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FUNDAMENTOS E
METODOLOGIA DA
LÍNGUA PORTUGUESA I
PEDAGOGIA
5º PERÍODO
Geisa Magela Veloso
Rose Mary Ribeiro
FUNDAMENTOS E
METODOLOGIA DA
LÍNGUA PORTUGUESA I
REVISÃO TÉCNICA
Josiane Santos Brant
2011
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)
Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089
Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Vice-Reitora da Unimontes
Maria Ivete Soares de Almeida
Pró-Reitora de Ensino
Anete Marília Pereira
Coordenadora da UAB/Unimontes
Maria Ângela Lopes Dumont Macedo
Apresentação............................................................................................................................... 09
Unidade 1: Concepções de linguagem e objetivos do ensino de português na escola................... 13
1.1 Objetivos do Ensino de Português..................................................................................... 13
1.2 Concepções de Linguagem............................................................................................... 15
1.3 Referências...................................................................................................................... 18
Unidade 2: Leitura como prática social........................................................................................ 19
2.1 A prática da leitura e sua inserção no cotidiano. .............................................................. 19
2.2 Concepções de leitura ..................................................................................................... 23
2.3 Leitura como decifração e como produção de sentidos.................................................... 26
2.4 Leitura e escrita como práticas sociais e instrumentos de cidadania.................................. 27
2.5 Leitura como instrumento de mediação e como habilidade a ser desenvolvida na escola.. 31
2.6 O texto como objeto de ensino na escola. ....................................................................... 33
2.7 Metodologia de leitura na escola...................................................................................... 35
2.8 Referências...................................................................................................................... 62
Unidade 3: A produção escrita como prática na sala de aula ...................................................... 65
3.1 A escrita como interação entre sujeitos sociais.................................................................. 65
3.2 o texto como objeto de estudo e análise linguística.......................................................... 78
3.3 Processo de produção do texto escrito............................................................................. 85
3.4 Textos e portadores de textos........................................................................................... 88
3.5 A intertextualidade........................................................................................................... 96
3.6 Referências...................................................................................................................... 99
Unidade 4: A linguagem oral na sala de aula ............................................................................... 101
4.1 A Fala na Sala de Aula...................................................................................................... 102
4.2 Variação Linguística e o Ensino da Oralidade na Escola..................................................... 105
4.3 O Trabalho com a Oralidade na Sala de Aula................................................................... 112
4.4 Referências...................................................................................................................... 116
Unidade 5: O ensino de gramática na escola............................................................................... 117
5.1 Concepções de Gramática................................................................................................ 118
5.2 O ensino de gramática na escola...................................................................................... 120
5.3 Como deve se estruturar o ensino de gramática na escola? .............................................. 124
5.4 A ortografia como objeto de ensino nos anos iniciais do Ensino Fundamental................... 130
5.5 O ensino da pontuação na escola..................................................................................... 135
5.6 Referências...................................................................................................................... 139
Resumo....................................................................................................................................... 141
Referências básicas, complementares e suplementares................................................................. 147
Atividades de aprendizagem - AA................................................................................................ 153
APRESENTAÇÃO
Caro(a) estudante;
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As autoras.
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UNIDADE 1
CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM E OBJETIVOS DO ENSINO DE
PORTUGUÊS NA ESCOLA
Introdução
Caro(a) estudante;
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Você mesmo, prezado (a) acadêmico (a), ao ler esse texto está
envolvido em um jogo social que tem a linguagem como elemento
estruturante. Você está estabelecendo interação conosco, as autoras desse
material didático, e o modo como aceita as ideias que apresentamos são
estabelecidas a partir de elementos dessa relação. E você não está meramente
recebendo informações, mas agindo por meio da linguagem, confirmando
conteúdos que já sabia, se apropriando de novos conhecimentos, refletindo
sobre as novas questões apresentadas, se recordando de suas práticas de
uso da língua e do tempo em que era estudante na Educação Básica, dentre
outras operações.
Como você pode perceber os processos educativos não são
estáticos, mas estabelecidos nesse jogo social, sendo a linguagem um
importante elemento mediador. Os processos educativos estão em
permanente movimento e, na medida em que vão sendo produzidos novos
conhecimentos, vão sendo reformuladas as concepções de linguagem e
também a proposta de ensino de Português na escola.
Por isso é importante que os professores considerem esses
conhecimentos que vão sendo produzidos. Em relação à abordagem
didática da língua portuguesa é importante considerar que as concepções
de linguagem como expressão de pensamento ou como instrumento de
comunicação são compreensões que não explicam adequadamente a
complexidade dos processos comunicativos. Nessa discussão, é mais
adequado que a escola oriente suas ações pedagógicas a partir da
compreensão de que a linguagem seja processo de interação social, de forma
a poder contribuir com a ampliação de sua competência comunicativa dos
alunos. Ou seja, é fundamental que os professores considerem o aluno
como sujeito ativo nos processos de comunicação em que está inserido
e desenvolva atividades de ensino que favoreçam a ampliação de sua
capacidade de utilizar a linguagem oral ou escrita. Ao ouvir e falar, ao
ler e escrever um texto, o aluno não é um mero emissor ou receptor de
informações, mas um interlocutor, que produz sentidos para o que ouve e
lê, concorda ou discorda das informações que recebe, reage aos conteúdos,
se apropria de conhecimentos, produz seus próprios discursos. Enfim, o
aluno realiza uma série de operações com a linguagem e, na condição de
sujeito, utiliza a linguagem para estabelecer relações com o outro.
