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TERESINA
2022
A Possibilidade da Formação de um Estado no Espaço
1. Introdução
Desde seu surgimento na Terra, há cerca de 2,5 milhões de anos atrás, a raça
humana coleciona vitórias no que refere-se à conquista de território. Uma vez
instalados com sucesso em terras congeladas, desertos áridos e altitudes
desafiadoras; só resta aos humanos provar que o céu não é o limite, buscando
ultrapassar a fronteira final: o espaço sideral. Com a ida do astronauta
norte-americano, Neil Armstrong, à lua em 1969, nações do mundo inteiro têm
investido recursos em projetos que visam atingir a realização de atividades fora da
órbita terrestre. Fato esse que traz possibilidades jurídicas nunca antes vistas,
1
Graduando em Direito pela UFPI. E-mail: isabellaolive997@gmail.com
incluindo a chance de surgir, entre as estrelas, um Estado independente e soberano
de direito.
A presente pesquisa tem por objetivo analisar como se daria o surgimento desse
Estado através de uma perspetiva colonial. Nesse cenário, busca-se avaliar o atual
contexto jurídico que rege o espaço cósmico. Assim como as experiências passadas
no que refere-se à formação de Estados que outrora foram colônias. Para, desse
modo, formular uma noção precisa das chances humanas de um dia estabelecer uma
sociedade autônoma fora da órbita terrestre.
Nesse contexto, será realizada uma análise das leis vigentes em relação às
condutas que devem ser adotadas quando se trata do cenário espacial. Bem como
outra análise da suposta via pela qual o Estado extraterrestre emergirá, por meio de
um modelo colonial. Ambas as análises foram pautadas em métodos
hipotético-dedutivos, com técnicas de pesquisas documentais e biográficas.
Esse mesmo tratado, ratificado por 107 países, determina que o Espaço
é um bem comum da humanidade e que sua regulação deve seguir os
princípios do direito internacional.
Com base apenas no tratado supracitado, não existe margem legal para
a formação de um Estado independente e soberano em território não terrestre.
No entanto, os Estados Unidos (maior potência espacial do século XXI),
não assinou o tratado e tem adotado uma postura completamente oposta às
condutas estabelecidas por ele. Postura essa que fica evidente na Ordem
Executiva2 promovida pelo ex-presidente Donald Trump no ano de 2020:
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Uma ordem executiva é uma declaração oficial do presidente sobre como as agências
federais e Departamentos devem usar seus recursos. O mais importante é o fato de que ela
não precisa da aprovação do Congresso para entrar em vigor. Elas se enquadram no grupo de
"ações executivas" garantidas no Artigo 2º da Constituição americana e incluem também os
memorandos presidenciais (que são um passo a menos do que uma ordem executiva),
proclamações e diretrizes presidenciais (UOL NOTÍCIAS, 2017).
3
A Mars One é uma organização não-governamental criada em 2001 pelo engenheiro
holandês Bas Lansdorp, que pretende embarcar em 2026 o primeiro grupo de pessoas em
viagens apenas de ida, para estabelecer o inaugural assentamento humano em Marte (COM
CIÊNCIA, 2017).
Apesar disso, o Brasil tornou-se um Estado soberano em 1822, após sofrer
uma série de insatisfações com a Metrópole Portuguesa, tendo então a
necessidade de livrar-se das amarras estrangeiras e garantir que as decisões
nacionais coubessem aos nativos.
"Ao Brasil devia, como a quase todas as colônias, chegar o dia da sua
emancipação da metrópole" (VARNHAGEN, 2010).
O processo histórico citado acima, não ocorreu apenas na América
Portuguesa. Tanto os países colonizados pela Espanha, quanto aqueles
colonizados pela Inglaterra, percorreram um caminho semelhante, que lhes
concedeu suas respectivas emancipações. Criando assim um padrão de
autodeclaração de soberania, por parte das comunidades colonizadas, após
longos períodos de colonização.
É suposto que, se a ocupação do espaço sideral ocorrer por meio do
modelo colonial de exploração, o padrão acabará se repetindo e um novo
Estado nascerá. Será, ineditamente, o primeiro Estado a não precisar
estabelecer vínculos jurídicos com a comunidade do planeta Terra, pois não
estará situado em sua superfície.
3. Considerações Finais
Referências
VARNHAGEN, Francisco. História da Independência do Brasil. Vol. 137.
Brasília: Livraria do Senado, 2010.
O que são as ordens executivas de Trump? Elas podem ser derrubadas? UOL
Notícias, 2017. Disponível em:
<https://noticias-uol-com-br.cdn.ampproject.org/v/s/noticias.uol.com.br/internaci
onal/ultimas-noticias/2017/01/31/o-que-sao-as-ordens-executivas-de-trump-ela
s-podem-ser-derrubadas.amp.htm?amp_gsa=1&_js_v=a9&usqp=mq331A
QKKAFQArABIIACAw%3D%3D#amp_tf=De%20%251%24s&aoh=1658689930
2228&referrer=https%3A%2F%2Fwww.google.com&share=https%3A%2F
%2Fnoticias.uol.com.br%2Finternacional%2Fultimas-noticias%2F2017%2F01%
2F31%2Fo-que-sao-as-ordens-executivas-de-trump-elas-podem-ser-derrubada
s.htm>. Acesso em: 24 de Jul. de 2022.
EUA podem exercer 'domínio eminente' sobre espaço, insinua ordem executiva
de Trump, diz professor. Sputnik News, 2020. Disponível em:
<https://br.sputniknews.com/amp/20200424/eua-podem-exercer-dominio-emine
nte-sobre-espaco-insinua-ordem-executiva-de-trump-diz-professor-15496545.ht
ml>. Acesso em: 10 de Jul. de 2022.