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Fundamentos e
Metodologia da
Educação Especial
Montes Claros/MG
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Ministro da Educação Chefe do Departamento de Ciências Biológicas
Aloizio Mercadante Guilherme Victor Nippes Pereira
Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes Coordenadora do Curso a Distância de Artes Visuais
João dos Reis Canela Maria Elvira Curty Romero Christoff
Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS Coordenadora do Curso a Distância de Letras/Português
Maria das Mercês Borem Correa Machado Ana Cristina Santos Peixoto
Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA Coordenadora do Curso a Distância de Pedagogia
Paulo Cesar Mendes Barbosa Maria Narduce da Silva
Colaboradores
Ana Paula da Mota França
José França Neto
Sumário
Apresentação .......................................................................................................................9
Unidade 1 .......................................................................... 11
A atenção às pessoas com deficiência – concepções, princípios e políticas públicas ....11
Referências ........................................................................................................................ 21
Unidade 2 .......................................................................... 23
As necessidades educacionais especiais ...................................................................... 23
Referências ........................................................................................................................35
Unidade 3 .......................................................................... 37
Diversidade - Um novo olhar para a educação ................................................................37
3.4 O ensino regular como melhor opção para os alunos com necessidades educacionais
especiais...................................................................................................................... 42
Referências ....................................................................................................................... 44
Resumo .............................................................................................................................. 47
Objetivo Geral
• Possibilitar aos futuros profissionais da educação reflexões sobre a prática educativa inclusi-
va que atendam às demandas atuais da sociedade e do estudante com necessidades educa-
cionais especiais.
Objetivos Específicos
Neste Caderno Didático, você encontrará o conteúdo das três unidades propostas para essa
disciplina – Fundamentos da Educação Especial.
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UNiDADE 1
A atenção às pessoas com
deficiência – concepções,
princípios e políticas públicas
Introdução
O nosso objetivo principal consiste em possibilitar aos futuros profissionais da educação re-
flexões sobre a prática educativa inclusiva que atendam as demandas atuais da sociedade e do
estudante com necessidades educacionais especiais. Assim, oferecemos elementos necessários à
reflexão acerca da Educação Especial, abordando três aspectos básicos: trata-se de uma mo-
dalidade de educação escolar; é oferecida, preferencialmente, na rede regular de ensino; é tam-
bém oferecida para educandos com necessidades educacionais especiais. Para tanto, na primeira
unidade, dialogaremos sobre as concepções, princípios e diretrizes para um sistema educacio- nal
inclusivo, bem como a identificação de alguns aspectos jurídicos concernentes à legislação da
educação escolar inclusiva na educação básica. Ademais, acentuamos e corroboramos a ideia de
que, na escola inclusiva, cada um de seus alunos tem características diferentes. A Educação Inclusiva
vem para substituir a escola tradicional, onde todos os alunos precisavam se adaptar ao mesmo
método pedagógico e eram avaliados da mesma forma; quem não se enquadrasse, estava fora dos
padrões considerados aceitáveis e era encaminhado para a classe especial, para a escola especial
ou, simplesmente, acabava desistindo de estudar. Hoje, sabemos que na Escola Inclusiva não
existem classes especiais. Ou melhor, todas as classes e todos os alunos são muito especiais para
seu professor. Nesta medida, o estudo proposto nesta unidade encontra–se orga- nizado conforme
apresentado abaixo:
Figura 2: Os desafios ►
da inclusão-Revista
Nova Escola, Julho 2009
Fonte: Disponível em
http://1.bp.blogspot.
com/_eYUKTHS5q58/
SmFQU1TWZBI/
AAAAAAAABNo/7H-
-Q_VQkIVI/s1600-h/
inclusao.bmp. Acesso em
15/04/2011.
12
A Educação Especial, segundo Delou sendo divulgada por meio da Educação Es-
(2008), é uma modalidade de educação esco- pecial, tendo sua origem nos Estados Unidos,
lar, considerada como um conjunto de recur- quando da Lei Pública 94.192, de 1975, resul-
sos educacionais e de estratégias de apoio que tado dos movimentos sociais de pais e alunos
estejam à disposição de todos os alunos, ofe- com deficiência que reivindicavam acesso de
recendo alternativas diferentes de atendimen- seus filhos com necessidades educacionais es-
to. Este conjunto de recursos pode facilitar a peciais às escolas de qualidade.
vida educacional não só dos alunos identifi- É também fruto de um contexto históri- co
cados com necessidades educacionais espe- em que se resgata a educação como lugar do
ciais, mas de todos os alunos que se sentirem exercício da cidadania e da garantia de di- reitos.
favorecidos pelo currículo, por métodos, por É uma prática inovadora que está enfa- tizando
recursos educativos e ainda por organizações a qualidade de ensino para todos os alunos,
específicas para atender às necessidades espe- exigindo que a escola se modernize e que os
cíficas dos alunos. professores aperfeiçoem suas práticas
Já a Educação Inclusiva se caracteriza pedagógicas. É um novo paradigma que desa- fia
como uma política de justiça social que al- o cotidiano escolar, embasado por diversos
cança alunos com necessidades educacionais documentos e movimentos, como a Declara-
especiais, tomando-se aqui o conceito mais ção Universal dos Direitos Humanos (1948), que
amplo, que é o da Declaração de Salamanca preconiza uma sociedade mais justa em que
(1994), onde o princípio fundamental é que as valores fundamentais são resgatados como a
crianças, independentemente de suas condi- igualdade de direitos e o combate a qualquer
ções físicas, intelectuais, sociais, emocionais, forma de discriminação. Ao longo da história,
linguísticas ou outras, devem ser acolhidas pe- percebeu-se que as escolas estavam ferindo
las escolas. estes direitos, tendo em vista os altos índices de
Para refletir sobre a Educação Inclusiva, é exclusão escolar; populações mais pobres,
fundamental que levemos em consideração pessoas com deficiência, dentre ou- tros, que
que não se trata de um modismo. Ela é o resul- estavam sendo, cada vez mais, mar- ginalizadas
tado de muitas discussões, estudos teóricos e do processo educacional. Carvalho (2001)
práticas que tiveram a participação e o apoio ressalta a importância de estimular a
de organizações de pessoas com deficiência e participação social e plena de todos os grupos
educadores, no Brasil e no mundo. De acordo que se encontram excluídos, contribuindo as-
com Delou (2008), a Educação Inclusiva vem sim, para uma sociedade realmente inclusiva.
Segundo Mazzillo (2008), a Educação Inclusiva tem sua história influenciada por dois gran- des
marcos: a Conferência Mundial de Educação para Todos, em 1990 e a Declaração de Sala- manca,
em 1994. A seguir, elencamos os principais documentos internacionais que nortearam a Educação
Inclusiva no Brasil e no Mundo. (BRASIL, 1994)
1948 - Declaração Universal de Direitos Humanos (ONU) - estabelece que os direitos huma-
nos sejam os direitos fundamentais de todos os indivíduos. Todas as pessoas devem ter respeita-
dos os seus direitos humanos: direito à vida, à integridade física, à liberdade, à igualdade, à digni-
dade e à educação.
1971 - Declaração dos Direitos das Pessoas Mentalmente Retardados (ONU) - proclama os
direitos das pessoas com deficiência intelectual.
1975 - Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes (ONU) - estabelece os direitos de to-
das as pessoas com deficiência, sem qualquer discriminação.
1980 - Carta para a Década de 80 (ONU) - estabelece metas dos países membros para garan-
tir igualdade de direitos e oportunidades para as pessoas com deficiência.
1983-1992 — Década das Nações Unidas para as Pessoas com Deficiência para que os paí-
ses-membros adotassem medidas concretas para garantir direitos civis e humanos.
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DiCA 1990 – Conferência Mundial sobre Educação para Todos (ONU) - aprova a Declaração Mun-
Para saber mais
dial sobre Educação Para Todos (Conferência de Jomtien, Tailândia) e o Plano de Ação para Sa-
sobre os objetivos da tisfazer as Necessidades Básicas de Aprendizagem que promove a universalização do acesso à
Educação Inclusiva, educação.
através da Declaração
de Salamanca, acesse o 1994 - Declarações de Salamanca na Espanha - conferencia mundial sobre necessidades
site: http://portal.mec.
gov.br/seesp/arquivos/ educativas especiais, realizada pela UNESCO.
pdf/salamanca.pdf
1999 – Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
contra a Pessoa Portadora de Deficiência – Guatemala - condena qualquer descriminação, exclu- são
ou restrição por causa da deficiência que impeça o exercício dos direitos das pessoas com
deficiência, inclusive à educação.
2002 – Congresso Europeu de Pessoas com Deficiência - proclama 2003 o Ano Europeu das
Pessoas com Deficiência para conscientizar sobre os direitos de mais de 50 milhões de europeus
com deficiência.
2003 - Anos Europeus das Pessoas com Deficiência – estabelece oportunidades iguais e
acesso aos recursos da sociedade (educação inclusiva, novas tecnologias, serviços sociais e de
saúde, atividades esportivas e de lazer, bens e serviços ao consumidor).
2004 - Anos Iberos americano da Pessoa com Deficiência, proclamado na última reunião da
Cúpula dos Chefes de Estados dos Países ibero americanos, realizada na Bolívia, da qual o Brasil é
membro - define a questão da deficiência como prioridade, fortalecendo as instituições e as polí-
ticas públicas direcionadas à inclusão das pessoas com deficiência.
Carvalho (2001) enfatiza que a Consti- se coloca é de saber se a escola realmente foi
tuição Federal deixa bem clara a garantia de feita para acrescentar conhecimento e fizer
acesso à escola e à educação por parte de to- com que todos os alunos aprendam. Porém,
dos sem qualquer tipo de exclusão, seja ela de os alunos não são receptáculos vazios que irão
cor, raça, origem, idade ou deficiência. A Cons- ser preenchidos pelos conhecimentos
tituição Federal trata nos artigos 205 e seguin- transmitidos pelos professores (conceito em
tes, o direito de todos à educação. Esse direito que se apoiam os modelos psicopedagógicos
deve visar ao desenvolvimento da pessoa, seu hegemônicos: comportamentalismo / cons-
preparo para o exercício da cidadania e sua trutivismo), mas sim sujeitos que possuem ca-
qualificação para o trabalho em sua plenitude. pacidade própria e que possuem como todos
Portanto, quando a CF garante educação para os limites e potencialidades. O que a autora
todos, significa que é plural, em um mesmo sugere é uma inclusão como uma inovação na
ambiente, que deve ser o mais diversificado escola, uma forma de repensar suas bases, fa-
possível, pois só assim se é capaz de atingir o zendo com que os professores tomem novos
pleno desenvolvimento humano e preparar as posicionamentos e aperfeiçoem suas práticas.
pessoas para o exercício da cidadania. Ao longo da história educacional brasi-
De acordo com Mantoan (2003), a inclu- leira, muitas ações foram exercidas para que a
são não prevê a utilização de métodos e técni- educação para alunos com necessidades
cas de ensino específicas para esta ou aquela educacionais especiais fosse uma realidade. A
deficiência. Os alunos aprendem até o limite em seguir, relacionamos as leis e ações mais signi-
que conseguem chegar. Uma questão que ficativas sobre o assunto, no Brasil:
15
1854 - Instituto Benjamin Constant (IBC) fundado no Rio de Janeiro-RJ, com o nome de Im-
perial Instituto dos Meninos Cegos. Foi à primeira instituição de educação especial da América
Latina; ainda em funcionamento.
