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A comunicação humana

Prof. Dr. Leandro Teixeira dos Santos


Capítulo 1 do
livro disponível
no QR Code:
INTRODUÇÃO

Conceito de Comunicação Humana (CH):

• Compreende miríades de formas, por meio das


quais os homens transmitem e recebem ideias,
impressões e imagens de toda ordem.

• Algumas dessas formas, embora compreensíveis,


jamais conseguem expressar-se por palavras.
INTRODUÇÃO
Comunicar:

• Do latim “communicare” = “pôr em comum”.

• Comunicação é convivência.
• Raiz de comunidade: agrupamento caracterizado por forte
coesão, baseada no consenso espontâneo dos indivíduos.
• Consenso = acordo, consentimento
• Fator decisivo na CH: a compreensão que ela exige, para
que se possam colocar, em “comum”, ideias, imagens e
experiências.
INTRODUÇÃO

• A CH, por meio da compreensão, põe ideias


“em comum”.

• Objetivo: entendimento entre os homens.


Para que exista entendimento, é necessário
que os indivíduos que se comunicam se
compreendam mutuamente.
INTRODUÇÃO

• Eu e meu interlocutor: quando


meu interlocutor me
compreenderá?
INTRODUÇÃO

• Eu e meu interlocutor: quando meu


interlocutor me compreenderá?

• Ex: Eu não gosto de cachorro.

• Interlocutor: compreende o significado


dos sons que eu articulei? Ele sabe o
significado das palavras?
INTRODUÇÃO

A Comunicação, pois, exige, em primeiro lugar, que os


símbolos, no caso os sons, tenham significação comum
para os dois indivíduos envolvidos no processo:

• O emissor e receptor.

• Som  associação com experiência  som se


transforma em palavra  compreensão.
INTRODUÇÃO

• O que “põe em comum” emissor e receptor


na CH é a Linguagem.

• As palavras vêm a ter o mesmo


significado.
Introdução
Obs:

• Podemos compartilhar o
mesmo significado e
compartilharmos a opinião.
Ou compartilhar o mesmo
significado, mas não a
opinião.

• Ex:
• A: Eu não gosto de
cachorro! E você?
• B: Eu gosto!
Introdução

• Comunicação humana:

• Intercâmbio
compreensivo de
significações por meio
de símbolos.
• Por que símbolos e não
palavras?
O processo da comunicação humana

Por que o transmissor comunicou não gostar de


cachorro?

• Princípio da causalidade: não há efeito sem


causa.
• O que teria levado o transmissor a pensar em
cachorro?
• Visto, ouvido, ocorreu a ideia?
O processo da comunicação humana

Processo de comunicação por parte do emissor:

1. Estímulo
2. Associação
3. Ideia ou imagem
4. Experiência anterior
5. Expressão de um sentimento por meio de
um nome racional.
O processo da comunicação humana

Processo de comunicação por parte do


receptor:

1. A atenção do receptor é uma resposta


despertada por um estímulo: os sons;

2. O aparelho auditivo do receptor capta a


emissão do aparelho fonador do
transmissor.
O processo da comunicação humana

Processo de comunicação por parte do


receptor:

3. Atingindo o aparelho, os sons


impressionam os condutos que levam ao
cérebro, onde, por um novo processo de
estímulo-resposta, os sons adquirem
significado, transformando-se em
palavras.
4. Estabelece-se a compreensão –
comunhão do significado.
O processo da comunicação humana

• Para traduzir ideias, as palavras devem organizar-se, obedecendo a


uma sequência lógica, a fim de se tornarem significativas.

Cachorro de eu gosto não


De não eu gosto cachorro
Gosto eu de não cachorro
Não cachorro gosto de eu
Eu de gosto cachorro não

Frase: unidade fundamental do discurso. Mínimo de palavras com que


que consigo me comunicar.
Os elementos básicos do processo de comunicação
humana

1. O emissor
2. O receptor
• Ninguém comunica consigo mesmo.
• Ex:
• Faroleiro – “Comunicação unilateral”. Não é
CH.
• Autoanálise – parte do processo da CH, mas não
se confunde com o todo.
Os elementos básicos do processo de comunicação
humana
3. A mensagem

• O que transmite o emissor?


