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Pegada Ecológica

Profa. Andréa Eloisa Bueno Pimentel

UFSCar
Pegada Ecológica1

1
1. Contextualização do tema.
É difícil não vivenciarmos na prática os graves impactos ambientais negativos gerados
pelo sistema de produção e consumo vigentes na atualidade, como as ondas de calor e de frio,
as inundações, as erosões, perdas de safras agrícolas, poluição e inúmeras outras
consequências negativas.

A literatura sobre esses impactos negativos é vasta e há vários indicadores, entre eles
a Pegada Ecológica, mundialmente conhecida e que consiste numa pegada ambiental, por não
considerar fatores sociais e econômicos.

Para Matuštík e Kočí (2021) não há ainda uma definição generalizada sobre o que são
as pegadas ambientais e como devem ser calculadas, mas esse curso vai focar a metodologia
da Pegada Ecológica apresentada por Wackernagel e Rees (1996) que, de longe, é a mais
conhecida.

2. O que é a Pegada Ecológica.


A Pegada Ecológica ou Ecological Footprint Method (EF) consiste numa ferramenta de
avaliação proposta por Wackernagel e Rees (1996), no livro Our Ecological Footprint: reducing
human impact on the Earth.

Os primeiros estudos da Pegada Ecológica visavam mensurar a área total de terra


necessária para sustentar uma dada região urbana. Depois, evoluiu para a quantidade de terra
e água necessárias para produzir os recursos consumidos e absorver os resíduos gerados, de
maneira contínua, usando a tecnologia predominante. É um recorte importante, mas nem
toda pressão humana sobre a natureza pode ser diretamente traduzida para área terrestre.
Atualmente, como veremos, a Pegada Ecológica contabiliza o uso humano de terras agrícolas,
florestas para madeira, terras construídas, pastagens e pesqueiros do lado do consumo, e
terra necessária para capturar o dióxido de carbono no lado da absorção de resíduos.
(MATUŠTÍK; KOČÍ, 2021)

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Andréa Eloisa Bueno Pimentel é docente da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) desde 2009,
Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Gestão de Organizações e Sistemas Públicos
PPGGOSP/UFSCar) (2016-2018; 2018 - 2021). Graduada em Economia pela Universidade Estadual Paulista Júlio
de Mesquita Filho (Unesp) e em Administração de Empresas pela Universidade Nove de Julho, mestre e doutora
em Engenharia de Produção pela UFSCar. É assessora Ad-hoc da FAPESP e supervisora da TELLUS Jr. Empresa
Junior do Curso de Bacharelado em Agroecologia da UFSCar, campus Araras.
Também é utilizado o conceito da Biocapacidade, que consiste na quantidade de terra

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e mar biologicamente produtivas disponíveis para fornecer os recursos que uma população
consome e absorver seus resíduos, dada as tecnologias e práticas de gestão usadas. (GLOBAL
FOOTPRINT NETWORK, 2022a)

A biocapacidade serve como uma lente, mostrando a capacidade da biosfera de se


regenerar e fornecer recursos naturais e serviços para a vida. Permite aos
pesquisadores somar as demandas humanas concorrentes, que incluem recursos
naturais, absorção de resíduos, renovação de água e áreas produtivas dedicadas a
usos urbanos. Como um agregado, a biocapacidade nos permite determinar quão
grande é o metabolismo material das economias humanas comparado ao que a
natureza pode renovar (YORK UNIVERSITY ECOLOGICAL FOOTPRINT INITIATIVE;
GLOBAL FOOTPRINT NETWORK, 2021. Tradução livre).

Tanto a Pegada Ecológica como a Biocapacidade são medidas em hectares globais,


um hectare hipotético de produtividade média global. (MATUŠTÍK; KOČÍ, 2021)

Quando a Pegada Ecologia excede a Biocapacidade é chamada de “overshoot”.

Embora tenham sido apresentados outros métodos para contabilização da pegada


ecológica (WIEDMANN; BARRETT, 2010), ela é de longe a mais popular. (MATUŠTÍK; KOČÍ,
2021)

A Pegada Ecológica é considerada uma ferramenta não apenas analítica, mas também
educacional porque tende a gerar uma consciência pública sobre os problemas ambientais,
além de auxiliar no processo decisório. (VAN BELLEN, 2002)

3. Como é o cálculo da Pegada Ecológica?


Como já destacado, a Pegada Ecológica é uma medida da área biologicamente
produtiva de terra e água, incluindo mar, que um indivíduo, população ou atividade necessita
para produzir todos os recursos que consome, para alojar sua infraestrutura urbana ocupada
e para absorver os resíduos que gera, em conformidade com a tecnologia predominante e a
gestão de recursos utilizada. (YORK UNIVERSITY ECOLOGICAL FOOTPRINT INITIATIVE; GLOBAL
FOOTPRINT NETWORK, 2021)

No cálculo do consumo de um país as importações são somadas e as exportações são


subtraídas de sua produção nacional, uma vez que elas vão ser consumidas em outra
localidade. (GLOBAL FOOTPRINNT NETWORK, 2022a)

São utilizados os rendimentos de produtos primários, de terras agrícolas, florestais,


pastagens e pesca, para o cálculo da área necessária para essas atividades. (GLOBAL
FOOTPRINT NETWORK, 2022a)
Os componentes desse cálculo são (YORK UNIVERSITY ECOLOGICAL FOOTPRINT

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INITIATIVE; GLOBAL FOOTPRINT NETWORK, 2021):

● Terras cultivadas: áreas usadas para produzir alimentos e fibras para consumo
humano, ração para gado, oleaginosas, insumos para a aquicultura e borracha;
● Terras florestais: fornecem dois serviços. O primeiro é a Pegada do produto florestal,
calculado a partir da quantidade de madeira serrada, celulose, produtos madeireiros
e lenha consumida por um país, anualmente. E o segundo é a Pegada de Carbono, que
consiste na quantidade de terra florestal necessária para absorver as emissões de
dióxido de carbono derivadas da queima de combustíveis fósseis. Inclui também o
carbono incorporado em bens importados. Segundo a Global Fooprint Network, na
atualidade, a Pegada de Carbono é o item de maior peso na Pegada da humanidade,
por isso a urgência de políticas de carbono zero emissões;
● Áreas de pesca: calculada via estimativa da captura máxima sustentável para uma
variedade de espécies de peixes. Essas estimativas são convertidas em massa
equivalente de produção primária com base nos níveis tróficos ou alimentares das
várias espécies e divididas entre as áreas continentais. Peixes capturados e utilizados
em misturas de rações para aquicultura também são inclusos no cálculo;
● Pastagens: áreas destinadas a criação de animais para produção de carne, laticínios,
couro e produtos de lã. A Pegada de pastagens é calculada via comparação entre a
quantidade de ração disponível em um país com a quantidade de ração necessária para
todo o gado, num determinado ano, sendo o resto da demanda presumidamente
proveniente como derivada de pastagens;
● Terra construída: área de terra destinada a infraestrutura humana, o que inclui
transporte, habitação, estruturas industriais e reservatórios para energia hidrelétricas.

