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CURSO DE DIREITO

Disciplina: Ciência Política e Teoria do Estado


Professor: Dr. Leandro Teixeira dos Santos
CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: Ciência Política e Teoria do Estado
Aula: Modernização social e as origens do Estado

ROUSSEAU E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO DEMOCRÁTICO-PLEBISCITÁRIO


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ROUSSEAU E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO DEMOCRÁTICO-PLEBISCITÁRIO

“Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens”:

•Bases de uma das mais famosas teorias contratualistas


•Busca explicar os fundamentos sobre os quais se firma o processo gerador das
desigualdades sociais e morais entre os seres humanos.
•É nesta obra que temos a conformação do que o contratualista suíço entende por
estado de natureza.
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ROUSSEAU E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO DEMOCRÁTICO-PLEBISCITÁRIO

O estado de natureza em Rousseau

•Estabelecimento de 4 premissas ao iniciar o tema:

• Primeira: No estado de natureza, não existiriam agregações sociais, nem


mesmo família.

• Segunda: O estado de natureza parece ser somente uma hipótese.


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ROUSSEAU E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO DEMOCRÁTICO-PLEBISCITÁRIO

O estado de natureza em Rousseau

•Terceira: remete a antropologia rousseanuniana – a visão que Rousseau tem do


homem em seu estado essencial.

• Mito da famosa “bondade natural do homem” no estado de natureza.


• “O homem é naturalmente bom”: não existi perversidade original no
coração humano
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O estado de natureza em Rousseau

• Trata-se de uma bondade natural, uma inocência original, que levou a


que o homem no estado de natureza conhecesse um estado de felicidade
do qual poderia nunca ter saído.

• O estado de natureza é o reino da liberdade, da espontaneidade, da


moralidade (natural) e também da felicidade do homem.
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ROUSSEAU E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO DEMOCRÁTICO-PLEBISCITÁRIO

O estado de natureza em Rousseau

•Quarta: A ideia de perfectibilidade:

• Ao homem natural é atribuída a perfectibilidade, ou seja, a


faculdade de se aperfeiçoar
• Faculdade de se aperfeiçoar  potencial humano de mudar – o que não
garante que isto o leve para um estágio necessariamente melhor.
• Buscar o melhor de si.
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ROUSSEAU E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO DEMOCRÁTICO-PLEBISCITÁRIO

O homem em sociedade: a corrupção do estado natural

• Impossibilidade de manter-se neste estado de felicidade e a formação


de grupos sociais acaba por corromper o homem.

• Como teria se desencadeado o processo histórico de degenerescência?

• Como puderam homens bons dar origem a uma sociedade má?


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O homem em sociedade: a corrupção do estado natural

• A vida em grupo: ao iniciar a vida em grupo, os homens começam a


comparar-se entre si, e estas comparações desenvolvem a sua faculdade
de raciocínio. Com isso, descobrem que vivem sob o olhar do outro.

• Como a desigualdade se originou?


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O homem em sociedade: a corrupção do estado natural

• Como a desigualdade se originou?

• 2 tipos de desigualdades:

• a natural ou física, que resulta da diferença de idade, saúde, vigor,


habilidades físicas, aptidões intelectuais etc.,
• Inevitável

• a desigualdade moral ou política, que é de instituição humana.


• Um problema: é geradora da exploração do homem pelo homem.
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O homem em sociedade: a corrupção do estado natural

• Como a desigualdade se originou?

• A desigualdade moral ou política vincula-se à divisão do trabalho


favorecendo reagrupamentos sociais, cuja organização propiciaria um
distanciamento cada vez maior da simplicidade originária.
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ROUSSEAU E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO DEMOCRÁTICO-PLEBISCITÁRIO

O contrato social e o governo do povo soberano pelas leis

•O homem foi afastado de seu estado de natureza

• Problema: dar à sociedade uma forma tal que este homem recupere sua
liberdade, mesmo vivendo em sociedade.

• Propõe conciliar a liberdade natural do homem e a necessidade de uma


ordem política, definindo as condições de uma ordem social justa, nas quais
a liberdade e a igualdade sejam salvaguardadas de qualquer forma de
opressão, guiando-se por regras comuns imprescindíveis.
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ROUSSEAU E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO DEMOCRÁTICO-PLEBISCITÁRIO

O contrato social e o governo do povo soberano pelas leis

•O homem foi afastado de seu estado de natureza

•Isto deverá se dar por intermédio de um pacto ou “contrato social”.

