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Medidas de Cooperação

Extradição e Entrega
EXTRADIÇÃO

▪ Trata-se de medida de cooperação entre o Estado brasileiro e o Estado para


o qual se concede ou solicita a entrega de pessoa sobre quem recaia uma
condenação criminal definitiva ou para fins de instrução de processo penal
em curso. (arts. 81 a 105 da lei 13.445/2017)
▪ Na extradição passiva, o Ministério da Justiça recebe, em regra, por via
diplomática - Ministério das Relações Exteriores (MRE) - o pedido de
extradição formulado pelo país requerente.
▪ Recebido o pedido, este Ministério realiza o juízo de admissibilidade do
mesmo e, após isso, ele é encaminhado ao Supremo Tribunal Federal - STF,
a quem compete a análise legal e aprovação do pedido, conforme previsto
no artigo 102, inciso I, alínea “g” da Constituição Federal.
DAS CONDIÇÕES PARA A EXTRADIÇÃO arts. 82
e 83 da Lei de Migração.

▪ Fundamenta-se na existência de crime. Visa evitar a impunidade retirando o estrangeiro do território nacional para que o mesmo possa se submeter à
jurisdição estrangeira (local do crime).

▪ Contravenção penal não se confunde com crime. Logo, contravenção penal não gera extradição.

▪ Nos crimes de menor potencial ofensivo não há extradição, pois não são punidos com prisão.

▪ O Brasil não irá extraditar se o indivíduo estiver sujeito a pena de morte. Só irá ser extraditado se o país requerente assumir compromisso de
transformar a pena de morte em pena privativa de liberdade não superior a 30 anos.

▪ P: Aplica-se a comutação máxima de 40 anos (LEI Nº 13.964, DE 24 DE DEZEMBRO DE 2019 – Altera art. 75 do CP?

▪ R: Não. Regra do art. 96, III da Lei de Migração.

▪ Crime político ou de opinião veda a extradição. Vide: art. 5º, inciso LII da C.R/88.

▪ O crime deve ser comum, ou seja, a conduta deve ser considerada criminosa no Brasil e no país que requer. É o princípio da identidade. Portanto, se a
conduta for crime no exterior, mas não for tipificada como crime no Brasil, não será concedida a extradição.

▪ A condenação à prisão perpétua não é óbice à extradição segundo o Estatuto do Estrangeiro, mas os países podem, mediante tratado internacional,
vedar a extradição quando o sujeito tiver sido condenado por pena de prisão perpétua.

▪ Necessária existência de tratado de extradição assinado entre os países solicitante e solicitado.

▪ Na ausência do tratado, basta a assinatura de uma “declaração de reciprocidade”.


Exceções à extradição – art. 82

▪ O indivíduo é brasileiro nato - Art.5º LI da CF (salvo o naturalizado)


▪ O fato que motivou não for considerado crime no Brasil ou no Estado requerente
▪ O Brasil for competente para julgar o crime
▪ A lei brasileira impuser pena de prisão inferior a 2 (dois) anos
▪ O extraditando estiver respondendo a processo ou já houver sido condenado
ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que se fundar o pedido.
▪ A punibilidade estiver extinta pela prescrição, segundo a lei brasileira ou a do
Estado requerente
▪ O fato constituir crime político ou de opinião
▪ O extraditando for beneficiário de refúgio ou asilo político.
Curiosidades da Extradição

▪ 1 - Caso o pedido de extradição passiva seja julgado improcedente


pelo STF, cabe a renovação do pedido antes da prescrição da
pretensão punitiva?
▪ Não! Art. 94. Negada a extradição em fase judicial, não se admitirá
novo pedido baseado no mesmo fato.
Do processo de extradição _ Portaria nº
212/18 - MJ

Presentes os pressupostos formais de Se o Estado requerente não retirar o extraditando


II - solicitará ao Estado requerente, caso necessário,
admissibilidade previstos no art. 88, § 3º, da Lei nº do território nacional no prazo previsto em tratado,
a assunção formal dos compromissos
13.445, de 2017, ou em tratado, o Departamento de ou na falta deste, nos termos da Lei nº 13.445, de
complementares exigidos pelo Supremo Tribunal
Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica 2017, o Departamento de Recuperação de Ativos e
Federal ou outros ainda não prestados, no caso do §
Internacional encaminhará o pedido de extradição Cooperação Jurídica Internacional informará o fato
2º do art. 7º.
passiva ao Supremo Tribunal Federal. ao Supremo Tribunal Federal.

