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Questão 1 - Tema: Conflito de leis no espaço:

Em junho de 2009, uma construtora brasileira assina, na Cidade do Cabo, África do Sul,
contrato de empreitada com uma empresa local, tendo por objeto a duplicação de um
trecho da rodovia que liga a Cidade do Cabo à capital do país, Pretória. As contratantes
elegem o foro da comarca de São Paulo para dirimir eventuais dúvidas. Um ano depois, as
partes se desentendem quanto aos critérios técnicos de medição das obras e não
conseguem chegar a uma solução amigável. A construtora brasileira decide, então, ajuizar,
na justiça paulista, uma ação rescisória com o objetivo de colocar termo ao contrato. Com
relação ao caso acima diga como o juiz deverá proceder e qual será a lei aplicável.

R: o juiz brasileiro poderá conhecer e julgar a lide, mas deverá basear sua decisão na
legislação sul-africana, pois os contratos se regem pela lei do local de sua assinatura.

Questão 2: No âmbito do direito internacional, cada vez mais são debatidos temas ligados
ao domínio público internacional, conjunto de espaços cujo uso interessa a mais de um
Estado ou à sociedade internacional como um todo. Nesse sentido, não é tema de domínio
público internacional:

a) o espaço aéreo;
b) o espaço sideral;
c) o continente antártico;
d) a internet;
e) a Sibéria;

Domínio público, em Direito Internacional Público, costuma representar aquelas áreas


sobre as quais não se admite a anexação por um Estado específico, sendo exemplo disso a
Lua e demais corpos celestes, bem como o solo dos oceanos. A Sibéria, por sua vez, é parte
integrante da Rússia, não se admitindo intervenção da comunidade internacional.

Questão 3: Comparando-se as instituições do Direito Internacional Público com as típicas


do Direito Interno de determinado país, percebe-se que, no direito internacional:

a) Há uma norma suprema como no direito interno;


b) Há um órgão central legislativo para todo o planeta;
c) Há cortes judiciais com jurisdição transnacional;
d) Há um governo central, que possui soberania sobre todas as nações;

O Direito Internacional, como qualquer outro direito é enfeixado por princípios basilares.


Dentre tantos, podemos citar aqui o princípio da não-intervenção e o princípio
da autodeterminação dos povos. A essência desses princípios caminha na direção de que
nenhuma nação, rica ou pobre, tem o direito de intervir em outra nação. Logo idéias como
“governo central”, “norma suprema”, ou ainda “órgão legislativo para todo o planeta”, não
fazem o menor sentido.
Questão 4 - Tema: Tratados: O País Y celebra com os países X e Z tratado sobre pesquisa
genética em seres humanos, com o objetivo de desenvolver novos medicamentos contra a
AIDS. O tratado dispõe que as pesquisas serão realizadas na região da África subsaariana,
onde há grande incidência da doença. A comunidade internacional, condenando o tratado
celebrado, pugna por sua nulidade, exigindo sua revogação. Com base no conceito de
norma internacional e nas teorias que discutem seus fundamentos, explique o fundamento
para a nulidade da norma internacional em questão, discorrendo sobre suas características
e sua relevância para o Direito Internacional Contemporâneo. Responda fundamentando
na doutrina e na Convenção de Viena sobre Tratados.

R: Considerando que a promoção e proteção dos direitos humanos são questões prioritárias
para a comunidade internacional e que a Convenção de Viena oferece uma
oportunidade singular para uma análise abrangente do sistema internacional dos direitos
humanos, a Conferência Mundial sobre Direitos Humanos considera que a negação do
direito à autodeterminação constitui uma violação dos direitos humanos e enfatiza a
importância da efetiva realização desse direito. A comunidade internacional é
descentralizada, não existindo, desta forma, autoridade superior para declarar e tornar
efetivo o direito internacional e, apesar da comunidade internacional não possuir a
estrutura que os estados soberanos possuem (em seu ordenamento jurídico interno) para
aplicar sanções pelo descumprimento de suas normas, isso não significa dizer que não se
possa, com base no direito internacional, lançar mão de sanções. A Convenção de Viena
sobre o Direito dos Tratados de 1969 consigna expressamente, em seu artigo 63, a
impossibilidade da validade de tal Tratado, conforme segue: “Se sobreviver uma nova
norma imperativa de direito internacional geral, qualquer tratado existente em conflito com
essa norma torna-se nulo e extingue-se”.

Questão 5: O chefe de missão diplomática do país A no país B, por cerca de 2 anos,


negociou um tratado bilateral entre os 2 Estados. Pouco antes de um novo governo assumir
o poder no país B, o texto desse tratado foi adotado. Agora, o país B alega que o chefe da
missão diplomática de A não possuía competência para tal ato. Com relação a essa
situação hipotética, assinale a opção correta:

a) O argumento de B é correto, pois o chefe da missão diplomática de A necessitava de


plenos poderes;
b) O argumento de B é correto, pois a Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados
prescreve que qualquer novo governo pode contestar a competência para concluir tratados;
c) O argumento de B é incorreto, pois a competência para concluir tratados somente pode
ser contestada em tratados multilaterais;
d) O argumento de B é incorreto, pois chefes de missões diplomáticas podem adotar textos,
assinar e ratificar quaisquer tratados entre o Estado acreditante e o Estado acreditado sem
a necessidade de apresentação de plenos poderes;
e) O argumento de B é incorreto, pois chefes de missões diplomáticas podem adotar o texto
de um tratado entre o Estado acreditante e o Estado acreditado, sem a necessidade de
apresentação de plenos poderes.

