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Tópicos de Matemática

Autores: Prof. Miguel Luis Folchetti Filho


Profa. Patrícia Aparecida Campos
Colaboradores: Prof. Pedro José Gabriel Ferreira
Prof. Ricardo Scalão Tinoco
Prof. Olavo Ito
Professores conteudistas: Miguel Luis Folchetti Filho /
Patrícia Aparecida Campos

Miguel Luis Folchetti Filho a distância nos cursos de Matemática: Estatística 1,


Estatística 2, Matemática Aplicada 1, Matemática Aplicada 2,
Licenciado em Matemática pela Universidade de Fundamentos de Geometria e Geometria Descritiva. Foi
São Paulo (USP), pós‑graduado em Matemática Pura líder das disciplinas: Geometria Plana com ênfase em
pela Universidade de São Paulo (USP), especialista em informática, Geometria Espacial e Geometria Descritiva na
Psicopedagogia Institucional e mestre em Educação graduação em Matemática.
Matemática pelo Programa PROFMAT coordenado pela
Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), com apoio do Patrícia Aparecida Campos
Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa).
Licenciada em Física pelo Instituto de Física da
Possui experiência na área de ensino da Matemática, Universidade de São Paulo (USP) e em Matemática com
tendo trabalhado como professor no Ensino Médio e no mestrado em Educação Matemática pelo Programa Profmat,
Ensino Superior. No ensino médio, trabalha em colégios coordenado pela Sociedade Brasileira de Matemática (SBM),
particulares de São Paulo, tanto o currículo brasileiro como o com apoio do Instituto Nacional de Matemática Pura e
International Baccalaureate® (IB) Diploma Programme (DP). Aplicada (Impa).
Também desenvolveu e ministrou cursos preparatórios para
alunos participarem de Olimpíadas Nacionais e Internacionais Possui vasta experiência como professora de ensino
de Matemática, tendo eles obtidos grande êxito. médio e cursos pré‑vestibulares, de Matemática e Física,
tendo, nos últimos anos, se dedicado exclusivamente
No ensino superior, ministrou aulas presenciais, ao departamento de Matemática em grandes colégios
semipresenciais e a distância na Universidade Paulista particulares da cidade de São Paulo e da Grande São Paulo.
(UNIP); lecionando no curso presencial de Engenharia as Além disso, preparou alunos graduados de diversas áreas
seguintes disciplinas: Tópicos de Matemática Aplicada, para ingressarem em curso de pós‑graduação Latu Sensu
Cálculo de Funções de uma Variável e Geometria Analítica, e Stricto Sensu. E também participou de Olimpíadas de
Cálculo de Funções de Várias Variáveis e seus Operadores, Matemática como aluna e prepara alunos para esse projeto,
Equações Diferenciais, Estatística Descritiva e Estatística tanto em nível nacional como internacional. Nas últimas
Indutiva; e as seguintes disciplinas semipresenciais e edições, tais alunos têm obtido resultados notáveis.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

F663t Folchetti Filho, Miguel Luís.

Tópicos de Matemática / Miguel Luís Folchetti Filho, Patrícia


Aparecida Campos. - São Paulo: Editora Sol, 2022.

276 p., il.

Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e


Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.

1. Matrizes. 2. Funções. 3. Áreas de figuras. I. Campos, Patrícia


Aparecida. II. Título.

CDU 51

U514.60 – 22

© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
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Vice-Reitora de Unidades do Interior

Unip Interativa

Profa. Elisabete Brihy


Prof. Marcelo Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli

Material Didático

Comissão editorial:
Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
Profa. Dra. Angélica L. Carlini
Profa. Dra. Ronilda Ribeiro

Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista
Profa. Deise Alcantara Carreiro

Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto

Revisão:
Jaci Albuquerque de Paula
Bruno Barros
Sumário
Tópicos de Matemática

APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................9

Unidade I
1 MATRIZES............................................................................................................................................................ 11
1.1 Conhecimentos prévios...................................................................................................................... 11
1.1.1 Conjuntos numéricos..............................................................................................................................11
1.1.2 Método de resolução da equação do 2º grau.............................................................................. 12
1.2 Definição................................................................................................................................................... 12
1.3 Representação........................................................................................................................................ 13
1.3.1 Representação genérica de uma matriz......................................................................................... 15
1.4 Tipos de matrizes................................................................................................................................... 22
1.4.1 Matriz linha................................................................................................................................................ 22
1.4.2 Matriz coluna............................................................................................................................................ 22
1.4.3 Matriz quadrada....................................................................................................................................... 22
1.4.4 Matriz nula................................................................................................................................................. 23
1.4.5 Matriz identidade.................................................................................................................................... 23
1.5 Igualdade de matrizes......................................................................................................................... 23
1.6 Operação com matrizes...................................................................................................................... 28
1.6.1 Adição e subtração de matrizes......................................................................................................... 28
1.6.2 Multiplicação de um número real por uma matriz................................................................... 35
1.6.3 Matriz transposta.................................................................................................................................... 39
1.6.4 Multiplicação de matrizes.................................................................................................................... 40
1.6.5 Matriz inversa............................................................................................................................................ 46
1.7 Determinantes........................................................................................................................................ 52
1.7.1 Determinante de uma matriz quadrada de ordem 2................................................................ 52
1.7.2 Determinante de uma matriz quadrada de ordem 3................................................................ 53
2 SISTEMAS LINEARES....................................................................................................................................... 55
2.1 Equação linear........................................................................................................................................ 55
2.2 Sistema linear......................................................................................................................................... 55
2.3 Solução de um sistema linear.......................................................................................................... 56
2.4 Sistema linear homogêneo............................................................................................................... 56
2.5 Classificação de um sistema linear................................................................................................ 57
2.6 Regra de Cramer.................................................................................................................................... 59
2.7 Escalonamento....................................................................................................................................... 62
2.7.1 Escalonando um sistema...................................................................................................................... 63
Unidade II
3 FUNÇÃO AFIM E FUNÇÃO QUADRÁTICA................................................................................................. 78
3.1 Função afim ou de 1º grau................................................................................................................ 78
3.1.1 Lei e gráfico da função afim............................................................................................................... 79
4 FUNÇÃO QUADRÁTICA OU DE 2º GRAU................................................................................................100
4.1 Lei e gráfico da função quadrática..............................................................................................102
4.2 Otimização da função quadrática................................................................................................111

Unidade III
5 FUNÇÕES EXPONENCIAL E LOGARÍTMICA...........................................................................................135
5.1 Função exponencial............................................................................................................................135
5.1.1 Conhecimentos prévios...................................................................................................................... 136
5.1.2 Propriedades da potenciação........................................................................................................... 137
5.1.3 Equação exponencial........................................................................................................................... 140
5.1.4 A função exponencial......................................................................................................................... 142
5.1.5 Inequação exponencial....................................................................................................................... 148
5.2 Função logarítmica.............................................................................................................................156
5.2.1 Definição e condição de existência............................................................................................... 157
5.2.2 Propriedades dos logaritmos........................................................................................................... 158
5.2.3 Equação logarítmica............................................................................................................................ 162
5.2.4 Função logarítmica.............................................................................................................................. 166
5.2.5 Inequação logarítmica........................................................................................................................ 175
6 FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS..................................................................................................................182
6.1 A função seno.......................................................................................................................................183
6.2 A função cosseno................................................................................................................................187
6.3 A função tangente..............................................................................................................................187

Unidade IV
7 ÁREAS DE FIGURAS PLANAS.....................................................................................................................199
7.1 Conhecimentos prévios....................................................................................................................199
7.1.1 Triângulo retângulo............................................................................................................................. 199
7.1.2 Trigonometria no triângulo retângulo......................................................................................... 200
7.2 Triângulo.................................................................................................................................................201
7.3 Quadrado................................................................................................................................................205
7.4 Retângulo...............................................................................................................................................205
7.5 Paralelogramo.......................................................................................................................................206
7.6 Losango...................................................................................................................................................206
7.7 Trapézio...................................................................................................................................................206
7.8 Círculo......................................................................................................................................................207
7.9 Coroa circular........................................................................................................................................208
7.10 Setor circular......................................................................................................................................208
7.11 Unidades de medida de comprimento.....................................................................................209
7.12 Unidades de medida de área........................................................................................................210
8 VOLUMES E ÁREAS DE SUPERFÍCIES DE FIGURAS ESPACIAIS.....................................................222
8.1 Unidade de medidas de capacidade............................................................................................222
8.2 Prismas....................................................................................................................................................223
8.2.1 Área da superfície total de um prisma......................................................................................... 225
8.2.2 Volume de um prisma......................................................................................................................... 226
8.2.3 Paralelepípedo........................................................................................................................................ 226
8.2.4 Cubo........................................................................................................................................................... 227
8.3 Pirâmides................................................................................................................................................234
8.3.1 Área da superfície total de uma pirâmide.................................................................................. 235
8.3.2 Volume de uma pirâmide.................................................................................................................. 236
8.4 Cilindros..................................................................................................................................................241
8.4.1 Área da superfície total de um cilindro....................................................................................... 242
8.4.2 Volume de um cilindro....................................................................................................................... 243
8.5 Cones........................................................................................................................................................248
8.5.1 Área da superfície total de um cone............................................................................................. 249
8.5.2 Volume de um cone............................................................................................................................. 250
8.6 Esferas......................................................................................................................................................253
APRESENTAÇÃO

Caro estudante, este livro-texto apresenta conteúdos elementares de diversas áreas da matemática.
Sabemos que alguns destes foram vistos apenas superficialmente no ensino médio, por alguns; se for o seu
caso, não precisa se preocupar, aqui, cada conteúdo será detalhado e desenvolvido gradativamente, para
que possa se apropriar independentemente do conhecimento prévio que já possui. Quando necessário,
inserimos observações específicas para ajudar na compreensão e na aprendizagem; o texto também conta
com seções em que fazemos referências a outros materiais para aprofundamento ou curiosidade.

Esta disciplina trará elementos essenciais para prosseguir o estudo em cursos da área de exatas e
servirá de base para várias disciplinas da área de matemática que tratem de cálculo com geometria
analítica, cálculo de funções de variáveis e equações diferenciais, além disso, também é muito relevante
para a compreensão de disciplinas da área de física, servindo de referência para o acompanhamento ao
longo do curso até como material de consulta, já que é uma disciplina básica e essencial.

Apresentaremos as matrizes, sua utilidade e aplicação na resolução de sistemas lineares e como elas
podem modelar matematicamente situações da vida profissional. Esse estudo tem origem na metade
do século XIX e foi fundamental para o desenvolvimento científico da época, estando profundamente
ligado aos campos de matemática, física e computação.

Ao estudar os diferentes tipos de funções aqui tratados, será possível resolver problemas que
possam ser modelados por funções afim, quadrática, exponencial, logarítmica ou trigonométrica.
Muitos fenômenos do cotidiano podem ser representados e previstos por tais funções, como exemplos:
cálculos de contas de água, energia, gás e outras contas de consumo; a obtenção do preço ótimo a
ser cobrado por um serviço para maximizar a receita de um empreendimento; o montante gerado
por investimento ou empréstimo sob regime de capitalização simples ou composta; crescimento
ou decrescimento de diversas populações; decaimento radioativo; quantidade de medicamento no
organismo após tempo de ingestão; entre outros.

Também abordamos tópicos de geometria, explorando figuras planas, tais como triângulos,
quadriláteros, hexágonos e círculo; calculamos suas áreas, de suas partes, assim como de suas
composições, associando a diversos componentes disponíveis nas nossas vidas; e fazemos estudo dos
sólidos geométricos: prismas, pirâmides, cilindros, cones e esferas, sempre os associando ao cotidiano.

Após o curso desta disciplina, você terá os pré‑requisitos necessários para prosseguir seus estudos
acadêmicos e, feito isso, aplicar os conhecimentos adquiridos em sua vida profissional.

INTRODUÇÃO

Os tópicos abordados neste livro‑texto estão divididos em partes.

Iniciamos trabalhando os conceitos de matrizes, determinantes e sistemas lineares: conceito de matriz,


seus tipos, operações possíveis entre elas e cálculo de determinantes; utilizamos tais conhecimentos
na resolução de sistemas lineares, também habilitamos o aluno a resolvê‑los de outras formas, como
9
escalonamento e método da substituição; tais sistemas descrevem situações associadas ao cotidiano de
um jovem profissional.

Em seguida, através de uma linguagem acessível e dialógica, fornecemos ao estudante conhecimentos


acerca das funções do 1º e do 2º grau. Capacitando‑o a construir gráficos, a interpretá‑los e obter as
leis de formação a partir da sua leitura, a modelar situações‑problemas associadas ao seu cotidiano por
funções afins ou quadráticas, identificar e interpretar pontos de otimização em uma função de 2º grau
associada a uma aplicação de sua área de atuação ou conhecimento.

Apresentamos, a partir disso, as funções exponencial, logarítmica e trigonométrica e as associaremos


a fenômenos do nosso dia a dia. Para uma boa compreensão, apresentamos conhecimentos prévios
necessários a tais conteúdos, como: propriedades de potenciação e definição da circunferência
trigonométrica. No que se refere especificamente a essa parte, construímos os gráficos de tais funções,
analisamos suas imagens, associamos a situações que puderam ser modeladas por elas, resolvemos
equações e inequações exponenciais, logarítmicas e trigonométricas.

Por fim, apresentamos as figuras planas com suas respectivas áreas e os sólidos geométricos.
Sobre as figuras planas, habilitaremos ao cálculo das áreas de triângulo, quadrado, losango, retângulo,
paralelogramo, trapézio, hexágono, círculo, setor circular e coroa circular. Acerca dos sólidos
geométricos, ao fim deste livro‑texto, o aluno estará apto a identificá‑los e a calcular sua área de
superfície e capacidade. Também serão apresentados exemplos de aplicação associados às formas
geométricas tratadas.

Além disso, para o bom entendimento do conteúdo e com o objetivo de auxiliar o aluno a
uma aprendizagem significativa, apresentaremos uma série de exemplos de aplicação resolvidos
detalhadamente. Ao longo do texto, fornecemos sugestões de leitura para complementação e/ou
aprofundamento dos conteúdos. Recomendamos aos leitores que acessem tais recursos.

Bons estudos!

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TÓPICOS DE MATEMÁTICA

Unidade I
1 MATRIZES

O estudo das matrizes tem origem na metade do século XIX e foi fundamental para o desenvolvimento
científico da época. Está profundamente ligado aos campos de matemática e física. Matrizes são tabelas
numéricas que podem ser utilizadas em diversas áreas, como, por exemplo, na computação em criptografia,
nas áreas administrativa e de engenharia para organização dos dados e na área de programação com os
famosos números binários (0 e 1), dispostos em tabelas retangulares.

Um dos sites mais acessados, o Google, utiliza a teoria de matriz para apresentar a ordem dos
domínios em que estamos buscando determinada informação. A partir daqui será oferecida uma séria
de sugestões de leitura com possibilidades de ampliar (e aprofundar) seu aprendizado, e acreditamos
que ficará evidente a importância desse conteúdo para o desenvolvimento científico.

