Você está na página 1de 41

A PRÁTICA

COGNITIVA NA
INFÂNCIA E NA
ADOLESCÊNCIA
912p A prática cognitiva na infância e na adolescência / organizado por
Renato Maiato Caminha, Marina Gusmão Caminha e Camila
Arguello Dutra. – Novo Hamburgo : Sinopsys, 2017.
768p. ; 17,5x25cm.

ISBN 978-85-9501-006-2

1. Psicologia – Terapia cognitiva. I. Caminha, Renato Maiato.


II. Caminha, Marina Gusmão. III. Dutra, Camila Arguello. IV. Título.

CDU 159.9-053.2/.6
Catalogação na publicação: Mônica Ballejo Canto – CRB 10/1023
A PRÁTICA
COGNITIVA NA
INFÂNCIA E NA
ADOLESCÊNCIA

RENATO MAIATO CAMINHA


MARINA GUSMÃO CAMINHA
CAMI ARGUELLO DUTRA
Organizadores

2017
© Sinopsys Editora e Sistemas Ltda., 2017
A Prática Cognitiva na Infância e na Adolescência
Renato Maiato Caminha, Marina Gusmão Caminha e Camila Arguello Dutra (orgs.)

Capa: Vinícius Ludwig Strack


Tradução dos capítulos 14 e 15: Daniel Bueno
Supervisão editorial: Mônica Ballejo Canto
Editoração: Formato Artes Gráficas

Todos os direitos reservados à


Sinopsys Editora
Fone: (51) 3066-3690
E-mail: atendimento@sinopsyseditora.com.br
Site: www.sinopsyseditora.com.br
Autores

Renato Maiato Caminha (org.). Mestre em Psicologia Social e da Personalidade pela


PUC-RS. Doutorando pela Universidade do Algarve (UALG), Portugal. Docente na
área de psicoterapias cognitivas em vários estados brasileiros, América Latina e Amé-
rica Central. Conferencista internacional e professor convidado do mestrado em Psi-
copatologia da Infância e Adolescência na Universidade Autônoma de Barcelona
(UAB), Espanha. Diretor de ensino do InTCC-RS e diretor do ETCC Europa. Mem-
bro fundador e presidente da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas (FBTC), biê-
nio 2005-2007. Membro da ALAPCO E ALAMOC. Criador do Programa TRI Clí-
nico e Preventivo e autor de diversas obras referências na área de terapias cognitivas
da infância e adolescência.

Marina Gusmão Caminha (org.). Psicóloga. Especialista em Terapias Cognitivo-


Comportamentais pela UNISINOS-RS e Federação Brasileira de Terapias Cogniti-
vas (FBTC). Docente na área de terapias cognitivas em vários estados brasileiros,
América Latina e América Central. Conferencista internacional na área de terapias
cognitivas da infância e adolescência. Diretora do InTCC-RS e do ETCC Europa.
Coordenadora da especialização em terapias cognitivas da infância e adolescência
do InTCC-RS. Criadora do Programa TRI Clínico e Preventivo e autora de diver-
sas obras referências na área de terapias cognitivas da infância e adolescência.

Camila Arguello Dutra (org.). Psicóloga pela Pontifícia Universidade Católica do


Rio Grande do Sul (PUCRS). Mestre e Doutoranda em Psicologia pela Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Especialista em Terapias Cognitivo-Com-
portamentais e Terapias Cognitivo-Comportamentais na Infância e Adolescência (In-
TCC), Formação em Terapia do Esquema (Wainer). Psicóloga Clínica e professora
de cursos de pós-graduação em Terapias Cognitivo-Comportamentais.
vi Autores

Adriana Zanonato. Psicóloga Clínica. Especialista em Terapia Familiar e de Casais e


em Terapia Cognitivo-Comportamental. Professora e Supervisora dos cursos de Tera-
pia Familiar e de Casais em Terapias Cognitivo-Comportamentais do InTCC – Ensi-
no Pesquisa e Atendimento Individual e Familiar – Porto Alegre, RS. Certificada pela
EMDRIA – EMDR International Association – e membro da EMDR-Brasil.
Alice Reuwsaat Justo. Psicóloga pela PUCRS. Especialista em Terapia Sistêmica In-
dividual, Casal e Familiar pelo CEFI. Mestre em Psicologia Clínica pela Unisinos.
Aline Copstein. Nutricionista clínica. Membro da Associação Brasileira para o Estu-
do da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO). Especialista em Psicoterapias
Cognitivo-Comportamentais pela Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos). Pro-
fessora convidada do curso de Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais no InTCC.
Coordenadora do Núcleo do Comportamento Alimentar do InTCC.
Anderson Martiniano de Souza. Especialista em Psicologia Hospitalar pela Santa
Casa de Misericórdia de São Paulo.
Andréia Zambon Braga. Graduanda em Psicologia pela Pontifícia Universidade Ca-
tólica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Colaboradora no Grupo de Pesquisa Rela-
ções Interpessoais e Violência: contextos clínicos, virtuais, educativos e sociais.
Aneron de Avila Canals. Médico Psiquiatra. Mestre em Psicologia Clínica. Especialista
em Terapia Cognitivo-Comportamental. Formação em Terapia de Família e Casais.
Ariane dos Santos. Mestranda em Psicologia Perinatal e Infantil na Universidade de
Valência, Espanha. Especializanda em Terapia Cognitivo-Comportamental no In-
TCC/Porto Alegre. Colaboração como Psicóloga na Unidade de Psicologia e Psiquia-
tria Infantil e no Serviço de Atendimento Precoce Infantil com crianças de 0 a 6 anos
no Hospital Universitário Niño Jesus de Madri, Espanha.
Artur Marques Strey. Graduando em Psicologia pela PUCRS. Estagiário de Psicolo-
gia Clínica no InTCC - Ensino, Pesquisa e Atendimento Individual e Familiar. Bol-
sista de Iniciação Científica BPA. Grupo de Pesquisa Relações Interpessoais e Violên-
cia: Contextos Clínicos, Sociais, Educativos e Virtuais - RIVI.
Ashley Elefant. Psychologist in Training, Palo Alto University.
Bernard Pimentel Rangé. Psicólogo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro (PUC-Rio). Mestre em Psicologia Teórico-Experimental pela PUC-Rio.
Doutor em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Especialista em
Terapia Cognitiva pelo Beck Institute, Philadelphia, EUA. Professor do Programa
de Pós-graduação em Psicologia, Instituto de Psicologia, Universidade Federal do
Rio de Janeiro.
Bruno Mendonça Coêlho. Psiquiatra da Infância e da Adolescência. Terapeuta Cog-
nitivo-Comportamental. Doutorando na Faculdade de Medicina da USP.
Autores vii

Camila Sartori da Silva. Graduanda em Psicologia pela Pontifícia Universidade Ca-


tólica do Rio Grande do Sul. Bolsista de Iniciação Científica no Grupo: Relações In-
terpessoais e Violência – Contextos Clínicos, Sociais, Educativos e Virtuais.
Carlos Renato Moreira Maia. Médico Psiquiatra da Infância e Adolescência. Mestre
e Doutor em Ciências Médicas – Psiquiatria.
Carmem Beatriz Neufeld. Pós-Doutora em Psicologia pela UFRJ. Doutora e Mestre
em Psicologia pela PUCRS. Coordenadora do Laboratório de Pesquisa e Intervenção
Cognitivo-Comportamental da Universidade de São Paulo (LaPICC/USP). Docente
orientadora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Departamento de Psi-
cologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universida-
de de São Paulo. Vice-presidente da Associação Latino-Americana de Psicoterapias
Cognitivas (ALAPCO/2015/2018). Bolsista Produtividade do CNPq. Terapeuta
Cognitiva certificada pela FBTC.
Carolina Saraiva de Macedo Lisboa. Psicóloga. Mestre e Doutora em Psicologia pela
UFRGS, com estágio na Universidade do Minho, Portugal. Professora da PUCRS. Tera-
peuta Cognitiva certificada pela FBTC. Coordenadora da Especialização em Psicotera-
pia Cognitivo-Comportamental (PUCRS) e do Grupo de Pesquisa Relações Interpes-
soais e Violência: Contextos Clínicos, Sociais, Educativos e Virtuais.
Cátula Pelisoli. Psicóloga pela Universidade do Vale do Sinos (Unisinos). Especia-
lista em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental pela WP – Centro de Psicotera-
pia Cognitivo-Comportamental. Mestre e Doutora em Psicologia pela UFRGS.
Psicóloga do Tribunal de Justiça do RS na comarca de Passo Fundo. Professora e
coordenadora do Curso de Perícia Psicológica Forense da Escola Superior da Ma-
gistratura – Ajuris.
Christian Haag Kristensen. Psicólogo pela PUCRS. Mestre em Psicologia do De-
senvolvimento pela UFRGS. Doutor em Psicologia do Desenvolvimento pela UFR-
GS com estágio na University of Arizona (EUA). Especialista em Neuropsicologia.
Formação em Terapia Cognitiva pelo Beck Institute for Cognitive erapy and Rese-
arch (EUA). Professor Titular da Escola de Humanidades na PUCRS. Coordenador
do Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGP-PUCRS). Coordenador do
Grupo de Pesquisa Cognição, Emoção e Comportamento. Coordenador Adjunto do
Núcleo de Estudos e Pesquisa em Trauma e Estresse (NEPTE-PUCRS). Bolsista de
Produtividade do CNPq- Nível 1D.
Cristiane Flôres Bortoncello. Psicóloga. Terapeuta certificada pela FBTC. Membro
fundadora e presidente da Associação de Terapias Cognitivas do Rio Grande do Sul
(ATC/RS), gestão (2016-2019). Mestre em Psiquiatria pela UFRGS. Especialista em
Terapia de Casal (InTCC). Formação em Terapia do Esquema pela WP. Treinamento
intensivo em Terapia Comportamental Dialética pelo e Linehan Institute Beha-
vioral Tech.]
viii Autores

