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SETECENTISTAS
USP UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Reitor: Prof. Dr. Jacques Marcovitch
Vice-Reitor: Prof. Dr. Adolpho José Melfi
FFLCH
FFLCH FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
Diretor: Prof. Dr. Francis Henrik Aubert
Vice-Diretor: Prof. Dr. Renato da Silva Queiroz
Humanitas
FFLCH/USP
As imagens da capa, fotografadas por Tânia Lobo, são do Arquivo Público do Estado da Bahia.
Ve n d a s
LIVRARIA HUMANITAS-DISCURSO
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SÉRIE DIACHRONICA
FONTES PARA A HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
VOL. 3
CARTAS BAIANAS
SETECENTISTAS
TÂNIA LOBO (ORG.)
PERMÍNIO FERREIRA
UÍLTON GONÇALVES
KLEBSON OLIVEIRA
Humanitas
FFLCH/USP
ISBN 85-7506-004-X
H UMANITAS FFLCH/USP
e-mail: editflch@edu.usp.br
Telefax: 3818-4593
Editor Responsável
Prof. Dr. Milton Meira do Nascimento
Coordenação editorial
Mª. Helena G. Rodrigues – MTb n. 28.840
Diagramação e capa
Diana Oliveira dos Santos
Revisão
Edison Luís dos Santos
Tânia Lobo (org.) 5
Sumário
Apresentação .................................................................... 7
Apresentação
tar que isso de forma alguma inviabiliza ou dificulta o acesso a esses textos
a pesquisadores de outras áreas ou curiosos.
O principal objetivo visado por este trabalho é, assim, a disponibi-
lização de tais textos a qualquer pessoa que a ele queira ter acesso, contri-
buindo para a sobrevivência da memória nacional e, em segundo lugar,
possibilitar a sobrevivência dos testemunhos do passado escrito do país.
cinco anos, tendo com ela dez filhos. Infelizmente todos os testamentos
vistos eram apógrafos ou cópias, escritas normalmente por um padre, que
eventualmente era seu executor, o testamenteiro.
Como as estatísticas em relação a número de testamentos refletem,
até onde foi possível verificar, as dos outros tipos de textos e já que o estado
deles era assustador (de 98 só foi possível manusear 40), escolheu-se o séc.
XVIII como nosso padrão. Caso fossem transcritos todos os testamentos
dessa época, recuar-se-ia no tempo à procura de novos documentos.
Quanto ao local de trabalho, visto que não ofereciam qualquer
obstáculo à sua freqüência, tiveram preferência os arquivos públicos, em
detrimento dos eventualmente burocráticos – por cuidadosos – arquivos
particulares ou de ordens religiosas. O Arquivo Histórico Municipal de
Salvador tinha de longe a melhor paisagem, uma vista maravilhosa da
Baía de Todos os Santos, mas não correspondia em outros aspectos, nesse
caso, mais importantes: os manuscritos que o AHMS preserva são em
geral cópias do séc. XIX, que não indicavam normas de transcrição outras
que não “fidelidade absoluta ao original”, levando em consideração ape-
nas o conteúdo e não se utilizando na transcrição, por exemplo, a grafia
do original.
O Arquivo Público do Estado da Bahia – APEB – foi o escolhido.
Apesar de alguns poréns – o prédio em que se encontra era conhecido,
quando era a quinta de descanso dos jesuítas, como Quinta do Tanque,
em razão de ser extremamente úmido, chegando a minar água de algumas
de suas paredes –, que dificilmente o tornavam o lugar mais adequado
para guardar toneladas de papel. Bem organizado, armazena um quanti-
dade fantástica de textos e se divide em quatro seções: Judiciária, que
comporta em sua maior parte inventários e testamentos dos séculos XVII,
XVIII e XIX; Republicana, com materiais diversos de 1889 até recente-
mente; Imperial, com documentos de natureza variada de 1822 a 1889;
Colonial, que guarda documentos desde o início da colonização do Brasil
até 1822. Sua sala de pesquisas, localizada em um de seus subsolos, é
bastante confortável e adequada, com ar-condicionado, tomadas onde se
pode ligar um computador e um bom café. O Arquivo vem desde o
início de 1999 microfilmando sistematicamente todos os seus textos e
ainda os escanerizando para futura armazenagem digital, o que deve faci-
litar bastante as pesquisas no futuro.
14 Cartas Baianas Setecentistas
11, que traz uma ata de autor não identificado; e 29, com dois de seus três
anexos de autor não indicado.
Os apógrafos, até onde foi possível verificar (ou até onde foi a com-
petência paleográfica dos pesquisadores), são os de número 24, 73, 78,
(carta inicial e anexo 1) 93, 111 e 125 (carta inicial, assinada Antônio
Rodrigues Lopes, e, a partir do fólio 5r, assinada João Gomes da Silva).
O nome do Juiz de Jaguaripe, no documento 06, não pode ser
lido, e o documento 70 é uma cópia.
Ainda há documentos cujos anexos são de autores diferentes dos
autores das cartas iniciais. São eles : o de nº 13, com um anexo de Bernar-
do Rijo da Fonseca; o 25, certificado de prisão de Manoel Marques de
Souza Porto; o 28, anexo de Dom Fernando José de Portugal; o 29,
anexos um e dois de autores não identificados, anexo 3 de Antônio dos
Santos Vital; o 33, certidão de Manoel Fernandes Pinheiro; o 58, lista de
João Afonso Liberato; o 74, lista de José de Melo Varjão; o 125, fólio 4r,
assinado simplesmente Rodrigues, 4r/4v, de Francisco Gomes Pereira
Guimarães.
Todos os documentos restantes são autógrafos.
juízes da terra por serem moradores do município. Eles eram eleitos anual-
mente e deviam ter suas gestões obrigatoriamente devassadas pelo juiz
que os sucedesse.
Havia ainda os juízes de fora, fiscais dos juízes ordinários, que não
podiam ter vínculo, como casar-se com uma moradora dos locais onde
fossem trabalhar; e os juízes de órfãos, encontrados apenas nos municí-
pios maiores, encarregados de proteger os direitos dos menores de 25
anos em caso de herança.
Os juízes das instâncias superiores, corregedores, ouvidores e
desembargadores, não podiam ter nascido no Brasil, embora, já na pri-
meira Relação, de 1653 (os desembargadores de 1609, da primeira Rela-
ção propriamente dita, se afogaram quando o navio que os trazia afun-
dou), haja um pernambucano e um baiano.
