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Faculdade São José

Curso de Direito
Trabalho de Direito Constitucional I
Professor Doutor: Solano Antonius de Sousa Santos

Trabalho comparativo entre a legislação em vigor sobre a


perda da nacionalidade e a proposta de emenda à constituição
com a nova redação sobre a perda da nacionalidade

Aluna: Amanda Emanuelle Rodrigues Schayder Curso: Direito Matricula: 20201252

Aluno: Carlos Eduardo Guedes da Silva Curso: Direito Matricula: 20212663

Rio de Janeiro, 28 de novembro de 2022


O trabalho aqui proposto visa uma análise comparativa entre a atual redação do artigo
12, parágrafo 4º da Constituição Federal de 1988 que versa sobre a perda da nacionalidade por
brasileiro e a proposta de emenda à constituição nº 6/2018 1 que visa ampliar as possibilidades
de perda da nacionalidade. Sua finalidade será a de apresentar a forma como se dará a perda
da nacionalidade a partir do momento em que a referida PEC for incorporada ao nosso
ordenamento jurídico.

É importante contextualizar que toda essa discussão ganhou força no Brasil em virtude
do caso recente da perda da nacionalidade brasileira de Cláudia Cristina Sobral Alves Barbosa
ou Cláudia Cristina Hoerig e a sua deportação para os EUA. O governo estadunidense
solicitou a extradição de Cláudia devido a ser ela a principal suspeita pelo crime de
assassinato – em solo americano – contra seu próprio marido cidadão americano Karl Hoerig
e ter fugido para o Brasil. O Supremo Tribunal Federal no acórdão sobre a extradição1462 do
Distrito Federal, decidiu pela entrega de Cristina Hoerig ao governo requerente. 2 A entrega de
Cristina Hoerig às autoridades americanas foi possível graças ao tratado de extradição
celebrado entre Brasil e Estados Unidos. Vejamos o que diz o artigo IX do referido Tratado de
Extradição:

O pedido de extradição será feito por via diplomática ou, excepcionalmente, na ausência
de agentes diplomáticos, por agente consular, e será instruído com os seguintes
documentos: 1. No caso de indivíduo que tenha sido condenado pelo crime ou delito em
que se baseia o pedido de extradição: uma cópia, devidamente certificada ou autenticada,
da sentença final do juízo competente; 2. No caso de indivíduo que é meramente acusado
do crime ou delito em que se baseia o pedido de extradição: uma cópia, devidamente
certificada ou autenticada, do mandado de prisão ou outra ordem de detenção expedida
pelas autoridades competentes do Estado requerente, juntamente com os depoimentos que
servirem de base à expedição de tal mandado ou ordem e qualquer outra prova julgada
hábil para o caso. Os documentos relacionados neste Artigo devem conter indicação
precisa do ato criminoso do qual o indivíduo reclamado, acusado ou pelo qual foi
condenado e do lugar e data em que o mesmo foi cometido, e devem ser acompanhados de
cópia autenticada dos textos das leis aplicáveis do Estado requerente, inclusive as leis
relativas à prescrição da ação ou da pena, e dados ou documentos que provem a
identidade do indivíduo reclamado. Os documentos que instruem o pedido de extradição
serão acompanhados de uma tradução, devidamente certificada, na língua do Estado
requerido.3

1
PEC nº 6/2018. A referida PEC seguiu o rito definido pelo art. 60 § 3º da Constituição Federal.
2
Ver: https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13108452
3
Ver Tratado de Extradição celebrado entre Brasil e Estados Unidos:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1950-1969/D55750.htm#:~:text=DECRETO%20No

1
No Brasil, a perda da nacionalidade se dá por processo administrativo no âmbito do
Ministério da Justiça e serão garantidos aos brasileiros – no caso da perda involuntária – nesta
situação os princípios do contraditório e da ampla defesa. 4 A perda de nacionalidade a pedido
do interessado também é feita no domínio do Ministério da Justiça por meio de solicitação 5. O
requerimento da perda da nacionalidade só será permitido se for comprovada a outra
nacionalidade em caráter definitivo6. No caso específico do menor, este não poderá solicitar a
perda da nacionalidade, mesmo com a aquiescência dos pais; para isso terá que aguardar
completar a maior idade7.

