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Ecologia e Educação

Ambiental para o
Ensino Fundamental
e Médio
Sônia Ribeiro Arrudas
Silma da Conceição Neves
Sônia Ribeiro Arrudas
Silma da Conceição Neves

Ecologia e Educação
Ambiental para o
Ensino Fundamental
e Médio

Montes Claros/MG - 2012


© - EDITORA UNIMONTES - 2012
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Chefe do Departamento de Artes


Maristela Cardoso Freitas
Autoras
Sônia Ribeiro Arrudas
Mestre em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos, pela
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG e graduada em Química pela
Universidade Federal de Viçosa - UFV. Professora da Universidade Estadual de
Montes Claros - Unimontes

Silma da Conceição Neves


Bacharel em Ciências Biológicas e mestranda em Ciências Biológicas - Biologia
e Conservação - pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes
Sumário
APRESENTAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

UNIDADE 1
Ecologia e Educação Ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.2 Panorama e histórico das questões ambientais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

UNIDADE 2
O que é educação ambiental? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

2.1 Histórico da educação ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

2.2 Conceitos, características e princípios da educação ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . 18

2.3 Conceitos básicos de educação ambiental formal e não formal . . . . . . . . . . . . . . . 20

2.4 A legislação brasileira e a educação ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

2.5 Correntes e tendências da educação ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

UNIDADE 3
Principais problemas ambientais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

3.1 Ciclos biogeoquímicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

3.2 Poluição ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

UNIDADE 4
Atividades de educação ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

4.1 Operacionalização das atividades de educação ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

4.2 Atividades de educação ambiental aplicadas ao ensino fundamental . . . . . . . . . 43

4.3 Atividades de educação ambiental aplicadas ao ensino médio . . . . . . . . . . . . . . . . 48

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

Anexo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Artes Visuais - Ecologia e Educação Ambiental para o Ensino Fundamental e Médio

APRESENTAÇÃO
Seja bem-vindo aos estudos dos conteúdos da disciplina de Ecologia e Educação Ambiental
para o Ensino Fundamental e Médio, do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Univer-
sidade Aberta do Brasil – UAB – Unimontes. Uma das grandes preocupações do mundo moderno
é a degradação ambiental, assim, como educadores, temos um papel fundamental nesse proces-
so, pois através da nossa prática pedagógica, devemos contribuir para educar, ambientalmente,
através da biologia. Neste volume, você encontrará referenciais teóricos acerca do debate relati-
vo à questão ambiental, inserção da educação ambiental no ensino formal e informal, as legisla-
ções e as orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs – sobre a Educação Ambien-
tal na educação brasileira, e uma breve discussão da construção do conhecimento pedagógico e
da sua utilização na formação dos nossos alunos, com ênfase na questão ambiental. Estaremos
aproveitando conceitos que você já trabalhou nas disciplinas que envolvem as questões de eco-
logia. No material, você encontrará, ainda, uma unidade especial de sugestões de atividades a
serem aplicadas na sala de aula com os seus futuros alunos. Conhecer essas atividades é muito
importante no dia a dia da prática escolar.
No quadro abaixo, você poderá conhecer a ementa da disciplina:
Estudo das propostas de ensino da Ecologia e de Educação Ambiental para o Ensino Fun-
damental e Médio. Análise de recursos e materiais para o ensino de Ecologia. Planejamento, ela-
boração, aplicação e avaliação de atividades e programas para o ensino da Ecologia no Ensino
Fundamental e Médio.
A fim de facilitar o entendimento, o conteúdo da disciplina foi dividido em 4 unidades. A
Primeira Unidade apresenta uma breve discussão sobre os problemas ambientais e a importân-
cia da educação ambiental nesse processo. A Segunda Unidade trata dos principais problemas
ambientais. A Terceira Unidade trata dos conceitos, características e histórico da educação am-
biental, apresentando o surgimento e a evolução do tema “educação ambiental”, além da apre-
sentação das correntes e tendências da educação ambiental. Por fim, a Quarta Unidade aborda
a operacionalização das atividades de educação ambiental e sugere diversas atividades práticas
da educação ambiental.

Boa leitura e bons estudos!


As autoras.

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Artes Visuais - Ecologia e Educação Ambiental para o Ensino Fundamental e Médio

UNIDADE 1
Ecologia e Educação Ambiental
Sônia Ribeiro Arrudas
Silma da Conceição Neves

1.1 Introdução
Ernest Haeckel, em 1870, definiu ecologia
como o conjunto de relações entre os animais e
o meio ambiente. Nos cadernos de Ecologia de
Populações, Comunidades e Ecossistemas você
pode explorar e conhecer a complexidade e be-
leza dessas diversas relações existentes no meio
biótico e abiótico. É importante, neste momen-
to, que possamos estabelecer uma ponte entre a
ecologia e a educação ambiental. Afinal, o que é
educação? E educação ambiental?
A sobrevivência dos seres humanos, historica-
mente, sempre foi dependente do uso dos recursos
renováveis e não renováveis. No entanto, nas ulti-
mas décadas, com o aumento da população e a ace-
leração do desenvolvimento econômico, baseado
num modelo de uso intenso dos recursos naturais,
ocorreu uma série crescente de problemas ambien-
tais. Daí, a necessidade de discutir as relações am-
bientais e um novo modelo de desenvolvimento. ▲
O interesse pela preservação e a discussão sobre os problemas ambientais tiveram um gran- Figura 1: Educação e
Ecologia.
de crescimento nas últimas décadas. Os movimentos ambientalistas e a própria população, em
Fonte: Disponível em
geral, demonstram a preocupação e o despertar da consciência de que o modelo de desenvolvi- <http://advocaciaagro-
mento que não considera a preservação dos recursos naturais deve ser repensado. No entanto, ambiental.blogspot.
o conhecimento dessa questão não tem sido o bastante para reduzir os problemas ambientais. A com/ 2007/ 11/ educao-
-ambiental-x-legislao-
educação ambiental consiste em uma ferramenta de estudo das práticas educativas relacionadas -ambiental.html>.
à preservação do meio ambiente (UNESCO, 2007). Acesso em 07 de julho
A Carta das Responsabilidades Humanas foi apresentada em 2001, após seis anos de dis- de 2011.
cussão da rede internacional Aliança para um Mundo Responsável, Plural e Solidário, durante a
Assembléia Mundial dos Cidadãos, organizada pela Fundação Charles Léopold Mayer. Esse proje- DICAS
to surgiu para estimular um esforço internacional de renovação das reflexões a respeito das res- Caro acadêmico, para
ponsabilidades individuais e coletivas diante do futuro da humanidade e do planeta, além do iniciar, sugerimos a
leitura do artigo da
respeito aos direitos humanos e a conquista da paz. Para divulgação da Carta, foi criado o Comitê
revista Quaestio, Soro-
Internacional Facilitador. Neste sentido, espero que, com os nossos estudos, possamos compre- caba, SP, v. 12, p. 139-
ender o que está dito na Carta das Responsabilidades Humanas, 2002: “Os saberes e as práticas 153, nov. 2010: “Ciência
só fazem sentido quando compartilhados e usados em prol da solidariedade, da justiça e da cul- e Poesia em Diálogo:
tura da paz”. uma contribuição à
educação ambiental”.
Embora os problemas ambientais estejam na vivência do dia a dia das pessoas, a mudança
Disponível em:
de atitude de cada indivíduo e o desenvolvimento da consciência ambiental não são fatos co- <http://periodicos.
muns. Assim, o papel do professor na prática da educação ambiental, no ensino fundamental e uniso.br/index.php/
médio, é importante para o desenvolvimento de uma consciência de preservação, o que favo- quaestio/article/
rece a manutenção do equilíbrio dos ecossistemas e a preservação do planeta para as futuras view/196/196>. Utiliza-
remos este artigo como
gerações, uma vez que a escola consiste no ambiente adequado para fomentar essas discussões.
uma fonte de estímulo
Cabe salientar que, ao desenvolvermos um tema de tamanha importância, é necessário que o fa- para o estudo desta
çamos com paixão, como cita Anthony J. D’Angelo (Figura 1): “Desenvolva uma paixão por apren- disciplina.
der. Se você fizer isso, nunca deixará de crescer.”
11
UAB/Unimontes - 8º Período

1.2 Panorama e histórico das


questões ambientais
A crise ambiental pode ser atribuída a três A ocorrência da degradação ambiental e
elementos: crescimento populacional, deman- a preocupação com danos ao ambiente não
da por recursos naturais e poluição. Do equilí- são fatos apenas do mundo atual. Desde o sé-
brio desses três elementos (Figura 2) depende- culo I, há relatos de mau gerenciamento dos
rá o nível de qualidade de vida no planeta. recursos naturais, tais como erosão do solo
que se tornaram salinizados e alagadiços, em
Figura 2: Elementos ►
regiões agrícolas de Roma. McCormick (1992)
básicos da crise
ambiental. já dizia: “onde quer que surgisse o homem
Fonte: BRAGA, com suas ferramentas, a deformidade seguia
2005. seus passos. Sua pá e seu arado, sua sebe e
seu terreno sulcado eram abusos chocantes
contra a simplicidade e elegância da paisa-
gem”.
A Revolução Industrial, iniciada em me-
ados do século XVII na Inglaterra, reforçou a
crença da vantagem do crescimento econô-
mico, mesmo em detrimento do ambiente
(Figura 3). Tal crescimento é apontado como a
principal causa da degradação ambiental exis-
tente nos dias de hoje (ESPINOSA, 1993 apud
MARCATTO, 2002).

Figura 3: Revolução ►
Industrial.
Fonte: Disponível em <
http://www.oreconca-
vo.com.br/2011/07/06/
darevolucao-industrial-a-
-praca-da-juventude-as-
-cidades-como-espaco-
-de-socializacao/>.
Acesso em 07 de julho de
2011.

Após o advento da Revolução Industrial, buscando a internacionalização em 1913, com


com o desenvolvimento tecnológico e o au- a fundação da Comissão Consultiva para a Pro-
mento da população, os impactos ambientais teção Internacional da Natureza. No entanto, a
foram intensificados violentamente. No século internacionalização aconteceu, efetivamente,
XX, a preocupação com a situação do ambien- somente em 1949, com a Conferência Cientí-
te, ou ambientalismo, assumiu contornos va- fica da ONU sobre a Conservação e Utilização
riados, adaptando-se às mudanças da época e de Recursos.

12
Artes Visuais - Ecologia e Educação Ambiental para o Ensino Fundamental e Médio

Os anos 50 trouxeram a evidência de que enfatizando a condição de miséria dos países


embora a poluição pudesse ser invisível, os im- subdesenvolvidos. Em virtude dos impactos
pactos ambientais causados pela mesma eram causados pela globalização, foi realizada a
bastante perceptíveis. Em 1952, uma poluição Conferência das Nações Unidas sobre Meio
atmosférica, de origem industrial, provocou Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92), onde
muitas mortes em Londres. Em 1953, milhares os países participantes tomaram posições
de pessoas foram intoxicadas com mercúrio bastante diferentes: os países do norte ar-
na cidade japonesa de Minamata devido à po- gumentavam que os problemas ambientais
luição industrial (CZAPSKI, 1998). O acidente eram globais, sendo necessário compartilhar
com um reator nuclear, em 1957, na Grã-Breta- as responsabilidades entre todos os países;
nha, evidenciou um panorama onde o cresci- já os países do sul buscavam discutir sobre o
mento econômico era elevado. desenvolvimento necessário para atingirem
A primeira crítica, abordando os efei- níveis sócio-econômicos razoáveis. Dentre os
tos ecológicos do uso de insumos químicos e diversos documentos elaborados na ECO92,
despejo de resíduos industriais no ambiente, destaca-se: Carta da Terra, Agenda 21, Conven-
foi expressa no livro Primavera Silenciosa (Si- ção das Mudanças Climáticas e Convenção da
lent Spring), de Raquel Carson, publicado em Biodiversidade (CZAPSKI, 1998).
1962, cuja repercussão foi mundial. O Clube de No panorama atual, percebemos a ne-
Roma, no ano de 1968, publicou um relatório cessidade de um modelo de desenvolvimento
denominado "Os Limites do Crescimento", o sustentável. No Brasil, são recorrentes os cená-
qual trazia uma previsão pessimista do futu- rios de degradação ambiental. A maior parte
ro da humanidade, caso fossem mantidas as dos efluentes contaminantes que chegam aos
bases do modelo de exploração. Era a época cursos d’água é material orgânico, em forma
da Guerra Fria e a questão ambiental era tra- de águas residuárias domésticas, e efluentes
tada, mais do que nunca, como uma questão de indústrias e de processos de agricultura (Fi-
política (DIAS, 1998). Nos anos de 1970, outros gura 4). A contaminação fecal é um problema
autores ampliaram essas críticas ao modelo de comum a todos os países e contribui para os
produção como um todo. elevados índices de enfermidades.
A Organização das Nações Unidas, no ano A contaminação atmosférica é um dos Figura 4: Lançamento
de 1972, realizou, em Estocolmo, a Conferência principais problemas ambientais na maioria de esgoto a céu aberto.
das Nações Unidas sobre o Ambiente Huma- dos países, sendo necessárias medidas de con- Fonte: Disponível em
no, onde foi instituído o Programa das Nações trole dos níveis de emissão de dióxido de en- <http://naativasempre.
blogspot.com/2010/04/
Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Um xofre, partículas sólidas em suspensão, óxidos trabalho-de-geografia.
dos eventos mais importantes para a Educa- nitrogenados e óxidos de carbono, dentre ou- html>. Acesso em 07 de
ção Ambiental foi a Conferência Intergoverna- tros (Figura 5). julho de 2011.
mental de Educação Ambiental, que ocorreu ▼
no ano de 1977, em Tbilisi, na ex-União Sovié-
tica, onde foram determinados os objetivos e
estratégias para a Educação Ambiental, ainda
utilizado, praticamente, em todo o mundo
(CZAPSKI, 1998).
Na década de 1980, ocorreram duas
grandes tragédias ambientais que abalaram
o mundo: o vazamento de gás na Índia, em
1984, e o acidente com um reator nuclear em
Chernobyl na Ucrânia, em 1986. A Organização
das Nações Unidas – ONU, em 1987, lançou o
Relatório Brundtland, preparado pela Comissão
Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvi-
mento, onde foi, pela primeira vez, formaliza-
do o conceito de Desenvolvimento Susten-
tável, que teve um grande impacto em todo
tratamento das questões ambientais, a partir
de então.
Nos anos de 1990, a globalização se tor-
nou uma realidade e grandes incorporações
dominaram o cenário econômico mundial,

13
UAB/Unimontes - 8º Período

Figura 5: Lançamento ►
de gases na atmosfera.
Fonte: Disponível em
<http://360graus.
terra.com.br/ecolo-
gia/default.asp?did
=27524&action= geral>.
Acesso em 07 de julho
2011

Em muitos países o desmatamento é uma das principais causas de erosão do solo e da per-
da da diversidade biológica (Figura 6).

Figura 6: ►
Desmatamento.
Fonte: Disponível em
<http://www.revistarural.
com.br/edicoes/2006/
Artigos/ rev106_florestas.
htm >. Acesso em 07 de
julho 2011

Em alguns casos, os problemas ambientais se desenvolvem em nível local, quando os resi-


dentes de um determinado local são, simultaneamente, contribuintes e vítimas de parte dos pro-
blemas ambientais. No entanto, essas pessoas possuem condições de diagnosticar o problema e
são os maiores interessados em resolvê-los. Nessa situação, a participação da população local é
importante para a resolução dos problemas ambientais de forma efetiva.

1.2.1 O papel da Educação Ambiental

O desenvolvimento econômico e o bem-estar dependem dos recursos naturais. A educação


ambiental, como instrumento transformador, vem estimulando as mudanças para que o desen-
volvimento sustentável possa ser, de fato, uma realidade (JACOBI, 2003).
A educação ambiental consiste em uma ferramenta de sensibilização e habilitação da popu-
lação para tratar dos problemas ambientais, através de técnicas para facilitar a conscientização
para a gravidade dos problemas ambientais e a necessidade de soluções sustentáveis para eles.
O conhecimento de sustentabilidade propõe uma relação necessária do social, qualidade de
vida, equilíbrio ambiental, além da ruptura com padrão atual de desenvolvimento (JACOBI, 1997).