Questão 6: Em relação a atos unilaterais, assinale a opção correta:


a) são aplicados pela CIJ como fontes do Direito Internacional, conforme disposto em seu
estatuto;
b) criam apenas obrigações morais para os Estados;
c) esses atos são conhecidos também como estoppel;
d) a Comissão de Direito Internacional da ONU se dedicou a estudar tais atos;
e) O Estado brasileiro mantém-se em oposição persistente ao costume que prescreve a
existência desses atos.
Questão 7: Tema: Conflito entre norma interna e internacional:
Mucio Andrade financiou a compra de um veículo junto ao Banco Só Lucro S/A. No
contrato de financiamento, o contratante oferece o próprio veículo à Instituição Financeira
como garantia alienação fiduciária, ao cumprimento da sua obrigação. Meses depois, Mucio
torna-se inadimplente. 

Após o vencimento da 3ª parcela, o Banco propõe ação de busca e apreensão do veículo, a


qual é distribuída perante a 6ª Vara Cível da Comarca da Capital. O juízo, com fundamento
no Decreto 911/69, determina a busca e apreensão liminar do veículo, medida não
efetivada pelo oficial de justiça, uma vez que o veículo encontra-se em poder de terceiro, do
qual não se sabe o paradeiro. Diante de tais fatos, o Banco Só Lucro requer ao Juízo a
conversão do feito em ação de depósito, com a expedição de mandado de entrega do bem.
Sem sucesso, requer o Banco a prisão civil de Mucio, com fundamento no parágrafo único
do art. 904 do CPC. Diante da ameaça à sua liberdade de locomoção, Mucio impetra
habeas corpus alegando que a prisão civil do depositário infiel constitui violação aos
direitos humanos, em especial à Convenção Americana de Direitos Humanos (art. 7º, 7) e
ao Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (art. 11). 

A ordem é denegada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Após os recursos cabíveis,
o remédio passa a apreciação do STF.
Com relação à questão dos tratados de Direitos Humanos e o direito interno, responda:

1) No Brasil, os tratados internacionais são auto-aplicáveis - têm aplicabilidade direta e


efeito imediato?

2) A legislação pátria dispensa procedimento legislativo diferenciado aos tratados sobre


direitos humanos, quando da sua incorporação ao sistema normativo interno? 

3) Como o STF vem entendendo a questão do conflito entre os tratados sobre direitos
humanos e a Constituição Brasileira? Aponte os precedentes.

4) Como deveria ser decidida a questão de Mucio pelo Egrégio STF?

1) Não. O Brasil é dualista e assim exige a incorporação dos tratados à ordem jurídica
interna. (art. 49, I e 84, VII e art. 5º, § 3º da CRFB).

2) Sim. Art. 5º, § 3º da CRFB.

3) O Supremo Tribunal Federal, vem entendendo, que os tratados internacionais de


direitos humanos tem caráter supralegal que lhe atribuíram caráter constitucional.

4) A prisão civil do depositário infiel pode ser citada como exemplo de conflito entre um
tratado de direitos humanos e a Constituição brasileira. O art. 7º, 7, da CADH (assim como
o art. 11 do PIDCP) só permite a prisão civil do alimentante. A CF, art. 5º, inc. LXVII, prevê
a prisão civil do alimentante e do depositário infiel. Como se vê, o conflito entre os tratados
internacionais e a CF é patente.

O Min. Gilmar Mendes (no RE 466.343-SP) firmou o entendimento de que tais tratados


internacionais possuem, em regra, valor (no Brasil) supralegal. Ou seja: valem mais do que
a lei ordinária e menos que a Constituição Federal. Essa hoje é a posição majoritária no
STF.
Quando os tratados ampliam o exercício de um direito ou garantia, são eles que terão
incidência (paralisando-se a eficácia normativa da regra interna em sentido contrário).
“Não se trata de revogação “, sim, de invalidade. Todas as regras no Brasil sobre prisão civil
do depositário infiel são inválidas, porque conflitantes com a CADH (art. 7º, 7) e o PIDCP
(art. 11). O Direito internacional dos direitos humanos, favorável ao ser humano, possui
eficácia paralisante (invalidante) das normas internas em sentido contrário. De outro lado,
quando o DIDH conflita com a CF brasileira, restringindo o alcance de algum direito ou
garantia, vale a CF.

