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DIREITO INTERNACIONAL

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Sumário
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO: COMPETÊNCIA JURISDICIONAL (CPC) ................................................................3
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO: SENTENÇA ESTRANGEIRA E SENTENÇA INTERNACIONAL ..................................4
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO: ELEMENTOS DE CONEXÃO LINDB ......................................................................5
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO: MEIOS DE EXCLUSÃO DO INDIVÍDUO DO TERRITÓRIO NACIONAL ....................6
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO: SUJEITOS DO DIREITO INTERNACIONAL .............................................................8
NACIONALIDADE ...........................................................................................................................................................9
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO: TRATADOS INTERNACIONAIS E CORTES INTERNACIONAIS ..............................12
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO: RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS E CONSULARES ......................................................15
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO: IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO E IMUNIDADE DE EXECUÇÃO DOS ESTADOS
ESTRANGEIROS NO BRASIL .........................................................................................................................................18
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO: ASILO E REFÚGIO ..............................................................................................20
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO: DIREITO DE INTEGRAÇÃO REGIONAL SISTEMA DE SOLUÇÃO DE
CONTROVÉRSIAS DO MERCOSUL ...............................................................................................................................22

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DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO: COMPETÊNCIA JURISDICIONAL (CPC)

Direito Internacional Privado: é caracterizado pela soma de 3 fatores.

3 fatores em comum:

• Envolve particulares, pessoas naturais e jurídicas de direito privado;

• Direito privado (direito civil, contratos, sucessões etc.); e

• Fato jurídico Multiconectados, caso concreto que permite aplicar a lei brasileira ou estrangeira,
ou seja, que se conecta à lei brasileira ou à lei estrangeira.

Fixação da Competência do Juiz Brasileiro no Direito Internacional Privado (Art. 21, 22 e 23 CPC)

Regra geral: Competência concorrente ou relativa – Arts. 21 e 22 CPC, permite que as partes do caso concreto
multiconectado, decidam se a ação será ajuizada no Brasil ou no Exterior, e permite que as partes realizem eleição
de Foro.

Exceção: é a competência absoluta ou exclusiva – Art. 23 CPC, prevê 3 situações em que a competência do juiz
brasileiro, é absoluta ou exclusiva, isto é, as partes obrigatoriamente terão que ajuizar a ação no Brasil.

Trata-se de uma das seguintes hipóteses:

a) Ação judicial sobre bem imóvel situado no Brasil;

b) Ação de inventário, partilha ou confirmação de testamento se os bens (móvel e imóvel) estiverem


no Brasil; e

c) Ação de divórcio, separação ou dissolução de união estável, se o casal possuir bens situados no
Brasil.

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DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO: SENTENÇA ESTRANGEIRA E SENTENÇA INTERNACIONAL

O Direito Internacional Privado, pode ser resumido, por meio de 2 raciocínios jurídicos. São eles:

i. Possibilidade de o juiz brasileiro, aplicar a Lei estrangeira: esta hipótese ocorre quando as partes
ajuízam uma ação no Brasil, junto ao Poder judiciário brasileiro, uma vez que o juiz que atua é brasileiro. Art. 14
LINDB – prevê caso o juiz brasileiro não conheça a lei estrangeira, à parte, que a invocar terá que provar seu texto
e da vigência.

ii. Homologação de sentença estrangeira pelo STJ: esta hipótese ocorre quando as partes ajuízam a
ação no exterior, ou seja, junto ao juiz estrangeiro, autoridade competente de outro país.

Importante! Ao atuar na homologação de sentença estrangeira, o STJ verifica apenas se a sentença estrangeira
atende aos requisitos formais previstos no Art. 963, I ao IV do CPC. Caso atenda aos requisitos, o STJ autoriza
(Homologa) sua execução no Brasil.

Atenção! Pegadinhas sobre Homologação de sentença estrangeira:

i. O art. 965 caput CPC, prevê que a sentença estrangeira será cumprida ou executada, perante o juízo
federal de 1º grau. O STJ somente homologa a sentença estrangeira, porém a execução da sentença estrangeira já
homologada, é de competência do juízo federal de 1º grau.

ii. A sentença estrangeira não precisa estar transitada em julgado, para que o STJ realize sua
homologação. Isso porque, nos termos do Art. 963, III CPC, basta que a sentença seja eficaz no país que a proferiu
para que haja a homologação no Brasil. Logo, a sentença estrangeira que apresenta a possibilidade provisória será
homologada pelo STJ.

iii. O Art.961, §5º CPC, prevê que para a sentença estrangeira de divórcio consensual, não há exigência
de homologação junto ao STJ no Brasil.

Sentença Internacional: não se pode confundir a sentença estrangeira com a sentença internacional.

i. Sentença estrangeira: é expedida por outro Estado, pelo juiz estrangeiro. Em regra, a sentença
estrangeira exige a homologação pelo STJ, com exceção é o divórcio consensual.

ii. Sentença Internacional: é expedida por uma corte internacional, com tratado, cuja jurisdição
reconhece, exemplo Corte Interamericana de Direitos Humanos. A sentença internacional tem execução imediata
(direta) no Poder Judiciário Brasileiro, dispensa homologação.