Segundo a juíza Federal Adriana Rizzoto em artigo para o site Consultor Jurídico, o
Mandado de Segurança 33.864/DF poderá abrir precedentes para que o Ministério da Justiça,
de ofício, declare a perda de nacionalidade. Vejamos o que juíza diz:

Se prevalecer a tese chancelada pelo ministro Barroso no julgamento do


MS 33.864/DF, o Ministério da Justiça terá competência para instaurar, de
ofício e a qualquer tempo, procedimento administrativo com a finalidade de
declarar a perda de nacionalidade de dezenas de milhares de brasileiros
naturalizados americanos. A destituição forçada de seu direito fundamental
à nacionalidade acarretará o cancelamento de passaporte brasileiro, título
eleitoral e obrigações fiscais com o Brasil, bem como a necessidade de
visto para entrar e permanecer legalmente em nosso país.8

%2055.750%2C%20DE,Am%C3%A9rica%20e%20respectivo%20Protocolo%20Adicional.
4
Ver: https://www.gov.br/mre/pt-br/assuntos/portal-consular/nacionalidade-brasileira/perda-da-nacionalidade
5
Idem.
6
Idem.
7
Idem.
8
Ver site: https://www.conjur.com.br/2017-fev-28/quem-adquire-nacionalidade-norte-americana-renuncia-
brasileira

2
Vejamos agora o que a constituição de 1988 diz sobre as regras a respeito da perda da
nacionalidade:

§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:

I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade


nociva ao interesse nacional;

II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos

a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;

b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em


estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício
de direitos civis;9

A atual regra em funcionamento no inciso I vai nos dizer que o brasileiro naturalizado
pode ter cancelada sua naturalização como resultado de uma sentença judicial. A sentença
judicial deve ser proferida por um juiz imparcial e competente 10 obviamente. Na sequência o
inciso fala sobre atividade nociva ao interesse nacional. O que seria isso? Ilmar Penna
Marinho irá nos fornecer um direcionamento sobre o que são atividades nocivas ao interesse
nacional. Vejamos:

“[...]crimes contra a ordem política: a) tentar, diretamente e por fato, mudar


violentamente, a Constituição da República, ou a forma de Governo por ela estabelecida;
b) opor-se à reunião ou funcionamento dos poderes políticos; c) incitar os funcionários à
greve; d) instigar a desobediência coletiva ao cumprimento de qualquer lei de ordem
pública; e) divulgar por escrito, ou em público, notícias falsas, sabendo ou devendo saber
que o são, e que possam gerar desassossego ou temor na população;[...] [...]crimes contra
a ordem social e econômica: a) incitar o ódio entre as classes sociais; b) induzir os
empregadores ou empregados à suspensão do trabalho, por motivos estranhos às
condições do mesmo; c) tentar, por meios criminosos, promover a alta ou baixa dos preços
de gêneros de primeira necessidade, com o fito de lucro ou proveito.”11

9
Cf. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
10
Aqui deve prevalecer o princípio do Juiz Natural; cf. https://www.cnj.jus.br/cnj-servico-principio-do-juiz-
natural/
11
Cf; MARINHO, Ilmar Penna. Tratado sobre a nacionalidade. 3º vol. Rio de Janeiro: Departamento de
Imprensa Nacional, 1957, págs 838 e 839.

3
O inciso II fala em adquirir outra nacionalidade. Alguns estados estrangeiros exigem
em seu processo de naturalização que o ádvena que pretende adquirir a nova nacionalidade
abra mão, abdique da nacionalidade originária. A exceção é aquele estado que permite a
manutenção da nacionalidade originária gerando assim um polipátrida.

Vejamos outros dispositivos legais que versam sobre a perda da nacionalidade:

Lei nº 13.445/2017, artigo 75:

Art. 75. O naturalizado perderá a nacionalidade em razão de condenação transitada


em julgado por atividade nociva ao interesse nacional, nos termos do inciso I do § 4º do art.
12 da Constituição Federal.

Parágrafo único. O risco de geração de situação de apatridia será levado em


consideração antes da efetivação da perda da nacionalidade.12

Decreto Nº 9.199, de 20 de novembro DE 2017:

Seção VIII
Da perda da nacionalidade
Art. 248. O naturalizado perderá a nacionalidade em razão de sentença transitada em
julgado por atividade nociva ao interesse nacional, nos termos estabelecidos no art. 12, § 4º,
inciso I, da Constituição.

Parágrafo único. A sentença judicial que cancelar a naturalização por atividade nociva ao
interesse nacional produzirá efeitos após o trânsito em julgado.

Art. 249. A perda da nacionalidade será declarada ao brasileiro que adquirir outra
nacionalidade, exceto nas seguintes hipóteses:

I - de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; e

II - de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado


estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de
direitos civis.

