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9ª EDIÇÃO –
2021/2022
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PRIMEIRA CONVERSA GEOGRÁFICA 4
Bons Estudos!!
Luiz Cidade
Diretor
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PRIMEIRA CONVERSA GEOGRÁFICA 5
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Conteúdo
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PRIMEIRA CONVERSA GEOGRÁFICA 10
Vamos começar pessoal?! Antes de iniciar os capítulos traremos algumas conceituações que serão fundamentais ao longo de
toda a apostila.
A Geografia se interessa pelas relações estabelecidas entre a sociedade e a natureza. Para tanto, busca compreender quem
é, a sociedade e o que é a natureza. Os pesquisadores identificaram que, com a ação humana, o meio natural/intocado sofre
uma artificialização e instrumentalização. A sociedade desenvolve técnicas para habitar e construir e, altera a configuração
de um meio natural para um meio técnico. Com o processo histórico vivido pela sociedade ocidental e a aceleração
proveniente da famosa globalização, chegamos na etapa do meio técnico-científico-informacional.
O meio natural não é destituído de técnica e por isso o geógrafo Milton Santos negou o uso do termo “pré-técnico”. O que
as sociedades desenvolviam através da domesticação de plantas e animais, o uso do fogo, construção de mantimentos e
outras atividades, são técnicas, mas optou-se por definir o estágio da técnica a partir da mecanização, ou seja, do uso de
máquinas.
O espaço mecanizado passa a diferenciar as sociedades e os Estados em função da presença de objetos técnicos. O homem
concede a si mesmo o status de poderoso a medida que avança sobre a natureza em dominação e concomitantemente se
diferencia de outros homens pelas posses maquinizadas.
“Utilizando novos materiais e transgredindo a distância, o homem começa a fabricar um tempo novo, no trabalho, no
intercâmbio, no lar” (SANTOS, 2006, p.158).
O meio-técnico-científico-informacional representa a união entre técnica e ciência na lógica mercantil (a ciência, a
tecnologia e o mercado global caminham juntos atendendo aos interesses da propriedade privada). A informação é a energia
de circulação das técnicas que se apresentam em toda parte (e a todo instante) como necessidades. Esse momento é
temporalmente identificado a partir da Segunda Guerra Mundial mas se consolida após a década de 70.
Essa primeira ideia trazida na apostila é fundamental para que percebam ao longo dos capítulos o que é, afinal, a Geografia
e que passem a identificá-la em seu cotidiano. Vivemos em um meio técnico-científico-informacional e vocês verão, no
decorrer do curso, que a Geografia está mais presente no dia-a-dia do que podiam imaginar. A Geografia está em toda parte.
Biblioteca do Geógrafo: MILTON SANTOS Natureza do Espaço: Técnica e tempo. Razão e Emoção.
BONS
ESTUDOS!
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UM NORTE PARA O ESTUDO: ALGUMAS CATEGORIAS GEOGRÁFICAS 11
Antes de iniciar o primeiro capítulo do primeiro módulo ainda se faz necessário refletir sobre algumas questões muito caras à
Geografia: suas categorias. Elas serão imprescindíveis ao longo do estudo, ok?! O ESPAÇO GEOGRÁFICO é resultado da ação
humana. Conhecendo o meio técnico-científico-informacional, compreende-se como o homem se especializa e por sua vez,
como o espaço se configura. O espaço é a totalidade, onde as técnicas atuam e intervêm. O homem deixa marcas no espaço
por meio dos objetos, dos monumentos, das construções e etc. É o chamado patrimônio que se configura nas PAISAGENS
urbanas e rurais.
O espaço, enquanto totalidade pode ser dividido em outras escalas como a Paisagem que é vista como um conjunto de formas
e objetos existentes por uma construção transversal (passado e presente). No entanto, por mais que pertença ao presente (à
história viva) é história congelada e praticamente imutável, possibilitando o desenvolvimento da ideia de patrimônio. Milton
Santos discorre sobre as rugosidades que são o “passado como forma, espaço construído, a paisagem, o que resta do processo
(...)” (SANTOS, 2006, p.92). As rugosidades são os testemunhos do passado que ainda existem/persistem na atualidade.