No cálculo da quantidade de terra usada para cultivo infelizmente ainda não são
computadas as externalidades negativas2 derivadas das práticas agrícolas insustentáveis
(YORK UNIVERSITY ECOLOGICAL FOOTPRINT INITIATIVE; GLOBAL FOOTPRINT NETWORK,
2021), comum na produção de commodities agrícolas no Brasil, que gera degradação do solo,
a contaminação da água, perda da biodiversidade e inúmeros outros fatores negativos.

Outro conceito relevante é o de hectare global, que é um hectare biologicamente


produtivo com produtividade média mundial. Como cada unidade de espaço abriga uma
porção diferente da capacidade regenerativa global, cada unidade é contada

2
Externalidade é um efeito ou uma consequência de uma ação de um produtor ou de um consumidor e que não
está refletida nos custos e assim no preço da mercadoria. Pode ser negativa ou positiva. (PINDYCK; RUBINFELD,
2002). O custo da poluição que uma empresa de plástico causa na localidade é um exemplo de externalidade
negativa. Não havendo intervenção governamental que estabeleça medidas de redução ou eliminação da
poluição, como a cobrança de multas ou impostos mais elevados, não há estímulo algum para a empresa
considerar esse seu impacto negativo. Um exemplo de externalidade positiva: supondo que um governo
municipal crie um programa para estimular a produção agropecuária orgânica/agroecológica na cidade. Ao
elevar o consumo de alimentos sem veneno há uma queda no número de pessoas com doenças, como câncer,
na localidade.
proporcionalmente à sua parcela de biocapacidade global. Por isso, os hectares são ajustados

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proporcionalmente à sua produtividade e são expressos em hectares globais.

Para o cálculo são usados dados agregados, nacionais ou regionais. A grande maioria
destes dados estão disponíveis na forma de estatísticas fornecidas pelo governo. No caso do
Brasil pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Considera-se a relação entre
importação e exportação, para se estabelecer o consumo doméstico. (VAN BELLEN, 2002)

A Organização Global Footprint Network, que contabiliza a Pegada Ecológica, possui


dois comitês, o Comitê de Padrões e o Comitê de Contas Nacionais, que são responsáveis pela
supervisão da base científica das Contas Nacionais de Pegadas dos países e dos padrões para
aplicação de Pegadas. E, segundo ainda a Organização, há incentivo para que os governos
nacionais realizem a análise das suas contas. Como exemplo dessa ação citam: Suíça, Japão,
Alemanha, Reino Unido, Comissão Europeia e Emirados Árabes Unidos. (GLOBAL FOOTPRINT
NETWORK, 2022a)

A composição do Comitê de Padrões (Quadro 1) era formada, em 2021, por dezenove


integrantes, entre eles, dois brasileiros, ambos ligados ao Instituto Jatobás, criado por Betty
Feffer, esposa de Max Feffer, do grupo Suzano Holding, com sede no município de Pardinho
(SP). Embora o professor João Salvador Furtado tenha falecido, até dezembro de 2021 seu
nome não havia sido substituído.

Quadro 1 - Comitê de Padrões - Global Footprint Network

Nome Organização Nome Organização


Alfredo Rosso Instituto Nacional de Caroline Noller The Footprint
Tecnología Industrial Company Pty Ltd
Cathrine Armour Abu Dhabi Global Data Craig Simmons Best Foot Forward
Initiative
Ertug Ercin Water Footprint Fernando Giannetti Instituto Jatobás
Network Biagio
Katsunori Iha Global Footprint Gondran Natacha ENS des Mines de
Network Saint-Etienne
Jane Glavan Abu Dhabi Global Data Jane Hersey BioRegional
Initiative Development Group
João Salvador Furtado Instituto Jatobás Luca Fernando Ruini Barilla
Maria Csutora Corvinus University of Miroslav Havranek Charles University
Budapest Environment Center
Monika Besenyei KÖVET Association for Simone Bastianoni University of Siena –
Sustainable Ecodynamics Group
Econiomies
Valentina Niccolucci University of Siena – Wolfgang Pekny Plattform Footprint
Ecodynamics Group
Simon Cordingley (Moderator) Compass
Professional
Development Ltd

Fonte: GLOBAL FOOT PRINT NETWORK (2022b).


No Comitê de Contas Nacionais não há representantes brasileiros. Ele era composto,

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em dezembro de 2021, por dez membros (Quadro 2).

Quadro 2 - Comitê de Contas Nacionais - Global Footprint Netword

Nome Organização Nome Organização


Alessandro Galli, Ph.D Director, Jan Weinzettel, Ph.D Researcher, Charles
Mediterranean and University in Prague,
MENA Regions, Global Environment Center
Footprint Network
Anke Schaffartzik, Researcher, Institute of David Vaĉkář, Ph.D Charles University
Ph.D Social Ecology in Environment Centre
Vienna
Kevin Lewis, Ph.D. Senior Analyst, Marco Bagliani, Ph.D IRES Piedmonte
Anthesis Ltd. Research Institute
Carl Obst, Ph.D. Honorary Research Tuomas Mattila, Ph.D Senior Research
Associate, Melbourne Scientist, Finnish
Sustainable Society Ministry of the
Institute, University of Environment
Melbourne
William Rees, Ph.D University of British Yoshihiko Wada, Ph.D Associate Professor of
Columbia Ecological Economics,
Doshisha University
Fonte: GLOBAL FOOTPRINT NETWORK (2022b).

No cálculo, utiliza-se uma modelagem multirregional de entradas e saídas para


acompanhar os fluxos financeiros entre os principais setores econômicos do país a fim de
estimar os fluxos de recursos, incorporando dados das Contas Nacionais de Pegada e
Biocapacidade. (GLOBAL FOOTPRINT NETWORK, 2022c)

A partir dessa modelagem, os dados de Pegada Ecológica permitem compreender o


fluxo de recursos via da cadeia de suprimentos global. Os cálculos são apresentados via três
prismas (GLOBAL FOOTPRINT NETWORK, 2022c):

● Matriz de Consumo-Uso da Terra (Consumption-Land-Use Matrix - CLUM): apresenta


a pegada de consumo de um país seguindo a Classificação de Consumo Individual de
acordo com a Finalidade (COICOP em inglês)3. A partir dela pode-se calcular a pegada

3
A Classificação de Consumo Individual de Acordo com a Finalidade (COICOP - Classification Of Individual
Consumption by Purpose) faz parte de um conjunto de quatro classificações de finalidades de gastos. No Brasil
faz parte do Sistema de Contas Nacionais do Brasil, desde 1968. A conta mais comum que conhecemos é o PIB -
Produto Interno Bruto. Seguem uma normativa internacional da ONU. As demais classificações são: COPNI:
Classificação dos Objetivos de Instituições Sem Fins Lucrativos que servem às Famílias; COFOG: Classificação das
Funções do Governo; COPP: Classificação das Despesas dos Produtores de Acordo com o Propósito. Essas quatro
classificações são usadas para analisar o consumo por diferentes setores institucionais a partir dos gastos. O
objetivo da COICOP é fornecer uma estrutura de categorias homogêneas de bens e serviços consideradas como
finalidade das despesas das famílias. Há distinção entre as despesas de consumo incorridas por agregados
familiares, por instituições sem fins lucrativos a serviço das famílias e despesas que dizem respeito às famílias
realizadas pelo governo. Fonte: MARTA (2018).
de um país, das cidades e pessoas. Cada categoria de consumo também pode ser