A partir dessa compreensão da linguagem como processo de
interação, apresentamos os conteúdos de ensino de Português nas próximas
4 unidades de estudo, que abordam os conteúdos de leitura, escrita,
linguagem oral e conhecimentos gramaticais. Para efeitos didáticos e
visando melhor compreensão, os conteúdos foram divididos e apresentados
separadamente, mas se apresentam interligados na sala de aula.
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GERALDI, João Wanderley (org). O texto na sala de aula. São Paulo: Ática,
3 ed, 2003.
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UNIDADE 2
LEITURA COMO PRÁTICA SOCIAL
Introdução
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Figura 3: Mafalda
Fonte http://1.bp.blogspot.com/_Mi-HY0SRXbs/SehfoFX27pI/AAAAAAAAWG0/xe-
TUnbsJoik/s1600-h/mafa3.jpg.. Acessado em 11 de agosto de 2010
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Cagliari (1997) entende que a leitura seja uma prática que implica
em decifração, pois pressupõe que o leitor se aproprie de convenções
do sistema de escrita, entenda o que é um texto, para que serve, como
funciona, o que é ortografia, etc. No entanto, a leitura também exige que se
compreendam as ideias apresentadas. O autor entende que, ao ler o leitor
deverá em primeiro lugar decifrar a escrita, ou seja, entender a linguagem
encontrada para decodificar o texto, de forma a poder refletir sobre as
ideias lidas e formar o próprio conhecimento a respeito do que leu.
É evidente que, ao discutir essa relação entre decifração e
produção de sentidos, o autor não está propondo etapas para o processo
inicial de aprendizado da leitura, em que primeiro se aprende a decifrar
para depois aprender a compreender o que se leu. A defesa realizada pelo
autor é de que aprender a decifrar faz parte do processo aprender a ler.
Isso porque a leitura, na sua essência, é uma atividade individual em que o
leitor processa o texto, mas o seu objetivo é a produção de sentidos.
Nessa mesma direção, Tolchinsky (2001) considera que aprender
a ler é aprender a interpretar as mensagens inscritas nos textos. Ou seja,
ao ler olhamos para marcas pretas no papel e ao escrever deixamos nossas
marcas no papel. Mas só sabemos ler e escrever quando compreendemos
o que as marcas significam, não o que elas são.
Sobre a questão, Soares (2004) aponta ler e escrever seja atividade
complexa, que apresenta duplo significado em nossa língua: é processo
de codificação/decodificação da língua, mas também é compreensão/
expressão de significados.
Ao discutir o ensino da leitura e as dificuldades do leitor, Chartier,
Clesse e Hébrard (1996) também abordam a relação entre decifração
e compreensão. Para os autores, “a incapacidade de dominar o código
alfabético impede de ler, impedindo de chegar na mensagem e de
identificar seus termos” (CHARTIER, CLESSE e HÉBRARD 1996, p. 114).
No entanto, os autores também compreendem que saber decifrar os textos
não fornece a chave de todos os textos escritos.
Se considerarmos que ler não seja apenas decifrar o texto,
perceberemos o lugar da compreensão e da inferência como condições
inerentes à leitura. Nessa direção, Chartier, Clesse e Hébrard (1996)
afirmam que a leitura é a atividade escolar que tem a compreensão como
finalidade própria. Os autores consideram que quase tudo que se faz na aula
exige um esforço de compreensão: quando o aluno realiza atividades para
aprender uma lição de história, para escrever um resumo ou resolver um
problema, ele estará colocando em jogo uma capacidade de compreensão.
No entanto, nessas situações escolares em que se deve ler para realizar uma
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Solé (1998) ainda considera que a leitura não deve ser vista
como atividade competitiva, baseada em prêmios e castigos, pois a
competitividade pode prejudicar os sentimentos de competência dos
alunos que possuem dificuldade.
Como Chartier, Clesse e Hébrard (1996), Solé (1998) também
acredita que a leitura deve ser tratada como conjunto de estratégias que
precisa ser ensinado, também considerando que a compreensão se inicia
antes de começar a ler. Nessa direção, a autora destaca alguns elementos
importantes que precisam ser considerados antes de se propor a leitura
de um texto: motivar para ler, conhecer os objetivos da leitura, ativar os
conhecimentos prévios, estabelecer previsões sobre o texto, promover
perguntas dos alunos sobre os textos. Para Isabel Solé (1998), nenhuma
tarefa de leitura deve ser iniciada se a criança não se encontrar motivada
para ela e sem que perceba o sentido para tal atividade. Isso porque, ler é
mais do que possuir estratégias e técnicas de decifração dos textos, é uma
atividade voluntária e prazerosa, por isso é importante estar motivado para
ler.
Ainda conforme a autora, a motivação para leitura é fator
importante e está relacionada às relações afetivas que os alunos travam
com a língua escrita. A motivação deve ser trabalhada pelo professor,
que deve: escolher textos adequados; planejar a tarefa de leitura; tomar
decisões de ajuda anteriores ao ato de ler; evitar concorrências entre as
Você já pensou nos objetivos crianças; promover contextos reais de uso da leitura, que desenvolvam
que orientam suas práticas de o gosto por ler e permitam que o leitor possa avançar em seu próprio
leitura? Nesse exato momento,
você está lendo com uma ritmo e desenvolver as suas estratégias de leitura. O material de leitura deve
finalidade específica, que exige oferecer certos desafios para os alunos, daí ser importante que os textos não
determinadas habilidades e
que chamamos de leitura para sejam conhecidos, apesar de sua temática ser familiar. O professor também
aprendizagem. deve pensar a complexidade que é a leitura e oferecer ajuda adequada
para o aluno superar os desafios do ato de ler.