Outra escala de análise do espaço geográfico é o TERRITÓRIO. Este é concebido por
relações de poder, ou seja, é um recorte do espaço onde se pode identificar ações de poder.
Além disso, um território sugere a existência de apropriação. Um sujeito que se insere em
um território, possuiu um sentimento de pertencimento. Um território pode ser um Estado-
nação, uma tribo indígena, um grupo de quilombolas, torcidas organizadas, funcionários de
uma fábrica e outros.
Para finalizar, a REGIÃO precisa ser mencionada. Ao longo da história da Geografia essa
categoria já teve mais visibilidade e era entendida de uma forma diferenciada. Hoje ela se
apresenta no processo de regionalização verificado juntamente com a mundialização. O
tempo acelerado que diferencia os eventos, diferencia também os lugares e, desta forma,
intensifica o fenômeno da região (da regionalização).
Todas essas categorias estarão presentes ao longo do curso e poderão ser entendidas e
aplicadas com maior precisão.
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O ESPAÇO GEOGRÁFICO BRASILEIRO 12
Para compreender a formação do território nacional brasileiro é necessário entender o que é FRONTEIRA. A partir do avanço
de fronteiras, os europeus chegaram na América; com o rompimento de fronteiras, a colônia portuguesa tornou-se bem maior
do que o previsto no Tratado de Tordesilhas; pelo fortalecimento de fronteiras, o Brasil manteve-se em sua unidade, enquanto a
colônia espanhola fragmentou-se em diversos países; pela fronteira marítima, o Brasil se destaca internacionalmente na produção
de petróleo. Esses são apenas exemplos da força da fronteira frente a um território.
As fronteiras naturais são zonais, ou seja, modificam-se a partir de certa dinâmica temporal passível de previsão (na maioria dos
casos). As marés são exemplos de modificação de fronteira movida por fases temporais, onde os limites entre a superfície terrestre
e o oceano se alteram. As fronteiras imóveis e lineares são resultado da ação humana, principalmente no âmbito político. O que
é um mapa político senão a representação dos limites territoriais de um país?
O Estado-nação é uma fronteira humana que se fundamenta na constituição de um território, no nosso caso, o Brasil. O território
brasileiro não é uma fronteira natural, mas sim uma construção política e histórica que expressa uma apropriação realizada pelo
homem. O Brasil foi descoberto? Não, o Brasil foi constituído pela posse do território e as relações de poder que se estabeleceram
pelo uso da terra. O território nacional é um espaço com fronteiras onde o Estado brasileiro tem sua soberania legitimada pela
CF/88.
Mas afinal, você sabe onde acaba e onde começa o Brasil? A leste, com certeza no mar. A norte, sul e oeste o território brasileiro
faz fronteira com outros países e não possuímos postos de fronteira rodeando toda essa extensão, ou seja, a exatidão do mapa
pode não representar com precisão a vida nessas localidades fronteiriças. Os postos, por conseguinte, são fundamentais para
que negócios ilegais não se efetuem com facilidade. O cuidado com essas zonas compete exclusivamente à União.
Nosso mar territorial, a imensa Amazônia Azul que possuímos, é fundamental na economia brasileira. A ONU definiu em 1994 que
uma faixa de 12 milhas náuticas (aproximadamente 22,2 quilômetros) a partir da linha de base da costa, pertence à nação. O
Estado exerce seu poder com totalidade, mas não possui autonomia de impedir o tráfego de embarcações internacionais.
Além disso, o país pode ter como ZEE (Zona Econômica Exclusiva) uma faixa de exploração dos recursos naturais de 200 milhas
náuticas, podendo ser estendida para 350 milhas náuticas caso comprove-se a presença de plataforma continental igualmente
extensa. O governo ganha o direito ao uso e se compromete a zelar pela saúde da área explorada. O Brasil ganhou o direito de
aumento da área de ZEE após pesquisas minuciosas realizadas pela Marinha e pela Petrobrás e hoje possui cerca de 4 milhões
de quilômetros quadrados de área.
Mas o que é Plataforma Continental? Vamos compreender esse e outros conceitos. Veja a figura abaixo:
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O ESPAÇO GEOGRÁFICO BRASILEIRO 13
A plataforma continental é a extensão submersa do relevo terrestre que se dissipa na camada íngreme do talude. Após o talude,
é alto-mar, onde a ausência de luz e a imensa profundidade fazem do oceano algo ainda muito misterioso para os estudiosos da
área.
