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TÍTULO: DIREITO ESPACIAL - O SISTEMA JURÍDICO DO ESPAÇO CÓSMICO

CATEGORIA: CONCLUÍDO

ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

SUBÁREA: Direito

INSTITUIÇÃO: FACULDADE POLITÉCNICA DE CAMPINAS - POLICAMP

AUTOR(ES): FRANCISCA AUCIENE SILVA SANTOS

ORIENTADOR(ES): EDUARDO MEIRELLES GRECCO

Realização: IES parceiras:


Resumo
A presente pesquisa tem por objetivo analisar o sistema jurídico do
espaço cósmico, buscando o entendimento das normas existentes. Com foco
principal na normativa internacional, onde se pode encontrar a maior parte da
regulamentação do espaço exterior, será demonstrada a importância de um
sistema jurídico nessa seara, para o desenvolvimento de todos os Estado
soberanos e da humanidade, diante das garantias concedidas pelo Direito
Internacional na distribuição dos benefícios e usufrutos das atividades de
pesquisa científica e exploração do espaço sideral. Partindo de conceitos
esclarecedores da temática, baseados nos trabalhos dos especialistas na área
do direito do espaço exterior, será vista a existência de uma lacuna legislativa
em âmbito nacional, no que diz respeito às pesquisas científicas e
desenvolvimento das políticas nacionais, tanto no setor de desenvolvimento
tecnológico e a vertente, do não interesse por um modelo jurídico aplicável para
o Direito do espaço cósmico.

Introdução
Durante muitos séculos, a humanidade vem em busca da compreensão
do cosmo através de diversos meios, aventurando-se por nosso extenso espaço.
Estima-se que os estudos sobre o Universo existam desde os tempos pré-
históricos. Os registros astronômicos mais antigos datam de aproximadamente
3000 a.C. e se devem aos chineses, babilônios, assírios e egípcios, assim como
em outras culturas espalhadas por toda parte do mundo, que deixaram muitas
evidências e entendimentos em relação ao universo, sendo considerado um dos
estudos mais antigos da história das civilizações. (COLIN, A Ronam ,1991.).
A origem das coisas sempre foi a preocupação central da humanidade,
mas a dúvida fundamental de todos sempre foi a origem do universo como um
todo (STEINER, 2006). Dessa forma, com o decorrer do tempo, evolução e
sofisticação das relações humanas, surgiu o Direito para regulamentar a
interação entre os povos, e consequentemente, com a chegada da humanidade
ao espaço sideral, inciou-se questionamentos acerca de um novo Direito, que
pudesse balizar novas questões antes não imaginadas pelo homem.
O desenvolvimento das sociedades, a era das grandes tecnologias, a
busca por conhecimentos do universo, tornou-se algo mais competitivo e
desafiador desde da década de 60 (quando o primeiro país atingiu o espaço
ultraterrestre). A fim de atender a diversos projetos existentes de pesquisas e de
explorações, para preservação do nosso planeta, e quem sabe até a expansão
da vida humana em outros mundos, o Direito Espacial vem para permitir que haja
justiça nessa nova empreitada humana.
O Brasil, como exemplo de nação que tem interesse na investigação do
espaço extraterrestre, ratificou quatro dos cinco tratados celebrados sob os
auspícios das Nações Unidas sobre espaço exterior: Tratado do Espaço Exterior
(Lei maior das atividades espaciais); Acordo sobre o Salvamento de Astronautas
e Restituição de Astronautas e de Objetos Lançados ao Espaço Cósmico;
Convenção Relativa ao Registro de Objetos Lançados no Espaço Cósmico.
Em a novos tratados, de modo geral, o Direito Espacial está avançado
lentamente, no entanto, temas emergentes desta nova norma borbulham na
doutrina, exigindo muito atenção, tal como: a utilização de armas no espaço e os
possíveis conflitos neste meio, a delimitação do espaço exterior (em relação a
nossa atmosfera), ainda se definir onde se inicia, o aumento do lixo espacial e
o já existente em órbita; o sensoriamento remoto da terra e por fim o meio
ambiente extraterreste que precisa se resguardado.
Já a ciência e a tecnologia espacial avançam rapidamente, a criação e o
desenvolvimento de novas tecnologias emergem muito rápido, e podem ser um
vetor crucial para o desenvolvimento jurídico nacional em tema de Direito
Espacial.
De modo geral a era espacial, oferece muitos riscos à Humanidade, é
inegável que os interesses comerciais podem-se vir sobrepor às questões de
segurança do nosso Planeta Terra, demostrando cada vez mais a importância
de uma norma jurídica espacial mais consolidada.