I - informará ao Estado requerente, por via


Os compromissos dispostos no art. 96 da Lei nº
diplomática ou por via de autoridades centrais, que
13.445, de 2017, deverão ser apresentados no ato de
o extraditando se encontra apto para ser
formalização do pedido pelo Estado requerente,
extraditado, devendo o prazo para sua retirada ser
salvo em casos excepcionais devidamente
contado da data em que o Estado requerente seja
fundamentados.
cientificado do fato; e

Julgada procedente a extradição passiva pelo


Supremo Tribunal Federal e após o recebimento da
comunicação do trânsito em julgado da decisão, o
Departamento de Recuperação de Ativos e Reunidas as condições para efetivação da
Cooperação Jurídica Internacional verificará junto às extradição, o Departamento de Recuperação de
autoridades competentes se o extraditando Ativos e Cooperação Jurídica Internacional adotará
responde a processo ou foi condenado no Brasil por os seguintes procedimentos:
crime punível com pena privativa de liberdade, em
observância ao disposto nos arts. 95 da Lei nº
13.445, de 2017
Da Entrega

▪ Conforme previsão no Tratado Penal Internacional (Estatuto de


Roma, 1998), ratificado pelo Brasil, ou seja, do qual o Brasil é
signatário, o Brasil pode promover a entrega de brasileiro nato e
naturalizado. O TPI foi criado em 2001 e não retroage para atingir
fatos anteriores. Assim, o art. 5º, §4º foi inserido apenas em 2004,
com a EC. n. 45.
Da Competência transnacional do TPI

▪ Art, 5º, § 4º - O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação
tenha manifestado adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
▪ São crimes de jurisdição do TPI: (i) Crimes de guerra; (ii) Genocídio; (iii) Crimes contra a
humanidade; (iv) Agressão.
▪ O TPI é uma jurisdição complementar, ou seja, somente será acionada se a jurisdição nacional
não processar e julgar o indivíduo. Lado outro, se o julgamento feito pelo país for considerado um
simulacro pelo TPI, ele desconsidera a coisa julgada e irá julgar novamente no indivíduo.
▪ O Brasil podia ter ratificado o Estatuto de Roma, tendo em vista que a Constituição veda a
extradição? Sim, pois extradição é uma relação entre dois países (país solicitante e país
solicitado), sendo uma relação de igualdade, coordenação. Já o instituto da “entrega de
nacional para o TPI” é diferente, pois é uma relação vertical, ou seja, de submissão do Brasil à
jurisdição do TPI (relação entre país membro e TPI).
▪ A pena imposta pelo TPI será executada em Haia, na Holanda, ou em outro país que se voluntariar
para tal, cabendo ainda o pedido de transferência ou inversão da sua execução.
Da Jurisdição e punição no âmbito do TPI

▪ “Artigo 29
▪ Os crimes da competência do Tribunal não prescrevem.
▪ (...)
▪ Art. 77
▪ 1. Sem prejuízo do disposto no artigo 110, o Tribunal pode impor à pessoa
condenada por um dos crimes previstos no artigo 5º do presente Estatuto
uma das seguintes penas:
▪ a) Pena de prisão por um número determinado de anos, até ao limite
máximo de 30 anos; ou
▪ b) Pena de prisão perpétua, se o elevado grau de ilicitude do fato e as
condições pessoais do condenado o justificarem;
Continuação da Carta de Roma.

▪ Artigo 91
▪ 2. O pedido de detenção e entrega de uma pessoa relativamente à qual o Juízo de
Instrução tiver emitido um mandado de detenção ao abrigo do artigo 58, deverá conter
ou ser acompanhado dos seguintes documentos:
▪ (...)
▪ c) Os documentos, declarações e informações necessários para satisfazer os requisitos
do processo de entrega pelo Estado requerido; contudo, tais requisitos não deverão ser
mais rigorosos dos que os que devem ser observados em caso de um pedido de
extradição em conformidade com tratados ou convênios celebrados entre o Estado
requerido e outros Estados, devendo, se possível, ser menos rigorosos face à natureza
específica de que se reveste o Tribunal.
▪ 4. Mediante requerimento do Tribunal, um Estado Parte manterá, no que respeite a
questões genéricas ou a uma questão específica, consultas com o Tribunal sobre
quaisquer requisitos previstos no seu direito interno que possam ser aplicados nos
termos da alínea c) do parágrafo 2º. No decurso de tais consultas, o Estado Parte
informará o Tribunal dos requisitos específicos constantes do seu direito interno.

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