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o Desenvolvimento
Sustentável
Giovana Rodrigues da Luz
Lílian de Lima Braga
Maria das Dores Magalhães Veloso
Giovana Rodrigues da Luz
Lílian de Lima Braga
Maria das Dores Magalhães Veloso
2012
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)
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Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes Coordenadora do Curso a Distância de Artes Visuais
João dos Reis Canela Maria Elvira Curty Romero Christoff
Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS Coordenadora do Curso a Distância de Letras/Português
Maria das Mercês Borem Correa Machado Ana Cristina Santos Peixoto
Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA Coordenadora do Curso a Distância de Pedagogia
Paulo Cesar Mendes Barbosa Maria Narduce da Silva
UNIDADE 1
A necessidade do desenvolvimento sustentável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
UNIDADE 2
Modelos de desenvolvimento e sustentabilidade econômica, social e ambiental . . . . . 17
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
UNIDADE 3
Tecnologias: inovação e difusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
UNIDADE 4
Alternativas sustentáveis: fontes energéticas e combustíveis alternativos . . . . . . . . . . . . 27
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
UAB/Unimontes - 8º Período
UNIDADE 5
Alternativas sustentáveis: agricultura e construção civil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
UNIDADE 6
Políticas públicas voltadas para a sustentabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
6.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
UNIDADE 7
Implementação da agenda 21 no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
7.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
8
Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
Apresentação
Prezados acadêmicos,
As autoras.
9
Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
UNIDADE 1
A necessidade do
desenvolvimento sustentável
Lílian de Lima Braga
1.1 Introdução
Os efeitos causados pela industrialização, Em nosso curso, é importante que en- GLOSSÁRIO:
crescimento das cidades, desenvolvimento tendamos por que é necessário se ter um de-
tecnológico, dentre outros, mostram a neces- senvolvimento sustentável. Nessa Unidade Brundtalnd: Este
termo refere-se à Gro
sidade que há em atingir um equilíbrio entre veremos quando começou a ser usado o ad- Harlem Brundtland, no-
esse desenvolvimento e o meio ambiente. jetivo “sustentável”. Além disso, nós veremos rueguesa que naquela
Esse equilíbrio seria o denominado “Desenvol- também algumas definições do termo “Desen- época era Presidente
vimento Sustentável”. A percepção da necessi- volvimento Sustentável” e alguns conceitos da Comissão Mundial
dade desse desenvolvimento sustentável não básicos que estão estritamente ligados a este sobre Meio Ambiente.
é característica apenas dos dias atuais. termo.
PARA SABER MAIS:
A discussão sobre os
desenvolvimento sustentável
Relatório Nosso Futuro
Comum, e remete pelo
menos aos anos 1970
com a publicação da
obra “A Lei da entropia
A ideia de “sustentabilidade”, antes de do presente sem comprometer a possibilida- e o processo econô-
ser usada para questionar a qualidade do de- de de as gerações futuras atenderem a suas mico”, de Georgescu
senvolvimento alcançado pelos países avan- próprias necessidades” (CMMAD, 1988, p.46). Roegen (1971), e do
çados, pertencia à Biologia. No contexto da Esse conceito de desenvolvimento foi criado relatório “Os Limites do
Crescimento”, pelo cha-
biologia, esse termo fazia referência às condi- a partir do momento em que se notou que mado Clube de Roma
ções em que a extração dos recursos naturais os recursos naturais são escassos e que cada em 1972.
renováveis poderia ocorrer sem impedimento país, individualmente, busca o seu desenvol-
à reprodução dos respectivos ecossistemas. vimento sem considerar os possíveis impac-
O adjetivo “sustentável”, de uso extremamen- tos que isto causará nos demais (CAVALCANTI DICA:
te restrito até o início da década de 1980, foi 1994). Outra definição bastante conhecida é a
Para saber mais sobre
então acrescentado ao substantivo “desen- de Brundtland em que se lê “É a forma como o Relatório Nosso
volvimento” (VEIGA, 2005). O conceito de “de- as atuais gerações satisfazem as suas neces- Futuro Comum, acesse
senvolvimento sustentável” foi apresentado sidade sem, no entanto, comprometer a ca- o site: <http://pt.scribd.
formalmente, em 1987, no relatório Nosso Fu- pacidade de gerações futuras satisfazerem as com/doc/12906958/
turo Comum, também conhecido como Rela- suas próprias necessidades” (ESTENDER; PITTA, Relatorio-Brundtland-
-Nosso-Futuro-Comum-
tório Brundtland, pela Comissão Mundial sobre 2008, p.2). Existem ainda várias outras defini- -Em-Portugues>.
o Meio Ambiente na Assembléia Geral das Na- ções para este conceito, sendo que todas as
ções Unidas (AMARAL, 2003). definições apresentam pontos em comum. En-
Existem inúmeras definições de Desen- tretanto, até o momento não foi possível man- ATIVIDADE:
volvimento Sustentável, elaboradas por dife- ter o foco em apenas uma definição.
Qual o objetivo da cria-
rentes setores da sociedade. A Comissão Mun- A figura a seguir (Figura 1) nos ajudará a ção do Relatório Nosso
dial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento entender os contrastes entre um Desenvolvi- Futuro Comum?
(CMMAD) define como desenvolvimento sus- mento Sustentável e um Desenvolvimento In-
tentável: “aquele que atende às necessidades sustentável.
11
UAB/Unimontes - 8º Período
A
Figura 1: ►
Consequências de um
(A) Desenvolvimento
Insustentável e(B)
Desenvolvimento
Sustentável.
Fonte: Castanheira; Gou-
veia, 2004.
GLOSSÁRIO:
UNESCO: é uma sigla Observou-se que as estratégias de de- ca. Por conta disso, estes países estão expostos
que significa literal- senvolvimento não poderiam ser totalmente à constante miséria, doenças graves e morte
mente: United Nations independentes e nem iguais para todos os precoce, o que acarreta posteriores problemas
Educational, Scientific, países. Como assim? Cada país deveria bus- que colocam em risco a sobrevivência de suas
and Cultural Organiza- car o seu desenvolvimento baseando-se nas populações.
tion (Organização das
Nações Unidas para a suas peculiaridades, visto que os problemas A partir do que foi exposto acima, criou-
Educação, a Ciência e a (ambientais e sociais) que apresentam são di- -se esse novo conceito de desenvolvimento.
Cultura). Esta organi- versos. Por exemplo, pense naqueles países Resumidamente, o objetivo básico do Desen-
zação foi criada em 16 mais ricos: a capacidade e intensidade de ex- volvimento Sustentável é o equilíbrio entre
de Novembro de 1945 ploração dos recursos naturais, na maioria das desenvolvimento econômico, proteção am-
tendo como objetivo
contribuir para a paz vezes, supera a capacidade que o ambiente biental e uma menor desigualdade social (Fi-
mundial através da tem de se regenerar. Além disso, o consumo gura 2) (SOUZA, 2006). Além disso, antes de
educação, ciência e exacerbado baseado na constante renovação tudo, deve-se assegurar a preservação e trans-
cultura. de bens leva a um desperdício generalizado. missão às gerações futuras dos recursos natu-
Assim, as futuras gerações irão encontrar um rais. O Banco Mundial, a UNESCO e outras en-
ambiente degradado com grande parte dos tidades internacionais adotaram o conceito de
recursos esgotados. desenvolvimento sustentável para marcar uma
Ao contrário disso, os países pobres, de- nova filosofia de desenvolvimento que com-
vido a problemas como fragmentação social e bina economia, ecologia e política ao mesmo
pobreza em alto grau, não possuem capacida- tempo.
de de usufruir os recursos de maneira benéfi-
12
Acesso em 28.set.2011
Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
sustentabilidade
com/2011/05/charges-
-sustentabilidade-e.html>.
Acesso em 04.out.2011.
▼
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UAB/Unimontes - 8º Período
14
Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
Referências
AMARAL, S. P. Estabelecimento de indicadores e modelo de relatório de sustentabilidade
ambiental, social e econômica: uma proposta para a indústria de petróleo brasileira. 2003.
265 f. Tese (Doutorado em Ciências em Planejamento Energético). Programa de Pós-Graduação
em Engenharia. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2003.
CAVALCANTI, C. (ORG.); FURTADO, A.; STAHEL, A.; RIBEIRO, A.; MENDES, A.; SEKIGUCHI, C.; CA-
VALCANTI, C. MAIMON, D.; POSEY, D.; PIRES, E.; BRÜSEKE, F.; ROHDE, G.; MAMMANA, G.; LEIS, H.;
ACSELRAD, H.; MEDEIROS, J.; D'AMATO, J. L.; LEONARDI, M. L.; TOLMASQUIM, M.; SEVÁ-FILHO,
O.; STROH, P.; FREIRE, P.; MAY, P.; DINIZ, R.; MAGALHÃES, A. R. DESENVOLVIMENTO E NATU-
REZA: ESTUDOS PARA UMA SOCIEDADE SUSTENTÁVEL. RECIFE: INPSO/FUNDAJ, INSTITUTO DE
PESQUISAS SOCIAIS, FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO, MINISTÉRIO DE EDUCAÇÃO, GOVERNO
FEDERAL, RECIFE, BRASIL, 1994. 262 P. DISPONÍVEL EM: <HTTP://168.96.200.17/AR/LIBROS/BRA-
SIL/PESQUI/ CAVALCANTI.RTF>. ACESSO EM: 20 NOV.2011.
CMMAD, Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Nosso futuro comum.
Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getulio Vargas, 1991. p. 410.
RICKLEFS, R. E. A economia da natureza. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. 503 p.
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Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
UNIDADE 2
Modelos de desenvolvimento
e sustentabilidade econômica,
social e ambiental
Lílian de Lima Braga
2.1 Introdução
Existem basicamente, três modelos de desenvolvimento: social, ambiental e econômico (SIL-
VA, 2003; ESTENDER; PITTA, 2008). Se conseguirmos combinar um desenvolvimento que englobe
esses três aspectos é possível reduzir os impactos causados pela ação humana ao meio ambiente.
Veremos a seguir, um pouco a respeito desses modelos de desenvolvimento. Nós entende-
remos também o que significa a Pegada Ecológica, qual a sua importância e composição. Para fi-
nalizar esta Unidade, nós veremos um pouco de desenvolvimento sustentável na prática através
do “Amor-Peixe”, um projeto que é exemplo de sustentabilidade e que beneficia muitas famílias
no Pantanal. Com isso, a ideia de que realmente é possível haver um desenvolvimento sustentá-
vel ficará mais real em nossa mente.
Combinando esses três aspectos, é possível reduzir os impactos causados pela ação humana.
17
UAB/Unimontes - 8º Período
18
Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
Isso demonstra a incapacidade da espécie importante instrumento de avaliação dos im- DICA:
humana em reconhecer o impacto que causa pactos antrópicos no meio natural. Há grandes Para saber mais sobre
nos demais – o que é refletido em seu padrão evidências de que o planeta Terra não suporta Pegada Ecológica leia
de consumo e modelos de desenvolvimento - essa exacerbada exploração dos recursos na- o trabalho “Pegada
Ecológica: instrumen-
e que só existe um planeta Terra, do qual to- turais. Diante disso é necessário que aja uma
to de avaliação dos
dos dependem para a perpetuação e sobrevi- mudança na postura da população para que impactos antrópicos no
vência de todas as espécies. realmente possa ocorrer um desenvolvimento meio natural”. Disponí-
Na relação entre demanda humana e sustentável. vel em: <http://www.
natureza, a Pegada Ecológica parece ser um periodicos.rc.biblioteca.
unesp.br/index.php /
estgeo/ article/viewFi-
le/257/213>.
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UAB/Unimontes - 8º Período
Referências
ESTENDER, A. C.; PITTA, T. T. M. O Conceito de Desenvolvimento Sus-
tentável. Revista do Terceiro Setor. Guarulhos, v. 2, n. 1, p. 1-14, 2008.
20
Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
UNIDADE 3
Tecnologias: inovação e difusão
Maria das Dores Magalhães Veloso
3.1 Introdução
Antes de abordarmos a inovação e a difu-
são tecnológica nos dias atuais, é importante
deixar claro o que são “tecnologias”. O con-
ceito de “tecnologia” deriva de duas palavras
gregas: techne, que significa habilidade ou
técnica e logos, que significa conhecimento ou
ciência. Portanto, a tecnologia pode ser defi-
nida como o conhecimento de habilidades ou
técnicas, ou como a ciência de habilidades ou
técnicas (CRIBB, 2002). É um termo utilizado
para definir os conhecimentos que permitem
fabricar objetos e até mesmo modificar o meio
ambiente de modo a satisfazer as necessida-
des do ser humano.