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DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO: ELEMENTOS DE CONEXÃO LINDB

Arts.7º, 8º, 9º, 10º e 11º LINDB.

Os elementos de conexão são temas de Direito Civil, que, quando estão presentes no caso concreto,
indicam se o caso está conectado ao direito brasileiro ou ao direito estrangeiro. Em outras palavras, os elementos
de conexão, indicam se haverá aplicação da lei brasileira ou a aplicação da lei estrangeira.

Os elementos de conexão são:

a) Direito de família, personalidade e capacidade civil – Art.7º LINDB, Lei do domicílio da pessoa.

b) Contratos, obrigações e negócios jurídicos – Art.9º LINDB, Lei do Local de celebração, local de
assinatura.

c) Sucessão – Art.10 LINDB, Lei do domicílio do De cujus.

d) Classificações de Bens – Art.8º LINDB, Lei do Local de Situação do Bem, onde o bem se encontra
situado.

e) Funcionamento de Pessoas jurídicas – Art.11 LINDB, Lei do Local da Constituição da pessoa


jurídica, onde foi criada a empresa do registro constitutivo da empresa.

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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO: MEIOS DE EXCLUSÃO DO INDIVÍDUO DO TERRITÓRIO NACIONAL

Atualmente, existem cinco formas de retirada do estrangeiro do território nacional, São elas:

1) Repatriação
2) Deportação
3) Expulsão
4) Extradição
5) Entrega (TPI)

1) REPATRIAÇÃO: A repatriação tem previsão legal na Lei 13.445/2017, e consiste em uma medida
administrativa de devolução de pessoas em situação de impedimento ao país de procedência ou de nacionalidade.
Não se aplica a repatriação às pessoas em situação de refúgio ou apátrida, ao menor de 18 anos desacompanhado
de sua família, exceto nos casos em que se demonstrar mais favorável para a garantia de seus direitos ou para a
reintegração a sua família de origem, ou a quem necessite de acolhimento humanitário, nem pode acontecer para
país ou região que possa apresentar risco à vida, à integridade pessoal ou à liberdade da pessoa (art. 49 da Lei).

2) DEPORTAÇÃO: A deportação é uma medida aplicada ao estrangeiro que entra irregularmente no


território nacional, ou permanece irregularmente. Trata-se de um procedimento administrativo, devendo ser
precedida de notificação pessoal ao deportando, da qual constem as irregularidades verificadas e prazo de 60 dias,
podendo ser prorrogado, por igual período, por despacho fundamentado e mediante compromisso de a pessoa
manter atualizadas suas informações domiciliares. Não existe impedimento para que o estrangeiro retorne ao país,
após legalização da sua condição. (art. 50 e 51 da lei 13.445).

3) EXPULSÃO: A expulsão é igualmente uma medida administrativa, que ocorre quando o estrangeiro
pratica crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime de guerra ou crime de agressão; bem como crime
comum doloso passível de pena privativa de liberdade, consideradas a gravidade e as possibilidades de
ressocialização em território nacional (art. 54 a 60 da lei 13.445/2017). O prazo de vigência da medida de
impedimento vinculada aos efeitos da expulsão será proporcional ao prazo total da pena aplicada e nunca será
superior ao dobro do seu tempo.

ATENÇÃO! Não se procederá à expulsão quando:

• Tiver filho brasileiro que esteja sob sua guarda ou dependência econômica ou socioafetiva ou tiver pessoa
brasileira sob sua tutela;
• Tiver cônjuge ou companheiro residente no Brasil, sem discriminação alguma, reconhecido judicial ou
legalmente;
• Tiver ingressado no Brasil até os 12 anos de idade, residindo desde então no país;
• For pessoa com mais de 70 anos que resida no país há mais de 10 anos, considerados a gravidade e o
fundamento da expulsão.

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4) EXTRADIÇÃO: A extradição é uma medida de cooperação entre o Estado brasileiro e o Estado para o qual
se concede ou solicita a entrega de pessoa sobre quem recaia uma condenação criminal definitiva ou para fins de
instrução de processo penal em curso (arts. 81 a 105 da lei 13.445/2017).

A extradição, pode ser requerida por via diplomática ou pelas autoridades centrais designadas para esse
fim, realizada pelo órgão competente do Poder Executivo com as autoridades judiciárias e policiais competentes.

ATENÇÃO! Não se concederá quando:

• O indivíduo é brasileiro nato


• O fato que motivou não for considerado crime no Brasil ou no Estado requerente
• O Brasil for competente para julgar
• A lei brasileira impuser pena de prisão inferior a 2 anos
• O extraditando estiver respondendo a processo ou já houver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo
mesmo fato em que se fundar o pedido.
• A punibilidade estiver extinta pela prescrição, segundo a lei brasileira ou a do Estado requerente
• O fato constituir crime político ou de opinião
• O extraditando for beneficiário de refúgio

As condições para concessão da extradição estão previstas no art. 83 da Lei 13.445/17.