1857 - Institutos Nacionais de Educação de Surdos (INES) fundado no Rio de Janeiro-RJ, por
D. Pedro II - ainda em funcionamento.
1988 - Constituição Federal (Art. 208, III) - estabelece o direito das pessoas com necessida- des
especiais de receberem educação, preferencialmente na rede regular de ensino.
1989 - A Lei 7.853 cria a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de
Deficiência (CORDE) e dispõe sobre o apoio às pessoas com deficiência, sua integração social, ins-
titui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos das pessoas com deficiência, discipli- na
a atuação do Ministério Público, define crimes e dá outras providências.
1990 - Estatutos da Criança e do Adolescente (ECA, Lei 8.069). No Art. 53 assegura a todos o
direito à igualdade de condições para o acesso e permanência na escola e atendimento educa- cional
especializado, preferencialmente na rede regular de ensino.
1996 - Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96) - assegura aos alunos
com necessidades especiais currículos, métodos, recursos educativos e organização específicos para
atender às suas necessidades específicas.
1999 – O Decreto 3.298 regulamenta a Lei n.º 7.853/89 que trata da Política Nacional para
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência e estabelece a matrícula compulsória em cursos
regulares em escolas públicas e particulares de pessoas com deficiência.
2000 – Lei 10.098 - estabelecem normas gerais e critérios básicos para a promoção de aces-
sibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida mediante a eliminação de
barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e re-
forma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação.
2001 – Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica – este documento
endossa a necessidade de que todos os alunos possam aprender juntos em uma escola de quali-
dade.
2001 - Decreto 3.956, da Presidência da República do Brasil, que reconhece o texto da Con-
venção Interamericana para a “Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Pessoa
Portadora de Deficiência” (Convenção da Guatemala), reafirmando o direito de todas as pessoas
com deficiência à educação inclusiva.
2004 - O Decreto 5296 de 02 de dezembro que regulamenta as Leis 10.048, de oito de no-
vembro de 2000 e 10.098, de 19 de dezembro de 2000 que estabelecem normas gerais e critérios
básicos para a promoção da acessibilidade em vários âmbitos.
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Assim, Oliveria (2008) enfatiza que a política nacional para a Educação Especial está funda-
mentada em vários documentos legais, conforme citados acima e objetiva orientar o processo
global de educação das pessoas com Necessidades Educacionais Especiais - NEE, criando condi-
ções apropriadas ao desenvolvimento de suas potencialidades.
Para aplicar tal princípio, no campo jurídico, uma das principais preocupações é se alcançar a
justiça. Essa não é uma tarefa simples, pois o grande dilema é saber em qual hipótese dever-se tratar
igualmente o igual e desigualmente o desigual, o que pode configurar, em certos casos, uma
conduta discriminatória.
Para Carvalho (2001) a doutrina e jurisprudência existentes oferecem como solução o impe-
rativo de tratamento igual para todos, admitindo-se os tratamentos diferenciados apenas como
exceção e desde que eles tenham um fundamento razoável para sua adoção. Mas infelizmente,
mesmo com estes aprimoramentos, a história da humanidade é prova inequívoca de que eles não
foram suficientes, pois as situações de exclusão de direitos ainda são muito graves. Nesse ce- nário,
segundo Oliveira (2008), mesmo havendo a constante garantia nas Constituições em geral em
relação à igualdade, como é o caso do Brasil, passou a surgir convenções e tratados interna- cionais
reafirmando o direito de todos os seres humanos à igualdade e dando especial ênfase à proibição
de discriminação em virtude de raça, sexo, religião e deficiência.
Significativos avanços puderam ser percebidos a partir daí, com tais documentos, pois ofe-
recem alternativas para a solução do dilema relacionado à aplicação eficaz do princípio da igual-
dade. Devido a eles, não precisamos mais nos ater, quase exclusivamente, à análise das razões e
proporcionalidade de determinado tratamento diferenciado. Assim, para saber se um tratamento
diferenciado é válido ou é uma forma de discriminação, basta que apliquemos os seguintes crité-
rios que foram extraídos, em sua maioria, de tratados e convenções internacionais já ratificados
pelo Brasil:
a. Necessidade de identificação do fator adotado como motivo da diferenciação.
b. Não admissão de tratamentos desiguais, com base direta ou indireta em atributos subje- tivos
do ser humano (raça, sexo, religião, crença, deficiência, língua, opinião política, ori- gem
nacional, filiação, entre outros), que tenham por objetivo ou resultado a anulação, o PARA SABER MAiS
impedimento, o prejuízo ou a restrição do reconhecimento, gozo ou exercício de direitos
Como a escola pode se
humanos e liberdades fundamentais. preparar para receber
c. Admissão de exceções a essa regra, desde que possam ser identificadas objetivamente, pois um aluno com defici-
dizem respeito apenas à interdição, em caso de pessoas com deficiência e à proteção do ência?
direito à vida, cabendo, ainda, nesse último caso, a análise da razão da medida.
d. Possibilidade de adoção de medidas especiais (discriminação positiva), desde que não se-
jam relacionadas à religião ou crença e que visem à facilitação do gozo ou exercício do
direito, e não a sua negação.
e. Necessidade de que tais medidas sejam razoáveis, ou proporcionais; que não impliquem
manutenção de direitos separados; que a pessoa interessada, ou seu responsável, não es- teja
obrigado a aceitar tal tratamento diferenciado ou mesmo a preferência e que eventu- ais
medidas afirmativas sejam temporárias.
Dessa forma, os juristas, sempre que se depara com alguma forma de tratamento diferen-
ciado, se valem de critérios semelhantes a esses, mais ou menos completos, para saber se estão
diante de um tratamento discriminatório. Eles fazem isso com frequência em relação a tratamen-
tos diferenciados que dizem respeito, por exemplo, à forma de remuneração de servidores públi-
cos, a quotas em vestibulares, entre outros.
Portanto, conforme enfatiza Morina (2008), discutir um tratamento diferenciado para a Edu-
cação Especial ou para o Atendimento Educacional Especializado para pessoas com deficiência
17
implica levar em conta até que ponto esse tipo de tratamento diferenciado é válido perante nos- so
ordenamento jurídico; implica também encarar um verdadeiro desafio, uma vez que o simples fato
de se referir a pessoa com deficiência e seu direito à educação, faz com que surja de ime- diato, a
noção de que é uma diferenciação mais que válida, necessária, de tão acostumados que todos estão
a identificar tais pessoas como titulares de um ensino especial.
Os conhecimentos teóricos, segundo Oliveira (2008), apesar de sua importância e relevân-
cia são insuficientes, quando confrontados com as exigências do processo ensino-aprendizagem.
Assim, a qualidade dos recursos humanos e do espaço físico de aprendizagem contribuirá e mui-
to para que o ambiente da escola seja propício a um ensino eficaz. O espaço tem que ser acessí-
vel, é preciso que as pessoas com deficiência, inclusive aquelas que usam cadeira de rodas, pos-
sam usar o mobiliário (cadeiras, mesas, balcões, bebedouros, quadros de avisos, equipamentos
etc.), se movimentar por todo o edifício (entrada principal, salas de aula, sanitários, pátios, qua-
dras, parques, bibliotecas, laboratórios, lanchonetes, etc.) e pela vizinhança.
Dessa forma, o entorno da escola, o percurso que o aluno faz para chegar à escola, as ruas, o
meio de transporte utilizado pelo aluno, enfim, tudo se constitui em aspectos importantíssi- mos
para a acessibilidade. Perceber se há guias rebaixadas para pessoas em cadeira de rodas, tra- vessia
de pedestres sinalizada, semáforos sonoros para cegos, pontos de ônibus que permitam o embarque
seguro e calçadas conservadas e livres de canteiros de flores, postes, caixas de correio, orelhões e
bancas de jornal mal posicionado. Muitas vezes nem percebemos, mas estes obstácu- los podem
representar uma verdadeira “olimpíada” para as pessoas com deficiência.
Analisando tais situações, percebemos que isto é o ideal e nossa realidade está muito longe
de atingi-lo. No entanto, não significa que devemos desistir de buscar o que for o possível para o
aluno. Até porque, de acordo com Sassaki (2003), num ambientes onde pessoas em cadeiras de
rodas ou pessoas cegas e surdas circulam de maneira autônoma e segura, todos se beneficiam
porque se locomovem com menos esforço e mais conforto.
O MEC disponibiliza os aspectos facilitadores da acessibilidade. Confira os pontos mais sig-
nificativos (BRASIL, 2004):
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• cartões de autorização para que terceiros retirem e devolvam livros;
• assistentes para acesso ao acervo;
• assistentes para leitura (ledores de livros para cegos);
• lupas ou lentes de aumento;
• intérprete de Língua Brasileira de Sinais;
• salas de vídeo com televisores com sistema de legendas ocultas para seus usuários surdos.
A maioria dos novos modelos de TV já sai de fábrica com esse dispositivo de acionamento
opcional chamado “closed caption”, através do qual tudo o que é dito aparece legendado na
tela. Porém, ainda não são todas as emissoras de TV que oferecem o serviço de legendagem
em sua programação.
Sabemos que muitas escolas infelizmente não têm bibliotecas ou salas de leitura, mas ou- tras
têm. É importante que o professor fique atento sobre a importância que a leitura tem para a
criança com deficiência e, sempre que possível, estimule a comunidade escolar, a Associação de
Pais e Mestres ou a Biblioteca Pública da cidade a se adaptar para acolher a criança e o jovem com
deficiência.
A comunicação visual existente nas escolas deve ser compreendida por pessoas com todos
os tipos de deficiência. Os quadros de avisos e placas de sinalização e orientação de usuários de-
vem ter textos curtos, com letras grandes, acompanhados de símbolos e devem ser colocados no
nível dos olhos de uma pessoa em cadeira de rodas. Devem ser instalados sinais de alerta com
luz para avisar os usuários surdos sobre eventuais emergências.
Não deve haver barreiras arquitetônicas que possam dificultar o acesso de alunos usuários de
cadeiras de rodas ou com locomoção reduzida (degraus, areia fofa em todo o solo, desníveis de um
brinquedo para outro, etc.). O ideal é que todos os brinquedos sejam acessíveis a todas as crianças;
no entanto, existem poucos brinquedos desse tipo no mercado. Uma maneira de con- tornar esse
problema é capacitar pessoas para ajudar crianças com deficiência a usarem com se- gurança os
brinquedos existentes.
A fabricação de assentos e mesas escolares no Brasil segue a Norma Técnica NBR 14007(1997),
da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). No entanto, essas mesas e ca- deiras escolares
não consideram a existência de estudantes com deficiência. Sendo assim, algu- mas adaptações são
necessárias para facilitar o uso por alunos com deficiência:
• Mesas para usuários de cadeira de rodas: devem ser mais altas para o encaixe da cadeira de
rodas.
• Apoio para os pés: é importante o aluno ter apoio para os pés quando estiver sentado, para
garantir um bom posicionamento e não escorregar da cadeira. Um caixote que mantenha
um ângulo de 90º de flexão no quadril e nos joelhos pode ser a solução.