1.1 Conhecimentos prévios

1.1.1 Conjuntos numéricos

Os números naturais são utilizados para contar determinadas quantidades. O símbolo  representa
o conjunto dos números naturais. Na sequência, temos o conjunto dos números naturais com alguns de
seus elementos:  ={0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, ...}

O conjunto dos números inteiros contempla, além dos números naturais, seus respectivos
opostos. Na sequência, temos o símbolo , que representa os números inteiros e alguns de seus
elementos:  = {..., –3, –2, –1, 0, 1, 2, 3, ...}

p
O conjunto dos números racionais () reúne todos os que podem ser escritos na forma , onde p e
q
1 1 1 3 11
q são números inteiros, sendo q não nulo. Por exemplo:  = {0, ± , ± , ± , ±1, ± , ± , ±3,...}
4 3 2 2 5

O conjunto dos números irracionais (I) é composto pelos números decimais não exatos e não
periódicos. Na sequência, seguem alguns: I = { 2, − 3, π,e,...}

O conjunto dos números reais () é a união dos elementos do conjunto dos racionais com os
elementos do conjunto dos irracionais. Representamos essa união de elementos da seguinte forma:
 = UI

11
Unidade I

1.1.2 Método de resolução da equação do 2º grau

Para resolver uma equação do 2º grau do tipo ax2+bx+c=0, devemos primeiramente encontrar o
valor do discriminante (∆), utilizando a expressão:

∆ = b2 – 4 . a . c

Posteriormente, resolver a equação:

−b ± ∆
x=
2a

Observação

Uma curiosidade: esse método é conhecido no Brasil como fórmula de


Bhaskara e no restante do mundo, apenas como método para resolver uma
equação do 2º grau.

1.2 Definição

As matrizes são tabelas numéricas formadas por determinado número de linhas e de colunas.
Chamaremos o de linhas de m e o de colunas de n. O número de linhas e colunas deve ser um número
natural maior ou igual a 1.

Formalizando, temos: uma matriz m × n (lê‑se m por n) é uma tabela formada por números
reais dispostos em m linhas e n colunas (com m e n sendo números naturais maiores ou iguais a 1).
Chamaremos de ordem da matriz a expressão m × n.

Seja i uma linha qualquer dessa matriz, logo 1 < i < m, e j uma coluna qualquer dessa matriz, logo
1 < j < n.

Saiba mais

Para saber mais sobre o surgimento da teoria das matrizes, sua incrível
história e suas aplicações, acesse:

SILVEIRA, J. F. P. da. Matrizes. Matemática elementar. Instituto de


Matemática e Estatística, UFRGS, 1999. Disponível em: http://www.mat.
ufrgs.br/~portosil/minmatr.html. Acesso em: 23 jul. 2019.

12
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

1.3 Representação

Utilizaremos uma letra maiúscula para nomear as matrizes e podemos representá‑las entre parênteses
ou entre colchetes.

Exemplificando, a matriz M será da seguinte forma:

 −3 8 
M = 4 −6 
 0 7  3x2

A ordem da matriz M é 3 × 2 (lembrando, lê‑se 3 por 2), pois ela tem três linhas e duas colunas.
A matriz M tem seis elementos.

Na sequência, temos a matriz:

 5 7 6
A = 
10 9 8 

A matriz A tem duas linhas e três colunas, logo sua ordem é 2 × 3 (2 por 3). Outra notação possível
para a matriz será A2x3.

O elemento 5 da matriz A está localizado na linha 1 e coluna 1, e o indicaremos por a11 (lê‑se a, um,
um), logo a11 = 5

O elemento 10 da matriz A está localizado na linha 2 e coluna 1, e o indicaremos por a21 (lê‑se a,
dois, um), logo a21 = 10

O elemento 7 da matriz A está localizado na linha 1 e coluna 2, e o indicaremos por a12, logo a12 = 7

O elemento 9 da matriz A está localizado na linha 2 e coluna 2, e o indicaremos por a22, logo a22 = 9

O elemento 6 da matriz A está localizado na linha 1 e coluna 3, e o indicaremos por a13, logo a13 = 6

O elemento 8 da matriz A está localizado na linha 2 e coluna 3, e o indicaremos por a23, logo a23 = 8

Observação

Tanto para ordem de uma matriz como para os elementos, sempre


começaremos com o número de linhas e depois o número de colunas.

13
Unidade I

A posição que os números ocupam na matriz é muito importante. Podemos dar um significado
para a matriz A se supormos que ela representa as notas obtidas por determinado aluno. Supondo que
as colunas representem, respectivamente as disciplinas de matemática, física e laboratório, e as linhas
representem as notas obtidas nas provas 1 e 2, respectivamente, teremos:

Mat Fis Lab


 5 7 6  P1
A = 
10 9 8  P2

O elemento a11 teria a seguinte interpretação: o aluno tirou 5 na prova 1 da disciplina de matemática.

O elemento a12 teria a seguinte interpretação: o aluno tirou 7 na prova 1 da disciplina de física.

O elemento a13 teria a seguinte interpretação: o aluno tirou 6 na prova 1 da disciplina de laboratório.

O elemento a21 teria a seguinte interpretação: o aluno tirou 10 na prova 2 da disciplina de matemática.

O elemento a22 teria a seguinte interpretação: o aluno tirou 9 na prova 2 da disciplina de física.

O elemento a23 teria a seguinte interpretação: o aluno tirou 8 na prova 2 da disciplina de laboratório.

Exemplo de aplicação

A matriz T fornece a temperatura corporal (em graus Celsius) coletada de um paciente durante cinco
dias, tomada três vezes ao dia. Os dias da semana estão associados à linha, sendo segunda = 1, terça = 2,
quarta = 3, quinta = 4 e sexta = 5; e os períodos estão associados à coluna, sendo manhã = 1, tarde = 2 e
noite = 3.

37,5 40,5 36,9


36,7 38 37,9 
 
T = 39,8 38,3 39,3 
 
38,7 39,1 37,7 
38,7 36,5 39,7 

Utilizando a seguinte correspondência da temperatura corporal com o estado febril, temos que, se a
temperatura corporal do paciente estiver de 36 °C a 37,7 °C, sua temperatura está normal; de 37,8 °C
a 39,4 °C, ele está com febre; e de 39,5 °C a 41 °C, ele está com febre alta.

O paciente precisa ser medicado quando estiver com febre alta. Utilizando a matriz T, indique quantas
vezes ele foi medicado na semana e em que dias e horários ocorreram essas medicações.

14
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

Resolução

Consultando as temperaturas, verificamos que precisamos localizar na matriz as temperaturas que


estiverem no intervalo entre 39,5 °C e 41 °C, que indicam febre alta.

37, 5 40, 5 36, 9


36, 7 38 37, 9 
 
T  39, 8 38, 3 39, 3 

 
38, 7 39,1 37, 7 
38, 7 36, 5 39, 7 

Na primeira linha e segunda coluna, temos a temperatura de 40,5 °C, matematicamente representada
por t12 = 40,5. No contexto da questão, representa o dia da semana segunda‑feira (i = 1) e o período da
tarde (j = 2).

Na terceira linha e primeira coluna, temos a temperatura de 39,8 °C, matematicamente representada
por t31 = 39,8. No contexto da questão, representa o dia da semana quarta‑feira (i = 3) e o período da
manhã (j = 1).

Na quinta linha e terceira coluna, temos a temperatura de 39,7 °C, matematicamente representada
por t53 = 39,7. No contexto da questão, representa o dia da semana sexta‑feira (i = 5) e o período da
noite (j = 3).

Resumindo, obtemos que o paciente foi medicado três vezes: segunda‑feira na parte da tarde,
quarta‑feira pela manhã e sexta‑feira à noite.

1.3.1 Representação genérica de uma matriz


a a 
A representação genérica de uma matriz de ordem 2 × 2 é:  11 12 
 a21 a22 
Os elementos aij pertencem à linha i e à coluna j, por exemplo, o elemento a21 está na segunda linha
e na primeira coluna.

 a11 a12 a13 


A representação genérica de uma matriz de ordem 3 × 3 é: a21 a22 a23 
a31 a32 a33 

A representação genérica de uma matriz de ordem m × n, sendo o número de linhas i um número


natural entre 1 e m (1 < i < m) e o de colunas j um número natural entre 1 e n (1 < j < n), é dada por:

15
Unidade I

 a11 a12 a13  a1n 


a 
 21 a22 a23  a2n 
Amxn =  a31 a32 a33  a3n 
 
      
a 
 m1 am2 am3  amn 

Se soubermos qual a ordem de uma matriz e qual a sua lei de formação, ou seja, como se relaciona i
com j, podemos construí‑la explicitando seus elementos, como faremos nos exemplos a seguir.

Exemplo de aplicação

Exemplo 1

Determine a matriz A, sabendo que A = (aij)2x3, tal que aij = i – 2j

Resolução

Primeiramente, vamos determinar a ordem da matriz e escrever uma genérica para ela. Com a
informação A = (aij)2x3, sabemos que esta possui ordem 2 × 3, ou seja, é uma matriz com duas linhas e
três colunas. Vamos escrever os seus elementos genéricos:

a a a13 
A =  11 12 
 a21 a22 a23 

Vamos calcular o valor de cada um dos elementos utilizando a lei de formação aij = i – 2j, que foi
dada no enunciado. Lembrando que i representa o número da linha e j o da coluna.

Para o elemento a11 temos que i = 1 e j = 1, substituindo esses valores na lei de formação, teremos:
a11 = 1 – 2 . 1 = –1

Para o elemento a12 temos que i = 1 e j = 2, substituindo esses valores na lei de formação, teremos:
a12 = 1 – 2 . 2 = –3

Para o elemento a13 temos que i = 1 e j = 3, substituindo esses valores na lei de formação, teremos:
a13 = 1 – 2 . 3 = –5

Para o elemento a21 temos que i = 2 e j = 1, substituindo esses valores na lei de formação, teremos:
a21 = 2 – 2 . 1 = 0

Para o elemento a22 temos que i = 2 e j = 2, substituindo esses valores na lei de formação, teremos:
a22 = 2 – 2 . 2 = –2

16
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

Para o elemento a23 temos que i = 2 e j = 3, substituindo esses valores na lei de formação, teremos:
a23 = 2 – 2 . 3 = –4

Substituindo os elementos encontrados anteriormente na matriz genérica, teremos que


a a a   −1 −3 −5 
A =  11 12 13  , aplicada à lei de formação aij = i – 2j , equivale à matriz A =  
 a21 a22 a23   0 −2 −4 

Exemplo 2

i + j, se i ≠ j
Determine a matriz B, sabendo que B = (bij)3 x 3 e que bij = 
 0, se i = j
Resolução

A ordem da matriz B é 3 × 3. Escrevendo sua matriz genérica temos:

 b11 b12 b13 


 
B =  b21 b22 b23 
b 
 31 b32 b33 

Observe que a lei de formação não é a mesma para todos os elementos, vai depender se o número
de linhas é igual ou diferente ao número de colunas.

Calculando os valores dos seus elementos, teremos o que segue.

Para o elemento b11, observe que i = j = 1, logo utilizaremos a segunda linha da lei de formação, ou
seja, o valor de b11 = 0, pois i = j

Para o elemento b21, observe que i≠j, logo utilizaremos a primeira linha da lei de formação, ou seja,
substituindo i por 2 e j por 1 teremos que o valor de b21 = 2 + 1 = 3

Para o elemento b31, observe que i≠j, logo utilizaremos a primeira linha da lei de formação, ou seja,
substituindo i por 3 e j por 1 teremos que o valor de b31 = 3 + 1 = 4

Para o elemento b12, observe que i≠j, logo utilizaremos a primeira linha da lei de formação, ou seja,
substituindo i por 1 e j por 2 teremos que o valor de b12 = 1 + 2 = 3

Para o elemento b22, observe que i = j = 2, logo utilizaremos a segunda linha da lei de formação, ou
seja, o valor de b22 = 0, pois i = j

Para o elemento b32, observe que i≠j, logo utilizaremos a primeira linha da lei de formação, ou seja,
substituindo i por 3 e j por 2 teremos que o valor de b32 = 3 + 2 = 5

17
Unidade I

Para o elemento b13, observe que i≠j, logo utilizaremos a primeira linha da lei de formação, ou seja,
substituindo i por 1 e j por 3 teremos que o valor de b13 = 1 + 3 = 4

Para o elemento b23, observe que i≠j, logo utilizaremos a primeira linha da lei de formação, ou seja,
substituindo i por 2 e j por 3 teremos que o valor de b23 = 2 + 3 = 5

Para o elemento b33, observe que i = j = 3, logo utilizaremos a segunda linha da lei de formação, ou
seja, o valor de b33= 0, pois i = j

 b11 b12 b13 


Substituindo os valores encontrados anteriormente na matriz genérica B =  b21 b22 b23  ,
 
0 3 4 b 
 31 b32 b33 
temos a matriz B =  3 0 5 

4 5 0 

Exemplo 3

Na figura a seguir, as letras A, B, C e D indicam os bairros de determinada cidade, os segmentos de


reta indicam as vias expressas que interligam os bairros e as setas indicam o sentido do fluxo das vias
que interligam os bairros. Essas vias têm um número reduzido de cruzamento e o tempo de espera nos
semáforos é menor do que das outras vias comuns da cidade.
C

A
D

Figura 1 – Representação das vias expressas

Por exemplo, utilizando as vias expressas, é possível sair do bairro A e ir até o bairro B ou até o bairro
D. Supondo que determinada pessoa esteja no bairro D e queira utilizar as vias expressas para chegar ao
bairro C, ela poderá seguir em D para o bairro A, depois partindo de A, ir até o bairro B para finalmente
chegar ao bairro C.

A secretaria de transportes dessa cidade decidiu representar esses deslocamentos entre os bairros
utilizando somente as vias expressas por uma matriz. Supondo que as linhas e as colunas representem
os bairros em ordem alfabética, e o elemento 1 indique que os bairros se interligam enquanto o
elemento 0, indica que não se interligam, apresente uma representação matricial que descreva a
situação detalhada.

18
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

Resolução

Existem quatro possiblidades de partida, pois determinada pessoa pode iniciar seu percurso em
qualquer um dos bairros, da mesma forma existem quatro possibilidades de chegada. Logo construiremos
uma matriz 4 × 4.

Uma possibilidade é definir que as linhas representam as partidas e as colunas representam a


chegada. Assim teríamos a seguinte estrutura da matriz:

chegada
A B C D
A 
B  

partida
C 
 
D 

O elemento a11 indica que partiu de A e chegou em A e denotaremos esse elemento por 0, pois não
existe essa via. O mesmo para os elementos a22, a33 e a44, todos serão 0.

Substituindo esses elementos na matriz, teremos:

chegada
A B C D
A 0 

B 0 
partida 
C 0 
 
D 0

O elemento a12 indica que partiu do bairro A e chegou em B. Observando a figura, constatamos que
existe essa via, logo denotaremos por 1.