• O que recebe o receptor?
• Mensagem:
• É o objetivo da CH e sua finalidade.
• Precisa ter uma significação: deve dizer qualquer coisa em
comum para o emissor e para o receptor.
• É a Linguagem em comum que empresta significado à
mensagem, compreendendo-se por “linguagem” tudo o
que serve à Comunicação humana: palavras, sons,
gestos, sinais, símbolos, etc.
Os elementos básicos do processo de comunicação
humana
Sala de espera do consultório médico:

• A: Que calor!
• Haverá correspondência exata entre o que quero fazer alguém
compreender e o que vem a compreender esse alguém?

• B: Interpretação positiva, negativa.

• Para que o significado emissor seja coincidente com significado receptor,


dependo de sua interpretação. Sua interpretação, porém, é assunto
pessoal seu.
Os elementos básicos do processo de comunicação
humana
A mecânica do processo pode ser esquematizada da seguinte
forma:
• Emissor manda a mensagem.
• Receptor recebe a mensagem e a interpreta internamente,
manifestando externamente essa interpretação.
• Emissor – agora receptor – recebe a interpretação do receptor
– agora emissor – interpretando-a em termos pessoais.

• A interpretação é, assim, a chave da Comunicação


humana. Dela é que vai depender a significação comum
para que haja entendimento. Por isso, a boa mensagem é a
que facilita a interpretação.
Os elementos básicos do processo de comunicação
humana

Ex:

— Alô!
— Quem fala?
— Aqui é Pedro!
— Pedro? Que prazer!
Os elementos básicos do processo de comunicação
humana

1. O emissor
2. O receptor
3. A mensagem
4. O contexto.
Os elementos básicos do processo de comunicação
humana

A escolha do meio:

O critério da escolha do meio pertence ao


emissor. É a ele que compete selecionar o
meio apropriado, e a seleção se faz com o
objetivo de facilitar a CH.

Telefone;
Carta;
Contato pessoal, etc.
Os elementos básicos do processo de comunicação
humana

Obs:

• CH é prejudicada porque o emissor


não seleciona o meio mais eficiente
à clareza e transmissão da
mensagem e, sim, o que
pessoalmente mais lhe convém.
Os elementos básicos do processo de comunicação
humana

O meio da CH precisa obedecer a dois


requisitos fundamentais:

1. Ser dominado tanto pelo emissor


quanto pelo receptor.
2. Estar de acordo com a mensagem
que transporta.
Os elementos básicos do processo de comunicação
humana

5. Conteúdo (ou referente):

• É a informação, o objeto da
comunicação.

• Desde assuntos ou informações


complexas a temas banais, sem muita
força de expressão.
Os elementos básicos do processo de comunicação
humana
6. O código:

Para que a mensagem transite do emissor ao


receptor é necessário que o código seja
parcialmente ou totalmente comum a remetente
e destinatário.

Ex: 我是巴西人 .

Mas, e a linguagem não verbal?


• Comunicação parcial.
Os elementos básicos do processo de comunicação
humana

Elementos constitutivos do processo


comunicacional:

1. O emissor.
2. O receptor.
3. A mensagem.
4. O meio.
5. O referente.
6. O código.
Princípios da Comunicação Humana Efetiva

A dificuldade em estabelecer
princípios: a própria comunicação
humana.
A tradução de sons em palavras é fenômeno estritamente
individual, como estritamente individuais são todas as demais
fases do processo da Comunicação humana. A organização de
palavras em frases, a escolha do meio, a intenção, o significado,
a finalidade, a transmissão e a recepção da resposta de volta ao
estímulo por nós transmitido, a significação que lhe atribuímos,
a compreensão a que chegamos, tudo se passa na esfera de
nossa individualidade e pode sofrer variações de pessoa para
pessoa. O que uma palavra significa para mim, pode não
significar para outras pessoas. Daí a advertência de Voltaire:
“Se você quer falar comigo, defina suas palavras.”
• As deficiências da
Comunicação
Humana se devem,
principalmente, a sua
individualidade
Princípios da Comunicação
Humana Efetiva.

• Individualidade impregna
a personalidade e a
linguagem em cada ato
comunicacional.
• Vídeo do Big Brother.
A fórmula do Prof.
Lasswell

• Estabeleceu normas a CH, em


benefício de sua efetividade.

• Procura responder:
• Quem?
• Diz o que?
• A quem?
• Por que meio?
• Com que finalidade?
A fórmula do Prof. Lasswell

• 1ª questão: Quem?