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dividida em Consumo de curta duração pago diretamente pelas famílias (como pão ou
roupas); Consumo de curta duração pago diretamente pelo governo (como leite
distribuído nas escolas ou eletricidade para iluminação pública), ou Consumo
duradouro (casas, estradas, máquinas, também chamado de formação bruta de capital
fixo);
● Intensidades Setoriais: estima quanta Pegada é necessária, em média, por dólar de
geração de valor, chamado de Intensidade de Pegada por dólar agregado de valor, por
setor. Isso permite a comparação entre setores dentro de um país ou os mesmos
setores entre países distintos. Também é possível comparar a relação biocapacidade
global/PIB, com a biocapacidade/PIB de um país a fim de estabelecer a eficiência de
recursos de um país ou setor;
● Análises comerciais: análise dos fluxos de importação e exportação, possibilitando
rastrear as cadeias de suprimentos globais.
Na tabela 1 temos um exemplo de Matriz de Consumo-Uso da Terra.

Tabela 1 - Exemplo de Matriz de Consumo-Uso da Terra

Fonte: GLOBAL FOOTPRINT NETWORK (2022c)

Além das Contas Nacionais de Pegada e Biocapacidade, a Modelagem multirregional


de entradas e saídas utiliza o banco de dados do Global Trade Analysis Project (GTAP), um
banco de dados financeiros de entradas e saídas de 65 setores econômicos, de 121 países e
20 regiões, mantido pela Universidade de Purdue (West Lafayette, Indiana, Estados Unidos).
Como as contas da Pegada são biofísicas e os dados do GTAP são financeiros, na modelagem
utiliza-se preços do GTAP para estimar os fluxos de recursos associados, expressos como
‘biocapacidade incorporada’.

O modelo segue o fluxo apresentado na figura 1.


Figura 1 - Modelo multirregional de entradas e saída

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Fonte: GLOBAL FOOTPRINT NETWORK (2022c)

NFA: National Footprint and Biocapacity Accounts - Contas da Pegada Ecológica Nacional e Biocapacidade
GTAP: Global Trade Analysis Project - Projeto de Análise do Comércio Mundial
EF production: Ecological Footprint production - Pegada Ecológica da produção
MRIO table - Multi-Regional Input Output modeling - dados do Modelo multirregional de entradas e saída
EF per unit output (Direct EF Intensity) - Ecological Footprint per unit output - Pegada ecológica por unidade de
saída
Leontief Inverse - Matriz Leontief - modelo entrada-saída (input-output). O nome deriva de seu idealizador, o
economista prêmio Nobel Wassily Leontief, que usou o modelo nos anos de 1950.
Final demand - Demanda final
EF per unit - final demand - total EF intensity - Pegada Ecológica por unidade
EF by sectors x EF (HH, Gov, GFC) - Pegada Ecológica por setor multiplicado pela pegada ecológica de consumo
(famílias, pagos pelo governo, de consumo duradouro).
Trade EF - fluxos de importação e exportação da Pegada Ecológica
Sector x COICOP - Classification Of Individual Consumption by Purpose - Classificação de Consumo Individual de
Acordo com a Finalidade
CLUM - Consumption-Land-Use Matrix - Matriz de Consumo-Uso da Terra

Caso você queira os dados do modelo de uma localidade, a Global FootPrint Network
comercializa.

A Organização apresenta as limitações do Modelo Multirregional de entradas e saída:

● As limitações presentes nas Contas Nacionais de Pegada e Biocapacidade, bem


como dos dados do Comércio Internacional, se aplicam a esse modelo visto que
são dados usados como input neste modelo;
● A suposição de que a intensidade da biocapacidade em cada setor é a mesma para
cada dólar é uma simplificação que não condiz com a realidade;
● A classificação da economia em 65 setores reduz a sua complexidade;
● Enquanto as Contas Nacionais de Pegada e Biocapacidade possuem séries

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temporais contínuas a partir de 1961, o Modelo Multirregional de entradas e saída
tem dados de quatro anos, a saber, 2004, 2007, 2011 e 2014. (GLOBAL FOOTPRINT
NETWORK, 2022c).

4. As reservas ecológicas dos países.


Outros dados apresentados pela Global Footprint Network (2022b) são os déficit
ecológico e reserva ecológica por país.

Um país apresenta reserva ecológica se sua Pegada Ecológica for menor que sua
biocapacidade. Se for o contrário, apresenta déficit ecológico. Enquanto os primeiros são
credores ecológicos, os segundos são devedores ecológicos. (GLOBAL FOOTPRINT NETWORK,
2022a)

Mais de 85% da população mundial vive em países com déficit ecológico. Isso significa
que esses países estão importando biocapacidade de outros países, liquidando os ativos
ecológicos nacionais ou emitindo resíduos de dióxido de carbono na atmosfera.

Importante destacar que essa exportação de recursos naturais tende a gerar uma série
de externalidades ambientais negativas para o país exportador, entre elas perda da
biodiversidade e aumento da pegada de carbono.

Pela Pegada Ecológica, o Brasil apresenta-se como superavitário em biocapacidade


(vide tabela 2). Mas, segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de
Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima (POTENZA et al, 2021)
diferentemente do restante do mundo, onde houve uma queda de cerca de 7%, em 2020, o
Brasil aumentou em 9,5% as emissões brutas de gases de efeito estufa em relação a 2019. O
nível de emissão de 2020 é o maior desde 2006. Vide a figura 2.
Figura 2 - Emissões de gases de efeito estufa do Brasil de 1990 a 2020 (GtCO2e)

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Fonte: POTENZA et al (2021, p. 3)

Potenza et al (2021, p. 4) explicam que a elevação do desmatamento, especialmente


na Amazônia e no Cerrado foi o causador do aumento das emissões. “Os gases de efeito estufa
lançados na atmosfera pelas mudanças do uso da terra aumentaram 23,6%, o que mais do
que compensou a queda expressiva verificada no setor de energia, que na esteira da pandemia
e da estagnação econômica viu suas emissões regressarem ao patamar de 2011”. E sabemos
que isso em relação especialmente com o aumento da produção de soja e gado, para
exportação.

A tabela 2 apresenta a lista de países que são superavitários em biocapacidade. Salvo


exceções como Finlândia, Suécia, Noruega, Rússia, Canada, predominam países pobres, que
apresentam baixa capacidade de consumo.