Daniel Fulginiti. Graduando em Psicologia pela PUCRS. Bolsista de Iniciação


Científica do Grupo Relações Interpessoais e Violência: Contextos Clínicos, Sociais,
Educativos e Virtuais.
Daniela Schneider Bakos. Psicóloga. Especialista em Psicoterapia Cognitivo-Com-
portamental pela Unisinos. Mestre e Doutora em Psicologia pela UFRGS. Pós-Dou-
tora em Psicologia pela UEL. Mind – Clínica de Psicoterapia Cognitivo-Comporta-
mental e Neuropsicologia.
Daniela Tusi Braga. Psicóloga pela PUCRS. Doutora em Ciências Médicas- Psiquia-
tria pela UFRGS.
Daniele Lindern. Psicóloga pela PUCRS. Mestre em Psicologia Clínica pelo Pro-
grama de Pós-Graduação em Psicologia da PUCRS. Especialista em Terapia cogni-
tivo-Comportamental pelo InTCC. Doutoranda em Psicologia na PUCRS. Mem-
bro do Grupo de Pesquisa: Relações interpessoais e Violência – Contextos Clíni-
cos, Sociais, Educativos e Virtuais (PUCRS). Assessora escolas e atende em consul-
tório particular.
Danielle Nelson. Ph.D. Student in Clinical Psychology, Palo Alto University.
Davi Manzini Macedo. Psicólogo. Mestre em Psicologia pela UFRGS. Especializando em
Terapias Cognitivo-Comportamentais. Integrante do Serviço de Avaliação Psicológica do
InTCC (InSAP).
Eduardo Bunge. Ph.D. Professor Associado da Child and Adolescent Psychothe-
rapy at Pacific Graduate School of Psychology/Palo Alto University, Califórnia,
EUA. Diretor Fundação Equipe de Terapia Cognitiva (ETCI), Argentina. Codire-
tor da Clínica Children and Adolescents de Buenos Aires da Fundação de Terapia
Cognitiva com Crianças e Adolescentes (ETCI). Professor da Universidade de Fa-
valoro, Argentina.
Eduardo Reuwsaat Guimarães. Psicólogo. Mestre em Cognição Humana pela PUCRS.
Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental pelo INFAPA. Sócio-Fundador
e Professor do InTCC.
Francine Guimarães Gonçalves. Psicóloga pelo PUCRS. Mestre pelo Programa de
Pós-Graduação em Psiquiatria na FAMED/UFRGS. Especialista em Terapia Cog-
nitivo-Comportamental pelo Instituto da Família de Porto Alegre (INFAPA).
Gennifer Alie. Ph.D. Candidate in Clinical Psychology at Palo Alto University.
Gordon Hunt. Ph.D. Student in Clinical Psychology, Palo Alto University.
Igor da Rosa Finger. Psicólogo pela PUCRS. Doutor em Psicologia pela PUCRS.
Mestre em Psicologia, com ênfase em Psicologia Clínica pela PUCRS. Especialista
em Terapias Cognitivo-Comportamentais pelo INFAPA/FADERGS e em Terapias
Cognitivo-Comportamentais na infância e adolescência pelo InTCC/FADERGS.
Autores ix

Treinamento intensivo em Terapia Comportamental Dialética (Behavioral Tech).


Professor e supervisor de diversos cursos de especialização em TCC, incluindo os da
PUCRS e da UNISINOS.
Ilana Andretta. Psicóloga pela PUCRS. Especialista em Psicoterapia Cognitivo-
Comportamental. Mestre em Psicologia Clínica pela PUCRS. Doutora em Psico-
logia pela PUCRS, com treinamento avançado em Terapia Cognitiva pelo Beck
Institute e em Entrevista Motivacional com William Miller e eresa Noyers. Pro-
fessora no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Unisinos. Coordenadora
do Grupo de Pesquisa Intervenções Cognitivas e Comportamentais: Estudo e pes-
quisa (ICCEP).
Isabela Maria Freitas Ferreira. Psicóloga pela Universidade Federal do Triângulo
Mineiro (UFTM). Mestre em Psicologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Le-
tras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP/USP). Integrante do
Laboratório de Pesquisa e Intervenção Cognitivo-Comportamental (LaPICC/USP).
Julia Candia Donat. Psicóloga pela PUCRS.
Julia Luiza Schäfer. Psicóloga pela Unisinos. Mestre em Psicologia com ênfase em
Cognição Humana pela PUCRS. Formação em Terapia Comportamental Dialética
(Behavioral Tech/ e Linehan Institute).
Juliana Amaral Medeiros. Psicóloga. Especialista em Terapias Cognitivo-Comportamen-
tais. Psicoterapeuta Cognitivo-Comportamental, Avaliação Psicológica e Neuropsicológica
em consultório particular. Coordenadora Administrativa do Serviço de Avaliação Psicoló-
gica do InTCC - InSAP.
Juliana Kimie Izukawa. Médica psiquiatra. Especialização em Terapia Cognitivo e
Comportamental pela Escola de Educação Permanente da FMUSP. Mestranda em
Ciências da Saúde na Faculdade de Medicina do ABC.
Juliana Maltoni. Psicóloga e mestranda em Psicologia pela Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP/USP).
Integrante do Laboratório de Pesquisa e Intervenção Cognitivo-Comportamental
(LaPICC-USP).
Juliana Mendes Alves. Psicóloga. Neuropsicóloga. Psicopedagoga. Especilista em
Neurociências pela UFMG e Atendimento Sistêmico a Famílias pela PUCMinas.
Formação em Terapia Cognitivo-Comportamental e Reabilitação Cognitiva. Mem-
bro do Laboratório de Estudos sobre Comportamento Cognição e Aprendizagem
pela Fafich/UFMG. Diretora do Espaço Integrar, Belo Horizonte.
Karen Silva Tauber. Psicóloga. Especializanda em Avaliação Psicológica pela UFR-
GS. Psicoterapeuta Cognitivo-Comportamental. Integrante do Serviço de Avaliação
Psicológica do InTCC (InSAP).
x Autores

Letícia Rosito Pinto Kruel. Psicóloga pela PUCRS. Mestre em Psiquiatria pela
UFRGS. Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental pelo INFAPA. Espe-
cialista em Terapia de Casal e de Família pelo DOMUS. Doutoranda no Programa
de Pós-Graduação em Medicina: Ciências Cirúrgicas na UFRGS.
Lucas Friedrichs Cornélio. Graduando de Psicologia na Unisinos.
Luciana Tisser. Psicóloga. Especialista em Neuropsicologia e Grupoterapia. Mestre e
Doutora em Psicologia da Saúde/Neurociências pela PUCRS. Docente no Curso de Psi-
cologia da Uniritter. Docente no Curso de Psicoterapias Cognitivas e no Curso de Espe-
cialização em Psicoterapias Cognitivas na Infância e Adolescência do InTCC/RS. Coor-
denadora da Especialização em Neuropsicologia do InTCC/RS. Sócia-diretora do Insti-
tuto de Neuropsicologia do Rio Grande do Sul.
Luciano Rassier Isolan. Psiquiatra e Psiquiatra da Infância e Adolescência. Mestre e
Doutor em Psiquiatria pela UFRGS.
Luiz Carlos Prado. Médico Psiquiatra. Terapeuta de Crianças, Adolescentes, Casais e
Famílias. Professor e supervisor nos Cursos de Especialização em Terapia Familiar e Te-
rapias Cognitivo-Comportamentais do InTCC – Ensino, Pesquisa e Atendimento In-
dividual – Porto Alegre, RS.
Luiziana Souto Schaefer. Psicóloga. Perita criminal do Departamento Médico-Legal
do Instituto-Geral de Perícias do Rio Grande do Sul (IGP-RS). Investigadora Pós-
Doc na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Portugal.
Marcelly Ramos Filipetto. Psicóloga. Pós-Graduanda em Terapia Cognitivo-Com-
portamental. Primeira Tesoureira da ATC/RS.
Marcelo da Rocha Carvalho. Psicólogo Clínico pela Universidade Católica de Santos.
Especialista em TCC e TREC pelo Albert Ellis Institute e Universidade de Flores. Pro-
fessor convidado dos cursos de Pós-Graduação em TCC e Acompanhamento Terapêu-
tico do AMBAN/IPq/FMUSP e MBA em Promoção de Saúde e Qualidade de Vida
São Camilo/ABRAMGE/ABQV.
Marcelo Goldstein Spritzer. Psicólogo pela PUCRS. Especialista em Terapia Cogni-
tivo-Comportamental pelo InTCC.
Marcelo Montagner Rigoli. Psicólogo. Mestre e Doutorando em Cognição Huma-
na pela PUCRS. Especialista em Terapias Cognitivo-Comportamentais. Membro e
Supervisor Clínico do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Trauma e Estresse (NEPTE).
Docente e Supervisor Clínico do InTCC. Supervisor Clínico do Serviço de Avaliação
Psicológica do InTCC (InSAP). Membro da Divisão 12 da APA.
Márcia Maria Bignotto. Psicóloga. Mestre e Doutora pela PUC-Campinas, Especia-
lista em Terapia Infantil e em Stress. Tesoureira da Federação Brasileira de Terapias
Cognitivas.
Autores xi

Maria Augusta Mansur de Souza. Psicóloga. Especialista em Psicologia Clínica pela


WP. Mestre em Psiquiatria pela UFRGS. Formação em Terapia do Esquema pela
Wainer. Professora e supervisora de diversos cursos de Especialização e Formação em
Terapia Cognitivo-Comportamental.
Maria Cristina Friedrichs Manfro. Psicóloga Clínica. Terapeuta de Família e Casal
e Mediadora Familiar. Terapeuta em EMDR. Especialista em Terapia Cognitivo-
Comportamental.
Maria de Fátima Abreu Rato Padin. Doutora em Ciências pelo Departamento de
Psiquiatria da UNIFESP. Psicóloga Especialista em Dependência Química pela UNI-
FESP. Coordenadora do Núcleo de na área de família UNIAD/UNIFESP. Conselheira
Técnica (Trustee) Addiction and the Family International Network, Birmimgham/In-
glaterra. Coordenadora do módulo de Dependência Química do Curso de Especializa-
ção em Saúde Mental da Infância e Adolescência (CESMIA) do Departamento de Psi-
quiatria Infantil e Adolescência UNIFESP. Diretora e Supervisora da Clínica Alamedas
Tratamento e Reabilitação da Dependência Química.
Maria Lúcia Rossi. Psicóloga Clínica e Hospitalar. Mestre em Ciências pela Faculdade
de Medicina da USP. Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental. Especialista
em Medicina Comportamental pela UNIFESP. Especialista em Stress pelo Instituto de
Psicologia Marilda Lipp; Membro do Conscientia - Núcleo de estudos do Comporta-
mento e Saúde Mental. Coordenadora Geral do Instituto TRI em São Paulo. Docente
do Curso "Especialista e Aprimoramento em Saúde Mental" do Programa Ansiedade
do Instituto de Psiquiatria do HC. Docente convidada em diversas instituições no Bra-
sil e exterior. Pesquisadora e Supervisora clínica.
Mariana Fagundes Stechman. Psicóloga. Especializanda em Terapias Cognitivo-
Comportamentais no InTCC. Integrante do Serviço de Avaliação Psicológica do In-
TCC (InSAP).
Marilda Emmanuel Novaes Lipp. Psicóloga. Especialista em Stress e em Terapia
Cognitivo-Comportamental. Ph.D pelo George Washington University. Pós-Douto-
rado pelo National Instituto of Health. Presidente da Federação Brasileira de Terapias
Cognitivas.
Monique Lauermann Tassinari Rückert. Psicóloga Clínica. Especializanda em Te-
rapia Cognitivo-Comportamental. Integrante do Serviço de Avaliação Psicológica do
InTCC (InSAP).
Neiva Tein de Souza. Psicóloga. Especialista em Psicologia Clínica e em Terapias Cogni-
tivo-Comportamentais. Coordenadora de Grupos de Treinamento e Desenvolvimento de
Habilidades Sociais. Terapeuta Cognitiva certificada pela FBTC. Sócia, professora e su-
pervisora do InTCC.
Paul Stallard. Departamento de Saúde, Universidade de Bath, Bath, Reino Unido.
xii Autores

