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Organização do
Espaço Mundial II
CDD 378.007
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EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
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Ministro da Educação Chefe do Departamento de Ciências Biológicas
Fernando Haddad Guilherme Victor Nippes Pereira
Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes Coordenadora do Curso a Distância de Artes Visuais
João dos Reis Canela Maria Elvira Curty Romero Christoff
Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS Coordenadora do Curso a Distância de Letras/Português
Maria das Mercês Borem Correa Machado Ana Cristina Santos Peixoto
Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA Coordenadora do Curso a Distância de Pedagogia
Paulo Cesar Mendes Barbosa Maria Narduce da Silva
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Blocos econômicos realidade da economia global . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Europa: Berço da humanidade em busca da unidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Japão: território em constante formação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Unidade 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
América Anglo-Saxônica: Percalços e desafios vivenciados pelos Americanos que
nasceram em “Berço de Ouro” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
Geografia - Organização do Espaço Mundial II
Apresentação
Caro(a) acadêmico(a):
Objetivos específicos:
• Analisar as economias centrais, América Anglo-saxônica, Europa e Japão.
• Identificar em mapas a nova configuração geográfica da Nova (des) Ordem Mundial.
• Avaliar a relação dos Organismos Internacionais e dos Blocos Econômicos com países
desenvolvidos e as pespectivas para o futuro incerto.
• Caracterizar os aspectos fisícos da Europa, Estados Unidos e Japão.
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UAB/Unimontes - 7º Período
alização das atividades. As sugestões e dicas estão localizadas junto ao texto, aparecendo
com os seguintes ícones.
• Dicas
• Para saber mais
• Atividades
• Glossário
Bons estudos!
As autoras
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Geografia - Organização do Espaço Mundial II
UNIDADE 1
Blocos econômicos realidade da
economia global
Antes mundo era pequeno.
Porque Terra era grande.
Hoje mundo é muito grande.
Porque Terra é pequena.
(GIL, 1994)
O “encolhimento” da Terra é resulta-
do do crescimento das ondas tecnológi-
cas (FIGURA 01) que ocuparam o lugar das
chamadas revoluções industriais (1ª, 2ª, 3ª).
As novas gerações vivenciam a rapidez das
informações, o avanço em todos os seto-
res da economia, presenciam em todas as
sociedades líderes políticos em rodadas
de negociações, discussões sobre relações
comerciais, consolidação de blocos econô-
micos, integração entre países com o intui-
to de fortalecer suas economias internas e
externas.
Na contemporaneidade as articulações ◄ Figura 01:
políticas econômicas são justificadas dia- Encolhimento da Terra,
riamente até mesmo pelo senso comum, ondas tecnológicas
já que é corriqueiro ouvir das pessoas: “é a Fonte: <<http://www.
colegio24horas.com.br/
globalização”, “ é resultado da globalização megazine2010/prova.
econômica”, em geral muitos nem sabem o asp?289384520 acessado
real contexto, mas sentem os reflexos das 22 de julho de 2011
negociações políticas no cotidiano. Enfim,
vivemos em uma economia de rede, ou seja,
existe uma interdependência econômica,
socioambiental e política.
Neste contexto, podemos pontuar que os blocos econômicos representam uma rede polí-
tica de poder que busca alavancar a economia dos países membros norteando as demais redes.
Para Paulillo (2000, p. 4-5), “são redes políticas territoriais, porque o território é o resultado de
uma construção social e política, no qual os atores coletivos e individuais trocam recursos de po-
der e articulam interesses”
Assim, nesta Unidade os objetivos são:
• conhecer as modalidades de integração dos blocos econômicos;
• identificar os países membros dos blocos econômicos;
• analisar os objetivos, benefícios e malefícios dos blocos econômicos;
• caracterizar o papel da Organização Mundial de Comércio na economia.
Esta unidade vai oportunizar amplo conhecimento das relações econômicas da contempo-
raneidade, especificamente na configuração dos blocos econômicos. Com certeza passarão a en-
tender melhor a necessidade da economia em agrupar em blocos econômicos, até mesmo para
enfrentar os “efeitos cascata” das crises econômicas.
11
UAB/Unimontes - 7º Período
1.1 Organização e
institucionalização do comércio na
economia internacional
A economia internacional é regida por acordos e tratados comerciais firmados entre os paí-
ses que estabelecem os períodos de vigência e as metas a serem atingidas. Entretanto é bom en-
tendermos que tratado se distingue de acordos. Os tratados envolvem maior número de países,
são normalmente de longa duração, abarcam uma série de cláusulas.
Enquanto os tratados envolvem tamanha complexidade e podem ser bilaterais (envolvem
apenas duas nações) ou multilaterais (abrangem vários países), os acordos são menos comple-
xos, de menor duração, e envolvem negociações comerciais de uma lista específica de produtos.