• Cadeiras: pode-se serrar ou aumentar a altura das pernas das cadeiras, para que fiquem de
acordo com a altura da criança. Encostos e assentos adicionais, como almofadas, podem ser
combinados, se necessário, com apoio de pés. Podem ser colocados cintos que facilitem a
posição ereta ou evitem que o aluno escorregue ou caia para os lados. Estes cintos podem ser
horizontais, em X e/ou que saiam dentre as pernas, para manter o quadril posicionado.
• Armários: as prateleiras mais baixas devem ser reservadas para os alunos em cadeira de rodas.
• Pátios: devem estar livres de degraus e demais obstáculos à circulação de pessoas em ca- deira
de rodas. O corredor de acesso, se houver, deve respeitar a largura de uma cadeira de rodas
para facilitar a mobilidade e evitar acidentes.
• Banheiros acessíveis: não existem especificações para a construção e adaptação de banhei- ros
infantis no Brasil. Mas alguns critérios da NBR 9050[1] podem ser adotados nos banhei- ros
escolares infantis, tais como: largura de portas, tipos de maçanetas, puxadores e tornei- ras,
tipos de espelhos, local e tipo de pia, tamanho do Box acessível etc.
19
1.2.2 Quem ganha com a inclusão de crianças com deficiência?
Segundo Carvalho (2001), vários estudos e experiências realizados no Brasil e no mundo de-
monstram que a Educação Inclusiva é benéfica para todos os envolvidos; afinal, os alunos com
deficiência aprendem:
• melhor e mais rapidamente, pois encontram modelos positivos nos colegas;
• podem contar com a ajuda e também podem ajudar os colegas;
• a lidar com suas dificuldades e a conviver com as demais crianças;
• os alunos sem deficiência aprendem:
• a lidar com as diferenças individuais;
• a respeitar os limites do outro;
• a partilhar processos de aprendizagem.
Conforme Vygotsky (1987), que também estudou o tema das necessidades educativas es-
peciais, do mesmo modo que a criança, em cada etapa do desenvolvimento, em cada fase sua,
representa uma peculiaridade qualitativa, uma estrutura específica do organismo e da personali-
dade, a criança com deficiência representa um tipo peculiar, qualitativamente distinto de desen-
volvimento.
Assim, a responsabilidade educacional passa pelo respeito que devemos ter com os limites e
possibilidades de desenvolvimento de cada aluno, trazendo os recursos e as possibilidades ne-
cessários para que esse processo ocorra.
Referências
para Educação
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Direito à Educação: subsídios
Especial. Brasília, 2002.
para gestão de sistemas educacionais: orientações gerais e marcos legais, 2004.
______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB 9394. Brasília: Diário Oficial da
União, nº 248 de 20/12/1996.
21
DiCA
Complemente seus estudos sobre a Edu- cação Inclusiva. Visite o site http://coralx.
ufsm.br/revce/2007/02/ a5.htm e leia um texto intitulado: “Educação Inclusiva & Educação Especial:
propostas
que se complementam no conhecimento da escola aberta.”.
22
______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm . Acesso em: 13 Jan. 2011.
FERREIRA, A. B. de H.; NAJOS, M. dos; FERREIRA, M. B. ; FERREIRA, E. T.; MARQUES, J. C.; MOUTI-
NHO, S. R. O., Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Nova
Fronteira, 1986.
MANTOAN, M. T. E. Todas as crianças são bem - vindas á escola. São Paulo: UNICAMP, 2003.
Disponível em: <http//mp.m.gov.br/caops/caop-pd/doutrina/grupo educação inclusiva.pdf>.
Acesso em: 21 jan. 2011.
______. Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Inclusão. In: OLIVEIRA. E. G. de; SÁ, M. S. M..
Distúrbios de Conduta. Curitiba: IESDE Brasil S. A., 2008.
SASSAKI, R. K. inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 2003.
23
UNiDADE 2
As necessidades educacionais
especiais
Apresentamos a você a segunda unidade da disciplina Fundamentos da Educação Especial. Esta PARA SABER MAiS
unidade vem trabalhar os tipos de deficiências, as altas habilidades, além de propor um es- tudo
Qual o significado da
sobre os alunos que apresentam dificuldades acentuadas de aprendizagem. Por isso mes- mo, a
palavra “deficiência”?
relação entre o estudo dos textos e o seu conhecimento a respeito das necessidades edu- cacionais
especiais geradas a partir das deficiências é fundamental. Assim sendo, destacamos a importância Segundo a Organiza-
da reflexão sobre aspectos importantes das deficiências, assim como a descoberta de veredas para a ção Mundial de Saúde,
inclusão de tais pessoas na escola, bem como na sociedade em geral. Quando pen- samos em quem são deficiência é o substan-
tivo atribuído a toda a
as pessoas com deficiência, imediatamente pensamos naquilo que as tornam diferentes das demais, isto
perda ou anormalidade
é, obviamente, a própria deficiência. É, portanto, a partir do conceito que a deficiência tem para nós que de uma estrutura ou
vamos nos posicionar frente às pessoas com deficiência. função psicológica, fi-
Nesta unidade, os nossos objetivos são: siológica ou anatômica.
• Analisar as concepções das deficiências, conhecendo suas características básicas. Refere-se, portanto, à
biologia do ser huma-
• Identificar aspectos importantes sobre as condutas típicas, bem como suas implicações no
no. (OLIVEIRA (2008)
processo ensino-aprendizagem.
• Conhecer a superdotação, identificando técnicas de percepção das capacidades e talentos
dos alunos.
Na discussão sobre aspectos relevantes das deficiências, condutas típicas e altas habilidades
esperaram oferecer subsídios para sua formação e incentivá-lo (a) a aplicar o conteúdo aprendi- do
em sua prática pedagógica. Figura 4: A escola
acessível a todos.
Fonte: Disponível em:
http://www.noticiasdei-
2.1 As deficiências
tauna.com.br/wp-content/
uploads/2010/11/Escola-
-acessivel.jpg . Acesso em
21/01/2011.
▼
Segundo Oliveira (2008), todos nós, pro-
fessores, sabemos da perplexidade e da pre-
ocupação que sentimos ao lidar, na sala de aula,
com a diversidade de características de
comportamento e de aprendizagem. Mas e
quando essas diferenças são consideradas
“anormais”? Ora, a deficiência é tão antiga
quanto à humanidade. Ao longo dos tempos,
desde a pré-história até hoje, as pessoas sem-
pre tiveram que decidir qual atitude adotar em
relação aos membros mais vulneráveis da co-
munidade que precisavam de ajuda para obter
alimento, abrigo e segurança, como as crian-
ças, os velhos e as pessoas com deficiência.
Primeiramente, na era pré-cristã, tendia-
-se negligenciar e maltratar os deficientes. Num
segundo estágio, com a difusão do cris-
tianismo, passou-se a protegê-los e a compa-
decer-se deles. Num terceiro período, nos sé-
culos XVIII e XIX, foram fundadas instituições
para oferecer-lhes uma educação à parte.
Finalmente, na última parte do século XX, ob-
serva-se um movimento que tende a aceitar as
pessoas deficientes e a integrá-las, tanto quan-
to possível (BUENO, 1993, p.55).
24
PARA SABER MAiS Quando pensamos em quem são as pessoas com deficiência, imediatamente pensamos na-
O que é deficiência?
quilo que as tornam diferentes das demais, isto é, obviamente, a própria deficiência. É, portanto, a
Quem são as pessoas partir do conceito que a deficiência tem para nós que vamos nos posicionar frente às pessoas com
com deficiência, na deficiência. Segundo Oliveira (2008), se você considerar a deficiência como algo negativo,
nossa sociedade? provavelmente vai sentir pena de uma pessoa com deficiência. Mas, você pode pensar diferen- te
se considerar a deficiência como uma característica como outra qualquer e considerar que as
dificuldades que ela enfrenta são resultados do ambiente despreparado para recebê-la. A tecno-
logia moderna é uma prova de que isto é verdade. Uma pessoa com deficiência pode não conse-
guir subir uma escada, mas, se houver um elevador ou uma rampa, ela vai estar em pé de igual- dade
com as outras pessoas, não é mesmo?
◄ Figura 5: Na escola
inclusiva não existem
classes especiais.
Fonte:http://1.
bp.blogspot.com/_
GBOYKo9LqVQ/S_xUOl-
nAQZI/AAAAAAAAALY/-
-VFf5faLUEM/s1600/
eds006.jpg. Acesso em
20/01/2011.
PARA SABER MAiS Oliveira (2008) define o conceito de deficiência física como alteração completa ou parcial
dos membros superiores (braços) e/ou inferiores (pernas), acarretando o comprometimento da
Quais são os tipos de
deficiência que você função física. Existem ainda cinco categorias de deficiência física: monoplegia, hemiplegia, para-
conhece? plegia, tetraplegia e amputações.
Ter uma deficiência física não significa ter um rebaixamento intelectual. Muitas pessoas fa- zem
esta confusão. É importante saber fazer esta diferença para não ignorar o potencial desses alunos.
Geralmente, com algumas adaptações eles conseguiram acompanhar os colegas com ha- bilidades
muitas vezes surpreendentes.
23
◄ Figura 6: As
possibilidades do
Deficiente Físico.
Fonte: Disponível
em:http://4.bp.blogspot.
com/_ibydEMYBJ6E/
S7H8s3Qd20I/AAAAAA-
AAAa4/npOo56Rmb8s/
s1600/01.gif. Acesso em
21/01/20111.
Constitui-se como em uma perda parcial ou total das possibilidades auditivas sonoras, va-
riando em graus e níveis, desde perda leve até a perda total da audição, sendo que no ultimo
caso pode-se trabalhar com os resíduos auditivos nas atividades educacionais, através do uso de
aparelhos auditivos, que amplificam o som da sala de aula. Existem ainda, duas modalidades de
surdez; parcial e severa. Assim, conforme Oliveira (2008), em caso de diagnóstico da surdez é im- Figura 7: Espaços
portante o professor saber a Linguagem de Sinais. adaptados: uma
realidade possível.
Fonte: http://www.
go2album.com/showAl-
2.1.3 Deficiência visual (DV) bum/257829/imagens-de-
-educao-especial
▼
Abrange desde a cegueira até a visão sub-
normal (ou baixa visão), que é uma diminui- ção
significativa da capacidade de enxergar, com
redução importante do campo visual e da
sensibilidade aos contrastes e limitação de
outras capacidades. Logo que a deficiência é
constatada, existem técnicas para trabalhar o
resíduo visual nas atividades educacionais, na
vida cotidiana e no lazer, usando auxílios ópticos
(como óculos, lupas, etc.). As pessoas com baixa
visão distinguem vultos, claridade, ou objetos a
pouca distância. A visão se apre- senta
embaçada, diminuída, restrita em seu campo
visual ou prejudicada de algum modo. Segundo
Oliveira (2008), é importante que o professor
conheça o sistema Braille de leitura e escrita,
que se constitui de pontos em alto-
-relevo combinados, para os DV.
25
2.1.4 Deficiência mental (DM)
2.1.5 Surdocegueira
Segundo Santo (2008), a surda cegueira é uma deficiência única que apresenta as deficiên- cias
PARA SABER MAiS auditiva e visual juntas, em diferentes graus. A pessoa surda cega pode desenvolver diferen- tes
Como se comunicar formas de comunicação para entender e interagir com as pessoas, com o meio ambiente e ter
com as pessoas surdas acesso a informações e a uma vida social com qualidade. Para sua autonomia, a pessoa surda cega
cegas? precisa de um guia-intérprete para sua orientação e mobilidade, educação e trabalho.