Rafael Massuti. Acadêmico de Medicina pela UFRGS. Assistente de pesquisa do


Programa de Transtornos de Déficit de Atenção/Hiperatividade do HCPA. Douto-
rando do Programa de Pós-Graduação em Psiquiatria e Ciências do Comportamento
pela UFRGS.
Ramon Wolkmer Silvestri da Silva. Psicólogo. Mestre em Psicologia, Cognição
Humana, pela PUCRS. Especialista em Terapias Cognitivo-Comportamentais pelo
InTCC.
Renata Vianna. Doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ).
Robert Friedberg. Ph.D., ABPP, ACT. Diretor, PAU Center for the Study and Treat-
ment of Anxious Youth. Pacific Graduate School of Psychology/Palo Alto University,
Califórnia, EUA.
Rodrigo Schames Kreitchmann. Psicólogo pela UFRGS. Mestre em Metodologia e
Doutor em Psicologia Clínica pela Universidade Autônoma de Madri.
Rodrigo Serra. Psicólogo. Mestre em Psicopatologia da Infância e Adolescência pela
Universidade Autônoma de Barcelona (UAB). Doutor em Psicologia pela UAB.
Rosaura Perales. Clinical Psychology Doctoral Candidate, Palo Alto University.
Shweta Ghosh. Ph.D. Student in Clinical Psychology, Palo Alto University.
Stellen Giacomelli Rodrigues. Psicóloga pela Faculdade Cenecista de Osório (FA-
COS/CNEC). Especializanda em Terapia Cognitivo-Comportamental pelo Instituto
WP – Centro de Psicoterapia Cognitiva.
Suzana Peron. Psicóloga pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão
Preto (USP). Colaboradora de pesquisa do Laboratório de Pesquisa e Intervenção
Cognitivo-Comportamental da Universidade de São Paulo (LaPICC/USP).
Tárcio Soares. Psicólogo. Mestre em Psicologia Social pela PUCRS. Especialista em
Terapias Cognitivo-Comportamentais pelo INFAPA. Professor da Faculdade de Psi-
cologia da PUCRS. Sócio-fundador do InTCC.
Teresa Sousa. Licenciada em Psicologia Clínica, Portugal.
Tiago P. Tatton-Ramos. Psicólogo. Mestre em Ciência da Religião pela UFJF/MG.
Doutor em Psicologia pela UFRGS com estágio pelo IoPPN - King’s College de
Londres e extensões pela Universidade de Oxford (UK). Pós-doutorando em Psiquia-
tria e Ciências do Comportamento pela UFRGS. Especialista em Mindfulness pela
Escola de Medicina da Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD).
Tuíla Maciel Felinto. Psicóloga pela UFPB. Mestranda em Psicologia na UFRGS.
Vahdet Gormez. Universidade Bezmialem Vakıf, Departamento de Psiquiatria da
Criança e do Adolescente, Istambul, Turquia.
Autores xiii

Vanina Cartaxo. Psicóloga pela UNIPÊ. Psicóloga clínica infantil. Especialista em


Terapia Cognitivo-Comportamental (CINTEP/PB). Professora de Pós-Graduação da
Infância e Adolescência em diversos estados do Brasil.
Vinícius Dornelles. Psicólogo pela PUCRS. Formação em Dialectical Behavior e-
rapy: Intensive Training pelo Behavioral Tech/USA e e Linehan Institute/USA.
Formacion em Terapia Dialectico Comportamental (DBT) pela Universidad Nacio-
nal de Lujan, Argentina. Formação em Terapias Baseadas em Evidências para o
Transtorno da Personalidade Borderline pela Fundación Foro, Argentina. Especializa-
ção em Terapias Cognitivo-Comportamentais pela WP. Mestrado em Cognição Hu-
mana pela PUCRS. Diretor Geral da Vincular.
Virgínia de Oliveira Rosa. Médica Psiquiatra. Especialista em Infância e Adolescên-
cia pelo HCPA. Doutoranda na Psiquiatria da UFRGS.
Zandra Elisa Argüello Argüello. Psicóloga pela Universidade Nacional Autônoma
da Nicarágua (UNAN). Mestre em Educação, na linha Gênero, Sexualidade e Infân-
cia, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Especialista em Edu-
cação Infantil pela UFRGS. Formanda do curso Terapia Cognitivo-Comportamental
na Infância pelo InTCC.
Sumário

Apresentação .......................................................................................... 21
Renato Maiato Caminha, Marina Gusmão Caminha
e Camila Arguello Dutra

1 Atualizações em Terapia Cognitivo-Comportamental


com Crianças e Adolescentes ........................................................... 23
Daniela Schneider Bakos e Robert Friedberg

Parte I
Intervenções Preventivas na Infância
2 As Bases da Educação Socioemocional ............................................ 45
Renato Maiato Caminha e Marina Gusmão Caminha
3 Programas de Prevenção na Infância ............................................... 59
Alice Reuwsaat Justo, Ariane dos Santos e Ilana Andretta
4 Atualização em Treino e Educação Parental .................................... 77
Cátula Pelisoli, Marina Gusmão Caminha
e Stellen Giacomelli Rodrigues
xvi Sumário

Parte II
Avaliação e Conceitualização na Infância

5 Conceitualização Cognitiva e Outros Aspectos


do Diagnóstico Teórico .................................................................... 99
Marina Gusmão Caminha e Renato Maiato Caminha

6 Teorias da Personalidade: Perspectiva histórica


e enfoque cognitivo .......................................................................... 113
Eduardo Reuwsaat Guimarães, Rodrigo Schames Kreitchmann,
Tárcio Soares e Letícia Rosito Pinto Kruel

7 A Psicopatologia na Infância e as Contribuições da


Terapia Cognitivo-Comportamental ............................................... 131
Camila Arguello Dutra e Rodrigo Serra

8 Psicodiagnóstico na Infância e Adolescência................................... 149


Marcelo Montagner Rigoli, Juliana Amaral Medeiros,
Davi Manzini Macedo, Monique Lauermann Tassinari Rückert,
Karen Silva Tauber e Mariana Fagundes Stechman

9 Avaliação Neuropsicológica em Crianças: Quando


indicar e como avaliar os resultados na prática clínica ................... 171
Luciana Tisser

10 Avaliação Pericial e o Parecer Técnico na Infância .......................... 187


Luiziana Souto Schaefer, Ramon Wolkmer Silvestri da Silva
e Christian Haag Kristensen

11 Instrumentos de Acesso na Clínica Infantil .................................... 201


Vanina Cartaxo

Parte III
Práticas Clínicas

12 Transtornos Depressivos na Infância e na Adolescência ................. 231


Rodrigo Serra e Marcelo Goldstein Spritzer
Sumário xvii

13 Transtornos Bipolares na Infância: Relato da condução


em psicoterapia concomitante à psicofarmacoterapia .................... 259
Marcelo da Rocha Carvalho, Anderson Martiniano de Souza
e Bruno Mendonça Coêlho

14 Tecnologias de Intervenção Comportamental Baseada em


Evidências para Depressão Adolescente .......................................... 279
Gennifer Alie, Rosaura Perales, Danielle Nelson, Ashley Elefant,
Shweta Ghosh, Gordon Hunt e Eduardo Bunge

15 Transtorno de Ansiedade Generalizada na Infância........................ 293


Vahdet Gormez e Paul Stallard

16 Transtorno de Pânico e Agorafobia em Crianças e Adolescentes:


Características Clínicas e Formas de Tratar ..................................... 311
Bernard Pimentel Rangé e Renata Vianna

17 Transtorno de Ansiedade Social e


Mutismo Seletivo na Infância .......................................................... 329
Maria Augusta Mansur de Souza

18 Ansiedade de Separação em Crianças e Adolescentes...................... 367


Adriana Zanonato e Luiz Carlos Prado
19 Fobias Específicas na Infância ......................................................... 385
Maria Lúcia Rossi

20 A Terapia de Reciclagem Infantil (TRI) no


Tratamento de Sintomas Ansiosos e Depressivos ............................ 399
Renato Maiato Caminha, Marina Gusmão Caminha
e Igor da Rosa Finger

21 Transtorno Obsessivo-Compulsivo na Infância


e na Adolescência ............................................................................. 415
Daniela Tusi Braga

22 Transtorno de Estresse Pós-Traumático na Infância ....................... 433


Camila Arguello Dutra, Eduardo Reuwsaat Guimarães,
Julia Candia Donat e Renato Maiato Caminha
xviii Sumário

23 Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade na Infância....... 449


Carlos Renato Moreira Maia, Rafael Massuti
e Virgínia de Oliveira Rosa

24 Transtorno da Conduta e de Oposição Desafiante e seu


Tratamento pela Terapia Cognitiva-Comportamental .................... 469
Marcelo da Rocha Carvalho e Juliana Kimie Izukawa

25 Transtornos de Tiques e Tourette..................................................... 495


Cristiane Flôres Bortoncello, Luciano Rassier Isolan
e Marcelly Ramos Filipetto

26 Transtornos Alimentares .................................................................. 521


Aneron de Avila Canals e Aline Copstein
27 Fatores de Risco para Uso de Drogas .............................................. 541
Maria de Fátima Abreu Rato Padin

28 Manejo de Comportamentos Suicidas e de Automutilação


na Infância e na Adolescência .......................................................... 557
Vinicius Dornelles e Julia Luiza Schäfer

29 Problemas na Infância Relacionados ao Sono ................................. 587


Teresa Sousa

30 Gênero, Identidade e Infância ......................................................... 615


Zandra Elisa Argüello Argüello e Camila Arguello Dutra

31 Habilidades Sociais na Infância....................................................... 631


Neiva Tein de Souza, Camila Arguello Dutra
e Francine Guimarães Gonçalves

32 Stress na Infância ............................................................................. 649


Marilda Emmanuel Novaes Lipp e Márcia Maria Bignotto

33 Bullying na Infância ......................................................................... 673


Daniele Lindern, Andreia Zambon Braga, Artur Marques Strey,
Camila Sartori da Silva, Daniel Fulginiti
e Carolina Saraiva de Macedo Lisboa
Sumário ixx

34 Conflitos na Família e sua Implicações na Infância ........................ 689


Maria Cristina Friedrichs Manfro e Lucas Friedrichs Cornélio
35 A Prática de Mindfulness na Infância .............................................. 707
Tuíla Maciel Felinto e Tiago P. Tatton-Ramos

36 Interface entre Terapia Cognitivo-Comportamental e


Reabilitação Neuropsicológica na Infância e na Adolescência ....... 723
Juliana Mendes Alves

37 Intervenções em Grupos com Crianças e Adolescentes................... 735


Carmem Beatriz Neufeld, Suzana Peron, Juliana Maltoni
e Isabela Maria Freitas Ferreira