• Estabelece uma comunidade política fundamentada na soberania do


povo, única fonte legítima do poder.

• O povo constitui um corpo coletivo e moral detentor da autoridade


suprema.
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ROUSSEAU E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO DEMOCRÁTICO-PLEBISCITÁRIO

O contrato social e o governo do povo soberano pelas leis

•Contrato social permite passar da dependência dos homens para a dependência das leis.

•Em Rousseau:

• O Estado regido por leis é uma república, por oposição ao despotismo.


• O pensador rejeita a ideia de democracia representativa de Locke;
• A vontade não se representa.
• A democracia de Rousseau é a democracia direta ou plebiscitária.
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Hobbes (1588-1679) Locke (1632-1704) Rousseau (1712-


1778)
Antes da criação do poder No estado de natureza, Antes de haver
do Estado impera a lei antes de haver o Estado e a sociedade
natural do mais forte. O Estado, os indivíduos já organizada, os seres
Estado de natureza é gozam de direitos humanos são livres,
aquele em que todos se básicos como a iguais e bons. A
julgam com direito a tudo. liberdade, a sociedade é que os
Por isso, ninguém propriedade e o direito corrompe. No estado
reconhece ou respeita a vida. Contudo, não natural há, contudo,
direito algum. A vida existem mecanismos dificuldade de
humana é nesta situação que obriguem ao satisfazer as
um constante conflito e respeito destes direitos necessidades básicas.
está constantemente naturais nem para Não há direitos
ameaçada pela guerra de legitimamente castigar anteriores ao
todos contra todos. os que os violam. contrato.
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Hobbes (1588-1679) Locke (1632-1704) Rousseau (1712-1778)

Ninguém, racionalmente, Para assegurar o Cada membro da


pode aceitar viver uma respeito pelos sociedade abdica sem
situação em que não há direitos naturais, reserva de todos os seus
garantia alguma de que os indivíduos dão direitos em favor da
continuará a viver. Para ao Estado o poder comunidade. Mas como
garantir uma certa segurança, de os defender e todos abdicam, na
ordem e estabilidade, os tutelar. O contrato verdade, cada um nada
indivíduos renunciam social é revogável: perde. Cada membro
incondicional e pode ser revogado enquanto elemento ativo
irrevogavelmente a todos os caso os do todo social, ao
seus direitos. Cedem eles a governantes não obedecer à lei, obedece a
uma só pessoa: o soberano, a respeitem os si mesmo. O contrato não
única autoridade que pode direitos faz o indivíduo perder a
assegurar a ordem e a paz inalienáveis dos sua soberania, pois ele não
sociais. cidadãos. cria um Estado separado
de si mesmo.
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Hobbes (1588- Locke (1632-1704) Rousseau (1712-


1679) 1778)
Consequência Estado autoritário: Democracia Democracia direta.
poder absoluto do representativa
monarca ou do
soberano
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OUTRAS TEORIAS SOBRE O SURGIMENTO DO ESTADO

•Explicações para o surgimento do Estado:


• Teorias naturalistas e contratualistas dominam
• Existem outras linhas teóricas – novo olhar

•Destaques para alguns pontos dos “outros olhares”


• Ampliar nosso instrumental crítico
• Sínteses:
• Teoria do Estado de Direito
• As teorias coletivistas
• Concepção moral do Estado
• Concepção sociológica do Estado.
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OUTRAS TEORIAS SOBRE O SURGIMENTO DO ESTADO

Teorias Coletivistas

• A concepção moral do Estado:

• Pressuposto:
• Poder totalizante do Estado diante do indivíduo.
• O indivíduo está em posição fragilizada perante a força estatal, não
estando apto a fazer valer supostos direitos fundamentais.
• O Estado que tem direitos perante o indivíduo/cidadão, pois a identidade
real do ser humano inibe-se diante do caráter universal do Estado.
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OUTRAS TEORIAS SOBRE O SURGIMENTO DO ESTADO

•Teorias Coletivistas

• A concepção moral do Estado:

• Friedrich Hegel:
• O Estado é um todo ético organizado
• Tanto a família, como a sociedade civil são abstrações que praticamente
inexistem em face da única realidade materializada: o Estado.
• O Estado se traduz em entidade que ultrapassa a realidade social
concreta e passa a ser concebido como uma ideia ética fundamental.
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OUTRAS TEORIAS SOBRE O SURGIMENTO DO ESTADO

•Teorias Coletivistas

• A concepção moral do Estado:

• Quem foi Friedrich Hegel (1770-1831)?