Crimes diversos e mais de um Estado requerer (art. 85 da lei 13.445/17): ocorre quando a pessoa pratica
um delito em outro país e como forma de se esquivar da responsabilidade penal sai do território do país. Quem
solicita a extradição deve ter o interesse em punir, ou seja, deve ser o país em que se praticou o crime ou que possui
competência para o processo e julgamento.

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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO: SUJEITOS DO DIREITO INTERNACIONAL

Entende-se por sujeitos do direito internacional, aqueles que têm aptidão para adquirir direitos e
obrigações previstos em normas internacionais. Em outras palavras os sujeitos do direito internacional são aqueles
em relação aos quais o direito internacional se aplica.

A doutrina do direito internacional identificou dois tipos de sujeitos internacionais, são eles:

i. Sujeitos primários ou originários: são apenas os Estados soberanos. Os Estados soberanos são
considerados sujeitos internacionais originários ou primários, em razão de duas características:
a) A criação de um novo estado soberano não exige reconhecimento por parte dos estados soberanos
já existentes. Basta que o novo país prove que tem os 4 elementos constitutivos exigidos para o surgimento de um
estado soberano, são eles:
i. População;
ii. Território;
iii. Governo; e
iv. Capacidade para manter relações internacionais.

b) Os Estados soberanos gozam de capacidade internacional plena, ou seja, podem praticar todos os
atos reconhecidos pelo direito internacional.

Exemplo: Podem celebrar tratados; podem participar de organizações internacionais; entre outras.

ii. Sujeitos secundários ou derivados: são os demais sujeitos do direito internacional. Os demais
sujeitos do direito internacional são denominados de sujeitos derivados ou secundários em virtude de dois motivos,
são eles:
a) Exigem o reconhecimento dos Estados soberanos para que possam adquirir personalidade
internacional.
b) Os sujeitos derivados ou secundários do direito internacional não gozam de capacidades
internacionais plenas, haja vista que apenas poderão praticar os atos internacionais que forem autorizados pelos
estados soberanos.

São considerados sujeitos secundários ou derivados do direito internacional:

I. Organizações internacionais (exemplo: ONU);


II. Santa Sé (autoridade político religioso da igreja católica);
III. Comitê internacional da cruz vermelha (atua prestando ajuda humanitária);
IV. Soberana ordem malta;
V. Movimento de libertação nacional;
VI. Beligerantes ou insurgentes (grupos internos que querem trocar o governo e tem o apoio internacional);
VII. Indivíduos.

ATENÇÃO: Não são sujeitos do direito internacional, portanto não se submetem às normas internacionais, os
seguintes atores:

• Empresas multinacionais;
• ONGs internacionais (exemplo: Greenpeace);
• COI (comitê das olimpíadas internacionais);
• FIFA.

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NACIONALIDADE

Art. 12 da CF/88.

A nacionalidade representa o vínculo jurídico, político, que liga o indivíduo a determinado Estado.

Definições Correlatas:

i. Povo: é o conjunto de nacionais, natos e naturalizados.

ii. População: são todos brasileiros + estrangeiros.

iii. Nação: são pessoas ligadas a questões culturais, étnicas, línguas etc.

iv. Cidadania: tem por pressuposto a nacionalidade, caracterizando-se como titularidade de direitos
políticos de votar e ser votados.

Espécies de Nacionalidade:

a) Originária ou Primária- Art.12, I, a, b, c da CF

Alínea “a”: brasileiros natos nascidos no Brasil, são brasileiros natos, salvo filhos de pais e mães estrangeiros a
serviço do seu país. Critério Ius Solu.

OBS.: Qualquer um deles à serviço do país.

Alínea “b”: os brasileiros nascidos no estrangeiro, filho de pai ou mãe Brasileiros, nato ou naturalizado, qualquer
um, a serviço do Brasil.

OBS.: o critério adotado é o ius sanguini.

Alínea “c”: os nascidos no estrangeiro, filhos de pai ou mãe brasileiros, desde que registrados em repartição
competente (consulado ou embaixada). Opção pela nacionalidade brasileira, quando vier residir no Brasil; e após a
maioridade podendo solicitar a qualquer tempo.

b) Secundária ou Adquirida- Art. 12, II, a, b da CF/88

Brasileiros Naturalizados

Alínea “a”: oriundos de Países de língua Portuguesa, após 1 ano residindo no Brasil, poderão requerer a
nacionalidade, comprovar idoneidade moral;

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Alínea “b”: os outros estrangeiros que desejam se naturalizar brasileiro, têm que:

• Residir no Brasil por mais de 15 anos ininterruptos;

• Não ter condenação penal transitada em julgado.

OBS.: A Constituição Federal impõe tratamento diferenciado entre os brasileiros Natos e os brasileiros
Naturalizados, nos termos do Art. 5º, LI, Art. 12, § 3º e Art. 222, CF.

Perda da Nacionalidade – Art. 12, §4º CF:

Nos termos do artigo 12, § 4º, da Constituição Federal, será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:

“I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude


de atividade nociva ao interesse nacional;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo no casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro
residente em estado estrangeiro, como condição para permanência
em seu território ou para o exercício de direitos civis.”

Assim, nos termos do referido artigo, combinado com os artigos 249 e 250 do Decreto nº 9.199/2017, o
brasileiro que voluntariamente adotar outra nacionalidade, ou seja, em desacordo com as exceções previstas na
CF, poderá ser objeto de procedimento administrativo de perda da nacionalidade brasileira.