38 Psicofarmacologia na Infância e na Adolescência ........................... 751


Carlos Renato Moreira Maia, Rafael Massuti
e Virgínia de Oliveira Rosa

Quadros, figuras e tabelas com asterisco estão disponíveis em


www.sinopsyseditora.com.br/pciaform
Apresentação

No ano de 2007, após um longo percurso de trabalho no campo das tera-


pias cognitivas com crianças, dois dos autores deste trabalho que o leitor tem em
mãos, Marina e Renato Caminha, publicaram uma obra intitulada A Prática Cog-
nitiva na Infância, Editora Roca, que se encontra esgotada há bastante tempo.
Depois do seu lançamento, muitos comentários positivos chegaram aos
autores, dentre eles que o livro era a primeira obra em língua portuguesa a fa-
lar sobre terapia cognitiva com crianças. Muitas obras que haviam no merca-
do tratavam da infância pelo viés comportamental apenas.
Em buscas editoriais pela internet, descobrimos que o trabalho teria
sido também a primeira obra publicada na América Latina com esta especifi-
cidade no título.
Independente de ser a primeira obra de fato a ter sido publicada, sinte-
tizava um pioneirismo dos autores à época. O trabalho foi apenas uma parte
do movimento que estava surgindo no Brasil, no mesmo ano foram intensifi-
cados muitos wokshops de treinamento para terapeutas cognitivos infantis,
cursos esses que vieram a se tornar especializações em psicoterapias cognitivas
na infância e na adolescência. Na mesma leva de ações, foi criado o primeiro
congresso específico em TCC da infância e adolescência do Brasil, das Améri-
cas e quiçá do mundo, o CONCRIAD.
Todas as ações em conjunto criaram uma massa crítica muito intensa
numa área ainda crescente em nosso país e no mundo. O número de tera-
peutas cognitivos interessados em crianças ainda é bem menor do que o nú-
mero de terapeutas que trabalham com adultos, e isso talvez ocorra pelas
publicações na área serem muito restritas se comparadas a literatura de TCC
com adultos.
22 Renato Maiato Caminha, Marina Gusmão Caminha e Camila Arguello Dutra (orgs.)

Em recente debate sobre a TCC infantil ocorrido no CONCRIAD


2016 na cidade de Campinas, SP, Mark A. Reinecke, Ph.D. da Northwestern
University, em Chicago, EUA, afirmou que em termos de intervenções proto-
colares a TCC da infância estaria dez anos atrás do que se tem feito e proposto
em termos técnicos e protocolares com adultos.
Isso é deveras surpreendente, pois a própria Organização Mundial da Saú-
de (OMS) enfatiza que as práticas preventivas e intervenções precoces, inclusive
em saúde mental, evitam danos e custos aos sistemas públicos dos países.
As neurociências, por sua vez, têm enfatizado cada vez mais acerca da
influência de ambientes positivos e estimulantes no desenvolvimento cerebral
das crianças e, ainda, que o cérebro infantil possui plasticidade e maior capa-
cidade de aquisição de estratégias que proponham mudanças.
Por esta razão, achamos importante reunir neste novo trabalho colegas,
do Brasil e do exterior, que atuam com as crianças. Este livro, que seria uma
nova edição do A prática cognitiva na infância, foi totalmente revisado, am-
pliado e atualizado sobre as intervenções cognitivas com crianças e, de modo
mais amplo, incluímos também a adolescência, no intuito de qualificarmos os
colegas que trabalham na área e estimularmos novos terapeutas a atuarem nes-
ta sensível fase do desenvolvimento humano.
Desta vez, juntou-se a nós Camila Dutra, especialista em TCC da In-
fância e Adolescência pelo InTCC-RS, como organizadora desta nova obra
que aqui apresentamos.
Desejamos que este livro alcance uma repercussão tão favorável quanto
foi A Prática, lembrando que intervenções protocolares bem-estruturadas na
infância possuem o poder de modificar esquemas patológicos ao longo da
vida, evitando, assim, um desenvolvimento longitudinal pontuado por graves
patologias cronificadas.
Desde já, nosso agradecimento a todos os colaboradores e aos leitores
que aqui nos prestigiam.

Renato Maiato Caminha,


Marina Gusmão Caminha
e Camila Arguello Dutra
1
Atualizações em Terapia Cognitivo-
-Comportamental com Crianças e Adolescentes
Daniela Schneider Bakos e Robert Friedberg

INTRODUÇÃO

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é um dos modelos psi-


coterápicos mais pesquisados na atualidade. No que se refere a crianças, o
espectro de abordagens das TCCs pode ser considerado o “padrão ouro” das
escolas psicoterápicas (Friedberg et al., 2014). Ao longo das últimas décadas,
a TCC tem mostrado consistente eficácia no tratamento de um escopo cada
vez mais abrangente de transtornos infantis (transtornos de ansiedade –
Butler, Chapman, Forman, & Beck, 2006; Compton, March, Brent, Alba-
no, Weersing, Curry, 2004; Kendall, Hudson, Gosch, Flannery-Schroeder,
& Suveg, 2008; transtornos do espectro autista – Reaven, Blakeley-Smith,
Culhane-Shelburne, & Hepburn, 2012; Scarpa, White, & Attwood, 2013;
transtornos depressivos – Butler, Chapman, Forman, & Beck, 2006;
Compton, March, Brent, Albano, Weersing, & Curry, 2004; Zhou, Hetrick,
Cuijpers, Qin, Barth, Whittington, Cohen, Del Giovane, Liu, Michael,
Zhang, Weisz, & Xie, 2015).
Com o objetivo de continuamente expandir seu modelo teórico e
contemplar em sua abordagem terapêutica resultados de pesquisas recentes, a
TCC tem buscado evoluir nos seguintes pontos:
1) considerar modelos transdiagnósticos e modulares (em lugar de pro-
tocolos individuais e limitados);
2) disponibilizar tratamentos em contextos diversos, incluindo clínicas
particulares, ambientes comunitários, escolas, internações psiquiá-
tricas hospitalares e centros de saúde vinculados a universidades;
24 Atualizações em Terapia Cogni vo-Comportamental com Crianças e Adolescentes

3) acolher abordagens de terceira onda, através de uma postura teórica


flexível;
4) ofertar aplicações clínicas culturalmente orientadas;
5) dar suporte a era digital, fazendo uso de tecnologias emergentes
(Friedberg et al., 2014).

Neste capítulo, pretende-se explorar os avanços mais recentes na apli-


cação da TCC em crianças e adolescentes, com ênfase na abordagem
modular, no uso de tecnologia, nas aplicações em grupos e famílias e na sua
integração na saúde primária, considerando a importância destes tópicos no
atual cenário evolutivo. Uma rigorosa pesquisa bibliográfica possibilitou o
agrupamento de estudos de eficácia em diferentes populações psiquiátricas e
contextos clínicos.

TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL MODULAR

A TCC contemporânea está transcendendo do embasamento em ma-


nuais específicos para cada transtorno, para abordagens mais modulares e
transdiagnósticas (Chorpita, 2006; Chorpita, Daleiden, & Weisz, 2005;
Friedberg, McClure, & Garcia, 2009; Santucci, omassin, Petrovic, & Weisz,
2015). A Terapia Cognitivo-Comportamental Modular (mCBT) equilibra o
rigor científico dos achados advindos de ensaios clínicos randomizados de
manuais de tratamentos empiricamente embasados (ESTs), com o julgamento
clínico de terapeutas trabalhando em contextos de realidade “nua e crua”. De
certa forma, ela representa o melhor de ambos os mundos, tanto o da “torre
de marfim” quanto o da clínica da comunidade.
A mCBT utiliza métodos e procedimentos cuidadosamente reunidos
a partir de pesquisas em tratamentos empiricamente embasados, para gerar
prática baseadas em evidências (EVBPs). Ademais, a abordagem agrupa estas
(EVBPs) encontradas através de protocolos de tratamentos em categorias
conceitualmente homogêneas, denominadas módulos. Os módulos básicos
representam a psicoeducação (PE), o monitoramento de alvo (TM), as ta-
refas comportamentais básicas, a reestruturação cognitiva e a exposição/ex-
perimentos (Friedberg, Gorman, Wilt, Buickians, & Murray, 2011). Em-
bora os módulos permaneçam os mesmos para todos os pacientes e proble-
A Prá ca Cogni va na Infância e na Adolescência 25

mas, os procedimentos, práticas e métodos contidos em cada módulo va-


riam para cada paciente, produzindo uma abordagem de tratamento alta-
mente individualizada.
Ong e Caron (2008) explicam que a PE prepara o paciente para o
tratamento, na medida em que fornece informações sobre sua doença, opções
de tratamento e o curso de seu cuidado clínico. Existem diversas maneiras de
se conduzir a psicoeducação, incluindo instrução verbal, livros de autoajuda,
DVDs, gravações, jogos, recursos on-line e aplicativos de celulares.
O procedimento de monitoramento de alvo (TM) produz avaliações
de base, bem como marcadores do curso do progresso. Os alvos do trata-
mento são precisamente definidos e os avanços clínicos cuidadosamente
examinados. Várias medidas, formais e informais, que mapeiam melhora
sintomática e funcional, podem ser empregadas. Checklist de sintomas, regis-
tros comportamentais e registros de pensamentos diários são alguns exem-
plos de práticas de TM.
O módulo de tarefas comportamentais básico inclui técnicas agrupadas
com base em suas raízes compartilhadas de condicionamento clássico, condi-
cionamento operante e teoria de aprendizagem social, assim como um foco
comum na ação direta. Estas práticas diversas abarcam: treinamento de habili-
dade parentais, planejamento de tarefas prazerosas, ativação comportamental,
treino de relaxamento, treino de reversão de hábito e treinamento de habi-
lidades sociais.
A reestruturação cognitiva é o quarto módulo neste amplo protocolo.
Na reestruturação cognitiva, pacientes jovens aprendem a reestruturar seus
pensamentos ou modelos de discurso interno (Friedberg et al., 2009; Weisz,
Southam-Gerow, Gordis, & Connor-Smith, 2003). Resolução de problemas,
autoinstrução, reatribuição, teste de evidência, descatastrofização e técnicas de
definição universal estão contidos neste módulo.
Exposições e experimentos representam a essência do quinto módulo.
Este módulo dá maior ênfase à realização das mudanças do que ao ato de falar
sobre mudanças. De maneira simples, nesta unidade prática as crianças
demonstram que podem fazer o que anteriormente evitavam.
A mCBT valoriza o achado de que diferentes protocolos repartem prá-
ticas similares e transtornos distintos também compartilham caminhos co-
muns (Weisz & Chorpita, 2012). Além disso, a abordagem permite que os
clínicos extraiam evidências procedimentais específicas a partir de vários ma-
26 Atualizações em Terapia Cogni vo-Comportamental com Crianças e Adolescentes