A surda cegueira não significa, necessariamente, que a pessoa seja totalmente cega ou sur- da.
Podem existir resíduos visuais (baixa visão) e resíduos auditivos funcionais, suficientes para escutar
uma conversação, especialmente quando é usado um aparelho auditivo. No entanto, os surdos
cegos se comunicam rapidamente e com muita eficiência usando esses sistemas.
De acordo com Ribeiro (2008), existem duas formas de classificar a surda cegueira:
• Surdo cego pré-linguístico: crianças que nascem surdas e cegas ou adquirem a surdo- ce-
gueira nos primeiros anos de vida, antes da aquisição de uma língua;
• Surdo cego pós-linguístico: crianças, jovens ou adultos que apresentam uma deficiência
sensorial primária (auditiva ou visual) e adquire a outra após a aquisição de uma língua (Por-
tuguês ou Língua de sinais), ou quando ocorre a aquisição do surdo- cegueira sem outros
precedentes.
26
Figura 8: Todas as
crianças são especiais.
Fonte: Disponível em:
http://3.bp.blogspot.
com/_BUOEwBrs3dU/
SOgiPpaid6I/AAAAAAAA-
ADs/yRKm74GKPHU/s320/
mundo.jpg. Acesso em
23/02/2011
►
27
embora obviamente não abranja todos os pa- das citadas por Stainback & Stainback (1999)
drões comportamentais denominados condu- como as mais comumente encontradas no co-
tas típicas, apresentaremos, a seguir, algumas tidiano da escola.
Segundo Oliveira (2008), o tratamento desta conduta típica é mais complicado que a do
TDAH, descrito anteriormente, mas utiliza-se medicação, psicoterapia (embora esta seja dificul-
tada pelos distúrbios comunicacionais) e a orientação à família e à escola, para lidarem melhor
com estas crianças.
2.2.2 Impulsividade
28
2.2.3 Alheamento
Segundo Oliveira (2008) muitos dos comportamentos dos alunos provavelmente já foram
conhecidos no contexto familiar; na maioria das vezes, os familiares, até então, “viraram-se” como
puderam, tentando administrar, nos meandros do cotidiano doméstico, a convivência com o pro-
blema. É importante que o professor, ao observar esse tipo de comportamento, registre, descre-
vendo objetivamente como ele se caracteriza. Oliveira (2008) nos apresenta, abaixo, uma síntese
das características gerais das condutas típicas:
• Não existe um padrão único de comportamento denominado conduta típica. É grande a va-
riedade de comportamentos englobados sob esse rótulo;
• Seus determinantes são variados, podendo ser de natureza biológica, psicológica, compor-
tamental e/ou social;
• Os indicadores que facilitam sua identificação e a avaliação do grau de severidade são:
Seus efeitos, caso o problema não seja abordado, geralmente são destrutivos para o desen-
volvimento e aprendizagem do aluno, bem como para seu desenvolvimento e integração social.
Exemplos de condutas típicas mais comumente encontradas nas salas de aula são: desatenção,
dificuldade de concentração, hiperatividade, autismo, impulsividade, alheamento, agressividade
29
física, agressividade verbal, desamparo. Assim sendo, a prática compreensiva e acolhedora da es-
cola – o que não significa ser excessivamente tolerante ou abrir mão dos limites necessários à
educação – em relação ás condutas típicas são essenciais.
Segundo Carvalho (2001), discriminar, castigar e rotular, em nada ajudarão esses alunos,
normalmente inseguros, frágeis e assustados com as repercussões dos seus comportamentos. Ao
observar tais comportamentos do aluno, é importante que o professor descreva em que mo- mentos
eles são apresentados, com que frequência, quais as consequências para o aluno e para os demais
alunos da classe, que estratégias de intervenção já foram tentadas, qual foi o resultado de tais
intervenções, dentre outras informações.
Outro ponto importante é que a escola deve contar com as informações fornecidas pela fa-
mília para melhor compreender os comportamentos do aluno e o seu processo de aprendiza- gem.
Tais informações, segundo Carvalho (2001), devem ser discutidas com os profissionais da equipe
técnica, com a direção da unidade escolar e todos os procedimentos regulares devem ser explorados
antes de se encaminhar o aluno para atendimentos outros, na comunidade. É nessa instância,
finalmente, que se deve decidir, em comum acordo com a família, sobre o encaminha- mento do
aluno e, às vezes, até sugerir aos familiares que procurem outros profissionais especia- lizados, para
que possam fazer uma avaliação mais detalhada do problema e nortear os atendi- mentos
especializados necessários, bem como orientar o professor. Nesse momento, efetiva-se, então, a
presença de uma equipe multidisciplinar. Ela é considerada multidisciplinar porque con- ta com
profissionais que dominam diferentes áreas do conhecimento e, que assim, podem con- tribuir com
informações diversas e valiosas para o alcance de uma compreensão mais ampla e profunda acerca
da natureza do problema e de que ações são necessárias para auxiliar no desen- volvimento do
aluno.
Segundo Oliveira (2008), embora não exista um “modelo de currículo ideal”, aplicável a to-
das as condutas típicas, podemos destacar algumas dicas que podem ser úteis ao professor, as
quais se referem a adaptações organizativas que podem auxiliar em sala de aula.
1. È importante que o professor estabeleça claramente, com os alunos, os limites necessários para
a convivência num coletivo complexo.
2. É fundamental que seja identificada a forma mais adequada de comunicação para cada aluno,
de forma a permitir que ele trabalhe com compreensão, com prazer e com a maior autonomia
possível.
3. É importante que o ensino seja individualizado, quando necessário, norteado por um Pla-
no de Ensino que reconheça as necessidades educacionais especiais do aluno e a elas res-
ponda pedagogicamente.
4. É importante que o aluno possa, sempre que possível, relacionar o que está aprendendo
na escola, com as situações de sua própria vida.
5. É importante, também, que as atividades acadêmicas ocorram em um ambiente que por
si só, tenha significado e estabilidade para o aluno.
6. A previsibilidade de ações e de acontecimentos pode diminuir em muito a ansiedade do
aluno que apresenta comportamentos não adaptativos. Assim, é importante que o pro-
fessor estruture o uso do tempo, do espaço, dos materiais e a realização das atividades, de
forma a diminuir ao máximo o caos que um ambiente complexo pode representar para esse
aluno. Além das providências organizativas, o professor que recebe em sua classe um aluno
que apresenta esses comportamentais pode ter, como necessário, fazer adaptações em
três áreas:
• Programas voltados para o comportamento de sala de aula.
• Programas voltados para o ensino de habilidades de convivência social.
• Programas voltados para a educação acadêmica.
Abaixo, listamos alguns cuidados básicos a serem adotados pelo professor, no processo de
buscar formas eficientes de gerenciar seu ensino em salas de aula.
• Discutir sempre com a equipe técnica a busca de estratégias que sejam efetivas e realistas
para o caso em questão:
• Pedir ajuda as profissionais da equipe técnica sempre que necessitar de apoio, ou se sentir
inseguro.
• Cooperar com os pais, usando na sala de aula os mesmos procedimentos recomendados pelos
31
2.3 Capacidades e talentos:
conhecendo a superdotação
Segundo Delou (2008), trabalhar com alunos com altas habilidades requer, antes de tudo,
derrubar dois mitos. Primeiro: esses estudantes, também chamados de superdotados, não são
gênios com capacidades raras em tudo - só apresentam mais facilidade do que a maioria em de-
terminadas áreas. Segundo: o fato de eles terem raciocínio rápido não diminui o trabalho do pro-
fessor. Ao contrário, eles precisam de mais estímulo para manter o interesse pela escola e desen-
volver seu talento - senão, podem até se evadir. A Organização Mundial de Saúde (OMS) calcula
que pelo menos 5% da população tem algum tipo de alta habilidade. No Brasil, até o ano pas-
sado, haviam sido identificados 2,5 mil jovens e crianças assim. Para dar um atendimento mais
qualificado a esse público, o Ministério da Educação (MEC) criou em 2005 Núcleos de Atividades
de Altas Habilidades/Superdotação em todos os estados. Apesar de ainda pouco estruturados,
esses órgãos têm o papel de auxiliar as escolas quando elas reconhecem alunos com esse perfil
em suas salas de aula.
▲
Figura 10: Todos os
alunos precisam de No Distrito Federal, tal serviço existe desde 1976 - razão pela qual a identificação de jovens com
atenção especial. altas habilidades, embora ainda pequena, seja a maior do país.
Fonte: Disponível em: Assim como os estudantes diagnosticados com algum tipo de deficiência, os que têm altas
http://4.bp.blogspot. habilidades precisam de uma flexibilização da aula para que suas necessidades particulares se-
com/_IkOTQcvdLV8/S_
MPaUTJR-I/ jam atendidas, o que os coloca como parte do grupo que tem de ser incluído na rede regular de
AAAAAAAAAAM/7-ms6_ ensino.
N7a5A/s1600/especial.jpg.
Acesso em 21/01/2011.
De acordo com Delou (2008), o superdotado pode ter qualquer perfil, do mais ba- gunceiro
ao braço direito da professora, passando pelo tímido. O que o torna diferen- te é a
habilidade acima da média em uma área específica do conhecimento. Isso pode ter razões
genéticas ou ter sido moldado pelo ambiente em que o aluno vive. Raramen- te, os
superdotados têm múltiplas habilidades. Portanto, uma boa pista para encontrá-
-los é reparar no desempenho e no interesse muito maior por um determinado assunto. É
importante que o professor desconfie de estudantes com vocabulário avançado, perfeccionis- tas,
contestadores, sensíveis a temas mais abordados por adultos e que não gostem de rotina. O
Ministério da Educação montou um formulário com 24 frases que ajudam a identificar estudan-
32
tes assim. Se você reconhece um de seus alunos como possível superdotado, procure o Núcleo
de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação na Secretaria de Educação de seu estado.
Os núcleos têm a obrigação de indicar uma psicopedagoga para avaliar se a criança ou o
jovem têm mesmo uma alta habilidade - e encaminhá-lo ao programa oficial de estímulo, com
atividade extraclasse e orientações para o professor e a família. Instituições não governamentais
também apoiam professores e familiares que procuram ajuda para desenvolver talentos. O traba-
lho requer estratégias diversificadas e apoio externo.
Segundo Delou (2008), especialistas ressaltam que nem sempre esses alunos são os mais
comportados e explicam que as altas habilidades são divididas em seis grandes blocos:
a. Capacidade intelectual geral
Crianças e jovens assim têm grande rapidez no pensamento, compreensão e memória ele- DiCA
vada, alta capacidade de desenvolver o pensamento abstrato, muita curiosidade intelectual e um Leia o texto de Elizabet
excepcional poder de observação. Dias de Sá, “Educação
b. Aptidão acadêmica específica Inclusiva no Brasil:
sonho ou realidade?”
Nesse caso, a diferença está em: concentração e motivação por uma ou mais disciplinas, capaci- e descubra alguns
dade de produção acadêmica, alta pontuação em testes e desempenho excepcional na escola. obstáculos reais sobre
c. Pensamento Criativo as altas habilidades/
Aqui se destacam originalidade de pensamento, imaginação, capacidade de resolver proble- superdotação. O texto
mas ou perceber tópicos de forma diferente e inovadora. encontra-se disponível
no site:<http://banco-
d. Capacidade de Liderança deescola.com/palestra.