“Art. 249. A perda da nacionalidade será declarada ao brasileiro que


adquirir outra nacionalidade, exceto nas seguintes hipóteses:

I - de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;


e

II - de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao


brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.”

“Art. 250. A declaração da perda de nacionalidade brasileira se


efetivará por ato do Ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública,
após procedimento administrativo, no qual serão garantidos os
princípios do contraditório e da ampla defesa.”

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No curso do processo, instaurado no âmbito do Ministério da Justiça, são garantidos aos brasileiros nesta
situação os princípios do contraditório e da ampla defesa. Caso haja a comprovação de ter ocorrido umas das
hipóteses de exceção permitidas pela Constituição Federal, a perda da nacionalidade brasileira poderá ser
decretada. Não se trata de processo automático, mas que pode vir a ser instaurado pelas autoridades do Ministério
da Justiça.

Hipótese de perda da nacionalidade a pedido do interessado

Neste caso, o brasileiro que possuir outra nacionalidade em caráter definitivo, e desejar renunciar à
nacionalidade brasileira, deverá enviar a solicitação ao Ministério da Justiça, através de um requerimento
eletrônico no site do Ministério da Justiça.

Obs.: A nacionalidade, por ser um direito personalíssimo, não é possível que um menor de idade solicite a sua
perda, ainda que por intermédio de seus pais ou representantes legais. Dessa forma, somente o próprio
interessado, depois de atingida a maioridade, poderá solicitar a perda de sua nacionalidade brasileira.

Efeitos da perda da nacionalidade brasileira

A perda da nacionalidade brasileira surtirá efeitos a partir da publicação da portaria declaratória do


Ministro da Justiça e Segurança Pública no Diário Oficial da União. Após a publicação do ato, o interessado será
considerado, para todos os efeitos, estrangeiro perante o Estado brasileiro.

Atenção: Não é possível solicitar a perda da nacionalidade brasileira sem a comprovação de que o interessado
possui outra nacionalidade, em caráter definitivo. Tal restrição tem como objetivo evitar a situação de apatridia
(ausência de nacionalidade), conforme determina a Convenção das Nações Unidas, de 1961, para a Redução dos
Casos de Apatridia, em vigor no Brasil. A Convenção estabelece que "se a legislação de um Estado Contratante
permitir a renúncia à nacionalidade, tal renúncia só será válida se o interessado tiver ou adquirir outra
nacionalidade" (artigo 7.1.a), bem como que "os Estados Contratantes não privarão uma pessoa de sua
nacionalidade se essa privação vier a convertê-la em apátrida" (artigo 8.1).

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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO: TRATADOS INTERNACIONAIS E CORTES INTERNACIONAIS

O Direito Internacional Público é o ramo que cuida dos interesses jurídicos dos Estados Soberanos.

Tratados Internacionais

Os Tratados Internacionais, são fonte do Direito, normas, forma escrita, direito internacional, instrumentos
que permitem a criação de normas internacionais.

O conceito de Tratado foi definido no art. 2º da Convenção de Viena, sobre o direito dos tratados de 1969.
VDT/69, e prevê que tratados são acordos celebrados por escrito, entre Estados soberanos cuja denominação é
irrelevante.

Com base na intepretação do art. 2º VDT/69, pode-se extrair as seguintes conclusões: não existem tratados
orais ou tratados não escritos imprescindível. Tendo em vista que a denominação do tratado é irrelevante, não há
diferença, entre: pactos, acordo, tratado, convenção ou protocolo.

Exceção: Existe um tratado específico cuja denominação é importante, trata-se da CONCORDATA que é o nome
atribuído para os tratados celebrados pela Santa Sé (autoridade político religiosa da igreja católica).

Existem 4 etapas de incorporação dos tratados internacionais no ordenamento jurídico brasileiro.

O STF por meio de sua jurisprudência entende que os tratados internacionais exigem 4 etapas de incorporação, que
possam fazer parte do ordenamento jurídico brasileiro. São elas:

• Etapa 1 - Negociação e assinatura

O art. 84, VIII prevê que é competência privativa do presidente da república atuar na celebração de tratados
internacionais, negociar e assinar os tratados.

Entende-se por negociação a etapa por meio da qual os Estados soberanos discutem os termos do tratado
e elaboram sua redação, não há prazo.

Após o encerramento das negociações ocorre as assinaturas, os estados signatários não poderão mais
serem alterados a redação do tratado.

• Etapa2 - Referendo/Aprovação/Decisão Definitiva do Congresso nacional

Nessa etapa, o Congresso Nacional irá apreciar o tratado assinado pelo Presidente da República e caso
concorde com o seu teor, expedirá após a aprovação do tratado em votação um decreto legislativo.

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A finalidade do Decreto Legislativo, é de autorizar o Presidente a proceder a etapa 3 de processo da
incorporação do tratado que é a ratificação do tratado.