• Importante filósofo do início do séc. XIX
• Professor em várias universidades alemãs (Universidade de Heidelberg).
• Várias áreas do conhecimento no campo da política
• Viveu em uma Alemanha dividida em territórios independentes
• Cada qual com sua organização jurídica e militar própria.
• Motivo para considerar o Estado “a mais alta realização do espírito
absoluto”.
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OUTRAS TEORIAS SOBRE O SURGIMENTO DO ESTADO

•Teorias Coletivistas

• A concepção moral do Estado:

• Quem foi Friedrich Hegel (1770-1831)?

•Obras:
• Fenomenologia do espírito (1807)
• Ciência e Lógica (1812-1816)
• Enciclopédia das ciências filosóficas (1817-1830)
• Elementos da Filosofia do Direito (1817-1830).
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OUTRAS TEORIAS SOBRE O SURGIMENTO DO ESTADO

•Teorias Coletivistas

• A concepção sociológica do Estado:


• Tenta explicar o aparecimento do Estado em razão de determinadas
circunstâncias históricas.

• Marx:
• O Estado não seria o reino da razão e/ou do bem-comum
• E sim da força e do interesse de uma parte específica da sociedade.
• O surgimento do Estado é uma forma de garantir que os interesses de
uma dada classe se façam valer no mundo dos fatos.
• A finalidade do Estado não seria a de proporcionar o bem-viver de todos
os membros do grupo
• Mas somente para uma minoria que detém o poder.
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OUTRAS TEORIAS SOBRE O SURGIMENTO DO ESTADO

•Teorias Coletivistas

• A concepção sociológica do Estado:

•Marx:

• O discurso de realização do bem-comum:


• Mecanismo ideológico que busca esconder os verdadeiros interesses
da classe dominante

• Conceder a aparência de legitimidade ao poder por ela exercido.


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TEORIA DO ESTADO DE DIREITO: A CONCEPÇÃO (A ORIGEM) JURÍDICA DO ESTADO

•Teorias dualistas: o Direito e o Estado constituem realidades plenamente distintas.


•Correntes monistas (unidade):
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TEORIA DO ESTADO DE DIREITO: A CONCEPÇÃO (A ORIGEM) JURÍDICA DO ESTADO

•Correntes monistas (unidade):

• Buscam eliminar o dualismo jurídico estatal.


• O Estado se revelaria com o próprio ordenamento jurídico
• Há uma implicação mútua em suas existências.
• O Direito somente pode ser reconhecido a partir do momento em que o
Estado se desenvolve como Estado
• E o Estado somente tem por reconhecidos seus atos quando emanados
por meio da forma jurídica/por intermédio do Direito.
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TEORIA DO ESTADO DE DIREITO: A CONCEPÇÃO JURÍDICA DO ESTADO

• O Estado se configura como um organismo de caráter político


• Mas, que depende do Direito para regular:
• As relações sociais
• A correta aplicação da força.

• Observe: “Se o Direito é natural decorrência do fenômeno estatal, no chamado


Estado de Direito é também, e de forma concomitante, o instrumento pelo qual
o Estado atua de forma legítima e não arbitrária”.
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ESTADO DE DIREITO X ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO:

•Thomas Hobbes e justificativa para as monarquias absolutistas

• O soberano é o rei absolutista


• Os poderes do soberano eram ilimitados.
• O soberano concentrava em suas mãos o poder absoluto do Estado, não
havendo separação entre os poderes estatais.
• Representação do poder ilimitado: Rei absolutista Luís XIV – “O Estado sou
eu!”
• O rei criava todas as leis, as executava e julgava àqueles que a
desrespeitassem. Ele estava acima da própria lei.
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ESTADO DE DIREITO X ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO:

•Questionamentos ao Estado Absolutista e nascimento do “Estado de direito”:

• Nasceu depois da Revolução Francesa: marco do fim do absolutismo e a


instauração do governo parlamentarista
• Passa a vigorar o Estado de Direito:
• Forma de Estado justificada pelo John Locke – Segundo Tratado sobre o
Governo.
• No Estado de Direito, o governante não detém poder absoluto.
• A lei está acima de todos, estando acima até mesmo dos
governantes.
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ESTADO DE DIREITO X ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO:

•A lei é soberana e está acima de todos, mas quem cria essa lei? E ela atende aos
interesses de quem? 

• A grande questão do Estado de Direito está no fato de que não há


necessidade de contemplar o que chamamos de “vontade geral”.