Outro conceito muito utilizado, quando
se fala de tecnologia, é o de “Tecnologias Lim-
pas”. Este termo se refere aos novos métodos
que promovem o uso mais eficiente de insu-
mos, melhor desempenho ambiental se com-
parados às tecnologias tradicionais e melho-
▲
ria da qualidade do meio ambiente de forma podem usá-lo ao mesmo tempo. Também, de-
Figura 12: Charge sobre
geral (JANOT; FRANCO, 2011). São classificadas pois dos gastos ocorridos para sua geração, o a tecnologia digital,
como tecnologias limpas, por exemplo, as conhecimento tecnológico pode ser usado e que exige experiência
novas fontes de energias renováveis (biocom- reusado quase sem custo adicional. Mas ele é ou capacidades
bustíveis, energia solar, eólica), formas de ilu- parcialmente excludente já que uma empresa, específicas.
minação mais eficientes e ecológicas (lâmpa- por exemplo, pode, pelo menos temporaria- Fonte: Disponível em
<http://asmeninasdocefar.
das LED) ou maneiras de captar e armazenar a mente, conferir o direito de seu uso só a seu blogspot.com/2010/11/ge-
água da chuva para promover a sua reutiliza- proprietário. O fato de o conhecimento tecno- ografia_ 16.html>. Acesso
ção. Não vamos entrar em mais detalhes aqui, lógico ser, de certo modo, excludente suscita em 27 set.2011.
porque abordaremos melhor essas tecnolo- interesses que motivam ações de indivíduos
gias na próxima unidade. e instituições no sentido de gerar novos pro-
O conhecimento sobre determinada tec- dutos e processos. A geração ou aperfeiçoa-
nologia envolve a educação formal, a expe- mento de um produto (ou processo) recebe o
riência e capacidades específicas (Figura 12). nome específico de inovação tecnológica. É o
Possui a característica de ser não rival, ou seja, que veremos a seguir.
duas ou mais pessoas ou unidades produtivas
DICA: que propõe novos instrumentos para os processos produtivos e de consumo, bem como geren-
Para conhecer mais cial, das quais a sociedade depende para produzir seus bens e serviços e manter seu patrimô-
algumas inovações tec- nio natural, promovendo assim a melhoria na qualidade de vida da população sem, no entanto,
nológicas que utilizam comprometer a base de recursos naturais.
o conceito de sustenta- Podemos dizer que a inovação tecnológica é a invenção de algum processo ou produto, as-
bilidade, relacionadas sim como o aprimoramento de algo já existente. A sociedade a cada dia busca mais praticidade
ao meio ambiente,
tecnologia, arquitetura, e comodidade. Assim, o mercado tenta ser criativo sem agredir a natureza, através, por exemplo,
mídia, design, desen- de modificações em embalagens, ou de controles rigorosos sobre a origem de suas matérias-pri-
volvimento e vida sus- mas. Outros exemplos de inovações tecnológicas incluiriam: o lançamento de um novo produ-
tentável, acesse o site: to, a implantação de programas internos ou softwares que possibilitem mudanças nas empresas,
<http://www.ciclovivo. melhoria na qualidade de produtos, criação de novas linhas de produtos e a adequação de pro-
com.br>.
dutos as leis existentes (Figura 13).
ATIVIDADE:
Escolha uma inovação 3.2.1 Estudos de caso:
tecnológica em cada
uma das áreas descritas
acima (meio ambiente, A seguir são apresentados dois projetos de inovação tecnológica na área de energia e de
tecnologia, arquitetura, tratamento de água contaminada por metais pesados. São pesquisas brasileiras que merecem
mídia, design, desen-
volvimento e vida sus- nosso conhecimento e divulgação.
tentável) disponíveis no
referido site e descreva
sobre ela. 3.2.1.1 Lombada Geradora de Energia
▲
Figura 14: Desenho
esquemático da 3.2.1.2 Casca de banana no combate aos metais pesados
lombada geradora de
energia.
Fonte: Disponível em < Uma tecnologia ecologicamente correta e barata que retira metais pesados de águas po-
http://www.ciclovivo.com. luídas foi desenvolvida por uma doutoranda em química da Universidade Federal de São Carlos
br/canais.php/2/tecnolo-
gia_verde/>. Acesso em
(Ufscar). A casca de banana é a única matéria-prima usada no processo, que, após um pequeno
27.nov.2011. tratamento, pode substituir diversos produtos químicos. Para isso, a casca é transformada em um
pó (farelo) através da sua exposição ao sol por aproximadamente uma semana, seguida da seca-
gem e trituração. Posteriormente, os resíduos são peneirados para que as partículas fiquem em
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Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
um tamanho uniforme e, assim, estejam prontas para o uso. O pó é despejado na água poluída e GLOSSÁRIO:
que, por estarem carregados de moléculas negativas, atraem os metais pesados, que são natural- Ostreicultura: é o
mente carregados positivamente. cultivo de ostras.
O trabalho é relativamente simples e tem a vantagem de não necessitar de utilizar energia. Cultivo aquícola: é o
Além disso, o índice de descontaminação é de aproximadamente 65% e, se a água passar por cultivo de organismos
esse processo mais vezes a porcentagem de descontaminação, pode aumentar ainda mais. Os cujo ciclo de vida em
condições naturais se
metais pesados urânio (que foi testado nesta pesquisa), cádmio, chumbo e níquel, mostraram re- dá total ou parcialmen-
sultados positivos. Sabe-se que para limpar cem mililitros de água é preciso de cinco miligramas te em meio aquático.
do pó feito da casca de banana. Dentre estes, incluem
os peixes, ostras,
mexilhões, caramujos,
caranguejos, macro ou
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UAB/Unimontes - 8º Período
PARA SABER MAIS: A unidade demonstrativa foi o instrumento de difusão tecnológica escolhido pelo projeto
Se você ficou interessado por demonstrar na prática os procedimentos de implantação e manejo do cultivo para os usuá-
em saber um pouco mais rios potenciais. Uma unidade demonstrativa permite que a inovação seja testada e avaliada pelo
sobre o Projeto de difusão usuário potencial, dando a ele a oportunidade de observar os procedimentos de implantação e
tecnológica da ostreicul-
tura, então, acesse o site: manejo da tecnologia.
<http://www.neema.ufc. Desta forma, a estratégia de difusão da tecnologia nas comunidades litorâneas consistiu das
br/Principal.html>. seguintes etapas:
• Diagnóstico de transferência tecnológica da ostreicultura no Ceará à através de visitas às
comunidades;
ATIVIDADE: • Escolha do município-alvo;
Após acessar o site • Identificação e reconhecimento das comunidades potenciais à através de visitas e avalia-
deste projeto responda: ção do grau de interesse em adotar a ostreicultura como atividade produtiva;
Por que este site foi • Diagnóstico socioeconômico das comunidades potenciais à envolveu a coleta de dados so-
voltado para a difusão cioeconômicos das comunidades visando subsidiar a escolha da comunidade alvo;
de tecnologias susten- • Escolha da comunidade-alvo à com base em suas condições sociais, econômicas e ambientais;
táveis?
• Apresentação do projeto à comunidade alvo à através de reuniões com representantes do
poder local e membros da comunidade;
• Capacitação social e formação do grupo de trabalho à com o intuito de trabalhar temas im-
portantes para a constituição de uma associação produtiva (cooperativa);
• Implantação da unidade demonstrativa (UD) à instalação das estruturas de cultivo;
• Capacitação técnica à demonstração de técnicas, manejo dos cultivos e procedimentos de
comercialização para o grupo de trabalho;
• Monitoramento do cultivo à através de visitas mensais feitas pela equipe técnica à comuni-
dade alvo;
• Divulgação na mídia à sobre a importância da ostreicultura comunitária como estratégia
de economia solidária, inclusão social e desenvolvimento sustentável;
• Colheita e comercialização das ostras;
• Avaliação do projeto de difusão tecnológica à avaliação das dimensões sociais, econômicas
e ambientais que contribuíram para o desempenho do cultivo de ostras e do projeto de di-
fusão tecnológica.
Essa estratégia de difusão tecnológica foi definida com o objetivo criar as condições neces-
Figura 16: Laboratório de sárias para induzir a adoção da inovação por parte dos usuários e possibilitar a mais ampla difu-
Biotecnologia da Unidade são da ostreicultura no Estado do Ceará.
Regional Norte de Minas
da EPAMIG, em Nova
Porteirinha – MG.
Fonte: Disponível em 3.3.1.2 Difusão de tecnologias produzidas pela EPAMIG
<http://oliveirajunior2.
blogspot.com/2010/06/
epamig-inaugura-labora-
torio-de.html>. Acesso em
A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) é uma empresa pública,
28.nov.2011. responsável pela administração, coordenação e pesquisa agropecuária em Minas Gerais. Tem
▼ como função apresentar soluções para o complexo agrícola, gerando e adaptando alternativas
tecnológicas, oferecendo serviços especializa-
dos, capacitação técnica, insumos qualificados
compatíveis com as necessidades dos clientes
e em benefício da qualidade de vida da socie-
dade. Para desempenhar suas atividades e de-
senvolver seus programas, a EPAMIG tem sede
em Belo Horizonte e possui 05 unidades re-
gionais, 28 fazendas experimentais, 02 esta-
ções experimentais, 06 núcleos tecnológicos,
01 instituto de laticínios e 01 núcleo de ensino
técnico agropecuário, espalhados pelo Estado
(Figura 16). Em parceria com instituições pú-
blicas e privadas, a EPAMIG desenvolve pesqui-
sas que contemplam grandes áreas do setor
agropecuário como: Agroenergia, Aquicultura,
Cafeicultura, Floricultura, Fruticultura, Grandes
Culturas, Olericultura, Pesquisa em Bovinos,
Processamento Agroindustrial, Silvicultura e
24 Meio Ambiente.
Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
A difusão de tecnologias desta empresa se dá, principalmente, através de duas formas: di-
vulgação dos dados em eventos como a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia e Exposições
Agropecuárias e através de dias de campo (Figura 17), com a montagem de unidades demons-
trativas, em que os produtores rurais têm a oportunidade de visualizar na prática a tecnologia
apresentada.
Durante a Semana Nacional de Ciência e
Tecnologia 2011, por exemplo, realizada entre
os dias 17 e 23 de outubro, a EPAMIG realizou
atividades em diversas regiões do estado. O
tema desta edição, definido pelo Ministério da
Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), foi “Mu-
danças climáticas, desastres naturais e pre-
venção de riscos”. A programação contou com
palestras, oficinas, visitas, passeios, trilhas eco-
lógicas, mostras tecnológicas, dentre outros,
sendo que todas as atividades foram gratuitas.
Especificamente, na Unidade Norte de
Minas, entre os dias 18 e 20 de outubro, acon-
teceram palestras sobre os temas, mudanças
climáticas, agricultura orgânica, fontes alterna-
tivas de energia e uso racional da água. Houve
ainda participação em mostras tecnológicas e
gincanas envolvendo alunos dos ensinos fun-
damental e médio do município de Janaúba. A programação contemplou também visita aos la- ▲
boratórios da Unidade, mostra de vídeos científicos, mostra de Ciência e exposição de trabalhos Figura 17: Técnicos da
EPAMIG repassando
de pesquisa. Na Fazenda Experimental de Mocambinho, localizada no município de Jaíba- MG, informações aos
além de palestras, foi realizada a atividade “Ciência na Prática”, na qual alunos do Ensino Médio participantes de um
puderam manipular microscópios e aprender sobre isolamento de micro-organismos. O objetivo “Dia de Campo” na
da EPAMIG em participar desse evento é transferir tecnologias desenvolvidas pela pesquisa agro- Fazenda Experimental
pecuária para toda a sociedade, bem como estimular maneiras de se utilizar os recursos naturais da EPAMIG em
Mocambinho, no
com sustentabilidade. O evento possibilitou ainda que a população conhecesse e discutisse os Perímetro de Irrigação
resultados, a relevância e o impacto das pesquisas científicas e tecnológicas e suas aplicações. Jaíba.