Alunos com sensibilidade interpessoal, atitude cooperativa, capacidade de resolver situa- htm
ções sociais complexas, poder de persuasão e de influência no grupo.
e. Talento Especial para Artes
Alto desempenho em artes plásticas, musicais, dramáticas, literárias ou cênicas, facilidade para
expressar ideias visualmente, sensibilidade ao ritmo musical.
f. Capacidade Psicomotora
33
2.3.3 Como identificar a superdotação?
Vamos reservar alguns minutos para listar os nomes dos alunos que logo nos vêm à mente
quando lemos as descrições abaixo? Utilizemos essa lista (preparada pelo MEC) como uma “asso-
ciação livre” e de forma rápida. É provável que encontremos mais do que um estudante em cada
item. Quem exibir consistentemente vários dos comportamentos tem fortes chances de apresen-
tar altas habilidades:
1. Aprende fácil e rapidamente.
2. É original, imaginativo, criativo, não convencional.
3. Esta sempre bem informados, inclusive em áreas não comuns.
4. Pensa de forma incomum para resolver problemas.
5. É persistente, independente, auto direcionado (faz coisa sem que seja mandado).
6. Persuasivo, é capaz de influenciar os outros.
7. Mostra senso comum e pode não tolerar tolices.
8. Inquisitivo e cético, está sempre curioso sobre o como e o porquê das coisas.
9. Adapta-se com bastante rapidez a novas situações e a novos ambientes.
10. É esperto ao fazer coisas com materiais comuns.
11. Têm muitas habilidades nas artes (música dança desenho etc.).
12. Entende a importância da natureza (tempo, Lua, Sol, estrelas, solo etc.).
13. Tem vocabulário excepcional, é verbalmente fluente.
14. prende facilmente novas línguas.
15. Trabalhadores independentes.
16. Tem bom julgamento, é lógico.
17. È flexível e aberto.
18. È versátil, pois têm múltiplos interesses, alguns deles acima da idade cronológica.
19. Mostra sacadas e percepções incomuns.
20. Demonstra alto nível de sensibilidade e empatia com os outros.
21. Apresenta excelente senso de humor.
22. Resiste à rotina e à repetição.
23. Expressa ideias e reações, frequentemente de forma argumentativa.
24. É sensível à verdade e à honra.
É importante que o professor dê atenção aos distúrbios de conduta ou condutas típicas, pois
estes facilmente se confundem com problemas disciplinares. Eles não podem, no entan- to,
receber tratamento punitivo, que só contribui para agravá-los. Segundo Oliveira (2008), o
professor não pode trabalhar sozinho. Ele tem, sim, que fazer a sua parte, que é perceber
o problema, observá-lo, descrevê-lo, descrever as contingências que o cercam, discutir com os
profissionais da equipe técnica, com o diretor da unidade, acompanhar os procedimentos de
encaminhamento para profissionais especializados, buscar estratégias pedagógicas diver-
sificadas, implementá-las, monitorar seu efeito, reajustar sua prática pedagógica, buscando
orientação e o suporte dos profissionais especializados. Mas ele precisa, essencialmente, do
suporte institucional sistemático, formal e regularmente a ele disponibilizado na unidade es-
colar e no sistema mais amplo de ensino, onde seu trabalho se efetiva.
34
Referências
BUENO, J.G.S. Educação Especial Brasileira. Integração/Segregação do Aluno Diferente. São
Paulo: Educação, 1993.
______. Inclusão Escolar: desafios. In: Seminário internacional Sociedade inclusiva, 1999, Belo
Horizonte: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Anais. 2001.
ESTEBAN, M. T. Repensando o fracasso escolar. Cadernos CEDES. v. 28, p. 75-86. Campinas: Pa-
pirus, 1992.
______. Todas as crianças são bem - vindas á escola. São Paulo: UNICAMP, 2003. Disponível em:
<http//mp.m.gov.br/caops/caop-pd/doutrina/grupo educação inclusiva.pdf>. Acesso em: 21 jan.
2011.
______. Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Inclusão. In: OLIVEIRA. E. G. de; SÁ, M. S. M..
Distúrbios de Conduta. Curitiba: IESDE Brasil S. A., 2008.
RIBEIRO, Marília de Fátima C. Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Inclusão. In: Libras: Lín-
gua Materna do Surdo Brasileiro. Curitiba: IESDE Brasil S. A. , 2008.
SASSAKI, R. K. inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 2003.
35
UNiDADE 3
Diversidade - Um novo olhar para
a educação
Introdução
os Desafios...
O século XXI avança com desafios visíveis: os novos contornos geopolíticos, a globali- zação,
a justiça social, o multiculturalismo, a inclusão dos excluídos. Do mesmo modo estão postos os
desafios com a educação inclusiva. Enfrentar os mitos, as barreiras e os preconcei- tos é
enfrentar as resistências que retardaram o atendimento aos alunos com necessidades
educacionais especiais na sociedade brasileira. Sabemos que a Política Nacional de Educação
Especial dá prioridade para o atendimento de todas as pessoas com deficiência mental, visu- al,
auditiva, física, e múltipla, além daqueles que apresentam condutas típicas e superdotação na
rede de ensino comum. Para isso, foi feita, pela Secretaria de Educação Especial do MEC, uma
caracterização que orienta o trabalho com os diferentes tipos de deficiência. Para que as ações
em torno desse trabalho aconteçam de forma coerente e sistemática, é fundamen- tal reiterar
o estímulo a uma disposição humanitária. Segundo Sassaki (2003), essa disposição inclui abraçar
condutas e debates que enfoquem os conceitos inclusivistas como autonomia, independência,
equiparação de oportunidades, inclusão social, modelo social da deficiência, rejeição zero e vida
independente.
Bom estudo!
37
3.1 Integração versus Inclusão:
preparando-se para novos
debates
Para você, qual a diferença entre inclusão e integração?
DiCA Sassaki (2003), assistente social e consultor de reabilitação, em seu livro “Inclusão: construin-
do uma sociedade para todos”, considera a inclusão e integração como formas de inserção social,
A educação inclusiva
apóia os deficien-
mas mostra que são conceitos distintos. Até os anos setenta do século passado, a escola seguia o
tes numa educação modelo da Integração, ou seja, aceitava somente os alunos que tivessem condições de acompa-
especial. A Educação nhar os métodos de ensino e o ritmo de aprendizagem da maioria dos alunos.
Especial é o ramo da Dessa forma, considerava-se que a deficiência era um problema que estava na pessoa e,
Educação, que se ocupa portanto, era a pessoa que precisava ser modificada (habilitada, reabilitada, educada) para tor- nar-
do atendimento e da
educação de pessoas
se apta a satisfazer os padrões aceitos no meio social (família, escola, emprego, ambiente). Quem
deficientes, ou seja, de não estivesse pronto para ingressar imediatamente na escola, precisava ser “preparado”, por uma
pessoas com necessi- classe especial ou Escola Especial, até ser considerado aceitável.
dades educativas espe-
ciais. (Oliveira,2008)
Segundo Sassaki (2003) a partir dos anos oitenta, esse modelo começou a ser questionado. Já
nos anos noventa, estava consolidado o novo conceito proposto: o da Inclusão. Por esse mo- delo,
a deficiência não é um problema da pessoa, mas, sim, o resultado da incapacidade da so- ciedade
em atender às necessidades dessa mesma pessoa. Portanto, pelo modelo da inclusão, é a
sociedade (escolas, empresas, programas, serviços, ambientes físicos etc.) que precisa se tornar
capaz de acolher todas as pessoas.
38
Você deve ter ouvido muita gente falar que a Educação Inclusiva é uma ilusão e que ela nunca
vai funcionar. Você deve ter ouvido muitos professores dizendo que uma boa classe especial ou Esco-
la Especial é melhor para as pessoas com deficiência do que uma Escola Inclusiva ruim.
39
O que você pode dizer a essas pessoas é manidade. O homem desconfia e tem medo de DiCA
que esse é um falso dilema. As pessoas com tudo o que é diferente dele mesmo, do “outro”.
Assista ao Filme: ” O
deficiência têm direito a uma educação de O “outro” inspira receio, temor, insegu-
Corcunda De Notre
qualidade e inclusiva. As duas coisas não são e rança. Esses sentimentos eram importantes no Dame” neste filme você
não podem ser consideradas excludentes. Esse tempo das cavernas, quando os homens eram poderá verificar que a
é um direito intransferível de todas as crianças e poucos e lutavam bravamente para sobrevi- ver questão da discrimi-
ninguém pode negar isso a elas. em um ambiente hostil. Certamente, essa nação não é algo novo,
mas sim que esta ocor-
Marchesi (2004), pesquisador da educa- característica foi selecionada evolutivamente
re desde os tempos
ção de crianças surdas, entende que “a inte- porque ajudava na sobrevivência da espécie. mais antigos.
gração é o processo que permite aos alunos que E o homem moderno, de acordo com
habitualmente foram escolarizados fora das Oliveira; Sá (2008), ainda é biologicamente o
escolas regulares, serem educados nelas. A mesmo daqueles tempos. Diante do diferente,
reflexão situa-se agora nas mudanças que é do desconhecido, é normal adotar atitudes de-
preciso fazer nas escolas regulares e na provi- fensivas ou de ataque, que se expressam pelo PARA SABER MAiS
são de recursos para que os alunos com NEE preconceito, pela discriminação, pelas palavras O que é a educação
recebam nelas um ensino satisfatório.” ofensivas ou por atos violentos. A partir do re- inclusiva?
Segundo Mantoan
Segundo Sassaki (2003), a Sociedade conhecimento de que temos preconceitos, é
(2001) a educação in-
para Todos está em processo de construção. mais fácil mudar nosso comportamento e per- clusiva é uma ação edu-
Hoje, vivemos um momento de transição en- ceber que existem muito mais coisas que nos cacional humanística,
tre modelos e ideias, por isso ainda estamos unem do que coisas que nos separam. As pes- democrática, amorosa,
convivendo com classes especiais e Escolas Es- soas com deficiência são pessoas como nós: têm mas não piedosa que
percebe o sujeito em
peciais. Mas, a Escola Inclusiva e o modelo da sonhos, medos, esperança, raiva... Chegue perto
sua singularidade e que
Inclusão vieram para ficar porque se baseiam delas e você vai comprovar isso. Por que as tem como objetivos o
em conceitos teóricos e práticos desenvolvi- pessoas com deficiência quase não são vis- tas crescimento, a satisfa-
dos pelos melhores educadores em todo o nas ruas? ção pessoal e a inserção
mundo e refletem o nosso momento histórico. Sassaki (2003) afirma que desde a década social de todos.
Portanto, esse momento de transição é de 80, a Organização das Nações Unidas (ONU)
inevitável porque adotar um novo modelo estima que 10% da população de todo país, A palavra incluir
nunca é fácil. Um modelo de pensamento é em tempo de paz, são constituídos por pesso- significa abranger,
uma espécie de filtro através do qual o mun- as com algum tipo de deficiência. Já o Censo compreender, somar e
do pode ser interpretado. Isto significa que, ao Demográfico de 2000 apontou que 14,5% da é nisso que devemos
pensar quando falamos
analisarmos um modelo, não o fazemos ape- população brasileira têm alguma deficiência,
em inclusão de pessoas
nas racionalmente, mas, também, e, sobretu- ou seja, este é um contingente formado por com deficiência. È
do, o fazemos emocionalmente. O modelo da mais de 24 milhões de pessoas. No entanto, as trazer para perto, dar
Inclusão exige que abandonemos preconcei- pessoas com deficiência, ainda hoje, quase a ela o direito de ter as
tos e estereótipos em relação à Educação e às não são vistas nas ruas, nos ônibus, nas esco- mesmas experiências,
é aceitar o diferente e
pessoas com deficiência. las, nos cinemas, nos restaurantes, e raramen-
também aprender com
Sabemos que é difícil mudar nossas opini- te aparecem na televisão, na política etc. Por ele...