O elemento a13 indica que partiu de A e chegou em C. Observando a figura, percebemos que não
existe essa possiblidade, logo denotaremos por 0.

O elemento a14 indica que partiu de A e chegou em D. Analisando a figura, concluímos que existe
essa possiblidade, logo denotaremos por 1.

Atualizando a matriz, temos:

19
Unidade I

chegada
A B C D
A 0 1 0 1
B 0 
partida  
C 0 
 
D 0

Analisando a figura e partindo de B (linha 2, ou seja, i = 2), temos o que segue.

O elemento a21 indica que partiu do bairro B e chegou em A, como essa não é uma possiblidade,
denotaremos por 0.

O elemento a23 indica que partiu do bairro B e chegou em C, como essa é uma possiblidade,
denotaremos por 1.

O elemento a24 indica que partiu do bairro B e chegou em D, como essa não é uma possiblidade,
denotaremos por 0.

Atualizando a matriz, temos:

chegada
A B C D
A 0 1 0 1
B 0 0 1 0 
partida
C 0 
 
D 0

Analisando a figura e partindo de C (linha 3, ou seja, i = 3), temos o que segue.

O elemento a31 indica que partiu do bairro C e chegou em A, como essa não é uma possiblidade,
denotaremos por 0.

O elemento a32 indica que partiu do bairro C e chegou em B, como essa não é uma possiblidade,
denotaremos por 0.

O elemento a34 indica que partiu do bairro C e chegou em D, como essa é uma possiblidade,
denotaremos por 1.

Atualizando a matriz, temos:

20
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

chegada
A B C D
A 0 1 0 1
B 0 0 1 0 
partida 
C 0 0 0 1
 
D 0

Analisando a figura e partindo de D (linha 4, ou seja, i = 4), temos o que segue.

O elemento a41 indica que partiu do bairro D e chegou em A, como essa é uma possiblidade,
denotaremos por 1.

O elemento a42 indica que partiu do bairro D e chegou em B, como essa não é uma possiblidade,
denotaremos por 0.

O elemento a43 indica que partiu do bairro D e chegou em C, como essa não é uma possiblidade,
denotaremos por 0.

Atualizando, a representação matricial será:

A B C D
A 0 1 0 1
B 0 0 1 0 
C 0 0 0 1
 
D 1 0 0 0

Outra possibilidade para a resolução seria considerar a partida como sendo as colunas e a chegada
para as linhas, logo a representação matricial seria:

0 0 0 1
1 0 0 0 

0 1 0 0
 
1 0 1 0

No decorrer deste livro-texto, veremos que, quando trocarmos as linhas pelas colunas, essa operação
será chamada de matriz transposta.

21
Unidade I

1.4 Tipos de matrizes

1.4.1 Matriz linha

É a matriz que possui somente uma linha (i = 1) e j colunas.

 1
Exemplos: C = [1 0 −3] e D = 4
 2 
Observe que a matriz C tem ordem 1 × 3 e a matriz D tem ordem 1 × 2

1.4.2 Matriz coluna

É a matriz que possui i linhas e uma coluna (j = 1).

 0,3 
 2   
Exemplos: E =   e F =  2
 1,7  1
 
 −3,1

Observe que a matriz E tem ordem 4 × 1 e a matriz F tem ordem 2 × 1

1.4.3 Matriz quadrada

É a matriz que possui o número de linhas igual ao número de colunas.

 2 −2 3 
2 3 
Exemplos: G = [3] ; H =   e J = 1 1 4
 1 −4   
 7 −1 0 
 
Observe que a matriz G tem ordem 1 × 1, a matriz H tem ordem 2 × 2 e a matriz J tem ordem
3 × 3. Outra forma de nomear essas matrizes é dizer que a matriz G é quadrada de ordem 1, a
matriz H é quadrada de ordem 2 e a matriz J é quadrada de ordem 3, pois, se são quadradas,
sabemos que o número de linhas é igual ao número de colunas.

As matrizes quadradas possuem diagonais principais e diagonais secundárias.

 2 2 3 
J   1 1 4 
 7 1 0 
 
Diagonal secundária Diagonal principal

22
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

1.4.4 Matriz nula

É a matriz que possui todos os elementos iguais a zero.

0 0
0
0 0 0  0 
Exemplos: O2x3 =   O4x2 =  0
e
 0 0 0  0
 
0 0

1.4.5 Matriz identidade

É uma matriz quadrada que possui na diagonal principal todos os elementos iguais a 1 e o restante
dos elementos todos iguais a zero.

1, se i = j
A lei de formação de uma matriz identidade é aij = 
0, se i ≠ j
1 0 0 0
 1 0 0 0 1
 1 0 0 1 0 0 0 
Exemplos: I1 = (1) I2 =  ; I
 3  = ; 
 I4 =  0 0
 0 1   0 0 1 1 0
   
0 0 0 1

Lembrete

I2 representa a matriz identidade de ordem 2 × 2, que tem os elementos


da diagonal principal sendo 1 e o restante dos elementos sendo zero.

1.5 Igualdade de matrizes

Duas matrizes, A e B, serão iguais (A = B) se tiverem a mesma ordem e se seus elementos de mesma
posição forem iguais.

Sendo A = (aij)mxn e B = (bij)pxq, para que A = B, devemos ter que a ordem das matrizes deve ser igual
(ou seja: m = p e n = q), e os elementos nas mesmas posições devem ser iguais (aij = bij).

23
Unidade I

Exemplo de aplicação

Exemplo 1

 3x − 2y 7   1 7 
Determine x e y para que as matrizes A =  e B =  −3 − x + 2y  sejam iguais.
 −3 5   
Resolução

Inicialmente observamos que as matrizes são quadradas de ordem 2. Escrevendo a sua


igualdade, temos:

A=B

 3x − 2y 7   1 7 
 −  = − − + 
 3 5   3 x 2y 

Observe que alguns elementos já são explicitamente iguais nas duas matrizes, como é o caso do
número 7 e do número −3, que estão nas mesmas posições nas duas matrizes.

Para que as matrizes sejam iguais, precisamos ter 3x – 2y = 1 e –x + 2y = 5. Basta resolver um


 3x − 2y = 1 (I)
sistema com essas duas equações: 
− x + 2y = 5 (II)

Resolvendo o sistema, vamos isolar o x na equação (II):

–x + 2y = 5

–x = −2y + 5 (multiplicando por (−1) nos dois membros para deixar positivo o x)

x = 2y – 5

Substituiremos esse valor encontrado de x na equação (I):

3 ⋅ ( 2y − 5 ) − 2y = 1
6y − 15 − 2y = 1
6y − 2y = 1 + 15
4y = 16
16
y = =4
4

24
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

Já descobrimos o valor de y, basta agora substituir em qualquer uma das equações do sistema para
estabelecer o valor de x. Outra possibilidade seria substituir o valor encontrado de y na equação em que
isolamos o x.

Substituindo y = 4 na equação (I), teremos:

3x − 2y = 1
3x − 2 ⋅ 4 = 1
3x − 8 = 1
3x = 9
9
x = =3
3

Portanto a resposta da pergunta, x = 3 e y = 4

Exemplo 2

Determine os valores de a, b e c para termos a igualdade a seguir:

 4a + b b + c 
 0 = I2
 c 

Resolução

Substituindo I2, a matriz identidade de ordem 2, temos:

 4a + b b + c 
 0 = I2
 c 
 4a + b b + c   1 0 
 = 
 0 c   0 1

Para termos a igualdade, deve ocorrer:

4a + b = 1

b + c = 0
 c =1

Observando o sistema, concluímos rapidamente que o valor de c deve ser igual a 1.

25
Unidade I

Substituindo c = 1 na segunda equação do sistema, teremos:

b+c=0
b +1= 0
b = −1
Substituindo b = –1 na primeira equação, teremos:

4a + b = 1
4a + ( −1) = 1
4a − 1 = 1
4a = 2
2 1
a= =
4 2
1
Resposta: a = , b = −1 e c = 1
2

Exemplo 3

Determine o valor de x, y e z para que a matriz a seguir seja nula.

 x2 − 2x − 3 0 
 
 2y + z + 6 0 
 0 2z − 8 
 

Resolução

Para que a matriz seja nula, todos os elementos devem ser iguais a zero.

 x2 − 2x − 3 0  0 0
 
 2y + z + 6 0  =  0 0 
 0 2z − 8   0 0 
 

Logo teremos o seguinte sistema:

x2 − 2x − 3 = 0

 2y + z + 6 = 0
 2z − 8 = 0

26
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

Analisando o sistema, vamos começar a resolvê‑lo pela equação mais simples, no caso, a terceira:

2z − 8 = 0
2z = 8
8
z= =4
2
Substituindo o valor de z = 4 na segunda equação, teremos:

2y + z + 6 = 0
2y + 4 + 6 = 0
2y + 10 = 0
2y = −10
−10
y= = −5
2

Nos resta resolver a primeira equação do sistema. Utilizaremos o método para resolver equações do
2º grau (Bhaskara).

a = 1
2 
x − 2x − 3 = 0 b = −2
c = −3

∆ = b2 − 4 ⋅ a ⋅ c
∆ = ( −2 ) − 4 ⋅1⋅ ( −3)
2

∆ = 4 + 12
∆ = 16

−b ± ∆
x=
2a
−( −2) ± 16
x=
2 ⋅1
2 ± 16
x=
2
2±4
x=
2

27
Unidade I

Logo, teremos duas possibilidades:

2+4 6
x1 = = =3
2 2
2 − 4 −2
x2 = = = −1
2 2
Resposta: x = – 1 ou x = 3; y = – 5 e z = 4

Lembrete

Para resolver uma equação do 2º grau do tipo ax2 + bx + c = 0,


devemos primeiramente encontrar o valor do discriminante (∆) utilizando
a expressão: ∆ = b2 – 4 . a . c

−b ± ∆
Posteriormente resolver a equação: x =
2a
1.6 Operação com matrizes

1.6.1 Adição e subtração de matrizes

1.6.1.1 Adição de matrizes

A soma de duas matrizes de mesma ordem também terá a mesma ordem, e seus elementos serão
obtidos pela soma dos elementos das mesmas posições das matrizes iniciais.

Por exemplo, sejam A e B matrizes de ordem 3 × 2.

 2 −5  7 8 
A =  −4 6  e B =  −2 −6 
  
 3 −1   −5 −4 
   
Somando as duas matrizes teremos:

 2 −5   7 8   2 + 7 −5 + 8   9 3 
A + B =  −4 6  +  −2 −6  =  −4 + ( −2) 6 + ( −6)  =  −6 0 
    
       
 3 −1   −5 −4   3 + ( −5) −1 + ( −4)   −2 −5 
Formalizando, teremos: sejam A e B matrizes de ordem m × n, seja C a matriz que representa a
soma das matrizes A e B, a ordem da matriz C será m × n e cada elemento será obtido pela expressão
cij = aij + bij, em que 1 < i < m e 1 < j < n.
28
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

1.6.1.2 Propriedades das matrizes

Considerando as matrizes de mesma ordem, são válidas as propriedades:

• Comutativa: A + B = B + A

 2 −3   6 −1
Exemplo: sendo A =   e B=  , efetuaremos primeiramente A + B e depois B + A
 −4 5  3 2 
e compararemos os resultados obtidos:

 2 −3   6 −1  8 −4   6 −1  2 −3   8 −4 
A +B =   +  =  e B+A = + = 
 −4 5   3 2   −1 7   3 2   −4 5   −1 7 

 8 −4 
Observe que A + B =   =B+ A
 −1 7 

• Associativa: A + (B + C) = (A + B) + C

 2 −3   6 −1 0 1 
Exemplo: sendo A =   , B=  e C=  . Calcularemos primeiramente a
 −4 5   3 2   5 − 2 
expressão A + (B + C), efetuando a soma (B + C) e posteriormente somando com a matriz A.

 2 −3    6 −1  0 1    2 −3   6 0   8 −3 
A + (B + C) =   +   3 2  +  5 −2   =  −4 5  +  8 0  =  4 5 
 −4 5           

Vamos calcular o valor da expressão (A + B) + C, efetuando primeiramente o valor de (A + B) e


posteriormente somar a matriz C.

  2 −3   6 −1   0 1   8 −4   0 1   8 −3 
(A + B) + C =    +  3 2   +  5 −2  =  −1 7  +  5 −2  =  4 5 
 −4 5           

 8 −3 
Observe que A + (B + C) =   = (A + B) + C
 4 5 

• Elemento neutro: A + O = A

29
Unidade I

 2 −3  0 0
Exemplo: sendo A =   e a matriz de ordem 2 × 2 nula O =   . Observe que:
 −4 5  0 0
 2 −3   0 0   2 −3 
A + O2x2 =  + = =A
 −4 5   0 0   −4 5 

• Elemento oposto: A + ( − A) = O

 2 −3   −2 3 
Exemplo, sendo A =   , teremos que a matriz − A =   . Efetuando a soma das
matrizes, teremos:  −4 5   4 −5 

 2 −3   −2 3   0 0 
A + ( −A ) =  + = 
 −4 5   4 −5   0 0 

Logo A + ( − A) é igual à matriz nula de ordem 2 × 2.

Observação

A matriz –A é conhecida como oposta da matriz A. Os seus elementos


serão os opostos dos elementos da matriz A, nas suas respectivas posições.

1.6.1.3 Subtração de matrizes

A subtração (ou diferença) de duas matrizes de mesma ordem (A – B) se dará pela soma da matriz
A com o oposto da matriz B, ou seja:

A – B = A + (–B)

Formalizando teremos: sejam A e B matrizes de ordem m × n, seja C a matriz que representa a


subtração das matrizes A – B, a ordem da matriz C será m × n e cada elemento será obtido pela
expressão cij = aij – bij, em que 1 < i < m e 1 < j < n.

 3 −6   4 −7 
 
Exemplo, sendo A =  −1 2  e B =  2 5  , efetuaremos a subtração da matriz A pela matriz B:
 
 5 −4   −3 −1
   
 3 −6   4 −7   3 − 4 −6 − ( −7)   −1 1 
A − B =  −1 2  −  2 5  =  −1 − 2 2 − 5  =  −3 −3 
       
 5 −4   −3 −1  5 − ( −3) −4 − ( −1)   8 −3 

30
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

Exemplo de aplicação

Exemplo 1

 −2 4   8 −6   −4 −3 
Dadas as matrizes A =   , B =  −5 2  e C =  7 4  , calcule:
 3 1    
a) A + B

b) B – C

c) A – B + C

Resolução

a)

 −2 4   8 −6   6 −2 
A +B =   +  −5 2  =  −2 3 
 3 1     

b)

 8 −6   −4 −3   8 − ( −4) −6 − ( −3)   12 −3 
B−C = − = = 
 −5 2   7 4   −5 − 7 2 − 4   −12 −2 

c)

 −2 4   8 −6   −4 −3 
A −B + C =  − + 
 3 1   −5 2   7 4 

 −2 − 8 4 − ( −6)   −4 −3 
A −B + C =  + 
 3 − ( −5) 1 − 2   7 4 

 −10 10   −4 −3 
A −B + C =  + 7 4 
 8 −1   

 −14 7 
A −B + C =  
 15 3 

31
Unidade I

Exemplo 2

Determinada fábrica automotiva utiliza as matrizes para controlar a quantidade de peças produzidas.
As colunas indicam os tipos de carros X e Y, e a linhas indicam as quantidades de peças produzidas, dos
tipos A, B e C.