No dia 01 de setembro de 2011, ocorreu também na Fazenda Experimental de Mocambinho Fonte: Disponível em
o Dia de Campo “Fruticultura no Projeto Jaíba”, coordenado pela Unidade Regional Norte de Mi- <http://www.projetojaiba.
com.br/novo/arquivos_
nas da EPAMIG. Durante o evento, foram apresentados resultados de pesquisas sobre doenças upload/noticias /204.jpg>.
no maracujazeiro e tecnologias para produção de morango no semiárido mineiro. Também fo- Acesso em 04 dez.2011.
ram apresentadas variedades de abacaxizeiros, cultivo de oliveiras e perspectivas para o Norte
de Minas. Participaram do evento produtores dos municípios de Jaíba, Janaúba, Montes Claros
além de técnicos e estudantes da área, que buscavam resultados das pesquisas desenvolvidas na ATIVIDADE:
região Norte de Minas. Leia o artigo: “Nova-
mente a Difusão de Tec-
nologia: o chamado de
Elizeu Alves”, de autoria
3.3.1.3 Fabricação de carvão vegetal a partir do fruto da palmeira de Ivan Sergio Freire de
Souza, disponível em:
babaçu (Orbignya speciosa) <http://webnotes.sct.
embrapa.br/pdf/cct/
n18/cc18n306.pdf> e
Em 2004 surgiu o Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Pandeiros, criado pelo Insti- escreva um texto dis-
tuto Estadual de Florestas (IEF – MG). Dentre as atividades desenvolvidas, destaca-se o aprovei- sertativo, de no mínimo
tamento sustentável dos frutos do babaçu Orbignya speciosa (Mart.) para produção do carvão dez e no máximo 15
ecológico, como forma de diminuir a ilegalidade do carvão vegetal. Na APA Estadual do Rio Pan- linhas, sobre difusão
tecnológica e pesquisa.
deiros, localizada no norte de Minas Gerais, nos municípios de Januária, Bonito de Minas e Cô- No final do estudo des-
nego Marinho, existe uma extensa área de 5.000 hectares de babaçuais, sendo esta espécie uma ta unidade, entregue-o
importante fonte de recursos para algumas comunidades desta região. Só em Januária existem ao seu tutor presencial.
6.670 hectares de babaçuais com capacidade para a extração de um milhão e 500 toneladas de
frutos ao ano.
A difusão desta tecnologia se deu através da implantação de uma unidade demonstrativa
de produção por meio do aproveitamento sustentável do babaçu, em que o pessoal das comuni-
dades em torno do rio Pandeiros teve a oportunidade de observar e aprender a técnica, e dessa
forma incrementar a renda, melhorando assim a qualidade de vida além de também contribuir
25
UAB/Unimontes - 8º Período
Referências
eds& view=newsfeed&id=
18&Itemid=58>. Acesso
em 04.dez.2011.
GLOSSÁRIO:
Pandeiros: é um dos
principais afluentes do AGENCIA MINAS, 2008. Projeto Pandeiros diminui os índices de desmatamento em Minas.
rio São Francisco, muito Disponível em <http://www.agenciaminas. mg.gov.br/videos/meio-ambiente/926-projeto-pan-
importante na região deiros-diminui-os-indices -de-desmatamento-em-minas>. Acesso em: 04 dez.2011.
por onde ele passa
(municípios de Januá- ARAÚJO, R. C. P.; MOREIRA, M. L. (Coord.). Difusão Tecnológica da Ostreicultura em Comuni-
ria, Bonito de Minas e dades Litorâneas no Estado do Ceará: O Caso de Camocim, Ceará. Fortaleza: Universidade
Cônego Marinho). Uma
parte do seu curso é co- Federal do Ceará, Depto de Economia Agrícola, 2006. 115p. Relatório Final apresentado ao Fundo
nhecida como pântano, de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - FUNDECI do Banco do Nordeste.
com aproximadamente
3 mil ha (estação seca) CRIBB, A. Y. Inovação e difusão: considerações teóricas sobre a mudança tecnológica. Essência
a 5 mil ha (estação chu- Científica. Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, p 1-12, 2002. Disponível em: <http://www.gifad.org.br/publi-
vosa) de área alagável, cacoes/escient/ec_ 01010102.htm>. Acesso em 23/Set./2011.
sendo responsável por
70% da reprodução e JANOT, L.; FRANCO, M. F. 2011. As tecnologias limpas e você – Qual a relação? Disponível em:
desenvolvimento de
peixes do médio São
<http://style.greenvana.com/2011/as-tecnologias-limpas-e-voce/>. Acesso em: 13 dez.2011.
Francisco.
LEITE INTEGRAL, 2011. EPAMIG participa da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Dis-
APA: significa Área ponível em: <http://www.revistaleiteintegral.com.br/corpo_ noticia.php?not=421> Acesso em:
de Proteção Ambien- 04 dez.2011.
tal e se refere a uma
categoria de Unidades SANTOS, K. W. S.; SOUZA, R. J.; SILVA, D. C. 2011. Fabricação de carvão vegetal a partir do fru-
de Conservação de to da palmeira babaçu, Orbignya speciosa (Mart.). Disponível em: <http://www.quiriri.org/
uso sustentável. É uma index.php/pt_br/?option=com_ newsfeeds&view=newsfeed&id=18&Itemid=58>. Acesso em: 04
unidade de uso direto
dos recursos naturais, dez.2011.
onde são permitidas a
ocupação e exploração
dos recursos naturais,
conforme normas espe-
cíficas que asseguram
sua proteção.
Carvoejamento: é o
processo de transfor-
mação da matéria pri-
ma vegetal em carvão.
26
Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
UNIDADE 4
Alternativas sustentáveis: fontes
energéticas e combustíveis
alternativos
Giovana Rodrigues da Luz
4.1 Introdução
Nesta unidade veremos que as alternati- em diversas áreas desde a utilização de pro-
vas sustentáveis são formas desenvolvidas nos dutos orgânicos até a utilização das chamadas
diversos segmentos da sociedade em busca energias limpas, como o caso das energias,
de atitudes que minimizem os efeitos antró- solar e eólica. Nesta unidade, vamos abordar
picos ao meio ambiente. Nesse sentido, sabe- dois segmentos, o de energia e o de combus-
mos que é possível encontrar várias maneiras tíveis.
sustentáveis de explorar os recursos naturais
27
UAB/Unimontes - 8º Período
As bases energéticas dos países sempre oferta adequada de energia que atenda as ne-
foram resultados de fatores econômicos, como cessidades futuras, e que, além disso, (a) seja
a viabilidade de exploração e a disponibilida- compatível com a preservação da integrida-
de de recursos naturais. No Brasil, a base ener- de dos sistemas naturais essenciais, inclusive
gética é, em sua maioria, hidráulica devido à evitando mudanças climáticas catastróficas;
abundância de recursos hídricos no território. (b) estenda os serviços básicos de energia aos
A cada dia que passa, a questão ambiental ga- mais de 2 bilhões de pessoas em todo o mun-
nha mais relevância no planejamento energé- do que atualmente não têm acesso às moder-
tico dos países. A Alemanha, por exemplo, ela- nas formas de energia; e (c) reduza os riscos à
borou um plano de desativação de todo o seu segurança e potenciais conflitos geopolíticos
sistema energético nuclear devido aos riscos que de outra forma possam surgir devido a
ambientais que este sistema apresenta (MMA/ uma competição crescente por recursos ener-
MEC/IDEC 2005). géticos irregularmente distribuídos (MMA/
Quando se fala em sustentabilidade ener- MEC/IDEC 2005). A seguir, são apresentadas as
gética está se falando também em garantia de principais formas de energias sustentáveis.
Figura 20: Casas
populares construídas
pela Companhia de
Desenvolvimento 4.2.1 Energia solar
Habitacional e Urbano
do Estado de São Paulo
com o uso de painéis O Sol é a fonte responsável pela maior de calor e potência. Assim, podemos obter
solares de aquecimento parte da energia existente na superfície da dois tipos de energia solar: a térmica e a foto-
de água. Terra. Além de ser uma fonte primária de ener- voltaica, ambas obtidas através do uso de pai-
Fonte: Disponível em
<http://www.akatu.org.
gia, é também uma fonte de vida. Sua radia- néis solares.
br/Temas/Energia/Posts/ ção eletromagnética proporciona a produção
Painel-solar-de-aqueci-
mento-de-agua-chega-
-%C3%A0s-construcoes-
-populares>. Acesso em 4.2.1.1 Painéis solares de água
07.out.2011.
▼
Estes aparelhos usam a energia do sol
para aquecer um líquido, que é usado para
transferir calor para um receptáculo de ar-
mazenamento de calor ou tanque de água. O
calor pode, então, ser usado tanto para aque-
cer o ambiente quanto a água. Os dispositivos
responsáveis pela absorção e transferência
da radiação solar para a água sob a forma de
energia térmica são os coletores solares. Es-
tes podem ser instalados em casas (Figura 20),
edifícios, hospitais, etc. Além de possuir a van-
tagem de substituir o uso de aquecedores e
de chuveiros elétricos, traz benefícios também
para o meio ambiente, uma vez que não ha-
verá impacto gerado pela construção de mais
uma usina hidrelétrica (MMA/MEC/IDEC 2005).
A fabricação de painéis solares é relativamen-
te simples e sua manutenção pode ser feita
pela população local após um treinamento
(WIGGINS et al., 2009).
28
Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
GLOSSÁRIO:
4.2.3 Energia hidroelétrica Mecanismo de De-
senvolvimento Limpo
(MDL): é um mecanis-
É uma energia alternativa resultado do ci- to mais baixo. Entretanto, apesar de ser consi- mo definido no artigo
clo hidrológico da água, uma vez que é gerada derada renovável e limpa do ponto de vista das 12 do Protocolo de
através do uso da força gravitacional da água emissões de carbono, gera inúmeros impactos Quioto que estimula
o desenvolvimento
que cai. O fluxo ou queda de água determina o ambientais e altos custos econômicos e sociais sustentável e a redução
montante da energia disponível. Esta fonte de para sua expansão, principalmente ligados à al- de emissões ao mesmo
energia responde, hoje, pela maior parte (85%) teração do entorno das usinas, deslocamento das tempo em que dá aos
da produção de eletricidade renovável e é uma populações ribeirinhas e diminuição do volume países industrializados
das tecnologias disponíveis de geração de cus- dos rios (MACEDO; FREITAS 2011). certa flexibilidade na
forma de cumprirem as
suas metas de redução
de emissões. 29
UAB/Unimontes - 8º Período
30
gências de energia atuais, entretanto, ainda estão em processo de pesquisa e desenvolvimento.
Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
31
UAB/Unimontes - 8º Período
Quadro 1
Principais exemplos de biocombustíveis
Bicombustível Matéria-prima Processos de obtenção Composição química
32
Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
Número de cetanos: é
uma propriedade que
descreve a qualidade
de ignição do combus-
tível e o seu aumento
normalmente propor-
ciona uma redução no
consumo de combus-
tível e nas emissões
liberadas. Quanto mais
4.3.1 Biodiesel alto este índice, maior
é sua capacidade de
combustão dentro do
O biodiesel é formado por ésteres me- 2013. O biodiesel é um combustível obtido de motor. E quanto mais
tílicos ou etílicos de ácidos graxos, obtidos a fontes limpas e renováveis (ciclo curto do car- elevada esta, maior a
partir da reação de transesterificação de trigli- bono) que não contém compostos sulfurados redução no atraso da
ignição e, portanto, um
cerídeos (Figura 28). No Brasil, devido à grande (não contribui para formação de chuvas ácidas) funcionamento mais
diversidade de espécies oleaginosas, pode-se e aromáticos; apresenta alto número de ceta- regular do motor.
produzir biodiesel a partir de diferentes óleos nos (o correspondente a octanos na gasolina); e
vegetais como soja, milho, amendoim, algo- é biodegradável. Esse biocombustível, quando
dão, babaçu e palma. Além disso, esse bio- comparado ao diesel, oferece vantagens para o
combustível pode ser produzido a partir de meio ambiente como a redução de emissões de
óleos de frituras e de sebo bovino, reduzindo, dióxido de carbono (CO2, o principal responsável Figura 28: Diagrama
assim, os riscos de poluição ambiental causa- pelo efeito estufa) e de materiais particulados. mostrando as etapas de
dos por esses materiais. Essas vantagens são traduzidas em menos cus- produção de biodiesel.