• O poder não emana necessariamente do povo e não há responsabilidade


com a soberania popular.
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ESTADO DE DIREITO X ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO:

•O Estado Democrático de Direito:

• Soberania da vontade geral – Conceito debatido por Rousseau no livro “O


contrato social”. É o atendimento do interesse comum da sociedade.

• No Estado Democrático de Direito, as leis são criadas pelo povo e para o povo,
respeitando-se a dignidade da pessoa humana.

• Democracia representativa:
• Leis confeccionadas pelos representantes do povo ou por iniciativa popular.
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ESTADO DE DIREITO X ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO:

•Valores e princípios do Estado Democrático de Direito:

• (1) Um Estado Democrático de Direito tem o seu fundamento na soberania


popular;

• (2) A necessidade de providenciar mecanismos de apuração e de efetivação da


vontade do povo nas decisões políticas fundamentais do Estado, conciliando uma
democracia representativa, pluralista e livre, com uma democracia participativa
efetiva;
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ESTADO DE DIREITO X ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO:

•Valores e princípios do Estado Democrático de Direito:

• (3) É também um Estado Constitucional, ou seja, dotado de uma constituição


material legítima, rígida, emanada da vontade do povo, dotada de supremacia e
que vincule todos os poderes e os atos dela provenientes;

• (4) A existência de um órgão guardião da Constituição e dos valores


fundamentais da sociedade, que tenha atuação livre e desimpedida,
constitucionalmente garantida;
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ESTADO DE DIREITO X ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO:

•Valores e princípios do Estado Democrático de Direito:

• (5) A existência de um sistema de garantia dos direitos humanos, em todas as


suas expressões;

• (6) Realização da democracia – além da política – social, econômica e cultural,


com a consequente promoção da justiça social;

• (7) Observância do princípio da igualdade;

• (8) A existência de órgãos judiciais, livres e independentes, para a solução dos


conflitos entre a sociedade, entre os indivíduos e destes com o Estado;
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ESTADO DE DIREITO X ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO:

•Valores e princípios do Estado Democrático de Direito:

• (9) A observância do princípio da legalidade, sendo a lei formada pela legítima


vontade popular e informada pelos princípios da justiça;

• (10) A observância do princípio da segurança jurídica, controlando-se os excessos


de produção normativa, propiciando, assim, a previsibilidade jurídica.

• (11) Separação dos poderes.


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TEORIA DO ESTADO DE DIREITO: A CONCEPÇÃO JURÍDICA DO ESTADO

•O Estado de Direito é um “gênero”:

• Comporta espécies:
• Estado liberal
• Estado social
• Estado socialista.
• Tais espécies compartilham entre si a vinculação à lei para atuar e atingir
seus fins específicos.
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Professor: Dr. Leandro Teixeira dos Santos
Aula: Estado moderno e os seus elementos
essenciais
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Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais

INTRODUÇÃO/OBJETIVOS

•Retrospectiva:
• Estudo sobre a origem do Estado
•O que vamos estudar a partir de agora?
• Conhecer quais são os elementos essenciais do Estado na
contemporaneidade.
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RAZÃO PELA QUAL POVO, TERRITÓRIO E SOBERANIA TEREM SE TORNADO ELEMENTOS


ESSENCIAIS DO ESTADO:

•Mas o que é “essencial” em alguma “coisa”?

• Essencial é tudo aquilo que faz a coisa ser o que é.


• Ou seja, retirando-se qualquer um dos elementos essenciais da “coisa”, ela deixa
de ser “a coisa”.
• Exemplo do automóvel
• Sem rodas – essencial – não é um automóvel
• Sem rádio – acessório – É um automóvel
• Fica a dica: faltando qualquer um dos elementos considerados essenciais do
Estado, este não poderá mais ser assim considerado.
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Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais
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RAZÃO PELA QUAL POVO, TERRITÓRIO E SOBERANIA TEREM SE TORNADO ELEMENTOS


ESSENCIAIS DO ESTADO:

Estado Moderno

• Estado Nacional propriamente dito


• Surgiu nos momentos derradeiros das guerras religiosas, com o colapso do que
costuma se chamar de Estado Medieval.
• Os três elementos essenciais só irão coexistir após a superação da concepção dual
de poder do Estado Feudal, cuja linha dominante era predominância das guerras
religiosas.
• Disputa mais aguda pela supremacia política
•Poder eclesiástico/espiritual (do Papa) x O poder temporal (do Imperador)
• As deficiências da sociedade política medieval: determinantes para estabelecer as
características fundamentais do Estado Moderno.
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RAZÃO PELA QUAL POVO, TERRITÓRIO E SOBERANIA TEREM SE TORNADO ELEMENTOS ESSENCIAIS DO
ESTADO:

Síntese em relação ao modelo westphaliano de Estado

• Ele simboliza, a um só tempo:

a) a passagem do Estado Medieval para o Estado Absoluto;


b) a criação do Direito Internacional Público, tal qual é concebido nos dias
atuais;
c) o nascimento do Estado Nacional propriamente dito, formado a partir da
coexistência dos seus três grandes elementos essenciais (povo, território e
soberania una e indivisível).
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Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais

TERRITÓRIO: A DELIMITAÇÃO ESPACIAL DO PODER

•Elemento material
•Indispensável a existência do Estado
•O território fixa a jurisdição do Estado: os limites dentro dos quais se exerce a soberania do
Estado.
•Conceitos:
• A base geográfica do poder estatal, a base física sobre a qual o Estado irá exercer
sua jurisdição soberana.
• Ferrucio Pergolesi: território é “a parte do globo terrestre na qual se acha
efetivamente fixado o elemento populacional, com exclusão da soberania de
qualquer outro Estado”.
• É a delimitação espacial do poder.
• Zona de impenetrabilidade da ordem jurídica de qualquer outra entidade
política (área interditada para qualquer ação soberana de outro Estado).
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TERRITÓRIO: A DELIMITAÇÃO ESPACIAL DO PODER

•O território e seu caráter multidimensional


• A soberania se estende sobre: a superfície terrestre, o espaço aéreo, as águas
territoriais, o subsolo terrestre e marinho, os rios, lagos, baías, bacias, golfos,
enclaves e qualquer outro espaço destacável do núcleo central do Estado.

•Território descontínuo? A base física dentro da qual se exerce a soberania estatal pode ou não
ser contínua, englobando os espaços geográficos destacáveis da superfície terrestre principal do
Estado.
• Jurisdição territorial do Estado
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GUERRAS DAS MALDIVAS

•Ilhas Malvinas, Atlântico Sul


•Reservas de petróleo
•Argentinos x Ingleses
•Ingleses: ocupam as Ilhas
Falklands desde 1883.
•1982: Tentativa argentina de
retomada = Guerra das Malvinas.
•Grã-Bretanha (Apoiada pelos
EUA)
•Geopolítica sul-americana:
integração entre Brasil e
Argentina  MERCOSUL
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Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais

Síntese – Leitura dirigida: “O conceito de território, na condição de base


físico-geográfica delimitadora da ação soberana do próprio Estado, admite a
descontinuidade geográfica, como é o caso das Ilhas Malvinas. Porém, o que
se deve deixar claro é que o que não se mostra de forma alguma possível é a
existência de um mesmo território sob a convivência de duas soberanias
distintas”. Com efeito, [...], é inadmissível a divisão do exercício da soberania
diante dos princípios da unidade e da indivisibilidade do poder de império do
Estado.
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TERRITÓRIO: A DELIMITAÇÃO ESPACIAL DO PODER

•O território e o poder de império do Estado


• Somente com o Estado Moderno é que o território passou a ser considerado
como elemento essencial do Estado.
• Com o “Estado westfaliano”: o conceito de território passou a ser associado
diretamente a um poder de império, dotado de latitude jurídico-política
capaz de impor coercitivamente a vontade do Estado.
• Existe Estado sem território ou não?
• Não de acordo com a doutrina majoritária.
• A perda temporária do território:
• Estado continuará a existir enquanto não se caracterizar que esta perda foi
definitiva, sem possibilidade de reintegração do território perdido.
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TERRITÓRIO: A DELIMITAÇÃO ESPACIAL DO PODER

•O território e o poder de império do Estado


• O território é patrimônio do povo ou é propriedade do Estado?
• O território é patrimônio do povo e não propriedade do Estado.
• Existiria um limite mínimo de extensão para que o Estado seja
reconhecido como tal? Não.
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O CONCEITO ATUAL DO ELEMENTO “TERRITÓRIO”

•São as seguintes as áreas do território marítimo estatal:

• Mar Territorial (MT);


• Zona Contígua (ZC);
• Zona Econômica Exclusiva (ZEE);
• Plataforma Continental (PC).

• Elas estão submetidas a diferentes regimes jurídicos.