Diz ainda o Dr. Carlos Carrillo, na sua Memória da Justiça Brasi-
leira, de onde tiramos as informações acima:
“Todos os juízes de primeira instância, que não precisavam ser le-
trados, estavam submetidos à autoridade dos ‘corregedores’, que, sim,
eram formados em leis. [Os corregedores] estavam incumbidos de per-
correr a sua jurisdição, verificando o bom andamento da Justiça, tarefa
que recebia o nome de “correição”. Esta função era, às vezes, acumulada
transitoriamente por outros magistrados. Os ouvidores e os desem-
bargadores das Relações costumavam fazer correições periódicas nas suas
áreas de atuação.”
Nossas cartas vêm do Recôncavo Baiano ou da Comarca dos Ilhéus.
A Comarca dos Ilhéus tinha um desembargador-ouvidor, que circulava –
fazia a correição – por toda a sua comarca.
1
Essas normas foram decididas durante o II Seminário para a História do Português Brasilei-
ro, realizado em Campos do Jordão em maio de 1998.
24 Cartas Baianas Setecentistas
2 Índice
2.1 Cartas e seus Anexos
2.1.1 Recôncavo
2.2 Devassa
3 Mapa
APÊNDICE
Mapa da Bahia
Recôncavo e Comarca dos
Ilhéus em destaque
Jaguaripe - 10 documentos
Morro de São Paulo - 05 documentos
Cairu - 42 documentos
Taperoá - 01 documento
Rio de Contas - 08 documentos
Camamu - 15 documentos
Maraú - 01 documento
Ilhéus - 20 documentos
Tânia Lobo (org.) 37
4 Documentos
Jaguaripe, 27 de setembro de 1783 – Autor desconhecido
Illustrissimo eExcellentissimoSenhor.|
Ouvindo aoSuplicado meRespondeo este que execu| tando
aAntonio Ferreira valle entre os bens que lhepinhorava fora| oCabra
Manoel que dis oSuplicante ser seu filho eporessa execuçam| fora
5 odito Cabra aRematado pello Alferes Florencio deSilva| Joze
aoqual depois otrapassara aelle Suplicado; efazendo vir os au| tos
daexecuçam aminha prezença porser amesma feita neste Juizo,|
delles vi ser de facto pinhorado pelo Suplicado odito Cabra com|
outros escravos deque fui eu oproprio depozitario, efallecendo|
10 odevedor napendencia daexecuçam eser naContinuaçaõ desta|
Comaviuva eherdeiros aRematado oexpressado Cabra,| pelo tal
Alferes Florencio deSilva Joze: Isto he oque po| so informar aVossa
Excelencia, Como taõ bem que odito Cabra ja| propôz hua acçaõ
deL[ilegível] aoSuplicado
15 SeuSenhor eCorrendo aRe-| vellia, foi Lançado, ealcançou odito
SeuPatrono Senten| ca Contra elle; comais mandará Vossa
Excelencia oque for Servido| Villa deJaguaripe 3 deOutubro
de1787|
DeVossa Excelencia|
Omenor Subdito|
O Juis Ordinario Ignacio Caetano Sotomayor
Illustrissimo eExcellentissimoSenhor.|
Em o dia Catorze deste corrente mes chegou a esta Villa Anto-
nio| dos Santos Portabandeira de Regimento novo da infantaria
dessaCidade| e con tal avoroso saltou que animozamente chegou
5 a dizer que vinha| determinado athé darmebofetoins. Tendo eu
determinado a hum dos| meos Tabelians para hir aserto Lugar do
termo desta Villa afactura,| dehum corpo de delito dehuns cor-
pos mortos que apareseraõ| dando para companhia do dito Tabe-
liaõ hum official da Justiça o| dito PortabandeiraVoluntariamen-
10 te privou aodito official desta dili| gencia oCupando onas suas
determinasoens, eporultimaValen| dose do nome deVossaExce-
lencia o Recolheo aCadeya desta Villa aonde| esteve dous dias
depois dos quais o mandei soltar por percizar| delle para execuçaõ
devarias deligencias da Administraçaõ| da Justiça. Rogo aVossa
15 Excelencia haja asoltura por bem e| satisfaçaõ aRespeito da ine-
mozidade do dito Portabandeira que,| asim chega afaltar oRes-
peito dos que adeministraõ as Justiças deSua| Sua Magestade.
Deos guarde a Vossa Excelencia por muitos annos para amparo dos
Povos.| Villa de Jaguaripe 17 deMarço de1786|
DeVossa Excelencia|
Omenor Sudito|
Ojuis Ordinario Joze EloyFerreira Cardim
Illustrissimo eExcellentissimoSenhor.|
Foi recebida aCarta deVossa Excelencia com| aquela Veneraçaõ,
eRespeito que Sedevia; epor Seachar naterra| oDoutor Ouvidor
daCommarca Logo lhefomos comunicar oqueVossa Excelencia|
5 determinava, e elle, que tambem teve outra igual Recomenda-|
çam deVossa Excelencia, deliberou hir para aPovoaçaõ de Nazareth,
on-| de Seacha, para poder melhor examinar os Lavradores| mais
Capazes de augmentar aplantaçaõ de milho, efeijaõ,| eos meyos
mais proprios para ella Se efeituar.|
10 Naõ he nova esta plantaçaõ naquelle ter-| reno, mas agora
procuraremos, que ella Sepropague Com| mais excesso, aver Se
podemos Conseguir, que se espalhe nessa| Cidade a abundassa
destes generos igualmente necessarios para| aSubsistenssa dos po-
vos.|
15 Esta nossa obediencia Será em| todo otempo amelhor prova
da execuçaõ, que vamos dar às| venerandas Ordens deVossa
Excelencia Deos Guarde aVossa Excelencia por muitos| annos. Villa
deJaguaripe 19 de Setembro de1799|
DeVossa Excelencia|
20 Humildes, e Reverentes Subditos|
Ojuis ordinario Silverio Hippoljto de |
Jozê Raijmundo deSouza |
Francisco Ferreira Leite|
oProcurador JozéAlbino Gomes Pereira.
