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7. Epidemiologia e
Doenças Infectos-
Contagiosas
3ª EDIÇÃO –
2021/2022
GUIA DE VIGILÂNDIA EPIDEMIOLÓGICA
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Luiz Cidade
Diretor
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GUIA DE VIGILÂNDIA EPIDEMIOLÓGICA
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Conteúdo
0. GUIA DE VIGILÂNDIA EPIDEMIOLÓGICA ............................................................. 17
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5.7. POLIOMIELITE..................................................................................................................................... 77
5.7.1. DESCRIÇÃO ................................................................................................................................. 77
5.7.2. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ...................................................................................................... 78
5.7.3. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL ................................................................................................. 79
5.7.4. TRATAMENTO .............................................................................................................................. 79
5.7.5. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA .................................................................................................. 79
5.7.6. NOTIFICAÇÃO .............................................................................................................................. 80
5.7.7. ASSISTÊNCIA MÉDICA AO PACIENTE ...................................................................................... 80
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18.1. AS VACINAS QUE INTEGRAM A ROTINA DE VACINAÇÃO DO PNI SÃO AS SEGUINTES ... 294
18.1.1. OS IMUNOBIOLÓGICOS UTILIZADOS A PARTIR DE INDICAÇÃO MÉDICA EM SITUAÇÕES
ESPECIAIS E PARA GRUPOS ESPECÍFICOS, DISPONIBILIZADOS NO CENTRO DE REFERÊNCIA
PARA IMUNOBIOLÓGICOS ESPECIAIS (CRIE), SÃO OS SEGUINTES: ............................................... 294
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19.13. VACINA SARAMPO, CAXUMBA, RUBÉOLA E VARICELA (ATENUADA) (TETRA VIRAL) ..... 313
19.13.1. COMPOSIÇÃO ........................................................................................................................ 314
19.13.2. INDICAÇÃO ............................................................................................................................. 314
19.13.3. CONTRAINDICAÇÃO .............................................................................................................. 314
19.13.4. ESQUEMA, DOSE E VOLUME ............................................................................................... 314
19.13.5. VIA DE ADMINISTRAÇÃO ...................................................................................................... 314
19.13.6. CONSERVAÇÃO ..................................................................................................................... 314
19.14. VACINA ADSORVIDA DIFTERIA E TÉTANO ADULTO – DT (DUPLA ADULTO) ...................... 315
19.14.1. COMPOSIÇÃO ........................................................................................................................ 315
19.14.2. INDICAÇÃO ............................................................................................................................. 315
19.14.3. ESQUEMA, DOSE E VOLUME ............................................................................................... 315
19.14.4. VIA DE ADMINISTRAÇÃO ...................................................................................................... 315
19.14.5. CONSERVAÇÃO ..................................................................................................................... 316
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De outra parte, as profundas mudanças no perfil epidemiológico das populações, no qual se observa o declínio das taxas de
mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias e o crescente aumento das mortes por causas externas e doenças crônicas
degenerativas, têm implicado na incorporação de doenças e agravos não transmissíveis ao escopo de atividades da vigilância
epidemiológica.
A vigilância epidemiológica tem como propósito fornecer orientação técnica permanente para os profissionais de saúde, que têm
a responsabilidade de decidir sobre a execução de ações de controle de doenças e agravos, tornando disponíveis, para esse fim,
informações atualizadas sobre a ocorrência dessas doenças e agravos, bem como dos fatores que a condicionam, numa área
geográfica ou população definida. Subsidiariamente, a vigilância epidemiológica constitui-se em importante instrumento para o
planejamento, a organização e a operacionalização dos serviços de saúde, como também para a normatização de atividades
técnicas correlatas.
• coleta de dados;
As competências de cada um dos níveis do sistema de saúde (municipal, estadual e federal) abarcam todo o espectro das funções
de vigilância epidemiológica, porém com graus de especificidade variáveis. As ações executivas são inerentes ao nível municipal
e seu exercício exige conhecimento analítico da situação de saúde local. Por sua vez, cabe aos níveis nacional e estadual
conduzirem ações de caráter estratégico, de coordenação em seu âmbito de ação e de longo alcance, além da atuação de forma
complementar ou suplementar aos demais níveis.