nuais empiricamente embasados, em vez de ter que adotar determinado ma-


nual na íntegra. Aspecto este que parece consistente com as preferências dos
clínicos (Bernstein, Chorpita, Ebesutani, & Rosenblatt, in press).
Em seu estudo extremamente original, Chorpita e Daleiden (2009)
verificaram que em mais de 600 protocolos de tratamento, elementos
práticos comuns para depressão incluíram psicoeducação, monitoramento
de alvo, atividade prazerosa, reestruturação cognitiva e resolução de pro-
blema. Mais recentemente, Becker, Lee, Daleiden, Lindsey, Brandt e Chor-
pita (2015) identificaram o monitoramento de alvo/avaliação, a psicoedu-
cação e a promoção de acessibilidade como elementos comuns para aumen-
tar a adesão à sessão, aderência ao tratamento e preparação para o trata-
mento. Bearman e Weisz (2015, p. 134) explicaram “não existem apenas os
maiores sucessos dentro de uma família de tratamentos (por exemplo, a expo-
sição comportamental em múltiplos protocolos de tratamento para ansie-
dade), mas existem também alguns elementos práticos que aparecem ao
longo de diferentes categorias diagnósticas (como é o caso das recompensas
tangíveis para aumentar a obediência, que podem aparecer com alta fre-
quência em tratamentos que abordam problemas de conduta, mas também
podem se fazer menos frequentes em tratamentos para transtornos de an-
siedade e depressão).
A Abordagem Modular da Terapia para Crianças e Adolescentes – An-
siedade, Trauma e Conduta (MATCH_ADTC; Chorpita & Weisz, 2009) é
a abordagem modular mais cientificamente estudada. A MATCH-ADTC
contém 33 elementos práticos comuns, que se mostraram efetivos no trata-
mento de ansiedade, depressão, trauma e conduta. Chorpita et al. (2015)
verificaram que a mCBT foi considerada pelos praticantes como mais efetiva
que a assistência habitual e mais responsiva a vicissitudes clínicas que os
protocolos guiados por manuais. Consequentemente, os terapeutas estavam
extremamente satisfeitos com a MATCH-ADTC. Em seu trabalho, Park,
Tsai, Guan, Reding, Chorpita e Weisz (2016) descobriram que os pacientes
jovens que completaram um curso de TCC modular utilizaram menos
serviços de assistência à saúde comportamental ao final de um ano do
término da intervenção em comparação com pacientes que receberam a
TCC tradicional ou a assistência habitual. Os autores concluíram que a
abordagem modular resultou em maiores ganhos sustentados para pacientes
e adicionaram flexibilidade para os clínicos.
A Prá ca Cogni va na Infância e na Adolescência 27

Lyon, Lau, McCauley, Vander Stoep e Chorpita (2014) defenderam o


uso da mCBT com populações distintas. Eles destacaram que questões de
diversidade são explicitamente abordadas no modelo via combinações
relevantes (Chorpita, Bernstein, & Daleiden, 2011). Combinações relevantes
dizem respeito à aplicabilidade das melhores práticas a pacientes individuais e
suas circunstâncias únicas. Adicionalmente, a mCBT é particularmente ade-
quada para trabalhar com populações distintas em função de sua ênfase em
modelos lógicos, especificidade procedural e mensurações constantes de resul-
tados (Chiu et al., 2013; Chorpita et al., 2011). Por fim, a mCBT é aplicável
a uma ampla gama de contextos (Chiu et al., 2013, Friedberg & Brelsford,
2011, Kolko & Perrin, 2014).

USO DE TECNOLOGIA

O uso do computador ou da internet como ferramenta para oferecer a


TCC pode solucionar algumas das limitações encontradas nos serviços de
tratamentos tradicionais. Dentre as vantagens da TCC com base na internet e
no computador estão:
1) disponibilidade;
2) anonimato;
3) acessibilidade a qualquer hora e lugar;
4) flexibilidade no que se refere autogestão e ritmo próprio;
5) tempo de viagem e custos reduzidos para ambos, terapeutas e pa-
cientes;
6) poder de gerar interesse advindo da interatividade e da atratividade
visual dos programas baseados na internet (Calear & Christensen,
2010; Ebert et al., 2015; Pennant et al., 2015).

Apesar de sua já demonstrada efetividade no tratamento de transtornos


depressivos e ansiosos em adultos (Andersson & Cuijpers, 2009; Andrews et
al., 2010), pouco se sabe sobre os resultados do seu uso em crianças e
adolescentes.
Um estudo clássico foi conduzido por Khanna e Kendall (2010),
envolvendo um ensaio clínico randomizado utilizando o Camp Cope-A-Lot
(CCAL). Os autores não encontraram diferença significativa nos sintomas de
28 Atualizações em Terapia Cogni vo-Comportamental com Crianças e Adolescentes

ansiedade ao final da intervenção e no terceiro mês de follow-up, entre jovens


que receberam 12 meses de CCAL e aqueles que se submeteram à TCC
individual, face a face, tradicional. Ambos os tratamentos foram superiores
em comparação à condição-controle. As crianças referiram uma satisfação
com o tratamento significativamente maior no caso do CCAL e da TCC
individual do que com a condição-controle, não havendo, contudo, diferença
significativa entre os dois primeiros.
Mais recentemente, Ebert et al. (2015) conduziram uma meta-análise
no intuito de avaliar a efetividade dos tratamentos cognitivo-comportamentais
baseados na internet (cCBT) no tratamento de sintomas de ansiedade e
depressão em jovens. Foram critérios de inclusão:
1) ensaios controlados e randomizados;
2) estratégias cognitivas baseadas em computador, internet ou celular;
3) crianças ou adolescentes até 25 anos, com sintomas de depressão ou
ansiedade;
4) intervenções comparadas com uma condição-controle não ativa.
Treze ensaios clínicos randomizados foram incluídos na amostra, dos
quais sete envolveram o tratamento de ansiedade, quatro tinham como foco
a depressão e os outros dois eram de natureza transdiagnóstica (tendo como
alvo tanto a ansiedade quanto a depressão). Os resultados evidenciaram a
eficácia da cCBT no tratamento de sintomas de depressão e ansiedade em
jovens. Cabe ressaltar, contudo, que embora significante, o efeito do trata-
mento em crianças foi um pouco menor quando comparado com os ado-
lescentes. Por esta razão, tais intervenções podem ser uma alternativa de tra-
tamento promissora em situações onde o tratamento face a face não é fac-
tível. Seriam necessários estudos futuros para examinar os efeitos em longo
prazo desta abordagem.
Em similar direção, Pennant et al. (2015) revisaram a evidência para
todos os tipos de terapia computadorizada no tratamento de depressão e
ansiedade em crianças e jovens. Compuseram a amostra 27 estudos de ensaios
controlados e randomizados, dos quais 14 investigaram a cCBT nos transtor-
nos de ansiedade e depressão em crianças e adolescentes. Ainda que a cCBT
tenha tido efeitos positivos para os sintomas de ansiedade e depressão em
jovens (12 a 25 anos) em risco de serem diagnosticados com transtornos de
ansiedade e depressão, houve incerteza quanto à efetividade desta abordagem
em crianças (5 a 11 anos). Dois programas para ansiedade em crianças foram
A Prá ca Cogni va na Infância e na Adolescência 29

utilizados: o BRAVE (March, Spence, & Donavan, 2009) e o Camp Cope-A-


Lot (Khanna & Kendall, 2010). Nos dois ensaios observou-se um efeito
favorável na ansiedade quando utilizada a cCBT, em comparação a uma
condição-controle não terapêutica, considerando a avaliação realizada pelos
clínicos. Contudo, os achados foram inconclusivos quando autoavaliados. Em
um dos ensaios a cCBT foi comparada à TCC face a face e ambas intervenções
obtiveram efeitos similares, tanto na autoavaliação quanto na avaliação
conduzida por clínicos.
Ambos estudos (Ebert et al., 2015; Pennat at el., 2015) foram admi-
nistrados com grande proximidade temporal e verificaram semelhanças nos
resultados sobre o efeito da cCBT no tratamento de sintomas de ansiedade e
depressão em crianças e jovens. Os autores revisaram os mesmos estudos no
que concerne à cCBT em crianças (BRAVE for children, March, Spence, &
Donavan, 2009; Camp Cope-A-Lot, Khanna, & Kendall, 2010) e con-
cordaram com relação à diminuição de evidência para a cCBT nesta po-
pulação. Conquanto eles apresentem algumas diferenças metodológicas, espe-
cialmente no que se refere aos critérios de inclusão, os resultados principais
ratificam o benefício potencial dos programas de cCBT nos transtornos de
ansiedade e depressão em jovens.
Uma outra investigação avaliou a eficácia de uma versão modificada do
programa BRAVE-ONLINE para crianças pré-escolares com transtornos de
ansiedade (Donavan & March, 2014). O programa, que tinha por objetivo o
alívio da ansiedade neste grupo etário, na presente análise contou com a
inclusão de uma abordagem focada nos pais. O estudo comparou aquelas
crianças cujos pais receberam o tratamento pela internet com um grupo de
crianças cujos pais estavam na lista de espera para atendimento. O programa
consistiu em seis sessões online com duração de uma hora cada, nas quais os
pais eram psicoeducados quanto à ansiedade da criança, bem como com
estratégias para lidar com os comportamentos ansiosos. A amostra foi formada
por 52 crianças pré-escolares com transtorno de ansiedade e pelo menos um
de seus pais. Em comparação ao grupo da lista de espera, o grupo que recebeu
a intervenção demonstrou uma redução significativamente maior na severi-
dade do seu diagnóstico, além de uma melhora superior em seu nível geral de
funcionamento. Assim sendo, embora os resultados não tenham sustentado
uma maior redução na porcentagem de crianças livres de seu diagnóstico
primeiro e de todos os transtornos de ansiedade no grupo experimental, pode-se
30 Atualizações em Terapia Cogni vo-Comportamental com Crianças e Adolescentes

afirmar que a cCBT favoreceu a redução de sintomas de ansiedade nes-


te grupo etário.
Comer et al. (2014) desenvolveram um tratamento via internet, baseado
na família, para trabalhar com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) de
início precoce. A abordagem envolveu TCC em tempo real, com foco em
exposição e prevenção de resposta. Os participantes nos estudos de casos pre-
liminares foram cinco crianças (entre 4 e 8 anos) e seus pais. Após a inter-
venção, todas as crianças mostraram melhora nos sintomas de TOC, assim
como em seu prejuízo global. Todas elas evidenciaram pelo menos uma res-
posta parcial ao diagnóstico e 60% não mais contemplaram critérios para
TOC no período posterior ao tratamento. Os achados se unem ao expressivo
corpo de literatura, que apoia o papel dos modelos baseados na internet para
expandir a oferta de TCC para TOC e transtornos relacionados.
Finalmente, a percepção do uso da cCBT para ansiedade na infância foi
explorada em centros comunitários de saúde mental (CCSM), com base nos
consumidores e naqueles que a oferecem, objetivando identificar fatores que
podem impactar a implementação desta ferramenta neste contexto específico
(Salloum, Crawford, Lewin, & Storch, 2015). Cinco temáticas de implemen-
tação relacionadas à criança, aos pais e ao terapeuta (receptividade, fatores do
terapeuta, componentes do tratamento, aplicabilidade do tratamento e con-
teúdo do tratamento) e oito temáticas ligadas a sistema e organização (desafios
iniciais da implementação, recursos, dedicação da equipe, suporte, sensibiliza-
ção da comunidade, oportunidades dentro do CCSM, pagamento e dispo-
nibilidade de tratamento) foram consideradas. Os resultados sugerem que
ambos consumidores e profissionais condutores da cCBT foram altamente
receptivos à implementação deste modelo de TCC nos CCSM. Importante
mencionar que, apesar das preocupações concernentes à limitação da aliança
terapêutica em tratamentos padronizados, como a cCBT, 100% dos familiares
e crianças referiram se sentir apoiados pelo terapeuta.