• Etapa 3 - Ratificação do Tratado pelo Presidente da República

A ratificação é um ato internacional de competência do Presidente da República, por meio da ratificação o


Estado signatário é transformado em Estado parte do tratado internacional. O Estado parte é aquele que deve
cumprir os termos do tratado, o Estado em relação ao qual o tratado adquiriu vigência internacional.

A forma por meio da qual ocorrerá a ratificação do tratado é prevista no texto do próprio tratado a ser
ratificado.

• Etapa 4 - Promulgação Interna do Tratado

O tratado internacional é promulgado internamente por um Decreto Presidencial, após a ratificação do


tratado o presidente expedi um decreto que inclui o tratado no ordenamento brasileiro.

Cortes Internacionais:

A criação de Cortes Internacionais é um processo verificado de modo acentuado após o fim da segunda
guerra mundial, existem várias cortes, todas elas criadas por meio de tratados internacionais.

Para efeito de prova interessa estudar as competências de 2 Cortes sediadas em Haia na Holanda.

Corte Internacional de Justiça (CIJ) e Tribunal Penal internacional (TPI)

Corte Internacional de Justiça (CIJ):

Foi criada em 1945, juntamente com a criação da ONU. É um órgão da ONU e tem jurisdição Civil, ou seja,
julga ilícitos civis.

Em termos de competência, são 2 da CIJ:

i. Competência litigiosa - art. 93 Carta da ONU. A competência litigiosa da CIJ permite apenas aos
Estados soberanos que levem seus litígios para serem julgados pelo CIJ, ao final será expedida uma sentença
obrigatória e vinculante para os Estados litigantes.

Importante! A CIJ, poderá julgar litígios de Estados membros e os não membros da ONU.

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“ARTIGO 93, Carta da ONU - 1. Todos os Membros das Nações Unidas
são ipso facto partes do Estatuto da Corte Internacional de Justiça.2.
Um Estado que não for Membro das Nações Unidas poderá tornar-se
parte no Estatuto da Corte Internacional de Justiça, em condições que
serão determinadas, em cada caso, pela Assembléia Geral, mediante
recomendação do Conselho de Segurança.”

ii. Competência consultiva - art. 96 da Carta da ONU. Por meio da competência consultiva a CIJ poderá
atender pedidos formulados pelos órgãos da ONU, (assembleia geral, órgãos de segurança) pareceres consultivos.
O teor dos pareceres não é obrigatório.

“ARTIGO 96, Carta da ONU - 1. A Assembléia Geral ou o Conselho de


Segurança poderá solicitar parecer consultivo da Corte Internacional
de Justiça, sobre qualquer questão de ordem jurídica. 2. Outros órgãos
das Nações Unidas e entidades especializadas, que forem em qualquer
época devidamente autorizados pela Assembléia Geral, poderão
também solicitar pareceres consultivos da Corte sobre questões
jurídicas surgidas dentro da esfera de suas atividades.”

Tribunal Penal Internacional (TPI):

Foi criado pelo estatuto de Roma de 1998, e trata-se de uma Corte Internacional de jurisdição penal, que
julga indivíduos que tenham cometidos um dos 4 crimes de sua competência, os seguintes crimes:

• Contra a Humanidade;
• Crime de genocídio;
• Crimes de guerra;
• Crimes de agressão.

OBS.: Esses crimes também podem ser julgados pelo poder judiciário nacional que fazem parte o estatuto de Roma,
que inclui o Brasil, pois a jurisdição do TPI, é complementar.

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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO: RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS E CONSULARES

Os Estados, tanto em âmbito interno, quanto em âmbito externo, necessitam de pessoas para representá-lo. Duas
importantes Convenções Internacionais tratam do tema:

I. Convenção de Viena sobre relações diplomáticas;

II. Convenção de Viena sobre relações consulares.

São pessoas importantes nessas relações:

1. Chefe de Estado: no Brasil, o artigo 84, VIII, da Constituição Federal, dispõe que compete privativamente ao
Presidente da República manter relações diplomáticas com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes
diplomáticos. Trata-se de competência privativa, podendo ser delegada a outros agentes, como ao Ministro das
Relações Exteriores ou chefe de missão diplomáticas.

OBSERVAÇÃO: É importante definir Estado Acreditante e Estado Acreditado. Estado Acreditante é aquele que envia
a missão diplomática e Estado Acreditado é aquele que recebe a missão diplomática, artigo 2º da Convenção de
Viena sobre relações diplomáticas.

São privilégios dos chefes de Estado:

a) Privilégios pessoais: isenção de medidas coercitivas, extensiva à sua família e aos seus bens.

b) Imunidade em matéria penal: não podem ser demandados criminalmente em território


estrangeiro, salvo em relação à jurisdição do Tribunal Penal Internacional quanto à sua competência no julgamento
dos crimes previstos em seu Estatuto (guerra, agressão, genocídio e crimes contra humanidade).

c) Imunidade em matéria civil: é preciso distinguir de água na condição de pessoa privada ou pessoa
pública, cabendo imunidade, apenas neste último.

d) Imunidade de polícia e tributos: impedimento em cobrar multas administrativas ou tributos


pessoais.