No Brasil, o Congresso Nacional aprovou tos com a saúde pública, visto o grande consu- Fonte: Disponível em
a Lei Federal n° 11.097, em 13/01/2005, que tor- mo de óleo diesel nos transportes rodoviários e <http://www.lamtecid.
com/energias/biocom-
nou obrigatória a adição de 2% de biodiesel ao automotivos nas grandes cidades (SANTOS; PIN- bustiveis.php>. Acesso em
diesel (B2) até 2008 e a adição de 5% (B5) até TO, 2009). 05.out.2011.
▼
4.3.2 Álcool
Há mais de 20 anos sendo utilizado como influencia muito mais os consumidores do que
combustível nos automóveis, o álcool (ou os seus benefícios ambientais em relação aos
etanol) tem a vantagem de possuir fonte de combustíveis derivados de petróleo (Figura
energia (cana-de-açúcar) renovável e ser pou- 29).
co poluente. Entretanto, sua utilização, assim Suas vantagens como combustível lim-
como a de outros combustíveis, é influencia- po não se restringem apenas a reduzir as
da pela lei da oferta e da demanda. Dessa for- emissões de dióxido de carbono, monóxido
ma, quando a produção de álcool nas usinas de carbono e óxido de enxofre, mas também
é baixa ou a exportação é alta, há uma maior ao fato de não emitir, por exemplo, hidrocar-
demanda interna por este produto, o que gera bonetos, principalmente o benzeno, que é
um aumento dos preços. Este fator econômico carcinogênico. Outros gases poluentes, que
33
UAB/Unimontes - 8º Período
ATIVIDADE: fazem parte dessa mesma classe de compos- combustível em processo de combustão afeta
O que aconteceria para tos, são o xileno e o tolueno (ANSELMI, 2010). o meio ambiente, seja ele um biocombustível
a saúde pública caso, Segundo Cardoso et al. (2008) o álcool não é ou um combustível fóssil. No caso do uso do
de um dia para o outro, uma fonte de energia totalmente limpa. A sua biocombustível, o usuário não está contribuin-
na região metropolita- queima em motores emite vapores tóxicos, do para o aquecimento global, mas “apenas”
na de São Paulo, carros tais como formaldeído e acetaldeído, mas por para poluição local e regional. Desta forma,
e ônibus movidos a
derivados de petró- outro lado emite menos monóxido de carbo- o único combustível limpo é aquele que não
leo passassem a usar no, dióxido de enxofre e material particulado foi utilizado ou ao menos produzido, uma vez
apenas etanol como que os derivados do petróleo. Ainda segun- que economizar combustível ainda é a melhor
combustível? do esses autores, não existe combustão am- maneira de diminuir efeitos antrópicos no am-
bientalmente limpa. A utilização de qualquer biente.
4.3.3 Biogás
34
Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
Referências
Em março de 2009
foi lançada no Brasil
a primeira moto flex
(ou seja, que é movida
a álcool ou gasolina)
ALVES, L. 2011. Gás Natural Combustível. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/quimi- do mundo produzida
ca/gas-natural-combustivel.htm>. Acesso em: 20 nov.2011. em escala comercial. A
moto flex responde às
ANSELMI, R. Aumento da frota não impede redução da emissão de CO2. Jornal Cana, Campinas, demandas do mercado
abril. p. 62. 2010. e apresenta resultados
satisfatórios no seu uso.
BIODIESELbr, 2011. Biogás. Disponível em: <http://www.biodieselbr.com/energia/ biogas/bio-
gas.htm>. Acesso em: 28 nov.2011. GLOSSÁRIO:
PORTAL DE ENERGIAS ALTERNATIVAS. 2011. Energias Alternativas, Disponível em: <http://www. Biofertilizante: é o
energiasalternativas.com>. Acesso em: 28 nov.2011. material sólido que fica
decantado no fundo do
BORBA, M. C. V.; GASPAR, N. F. (Trad.). Um futuro com energia sustentável: iluminando o cami- biodigestor, resul-
tante do processo de
nho. São Paulo : FAPESP ; Amsterdam : InterAcademy Council ; Rio de Janeiro : Academia Brasilei- tratamento biológico.
ra de Ciências, 2010. p. 300. Este material normal-
mente contém micro e
CARDOSO, A. A.; MACHADO, C. M. D.; PEREIRA, E. A. Biocombustível, o Mito do Combustível Lim- macroelementos que
po. Química Nova na Escola. São Paulo, v. 28, p. 9-14, 2008. tornam interessante
seu uso como fertilizan-
MACEDO, L. V.; FREITAS, L. V. (Orgs.). Construindo Cidades Verdes: Manual de Políticas Públicas te agrícola.
para Construções Sustentáveis. 1. ed. São Paulo: ICLEI-Brasil, 2011. p. 80.
35
UAB/Unimontes - 8º Período
SANTOS, A. P. B.; PINTO, A. C. Biodiesel: uma alternativa de combustível limpo. Química Nova na
Escola. São Paulo, v. 31, n. 1, p. 58-62, 2009.
WIGGINS, S.; WIGGINS, J. C.; SHAW, S. Sustentabilidade Ambiental. Teddington: Tearfund, 2009.
p. 100.
36
Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
UNIDADE 5
Alternativas sustentáveis:
agricultura e construção civil
Giovana Rodrigues da Luz
5.1 Introdução
GLOSSÁRIO:
Como abordado na unidade anterior, dadas neste material, mas que incorporam
Carros híbridos: são
existem muitas alternativas sustentáveis em o conceito de desenvolvimento sustentável. carros que possuem
diversas áreas de atuação. Além da área ener- Dentre estas podemos citar o turismo ecológi- motores à combustão
gética e de combustíveis alternativos, é impor- co, o artesanato e a área automobilística (com alimentados à gasolina
tante também conhecer o que há de alterna- carros híbridos e elétricos). Você lembra-se de ou diesel e motores
tivo, com vistas à sustentabilidade, na área de mais alguma? Enquanto isso, vamos retomar elétricos.
agricultura e da construção civil. Entretanto, os nossos estudos, agora enfocando a agricul-
há também outras áreas que não foram abor- tura e em seguida as construções sustentáveis.
5.2.1 Conceito
Agricultura Sustentável pode ser definida tros recursos, e produtos para todos os grupos
como uma agricultura ecologicamente equili- sociais; (h) que garanta a subsistência e auto-
brada, economicamente viável, socialmente nomia de todos os grupos sociais envolvidos
justa, humana e adaptativa. Segundo Marcat- na produção e (i) que seja construída coletiva-
to (2002), pode-se considerar uma agricultura mente por um processo de compartilhamento
sustentável quando ela consegue ser (a) pro- de conhecimentos entre todos os envolvidos.
dutiva, ou seja, que mantenha e melhore os Atualmente, a tendência é que os siste-
níveis de produção; (b) estável, ao reduzir os mas simplificados ou monoculturais sejam
níveis de risco na produção; (c) ambientalmen- substituídos pelos sistemas sustentáveis que
te sadia, isto é, que proteja e recupere os re- geralmente integram a produção animal e ve-
cursos naturais; (d) atue no sentido de prevenir getal. Há várias maneiras de tornar um agroe-
a degradação dos solos; (e) preserve a biodi- cossistema diferenciado, e o desafio, portanto,
versidade e mantenha a qualidade da água e é conhecer além de suas características, as for-
do ar; (f) que seja economicamente viável; (g) mas mais apropriadas de torná-los heterogê-
que assegure igual acesso ao solo, água, ou- neos.
37
UAB/Unimontes - 8º Período
A agricultura ecológica possui várias cor- gem e denominações diferentes, tem a função
rentes que diferem em algumas abordagens, primordial de promover mudanças tecnológi-
entretanto, todas elas possuem princípios co- cas e filosóficas na agricultura. Algumas das
muns. Apesar de possuírem precursores, ori- principais correntes são:
38
em 05.dez.2011.
Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
Este tipo de agricultura, idealizada por manejo animal e ambiência e áreas correlatas GLOSSÁRIO:
Mokiti Okada, tem como referência de pesqui- para atender as demandas e oferecer soluções Adubação verde: é
sa no Brasil o Centro de Pesquisa Mokiti Oka- ao setor de consultoria e assessoria técnica. uma técnica agrícola
da – CPMO, Ipeúna, SP, da Fundação Mokiti Para isso, conta com estrutura de laboratórios que consiste no cultivo
Okada-MOA, que desenvolve pesquisas dire- multidisciplinares, campo experimental, casas de espécies de plantas
cionadas ao estudo da natureza física, quí- de vegetação e uma equipe de profissionais com elevado potencial
de produção de massa
mica e biológica do solo, nutrição de plantas, dos segmentos de ciências do solo, nutrição vegetal com a intenção
microbiologia aplicada, sanidade vegetal, uso vegetal, microbiologia aplicada, fitopatologia, de enriquecer o solo
sustentável de florestas nativas e plantadas, zootecnia e outros. nutricionalmente.
Controle biológico de
pragas: é um processo
5.2.2.4 Permacultura natural de regulação do
número de indivíduos
da população da praga
É muito além do significado de agricul- (ECOCENTRO IPEC, 2011). Utilizam a com- por ação dos agentes
tura permanente. É um conjunto de práticas postagem, integração de animais aos siste- de mortalidade biótica,
que visam à criação de soluções sustentá- mas, paisagismo e arquitetura, integrados. os quais são também
denominados de inimi-
veis que supram as necessidades essenciais A comunidade que a utiliza deve ser autos- gos naturais ou agentes
humanas. Estas necessidades podem ser: a sustentável e autossuficiente, produzindo de controle biológico.
captação e o uso responsável da água potá- seus alimentos, implementos e serviços sem
vel, o uso de energia elétrica através de fon- a existência de capital. A comercialização
tes renováveis e limpas, a garantia de uma deve ser feita através da troca de produtos
produção alimentar de qualidade, a constru- e serviços.
ção de edificações naturais para a moradia, Na zona rural de Araçuaí – MG, existe o
e a reciclagem de todo material considerado Centro de Permacultura do Vale do Jequiti-
resíduo ou sobra de um sistema produtivo nhonha (Figura 35). Logo na chegada o visitan-
39
photo/38533819>. Acesso em
05.dez.2011.
UAB/Unimontes - 8º Período
GLOSSÁRIO: te depara-se com um grande viveiro de mudas, ecológico, por exemplo, utiliza a água da chuva
Mandala: o termo feito de bambu. Ele contém mudas nativas e de para abastecer a pia, depois de usa- lá, a água é
mandala vem do sâns- outras espécies que se adaptaram muito bem ao jogada nas plantações. No banheiro não existe
crito (idioma antigo da clima da região. Uma das técnicas utilizadas são descarga, o usuário utiliza pó de serra e há toda
família indo-européia) os canteiros em formato de mandala, com isto o uma técnica para acabar com o mau cheiro, com
e significa “sagrado” agricultor gasta menos energia e água para mo- a utilização de canos. Respeitar a natureza, não
ou “círculo mágico”.
Trata-se de um jardim lhar sua horta. Outro benefício é que os vegetais poluir e recuperar o que já foi destruído são ensi-
ou horta em círculos se desenvolvem mais, porque possuem mais es- namentos do Centro de Permacultura.
concêntricos que paço. Todo o sítio está integrado. Um banheiro
respeitam a agricultura
ecológica. Esse tipo
de horta economiza
água, trabalha com a 5.2.3 Agroecologia
diversidade de plantas,
aproveita melhor o
espaço, usa apenas Nos anos de 1970, o conjunto das cor- (agronômicos, veterinários, zootécnico, ecoló-
fertilizantes orgânicos e rentes vistas anteriormente passou a ser gicos, sociais, econômicos e antropológicos)
poupa o solo. chamado de agriculturas alternativas, ter- com o intuito de melhor compreender, avaliar
mo utilizado para diferenciá-las da agricul- e implantar sistemas agrícolas de modo sus-
tura convencional. A partir de 1980, o termo tentável (MENDES, 2011).
ATIVIDADE: agroecologia passa a ser usado para se referir Não se trata de uma prática agrícola espe-
Além das correntes de a um campo da ciência que aporta conheci- cífica ou de um sistema de produção. Muitas
agriculturas ecológi- mentos teóricos e metodológicos no estudo das Organizações Não Governamentais (ONGs)
cas citadas, existem das experiências dessas agriculturas alternati- voltadas para a agricultura surgiram nessa
outras. Pesquise quais
são estas correntes e vas (PAULUS, 1999). Em outras palavras, é uma época se contrapondo às ideias da agricultura
quais os princípios que nova abordagem que integra os conhecimen- convencional.
as diferenciam uma tos populares e científicos de diversas áreas
das outras e, principal-
mente, da agricultura
convencional.