APLICAÇÕES NA FAMÍLIA E GRUPOS

O envolvimento dos pais na TCC com crianças ansiosas é uma estra-


tégia usual, que pode favorecer a generalização das habilidades aprendidas pa-
ra contextos da vida diária (Manassis et al., 2014). Esses autores compararam
A Prá ca Cogni va na Infância e na Adolescência 31

a TCC com o envolvimento parental ativo (com ou sem ênfase na mudança


da conduta da criança através de transferência de controle (TC) ou manejo
de contingência (MC) à TCC focada na criança (com envolvimento parental
limitado). Os seguintes grupos foram contrapostos:
1) TCC com envolvimento parental limitado;
2) TCC com envolvimento parental ativo com baixa ênfase em TC ou
MC;
3) TCC com controle parental ativo e alta ênfase em TC e MC. Con-
trariamente à hipótese inicial dos autores, a TCC com envolvimento
parental ativo, independentemente do tipo, não foi associada a mu-
danças diferenciais na severidade clínica, sintomas de ansiedade e
sintomas internalizantes, entre o pré e pós-tratamento, quando com-
parada à TCC com envolvimento parental limitado. Contudo, aná-
lises realizadas um ano após o término da intervenção evidenciaram
superioridade na TCC com controle parental ativo e alta ênfase em
TC e MC.

Um grupo de pesquisadores da Universidade de Hong Kong investigou


a eficácia de um programa cognitivo-comportamental que denominaram
“Programa de Manejo Parental Efetivo” no aumento do uso de estratégias de
manejo emocional e na melhora da relação entre pais e crianças (Fabrizio,
Lam, Hirschmann, Pang, Yu, Wang, & Stewart, 2015). Tratou-se de um
estudo de ensaio controlado e randomizado, em uma amostra não clínica de
412 mães e seus filhos (com idades entre 6 e 8 anos). A intervenção incluiu
quatro sessões semanais de duas horas cada, nas quais quatro estratégias de
manejo da emoção foram ensinadas:
1) modificação da resposta (pare e descanse);
2) relaxamento e aumento de humor positivo (relaxe e brinque);
3) reestruturação cognitiva (pense);
4) usando suporte social (converse e compartilhe).

Os dados obtidos aos 3, 6 e 12 meses de follow up mostraram que o


grupo submetido ao programa intensificou o uso de estratégias de manejo de
emoções durante as interações mães e crianças. Ademais, a presença de afetos
positivos (como felicidade e satisfação) também se tornou mais frequente no
grupo experimental, em comparação ao grupo-controle. O fato de o estudo
32 Atualizações em Terapia Cogni vo-Comportamental com Crianças e Adolescentes

ter sido conduzido em uma cultura não ocidental, de média a baixa renda,
reforça a aplicabilidade de estratégias cognitivo-comportamentais em diferen-
tes grupos e contextos.
A maior parte dos estudos que abordam o envolvimento parental não
avalia a contribuição independente, da mãe ou do pai, no resultado obtido
com a criança em tratamento. Podell e Kendall (2011) investigaram a
relação entre o engajamento de ambos os pais nas sessões, a psicopatologia
maternal e parental e o resultado do tratamento na criança, em um proto-
colo de TCC com foco na família para jovens com ansiedade. O tratamento
se dividiu em duas sessões, de oito partes cada (as oito primeiras focaram na
psicoeducação enquanto as últimas proporcionaram aos pais e crianças
oportunidades de praticar as habilidades aprendidas em tarefas de expo-
sição). Índices maiores, tanto de comparecimento quanto engajamento de
cada um dos pais nas sessões, foram associados com melhoras nos sintomas
das crianças.
Freeman et al. (2008) examinaram a eficácia da TCC com base na
família, em comparação a um tratamento de relaxamento (TR) igualmente
baseado nas relações familiares, em crianças de 5 a 8 anos, diagnosticadas com
TOC. Fizeram parte da amostra 42 crianças com diagnóstico primeiro de
TOC, as quais foram aleatoriamente designadas para receber 12 sessões de
TCC familiar ou TR familiar. Durante o programa terapêutico, os pais foram
treinados como coaches para seus filhos, tendo uma função-chave na mode-
lação do tratamento e na manutenção da aderência e motivação fora da sessão.
Ademais, o tratamento também apresenta uma função de exposição para estes
pais, na medida em que são orientados a tolerar seu próprio desconforto ao
assistirem seus filhos em tarefas de enfrentamento. A TCC obteve um grande
efeito (d=0.85), mostrando-se significativamente superior em relação à TR.
Esta abordagem foi efetiva tanto no decréscimo dos sintomas provenientes do
TOC quanto na remissão clínica de grande parte das crianças, conforme men-
surada pela CY-BOCS.
Compas et al. (2015) examinaram a eficácia de uma intervenção pre-
ventiva, através de um grupo de terapia cognitivo-comportamental familiar,
para crianças (de 9 a 15 anos) cujos pais apresentam história de transtorno
depressivo maior. Um ensaio controlado e aleatório avaliou uma amostra de
180 famílias (242 crianças) aos 2, 6, 12, 18 e 24 meses após a avaliação de ba-
se. A intervenção grupal consistiu em um programa de 12 sessões (oito se-
A Prá ca Cogni va na Infância e na Adolescência 33

manais e quarto sessões mensais de reforço), incluindo componentes voltados


para o ensino de habilidades parentais aos pais diagnosticados com depressão,
assim como habilidade de enfrentamento aos seus filhos. Foram observados
efeitos significativos nos sintomas de depressão, ansiedade e depressão mistas,
e problemas externalizantes e internalizantes, favorecendo a intervenção grupal
em contraste com uma intervenção-controle baseada em informações escritas.
Inclusive, muitos efeitos se mantiveram aos 18 e 24 meses que se seguiram à
intervenção.
A eficácia de um grupo de terapia cognitivo-comportamental com foco
na família, em crianças com um alto funcionamento do transtorno do
espectro autista, foi examinada no estudo conduzido por Reaven, Blakeley-
-Smith, Culhane-Shelburne e Hepburn (2012). Um grupo de 50 crianças
diagnosticadas com ASD e ansiedade, com idades entre 7 e 14 anos, foi alea-
toriamente distribuído à TCC em grupo ou ao TAU com duração de 12
semanas. O programa utilizado, denominado “Encare seus medos”, envolveu
12 sessões de grupo familiares, desenvolvidas especificamente para os sin-
tomas apresentados pela amostra. O programa, ainda, incorporou compo-
nentes da TCC como exposição gradual, relaxamento e treino de respiração,
estratégias para regulação emocional e o uso de alto controle cognitivo. Os
achados apontaram para resultados marcadamente melhores no grupo de
TCC com foco na família. Diferenças significativas entre os grupos foram
observadas nos índices de severidade clínica, status diagnóstico e em índices
clínicos de melhora global.
Um trabalho recente apresentou um caso de acomodação familiar
severa, em uma criança em tratamento para ansiedade e comportamento de
oposição (Rudy, Storch, & Lewin, 2015). Por acomodação familiar, entende-
se a forma como os membros de determinada família auxiliam um parente na
evitação ou redução do estresse causado pela ansiedade. Pode incluir o enga-
jamento em ações de reasseguramento excessivo, remoção ou evitação de si-
tuações ansiogênicas, falar pela criança, permitir que a criança durma na cama
com pais ou irmãos, dentre outras atitudes. Neste caso em específico, a mãe
da paciente denominada Lucy vivenciou sua própria sensibilidade à ansiedade
e desconforto ao longo da experiência de sintomas de ansiedade de Lucy,
influenciando na ansiedade da filha, na excessiva acomodação familiar e na
habilidade da família de se engajar no tratamento. O tratamento envolveu a
TCC de forma intensiva: uma hora por dia, cinco dias por semana, ao longo
34 Atualizações em Terapia Cogni vo-Comportamental com Crianças e Adolescentes

de três semanas, totalizando 15 sessões. Este caso sugere que a adaptação do


tratamento, no intuito de abarcar os fatores familiares (como, por exemplo,
auxiliando a mãe de Lucy a participar integralmente em cada sessão,
promovendo uma situação de exposição), pode produzir resultados de sucesso
no que se refere à redução de sintomas.
A TCC em grupo pode ser considerada um tratamento bastante
efetivo, na medida em que provê mais oportunidades de normalização de
sintomas, positiva modelação entre pares, reforçamento mútuo e exposição
a situações sociais. Um estudo elaborado por Donavan, Cobham, Waters e
Occihipinti (2015) verificou a eficácia de um programa intensivo de TCC
em grupo para crianças diagnosticadas com fobia social (FS). A intervenção
compreendeu uma série de quatro sessões, com três horas de duração cada,
durante três semanas. Os encontros abrangeram pais e crianças, bem como
treinamento de habilidades. Os achados corroboraram a hipótese do estu-
do, uma vez que 12 semanas após a intervenção, significativamente mais
crianças que haviam participado do grupo não mais contemplavam os cri-
térios para FS nem para qualquer outro transtorno de ansiedade. Além
disso, 76% dos participantes do grupo experimental mantiveram a ausência
de diagnósticos de ansiedade aos seis meses de follow up. Desta forma, a
TCC em grupo pode ser indicada no tratamento de FS, considerando suas
vantagens: exposição regular a situações sociais com pares e prática de habi-
lidades sociais.
Wergeland et al. (2014) conduziram um ensaio controlado e aleatório
comparativo, avaliando a TCC em grupo versus a TCC individual em uma
amostra de 182 jovens (8 a 15 anos) diagnosticados com transtorno de
ansiedade generalizada (TAG), transtorno de ansiedade de separação (TAS)
e fobia social (FS). Foi administrado o programa FRIENDS em ambas as
modalidades terapêuticas, grupal e individual. Primeiramente, comparou-se
a TCC com um grupo-controle que consistiu em uma lista de espera para
atendimento. Posteriormente, a efetividade da TCC em grupo e individual
foi analisada. A TCC (em grupo e individual) se mostrou superior em
relação ao grupo-controle. No tocante às abordagens de tratamento, ambas
exibiram progressos significativos em termos de resultados de diagnóstico e
medidas de sintomas.
A Prá ca Cogni va na Infância e na Adolescência 35

INTEGRAÇÃO EM CONTEXTOS DE
CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS

Pesquisas recentes revelam que aproximadamente 50% de todas as vi-


sitas a clínicas pediátricas incluem alguma preocupação com a saúde compor-
tamental (Campo et al., 2005; Weitzman & Leventhal, 2006). Kolko e Perrin
(2014) afirmaram que transtornos do comportamento disruptivo, ansiedade,
depressão e problemas de abuso de substância estão comumente presentes
na prática pediátrica. Mais especificamente, o transtorno de oposição desa-
fiante (TOD), a ansiedade e o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade
(TDAH) representam as condições diagnósticas mais frequentes (Kolko,
Campo, Kilbourne, & Kelleher, 2012). De fato, parece lógico que esses trans-
tornos surjam em consultórios pediátricos, considerando o estresse somático
que acompanha a maioria destes (Weersing et al., 2008).
Stancin (2005) definiu cuidado primário como “serviços de cuidados
em saúde em contextos médicos ambulatoriais que focam na prevenção de
doenças, promoção de saúde e bem-estar e melhoria das consequências de
condições crônicas de saúde” (p. 85). Numerosos profissionais que atuam
no cuidado da saúde comportamental, como enfermeiros, psiquiatras, psi-
cólogos e assistentes sociais, trabalham ao lado de médicos de cuidado
primário em contextos integrados de cuidado à saúde (Martin, White,
Hodgson, Lamson, & Irons, 2014). Weersing, Gonzalez, Campo e Lucas
(2008) se referem ao contexto de cuidado primário como o sistema de
saúde mental “de facto”.
Stancin (2005) faz notar que serviços de cuidado à saúde comporta-
mental, oferecidos em contextos de cuidado primário, tendem a ocorrer em in-
crementos de tempo não tradicionais e flexíveis (por exemplo, podem ser sessões
de 15/30 mi-nutos), com pessoas jovens que sofrem de dificuldades emocionais
leves a moderadas. Neste rápido ambiente de cuidado, as intervenções geral-
mente são breves e focadas. Finalmente, clínicos da saúde comportamental mui-
to proximamente e em colaboração com aqueles que promovem o cuidado pri-
mário. Uma abordagem cooperativa e em time é encorajada, em vez de se tra-
balhar individualmente e isolado em seu próprio silo profissional. Gomez, Bridges,
Andrews III, Cavell, Pastrana, Gregus e Ojeda (2014) acrescentou: “No modelo
de cuidado integrado, problemas de saúde comportamental identificados du-
rante a visita ao médico de cuidado primário desencadeia um encaminhamento
36 Atualizações em Terapia Cogni vo-Comportamental com Crianças e Adolescentes

momentâneo a um cuidador da saúde comportamental, também chamado


encaminhamento cordial” (p. 297).
Este tipo de coordenação de cuidado facilita um “serviço único” de aten-
dimento ao público. Aupont et al. (2012) observaram que a integração de servi-
ços de cuidado comportamental a contextos de cuidado pediátrico primário
aprimora o resultado e amplia a acessibilidade. Campo et al. (2005) constataram
que serviços de saúde comportamental encaixados dentro de consultórios de
cuidado primário aumentaram a adesão ao tratamento e diminuíram o tempo
de espera para o recebimento dos serviços. Serviços de saúde comportamental
integrados em contextos de cuidado primário ampliam o acesso dos pacientes e
reduzem estigma (Drotar, 2013; Stancin & Perrin, 2014).
O espectro de abordagens da TCC permeia o cuidado à saúde compor-
tamental oferecido em contextos de cuidado primário (Martin et al., 2014). A
TCC modular parece se encaixar perfeitamente em ambientes de cuidado
primário (Chorpita, Bernstein, & Daleiden, 2011; Kolko & Perrin, 2014).
Na realidade, a TCC modular se insere muito bem em situações de tratamen-
tos mais breves, tempos mais curtos de sessão e níveis variados de severidade.
Weersing, Gonzalez, Campo e Lucas (2008) descreveram um pro-
grama inovador de TCC modular para tratar ansiedade e depressão em
contextos pediátricos. A abordagem de tratamento inclui psicoeducação,
monitoramento de alvo, tarefas comportamentais básicas, reestruturação
cognitiva e exposição/experimentos. Mais especificamente, o programa se
baseou em estabelecimento de metas, relaxamento, ativação comporta-
mental, resolução de problemas e exposição. Em um artigo mais recente, os
autores estenderam seu trabalho para abarcar jovens com problemas de
ansiedade, depressão e estresse somático (Weersing, Rozenman, Maher-
-Bridge, & Campo, 2012). Particularmente, Weersing e colegas utilizaram
uma combinação de psicoeducação, relaxamento, ativação comportamental/
programação de atividades prazerosas, resolu ção de problemas e exposição
ao cuidado para pacientes com ansiedade e dor abdominal comórbidas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente, a privilegiada posição da Terapia Cognitivo-Comporta-


mental (TCC) no cenário das psicoterapias é notória. Em se tratando de
A Prá ca Cogni va na Infância e na Adolescência 37

crianças e adolescentes, a TCC é considerada o tratamento de primeira linha


para uma série de transtornos, desde situações de depressão, ansiedade e con-
duta, como em casos de transtornos do espectro autista (Butler, Chapman,
Forman & Beck, 2006; Compton, March, Brent, Albano, Weersing, Curry,
2004; Scarpa, White & Attwood, 2013).
O contínuo avanço da TCC, no que se refere a sua teoria, pesquisa e
prática clínica, pode ser observado em suas constantes adaptações ao longo
das últimas décadas. O progresso tecnológico, por exemplo, vem recebendo
recinto nas abordagens cognitivo-comportamentais. A TCC computadorizada
tem se mostrando eficaz para ansiedade e depressão em indivíduos jovens,
embora as investigações ainda sejam escassas. Além disso, esta ferramenta
provê potencial para melhorar o acesso à TCC, especialmente em situações
nas quais a modalidade presencial não é viável.
Adicionalmente, os recentes avanços em pesquisas sobre a emoção de-
ram espaço a uma nova forma de ofertar a TCC, denominada TCC modular.
Neste contexto, modelos transdiagnósticos enfatizam caminhos etiológicos e
fatores mantenedores comuns a diversas patologias, favorecendo o uso de
métodos mais flexíveis e menos baseados em manuais. A TCC também tem
sido praticada em múltiplos contextos, que vão desde clínicas particulares até
ambientes comunitários. Muitos teóricos vêm enfatizando, inclusive, que a
integração dos serviços de saúde comportamental aos contextos de cuidados
primários oferece resultados superiores, em termos de recuperação sintomática
e aderência ao tratamento.

REFERÊNCIAS
Andersson, G. & Cuijpers, P. (2009). Internet- (2012). A collaborative care model to improve
based and other computerized psychological access to pediatric mental health services.
treatments for adult depression: A meta-ana- Administration and Policy in Mental Health
lysis. Cognitive Behaviour erapy, 38(4), 196- Services Research, 40, 264-273
205.
Bearman, S.K. & Weisz, J.R. (2015). Review:
Andrews, G.; Cuijpers, P.; Craske, M.; McEvoy, Comprehensive treatments for youth-comor-
P., & Totov, N. (2010). Computer therapy for bidity-evidence guided approaches to a compli-
the anxiety and depressive disorders is effective, cated problem. Child and Adolescent Mental
acceptable and practical health care: A meta- Health, 20, 131-141.
analysis. Plos One, 5(10), e1913196. Becker, K.D., Lee, B.R., Daleiden, E.L.,
Aupont, O., Doefler, L. Connor, D.F., Stille, Lindsey, M., Brandt, N.E., & Chorpita, B.F.
C., Tisminetzsky, M., & McLaughlin, T.J. (2015). e common elements of engagement
38 Atualizações em Terapia Cogni vo-Comportamental com Crianças e Adolescentes

in children’s mental health services: Which ele- and adolescents: Application of the distillation
ments for which outcomes. Journal of Clinical and matching model to 615 treatments from
Child and Adolescent Psychology, 44, 30-43. 322 randomized trials. Journal of Consulting
and Clinical Psychology, 77, 566-579
Bernstein, Chorpita, Ebesutani, & Rosenblatt,
A. (In Press). Sustained implementation of cog- Chorpita, B.F. & Weisz, J.R. (2009). Modular
nitive behavioral therapy for youth anxiety and approach to therapy with children and adoles-
depression: Long-term effects of structured cents-anxiety, depression, trauma, and conduct
training and consultation on therapists in the (MATCH-ADTC). Satellite Beach, Fla: Practice
field. Professional Psychology, wise.

Butler, A.C.; Chapman, J.E.; Forman, E.M., Chorpita, B.F., Daleiden, E. L., & Weisz, J.R.
& Beck, A.T. (2006). e empirical status of (2005). Identifying and selecting the common
cognitive-behavioral therapy: A review of elements of evidence-based interventions: A
meta-analyses. Clinical Psychology Review, 26, distillation and matching model. Mental Health
17-31. Services and Research, 7, 5-20

Calear, A.L. & Christensen, H. (2010). Review Chorpita, B.F., Bernstein, A., & Daleiden, E.L.
of internet-based prevention and treatment pro- (2011). Empirically guided coordination of
grams for anxiety and depression in children multiple evidence based treatments: An illus-
and adolescents. Medical Journal of Australia, tration of relevance mapping in children’s men-
192(11), S12-S14. tal health services. Journal of Consulting and
Clinical Psychology, 79, 470-480.
Campo, J.V., Shafer,S., Strom, J., Lucas, A,
Cassese, C.G., Shaeffer, & D. Altman, H. Chorpita, B.F., Park, A., Tsai, K.H., et al.
(2005). Pediatric behavioral health in primary (2015). Balancing effectiveness with responsi-
care: A collaborative approach. Journal of the veness: erapist satisfaction across different
American Psychiatric Nurses Association, 11, treatment designs in the Child STEPS rando-
276-282. mized effectiveness trial. Journal of Consulting
and Clinical Psychology, 81(6), 709-718.
Comer, J.S.; Furr, J.M.; Cooper-Vince, C.E.;
Kerns, C.E.; Chan, P.T.; Edson, A.L.; Khanna, Compas, B.E., Forehand, R., igpen, J.,
M.; Franklin, M.E.; Garcia, A.M., & Freeman, Hardcastle, E., Garai, E., McKee, L., Keller,
J.B. (2014). Internet-delivered, family-based G., Dun-bar, J.P., Watson, K.H., Rakow, A.,
Treatment for early-onset OCD: A preliminary Bettis, A., Reising, M., Cole, D., & Sterba, S.
case series. Journal of clinical child & adolescent (2015). Efficacy and moderators of a family
psychology, 43(1), 74-87. group cognitive–behavioral preventive interven
-tion for children of parents with depression.
Chiu, A.W., Langer, D.A., McLeod, B>D., Journal of Consulting and Clinical Psychology,
Har, K., Drahota, A., Galla, B.M., Jacobs, J>, 83(3), 541-553.
Ifekwunigwe, & Wood, J.J. (2013). Effective-
ness of modular CBT child anxiety in ele- Compton, S. N.; March, J. S.; Brent, D.;
mentary schools. School Psychology Quarterly, Albano, A. M.; Weersing, V. R., & Curry, J.
28, 141-153. (2004). Cognitive-behavioral psychotherapy
for anxiety and depressive disorders in children
Chorpita, B.F. (2006). Modular cognitive beha- and adolescents: an evidence-based medicine
vioral therapy for childhood anxiety disorders. review. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry.,
New York: Guilford. 43(8), 930-959.
Chorpita, B.F., & Daleiden, E.L. (2009). Donavan, C.L. & March, L. (2015). Online
Mapping evidence-based treatment for children CBT for preschool anxiety disorders: A ran-
A Prá ca Cogni va na Infância e na Adolescência 39