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Artes Visuais - Ecologia e Educação Ambiental para o Ensino Fundamental e Médio

A educação ambiental leva ao desenvolvimento sustentável, conforme sugere a figura 7,


através da compatibilização das necessidades de desenvolvimento econômico e social com as
necessidades de preservação ambiental para as atuais e futuras gerações.
O desenvolvimento econômico e o cuidado com o meio ambiente devem ser conjugados
e a produtividade e a tecnologia devem coexistir em um ambiente saudável, através do manejo
eficiente e sustentado.
◄ Figura 7: Sustentabilidade
x Educação Ambiental.
Fonte: Disponível em < http://
www.ecologiaurbana.com.br/
conscientizacao/educacao-
-ambiental-sustentabilida-
de/>. Acesso em 07 de julho
2011

PARA SABER MAIS


Caro acadêmico, faça uma
resenha do artigo:
DEWIS, D; WITTCKIND
E.V. Educação Ambiental
para a Sustentabilidade:
História, Conceitos e
Caminhos. Universidade
Regional Integrada do Alto
Uruguai e das Missões –
Campus Santo Ângelo/
RS. Fórum Internacional
Integrado de Cidadania,
2006. Disponível em:
<http://www.urisan.tche.
br/~forumcidadania/pdf/
EDUCACAO_AMBIENTAL_
PARA_A_SUSTENTABILIDA-
DE.pdf >.

Referências
BRASIL. Vamos cuidar do Brasil: conceitos e práticas em educação ambiental na escola. Mi-
nistério da Educação. Coordenação Geral de Educação Ambiental. Ministério do Meio Ambiente.
Departamento de Educação Ambiental. Brasília: UNESCO, 2007.

CARTA DAS RESPONSABILIDADES HUMANAS: a aliança para um mundo responsável, plural e


solidário. São Paulo: Instituto Agora em defesa do leitor e da democracia, 2002. Disponível em:
<http://www.carta-responsabilidades<responsabilidadeshumanas.Net/IMG/pdf/CRH_Portugue-
seBrasil_aout08.pdf> Acesso em: 20 ag. 2009.

CZAPSKI, S. A implantação da Educação Ambiental no Brasil. MEC, Brasília, DF, 1998.

DIAS, G. F. Educação Ambiental: princípios e práticas. Editora Gaia Ltda., 5 ed. São Paulo: Glo-
bal, 1998.

JACOBI, P. Educação Ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de Pesquisa. N. 118.


São Paulo, 2003.

________. Meio ambiente urbano e sustentabilidade: alguns elementos para a reflexão.


In: CAVALCANTI, C. (org.). Meio ambiente, desenvolvimento sustentável e políticas públicas. São
Paulo: Cortez, 1997. p. 384-390.

MARCATTO, C. Educação ambiental: conceitos e princípios. Belo Horizonte: FEAM, 2002.

MCCORMICK, J. Rumo ao Paraíso: a história do movimento ambientalista / John McCormick; tra-


dução de Marco Antonio Esteves da Rocha e Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1992.

15
Artes Visuais - Ecologia e Educação Ambiental para o Ensino Fundamental e Médio

UNIDADE 2
O que é educação ambiental?
Sônia Ribeiro Arrudas
Silma da Conceição Neves

Para respondermos à pergunta desta características, princípios, legislações e corren-


unidade, estaremos estudando os conceitos, tes/tendências da educação ambiental.

2.1 Histórico da educação


ambiental
Para permitir uma perspectiva temporal, rante a Conferência Mundial sobre Desenvolvi-
faremos um breve estudo da evolução da edu- mento Sustentável.
cação ambiental no âmbito mundial e nacional, No Brasil, inicialmente, a educação am-
de acordo com Alves (2006). biental ficou estabelecida através das resolu-
A UNESCO promoveu, no ano de 1975, um ções do CONAMA – Conselho Nacional do Meio
Encontro Internacional em Educação Ambien- Ambiente, nos biênios de 1984/1986, como
tal, na Iugoslávia, onde foi elaborada a Carta método de formação e informação para o de-
de Belgrado, reunindo o conceito, princípios e senvolvimento de consciência crítica sobre as
orientações para o programa internacional de questões ambientais, além das atividades que
educação ambiental. Em 1977, na Conferên- induzam a participação das comunidades na
cia de Tbilisi, a educação ambiental foi defini- preservação do equilíbrio ambiental.
da como conteúdo e prática da educação para Um importante marco brasileiro, no que
orientação na resolução dos problemas do tange a educação ambiental, foi a menção
meio ambiente por meio de enfoques interdis- da mesma como dever do Estado e direito da
ciplinares. O Seminário de Educação Ambien- população, além de ser considerada obriga-
tal para a América Latina, realizado no ano de tória em todos os graus de ensino, pela Cons-
1979, na Costa Rica, conceituou a educação tituição Federal de 1988, no capítulo do Meio
ambiental como resultado da colaboração de Ambiente. Em 1997, o meio ambiente foi in-
diferentes disciplinas e experiências educa- serido como um tema transversal articulado
cionais para facilitar a percepção do ambien- às demais áreas de conhecimento, através dos
te como um todo e proporcionar ações para o Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), pelo
atendimento das necessidades da sociedade. Ministério da Educação (MEC).
Em 1987, no Congresso Internacional em A Lei nº 9.795, criada no ano de 2009, insti-
Educação e Formação Ambientais, em Mos- tuiu a Política Nacional de Educação Ambiental
cou (URSS), a educação ambiental foi conside- e dispôs sobre a educação ambiental. Buscando
rada como uma técnica permanente, na qual fortalecer a educação ambiental e consideran-
os indivíduos tomam consciência do seu meio do ser este o momento da história brasileira
ambiente e adquirem o conhecimento para re- para educação ambiental, o MEC incluiu, nas
solver os problemas ambientais presentes e fu- suas metas, a formação de professores e alu-
turos (ASSIS, 1991). Em Johanesburgo (2002), nos, além da criação de conselhos de Meio Am-
foi apresentada a proposta da Década da Edu- biente e Qualidade de Vida em escolas.
cação para o Desenvolvimento Sustentável, du-

17
UAB/Unimontes - 8º Período

2.2 Conceitos, características e


princípios da educação ambiental
A primeira abordagem do conceito environmental education (educação ambiental) surgiu
durante a Conferência sobre Educação, na Universidade de Keelen, na Grã-Bretanha, em 1965,
em um momento marcado por grandes problemas ambientais.
O conceito educação ambiental está relacionado às reflexões e métodos educativos aplica-
das à questão ambiental. Segundo Pelizzoli (2003), não é possível dissociar o ambiente da práti-
ca educacional, o substantivo educação basta para o estudo do ambiente. Entretanto, de acordo
com Layrargues (2004), a educação ambiental é um instrumento de transformação social para se
atingir a mudança ambiental, ou seja, o ambiente é o estímulo ou motivo da ação pedagógica. O
termo educação ambiental contempla diversas definições e conceitos, no entanto, eles possuem
o mesmo sentido (Figura 8).

Figura 8: Educação Ambiental. ►


Fonte: Disponível em <http://www.
culturamix.com/tecnologia/
gadgets-verdes>. Acesso em 07 de
julho 2011

Durante o congresso promovido pela UNESCO, em 1975, foi escrita a Carta de Belgrado, a
qual define Educação Ambiental como um processo que visa:

[...] formar uma população mundial consciente e preocupada com o ambiente


e com os problemas que lhe dizem respeito, uma população que tenha os co-
nhecimentos, as competências, o estado de espírito, as motivações e o sentido
de participação e engajamento que lhe permita trabalhar individualmente e
coletivamente para resolver os problemas atuais e impedir que se repitam [...]
(SEARA FILHO, G. 1987).

Iniciamos esta unidade questionando: o que é educação ambiental? No entanto, nesta área
não podemos tentar generalizar. O tema educação ambiental é uma área do conhecimento onde
existem múltiplas e diferentes idéias, correntes e manifestações. Algumas se complementam, ou-
tras se contrapõem.
Guimarães (1995) afirma que se, inicialmente, era necessário dirigir esforços para a inclusão
da dimensão ambiental na educação, porque essa simplesmente desconsiderava o entorno bio-
físico, atualmente, com a dimensão ambiental já incorporada à educação, não é mais possível re-
ferir-se, genericamente, a uma mera Educação Ambiental, sem qualificá-la com a precisão que o
momento exige. Nesse sentido, diversas foram as conceituações referentes à educação ambien-
tal, a partir das décadas de 1980 e início da década de 1990, tais como: a alfabetização ecológica,
a educação para o desenvolvimento sustentável, a educação para a sustentabilidade, a ecopeda-
gogia ou, ainda, a educação no processo de gestão ambiental.

18
Artes Visuais - Ecologia e Educação Ambiental para o Ensino Fundamental e Médio

Surge assim, a necessidade de diferenciar esses termos, nas diversas áreas que tratam das DICAS
questões ambientais. Sorrentino (1995) identifica e apresenta a existência de quatro vertentes da Caros acadêmicos,
educação ambiental: conservacionista; educação ao ar livre; gestão ambiental e economia ecoló- sugerimos a leitura da
gica. Em 1997, a canadense Sauvé (1997) discute algumas delas, que podem ser complementares definição do termo
entre si, ao contrário das variações existentes sobre o ambientalismo: Educação Ambiental na
Agenda 21 - Capítulo 36.
Disponível no site Fun-
• Educação sobre o meio ambiente: trata-se da aquisição de conhecimentos e habilidades re- dação Estadual de Meio
lativos à interação com o ambiente, que está baseada na transmissão de fatos, conteúdos e Ambiente - FEAM, em:
conceitos, onde o meio ambiente se torna um objeto de aprendizado; <http://www.feam.br>.
• Educação no meio ambiente: também conhecida como educação ao ar livre, corresponde a
uma estratégia pedagógica onde se procura aprender através do contato com a natureza ou
com o contexto biofísico e sociocultural do entorno da escola ou comunidade. O meio am-
biente provê o aprendizado experimental, tornando-se um meio de aprendizado;
• Educação para o meio ambiente: processo através do qual se busca o engajamento ativo do
educando que aprende a resolver e prevenir os problemas ambientais. O meio ambiente se
torna uma meta do aprendizado.

Essas vertentes serão discutidas no item 2.5 deste caderno, à luz da opinião de Sauvé (1997).
Durante a Conferência de Tbilisi, em 1977, realizada na ex-União Soviética, foram estabele-
cidas as principais características da educação ambiental, conforme apresentado no quadro 01.

QUADRO 01
Características da Educação Ambiental - Conferência de Tbilisi
Processo Característica

Indivíduos e comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e ad-


Dinâmico integrativo quirem o conhecimento, os valores, as habilidades, e a determinação que os
tornam aptos a resolver os problemas ambientais.

Aquisição de habilidades capazes de induzir mudanças de atitudes. A consolida-


Transformador
ção de novos valores, competências, habilidades e atitudes, refletirão na implan-
tação de uma nova ordem, ambientalmente, sustentável.

Participativo Atua na sensibilização e na conscientização do cidadão, estimulando-o a partici-


par dos processos coletivos.

Abrangente Extrapola as atividades internas da escola tradicional; deve ser oferecida, conti-
nuamente, em todas as fases do ensino formal,

Globalizador Considera o ambiente em seus múltiplos aspectos. Deve atuar com visão ampla,
de alcance local, regional e global.

Permanente A evolução do senso crítico e a compreensão da complexidade dos aspectos que


envolvem as questões ambientais se dão de um modo crescente e contínuo.

Contextualizador Atua, diretamente, na realidade de cada comunidade, sem perder de vista a sua
dimensão planetária.

Fonte: Adaptado de Marcatto (2002).

No Brasil, a educação ambiental é um dos temas transversais estabelecidos nos PCNs - Parâ-
metros Curriculares Nacionais, apresentando-se como mais uma característica, além das deter-
minadas em Tbilisi. Por tema transversal, compreende-se que as questões ambientais não sejam
tratadas como uma disciplina específica, mas que permeiem os conteúdos, objetivos e orienta-
ções didáticas em todas as disciplinas. Afinal, o que são PCNs – Parâmetros Curriculares Nacio-
nais? Estaremos estudando-os, nos próximos capítulos.
Ainda na Conferência de Tbilisi, foram estabelecidos princípios para direcionar os projetos e
programas ambientes, conforme descrito no quadro 02.

19
UAB/Unimontes - 8º Período

QUADRO 02
Princípios da Educação Ambiental - Conferência de Tbilisi
Princípio

Considerar Considerar o ambiente em seus aspectos naturais e artificiais, tecnológicos e so-


ciais, além de considerá-lo nos planos de desenvolvimento e crescimento.

Construir Construir um processo continuado, introduzido na educação infantil e contínuo,


através das fases do ensino formal e não formal;

Empregar Empregar o aspecto interdisciplinar, aplicado em cada disciplina, para adquirir


uma perspectiva global;

Examinar Examinar as principais questões ambientais, nas diversas escalas, para o conheci-
mento das condições ambientais de outras regiões geográficas;

Concentrar Concentrar-se nas situações ambientais atuais e futuras, como também na aborda-
gem histórica;

Insistir Insistir na necessidade de cooperação global para prevenir e resolver os problemas


ambientais;

Fazer Fazer com que os alunos compartilhem suas experiências de aprendizagem, propi-
ciando oportunidade de tomada decisões e de acatar suas consequências;

Estabelecer Estabelecer uma relação entre os alunos de todas as idades, através da sensibiliza-
ção pelo ambiente, conhecimentos e capacidade de resolver problemas, buscan-
do, especialmente, os mais jovens sobre os problemas ambientais existentes em
sua própria comunidade;

Contribuir Contribuir para que os alunos aprendam sobre os efeitos e as causas dos proble-
mas ambientais;

Salientar Salientar sobre a complexidade dos problemas ambientais e a necessidade de


desenvolver o sentido crítico para resolvê-los.
Fonte: Adaptado de Marcatto (2002).

2.3 Conceitos básicos de educação


ambiental formal e não formal
ATIVIDADES
Vamos compreender o que é educação De acordo com Leonardi (1997), a edu-
Caro acadêmico, ambiental formal e não formal? cação ambiental deve ser praticada em to-
faça uma resenha do A educação ambiental busca atingir o dos os seguimentos da sociedade, sendo
artigo: FURTADO, J.
D. OS CAMINHOS DA público em geral. Partindo do princípio que classificada em três tipos: formal, não formal
EDUCAÇÃO AMBIENTAL todas as pessoas devem ter oportunidade e informal. A educação ambiental formal é
NOS ESPAÇOS FORMAIS de acesso às informações que lhes permitam aquela praticada nas escolas, em todas as
DE ENSINO APRENDI- participar na busca de soluções para os pro- séries e níveis, enquanto a educação am-
ZAGEM: qual o papel blemas ambientais atuais, didaticamente, a biental não-formal é aquela exercida em
da política nacional de
Educação Ambiental? demanda da educação ambiental se divide em variados espaços da sociedade. Já a educa-
Universidade Federal educação formal e informal. ção ambiental informal é exercida sem a de-
do Rio Grande. Rev. A Educação Formal envolve estudan- finição de como serão as ações. No entanto,
Eletrônica Mestr. Educ. tes em geral, desde a educação infantil até a Nascimento (2001) salienta que a prática da
Ambient. ISSN 1517- fundamental, média e universitária, além de educação ambiental de qualquer tipo, seja
1256, v. 22, janeiro a
julho de 2009. Disponí- professores e demais profissionais envolvidos formal, não formal ou informal, enfrenta di-
vel em: < http://www. em cursos de treinamento em educação am- ficuldades e precisa ser exercida com persis-
remea.furg.br/edicoes/ biental. A Educação Informal envolve todos os tência, buscando promover a mobilização e
vol22/art24v22.pdf >. segmentos da população como, por exemplo, mudança de atitudes nas pessoas.
grupos de jovens, trabalhadores, políticos, em- As discussões, sobre a prática da educa-
presários, associações de moradores, profissio- ção ambiental na escola, foram, sempre, con-
nais liberais, dentre outros. duzidas considerando esta uma área interdis-

20
Artes Visuais - Ecologia e Educação Ambiental para o Ensino Fundamental e Médio

ciplinar pela complexidade de sua natureza. a elaboração de um programa, projeto ou ati-