Tabela 2 - Países superavitários em biocapacidade

Países superavitários
Porcentagem que a biocapacidade excede a pegada ecológica
País % País %
Guiana Francesa 3950 % Suriname 2930%
Guiana 2090% Gabão 888%
Congo 738% República Centro Africana 540%
Bolívia 402% República Democrática do Gongo 234%
Paraguai 218% Eritreia 212%
Brasil 206% Namíbia 195%
Bahamas 150% Madagascar 148%
Moçambique 115% Finlândia 113%
Ilhas Salomão 113% Nova Zelândia 112%

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Libéria 103% Angola 102%
Timor-Leste 102% Argentina 99%
Zâmbia 91% Papua-Nova Guiné 91%
Guiné-Bissau 90% Colômbia 88%
Canada 85% Austrália 74%
Mongólia 71% Mauritânia 69%
Peru 69% Suécia 55%
Costa do Marfim 41% Guiné Equatorial 40%
Letônia 39% Estônia 36%
Rússia 27% Nicarágua 27%
Camarões 26% Noruega 24%
Panamá 19% Guiné 18%
Equador 14% Butão 12%
Botsuana 10% Venezuela 10%
Myanmar 7% Chade 6%
Mali 1%
Fonte: GLOBAL FOOTPRINT NETWORK (2022d)

A maioria absoluta dos países apresenta uma biocapacidade deficitária, mas em graus
variados, por isso os apresentamos em três tabelas distintas, sendo a tabela 3 os países
extremamente deficitários (entre 10.300% a 517%), na tabela 4, os países com biocapacidade
altamente deficitária (entre 436% e 103%) e na tabela 5 os países com biocapacidade
deficitária (abaixo de 100%).

Tabela 3 - Países extremamente deficitários em biocapacidade

Países extremamente deficitários


Porcentagem que a pegada ecológica excede a biocapacidade
País % País %
Singapura 10.300% Bermuda 5.610%
Ilha da Reunião 2.580% Israel 2.450%
Barbados 2.130% Ilhas Cayman 1.880%
Bahrein 1.690% Emirados Árabes Unidos 1.570%
Kuwait 1.570% Chipre 1.540%
Catar 1.420% Arábia Saudita 1.290%
Líbano 1.200% Jordânia 1.100%
Aruba 1.080% Martinica 1.10%
Luxemburgo 955% Malta 884%
Iraque 874% República da Coreia 852%
Estado da Palestina 843% Guadalupe 783%
Bélgica 709% Japão 685%
Santa Lúcia 666% Países Baixos 517%
Fonte: GLOBAL FOOTPRINT NETWORK (2022 d)
Tabela 4 - Países com biocapacidade altamente deficitária

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Países altamente deficitários
Porcentagem que a pegada ecológica excede a biocapacidade
País % País %
Líbia 436% Trindade e Tobago 433%
Ilhas Cook 433% Antígua e Barbuda 413%
Itália 404% Omã 400%
Argélia 360% Jamaica 360%
Egito 341% Ilhas Maurício 340%
Suíça 340% Irã 333%
China 302% Reino Unido 287%
São Vicente e Granadinas 273% Sri Lanka 257%
El Salvador 251% Comores 247%
Portugal 243% Montserrat 235%
Espanha 235% Tunísia 218%
Djibouti 213% África do Sul 207%
Alemanha 204% Cabo Verde 198%
Grécia 196% República Dominicana 194%
Polinésia Francesa 187% Armênia 184%
Índia 177% Azerbaijão 168%
Síria 161% Turquia 150%
Paquistão 149% Filipinas 148%
Marrocos 141% Polônia 139%
Cuba 133% Estados Unidos da América 133%
Tchéquia (Czechia) 132% México 131%
Essuatini (Suazilândia) 129% Uganda 127%
Eslovenia 125% Dominica 125%
Vietnam 124% Turcomenistão 121%
Haiti 121% Áustria 121%
Brunei 118% Quênia 113%
Uzbequistão 112% Togo 111%
Tailândia 111% Macedônia do Norte 111%
Bangladesh 107% Albânia 106%
Sérvia 106% Tonga 103%
Fonte: GLOBAL FOOTPRINT NETWORK (2022 d)

Tabela 5 - Países com biocapacidade deficitária

Países deficitários
Porcentagem que a pegada ecológica excede a biocapacidade
País % País %
Bósnia e Herzegovina 98% São Tomé e Príncipe 96%
Nepal 94% Lesoto 90%
Tajiquistão 88% Guatemala 85%
Runda 85% Ilhas Virgens Britânica 85%
França 82% Afeganistão 78%
Etiópia 77% Burundi 75%
Geórgia 72% Malásia 71%
Costa Rica 70% Cazaquistão 68%
Dinamarca 64% Eslovaquia 64%
Nigéria 63% Iêmen 63%

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Belize 59% Benin 58%
Gana 52% Irlanda 50%
Moldávia 49% Hungria 46%
Coreia do Norte 43% Granada 39%
Indonésia 36% Gâmbia 36%
Bielorrússia 36% Montenegro 36%
Quirguistão 31% Malawi 30%
Fiji 30% Burkina Faso 26%
Chile 25% Croácia 24%
Cambodja 24% Senegal 23%
Níger 22% Tanzânia 19%
Serra Leoa 15% Lituânia 14%
Somália 14% Laos 13%
Romênia 10% Sudão 10%
Bulgária 10% Ucrânia 3%
Honduras 0%
Fonte: GLOBAL FOOTPRINT NETWORK (2022 d)

Graficamente, na figura 3, temos, em verde, os países com superávit em biocapacidade


e em vermelho os países com déficit em biocapacidade.

Figura 3 - Países com superávit (em verde) e com déficit em biocapacidade (vermelho)

Fonte: GLOBAL FOOTPRINT NETWORK (2022 d)


Sobre o superávit da biocapacidade brasileira, merece destaque o trabalho de Santos,

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Earthal Junior e Barcellos (2021), que nos mostra as principais ameaças dos sete biomas
brasileiros. Veja a tabela 6.

A Amazônia contribui com cerca da metade da biocapacidade da nação. O Cerrado,


que ocupa ¼ do território nacional, contribui com 14,8% da biocapacidade (BC)
brasileira. O Sistema Costeiro-Marinho contribui com significativos 17% da BC. A
Mata Atlântica, por outro lado, mesmo com sua expressiva contribuição em
biodiversidade e extensão territorial, contribui pouco para a BC do país. O Pantanal,
que é de 7,4 vezes menor que a Mata Atlântica, contribui com quase o mesmo
percentual. (...) As áreas urbanas apresentam uma pequena contribuição para o BC
nacional, apenas 0,3%, mas os espaços globais desabitados pelo homem
contribuíram com 3,59 gha/cap. (SANTOS, ERTHAL JUNIOR, BARCELLOS, 2021, p. 10)

Santos, Erthal Junior e Barcellos (2021, p. 10) concluem que 38,42 gha/cap é:

o espaço que cada cidadão brasileiro tem para obter os recursos naturais necessários
para atender as suas demandas de consumo (água, energia, alimentos etc.) e para
assimilar os resíduos gerados pela exploração e o consumo de recursos naturais
(gases do efeito estufa, lixo, agrotóxicos).