5.2.3.1 O caso do centro de agricultura alternativa do Norte de Minas
(CAA-NM)
40
Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
O CAA-NM possui uma área de experi- alcança um dos seus principais objetivos que é
mentação e formação em agroecologia (AEFA) o de disseminar aos indivíduos envolvidos na
que foi implantada em 1990, e consiste em agricultura as ideias agroecológicas (SILVEIRA
uma propriedade localizada às margens da BR et al., 2010). Com a produção agroecológica,
135, distante 36 km da área urbana de Mon- o pequeno produtor rural tem a possibilidade
tes Claros. Na área são desenvolvidas diversas de cultivar alimentos para o próprio consumo
experiências em que são aplicadas técnicas e comercializar os mesmos através de coope-
baseadas em princípios agroecológicos. Os re- rativas (Figura 37) formadas por agricultores
sultados dessas experiências são direcionados familiares interessados em inserir seus produ-
aos agricultores, técnicos, estudantes e profes- tos no mercado regional.
sores que visitam o local. A partir disso, o CAA
◄ Figura 37: A
Cooperativa Grande
Sertão é uma grande
parceira do CAA-NM,
disponibilizando
para o comércio
muitos produtos
agroecológicos
produzidos pelos
cooperados.
Fonte: Disponível
em <http://www.
caa.org.br/fotos.php?
ID=Cooperativa+Grande
+Sert% E3o>. Acesso em
05.dez.2011.
41
UAB/Unimontes - 8º Período
Mesmo com algumas técnicas ocorrendo no mercado há mais tempo, as primeiras discus-
sões sobre a sustentabilidade das construções ocorreram na década de 1970 em virtude da crise
energética provocada pelo choque do petróleo. Uma vez que os edifícios eram climatizados e
dependentes de energia, as ações então eram voltadas principalmente para tecnologias de me-
lhor aproveitamento da energia e busca da diminuição da dependência dos combustíveis fósseis,
tendo como alternativa a geração de energias renováveis, principalmente a solar. Desde então,
surgiram diversas instituições voltadas para o tema, ampliando a agenda das edificações verdes.
Segundo Bussoloti (2007) as diretrizes que devem ser consideradas numa construção sus-
tentável são:
Nenhum requisito técnico é obrigatório para que uma construção seja sustentável, mesmo por-
que, se fosse o caso, todas as construções sustentáveis seriam iguais. Na verdade, as diretrizes apenas
orientam aqueles que querem construir de uma forma ambientalmente mais responsável.
No entanto, uma obra sustentável deve levar em consideração alguns requisitos, tais como,
quem vai usar os ambientes, o processo no qual o projeto é concebido, quanto tempo será a vida
útil da construção e se, depois desse tempo todo, ela poderá servir para outros propósitos ou
não. É interessante também que todos os materiais empregados nela devem levar em conta a
necessidade, o desperdício, a energia gasta em todo o processo e, até mesmo, se esses materiais
podem ser reaproveitados.
Outro critério
importante a ser
adotado quando se
fala de uma cons-
trução sustentável é
conhecer o espaço
onde esta irá ocu-
par. Se respeitadas,
as condições geo-
gráficas, meteoroló-
gicas, topográficas,
aliadas às questões
sociais, econômicas
e culturais do lugar
definirão o quão sus-
tentável a construção
será. Abaixo algumas
características que
uma residência pode
aproveitar de acordo
com clima corres-
pondente (Figura 38).
42
Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
A casa fator 10 em Chicago recebeu esse de recursos para manter a temperatura, a cha-
nome devido à sua filosofia. Seus idealizado- miné solar, que utiliza a luz do sol das janelas
res dizem que ela consome um décimo (fa- para o aquecimento, também oferece luz para
tor 10) dos recursos ambientais de uma casa a casa, reduzindo a dependência de combus-
comum. Na tentativa de encontrar métodos tíveis fósseis e eletricidade. Além de aparelhos
acessíveis para a construção de prédios ver- e utensílios com baixo consumo que reduzem
des, o Departamento de Meio Ambiente e Ha- o uso da energia e da água, a casa usa um te-
bitação de Chicago realizou uma competição lhado verde com plantas do gênero Sedum
para projetistas, e a fator 10 ficou entre as ga- (Figura 39). Esse telhado, além de diminuir
nhadoras. substancialmente o escoamento de água, con-
Esta construção incorpora várias técnicas segue produzir um resfriamento evaporativo.
criativas utilizadas em prédios verdes, sendo Os arquitetos também direcionaram a locali-
que uma delas é a chaminé solar, que aquece zação das janelas para que poucas delas ficas-
e resfria a casa por meio de ventiladores. Além sem em direção ao norte e ao sul, reduzindo
43
UAB/Unimontes - 8º Período
a perda de calor durante o inverno. Talvez um feito com papel reciclado e o concreto usado
dos aspectos mais interessantes da casa seja para a base inclui cinzas volantes (uma subs-
a parede feita de garrafas de água. O material tância produzida durante a queima do carvão).
não só foi reciclado, mas a parede também Até mesmo o carpete é feito de materiais re-
serve como um dissipador do calor absorvido cicláveis, mais especificamente, materiais de
durante o dia inteiro, liberando-o pela casa garrafas plásticas recicladas (MCGRATH, 2008).
durante a noite fria. O isolamento da casa foi
O projeto de construção de uma casa para atender a lavanderia. A partir daí, foram
ecológica (Figura 41) iniciou em 1996 quando colocadas calhas em grande parte do telhado
se tomou a decisão de coletar água da chuva da casa, através de um sistema centralizador.
44
Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
Após a primeira chuva e depois do telhado da com 6 gavetas próximas à pia, com cores
limpo, a água filtrada é distribuída nas caixas específicas e identificadas de acordo com as
de consumo. Com isso a água passou a ser normas ambientais para cada resíduo gera-
utilizada para o banho, lavagem de roupa e do (Marrom – Orgânicos / Vermelho – Plás-
serviços em geral da casa. Foi projetado tam- ticos / Azul – Papéis / Amarelo – Metais /
bém um aquecedor solar com material mais Verde – Vidros e Laranja – Metais pesados -
barato, que proporcionou boa redução de Pilhas, Baterias e Lâmpadas Compactas Flu-
energia elétrica (mais ou menos 90% ao ano) orescentes). Posteriormente, os resíduos são
do uso do chuveiro. A água do banho também armazenados em contêineres identificados
é reutilizada. Para isso foi instalada uma caixa igualmente aos gaveteiros da cozinha, loca-
de abastecimento que atende todas as bacias lizados na frente da casa. Só os resíduos or-
sanitárias da residência, no início esta caixa era gânicos são apanhados pela coleta pública
abastecida pela chuva ou pela Copasa (Com- (redução de saída dos resíduos da casa em
panhia de Saneamento de Minas Gerais), de- torno de 70 a 80%) (Figura 43).
pois se modificou o esgoto de um banheiro, O projeto está de acordo com a Lei Mu-
individualizando o esgoto da pia e do chuveiro nicipal com relação ao passeio em frente
para um sistema de filtragem e tratamento bá- da casa, visto que foi projetado um suporte
sico com clorador composto de: brita, carvão e para a coleta pública dos resíduos orgânicos
areia lavada. Esta água é armazenada em uma sobre uma jardinagem em lugar recuado no
caixa de 500 litros equipada com uma bomba muro, possibilitando livre acesso dos pedes-
submersa que atende a caixa das bacias sani- tres ao passeio. Em Janeiro de 2005, também
tárias em média 300 litros por dia. Além disso, foi instalado no quintal um pluviômetro
todo o telhado possui calhas coletoras para para o acompanhamento diário do índice da
melhorar o sistema de coleta da água de chu- chuva na região, objetivando uma compara-
va (Figura 42). ção da quantidade de água coletada na resi-
Iniciou-se também a coleta seletiva dência e da precipitação total em milímetros
dos resíduos caseiros; a cozinha foi equipa- (ASSIS, 2007).
Figura 42: Em ►
detalhe o aquecedor
solar no telhado da
casa (A), processo de
captação da água
da chuva (B), e o
reaproveitamento
da água do banho
e lavanderia nas
bacias sanitárias
(banheiro) (C) e (D).
Fonte: Assis, 2011.
45
UAB/Unimontes - 8º Período
DICA:
Tente realizar uma
Referências
dessas ações apresen-
tadas nesta Unidade,
por exemplo, separação
de materiais recicláveis, ALVES, C. H. S.; SILVEIRA, G. S.; GUIMARÃES, M. A. A. A atuação do Centro de Agricultura Alterna-
aproveitamento de tiva no Norte de Minas como incentivo a permanência do pequeno produtor rural no campo e a
água da chuva ou a prática de uma agricultura sustentável. In: Encontro Nacional de Geógrafos, XVI, 2010, Porto Ale-
realização de compos- gre. Anais... XVI Encontro Nacional de Geógrafos. Porto Alegre: AGB (Associação de Geógrafos
tagem e consequente
utilização em uma Brasileiros), 2010, p. 1-11.
horta. Em seguida,
compartilhe a experi- ASSIS, J. G. Experiência: PROJETO “CASA ECOLÓGICA” (Tudo em prol da Água). In: Simpósio Bra-
ência no fórum desta sileiro de Captação e Manejo da Água de Chuva, 6º, 2007, Belo Horizonte. Anais... 6º Simpósio
Unidade, na sala virtual. Brasileiro de Captação e Manejo da Água de Chuva. Belo Horizonte: ABCMac/Embrapa Semi-
árido/IRPAA/ASA, 2007, p. 3.
MARCATTO, C. 2002. Agricultura sustentável: conceitos e princípios. In: Rede Ambiente. Dis-
ponível em: <http://www.ipcp.org.br/References /seAlimentando/Cartilha-agricultura-sustenta-
vel.pdf>. Acesso em: 30 set.2011.
SILVEIRA, G. S.; ANDRADE, B. A. A.; PEREIRA, C. S.; COSTA, R. M. Práticas agroecológicas: a atuação
do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas – CAA-NM. In: Colóquio Cidade e Região:
Dinâmicas dos espaços urbanos e rurais, I, 2010, Montes Claros. Anais... I Colóquio Cidade e Re-
gião: Dinâmicas dos espaços urbanos e rurais. Montes Claros: Unimontes, 2010, p. 4.
46
Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
UNIDADE 6
Políticas públicas voltadas para a
sustentabilidade
Giovana Rodrigues da Luz
6.1 Introdução
GLOSSÁRIO:
Antes de entendermos a relação entre Algumas políticas são necessárias para regular
políticas públicas e o desenvolvimento susten- conflitos entre os diversos atores sociais que Atores sociais: são as
partes envolvidas nos
tável, é necessário que fique claro o conceito podem ter contradições de interesses que não conflitos. Podem ser
de políticas públicas, assim como o que é pre- se resolvem por si mesmas ou pelo mercado e desde políticos eleitos,
ciso para que elas sejam efetivas e a importân- necessitam de mediação. burocratas, tecnocratas
cia da avaliação das mesmas. Constata-se que uma dada política pú- até empresários, traba-
Políticas públicas são princípios e diretri- blica é efetiva quando ela atinge os objetivos lhadores, etc.
zes que direcionam a ação do poder público. definidos em sua implantação e os seus im-
Estão sob a forma de documentos (leis, pro- pactos e/ou resultados, ou seja, seu sucesso ou
gramas, linhas de financiamentos) que orien- fracasso em termos de uma efetiva mudança
tam ações que normalmente envolvem apli- nas condições sociais da vida das populações
cações de recursos públicos (TEIXEIRA, 2002). atingidas pelo programa (TAVARES, 2005). Nes-
Elaborar uma política pública significa definir se sentido, é muito importante fazer a avalia-
“quem” decide “o quê”, “quando”, “com que ção das políticas públicas, pois é através dela
consequências” e “para quem”. É interessante que podemos mensurar os custos/benefícios
ressaltar que “Políticas Públicas” são diferentes e as causas e consequências da efetividade ou
de “Políticas Governamentais”. Nem sempre não das políticas, bem como o nível de orga-
“políticas governamentais” são públicas, em- nização social dos diversos segmentos envol-
bora sejam estatais. Para serem “públicas”, é vidos e a sustentabilidade desses processos. DICA:
necessário verificar se seu processo de elabo- A avaliação em um determinado município,
Para saber um pouco
ração é submetido ao debate público, assim por exemplo, possibilita a reflexão sobre mais sobre desenvolvi-
como para quem os resultados são destinados. qual padrão de desenvolvimento vem sendo mento sustentável, leia
As políticas públicas têm o propósito de implantado a partir da obtenção de infor- o texto crítico sobre o
responder a demandas, principalmente, dos mações que indiquem quais os objetivos da paradigma do desen-
setores considerados como vulneráveis na política pública em questão; como vem sen- volvimento sustentável
disponível no site:
sociedade. Nesse sentido, visam promover o do, ou foi estabelecida; quem é e como vem <http://www.usp.br/
desenvolvimento, criando alternativas de ge- sendo beneficiada a população alvo dos nupaub/Cap03eco.
ração de emprego e renda como forma com- programas e projetos públicos desenvolvi- pdf>.
pensatória dos ajustes criados por outras polí- dos (TAVARES, 2005).
ticas de cunho mais estratégico (econômicas).