Em vista disso, devemos procurar contextuali- vidade, em Educação Ambiental, não se pode
zar os conteúdos conceituais com fatos do co- ignorar ou negligenciar sua complexidade.
tidiano, utilizando diversos materiais didáticos Atualmente, 2 tipos de modelos são pro-
e diferentes linguagens: verbais e não verbais, postos, em manuais técnicos desenvolvidos por
buscando trabalhar de forma intertextual. especialistas, com apoio da UNESCO (Figura 9):
Deve-se ter, sempre, em mente que, durante


Figura 9: Modelos Interdisciplinares. (Adaptado de HUNGERFORD, Harold & Peyton, Robert B. Como construir un programa de
educación ambiental. Programa Internacional de Educación Ambiental UNESCO-PNUMA)

No primeiro esquema, os elementos re- (modelo 01) e como MULTIDISCIPLINAR (méto-


queridos para compor a unidade são tomados do de integração), a incorporação de elemen-
das diferentes disciplinas, para um curso ou tos referentes à Educação Ambiental em ou-
módulo de Educação Ambiental específico. No tras disciplinas tradicionais conexas (modelo
segundo esquema, os elementos da Educação 02). Para ser eficaz e completo, qualquer pro-
Ambiental se integram, de forma apropriada, a grama de Educação Ambiental acabará, em
outras disciplinas tradicionais. Logo, designa- determinado grau, por incluir elementos de
-se como INTERDISCIPLINAR (matéria parti- ambos os métodos apresentados.
cular), a criação de uma disciplina distinta, no
ensino formal, de um curso ou atividade livre

2.4 A legislação brasileira e


a educação ambiental
Diante de um panorama de crescimen- A primeira lei que
to desordenado da população humana e do oficializa a Educação
consumo, surgiu o conceito de Ecologia para Ambiental é a Lei Fe-
compreender o mecanismo natural da vida deral nº 6.938, de 1981,
no planeta. O processo de globalização dos que instituiu a Política
problemas ambientais fez com que os países Nacional do Meio Am-

buscassem um modo sustentável de utiliza- biente (PNMA). Essa lei destaca a necessidade
Figura 10: Educação
ção dos recursos naturais. O conceito de cri- da Educação Ambiental, nos diversos níveis de Ambiental na
mes e guerras que ameaçam a vida passaram ensino (Figura 10), afirmando, através do arti- Legislação Brasileira.
a englobar a forma como se trata a natureza go 2º, inciso X, a necessidade de promoção da Fonte: Disponível
(PCNs, 1997, p. 23). Nos cenários internacional “educação ambiental em todos os níveis, inclu- em: <http://meioam-
biente2010.blogspot.
e nacional surgiram diversas manifestações sive a educação da comunidade, objetivando com/2011/06/legisla-
de tomada de consciência em relação ao meio capacitá-la para participação ativa na defesa cao-ambiental.html>.
ambiente. Nesse sentido, é, relativamente, re- do meio ambiente”, assim, entendendo a edu- Acesso em 07 de julho
2011
cente a inserção legal da educação ambiental cação ambiental como um princípio e instru-
na legislação brasileira mento da política ambiental.
21
UAB/Unimontes - 8º Período

De acordo com a Constituição Federal do Brasil, fica atribuído ao Poder Público:

[...] promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscien-


tização pública para a preservação do meio ambiente [...]. (Art. 225, parágrafo
1º, inciso VI da Constituição Federal Brasileira de 1988).

Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394, de 20/12/96, existem poucas
menções à Educação Ambiental. Uma referência é feita no artigo 32, inciso II, segundo o qual se
exige, para o Ensino Fundamental, a “compreensão ambiental natural e social do sistema político,
da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade”; e outra, no artigo 36,
§ 1º, segundo o qual os currículos do ensino fundamental e médio “devem abranger, obrigato-
riamente, [...] o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especial-
mente do Brasil”.
A Lei nº 9.795, de 27/04/99, instituiu a PNEA – Política Nacional de Educação Ambiental
(Anexo), reforçando e qualificando o direito de todos à Educação Ambiental, inDICASndo seus
princípios e objetivos, os atores e instâncias responsáveis por sua implementação, nos âmbitos
formal e não-formal, e as suas principais linhas de ação. Apesar de a inclusão da Educação Am-
biental como tema transversal no PNE – Plano Nacional de Educação, conforme a Lei nº 10.172,
de 09/01/01, representar uma conquista, apenas consta que ela deve ser implementada no En-
sino Fundamental e Médio, com a observância dos preceitos da Lei nº 9.795/99. Dessa forma, o
PNE deixa de obedecer ao que estabelece a PNEA, que exige a abordagem da Educação Ambien-
tal em todos os níveis e modalidades de ensino.
O Decreto nº 4.281, de 25/06/02, regulamenta a Lei nº 9.795/99, além de detalhar as com-
petências, atribuições e mecanismos definidos para a PNEA pela Lei nº 9.795/99. O Decreto cria
o Órgão Gestor, responsável pela coordenação da PNEA, constituído pela Diretoria de Educação
Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (DEA/MMA), e pela Coordenação-Geral de Educação
Ambiental do Ministério da Educação (CGEA/MEC).

2.4.1 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira – LDB

A educação brasileira é gerida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira - LDB, Lei
nº 9394/1996, que normatiza os processos em todos os níveis da educação. Segundo o artigo 1º
da LDB (1996), a educação se desenvolve na vida familiar, na convivência humana, no trabalho,
nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil
e nas manifestações culturais, sendo que a educação pública é dever Federal, do Estado e dos
Municípios e direito de todo cidadão brasileiro.
Segundo Marcatto (2002), um ponto importante na questão ambiental foi a reafirmação dos
princípios da educação ambiental na LDB/1996: “a educação ambiental será considerada na concep-
ção dos conteúdos curriculares de todos os níveis de ensino, sem constituir disciplina específica.”

2.4.2 O que são PCNs?

Os PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais – são um conjunto de propostas para anali-


sar as políticas curriculares nacionais, no que tange à elaboração de projetos educativos, plane-
jamento didático e práticas pedagógicas em geral. Os novos PCNs foram divulgados no ano de
1997 e elaborados pelo Ministério da Educação – MEC, visando orientar os professores. A aplica-
bilidade dos PCNs está descrita através de fatores inter-relacionados, dentre eles a competência
política, a diversidade sócio-cultural nas diversas regiões do país, a autonomia dos professores e
equipes pedagógicas.
No Brasil, o termo educação ambiental está garantido nas orientações dos temas transver-
sais estabelecidos nos PCNs - Parâmetros Curriculares Nacionais. No entanto, a educação am-
biental não foi contemplada, em nenhum nível, como currículo específico na LDB/1996.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs:

A perspectiva ambiental está na forma de ver o mundo, na qual evidenciam as


relações e a interdependência dos diversos elementos na constituição e ma-

22
Artes Visuais - Ecologia e Educação Ambiental para o Ensino Fundamental e Médio

nutenção da vida, em termos de educação, evidencia o trabalho vinculado aos PARA SABER MAIS
princípios da dignidade do ser humano, da participação, da solidariedade e da
equidade. (PCNs, 1997, p. 19) Para complementação
de seu estudo, sugeri-
mos a leitura do artigo
“O perfil do Educador
2.4.3 Política Nacional de Educação Ambiental - PNEA Ambiental do ensino
fundamental em São
Francisco do Sul – SC”,
A Educação Ambiental foi regulamentada através da Política Nacional de Educação Ambien- da Profª Edilene Soraia
tal – PNEA, instituída pela Lei nº 9795, de abril de 1999. Quanto à praticidade, a educação am- da Silva. Disponível
no site Monografias.
biental foi implementada pelo Programa Nacional de Educação Ambiental - ProNEA. com, em: <http://
br.monografias.com/
Segundo a Lei nº 9.795, de 27/04/1999, entende-se por educação ambiental: trabalhos3/perfil-edu-
cador-ambiental/perfil-
[...] os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem -educador-ambiental.
valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas shtml>.
para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial
à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (Art. 1º da Lei nº 9795/99).

De acordo com Berté (2004), a educação ambiental deve ser multidisciplinar, através da in-
teração com enfoque humanista, holístico, democrático e participativo. O artigo 4º da referida
legislação contempla, ainda, nos incisos II a VIII, os seguintes princípios básicos:

II. a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre


o meio natural, o sócio-econômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade;
III. o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisci-
plinaridade;
IV. a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;
V. a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;
VI. a permanente avaliação crítica do processo educativo;
VII. a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais;
VIII. o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural.

A inserção da educação ambiental, por meio do art. 2º da referida legislação, em todos os


processos educativos, garantiu a ação tanto no âmbito da educação formal quanto das não-for-
mais. Da mesma forma, a definição das políticas públicas, com a incorporação da dimensão am-
biental, fortaleceu a educação ambiental no espaço escolar e proporciona a participação da so-
ciedade nos processos de gestão ambiental. Assim, entendemos que a educação ambiental deve
estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo,
em caráter formal e não-formal, não havendo necessidade da criação de uma disciplina curricular
para o tema.
No panorama da educação formal, são observadas as dificuldades das escolas em incorpo-
rar a dimensão ambiental no currículo, de maneira interdisciplinar, como aponta a Política Nacio-
nal de Educação Ambiental, bem como estar presente na organização dos trabalhos educativos
das escolas. No domínio da educação não-formal, cabe destacar a função das empresas públicas
e privadas em conjunto com as universidades e outros setores, na busca das alternativas tecno- DICAS
lógicas para reforçar as certificações de qualidade ambiental. Os trabalhos de sensibilização das
Para complementa-
comunidades e agricultores para o uso adequado dos recursos naturais, papel desempenhado ção de seu estudo a
pelo IBAMA e EMBRAPA, passam a ter destaque e respaldo nessa lei. respeito da educação
Outro aspecto interessante que se nota nesse instrumento legal consiste na responsabilida- ambiental, sugerimos
de dos meios de comunicação com a sensibilização das pessoas e o acesso à informação sobre os a leitura da Lei Nº
problemas ambientais, a situação ambiental do país e a divulgação de alternativas de soluções. 9795/1999 que institui
a Política Nacional de
Educação Ambiental,
através do site do
2.4.4 Programa Nacional de Educação Ambiental – ProNEA Ministério de Meio
Ambiente, onde encon-
trará, também, outros
O Programa Nacional de Educação Am- sustentabilidade, resultando em melhor quali- documentos relativos
à Educação Ambiental.
biental possui a coordenação do órgão gestor dade de vida para toda a população. A versão Disponível em: < http://
da Política Nacional de Educação Ambiental e do ano de 2004 do ProNEA visa a articulação www.mma.gov.br/
busca assegurar a integração equilibrada da de espaços de locução entre os diversos ór- sitio/>.

23
UAB/Unimontes - 8º Período

gãos do governo federal, em constante exercí- brada das diversas dimensões da sustentabili-
cio de transversalidade, fundamentando-se no dade, resultando na melhora da qualidade de
princípio de internalizar a educação ambiental vida dos brasileiros.
nessa esfera. A Educação Ambiental constitui-se em
Dentre os princípios do ProNEA, estão o um dos elementos fundamentais da gestão
compromisso com a cidadania ambiental ati- ambiental, e o ProNEA cumpre a função de
va e a transversalidade construída a partir de orientar os agentes públicos e privados para
uma perspectiva inter e transdisciplinar. As a construção e consolidação das alternativas
ações do ProNEA buscam a integração equili- sustentáveis (BRASIL, 2005).

2.5 Correntes e tendências da


educação ambiental
Estudaremos algumas das principais cor- tiva os conhecimentos em ciências ambientais
rentes do ambientalismo e a inserção da edu- e o desenvolvimento de habilidades relativas à
cação ambiental em cada uma delas, segundo experiência científica.
Alves (2008). A corrente naturalista se baseia As teorias reunidas na corrente moral/
na relação com a natureza e em teorias que ética observam a educação ambiental como
distinguem o valor intrínseco acima e além propícia a desenvolver um sistema ético, com
dos recursos. A finalidade da educação am- ênfase para o desenvolvimento dos valores
biental está em reconstruir uma ligação entre ambientais. A corrente holística traz a educa-
os seres humanos e a natureza. ção ambiental com o objetivo de desenvolver
A corrente conservacionista e a corren- múltiplas dimensões do ser, em interação con-
te resolutiva visam à modificação da conduta junta com as dimensões do meio ambiente.
dos individuais e de projetos coletivos. A cor- As teorias classificadas na corrente bior-
rente conservacionista reúne teorias voltadas regionalista situam a educação ambiental no
para a conservação dos recursos e a adminis- desenvolvimento de uma relação com o meio
tração do meio ambiente, onde a educação local e regional, através do compromisso em
ambiental adota comportamentos de con- favor da valorização desse meio. Na corrente
servação e desenvolve habilidades de gestão da ecoeducação, a expectativa da educação
ambiental. A corrente resolutiva se baseia em ambiental está na promoção do desenvolvi-
teorias pelas quais o meio ambiente é analisa- mento pessoal, onde o meio ambiente consis-
do como um conjunto de problemas e no qual te no pólo de interação para a formação pes-
a educação ambiental permite difundir infor- soal.
mações sobre as problemáticas ambientais e De acordo com estudo realizado pelo
desenvolver habilidades voltadas para busca Ministério da Educação e pelo Ministério de
de soluções. Meio Ambiente (2007), nas práticas de edu-
A corrente da sustentabilidade segue a cação ambiental podem ser realizadas novas
teoria do meio ambiente idealizado como re- abordagens de ensino e aprendizagem, visto
curso compartilhado para o desenvolvimen- que é um tema que motiva os alunos e não é
to econômico e a educação ambiental como uma disciplina rígida. A tecnologia vem sendo
sendo a ferramenta capaz de contribuir para o uma tendência aplicada na educação ambien-
desenvolvimento, respeitando os aspectos so- tal, através de trabalhos realizados em sala
ciais e ambientais. de aula, com uso de computadores e outros
A corrente sistêmica e a corrente cientí- equipamentos para o aprendizado, e prática
fica avaliam as realidades ambientais, através de ecologia pelos alunos. As diretrizes esta-
das relações causais entre os elementos/acon- belecidas nos PCNs – Parâmetros Curriculares
tecimentos. Na corrente sistêmica, a observa- Nacional proporcionaram maior liberdade e
ção é amparada pela análise, existindo a con- diversidade na elaboração dos currículos. As-
cepção de meio ambiente como um sistema, sim, a educação ambiental se encontra privile-
e a educação ambiental busca desenvolver o giada frente às novas tecnologias, no entanto,
pensamento sistêmico. Na corrente científica, deve estar apoiada em princípios pedagógicos
a observação é baseada na experimentação e coerentes.
o meio ambiente passa a ser avaliado como o O Brasil vem realizando esforços, através
objeto de estudo. A educação ambiental obje- de diretrizes e políticas públicas, no sentido de