Art. 250. A declaração da perda de nacionalidade brasileira se efetivará por ato do Ministro
de Estado da Justiça e Segurança Pública, após procedimento administrativo, no qual serão
garantidos os princípios do contraditório e da ampla defesa.

12
Cf: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13445.htm

4
Art. 251. Na hipótese de procedimento de perda de nacionalidade instaurado a pedido do
interessado, a solicitação deverá conter, no mínimo:

I - a identificação do interessado, com a devida documentação;

II - o relato do fato motivador e a sua fundamentação legal;

III - a documentação que comprove a incidência de hipótese de perda de nacionalidade,


devidamente traduzida, se for o caso;

IV - endereço de correio eletrônico do interessado, se o possuir.

§ 1º O Ministério da Justiça e Segurança Pública dará publicidade da decisão quanto à


perda de nacionalidade em seu sítio eletrônico, inclusive quando houver interposição de
recurso.

§ 2º Caberá recurso da decisão a que se refere o § 1º à instância imediatamente superior, no


prazo de dez dias, contado da data da publicação no sítio eletrônico do Ministério da Justiça
e Segurança Pública.

Art. 252. O Ministério da Justiça e Segurança Pública dará ciência da perda da


nacionalidade:

I - ao Ministério das Relações Exteriores;

II - ao Conselho Nacional de Justiça; e

III - à Polícia Federal.

Art. 253. O risco de geração de situação de apatridia será considerado previamente à


declaração da perda da nacionalidade.13

13
Cf: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2017/decreto-9199-20-novembro-2017-785772-
publicacaooriginal-154263-pe.html#:~:text=Regulamenta%20a%20Lei%20n%C2%BA%2013.445,institui%20a
%20Lei%20de%20Migra%C3%A7%C3%A3o.&text=DISPOSI%C3%87%C3%95ES
%20PRELIMINARES-,Art.,24%20de%20maio%20de%202017.

5
Portaria Interministerial nº 11, de 03/05/2018, dos Ministérios da Justiça e da Segurança
Pública;
CAPÍTULO IV DO PROCEDIMENTO DE PERDA DA NACIONALIDADE BRASILEIRA
Seção I Do cancelamento da naturalização
Art. 25. O naturalizado perderá a nacionalidade em razão de sentença transitada em julgado
por atividade nociva ao interesse nacional, nos termos estabelecidos no art. 12, § 4º, inciso I,
da Constituição. Parágrafo único. O Departamento de Migrações, ao ser provocado
formalmente a cumprir sentença judicial transitada em julgado, procederá a publicação de
portaria de cancelamento da naturalização. Seção II Da perda da nacionalidade de ofício

Art. 26. O procedimento de perda da nacionalidade brasileira de ofício será instaurado por
meio de ato do Secretário Nacional de Justiça, em caso de recebimento de comunicação
oficial na qual seja informada ocorrência de hipótese prevista no inciso II do § 4º do art. 12
da Constituição Federal. Parágrafo único. Serão garantidos o contraditório e a ampla defesa
no procedimento previsto no caput, devendo-se apurar: I - a eventual incidência das
exceções dispostas nas alíneas "a" e "b" do inciso II do § 4º do art. 12 da Constituição; e II -
cessação da causa que poderia ensejar a perda da nacionalidade.

Art. 27. Da decisão que decretar a perda da nacionalidade caberá o recurso, no prazo de dez
dias, contado da data do recebimento da notificação. Parágrafo único. A notificação se dará
preferencialmente por meio eletrônico. Seção III Da perda da nacionalidade por solicitação
do interessado.

Art. 28. O requerimento de perda de nacionalidade brasileira será endereçado ao Ministério


da Justiça, podendo ser apresentado: 6 I - por meio do protocolo físico ou eletrônico,
diretamente no Ministério da Justiça; ou II - nas repartições consulares brasileiras no
exterior.

Art. 29. Os documentos necessários à instrução dos processos de perda da nacionalidade


brasileira por solicitação do interessado estão previstos no Anexo IX desta Portaria.

Art. 30. O Departamento de Migrações, caso julgue necessário, poderá notificar o


requerente para complementar a documentação apresentada, no prazo de trinta dias,
prorrogáveis mediante pedido justificado.

6
Art. 31. Instruído o processo de perda de nacionalidade brasileira, o Departamento de
Migrações o encaminhará para decisão do Secretário Nacional de Justiça, acompanhado de
parecer fundamentado sobre o mérito do pedido.

Art. 32. A decisão será publicada no Diário Oficial da União e no sítio eletrônico do
Ministério da Justiça.