Neste contexto, para regulamentar mundialmente as relações, temos a Organização Mun-
dial do Comércio – OMC, substituta do Acordo Geral de Tarifas e Comércio –GATT-, criado em
1947 . A OMC foi criada em 1994 e passou a vigorar em 1995, com a proposta de reduzir tari-
fa, eliminar barreiras não tarifárias, abolir práticas de concorrência desleal, aplicar e controlar os
acordos comerciais e arbitrar os contenciosos comerciais, sendo assim, promoveria um comércio
mais livre e mais justo. (JAKOBSEN KJELD, 2005)
A OMC tem sede em Genebra (Suíça), visa promover e regular o comércio entre as nações,
traça as diretrizes básicas dos acordos bilaterais e regionais, impondo políticas de retaliação
àqueles que praticam o protecionismo, isto é, protegem os seus produtos nacionais, proibindo
a entrada de similares importados ou elevando as taxas de importação desses produtos. Con-
denam, ainda, os países que cobram preços muito altos por suas mercadorias no mercado inter-
nacional e aqueles que praticam o dumping. Dumping é a prática de países e ou empresas de
comercializar produtos com o preço abaixo do mercado.
Bezerra Júnior (2001) destaca que a OMC através da redução geral de barreiras alfandegá-
rias promove a ampliação do volume do comércio internacional e pontua que: “Esse movimento,
no entanto, é acompanhado pelo fortalecimento dos blocos econômicos, que buscam manter
maiores privilégios aos países membros”. (BEZERRA JÚNIOR, 2001 p.127)
Os blocos econômicos são associações de países que possuem relações comerciais privile-
giadas entre si, ou seja, quando fazem parte de um mesmo bloco, as alíquotas de importação
deixam de existir ou são inferiores às utilizadas pelos demais países, formando assim uma área
de livre comércio. Além da livre circulação de mercadorias, alguns blocos utilizam ainda a livre
circulação de serviços, de pessoas e de capitais, podendo adotar uma moeda única.
A integração dos blocos econômicos ocorre a partir dos acordos estabelecidos entre os paí-
ses membros. Para Foschete (1999, p.131):
12
Geografia - Organização do Espaço Mundial II
Zona preferencial • Consiste numa região englobando dois ou mais países, caracterizada pela
tarifária doação mútua de tarifas preferenciais (reduzidas). Trata-se do processo
mais simples de integração.
Área de livre • Livre circulação de mercadorias, as tarifas alfandegárias podem ser reduzi-
comércio das ou eliminadas.
• A moeda nacional é mantida.
• Cada país define o imposto para os produtos vindos de nações não perten-
centes ao bloco e as regras para o trânsito de capitais, serviços e pessoas.
União aduaneira • É uma integração mais avançada do que a área de livre comércio e do que a
zona de preferência tarifária.
• Livre circulação de mercadorias.
• Cada país define suas regras para a circulação de capitais, serviços e pes-
soas.
• A moeda nacional é mantida.
• O imposto de importação é comum para as mercadorias vindas de nações
não pertencentes ao bloco.
• Abertura de mercados internos e padronizados das tarifas para diversos
itens relacionados com o comércio com países que não pertencem ao blo-
co.
Mercado comum • Livre circulação de mercadorias, capitais, serviços e pessoas.
• Imposto de importação comum para produtos vindos de nações não per-
tencentes ao bloco.
• A moeda nacional é mantida.
O Quadro 01 deixa claras as modalidades de integração dos blocos econômicos; não signifi-
ca necessariamente que cada bloco tenha que adotar apenas uma.
Os acordos econômicos entre os países membros de cada bloco propiciam reflexos para a
população e para as empresas, uma vez que há a possibilidade de serem disponibilizados produ-
tos com menor custo e geração de empregos. Entretanto, sempre pode ocorrer o oposto, indús-
trias se deslocarem para um país membro do bloco com melhores oportunidades promovendo
o desemprego, outras fecharem por não suportarem a concorrência, portanto as consequências
podem ser positivas ou negativas.
No entender de Foschete (1999, p. 134) existem dois tipos de efeitos estáticos e dinâmicos:
No que se refere aos efeitos dinâmicos, Foschete (1999, p. 134) pontua que “[...] os efeitos di-
nâmicos sobre o bem-estar resultam de economias de escala, do aumento da concorrência e de
aumento dos investimentos, possibilitados pela integração econômica”.
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UAB/Unimontes - 7º Período
Em geral as decisões que regem os blocos são dos líderes governamentais de cada país membro,
contudo existem algumas decisões em que a população é consultada através de plebiscitos, além da
grande influência das transnacionais nas relações de mercado dos blocos econômicos. (FIGURA 02).
Figura 02: ►
Transnacionais na
economia mundo
Fonte: <<http://
geoblog.spaceblo.
gcom.br/ >> acessado
em 22 de
julho de 2011
14
Geografia - Organização do Espaço Mundial II
Fonte: Adaptado de SUCENA, I, S. et all. Trabalhando com Mapas: Mundo desenvolvido. São Paulo: Editora Ática, 2011.