domized control trial. Behaviour Research and behavior therapy for the busy child psychiatrist
erapy, 58, 24-35. and other mental health professionals. New York:
Routledge.
Donavan, C.L., Cobham, V., Waters, A.M., &
Occihipinti, S. (2015). Intensive group-based Friedberg, R.D., McClure, J.M., & Garcia, J.H.
CBT for Child Social Phobia: A pilot study. (2009). Cognitive therapy techniques for children
Behavior erapy, 46, 350-364. and adolescents. New York: Guilford.
Drotar, D. (2013). Reflections on clinical prac- Gomez, D., Bridges, A.J., Andrews, A.R.,
tice in pediatric psychology and implications Cavell, T.A., Pastrana, F.A., Gregus, S.J., &
for the field. Clinical Practice in Pediatric Psy- Ojeda, C.A. (2014). Delivering parent mana-
chology, 1, 95-105. gement training in an integrated primary care
setting: Description and preliminary out-come
Ebert, D.D., Zarski, AC., Christensen, H.,
data. Cognitive and Behavioral Practice, 21,
Stikkelbroek, Y., Cuijpers, P., Berking, M., &
296-309.
Riper, H. (2015). Internet and computer-based
cog-nitive behavioral therapy for anxiety and Kendall, P.C.; Hudson, J.L.; Gosch, E.; Flan-
depression in youth: A meta-analysis of ran- nery-Schroeder, E., & Suveg, C. (2008). Cog-
domized controlled outcome trials. Plos One, nitive-Behavioral therapy for anxiety disor-
10(3), 1-15. dered youth: A randomized clinical trial eva-
luating child and family modalities. Journal of
Fabrizio, C.S., Lam, T.H., Hirschmann, M.R.,
Consulting and Cli-nical Psychology, 76(2), 282-
Pang, I., Yu, Wang, X., & Stewart, S.M.
297.
(2015). Parental emotional management bene-
fits family relationship: A randomized control- Khanna, M. S. & Kendall, P. C. (2010).
led trial in Hong Kong, China. Behaviour Computer-assisted cognitive behavioral therapy
Research and erapy, 71, 115-124. for child anxiety: Results of a randomized
clinical trial. Journal of Consulting and Clinical
Freeman, J.B., Garcia, A.M., Coyne, L., Ale,
Psychology, 78, 737-745.
C., Przeworski, A., Himle, M., Compton, S.,
& Leonard, H.L. (2008). Early Childhood Kolko, D.J. & Perrin, E. (2014). e inte-
OCD: Preliminary Findings From a Family- gration of behavioral health interventions in
Based Cognitive-Behavioral Approach. J. Am. children’s health care: Services, science, and
Acad. Child Adolesc. Psychiatry, 47(5), 593- suggestions. Journal of Clinical Child and Ado-
602. lescent Psychology, 43, 216-228.
Friedberg. R.D.; Hoyman, L.; Behar, S.; Kolko, D.J., Campo, J.V., Kilbourne, A.M., &
Tabbarah, S.; Pacholec, N.M.; Keller, M., & Kelleher, K. (2012). Doctor-office collaborative
ordarson, M.A. (2014). We’ve come a long care for pediatric behavior problems: A preli-
way, baby!: Evolution and revolution in CBT minary model. Archives of Pediatrics and Ado-
with youth. J Rat-Emo Cognitive-Behav er, 32, lescent Medicine, 166, 224-231.
4-14.
Lyon, A.R., Lau, A.S., McCauley, E., & Vander
Friedberg, R.D. & Brelsford, G.A. (2011). Core Stoep, E & Chorpita, B.F. (2014). A case for
principles in cognitive therapy with youth. In modular design: Implications for implementing
T.E. Peters & Jennifer Freeman (Eds.), Child and interventions with culturally diverse youth.
adolescent Psychiatric Clinics of North America (pp. Professional Psychology: Research and Practice,
369-378). New York: W.W. Saunders 45, 57-66.
Friedberg, R.D., Gorman, A.A., Wilt, L.H., Manassis, K. et al. (2014). Types of parental
Buickians, A., & Murray, M. (2011). Cognitive involvement in CBT with anxious youth: A
40 Atualizações em Terapia Cogni vo-Comportamental com Crianças e Adolescentes

preliminary meta-analysis. Journal of Consulting Psychology and Psychiatry and Allied Disciplines,
and Clinical Psychology, 82(6), 1163-1172. 53(4), 410-419.
March, S., Spence, S., & Donavan, C.L. Rudy, B.M., Storch, E.A., & Lewin, A.B.
(2009). e efficacy of an internet-based cog- (2015). When families won’t play ball: A case
nitive behavioral therapy intervention for child example of the eff ect of family accommodation
anxiety disorder. Journal of Pediatric Psychology, on anxiety symptoms and treatment. J Child
34(5), 474-487. Fam Stud, 24, 2070-2078.
Martin, M.P., White, M.B., Hodgson, J.L., Lam- Salloum, A., Crawford, E.A., Lewin, A.B., &
son, A.L., & Irons, T.G. (2014). Integrated pri- Storch, E.A. (2015). Consumers’ and provi-
mary care: A systematic review of program charac- ders’ perceptions of utilizing a computer-as-
teristics. Families, Systems, & Health, 32, 101-115. sisted cognitive behavioral therapy for child-
Ong, S.H. & Caron, A. (2008). Family-based hood anxiety. Behavioural and Cognitive Psycho-
psychoeducation for children and adolescents for therapy, 43, 31-41.
children and adolescents with mood disorders. Santucci, L.C., omassin, K., Petrovic, L., &
Journal of Child and Family Studies, 17, 809-822. Weisz, J.R. (2015). Building evidence-based
Palinkas, L.A. Weisz, J.R., Chorpita, B.F., et al. interventions for the youth, providers, and
(2013). Continued use of evidence-based contexts of real-world mental health care.
treatments after a randomized controlled eff ec- Child Development Perspectives, 9, 67-73.
tiveness trial: A qualitative study. Psychiatric Ser- Scarpa, A., White, S. W., & Attwood, T.
vices, 64, 1110-1118 (2013). CBT for children and adolescents with
Park, A.L., Tsai, K.H., Guan, K., Reding, high functioning autism spectrum disorders. New
M.E.J., Chorpita, B.F., Weisz, J.R., & the York, NY: Guilford.
Research Network on Youth Mental Health Stancin, T. (2005). Mental health services for
Services Research (2016). Service use findings children in pediatric primary care settings. In
from the Child STEPS effectiveness trial: Addi- R. Steele & M. Roberts (Eds.), Handbook of
tional support for modular designs. Adminis- mental health services for children, adolescents,
tration and Policy in Mental Health Services and and families (pp. 85-101). New York: Springer.
Research, 43, 135-140.
Stancin, T. & Perrin, E. (2014). Psychologists
Pennant, M.E., Loucas, C.E., Whittington, and pediatricians: Opportunities for collabo-
C., Creswell, C., Fonagy, P., Fuggle, P., Kelvin, ration in primary care. American Psychologist,
R., Naqvi, S., Stockton, S., & Kendall, T. 69, 332-343.
(2015). Computerized therapies for anxiety
and depression in children and young people: Weersing, V.R., Gonzalez, A., Campo, J.V., &
A systematic review and meta-analysis. Beha- Lucas, A.N. (2008). Brief behavioral therapy
viour, Research and erapy, 67, 1-18. for pediatric anxiety and depression: Piloting
an integrated treatment approach. Cognitive
Podell, J.L. & Kendall, P.C. (2011). Mothers
and Behavioral Practice, 15, 126-139.
and fathers in family cognitive-behavioral
therapy for anxious youth. J Child Fam Stud, Weersing, V.R., Rozenman, M.S., Maher-Bridge,
20, 182-195. M., & Campo, J. (2012). Anxiety, depression,
and somatic distress: Developing a transdiagnostic
Reaven, J., Blakeley-Smith, A., Culhane-Shel-
internalizing toolbox for pediatric practice.
burne, K., & Hepburn, S. (2012). Group cog-
Cognitive and Behavioral Practice, 19, 68-82.
nitive behavior therapy for children with high-
functioning autism spectrum disorders and Weisz, J.R. & Chorpita, B. F. (2012). “Mod
anxiety: A randomized trial. Journal of Child Squad” for youth psychotherapy: Restructuring
A Prá ca Cogni va na Infância e na Adolescência 41

evidence-based treatment for clinical practice. Weisz (Eds.), Evidence-based psychotherapies for
In P.C. Kendall (Ed.), Child and adolescent children and adolescents (pp. 165-186). New
therapy: Cognitive-behavioral procedures (pp. 379- York: Guilford
397). New York: Guilford Publications.
Weitzman, C.G. & Leventhal, J.M. (2006).
Weisz, J.R., Chorpita, B.F., Palinkas, L.A., Screening for behavioral health problems in
Schoenwald, S.K., Miranda, J., & Bearman, primary care. Current Opinion in Pediatrics,
S.K. (2012). Testing standard and modular 18, 641-648.
designs for psychotherapy treating depression, Wergeland, G.J., Fjermestad, K.W., Marin, C.E.,
anxiety, and conduct problems in youth: a Haugland, B. S-M., Bjaastad, J.F., Oe-ding, K.,
randomized effectiveness trial. Archives of Bjelland, I., Silverman, W.K., Ost, L-G., Havik,
General Psychiatry, 69, 274-282. O.E., & Heiervang, E.R. (2014). An effectiveness
Weisz, J.R., Krumholz, L.S., Santucci, L., study of individual vs. group cognitive behavioral
omassin, K., & Ng, M.Y. (2015). Shrinking therapy for anxiety disor-ders in youth. Behavior
the gap between research and practice: Tai- Research and erapy, 57, 1-12.
loring and testing youth psychotherapies in Zhou, X., Hetrick, S.E., Cuijpers, P., Qin, B.,
clinical care contexts. Annual Review of Clini- Barth, J., Whittington, C.J., Cohen, D., Del
cal Psychology, 11, 39-63. Giovane, C., Liu, Y., Michael, K.D., Zhang,
Weisz, J.R., Southam-Gerow, M.A., Gordis, Y., Weisz, J.R., & Xie, P. (2015). Comparative
E.B., & Conner-Smith, J. (2003). Primary and efficacy and acceptability of psychotherapies
secondary control training or youth depression: for depression in children and adolescents: A
Applying the deployment-model of treatment systematic review and network meta-analysis.
development and testing. In A.E. Kazdin & J.R. World Psychiatry, 14(2), 207-222.

Você também pode gostar