2. Ministro das relações exteriores: é um auxiliar do chefe de Estado e sua função é dirigir os negócios do seu
Estado nas relações internacionais, principalmente, participar nos atos relativos à elaboração de tratados
internacionais, os quais estão dispensados de apresentar qualquer carta de plenos poderes para assinar acordos
internacionais, conforme artigo 7º, parágrafo segundo a da Convenção de Viena sobre Tratados internacionais.

3. Agentes diplomáticos: são representantes do Estado que agem e negociam em nome deste.

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Missão diplomática: é o conjunto de pessoas oficiais e não oficiais.

Pessoa oficial: composto de funcionários designados para a missão.

Pessoa não oficial: pessoas sem função pública.

Exemplos: familiares.

Corpo diplomático: é o conjunto de representantes credenciados (embaixadores, ministros, núncios, pessoal


oficial).

OBS.: Núncio apostólico é representante da Santa Sé, correspondente à função de embaixador.

4. Cônsules e funcionários consulares:

Agentes diplomáticos: representam o Estado em outro país.

Cônsules: são funcionários administrativos ou agentes oficiais nomeados que trabalham em cidades de outros
países, com a função de proteger os interesses dos particulares e de seus nacionais (não representa o país, trata de
função administrativo).

Conforme acima apontado, a missão diplomática se estabelece pelo mútuo consentimento entre o Estado
Acreditante é o Estado Acreditado, que deverá aceitar indicação do chefe da missão diplomática (agrement) (artigo
2º da CVRD).

O Estado Acreditado não está obrigado a dar ao Estado Acreditante as razões da negação (artigo 4º, II da
CBRD).

Agrement: é a autorização para que o chefe da missão goze das imunidades e inviolabilidades próprias da função.

Persona non grata: o Estado Acreditado poderá a qualquer momento, e sem ser obrigado a justificar a sua decisão,
notificar ao Estado Acreditante que o chefe da missão ou qualquer outro membro do pessoal da missão não é
aceitável.

O Estado Acreditante, conforme o caso, retirará a pessoa em questão ou data por terminadas as suas
funções na missão. Uma pessoa poderá ser declarada non grata ou não aceitável mesmo antes de chegar ao
território do Estado Acreditado (artigo 9º da CVRD).

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“Artigo 9, Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas.

1. O Estado acreditado poderá a qualquer momento, e sem ser


obrigado a justificar a sua decisão, notificar ao Estado acreditante que
o Chefe da Missão ou qualquer membro do pessoal diplomático da
Missão é persona non grata ou que outro membro do pessoal da
Missão não é aceitável. O Estado acreditante, conforme o caso,
retirará a pessoa em questão ou dará por terminadas as suas funções
na Missão. Uma Pessoa poderá ser declarada non grata ou não
aceitável mesmo antes de chegar ao território do Estado acreditado.

2. Se o Estado acreditante se recusar a cumprir, ou não cumpre


dentro de um prazo razoável, as obrigações que lhe incumbem, nos
têrmos do parágrafo 1 dêste artigo, o Estado acreditado poderá
recusar-se a reconhecer tal pessoa como membro da Missão.”

IMPORTANTE: A residência particular do agente diplomático goza da mesma inviolabilidade e proteção que os
locais da missão (artigo 30 da CVRD).

“Artigo 30, Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas.

A residência particular do agente diplomático goza da mesma


inviolabilidade e proteção que os locais da missão.

2. Seus documentos, sua correspondência e, sob reserva do


disposto no parágrafo 3 do artigo 31, seus bens gozarão igualmente de
inviolabilidade.”

Imunidade funcional: o agente diplomático tem a imunidade na função é também na vida privada o cônsul apenas
possui imunidade na função.

Imunidade de jurisdição: o Estado Estrangeiro não pode figurar no polo passivo de ação no Brasil, essa imunidade
e relativa, visto que depende de atos de gestão e atos de império, sendo atos de império, soberania, o país
estrangeiro não poderá figurar no polo passivo de ação no Brasil (exemplo: negativa de vista), é possível que esse
consulado ou embaixada, esteja na função de particular de atos de gestão, momento em que poderá o Estado
Estrangeiro figurar no polo passivo de ação no Brasil.

Imunidade de execução: é uma imunidade absoluta, havendo o ingresso de ação com o Estado Estrangeiro
figurando no polo passivo de ação no Brasil, sendo a sentença procedente, ou seja, em desfavor do Estado
Estrangeiro, poderá, em caso de negativa do pagamento voluntário, em caso de existência de algum bem
desafetado desse consulado que não esteja relacionado com alguma função diplomática ou consular, poderá ser
executado.

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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO: IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO E IMUNIDADE DE EXECUÇÃO DOS ESTADOS
ESTRANGEIROS NO BRASIL

a) Imunidade de Jurisdição Soberana

b) Imunidade de Execução Soberana

Os Estados estrangeiros que atuam no Brasil, geralmente por meio de suas embaixadas e de seus
consulados gozam de dois tipos de direitos reconhecidos pelo direito internacional público.