A eficiência do SNVE depende do desenvolvimento harmônico das funções realizadas nos diferentes níveis. Quanto mais
capacitada e eficiente a instância local, mais oportunamente poderão ser executadas as medidas de controle. Os dados e
informações aí produzidos serão, também, mais consistentes, possibilitando melhor compreensão do quadro sanitário estadual e
nacional e, consequentemente, o planejamento adequado da ação governamental. Nesse contexto, as intervenções oriundas do
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nível estadual e, com maior razão, do federal tenderão a tornar-se seletivas, voltadas para questões emergenciais ou que, pela
sua transcendência, requerem avaliação complexa e abrangente, com participação de especialistas e centros de referência,
inclusive internacionais.
Com o desenvolvimento do SUS, os sistemas municipais de vigilância epidemiológica vêm sendo dotados de autonomia técnico-
gerencial e ampliando o enfoque, para além dos problemas definidos como de prioridade nacional, que inclui os problemas de
saúde mais importantes de suas respectivas áreas de abrangência.
O cumprimento das funções de vigilância epidemiológica depende da disponibilidade de dados que sirvam para subsidiar o
processo de produção de INFORMAÇÃO PARA AÇÃO. A qualidade da informação depende, sobretudo, da adequada coleta de
dados gerados no local onde ocorre o evento sanitário (dado coletado). É também nesse nível que os dados devem primariamente
ser tratados e estruturados, para se constituírem em um poderoso instrumento – a INFORMAÇÃO – capaz de subsidiar um
processo dinâmico de planejamento, avaliação, manutenção e aprimoramento das ações.
A coleta de dados ocorre em todos os níveis de atuação do sistema de saúde. O valor da informação (dado analisado) dependem
da precisão com que o dado é gerado. Portanto, os responsáveis pela coleta devem ser preparados para aferir a qualidade do
dado obtido. Tratando-se, por exemplo, da notificação de doenças transmissíveis, é fundamental a capacitação para o diagnóstico
de casos e a realização de investigações epidemiológicas correspondentes.
Outro aspecto relevante refere-se à representatividade dos dados em relação à magnitude do problema existente. Como princípio
organizacional, o sistema de vigilância deve abranger o maior número possível de fontes geradoras, cuidando-se de que seja
assegurada a regularidade e oportunidade da transmissão dos dados. Geralmente, entretanto, não é possível, nem necessário,
conhecer a totalidade dos casos. A partir de fontes selecionadas e confiáveis, pode-se acompanhar as tendências da doença ou
agravo, com o auxílio de estimativas de subenumeração de casos.
O fluxo, a periodicidade e os tipos de dados coletados devem corresponder a necessidades de utilização previamente
estabelecidas, com base em indicadores adequados às características próprias de cada doença ou agravo sob vigilância. A
prioridade de conhecimento do dado sempre será concedida à instância responsável pela execução das medidas de prevenção e
controle. Quando for necessário o envolvimento de outro nível do sistema, o fluxo deverá ser suficientemente rápido para que
não ocorra atraso na adoção de medidas de prevenção e controle.
Os dados demográficos permitem quantificar grupos populacionais, com vistas à definição de denominadores para o cálculo de
taxas. O número de habitantes, de nascimentos e de óbitos devem ser discriminados segundo características de sua distribuição
por sexo, idade, situação do domicílio, escolaridade, ocupação, condições de saneamento, entre outras.
B) Dados de morbidade
São os mais utilizados em vigilância epidemiológica, por permitirem a detecção imediata ou precoce de problemas sanitários.
Correspondem à distribuição de casos segundo a condição de portadores de infecções ou de patologias específicas, como também
de sequelas. Tratam-se, em geral, de dados oriundos da notificação de casos e surtos, da produção de serviços ambulatoriais e
hospitalares, de investigações epidemiológicas, da busca ativa de casos, de estudos amostrais e de inquéritos, entre outras fontes.
Seu uso apresenta dificuldades relacionadas à representatividade e abrangência dos sistemas de informações disponíveis, à
possibilidade de duplicação de registros e a deficiências de métodos e critérios de diagnóstico utilizados. Merecem, por isso,
cuidados especiais na coleta e análise.