• Quem faz a comunicação?

• Resposta de imediato: Eu!


• Sou eu, sim, mas nessa Comunicação específica
que pretendo fazer, quem sou eu?

• O ser e a sua variedade de papéis;


• O papel que represento elucida a
Comunicação.
A fórmula do Prof. Lasswell

• 1ª questão: Quem?

• Reunião de pais e mestres:

• X1: Senhores, falo como pai de quatro filhos ... 


Situa-me perante a audiência.

• X2: Senhores, devem unir-se todos aqueles que têm


responsabilidades de família...  Sou ou não
“pai”, nesse caso?
A fórmula do Prof. Lasswell
• 2ª questão: Diz o que?
• Pensar antes no que vai comunicar

• Entraves: A comunicação é normal entre os


homens em sociedade + educação.

• O que comunicar depende, para a significação,


de palavras bem escolhidas, organizadas em
frases; palavras e frases que devem traduzir,
com clareza, o sentido do que se procura
transmitir.
A fórmula do Prof. Lasswell
3ª questão: A quem?

• A forma da CH é condicionada pelo receptor.

• Ex1.:
• Creio que Vossa Excelência bem poderia adotar outra
atitude!
• Você deve fazer um esforço para mudar!

• Ex2.: Conversa com os bebês.

• É a minha capacidade como receptor que condiciona a maneira da


apresentação da CH pelo emissor.
A fórmula do Prof. Lasswell

3ª questão: A quem?

• Então: Para ser compreendido, devo utilizar o


mesmo código do receptor, falar a mesma
língua dele, ater-me a seu vocabulário e preferir
as expressões que lhe são familiares.
A fórmula do Prof. Lasswell

• 4ª Questão: Por que meio?

• Escolha do meio adequado pode


garantir o êxito da CH.

• Ex: Empresa resolve instituir o


salário móvel.
A fórmula do Prof. Lasswell

5ª Questão: Com que finalidade?

• A finalidade da CH deve ser evidente,


para prevenir distorções e mal-
entendidos.

• “Mas, o que ele queria dizer com


esse falatório todo?”
Outras condições de efetividade da Comunicação Humana

• Wayne Thompson: o conhecimento de como


as pessoas pensam.
Outras condições de efetividade da Comunicação Humana

• Irving Lee propõe cinco pontos indispensáveis


ao sucesso da CH:

• 1. Familiarizar-se com o assunto.

• 2. Aprender a reconhecer os pontos fracos,


os defeitos e as deficiências das
comunicações dos outros.
Outras condições de efetividade da Comunicação Humana

• 3. Começar a fazer a mesma coisa com suas próprias


comunicações.
• Crítica: A avaliação em causa própria é precária.

• 4. Desenvolver habilidades no sentido de aperfeiçoar


sua capacidade de comunicação;

• 5. Aprender a aperfeiçoar a CH nos outros.


Outras condições de efetividade da Comunicação Humana:
A psicologia da atenção

Sem atenção, não há


Comunicação, e é a atenção que
garante o primeiro passo para o
entendimento.
Outras condições de efetividade da Comunicação Humana:
A psicologia da atenção

Sério problema da Comunicação


humana é atrair e manter a atenção.
Em geral, consideram-se quatro
estímulos principais da atenção:

1. Intensidade: O barulho leva


vantagem sobre o murmúrio

2. Repetição: Seu uso na


Pedagogia, por exemplo.

3. Modificação.
Outras condições de efetividade da Comunicação Humana:
A psicologia da atenção

3. Modificação:
• Renova a atenção: de grave a
agudo; de maior a menor
intensidade.
• Atente-se a mudança de tom os
oradores

4. Contraste: Tudo o que é diferente se


sobressai.
• Ex: Homens de tamanhos medianos
e um jogador de vôlei com seus 2m
e 10cm.
• Obs: Esses elementos são estímulos.
Outras condições de efetividade da Comunicação Humana:
A psicologia da atenção

Obs: Estabelecerem-se regras


para a atenção depende das
características estruturais do
indivíduo e de fatores temporários
– suas condições de momento e
atividades em exercício.
Outras condições de efetividade da Comunicação Humana:
A psicologia da atenção

Quando a distração é
proverbial: Ex. do sábio.
Outras condições de efetividade da Comunicação Humana:
A psicologia da atenção

Se tempo é dinheiro, devemos ir


direto ao assunto?