47
UAB/Unimontes - 8º Período
ATIVIDADE: sustentável, é necessário: eliminação das de- princípios por meio dos quais deveria ser con-
sigualdades sociais; fim da exclusão, direito à duzida a interação dos seres humanos com o
Explique a seguinte
democracia plena, justiça com equidade, fim planeta e a Agenda 21 contém 40 capítulos
frase retirada do texto
indicado: “Um dos da exploração dos seres humanos; eliminação com recomendações destinadas a orientar a
esteios do conceito das discriminações de gênero, raça, geração formulação e execução de políticas públicas
de desenvolvimento ou qualquer outra; e garantia a todos do direi- com vistas ao desenvolvimento sustentável.
sustentado é a sua base to à vida, à felicidade, saúde, educação, mora- Dada a sua importância, a Agenda 21 será no-
ecológica”.
dia, cultura, emprego e a envelhecer com dig- vamente abordada na próxima unidade.
nidade. Com o objetivo de realizar uma avaliação
A preocupação dos órgãos governamen- dos cinco primeiros anos de implantação da
PARA SABER MAIS:
tais em promover desenvolvimento susten- Agenda 21, realizou-se em Nova York, de 23 a
A Carta de São Francis- tável iniciou em 1945 quando a “Carta de São 27 de junho de 1997, a 19ª Sessão Especial da
co recebe esse nome
por ter sido assinada na
Francisco” conclamou a cooperação interna- Assembleia-Geral das Nações Unidas, que por
cidade de São Francis- cional para a promoção de mais altos níveis este motivo ficou conhecida como “Rio+5”.
co, EUA, no dia 26 de de vida, trabalho efetivo e condições de pro- Além de ter procurado identificar as principais
junho de 1945, após o gresso e desenvolvimento econômico e social dificuldades relacionadas ao estabelecimento
término da Conferência (STIGARA, 2007). Já em 1972, na cidade de Es- da Agenda 21, a Sessão Especial tentou definir
das Nações Unidas so-
bre Organização Inter-
tocolmo, Suécia, foi realizada a primeira atitu- as prioridades de ação para os anos seguintes
nacional, entrando em de mundial para tentar preservar o meio am- e conferir impulso político às negociações am-
vigor a 24 de outubro biente, a Conferência das Nações Unidas sobre bientais em curso. A presença de vários Chefes
daquele mesmo ano. o Meio Ambiente Humano, popularmente co- de Estado e de Governo neste evento foi de
Também é conhecida nhecida como “Conferência de Estocolmo”. certa forma uma reafirmação da importância
pelo nome "Carta das
Nações Unidas". Quem
Essa conferência teve grande importância no do desenvolvimento sustentável perante a
quiser lê-la na íntegra sentido de controlar o uso dos recursos na- opinião pública mundial.
acesse o endereço: turais pela população humana, e também de A partir disso, a Comissão de Desenvolvi-
<http://unicrio.org.br/ lembrar que muito desses recursos não são mento Sustentável da ONU (CDS) sugeriu a re-
img/CartadaONU_Ver- renováveis e uma vez retirados em grandes alização, em 2002, de uma nova cúpula mun-
soInternet.pdf>.
quantidades da natureza, acabam deixando dial sobre Desenvolvimento Sustentável - A
assim uma lacuna, às vezes, irreversível, cujas “Cimeira da Terra”, em Joanesburgo, na África
ATIVIDADE: consequências virão e serão sentidas nas futu- do Sul. Seu objetivo principal era fortalecer o
Quais os propósitos e ras gerações (MARTINEZ, 2010). compromisso político em relação ao desen-
princípios das Nações Após 15 anos da Conferência de Estocol- volvimento sustentável, sob a forma de uma
Unidas presentes na mo, em 1987, houve a publicação do Relató- "Declaração de Joanesburgo", que definisse as
Carta de São Francisco? rio Nosso Futuro Comum, também conhecido ações prioritárias necessárias para assegurar
como “Relatório Brundtland”. Sua principal o desenvolvimento sustentável, reafirmasse
recomendação era que fosse realizado um o seu compromisso de trabalhar em prol do
evento mundial que discutisse e direcionas- desenvolvimento sustentável e incentivasse
se as questões ligadas ao meio ambiente e ao os diversos setores da sociedade (governos,
desenvolvimento. Assim, a Assembléia Geral sociedade civil e empresas) a apresentarem
das Nações Unidas decidiu realizar a “Confe- em parceria iniciativas capazes de resolver
rência das Nações Unidas sobre Meio Ambien- problemas concretos e conduzir a resultados
te e Desenvolvimento” no Rio de Janeiro, em mensuráveis, que pudessem vir a melhorar
1992. Essa Conferência, também conhecida as condições de vida das pessoas no mundo
como Cúpula da Terra, Conferência do Rio ou inteiro (ONU, 2002). Em termos de resultados,
simplesmente Rio-92, gerou os seguintes do- pode-se dizer que a Conferência levou à cria-
cumentos: Agenda 21; Declaração do Rio; De- ção do Programa das Nações Unidas para o
claração de Princípios sobre Florestas; Conven- Meio Ambiente (PNUMA) e a uma maior com-
ção sobre Diversidade Biológica e Convenção preensão da urgência de se adotar um novo
- Quadro sobre Mudanças Climáticas (SEQUI- posicionamento diante das questões ambien-
NEL, 2002). tais. Esta nova forma de ver o meio ambiente
Esses documentos, particularmente a fez com que os países em desenvolvimento e
Agenda 21 e a Declaração do Rio, definiram o industrializados se unissem em prol de um ob-
contorno de políticas essenciais para se alcan- jetivo comum, o que deu origem a uma série
çar um modelo de desenvolvimento sustentá- de Conferências Mundiais com diversos te-
vel que atendesse às necessidades dos menos mas, como alimentação, moradia, população,
favorecidos e reconhecesse os limites desse direitos humanos, biodiversidade planetária
desenvolvimento em escala global (SEQUINEL, e participação da mulher na sociedade, entre
2002). A Declaração do Rio compõe-se de 27 outros (SEQUINEL, 2002).
48
Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
Uma solução simples, barata e que pode e das famílias a serem beneficiadas pelo pro-
resolver o problema de falta de água para o grama. Também é um momento de formação
consumo humano em todo o Semiárido bra- e capacitação para os gestores dos recursos
sileiro é a construção de cisternas que acumu- públicos e oriundos do P1MC.
lem a água da chuva captada nos telhados e O programa de construção de cisternas
estocada para os períodos de estiagem. Esse reforça o processo de organização da socieda-
é o objetivo a ser atingido em cinco anos pelo de civil. Para ser incluído no programa, o mu-
Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), nicípio precisa ter Fórum Popular de Políticas
beneficiando diretamente mais de 5 milhões Públicas ou Fórum de Orçamento Participa-
de pessoas (Figura 44). Este programa é coor- tivo, o que tem contribuído para a criação ou
denado pela Articulação do Semiárido (ASA), reativação de instâncias de participação da so-
uma coalizão formada por mais de 750 entida- ciedade civil.
des e organizações da sociedade civil (associa- No Rio Grande do Norte, por exemplo,
ções de trabalhadores rurais e urbanos, igrejas além da presença dos fóruns, a escolha dos
católica e evangélica, organizações não go- municípios recaiu inicialmente sobre os que
vernamentais, sindicatos e federações de tra- se encontravam no polígono da seca (Figura
balhadores rurais, organismos de cooperação 45) em situação de calamidade pública. Agora,
nacionais e internacionais, públicos e privados, o atendimento será dirigido prioritariamente
associações comunitárias e movimentos so- aos que foram incluídos no Programa Fome
ciais) de 11 Estados. Zero. As famílias a serem beneficiadas são es-
Para haver a construção das cisternas, an- colhidas pelos fóruns do município. Os crité-
teriormente, é realizado um processo de mobi- rios de escolha priorizam a presença de mu-
Figura 44: Familias da
lização e capacitação das comunidades sobre lheres como chefes de família; crianças até seis cidade de Taiobeiras
as formas de convivência com o Semiárido, a anos; crianças e adolescentes frequentando a (MG) beneficiadas pelo
necessidade de gerenciamento dos recursos escola; adultos com 65 anos ou mais; pessoas programa P1MC.
hídricos, a construção de cisternas, a adminis- com necessidades especiais; distância da fonte Fonte: Disponível em
tração dos recursos públicos e dos recursos re- de água; e participação da família nas organi- <http://dineileao.word-
press.com/2011/06/22/
cebidos por este programa. zações da comunidade. Além disso, a família licoes-da-escola-da-vida-
O Ministério do Meio Ambiente fez um tem de participar, cavando o buraco para con- -camponesa-geraizeira/>.
convênio, em 2001, que permitiu o desenvol- ter a cisterna. Acesso em 10.out.2011.
vimento do projeto e a construção das primei- ▼
ras 500 cisternas. Nesse processo, foi adotada
uma metodologia que mobilizasse e sensibili-
zasse as comunidades e as instituições gover-
namentais e não governamentais de modo
a envolver o maior número de atores. Já o
convênio firmado, em abril de 2003, entre a
Articulação do Semiárido (ASA) e a Federação
Brasileira de Bancos (Febraban) possibilitou a
construção de mais 10 mil cisternas, que be-
neficiou cerca de 50 mil pessoas, e o convê-
nio com a Agência Nacional de águas (ANA),
em execução, permitirá o atendimento a mais
12.400 famílias. A construção dessas cisternas
tem servido para testar os melhores modelos
e para promover a capacitação de técnicos,
pedreiros e mestres-de-obras, das instituições
49
UAB/Unimontes - 8º Período
BOX 1
50
Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
51
UAB/Unimontes - 8º Período
O segundo componente é o Bolsa Floresta Associação (BFA), destinado às associações dos mo-
radores das Unidades de Conservação (UC) do Estado. Equivale a 10% da soma de todas as Bolsas
Floresta Familiar. Tem como objetivo fortalecer a organização e o controle social do programa.
O terceiro tipo é o Bolsa Floresta Renda, que corresponde a R$ 350,00 por família ao ano,
considerando em cada comunidade uma média de 11,4 famílias. É um auxílio à produção susten-
tável: peixe, óleos vegetais, frutas, madeira manejada, mel, etc. São consideradas todas as ativi-
dades que não produzam desmatamento e que estejam legalizadas. Os resultados obtidos até o
momento são animadores, especialmente, em razão do grande interesse e motivação das comu-
nidades envolvidas. Entretanto, restam ainda grandes desafios, principalmente, na articulação de
ações que envolvem um grande número de instituições.
O quarto componente é o Bolsa Floresta Social (BFS), que corresponde a R$ 350,00 por famí-
lia ao ano. Este auxílio é destinado aos componentes básicos para a construção da cidadania dos
guardiões da floresta, tais como a melhoria de educação, saúde, comunicação e transporte. As
ações são desenvolvidas em colaboração com os órgãos governamentais responsáveis e institui-
ções parceiras.