Solé (1998) compreende que a leitura apresenta diferentes
finalidades, o que provoca a necessidade de articular diferentes situações
de leitura e textos adequados para esses objetivos. A autora considera que
os objetivos de leitura determinam a forma como o leitor se situa perante o
texto, controla a consecução dos objetivos e compreende as ideias inscritas
nas palavras. Koch e Elias (2009) posicionam-se de forma semelhante ao
destacarem que a constante interação entre o conteúdo do texto e o leitor
é regulada pela intenção do leitor ao empreender a atividade de leitura.
Ou seja, na vida social, os leitores sempre têm objetivos para suas leituras
e são eles que norteiam o modo de ler: em maior ou menor tempo, com
mais atenção ou menos, com maior ou menor interação, etc.
Os objetivos de leitura podem ser muito variados, sendo que,
para a autora, os mais comuns são: 1) Ler para obter uma informação
precisa, como o fazemos ao consultar um endereço no catálogo; 2) Ler
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uma atividade que pode despertar o desejo por ler e conduzir o processo
de compreensão – o leitor irá processando o texto e durante a leitura irá
confirmando, ou não, as hipóteses elaboradas.
2)Durante a leitura: devem ser realizadas atividades
compartilhadas de leitura que permitam, de forma que o leitor possa:
confirmar hipóteses elaboradas e fazer novas previsão sobre o que vai ser
lido, fazer perguntas sobre o que foi lido, esclarecer dúvidas, resumir.
3) Depois da leitura: devem ser realizadas atividades de discussão
do texto, de forma a captar a ideia principal do texto, socializar os sentidos
produzidos, resumir oralmente o texto lido, formular e responder perguntas,
discutir ideias, partilhar sentimentos e percepções em relação ao texto lido.
Essa é uma etapa importante da leitura, que poderá conduzir a uma maior
compreensão do texto.
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Paixão eletrônica?
Vidrei no vídeo
gamei no game
porém do livro
não me livrei.
Léo Cunha. Poemas Lambuzados. São Paulo: Saraiva, p.30
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Muitos dos contos que hoje são consagrados como clássicos traziam
textos com doses fortes de incesto e mortes hediondas. A capacidade de
entreter as crianças e ensinar-lhes lições de moral é, em parte, creditada
a Perrault, cujas histórias foram adaptadas para o público infantil, e vêm Nonsense: é uma expressão
acompanhadas por uma dose forte de moralidade, com a consagração do de origem inglesa, que denota
algo disparatado, sem nexo,
herói ou da heroína e punição ao mal. Nas versões infantis de contos de desprovido de sentido e
fadas que hoje conhecemos e que povoaram o imaginário de diferentes que contraria o bom senso.
Na literatura a expressão é
gerações, foram suprimidas as cenas amorais, manifestando-se uma utilizada para designar um
destinação das histórias para o público infantil, principalmente meninas, estilo característico de humor
perturbado e sem sentido.
por orientar sua formação moral. O conto de fadas Alice no
Os contos partem de uma estrutura fixa: o enredo é construído País das Maravilhas, do inglês
Lewis Carroll exemplifica bem
em torno de uma situação em que herói ou a heroína, visando à gênero literário nonsense. O
realização pessoal e o amadurecimento, enfrentam grandes obstáculos livro conta a história de uma
menina chamada Alice, que
antes de triunfar contra o mal; a presença de magia e metamorfose, de cai numa toca de um coelho
encantamento e do aspecto, em que são comuns animais falantes, bruxas, e é transportada para um
lugar fantástico, povoado por
anões, gigantes, duendes ou fadas; apesar de não ser figura obrigatória, as criaturas peculiares, irreais e
fadas se apresentam como mulheres imortais de grande beleza, dotadas absurdas.
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INUTILIDADES
José Paulo Paes
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FONTE:http://sentiminto.blogspot.com/2008/05/inutilidades-jos-paulo-paes.html. Aces-
sado em 10 de janeiro de 2011
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Pedacinho de jornal
Para Roseana Murray
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unidade, abordamos alguns desses gêneros, cuja leitura precisa ser ensinada
na escola. Também focalizamos a leitura como processo interativo entre
autor-texto-leitor e apresentamos a leitura como uma face dos textos
escritos. A outra face é a escrita, que abordaremos na próxima unidade
de estudo, em que discutiremos outros gêneros textuais que podem ser
constituir como objetos de leitura e de escrita pelos alunos.
ALVES, Rubem. Será que a leitura dos jornais nos torna estúpidos?
http://www.rubemalves.com.br/seraquealeituradosjornaisnostornaestup
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FARIA, Maria Alice. Como usar a literatura infantil na sala de aula. São
Paulo: Contexto, 2008.
