelos habeas data somente poderá
ser exercido pelo próprio titular dos dados que se pretende conhecer e/ou corrigir. Incluindo
também nestes casos, pessoas jurídicas.
Conforme explorado no art. 8º da Lei nº 9.507/97, que dispõe sobre o rito processual do
habeas data, o mesmo possui como requisito indispensável a prova da recusa de
disponibilização de informações e/ou a recusa de se fazer a retifação de tais informações. Em
outras palavras, o legislador deixa explícito que para que o habeas data seja cabível, é
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imprescindivelmente necessário que o cidadão ao solicitar acesso a dados pessoais a um órgão
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público, tenha sua solicitação negada por este.
O pedido de acesso as informações desejadas, deve ser requerido inicialmente por via
administrativa e o órgão público, por sua vez, tem dois dias para analisar o mesmo. Em caso de
negativa injustificada ou esgotamento do prazo para disponibilização da informação, o
solicitante poderá ingressar com a ação cabível. Todo esse processo, bem como a ação de
habeas data e a retificação de dados ou anotações de justificação, como previsto no art. 21 da
lei regulamentadora (Lei nº 9.507/97), serão isentos das custas judiciais e do ônus da
sucumbência.
Outro ponto a ser ressaltado é que a negativa do Poder Público de fornecer certidões
referentes a dados pessoais não deve ser combatida por meio de habeas data, isto pois, apesar
dos mesmos estarem inter-relacionados, eles não se confundem. Michel Temer apud Sylvio
Motta (2018), esclarece que ao pleitear uma certidão, o solicitante deve demonstrar que o faz
para “defesa de direitos e esclarecimentos de situações de interesse pessoal (art. 5 o , XXXIV, b, da
CF/88) ”, enquanto que no habeas data, o simples desejo de se conhecer a informação relativas à sua
pessoa já o torna apto a obter tais informações apenas por via administrativa.
Por fim, esclarece-se que o habeas data, apesar de divergência doutrinária, pode ser
tanto de caráter individual, como de caráter coletivo. Este último, se caracteriza pela impetração
do remédio por meio de pessoa jurídica que tenha por finalidade a busca da retificação de
informações que sejam de interesse de toda a comunidade. Ainda convém lembrar que a lei
reguladora do rito processual do habeas data, não especificou prazo decadencial para
impetração da ação. Ademais, em caso de indeferimento da petição inicial caberá recurso de
apelação.
4. COMPETÊNCIA
Os juizos competentes para o processo e julgamento do habeas data estão elencados na
Constituicao Federal. Compete ao STF processar e julgar em recurso ordinário o habeas data,
decidido em única instância pelos Tribunals Superiores, se denegatória a decisao (CF, art. 102,
II, "a"). Originariamente, cabe ao STF processar e julgar o habeas data contra atos do Presidente
da República, às Mesas da Camara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas
da Uniãoo, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal (CF, art.
102, I, "d"); compete ao STJ julgar o habeas data contra atos de Ministro de Estado ou do
próprio Tribunal (CF, art. 105, I, "b"); compete aos TRFs processar e julgar o habeas data
originariamente o habeas data contra ato do proprio Tribunal ou de juiz federal (CF, art. 108, I
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, "c"), compete aos juízes federais processar e julgar o habeas data contra ato de autoridade
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federal, exceto os casos de competência dos Tribunais Federais (CF, art. 109, VIII); compete
ao TSE julgar, em recurso ordinário, o habeas data denegado pelos TRES (CF, art. 121, § 4°,
V).
Quanto à Justica Estadual, caberá a Constituição do Estado estabelecer a competência
de seus tribunais e juízes, complementada pela lei de organização judiciária de cada unidade da
Federacao (CF, art. 125, § 1°).
Não obstante o rol estabelecido nesse artigo, a ausência dos orgãos das justiças
trabalhista, eleitoral e militar não significa que seja coibido o ajuizamento desse remédio
constitucional nessas justiças especializadas.
A redação do art. 114, IV da Constituição, dipõe competir a justiça do trabalho o
julgamento do habeas data quando questionado envolver matéria trabalhista.
O legitimado para requerer habeas data é unicamente a pessoa física ou jurídica
diretamente interessada nos registros mencionados no inciso LXXII, "a" e "b", do art. 5° da CF.
No habeas data há um primeiro julgamento com relação à pertinência da requisição das
informações, se o pedido for cabivel, as informações deverão então ser prestadas, e poderão ser
retificadas, em caso de incorreção comprovada.
Não há possibilidade de aplicação analógica do procedimento do mandado de
segurança ou do mandado de injuncão, pois buscam fins diversos, com ritos diferentes.
O doutrinador e ministro do STF Professor Gilmar Ferreira Mendes (MENDES, Gilmar
Ferreira. Curso de direito constitucional. Saraiva Educação SA, 2013), afirma que o processo
de habeas data pode desenvolver-se em duas fases. Na primeira, o Juiz, de plano, manda
notificar o impetrado para apresentar dados do impetrante, constantes de seu registro, no prazo
estipiulado, juntados os dados, o impetrante terá ciência deles, devendo manifestar-se em prazo
determinado. Se nada tiver a retificar, dirá se arquivara o processo. Se tiver retificação a fazer,
dirá quais são de forma fundamentada, mediante aditamento da inicial, e então o Juiz
determinará a citação do impetrado para contestação, se quiser, prosseguindo-se nos termos do
contraditório.
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REFERÊNCIAS