A tabela a seguir indica como foi a produção no sábado, e a segunda tabela indica como foi a
produção no domingo.

Tabela 1 – Produção no sábado

Carro X Carro Y
Peça A 24 8
Peça B 17 13
Peça C 15 19

Tabela 2 – Produção no domingo

Carro X Carro Y
Peça A 5 16
Peça B 12 15
Peça C 13 14

Represente em forma de matriz qual foi a produção total de peças do final de semana levando
em consideração o tipo de carro.

Resolução

Para representarmos a produção no final de semana, vamos primeiramente transformar as


tabelas em matrizes e efetuar a sua soma. Logo teremos:

 24 8   5 16   29 24 
S + D =  17 13  + 12 15  =  29 28 
 15 19   13 14   28 33 
     

 29 24 
A matriz  29 28  indica a produção no final de semana. As linhas correspondem aos tipos de
 
 28 33 
 
peças A, B e C, e as colunas correspondem aos carros X e Y.

32
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

Exemplo 3

A questão a seguir foi adaptada da prova de ingresso de 2013 para a Universidade Estadual de Londrina.

Atualmente, com a comunicação eletrônica, muitas atividades dependem do sigilo na troca de


mensagens, principalmente as que envolvem transações financeiras. Os sistemas de envio e recepção
de mensagens codificadas chamam‑se criptografia. Uma forma de codificar mensagens é trocar letras
por números, como indicado na tabela.

Tabela 3 – Código

1 2 3 4 5
1 Z Y X V U
2 T S R Q P
3 O N M L K
4 J I H G F
5 E D C B A

Utilizando a tabela, uma letra é identificada pelo número formado pela linha e pela coluna,
nessa ordem. Assim, o número 32 corresponde à letra N. O número 23 corresponde à letra R.

A mensagem final M é dada por M = A + B onde B é uma matriz fixada, que deve ser mantida
em segredo, e A é uma matriz enviada ao receptor legal. Cada linha da matriz M corresponde a uma
palavra da mensagem, sendo o 0 (zero) a ausência de letras ou o espaço entre palavras.

Um funcionário estava nas redes sociais durante o horário de trabalho quando recebeu uma
mensagem do seu chefe, que continha uma matriz A. De posse da matriz B e da tabela, ele
decodificou a mensagem.

O que dizia a mensagem?

Dados:

12 20 13 8 50 25 1   10 11 10 15 −8 30 −1
0 0 34 32 3 4 0   14 31 19 19 −3 −4 0 
  
A = 45 26 13 24 0 0 0  e B =  6 −4 8 31 0 0 0
   
30 45 16 20 11 17 0   −8 6 16 32 20 −17 0 
 1 50 21 3 35 42 11  44 −8 13 30 20 10 20 

Resolução

Precisamos obter a matriz M = A + B


33
Unidade I

12 20 13 8 50 25 1   10 11 10 15 −8 30 −1
0 0 34 32 3 4 0  14 31 19 19 −3 −4 0 

M = A + B = 45 26 13 24 0 0 0  +  6 −4 8 31 0 0 0
   
30 45 16 20 11 17 0   −8 6 16 32 20 −17 0 
 1 50 21 3 35 42 11  44 −8 13 30 20 10 20 

22 31 23 23 42 55 0 
14 31 53 51 0 0 0 

M = A + B =  51 22 21 55 0 0 0 
 
22 51 32 52 31 0 0 
45 42 34 33 55 52 31

Utilizando a tabela, decodificando a primeira linha, temos:

22 = representa S

31 = representa O

23 = representa R

23 = representa R

42 = representa I

55 = representa A

Decodificando a segunda linha, temos:

14 = representa V

31 = representa O

53 = representa C

51 = representa E

Decodificando a terceira linha, temos:

51 = representa E

34
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

22 = representa S

21 = representa T

55 = representa A

Decodificando a quarta linha, temos:

22 = representa S

51 = representa E

32 = representa N

52 = representa D

31 = representa O

Decodificando a quinta linha, temos:

45 = representa F

42 = representa I

34 = representa L

33 = representa M

55 = representa A

52 = representa D

31 = representa O

A mensagem dizia “sorria, você está sendo filmado”.

1.6.2 Multiplicação de um número real por uma matriz

a b
Sendo a matriz A =   , vamos investigar qual seria a que representaria a soma A + A e qual
 c d
seria a que representaria a soma A + A + A

35
Unidade I

Efetuando, A + A, teremos:

 a b   a b   a + a b + b   2a 2b 
A+A = + = = 
 c d   c d   c + c d + d   2c 2d 

Efetuando, A + A + A, teremos:

 a b   a b   a b   a + a + a b + b + b   3a 3b 
A+A+A = + + = = 
 c d   c d   c d   c + c + c d + d + d   3c 3d 

Intuitivamente, é possível perceber que:

 2a 2b  a b
A+A =  ⇒ 2A = 2 ⋅  
 2c 2d   c d

 3a 3b  a b
A+A+A =  ⇒ 3A = 3 ⋅  
 3c 3d   c d

Logo, para efetuar a soma de A + A (que equivale a 2A), bastaria multiplicar todos os elementos da
matriz A por 2. De forma análoga, para determinar o valor da matriz α ⋅ A , sendo α um número real,
bastaria multiplicar todos os elementos da matriz A por α .

Observação

Muitas vezes utiliza‑se o alfabeto grego para representar as variáveis.

A primeira letra grega é o a (lê‑se alfa) seguida da segunda letra grega


b (lê‑se beta).

Formalizando, teremos:

Seja A uma matriz de ordem m × n, de elementos aij e a um número real. A multiplicação da matriz A
pelo número real a será representada por a . A terá ordem m × n, e todos seus elementos serão obtidos
multiplicando cada elemento da matriz A pelo número real a, ou seja, os elementos novos serão a . aij

 2 −3   −8 10 
Exemplificando, seja A =   e B =  6 −4  , teremos que:
5 4   
36
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

 2 −3   3.2 3.( −3)   6 −9 


3⋅ A = 3⋅ = = 
 5 4   3.5 3.4  15 12 

1 1   −8 10 
 . ( −8 ) ⋅10  
1 1  −8 10  2
⋅B = ⋅  2 2 2  =  −4 5 
= =   
2 2  6 −4   1 1 6 −4   3 −2 
 ⋅6 ⋅ ( −4 )   
 2 2   2 2 

Não é preciso fazer todas as passagens, como foi mostrado. As operações podem ser feitas de forma
mais rápida, como será mostrado a seguir.

 2 −3   −8 10 
2 ⋅ A − 0,4 ⋅ B = 2 ⋅   − 0,4 ⋅  
5 4   6 −4 

 4 −6   −3,2 4 
2 ⋅ A − 0,4 ⋅ B =  − 
10 8   2,4 −1,6 
 7,2 −10 
2 ⋅ A − 0,4 ⋅ B =  
 7,6 9,6 

Saiba mais

Para conhecer as letras do alfabeto grego em minúsculo e em maiúsculo


e sua correspondência com o alfabeto brasileiro, acesse:

OLIVEIRA, C. L. B. Alfabeto Grego. In: Bioestatística. Escola de Agronomia


da Universidade Federal da Bahia. Departamento de Engenharia Agrícola,
2006. Disponível em: http://www.clbo.ufba.br/BioStat2005_2/Alfabeto_
Grego.pdf. Acesso em: 26 jul. 2019.

1.6.2.1 Propriedades da multiplicação de um número real por uma matriz

Sejam a e b números reais quaisquer, e A e B matrizes de mesma ordem. As propriedades a seguir são válidas:

α ⋅ ( β ⋅ A ) = ( α ⋅β ) ⋅ A

( α + β) ⋅ A = α ⋅ A + β ⋅ A
α ⋅ ( A + B) = α ⋅ A + α ⋅B

1⋅ A = A

37
Unidade I

Você pode verificar que as propriedades citadas são válidas e criar seus próprios exemplos, como
método de estudo.

Exemplo de aplicação

Uma loja de roupas representou em determinado mês o total, em reais, vendido por três funcionários
para calças e camisetas.

As linhas da matriz indicam os funcionários A, B e C, em ordem alfabética, e as colunas indicam,


respectivamente, os valores vendidos por eles em calças e camisetas.

 2400 5000 
M =  1800 4000 
 1500 3600 
 

Sabendo que a comissão paga por essa loja para os vendedores é de 12%, qual é o valor de comissão
que cada um dos vendedores recebeu pelas calças e camisetas? E qual foi a comissão total recebida entre
calças e camisetas nesse mês por cada um dos vendedores?

Resolução

 12 
Se multiplicarmos a matriz M por 12% 12% = = 0,12  , teremos detalhadamente quanto
 100 
recebeu cada vendedor de comissão em cada um dos produtos.

 0,12 ⋅ 2400 0,12 ⋅ 5000   288 600 


0,12 ⋅ M =  0,12 ⋅1800 0,12 ⋅ 4000  =  216 480 
 0,12 ⋅1500 0,12 ⋅ 3600   180 432 
   

Logo, o vendedor A recebeu de comissão R$ 288,00 referentes às calças e R$ 600,00 referentes às


camisetas, totalizando R$ 888,00 de comissão no mês.

O vendedor B recebeu de comissão R$ 216,00 referentes às calças e R$ 480,00 referentes às camisetas,


totalizando R$ 696,00 de comissão no mês.

O vendedor C recebeu de comissão R$ 180,00 referentes às calças e R$ 432,00 referentes às camisetas,


totalizando R$ 612,00 de comissão no mês.

38
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

1.6.3 Matriz transposta

No exemplo anterior, tínhamos a matriz M, que trazia nas linhas os vendedores e nas colunas os
produtos vendidos: calças e camisetas.

calça camiseta
A  2400 5000 
M = B  1800 4000 
C  1500 3600 

Outra forma de apresentar esses dados, preservando o sentido da situação, seria trocar as linhas
pelas colunas, ou seja, colocar nas colunas os vendedores e nas linhas os produtos. Essa nova matriz é
chamada de matriz transposta de M e indicaremos por Mt.

A B C
calça  2400 1800 1500 
Mt =  
camiseta  5000 4000 3600 

Formalizando, temos:

Seja A uma matriz de ordem m × n, denominaremos de matriz transposta de A (e indicaremos por At)
a de ordem n × m cujas linhas são, ordenadamente, as colunas da matriz A.

 3
1 5   −1 6 −9 
Exemplificando, sejam as matrizes: A =   , B=  e C =  −6  , suas respectivas
 2 −4   
5 7 8 5 
 
 −1 5 
t 1 2  t 
matrizes transpostas são: A =   , B = 6 7  e C t = ( 3 −6 5 )
 5 −4   
 −9 8 
 
1.6.3.1 Propriedades que envolvem as matrizes transpostas

Seja a um número real qualquer e A e B matrizes de mesma ordem. As propriedades a seguir são válidas:

( )
t
• A t =A

• ( α ⋅ A )t = α ⋅ A t

• ( A + B )t = A t + Bt
39
Unidade I

Como sugestão de estudo, você pode verificar como essas propriedades são válidas, criando seus
próprios exemplos.

1.6.4 Multiplicação de matrizes

A multiplicação de duas matrizes A . B só será possível quando o número de colunas da


primeira matriz for igual ao número de linhas da segunda. O resultado dessa multiplicação será
uma matriz C que terá o mesmo número de linhas da primeira, e o número de colunas igual ao
número de colunas da segunda.

Exemplificando, se a matriz A tiver ordem m × n e a matriz B tiver ordem n × p, a matriz produto


C = A ⋅ B terá ordem m × p. A estrutura a seguir aborda o que foi relatado:

Am x n . Bn x p = Cm x p

Podemos indicar a multiplicação de duas matrizes A e B por: A ⋅ B ou A x B ou até mesmo por AB.

Agora que já sabemos quando é possível efetuar a multiplicação e qual será a ordem da matriz
resultante, vamos definir como obter os elementos da matriz produto C.

Os elementos cij de C = A ⋅ B serão obtidos multiplicando‑se ordenadamente os elementos da linha i


da matriz A pelos elementos da coluna j, da matriz B, e somando‑se os produtos. Exemplificando, sejam
6 8 2
 1 2 5  
as matrizes A =   e B =  7 9 5  , vamos verificar se é possível efetuar A ⋅ B e B ⋅ A , e se
 4 0 3  4 1 3
 
for possível, apresentaremos o resultado dessa multiplicação.

Analisando o produto A ⋅ B , o número de colunas da primeira matriz é igual ao número de linhas


da segunda, logo é possível fazer essa multiplicação e o resultado será uma matriz de ordem 2 × 3, pois
o número de linhas da matriz produto deve ser igual ao da primeira, e o número de colunas da matriz
produto deve ser igual ao de colunas da segunda).

Analisando o produto B ⋅ A , o número de colunas da primeira matriz é 3 e o número de linhas da


segunda é 2, logo não é possível efetuar essa multiplicação. Vamos determinar os elementos da matriz
produto A ⋅ B conforme segue.