Tabela 6 - Área original, área preservada, área em UCs e principais ameaças dos sete biomas brasileiros

Cobertura Área em
Extensão
florestal Unidade de
Biomas Territorial Principais ameaças
remanescente Conservação
(Km2)
(%) (%)
Desmatamento e queimadas
Mineração
Agricultura e pecuária de larga escala
Amazônia 4.230.490 81,0 27,7
Estabelecimento de grandes
empreendimentos públicos, como a
construção de hidrelétricas
Desmatamento
Cerrado 2.047.146 54,5 8,6 Pecuária extensiva
Agricultura
Uso demasiado de recursos naturais
Urbanização desordenada
Mata Atlântica 1.059.027 12,5 10,1
Risco de extinção da flora e fauna
Ocupação irregular do solo
Desmatamento
Caatinga 825.750 54.4 7,6 Sobrepastejo
Riscos de extinção da flora e fauna
Desertificação
Sobrepastejo
Pampas 178.243 46,0 2,7
Introdução de espécies exóticas
Ocupação irregular do solo
Construção de hidroelétrica
Pantanal 151.186 85,0 4,6 Lixiviação de nutrientes
Assoreamento
Esgotamento sanitário

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Agricultura canavieira
Introdução de espécies exóticas
Desmatamento de manguezais e
restingas
Sistema Costeiro Agricultura itinerante
6.700.000 - -
- Marinho Agropecuária
Mineração
Organização desordenada
Esgotamento sanitário
Fonte: SANTOS, ERTHAL JUNIOR, BARCELLOS (2021, p. 5-6).

A comparação entre Pegada Ecológica (PE) e BC é uma forma de se interpretar o


quão saudável está o equilíbrio entre as atividades antrópicas e os ecossistemas a
nível regional. A relação entre estes indicadores nos reporta ao ‘balanço ecológico’
de uma dada região (cidade, estado, país etc.). Uma das premissas para que o
desenvolvimento e sustentabilidade se confirme é que o índice da BC exceda a PE,
pois assim o balanço ecológico será positivo. Portanto, o monitoramento destes dois
indicadores de sustentabilidade pode ser usado em políticas públicas que visem um
modelo de desenvolvimento econômico e social em equilíbrio com a capacidade de
suporte dos ecossistemas nativos. (SANTOS, ERTHAL JUNIOR, BARCELLOS, 2021, p.
14)

Continuam:

O saldo positivo da BC brasileira (42 gha/cap) e o fato de termos a maior BC entre as


nações (SARKODIE, 2021), não significa que este quadro não possa ser melhorado.
Há muito a se fazer para melhorar a qualidade dos serviços ecossistêmicos
brasileiros, como: expansão das Unidades de Conservação, diminuição do
desmatamento a partir do aumento de fiscalização da exploração e comércio
clandestino de recursos renováveis, uso de técnicas agrícolas sustentáveis e
utilização de fontes de energia renováveis (lei no 9.478, 1997). Desse modo, torna-se
fundamental a existência de políticas de conscientização da sociedade quanto às
questões ambientais e a necessidade de manutenção e preservação dos
ecossistemas brasileiros. (SANTOS, ERTHAL JUNIOR, BARCELLOS, 2021, p. 18)

5. Pegada Ecológica Global.


Chegou a hora de apresentarmos o tamanho das Pegadas Ecológicas no mundo.

Pela tabela 7 podemos fazer uma comparação entre a Pegada Ecológica Mundial, a
Pegada Ecológica Europeia, ou seja, países ricos, e a Pegada Ecológica de Portugal, país
europeu com menor poder aquisitivo que França, Espanha, Alemanha.

Entre 2010 e 2012 a Pegada Ecológica Mundial manteve-se em 2,7 hectares globais
per capita (gha/pessoa), que é um hectare biologicamente produtivo.
Mas claro que esse padrão é uma média e varia conforme o poder de compra da

15
população. Isso pode ser visualizado comparando a Pegada Ecológica Europeia, que era de 4,7
gha/pessoa no período e a Pegada Ecológica Portuguesa, que era um pouco inferior à média
europeia - 4,5 gha/pessoa. Discutiremos melhor isso quando apresentarmos a relação entre a
Pegada Ecológica e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

Em 2014 houve uma queda da Pegada Ecológica Mundial e isso tem relação com o
nível da produção e consumo mundial. Em 2016 voltou a subir e em 2020, por conta da
pandemia provocada pelo covid-19, a queda no consumo fez a Pegada Mundial cair. A
Biocapacidade Total Mundial caiu ao longo dos anos e isso é muito fácil de entender - estamos
consumindo muito mais do que a terra pode nos fornecer.

Esses dados mostram a urgência de modificarmos nosso padrão de produção e


consumo. A Economia Circular4 apresenta essa alternativa.

Tabela 7 - Pegada Ecológica e Biocapacidade Mundial, Europeia e Portuguesa.

2010 2012 2014 2016 2018 2020


Pegada Ecológica Mundial 2,7 2,7 2,6 2,8 2,84 2,75
Biocapacidade Total 1,8 1,8 1,7 1,7 1,68 1,63
Pegada Ecológica Europeia 4,7 4,7 4,7 4,8 4,69 4,56
Biocapacidade Europeia 2,9 2,2 3,4 2,3 3,07 3,09
Pegada Ecológica Portuguesa 4,5 4,1 4,5 3,9 3,69 4,10
Biocapacidade Portuguesa 1,3 1,3 1,3 1,5 1,27 1,26
Fonte: WWF (2020a).

A figura 4 apresenta o mapa global de Pegada Ecológica, no ano de 2016. Pelas cores
podemos observar os lugares com maior e menor pegadas, mas grosso modo, os países do
hemisfério norte apresentam pegadas ecológicas extremamente altas (superior a 5
gha/pessoa) e altas (3,5 a 5 gha/pessoa). Na América Latina a Pegada Ecológica fica entre 2 e
3,5 gha/pessoa. E no continente africano prevalece Pegada abaixo de 1,6 gha/pessoa.

4
No Portal de Cursos Abertos da UFSCar – PoCA há um curso sobre Economia Circular. Acesse pelo link
https://cursos.poca.ufscar.br/course/view.php?id=96 e inscreva-se gratuitamente.
Figura 4 - Mapa Global da Pegada Ecológica Mundial, em 2016

16
Fonte: WWF (2020b)

6. Pegada Ecológica e o Índice de Desenvolvimento Humano.


Outra relação que se pode fazer é entre o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e
a Pegada Ecológica.

Para explicar o IDH vamos usar as palavras do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento - PNUD (2022)

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida resumida do progresso a


longo prazo em três dimensões básicas do desenvolvimento humano: renda,
educação e saúde. O objetivo da criação do IDH foi o de oferecer um contraponto a
outro indicador muito utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que
considera apenas a dimensão econômica do desenvolvimento. Criado por Mahbub
ul Haq com a colaboração do economista indiano Amartya Sen, ganhador do Prêmio
Nobel de Economia de 1998, o IDH pretende ser uma medida geral e sintética que,
apesar de ampliar a perspectiva sobre o desenvolvimento humano, não abrange
nem esgota todos os aspectos de desenvolvimento.
17
No último relatório divulgado em dezembro de 2020 (UNDP, 2020), as Nações Unidas
incluíram, no cálculo, as emissões de gases que causam o efeito estufa e a medição da pegada
de carbono dos países. Foi um avanço. Vários países caíram de posição no ranking. Lembrando
que quanto mais próximo de 1,0 mais desenvolvido é o país.