Objetivos
Objetivo é demostrar, o quão se faz necessário e importante para nosso
Estado, possuir um sistema jurídico aplicável e voltado para o Direito do
Espacial, em âmbito nacional.
Metodologia
Todos os pontos apresentados, foram explanados através de pesquisas
bibliográficas, de especialistas da área, com enfoque na análise das normas
jurídicas existentes do espaço e que regulamentam este ‘espaço’ do domínio
público internacional.

Desenvolvimento
A presente pesquisa foi iniciada em setembro de 2018, com enfoque
principal as questões jurídicas, existentes em outros Estados, principalmente
aqueles classificados como Estados Lançador, observando seu atual sistema
jurídico em relação ao Direito Espacial sob o espaço cósmico, com
embasamento jurídico e principal, na “Lei Mãe do Espaço”, o Tratado do Espaço
Sideral assinado em 27 de janeiro de 1967 , criado pela ONU, onde atualmente
possui 98 países signatários e 27 países já ratificaram, entre eles o Brasil.
A Era Espacial se iniciou podemos assim dizer em 1957, quando o satélite
Sputnik1 1 deixou a base soviética e atingiu seu objetivo de chegar ao espaço, o
jurista Diedericks – Verschoor já havia previsto a necessidade de criação de um
novo direito para reger a exploração e uso do espaço (VERSCHOOR, Diedericks
1993).
Assim, a comunidade internacional, vislumbrando o perigo tão iminente,
reconheceu a necessidade de criação de regras jurídicas relativas à exploração
do espaço sideral, a fim de impedir um conflito armando nuclear futuro, visando
que as atividades espaciais, precisavam ser regulamentadas juridicamente.
E como qualquer outro ramo do Direito, o Direito Espacial é o caminho
dos acordos e leis para estabelecer um Estado de Direito justo, democrático,
seguro e previsível, a serviço de toda a humanidade, idealizado para ordenar as

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Sputnik 1 O Sputnik uma esfera de 50 cm de diâmetro e com o peso de 83,6 kg, ele possuia função, a não ser emitir
um sinal de rádio, "beep", que podia ser sintonizado por qualquer radio-amador (Wikipédia)
atividades espaciais, no singular espaço exterior, acima do espaço aéreo, cuja
delimitação ainda precisa ser definida.
O espírito do Tratado do Espaço é um alicerce firme onde a ideia de que
a humanidade, está necessariamente comprometido com essa evolução tão
grandiosa, onde todos os países e povos, sem exceção, têm razões de sobra,
para se sentirem parte deste progresso global, o Planeta Terra, com todos os
direitos e obrigações que isso implica.
Os Estados respondem internacionalmente pelas atividades espaciais
desenvolvidas em seu solo, sejam elas por ações públicas ou privadas,
respondendo por quaisquer danos causados por seus objetos espaciais, sendo
atribuindo-os o mais alto grau de responsabilidade por suas ações no espaço e
seus impactos sobre à terra. Sendo seu dever evitar danos a outros Estados ou
a indivíduos e companhias estrangeiros, bem como o dever de reparar
financeiramente prejuízos causados.