52
Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
a área com espécies nativas. A adesão a esta de Jaíba, Norte de Minas, inseridos neste pro-
modalidade iniciou em 2011 (SOARES, 2011). grama, estão recebendo um valor total de R$
A última fase de análise técnica das pro- 62.346,62 por praticarem serviços de proteção
postas apresentadas em 2010 para a conces- a natureza (Figura 48).
são do benefício pela manutenção da cober- O município mineiro com o maior núme-
tura vegetal nativa já foi concluída. Depois de ro de adesões foi Buritizeiro com 81 inscrições, Figura 48: Produtor
feitas três análises foram aprovadas 303 pro- perfazendo o total de R$ 937.964,00 e o com o do projeto de
irrigação Jaíba que
postas que propiciarão a 978 propriedades ou menor numero de inscrição com apenas um
foi beneficiado com o
posses rurais o recebimento do pagamento inscrito foi o município de Caxambu, com va- bolsa verde.
por serviços ambientais. Os produtores rurais lor de R$ 374,00. Apenas 113 municípios dos Fonte: Disponível em
selecionados pela preservação das áreas assi- 853 preencheram os formulários para a requi- <http://www.projetojaiba.
naram até o dia 15 de agosto de 2011 o Termo sição do Bolsa Verde, número muito abaixo do com.br/novo/index.php/
noticias>. Acesso em
de Cooperação Mútua e entregaram os docu- esperado pelo Estado (SOARES, 2011). 05.dez.2011.
mentos restantes para ingresso no Programa ▼
Bolsa Verde. Com a documentação regulariza-
da e o número da agência e conta corrente, o
pagamento começa a ser efetuado.
As regiões do Norte de Minas; Vales do
Jequitinhonha e Mucuri foram uma das maio-
res contempladas com o recebimento de re-
cursos do Programa Bolsa Verde e através do
qual o Governo de Minas garantirá, nos pró-
ximos cinco anos, a conservação de 28 mil
hectares de vegetação nativa. De um total de
978 proprietários e posseiros rurais que foram
selecionados para participar do Programa, na
região Norte serão contemplados 289 agricul-
tores. Juntos, eles receberão um montante su-
perior a R$ 2,5 milhões e assumirão o compro-
misso de conservar mais de 8 mil 887 hectares
de matas nativas. O investimento é superior a
R$ 6,5 milhões. Só os produtores do Perímetro
de Irrigação Jaíba (Projeto Jaíba), no município
ATIVIDADE:
6.3.3 Programa de aquisição de alimentos (PAA) da agricultura familiar
Faça uma pesquisa
nas localidades rurais
Ao longo dos anos de operação do PAA, milhares de famílias foram beneficiadas pela venda próximas a sua casa e
descubra se há pessoas
de seus produtos ao governo federal. No ano de 2010 a Região Nordeste foi a que apresentou o que recebem benefícios
maior número de famílias de agricultores beneficiadas (Figura49), enquanto os Estados (exceto o de um dos programas
Distrito Federal) com maior número de municípios beneficiados (50% cada) foram Acre e Amapá. apresentados (P1MC e
Em Minas Gerais, a porcentagem de municípios participantes (19%) ainda é pequena comparada Bolsa Verde). Compar-
à quantidade de municípios existentes (Tabela 1) (CONAB 2010). tilhe as informações
encontradas no fórum
De acordo com a Lei Nº 11.326 de 24 de Julho de 2006, considera-se agricultor familiar e em- de discussão desta
preendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, também, aos unidade.
seguintes requisitos:
• Não detenha, a qualquer título, área maior do que quatro módulos fiscais;
• Utilize predominantemente mão de obra da própria família nas atividades econômicas do
seu estabelecimento ou empreendimento;
• Tenha renda familiar predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas
ao próprio estabelecimento ou empreendimento;
• Dirija seu estabelecimento ou empreendimento com a família.
53
UAB/Unimontes - 8º Período
54
Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
Uma das modalidades deste programa nião de compra ocorreu em janeiro de 2001 na
é a aquisição de alimentos da agricultura fa- Secretaria Municipal de Agricultura (Figura 50),
miliar para a Alimentação Escolar. A Lei nº onde 12 agricultores que pertencem à Asso-
11.947/2009 determina a utilização de, no mí- ciação dos Produtores e que estão aptos fica-
nimo, 30% dos recursos repassados pelo Fun- ram de fornecer os produtos visando estimular
do Nacional de Desenvolvimento da Educação o desenvolvimento econômico e a valorização
(FNDE) para alimentação escolar na compra de seus produtos. Aplicando os 30% dos re-
de produtos da agricultura familiar e do em- cursos da merenda escolar, o município esta-
preendedor familiar rural ou de suas orga- rá injetando uma média de R$79 mil reais por
nizações, priorizando os assentamentos de ano em Mantena e o valor destinado dispensa
reforma agrária, as comunidades tradicionais o processo licitatório desde que os preços es-
indígenas e comunidades quilombolas (de tejam compatíveis com os praticados no mer-
acordo com o Artigo 14). A aquisição de ali- cado local e os alimentos atendam a exigên-
mentos deve ser realizada, sempre que possí- cias de controle de qualidade. Em Almenara,
vel, no mesmo município das escolas. Quando os produtos destinados à alimentação escolar
o fornecimento não puder ser feito localmen- são distribuídos pela APPRA (Associação dos
te, as escolas poderão complementar a de- Pequenos Produtores Rurais de Almenara),
manda entre agricultores da região, território também responsável por emitir notas fiscais. O
rural, estado e país, nesta ordem de priorida- produtor entrega sua produção em uma Cen-
de. tral e a Prefeitura a transporta até as escolas da
As prefeituras de alguns municípios mi- rede municipal. Já no caso da rede estadual o
neiros, como Mantena e Almenara, estão im- produtor fica responsável pela entrega.
plantando esse programa. Em Mantena, a reu-
55
UAB/Unimontes - 8º Período
Referências
CONAB. PAA – Resultados da CONAB em 2010. Brasília, DF: CONAB, 2010. 16p. Relatório técnico.
Disponível em: <http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/11_04_05_16_19_56_su-
mario_ executivo_2010.pdf>. Acesso em: 06 dez.2011.
DIÁRIO DO JEQUI. 2010. Almenara quer merenda escolar da agricultura familiar. Disponí-
vel em: <http://blogdobanu.blogspot.com/2010/04/ almenara-quer-merenda-escolar-da.html>.
Acesso em: 05 dez.2011.
ESTIGARA, A. 2007. Desenvolvimento sustentável e políticas públicas: uma análise dos ato-
res eleitos pela agenda 21. Disponível em: <http://educiens. org.br/download/desenvolvimen-
to_sustentavel_adriana_15mai07.pdf>. Acesso em: 09 dez.2011.
ONU. 2002. Cimeira de Joanesburgo 2002 – Cimeira Mundial sobre Desenvolvimento Sus-
tentável. In: Centro de Informação das Nações Unidas em Portugal. Disponível em: <http://
www.unric.org/html/portuguese/ joanesburgo /CIMEIRA_-_4.pdf>. Acesso em: 10 dez.2011.
56
Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
UNIDADE 7
Implementação da agenda 21 no
Brasil
Maria das Dores Magalhães Veloso
7.1 Introdução
Na Conferência Rio-92 realizada no Rio de praticável de desenvolvimento sustentável.
Janeiro, a Agenda 21 foi o compromisso mais Entretanto, para que suas propostas possam
importante estabelecido entre os países. O ob- ser efetuadas com maior eficácia e velocidade,
jetivo da Agenda 21 é promover o desenvolvi- é necessário levar em consideração alguns as-
mento sustentável. pectos. Além disso, veremos também a impor-
Nesta Unidade, daremos foco à Agen- tância da revitalização da Agenda 21 Brasilei-
da 21 Brasileira e poderemos notar que esta ra, principalmente, tendo em vista a próxima
Agenda apresenta uma proposta realista e Conferência, Rio+20.
BOX 2
Conferência Rio 92
A Conferência Rio-92, também denominada de ECO-92, foi a Conferência das Nações Uni-
das sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), realizada em junho de 1992 no
Rio de Janeiro. Seu objetivo principal era buscar meios de conciliar o desenvolvimento sócio-
-econômico com a conservação e proteção dos ecossistemas da Terra. Desta forma, repre-
sentantes de quase todos os países do mundo reuniram-se para decidir quais medidas eram
necessárias para diminuir a degradação ambiental e assim garantir a existência dos recursos
naturais para as futuras gerações. A Conferência do Rio consagrou o conceito de desenvolvi-
mento sustentável e contribuiu para a mais ampla conscientização de que os danos ao meio
ambiente eram, em sua maioria, de responsabilidade dos países desenvolvidos. Além disso,
reconheceu-se a necessidade de os países em desenvolvimento receberem apoio financeiro e
tecnológico para avançarem na direção do desenvolvimento sustentável. Assim, a posição dos
países em desenvolvimento tornou-se mais bem estruturada e o ambiente político internacio-
nal favoreceu a aceitação pelos países desenvolvidos de princípios como o das responsabili-
dades comuns, mas diferenciadas. A ECO-92 deu origem a alguns documentos importantes
tais como a Carta da Terra e a Agenda 21.
Fonte: Rio 92. Disponível em < http://www.profluizmeira.hd1.com.br/amazonia/amazonia06 .html>. Acesso em 04.dez.2011.
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UAB/Unimontes - 8º Período
GLOSSÁRIO: A construção da Agenda 21 Brasileira se deu de 1996 a 2002 e foi coordenada pela Co-
Carta da Terra: é uma missão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável (CPDS) e da Agenda 21 Nacional. Este docu-
declaração de princí- mento teve a sua conclusão em 2002. A partir do ano de 2003, a Agenda 21 Brasileira entrou na
pios éticos fundamen- fase de implantação assistida pela CPDS e foi elevada à condição de Programa do Plano Plurianu-
tais para a construção al (PPA) 2004-2007. Isso se deu pelo fato de sua meta envolver problemas estruturais amplos que,
de uma sociedade glo- consequentemente, necessitam de um maior consenso e soluções integradas de médio e longo
bal justa, sustentável e
pacífica no século XXI. prazos. Como programa, ela adquire mais força política e institucional, passando a ser instrumen-
A Comissão da Carta da to fundamental para a construção do Brasil Sustentável, estando harmonizada com as diretrizes
Terra - uma entidade da política ambiental do Governo, transversalidade, desenvolvimento sustentável, fortalecimen-
internacional inde- to do Sisnama e participação social, e adotando referenciais importantes como a Carta da Terra.
pendente - concluiu A posse do Governo de Luiz Inácio Lula da Silva coincidiu com o início da fase de implanta-
e divulgou, em 2000,
esse documento como ção da Agenda 21 Brasileira. A importância da Agenda como instrumento propulsor da demo-
a carta dos povos. A cracia, da participação e da ação coletiva da sociedade foi reconhecida no Governo Lula, e suas
legitimidade do docu- diretrizes inseridas tanto no Plano de Governo quanto em suas orientações estratégicas.
mento foi fortalecida Alguns pontos chave, como a economia da poupança na sociedade do conhecimento, in-
pelo apoio de mais de clusão social, tática para a sustentabilidade urbana e rural, recursos naturais, governança e ética
4.500 organizações.
para a promoção da sustentabilidade, só poderão ser tratados a partir de responsabilidades efe-
Transversalidade: tivas e compartilhadas entre governo e sociedade. A Agenda 21, que tem provado ser um guia
é a qualidade ou eficiente para processos de união da sociedade, compreensão dos conceitos de cidadania e de
característica do que é sua aplicação, é hoje um dos grandes instrumentos de formação de políticas públicas no Brasil.
transversal. Transversal
é um adjetivo que quer
dizer aquilo que cruza, O Programa Agenda 21 no PPA 2004-2007 está estruturado conforme segue abaixo:
atravessa ou passa por 1. Implantar a Agenda 21 Brasileira;
determinado referente. 2. Promover a elaboração e implantação de Agendas 21 Locais;
3. Formação continuada em Agenda 21.
DICA:
A prioridade é orientar para a elaboração e implantação de Agendas 21 Locais com base
Confira o texto da Carta nos princípios da Agenda 21 Brasileira que, em consonância com a Agenda Global, reconhece a
da Terra na íntegra.
Disponível em: <http:// importância do nível local na concretização de políticas públicas sustentáveis. Atualmente, existe
www.mma.gov.br/ mais de 544 processos de Agenda 21 Locais em andamento no Brasil, quase três vezes o número
estruturas/agenda21/_ levantado até 2002.
arquivos/carta_terra. A Agenda 21 Brasileira procura estabelecer um ponto de equilíbrio entre os objetivos e as
pdf>. estratégias das políticas ambientais e de desenvolvimento econômico e social a fim de consoli-
dá-los em um processo de desenvolvimento sustentável.