1. Imunidade de jurisdição soberana: que impede que o Estado soberano estrangeiro (embaixada ou
consulado) seja réu em um processo de conhecimento proposto perante o poder judiciário brasileiro;

2. Imunidade de execução: impede que o Estado soberano estrangeiro (embaixada ou consulado)


figure na condição de executado em processo de execução, ajuizado perante o poder judiciário brasileiro.

a) Imunidade de Jurisdição Soberana

A imunidade de jurisdição soberana, protege os estados estrangeiros que atuam no território brasileiro,
por meio de embaixada e seus consulados, em relação a processos de conhecimento ajuizados no Brasil.

A fonte da imunidade de jurisdição soberana é consuetudinária, isto é, trata-se de uma norma internacional
que tem origem no costume internacional, não havendo tratados internacionais sobre o tema. Esse costume
internacional, é justificado no seguinte ditado em latim "in parem partes non habet judicium" que em português
significa, “entre partes paritárias não há juiz habilitado".

O costume internacional formado indica que a imunidade de jurisdição soberana é relativa, ou seja, existem
hipóteses em que o estado estrangeiro poderá figurar como réu em processo de conhecimento no Brasil e há
hipóteses em que o estado estrangeiro não poderá ser réu em processo de conhecimento ajuizado no poder
judiciário brasileiro. O que relativiza a imunidade de jurisdição soberana, é a famosa teoria dos atos de gestão e
dos atos de império, esta teoria é aplicada do seguinte modo:

• Atos de Império: ao praticar o Ato de Império o estado estrangeiro atua no Brasil, exercendo a sua
condição de soberano no território brasileiro.

Exemplo: negar visto; atos de guerra; atos de espionagem internacional, dentre outros.

Os Atos de Império praticados pelo estado estrangeiro no Brasil, gozam de imunidade de jurisdição, ou seja,
não podem ser objeto de processo de conhecimento ajuizado no poder judiciário brasileiro.

Exceções: em duas hipóteses excepcionais o estado soberano estrangeiro não terá imunidade de jurisdição para
atos de império:

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i. se houver renúncia expressa à imunidade de jurisdição por parte do estado soberano estrangeiro;

ii. O STF entende que os atos de império praticados por estados soberanos estrangeiros no Brasil, não
estão protegidos, se esses atos de império, implicar violação aos direitos humanos.

• Atos de Gestão: ao praticar Atos de Gestão no Brasil, o estado soberano estrangeiro não exerce sua
soberania. Em relação aos atos de gestão o estado soberano estrangeiro atua no Brasil de modo análogo aos
particulares, praticando atos relacionados à gestão de seu patrimônio.

Exemplo: contratação de empregados domésticos; contratação de serviços de segurança patrimonial; contratação


de serviços de consumo de energia elétrica, telefonia e saneamento básico, dentre outros.

No tocante aos Atos de Gestão, o estado soberano estrangeiro não goza de imunidade de jurisdição no
Brasil, ou seja, poderá sofrer processo de conhecimento, perante o poder judiciário brasileiro.

b) Imunidade de Execução Soberana

A imunidade de execução soberana impede que estados soberanos estrangeiros que atuam no Brasil por
meio de suas embaixadas e seus consulados, figurem na condição de executados em processos de execução
ajuizados no poder judiciário brasileiro.

A imunidade de execução dos estados soberanos estrangeiros que atuam no Brasil, é absoluta, haja vista
que os bens pertencentes às embaixadas e aos consulados são invioláveis, isto é, não podem ser penhorados.

Exceções: em duas situações excepcionais, o estado soberano estrangeiro que atua no Brasil, poderá sofrer
processo de execução:

i. Se o estado soberano estrangeiro renunciar expressamente à imunidade de execução que possui;

ii. Caso o estado soberano estrangeiro, tenha no Brasil, bens que não estejam afetados às embaixadas
e consulados.

Exemplos: imóveis desocupados; investimentos no mercado brasileiro.

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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO: ASILO E REFÚGIO

REFÚGIO:

Embora o refúgio guarde alguma semelhança com o asilo, o Direito Internacional tratou de diferenciá-los.
Sendo assim, o refúgio é o ato pelo qual o Estado concede proteção ao indivíduo que esteja correndo risco em
outro país por motivo de guerra ou perseguição racial, religiosa, por nacionalidade ou por participação em grupo
social.

No Direito Internacional, o refúgio é regulado pela Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1951
(Decreto nº 50.215 de 1961, atualizado pelo Decreto nº 99.757 de 1990), ainda temos disposição dos refugiados na
Lei de Migração nos seus artigos 2, 111, 121 e 122.

“Art. 2º, Lei de Migração. Esta Lei não prejudica a aplicação de normas
internas e internacionais específicas sobre refugiados, asilados,
agentes e pessoal diplomático ou consular, funcionários de
organização internacional e seus familiares.”

“Art. 111, Lei de Migração. Esta Lei não prejudica direitos e obrigações
estabelecidos por tratados vigentes no Brasil e que sejam mais
benéficos ao migrante e ao visitante, em particular os tratados
firmados no âmbito do Mercosul.”

“Art. 121, Lei de Migração. Na aplicação desta Lei, devem ser


observadas as disposições da Lei nº 9.474, de 22 de julho de 1997 , nas
situações que envolvam refugiados e solicitantes de refúgio.”