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UNIDADE 3
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Introdução
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É claro que a piadinha, como gênero ficcional, não descreve uma situação
real de sala de aula, mas revela facetas dessa realidade, em que os alunos
escrevem sem objetivo definido, sem clareza acerca do gênero textual, sem
interlocutor para sua escrita. Esse é um tipo de atividade que serve apenas
como tarefa escolar, da qual os alunos procuram criar estratégias para se
livrar. Nessa mesma linha de trabalho tradicional e descontextualizado era
comum que a professora apresentasse uma gravura – normalmente uma
paisagem, um animal ou situação do cotidiano – e pedisse uma descrição
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será lido por ninguém ou que será lido apenas por uma pessoa (que por
sinal corrigirá o texto e dará nota para ele)?” (GERALDI, 2003, p. 65).
Nessa mesma direção, Britto (1999, p. 119) considera que a
maioria dos trabalhos que discute a escrita escolar não toque na questão
da interlocução ou aborde a ausência de um interlocutor para os textos dos
alunos, identificando aí uma das maiores dificuldades dos estudantes, que
precisam “falar para ninguém” ou “não saber a quem se fala”. Contudo,
para o autor, “parece não ser a ausência do interlocutor, mas exatamente
a forte presença de sua imagem que representa a dificuldade”. Ou seja,
os alunos compreendem que o interlocutor professor não é um leitor
qualquer, mas um leitor que avalia, atribui nota, classifica.
Na escola, a escrita não é uma prática social e o único sentido
que os alunos têm para escrever é a ideia de realizar uma tarefa escolar,
que se apresenta como atividade que será avaliada pelo professor. É
interessante perceber que, nas abordagens tradicionais de ensino, as
estratégias utilizadas pelos professores são bastante típicas e ilustrativas de
um modo de organização que tem o controle dos alunos e a avaliação de
sua aprendizagem como eixo da aula.
Sobre a necessidade de controle e avaliação, pesquisa realizada
por Batista (1997) indica uma correlação positiva entre o objeto de ensino
privilegiado na aula de Português e o grau em que esse objeto é passível
de ser ensinado de forma sistemática. Ou seja, para constituir-se em objeto
de ensino, é necessário que o conteúdo possa ser explicitamente exposto
e desenvolvido em sala de aula, por meio de exercícios. É preciso ainda
que, ao longo do período escolar, esse conteúdo possa ser explicitamente
sintetizado, retomado e avaliado pelo professor. Conforme o autor, ao
professor cabe fazer funcionar o ensino, gerenciando-o e adaptando-o aos
alunos e suas condições. “Ou seja, cabe a ele avaliar e corrigir o aprendizado
dos alunos” (BATISTA, 1997, p. 96 – grifos do autor).
Ao discutir o ensino da escrita na escola, Geraldi (2003) considera
que qualquer proposta metodológica deva se constituir como articulação
de uma concepção de mundo e de educação com uma concepção
epistemológica do objeto de reflexão. No trabalho com a escrita em
sala de aula são necessárias mudanças significativas. E, na concepção do
autor, “o primeiro deslocamento a fazer, de um lado, é o da função-aluno
que escreve e, e de outro, o próprio ato de produção escolar de textos”
(GERALDI, 2003, p. 128). Por isso, o autor considera que os professores
precisam apresentar-se como interlocutores, que respeitam a palavra dos
alunos e agem como reais parceiros no trabalho de escrita: concordando,
discordando, acrescentando, questionando, perguntando, etc. O papel de
mediador do professor é uma tarefa bem diferente do ensinar a escrever pela
lógica do controle e da avaliação, pois implica em orientar, acompanhar,
diagnosticar dificuldades, estabelecer diálogo e interação com o grupo de
alunos.
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Monteiro Lobato
Sempre escrevi por exigência orgânica, isto é, quando
qualquer coisa, em meu organismo, exigia e impunha a
fixação do pensamento em palavras – para alívio interno
(LOBATO, apud SOARES, 2001, p.69).
Clarisse Lispector
Eu tive desde a infância vocações que me chamavam
ardentemente. Uma das vocações era escrever. E não sei
por que foi essa que segui. Talvez porque as outras vocações
eu precisaria de um longo aprendizado, enquanto que para
escrever, o aprendizado é a própria vida se vivendo em nós
e ao redor de nós (LISPECTOR, apud SOARES, 2001, p.69).
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a) Conhecimento Partilhado
O emissor e o receptor têm conhecimentos de mundo similares.
É o conhecimento partilhado pelos interlocutores que possibilita a
ocorrência de maior ou menor grau de inferência na interpretação do texto
produzido. Ocorre na fala corrente, em que os interlocutores se entendem
perfeitamente bem, embora não explicitem todas as informações, porque
compartilham do conhecimento necessário para identificar os referentes
de as “coisas” e “lugar”.
Ex: _ As coisas chegaram.
_ Onde você pôs?
_ No lugar onde você mandou colocar.
b) Inferência
Entende-se, ser basicamente, “aquilo que se usa para estabelecer
uma relação, não explícita no texto, entre dois elementos desse texto”
(KOCH; TRAVAGLIA 1993, p.70).
Massini-Cagliari (2001) esclarece como sendo,
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c) Fatores Pragmáticos
Para Massini-Cagliari (2001, p.52) os fatores pragmáticos são as
influências recebidas pelo tipo de fala, contexto ou situação, interação e
interlocução, intenção comunicativa, características e crenças do produtor
e do recebedor do texto etc.