Questão 8: Considerando a jurisprudência do STF, assinale a opção correta quanto à


relação entre tratado e norma de direito interno:

a) O STF apregoa o primado do direito internacional em face do ordenamento nacional


brasileiro;
b) Tratados e convenções guardam estrita relação de paridade normativa com as leis
delegadas editadas pelo Poder Executivo;
c) Há sempre a primazia dos tratados internacionais de comércio exterior sobre as normas
internas aduaneiras;
d) O Decreto-lei nº 911/69, que permite a prisão civil do devedor-fiduciante, foi revogado
pelo Pacto de San José da Costa Rica;
e) Para decidir conflito entre tratado e norma de direito interno, além do critério da lex
posterior derogat priori, o STF aplica, ainda, um outro, qual seja, o da lex posterior
generalis non derogat legi priori speciali.

Questão 9: Havendo um litígio judicial, levado ao STF, em que se discute o conflito entre o
direito interno (lei) e o direito internacional (tratado), qual deverá prevalecer?

a) O STF adotará a paridade entre a lei e o tratado, decidindo pela prevalência do posterior
sobre o anterior, do mais específico sobre o mais genérico.
b) O STF decidirá pela superioridade do tratado sobre a lei.
c) O STF decidirá pela superioridade da lei sobre o tratado.
d) O STF remeterá a decisão para o STJ, por não ser sua a referida competência.

Questão 10 – Tema: Nacionalidade: João da Silva Smith, filho de Ana Maria da Silva,
brasileira, natural dos Estados Unidos da América, cometeu um homicídio em Nova York
em 26 de janeiro de 2000. No dia 28 de janeiro de 2000 fugiu para o Brasil. Ao chegar aqui,
João da Silva Smith opta pela nacionalidade brasileira na Justiça Federal de acordo com os
artigos 12, I, c e 109, X da CRFB/88. No ano de 2001, antes de se concluir o processo de
opção de nacionalidade, o governo norte-americano pede a extradição de João da Silva
Smith ao Brasil pelo homicídio cometido em 2000. Pergunta-se: o Brasil vai extraditá-lo?
Por quê?

Sim, conforme tratado entre as duas nações e em conformidade com a posição do STF: “A
opção pela Nacionalidade (...) não se dá de forma livre: há de fazer-se em juízo, em processo
de jurisdição voluntária, que finda com a sentença que homologa a opção e lhe determina a
transcrição, uma vez acertados os requisitos objetivos e subjetivos dela. Antes que se
complete o processo de opção, não há, pois, como considerá-lo brasileiro nato”.

Questão 11: No que concerne à perda e à reaquisição da nacionalidade brasileira, assinale


a opção correta.

a) A Eventual pedido de reaquisição de nacionalidade feito por brasileiro naturalizado será


processado no Ministério das Relações Exteriores.
b) A reaquisição de nacionalidade brasileira é conferida por lei de iniciativa do presidente
da República.
c) Em nenhuma hipótese, brasileiro nato perde a nacionalidade brasileira.
d) Brasileiro naturalizado que, em virtude de atividade nociva ao Estado, tiver sua
naturalização cancelada por sentença judicial só poderá readquiri-la mediante ação
rescisória.

Questão 12: Com relação aos princípios gerais da nacionalidade do direito internacional,
assinale a opção correta:

a) é discricionário dos Estados privar alguém de sua nacionalidade;


b) a nacionalidade rege-se pelo princípio da efetividade;
c) a nacionalidade dá-se apenas pelo jus soli;
d) é permitido aplicar o banimento a indivíduo com comprovado envolvimento no tráfico de
drogas ilícitas;
e) nacionalidade originária é aquela que se adquire por naturalização;

Questão 13 – Tema: Naturalização – Perda da nacionalidade: Geor e Gia, naturais do


Brasil, formam uma dupla de vôlei de praia com destaque nas competições internacionais,
contudo, sem oportunidade de serem convocados para as Olimpíadas pela delegação
brasileira, já que outras duas duplas obtiveram melhores índices técnicos, resolvem
voluntariamente naturalizarem-se na Geórgia, país que passaram a representar na referida
competição. Os dois atletas mantêm a nacionalidade brasileira? Explique sua resposta.

Não continuam ostentando a nacionalidade brasileira, uma vez que se enquadram nos
casos de perda da nacionalidade brasileira, prevista no § 4º do art. 12 da CF, ao optarem
voluntariamente pela nacionalidade derivada estrangeira, sem que estivessem presentes os
requisitos previstos nas letras “a” e “b” do inciso II, do § 4º do art. 12 da CF.

Questão 14: Leia as afirmativas abaixo e marque a opção correta:


I. O processo de opção de nacionalidade é protocolado na polícia federal. (J.F.)
II. O processo de naturalização é protocolado na justiça federal. (Min. Da justiça)
III. O Brasil adota o critério do ius soli para conceder sua nacionalidade originária. (Misto –
art. 12 da CRFB)
IV. O inglês pode se naturalizar brasileiro após um ano de permanência em nosso
território.

a) I e II são verdadeiras e III e IV são falsas;


b) I e II são falsas e III e IV são verdadeiras; 
c) todas são falsas; 
d) todas são verdadeiras.

Questão 15: A naturalização no Brasil é de competência: 


a) Do Supremo Tribunal Federal.
b) Do Ministério da Justiça.
c) Da Polícia Federal.
d) Do Tribunal de Justiça de cada Estado.

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