Contudo, Noruega, Irlanda, Suíça, Hong Kong, Islândia, Alemanha, Suécia, Austrália,
Holanda e Dinamarca apresentam os melhores IDHs. No outro extremo, o Níger tem o índice
mais baixo depois de Burquina Fasso, Serra Leoa, Mali, Burundi, Sudão do Sul, Chade e
República Centro-Africana. (UNDP, 2020)

A figura 5 apresenta a relação entre o IDH e a Pegada Ecológica. Quanto mais rica a
nação, maior tende a ser a Pegada Ecológica dela, uma vez que é maior o poder de consumo
da população.

Figura 5 - Relação entre Pegada Ecológica e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)

Very 10
Pegada Ecológica e Índice de High High
Desenvolvimento Humano dos países Human 9
Develo
Africa pment 8
Middle East/Central Asia
7
Asia-Pacific
6
South America
Number of Earths

5
Central America/Caribbean
4
North America
3
EU-28
2
Non-EU Europe
World Global Sustainable 1
Biocapacit Development
Quadrant 0
y
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

Fonte: YORK UNIVERSITY ECOLOGICAL FOOTPRINT INITIATIVE; GLOBAL FOOTPRINT NETWORK, 2021
7. Dia de Sobrecarga da Terra (obershoot day).

18
O Dia de Sobrecarga da Terra (Overshoot Day) é usado desde a década de 1970, pela
Organização Global Footprint Network, para estimar o dia do ano em que a extração de
recursos naturais ultrapassa a capacidade de regeneração dos ecossistemas para continuar
fornecendo esses recursos.

Para estabelecer a data, a Global Footprint Network calcula o número de dias daquele
ano em que a biocapacidade da Terra consegue suprir a Pegada Ecológica da humanidade. Os
demais dias correspondem ao Dia de Sobrecarga da Terra. Assim, calcula-se dividindo a
biocapacidade do planeta pela Pegada Ecológica da Humanidade, multiplicado por 365 dias.
(EARTH OVERSHOOT DAY, 2022)

A cada ano essa data vem sendo antecipada: em 2000 foi o dia 05 de outubro; em
2010, dia 31 de agosto; e em 2019, o dia 29 de julho. Em 2020, por conta da pandemia, tivemos
queda mundial no consumo e o Dia de Sobrecarga da Terra foi 22 de agosto. Em 2021 voltamos
para o dia 29 de julho.

Novamente devemos considerar que essa é a data considerando o mundo, mas há


grandes discrepâncias entre os países. A título de exemplo, 12 de abril de 2022 foi o Overshoot
Day na Holanda. (EARTH OVERSHOOT DAY, 2022)

Segundo a WWF (2022), a data brasileira de 2021 antecedeu dois dias - foi dia 27 de
julho de 2021. O aumento do desmatamento da ordem de 43% acima do ocorrido em 2020,
bem como a degradação da Amazônia no tocante a biocapacidade florestal foram os motivos
do Brasil ter entrado antes nesse cheque especial ambiental, de acordo com a Organização.

Em 2022 o Dia de Sobrecarga da Terra no Brasil foi 12 de agosto, 15 dias após a data
global. Mas não há motivos para comemorar.

Isso significa que ano a ano estamos entrando numa espécie de cheque especial
ambiental. Uma hora teremos que parar para pagar essa dívida. (EARTH OVERSHOOT DAY,
2020)

A figura 6 apresenta o Dia de Sobrecarga da Terra entre 1971 e 2019.


Figura 6 - Dia de Sobrecarga da Terra de 1971 a 2019.

19
Fonte: Earth Overshoot Day.
Disponível em: https://www.overshootday.org/content/uploads/2019/07/2019_Past_Overshoot-Days-
withlogo.jpg. Acesso em 21 de mai 2020

Em 2019 era necessário 1,75 planeta terra para sustentar nosso padrão de consumo
da humanidade. Em 2020, com a pandemia, esse número caiu para 1,6 planeta. Em 2021 subiu
para 1,7 planeta. Em 2021 a Pegada Ecológica total aumentou 6,6% em relação ao ano
anterior, enquanto a biocapacidade total aumentou 0,3% no mesmo período. Apesar do
pequeno crescimento, isso está longe de ser o suficiente. (WWF, 2021). Em 2022, o número
subiu para 1,75 planeta. (WWF, 2022).

8. Contribuições da Pegada Ecológica.


Maduro-Abreu, Nascimento, Machado e Costa (2009) apresentam alguns estudos
que destacam a importância da Pegada Ecológica, cujas conclusões são sintetizadas na lista
que segue:

● O resultado da Pegada Ecológica traz claramente a relação insustentável


entre produção/consumo e uso dos recursos naturais;
● Tem valor pedagógico;
● Gera discussões sobre os limites ecológicos, nas mais variadas esferas -
acadêmicas, governamentais, público em geral, dada sua facilidade de
entendimento quanto aos resultados apresentados;
● Consiste em uma boa ferramenta para se visualizar o uso da terra;
● Gera reconhecimento quanto a existência de limites biofísicos;
● Os desequilíbrios nas trocas ecológicas tornam-se claros;
● Pode ser usada para traçar cenários quanto ao consumo (uso dos recursos

20
naturais) e a capacidade de carga do sistema;
● Reconecta-se os seres humanos à terra, numa visão sistêmica;
● Resgata o pensamento de Odum, ou seja, o de que as grandes cidades crescem
sem perceberem que são parasitas de áreas rurais, as quais são fornecedoras
de alimentos e serviços ambientais;
● Ajuda a deixar clara a importância do capital natural para o desenvolvimento
de um país;
● Reconhece a relevância da 2ª lei da termodinâmica (lei da entropia) aplicada à
economia, por Georgescu-Roegen;
● Pode ser usada individualmente, regionalmente, localmente, nacionalmente,
globalmente e em uma organização apenas;
● Adequa-se a lei da física, especialmente à lei de balanço de massas, o que
fornece uma visão interdisciplinar ao problema ambiental;
● Não responde as questões ambientais, mas quantifica os desafios ecológicos e
os conflitos que precisam serem resolvidos para se atingir a sustentabilidade
no ponto de vista ambiental.

