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SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL

FEDERAL
xxxx, brasileira, viú va, RG nº ..., CPF nº ..., residente e domiciliada na Rua xxxxx, nº xx, Bairro
xxx, CEP ..., Cidade de xxx, representada por seus advogados (documento incluso), vem
perante Vossa Excelência impetrar
HABEAS DATA
contra ato do Ministro de Defesa do Estado da Repú blica Federativa do Brasil, com
endereço profissional na Rua..., Gabinete nº xx, cidade..., pelos fatos e fundamentos que
passa a se expor.
DOS FATOS
xxxx, ex-cô njuge da impetrante, que veio a falecer em 1995, foi militar incorporado ao
exército brasileiro no período de 1965 a 1990, durante o período de ditadura militar.
Dessa forma, a impetrante, teve sua pensã o militar cancelada e, por esse motivo, precisa
obter informaçõ es aos dados militares de seu ex-cô njuge.
DO DIREITO
DO CABIMENTO
Segundo José Afonso da Silva, o habeas data:
“É um remédio constitucional que tem por objeto proteger a esfera íntima dos indivíduos
contra: usos abusivos de registros de dados pessoais coletados por meios fraudulentos,
desleais ou ilícitos e introduçã o nesses registros de dados sensíveis (assim chamados os de
origem racial, opiniã o política, filosó fica ou religiosa, filiaçã o partidá ria e sindical,
orientaçã o sexual, etc.) ”[1]
Conforme Artigo 5º, Inciso LXXII da nossa Constituiçã o.
Art. 5º Todos sã o iguais perante a lei, sem distinçã o de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
LXXII - conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informaçõ es relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de cará ter
pú blico;
b) para a retificaçã o de dados, quando nã o se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial
ou administrativo; (Brasil, 1988)
E também conforme Artigo 7º da Lei 9.507/97
Art. 7º Conceder-se-á habeas data:
I - Para assegurar o conhecimento de informaçõ es relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de cará ter
pú blico;
II - Para a retificaçã o de dados, quando nã o se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial
ou administrativo;
III - para a anotaçã o nos assentamentos do interessado, de contestaçã o ou explicaçã o sobre
dado verdadeiro, mas justificá vel e que esteja sob pendência judicial ou amigá vel. (Brasil,
1997)
No tocante ao caso em tela, conforme entendimento do doutrinador José Rios, o habeas
data só pode ser utilizado para obter informaçõ es pessoais (do pró prio requerente).
Porém, um filho ou ex-cô njuge de uma pessoa morta tem o direito de impetrar um habeas
data para obter informaçõ es sobre o morto.
Ademais, nenhuma autoridade pode negar informaçõ es pessoais sobre o cidadã o alegando
segredo de Estado, isto porque o direito de cidadã o está acima de tudo.
A paciente desta açã o, procurou a autoridade responsá vel para que pudesse ter acesso a
uma informaçã o sobre o cô njuge morto, a qual lhe foi negada, possuindo assim cabimento a
presente açã o.
DA COMPETENCIA
O Tribunal deste estado tem competência para julgar essa açã o de Habeas Data, conforme
Artigo 105, Inciso I, alínea b da Nobsa Constituiçã o Federal:
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - Processar e julgar, originariamente:
[...]
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeroná utica ou do pró prio Tribunal; (Brasil,
1988) (grifo nosso).
No caso em tela, a autor tomou ciência que constaria nos registros do Ministério da Justiça
informaçõ es sobre seu cô njuge ex militar morto, como ainda aduz o Artigo 20, Inciso I,
alínea b da Leb 9.507/97:
Art. 20. O julgamento do habeas data compete:
I - Originariamente:
[...]
b) ao Superior Tribunal de Justiça, contra atos de Ministro de Estado ou do pró prio
Tribunal; (Brasil, 1997).
Tendo com isso, o Tribunal de Justiça deste Estado competência para julgar a presente
açã o.
DA NEGATIVA DA INFORMAÇÃO
A autora da presente açã o procurou o Ministro de Defesa do Estado de xxx para saber dos
dados militares do cô njuge morto, para entender o motivo do cancelamento de sua
aposentadoria, procura que nã o logrou êxito.