• Somente o Mar Territorial pode ser considerado parte do território: somente
nele o Estado Costeiro tem soberania plena.
• Demais áreas: o Estado tem direitos específicos = o Estado não tem soberania
plena nessas áreas do território marítimo.
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Mar Territorial – “Uma zona de mar adjacente”

•Ideia antiga
•Defesa do Estado: a fixação do seu limite segundo a potência dos canhões dos navios da época.
•Direito Internacional: 3 (três) milhas
•Razões para a expansão para 12:
• Crescentes possibilidades de exploração das riquezas advindas do solo e do
subsolo marítimo
• Pleito de 12 a 200 milhas.
•Brasil e a defesa das 200 milhas.
• Contestado: ferir o princípio da liberdade dos mares.
• 1970 (Decreto-lei nº 1.098, de 25 de março de 1970) – 1993 (Lei nº 8.617/93):
Brasil e as 200 milhas unilateralmente
• Pressão internacional
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Mar Territorial – “Uma zona de mar adjacente”

•Estende-se até 12 milhas náuticas (uma milha marítima tem 1.852 metros) da linhas
de base: 22,2 km de território marítimo.
•Uma zona de mar subjacente em que a soberania do Estado costeiro estende-se além
de seu território e das suas águas interiores (situadas no interior da linha de base do
mar territorial), englobando o espaço aéreo sobrejacente, bem como o leito e o
subsolo do mar.
•Estado exerce soberania plena sobre a massa líquida, sobre o espaço aéreo
sobrejacente, bem como também sobre o leito e o subsolo deste mar.

•Os navios estrangeiros no Mar Territorial brasileiro estarão sujeitos aos


regulamentos estabelecidos pela lei brasileira.
Lei n. 7565/86. art. 11: O Brasil exerce completa e
exclusiva soberania sobre o espaço aéreo acima de seu
território e mar territorial.
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Zona Contígua (ZC)

•Estende-se de 12 (logo após o MT) a 24 milhas marítimas


•Estado costeiro não tem soberania plena – capacidade de controle relativo
• Estado poderá adotar as medidas de fiscalização necessárias para:
• a) Evitar as infrações às leis e aos regulamentos aduaneiros, fiscais, de
imigração ou sanitários, no seu território ou no seu mar territorial; e
• b) Reprimir as infrações às leis e aos regulamentos no seu território ou no
seu mar territorial.
• Ex:
• Inspeções sanitárias em navios (a fim de impedir alguma epidemia no
território)
• Inibir a entrada de imigrantes ilegais
• Evitar que seres humanos sejam transportados de forma degradante
• Adotar medidas aduaneiras e fiscais, etc.
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DISCIPLINA: Ciência Política e Teoria do Estado
Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais

Zona Econômica Exclusiva (ZEE)

•Estende-se das 12 às 200 milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem
para medir a largura do mar territorial
•Estado costeiro exerce direitos específicos para fins econômicos:

• Exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais, vivos


ou não vivos, das águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e seu
subsolo, e a outras atividades com vistas à exploração e ao aproveitamento da
zona para fins econômicos.

•Direitos especiais para a investigação científica marinha e para a produção de energia (água,
correntes e ventos).
• Um Estado pode permitir que outro faça investigação científica marinha em sua
ZEE
• O Estado costeiro tem o dever de proteger e preservar o meio marinho desta área.
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Plataforma Continental (PC) – Continental Shelf

•Soberania é limitada ao exercício de direitos para efeitos de exploração dos recursos


naturais.
•Mas quais são os seus limites?

• O leito e o subsolo das áreas submarinas que se estendem além do seu


mar territorial, em toda a extensão do prolongamento natural de seu
território terrestre, até o bordo exterior da margem continental, ou até
uma distância de duzentas milhas marítimas das linhas de base, a partir
das quais se mede a largura do mar territorial, nos casos em que o bordo
exterior da margem continental não atinja essa distância.
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Plataforma Continental (PC) – Continental Shelf

•Convenção de Montego Bay (1982):


• O limite exterior da PC coincidirá com o limite da ZEE (200 milhas
náuticas).
• Então, é: para que demarcar uma região específica que cumpriria os
mesmos objetivos da ZEE?
• É que os limites entre a ZEE e a PC coincidirão somente se as
inclinações abruptas ocorrerem nos limites das 200 milhas.
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Plataforma Continental Estendida

•A faixa de mar que se encontra entre 200 e 350 milhas do litoral.


