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CENTRO UNIVERSITÁRIO CASTELO BANCO

CURSO DE DIREITO

ESTÁGIO DE PRÁTICA JURÍDICA (NPPJ)

10º PERÍODO

ALAN MARTINS SOSSAI


DAVI FIORIN DA SILVA
ISABELA DIAS LUCHI
LUANA PIFFER FERRI
PEDRO JOSÉ MARIM GÓDIO CÔCO

CONFECÇÃO DE HABEAS DATA

COLATINA

2022
EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO COLENDO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Tício, brasileiro, casado, engenheiro, residente e domiciliado na …, portador do RG …


e do CPF …, por seu advogado que firma a presente (procuração anexa – doc.1), com
escritório para recebimento de intimações na … (CPC, art. 106, I) vem à presença de
Vossa Excelência, respeitosamente, impetrar contra o Senhor Ministro da Defesa, o
presente HABEAS DATA nos termos do artigo 5º, inciso LXXII, da Constituição Federal
e da Lei nº 9.507/97, pelas razões a seguir aduzidas.
I – DOS FATOS
O impetrante é brasileiro e, na década de setenta, participou de diversos movimentos
políticos que faziam oposição ao Governo então instituído.
Em decorrência dessas atividades, foi vigiado pelos agentes estatais e, em diversas
ocasiões, preso para averiguações. Seus movimentos foram monitorados pelos órgãos de
inteligência vinculados aos órgãos de Segurança do Estado, organizados por agentes
federais.
Anos após esses fatos, precisamente em 2010, o impetrante requereu acesso à sua ficha
de informações pessoais (doc. 2), e, para a sua surpresa, teve o seu pedido indeferido,
em todas as instâncias administrativas (doc. 3).
A última negativa foi dada pelo Ministro de Estado da Defesa, que lastreou seu ato
decisório, na necessidade de preservação do sigilo das atividades do Estado, uma vez
que os arquivos públicos do período desejado estão indisponíveis para todos os
cidadãos. Inconformado, Tício resolveu impetrar o presente habeas data a fim de tomar
conhecimento das informações que lhe foram negadas.
II – DO DIREITO
Em primeiro lugar cabe a análise o artigo 5º, XXXIII, da Constituição Federal que
assegura a todos o direito de receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral.
Informações essas que devem ser prestadas no prazo legal, sob pena de
responsabilidade.
Vale lembrar que tal direito está previsto no rol de direitos e garantias individuais, rol
esse que não pode ser suprimido sequer pelo poder derivado reformador, ou seja, por
meio da elaboração de emendas à Constituição.
Trata Se de uma das cláusulas pétreas, prevista no art. 60, §4º, IV, do texto maior.
Visando assegurar esse direito à informação, a própria Constituição, em seu art. 5º,
LXXII, estabelece que é cabível o habeas data quando se tem os seguintes objetivos: a)
para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registro ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter
público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê lo por processo
sigiloso, judicial ou administrativo.
A garantia do habeas data está regulamentada na Lei 9.507/97, lei essa que estabelece
como requisito da petição inicial prova que demonstre a recusa da autoridade em dar
acesso às informações solicitadas ou em fazer a retificação ou anotação devidas.
Assim, percebe-se que existem vários requisitos para o ingresso com o habeas data. São
eles:
a) necessidade de acesso, retificação ou anotação de informações ou dados
constantes de registro ou bancos de dados públicos;
b) informações ou dados relativos à pessoa do impetrante;
c) prova da recusa da autoridade e dar o acesso ou proceder à retificação ou
anotação. Tais pressupostos foram devidamente cumpridos pelo impetrante.
O requisito “a” está cumprido, pois as informações em relação às quais se deseja são
constantes de registro ou banco de dados de entidade governamental, no caso o
Ministério de Estado da Defesa da União. O requisito “b” também está cumprido, pois
as informações solicitadas dizem respeito à própria pessoa do impetrante. E, em relação
ao requisito “c”, é verificado o seu cumprimento pelo fato de o impetrante ter feito
pedido de acesso à sua ficha de informações pessoais, o qual foi indeferido, em todas as
instâncias administrativas.
No caso em tela, foi negado ao impetrante acesso a documentos que dizem respeito a
sua pessoa. Tais documentos, como seu viu, constam de registros de entidade
governamental, no caso de Ministério da União. Assim, estão cumpridos todos os
requisitos para a concessão da presente ordem de habeas data. Além de todos os
dispositivos mencionados, que já seriam suficientes para a concessão da ordem, o ato
praticado pelo Ministro de Estado da Defesa de negar acesso às informações configura
verdadeiro abuso de autoridade, previsto no artigo 4º, alínea “h”, da Lei n. 4.898/65,
pois fere a própria honra do impetrante.
Desse modo, alternativa não restou ao impetrado, para ver o seu direito fundamental
assegurado, que não a impetração do presente remédio constitucional.
III – DO PEDIDO
Ante o exposto requer que Vossa Excelência se digne de:
a) deferir a juntada dos documentos comprobatórios que acompanham a inicial,
conforme disposição do artigo 8º, parágrafo único, da Lei 9.507/97.
b) determinar a notificação do coator para, querendo, apresentar as informações no
prazo de 10 (dez) dias.
b) após, determinar a remessa dos autos para o representante do Ministério Público para
emitir parecer, nos termos do art. 12 da Lei 9.507/97.
c) em seguida, julgando procedente o pedido, marcando dia e hora para que as
informações sejam prestadas ao impetrante, advertindo o coator das responsabilidades
decorrentes de eventual descumprimento de tal determinação judicial.
Dá à causa o valor de R$
1.000,00.
Local …, data…
Advogado …
OAB ….

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