Sendo desta forma, o Habeas Data, o remédio coerente para o caso conreto, pois é um
direito do cidadã o checar qualquer informaçã o sobre ele e seu ex-cô njuge morto.

Na petiçã o como se observa o conteú do dos anexos, há comprovaçã o da recusa da


autoridade para prestar as devidas informaçõ es ao cidadã o, desta feita, observa-se o que
prevê o Artigo 8º da Lei 9.507/97.
Art. 8º A petiçã o inicial, que deverá preencher os requisitos dos arts. 282 a 285 do Có digo
de Processo Civil, será apresentada em duas vias, e os documentos que instruírem a
primeira serã o reproduzidos por có pia na segunda.
Pará grafo ú nico. A petiçã o inicial deverá ser instruída com prova:
I - Da recusa ao acesso à s informaçõ es ou do decurso de mais de dez dias sem decisã o;
(Brasil,1997).
O ministro da defesa, alegou que por se tratar de informaçã o de operaçõ es militares
realizadas pelo militar falecido, nã o cederia qualquer informaçã o sobre este. No entanto,
para a Lei 12.527/2011, em seu Artigo 4º, Inciso III, informaçõ es sigilosas sã o aquelas que
a populaçã o teria acesso restrito, e a informaçã o pessoal aquela atinente a pessoa natural:
Art. 4o Para os efeitos desta Lei, considera-se:
[...]
III - informaçã o sigilosa: aquela submetida temporariamente à restriçã o de acesso pú blico
em razã o de sua imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado;
IV - Informaçã o pessoal: aquela relacionada à pessoa natural identificada ou identificá vel;
(Brasil, 2011)
Entretanto, a mesma lei em seu Artigo 6º, assegura que haverá a gestã o transparente das
informaçõ es, e proteçã o da informaçã o sigilosa:
Art. 6o Cabe aos ó rgã os e entidades do poder pú blico, observadas as normas e
procedimentos específicos aplicá veis, assegurar a:
I - Gestã o transparente da informaçã o, propiciando amplo acesso a ela e sua divulgaçã o;
II - Proteçã o da informaçã o, garantindo-se sua disponibilidade, autenticidade e integridade;
e
III - proteçã o da informaçã o sigilosa e da informaçã o pessoal, observada a sua
disponibilidade, autenticidade, integridade e eventual restriçã o de acesso. (Brasil, 2011)
E ainda, o Artigo 7º da referida lei:
Art. 7o O acesso à informaçã o de que trata esta Lei compreende, entre outros, os direitos de
obter:
I - Orientaçã o sobre os procedimentos para a consecuçã o de acesso, bem como sobre o local
onde poderá ser encontrada ou obtida a informaçã o almejada;
II - Informaçã o contida em registros ou documentos, produzidos ou acumulados por seus
ó rgã os ou entidades, recolhidos ou nã o a arquivos pú blicos;
III - informaçã o produzida ou custodiada por pessoa física ou entidade privada decorrente
de qualquer vínculo com seus ó rgã os ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha
cessado;
IV - Informaçã o primá ria, íntegra, autêntica e atualizada;
V - Informaçã o sobre atividades exercidas pelos ó rgã os e entidades, inclusive as relativas à
sua política, organizaçã o e serviços;
VI - Informaçã o pertinente à administraçã o do patrimô nio pú blico, utilizaçã o de recursos
pú blicos, licitaçã o, contratos administrativos; e
VII - informaçã o relativa:
a) À implementaçã o, acompanhamento e resultados dos programas, projetos e açõ es dos
ó rgã os e entidades pú blicas, bem como metas e indicadores propostos; (Brasil, 2011).