|||2r
Sendoprezente nesta Meza pelo Illustrissimo | Excelentissimo Se
5 nhor da caza acarta que lhees cre| veu o Cappitam-mor da Villa
de Itapicurû | deSima Bernardo Carvalho daCunha emque |
notticía que tendos ahido JozêGomes daSilva | comhuma cavala-
ria da parte de Jagoari| be, seaggregaraõ algumaspessoas que [ile-
gível]| vamente o mataraõ na travessia doRiacho | daBrizida a
10 donde osepultaraõ eque apos-| [ilegível] matadores da dita cava-
laria emas| bens do morto seguiraõ para o Rio de Saõ | Francisco
adonde se transportaraõ com os mes| mosbens roubados para o
termo dadita Villa de Ita| picurû adonde o mesmo Cappitam-
mor que tam | bem serve deJuiz Ordinario notticiado dos re[pe]|
15 tidos insultos fizera prender e remmete| ra para a Cadeia
destacidade hum dos indi-| ciados nos refferidos delictos; epor
que o ca| zo eragravissimo epedia huma prom| pta eexemplarissima
puniçaõ que em grande | parte difficultava a grande distancia
e[ode]zêrto|||2v dezêrto adonde se commeteraõ os reffe-| ridos
20 attentad os aimpossibilidade de lâ poder | hir Ministro que os
50 Cartas Baianas Setecentistas
17 Maio |
DoJuiz ordinario remetendo in-| cluzo o requerimento de João
Manuel | Vieira daFonceca
||2r
ManoelMarques deSouza Porto | tabeliam publico dojudicial
enottas nezta Villa | deNossa Senhora daPurificaçam eSanto Amaro
| eSeo termo Nozimpedimentos deCompeten| te Florencio Telles
Menezes cer-| tefico que em observancia de despacho an| tecedente
Tânia Lobo (org.) 69
||2v
[outra letra, paisagem, metade inferior]
Em16deJunhode1793 |
DoJuiz ordinario davilla de Santo | Amaro daPurificaçam
comaReme | sadopardo José Joaquim deSanta Anna | porLadraõ
debois, e quedirei ser [...]| tor Sua Excelencia depois deoter pre[zo]
ofezsoltar etc.
Tânia Lobo (org.) 71
|||2v
[outra letra, paisagem, metade inferior]
Em 12 de outubro de1795 |
DoJuis ordinario daVilla deNossa Senhora | daPurificaçam sobrea
Remesa doSoldado | Desertor do Regimento deArtilharia Jose |
Nunes Rodrigaõ queSua Excelencia man| dou para o Serviço das
obras publicas, e | Fortificaçoens etc.
[outra letra]
||2r
Oescrivaõ deste auditorio Manoel Fernandez Pinheiro deClare
por Certidaõ. | Sua aopê desta Seno Cartorio desta Villa Corre
alguã Cauza L[ou]re-| ço daCunha [estragado] eseo Cappellaõ
ComSebastiam Jozê Gomes, edo que Cons-| tar passara em ter
5 mos que faça fê Villa da Abbadia deAgosto 8 de 1766 |
Campos |
|| 2r.
Senhor Sargento Mor Francisco Antonio daSilva. | O que pode-
mos informar avossamerce sobre avesto | ria dolugar chamado
Lagoa grande thê o rio Macaco | daparte doSul hê, que andando
nôs nadelidencias de | algu)ns paus delouro não. achemos madeira
nehu)a que | posa servir para sua Majestade pois nem os proprios
lou | ros, achemos com conveniencias deos poder fazer; lê | o que
nôs abaixo asignados podemos informar a vossamerce. |
Jiquirissa 3 de setembro de 1785 |
Bernardo Pereira daSilva
Signal de Raymundo.[+] Jozê Arcangello
Felis Marin ho doespereto Santo
|| 3r.
Senhor Doutor ouvidor e Inspector dos Reais Cortes
O que posso enformar avossamerce hê que indo eu | na deligência
as matas de Jiquiriçâ que vossamerce e Sua Excelencia | meem
carregarão, achei o Suplente aranchado no Sitio | chamado Lagoa
grande eemformandome eu sena | quele lugar havião madeiras
delei diçerão-me que | as madeiras que naquele lugar havião herão
louros; | ebom sera mandarce fazer nova revista nolugar | donde o
102 Cartas Baianas Setecentistas
[2o anexo]
Remetido ao Dezembargador Ouvidor da Comarca |
Bahia 12 de novembro de 1788 |
Diz Ignacia de Mello, moradora na Villa do Cayrú, que ella | Su
5 plicante achandose | por carregada de annos, e comhum filho único
chamado Francisco Pereira, o qual Viven| do doseu officio de
sapateiro, sustentaua | e uestia aSuplicante que diariamente seacha
em-|hu)a cama dehumdefluxo | nopeito, que Senaõ tiuera sem
costo do dito seu filho | ja seria morta anecesidade, por ser a
10 Suplicante inimamente pobre, e o dito seu filho obedi-|ente e
depacifica Condiçaõ, e porque omesmo deprezente |foi prezo e
Remetido a-| Vossa Excelencia que foi servido delhe acentar praça;
mas como a piedade de Vossa Excelencia | he taõ grande naõ dei-
xará desecom | padecer do mizeravel estado emque fica asuplicante
15 | sem o amparo do seu Vnico filho, esta afliçaõ motivo asuplicante
prostada | aos pes de Vossa Excelencia suplicar e |
Pedir a Vossa Excelencia que pellas chagas de Cristo, e pella
Pureza | de sua Santissima Mai, se digne haver ao dito seufilho
por | izento da praça para puder sus tentar eues tir asuplicante,
20 [estragado] supi=| nas costumadas molestias que padece, por cuja
esmolla naõ seça| rá asuplicante depedir eRogar a Deus pella Uida
eSaude de Vossa Excelencia | e que naoutra Uida o des| canse enaSua
Gloria |
Espera Receber Merce
[Anexo 1]
Copia |
Por oficio, que acabo de receber do Excellentissimo Senhor
Ge-|neral da Capitania, me aviza o mesmo Senhor da | extrema
falta de farinha, que se está actual-mente pa-|decendo na Bahia,
chegando a exgotarem-se de todo | as tulhas do Celeiro publico,
Tânia Lobo (org.) 127
2
[outra letra-aleijado, à direita do documento]
3
[outra letra- foi escuso, à esquerda do documento]
4
[outra letra- escuso por piqueno, à esquerda do documento]
134 Cartas Baianas Setecentistas
28//Paulo de Pontes .|
29//Francisco Xavier de Oliveira .|
30//Luiz dos Santos .|
35 31//Sebastiaõ José .|
32//Miguel dos Anjos .|
33//Felix Ribeiro de Jesus .|
34//Domingos do Carmo .|
35//Manoel da Paixaõ.|
40 36//Manoel Homem .|
37//Francisco José de Bairros .|
38//Francisco Rozeira Taváres .|
39//Ignacio Joaquim de Araujo Lima .|
40//Ambrozio Ferreira .|
45 Cayrú 12 de Junho de 1793 |
[outra letra] Francisco Nunes da Costa |
O Capitam dos ordenanças Jozê deMello Varjaõ.