ões, ideias e valores. Temos dúvidas e pergun- que isso acontece?
tas, e muitas vezes não sabemos como fazer de Basicamente, essa “invisibilidade” é o re-
forma diferente. Este estudo vem justa- mente sultado de um círculo vicioso: não vemos pes-
tentar abrir o leque das reflexões. soas com deficiência nas ruas porque a maio- ria
Pense: Por que temos preconceitos? dos ambientes não é acessível e a maioria dos
É normal ter preconceito. O preconceito faz ambientes não é acessível porque quase não
parte da natureza humana, desde o início da hu- vemos pessoas com deficiência nas ruas.
38
transformações não somente de pensamentos, mas também de atitudes e perpassa
41
PARA SABER MAiS todos os níveis da educação. É importante se rância e o respeito ao próximo, seja ele quem
Sabemos que a CONS-
discutir esse assunto, pois a inclusão é um di- for. Existem muitos motivos para que uma
TIUIÇÃO FEDERAL de reito garantido por lei a todas as pessoas com criança com necessidades educacionais espe-
1988 garante o acesso algum tipo de deficiência e incluir crianças de- ciais possa ter uma oportunidade de frequen-
ao Ensino Fundamen- ficientes mais do que cumprir uma lei é permi- tar uma escola de ensino regular.
tal Regular a todas as tir que ela se insira na sociedade em que mais Cada vez mais pesquisas têm sido publi-
crianças e adolescen-
tes, sem exceção, de
tarde precisará conviver, é não deixá-la alie- cadas e o conhecimento sobre as capacidades
preferência dentro da nada e despreparada para uma realidade que dessas crianças e o potencial de serem incluí-
escola. também é sua. dos com sucesso tem aumentado. Além dis- so,
A inclusão ganhou re- Assim, o nosso propósito é trazer à dis- a inclusão traz benefícios tanto acadêmi- cos
forços com a LDB (Lei cussão um assunto que é de interesse de to- quanto sociais. A inclusão bem-sucedida não
de Diretrizes de Bases
da educação Nacional) dos, já que uma parcela considerável da so- acontece automaticamente, a atitude da escola
de 1996 e com a Con- ciedade sofre com algum tipo de deficiência e como um todo é um fator significativo nesse
venção da Guatemala, ninguém está totalmente livre de passar por processo. Muitos professores vão achar a idéia
de 2001. Assim sendo, esse problema. O principal motivo das crian- de incluir tais alunos em suas salas pre-
manter crianças com al- ças irem para escola é que vão encontrar um ocupantes, e vão ficar apreensivos no começo,
gum tipo de deficiência
fora do ensino regular é
espaço democrático, onde poderão compar- porém Esteban (1992) destaca que pesquisas
considerado exclusão, tilhar o conhecimento e a experiência com o demonstram: a maioria dos professores tem
e crime. diferente. ferramentas necessárias para garantir o suces-
A inclusão faz parte de um grande movi- so dos mesmos.
mento pela melhoria do ensino e, o primeiro Existem limitações que os deficientes
passo, para que isso de fato aconteça é olhan- precisam enfrentar, mas essas limitações se
do a educação com outros olhos. É preciso tornam mais simples para se conviver, quando
entender que a inclusão não é apenas para as pessoas que vivem ao lado deles aceitam a
crianças receberem atendimento especializa- do sua deficiência como algo diferente, mas na-
para deficientes, mas sim para todos os ex- tural. A criança com necessidades especiais
cluídos ou discriminados, para as minorias. O inclusa na escola de ensino regular tem gran-
atendimento educacional especializado deve ser des chances de melhor se desenvolver porque
visto como um complemento da escolari- zação esse ambiente para ela certamente será mais
e não um substituto. desafiador, do que para os outros alunos sem
deficiência, e é isso que vai servir de estimulo
para que ela se desenvolva.
E comum ser individualista, principalmen-
te quando o assunto é deficiência. Geralmente
as pessoas só se dão conta de que estão dire- ta
ou indiretamente excluindo o deficiente da sua
convivência, quando se deparam com o
problema dentro da sua casa ou família. Mui- tos
pais se desesperam ao saber que seu filho tem
algum tipo de deficiência, principalmen- te por
não saber como agir em uma situação como
essa, mas esse problema poderia ser amenizado
se vivêssemos em uma sociedade mais
consciente e preocupada com o próximo, pois
uma das preocupações mais comuns de pais de
crianças com deficiência são as discri- minações
e exclusões que seu filho poderá so- frer por
▲ causa da sua deficiência.
Figura 12: A Educação Especial No Sistema A criança com necessidades educacionais
Educacional Brasileiro. especiais aprende num ritmo diferente das
Fonte: Disponível em: http://www.planetaeducacao.
com.br/novo/imagens/artigos/vozprofessor/Logo-Edu-
outras, mas isso não significa que ela não vai
cacao-Inclusiva_02.jpg. Acesso em 23/01/2011. aprender e sim que ela necessita de mais es-
tímulos do que as outras crianças para chegar à
Quando se pensa que tipo de benefícios a aprendizagem. Falar sobre inclusão hoje em dia
inclusão pode gerar, surge sempre o pensa- é muito comum, mas é preciso que haja mais do
mento de que as pessoas com deficiência têm que meros discursos, é necessário antes de tudo
mais chances de se desenvolver, mas na verdade uma mudança de pensamento da sociedade em
todos ganham com a inclusão, pois aprendemos relação a esse problema; as escolas precisam
todos os dias a exercitar a tole- mudar sua postura de querer
40
jogar toda a responsabilidade para as insti- de ensino trará benefícios a essas pequenas PARA SABER MAiS
tuições de educação especial; os educadores cidadãs que aprenderão desde cedo a serem Como está a política de
devem se preparar mesmo que não haja autônomas, independentes e a saberem vi- ver formação para profes-
nenhum aluno com deficiência em sua tur- em sociedade e esse direito não deve ser de sores de alunos com
ma; os pais devem ensinar aos seus filhos o maneira alguma negado a elas. Em relação aos necessidades educacio-
respeito ao próximo seja ele quem for e como educadores, a maior conquista na inclusão está nais especiais?
for; e a sociedade deve cobrar dos órgãos em conseguir garantir a todos o direito à
competentes ações que proporcionem a educação.
inclusão. Se a escola prepara seus alunos para o
Embora a idéia de ter uma sociedade mais futuro, ela não pode ficar parada no tempo.
consciente e com direitos iguais para to- dos Deve que evoluir junto e dar a todos o mesmo
pareça uma utopia, estamos caminhando preparo, aceitar a diversidade evita a exclusão e
devagar, mas aos poucos se pode ir alcançan- do contribuir para o sucesso dos alunos. A filo- sofia
os objetivos. Estamos passando por um da inclusão, por sua vez, precisa ser inter-
processo de conscientização, e isso leva tem- po; pretada, divulgada e planejada corretamente, a
mudar o status quo exige comprometimen- to e fim de produzir resultados adequados. Nes- te
esse comprometimento deve ser de toda a sentido toda campanha de esclarecimento
sociedade a fim de que todos se beneficiem por sobre a educação inclusiva, levada a efeito pe-
igual. A inclusão de crianças com necessi- dades los setores público e privados junto à socieda-
educacionais especiais na rede regular de, muito contribuirá para torná-la realidade.
cação inclusiva, é
3.3.1 Políticas de Formação de Professores para a Educação Especial relevante realizar um
estudo sobre o contexto
político, econômico, social
A preocupação com a inclusão escolar tem preocupado as instituições, seja as de ensino re-
que
gular como especial. Pode-se dizer que esta preocupação se coloca como uma questão relevante
nas políticas educacionais oficiais e como um dos fatores fundamentais que influenciam a quali-
dade do ensino. Conforme sabemos, é uma tentativa de tornar possível a inclusão apregoada no
discurso, mas ainda bastante difícil de ser realizada eficientemente na prática. Contamos atual-
mente com uma vasta bibliografia sobre a área da educação especial, teses, dissertações, livros,
revistas, que abordam as diversas deficiências, no entanto, sob o ponto de vista da formação do
professor, apesar de orientações legais nesse sentido, parece haver certa indecisão quanto à real
efetivação na sua prática e principalmente uma enorme carência de materiais que tratam dessa
especificidade. Neste sentido, buscamos analisar a política de formação de professores por meio
dos documentos que versam sobre o assunto, tais como: Declaração de Salamanca (1994) e linha de
ação sobre necessidades educativas especiais, Lei de Diretrizes e Bases – LDB 9394/96, capítu- lo V,
art. 59, a Resolução 02/2001 que institui as Diretrizes Curriculares para a Educação Especial na
Educação Básica, art. 18, parágrafo 1º, e as Propostas de Diretrizes Curriculares para os Cursos de
Educação Especial – “A Formação do Professor para Educação Especial” – MEC/SEESP 2002.
Considerando-se que a formação do professor se coloca como um dos fatores fundamentais
que influenciam a qualidade do ensino, que esta é fundamental na definição dos rumos da edu-
41
DiCA
Assista aos DVDs da TV ESCOLA que tratam da inclusão. Disponível em www.mec.gov.br
40
Ciências Biológicas - Fundamentos e Metodologia da Educação Especial
tem influenciado a formação de professores para a educação especial. Tal formação, segundo Oli-
veira (2008), “deve ser de qualidade e focalizar aspectos como: o que é aprendizagem e desenvol-
vimento, o que é ensinar, qual o papel da escola, além das questões específicas das necessidades
educativas especiais e do seu atendimento. Nesse sentido, deve ser voltada para a reflexão sobre as
concepções que referenciam as práticas pedagógicas.”
Todavia, mesmo havendo uma ampla legislação sobre as políticas de educação inclusiva e
atualmente diretrizes nacionais para a formação de professores nesta área, como mencionado,
existem vários obstáculos que impedem a efetivação de uma política de formação de professo-
res para a educação especial. Afinal, a preparação do professor é um dos elementos que tanto
facilitaram quanto retardaram a penetração da educação especial no início do século XX nos Es-
tados Unidos, como também, pode-se dizer, vem acontecendo no Brasil. Pensar numa política
de formação de professores para a educação especial que se efetive na prática torna-se cada vez
mais preocupante, considerando-se que o Brasil, através do senso 2000 – OMS, teve o percentual
de pessoas com deficiência aumentado de 10% para l4,5%. Assim, é urgente e necessário que a
formação de professores para tal público seja incluída nas prioridades governamentais.
Assim sendo, podemos dizer que a qualidade da formação de professores para a Educação
Especial reside no movimento de “desconstrução” do modelo educacional excludente, com ên-
fase na investigação e no questionamento suscitado pela articulação entre teoria e prática, cujo
movimento ação-reflexão-ação traduz-se em transformação que avança na direção de melhores
formas de compreensão do fenômeno educacional e da busca de soluções para os problemas
encontrados no cotidiano escolar, marcado pela imprevisibilidade, pelo múltiplo, pelo plural.