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O SNVE deve estimular, cada vez mais, a utilização dos sistemas e bases de dados disponíveis, vinculados à prestação de serviços,
para evitar a sobreposição de sistemas de informação e a consequente sobrecarga aos níveis de assistência direta à população.
As deficiências qualitativas próprias desses sistemas tendem a ser superadas à medida que se intensificam a crítica e o uso dos
dados produzidos.
C) Dados de mortalidade
São de fundamental importância como indicadores da gravidade do fenômeno vigiado, sendo ainda, no caso particular de doenças
de maior letalidade, mais válidos do que os dados de morbidade, por se referirem a fatos vitais bem marcantes e razoavelmente
registrados. Sua obtenção provém de declarações de óbitos, padronizadas e processadas nacionalmente. Essa base de dados
apresenta variáveis graus de cobertura entre as regiões do país, algumas delas com subenumeração elevada de óbitos. Além
disso, há proporção significativa de registros sem causa definida, o que impõe cautela na análise dos dados de mortalidade.
Atrasos na disponibilidade desses dados dificultam sua utilização na vigilância epidemiológica. A disseminação eletrônica de dados
tem contribuído muito para facilitar o acesso a essas informações. Os sistemas locais de saúde devem ser estimulados a utilizar
de imediato as informações das declarações de óbito.
A detecção precoce de emergências de saúde pública, surtos e epidemias ocorre quando o sistema de vigilância epidemiológica
local está bem estruturado, com acompanhamento constante da situação geral de saúde e da ocorrência de casos de cada doença
e agravo sujeito à notificação. Essa prática possibilita a constatação de qualquer situação de risco ou indício de elevação do
número de casos de uma patologia, ou a introdução de outras doenças não incidentes no local e, consequentemente, o diagnóstico
de uma situação epidêmica inicial, para a adoção imediata das medidas de controle. Em geral, esses fatos devem ser notificados
aos níveis superiores do sistema para que sejam alertadas as áreas vizinhas e/ou para solicitar colaboração, quando necessária.
• por constituir um risco de saúde pública para outro estado membro, por meio da propagação internacional de doenças;
Evento – manifestação de uma doença ou uma ocorrência que cria um potencial para causar doença.
A informação para a vigilância epidemiológica destina-se à tomada de decisões – informação para ação. Esse princípio deve reger
as relações entre os responsáveis pela vigilância e as diversas fontes que podem ser utilizadas para o fornecimento de dados.
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1.3.3. NOTIFICAÇÃO
Notificação é a comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde, feita à autoridade sanitária por profissionais
de saúde ou qualquer cidadão, para fins de adoção de medidas de intervenção pertinentes. Historicamente, a notificação
compulsória tem sido a principal fonte da vigilância epidemiológica, a partir da qual, na maioria das vezes, se desencadeia o
processo informação-decisão-ação.
Os dados coletados sobre as doenças de notificação compulsória são incluídos no Sistema Nacional de Agravos Notificáveis
(Sinan). Estados e municípios podem adicionar à lista outras patologias de interesse regional ou local, justificada a sua necessidade
e definidos os mecanismos operacionais correspondentes. Entende-se que só devem ser coletados dados para efetiva utilização
no aprimoramento das ações de saúde, sem sobrecarregar os serviços com o preenchimento desnecessário de formulários.
Dada a natureza específica de cada doença ou agravo à saúde, a notificação deve seguir um processo dinâmico, variável em
função das mudanças no perfil epidemiológico, dos resultados obtidos com as ações de controle e da disponibilidade de novos
conhecimentos científicos e tecnológicos. As normas de notificação devem adequar-se, no tempo e no espaço, às características
de distribuição das doenças consideradas, ao conteúdo de informação requerido, aos critérios de definição de casos, à
periodicidade da transmissão dos dados, às modalidades de notificação indicadas e à representatividade das fontes de notificação.
Os parâmetros para inclusão de doenças e agravos na lista de notificação compulsória devem obedecer aos critérios a seguir.
Magnitude – aplicável a doenças de elevada frequência, que afetam grandes contingentes populacionais e se traduzem por altas
taxas de incidência, prevalência, mortalidade e anos potenciais de vida perdidos.
Potencial de disseminação – representado pelo elevado poder de transmissão da doença, através de vetores ou outras fontes
de infecção, colocando sob risco a saúde coletiva.