Tânia Lobo (org.) 135
||Anexo 1r
Lista dos Recrûtas, de que | he Condutor o Alferes das Ordenan-
ças Joaõ Rodrigues Teixeira |
Joaquim Joaõ |
5 Bernardo dos Reys |
Joaõ Inácio |
Antonio Jozé |
Jozé da Cruz Neves |
Sebastiaõ José |
Tânia Lobo (org.) 137
||2r
Em31deOutubrode1796 |
DoJuis Ordinario queservede | ouvidor intirino da Comarca dos
Ilheos | sobre a execuçaõ que dava a carta | de Sua Excelencia de 8
de Julho passado | e de mais que houver a ese Respeito |
Etc.
||Anexo, 1r
Para certo requerimento que tenho de por na Pre-|zença do
Illustrissimo e Excellentissimo Senhor Governador e Capitam
General | da Capitania da Bahia percizo que a Camara desta Villa
5 | me atteste ao pé desta aquantos dias me acho nesta villa, se-|de
pois que nella entrei, abri Correiçaõ, oufiz acto algu | de meu
cargo, se prendi ou soltei algum a minha or-|dem, se-me intro-
meti no governo da Justiça, ou Milicia, | se pratiquei alguma
couza Contra osucego publico, | se enquietei vassalo algu de Sua
10 Magestade, se ad-|miti intrigas, parcialidades, ou outra qualquer
couza | Contra a paz da Republica, e detodo o meu cui-|dado foi
ou naõ pacificar a todos, e se-lhes consta ter | eu aberto Correiçaõ
em algua das Villas da Comarca Quero que | Vossas merces ao pé
desta attestem todo o referido, com a-| Honra, e verdade comque
15 se empregaõ nos honrozos | Cargos que occupaõ. Deos Guarde a
Vossas | mercez, Senhores Juizes, e officiaes da Comarca da Villa
do Camamú |
O Ouvidor inteirino da- | Commarca dos Ilheos Gonçalo
Francisco Monteiro |
Tânia Lobo (org.) 141
[Carta 2]
Nós os Juizes Ordinarios. Vereado-|res Procuradores do Se-
nado da Cámara | este prezente anno nesta Villa de Nossa ||1v de
Nossa Senhora da Asumpçaõ do | Camamú, Seu termo [estraga-
do] Attestamos | e fazemos Certo debaixo do juramento | de nos
5 sos Cargos em como o Senhor Ouvi-|dor intirino da Comarca
dos Ilheos Gon|çalo Francisco Monteiro seacha nesta Vi-|lla ásete
dias, sem que, nem nesta, nem | nas mais Villas desta Comarca
por Onde | tem passádo desde ádos Ilheos Cabessa da | mesma
Comarca, chegar da SuaRezidencia | abrise Correiçaõ, nem fizes
10 se acto algum dis|so, nem tem prendido, nem soltado pessoa |
algua aSua Ordem : igualmente senaõ tem | por modo algum
intrometido no governo da-| Justiça, nem Milicia, nem tem pra-
ticado | acçaõ algu)a Contra apublico socégo dos Povos, | e menos
disinquietádo aVassalo algum de | Sua Magestade Fidelissima,
15 sem admitir, | nem Consentir intrigas, nem parcialidades | Con-
tra aboa páz da Republica, antes nos-| hê constante que o dito
Ouvidor por Or|dem do Illustrissimo, e Excellentissimo Senhor
Governador, | eCapitaõ General da Capitania da Ba-|hia só tem
tido expecial Cuidádo empa | cificar atodos Comafeito, ehonra
20 indizivel, | para que vivaõ bem, empaz, socego, eboa u-|niaõ. Pas-
sa na Verdade ORefferido, emfé | do que dámos aprezente, que
mandámos | passár, e todos asSinamos. Villa do Cama-|mû 22
de Outubro de 1796 e Eu Anto|nio Godinho de Soiza Escrivaõ
da Came | ra oEscrevy |
25 Antoniode Paiva Travaços Dionizio Pereira Neves
Domingos Gonçavez Joaõ Rijo de Affonseca
Francisco dos Reys Villas Boas Antonio Braz
142 Cartas Baianas Setecentistas
35 facto, hé digno da maior extra- ||2r Extranheza, pois por elle, naõ
só se des- | pregarão as authorizádas ordens do Go- | verno Supe-
rior, mas pasou aCamara ade- | cidir hu)a questão tão delicáda,
como ex- | pus aVossa Excelencia na minha informação, | que
estando prezentemente a festa a Sua | Magestáde parece, que
40 amesma senhora | pertence dicidila. Eu sei, que cá- be nos limites
da minha Jurisdição | punir esta especie de dezobediencia, e dár
por inutil, ede nenhu) efeito alicen | ça concedida; mas hé justo,
que esta Ca- | mara, eas futuras conheção quanto dé- vem ser
respeitádas, e venerádas as ordens | dos senhores Generáes; epor
45 isso oponho | na Prezensa deVossa Excelencia para da | sua parte
lho extranhar, com Piedade | sim, mas de forma, que elles conheção
agra- | vidade do seo erro, e dasua facilidade, e | que este Padre
conheça tambe), que de- | ve esperar asoberana Decizão, que elle |
mesmo prócurou, e entretanto aco- ||| Acomodar se, e não au
50 mentar as | perturbaçoens, partidos e dezunião em | que Vive este
Povo: Espero a Rezolução de Vossa Excelencia para saber o que |
eide obrar.|
Camamu 26 de Julho de 1782|
35 athe se | formaria hu) mais bem reguládo Plano so- | bre as Despezas,
de sorte, que nem aconquista | se perca a Real Piedade manda
acodir, ne) | tambe) fiquem essas despezas livres, earbi- | trarias
com perjuizo da Real-Fazenda.
Vossa Excelencia mandara oque | for servido. Camamu) 1. de
40 Dezembro de | 1785
ODezembargador, ouvidor daComarca dos Ilheos_
Francisco Nunes daCosta_
[fólio 2]
O Indio Joze Caetano fez entrega | de duas cartas hua para o Juis
[ilegível] | [ilegível] desta Villa eOutra [para] [.] | [ilegível] epara
[ilegível] Vila [.] este de | ma letra eSiqual Villa [ilegível] | 3 de
Janeiro de 1795 | Dezembargador Ouvidor João de |
|||2v
[outra letra, paisagem, metade inferior]
Em 25 deNovembro de 1794 |
DoJuis ordinario que teve | deOuvidor Interino daComarca |
dosIlheos sobre ospro cedimentos do | Juis ordinario daquela villa
Jozé | Francisco de AraujoLima, e doCapitão | Antonio Rodrigues
de Figueiredo etc.