24
Artes Visuais - Ecologia e Educação Ambiental para o Ensino Fundamental e Médio

promover e incentivar a Educação Ambiental, desta vertente está na idéia do engaja-


nas escolas do ensino fundamental, principal- mento para prevenir e resolver os proble-
mente, desde a segunda metade dos anos 90. mas ambientais. A expressão definidora
Com o intuito de mensurar os avanços no que dessa postura é: “Que planeta deixaremos
diz respeito à expansão da Educação Ambien- às nossas crianças?”;
tal, o Ministério da Educação iniciou o proje-
to de pesquisa: “O que fazem as Escolas que • Perspectiva educativa: está centrada
dizem que fazem Educação Ambiental?” Em no indivíduo ou grupo social, e parte da
sua primeira etapa, essa pesquisa teve como constatação de que o ser humano desen-
objetivo mapear a presença da Educação Am- volveu uma relação de alienação a respei-
biental nas escolas, bem como seus padrões e to de seu entorno. A preocupação dessa
tendências, através da análise do Censo Esco- vertente é a educação integral do indiví-
lar entre 2001 e 2004. No entanto, esse estudo duo, com o desenvolvimento da autono-
quantitativo, apesar de rico, suscitava muitas mia, do senso crítico e de valores éticos.
outras questões. A segunda etapa da pesqui- A expressão definidora dessa postura é:
sa envolve uma abordagem mais detalhada da “Que crianças deixaremos ao nosso pla-
forma pela qual a Educação Ambiental é rea- neta?”;
lizada nas escolas brasileiras, buscando iden-
tificar, efetivamente, os incentivos, as priori- • Perspectiva pedagógica: está centrada
dades, os atores envolvidos, as modalidades e no processo educativo, diferentemente
os resultados observados em decorrência da das abordagens anteriores, que centram
implementação da Educação Ambiental. Esse num ou noutro pólo. Por considerar os
mapeamento da presença da Educação Am- métodos pedagógicos tradicionais, de-
biental nas escolas detectou que, embora exis- mais dogmáticos e impositivos, esta ver-
tam diferenças regionais, é possível traçar um tente inclina-se sobre o desenvolvimento
breve panorama nacional através da obser- de uma pedagogia específica para a Edu-
vação e análise de inDICASdores construídos cação Ambiental, através da perspectiva
com base nos dados dos Censos Escolares. global e sistêmica da realidade, da aber-
O processo de expansão da Educação tura da escola ao seu entorno, do recurso
Ambiental, nas escolas de ensino fundamen- da metodologia para a resolução de pro-
tal, foi bastante acelerado. Em 2001, o número blemas ambientais locais concretos. A ex-
de escolas que ofereciam Educação Ambiental pressão definidora dessa postura é: “Que
era de, aproximadamente, 115 mil, 61,2% do educação deixaremos para nossas crian-
universo escolar, ao passo que, atualmente, ças nesse planeta?”.
esse número, praticamente, alcançou 152 mil
escolas. Essas diferentes e complementares pers-
Na discussão das tendências e correntes pectivas nos levam a refletir que nenhuma
tratadas nesta unidade, voltamos a citar Sauvé educação é neutra, principalmente, quando
(2005), que comenta a respeito das perspec- tratamos do meio ambiente. Segundo o Tra-
tivas que iluminam as práticas pedagógicas. tado de Educação Ambiental para Socieda-
Será que a educação ambiental está dividi- des Sustentáveis e Responsabilidade Social: “a
da - entre conferir maior peso à educação ou Educação Ambiental não é neutra, mas ideo-
ao meio ambiente - ou são complementares lógica. É um ato político, baseado em valores
entre si? Para essa autora, partindo do pressu- para a transformação social”. Assim, temos um
posto que a Educação Ambiental se localiza na desafio ao tratarmos de um tema amplo, im-
relação entre o ser humano e o ambiente, po- portante e complexo. Sugiro a leitura do Tra-
dem existir três vertentes: tado de Educação Ambiental para Sociedades
Sustentáveis e Responsabilidade Social, dispo-
• Perspectiva ambiental: está centrada nível em: < http://www.ufpa.br/npadc/gpeea/
no ambiente biofísico, e parte do ponto DocsEA/TratadoEA.pdf>.
de vista de que a qualidade ambiental
está se degradando, ameaçando a qua-
lidade de vida humana. A preocupação

25
UAB/Unimontes - 8º Período

Referências
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26
Artes Visuais - Ecologia e Educação Ambiental para o Ensino Fundamental e Médio

UNIDADE 3
Principais problemas ambientais
Sônia Ribeiro Arrudas
Silma da Conceição Neves

Ao discutirmos a educação ambiental, é ções. Para complementar, faremos uma revi-


necessário abordarmos os principais proble- são sobre os ciclos biogeoquímicos, que são
mas ambientais, com ênfase na importância essenciais à vida humana e vem sofrendo alte-
da educação ambiental para a busca de solu- rações devido aos problemas ambientais.

3.1 Ciclos biogeoquímicos


Matéria e energia são conceitos vincu- da matéria se faz necessário, em virtude dos
lados à vida no planeta. O fluxo unidirecional recursos na Terra serem finitos e a vida de-
de energia solar proporciona condições para pender do equilíbrio natural desse ciclo. Os
síntese e decomposição da matéria orgânica, elementos essenciais à vida participam dessa
além do seu retorno ao meio como elemen- trajetória e recebem o nome de ciclos biogeo-
to inorgânico. Esse processo de reciclagem químicos (Figura 11).

◄ Figura 11: Ciclos


Biogeoquímicos
Fonte: Disponível
em <http://www.
profpc.com.br/ci-
clos_biogeoqu%C3%A
Dmicos.htm> Acesso em
07 de setembro 2011.

A biogeoquímica é a ciência que estuda a estudaremos os ciclos gasosos do carbono e


recirculação de matéria entre os componentes do nitrogênio, os ciclos sedimentares do fósfo-
vivos e físico-químicos da biosfera. A seguir, ro e do enxofre e o ciclo hidrológico.

3.1.1 Ciclo do carbono

A reserva de carbono se encontra na at- luz, através da reação de fotossíntese. A ener-


mosfera, onde o nutriente das plantas encon- gia armazenada nas moléculas orgânicas é li-
tra-se na forma de dióxido de carbono (CO2), berada pelo processo inverso ao de fotossínte-
gás inodoro e incolor nas condições naturais se, ou seja, na respiração, temos a quebra das
de pressão e temperatura. O carbono possui moléculas com liberação de energia para rea-
um ciclo perfeito, visto que é devolvido ao lização das atividades vitais dos organismos.
meio na mesma taxa em que é sintetizado pe- O carbono passa da fase inorgânica para a or-
los produtores. gânica, através da fotossíntese e da respiração,
As plantas utilizam o gás carbônico e o completando o ciclo biogeoquímico, confor-
vapor d’água presente na atmosfera para sin- me mostra a figura 12 (BRAGA, 2005).
tetizar compostos orgânicos, na presença de

27
UAB/Unimontes - 8º Período

Figura 12: Ciclo do ►


Carbono
Fonte: BRAGA, 2005.

Na figura 12, percebemos um ciclo prin- O homem, a partir da Revolução Indus-


cipal no qual os produtores, consumidores e trial, passou a fazer uso do processo de quei-
decompositores participam do processo de ma para obter energia, devolvendo gás carbô-
fotossíntese e respiração. No ciclo secundário, nico para atmosfera em uma proporção maior
considerado lento, notamos o decaimento de do que a capacidade assimilada pelas plantas
plantas e animais que são incorporados por e oceanos. Esse desequilíbrio no ciclo natural
processos geológicos, onde os organismos são vem acarretando um fenômeno denominado
transformados em combustíveis fósseis e cal- de efeito estufa, com consequente aumento
cário, à margem do ciclo. da temperatura do planeta.

3.1.2 Ciclo do nitrogênio

O nitrogênio desempenha um papel im- essenciais para o crescimento dos vegetais,


portante na constituição das moléculas vitais tornaram-se um dos principais componentes
aos seres vivos, além de ser um dos principais dos fertilizantes.
componentes dos fertilizantes utilizados na O ciclo do nitrogênio é um ciclo gasoso,
produção agrícola. A crescente demanda por representado, simplificadamente, na figura 13.
alimentos, devido ao crescimento populacio- A atmosfera é rica em nitrogênio, no entanto,
nal, implicou no aumento da produtividade somente um grupo seleto de organismos con-
agrícola. Como o fósforo e o nitrogênio são segue utilizar o nitrogênio gasoso.
Figura 13: Ciclo do ►
Nitrogênio
Fonte: Disponível
em <http://www.
profpc.com.br/ciclo_
nitrog%C3%AAnio.htm.>
Acesso em 07 de setembro
2011.

28
Artes Visuais - Ecologia e Educação Ambiental para o Ensino Fundamental e Médio

A principal forma de nitrogênio para os gânico entra na cadeia alimentar, ele passa a
produtores são os nitratos (NO3-), fruto da de- constituir moléculas orgânicas dos consumi-
composição de matéria orgânica, na qual o ni- dores da cadeia. As bactérias desses consumi-
trogênio do protoplasma é quebrado em uma dores mineralizam o nitrogênio, produzindo
série de compostos orgânicos e inorgânicos gás amônio e sais de amônio, completando a
por bactérias. Os nitratos podem ser obtidos, fase de amonificação no ciclo. O gás amônia e
também, pela ação de bactérias fixadoras de os sais de amônio são convertidos em nitritos
nitrogênio, ou através de descargas elétricas e, posteriormente, em nitratos, por meio do
na atmosfera. No ciclo de nitrogênio, observa- processo de nitrificação aerobicamente. Por
mos quatro mecanismos importantes, sendo fim, temos o retorno ao nitrogênio gasoso, a
eles: a fixação do nitrogênio atmosférico em partir de nitrato, através do processo de desni-
nitrato; amonificação; nitrificação e desnitrifi- trificação anaeróbico.
cação. A fixação do nitrogênio se dá por meio O ciclo equilibrado do nitrogênio depen-
de organismos simbióticos, fotossintéticos e de de um conjunto de fatores bióticos e abió-
de vida livre. ticos. O excesso de nitrogênio sintetizado, ar-
O nitrogênio fixado é dissolvido na água tificialmente, na composição dos fertilizantes,
do solo, ficando disponível para plantas na causa o desequilíbrio do ciclo, que se torna
forma de nitrato. As plantas transformam o ni- incapaz de assimilar o excesso de nitrogênio,
trato em moléculas de nitrogênio e em outras além de provocar o fenômeno denominado
moléculas nitrogenadas, iniciando o processo de eutrofização, que compromete a qualidade
de amonificação. Quando esse nitrogênio or- das águas.

3.1.3 Ciclo do fósforo

Além de componente dos ossos e dentes, re através de processos erosivos. No entanto,


o fósforo é um material genético, portanto, parte dos fosfatos liberados é carregada para
um elemento fundamental na transferência os oceanos, onde se deposita na profundida-
das características no processo de reprodução de, ou é consumida pelos fitoplâncton. Sendo
humana. assim o ciclo do fósforo é considerado lento,
O ciclo do fósforo é sedimentar (Figura e o retorno do fósforo, feito por aves e peixes
14), visto que seu principal reservatório é a li- marinhos, a partir dos oceanos é insuficiente
tosfera. A liberação de fósforo, na forma de para compensar esta perda.
fosfatos, para utilização dos produtores ocor-

◄ Figura 14: Ciclo do


Fósforo
Fonte: Disponível em
<http://www.profpc.com.
br/ciclo_fosforo.htm>.
Acesso em 07 de setembro
2011.

Os seres humanos, através das práticas de do solo e outras atividades, vêm acelerando o
mineração, desmatamento, uso inadequado processo de perda de fósforo do ciclo.

29
UAB/Unimontes - 8º Período

3.1.4 Ciclo do enxofre

Embora possua uma fase gasosa, o ciclo dos seres vivos. Em condições anaeróbicas e
do enxofre se apresenta sedimentar. A prin- na presença de ferro, o enxofre precipita, for-
cipal assimilação do enxofre pelos seres pro- mando sulfetos férricos e ferrosos, podendo
dutores se dá na forma de sulfato inorgânico. ser utilizado.
A fase biológica do ciclo de enxofre envolve A ação do homem pode interferir no ci-
microorganismos, com funções de redução clo, por meio da liberação de dióxido de enxo-
e oxidação. A figura 15 apresenta o ciclo sim- fre, em processos de queima de carvão e óleo
plificado do enxofre. Grande parte do enxofre combustível. O dióxido de enxofre, além de
assimilado é mineralizado, em um processo ser prejudicial ao organismo, pode provocar a
de decomposição, no entanto, em condições chuva ácida.
anaeróbicas, ele é reduzido a sulfetos, como
o sulfeto de hidrogênio, letal para a maioria
Figura 15: Ciclo do ►
Enxofre.
Fonte: BRAGA, 2005.

3.1.5 Ciclo hidrológico

Ciclo hidrológico é o nome que se dá à sicos e os seres vivos, como mostra a figura 16.
circulação contínua da água, entre os meios fí-
Figura 16: Ciclo ►
Hidrológico
Fonte: Disponível em <
http://ga.water.usgs.gov/
edu/watercycleportugue-
se.html>. Acesso em 07 de
setembro 2011.

PARA SABER MAIS


A quantidade de água
existente na Terra é,
praticamente, igual há
500 milhões de anos. O
que muda é a sua distri-
buição e o seu estado
físico, devido ao ciclo
hidrológico, que des-
creve o movimento da
água no nosso planeta.

30
Artes Visuais - Ecologia e Educação Ambiental para o Ensino Fundamental e Médio

A precipitação compreende toda água ferência da água superficial do estado líquido


que cai da atmosfera na superfície terrestre, para o gasoso, enquanto a transpiração con-
seja na forma de chuva, neve, granizo ou orva- siste na retirada da água do solo pelas raízes
lho. A precipitação pode escoar na superfície, das plantas, seguida da transferência para as
ou infiltrar-se no solo. A partir do escoamen- folhas e então evaporação a partir dos seus es-
to superficial, são formados córregos, lagos tômatos.
e rios, que, eventualmente, atingem o mar. A A ação do homem, também, pode alterar
água que se infiltra no solo, porém, forma os esse ciclo, através do desmatamento e da im-
lençóis d’água, responsáveis pela alimentação permeabilização do solo, acelerando a evapo-
dos corpos d’água superficiais. A passagem ração e reduzindo a recarga dos aquíferos sub-
da água para o meio atmosférico se dá através terrâneos, além de gerar enchentes nos cursos
de mecanismos denominados de evapotrans- d’água dos centros urbanos.
piração, onde a evaporação consiste na trans-

3.2 Poluição ambiental


As alterações ocorridas no meio ambien- são, frequentemente, observados, como a po-
te, devido às atividades humanas, provocam luição do solo, água e ar; a extinção de espé-
desequilíbrios que refletem sobre todos os cies; o aquecimento global; o efeito estufa; o
componentes do meio natural, tendo como desmatamento e as queimadas, dentre outros.
resultado a poluição do meio ambiente. A O estudo dos problemas decorrentes do uso
poluição ambiental pode ser definida como a irracional dos recursos naturais pode incenti-
ocorrência de alterações capazes de perturbar var hábitos e comportamentos voltados para a
um ecossistema. Exemplos de impactos e seus sustentabilidade.
efeitos na vida humana e nos ecossistemas

3.2.1 Cuidando da qualidade do ar

A atmosfera terrestre é resultado de 2. Dióxido de carbono (CO2): principal com-


processos físico-químicos e biológicos, ini- posto resultante da combustão completa
ciados há bilhões de anos. Do ponto de vista de combustíveis fósseis, e gás gerado nos
ambiental, destacam-se duas camadas: a tro- processos de respiração aeróbias dos se-
posfera e a estratosfera. Na troposfera, desen- res vivos.
volvem-se todos os processos climáticos que 3. Óxidos de enxofre (SO2 e SO3): produzidos
regem a Terra e é onde ocorre a maioria dos pela queima de combustíveis que conte-
fenômenos relacionados à poluição do ar. Na nham enxofre na composição, e através
estratosfera, acontecem as reações vitais para de processos biogênicos naturais.
o desenvolvimento das espécies, em virtude 4. Óxidos de nitrogênio (NOx): produzidos
da presença de ozônio. no processo de combustão, visto que são
O nível de poluição do ar é medido pela elementos presentes no ar, além de se-
concentração de uma ou mais substâncias quí- rem gerados nos processos de descarga
micas suficientes para causar danos aos seres elétrica.
vivos ou a materiais. Os poluentes podem ser 5. Gás sulfídrico (H2S): subproduto dos pro-
classificados em primários e secundários, sen- cessos de refinaria de petróleo, e produto
do os primários lançados, diretamente, no ar e dos processos biogênicos naturais.
os secundários formados na atmosfera, através
da reação com certas substâncias, em determi- Em termos espaciais, as fontes de polui-
nadas condições físicas. Dentre os principais ção atmosférica podem ser móveis ou esta-
poluentes do ar e suas fontes, estão: cionárias. As fontes móveis produzem cargas
difusas de poluentes, como, por exemplo, os
1. Monóxido de carbono (CO): gerado nos automóveis. Já as fontes estacionárias pro-
processos de combustão incompleta de duzem cargas pontuais, como, por exemplo,
combustíveis fósseis e outras materiais as chaminés das indústrias. No que tange à
com composição de carbono. dimensão dos problemas de poluição do ar,

31
UAB/Unimontes - 8º Período

podemos classificá-los em globais (envolvem ma. Para evitar o aquecimento global, devem
todo o espaço mundial) e local (em somente ser tomadas medidas para reduzir as emissões
uma região ou cidade). Os principais proble- dos gases de efeito estufa, evitar o desma-
mas globais de poluição do ar são o efeito tamento e as queimadas e buscar fontes de
estufa, a destruição da camada de ozônio e a energia limpas e renováveis.
chuva ácida. Situada na estratosfera, a camada de
O planeta Terra possui uma proteção ozônio tem a capacidade de bloquear as ra-
constituída por uma camada de gases que im- diações solares, principalmente a radiação
pedem o calor dos raios solares absorvidos de ultravioleta, impedindo que níveis excessivos
se dispersar totalmente, mantendo estável a atinjam a superfície terrestre. Na atmosfera, os
temperatura. No entanto, essa camada natural gases clorofluorcarbonos – CFCs reagem com
de gases, fenômeno considerado efeito estufa, o ozônio, destruindo e reduzindo essa cama-
vem sendo aumentada pelas atividades hu- da protetora; esse fenômeno ficou conhecido
manas, através da emissão de gases estufa na como buraco na camada de ozônio. Uma das
atmosfera (CO2, metano, óxido nitroso e CPFs - medidas mitigadoras para reduzir a destruição
clorofluorcarbonos), intensificando este efeito na camada de ozônio está na substituição dos
e elevando a temperatura no planeta, chama- CFCs presentes em aerossóis, extintores de in-
do de aquecimento global. cêndio, aparelhos de refrigeração e ar condi-
Como consequências do aquecimento cionado, por outros componentes.
global, podemos citar o derretimento de gelei- A chuva ácida (Figura 17) é resultado da
ras, a elevação do nível dos oceanos, a deser- precipitação dos gases nitrogenados e sulfo-
tificação, a perda de áreas para a agricultura, nados, produzidos por uma série de atividades
o desaparecimento da fauna e flora, além do da sociedade moderna.
aumento de catástrofes relacionadas ao cli-

Figura 17: Chuva ácida ►


Fonte: Disponível em
< http://meioambien-
teagradece.blogspot.
com/2010/11/ chuva-acida.
html>. Acesso em 07 de
setembro 2011.