DICIONÁRIO DO GEÓGRAFO:
CITAÇÃO BIBLIOGRÁFICA
A soberania brasileira não se limita apenas às suas terras de superfície. Também fazem parte do
território nacional seu subsolo, espaço aéreo e mar territorial. Por essa razão, o Brasil tem o
direito de explorar recursos minerais, energéticos, água subterrânea, etc., além de poder fiscalizar
o tráfego realizado no espaço aéreo sobre seu território terrestre e mar territorial,
Embora o Brasil não apresente qualquer questão a ser resolvida em suas fronteiras terrestres, uma
forte vigilância é exercida nesses locais, mesmo com a atividade sendo dificultada pela grande
extensão e a presença da floresta Amazônica no norte do país.
LEITURA COMPLEMENTAR
Um tesouro escondido no fundo do mar, repleto de riquezas minerais e biológicas espalhadas por mais de quatro milhões de
quilômetros quadrados. Este patrimônio nacional, ainda desconhecido por boa parte dos brasileiros, é a Amazônia Azul.
O território apresenta enorme potencial de desenvolvimento para o País e, assim como a Amazônia verde, está ameaçado pelos
interesses internacionais e pela biopirataria. Algumas iniciativas já foram tomadas no sentido de reunir esforços para definir
estratégias de melhor aproveitamento e exploração da região.
Em dezembro de 2008, o governo federal lançou o 7º Plano Setorial para os Recursos do Mar (PSRM). Em março último, terminou
o 4º Ano Polar Internacional, cujo objetivo foi o de desenvolver pesquisas científicas para conhecer os ambientes nos polos Ártico
e Antártico, suas mudanças climáticas e a interação com o meio ambiente da Terra.
No mês passado, a Universidade Federal de Rio Grande (Furg), no Rio Grande do Sul, sediou o 1º Fórum Brasileiro da Amazônia
Azul e Antártica, que trouxe reflexões acerca das necessidades e dificuldades das pesquisas marítimas e na Antártica.
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O ESPAÇO GEOGRÁFICO BRASILEIRO 14
Recursos do mar
O Fórum reuniu por três dias mais de 500 participantes, entre estudantes de graduação, pós-graduação, pesquisa e técnicos dos
ministérios do Meio Ambiente (MMA), Ciência e Tecnologia (MCT), Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca (Seap) e Marinha.
Além de discussões sobre a importância dos oceanos, do mar e Antártica, o encontro discutiu avanços na cooperação
oceanográfica e o uso das pesquisas como estratégia econômica para explorar o potencial pesqueiro. No fim dos debates, os
participantes apresentaram uma síntese das propostas, que fará parte de um documento a ser encaminhado ao Congresso
Nacional.
O relatório final apresentado no fórum alerta para a necessidade de que os temas do oceano, dos mares e da Antártica tenham
a devida relevância por parte das políticas públicas.
Outro desafio apontado pelos pesquisadores refere-se à quantidade e continuidade de recursos destinados às pesquisas no mar.
"É importante dar a esta área o correspondente prestígio, tendo em vista seu potencial econômico e social", diz a vice-presidente
do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT), Wrana Panizzi, que representou o ministro Sergio
Rezende na mesa de encerramento do Fórum.
O documento salienta ainda a importância da formação e preparação de profissionais, além de chamar a atenção para questões
de caráter mais operacional, como a valorização da experiência embarcada como instrumento de formação de recursos humanos.
E, mesmo com os avanços da cooperação da comunidade na área oceanográfica, é preciso que haja colaboração internacional e
entre as instituições.
No final do 1º Fórum Brasileiro da Amazônia Azul, a Seap e a Furg assinaram um Acordo de Cooperação Técnica que possibilita
ações conjuntas para o desenvolvimento da cadeia produtiva da anchoíta, um pescado comum na costa brasileira, mas que ainda
é pouco aproveitado economicamente.
O acordo também pretende promover ações para consolidar a pesca da anchoíta no País, fortalecer a indústria pesqueira de Rio
Grande e elaborar produtos de anchoíta para consumo direto humano, priorizando a alimentação escolar.