Resultados
Levando em consideração que a conquista do espaço ocorreu há poucas
décadas, o que leva a questão do tempo suficiente para as consolidações das
normas a partir de costumes, quanto ao uso e exploração deste território. E o
fato de costumes não possuírem contornos exatos, bem como terem por
característica a informalidade, permitem controvérsias entre Estados sobre
temas que, no direito espacial, atingem toda a comunidade internacional, o que
contribui para a tendência de normatização desse direito, refletida no Direito
Internacional Público moderno.
As normas do Direito Espacial Internacional Público, bem como as normas
de Direito Espacial Interno de um dado país, relativamente às atividades
espaciais desenvolvidas, e que são regulamentadas por legislação nacional,
estando ajustadas às normas Internas de Direito Espacial, fazem muita difrença
dentro de um Estado, em termos de segunça para sua nação.
Já no Brasil é possível observar que as intenções desde do princípio de
estarem inserido ativamente neste setor, são muito claras, para tanto foi se
criado Lei Federal 8.854, de 10 de fevereiro de 1994 (que criou a Agência
Espacial Brasileira – AEB); E o Decreto Federal n° 1.332, de 08 de dezembro de
1994 (atualizou a Política Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espacial
Brasileira - PNDAE); juntamente com o Decreto Federal n° 9.279, de 06 de
fevereiro de 2018 (Comitê de Desenvolvimento do Programa Espacial Brasileiro
– CDPEB).ambos com intuito de manterem a frente nesta disputa espacial e de
exploração ao espaço.
De modo geral, os princípios jurídicos reconhecidos pelos Estados em
foro doméstico, constituem sim fonte do direito espacial, tendo um papel
fundamental em relação à responsabilidade internacional do Estados, meio a
soluções pacíficas de disputas internacionais nacionais, e por fim temos fontes
subsidiárias do direito espacial, a doutrina e a jurisprudência, pouco
desenvolvida, com pouca relevância ao direito espacial, porém produz
importântes de efeito,para uma futura regularização jurídica nacional.
Ressaltando que as resoluções da Assembleia Geral da ONU, por serem
soft law2, não devem ser interpretadas como obrigatórias, apesar de refletirem
compromissos políticos, pelos Estados, respeitando normas gerais, e a partir
delas criarem regras em âmbito nacional, de forma constante com consciência
de sua obrigatoriedade para funcionalidade mais eficaz e segura, podem
constituir a assim a semente de costume internacional. Cabendo salientar que
os costumes internacionais, em direito espacial, possuem grande relevância
frente a tratados internacionais multilaterais sobre matéria.
O espaço exterior é totalmente diferente do terrestre, é hostil, perigoso e
desafiante para a gana do ser humano, porém é um ambiente repleto de
fenômenos fundamentais a se descobrir, bem como benefícios preciosos que
poderemos vir a usufruir, nos levando entender que um regime jurídico é
fundamental para dentro de qualquer nação que se prevê e tem respeito por seu
povo.

Considerações Finais
O Direito Espacial – o sistema jurídico do espaço cósmico é uma realidade
iminente, e seu desenvolvimento é de grande importância para nossa atual
realidade, principalmente para todos os Estados que assinaram o Tratado do
Espaço.

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Tradução Livre do Autor - Soft Law (Lei Branda)
Buscou-se analisar as premisas e fundamentações desta nova norma e
as lacunas jurídicas existentes, o que nos trouxeram a avaliar que um sistema
interno jurídico do espaço cósmico e que é essencial para limitar as ações do
homem na terra em relação ao nosso espaço exterior. Dar proteção ao ambiente
espacial significa, não só garantir, a paz no espaço, mas a segurança do homem
na terra, e assegurar que os beneficios que gozamos atualmente proporcionados
por satélites artificiais, não seja afetados.
É importante salietarmos que estamos inseridos dentro do espaço
cósmico, não o inverso, e que apesar de nossas limitações, para explorarmos
em sua totalidade podemos considerar que, sim o espaço cósmico faz parte
deste ecossistema, e é dever dos Estados reger leis, sobre suas atividades e
ações sobre o espaço exterior o que teria como principal objetivo resguardar a
terra, que ao contrário do que possamos imaginar é muito mais frágil.

Fontes Consultadas

BITTENCOURT NETO, Olavo de Oliveira. Direito Espacial


Contemporâneo: Responsabilidade Internacional. Editota Juruá, 2011.

BUHR, Alexandre Dittrich. A arte do Pacificador. 2º ed.: Editoria


Conceito, 2007.

BUHR, Alexandre Dittrich. Direito Espacial: Lições Preliminares e


Avançadas: Editora Conceito, 2012.

CANOTILHO, José J.Gomes. Direito Constitucional e Teoria da


Constituição. 5º Editora. Coimbra, 2002.

COLIN, A. Ronam, História Natural do Universo, Ed. Verbo, 1991

DIEDERIKS-VERSCHOOR. An Introduction to space


Law.2°ed.Netherlands:Kluwe Law International, 1993.

FILHO, José Monserrat. Direito e Política na Era Espacial. Podemos


ser mais justos no espaço do que na Terra? Rio de Janeiro: Vieira & Lent,
2007.
HUSEK, Carlos Roberto. Curso de Direito Internacional Público. 7ª ed.
São Paulo: LTr, 2007.

MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito Internacional


Público. 12ª ed. São Paulo: Renovar, 2000.

REZEK, José Francisco. Direito internacional público. 12ª ed. São


Paulo: Saraiva, 2010.

PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Comentários à


Constituição de 1967, Vol. I (arts. 1º - 7º). São Paulo : Editora Revista dos
Tribunais, 1967, p. 39.

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