•A dimensão exata da PC estendida:
• Levantamento físico feito pelo Estado costeiro.
• Brasil fez o levantamento completo de sua PC
• Acabou por ganhar uma área chamada de “Amazônia Azul”
• Pré-sal: exploração das reservas de hidrocarbonetos
Resposta a pergunta da última aula sobre a existência de profundidade para o estabelecimento da
plataforma continental (PC):

Parecer: A definição da PC e os critérios para o estabelecimento de seus limites externos

    A definição da pc e os critérios pelos quais um Estado costeiro pode estabelecer os limites externos
de sua pc estão estabelecidos no artigo 76 da Convenção. 

    O termo "pc" é usado por geólogos geralmente para significar a parte da margem continental que
está entre a linha da costa e a quebra da plataforma ou, onde não há declive perceptível, entre a linha
da costa e o ponto onde a profundidade da água adjacente é aproximadamente entre 100 e 200
metros. 
No entanto, este termo é utilizado no artigo 76 como um termo jurídico. Conforme o Art.
76, “1. A plataforma continental de um Estado costeiro compreende o leito e o subsolo das áreas
submarinas que se estendem além do seu mar territorial, em toda a extensão do prolongamento
natural do seu território terrestre, até ao bordo exterior da margem continental, ou até uma
distância de 200 milhas marítimas das linhas de base a partir das quais se mede a largura do mar
territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental não atinja essa distância. ”

“3. A margem continental compreende o prolongamento submerso da massa terrestre do Estado


costeiro e é constituída pelo leito e subsolo da plataforma continental, pelo talude e pela
elevação continental. Não compreende nem os grandes fundos oceânicos, com as suas cristas
oceânicas, nem o seu subsolo”.
  
Resposta a pergunta da última aula sobre a existência de profundidade para o estabelecimento da
plataforma continental (PC):

Continuação .... Parecer: A definição da PC e os critérios para o estabelecimento de seus limites


externos

    Parte do parágrafo 5° do art. 76 faz referência a uma profundidade, mas para indicar o ponto
(isóbata de 2.500m) a partir de onde se começa a contar as 100 milhas marítimas que podem vir a
serem usadas para determinar os limites exteriores da plataforma continental. Mas, por ser o ponto de
início e não o ponto final, é possível afirmar que o critério não é profundidade, mas sim as milhas
marítimas.
  

Art. 76, parágrafo 5. “Os pontos fixos que constituem a linha dos limites exteriores da plataforma
continental no leito do mar, traçada de conformidade com as sub-alíneas i) e ii) da alínea a) do
parágrafo 4º, devem estar situadas a uma distância que não exceda 350 milhas marítimas da
linha de base a partir da qual se mede a largura do mar territorial ou a uma distância que não
exceda 100 milhas marítimas da isóbata de 2500 metros, que é uma linha que une profundidades
de 2500 metros.”
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O POVO: TRAÇOS CARACTERÍSTICOS E DISTINTIVOS

•Uso amplo e indiscriminado: confusão com população e nação


•O conceito de povo em seu sentido jurídico-político:
• Conceito relacionado ao vínculo da nacionalidade entre a pessoa e o Estado.
• Povo: “o conjunto de indivíduos que em um dado momento se unem para
constituir o Estado, estabelecendo, assim, um vínculo jurídico de caráter
permanente”.
• Do vínculo citado surge a NACIONALIDADE:
• Ela é um atributo que capacita os indivíduos a se tornarem cidadãos
• Como cidadão participam da formação da vontade do Estado e do
exercício do poder soberano.
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A diferenciação entre os conceitos de povo e população

•Povo é o elemento humano do Estado. É um conceito mais restrito que o de população.


•Para ser povo precisa do vínculo jurídico-político direto com o Estado: a nacionalidade.
•População:
• Expressão numérica, demográfica ou econômica, que abrange o conjunto de
pessoas que vive no território de um Estado ou mesmo que se encontre nele
temporariamente.
• Ex:
• Brasileiro estudando nos EUA:
• Não faz parte da população brasileira, mas faz do povo
brasileiro. Ele é cidadão brasileiro.
• Faz parte da população dos EUA, mas não é cidadão americano
(não faz parte do povo dos EUA).
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O conceito de “nação” a partir da análise de “povo”

•Conceito inventado nos séculos XIV e XV. Exportado para o mundo no séc. XX.
•Nação:
• Refere-se a uma coletividade real que se sente unida pela origem comum,
pelos laços linguísticos, culturais ou espirituais, por interesses, ideias e
aspirações comuns.
• Grupo constituído por pessoas que, não necessitando ocupar um mesmo
espaço físico, compartilham dos mesmos valores axiológicos (padrão
dominante de valores) e são movidos pela vontade de comungar um mesmo
destino.
• Elementos importantes que são importantes para configurar uma nação:
• Religião, língua, cultura.
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O conceito de “nação” a partir da análise de “povo”

