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OAB SEGUNDA FASE – DIREITO

CONSTITUCIONAL PROF.
DOUGLAS CRISPIM
HABEAS DATA – SALA - PROF

Tício, brasileiro, casado, engenheiro, na década de setenta, participou de movimentos


políticos que faziam oposição ao governo então instituído. Por força de tais atividades,
foi vigiado pelos agentes estatais e, em diversas ocasiões, preso para averiguações; seus
movimentos foram monitorados pelos órgãos de inteligência vinculados aos órgãos de
segurança do Estado, organizados por agentes federais. Após longos anos, no ano de
2010, Tício requereu acesso à sua ficha de informações pessoais, tendo o seu pedido
indeferido, em todas as instâncias administrativas. Esse foi o último ato praticado pelo
Ministro de Estado da Defesa, que lastreou seu ato decisório, na necessidade de
preservação do sigilo das atividades do Estado, uma vez que os arquivos públicos do
período desejado estão indisponíveis para todos os cidadãos. Tício, inconformado,
procura aconselhamentos com seu sobrinho Caio, advogado, que propõe apresentar ação
judicial para acessar os dados do seu tio.

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DOUGLAS CRISPIM
EXCELENTÍSSIMO SR. DR. MINISTRO PRESIDENTE DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Tício, brasileiro, casado, engenheiro, portador do RG n° (numero) e do CPF n° (numero),


residente e domiciliado na ..., por seu advogado infra-assinado, conforme procuração
anexa, com escritório no endereço ..., endereço que indica para receber as intimações
processuais, com fundamento no art. 5º, LXXII, “a”, da Constituição Federal e Lei nº
9.507/97, impetrar HABEAS DATA contra ato praticado pelo Ministro de Estado da
Defesa, com sede funcional na ..., pelos fatos e fundamentos de direito que se seguem.

DOS FATOS

Na década de setenta, o impetrante participou de movimentos políticos que faziam


oposição ao Governo então instituído. Por força de tais atividades, foi vigiado pelos agentes
estatais e, em diversas ocasiões, preso para averiguações. Seus movimentos foram
monitorados pelos órgãos de inteligência vinculados aos órgãos de Segurança do Estado,
organizados por agentes federais. Em 2010, Tício requereu acesso à sua ficha de
informações pessoais, tendo o seu pedido indeferido, em todas as instâncias
administrativas. Esse foi o último ato praticado pelo Ministro de Estado da Defesa, que
lastreou seu ato decisório, na necessidade de preservação do sigilo das atividades do
Estado, ato este que claramente viola a intimidade e vida privada do impetrante e
fundamenta a propositura do presente Habeas Data.

DO DIREITO:
DO CABIMENTO E DA COMPETÊNCIA

Como se sabe, cabe o remédio constitucional Habeas Data quando houver recusa de
informação da pessoa do impetrante constante em banco de dados de caráter público ou
de entidade governamental (art. 5º LXXII da CF). Já a competência é definida pela
hierarquia funcional (art. 5º, LXXII da Constituição Federal, c/c art. 20 da Lei n.
9.507/97). No presente caso, a autoridade coatora foi o Ministro de Estado, o que
justifica a impetração do presente remédio perante esse Superior Tribunal de Justiça -
STJ, nos termos do artigo 105, I, b da CF.

DA LEGITIMIDADE:
A legitimidade ativa do presente remédio constitucional se encontra no art. 5º,
LXXII, a, da Constituição Federal e da Lei n.9.507/97. Assim, qualquer pessoa física ou
jurídica, pode ser titular do direito à informação pessoal. No presente caso, a
legitimidade é de Tício que teve negado o acesso a informação de

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caráter pessoal, ferindo as normas constitucionais e legais. A legitimidade passiva,
conforme art.2º da Lei n. 9.507/97, é do Ministro do Estado já que é o responsável em
conceder as informações pessoais requeridas pelo impetrante.

DO MÉRITO:

Trata-se de ato pratica por Ministro de Estado que negou acesso a informação do
impetrante, de forma abusiva e inconstitucional.
O art. 5º, XXXII, a, da CF/88 assegura a todos o direito à informação, sendo, inclusive,
a atividade pública pautada no princípio da publicidade conforme art. 37, caput da
CF/88. Portanto, a alegação de que as informações são sigilosas em virtude do
interesse público é configura abuso do poder e esbarra nos comandos constitucionais e
fundamentais da Carta Maior. Saliente-se que o direito à informação é tipificado como
direito fundamental no art. 5º, XXXIII da CF, protegido por cláusula pétrea (art. 60, §
4º, IV da CF). Registre-se que a negativa do direito à informação pessoal, também fere a
vida intima (art. 5º, X da CF) e a própria personalidade do impetrante, que se ver
privado da informação vivenciada no passado.
Por fim, nos termos do art.7º, I da Lei n. 9.507/97 fica preenchida a condição do
interesse de agir, visto que o impetrante procurou administrativamente autoridade
competente para obtenção de informações pessoais que lhe foram negadas como se
prova com o documento em anexo.

DOS PEDIDOS:
Diante de todo exposto, o Impetrante requer:
a) julgamento do presente habeas data TOTALMENTE PROCEDENTE para que seja
assegurado ao impetrante o acesso às informações pessoais constantes nos bancos de
dados do governo federal, marcando data e hora para que sejam entregues as
informações requeridas pela mesma nos termos do art. 5º, LXXII da Constituição
Federal, c/c art. 13 da Lei n. 9.507/97.
b) que seja notificada a autoridade coatora dos termos da presente ação para que sejam
prestadas as informações, no prazo de dez dias, nos termos do art. 9º da Lei n. 9.507/97.
c) intimação do Ministério Público para ser ouvido no prazo de cinco dias, nos termos
do art. 12 da Lei n. 9.507/97.
d) condenação dos impetrados ao pagamento de honorários advocatícios, custas e
despesas processuais.
e) O impetrante pretende provar o alegado por todos os meios de prova em direito
admitidos, requerendo, desde já, juntada de documentos essenciais conforme art. 8º, §
único da Lei n. 9.507/97.

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Dar-se à causa o valor de 1.000,00 (um mil reais) para efeitos procedimentais. Termos
que pede e espera deferimento.
Local ..., data...
Advogado...,
OAB nº...

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