Nos textos escritos, Marcuschi (2002) e Fávelo e Koch (2000)
destacam como fatores importantes transportados para o texto, os
contextualizadores, que podem ser contextualizadores propriamente ditos:
assinatura, local, data e outros elementos gráficos, e os perspectivos: título,
início do texto, autor, estilo de época, corrente científica, filosófica ou
religiosa a que pertence.
d) Situacionalidade
Segundo Massini-Cagliari (2001, p.53) refere-se ao conjunto de
fatores que tornam um texto relevante para dada situação de comunicação
corrente ou passível de ser reconstituída. São as palavras como hoje,
amanhã, agora, eu etc, que só podem ser encontrado na própria situação
de comunicação;
e) Intencionalidade e aceitabilidade
Para Massini-Cagliari (2001, p.54) intencionalidade diz respeito
à intenção do emissor de produzir uma manifestação lingüística coesa
e coerente, e aceitabilidade, à atitude dos receptores de aceitarem essa
manifestação lingüística como um texto coerente e coeso.
f) Informatividade
Para Massini-Cagliari (2001, p.54) é o grau de informação contida
num texto de acordo com o critério da previsibilidade: o texto será mais
informativo quanto menor a previsibilidade dos conteúdos.
g) Focalização
Massini-Cagliari (2001, p.55) afirma que, a focalização é a escolha
de centralizar ou privilegiar, no texto, algumas questões ou determinado
assunto. Koch e Travaglia (1993, p.87) afirmam que “a focalização vem
sendo, intuitivamente ou não, usada no ensino de produção de texto,
quando se fala de delimitação de assunto e objetivo”. Para eles essa noção
é como uma lente ou câmera através das quais os fatos são focalizados.
E, ainda, pode ser uma espécie de filtro, ao exercer papel importante na
construção e interpretação de descrições definidas.
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h) Intertextualidade
Para Massini-Cagliari (2001, p.56) compreende as diversas
maneiras pelas quais a produção e a recepção de dado texto dependem
do conhecimento de outros textos por parte dos interlocutores.
i) Relevância
Segundo Massini-Cagliari (2001, p.59) a relevância estabelece que
o emissor se esforce para produzir um texto relevante para o receptor e
este se esforça por reconhecer relevância no texto produzido pelo emissor.
Para Kato (1985, p.54) “o escritor deve ser informativo na medida
certa, sincero, relevante e claro”, garantido, assim, uma resposta coerente
do receptor.
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Caro(a) estudante, escrever não pode ser visto pelo aluno como
uma tarefa cansativa, de bloqueio e fracasso, mas deve ser oportunidade
de realizar projetos graça à escrita.
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3.4.1.1 O Conto
3.4.1.2 O Poema
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3.4.2.1 A Notícia
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3.4.2.3 A Reportagem
3.4.2.4 Entrevista
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3.4.3.2 A Biografia
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3.4.5.1 A Carta
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3.4.5.2 A Solicitação
3.4.7.1 O Anúncio
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Pedagogia Caderno Didático - 5º Período
3.4.7.2 O Cartaz
3.4.7.3 O Folheto
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Fundamentos e Metodologia da Língua Portuguesa I UAB/Unimontes
Você deve ter percebido que nos Cadernos Didáticos da UAB, o recurso
da citação é amplamente utilizado para fundamentar as ideias dos autores
que dialogam com a produção acadêmica no campo de conhecimento da
educação.
Ponde e Riche (2002) apresentam as múltiplas possibilidades da
intertextualidade, que são: manter o mesmo tema; acrescentar personagens
(história em quadrinho e charges); mudar espaço e cenário; subverter a
conclusão; jogar com diferentes linguagens: verbal e não verbal e manter
ou subverter as ideias do texto-matriz.
Você deve ter percebido, na unidade anterior, que o recurso da
intertextualidade foi explicitado quando apresentamos poema de Roseana
Murray, que foi utilizado por Neusa Sorrenti, como inspiração para a sua
produção.
Você pode observar o exemplo abaixo:
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GERALDI, João Wanderley (org). O texto na sala de aula. 3ª Ed. São Paulo:
Ática, 2003. p. 115-126.
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PONDÉ, Glória; RICHE, Rosa Maria Cuba. In: SALADO, Umbelina Caiafa;
MIRANDA, Glaura Vasques (Org.). SEE-MG Veredas – Formação superior
de professores. Mód. 1, Vol. 2 e 3. Belo Horizonte: SEE-MG, 2002.
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UNIDADE 4
A LINGUAGEM ORAL NA SALA DE AULA
Introdução
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PONDÉ, Glória; RICHE, Rosa Maria Cuba. In: SALADO, Umbelina Caiafa;
MIRANDA, Glaura Vasques (Org.). SEE-MG Veredas – Formação superior
de professores. Mód. 1, Vol. 2 e 3. Belo Horizonte: SEE-MG, 2002.
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UNIDADE 5
O ENSINO DE GRAMÁTICA NA ESCOLA
Introdução:
Caro(a) estudante;
Você viu nas unidades anteriores que o domínio da língua oral e
escrita é fundamental para as pessoas, posto que é por meio da linguagem
que o homem se comunica, recebe e emite informações, se expressa,
defende pontos de vista, partilha visões de mundo e produz conhecimentos.
Isso significa que falar, ler e escrever são habilidades básicas para o exercício
da cidadania e para a participação social efetiva, por possibilitar que as
pessoas resolvam inúmeras situações, em diferentes situações sociais.