As chuvas ácidas apresentam pH inferior emissão de uma determinada região pode ge-
a 5,6. Entre os danos causados pela chuva áci- rar deposição em outras.
da estão a destruição de construções civis e Os problemas locais de poluição do ar são
monumentos, acidificação da água para abas- observados em cidades e dependem dos po-
tecimento, perda na produtividade agrícola luentes que são gerados e das condições climá-
e mortandade de peixes. O controle das chu- ticas para sua dispersão. Os poluentes são clas-
vas ácidas passa por medidas de controle das sificados em dois tipos, smog industrial e smog
emissões de óxidos de nitrogênio e de dióxido fotoquímico, embora ambos possam ocorrer
de enxofre. O problema da chuva ácida deixa simultaneamente, ou separadamente, em dis-
de ser local e passa a ser global, uma vez que a tintas estações do ano, na mesma região.

32
Artes Visuais - Ecologia e Educação Ambiental para o Ensino Fundamental e Médio

O smog industrial é típico das regiões quentes, ensolaradas e de clima seco, onde os
frias e úmidas, onde os picos de concentração picos de poluentes ocorrem em dias quentes,
ocorrem, exatamente, no inverno, em condi- com muito sol. O principal agente poluidor
ções climáticas adversas para dispersão dos são os veículos, uma vez que gera poluentes
poluentes. A inversão térmica, fenômeno me- como óxidos de nitrogênio, monóxido de car-
teorológico, agrava o smog industrial quando bono e hidrocarbonetos. Esses gases sofrem
os picos de concentração de poluente ocor- reações na atmosfera, em presença da radia-
rem nas primeiras horas da manhã. ção solar, produzindo novos poluentes, daí o
O smog fotoquímico é típico de cidades nome fotoquímico (BRAGA, 2005).

3.2.2 A Água do nosso dia a dia

A água está disponível em várias for- não significa, somente, quantidade, mas
mas no planeta, sendo encontrada, prin- também, qualidade.
cipalmente, no estado líquido, constituin- Do percentual de água existente no
do-se em um recurso natural renovável, planeta, 97% encontra-se nos oceanos e
através do ciclo hidrológico. Todos os 3% constituem-se de água doce. A água
organismos necessitam de água para so- doce se distribui em icebergs e glaciares
breviver, sendo sua disponibilidade um (69%), águas subterrâneas (30%) e água
dos fatores mais importantes a moldar um superficial (1%). Como demonstra a figura
ecossistema. Para a utilização do recurso 18, embora pequena a parcela referente
hídrico pelos organismos, é necessário que aos cursos d’água, ela se consiste no ma-
a água esteja em condições físicas e quími- nancial mais utilizado para o abastecimen-
cas adequadas. A disponibilidade hídrica to humano e lançamento de efluentes.
◄ Figura 18:
Disponibilidade Hídrica
Fonte: Disponível em <
http://ga.water.usgs.gov/
edu/watercycleportugue-
se.html>. Acesso em 07 de
setembro 2011.

A água doce é distribuída de forma hete- rações naturais do ciclo hidrológico, tem ocor-
rogênea, no espaço e no tempo. A distribuição rido alteração devido à intervenção humana,
heterogênea no espaço pode ser observada como por exemplo, a alteração da ocorrência
pela existência de desertos, com baixa umida- de vapor atmosférico devido à presença de re-
de, e de florestas tropicais, apresentando umi- servatórios, modificação da cobertura vegetal,
dade alta. Quanto à variabilidade temporal, alterações climáticas devido ao efeito estufa,
existe a variação da precipitação em função dentre outros. Tais modificações podem acarre-
das condições climáticas, de acordo com o mo- tar em mudanças no regime das precipitações,
vimento de translação da Terra. Além das alte- comprometendo a disponibilidade de água.

33
UAB/Unimontes - 8º Período

Além dos problemas relacionados à 1. Prejuízos ao abastecimento humano;


quantidade de água - tais como escassez, es- 2. Prejuízo a outros usos da água;
tiagens e cheias - a disponibilidade da água 3. Agravamento dos problemas de escassez
tem se tornando limitada devido à crescente de água de boa qualidade;
poluição e ao comprometimento da qualida- 4. Elevação do custo do tratamento de água;
de. Como consequência do crescimento po- 5. Assoreamento de mananciais;
pulacional, do desenvolvimento industrial e de 6. Prejuízos aos peixes e outros organismos
outras atividades, ocorreu o aumento no con- aquáticos;
sumo de água e no lançamento de resíduos 7. Impactos sobre a qualidade de vida da
nos corpo hídricos, alterando sua qualidade. população.
A água é um dos recursos naturais mais
intensamente utilizados e essenciais para ma- Não existe água pura, uma vez que ocor-
nutenção da vida. O homem tem usado a água re a condensação, começam a serem dissolvi-
não só para suprir suas necessidades metabó- dos, na água, os gases presentes na atmosfe-
licas, como para outros fins. Existem regiões ra, sendo necessários, como consequência,
com intensa demanda de água, tais como os inDICASdores físicos, químicos e biológicos
grandes centros urbanos, pólos industriais, para caracterização da qualidade da água. Os
irrigação e outros. Dentre as atividades que parâmetros de qualidade da água podem ser
demandam maior quantidade de água estão usados como inDICAStivos de degradação
a agropecuária, seguida das atividades indus- ambiental, uma vez que a contaminação das
triais. Essa demanda pode superar a oferta de águas naturais representa um dos principais
água tanto em quantidade quanto em quali- riscos à saúde pública.
dade. A degradação da qualidade da água al- Os cursos de água são classificados de
tera a oferta e causa problemas de desequilí- acordo com seus respectivos usos e, para cada
brio ambiental. um deles, são estabelecidos limites máximos
Uma das principais fontes de água utiliza- de características - denominados de Padrões
da pelo homem está nos aquíferos, águas que de Qualidade - que a água pode apresentar.
se infiltram, lentamente, através do solo, e se Dentre os dispositivos legais brasileiros em vi-
acomodam, nas diferentes profundidades, em gor para os corpos hídricos estão:
camadas rochosas, ficando aí armazenadas. As
águas subterrâneas, normalmente, são de boa • Resolução CONAMA Nº 357/2005, que dis-
qualidade, no entanto, em virtude da explo- põe sobre a classificação dos corpos de
ração excessiva, que pode provocar o esgota- água e diretrizes ambientais para o seu
mento dos aquíferos, e da contaminação por enquadramento, bem como estabelece
efluentes e produtos químicos, esse recurso as condições e padrões de lançamento de
está sendo comprometido. efluentes, e dá outras providências.
As principais fontes de contaminação dos • Deliberação Normativa COPAM Nº 01
recursos hídricos são: esgotos domésticos e in- /2008, que dispõe sobre a classificação
dustriais; águas pluviais carreando impurezas dos corpos de água e diretrizes ambien-
da superfície; resíduos sólidos; pesticidas; ferti- tais para o seu enquadramento, bem
lizantes; percolado de chorume, resultante de como estabelece as condições de pa-
depósito inadequado de resíduo sólido urba- drões de lançamento de efluentes, e dá
no; detergentes; dentre outros. outras providências.
As consequências negativas da poluição • Portaria Nº 518 do Ministério da Saúde,
da água podem ser de caráter sanitário, eco- que estabelece os procedimentos e res-
lógico, social ou econômico, podendo-se enu- ponsabilidades relativos ao controle e
merar: vigilância da qualidade da água para con-
sumo humano e seu padrão de potabili-
dade, e dá outras providências.

3.2.3 Transformando o lixo

A disposição inadequada dos resíduos provoca a poluição do solo, do ar e água, e contribui


para a proliferação de doenças e transmissão ao homem. A busca por alternativas de destinação
adequada para o volume gerado nas diversas atividades humanas é uma necessidade de todos
os cidadãos. Antes de definir o procedimento de coleta, tratamento e disposição final dos resí-
duos sólidos, deve ser realizado o estudo prévio da composição do lixo. De acordo com a norma
brasileira NBR 10.004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2004), o conceito de

34 resíduos sólidos consiste em:


Artes Visuais - Ecologia e Educação Ambiental para o Ensino Fundamental e Médio

Os resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da co-


munidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de
serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes
de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e ins-
talações de controle de poluição bem como determinados líquidos cujas parti-
cularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou cor-
pos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis,
em face à melhor tecnologia disponível (ABNT, 2004).

Os resíduos sólidos são classificados de acordo com a composição química, origem, riscos
potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, conforme a norma NBR 10.004 (ABNT, 2004):

• Resíduos Classe I - Perigosos, que apresentam em sua característica inflamabilidade, corrosi-


vidade, reatividade, toxicidade e patogenicidade.
• Resíduos Classe II- Não Perigosos, que se subdividem em:
• Classe IIA- Não inertes: abrange os resíduos sólidos que podem ter propriedades como com-
bustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água.
• Classe IIB- Inertes: são quaisquer resíduos sólidos que, quando amostrados de forma repre-
sentativa, segundo a NBR 10.007 (ABNT, 2004), e submetidos ao teste de solubilização, con-
forme a NBR 10.006 (ABNT, 2004), não têm nenhum dos seus componentes solubilizados a
concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor,
turbidez, dureza e sabor.

As áreas de despejo e de disposição dos resíduos sólidos (lixões, aterros controlados e ater-
ros sanitários) consistem no método comum no Brasil, em virtude da viabilidade econômica na
sua execução e operação e dos menores investimentos em relação às demais alternativas. No en-
tanto, não podem ser consideradas como o ponto final para algumas das substâncias presentes
na composição dos resíduos, visto que a água percola através desses resíduos, carreando diver-
sas substâncias pelo chorume.
O chorume é um líquido escuro, de alto potencial poluidor, resultante da degradação dos
resíduos em aterros sanitários. O chorume apresenta substâncias altamente solúveis, hídricas su-
perficiais, podendo, porém, infiltrar-se no solo e atingir as águas subterrâneas, comprometendo
a qualidade e os usos dos corpos hídricos e das águas subterrâneas no entorno.
No aterro sanitário (Figura 19), o lixo é depositado sobre o terreno com revestimento imper-
meável de polietileno de alta densidade – PEAD, a fim de evitar o vazamento de material líquido
para o solo, e com um sistema de drenagem de gases, águas pluviais e chorume. Na operação do
aterro sanitário, o lixo é empilhado, compactado e coberto, diariamente, com uma camada solo.
◄ Figura 19: Esquema de
aterro controlado
Fonte: Disponível em
<http://www.recicloteca.
org.br/Default.asp?ID=7&
Editoria=2&SubEditoria=3
&Ver=1>. Acesso em 07 de
setembro 2011.

35
UAB/Unimontes - 8º Período

A destinação final do lixo deve considerar A compostagem, por sua vez, é um pro-
operações de tratamento, com a reutilização cesso biológico, aeróbio e controlado, a fim
ou o reuso, a recuperação e a reciclagem dos de produzir fertilizantes para aplicabilidade
materiais. Além do aterro controlado, as ou- na agricultura. A compostagem ocorre a par-
tras formas de tratamento dos resíduos são in- tir da decomposição biológica da matéria or-
cineração, compostagem, reciclagem e coleta gânica presente no lixo, através da ação dos
seletiva. microorganismos existentes nos resíduos, em
A incineração é um processo de trata- condições viáveis de aeração, umidade e tem-
mento térmico a uma temperatura entre 800 peratura, gerando um composto orgânico
a 1000ºC, na presença de excesso de oxigênio, biologicamente estável (Figura 20). A matéria
no qual os materiais à base de carbono são de- orgânica obtida no processo de compostagem
compostos, gerando um resíduo de cinzas e pode ser usada como adubo em vasos, jardins
liberando gases que devem ser tratados. e hortas.
Figura 20: Esquema ►
da compostagem.
Fonte: Disponível
em < http://semanade-
meioambiente.blogs-
pot.com/2008/03/
orientaes-sobre-
-compostagem.html>.
Acesso em 07 de setem-
bro 2011.

A reciclagem consiste na separação de QUADRO 03


materiais do lixo domiciliar, tais como papéis, Código de cores para os diferentes tipos de
resíduos
plásticos, vidros e metais, a fim de serem reu-
PARA SABER MAIS tilizados nos processo industriais, ou de forma Cor Resíduo/Lixo
O tempo de decom- a retornarem como produtos comercializáveis
Azul Papel / papelão
posição de alguns no mercado. Através da reciclagem, que de- Vermelho Plástico
materiais: pende da coleta seletiva, o lixo será transfor- Verde Vidro
Plástico = Meses a
mado em produto útil. Amarelo Metal
A coleta seletiva consiste no recolhimen- Preto Madeira
dezenas de anos
to diferenciado de resíduos sólidos, previa- Laranja Resíduos Perigosos
Vidro = Milhares de
Branco Resíduos ambulatoriais e de
anos mente separados nas fontes geradoras, com serviços de saúde
Lata de aço = 10 anos o intuito de destiná-lo para reciclagem, com- Roxo Resíduos radioativos
Lata de alumínio = Mais
de 1000 anos
postagem ou outras destinações alternativas. Marrom Resíduos orgânicos
A Resolução Nº 275, de 25 de abril de 2001, do Cinza Resíduos gerais não- recicláveis
Papel = Meses a muitos
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CO- (misturado ou contaminado, não
anos
passível de separação).
Madeira = Meses a NAMA, estabeleceu o código de cores para os
muitos anos diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na Fonte: Adaptado da Resolução CONAMA nº 275/ 2001.
Cigarro (filtro) = Meses
a muitos anos
identificação de coletores e transportadores,
Restos orgânicos = Dias bem como nas campanhas informativas para a O grande desafio do projeto da coleta se-
a meses coleta seletiva, conforme descrito em seguida letiva consiste na mudança de hábitos da po-
Chiclete = 5 anos (Quadro 03). pulação. Através da coleta seletiva, separamos
os materiais não recicláveis dos recicláveis, as-
sim, essa parte do lixo deixa de ser uma fonte
de poluição ambiental para gerar renda e em-
prego.

36
Artes Visuais - Ecologia e Educação Ambiental para o Ensino Fundamental e Médio

3.2.4 Energizando o planeta

A energia elétrica, responsável pelo fun- pequena discussão sobre suas potencialidades
cionamento dos bens de consumo da socie- e impactos produzidos.
dade atual, pode ser obtida através de fontes A hidroeletricidade consiste em aprovei-
renováveis, como o vento e a água, ou por fon- tar a energia potencial ou cinética da água,
tes-não renováveis, como o petróleo. transformando-a em energia mecânica, pela
Com as mudanças nos padrões de vida, turbina, e, finalmente, em eletricidade (Figura
o homem utiliza cada vez mais as tecnologias 21). Esse tipo de energia é uma das mais efi-
para viver melhor, o que implica no consumo cientes e utilizadas no Brasil, correspondendo
maior de energia. Os números inDICASm que a 90% do total de energia elétrica gerada no
a crise energética deverá se intensificar no país, visto que o país possui um elevado po-
futuro, e a solução para essa crise é um dos tencial hídrico e a opção por essa matriz ener-
maiores desafios tecnológicos. Apresentare- gética dá sustentação ao desenvolvimento na-
mos um resumo das fontes de energia e uma cional.