O elemento c11 será obtido multiplicando ordenadamente os elementos da linha 1 da matriz A pelos
da coluna 1 da matriz B e somando‑os, ou seja, c11 = a11 . b11 + a12 . b21 + a13 . b31

O elemento c12 será obtido multiplicando ordenadamente os elementos da linha 1 da matriz A pelos
da coluna 2 da matriz B e somando‑os, ou seja, c12 = a11 . b12 + a12 . b22 + a13 . b32

40
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

O elemento c13 será obtido multiplicando ordenadamente os elementos da linha 1 da matriz A pelos
da coluna 3 da matriz B e somando‑os, ou seja, c13 = a11 . b13 + a12 . b23 + a13 . b33

O elemento c21 será obtido multiplicando ordenadamente os elementos da linha 2 da matriz A pelos
da coluna 1 da matriz B e somando‑os, ou seja, c21 = a21 . b11 + a22 . b21 + a23 . b31

O elemento c22 será obtido multiplicando ordenadamente os elementos da linha 2 da matriz A pelos
da coluna 2 da matriz B e somando‑os, ou seja, c22 = a21 . b12 + a22 . b22 + a23 . b32

O elemento c23 será obtido multiplicando ordenadamente os elementos da linha 2 da matriz A pelos
da coluna 3 da matriz B e somando‑os, ou seja, c23 = a21 . b13 + a22 . b23 + a23 . b33

O diagrama a seguir pode ajudar na compreensão:

 6 8 2 
 
 7 9 5 
 4 1 3 
 
 1 2 5 c11 c12 c13
  c21 c22 c23
 4 0 3

Atribuindo os valores de cij, teremos:

 6 8 2 
 7 9 5 
 
 4 1 3 
 
 1 2 5  1 6  2  7  5  4 1 8  2  9  5 1 1 2  2  5  5  3
 
 4 0 3  4  6  0  7  3  4 4  8  0  9  3 1 4  2  0  5  3  3

Efetuando a soma dos produtos, teremos:

 6 8 2 
 7 9 5 
 
 4 1 3 
 
 1 2 5 40 31 27
 4 0 3 36 35 17
 

41
Unidade I

Logo a matriz resultante da multiplicação da A pela B é a seguinte matriz:

 40 31 27 
A ⋅B = C =  
 36 35 17 

O diagrama apresentado anteriormente é uma forma de memorizar quais elementos devem ser
multiplicados antes de somá‑los. Será frequente a seguinte representação da multiplicação das matrizes
A e B:

 6 8 2 
 1 2 5    1 6  2  7  5  4 1 8  2  9  5 1 1 2  2  5  5  3 
 4 0 3   7 9 5   4  6  0  7  3  4 4  8  0  9  3 1 4  2  0  5  3  3 
     
 4 1 3 
 6 8 2 
 1 2 5   40 31 27 
 4 0 3   7 9 5  
     36 35 17 
 4 1 3 

A propriedade comutativa da multiplicação não é válida para matrizes, logo, sendo A e B matrizes
quaisquer, teremos que A ⋅ B ≠ B ⋅ A

Exemplo de aplicação

 2 −4  6 3 8
Seja A =   , B=  e C =   , determine:
5 7   0 9 4
a) AB

b) BA

c)  2A − B  ⋅ C
1
 3 

Resolução

 2 −4   6 3   2 ⋅ 6 + ( −4) ⋅ 0 2 ⋅ 3 + ( −4) ⋅ 9   12 −30 


a) AB =  ⋅ = =
5 7   0 9  5 ⋅6 + 7⋅ 0 5 ⋅ 3 + 7 ⋅ 9   30 78 

 6 3   2 −4   6 ⋅ 2 + 3 ⋅ 5 6 ⋅ ( −4) + 3 ⋅ 7   27 −3 
b) BA =   ⋅  5 7  =  0 ⋅ 2 + 9 ⋅ 5 0 ⋅ ( −4) + 9 ⋅ 7  =  45 63 
 0 9       

42
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

c) Vamos efetuar primeiramente a resolução da expressão que está dentro dos parênteses:

1  2 −4  1  6 3   4 −8   2 1   2 −9 
2A − B = 2 ⋅   − ⋅ = − = 
3  5 7  3  0 9  10 14   0 3  10 11 

Na sequência, vamos efetuar a multiplicação:

 2 −9   8 
10 11  ⋅  4 
   

Observe que o número de colunas da primeira matriz é igual ao número de linhas da segunda, logo
é possível fazer a multiplicação e a matriz resultante dessa terá ordem 2 (pois é o número de linhas da
primeira matriz) por 1 (pois é o número de colunas da segunda matriz).

 2 −9   8   2 ⋅ 8 + ( −9) ⋅ 4   −20 
 ⋅  =  = 
10 11   4   10 ⋅ 8 + 11⋅ 4   124 

Observação

Sempre é possível fazer a multiplicação entre duas matrizes quadradas


de mesma ordem.

1.6.4.1 Propriedades da multiplicação de matrizes

Seja α um número real qualquer, e A, B e C matrizes com as quais podemos efetuar multiplicações.
As propriedades a seguir são válidas:

• ( A ⋅ B ) ⋅ C = A ⋅ (B ⋅ C )

• ( A + B ) ⋅ C = A ⋅ C + B ⋅ C

• A ⋅ (B + C) = A ⋅ B + A ⋅ C

• ( A ⋅ B ) = B ⋅ A
t t t

Como sugestão de estudo, verifique que essas propriedades são válidas criando seus próprios exemplos.

43
Unidade I

Exemplo de aplicação

O dono de uma loja de materiais para construção solicitou que se organizasse uma tabela que
indicasse a quantidade de barras de ferro de 12 metros que seriam encomendadas aos seus fornecedores.
As linhas indicam o tipo de barra de ferro, e as colunas a siderúrgica de origem do ferro.

Tabela 4 – Quantidade

Siderúrgica A Siderúrgica B Siderúrgica C


Barra de ferro de 1/4 15 9 8
Barra de ferro de 5/16 12 8 10
Barra de ferro de 3/8 10 7 15

Para fazer um levantamento do custo desse pedido, um funcionário organizou a tabela. Suponha
que o preço independe da siderúrgica. Na tabela a seguir, cada linha corresponde a um fornecedor
e as colunas correspondem aos tipos de barras de ferro; os valores, aos preços unitários.

Tabela 5 – Custo

Barra de ferro Barra de ferro Barra de ferro


de 1/4 de 5/16 de 3/8
Fornecedor 1 R$ 14,00 R$ 23,00 R$ 30,00
Fornecedor 2 R$ 15,00 R$ 25,00 R$ 28,00

Para decidir com qual fornecedor fazer a compra, foi solicitada uma nova tabela. Ela (daremos
o nome de “Total”) deve conter a projeção dos preços totais da compra de cada tipo de barra
de ferro. Espera‑se que se apresente nas linhas os fornecedores e nas colunas as siderúrgicas.
Como ela deverá ser? Qual valor total seria referente a quantidades e custos do fornecedor 1 e
do fornecedor 2? Qual dos fornecedores seria mais vantajoso para que a loja fechasse o pedido?

Resolução

15 9 8 
Vamos transformar a primeira tabela na matriz Q =  12 8 10  e a segunda na matriz
 
14 23 30  10 7 15 
C=   
 15 25 28 

Observe que o número de colunas da matriz C é 3 e representam os tipos de barra de ferro, e o


número de linhas da matriz Q é 3 e também representam o tipo de barra de ferro. Logo, é possível
fazer a multiplicação de C . Q, e o resultado será uma matriz que trará nas linhas a mesma informação
que traz a matriz C (no caso, tipo de fornecedor), e nas colunas, a mesma informação que traz a
matriz Q (no caso, o tipo de siderúrgica). E é exatamente isso que a questão está solicitando.

44
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

Portanto devemos fazer a multiplicação C . Q e chamaremos o resultado dessa multiplicação de


T (uma referência à tabela “Total”).

 15 9 8
14 23 30  
C Q      12 8 10  
 15 25 28   10 7 15 

14 15  23 12  30 10 14  9  23  8  30  7 14  8  23 10  30 15 
T 
 15 15  25 12  28 10 155  9  25  8  28  7 15  8  25 10  28 15 
 786 520 792 
T 
 805 531 790 

Outra possibilidade para representar essa multiplicação seria pelo diagrama a seguir:

 15 9 8 
 
 12 8 10 
 10 7 15 
 
14 23 30  14 15  23 12  30 10 14  9  23  8  30  7 14  8  23 10  30 15 
  
 15 25 28   15 15  25 12  28 10 15  9  25  8  28  7 15  8  25 10  28 15 
 786 520 792 
T= 
 805 531 790 

Representando a matriz em forma de tabela e lembrando que as linhas estão relacionadas aos
fornecedores, e as colunas ao tipo de siderúrgica, teremos:

Tabela 6 – Total

Siderúrgica A Siderúrgica B Siderúrgica C


Fornecedor 1 R$ 786,00 R$ 520,00 R$ 792,00
Fornecedor 2 R$ 805,00 R$ 531,00 R$ 790,00

Logo, o total solicitado de produtos com o fornecedor 1 seria:

R$ 786,00 + R$ 520,00 + R$ 792,00 = R$ 2098,00

Já com o fornecedor 2 o custo total seria:

R$ 805,00+ R$ 531,00+ R$ 790,00 = R$ 2126,00

Conclui‑se que é mais vantajoso para a loja fazer o pedido com o fornecedor 1, pois o custo total é
mais baixo que o do fornecedor 2.

45
Unidade I

Saiba mais

Sobre os produtos de matrizes e suas aplicações, recomendamos as leituras:

OLIVEIRA, L. M. R. de. O produto de matrizes e suas aplicações. Trabalho de


Conclusão de Curso (Graduação em Matemática) – Universidade Estadual da
Paraíba, Centro de Ciências e Tecnologia, Campina Grande, 2012. Disponível em:
http://dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/886/1/PDF%20
-%20Luana%20Margarida%20Ramos%20de%20Oliveira.pdf. Acesso em:
29 jul. 2019.

KUERTEN, C. Algumas aplicações de matrizes. Trabalho de Conclusão de Curso


(Graduação em Matemática) – Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de
Ciências Físicas e Matemáticas. Departamento de Matemática, Florianópolis, 2002.
Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/96804/
Cristini_Kuerten.PDF?sequence=1>. Acesso em: 29 jul. 2019.

1.6.5 Matriz inversa

Dada uma matriz quadrada A de ordem n, dizemos que ela é invertível se existir a matriz B de mesma
ordem, tal que satisfaça a seguinte condição:

A ⋅ B = B ⋅ A = In

Indicaremos a matriz B por A–1 (inversa da A).

A matriz In é a de identidade de ordem n. Essa matriz tem o número 1 na diagonal principal e os


outros elementos iguais a 0.

Exemplo de aplicação

Exemplo 1
2 4 
Determine a inversa, se existir, da matriz A =  
 −3 −5 

Resolução

Caso a matriz A tenha inversa, precisará satisfazer A ⋅ A −1 = A −1 ⋅ A = I2 . Vamos considerar


 a b  . Fazendo a multiplicação A ⋅ A −1 , teremos:
A −1 =  
 c d

46
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

 2 4   a b   2a + 4c 2b + 4d 
A ⋅ A −1 =  ⋅ = 
 −3 −5   c d   −3a − 5c −3b − 5d 

Igualando o resultado aos valores da I2, chegaremos em uma igualdade de matrizes.

 2a + 4c 2b + 4d   1 0 
 −3a − 5c −3b − 5d  =  0 1 
   

Equacionando, montaremos o seguinte sistema:

 2a + 4c = 1
−3a − 5c = 0


 2b + 4d = 0
 −3b − 5d = 1

Vamos separá‑lo em dois, um com as equações que envolvem as variáveis a e c e outro com as
equações que envolvem as variáveis b e d.

 2a + 4c = 1  2b + 4d = 0
 (I)  (II)
−3a − 5c = 0 −3b − 5d = 1

Resolvendo o sistema (I) pelo método da substituição, isolamos a variável a na segunda equação.
−5c
Chegaremos em: a =
3
Substituindo o valor isolado de a na primeira equação, teremos:

 −5c 
2⋅  + 4c = 1
 3 
−10c
+ 4c = 1
3
−10c + 12c 3
=
3 3
−10c + 12c = 3
2c = 3
3
c=
2

Podemos substituir o valor encontrado de c em qualquer uma das equações do sistema (I) para
estabelecer o valor de a. Substituiremos na segunda equação:
47
Unidade I

−3a − 5c = 0
3
−3a − 5 ⋅ = 0
2
15
−3a − = 0
2
15
− = 3a
2
15
− =a
6
15 5
a= − = −
6 2

−5
Logo a =
2
Resolvendo o sistema (II) pelo método da substituição, isolamos a variável b na primeira equação.
Chegaremos em: b = –2d

Substituindo o valor isolado de b na segunda equação, teremos:

−3( −2d) − 5d = 1
6d − 5d = 1
d =1
Substituindo o valor encontrado de d em qualquer uma das equações do sistema (II), teremos que
b = –2
 −5 
−2
 
Logo a matriz inversa será A −1 =  2 
 3 1
 2 
Assim verificamos que a multiplicação A −1 ⋅ A dará a identidade de ordem 2, ou seja: A −1 ⋅ A = I2

Exemplo 2

2 4 
Determine a inversa, se existir, da matriz A =  
3 6
Resolução

Caso a matriz tenha inversa, precisará satisfazer A ⋅ A −1 = A −1 ⋅ A = I2 . Vamos considerar


a b ⋅ −1
A −1 =   . Fazendo a multiplicação A A , teremos:
 c d 
48
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

 2 4   a b   2a + 4c 2b + 4d 
A ⋅ A −1 =  ⋅ = 
 3 6   c d   3a + 6c 3b + 6d 

Igualando o resultado a I2, chegaremos em uma igualdade de matriz.

 2a + 4c 2b + 4d   1 0 
 3a + 6c 3b + 6d  =  0 1 
   

Equacionando, montaremos os seguintes sistemas:

 2a + 4c = 1 2b + 4d = 0
 (I)  (II)
3a + 6c = 0  3b + 6d = 1

Resolveremos o sistema (I) pelo método da substituição. Vamos isolar a variável a na segunda
equação. Chegaremos em: a = –2c

Substituindo o valor isolado de a na primeira equação, teremos:

2 ⋅ ( −2c) + 4c = 1
−4c + 4c = 1
0 =1

O que é impossível! Logo, esse sistema não tem solução.

Portanto, nesse caso, a matriz A não tem inversa.

Exemplo 3

Podemos criptografar mensagens com o auxílio das matrizes. O objetivo dessa tarefa é que, se uma
mensagem for interceptada, não poderá ser decodificada (compreendida).

 4 1
Neste exemplo, a matriz chave A =   será usada para criptografar, e a matriz chave A–1 para decifrar.
 3 1
Utilizaremos a seguinte tabela de correspondência entre letras do alfabeto e números:

Tabela 7

A B C D E F G H I J K L M N
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
O P Q R S T U V W X Y Z _ !
15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28

49
Unidade I

Vamos codificar a mensagem “ENGENHARIA”, que equivale à seguinte sequência de números:


5, 14, 7, 5, 14, 8, 1, 18, 9, 1. Como pode ser visto detalhadamente na tabela a seguir.

Tabela 8 – Codificando uma mensagem

5 14 7 5 14 8 1 18 9 1
E N G E N H A R I A

Como são dez números (elementos), vamos construir uma matriz com duas linhas e cinco
colunas, chamaremos de M (de mensagem):

 5 14 7 5 14 
M= 
 8 1 18 9 1 

Para codificar essa matriz, vamos fazer o produto A . M e dar o nome de C (pois está criptografada)
a ela.

 4 1  5 14 7 5 14 
A ⋅M =  ⋅ 
 3 1  8 1 18 9 1 

 4 ⋅ 5 + 1⋅ 8 4 ⋅14 + 1⋅1 4 ⋅ 7 + 1⋅18 4 ⋅ 5 + 1⋅ 9 4 ⋅14 + 1⋅1


= 
 3 ⋅ 5 + 1⋅ 8 3 ⋅14 + 1⋅1 3 ⋅ 7 + 1⋅18 3 ⋅ 5 + 1⋅ 9 3 ⋅14 + 1⋅1
 28 57 46 29 57 
= =C
 23 43 39 24 43 

A mensagem criptografada que deverá ser enviada é 28, 57, 46, 29, 57, 23, 43, 39, 24 e 43.

Observe que, se utilizarmos a primeira tabela para fazer uma correspondência entre as letras e os
números, dará uma mensagem que não faz sentido, pois a correspondência vai até o número 28, por
isso chamamos de mensagem criptografada (ou escondida).