Por isso o PCN da língua português aponta a responsabilidade da
escola em garantir a todos os seus alunos o acesso a esses saberes necessários
para o exercício da cidadania, que se constitui como direito inalienável
de todos (BRASIL/MEC, 1997). No entanto, para usar adequadamente a
língua oral e escrita, ajustando o seu discurso aos diferentes interlocutores
e às diferentes situações de interlocução é importante que se aprenda as
convenções da norma culta de língua.
Nesse sentido, com essa última unidade de estudo, esperamos
que você possa compreender o papel dos conhecimentos gramaticais no
processo de interação social. O objetivo dessa unidade é compreender o
ensino de gramática como estudo da estrutura dos textos, considerando
que a pontuação e ortografia devem se constituir como objetos de ensino
na escola, posto que são elementos que servem para organizar as ideias e
facilitar a leitura. Assim, esperamos que compreenda que a aprendizagem
de conteúdos gramaticais irá permitir ao aluno imprimir maior qualidade
ao uso da linguagem e essa habilidade justifica o seu ensino na escola.
Apesar de ser considerada como aprendizagem importante, a
gramática tem sido alvo de discussões intensas, que dividem os professores.
Em artigo fundamentado em pesquisa realizada com professoras, Moraes
(2001) descreve práticas de ensino de Português, evidenciando as
dificuldades docentes e confusão em relação ao tipo de trabalho que
deveria ser feito. Para algumas professoras, as mudanças propostas para
o ensino de gramática eram compreendidas como negação da gramática
normativa, em que as professoras deixavam de trabalhar os aspectos
gramaticais.
A autora entendia que as polêmicas em torno do ensino de
gramática dividiram os professores em dois grupos: os gramatiqueiros
ou tradicionais, que defendiam o ensino gramatical na sala de aula; e os
progressistas, que defendiam a modificação do ensino ou o abandono da
gramática (MORAES, 2001).
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gramática significa que o aluno não deva ser treinado a memorizar regras
da gramática normativa, mas ter oportunidades de vivenciar situações de
uso da língua padrão, de forma a compreendê-la e poder internalizar as
regras que a estruturam. É um direito elementar do aluno o acesso aos
bens culturais da sociedade, e é bom não esquecer que, para muitos, esse
acesso somente é possível através do que lhes for ensinado na escola.
Ao propor modificações no ensino da gramática na escola,
Possenti (2001) chama a atenção para o tipo de aprendizado que levou a
criança a aprender a falar e a dominar a variedade linguística utilizada em
sua comunidade, antes mesmo da experiência escolar. Ainda conforme
Possenti (2001), a aceitação de que o objetivo prioritário de escola é
permitir a internalização da gramática conduz ao compromisso da escola
com uma metodologia que passa pela exposição constante do aluno ao
maior número possível de experiências linguísticas na variedade padrão.
Para o autor, se nos atentarmos para a aprendizagem da oralidade,
poderemos aceitar sem discussão de detalhes que esse aprendizado não
ocorreu pelo ensino, mas se deu pela exposição e participação na fala dos
grupos com os quais conviveu. Essa é, para o autor, uma metodologia bem-
sucedida para o aprendizado de qualquer língua ou variedade: exposição
aos dados.
Em pesquisa realizada na rede pública de ensino, por meio de
questionários, observações de aula e análise de cadernos dos alunos,
Moraes (2001) constatou que as professoras têm procurado imprimir
modificações em suas práticas de ensino, explorando diferentes gêneros
e portadores textuais. As professoras integrantes da pesquisa trabalhavam
com uma série de textos interessantes, como charges, tirinhas, reportagens,
letras de música, textos dos alunos, contudo, o trabalho realizado não
favorecia condições adequadas para o domínio efetivo da língua.
Ao discutir as práticas pedagógicas desenvolvidas pelas professoras
integrantes da referida pesquisa, Moraes (2001) apontou alguns equívocos
produzidos por elas. Ao trabalhar com os alunos, a atividade de leitura
se restringia à análise do conteúdo dos textos, abordando aspectos de
natureza social, ambiental, econômica, cultural. No entanto, o trabalho
não favorecia a análise linguística e a apropriação de regras gramaticais
pelos alunos. Ainda conforme a autora, às vezes os textos utilizados
em sala de aula serviam de pretexto para o trabalho assistemático com
gramática, sem dar aos alunos condições para fazerem análise de recursos
linguísticos, semânticos, estilísticos utilizados pelo autor. Ao trabalhar os
textos, muitos professores ainda se atêm à ortografia, ao estudo de frases
soltas e vocábulos, não analisando o texto como um todo.
A autora ainda constatou que algumas professoras trabalhavam
com textos produzidos pelos alunos e não apenas com textos dos livros
didáticos, mas não apresentavam base teórica que permitisse aos alunos
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dia, cada vez mais pessoas estão usando o computador, sendo que a
maioria consegue fazer um bom uso da máquina conhecendo apenas os
programas e os softwares. No entanto, o hardware, isto é a parte mecânica
do computador, a estrutura física das placas, dos chips, das conexões, etc.
ficam para os especialistas e técnicos. E Bagno acrescenta: “E então? O que
pretendemos formar com nosso ensino: motoristas da língua ou mecânicos
da gramática?” (1999, p. 120)
Ao colocar a questão nesses termos, o autor explicita suas crenças:
da mesma forma que não precisamos ser especialistas em informática
para utilizar computadores, também não precisamos ser especialistas em
gramática normativa para fazermos bom uso da língua.