Nã o existe motivos para a negativa da informaçã o por ela ser sigilosa, sendo que de acordo
com o Artigo 23 da Lei 12.527/2011 os dados sigilosos imprescindíveis a segurança da
sociedade ou dos estados, sã o aqueles que pode por exemplo pô r em risco a soberania do
estado, o que claramente nã o ocorreria no presente caso:
Art. 23. Sã o consideradas imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado e,
portanto, passíveis de classificaçã o as informaçõ es cuja divulgaçã o ou acesso irrestrito
possam:
I - Pô r em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integridade do territó rio nacional;
II - Prejudicar ou pô r em risco a conduçã o de negociaçõ es ou as relaçõ es internacionais do
País, ou as que tenham sido fornecidas em cará ter sigiloso por outros Estados e organismos
internacionais;
III - pô r em risco a vida, a segurança ou a saú de da populaçã o;
IV - Oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econô mica ou monetá ria do País;
V - Prejudicar ou causar risco a planos ou operaçõ es estratégicas das Forças Armadas;
VI - Prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e desenvolvimento científico ou
tecnoló gico, assim como a sistemas, bens, instalaçõ es ou á reas de interesse estratégico
nacional;
VII - pô r em risco a segurança de instituiçõ es ou de altas autoridades nacionais ou
estrangeiras e seus familiares; ou
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como de investigaçã o ou fiscalizaçã o em
andamento, relacionadas com a prevençã o ou repressã o de infraçõ es. (Brasil, 2011)
Por fim extrai-se a seguinte jurisprudência do Supremo Tribunal Federal:
HABEAS DATA ? DADOS DE CÔ NJUGE FALECIDO ? LEGITIMIDADE DO SUPÉ STITE ?
ARTIGO 5º, INCISO LXXII, ALÍNEA ?A?, DA CONSTITUIÇÃ O FEDERAL. 1. O Gabinete prestou
as seguintes informaçõ es: O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Habeas Data nº
147/DF, implementou ordem, consignando que, embora, na açã o, nã o se busque
informaçõ es acerca da pessoa da recorrida, mas do marido desta, falecido, está em jogo a
pró pria garantia constitucional inserta no artigo 5º, inciso LXXII. Os documentos
requisitados teriam o condã o de influenciar o patrimô nio moral e financeiro dos herdeiros.
Proclamou nã o ser razoá vel a demora de mais de um ano, do Ministro da Defesa, em
fornecer os dados relativos ao curso realizado na Escola de Sargentos Aviadores da
Aeroná utica. O acó rdã o impugnado encontra-se assim do (folha 79):CONSTITUCIONAL.
HABEAS DATA. VIÚ VA DE MILITAR DA AERONÁ UTICA. ACESSO A DOCUMENTOS
FUNCIONAIS. ILEGITIMIDADE PASSIVA E ATIVA. NÃ O-OCORRÊ NCIA. OMISSÃ O DA
ADMINISTRAÇÃ O CARATERIZADA. ORDEM CONCEDIDA. 1. A autoridade coatora, ao
receber o pedido administrativo da impetrante e encaminhá -lo ao Comando da
Aeroná utica, obrigou-se a responder o pleito. Ademais, ao prestar informaçõ es, nã o se
limitou a alegar sua ilegitimidade, mas defendeu o mérito do ato impugnado, requerendo a
denegaçã o da segurança, assumindo a legitimatio ad causam passiva. Aplicaçã o da teoria da
encampaçã o. Precedentes. 2. É parte legítima para impetrar habeas data o cô njuge
sobrevivente na defesa de interesse do falecido. 3. O habeas data configura remédio
jurídico-processual, de natureza constitucional, que se destina a garantir, em favor da
pessoa interessada, o exercício de pretensã o jurídica discernível em seu tríplice aspecto:
(a) direito de acesso aos registros existentes; (b) direito de retificaçã o dos registros
errô neos e (c) direito de complementaçã o dos registros insuficientes ou incompletos. 4. Sua
utilizaçã o está diretamente relacionada à existência de uma pretensã o resistida,
consubstanciada na recusa da autoridade em responder ao pedido de informaçõ es, seja de