◄ Figura 21:
Hidroeletricidade
Fonte: Disponível em
<http://eletricalider.com/
index.php?id=11&pagina=
noticia _completa>.
Acesso em 07 de setembro
2011.

A grande vantagem da hidroeletricidade tes ao meio ambiente, contribuindo para gra-


consiste no seu alto rendimento e baixo custo, ves problemas de saúde, para o agravamento
além de ser considerada uma fonte de energia do efeito estufa e para a chuva ácida.
limpa, no entanto, o reservatório da hidrelétri- O gás natural consiste em uma mistura
ca gera grandes impactos ambientais, durante de gás metano com pequenas quantidades de
a construção e na fase de operação. hidrocarbonetos gasosos mais pesados. O gás
A energia termelétrica é obtida pela com- natural é uma fonte de energia limpa, uma vez
bustão de materiais, como carvão mineral, gás que gera menos poluentes atmosféricos quan-
natural, petróleo e biomassa. O carvão mine- do comparado com os combustíveis fósseis. O
ral, ou hulha, é formado por carbono com pe- custo de aproveitamento do gás é baixo e seu
quenas quantidades de água, nitrogênio e en- rendimento bastante alto.
xofre, e é o combustível fóssil mais abundante O petróleo é constituído, basicamente,
no mundo. Muito do carvão mundial é quei- de hidrocarbonetos e consiste em um óleo
mado em termoelétricas, sendo o remanes- natural, de coloração escura. O petróleo se en-
cente convertido em coque para fabricação contra confinado em grandes profundidades
de aço ou queimado em caldeiras para gerar nos continentes e oceanos. Constitui matéria
vapor nos processos industriais. A queima do prima da indústria petrolífera e petroquímica,
carvão resulta na emissão de diversos poluen- sendo usado para produzir gasolina, quero-

37
UAB/Unimontes - 8º Período

sene, parafina etc. Trata-se de uma fonte de dos oceanos é através das usinas maremo-
energia não renovável e de origem fóssil, cuja trizes, as quais utilizam os desníveis criados
queima provoca a emissão de gases poluentes pelas marés, mas os projetos são quase expe-
na atmosfera. rimentais e são poucos os locais onde é viável
A biomassa corresponde à matéria de o aproveitamento econômico das marés. No
origem orgânica que pode ser convertida em Brasil, somente o nordeste apresenta esse tipo
combustível e empregada em usinas termelé- de aproveitamento.
tricas. As vantagens e desvantagens ambien- A energia eólica consiste em uma fonte
tais dependem do tipo da biomassa utilizada. de energia renovável e limpa, gerada pelo mo-
Uma das formas de aproveitar as águas vimento do vento (Figura 22).
Figura 22: Usina ►
de Energia Eólica
Fonte: Disponível
em < http://www.ecode-
bate.com.br/2009/06/29/
energia-eolica-tera-
-primeiro-leilao-em-no-
vembro-estado-do-rio-de-
janeiro-tem-dois-
-projetos-em-andamen-
to/>.
Acesso em 07 de
setembro 2011.

O processo de captação se dá através das ares são torná-las comercialmente viáveis, em


hélices dos moinhos que captam o vento e ao virtude do custo de desenvolvimento, cons-
se movimentarem acionam uma turbina liga- trução e operação, além do risco de acidentes
da a um gerador elétrico. No Brasil, os estados e do problema de destinação do lixo atômico
com maior potencial são o Rio Grande do Nor- (PEREIRA, 2008).
te e o Ceará. O etanol é produto da fermentação da
A usina de energia solar consiste em uma sacarose presente no caldo de cana de açú-
fonte renovável e limpa de energia. No Brasil, car, consistindo-se em uma fonte renovável de
esta fonte de energia possui um bom aprovei- energia e em um combustível menos poluente
tamento, devido aos altos índices de insolação que o petróleo. O biodiesel é um combustível
em todo seu território. biodegradável, produzido a partir de óleos ve-
A energia nuclear origina-se da de rea- getais e gorduras animais, cujas principais ma-
ções nucleares de fissão dos átomos, reação térias primas são a soja, a mamona, o dendê,
esta que divide o núcleo atômico em duas o girassol, o amendoim e outras oleaginosas.
partes, liberando energia. A matéria-prima Pode ser misturado com o diesel puro a fim de
das usinas nucleares são os minerais altamen- reduzir as emissões de gases de efeito estufa e
te radioativos. As reações nucleares liberam tem sido uma alternativa ao uso do petróleo,
energia e calor, transformando água em vapor, devido à economia e a baixa emissão de gases
que por meio da pressão produzem energia poluentes (BRASIL, 2011).
elétrica. O grande problema das usinas nucle-

38
Artes Visuais - Ecologia e Educação Ambiental para o Ensino Fundamental e Médio

3.2.5 Protegendo nossa fauna e flora PARA SABER MAIS


você sabia que muitos
animais da fauna bra-
A fauna brasileira é uma das privilegiadas construção de usinas hidrelétricas e da ocor- sileira como a ARARA-
do mundo devido à rica biodiversidade que, rência de queimadas e incêndios. Como con- -AZUL, o PAPAGAIO-
porém, vem sendo, seriamente, ameaçada, de- sequência, observamos a extinção de espécies -DA-CARA-ROXA,
vido ao desmatamento, queimada e retirada vegetais e animais, o aumento de processos a BALEIA-AZUL, o
CERVO-DO-PANTANAL,
de animais silvestres das florestas, provocando erosivos no solo, o assoreamento de corpos a ONÇA-PINTADA e o
um sério desequilíbrio ecológico. Os filhotes d’água (rios e lagos), a mudança na quantida- LOBO-GUARÁ estão
são retirados das matas e vendidos como mer- de de chuva da região e a elevação das tempe- ameaçados de extin-
cadoria, ficando, nas mãos de traficantes, em raturas locais e regionais, dentre outros danos. ção? Visite a lista dos
péssimas condições devido aos maus tratos, As matas ciliares, formações vegetais às animais em extinção,
no site do Ministério
pois, infelizmente, o tráfego de animais silves- margens dos rios que funcionam como pro- do Meio Ambiente,
tres movimenta valores consideráveis no mer- teção, também sofrem com o desmatamento. disponível em: www.
cado mundial. Essa vegetação contribui para manutenção da mma.gov.br
De acordo com o Artigo 23, da Constitui- qualidade da água, controle da temperatura,
ção Federal de 1988, que trata do meio am- luz e da entrada de nutrientes no ecossistema
biente, é competência comum da União, dos aquático, sendo refúgio e fonte de alimento
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: para a fauna silvestre e formação de uma rede
[...] VI - proteger o meio ambiente e combater de distribuição da biodiversidade. A ausência
a poluição em qualquer de suas formas. VII – das matas ciliares pode acarretar sérios pro-
preservar as florestas, a fauna e a flora. [...]. blemas, dentre eles: erosão, assoreamento do
Na flora, os impactos ambientais preocu- leito do rio, aumento da poluição aquática,
pantes são os desmatamentos e as queima- perda de espécies da flora e fauna e compro-
das. O desmatamento pode ser provocado metimento das nascentes de água.
por causas naturais ou atividades humanas, A reposição florestal, desde o primeiro
incidindo sobre a vegetação e alterando con- Código Florestal, de 1934, consiste em uma
dições naturais do solo, do relevo e do clima. obrigatoriedade, garantindo o suprimento de
Em virtude da ocupação humana, a compo- matéria-prima para os consumidores e possi-
sição original da vegetação do planeta sofre bilitando o aproveitamento de terras impró-
alteração. A destruição das florestas tem sido prias, além de reduzir os problemas de erosão
resultado da extração de madeira, instalação e assoreamento dos recursos hídricos e au-
de projetos agropecuários ou de mineração, mentar a disponibilidade de água.

Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Resíduos Sólidos – Classificação: NBR 10004.
Rio de Janeiro: ABNT, 2004. 71p.

BRAGA, B. de et al. Introdução à Engenharia Ambiental. 2 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2005.

BRASIL. Constituição Federal do Brasil de 1988. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/


ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm> Acesso em: 08 set. 2011.

_______. Resolução CONAMA Nº 275 de 25 de Abril de 2001. Conselho Nacional do Meio Am-
biente. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/cons-
tituicao/constitui%C3%A7ao.htm> Acesso em: 08 set. 2011.

__________. Biodiesel. Ministério de Minas e Energia. Disponível em <http://www.mme.gov.br/


mme/perguntas_frequentes/faq.html>. Acesso em: 08 set. 2011.

PEREIRA, D. S.; FERREIRA, R. B. Caderno de Educação Ambiental - Ecocidadão. Governo do


Estado de São Paulo. Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Coordenadoria de Educação Am-
biental. São Paulo, 2008.

39
Artes Visuais - Ecologia e Educação Ambiental para o Ensino Fundamental e Médio

UNIDADE 4
Atividades de educação ambiental
Sônia Ribeiro Arrudas
Silma da Conceição Neves

As atividades de educação ambiental, propostas para serem desenvolvidas na sala de aula,


devem estar centradas em propostas pedagógicas que estimulem a tomada de consciência
e mudança de comportamento dos alunos, visando à busca de um ambiente saudável para as
gerações atuais e futuras. Nesta unidade, sugerimos algumas atividades de educação ambiental
aplicadas ao ensino fundamental e médio, avaliando os objetivos propostos em cada uma delas.
É importante ter sensibilidade no que tange à maturidade dos alunos para a aplicação destas
atividades.

4.1 Operacionalização das


atividades de educação ambiental
Figura 23: O Cone de
Experiências, de Edgar
Dale.
Fonte: Dias (1998).

Um projeto de educação ambiental para ser
efetivo deve gerar o desenvolvimento de conhe-
cimentos, atitudes e habilidades necessárias à
preservação e melhoria da qualidade ambiental.
Para atingir os objetos do projeto de educação
ambiental, é necessário o fomento para partici-
pação comunitária de maneira articulada e cons-
ciente. Tal projeto deve prover os conhecimentos
necessários à compreensão do seu ambiente e ao
desenvolvimento de habilidades para busca de
solução dos problemas ambientais.
A estratégia da resolução de problemas
para as atividades desenvolvidas se explica na
capacidade de ajudar os alunos a compreender
os problemas ambientais e estimular a forma-
ção de uma mentalidade que os levem a se en-
volver na identificação e resolução dos proble-
mas ambientais.
As técnicas para as atividades de educação
ambiental serão expressivas se as atividades fo-
rem adaptadas às situações reais da cidade, ou
do meio, onde o professor e os alunos estão inse-
ridos. Edgar Dale, autor do cone de experiências
(Figura 23), ressalta que o ensino, simplesmente,
teórico deve ser evitado, uma vez que o vivencial
permite um aprendizado efetivo.
Os objetivos, metas e enfoque da educação
ambiental constituem um todo, cujo entrelaça-
mento dos componentes e o final desejado con-
sistem na obrigação de ação orientada por com-
portamentos adequados, em busca de melhoria e
elevação da qualidade de vida. A figura 24 repre-
senta a integração desses fatores.

41
UAB/Unimontes - 8º Período

Figura 24: Como os ►


objetivos, enfoque
de ensino e metas da
educação ambiental
constituem um todo.
Fonte: Dias (1998).

Cabe ao professor, conhe-


cendo as realidades de sua es-
cola, adotar, mesclar ou adaptar
as estratégias a serem utilizadas.
O quadro 4 apresenta o resumo
das estratégias mais utilizadas.
O modo de desenvolver as ati-
vidades de educação ambiental
depende do conhecimento apro-
priado do perfil ambiental das
comunidades a serem envolvidas
e do seu respectivo metabolismo, pois, após conhecermos os detalhes desse mecanismo, pode-
mos iniciar o planejamento para um dado público, com maiores chances de sucesso.

QUADRO 04
Estratégias de Ensino para a Prática de Educação Ambiental
Estratégia Definida Ocasião para Uso Vantagens / Desvantagens

Quando assuntos polêmicos A discussão em classe ajuda o estudante a


Discussão em clas- estão sendo tratados; permite compreender as questões, desenvolve habili-
se ou em grupo que os alunos exponham suas dades e autoconfiança para falar em público./
opiniões oralmente. Dificuldade em iniciar o processo de discussão.

Brainstorming Deve ser usado como um recur-


Estimula a criatividade, liberdade./Dificuldades
(ou mutirão de so para encorajar e estimular
em obter idéias originais.
idéias) idéias voltadas à solução de um
problema.

Estratégia útil quando assuntos Permite o desenvolvimento das habilidades de


Debate controvertidos estão sendo apresentação de fatos e idéias./Requer muito
discutidos e existam propostas tempo de preparação.
diferentes de solução.

Aplicado de forma adequada, produz exce-


lentes dados, dos quais podem ser extraídas
É usado para obter informações
conclusões ou inDICASções para atividades./
e/ou efetuar amostragens de
Questionário É necessário muito tempo e experiência para
opinião das pessoas em relação
produzir um conjunto ordenado de questões
a uma dada questão.
que cubram as informações que estão sendo
procuradas.

Realização de tarefas com ob- As pessoas concebem e executam o próprio


Projetos jetivos a serem alcançados em trabalho; o professor apenas sugere. Às vezes,
longo prazo, com maior envolvi- o professor, mesmo vendo as falhas, deve
mento da comunidade. permitir que eles mesmos as verifiquem.

O estudante treina ou exercita a sua capacida-


Solução de pro-
Busca de soluções para proble- de de resolver os problemas apresentados, em
blemas
mas identificados um contexto real./ O orientador deve conhecer
a fundo a questão abordada.

Identificação, análise e discus- Facilita o envolvimento do aluno com sua


Jogos de simula- são das consequências de um realidade, pois conhece as consequências dos
ção (role playing) dado problema da comunidade resultados obtidos./ Dificuldades na apresen-
ou mesmo de aspectos positi- tação de alternativas de soluções factíveis.
vos relevantes.

Agradabilidade na execução; grande partici-


Exploração do Compreensão do metabolismo
pação das pessoas envolvidas; vivência em
ambiente local local, ou seja, da interação com-
situações concretas./ Requer planejamento
(environmental plexa dos processos ambientais
minucioso.
trial) à sua volta.

42 Fonte: Adaptado de Dias (1998).


Artes Visuais - Ecologia e Educação Ambiental para o Ensino Fundamental e Médio

4.2 Atividades de educação


ambiental aplicadas ao ensino
fundamental
As atividades de educação ambiental (Fi- desenvolver uma sensibilização a respeito dos
gura 25) devem ser o centro do programa, vis- problemas ambientais e da busca de soluções.
to que permitem aos alunos oportunidades de

◄ Figura 25: Atividades de


Educação Ambiental.
Fonte: Disponível em <http://
www.biosferatv.com.br/
noticias/ semana-do-meio-
-ambiente-com-muitas-ativi-
dades/>
Acesso em 07 de julho 2011.