O Fórum se encerrou com o lançamento do livro Mar e Ambientes Costeiros, organizado pelo Centro de Gestão e Estudos
Estratégicos (CGEE/MCT). A publicação, que reúne trabalho de vários pesquisadores da área de oceanografia, sugere ações a
serem empreendidas para subsidiar políticas públicas não apenas para o desenvolvimento da ciência, mas também para o
aproveitamento dos recursos naturais do mar.
Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=amazonia-azul-oceano-tao-rico-quanto-amazonia-verde#.VMoGTivF-
Para se chegar na atual configuração do território nacional foram necessários muitos litígios que, por um processo paulatino,
constituíram a historiografia de cada localidade. Vale ressaltar que, por muito tempo, os brasileiros se estabeleceram no litoral
com uma economia voltada ao mercado externo (e inicialmente à metrópole). Só a partir do século XX, com o processo de
industrialização, que efetivamente ocorreu o desenvolvimento do interior do Brasil e de seu mercado interno.
A formação da população brasileira deu-se a partir da concentração da propriedade de terra e a formação de elite (juntamente
com a exclusão). O Tráfico negreiro pelo atlântico, o extermínio gradual de populações indígenas e a migração européia
(intensificada em meados do século XIX) foram fatores fundamentais ao processo de consolidação do Estado brasileiro.
Com a “descoberta” da América, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas (figura ao lado) que parcelava a América
do sul em dois domínios. Inicialmente, os portugueses não se deslocaram para suas colônias americanas e apenas com a
instituição do sistema de capitanias hereditárias é que o processo de colonização começou a acontecer (e se estendeu até o dia
7 de setembro de 1822).
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O limite estabelecido no tratado não foi cumprido na prática e o domínio português ampliou-se consideravelmente. Em 1750,
uma nova fronteira foi fixada pelo Tratado de Madri que substitui o Tratado atual. Pelo tratado, ambas as partes reconheciam ter
violado o Tratado de Tordesilhas na Ásia e na América e concordavam que, a partir de então, os limites deste tratado se
sobreporiam aos limites anteriores.
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O diploma consagrou o princípio do direito privado romano do uti possidetis, ita possideatis (quem possui de fato, deve possuir
de direito), delineando os contornos aproximados do Brasil de hoje. Após a independência do Brasil e até recentemente, novos
territórios foram inseridos ou renomeados e entre eles o do Acre que pertencia à Bolívia até 1903, anexado por meio do Tratado
de Petrópolis e alguns renomeados, outros foram realocados e muitos criados (inclusive capitais como Palmas, Goiânia e Brasília).
O conjunto de mapas na página seguinte faz um histórico sucinto do processo de organização territorial do Brasil. Observe que o
Acre, até o século XX não pertencia ao país e estados como Goiás, Mato Grosso e Santa Catarina tiveram suas áreas modificadas.
A formação de Rondônia, Mato Grosso do Sul, Amapá e Tocantins fazem parte de processos bem recentes.
Durante o processo de consolidação do Brasil foram criados alguns territórios federais que eram administrados pela União e,
portanto, não tinham autonomia de um estado. O Objetivo era dar mais atenção as áreas de fronteira. O primeiro foi criado no
Acre e posteriormente vieram os territórios do Rio Branco na atual Roraima; do Amapá; do Guaporé na atual Rondônia, de Ponta
Porã que hoje pertence ao Mato Grosso do Sul e do Iguaçu hoje parte do Paraná e Santa Catarina. Com o tempo esses territórios
foram elevados à condição de estado ou inseridos em algum estado já existente. Em 1977 o Mato Grosso se dividiu originando o
Mato Grosso do Sul e em 1988 Goiás cedeu parte de seu território para a construção de Tocantins.
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O Brasil parou de se modificar? Chegamos na feição final do nosso território? Não é possível afirmar isso vivendo em um mundo
tão dinâmico (o meio técnico-científico-informacional).
A seguir, a Figura 5 retrata algumas territoriais envolvendo o Brasil e a composição de suas fronteiras, bem como algumas
indicações de Música, Livro e Cinema que nos auxiliam a entender a história de construção do espaço brasileiro.
Figura 5: Brasil - Questões limites. Referência Bibliográfica Brasil Sociedade e Espaço: José William Vesentini.
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