Assim que a mensagem chegar no destinatário, ele deverá encontrar a matriz inversa A–1 e fazer a
multiplicação A–1 . C para decodificá‑la.

Determine a matriz inversa A–1, faça a multiplicação A–1 . C e chegaremos na matriz M. Explique
matematicamente porque esse processo de criptografia, multiplicando matrizes, sempre funcionará.

Resolução
a b
Primeiramente, encontraremos a matriz A −1 =  
 c d
50
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

−1
Fazendo A ⋅ A = I2 , teremos:

 4 1  a b   4a + c 4b + d   1 0 
A ⋅ A −1 = I2 ⇒  ⋅ = = 
 3 1  c d   3a + c 3b + d   0 1 

Equacionando, montaremos os sistemas a seguir:

 4a + c = 1 4b + d = 0
 (I)  (II)
3a + c = 0  3b + d = 1

Resolvendo o sistema (I) pelo método da substituição, isolamos o valor de c na segunda equação.
Chegaremos em: c = –3a

Substituindo o valor isolado de c na primeira equação, teremos:

4a + ( −3a) = 1
a =1

Substituindo o valor encontrado de a em qualquer uma das equações do sistema (I), teremos que c = –3

Resolvendo o sistema (II) pelo método da substituição, isolaremos a variável d na primeira equação.
Chegaremos em: d = –4b

Substituindo o valor isolado de d na segunda equação, teremos:

3b + ( −4b) = 1
−b = 1
b = −1

Substituindo o valor encontrado de b em qualquer uma das equações do sistema (II), teremos
que d = 4

 1 −1
Logo, a matriz inversa será A −1 =  
 −3 4 

Para decodificar a mensagem criptografada, devemos efetuar a multiplicação:

 1 −1  28 57 46 29 57 
A −1 ⋅ C =  ⋅ 
 −3 4   23 43 39 24 43 

51
Unidade I

 1⋅ 28 + ( −1) ⋅ 23 1⋅ 57 + ( −1) ⋅ 43 1⋅ 46 + ( −1) ⋅ 39 1⋅ 29 + ( −1) ⋅ 24 1⋅ 57 + ( −1) ⋅ 43 


= 
 ( −3) ⋅ 28 + 4 ⋅ 23 ( −3) ⋅ 57 + 4 ⋅ 43 ( −3) ⋅ 46 + 4 ⋅ 39 ( −3) ⋅ 29 + 4 ⋅ 24 ( −3) ⋅ 57 + 4 ⋅ 43 
 5 14 7 5 14 
= 
 8 1 18 9 1 

 5 14 7 5 14
Observe que a matriz encontrada é M =  . Utilizando a tabela de
8 1 18 9 1 
correspondência entre letras e números, chegaremos na mensagem que tínhamos encaminhada, que
está disposta na segunda tabela, de codificação da mensagem. Explicando matematicamente o
processo de criptografar e de decodificar: multiplicamos a matriz A pela M e obtivemos C ( A ⋅ M = C ).
Para decodificar, multiplicamos a matriz inversa A–1 pela C, substituindo‑a por A.M, então teremos:

( )
A −1 ⋅ C = A −1 ⋅ ( A ⋅ M) = A −1 ⋅ A ⋅ M = I2 ⋅ M = M

Observe que utilizamos as propriedades das multiplicações de matrizes e o fato de a matriz inversa
multiplicada pela sua matriz resultar na matriz identidade.

Saiba mais

Para saber mais sobre matrizes e criptografia, acesse:

VIDIGAL, C. Matrizes e criptografia. Instituto Federal Minas Gerais,


Campus Ouro Preto, 2015. Disponível em: http://vidigal.ouropreto.ifmg.
edu.br/wp‑content/uploads/sites/12/2015/04/MATRIZES‑E‑CRIPTOGRAFIA.
pdf. Acesso em: 29 jul. 2019.

1.7 Determinantes

Uma das grandes utilidades dos determinantes é resolver sistemas lineares. Somente as matrizes
quadradas possuem determinantes e o seu valor será um número real.

1.7.1 Determinante de uma matriz quadrada de ordem 2

a a 
Seja A =  11 12  , indicaremos por det A o determinante associado à matriz A, e o valor será
 a21 a22 
dado pela multiplicação dos elementos da diagonal principal subtraída da multiplicação dos elementos da
diagonal secundária, ou seja:

52
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

a11 a12
det A = = a11 ⋅ a22 − a12 ⋅ a21
a21 a22

 2 −3   −4 −6 
Exemplificando, os determinantes das matrizes A =   e B =  5 são:
7 5   3 
2 −3
det A = = 2 ⋅ 5 − ( −3) ⋅ 7 = 10 − ( −21) = 10 + 21 = 31
7 5

−4 −6
detB = = −4 ⋅ 3 − ( −6 ) ⋅ 5 = −12 − ( −30) = −12 + 30 = 18
5 3

Uma regra prática e bem visual é multiplicar os elementos da diagonal principal; posteriormente,
multiplicar os elementos da diagonal secundária e fazer a subtração, ficando assim:

2 −3
det A =
7 5 det A = 10 − ( −21) = 31
− 21 10

−4 −6
detB =
5 3 detB = −12 − ( −30) = −12 + 30 = 18
− 30 − 12

1.7.2 Determinante de uma matriz quadrada de ordem 3

A regra de Sarrus, utilizada para calcular o valor do determinante de uma matriz de ordem 3,
orienta‑nos que devemos seguir as seguintes etapas para calcular o valor do determinante de uma
matriz de ordem 3:

• Copiar as duas primeiras colunas na frente da matriz.

a11 a12 a13 a11 a12


det A = a21 a22 a23 a21 a22
a31 a32 a33 a31 a32

• Efetuar as multiplicações dos elementos que estão em cada segmento de reta na direção
da diagonal principal (indicados na cor azul) e dos elementos que estão em cada segmento
de reta na direção da diagonal secundária (indicados na cor vermelha), somando os valores
encontrados nas multiplicações da diagonal principal e subtraindo os valores encontrados nas
multiplicações da diagonal secundária.
53
Unidade I

a11 a12 a13 a11 a12


det A = a21 a22 a23 a21 a22
a31 a32 a33 a31 a32

Logo, teremos que:

det A  a11  a22  a33  a12  a23  a31  a13  a21  a32  a13  a22  a31  a11  a23  a32  a12  a21  a33

 1 −2 3 
 
Exemplificando, vamos calcular o determinante da matriz A =  0 4 2 
4 3 7
 
Utilizando a regra de Sarrus, vamos copiar as duas primeiras colunas na frente da matriz. Posteriormente
vamos efetuar as multiplicações na direção da diagonal principal e em seguida na direção da diagonal
secundária. Colocaremos os resultados abaixo das setas. Para finalizar basta somar os valores obtidos
das multiplicações da diagonal principal e subtrair os valores obtidos das multiplicações oriundas da
diagonal secundária.

1 2 3 1 2
det A  0 4 2 0 4
4 3 7 4 3
48 6 0 28 -16 0

Logo, teremos que:

det A  28  16  0  48  6  0  12  54  42

Saiba mais

Para saber mais sobre a matemática escondida no Google, acesse:

ALMEIDA, M. de F. L. B. de P.; CELEMAN, S. A matemática escondida no


Google. Revista do Professor de Matemática, n. 80, Rio de Janeiro. Disponível
em: http://www.rpm.org.br/cdrpm/80/10.html. Acesso em: 31 jul. 2019.

54
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

2 SISTEMAS LINEARES

Os estudos dos sistemas lineares surgiram paralelamente ao estudo dos determinantes na metade
do século XVII. Em vários momentos nos encontramos em situações que apresentam pelo menos dois
valores desconhecidos, mas se tivermos algumas informações como esses valores se relacionam, e
utilizando os sistemas lineares, podemos descobrir os resultados que eram desconhecidos no início.

Exemplificando, um estacionamento tem determinada quantidade de carros e motos. Carros e


motos são o que chamaremos de variáveis ou incógnitas; não temos informações sobre a quantidade
de cada tipo de veículo. Se tivermos a informação sobre a quantidade de rodas e sobre o número total
de veículos, poderemos montar duas equações (que serão as equações lineares) e, resolvendo o sistema
linear com as duas equações, poderemos descobrir o número de motos e a quantidade de carros parados
num estacionamento.

2.1 Equação linear

Uma equação linear é da forma a1 ⋅ x1 + a2 ⋅ x2 + a3 ⋅ x 3 +  an ⋅ xn = b , onde:

• a1, a2, a3, ..., an são chamados de coeficientes reais (sendo que não podem ser todos iguais a zero)

• x1, x2, x3, ..., xn são as incógnitas

• b é o termo independente (ou coeficiente independente)

Exemplos de equações lineares:

• 2x + 4y = 7

Os coeficientes são 2 e 4; as incógnitas são x e y; e o termo independente é 7.

• 3x – 5y – 4z = 0

Os coeficientes são 3, – 5 e – 4; as incógnitas são x, y e z; e o termo independente é 0.

2.2 Sistema linear

Um sistema de equações lineares, ou simplesmente um sistema linear, é o conjunto de duas ou mais


equações lineares com n incógnitas. Exemplos:

 3x − 2y = 14
• 
x + 3y = −10

Esse sistema consiste de duas equações e duas incógnitas (x, y).

55
Unidade I

 a + 2b − c = 6

•  3a − b − c = −2
2a + 3b − 2c = 10

Esse sistema consiste de três equações e três incógnitas (a, b e c).

Genericamente, um sistema linear de m equações com n incógnitas (lê‑se m por n) é representado


da seguinte forma:

 a11 ⋅ x1 + a12 ⋅ x2 + a13 ⋅ x 3 +  + a1n ⋅ xn = b1


 a ⋅ x + a ⋅ x + a ⋅ x + + a ⋅ x = b
 21 1 22 2 23 3 2n n 2
 . . . . .
 . . . . .

am1 ⋅ x1 + am2 ⋅ x2 + am3 ⋅ x 3 +  + amn ⋅ xn = bm

2.3 Solução de um sistema linear

A solução de um sistema linear são os valores que satisfazem, ao mesmo tempo, todas as equações
do sistema. Exemplo:

 3x − 2y = 14

x + 3y = −10

A solução do sistema é o par ordenado (2, –4), que indica que x = 2 e y = –4. Observe que esses
valores de x e y satisfazem ao mesmo tempo as duas equações, pois:

3 ⋅ 2 − 2 ⋅ ( −4) = 14

 2 + 3( −4) = −10

2.4 Sistema linear homogêneo

Um sistema linear homogêneo é aquele que possui todos os termos independentes iguais a zero,
como, por exemplo:

 x + 2y − z = 0

 3x − y − z = 0
2x + 3y − 2z = 0

56
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

Todo sistema linear homogêneo admite a solução nula (0, 0, 0), também conhecida como solução
trivial, pois se substituir todas as variáveis (incógnitas) por zero, o sistema será satisfeito. Um sistema
linear homogêneo pode ter outras soluções além da solução nula.

2.5 Classificação de um sistema linear

Um sistema linear pode ser classificado de três formas:

• Sistema possível e determinado (SPD) – quando tiver uma única solução.

• Sistema possível e indeterminado (SPI) – quando tiver infinitas soluções. Nesse caso escreveremos
as respostas em função de uma das incógnitas.

• Sistema impossível (SI) – quando não tiver soluções.

Exemplo de aplicação

Resolva, se possível, os sistemas a seguir e classifique‑os.

3x − 2y = −7
a) 
 x − y = −3

 x+y =5
b) 
2x + 2y = 10

x+y =8
c) 
x + y = 3

Resolução

Vamos resolver os sistemas pelo método da substituição, que consiste em escolher uma incógnita
para isolar em qualquer uma das equações: recomenda‑se escolher uma que tenha coeficiente 1, para
facilitar os cálculos, caso exista. Depois, substituir a expressão encontrada na outra equação e resolver
a que ficou com somente uma incógnita.

Para finalizar, já tendo descoberto o valor de uma das incógnitas, substitui‑se esse valor em qualquer
uma das equações do sistema para determinar a última variável.

a) Vamos escolher uma das equações para isolar uma variável. Analisando o sistema, percebemos
que a segunda equação tem o coeficiente 1 na variável x, logo vamos isolar o x na segunda equação:

x = –3 + y
57
Unidade I

Substituindo essa expressão na primeira equação, teremos:

3(–3+y)–2y=–7

Resolvendo a equação, teremos:

–9 + 3y –2y = –7
y=2

Substituindo o valor encontrado de y, na primeira equação, teremos:

3x − 2 ⋅ 2 = −7
3x − 4 = −7
3x = −3
x = −1

Logo o sistema é SPD, e sua solução é o par ordenado (–1, 2), que indica que x = –1 e y = 2

b) Analisando cuidadosamente as equações do sistema, percebemos que, se dividirmos a segunda


equação por 2, teremos exatamente a primeira equação ou, se multiplicarmos a primeira por 2,
chegaremos na segunda. Esse sistema será SPI, pois, na realidade, temos somente uma equação, porque
as equações são múltiplas uma da outra.

Resolvendo pelo método da substituição, isolaremos a incógnita x na primeira equação:

x=5–y

Substituiremos essa expressão na segunda equação:

2(5–y) + 2y = 10
10 – 2y + 2y = 10
0y = 0
0=0

Chegaremos em uma igualdade válida (pois zero é realmente igual a zero) que não depende de
incógnita, isso quer dizer que o sistema é possível e indeterminado, pois uma das equações é uma
combinação da outra (no caso, como mencionamos no início, a segunda equação é o dobro da primeira).

Na realidade, temos somente uma equação (x = 5 – y), e existem infinitas soluções para ela.

Escreveremos o conjunto solução da seguinte forma: S = {(5 – y, y) | y ∈}, que significa que para
cada y pertencente ao conjunto dos reais teremos um par ordenado como solução. Por exemplo, se

58
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

substituirmos y por 1, teremos o par ordenado (4, 1) como solução. Se substituirmos y por 3, teremos o
par ordenado (2, 3) como solução.

c) Isolando a variável x na primeira equação, teremos:

x=8+y

Substituindo x = 8 + y na segunda equação, teremos:

(8 + y) – y = 3
oy = –5
0 = –5

Chegamos em uma igualdade falsa, que é impossível. Logo o sistema é impossível e não tem solução.

2.6 Regra de Cramer

É um método que utiliza os determinantes e permite obter o conjunto solução de um sistema


possível e determinado, além de classificar em SPD, SPI ou SI.

É possível utilizar esse método em sistemas que possuem o número de incógnitas igual ao número
de equações, ou seja, nos casos mais comuns que são duas equações e duas incógnitas (sistema 2 × 2)
e três equações e três incógnitas (lê‑se 3 por 3).

Utilizando a regra de Cramer para um sistema 2 × 2:

 a1x + b1y = c1

a2x + b2y = c2

Primeiramente, calcularemos os determinantes:

a1 b1
• D = . Perceba que os elementos desse determinante são os coeficientes do sistema.
a2 b2
Este é conhecido como determinante principal.

c1 b1
• Dx = . Observe que foram colocados os termos independentes na coluna que tinha os
c2 b2
coeficientes da variável x.