Você deve estar pensando que o ensino de gramática na escola
não é uma tarefa fácil. O rompimento com uma tradição de ensino baseado
na memorização de regras e na classificação de fatos linguísticos requer
Você já pensou sobre essa vontade do professor, mas também exige conhecimento teórico capaz de
questão? Registre abaixo alicerçar uma nova prática.
o que considera mais
importante: saber de cor Concordando com Cagliari (1997), que o objetivo mais geral
uma série de regras de
gramática e permanecer com
do ensino de português, para todas as séries, é mostrar como funciona
dificuldade de escrita, leitura a linguagem; quais os usos que tem e como os alunos devem fazer para
e compreensão de textos ou
internalizar uma gramática que
ampliar, ao máximo, as habilidades de uso da linguagem, o ensino de
de fato pode ser utilizada nas gramática precisa contribuir para melhor sua capacidade de produção de
diferentes situações de fala,
leitura e escrita em que estiver
textos, escritos e orais, em diferentes situações de vida. Em outras palavras,
inserido? estamos considerando que o professor de português deve ensinar aos
alunos o que é uma língua, quais as propriedades e usos que ela realmente
tem, qual é o comportamento da sociedade e dos indivíduos com relação
aos usos linguísticos, nas mais variadas situações de suas vidas. (CAGLIARI,
1997).
A seguir discutiremos propostas de ensino da gramática que não se
fundamenta na memorização de regras, mas no uso da língua pelos alunos.
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KRAMER, Sonia. Por entre as pedras: arma e sonho na escola. São Paulo:
Ática, 1993.
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140
RESUMO
UNIDADE I
Na primeira unidade foi discutido o sentido de se ensinar português
na escola, que deve ter como meta principal a ampliação da competência
comunicativa dos alunos, que precisam maximizar suas habilidades de uso
da língua, em sua modalidade oral e escrita. Também destacamos o fato de
que as concepções teóricas assumidas pelos professores interferem em sua
prática pedagógica, pois as pessoas orientam o seu fazer pelo conjunto de
crenças, valores e concepções aos quais fazem adesão. E nesse sentido, é
importante que os professores estudem e atualizem seus conhecimentos,
de forma a construírem condições para garantir aos alunos o seu direito à
aprendizagem da língua portuguesa.
UNIDADE II
Na segunda unidade, abordamos o conteúdo de leitura – uma
importante ferramenta de inserção social e cidadania, que se encontra
associada às práticas de escrita, são práticas sociais imbricadas, faces
de uma mesma realidade, pois os textos são escritos para serem lidos,
enquanto que a leitura favorece o desenvolvimento das habilidades de
leitura dos sujeitos. Abordamos a leitura como principal aprendizagem a
ser garantida pela escola, considerando que aprender a ler não pode se
constituir como mera decifração ou de identificação de informações nos
textos, ao contrário, a leitura precisa ser compreendida como diálogo entre
autor-texto-leitor. Por sua importância a leitura não pode ser considerada
apenas como atividade, em que o professor manda ler, mas como objeto
de estudo, que precisa ser efetivamente ensinado, de forma que os alunos
desenvolvam habilidades que serão utilizadas em diferentes situações
cotidianas. Discutimos a importância de ler diferentes gêneros textuais
na escola, mas destacamos a necessidade de compreender que os textos
literários são polissêmicos e permitem muitas interpretações, mas que
os textos informativos não devem ser objeto de produção de múltiplos
sentidos, posto que apresentam função diferenciada, por tratar-se da
141
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período
UNIDADE III
Na unidade III discutimos o processo de produção de textos.
Podemos supor que numa situação de escrita alguém seleciona alguma
coisa que será dita a outra pessoa, com quem pretende interagir, em vista
de algum objetivo. E que devemos saber que o sujeito que escreve o faz
para outros sujeitos, apesar de não exigir a presença do interlocutor na
hora da produção do texto. Então, quem escreve está em interação com
outra pessoa. Essa outra pessoa é o parâmetro do que devemos dizer, do
quanto dizer e de como fazê-lo.
Você deve lembrar que o interlocutor não é algo neutro, sem valor.
Ao contrário, está sempre interferindo no discurso do locutor. A ausência do
interlocutor na situação de produção de texto pode apresentar dificuldades
em relação a coesão e coerência.
Acreditamos que cabe à escola produzir situações didáticas que
favoreçam essa aprendizagem, de forma que os alunos não escrevam
apenas como um mero exercício escolar, mas como atividade significativa
e orientada por um objetivo e uma função social do texto. Por isso, os
alunos planejar sua escrita, se preocupar com a legibilidade, a objetividade
e clareza dos textos, que devem ser escritos em função de sua circulação
social e dos possíveis leitores; também procurando ajustar a escrita ao
gênero textual mais adequado à situação de interlocução.
Propostas de produção de texto nesta linha não favorecem
a formação. E ainda é possível encontrar como prática de sala de aula
atividades de produção de texto sem um trabalho prévio, sem nenhuma
razão aparente. São textos avulsos, soltos, sem vinculação com as atividades
desenvolvidas no processo de aprendizagem. Geralmente estes textos não
voltam para as mãos dos alunos que os produziram.