ATIVIDADE: Um grande passo foi a utilização dos princípios e estratégias da Agenda 21 Brasileira como
Escolha quatro prin- subsídios para a Conferência Nacional de Meio Ambiente, Conferência das Cidades e Conferência
cípios que norteiam a da Saúde. Esta ampla inserção da Agenda 21 remete à necessidade de se elaborar e implantar
Carta da Terra e discuta políticas públicas em cada município e em cada região brasileira. Para isso, um dos passos funda-
sobre cada um deles. mentais do atual governo foi transformá-la em programa no PPA 2004/2007, conforme dito an-
teriormente, o que lhe confere maior alcance, capilaridade e importância como política pública.
58
Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
• a estrutura do sistema político nacional apresente maior grau de abertura para as políticas PARA SABER MAIS:
de redução das desigualdade e de eliminação da pobreza absoluta; A globalização é uma
• o sistema de planejamento governamental disponha de recursos humanos qualificados, interligação econô-
com capacidade gerencial, distribuídos de modo adequado nas diversas instituições públi- mica, política, social
cas responsáveis; e cultural em âmbito
• as fontes possíveis de recursos financeiros sejam identificadas em favor de programas inova- mundial. Isso foi possí-
vel pelo barateamento
dores estruturantes e de alta visibilidade. dos meios de trans-
porte e comunicação
As ações prioritárias da Agenda 21 Brasileira ressaltam o seu caráter afirmativo, condizente dos países no início do
com a legitimidade que adquiriu em virtude de ampla consulta e participação nacional. A Agen- século XXI. Contudo,
da 21 Brasileira apresenta experiências bem-sucedidas de políticas, programas e projetos de de- este processo ocorre
em diferentes escalas e
senvolvimento sustentável implantados em diferentes setores e regiões do país, o que comprova apresenta conseqüên-
que esse tipo de desenvolvimento é possível. cias distintas entre os
países, pois aqueles
mais ricos são os princi-
pais beneficiados pela
globalização consumidor.
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UAB/Unimontes - 8º Período
DICA:
Para aprender mais so-
bre a Plataforma das 21
7.5 Plataforma das 21 ações
Ações prioritárias con-
fira o documento da
Agenda 21 na íntegra.
prioritárias
Disponível em: <http://
www.indicadoresjuruti. Para atingir os objetivos contidos na Agenda 21, definiu-se uma plataforma de 21 ações
com.br/cms/_downloa-
ds/agenda21.pdf>.
prioritárias que conduzem ao ideal da sustentabilidade.
Para o cumprimento destas propostas, é necessária uma grande mudança cultural na socie-
dade para que, de fato, o ambiente seja priorizado. Além disso, é preciso que a educação ambien-
tal focalize essas metas e cobre da sociedade o cumprimento de seus importantes propósitos.
60
Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
to da CPDS possa ter como foco iniciativas e programas voltados para a mudança de padrões ATIVIDADE:
de produção e consumo, erradicação da pobreza e transição para um desenvolvimento de baixo O que será exposto na
carbono, criando-se sinergia com planos como os de mudança de clima, de produção e consu- Conferência Rio+20?
mo sustentável, e do Programa Brasil sem Miséria, dentre outros. Durante a realização do estudo,
obtiveram-se também propostas para que a CPDS possa ser um foro rumo à Rio+20 que articule
as experiências locais e nacionais para a construção da sustentabilidade, levando em conside-
ração tanto as iniciativas que emergem localmente como as associadas a programas e políticas
governamentais.
Além disso, na reunião a vice-presidente da comissão e representante do MPOG e Ministé-
rio de Planejamento, Gestão e Orçamento disseram que o PPA em elaboração incluirá ações de
Agenda 21 no campo do licenciamento ambiental.
É fundamental revitalizar a CPDS e Agenda 21, e, a partir do estudo organizado pelo Vitae Ci-
vilis, será possível aportar subsídios para essa atualização, visando à ampliação de sua aplicação
nos próximos anos, como ferramenta associada aos temas e objetivos da Rio+20.
Referências
Agenda 21 brasileira: ações prioritárias / Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e
da Agenda 21 Nacional. 2. ed. Brasília : Ministério do Meio Ambiente, 2004. 158 p.
MMA. Agenda 21 brasileira: ações prioritárias. 2. ed. Brasília: Ministério do Meio Ambiente,
2004. p. 158.
61
Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
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O enredo deste filme é localizado no ano do filme. É um filme que pode ser utilizado ao
de 2154 e é baseado em um conflito em Pan- estudar a Unidade 3 sobre Tecnologias, discu-
dora, uma das luas de Polifemo, que é um dos tindo como deverão ser as inovações tecnoló-
três planetas gasosos fictícios que orbitam o gicas daqui a alguns anos e como elas pode-
sistema Alpha Centauri. Em Pandora, os colo- rão ajudar a melhorar a qualidade de vida das
nizadores humanos e os nativos humanóides pessoas, sempre buscando a sustentabilidade.
entram em guerra pelos recursos do planeta e Após apresentação da unidade é interessante
a continuação da existência da espécie nativa. que se faça uma pesquisa sobre as tecnologias
O título do filme refere-se aos corpos Na’vi- em desenvolvimento, em diversas áreas, que
-humanos, que são híbridos criados por um visam o desenvolvimento sustentável e poste
grupo de cientistas através da Engenharia Ge- o texto no ambiente virtual, de modo que to-
nética para interagir com os nativos de Pando- dos tenham acesso. A duração do filme é de
ra. O debate sobre ecologia acontece ao longo 166 minutos.
Este filme relata como a posição antié- ser utilizado ao estudar a Unidade 6 sobre
tica de empresários e as políticas ambientais Políticas Públicas, uma vez que vem reafirmar
de alguns países, principalmente os desenvol- a necessidade da observância das políticas
vidos, geram consequências desastrosas ao públicas ambientais, que visam à adoção de
meio ambiente. As alterações climáticas que medidas de preservação dos recursos naturais,
a Terra sofre fazem modificar drasticamente a bem como do meio ambiente como um todo.
vida da humanidade. Com o norte se esfrian- Sugere-se, após visualização do filme, que os
do cada vez mais e passando por uma nova acadêmicos façam um texto dissertativo ex-
era glacial, milhares de sobreviventes dirigem- pondo o ponto de vista sobre o código flores-
-se para o sul. Deste modo, os stakeholders tal brasileiro. Quais os seus pontos positivos e
reúnem-se em busca de meios que venham ao o que deve ser modificado ou adicionado para
menos controlar o problema ambiental. Este se promover um desenvolvimento com sus-
filme, com duração de 124 minutos, dá para tentabilidade.
63
Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
Resumo
Na Unidade 1 você aprendeu:
• O termo “desenvolvimento sustentável” foi criado em 1987 e pode ser definido como “aque-
le que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gera-
ções futuras atenderem a suas próprias necessidades”;
• A necessidade da criação desse conceito se deu a partir do momento que se observou que
os recursos naturais são escassos e que cada país, individualmente, busca o seu desenvolvi-
mento sem considerar os possíveis impactos que isto causará nos demais;
• O Desenvolvimento Sustentável tem como meta básica o equilíbrio entre desenvolvimen-
to econômico, proteção ambiental e uma menor desigualdade social. Um grande problema
que ocorre em todo o planeta é o uso inadequado do ambiente e dos recursos naturais;
• A exploração desses recursos sempre foi feita pelo homem, mas de maneira sustentável, en-
tretanto, com o aumento populacional e consequente avanço da urbanização, o uso do am-
biente se intensificou e os métodos tornaram-se mais eficientes;
• Dessa forma, os recursos são explorados o mais rápido possível e de maneira mais agressiva;
• Esta relação negativa do homem com a natureza não está de acordo com o que prevê o de-
senvolvimento sustentável, e é justamente esse ponto que deve ser mudado para que as
futuras gerações não fiquem comprometidas.
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UAB/Unimontes - 8º Período
• Políticas públicas são diretrizes, princípios norteadores de ação do poder público; regras e
procedimentos para as relações entre poder público e sociedade, e mediações entre atores
da sociedade e do Estado. Elaborar uma política pública significa definir quem decide o quê,
quando, com que consequências e para quem;
• Para que as políticas públicas sejam efetivas, é necessário que sejam abertos espaços insti-
tucionais adequados à negociação e ao pacto entre os atores sociais relevantes, assim como
a captação de recursos financeiros necessários ao cumprimento dos propósitos pactuados;
• A avaliação de políticas públicas configura-se como um instrumento significativo para a ve-
rificação dos resultados de programas e políticas de desenvolvimento, pois através dessas
avaliações é que podemos mensurar os custos/benefícios e as causas e consequências da
efetividade ou não das políticas, bem como o nível de organização social dos diversos seg-
mentos envolvidos e a sustentabilidade desses processos;
• O Bolsa Verde, Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar e o Programa
Um Milhão de Cisternas são apenas três exemplos de políticas públicas que visam ao de-
senvolvimento sustentável e que estão tendo bons resultados na área de meio ambiente e
social. Assim, a comunidade tem que assumir o papel de agente e empreendedora e cobrar
do poder público a captação de recursos e implantação de mais programas como esses.
• A Agenda 21 Brasileira tem como um dos objetivos reafirmar o compromisso assumido pelo
Brasil na Conferência Rio 92 e em Joanesburgo em 2002;
• A construção da Agenda 21 Brasileira se deu de 1996 a 2002 e foi coordenado pela Comis-
são de Políticas de Desenvolvimento Sustentável (CPDS) e da Agenda 21 Nacional;
• Devido a sua meta envolver problemas estruturais amplos, que, consequentemente, neces-
sitam de um maior consenso e soluções integradas de médio e longo prazos, a Agenda foi
elevada à condição de Programa do Plano Plurianual, PPA 2004-2007;
• A Agenda 21 tem provado ser um guia eficiente para processos de união da sociedade,
compreensão dos conceitos de cidadania e de sua aplicação, e é hoje um dos grandes ins-
trumentos de formação de políticas públicas no Brasil;
• Além disso, apresenta experiências bem-sucedidas de políticas, programas e projetos de de-
senvolvimento sustentável implantados em diferentes setores e regiões do país, o que com-
prova que esse tipo de desenvolvimento é possível;
• A base conceitual da Agenda 21 aponta, em síntese, para a importância de se construir um
programa de transição que foque as questões prioritárias, que são: restringir a degradação
do meio ambiente e, concomitantemente, reduzir a pobreza e as desigualdades, contribuin-
do, dessa maneira, para a sustentabilidade progressiva;
• A denominada “globalização” beneficiada pelas novas tecnologias vem se construindo em
torno de uma ordem mundial hierárquica e de alta competição;
• O resultado disso é que de um lado há uma concentração de riqueza, informação e tecnolo-
gia, e do outro o desemprego e a pobreza;
• É um grande desafio mudar a direção desse modelo de desenvolvimento que abrange todo
o planeta e substituir por uma globalização solidária, que se baseia em valores comuns in-
cluindo aqueles países marginalizados.
66
Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
Referências
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70
Ciências Biológicas - Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
Atividades de
Aprendizagem - AA
1) Marque a alternativa que melhor completa a frase: O conceito de Desenvolvimento Susten-
tável foi criado...
a) No Brasil devido aos impactos causados no ambiente pela extração dos recursos natu-
rais de maneira desregulada.
b) Para desenvolver um equilíbrio entre desenvolvimento econômico e proteção ambiental.
c) Devido à percepção de que os recursos naturais são escassos e que cada país, individual-
mente, busca o seu desenvolvimento sem considerar os possíveis impactos que isto causará
aos demais.
d) Em 1987, na Assembleia Geral das Nações Unidas para atender aos interesses dos países
desenvolvidos.
3) Se você fosse construir uma casa sustentável, quais os requisitos, segundo Bussoloti (2007),
deveriam ser seguidos? Haveria diferença se a sua construção fosse no Brasil ou no Canadá?
Por quê?
7) A difusão de uma tecnologia sustentável de uma empresa da área agrícola pode ser feita
através das seguintes formas, EXCETO:
a) Divulgação da tecnologia em Seminários
b) Divulgação da tecnologia em Dia de campo
c) Através da modificação da embalagem do produto sustentável.
d) Através de unidades demonstrativas
10) O que são políticas públicas? Descreva uma política pública desenvolvida no Brasil que
apóia o desenvolvimento sustentável.
71