Art. 33. Da decisão que julgar improcedente o pedido de perda da nacionalidade caberá
recurso no prazo de dez dias, contados da data da publicação no sítio eletrônico do
Ministério da Justiça na internet.14

Nosso ordenamento jurídico também previu a possibilidade de reaquisição da


nacionalidade em alguns casos específicos com o objetivo de evitar a apatridia15. Vejamos:

Lei nº 13.445/2017, artigo 76:

Seção V
Da Reaquisição da Nacionalidade

Art. 76. O brasileiro que, em razão do previsto no inciso II do § 4º do art. 12 da Constituição


Federal, houver perdido a nacionalidade, uma vez cessada a causa, poderá readquiri-la ou
ter o ato que declarou a perda revogado, na forma definida pelo órgão competente do Poder
Executivo.16

Decreto Nº 9.199, de 20 de novembro DE 2017:

Seção IX
Da reaquisição da nacionalidade
Art. 254. O brasileiro que houver perdido a nacionalidade, em razão do disposto no inciso II
do § 4º do art. 12 da Constituição, poderá, se cessada a causa, readquiri-la ou ter revogado
o ato que declarou a sua perda.

§ 1º Cessada a causa da perda de nacionalidade, o interessado, por meio de requerimento


endereçado ao Ministro da Justiça e Segurança Pública, poderá pleitear a sua reaquisição.

§ 2º A reaquisição da nacionalidade brasileira ficará condicionada à:

I - comprovação de que possuía a nacionalidade brasileira; e

II - comprovação de que a causa que deu razão à perda da nacionalidade brasileira cessou.
14
Cf: https://portaldeimigracao.mj.gov.br/images/portarias/PORTARIA%20INTERMINISTERIAL%20N
%C2%BA%2011,%20DE%203%20DE%20MAIO%20DE%202018.pdf
15
Cf: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/decreto/d8501.htm
16
Cf: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13445.htm

7
§ 3º A cessação da causa da perda da nacionalidade brasileira poderá ser demonstrada por
meio de ato do interessado que represente pedido de renúncia da nacionalidade então
adquirida.

§ 4º O ato que declarou a perda da nacionalidade poderá ser revogado por decisão do
Ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública caso seja constatado que estava presente
uma das exceções previstas nas alíneas "a" e "b" do inciso II do § 4º do art. 12 da
Constituição.

§ 5º A decisão de revogação será fundamentada por meio da comprovação de


reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira ou de imposição de
naturalização, o que poderá ser realizado por qualquer meio permitido na legislação
brasileira.

§ 6º Os efeitos decorrentes da perda da nacionalidade constarão da decisão de revogação.

§ 7º O deferimento do requerimento de reaquisição ou a revogação da perda importará no


restabelecimento da nacionalidade originária brasileira.17

Portaria Interministerial nº 11, de 03/05/2018, dos Ministérios da Justiça e da Segurança


Pública;
CAPÍTULO V
DA REAQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE BRASILEIRA E DA REVOGAÇÃO DA
DECISÃO DE PERDA DA NACIONALIDADE BRASILEIRA
Seção I
Da reaquisição da nacionalidade brasileira
Art. 35. O requerimento de reaquisição da nacionalidade brasileira previsto no inciso VII do
art. 1º será endereçado ao Ministério da Justiça, podendo ser apresentado: I - por meio do
protocolo físico ou eletrônico, diretamente no Ministério da Justiça; ou II - nas repartições
consulares brasileiras no exterior.

Art. 36. Os documentos necessários à instrução do processo administrativo de reaquisição da


nacionalidade brasileira estão previstos no Anexo X desta Portaria.

Art. 37. O Departamento de Migrações, caso julgue necessário, poderá notificar o


requerente para complementar a documentação apresentada, no prazo de trinta dias,
prorrogáveis mediante pedido justificado.

17
Cf: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2017/decreto-9199-20-novembro-2017-785772-
publicacaooriginal-154263-pe.html#:~:text=Regulamenta%20a%20Lei%20n%C2%BA%2013.445,institui%20a
%20Lei%20de%20Migra%C3%A7%C3%A3o.&text=DISPOSI%C3%87%C3%95ES
%20PRELIMINARES-,Art.,24%20de%20maio%20de%202017.

8
Art. 38. Instruído o processo de reaquisição da nacionalidade brasileira, o Departamento de
Migrações o encaminhará para decisão do Secretário Nacional de Justiça, acompanhado de
parecer fundamentado sobre o mérito do pedido.

Art. 39. A fim de evitar a apatridia, a reaquisição será deferida em caráter precário,
concedendo-se prazo de dezoito meses para que o interessado comprove a efetiva perda da
nacionalidade derivada, nos termos do art. 254, §3º, do Decreto nº 9.199, de 2017.