Transcendência – expressa-se por características subsidiárias que conferem relevância especial à doença ou agravo,
destacando-se: severidade, medida por taxas de letalidade, de hospitalização e de sequelas; relevância social, avaliada,
subjetivamente, pelo valor imputado pela sociedade à ocorrência da doença, e que se manifesta pela sensação de medo, de
repulsa ou de indignação; e relevância econômica, avaliada por prejuízos decorrentes de restrições comerciais, redução da força
de trabalho, absenteísmo escolar e laboral, custos assistenciais e previdenciários, entre outros.
Vulnerabilidade – medida pela disponibilidade concreta de instrumentos específicos de prevenção e controle da doença,
propiciando a atuação efetiva dos serviços de saúde sobre indivíduos e coletividades.
No processo de seleção das doenças notificáveis, esses critérios devem ser considerados em conjunto, embora o atendimento a
apenas alguns deles possa ser suficiente para incluir determinada doença ou evento. Por outro lado, nem sempre podem ser
aplicados de modo linear, sem considerar a factibilidade de implementação das medidas decorrentes da notificação, as quais
dependem de condições operacionais objetivas de funcionamento da rede de prestação de serviços de saúde.
O caráter compulsório da notificação implica responsabilidades formais para todo cidadão e uma obrigação inerente ao exercício
da medicina, bem como de outras profissões na área de saúde.
Mesmo assim, sabe-se que a notificação nem sempre é realizada, o que ocorre por desconhecimento de sua importância e,
também, por descrédito nas ações que dela devem resultar. A experiência tem mostrado que o funcionamento de um sistema de
notificação é diretamente proporcional à capacidade de se demonstrar o uso adequado das informações recebidas, de forma a
conquistar a confiança dos notificantes.
O sistema de notificação deve estar permanentemente voltado para a sensibilização dos profissionais e das comunidades, visando
melhorar a quantidade e a qualidade dos dados coletados, mediante o fortalecimento e a ampliação da rede. Todas as unidades
de saúde (públicas, privadas e filantrópicas) devem fazer parte do sistema, como, também, todos os profissionais de saúde e
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mesmo a população em geral. Não obstante, essa cobertura universal idealizada não prescinde do uso inteligente da informação,
que pode basear-se em dados muito restritos, para a tomada de decisões oportunas e eficazes.
• Notificar a simples suspeita da doença ou evento. Não se deve aguardar a confirmação do caso para se efetuar a notificação,
pois isso pode significar perda da oportunidade de intervir eficazmente.
• A notificação tem de ser sigilosa, só podendo ser divulgada fora do âmbito médico-sanitário em caso de risco para a
comunidade, respeitando-se o direito de anonimato dos cidadãos.
• O envio dos instrumentos de coleta de notificação deve ser feito mesmo na ausência de casos, configurando-se o que se
denomina notificação negativa, que funciona como um indicador de eficiência do sistema de informações. Além da
notificação compulsória, o Sistema de Vigilância Epidemiológica pode definir doenças e agravos como de notificação simples.
O Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan) é o principal instrumento de coleta dos dados de notificação
compulsória.
Os achados de investigações epidemiológicas de casos e de emergências de saúde pública, surtos ou epidemias complementam
as informações da notificação, no que se referem a fontes de infecção e mecanismos de transmissão, dentre outras variáveis.
Também podem possibilitar a descoberta de novos casos que não foram notificados.
Além das fontes regulares de coleta de dados e informações para analisar, do ponto de vista epidemiológico, a ocorrência de
eventos sanitários, pode ser necessário, em determinado momento ou período, recorrer diretamente à população ou aos serviços,
para obter dados adicionais ou mais representativos. Esses dados podem ser coletados por inquérito, investigação ou
levantamento epidemiológico.
O inquérito epidemiológico é um estudo seccional, geralmente realizado em amostras da população, levado a efeito quando as
informações existentes são inadequadas ou insuficientes, em virtude de diversos fatores, dentre os quais se podem destacar:
notificação imprópria ou deficiente; mudança no comportamento epidemiológico de uma determinada doença; dificuldade na
avaliação de coberturas vacinais ou eficácia de vacinas; necessidade de se avaliar eficácia das medidas de controle de um
programa; descoberta de agravos inusitados.