•Não precisam reunir todos os elementos acima


•O conceito de nação não tem no território um elemento essencial.
•Povos que se reconhecem como parte de uma nação, mas não possuem um território
próprio
• Os Curdos (espalhados em partes do Irã, do Iraque, da Síria e da Turquia)
• Os Bascos (norte da Espanha e sul da França)
• Os caxemires (entre Índia, Paquistão e China).
• Elementos de uma mesma nação podem estar vivendo em Estados
diferentes.
• Embora entendam fazer parte da mesma nação, fazem parte, sob a
perspectiva aqui analisada, de diferentes povos.
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SOBERANIA: O IMPÉRIO ESTATAL E SUA BASE DE SUSTENTAÇÃO

•Uma das bases de sustentação do Estado Moderno


•Uma construção intelectual do Estado Moderno em oposição ao fragmentado poder da
era medieval.
•Perspectiva interna:
• O conceito de soberania expressa uma específica situação de quem
comanda, ou seja, a plenitude da capacidade de direito em relação aos
demais poderes dentro do Estado.

• O poder do Estado é o mais alto existente dentro do Estado.


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SOBERANIA: O IMPÉRIO ESTATAL E SUA BASE DE SUSTENTAÇÃO

•Perspectiva externa:

• Atributo que possui o Estado Nacional de não ser submetido às vontades


estatais estrangeiras, já que situado em posição de igualdade para com elas
(princípio da horizontalidade).
• Capacidade de subsistência por si da ordem jurídica estadual
• As regras jurídicas estabelecidas no âmbito estatal são derivadas da
emanação do poder soberano do Estado.
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A evolução histórica do conceito de soberania

•A soberania é um fenômeno histórico: o conceito é reflexo da realidade


experimentada em uma determinada era política.
•A ideia de soberania nem sempre existiu.
• Ela é entendida como uma construção intelectual do Estado Moderno em
oposição ao fragmentado poder da era medieval.
• Precisava de um alicerce teórico para reafirmar a autonomia do
monarca absoluto.
• O termo soberano existia na Idade Média, mas não se conhecia o termo
“soberania”.
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A evolução histórica do conceito de soberania

•A construção do conceito inicia-se por meio de Jean Bodin.


• 1º grande teórico da soberania.
• Com sua obra Les six livres de République (Os seis livros da República)
• Buscava legitimar o poder do Rei de França no contexto de disputa entre
o poder temporal e o poder espiritual, entre os seus principais rivais.
• Reafirmar independência política em relação ao Império e ao
Sacerdócio.
• Para tanto defendeu a tese da soberania absoluta do Estado.
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Leitura dirigida:

Em Bodin, a soberania é una, indivisível, irrevogável, perpétua, indelegável,


ou seja, é um poder supremo que não pode ser desafiado por qualquer tipo
de oposição. Com esta construção teórica, embora seja um homem de forte
religiosidade, ele coloca em xeque o paradigma do sistema medieval, cuja
concepção de mundo buscava demonstrar a prioridade do poder espiritual
sobre o poder temporal (ou, no limite, concordar sobre a necessidade de
conciliação entre eles). A Idade Moderna aos poucos inverterá esta lógica.
Para consolidar o poder do monarca absoluto, foi necessária a construção de
uma doutrina capaz de fortalecer a posição do monarca absolutista perante
seus principais rivais.
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A evolução histórica do conceito de soberania

•A contribuição contratualista:
• Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau reavaliarão e
desenvolverão a ideia de soberania.
• Hobbes:
• Objetivo de legitimar a supremacia do monarca perante seus súditos
• Apoio aos reis temporais com os objetivos de emancipar-se da
autoridade papal e negociar com liberdade
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A evolução histórica do conceito de soberania

•A contribuição contratualista:

• Locke:
• A soberania não residia nem no monarca, nem no Estado, mas na
população.
• O Estado somente é merecedor de respeito se ele próprio respeita as
leis civis e as leis naturais.
• Jean-Jacques Rousseau:
• A soberania do povo é inalienável e indivisível
• Faz o deslocamento da soberania em direção ao povo, recusando-se
qualquer limite a esta.
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A evolução histórica do conceito de soberania

•Um período de mudanças e reflexões:


• A perda de autonomia dos Estados nacionais diante do sistema
internacional pós-social (pós-moderno) .

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