4.2.1 Biodiversidade em jogo

Esta atividade busca promover a reflexão cada pessoa escolha dois elementos da biodi-
sobre a problemática da conservação de áreas versidade (árvore, flor, abelha etc.) e escreva o
naturais, trazendo a percepção da responsabi- nome escolhido em cada bexiga Solicitar dois
lidade de cada um nessa tarefa, além de esti- voluntários para serem os “vilões”, que muni-
mular o trabalho cooperativo na escola. dos de alfinetes tentarão estourar as bexigas,
e três para serem os “guardiões da biodiversi-
Materiais dade”, que devem tentar defendê-las dos ata-
ques dos “vilões”.
• 02 Bexigas para cada participante As táticas de defesa devem ser acordadas,
• Confetes previamente, com o grupo, onde não deve
• Alfinetes valer empurrão ou qualquer tipo de atitude
• Canetas coloridas para retroprojetor agressiva e a defesa deve ser realizada pela
obstrução da passagem do “vilão”. Os demais
Forma de realização participantes jogarão as bexigas (ou os ele-
mentos da biodiversidade) para o ar, sem dei-
Distribuir duas bexigas para os partici- xar cair no chão. Os “vilões” podem estourar
pantes e solicitar o enchimento. Pedir que tanto as bexigas que estiverem no ar como as

43
UAB/Unimontes - 8º Período

que estiverem caídas no chão. Os únicos que direcionada à importância e ao papel da socie-
podem recolocar as bexigas no jogo depois dade na conservação da biodiversidade, com
que estiverem caídas no chão são os “guardi- discussão sobre as causas da degradação da
ões da biodiversidade”. biodiversidade e as atitudes e comportamen-
Ao final, devem ser contadas as bexigas tos que cada pessoa deve ter para minimizar
estouradas, comparando com o número de esses impactos.
bexigas conservadas. A reflexão final deve ser

4.2.2 Mapa dos sons

É uma atividade que ajuda os participan- vir outras pessoas, fator essencial para uma
tes a ampliarem a sua percepção auditiva, boa convivência humana.
percebendo os sons que os rodeiam. Eles con-
seguem até ouvir o som do vento, que, nor- Forma de realização
malmente, não é percebido pelas pessoas.
Distribuir para cada participante uma fo-
Materiais lha de papel branco com um “x” marcado no
centro, onde a folha é um mapa e o “x” inDI-
• 01 Folha de papel sulfite branca para CAS onde cada pessoa está sentada. Os par-
cada participante ticipantes deverão buscar um local para se
• 01 Lápis e borracha para cada participante sentar sem serem perturbados e, a cada som
• Pranchetas (pode ser pedaços de papelão que ouvirem, devem fazer no mapa um sinal
– apenas um anteparo para que os parti- que identifique o som, mostrando a direção e
cipantes possam escrever). a distância de onde veio.
Os participantes devem permanecer fa-
As atividades de sensibilização, como es- zendo o mapa por 5 a 10 minutos, dependen-
tratégia pedagógica, permitem a percepção do da capacidade de concentração e interesse
integrada dos sons e mensagens presentes no do grupo. Ao final, os participantes podem
nosso cotidiano, favorecendo uma aprendiza- comparar os seus mapas e o instrutor deverá
gem expressiva, através da emoção e da es- abordar questões relacionadas aos sons da na-
sência humana, como parte integrada em um tureza, horários de cada som, bem como sobre
processo educativo, além de possibilitar uma as dificuldades existentes no ato de ouvir, seja
atitude de respeito no que tange ao saber ou- a natureza ou as outras pessoas.

4.2.3 Equilíbrio dinâmico dos ecossistemas

Essa atividade possibilitará aos partici- proporcionando cada uma dessas coisas aos
pantes uma reflexão sobre o equilíbrio natural animais e estes estarão procurando esses mes-
dos ecossistemas e os principais fatores que mos elementos no ambiente.
causam seu desequilíbrio. As filas se colocarão de costas para o cen-
tro e, ao sinal do professor, os participantes
Forma de realização fazem o gesto que escolherem, virando-se, ao
mesmo tempo, para o centro. Cada participan-
Os participantes devem se posicionar em te da “fila dos animais” deve correr imediata-
duas filas com o mesmo número de participan- mente para o participante da “fila do ambien-
tes, de frente uma para a outra, mas afastadas te” que estiver com o mesmo gesto que o seu,
cerca de 10 metros cada uma. Uma das filas re- sendo que a fila do ambiente não se movi-
presenta o ambiente e a outra fila representa os menta e cada elemento do ambiente só pode
animais que fazem parte desse bioma. suportar um animal de cada vez.
O professor apresenta os três gestos que Os participantes não podem mudar os
cada participante fará durante a brincadeira: gestos escolhidos inicialmente, portanto,
abrigo - os participantes devem erguer os dois quem não achar um participante com o gesto
braços, formando uma representação de te- igual ao seu, sai da atividade. Ao final, o pro-
lhado sobre a cabeça; alimento - as duas mãos fessor deverá reforçar conteúdos sobre con-
devem ficar sobre o estômago; água: as duas servação da biodiversidade, diminuição ou
mãos devem ficar em concha sobre a boca. extinção de uma população de animais ou

44
Os participantes da fila do ambiente estarão plantas, oferta e demanda de recursos etc.
Artes Visuais - Ecologia e Educação Ambiental para o Ensino Fundamental e Médio

4.2.4 Causas x Consequências

A atividade ressalta a importância do sa- uma caixa e os dois subgrupos ficam em fila
neamento básico para conservação da saúde e indiana paralela uma a outra. A caixa com os
da qualidade ambiental no meio em que habi- cartões é colocada no meio e em frente das fi-
tamos, reforçando a relação de causa e conse- las. Com uma distância média de cinco metros
quência. da caixa de cartões, são colocadas duas outras
caixas: uma para as CAUSAS (falta de sanea-
Materiais mento) e outra para as CONSEQUÊNCIAS (do-
enças).
• Papeletas em branco A dinâmica segue como um jogo de fu-
• Canetas hidrográficas coloridas tebol de mãos, o primeiro da fila, com a bola
• 3 Caixas em uma das mãos, pega com a outra mão um
• 2 Bolas médias leves. cartão, lê em voz alta, corre até as duas outras
caixas, depositando-o na caixa correta (causas
Forma de realização x consequências). O participante deve retor-
nar até o final da sua fila e passar a bola com
O monitor divide o grupo em dois sub- as mãos levantadas por cima da cabeça do
grupos iguais, onde cada subgrupo elabora companheiro da frente. O subgrupo vencedor
ações que demonstram a falta de saneamento, será aquele que em menor tempo, retornar ao
os hábitos culturais inadequados, sanitaria- começo da fila o primeiro participante do iní-
mente, e doenças oriundas da falta de sanea- cio do jogo. O monitor deve lê com os partici-
mento, escrevendo cada uma em um cartão. pantes as papeletas das caixas “causas e con-
O número de cartões equivale ao número de sequências” contextualizando com o grupo
participantes de cada subgrupo. a importância do saneamento para a saúde e
Os cartões são colocados misturados em conservação ambiental.

4.2.5 Captação de água


Figura 26: Importância
dos Recursos Hídricos.
Esta atividade demonstra a importância dos recursos hídricos (Figura 26) e a problemática Fonte: Disponível em
de captação da água, além de reforçar o compromisso e a necessidade da ação coletiva na con- <http://www.radiono-
vavidafm.com.br/?pg=
servação dos recursos ambientais. noticias&funcao=
detalhes&id_not=321>.
Materiais Acesso em 07 de julho
2011.

• 10 Cartolinas ▼
• 10 Caixas de papelão, cortadas em vários
formatos e tamanhos
• Papel alumínio
• 02 Tesouras
• 02 Fitas crepe
• 02 Grampeadores
• 30 Vendas para os olhos
• 30 Pedaços de barbante (para amarrar as
mãos).

Forma de realização

Formar duplas representando um cego


(com a venda nos olhos) e o outro com as
mãos atadas (amarrar as mãos para trás). Am-
bos devem confeccionar um recipiente para
armazenar água da chuva. Para a construção
do recipiente, os participantes terão, inicial-
mente, 10 minutos. Após o tempo estipulado,
invertem-se os papéis da dupla e reinicia-se a
confecção do mesmo recipiente até o seu tér-
mino (10 minutos).
45
UAB/Unimontes - 8º Período

Em local apropriado, os participantes de- de água. O monitor discute com o grupo a ex-
vem segurar os recipientes construídos para periência vivenciada, reforçando a necessida-
conservar o maior volume de água quando de da ação coletiva na preservação dos recur-
o monitor enchê-los com água de uma jarra. sos hídricos, principalmente os mananciais de
Será verificada a eficácia e estratégia do grupo abastecimento
para, coletivamente, reservar o maior volume

4.2.6 O lixo: um problema de todos

Com esta atividade, buscamos despertar em relação à separação e destino adequado


os alunos para a necessidade da ação coletiva do lixo doméstico (Figura 27).
Figura 27: ►
Coleta seletiva.
Fonte:
Disponível em:< http://
www.mundodastri-
bos.com/lixeiras-
para-co-
leta-seletiva-preco.
html>. Acesso em 07 de
julho 2011.

Materiais soltar ou cruzar as mãos. Para que o grupo


consiga virar para o centro, um elemento de-
• Resíduos (lixo) de diferentes materiais verá, de costas, caminhar até o outro lado do
(plástico, papel, metal, orgânico, tóxico) círculo e passar por baixo das mãos de dois
• Caixas ou lixeiras com as inDICASções dos outros participantes, puxando a fileira atrás
diferentes materiais. dele, invertendo, assim, o sentido da roda.
Virados para o centro, sem soltar as mãos, os
Formas de realização participantes devem separar o lixo, destinan-
do-o às lixeiras corretas. Em grupo, são feitos
O monitor solicita ao grupo que faça os comentários e a atividade deve ser contex-
uma roda de mãos dadas com as costas para tualizada (separação, reciclagem, reutilização
o centro. O lixo é colocado no centro da roda, e redução do lixo) fazendo um paralelo com a
e lixeiras, nas extremidades do círculo. Cada problemática do lixo e a importância de bus-
grupo deve ficar de frente para o círculo sem carmos uma “saída para este problema”.

4.2.7 Alfabeto Dinâmico

O alfabeto dinâmico mostra a importân- • Barbante para parte superior do cartão


cia da ação coletiva e organizada no que tan- para colocação no pescoço dos partici-
ge à preservação ambiental, além de reforçar a pantes.
necessidade de trabalho em grupo.
 Formas de realização

Materiais O monitor deverá, previamente, esco-


lher uma frase para escrever cada letra em
• Cartões de cartolina de 30 x 30 cm, com um cartão. A frase deverá estar relacionada à
letras desenhadas conforme definição de temática a ser trabalhada e conter também o
uma frase pelo monitor. número de letras conforme o número de par-

46
Artes Visuais - Ecologia e Educação Ambiental para o Ensino Fundamental e Médio

ticipantes. Cada participante pega um cartão dade à necessidade de mobilização, partici-


e o coloca no pescoço com a face em branco pação e organização das pessoas nas ques-
virada para frente, e virar, somente, quando tões de preservação e conservação ambiental,
estiverem em círculo. Os participantes devem assim como, relacionando a vivência com o
construir uma frase em um curto espaço de equilíbrio existente na natureza, reforçando
tempo. Após a construção, o monitor deverá conteúdos de interdependência de todos os
escutar os comentários, relacionando a ativi- elementos do ambiente. 

4.2.8 Boliche Ecológico

O boliche ecológico consiste em uma di- Confeccionar os pinos de boliche com no-
nâmica que busca a descontração e o desenvol- mes/figuras de animais (de preferência amea-
vimento de discussões sobre temas ambientais çados de extinção) ou plantas, resíduos secos
abordados em sala de aula ou para fixação de e orgânicos e outros, usando vasilhames de
nome de espécies vegetais e animais. produtos de limpeza e garrafas plásticas de re-
frigerante.
Forma de realização

4.2.9 Animal Oculto

O animal oculto visa à descontração e ao mes de animais, de preferência ameaçados


desenvolvimento de discussões sobre as espé- de extinção e vítimas de tráfico de animais
cies de animais em extinção, possibilitando a (também é possível trabalhar temas diversos,
fixação do nome das espécies pelos alunos. como plantas, resíduos e outros) e colar uma
etiqueta nas costas de cada aluno. O estudan-
Formas de realização te deverá adivinhar o animal que está em suas
costas, fazendo perguntas aos demais, que de-
Confeccionar várias etiquetas com no- verão responder apenas SIM ou NÃO.

4.2.10 Confecção de Mini-hortas com Garrafas Pet

Esta atividade permite o trabalho com a Deitar a garrafa pet e cortar um dos la-
flora e a percepção das crianças em relação ao dos da “barriga” da garrafa, sem atingir o fun-
desenvolvimento da planta (Figura 28). do nem a boca. Fazer pequenos furinhos no
fundo e colocar terra. Plantar as sementes ou
Materiais as mudas e cultivá-las com cuidado. Pode-se
usar, como suporte, caixas de ovos para que
• Garrafas pet não fiquem diretamente no chão. De tempos
• Tesoura em tempos, esses suportes devem ser substi-
• Terra tuídos para não apodrecer com o excesso da
• Mudinhas ou sementes. água. Como o trabalho se estende por alguns
dias, permite o trabalho diário de anotações,
Forma de realização pelos alunos e professores, daquilo que é ob-
servado.
◄ Figura 28: Mini- horta
com garrafa pet.
Fonte: Disponível
em:< http://cmiclube-
deciencias.blogspot.
com/2010/06/7- encon-
tro-mini-horta.html>.
Acesso em 07 de julho
2011.

47
UAB/Unimontes - 8º Período

4.3 Atividades de educação


ambiental aplicadas ao ensino
médio
Por estarem com uma capacidade de abs- aprenderão a buscar subsídios para abraçar a
tração mais desenvolvida, estes alunos conse- luta pelo meio ambiente, visando uma melhor
guirão, com mais facilidade, relacionar os con- qualidade de vida ambiental. Sugerimos, aqui,
teúdos de educação ambiental estudados na algumas atividades de educação ambiental
escola com sua vida em comunidade. Assim, aplicadas ao ensino médio.

4.3.1 Pesquisas de campo e levantamento de dados

Discutir com os alunos sobre o que é de alunos por escola. Observar os resultados e
pesquisa de campo, como proceder e porque transpor as informações para a planta do bair-
fazer pesquisas de campo. Realizar uma pes- ro, aproveitando para identificar os agentes
quisa de campo e fazer o levantamento de da- transformadores desse espaço e pontuá-los na
dos pelos alunos, juntamente com os agentes planta (associação de bairro, escolas, igrejas,
transformadores integrantes do bairro (mora- comércio, indústria...).
dores, comerciantes, empresários, dirigentes Analisar os dados através da produção
de associação de bairro) a fim de qualificar as de cartogramas, podendo ser feito sobre uma
condições de vida no bairro. Realizar levan- maquete. Detectar pontos críticos e destacar
tamento de dados quantitativos, nos postos áreas de risco para a saúde dos moradores.
de saúde e escolas, para obter o número de Objetivar uma exposição das informações ob-
atendimento por tipo de doenças e número tidas para os demais alunos da escola.

4.3.2 Maquete geoambiental da bacia hidrográfica

Montar uma maquete sobre “O ciclo da ser feita com materiais simples e baratos (base
Água”, através de uma representação tridi- de isopor e massa de farinha, sal e água, pin-
mensional de como ocorre o ciclo natural e tada com guache ou tinta para tecido; base de
artificial da água. Propicia aos alunos a enten- papelão, modelado com massa de papel velho
derem quais os caminhos percorridos pela dissolvido em água e cola, ou ainda com base
água, sua relação com o relevo, solo, vegeta- de argila).
ção, energia solar e as ações antrópicas. Pode

4.3.3 Produção de textos e debates

A elaboração de redação com os alunos Forma de realização


possibilitará o desenvolvimento do senso crí-
tico sobre a interferência da ação humana na Propor aos alunos a elaboração de reda-
sociedade e na natureza, além da discussão ções sobre temas ambientais, com enfoque
de temas ambientais, como sustentabilidade e nas atividades que geram impacto ambiental
ação coletiva. e nas possíveis soluções. Solicitar que cada
participante relate sobre o que escreveu, pro-
Materiais movendo um debate entre os alunos.