Parágrafo único. Transcorrido o prazo previsto no caput sem a comprovação da perda da


nacionalidade derivada, cessam-se os efeitos da decisão que deferiu a reaquisição.

Art. 40. A decisão será publicada no Diário Oficial da União.

Art. 41. Da decisão que julgar improcedente o pedido de reaquisição da nacionalidade


caberá recurso no prazo de dez dias, contados da data da publicação.18

Tanto a perda quanto a reaquisição da nacionalidade brasileira serão proferidas por


meio de processo administrativo no âmbito do Ministério da Justiça como vimos nos
dispositivos legais apresentados anteriormente.

A Proposta de Emenda à Constituição que versa sobre a nacionalidade “altera o artigo


12 da Constituição Federal, para suprimir a perda de nacionalidade brasileira em razão da
mera naturalização, incluir a exceção para situações de apatridia, e acrescentar a possibilidade
de a pessoa requerer a perda da própria nacionalidade”19

Art. 1º O § 4º do art. 12 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte redação:

Art. 12 – (...)

§4º A perda da nacionalidade brasileira será declarada:

I – quando cancelada a naturalização, por sentença judicial, em razão de fraude ou atentado


contra a ordem constitucional e o Estado Democrático, ressalvadas situações que acarretem
apatridia;

II - a pedido expresso do interessado perante autoridade administrativa brasileira


competente, ressalvadas situações que acarretem a apatridia.

Art. 2º O art. 12 da Constituição Federal passa a vigorar acrescido do seguinte §5º:

18
Cf: https://portaldeimigracao.mj.gov.br/images/portarias/PORTARIA%20INTERMINISTERIAL%20N
%C2%BA%2011,%20DE%203%20DE%20MAIO%20DE%202018.pdf
19
Cf: https://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?dm=7732609&ts=1651009497043&disposition=inline

9
§5º A renúncia da nacionalidade, nos termos do inciso II do §4º deste artigo, não impede ao
interessado de se naturalizar brasileiro posteriormente.20

Por fim, pode-se observar que a nova redação que está sendo proposta é mais
expansiva, abarcando questões como suprimir a perda da nacionalidade originária por
naturalização em estados estrangeiros, por exemplo. A PEC se preocupou também em
restringir a possibilidade da apatridia e, por fim, a possibilidade de o indivíduo requerer a sua
própria perda de nacionalidade. A PEC procura sanar alguns vácuos da legislação em vigor
promovendo ampliações importantes no tema da nacionalidade. Portanto, se faz necessário
para o conhecimento de todos, principalmente para os operadores do Direito e a entrada em
vigor desta lei produzindo todos os seus efeitos.

Referências e Bibliografia:

1. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/decreto/d8501.htm
20
Cf: https://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?dm=7732609&ts=1651009497043&disposition=inline

10
2. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1950-1969/

D55750.htm#:~:text=DECRETO%20No%2055.750%2C%20DE,Am%C3%A9rica

%20e%20respectivo%20Protocolo%20Adicional.

3. https://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?

dm=7732609&ts=1651009497043&disposition=inline

4. https://portaldeimigracao.mj.gov.br/images/portarias/PORTARIA

%20INTERMINISTERIAL%20N%C2%BA%2011,%20DE%203%20DE%20MAIO

%20DE%202018.pdf

5. https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13108452

6. https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=11685796

7. https://www.cnj.jus.br/cnj-servico-principio-do-juiz-natural/

8. https://www.conjur.com.br/2017-fev-28/quem-adquire-nacionalidade-norte-

americana-renuncia-brasileira

9. https://www.gov.br/mre/pt-br/assuntos/portal-consular/nacionalidade-brasileira/perda-

da-nacionalidade

10. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13445.htm

11. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

12. https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2017/decreto-9199-20-novembro-2017-

785772-publicacaooriginal-154263-pe.html#:~:text=Regulamenta%20a%20Lei%20n

%C2%BA%2013.445,institui%20a%20Lei%20de%20Migra

%C3%A7%C3%A3o.&text=DISPOSI%C3%87%C3%95ES

%20PRELIMINARES-,Art.,24%20de%20maio%20de%202017.

13. https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/133306

14. LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. São Paulo: Saraiva.

11
15. MARINHO, Ilmar Penna. Tratado sobre a nacionalidade. 3º vol. Rio de Janeiro:

Departamento de Imprensa Nacional, 1957.

16. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado.

Rio de Janeiro: Forense.

17. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo:

Malheiros

12

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