Segundo Rosa (2008) é importante verificarmos como a educação vem sendo submetida a
novos parâmetros e como é necessária a revisão de nossas práticas pedagógicas no redimensio-
namento de nossas ações. Assim sendo, devemos reconhecer que o contato e o convívio, formal
e informal, entre os diversos alunos, com e sem deficiências, é um meio para que os comporta-
mentos típicos de cada um e/ou de cada deficiência se normalizem. É uma oportunidade para
a construção de relações afetivas, que podem vir a revelar-se, ao longo dos anos, como um su-
porte emocional fundamental na construção da personalidade dos alunos com deficiência. Faz
com que ganhem forças para superar modificações sociais, geralmente mais autônomas e diver-
42 sificadas. Por sua vez, os alunos ditos “normais” poderão desenvolver uma maior capacidade da
aceitação da diferença. 41
3.4.2 Suporte social e instrução
O quadro da diversidade, que se apresenta, exige que a escola apresente respostas diferen- tes,
considerando que é ela quem pode responder à necessidade educativa de seus alunos. Nes- se
sentido, segundo Carvalho (2008), é preciso mudar a escola e o ensino nela ministrado. Assim, uma
boa organização na sala de aula exige a presença de regras claras, quer no que diz respeito ao
comportamento, quer na forma de execução das tarefas e atividades de aprendizagem. No entanto,
todo esse processo de organização e funcionamento deve passar pelo respeito mútuo, pela
aceitação e compreensão das necessidades do outro, por um processo aberto e dinâmico de
negociação onde o aluno se sente responsável e participante.
A escola inclusiva, aberta a todos, conforme Rosa (2008) será o grande desafio da educação
durante os próximos anos. Logo, a implementação da inclusão escolar não deve ignorar o funcio-
namento das famílias com crianças deficientes. O fato de crianças com necessidades educativas
especiais frequentarem uma escola regular é uma fonte geradora de stress.
43
Logo, mudar a escola tornando-a mais receptiva à diferença (mais inclusiva) é di- fícil.
Se esta não se ajustar às expectativas e necessidades das famílias e dos alu- nos será
um fator/fonte considerável de stress e violência para o aluno e para a família. O aumento
do stress familiar, motivado pela decisão da criança com deficiência frequentar uma escola regular,
parece resultar de vários fatores, tais como:
• do confronto diário com a diferença entre os seus filhos e as crianças ditas “normais”;
• do sentimento de discriminação;
• das dificuldades encontradas na adaptação social e escolar dos seus filhos;
• do receio da integração levar à perda de outros serviços prestados à criança e à família; do
receio de colocarem os seus filhos num envolvimento que consideram “não preparado” para
recebê-los e onde estarão “menos protegidos”.
A diversidade de apoios sociais, formais e informais, parecem reduzir o stress familiar. Segun-
do Carvalho (2008), uma investigação mostrou que as famílias que apresentam menos stress são as
que recebem ajudas em vários níveis. Os parentes e amigos podem desempenhar um papel
fundamental no alargamento das relações sociais das famílias com crianças deficientes. Também os
profissionais são um apoio importante com que as famílias deverão contar.
A Escola Inclusiva é peça-chave para que o Brasil dê conta de sua responsabilidade junto
aos organismos internacionais tanto quanto às metas do Congresso Mundial da Tailândia, como
para as contidas na Declaração de Salamanca. Muito há que se fazer para que tenhamos êxito na
concretização deste novo paradigma educacional. “Uma escola para todos e para cada um” é um
grande objetivo a cumprir para a inclusão. Uma escola que acolhe as diferenças, que colabora,
que convive, será um bom princípio para combater a exclusão social. Dividir a escola em termos
de alunos “normais” e alunos “deficientes” não é certamente um princípio inclusivo e o objetivo
pretendido.
Não resta dúvida de que o século XXI será rico em debates sobre questões que possam as-
segurar a implantação e o desenvolvimento da Educação Inclusiva, numa perspectiva que se dê ao
longo da vida, que tenha qualidade e principalmente melhore nossa capacidade de vivermos juntos.
Assim sendo, acreditamos que o caminho para termos uma sociedade incluída será, pro-
vavelmente, aprofundar o estudo e a prática da Educação Inclusiva, apoiando pais, professores e
todos os alunos com dificuldades, dando-lhes uma educação de qualidade num ambiente comu-
nitário e diverso, contribuindo assim para a valorização das diferenças e, consequentemente, da
pessoa humana.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Direito à Educação: subsídios
para gestão de sistemas educacionais: orientações gerais e marcos legais, 2004.
CARVALHO, R. E. Educação inclusiva: com os pingos nos “is”. 5. ed. Porto Alegre: Mediação,
2008.
ESTEBAN, Maria Tereza. Repensando o fracasso escolar. Cadernos CEDES. v. 28, p. 75-86. Cam-
pinas: Papirus, 1992.
MANTOAN, M. T. E. Todas as crianças são bem - vindas á escola. São Paulo: UNICAMP, 2003. Dis-
ponível em: <http//mp.m.gov.br/caops/caop-pd/doutrina/grupo educação inclusiva.pdf>. Acesso
em: 21 Jan. 2011.
44
OLIVEIRA. Eloíza G. de.; SÁ, Márcia S. M. Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Inclusão. In:
Atitudes e Técnicas Facilitadoras da inclusão. Curitiba: IESDE Brasil S. A. , 2008.
SASSAKI, R. K. inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 2003
45
Resumo
Unidade 1
47
• Uma das características mais interessantes da Educação Inclusiva é que ela deve envolver
também as famílias e a comunidade. Isso significa que a Escola Inclusiva poderá beneficiar-
-se com parcerias com universidades, organizações não governamentais, escolas SENAI, APAE,
centros de reabilitação, entidades de pessoas com deficiência, associações de bairro,
associações comerciais locais etc.
• Essa rede de parceiros, que inclui a participação da família, será fundamental para a escola
conseguir os recursos humanos e materiais de que precisa para oferecer a melhor educação
para todos os seus alunos.
Unidade 2
Nesta unidade vimos as concepções das deficiências e suas características básicas. Discuti-
mos os aspectos importantes sobre as condutas típicas, bem como suas implicações no pro-
cesso ensino-aprendizagem.Conhecemos a superdotação, identificando técnicas de percepção
das capacidades e talentos dos alunos.
Vimos ainda que:
• Ao longo dos tempos, desde a préhistória até hoje, as pessoas sempre tiveram que decidir
sobre qual atitude adotar em relação aos membros mais vulneráveis da comunidade que
precisava de ajuda para obter alimento, abrigo e segurança, como as crianças, os velhos e as
pessoas com deficiência.
• Há alteração completa ou parcial dos membros superiores (braços) e/ou inferiores (pernas),
acarretando o comprometimento da função física.
• Ter uma deficiência física não significa ter um rebaixamento intelectual. Muitas pessoas fa- zem
esta confusão. É importante saber fazer esta diferença para não ignorar o potencial des- te
aluno.
• O termo “condutas típicas” se refere a uma variedade muito grande de comportamentos, o que
tem dificultado o alcance de consenso em torno de uma só definição.
• A criança hiperativa apresenta fundamentalmente uma inabilidade para controlar seu com-
portamento motor de acordo com as exigências nas diversas situações. Assim, apresenta
uma constante mobilidade e agitação motoras, o que também se torna grande empecilho
para seu envolvimento com uma determinada ação, ou tarefa.
• Há alunos que apresentam dificuldade em atender a estímulos relevantes de uma situação,
como por exemplo, olhar para a professora, quando esta está dando uma explicação, na sala
de aula.
• A criança impulsiva apresenta respostas praticamente instantâneas perante uma situação
estímulo, não parando para pensar, refletir, analisar a situação, para tomar uma decisão e en-
tão se manifestar, por meio de uma ação motora ou verbal. Geralmente, a hiperatividade e a
impulsividade encontram-se juntas, num mesmo padrão comportamental.
• Há crianças que se esquivam, ou mesmo se recusam terminantemente a manter contato
com outras pessoas, ou com qualquer outro aspecto do ambiente sócio-cultural no qual se
encontram inseridas.
• Trabalhar com alunos com altas habilidades requer, antes de tudo, derrubar dois mitos. Pri-
meiro: esses estudantes, também chamados de superdotados, não são gênios com capa-
cidades raras em tudo - só apresentam mais facilidade do que a maioria em determinadas
áreas. Segundo: o fato de eles terem raciocínio rápido não diminui o trabalho do professor. Ao
contrário, eles precisam de mais estímulo para manter o interesse pela escola e desenvol- ver
seu talento - se não, podem até se evadir.
Unidade 3
48
do, a escola seguia o modelo da Integração, ou seja, aceitava somente os alunos que tives-
sem condições de acompanhar os métodos de ensino e o ritmo de aprendizagem da maio-
ria dos alunos.
• A deficiência não é um problema da pessoa, mas o resultado da incapacidade da sociedade
em atender às necessidades dessa mesma pessoa.
• As pessoas com deficiência têm direito a uma educação de qualidade e inclusiva. As duas coisas
não são e não podem ser consideradas excludentes. Esse é um direito intransferível de todas
as crianças e ninguém pode negar isso a elas.
• É preciso entender que a inclusão não é apenas para crianças deficientes, mas para todos
os excluídos ou discriminados, para as minorias. O atendimento educacional espe- cializado
deve ser visto apenas como um complemento da escolarização e não um subs- tituto.
• A inclusão bem sucedida não acontece automaticamente, a atitude da escola como um todo
é um fator significativo nesse processo. Muitos professores vão achar a idéia de in- cluir tais
alunos, em suas salas, preocupante, e vão ficar apreensivos no começo, po- rém pesquisas
demonstram que a maioria dos professores tem ferramentas necessárias para garantir o
sucesso dos alunos
• A inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais na rede regular de en- sino
trará benefícios a esse pequeno cidadão que aprenderá desde cedo a ser autô- nomo,
independente e a saber viver em sociedade e esse direito não deve ser de maneira alguma
negado a ele.
• A formação de professores para a educação especial enfrenta, em nosso país, sérios desafios
decorrentes tanto do contexto problemático das reformas propostas para a formação de
professores em geral, quanto da própria história dessa área específica. No entanto, para que
esse processo possa ser efetivado, um dos elementos centrais a ser estudado é a formação de
professores para a educação especial.
• Atualmente, há uma vasta bibliografia sobre a área da educação especial, teses, disserta- ções,
livros, revistas, que abordam as diversas deficiências, no entanto, sob o ponto de vis- ta da
formação do professor, apesar de orientações legais nesse sentido, parece haver certa
indecisão quanto à real efetivação na sua prática e principalmente uma enorme carência de
materiais que tratam dessa especificidade.
• Considerando-se que a formação do professor se coloca como um dos fatores fundamentais
que influenciam a qualidade do ensino, que esta é fundamental na definição dos rumos da
educação inclusiva, é relevante realizar um estudo sobre o contexto político, econômico, so-
cial que têm influenciado a formação de professores para a educação especial
49
Referências
Básicas
SASSAKI, R. K. inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1997.
CARVALHO, E. R. A nova LDB e a Educação Especial. Rio de Janeiro: WVA, 1997. p. 142.