• É preciso algum tempo até a


atenção ser integralmente
despertada.
Outras condições de efetividade da Comunicação Humana:
Atenção periférica e atenção dirigida

Dois tipos de atenção: a periférica e a


dirigida.

• Periférica:
• É inseparável de qualquer pessoa no
mundo de estímulos onde vive.
• Ex.: Ninguém deixa de ouvir a
buzina insistente, em meio ao
trânsito.
• O apelo limita-se a nossa atenção
periférica, de mistura a um sem-
número de outros estímulos;
ouvimos, sem distinguir, selecionar e
concentrar nossa atenção.
Outras condições de efetividade da Comunicação Humana:
Atenção periférica e atenção dirigida

Dirigida:

• Quando distinguimos, selecionamos e


concentramos a atenção, por força de
estímulo mais forte, ela se torna
específica, dirigida – ato voluntário,
diferente da atenção periférica
involuntária.

• Ato consciente da vontade individual.


Outras condições de efetividade da Comunicação Humana:
Atenção periférica e atenção dirigida

• A chamar a atenção deve seguir-se


manter a atenção.

• 5 minutos como tempo considerado


excelente de continuidade na
atenção.

• Uma das explicações de sermos


desatentos; ficarmos voando.

• Nossa atenção dirigida cansa logo,


e é substituída pela atenção
periférica.
Outras condições de efetividade da Comunicação Humana:
Atenção periférica e atenção dirigida

O interesse:

• Daremos sempre maior


atenção ao que atende a
nossos interesses. Só se
mantém a atenção, quando se
mantém o interesse.
Persuasão: credibilidade das fontes de informação

• Persuadir pode ser definido como o ato de


induzir alguém a acreditar em alguma
coisa, ou aceitá-la.

• Saber como e por que uma pessoa muda


de opinião constitui tema fascinante para
a inteligência e a investigação humanas.
Persuasão: credibilidade das fontes de informação

• Opinião:

• A opinião é uma afirmação da


individualidade humana: é a aceitação
pessoal de uma, entre duas ou mais
concepções diversas sobre determinado
assunto.
• Origem: exemplo do antepassado troglodita.
Persuasão: credibilidade das fontes de informação
• Opinião:

• Para Ferdinand Tönnies, são três os graus de fixidez da


opinião:

• Sólido: corresponde ao consenso, estado de pleno


acordo, em que uma ideia lota a mente, não ficando
lugar para a dúvida ou controvérsia.

• Líquido: Constitui nossas opiniões; é o estado


normal de nossas ideias e de nossos pensamentos.

• Gasoso: opiniões em gestação; pré-opiniões; simples


noções, que se podem modificar com facilidade.
Persuasão: credibilidade das fontes de informação

A CH procura modificar o comportamento dos


indivíduos, influenciando suas opiniões, por meio da
informação.

Na formação da opinião, dois fatores pesam


decisivamente:

1. A maneira de a mensagem ser comunicada.


2. A credibilidade da fonte.
Persuasão: credibilidade das fontes de informação

1. A maneira de a mensagem ser


comunicada.

• Controvérsia: “olho e ouvido”

• Relembrando: a percepção é individual.


Persuasão: credibilidade das fontes de informação

1. A maneira de a mensagem ser


comunicada.

• Controvérsia: “olho e ouvido”


• Relembrando: a percepção é individual.
• Fatores estruturais: são os que se referem à
aparência física das pessoas, dos lugares e das
coisas
• Fatores funcionais: são os que derivam
principalmente de necessidades, maneiras,
experiências e memória do indivíduo.
Persuasão: credibilidade das fontes de informação

2. Credibilidade das fontes de informação:

• Seria correta a tendência atribuída ao indivíduo de


aceitar melhor a Comunicação originada de um
emissor que acredite ser dedigno? Para ser
acreditado, o emissor deverá mesmo inspirar
confiança?

• Da credibilidade das fontes dependem, em


grande parte, as mudanças de opinião.
Persuasão: credibilidade das fontes de informação

2. Credibilidade das fontes de informação:

• Diminuição da credibilidade ao longo do tempo:

• Esquecimento, queda na credibilidade inspirada


pelo emissor, aumento na credibilidade do
emissor que inicialmente não inspirara
confiança, etc.

• Ideia de “uma mentira contada várias vezes se


torna uma verdade”.

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