[outra letra]
Reconhecemos a Letra e forma aSima | Conteuda Ser a propria
do punho deAn| tonio Rodrigues deFigueredo deEssa e | Castro
por termos outras semelhantes | nos Nossos Cartorios aque nos
Reporta| mos e queremos o prezente Reconheci| mento enque
5 nos aSignamos |||1v nos aSignamos Sobre hum só pubLi| co nes-
ta Villa dos Ilheos aos 13 de Novembro | de 1794 |
Emfé e Testemunho de verdade do Termo |
F[4 bolinhas] C |
D|
10 Francisco Correada Costa |
oTabeliam Antonio Manoel daSilveira |||2v
55 que foi desta villa pelos | alcances em que ficou, euista aCarta
merequere| raõ osditos officiais que aabrise, edentro nelaa-|||2r
Achey 40$400, epela diferença examinei oLacro da-| Conta do
antecedente Diretor Bernardo Pais, etem por | termo amesma
quantia de 41$715 do titulo daConta |
60 Dos 40$400 reis que achey meRequereu o Reverendo vi=|
gario daFreguezia que a 6 annos só tinha Recebido | emtempo
do antesedente Diretor 10$ [.] tantos reis para oRe-| paramento
da Freguizia, e nem huã outra quantia no tem-| po do atual,
pedindome lhe conferice oque pertencia | aFreguezia para
65 aReparaçaõ della mandei emformar aos-| officiais daCamera, epela
emformaçaõ lhe mandei dar | 20$400 pornaõ poder ser mais,
eporesta falta es=| ta aFreguezia apadesser Ruina.|
Pella Falta do atual Deretor por naõ ter aquem entregasse |
oCofre ePilouros liuros, eadireçaõ dauilla por estar como |
70 emdesamparo e tambem por falta deCapitam Mor ema| is officiais,
eu meachaua em conculta emuereassaõ | para anomeassaõ de Di-
retor emquanto daua parte a Vossa Excelencia, | nesta acçaõ
merequereraõ os o fficiais daCamera, e-| Respublicos emuozes
porem comsubmiçaõ que quiri-| aõ para seu Diretor a Manoel
75 doCarmo deJESUS | aesta grande instancia, lhes preguntey aRazaõ
que ti-| nhaõ para quererem aquele Diretor, Responderaõ.|
Que oatual naõ insinaua a seos filhos aler | nem es creuer
enumca deu escola comforme adire=| çaõ dauilla elhenaõ
adiministraua Justiça eera | espotico detal sorte que porqualquer
80 Requerimento sem | [prosseder] os termos daley [o]spr[inde] emete
| naCadeia, elã os demora o tempo que quer ateque | lhepagaõ,
eaqueles que naõ tem meios de o fazer uendosede | morados
Cuydaõ em arombala para [...] seexentarem, | auendo pelo esposto
outras desordemes.|||2v
85 Por estatuto da villa paga cada hum cazal 240 reis | metade
para oConcelho, metade para a Freguezia por serem | poriso
exentos da despeza dafabrica quando morrem | eporeste motiuo
è que apliquei ao Reverendo vigario os 20$400, | o atual Diretor
obriga aque cada hum cazal pa| gue pelos 240 hum alqueire de
90 farinha que val 400 reis | edeprezente 480, eaqueles Indios que
Tânia Lobo (org.) 165
1794 |
DoJuis ordinario queseruia | de Ouvidor interino daComarca dos
| Ilheos Antonio daCosta Camello | dando parte deter tomado
posse | e dasdesordens de hum Diretor | davilla deOliuença __
Respon|dida em 28 deFevereiro de1795
35 mais que seperciza no cofre que ali existe no Con-| vento dos
Franciscanos, ea fazer as mais obrigaçoens do-| meu officio: odito
Juiz naõ só remete o dinheiro do subsi-| dio, nem as devaças de
Janeiro oque tudo ja lhefoi pedido,| senaõ que naõ dá cumpri-
mento aordens algumas que eu lhe-| derija: e passando omeu an-
40 tecessor provimento dos officios| de inquiridor e mais anexos a
Jozé daSilva Doarte, e-| de Alcaide aPedro Bernardo, o Juiz que
actual| mente serve Gaspar de Armasbrum, os naõ cumprio;| e
com despachos petulantes naõ quis dar posse aos providos, di-
zen-| do ao Alcaide, que assua nomeaçaõ lhebastava: elles faze’|
45 quanto querem; de sorte que fallecendo Leandro Jozé Farinha|
sem filhos, e com herdeiros auzentes em Portogal; seprinci-| piou
o seu Inventario poreste Juizo, eestando em ter-| mos desefazer
partilha com asua Viuva, e herdeiros| Auzentes sucedeo fallecer
adita Viuva; mandou o Juiz|||2r O Juiz dispotecamente fazer in-
50 ventario pelo seu Juizo de todos| os bens do casal, fez partilha,
arematou bens em Praça eathe| o prezente menaõ remeteo os au-
tos eo produto dos bens arre-| matados, emenos denada medeo
parte quando alias lhenaõ per-| tensia, senaõ darme parte eobter -
commiçaõ minha: nes-| tas circunstancias se-menaõ acodir a pro
55 tecçaõ de Vossa Excelencia| com estes máos exemplos ficarâ toda a
Commarca su-| sublevada, e tem atençaõ ao cargo que occupo,
nem as or-| dens deVossa Excelencia amim dirigidas que devaõ ser
executadas| pelos Juizes das villas teraõ o seu devido cumprimen-
to.| Haja Vossa Excelencia demeordenar oque devo fazer neste ca-
60 | zo, e de dirigir officio a Camara eJuizes daquela Villa aque| obri-
guem os Escrivaens ameaprezentarem suas provizoens,| aque cum-
pram as minhas Ordens, efiquem eximidos| do abuzo que lhes
ingire aquele Escrivaõ eorabula seu| companheiro, que remetaõ
os subsidios, equadernos para| rubricar, que cumpram com as
65 ordens deste Juizo, enaõ| seintrometaõ najurisdiçaõ delle e naõ
consintaõ| servir official algu sem provizaõ ou provimento.|
Pelos muitos requerimentos dos povos desta| Commarca que
me-requerem aminha existencia naVilla do| Camamû por ficar
esta no Coraçaõ da Commarca,| eestarem dali neste Juizo para-
70 dos muitas cauzas de cir-| cunstancias; pertendo passar-me para
Tânia Lobo (org.) 175
ANEXO
Senhor Ouvidor Interino da Cabeça da Comarca|