“Art. 122, Lei de Migração. A aplicação desta Lei não impede o


tratamento mais favorável assegurado por tratado em que a República
Federativa do Brasil seja parte.”

Buscando uma análise aprofundada, temos de mencionar também a Lei 9474/97 (Lei do Refúgio) que traz
os instrumentos para defesa dos refugiados, lei que cria o CONARE (Comitê Nacional dos Refugiados), que traz
garantias aos refugiados, como direitos civis e direito de proteção.

No refúgio, quando se atribui o status de refugiado, o Estado tem deveres a cumprir perante este refugiado,
como por exemplo, a extensão desse status aos seus familiares, diferentemente do que ocorre no asilo.

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ASILO:

O asilo tem fundamento legal no artigo 4º da Constituição Federal, e ocorre quando a garantia do direito à
vida e à integridade física e mental de uma pessoa pode ser ameaçada por problemas políticos, por perseguições
religiosas, ideológicas etc. Na busca de abrigo por outros países, o Direito Internacional passou a distinguir do
refúgio. O artigo XIV da Declaração Universal dos Direitos Humanos dispõe que:

• Toda pessoa sujeita à perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar-se de asilo em outros
países.

• Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente existente por crime de
direito comum ou por atividades contrárias aos fins e aos princípios das Nações Unidas.

Especificamente, o asilo consiste na proteção dada por um Estado a indivíduo que esteja sendo ameaçado,
normalmente por perseguição política. A Resolução n° 2.312, da Assembleia Geral da ONU, dispõe que o Estado
soberano tem o direito de conceder o asilo e não o dever, se tratando, portanto, de um ato discricionário do Estado.

ATENÇÃO: Tanto o asilo quanto o refúgio, apresentam proteção normativa internacional. Ambos os institutos
tratam de certa forma, de proteção à pessoa que por motivos diversos a sua vontade é obrigada a deixar sua
residência habitual para procurar auxílio em outro Estado, outro País. O instituto do asilo está regulamentado por
Convenções Internacionais específicas. O asilo de forma geral é o instituto pelo qual o Estado fornece imunidade
ao indivíduo em face de uma perseguição sofrida por este, em outro Estado. A doutrina hoje divide o asilo em
territorial e diplomático, designados pela expressão genérica de asilo político.

O territorial é aquele em que há o recebimento do estrangeiro em seu território nacional (outro território
do seu de origem) sem requisitos de ingresso, ou seja, para evitar a perseguição ou a punição baseada em crime de
natureza política ou ideológica, já o diplomático é concedido na extensão do território de origem, como por
exemplo nas embaixadas.

ATENÇÃO: Não é reconhecido o direito ao asilo diplomático em consulados, apenas em embaixadas.

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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO: DIREITO DE INTEGRAÇÃO REGIONAL SISTEMA DE SOLUÇÃO DE
CONTROVÉRSIAS DO MERCOSUL

O denominado Direito de Integração Regional refere-se ao ramo do Direito Internacional Público que
estuda a formação e o funcionamento dos blocos econômicos regionais, como é o caso do MERCOSUL e da UNIÃO
EUROPEIA.

OBS.: Embora os blocos econômicos regionais tenham sido criados para viabilizar a integração econômica entre os
Estados soberanos, o atual cenário indica que o direito de integração regional cuida de temas que extrapolam a
integração econômica. Como exemplo, pode-se citar, no âmbito do MERCOSUL, o protocolo de Ushuaia, de 1998,
que é um tratado internacional responsável por estabelecer a chamada cláusula democrática para os países do
MERCOSUL. Segundo esse tratado, apenas poderá ser parte do MERCOSUL os Estados soberanos que provarem o
respeito aos postulados da democracia.

ATENÇÃO: hoje o MERCOSUL conta com 5 Estados-Partes, sendo que, um destes Estados está suspenso, por força
de não observar o protocolo de Ushuaia de 1998. São partes do MERCOSUL: Brasil, Paraguai, Argentina, Uruguai e
Venezuela, porém a Venezuela, encontra-se suspensa.

Sistema de Solução de Controvérsias do Mercosul: Protocolo de Olivos De 2002

O Protocolo de Olivos de 2002, prevê o sistema que deve ser observado, caso ocorra a instauração de uma
controvérsia ou um litígio entre os Estados-Partes do MERCOSUL.

O protocolo de Olivos, estabelece quatro etapas para solucionar as controvérsias entre os países que formam o
MERCOSUL, são elas:

1. Negociação direta;

2. Parecer consultivo do grupo mercado comum, órgão do MERCOSUL que monitora o cumprimento das
normas internacionais pelos Estados-Partes do bloco econômico regional (não vincula);

3. Arbitragem "Ad Hoc", será criado um órgão temporário de arbitragem apenas para solucionar a
controvérsia instaurada (não estando satisfeitos com a decisão da arbitragem poderá haver a 4ª etapa);

4. Pedido de revisão endereçado ao Tribunal Permanente de Revisão (TPR) do MERCOSUL. O TPR é um


tribunal permanente do MERCOSUL, sediado em Assunção no Paraguai, e que tem competência para resolver, se
necessário, de modo definitivo, eventual litígio ou controvérsia entre os Estados-Partes do MERCOSUL.

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