É um estudo realizado com base nos dados existentes nos registros dos serviços de saúde ou de outras instituições. Não é um
estudo amostral e destina-se a coletar dados para complementar informações já existentes. A recuperação de séries históricas,
para análises de tendências, e a busca ativa de casos, para aferir a eficiência do sistema de notificação, são exemplos de
levantamentos epidemiológicos.
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A credibilidade do sistema de notificação depende, em grande parte, da capacidade dos serviços locais de saúde – que são
responsáveis pelo atendimento dos casos – diagnosticarem corretamente as doenças e agravos. Para isso, os profissionais deverão
estar tecnicamente capacitados e dispor de recursos complementares para a confirmação da suspeita clínica. Diagnóstico e
tratamento, feitos correta e oportunamente, asseguram a confiança da população em relação aos serviços, contribuindo para a
eficiência do sistema de vigilância.
A investigação epidemiológica é um método de trabalho utilizado para esclarecer a ocorrência de doenças, emergências de saúde
pública, surtos e epidemias, a partir de casos isolados ou relacionados entre si. Consiste em um estudo de campo realizado a
partir de casos notificados (clinicamente declarados ou suspeitos) e seus contatos. Destina-se a avaliar as implicações da
ocorrência para a saúde coletiva, tendo como objetivos: confirmar o diagnóstico, determinar as características epidemiológicas
da doença ou evento, identificar as causas do fenômeno e orientar as medidas de prevenção e controle. É utilizada na ocorrência
de casos isolados e também em emergências, surtos e epidemias.
A expressão “investigação epidemiológica” aqui utilizada tem o sentido restrito de importante diagnóstico da vigilância
epidemiológica, diferente da conotação ampla como sinônimo da pesquisa científica em epidemiologia. Para diferenciar, na
vigilância epidemiológica, costuma-se denominá-la “investigação epidemiológica de campo”.
A ocorrência de casos novos de uma doença (transmissível ou não) ou agravo (inusitado ou não), passível de prevenção e controle
pelos serviços de saúde, indica que a população está sob risco e pode representar ameaças à saúde que precisam ser detectadas
e controladas ainda em seus estágios iniciais. Uma das possíveis explicações para que tal situação se concretize encontra-se no
controle inadequado de fatores de risco, por falhas na assistência à saúde e/ou das medidas de proteção, tornando imperativa a
necessidade de seu esclarecimento para que sejam adotadas as medidas de prevenção e controle pertinentes. Nessas
circunstâncias, a investigação epidemiológica de casos e epidemias constitui-se em uma atividade obrigatória de todo sistema
local de vigilância epidemiológica.
A investigação epidemiológica tem que ser iniciada imediatamente após a notificação de caso isolado ou agregado de
doença/agravo, seja ele suspeito, clinicamente declarado, ou mesmo contato, para o qual as autoridades sanitárias considerem
necessário dispor de informações complementares.
Investigação epidemiológica é um trabalho de campo, realizado a partir de casos notificados (clinicamente declarados ou
suspeitos) e seus contatos, que tem como principais objetivos: identificar fonte de infecção e modo de transmissão; identificar
grupos expostos a maior risco e fatores de risco; confirmar o diagnóstico; e determinar as principais características
epidemiológicas. O seu propósito final é orientar medidas de controle para impedir a ocorrência de novos casos.
A necessidade de uma resposta rápida, para que as medidas de controle possam ser instituídas, muitas vezes determina que
alguns procedimentos utilizados não apresentem o rigor necessário para o estabelecimento de uma relação causal. Portanto,
embora a investigação epidemiológica de campo apresente diversas semelhanças com a pesquisa epidemiológica, distingue-se
desta principalmente por duas diferenças importantes:
• as investigações epidemiológicas de campo iniciam-se, com frequência, sem hipótese clara. Geralmente, requerem o uso
de estudos descritivos para a formulação de hipóteses que, posteriormente, deverão ser testadas por meio de estudos
analíticos, na maioria das vezes, estudos de caso-controle;
• quando ocorrem problemas agudos, que implicam em medidas imediatas de proteção à saúde da comunidade, a
investigação de campo deve restringir a coleta dos dados e agilizar sua análise, com vistas ao desencadeamento imediato
das ações de controle.
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