59
Unidade I

a1 c1
• Dy = . Observe que foram colocados os termos independentes na coluna que tinha os
a2 c2
coeficientes da variável y.

Posteriormente, já com os valores dos determinantes citados, calcularemos os valores de x e y do


sistema, utilizando as expressões a seguir:

Dx D
x= e y= y
D D

Exemplo de aplicação

Um gerente está fazendo um orçamento para trocar os pneus da frota de veículos da empresa. Ele sabe
que, ao todo, são 21 veículos entre carros e motos, mas não lembra a quantidade exata de carros e motos.

O gerente solicita a um funcionário que descubra a quantidade de carros e de motos. Pouco tempo
depois, o funcionário informa que são 66 rodas ao total para orçar.

Como é possível o gerente descobrir a quantidade de carros e a quantidade de motos? Quais seriam
esses valores?

Resolução

Podemos montar um sistema para resolver essa questão. Chamaremos de x a quantidade de carros
e de y a quantidade de motos.

Sabemos que o total de veículos é 21, ou seja, x + y = 21

Sabemos que cada carro tem quatro rodas e que cada moto tem duas rodas, e que ao todo são 66
rodas, logo, 4x + 2y = 66

Colocando essas equações lineares em um sistema, teremos:

 x + y = 21

4x + 2y = 66
Observe que podemos melhorar a segunda equação dividindo todos os seus elementos por dois. Esse
procedimento de simplificação é extremamente útil e facilita os cálculos, entretanto não é obrigatório.
Logo teremos:

 x + y = 21

2x + y = 33
60
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

Resolveremos o sistema pela regra de Cramer para exemplificar sua utilização. Calculando os
determinantes, teremos:

1 1
D= , logo, D = 1 − 2 = −1
2 1
21 1
Dx = , logo, Dx = 21 − 33 = −12
33 1
1 21
Dy = , logo, Dy = 33 − 42 = −9
2 33
Dx −12 Dy −9
Finalizando, teremos que: x = = = 12 e y = = = 9 , ou seja, são 12 carros e nove motos.
D −1 D −1

A regra de Cramer para um sistema 3 por 3 segue a mesma lógica. Seja o sistema:

 a1x + b1y + c1z = d1



a2x + b2y + c2z = d2
a x + b y + c z = d
3 3 3 3

Primeiramente, calcularemos os determinantes:

a1 b1 c1
• D = a2 b2 c2 . Perceba que os elementos desse determinante são os coeficientes do sistema.
a3 b3 c3
Esse determinante é conhecido como determinante principal.

d1 b1 c1
• Dx = d2 b2 c2 . Observe que o determinante foi obtido colocando os termos independentes
d3 b3 c3
na coluna que tinha os coeficientes da variável x.

a1 d1 c1
• Dy = a2 d2 c2 . Observe que o determinante foi obtido colocando os termos independentes
a3 d3 c3
na coluna que tinha os coeficientes da variável y.

61
Unidade I

a1 b1 d1
• Dz = a2 b2 d2 . Observe que o determinante foi obtido colocando os termos independentes
a3 b3 d3
na coluna que tinha os coeficientes da variável z.

Posteriormente, já com os valores dos determinantes citados, calcularemos o valor de x, y e z do


sistema, utilizando as expressões a seguir:

Dx D D
x= ; y= y e z= z
D D D
Se o valor do determinante principal for D ≠ 0, o sistema será SPD.

Se o valor do determinante principal for D = 0, e de todos os outros determinantes também, ou seja,


Dx = 0, Dy = 0 ou Dz = 0, o sistema será SPI.

Se o valor do determinante principal for D = 0, e pelo menos um dos outros determinantes, Dx ou Dy


ou Dz, for diferente de zero, o sistema será SI.

Lembrete

A classificação de sistemas é: SPD: sistema possível e determinado,


somente uma solução; SPI: sistema possível e indeterminado, infinitas
soluções; e SI: sistema impossível, não tem solução.

2.7 Escalonamento

Até o momento, já estudamos como resolver um sistema pelo método da substituição e pela regra
de Cramer. O escalonamento será mais uma opção para resolver um sistema, principalmente se for um
sistema com mais de três equações e três incógnitas.

Escalonar um sistema significa deixá‑lo com uma escada de zeros, ou seja, na última
equação do sistema terá somente uma variável; na penúltima equação terá duas variáveis; na
antepenúltima equação, três variáveis; e assim sucessivamente. O exemplo a seguir mostra um
sistema que já foi escalonado.

 xyz9 x+y+z=9
 
 0x  3y  z  2 que equivale a  3y − z = 2
0 x  0 y  z  4  2z = 8
 
62
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

Depois que o sistema estiver escalonado, o processo de resolução se torna muito simples, basta
resolver a última equação primeiramente, pois é a mais simples, depois substituir o valor encontrado na
penúltima equação e resolvê‑la. E assim sucessivamente, ou seja, resolvendo as equações do sistema de
baixo para cima.

x+y+z=9

Solucionando o seguinte sistema escalonado:  3y − z = 2
 2z = 8

8
Resolvendo a última equação, teremos que z = = 4 . Substituindo o valor encontrado de z na
2
3y − 4 = 2
penúltima equação, teremos: 3y = 6
y =2
x +2+4 =9
Substituindo z = 4 e y = 2 na primeira equação, teremos: x + 6 = 9
x =3

Logo o conjunto solução será a terna (3, 2, 4), que significa que x = 3, y = 2 e z = 4

2.7.1 Escalonando um sistema

Detalharemos, passo a passo, o processo para escalonar um sistema. Vejamos como no sistema a seguir:

3x + 7y + 4z = −1

 x + 2y − z = 6
 x + y + z = −2

Primeiramente, vamos verificar se existe uma equação que seja mais simples, ou seja, que tenha
o maior número de coeficientes iguais a 1. Perceba que a última equação tem três coeficientes
iguais a 1, logo a colocaremos na primeira posição, e a que estava na primeira posição irá para a
terceira, pois não tem nenhum coeficiente igual a 1. Esse procedimento tem a finalidade de fixar
na primeira linha a equação mais simples para facilitar os cálculos subsequentes.

3x + 7y + 4z = −1  x + y + z = −2
 
 x + 2y − z = 6 ⇒  x + 2y − z = 6
 x + y + z = −2 3x + 7y + 4z = −1
 

Agora, precisaremos obter um coeficiente zero na primeira incógnita (x) da segunda equação, para
isso podemos fazer algumas operações entre as linhas do sistema. Se multiplicarmos todos os termos
da linha 1 por (–1) e somarmos com os respectivos termos da linha 2, colocando o resultado obtido na
linha 2, teremos:
63
Unidade I

 x  y  z  2  x  y  z  2
 ( 1)  Linha1  Linha2 
 x  2y  z  6    0x  y  2z  8
3x  7y  4 z  1 3x  7y  4 z  1
 
Agora, nosso objetivo será obter coeficiente zero na primeira incógnita (x) da terceira equação, para
isso multiplicaremos todos os termos da linha 1 por ( −3) e somaremos com os respectivos termos da
linha 3, colocando nela o resultado obtido:

 x  y  z  2  x  y  z  2
 ( 3)  Linha1  Linha3 
 0x  y  2z  8     0x  y  2z  8
3x  7y  4 z  1 0 x  4 y  z  5
 
Perceba que tanto a segunda como a terceira linha não dependem mais da variável x, então
podemos fixar a segunda linha. Para obter um coeficiente zero na segunda incógnita (y) da terceira
equação, multiplicaremos os elementos da linha 2 por ( −4) e somaremos com os respectivos
elementos da linha 3, colocando o resultado obtido na linha 3:

 x  y  z  2  x  y  z  2
 ( 4 )  Linha2  Linha3 
 0x  y  2z  8      0x  y  2z  8
 0x  4 y  z  5 0x  0y  9z  27
 
Agora que o sistema já está escalonado, iremos resolver de baixo para cima. Resolvendo a última
equação, teremos que z = –3. Substituindo esse valor na segunda equação, teremos que y = 2. Substituindo
esses valores na primeira equação, teremos que x = –1, logo a solução do sistema será a terna (–1, 2, –3).

Exemplo de aplicação

O disjuntor é um sistema eletromecânico cuja função é proteger toda uma rede elétrica contra
sobrecargas e curtos‑circuitos. Toda vez em que a carga de energia é maior do que a suportada, ele é
programado para desligar, evitando que eletrodomésticos queimem ou até mesmo causem incêndios.
Ele se difere do fusível no seu modo de funcionamento, pois, quando a sobrecarga ocorre neste, ele
queima e precisa ser substituído, enquanto o primeiro só desarma, podendo ser armado novamente.
Inclusive, ele permite que seja desarmado manualmente para a realização de serviços de manutenção.

As funções básicas desse dispositivo são: proteger os cabos contra sobrecargas e curtos‑circuitos,
permitir o fluxo normal de corrente sem interrupções e garantir a segurança das instalações e dos
usuários. Os diferentes tipos, específicos para cada uso, que dependerá basicamente do tipo de rede
elétrica, dos tipos de cabos e do tipo de equipamento que será ligado à rede, dividem‑se em três
categorias: o disjuntor unipolar, indicado para circuitos com apenas uma fase, como os de iluminação
e tomadas de sistema monofásico fase de 127 V ou 220 V; o disjuntor bipolar, indicado para circuito de
duas fases, como torneiras e chuveiros com sistemas bifásicos, com fase de 220 V; e o disjuntor tripolar
indicado para circuitos de três fases, com 220 V ou 380 V.

64
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

Um técnico estava fazendo instalações elétricas em um centro comercial para três clientes e solicitou
para o cliente A que comprasse oito disjuntores unipolares, dois bipolares e um tripolar. Para o cliente
B, solicitou dez disjuntores unipolares, cinco bipolares e dois tripolares. Para o cliente C, solicitou que
comprasse um disjuntor unipolar, um bipolar e um tripolar.

Os três clientes foram juntos em uma mesma loja comprá‑los. O valor gasto com os disjuntores pelos
clientes A, B e C foi, respectivamente, R$ 350,00, R$ 630,00 e R$ 160,00.

Determine qual o valor unitário de cada um dos disjuntores: unipolar, bipolar e tripolar.

Resolução

Primeiramente, vamos montar um sistema com essas informações considerando:

x – preço do disjuntor unipolar

y – preço do disjuntor bipolar

z – preço do disjuntor tripolar

O cliente A comprou oito disjuntores unipolares, dois disjuntores bipolares e um disjuntor tripolar e
gastou R$ 350,00, logo temos a equação:

8x + 2y + z = 350

O cliente B comprou dez disjuntores unipolares, cinco disjuntores bipolares e dois disjuntores
tripolares e gastou R$ 630,00, logo temos a equação:

10x + 5y + z = 630

O cliente C comprou um disjuntor de cada tipo e gastou R$ 160,00, logo temos a equação:

x + y + z = 160

Montando o sistema com essas informações, lembrando de colocar a equação mais simples na
primeira linha, teremos:

 x + y + z = 160

8x + 2y + z = 350
10x + 5y + 2z = 630

Resolveremos de três modos diferentes esse sistema.

65
Unidade I

1º modo – utilizando regra de Cramer

 x + y + z = 160

Sendo 8x + 2y + z = 350 , vamos montar primeiramente o determinante principal D, com os
10x + 5y + 2z = 630

1 1 1
coeficientes D = 8 2 1 . Resolvendo esse determinante, temos:
10 5 2

1 1 1 1 1
D 8 2 1 8 2  D  4+10+40  20  5  16  54  411  13
10 5 2 10 5
20 5 16 4 10 40

Colocando os termos independentes na coluna dos coeficientes da variável x, teremos


160 1 1
Dx = 350 2 1 . Resolvendo esse determinante, teremos:
630 5 2

160 1 1 160 1
Dx  350 2 1 350 2  Dx  640+630+17550  1260  800  700  260
630 5 2 630 5
1260 800 700 640 630 1750

Colocando os termos independentes na coluna dos coeficientes da variável y, teremos


1 160 1
Dy = 8 350 1 . Resolvendo esse determinante, teremos:
10 630 2

1 160 1 1 160
Dy  8 350 1 8 350  Dy  700+1600+
+5040  3500  630  2560  650
10 630 2 10 630
3500 630 2560 700 1600 5040

66
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

Colocando os termos independentes na coluna dos coeficientes da variável z, teremos


1 1 160
Dz = 8 2 350 . Resolvendo esse determinante, teremos:
10 5 630

1 1 160 1 1
Dz  8 2 350 8 2  Dz  1260+3500+6400  3200  1750  5040  1170
10 5 630 10 5
3200 1750 5040 1260 3500 6400

Para encontrarmos o valor de x, y e z do sistema, basta efetuar:

Dx 260
x= = = 20
D 13

Dy 650
y= = = 50
D 13

Dz 1170
z= = = 90
D 13

Logo os preços do disjuntor unipolar é R$ 20,00, do disjuntor bipolar é R$ 50,00 e do tripolar é R$ 90,00.

2º modo – utilizando o método da substituição

O método da substituição, para resolver sistema de três equações e três incógnitas (variáveis),
consiste em escolher uma incógnita para isolar em qualquer uma das equações (recomenda‑se escolher
a que tiver coeficiente 1, para facilitar os cálculos, caso exista). Depois, substituir a expressão encontrada
nas outras equações.

Após resolver as expressões, teremos um novo sistema, agora com duas equações e duas incógnitas.
Basta utilizar o método da substituição para resolver um sistema 2 por 2.

 x + y + z = 160

Sendo 8x + 2y + z = 350 , vamos isolar a incógnita x na primeira equação, logo x = 160 − y − z .
10x + 5y + 2z = 630

Substituiremos esse valor de x na segunda e na terceira equação do sistema e teremos:

67
Unidade I

x + y + z = 160 ⇒ x = 160 − y − z

 8x + 2y + z = 350 ⇒  8(160 − y − z) + 2y + z = 350
10x + 5y + 2z = 630 
 10(160 − y − z) + 5y + 2z = 630

Melhorando as equações restantes, teremos um novo sistema 2 por 2 nas variáveis y e z:

 8(160 − y − z) + 2y + z = 350  1280 − 8y − 8z + 2y + z = 350 −6y − 7z = −930


 ⇒ ⇒
10(160 − y − z) + 5y + 2z = 630 1600 − 10y − 10z + 5y + 2z = 630  −5y − 8z = −970

Ao multiplicar as duas expressões obtidas no sistema por (–1):

6y + 7z = 930

5y + 8z = 970
930 − 7z
Isolando y na primeira equação, teremos y = , e substituindo esse valor na segunda
6
equação do novo sistema:

 930 − 7z 
5⋅  + 8z = 970
 6 

Distribuindo o 5:

4650 − 35z
+ 8z = 970
6

Tirando o mínimo múltiplo comum:

4650 − 35z 48z 5820


+ =
6 6 6

Simplificando o denominador comum:

4650 − 35z + 48z = 5820


13z = 1170
1170
z=
13
z = 90

930 − 7z
Substituindo o valor de z = 90 na equação y =
6

68
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

930 − 7 ⋅ 90
y=
6
930 − 630
y=
6
300
y=
6
y = 50

Substituindo o valor de z = 90 e y = 50 na equação x = 160 – y – z, teremos:

x = 160 – 50 – 90
x = 20

Logo, o preço do disjuntor unipolar é R$ 20,00, do disjuntor bipolar é R$ 50,00 e do disjuntor tripolar
é R$ 90,00.