O Provido Ancelmo gomes Saavedra, he filho da Patria| cazado
hum dos Proceres, limpo demaos, bem procedido, eho-| norifico,
noqual concorre os requizitos daley da Ordenaçaõ; pelo| contra-
5 rio; Manoel da Costa Silva, eseo Ajudante Joze| Joaquim da Sil-
va e Roza, abanido, aquelle, alem de outras| imperfeiçoes absossas,
he achacado dehum hernia car-| nozo, e varicozo, ede hu)a maõ
admodum, que lhepriva| assuas obrigaçoes, ea compustura; e este
deturbatus | e deacçoes absorbendas, compertus emerros de officio|
10 edelles suspenço com condenaçaõ pecuniaria para as| despezas da
Relaçaõ, mayor monte alcançadoemdinheiros| de Orphaos,
Auzentes edepartes que senaõ achaõ seguros em| depozito como
era sua obrigaçaõ fazello; etalves| poressa cauza repudiase aremessa
dos Inventarios| dos falecidos Joaquim de JESVS Sabaoth, eo de
15 Manoel| Luiz da Purificaçaõ Director daVilla do Prado que sefi|
zeraõ por parte dos Auzentes, pormandado desse Juizo|
daOuvedoria, eeste deprecado poraquelle Juizo| daComarca de
Porto Seguro, porrequerimento do Tuttor| dos Orphaos filhos
do mesmo falecido habelitados na-| quella Villa em Correiçaõ
192 Cartas Baianas Setecentistas
Senhor |
Sendo eu eLeyto noPelouro, que fez o Dezembargador Ouvidor
da Co-| marca por Juiz ordinario daVilla doMaraú, aberto o ar-|
chivo, tomey posse dolugar de Juiz, que actualmente ocu-| po,
5 enomesmo exercicio continuo, sem nota contraria a | obom zello
dajustiça, ecomo o Juiz, quesahio namesma | eleyçaõ por meu
companheiro o Capitam Urbano daSilva | se livrasse deexercer,
eocupar olugar de Juiz Ordinario;| recebi do Dezembargador
Ouvidor da Comarca hum mandado para afac-| tura de Juiz
10 deBarrete que sustituisse afalta do | nomeado, eeleyto nos Pelouros,
que seescuzou.|
Tendo noticia domandado, que apoucos dias havia | eu rece-
bido do Dezembargador Ouvidor da Comarca para eleyçaõ de
Juiz | deBarretecomfalça narrativa cumulados, econfedera| dos
15 Miguél deSá comSebastiaõ Francisco, eaconselhados | pelo escrivaõ
daVilla dos Indios, epelo Capitam mor Raymun-| doMonteiro
conseguirão hum despacho para que o Juiz da | Villa do camamú
fosse aquella doMaraú, efizessea | eleyçaõ deJuiz deBarrete ecom
effeito sem minha | assistencia elegeraõ aoVereador mais velho
20 Jozé dos-| Reys Bacellar, que hé hum dos que tem prospicio por |
tudo quanto quizerem delle conseguir.|
Comeste Juiz deBarrete porseachar fin| do oPelouro preterito
nafalta da assistencia do Ouvidor da | Comarca sepretendefazer
anova eleyção dos Juizes, | emais officiaes, que nos annos futuros
25 ham deservir |||1v sem aminha assistencia, sendo eu o Juiz mais
velhopor-| eleyçaõ compreferencia ao JuizdeBarrete, que menão
po-| deprivar defazer euoPelouro com assistencia dos offici-| aes
daCamara, emais pessoas, que dispoem o Regimento | das
Eleyçoe)s.|
30 Concorre mais adevassa, que tirey do so-| borno, com que
foi feito odito Juiz deBarrete, ficando com-| prehendidos nella
aquelles mesmos, que confederados pre-| tendem queodito Juiz
deBarretefaça anova eleyçaõ para | introduzirem nella futuros Juizes
198 Cartas Baianas Setecentistas
[anexo]
Emtregou Nesta Secretaria [ilegível] Joaquim | Jozé de [Silva]
hum cartao ainda Dezembargador ou= | vidor da comarca [dos
olheos] Francisco Nunes [da] | Costa Bahia 3 de novembro de
1785 | [ilegível] | [ilegível]
Senhor
A Vossa Magestade reprezento como=| Juiz Ordinario actual
da Villa de Nossa Senhora | do Livramento das Minnas do Ryo
das Contas, | que sendo em o dia dous de Junho do p[rezen=]| te
5 anno nos Arrebaldes desta Villa em a Es=| trada geral, que segue
para as de mais Min=| nas, sahio ao encontro Joaõ Gomes d[a] |
Silva homem peaõ, que vive de taverna de=| bebidas, e molhados
a Antonio Ferreiro | Braga homem Viandante das Minnas Ge=|
raes, que hia seguindo Viagem c[estragado] com| boyo de mole
10 ques novos, e de preposito, | e cazo pensado/ por humas leves
reixas, que entre sy tinhaõ tido poucas horas an=| tes, arespeito
do trafego de negocios des| tas, eaquellas Minnas/ lhe atirou com
du=| as pistolas, que para isso tinha Carregadasde | sobre maõ, as
quais naõ tiveraõ effeito of=| fensivo, por arrebentar huma pella
15 de ma=| ziada carga, e errar da outra a pontaria, a| cudindo ao
estrondo dos eccos varias pes=| soas, com cuja presença se evitou
mayor | desastre.|
Por esta cauza, [e pu=]| blicidade dodelicto, e ser comettido
qua[ndo] ||1v dentro da praça em os Arrebaldes da Po=| voaçaõ
20 desta Villa as dez para as onze horas | do dito dia, fundamentado
na Lei Extraordinaria | de [ilegível] de Janeiro, que manda de
vaçar | dos delictos comettidos com pistollas, ema=| is armas
prohibidas, e no que aponto | Guarniçam de mandei procceder
devaça | dos referidos tiros, inda que delles se naõ | seguio ferimento
25 algum, como consta | dos autos insertos na Certidam L. A., | por
dous principios.|
Primeiro: haver sido perpetrado de rixa velha, cazo pensado,
as | barbas da Justiça, com escandalo des=| ta, da Republica,
emoradores soando | atodos o seo estrondo, e por precaver, | que
30 ficando impunivel, era abrir aple=| be huma porta franca para
Tânia Lobo (org.) 215
||4r
O Tabaliaõ francisco gomes pereira guimarais pa| se porCertidam,
opedesta dosdevasas Janeiri| nhas que setiram nesta vila aNual