• Folhas de papel branco


• Lápis ou caneta

48
Artes Visuais - Ecologia e Educação Ambiental para o Ensino Fundamental e Médio

4.3.4 Sensibilização ambiental

Promove a reflexão dos alunos sobre a Apresentar aos alunos fotos do ambiente
importância de visitar ambientes para apren- a ser visitado. A cada cinco fotos, os alunos de-
der sobre Ecologia, além de possibilitar a com- vem escrever, resumidamente, sobre a impres-
paração das impressões sobre os ambientes são em relação ao ambiente. Realizar a visita
antes e depois da visita de campo. de campo com alunos ao ambiente apresenta-
do nas fotos. Ao retornar, em sala de aula, faça
Materiais perguntas sobre a sequência de fotos apresen-
tadas e proporcione uma discussão sobre os
• Questionário conceitos ecológicos e relações entre ecossis-
• Fotos dos ambientes que serão visitados. temas e o homem em dois momentos distin-
tos (antes e depois das saídas de campo).
Forma de realização

4.3.5 Teatro musical

Possibilita uma interação entre os alunos por as roupas e o cenário. Após a preparação
com foco em temas ecológicos inseridos em de cada grupo, a ordem de apresentação das
trechos de músicas. músicas será sorteada. Não é necessário que
os participantes conheçam a melodia, uma vez
Materiais que será avaliada a interpretação da sua letra
e como isso será composto e distribuído, para
• Letra de música com tema da natureza que haja a participação de todos integrantes
• Acessórios para compor roupas e cenários. do grupo. Os participantes não poderão falar
qualquer palavra ou cantar a letra da música,
Forma de realização apenas ruídos incidentais dentro do contexto
da apresentação poderão ser emitidos, como
Cada grupo de, em média, seis alunos sons de animais, vento, ruído de chuva e ou-
Figura 29: Pufe com
receberá a letra de uma música e terá 20 mi- tros. No final de cada apresentação, uma pes- garrafa pet
nutos para preparar uma apresentação que soa de cada grupo fará uma rápida avaliação Fonte: Disponível em:<
retrate o texto, podendo improvisar para com- da apresentação e da mensagem passada. http://revistasobretudo.
blogspot.com/2010/05/
aprenda-fazer-um-puff-
Acesso em 07 de julho
4.3.6 Confecção de pufe com garrafa pet 2011.

Materiais

• 32 garrafas pet do mesmo modelo


• fita crepe de 2 a 4 cm
• espuma
• caixa ou pedaços de papelão
• fita adesiva de 3,5 a 4 cm
• cola contato (para espuma)
• tecido
• tesoura

Forma de realização

Recortar o bico de 16 garrafas e encaixar


uma garrafa cortada sobre a garrafa inteira e
com tampa, depois vedar com fita cada uma
delas, na parte da união. Unir de duas em duas
as garrafas e passar fita crepe no meio em
volta das duas extremidades. Depois, unir de
quatro em quatro formando retângulos; com

49
UAB/Unimontes - 8º Período

a união de 2 retângulos, formar um quadra- papelão com espuma, com ajuda da cola de
do. Cobrir o quadrado com papelão, unindo contato, e forrar o pufe com o tecido escolhido
as partes com ajuda da fita adesiva. Cobrir o (Figura 29).

4.3.7 Confecção de Ímãs com latas de alumínio

Materiais • pincel de cerdas finas nº4

• 01 lata vazia de refrigerante Forma de realização


• tesoura de ponta fina
• tesoura normal Cortar o fundo da latinha no formato que
• lixa você deseja fazer o bichinho ou a carinha. Li-
• alicate de bico (tipo para bijuteria) xar as laterais e toda a latinha cortada. Passar a
• gancho para chaveiro base na cor areia e deixar secar. Depois, pintar
• base para metais (Primer) com a tinta acrílica na cor desejada do gatinho
• tinta acrílica (nas cores cinza, branca, ver- e deixar secar. Pintar os olhos, o nariz, a boca
de, preta e rosa) e detalhes. Deixe secar. Colocar o gancho para
• pincel de cerdas finas nº14 chaveiro, se desejar.

Referências
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Ambiental – SPVS. Disponível em: <http://spvs.org.br/clubedaarvore>. Acesso em: 30 ag. 2011

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PROJETO ECOLAGOAS - NUPEM/UFRJ. Curso de Vivências em Ecologia: Praticando para Educar.


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Artes Visuais - Ecologia e Educação Ambiental para o Ensino Fundamental e Médio

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51
Artes Visuais - Ecologia e Educação Ambiental para o Ensino Fundamental e Médio

Resumo
• A primeira unidade apresentou uma introdução sobre o tema ecologia e educação ambien-
tal, abordando um breve conceito de ambos. A ecologia é a ciência que estuda as relações
entre os animais e o meio ambiente; educação ambiental consiste em uma ferramenta de
estudo das práticas educativas relacionadas à preservação do meio ambiente. O panorama
e histórico das questões ambientais, com enfoque na crise ambiental e na necessidade de
um modelo sustentável. O papel da Educação Ambiental, bem como a relação desta com
o desenvolvimento sustentável, além da importância do professor na prática da educação
ambiental no ensino fundamental e médio para o desenvolvimento de uma consciência de
preservação.

• A segunda unidade tratou dos conceitos, características e histórico da educação ambiental,


apresentando o surgimento e a evolução do tema educação ambiental. Abordou os concei-
tos básicos de educação ambiental formal e não-formal. Expôs e discutiu as legislações que
abordam a educação ambiental, como: (1) Lei Federal nº 6.938 de 1981, que instituiu a Políti-
ca Nacional do Meio Ambiente (PNMA); (2) Constituição Federal Brasileira de 1988; (3) Lei nº
9394 de 1996 das Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, que normatiza os processos em
todos os níveis da educação; (4) Lei nº 9795 de 1999 que instituiu a Política Nacional de Edu-
cação Ambiental - PNEA. Estudou os PCNs - Parâmetros Curriculares Nacionais - conjunto de
propostas para analisar as políticas curriculares nacionais, visando orientar os professores.
Os objetivos e aplicabilidade do ProNEA - Programa Nacional de Educação Ambiental. Apre-
sentou algumas das correntes e tendências da educação ambiental.

• A terceira unidade tratou da abordagem da problemática ambiental. Os ciclos biogeoquí-


micos, trajetória dos elementos essenciais à vida, com abordagem dos ciclos gasosos do
carbono e nitrogênio, os ciclos sedimentares do fósforo e enxofre e o ciclo hidrológico. Os
problemas ambientais provenientes do mau uso dos recursos naturais, com enfoque na pro-
blemática da água, do ar, da fauna e flora, da energia e dos resíduos sólidos.

• A quarta unidade apresentou informações para a operacionalização das atividades de edu-


cação ambiental, com enfoque nas técnicas e estratégias a serem adotadas. Sugeriu diversas
atividades práticas, de educação ambiental, aplicadas ao ensino fundamental e médio, ava-
liando os objetivos propostos e a maturidade dos alunos que realizarão as atividades.

53
Artes Visuais - Ecologia e Educação Ambiental para o Ensino Fundamental e Médio

Referências
Básicas

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Complementares

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Rio de Janeiro: Dissertação de Mestrado, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2006.

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2004.

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UAB/Unimontes - 8º Período

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Suplementares

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ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL. Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educa-


ção Ambiental – SPVS. Disponível em: <http://spvs.org.br/clubedaarvore>. Acesso em: 30 ag.
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________. Constituição Federal do Brasil de 1988. Disponível em <http://www.planalto.gov.


br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm> Acesso em: 08 set. 2011.

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________. Política Nacional de Educação Ambiental. Disponível em < http://www.planalto.gov.


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________. Resolução CONAMA Nº 275 de 25 de Abril de 2001. Conselho Nacional do Meio


Ambiente. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
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CARTA DAS RESPONSABILIDADES HUMANAS: a aliança para um mundo responsável, plural e


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57
Artes Visuais - Ecologia e Educação Ambiental para o Ensino Fundamental e Médio

Atividades de
Aprendizagem - AA
01 - Defina desenvolvimento sustentável.

02 - Como se dá a relação entre os elementos da crise ambiental (população, recursos naturais e


poluição)?

03 - O que são ciclos biogeoquímicos? Defina o significado de bio, geo e químicos para este con-
ceito.

04 - Partindo do pressuposto que a Educação Ambiental se localiza na relação humana e ambien-


te, defendida pela autora Lucy Sauvé, comente as três vertentes existentes: perspectiva am-
biental, perspectiva educativa e perspectiva pedagógica.

05 - Escreva, sucintamente, sobre os problemas ambientais, envolvendo um dos temas: resíduos


sólidos, água, energia, qualidade do ar ou fauna e flora.

06 - O que são PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais)? Como a Educação Ambiental é garanti-
da nos PCNs?

07 - O que é Educação Ambiental? Qual a sua relação com Ecologia?

08 - Qual a legislação recente sobre a Educação Ambiental? Escreva, sucintamente, sobre seus
princípios.

09 - Conceitue educação ambiental formal e não-formal.

10 - Cite três correntes do ambientalismo e comente sobre, pelo menos, uma delas.

59
Artes Visuais - Ecologia e Educação Ambiental para o Ensino Fundamental e Médio

Anexo
Política Nacional de Educação Ambiental
LEI No 9.795, DE 27 DE ABRIL DE 1999.

Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá


outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono


a seguinte Lei:

CAPÍTULO I

DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Art. 1o Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e
a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia
qualidade de vida e sua sustentabilidade.
Art. 2o A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacio-
nal, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo
educativo, em caráter formal e não-formal.
Art. 3o Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à educação am-
biental, incumbindo:

I. ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituição Federal, definir políti-
cas públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a educação ambiental em
todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservação, recuperação e
melhoria do meio ambiente;
II. às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada aos pro-
gramas educacionais que desenvolvem;
III. aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama, promover ações
de educação ambiental integradas aos programas de conservação, recuperação e melho-
ria do meio ambiente;
IV. aos meios de comunicação de massa, colaborar, de maneira ativa e permanente, na disse-
minação de informações e práticas educativas sobre meio ambiente e incorporar a dimen-
são ambiental em sua programação;
V. às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover programas
destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo so-
bre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no
meio ambiente;
VI. à sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores, atitudes
e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a
identificação e a solução de problemas ambientais.
       
Art. 4o : São princípios básicos da educação ambiental:
I. o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;
II. a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência en-
tre o meio natural, o sócio-econômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade;
III. o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e trans-
disciplinaridade;
IV. a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;
V. a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;
VI. a permanente avaliação crítica do processo educativo;
VII. a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais;

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UAB/Unimontes - 8º Período

VIII. o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural.


       
Art. 5o: São objetivos fundamentais da educação ambiental:
I. o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas
e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, so-
ciais, econômicos, científicos, culturais e éticos;
II. a garantia de democratização das informações ambientais;
III. o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental
e social;
IV. o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preserva-
ção do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental
como um valor inseparável do exercício da cidadania;
V. o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorre-
gionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada
nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsa-
bilidade e sustentabilidade;
VI. o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia;
VII. o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como funda-
mentos para o futuro da humanidade.

CAPÍTULO II
DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Seção I

Disposições Gerais
Art. 6o. É instituída a Política Nacional de Educação Ambiental.

Art. 7o. A Política Nacional de Educação Ambiental envolve em sua esfera de ação, além dos
órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama, instituições
educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, os órgãos públicos da União, dos Esta-
dos, do Distrito Federal e dos Municípios, e organizações não-governamentais com atuação em
educação ambiental.

Art. 8o As atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental devem ser desen-
volvidas na educação em geral e na educação escolar, por meio das seguintes linhas de atuação
inter-relacionadas:

I. capacitação de recursos humanos;


II. desenvolvimento de estudos, pesquisas e experimentações;
III. produção e divulgação de material educativo;
IV. acompanhamento e avaliação.

§ 1o Nas atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental serão respeitados


os princípios e objetivos fixados por esta Lei.
§ 2o A capacitação de recursos humanos voltar-se-á para:

I. a incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e atualização dos


educadores de todos os níveis e modalidades de ensino;
II. a incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e atualização dos pro-
fissionais de todas as áreas;
III. a preparação de profissionais orientados para as atividades de gestão ambiental;
IV. a formação, especialização e atualização de profissionais na área de meio ambiente;
V. o atendimento da demanda dos diversos segmentos da sociedade no que diz respeito à
problemática ambiental.

§ 3o As ações de estudos, pesquisas e experimentações voltar-se-ão para:

I. o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando à incorporação da dimensão


ambiental, de forma interdisciplinar, nos diferentes níveis e modalidades de ensino;

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Artes Visuais - Ecologia e Educação Ambiental para o Ensino Fundamental e Médio

II. a difusão de conhecimentos, tecnologias e informações sobre a questão ambiental;


III. o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando à participação dos interes-
sados na formulação e execução de pesquisas relacionadas à problemática ambiental;
IV. a busca de alternativas curriculares e metodológicas de capacitação na área ambiental;
V. o apoio a iniciativas e experiências locais e regionais, incluindo a produção de material
educativo;
VI. a montagem de uma rede de banco de dados e imagens, para apoio às ações enumeradas
nos incisos I a V.

Seção II

Da Educação Ambiental no Ensino Formal

Art. 9o. Entende-se por educação ambiental na educação escolar, a desenvolvida no âmbito
dos currículos das instituições de ensino públicas e privadas, englobando:

I. educação básica:
a. educação infantil;
b. ensino fundamental e
c. ensino médio;
II. educação superior;
III. educação especial;
IV. educação profissional;
V. educação de jovens e adultos.

Art. 10. A educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada,
contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal.
§ 1o A educação ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no currículo
de ensino.
§ 2o Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao aspecto metodológico
da educação ambiental, quando se fizer necessário, é facultada a criação de disciplina específica.
§ 3o Nos cursos de formação e especialização técnico-profissional, em todos os níveis, deve
ser incorporado conteúdo que trate da ética ambiental das atividades profissionais a serem de-
senvolvidas.
Art. 11. A dimensão ambiental deve constar dos currículos de formação de professores, em
todos os níveis e em todas as disciplinas.
Parágrafo único. Os professores em atividade devem receber formação complementar em
suas áreas de atuação, com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos princí-
pios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental.
Art. 12. A autorização e supervisão do funcionamento de instituições de ensino e de seus
cursos, nas redes públicas e privadas, observarão o cumprimento do disposto nos arts. 10 e 11
desta Lei.

Seção III

Da Educação Ambiental Não-Formal

Art. 13. Entendem-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas educativas vol-
tadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e partici-
pação na defesa da qualidade do meio ambiente.

Parágrafo único. O Poder Público, em níveis federal, estadual e municipal, incentivará:

I. a difusão, por intermédio dos meios de comunicação de massa, em espaços nobres, de


programas e campanhas educativas, e de informações acerca de temas relacionados ao
meio ambiente;
II. a ampla participação da escola, da universidade e de organizações não-governamentais
na formulação e execução de programas e atividades vinculadas à educação ambiental
não-formal;

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UAB/Unimontes - 8º Período

III. a participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de programas de


educação ambiental em parceria com a escola, a universidade e as organizações não-go-
vernamentais;
IV. a sensibilização da sociedade para a importância das unidades de conservação;
V. a sensibilização ambiental das populações tradicionais ligadas às unidades de conservação;
VI. a sensibilização ambiental dos agricultores;
VII. o ecoturismo.

CAPÍTULO III

DA EXECUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Art. 14. A coordenação da Política Nacional de Educação Ambiental ficará a cargo de um ór-
gão gestor, na forma definida pela regulamentação desta Lei.
Art. 15. São atribuições do órgão gestor:

I. definição de diretrizes para implementação em âmbito nacional;


II. articulação, coordenação e supervisão de planos, programas e projetos na área de educa-
ção ambiental, em âmbito nacional;
III. participação na negociação de financiamentos a planos, programas e projetos na área de
educação ambiental.

Art. 16. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, na esfera de sua competência e nas
áreas de sua jurisdição, definirão diretrizes, normas e critérios para a educação ambiental, respei-
tados os princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental.
Art. 17. A eleição de planos e programas, para fins de alocação de recursos públicos vincu-
lados à Política Nacional de Educação Ambiental, deve ser realizada levando-se em conta os se-
guintes critérios:

I. conformidade com os princípios, objetivos e diretrizes da Política Nacional de Educação


Ambiental;
II. prioridade dos órgãos integrantes do Sisnama e do Sistema Nacional de Educação;
III. economicidade, medida pela relação entre a magnitude dos recursos a alocar e o retorno
social propiciado pelo plano ou programa proposto.

Parágrafo único. Na eleição a que se refere o caput deste artigo, devem ser contemplados,
de forma eqüitativa, os planos, programas e projetos das diferentes regiões do País.

Art. 18. (VETADO)


Art. 19. Os programas de assistência técnica e financeira relativos a meio ambiente e edu-
cação, em níveis federal, estadual e municipal, devem alocar recursos às ações de educação am-
biental.

CAPÍTULO IV

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 20. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de noventa dias de sua publica-
ção, ouvidos o Conselho Nacional de Meio Ambiente e o Conselho Nacional de Educação.
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 27 de abril de 1999; 178o da Independência e 111o da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO


Paulo Renato Souza
José Sarney Filho

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