3º modo – utilizando escalonamento

Observe que a primeira equação é a mais simples, por isso a fixamos.

Para obter um coeficiente zero na primeira incógnita (x) da segunda equação, vamos multiplicar a
linha 1 por ( −8) e somar com a linha 2. Colocando o resultado obtido na linha 2, teremos:

 x  y  z  160  x  y  z  160
 ( 8)  Linha1  Linha2 
8x  2y  z  350   0x  6 y  7z  930
10x  5y  2z  630  10x  5y  2z  630
 

Para obter um coeficiente zero na primeira incógnita (x) da terceira equação, vamos multiplicar a
linha 1 por (–10) e somar com a linha 3. Colocando o resultado obtido na linha 3, teremos:

 x  y  z  160  x  y  z  160
 ( 10)  Linha1  Linha3 
0x  6 y  7z  930   0x  6 y  7z  930
 10x  5y  2z  630  0x  5y  8z  970
 

Agora que tanto a segunda como a terceira linhas não dependem mais da variável x, vamos
fixar a segunda linha. Para obter um coeficiente zero na segunda incógnita (y) da terceira equação,
 5
multiplicaremos a linha 2 por  −  e somaremos com a linha 3, colocando nela o resultado obtido:
 6

69
Unidade I




x  y  z  160 5
6  
  Linha2  Linha3  x  y  z  160
0x  6 y  7z  930  0x  6 y  7z  930
 0x  5y  8z  970  13
  0x  0y  z  195
 6

Resolvendo a última equação, teremos z = 90, substituindo esse valor na segunda equação e
resolvendo, teremos que y = 50, e substituindo esses valores na primeira linha, teremos x = 20

Logo, o preço do disjuntor unipolar é R$ 20,00, do disjuntor bipolar é R$ 50,00 e do disjuntor tripolar
é R$ 90,00.

Saiba mais

Para saber mais sobre as aplicações de matrizes, determinantes e


sistemas nas áreas de engenharias, acesse:

LEVORATO, G. B. P. Matrizes, determinantes e sistemas lineares:


aplicações na engenharia e economia. Dissertação (Mestrado em
Matemática) – Universidade Estadual Paulista, Instituto de Geociências
e Ciências Exatas. Rio Claro, 2017. Disponível em: https://repositorio.
unesp.br/bitstream/handle/11449/151612/levorato_gbp_me_rcla.
pdf?sequence=3&isAllowed=y. Acesso em: 1º ago. 2019.

VALIENTE, E. da S. P. Aplicações de sistemas lineares e determinante


na engenharia civil. Dissertação (Mestrado em Matemática) –
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Instituto de Matemática.
Programa de pós‑graduação. Campo Grande, 2015. Disponível em:
http://petengenhariasifba.com.br/wp‑content/uploads/2013/08/
Elton‑da‑Silva‑Paiva‑Valiente.pdf. Acesso em: 1º ago. 2019.

SANTOS, W. V. D.; PRIMO, A. S. Aplicação da álgebra linear na


engenharia elétrica: análise de circuitos elétricos em corrente contínua.
Cadernos de Graduação – Ciências exatas e tecnológicas – Matemática,
Aracaju, v. 4, n. 1, p. 53‑76, mar. 2017. Disponível em: https://periodicos.
set.edu.br/index.php/cadernoexatas/article/viewFile/3970/2208. Acesso
em: 1º ago. 2019.

70
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

Resumo

Apresentamos as matrizes (conceito, tipos e operações), os determinantes


(cálculo) e os sistemas lineares (resolução por escalonamento, método da
substituição e regra de Cramer).

A representação genérica de uma matriz de ordem m × n é dada por:

 a11 a12 a13  a1n 


a 
 21 a22 a23  a2n 
Amxn =  a31 a32 a33  a3n 
 
      
a 
 m1 am2 am3  amn 

Matriz identidade: é uma matriz quadrada que possui na diagonal


principal todos os elementos iguais a 1 e o restante dos elementos todos
iguais a zero, sua lei de formação é:

1, se i = j
aij = 
0, se i ≠ j
Igualdade de matrizes: duas matrizes, A e B, de mesma ordem e iguais se, e
somente se, seus elementos de mesma posição forem iguais. Se A = ( aij )
( )pxq
mxn
e B = bij , para que A = B, devemos ter que m = p, n = q e aij = bij

Adição de matrizes: sejam A e B matrizes de ordem m × n, e C a


matriz que representa a soma das matrizes A e B, a ordem da matriz C
será m × n e cada elemento será obtido pela expressão cij = aij + bij, em
que 1 ≤ i ≤ m e 1 ≤ j ≤ n .

Subtração de matrizes: sejam A e B matrizes de ordem m × n e C a


que representa a subtração das matrizes A – B, a ordem da matriz C será
m × n e cada elemento será obtido pela expressão cij = aij – bij, em que
1 ≤ i ≤ m e 1 ≤ j ≤ n.

Multiplicação de um número real por uma matriz: seja A uma matriz de


ordem m × n, de elementos aij, e a um número real, a multiplicação da matriz
A pelo número real a será representada por α ⋅ A , terá ordem m × n e todos
seus elementos serão obtidos multiplicando‑se cada elemento da matriz A
pelo número real α , ou seja, os elementos novos serão a . aij

71
Unidade I

Matriz transposta: seja A uma matriz de ordem m × n, a transposta At


tem ordem n × m, e suas linhas são, ordenadamente, as colunas da matriz A.

Multiplicação de matrizes: a multiplicação de duas matrizes A ⋅ B só


será possível quando o número de colunas da primeira matriz for igual
ao número de linhas da segunda. O resultado será uma matriz que terá o
mesmo número de linhas da primeira matriz e o número de colunas igual
ao número de colunas da segunda. Os elementos cij da matriz produto,
C = A ⋅ B , serão obtidos multiplicando‑se ordenadamente os elementos da
linha i da matriz A pelos elementos da coluna j, da matriz B, e somando‑se
os produtos.

Matriz inversa: dizemos que uma matriz A é invertível e indicada por A–1
se for quadrada de ordem n × n e satisfizer a condição:

A ⋅ A −1 = A −1 ⋅ A = In

O sistema linear é o conjunto de duas ou mais equações lineares com


n incógnitas. Genericamente, um sistema linear de m equações com n
incógnitas é representado por:

 a11 ⋅ x1 + a12 ⋅ x2 + a13 ⋅ x 3 +  + a1n ⋅ xn = b1


 a ⋅ x + a ⋅ x + a ⋅ x + + a ⋅ x = b
 21 1 22 2 23 3 2n n 2
 . . . . .
 . . . . .

am1 ⋅ x1 + am2 ⋅ x2 + am3 ⋅ x 3 +  + amn ⋅ xn = bm

A solução de um sistema linear são os valores que satisfazem ao mesmo


tempo todas as equações do sistema.

A classificação de um sistema linear é a seguinte: sistema possível e


determinado (SPD), quando tiver uma única solução; sistema possível
e indeterminado (SPI), quando tiver infinitas soluções, nesse caso
escreveremos as respostas em função de uma das incógnitas; e sistema
impossível (SI), quando não tiver soluções.

A regra de Cramer é um método para resolver sistemas que utilizam os


determinantes para obter o conjunto solução de um SPD. Para encontrar o
valor de x, y e z, basta efetuar:

Dx D D
x= , y= y e z= z
D D D

72
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

Exercícios

Questão 1. Em um display formado pelo arranjo de LED (light emitting diodes, ou diodos emissores de
luz), cada ponto luminoso é formado por três cores: vermelho (red), verde (green) e azul (blue), RGB. Para
que um único ponto seja controlado, você deve variar a corrente que circula em cada uma das três cores,
de maneira que o LED correspondente aumente ou diminua seu brilho e a mistura resultante de cada cor
possa dar origem às outras. Assim, para obter a cor preta, os LEDs vermelho, verde e azul do ponto ficarão
apagados (0), e para obter a cor branca, cada LED do ponto receberá seu valor máximo (255). Dessa forma,
para um ponto ficar vermelho, deverá receber o valor de 255, o verde o valor zero e o azul zero também.
Quando se quiser a cor magenta (violeta‑claro), o vermelho receberá 255, o verde 0 e o azul 255.

Tal procedimento deve ser repetido para cada ponto da matriz. Assim, o resultado final é a combinação
das matrizes vermelha, verde e azul.

Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki

Figura 2 – matriz de LED 8 × 8

Chamando de R a matriz dos LEDs vermelhos, G a matriz dos LEDs verdes e B a matriz dos LEDs azuis;
I a matriz identidade e O a matriz nula, apresentamos o display da figura:

Figura 3 – Display exibido para a questão; ilustração de Olavo Ito

73
Unidade I

Qual das alternativas a seguir mostra o display da figura?

A) R = 255 × I8, G = O8×8, B = 255 × (I8)t

B) R = 255 × O8, G = I8×8, B = 255 × (O8)t

C) R = O × I8, G = 255 × O8×8, B = 0 × (I8)t

D) R = O8×8, G = 255 × I8, B = 255 × (I8)t

E) R = 255 × (I8)t, G = O8×8, B = 255 × I8

Resposta correta: alternativa A.

Análise da questão

255  0  1  0
Matriz vermelha V       , ou seja V  255      
  
 0  255  0  1

Portanto V = 255 × I8

0  0 
Matriz verde G      
 
0  0 
Portanto G = O8×8

t
 0  255  0  1  1  0 
Matriz azul B     , B  255     , B  255        
   
     
255  0   1  0   
 0  1 

Portanto B = 255 × (I8)t

A resposta correta é R = 255 × I8, G = 08x8, e B = 255 × (I8)t, que corresponde à alternativa A.

Questão 2. A dupla sertaneja Jica e Turcão, durante a turnê pelos grandes centros do interior paulista,
encarregou o seu roadie (auxiliar de palco), “Quick” Ricardo, do abastecimento de encordoamento e
palhetas em cada uma das cidades em que passaram.

74
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

Figura 4

Ao final da turnê, Turcão, apesar de ter pedido a Ricardo para que entregasse a nota fiscal das compras
detalhadas, verificou que ele entregara apenas um papel com os nomes das cidades, os nomes das lojas, a
quantidade de palhetas e encordoamentos e o total da compra. Conforme especificado a seguir.

Quadro 1

Campinas Ribeirão Preto Araraquara


Casa Orfeon – 6/8 Musical Vitallo – 12/8 Made in Rock – 22/8
10 palhetas 5 palhetas 20 palhetas
3 encordoamentos 1 encordoamento 2 encordoamentos
Total: R$ 120,00 Total: R$ 30,00 Total: R$ 90,00
Casa Orfeon – 9/8 Musical Vitallo – 13/8 Made in Rock – 22/8
5 palhetas 10 palhetas 10 palhetas
2 encordoamentos 2 encordoamentos 1 encordoamento
Total: R$ 75,00 Total: R$ 60,00 Total: R$ 55,00
Musical Vitallo – 15/8
15 palhetas
3 encordoamentos
Total: R$ 90,00

Com base nas informações dadas pelo roadie, qual dessas conclusões às quais Turcão chegou está incorreta?

A) O preço da palheta em Campinas é R$ 3,00.

B) Ricardo eventualmente foi enganado em Araraquara.

C) Ricardo não conseguiu calcular o preço das mercadorias em Ribeirão Preto, pois as informações
resultam em um sistema possível e indeterminado.

75
Unidade I

D) O preço do encordoamento em Campinas é R$ 30,00.

E) O preço do encordoamento em Araraquara é R$ 35,00.

Resposta correta: alternativa D.

Análise da questão

Um sistema linear pode ser classificado de três formas: sistema possível e determinado (SPD), quando
tiver uma única solução; sistema possível e indeterminado (SPI), quando tiver infinitas soluções, e, nesse
caso, escreveremos as respostas em função de uma das incógnitas; e sistema impossível (SI), quando
não tiver soluções.

Caso o resultado não apresente solução (SI), significa que os preços cobrados nas compras foram
diferentes entre uma compra e a outra.

Compra de Campinas:

10p + 3e = 120 (1)



 5p + 2e = 75 (2)

Isolando e na equação 2 temos:


75 − 5p
e= (3)
2
Substituindo e na equação 1:

 75 − 5p  20p + 3 (75 − 5p)


10p + 3   = 120 , = 120 , 20p + 225 − 15p = 240
 2  2
Isolando p, temos:
15
5p = 240 − 225 , p = =3
5
Dessa forma, a palheta custa R$ 3,00 em Campinas. Substituindo esse valor na equação (3), temos:
75 − 5 × 3 75 − 15 60
e= = = = 30
2 2 2
O preço do encordoamento em Campinas é R$ 30,00. Para comprovar:

10 × 3 + 3 × 30 = 120

 5 × 3 + 2 × 30 = 75
Ok, o sistema é possível e determinado. Assim sendo, as conclusões das alternativas A e E estão
corretas, então estão descartadas.

76
TÓPICOS DE MATEMÁTICA

Analisando Ribeirão Preto, temos três equações com duas incógnitas, portanto teremos que analisar
as possíveis equações entre eles:

 5p + e = 30 (1)

10p + 2e = 60 (2)
15p + 3e = 90 (3)

Isolando e na equação (2):
60 − 10p (4)
e=
2
Substituindo e na equação (1)
60 − 10p 10p + 60 − 10p
5p + = 30 , = 30
2 2
Como vemos, o termo p é eliminado, resultando em 30=30, um sistema possível e indeterminado.

Substituindo a equação (4) em (3):

 60 − 10p  30p + 3 (60 − 10p)


15p + 3   = 90 , = 90 , 30p − 30p + 180 = 180
 2  2

Novamente o termo p é eliminado, resultando em 180=180, um sistema possível e indeterminado.


Assim as informações são insuficientes para calcular o valor das mercadorias. Dessa forma, a conclusão
da alternativa C está correta também.

Analisando Araraquara:

20p + 2e = 90 (1)

10p + 1e = 55 (2)
Isolando e na equação (2):

e = 55 – 10p (3)

Substituindo e na equação (1):

20p + 2(55 – 10p) = 90, 20p + 110 – 20p = 90

Novamente o termo p irá desaparecer, mas ao contrário da solução de Ribeirão Preto, os valores totais
não aumentam linearmente conforme as equações, portanto é um caso de sistema indeterminado. Dessa
forma, como o preço total das compras não está em conformidade, houve um engano na totalização das
mercadorias, assim a afirmação da alternativa B é plausível, enquanto a afirmação da alternativa D está
totalmente incorreta, pois é impossível calcular o valor das mercadorias de Araraquara.

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