Complementares
______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB 9394. Brasília: Diário Oficial da
União, nº 248 de 20/12/1996.
______. Inclusão Escolar: desafios. In: Seminário internacional Sociedade inclusiva, 1999,
Belo Horizonte: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Anais. 2001.
______. Educação inclusiva: com os pingos nos “is”. 5. ed. Porto Alegre: Mediação, 2008.
ESTEBAN, M. T. Repensando o fracasso escolar. Cadernos CEDES. V. 28, p. 75-86. Campinas: Pa-
pirus, 1992.
FERREIRA, A. B. de H.; NAJOS, M. dos; FERREIRA, M. B. ; FERREIRA, E. T.; MARQUES, J. C.; MOUTI-
NHO, S. R. O., Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Nova
Fronteira, 1986.
MANTOAN, M. T. E. Todas as crianças são bem - vindas á escola. São Paulo: UNICAMP, 2003. Dis-
ponível em: <http//mp.m.gov.br/caops/caop-pd/doutrina/grupo educação inclusiva.pdf>. Acesso
______. Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Inclusão. In: OLIVEIRA. E. G. de; SÁ, M. S. M..
Distúrbios de Conduta. Curitiba: IESDE Brasil S. A., 2008.
RIBEIRO, Marília de Fátima C. Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Inclusão. In: Libras: Lín-
gua Materna do Surdo Brasileiro. Curitiba: IESDE Brasil S. A. , 2008.
SASSAKI, R. K. inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 2003.
Suplementares
______. Removendo Barreiras para a Aprendizagem: Educação Inclusiva. Porto Alegre: Me-
diação, 2000.
DELOU, C. M. C.; BUENO, J. G. S. O que Vygotsky pensava sobre a genialidade. Revista da Facul-
dade de Educação PUC, Campinas, n.11, p. 97-99, nov. 2001.
MARCHESI, Álvaro. A educação da criança surda na escola integradora. IN: COLL, César; PALÁ- CIOS,
Jesus; MARCHESI, Álvaro. Desenvolvimento Psicológico e Educação: necessidades edu-
cativas especiais e aprendizagem escolar. Rio de Janeiro: Artmed, 1997.v.3.
STAINBACK, S.; STAINBACK, W. inclusão: um guia para educadores. Porto Alegre: Artmed, 1999.
52
Atividades de
Aprendizagem – AA
1) Até os anos setenta do século passado, a escola seguia o modelo da Integração, ou seja, acei-
tava somente os alunos que tivessem condições de acompanhar os métodos de ensino e o ritmo
de aprendizagem da maioria dos alunos. Nas alternativas abaixo, marque aquela que NÃo cor-
responde ao modelo da Integração, neste período:
a) ( ) A deficiência era um problema que estava na pessoa e, portanto, era a pessoa que preci- sava
ser modificada (habilitada, reabilitada, educada) para tornar-se apta a satisfazer os padrões aceitos
no meio social (família, escola, emprego, ambiente).
b) ( ) Quem não estivesse pronto para ingressar imediatamente na escola, precisava ser “prepa-
rado”, por uma classe especial ou Escola Especial, até ser considerado aceitável.
2) A partir dos anos oitenta, o modelo de integração começou a ser questionado. Já nos anos
noventa estava consolidado o novo conceito proposto: o da Inclusão. Podemos dizer que as al-
ternativas abaixo trazem características da inclusão, EXCETO:
a) ( ) A sociedade (escolas, empresas, programas, serviços, ambientes físicos etc.) é que precisa se
tornar capaz de acolher todas as pessoas.
b) ( ) É uma ação educacional humanística, democrática, amorosa mas não piedosa, que perce- be
o sujeito em sua singularidade e que tem como objetivos o crescimento, a satisfação pessoal e a
inserção social de todos.
c) ( ) Incluir significa abranger, compreender, somar e é nisso que deve se pensar quando se fala
em inclusão de pessoas com deficiência; é trazer para perto, dar a ela o direito de ter as
mesmas experiências, é aceitar o diferente e também aprender com ele.
3) É normal ter preconceito. O preconceito faz parte da natureza humana, desde o início da hu-
manidade. O homem desconfia e tem medo de tudo o que é diferente dele mesmo, do “outro”.
Analise as alternativas abaixo e marque aquela que apresenta situações de preconceito:
a) ( ) As pessoas com deficiência quase não saem às ruas porque a maioria dos ambientes não é
acessível a elas.
b) ( ) As escolas estão se adaptando para receber alunos com necessidades educacionais espe- ciais;
muitas estão construindo rampas de acesso para os cadeirantes.
c) ( ) Os alunos surdos já dispõem de uma intérprete de LIBRAS nas escolas para facilitar a co-
municação.
53
4) A escola é um canal de mudança, portanto a inclusão de crianças com necessidades espe- ciais
na rede regular de ensino pode ser um começo para outras transformações não somente de
pensamentos, mas também de atitudes e perpassa todos os níveis da educação. Analisando as
afirmativas abaixo sobre a inclusão, marque V para as verdadeiras e F para as falsas:
a) ( ) A inclusão é um direito garantido por lei a todas as pessoas com algum tipo de deficiência e
incluir uma criança deficiente, mais do que cumprir uma lei, é permitir que ela se insira na so-
ciedade em que mais tarde precisará conviver; é não deixá-la alienada e despreparada para uma
realidade que também é sua.
b) ( ) A inclusão faz parte de um grande movimento pela melhoria do ensino, e o primeiro passo
para que isso de fato aconteça é olhar a educação com outros olhos.
c) ( ) O principal motivo das crianças irem para escola é que vão encontrar um espaço de- mocrático,
onde poderão compartilhar o conhecimento e a experiência com o diferente.
d) ( ) A inclusão é um assunto que deve ser de interesse de todos, já que uma parcela con- siderável
da sociedade sofre com algum tipo de deficiência e ninguém está totalmente livre de passar por esse
problema.
a) ( ) a inclusão não é apenas para crianças deficientes, mas para todos os excluídos ou dis-
criminados, para as minorias.
b) ( ) o atendimento educacional especializado deve ser visto apenas como um comple- mento
da escolarização e não um substituto.
c) ( ) a inclusão bem sucedida não acontece automaticamente, a atitude da escola como um todo
é um fator significativo nesse processo.
d) ( ) existem muitos motivos para que uma criança com necessidades educacionais especiais
possa ter uma oportunidade de frequentar uma escola de ensino regular. Cada vez mais pesqui-
sas têm sido publicadas e o conhecimento sobre as capacidades dessas crianças e o potencial de
serem incluídos com sucesso tem aumentado. Além disso, a inclusão traz benefícios tanto acadê-
micos quanto sociais.
6) Sobre o ritmo de aprendizagem dos alunos com necessidades educacionais especiais, pode-
mos dizer que:
a) ( ) A criança com necessidades educacionais especiais aprende num ritmo diferente das outras
crianças, mas isso não significa que ela não vá aprender, e sim que ela necessita de mais estímulos
do que as outras crianças para chegar à aprendizagem.
b) ( ) Os educadores devem se preparar para ensinar os alunos com necessidades especiais, mesmo
que não haja nenhum aluno com deficiência em sua turma.
c) ( ) Os pais devem ensinar aos seus filhos o respeito ao próximo, seja ele quem for e como
for.
d) ( )A sociedade deve cobrar dos órgãos competentes ações que proporcionem a inclusão.
7) A formação de professores para a educação especial enfrenta, em nosso país, sérios desafios
decorrentes tanto do contexto problemático das reformas propostas para a formação de profes-
sores em geral, quanto da própria história dessa área específica. Com base na formação de pro-
fessores para a Educação Especial e Inclusiva, marque a alternativa iNCoRRETA:
54
a) ( ) Inúmeras são as barreiras que impedem que a política de inclusão que surgiu mais pre-
cisamente na década de 90 no Brasil se torne realidade na prática cotidiana das nossas escolas.
Historicamente, o processo de educação inclusiva vem sendo gradativamente implementado nas
escolas de ensino regular. No entanto, para que esse processo possa ser efetivado, um dos
elementos centrais a ser estudado é a formação de professores para a educação especial.
c) ( ) Mesmo havendo uma ampla legislação sobre as políticas de educação inclusiva e atual- mente
diretrizes nacionais para a formação de professores nesta área, existem vários obstáculos que
impedem a efetivação de uma política de formação de professores para a educação espe- cial.
d) ( ) Pensar numa política de formação de professores para a educação especial que se efetive na
prática torna-se cada vez mais preocupante, considerando-se que o Brasil através do senso 2000 –
OMS, teve o percentual de pessoas com deficiência aumentado de 10% para l4,5%. Assim, é urgente
e necessário que a formação de professores para tal público seja incluída nas priorida- des
governamentais.
8) Será que a escola regular é mesmo o melhor caminho para os alunos com necessidades edu-
cacionais especiais? Analise as afirmativas abaixo sobre este assunto e marque a INCORRETA:
b) ( ) Se a escola prepara seus alunos para o futuro, ela não pode ficar parada no tempo, tem que
evoluir junto com eles e dar a todos o mesmo preparo; aceitar a diversidade evita a inclusão e
contribui para o sucesso dos alunos, sejam eles deficientes ou não.
c) ( ) A ideia é que as crianças com necessidades educativas especiais sejam incluídas em esco-
las de ensino regular. O objetivo da inclusão demonstra uma evolução da
cultura ocidental, defendendo que nenhuma criança deve ser separada das outras
d) ( ) Existem muitos motivos para que uma criança com necessidades educacionais especiais
possa ter uma oportunidade de frequentar uma escola de ensino regular. Cada vez mais, pes-
quisas têm sido publicadas e o conhecimento sobre as capacidades dessas crianças e o potencial
de serem incluídos com sucesso têm aumentado.
9) Numere a 2ª coluna de acordo com a 1ª, observando os pontos relevantes que a escola regular
representa para os alunos com necessidades educacionais especiais:
1- O Suporte emocional
a)( ) Num envolvimento normal, as pessoas com deficiência podem ter um suporte social e/ ou
um suporte instruidor. A convivência com colegas, o apoio destes nas atividades da escola con-
tribuem para um suporte social. O suporte instruidor deriva da aprendizagem cooperativa, da
aprendizagem por imitação, etc.
b) ( ) É uma oportunidade para a construção de relações afetivas que podem vir a revelar-se, ao
longo dos anos, como um suporte emocional fundamental na construção da personalidade dos
alunos com deficiência.
55
c) ( ) A implementação da inclusão escolar não deve ignorar o funcionamento das famílias com
crianças deficientes. O fato de crianças com necessidades educativas especiais frequentarem
uma escola regular é uma fonte geradora de stress. Os parentes e amigos podem desempenhar
um papel fundamental no alargamento das relações sociais das famílias com crianças deficien-
tes. Também os profissionais são um apoio importante com que as famílias deverão contar.
d)( ) Uma boa organização na sala de aula exige a presença de regras claras, quer no que respei- ta
ao comportamento, quer na forma de execução das tarefas e atividades de aprendizagem. No
entanto, todo esse processo de organização e funcionamento deve passar pelo respeito mútuo, pela
aceitação e compreensão das necessidades do outro, por um processo aberto e dinâmico de
negociação onde o aluno se sente responsável e participante.
b) A escola regular é a melhor opção para os alunos com necessidades especiais? Por quê? Você
acredita que a inclusão já é uma realidade? Fundamente sua resposta.
56