men[te] se | deLas C[ons]ta pelos Jnteregatorios preguntas[es-
tragado] | pelas pesoas que Custumaõ uZar transgesores | da Lei
5 depistolas emais armas proibidas Vila | dorio das Contas 20 de Ju-
nho de 1765 |
Antonio Rodrigues Lopes |
Tânia Lobo (org.) 217
||2r
Testemunhas quesummariamente | se perguntaram perante oJuiz
or| dinario davilla deSamJoão deAgoa | fria emobservancia do
Despachodo | ILLustrissimo eExceLentissimo Se| nhor Conde
5 Governador desta capita| nia por bem do Requerimento da | pe-
tição Retro. eantecedente |
Termo deaSentada |
Aos vinte eSete dias domes deFevereyro.| demil Sete centos
Setenta e hum annos | nesta villa deSam Joam deAgoafria ec[a]|
10 zas da morada do Juiz ordinario eAlfere[s]| Manoel Garcia deSouza
onde eu Escrivaõ | por elle nomeado para esteSummario fuy |
vindo eSendo ahy mandou [ilegível] Juiz or| dinario vir perante
Sy astestemunhas | que por elle foram Inquiridas epergunta| das
cujos [ilegível] nomes Idades [ilegível] ecostu| mes Sam o[s] que
15 ao diante SeSegue deque | para constar fiz este termo deaSentada,
| euManoelJorgeCoimbra Tabelliam queEs| crevy.___|
Testemunhas|
Domingos Francisco Roris homembranco | solteyro mora-
dor na fazenda chamada | Santhiago Freguezia deSamJosedas Ita|
20 purorocas dotermo davilla daCachoeyra | que viue deSeus officios
deCarapina aPedrey| ro daidade que disse ser deSecenta etres |
annos pouco mais ou menos testemunha | jurada aos Santos Evan-
gelhos embom Li| vro delles emquepos Sua mao direyta | e per
meteo dizer verdade do queSoubesse | e lhe fosse perguntado__|
25 Eperguntado aelle testemunha se||2v Testemunha pello
contheudo na petiçaõ | de queyxa feita ao ILLustrissimo eExceLen|
tissimo Senhor Conde Governador destaCa| pitania, dissi queSabe
222 Cartas Baianas Setecentistas
por Ser publico eno| torio que Mano el Gonçalves mosso, eMa|
no elCarvalho escravo daadministraçaõ deSan| taBarbara doposso
30 do Capim, Joam daCos| ta Mestisso forro, e hum criollo pornome
Gon| çalo quefugio das Gallés daCidade daBa| hia setem todos
incorporados, eunido em | furtos degados cavallos eEgoas : fur-
tando em | humas partes evendendo emoutras contan| to dezaforo,
esem temor das Justiças que | andam armados com Espingardas
35 ca| tanas facas de Arrasto, e facas de ponta | botados avalentes
ameassando aquelles mo| radores quesefallarem nos furtos eabsur|
dos que elles fazem uz and e matar, e desta | Sorte andamfazendo
por todas estas ve| zinhanças e fazendas aquell[es] ex acrandos |
delictos sam que ninguem lhopossa | incontrar por setomarem
40 daquelles vo| Luntarios pornaõ terem estes queperde| rem eaLem
destes nomeados aSima que | Sam os mais facenherozos ha
tambem hum | Luiz Francisco Mestisso forro morador na | Bor-
da da Mata debayxo que tambem | uza de furtar Gados alheyos
para delles | sevtilizar com no torio Es candalo eper| da dos cria
45 dores daquella deLig encia e [ilegível]| nam desse nem do costu-
me eaSignou | eSeujuramento Comedito Juiz ordinario |
eeuManoel deJorgeCoimbraTabelliam que | escrevy | Saue [ou-
tra letra] Domingosfranciscorodrigues |
Testemunha |
50 Luiz daSilveyra homem branco cazado ||3r cazado morador
na fazenda chamada | oEscurialFreguezia deSamJoze dasItapa|
rorocas do termo davilla deCachoeyra queviue | deSuas Lavouras
deidade que disse ser de | quarenta enove annos pouco mais
oumenos | testemunhajurada aosSantos Evang elhos | em hum
55 Livro delles emquepos Sua maõ direy| ta eper meteo dizer fer
dadedaqueS oubesse | elhefosseperguntado__|
Eperguntado aelle testemunha pello | contheudo napetiçaõ
de queyxa feita ao | Ilustrissimo eExceLentissimo SenhorConde |
Governador disse queSabe que Manoel | Gonçalves mosso
60 deLadram publico degado | eCavallos, ejuntamente furtou este
huma | negra aFrancisco Alvares Pinheyro morador | noSalgado,
eateve Refugiada, e Escondida | para fugir com ella para [ilegível]:
fazendo | nasua caza coito deNegros fugidos, ecome| lles seserve
tanto para os furtos quefas como | para omais Servisso deque
Tânia Lobo (org.) 223
Testemunha |
ManoelPinheyro deCarvalho homembranco | cazado mora-
105 dor nadita fazenda chamada | aspor teyras Freguezia deSamJoaõ
Joze | das Itapororocas dotermo davilla deCacho| eyra que viue
desuas Lavouras deidade que | disse ser detrinta e tres annos pou-
co mais | ou menos testemunha jurada aosSantos | Evangelhos
emhum livro delles emquepos | sua maõ direyta epermeteo dizer
110 verdade | doque soubesse elhefosse perguntado ___/|
Eperguntado aelle Testemunha pello | contheudo napeticaõ
dequeyxa feitaao Ilus| trissimo e Excelentissimo Senhor conde |
Governador disse quesabe pello ouvir dizer | pubLiCamente ava-
rias pessoas [ilegível]dito que | Mano el Gonçalves mosso branco
115 morador na | fazenda chamada aCipipira, eManoel | Carvalho
Cabra escravo da ad menistracaõ deSan| ta Barbara do posso do
Capim, [.]ehum Joaõ | daporta Mestisso forro, morador dafazenda |
dos vermelhos, hum criollo por nome Gonçalo | que fugio das
Galles da cidade daBahia | seram ouvidos todos e incorporado
120 em | andaremfurtando gados, ecavallos e agre ||4v EAgregando
Escravos alheyos para com | elles seservirem emsam elhantes
Latroci| nos furtando emhuma parte ev endendo | emoutra
contanto dezaforo epouco temor de | Deos ed asJustiças ques