Mas, sabemos que existem nas escolas diferentes práticas com a
produção de texto. O professor trabalha com produções com atividade
prévia, a partir da necessidade de se registrar um trabalho como discussão,
pesquisa e trabalho em grupo desenvolvidos na sala de aula. Como
também, com o objetivo de finalizar um trabalho proposto. Este tipo de
atividade pode ser interessante e necessária na sala de aula, mas corre o
risco de entediar o aluno, que pode associar a tarefa de produzir um texto
como uma obrigação e não como registro do trabalho desenvolvido.
A atividade de escrita é complexa e exige que o professor seja
o orientador das atividades do aluno, organizando atividades que se
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UNIDADE IV
Sabemos que a escola é um espaço de socialização, talvez o mais
significativo para muitos que nela interagem usando a linguagem oral. Os
professores a utilizam de forma mais sistematizada por meio do discurso
necessário nas aulas expositivas, debates, seminários, discussões, perguntas
e respostas, comentários circunstanciais dos alunos. Por sua vez, os alunos
também utilizam a oralidade em seus processos de interação, é comum,
na sala de aula, os alunos manterem um discurso paralelo ao do professor,
quando trocam informações entre si, fazem piadinhas, comentam
assuntos particulares, enfim, usam a língua segundo necessidades reais de
comunicação.
No entanto, mesmo sendo instrumento fundamental de
interlocução, presente não apenas nas aulas de português, a oralidade
não tem recebido adequada atenção, não se constituindo como objeto
de estudo efetivo, visando à ampliação da competência comunicativa dos
alunos. É inclusive comum que a sala de aula considerada disciplina seja
aquela em que se valoriza o silêncio, em que os alunos não se sintam a
vontade para se expressar pela fala.
Não são aproveitadas as oportunidades de se explicar em sala
de aula os padrões gerais da conversação, de se abordar a realização dos
gêneros orais da comunicação pública, que pedem registros mais formais,
com escolhas lexicais mais especializadas e padrões textuais mais rígidos,
além do atendimento a certas convenções sociais exigidas quando falar em
público. Também não costumam ser produzidas situações para os alunos
vivenciarem situações de uso mais formal da linguagem, em entrevistas,
palestras, jornal falado, telejornal e outras possibilidades utilização da fala
pública.
Devemos saber que numa situação de interação, através da
linguagem oral, sempre existirá a intencionalidade de quem fala e do
interlocutor. Sempre haverá uma intenção de influenciar o pensamento ou
mesmo o comportamento do outro. Assim, podemos persuadir, ordenar,
informar, questionar o interlocutor, mas podemos também pedir, solicitar,
agradecer, justificar e, ainda, mostrar quem somos e o que sentimos, impor
autoridade e mesmo subjugar as pessoas.
Na realidade de sala de aula, pode ser a grande dificuldade da
maioria dos professores trabalharem com a linguagem oral de forma que
possa ser a base de uma escrita adequada. Esta dificuldade é mais visível no
grupo de alunos que não conhecem a língua considerada padrão ou culta.
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Fundamentos e Metodologia da Língua Portuguesa I UAB/Unimontes
UNIDADE V
Na quinta unidade tratamos do ensino de gramática, considerando
a necessidade de superar abordagens tradicionais de ensino, que focalizam
a classificação, a nomenclatura, a identificação e a memorização de regras
da gramática normativa. Apresentamos a necessidade de considerar a
linguagem dos alunos como saber linguístico legítimo, que não deve ser
censurado, criticado, corrigido, substituído pela norma padrão da língua.
Ao contrário, o saber do aluno e seus usos linguísticos precisam ser a
base em torno da qual aprenderão novos conhecimentos, sendo que a
apropriação da norma culta se constitui como direito do aluno, que deverá
utiliza-la nas situações sociais que exigirem um padrão de linguagem mais
formal. Ainda pensando na superação das práticas memorísticas da escola
tradicional, apresentamos o ensino da gramática pela lógica da reflexão
sobre a língua, a partir dos usos linguísticos reais, fundamento no texto.
145
REFERÊNCIAS
BÁSICAS
COMPLEMENTARES
147
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período
FARIA, Maria Alice. Como usar a literatura infantil na sala de aula. São
Paulo: Contexto, 2008.
148
Fundamentos e Metodologia da Língua Portuguesa I UAB/Unimontes
PONDÉ, Glória; RICHE, Rosa Maria Cuba. In: SALADO, Umbelina Caiafa;
MIRANDA, Glaura Vasques (Org.). SEE-MG Veredas – Formação superior
de professores. Mód. 1, Vol. 2 e 3. Belo Horizonte: SEE-MG, 2002.
149
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período
150
Fundamentos e Metodologia da Língua Portuguesa I UAB/Unimontes
SUPLEMENTARES
KRAMER, Sônia. Por entre as pedras: arma e sonho na escola. São Paulo:
Ática, 1993.
151
Pedagogia Caderno Didático - 5º Período
152
ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
AA
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10) Kato (1995) afirma que, quando se fala em diferenças entre linguagem
oral e escrita, pensa-se em duas modalidades invariantes, quando, na
verdade, no interior de cada uma, há múltipla variação. Desta forma
descreve fatores determinantes na forma da linguagem que são a variável
social e psicológica, o grau de letramento, o estágio de desenvolvimento
lingüístico, o gênero, o registro e a modalidade.
Descreva a sua compreensão sobre cada um desses fatores.
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