9. Limites da Pegada Ecológica.


Maduro-Abreu, Nascimento, Machado e Costa (2009) também apresentam alguns
estudos que tratam dos limites da Pegada Ecológica, cujos resultados estão sintetizadas na
lista que segue:

● Foco na dimensão ambiental do processo, deixando de lado as dimensões sociais e


econômicas;
● Países com crédito no cálculo, como Brasil, Austrália e Malásia, mas que apresentam
elevadas taxas de desmatamento. A pegada pode ser melhor nessas localidades dado
os estoques, mas não são bons instrumentos de política públicas visando o
desenvolvimento sustentável;
● Não retrata apropriação de riqueza, ou seja, a distribuição desigual de consumo;
● Não apresenta alternativas para resolver a disparidade entre a biocapacidade e a
demanda ecológica;
● Tem pouco apelo para o desenvolvimento de instrumentos de políticas públicas;
● Os cálculos envolvidos são complexos, nem sempre bem explicados, transparentes e
disponíveis para análises e questionamentos/crítica;
● Não é um indicador dinâmico. Essa é a fala dos autores. Mas quando falamos em
pegada ecológica mundial e o dia de sobrecarga na terra, temos um conjunto histórico
de dados, o que faz sim, ser um indicador que mostra a evolução do uso desmedido
dos recursos naturais;
● No cálculo, cada unidade de terra tem apenas um valor, fato que não ocorre num
sistema, onde a floresta, por exemplo, pode sequestrar carbono, fornecer madeira e
produtos alimentares;
● A comparação de dados locais com nacionais só ocorre quando se tem informações no

21
tocante ao consumo regional, o que muitas vezes não ocorre. Se não tiver informações
sobre consumo local, não é possível calcular a pegada local;
● Há correlação entre países com alta pegada ecológica e alto IDH (índice de
desenvolvimento humano) e países com baixa pegada ecológica e baixo IDH. Para
tentar amenizar isso, no cálculo do IDH de 2020 foi incluída a noção “ajustado às
pressões do planeta”, o que inclui, no cálculo, o nível de emissões de dióxido de
carbono e a quantidade de recursos naturais usados nas cadeias produtivas. Nesse
cálculo, os Estados Unidos perderam 45 posições no IDH;
● Apresenta uso hipotético ao invés de uso real da terra;
● Não faz distinção entre uso sustentável e uso insustentável;
● A comparação entre países com grandes áreas territoriais e países com pequenas áreas
territoriais torna-se enviesada;
● Também a comparação entre países com elevada renda e assim, elevado consumo,
com países com baixa renda e consumo, torna-se desigual. Observando apenas os
dados finais parece que os países pobres são mais sustentáveis que os países ricos,
sendo que na verdade, o que os países pobres têm é a baixa capacidade de consumo;
● A disponibilidade de recursos renováveis pode ser aumentada. Porém, isso não é visto
como uma crítica ao cálculo e sim como um avanço quanto ao uso dos recursos de
maneira mais sustentável;
● O método apresenta um viés que é o estilo de vida dos países do hemisfério norte;
● A pegada ecológica considera o aumento da produtividade de uma monocultura como
sendo positivo, por considerar altos valores de biocapacidade. Contudo, a
monocultura gera uma série de externalidades negativas, entre elas a perda da
biodiversidade, contaminação do solo e água;
● O uso de tecnologias pode adiar o esgotamento para o longo prazo. Novamente, isso
depende do olhar. Muito se fala em uso de energia solar fotovoltaica. A priori é
sustentável, mas para a construção de suas placas utiliza-se recursos naturais. O
mesmo ocorre com tecnologia que são apresentadas como soluções ambientais, mas
que são bizarrices construídas, a exemplo das Florestas de Árvores Mecânicas lançadas
pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos como a solução para combater
mudanças climáticas. Essas falas envolvem, muitas vezes, criação e venda de novos
produtos. A tecnologia só impacta positivamente se atacar a raiz do processo
produtivo. Se fizer um sistema produtivo que utilize o menor uso possível ou o não
uso de recursos virgens, a exemplo do que se propõe a Economia Circular;
● A ideia de capacidade de carga para um país tende a perder sentido na medida em que
ele pode importar recursos. Novamente outra crítica que pode ser questionada. No
caso da produção de alimentos existe a questão da segurança alimentar e da soberania
alimentar. Enquanto a primeira diz respeito a oferta constante de alimentos atrelada
ao acesso da população a esse alimento, o segundo diz respeito a produção desse
alimento não depender de importação e sim ser produzido no território. É uma decisão
política produzir na localidade, a fim de não depender de países exportadores, com
flutuações de preço e oferta. Outra questão diz respeito ao fato de que a terra é um
grande sistema. A extração predatória de recursos, a emissão de gases de efeito estufa,
o desmatamento, não tem impacto apenas local. Assim, não se trata apenas de uso de
recursos de uma dada localidade, com impacto apenas nessa localidade. Pensar dessa
forma é considerar que jogar resíduos num córrego no outro lado da cidade não vai

22
gerar problemas no seu próprio quintal;
● Não se captura declínio da biodiversidade, eutrofização, consumo de recursos minerais
e emissão de compostos tóxicos (MATUŠTÍK; KOČÍ, 2021);
● Não há discriminação quanto a diferentes manejos do solo, ou seja, diferenças, por
exemplo, entre a agricultura convencional e a agroecologia;
● Existem indicadores claramente mais precisos e informativos do impacto humano no
clima da Terra, como aqueles baseados no Potencial de Aquecimento Global.
(MATUŠTÍK; KOČÍ, 2021);

Importante destacar que:

Como pode ser observado, existem fortes críticas e limitações em relação à pegada
ecológica. No entanto, é importante reconhecer o caráter didático e a popularidade
que o método atingiu, e isso, de certa forma, pode auxiliar na conscientização da
população. Outra contribuição importante é chamar atenção para a necessidade de
se continuar buscando formas de medir a performance de países, estados, regiões e
cidades rumo ao desenvolvimento sustentável. (MADURO-ABREU, NASCIMENTO,
MACHADO, COSTA, 2009, p. 85)

Desta forma:

A pegada não pode ser trabalhada isoladamente como um indicador universal. Ela é
uma ferramenta que associa diretamente o consumo de bens e serviços à utilização
de recursos naturais, sem ponderação, suas análises não podem ser normativas sob
o risco de cair em uma armadilha. (MADURO-ABREU, NASCIMENTO, MACHADO,
COSTA, 2009, p. 84)

Vamos calcular a sua Pegada Ecológica?

Chegou a hora de você calcular sua Pegada Ecológica. Acesse o link:


https://www.footprintcalculator.org/home/pt

10.Outras Pegadas.
No contexto da Pegada Ecológica, temos a Pegada de Carbono e a Pegada Hídrica. A
primeira diz respeito a uma terra florestal necessária para sequestrar as emissões de CO2. A
segunda, inspirada no conceito de comércio virtual de água, diz respeito ao uso da água na

23
elaboração de produtos e serviços. (MATUŠTÍK; KOČÍ, 2021)

Também há a Pegada do Solo, que visa fazer a conexão entre uso do solo e o destino
do consumo final. A Pegada de Material que visa descobrir os padrões globais de extração e
uso de materiais incorporados no comércio e consumo internacionais. A Pegada de
Esgotamento de Recursos, onde se pondera os dados da Pegada de Material pelos potenciais
de esgotamento dos recursos. A Pegada de Nitrogênio, que mede a quantidade total de
nitrogênio reativo (Nr) liberado para o meio ambiente. A demanda de nitrogênio também foi
contabilizada juntamente com o fósforo no cálculo da Pegada de Nutrientes. A Pegada de
Fósforo, que mede a demanda total de fósforo como resultado do consumo da população.