ealguma pessoa fa| lla naquelles maLeficios que elles costumam |
125 fazer costumaõ ameassallos dizendo queos | ande matar éoutros
fazerlhes osdamnos que | lhe parecer é de tal sorte sam temidos
poran| darem Armados com armas defogo. catanas | facas deaRasto
efacas deponta e desta sor| te tem intimidado aquelles moradores
daque| lle certam ques enaõ Atrevem aquey xar por | temerem
130 algumas vioLencias daquelles mal| feitores eaLem dossobre ditos
asima que | tambem ouve dizer publicamente queno | termo des-
ta villa desamJoaõ de Agoa | fria tambem andam furtando publi|
camente gados, hum Francisco Goncalvez | deoLiveyra filho
deJoanna Maria Ro| drigues por cujos Latrocinos foy Já prezo |
135 epor Empenhos foy SoLto.Como tambem | humJozè Soares
deAlmeyda pardo forro; | ; e hum criollo forro por nome Manoel
| dePayva moradores nos aRabaldes destadita | villa sam tambem
Ladroens publicos | e destimidos que naõ tem temor algum |
Tânia Lobo (org.) 225
empedira hum Manoel Gon| çalves velho Pay dodito mosso di-
zendo que | naõ estavam Lá edebayxo disto lhemandou | avizo
para os ditos cumpLices seRetirarem | daquelle mocambo,
250 econeffeito andara os di| tos deLinquentes armados com armas
defogo | facas de ponta, ecatanas e facas de Rasto | entimidando
aquelles moradores para naõ | fallarem dos seus Latrocinos e
damesma | sorte sabe elle testemunha que noter| mo destavilla há
dous Ladroens degado | quepublicam ente se queyxam delles
255 osmora| dores que he hum Francisco Gonçalves deoLi| veyra fi-
lho deJoanna Maria Rodrigues | suciado com Jozé Soares
deAlmeyda contanto | dezaforo queja senaõ ocultam dosproprios
| do nos antes os ameassamque andetirar avida | sesequeyxarem
por serem homens [va]Lentes | e tem erarios ealnaõ disse easignou
260 [se] [...] | digo naõ dosse nem do costume easignou | e seu
iuramento como d ito Juiz ordinario | eeuMano elJorg eComibra
Tabelliam que | oescrevy |
saus? Joseph Martins Valverde |
Termo de asentada ||7v
265 Termo de asentada |
Aoprimeyro dia do mes deMarço demil | setecentos setenta hum
annos nestavi| lladeSamJoam deAgoafria e cazas demoradas |
doJuiz ordinario oAlferes Mano el | GarciadeSouza ondeeu
Thabelliam aodi| ante nomeado fuy vindo e sendo alyman| dou
270 aodito Juiz vir perante sy testemu| nhas para sum mariamente as
perguntar | aserca docontheudo napeticaõ dequeyxa | asquais vin-
do forampello dito JuizIn| queridas eperguntadas cujos ditos dellas
| nomes moradas idades officios ecostumes | samosque aodiante
sesegeu dequepara | constar fez este termo EuManoelJor|
275 geCoimbra Tabelliamqueoescrevy __//|
Testemunha |
LuizTeixeira deAmorim Homem | branco s[ol]teyro morador
nafazenda | chamada aTrindade Freguesia deSam | Joze das
Itaparorocas do Termo daVilla | daCachoeyra que viue
280 deseuofficio deCa| rapona deIdadeque disse ser desincoen| ta
equatro annos testemunhajurada | aosSantos Evang e lhos emhum
Livro de| lles emquepozsuamaõ direyta eper| meteo dizer verda-
de doquesoubesse | e lhefosse perguntado__//__//|
Tânia Lobo (org.) 229
em cazas donde | elles otem vendido e desta forma an| daõ Rou-
bando osgados dos moradores deste | continente s[.]m[...]
395 [...]denen hum | e a Razam que tem havido, [.]á para[...]| naõ
acuzar a[...] he por serem homems | Revultosos e andarem
armadoscom ar| mas de fogo efacas deponta ecatanas di| zendo
p[ubl]ica mente quese fallarem nelles | que os hande matar por
serem homens | façanharozos sem temor de Deos, nem | das Justi-
400 ças fiados em serem estas te| rras certoinz onde d[i]ficul[toza]mente
| sepodem fazer deLigencias pellaJusti| ssa, esó sepoderem fazer
com brasso me| Litar. aLem destes asima nomeados | que furtam
publicamente tambem há | outros que fazem seus furtos como
seja | hum Manoel dePayva criollo forro sucia| do com
405 humLeandro deAlmeyda Pampa ||10v Pampalona homem cri-
minoso pardo | cazado moradores notermo desta villa | que nam
vivem deoutro aver oquetudo | defama constante e publica osquais
| tambem andam armados ebrotando | contra quem os quizer
prender ounelles | fallarem que oshande matar e alnaõ | disse nem
410 decostume easignou oseu | juramento comodito Juiz ordinario |
eEuManoelJorgeCoimbra Tabelliam | que oEscrevy Joaõ Pereyra
Simoins | Sau? |
Testemunha |
ManoeLAlvarez daCosta Ho mem| branco solteyro morador nasua
415 fa| zenda chamada a Gamelleyra Fregue| zia e termo desta villa
que viue de | criar seus gados e desuas Lavouras deida| de que
disse ser detrinta enove annos | testemunha jurada aos Santos Evan|
gelhos em hum Livro delles emque pos sua | mam direyta e
permeteo dizer verda| de doque soubesse elhe fosse perguntado |
420 Eperguntado aelle testemunha | pello contheudo napeticaõ
de queyxa | feita ao ILLustrissimo e Excelentissimo | Senhor con-
de governador disse que | sabe por ser publico e notorio elhodize|
rem varias pessoas decredito que Mano| eLCarvalho cabra escra-
vo daadministra| çam deSanta Barbara doposso do capim | aLem
425 de ser há muytos annos Ladram | degados deprezente consta aelle
tes||11r Testemunha seacha asuciado com | Manoel Gonçalves
mosso morador nafazenda | chamada a Cipipira, e com Joam
daCosta | Mestisso forro asistente nafazenda chama| da
osvermelhos, com hum criollo que f[u]gio | das Gallés da cidade
Tânia Lobo (org.) 233
Ficha Técnica