forma explícita ou implícita (por omissã o ou retardamento no fazê-lo). 5. Hipó tese em que
a demora da autoridade impetrada em atender o pedido formulado administrativamente
pela impetrante ? mais de um ano ? nã o pode ser considerada razoá vel, ainda mais
considerando-se a idade avançada da impetrante. 6. Ordem concedida. No extraordiná rio
interposto com base na alínea ?a? do permissivo constitucional, a Uniã o articula com ofensa
ao artigo 5º, inciso LXXII, alínea ?a?, da Constituiçã o da Repú blica. Sustenta ser o habeas
data açã o de rito personalíssimo, nã o se mostrando possível o exercício senã o pelo titular
do direito. Assevera o descabimento, inclusive, de formaçã o de litisconsó rcio ativo na
espécie. Sob o â ngulo da repercussã o geral, anota a relevâ ncia jurídica da matéria, cabendo
ao Supremo decidir se o habeas data é, ou nã o, açã o de cunho personalíssimo. A recorrida,
nas contrarrazõ es, afirmou haver repercussã o geral na questã o suscitada pela recorrente e
o acerto do ato formalizado pelo Tribunal de origem. Em 24 de novembro de 2008, Vossa
Excelência deferiu pedido de preferência, ante o disposto na Lei nº 10.741/2003 (folha
123). Informo ser o extraordiná rio posterior à entrada em vigor do sistema da repercussã o
geral, caso Vossa Excelência entenda pela inclusã o do tema no Plená rio Virtual. 2. Na
interposiçã o deste recurso, atendeu-se aos pressupostos de recorribilidade. O
extraordiná rio está subscrito por Advogado da Uniã o. A publicaçã o do acó rdã o recorrido
deu-se no Diá rio de 28 de fevereiro de 2008 (quinta-feira), tendo ocorrido a intimaçã o da
recorrente em 29 de fevereiro. Consoante certidã o à folha 85, houve a manifestaçã o do
inconformismo da Uniã o em 31 de março seguinte, segunda-feira (folha 89), no prazo
assinado em lei, haja vista o disposto no artigo 188 do Có digo de Processo Civil. Observem
o alcance da alínea ?a? do inciso LXXII do artigo 5º da Constituiçã o Federal, que assegura o
conhecimento de informaçõ es relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou
bancos de dados de entidades governamentais ou de cará ter pú blico. Encerra o acesso
presente o interesse de agir. Sendo o servidor militar falecido, a viú va pode atuar visando
obter as informaçõ es armazenadas no assentamento funcional dele. 3. Ante o quadro, nego
seguimento a este recurso extraordiná rio. 4. Publiquem.Brasília ? residência ?, 28 de
dezembro de 2012, à s 18h.Ministro MARCO AURÉ LIORelator (STF - RE: 589257 DF,
Relator: Min. MARCO AURÉ LIO, Data de Julgamento: 28/12/2012, Data de Publicaçã o: DJe-
024 DIVULG 04/02/2013 PUBLIC 05/02/2013)

A jurisprudência posta aqui, mostra claramente que é pacificado o entendimento de que a


impetrante tem direito a informaçõ es de seu ex-cô njuge falecido.
DOS PEDIDOS
Ante o exposto requer:
a) Que notifique a parte coatora, neste ato o Ministro da Defesa, para querendo prestar
informaçõ es no prazo de 10 (dez) dias, conforme Artigo 9º da Lei 9.505/97;
b) Findo prazo de dez dias para manifestaçã o da parte coatora, que se proceda a remessa
para o representante do Ministério Pú blico se manifestar no prazo de 05 (cinco) dias, como
prescreve o Artigo 12 da Lei 9.507/1997;
c) Que seja feita realizada a juntada de documento para a devida instruçã o da açã o;
d) Que ao final, seja julgado procedente o pedido, marcando-se a hora e data para
apresentaçã o ads informaçõ es pela autoridade coatora.
DO VALOR DA CAUSA
Dar-se-á a causa o valor de R$ 880,000 (oitocentos e oitenta reais) para efeitos fiscais.
[Local], [dia] de [mês] de [ano].
[Assinatura do Advogado]
[Nú mero de Inscriçã o na OAB]
ROL DE DOCUMENTOS:
1. Procuraçã o;
2. Petiçã o de prestaçã o de informaçã o indeferida.

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