11.Ações para se reduzir a Pegada Ecológica.


Vamos agora a um conjunto de ações visando a redução da Pegada Ecológica. Não
queremos com isso que você considere que o tamanho da sua Pegada Ecológica é só culpa
sua, afinal a indústria trabalha muito para que sejamos dependentes de seus produtos. Mas
podemos incorporar ações no nosso cotidiano que reduz esse impacto negativo derivado do
nosso consumo, também podem levar a redução dos gastos e a uma melhor saúde/melhor
alimentação. Você vai gastar menos dinheiro e ter uma vida mais saudável. Vamos a elas:

o Prefira alimentos frescos, produzidos próximos a sua cidade e reduza o consumo de


produtos industrializados;
o Consuma o necessário, refletindo sobre suas reais necessidades de consumo;
o Reutilize produtos - conserte produtos quebrados ao invés de descartá -los ou doe;
o Lembre-se de que há água embutida nos alimentos (Pegada Hídrica). Quando você joga
fora um alimento, jogou fora também dinheiro e água;
o Faça compostagem se puder e com o adubo gerado tenha uma pequena horta, em vaso;
o Se tiver que imprimir, verifique se o tipo de letra escolhida é a que utiliza menos tinta/toner
da impressora. Há diferença de gastos de tinta conforme o tipo de letra;
o Desligar câmera em videoconferência ajuda a economizar energia;
o Frequente feiras livres, onde é possível encontrar alimentos orgânicos a preços menores;
o Não jogue lâmpadas, pilhas, baterias de celular, restos de tinta ou produtos químicos no
lixo. As empresas que os produzem são obrigadas por lei a recolher muitos desses
produtos;
o Leve remédios, os que não usa e os vencidos, a um posto de saúde próximo. Eles saberão
dar-lhes destino adequado. Algumas redes de farmácias têm recipiente de coleta desses
medicamentos;
o Verifique na sua cidade se há grupos de Comunidades que Sustentam a Agricultura (CSA) 5,
ou seja, grupo fixo de consumidores que se comprometem a cobrir os custos anuais de

5
Para saber mais sobre, acesse: http://csabrasil.org/csa/
produção de um ou um grupo de agricultoras/agricultores e, em contrapartida, recebem

24
alimentos orgânicos produzidos por esses agricultores, essas agricultoras.
o Ande de bicicleta e faça trajetos a pé;
o Não utilize plástico de um único uso, como talheres e copos descartáveis;
o Use sempre uma garrafa retornável;
o Não compre água engarrafada. Use água da torneira e um filtro;
o Ao comprar móveis, certifique-se de que são provenientes de madeira certificada (selo
FSC);
o Reduza o consumo de carne, especialmente carne bovina;
o Adquira produtos de empresas envolvidas em programas de responsabilidade
socioambiental certificadas;
o Cuidado com o greenwashing, em tradução livre, lavagem verde, que na verdade é mais
uma maquiagem de produtos que empresas fazem a fim de torna-los ambientalmente
menos impactantes, mas que não são;
o Faça coleta seletiva, mas sempre tenha em mente que a reciclagem não é a solução. É uma
medida paliativa;
o Prefira produtos com menos embalagens e se possível adquira produtos a granel;
o Use menos elevador e mais escada;
o Tome banhos mais curtos;
o Troque aparelhos eletroeletrônicos e celulares apenas quando quebram e não há
possibilidade de conserto. Lembre-se da obsolescência perceptiva;
o Compre roupas melhores, que durem mais e compre menos. Não fique refém da moda,
que nada mais é do que estratégias visando você consumir mais;
o Tenha uma horta, mesmo que pequena, de apenas temperos e chás. Se possível, combine
com amigas e amigos ou vizinhos, o plantio de produtos diversificados e troque esses
alimentos. Além de terapêutico, aumenta laços sociais, promovendo bem-estar;
o Faça lista de compras antes de ir aos supermercados. Isso evita compras compulsivas e
perda de produtos, ou seja, descarte de alimentos;
o Limpe caixas postais de e-mails e documentos armazenados nas nuvens e que não são mais
necessários. O gasto energético para manter essas informações é muito grande;
o Tenha uma vida mais leve, com menos coisas;
o Sempre que possível, tome banho de floresta6, ou seja, entre em contato com a natureza.
Esse conceito foi criado no Japão e consiste em você entrar numa área de floresta ou
parque ou praça arborizada e ficar pelo menos meia hora. Isso gera conexão com a
natureza, promove bem-estar e tende a favorecer o maior engajamento na luta a favor da
natureza.
o Divulgue essas dicas!

6
Quer saber mais sobre banho de floresta, acesse: https://ecopsicologiabrasil.com/banho-de-floresta/
Considerações Finais.

25
Como destacam Matuštík; Kočí (2021), nenhuma pegada sozinha é capaz de traçar o
quadro completo das pressões humanas sobre o meio ambiente. Essas pegadas também
ferem por não considerar questões sociais e econômicas advindas da produção e consumo. O
foco continua sendo o ambiental apenas. Contudo, a Pegada Ecológica apresenta um elevado
caráter didático.

Quando calculamos a nossa pegada e ela é alta verificamos como nosso padrão de
consumo é ambientalmente predatório. Isso não resolve o lado da produção, mas há, como
apresentado, um conjunto de ações que podemos realizar para reduzir nossa participação
nesse processo ambiental destrutivo que é nosso sistema de produção e consumo.

Vamos fazer a nossa parte!

Referências.
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https://www.overshootday.org/about-earth-overshoot-day/. 2022. Acesso em 13 de abril de
2022.

EARTH OVERSHOOT DAY. 2020. Disponível em


https://www.overshootday.org/newrom/press-release-june-2019-portuguese. Acesso em 11
fev 2020.

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GLOBAL FOOTPRINT NETWORD. Standards Committee. 2022b. Disponível em:


https://www.footprintnetwork.org/resources/reviews/?_ga=2.34602596.413822732.164520
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GLOBAL FOOTPRINT NETWORK. Ecological Deficit/Reserve, 2022d. Disponível em:


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KAMBEBA, Márcia Wayna. Saberes da floresta. São Paulo: Jandaíra, 2020.


MADURO-ABREU, Alexandre; NASCIMENTO, Daniel Trento, MACHADO, Luciana Oliveira

26
Rosa; COSTA, Helena Araújo. Os limites da Pegada Ecológica. Desenvolvimento e Meio
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https://revistas.ufpr.br/made/article/view/12847/10886.

MARTA, Francisco de Souza. COICOP 2018 - Objetivos e avanços no processo de revisão. 7º


Seminário de Metodologia do IBGE. Diretoria de Pesquisa, IBGE, 2018. Disponível em
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Ambiente & Sociedade. São Paulo. Vol. 24, 2021. Disponível em
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27
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A não ser que indicado ao contrário, o material Pegada Ecológica de Andréa Eloisa Bueno Pimentel,
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