O alargamento do bloco significa mais território, recursos minerais, energéticos, mas tam-
bém problemas em todos os aspectos, econômicos, políticos e socioambientais. Abordamos de-
talhadamente o bloco União Européia na Unidade 2.
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UAB/Unimontes - 7º Período
O Acordo de Livre Comércio da América do Norte –NAFTA- é um bloco regional, tem ape-
nas três Nações da América do Norte, Estados Unidos, Canadá e México (FIGURA 03). O NAFTA
foi criado em 1994, é uma Zona Livre de Comércio, discutimos com maiores informações na
Dica Unidade 3.
Para aprender mais A Área de Livre Comércio das Américas –ALCA- ainda não é um bloco institucionalizado,
sobre o NAFTA consulte apesar de ter sido assinado em 1994 por trinta e quatro países da América uma carta de inten-
o site oficial:
http://www.nafta- ções que cria as diretrizes do bloco. O único país da América excluído foi Cuba, devido ao sistema
-sec-alena.org/ socialista e por não manter relações diplomáticas com os Estados Unidos. Existem várias dificul-
dades de formalização, inclusive com protestos por parte da população (FIGURA 04).
16
▲
Figura 06:
Integram a CEI doze países membros da antiga URSS: Armênia, Azerbaijão, Bielorrússia, Ca- Comunidade
zaquistão, Quirguistão, Moldávia, Rússia, Tajiquistão, Turcomenistão, Ucrânia, Uzbequistão e Ge- dos Estados
órgia. A Letônia, Lituânia e Estônia que pertenciam a antiga URSS não fazem parte do bloco, to- Independentes (CEI)
divisão politica
dos pertencem a União Européia. “A CEI tem objetivos econômicos (cooperação entre os países),
Fonte: Sucena et al, 2010,
políticos e militares (controle do grande número de armas, inclusive nucleares, espalhados por p. 49.
várias das novas repúblicas)”(SUCENA,et all. 2010 p.48).
A Comunidade da África Meridional para o Desenvolvimento – SADC – é um bloco regional
da África criado em 1992, tem como membros: África do Sul, Angola, Botsuana, Lesoto, Malavi,
Maurício, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo, Seicheles, Suazilândia, Tan-
zânia, Zâmbia e Zimbábue. Os principais objetivos do bloco são: incentivar as relações comer-
ciais, criar um mercado comum entre os membros, promover a segurança e paz na região.
A Associação de Nações do Sudeste Asiático ASEAN- foi criada em 1967 pelo Tratado de Bali
(Tailândia), tem como objetivo assegurar a estabilidade política e aumentar o crescimento eco-
nômico da região. Desde 2002 foi estabelecida a eliminação de barreiras alfandegárias entre os
países membros. São Membros: Indonésia, Malásia, Filipinas, Cingapura, Tailândia (1967), Brunei
(1984), Vietnã (1995), Mianmar (1997), Laos (1997) e Camboja (1999).
A descrição feita sobre os blocos econômicos não pretende esgotar o assunto, uma vez que
a economia internacional é extremamente dinâmica e não se sabe ao certo se caminha para uma
liberação global das relações comerciais ou para novas regionalizações, onde uns blocos man-
terão o domínio. O que podemos concluir no momento é que as economias mundiais vivem em
rede, ou seja, interligadas com fragilidade constante, o que promove incertezas. Dentro deste
contexto, segundo a OMC 60% do comércio mundial ocorre dentro dos blocos econômicos, uma
realidade que não se poder negar é a formação e/ou fortalecimento dos blocos econômicos é
uma tendência.
Referências
BEZERRA JÚNIOR. Comércio Internacional e os Blocos Econômicos. Adcontar, Belém, v. 2, nº 1,
126 - 137, maio, 2001.
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UAB/Unimontes - 7º Período
PAULILLO, Luiz Fernando. Redes de Poder & Territórios Produtivos. São Paulo: Rima, 2000.
SUCENA, Ivone Silveira et al. Trabalhando com Mapas: O mundo desenvolvido. São Paulo: Ática,
2010.
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Geografia - Organização do Espaço Mundial II
UNIDADE 2
Europa: berço da humanidade em
busca da unidade
A Europa dos grandes impérios chega ao século XXI com elevada expectativa
de vida, pessoas qualificadas, desenvolvimento econômico e social expressivo,
mas com a certeza de que só o alargamento do bloco dará à população maior
tranquilidade nos próximos anos.
As autoras
A Europa (FIGURA 08) é um continente banhado pelos Oceanos Glacial Ártico (ao norte) e
Atlântico (a oeste). Quanto aos mares que banham a Europa são eles: Mar de Berents, Mar do
Norte, Mar Báltico, Mar Adriático, Mar Cáspio, Mar Negro, Mar de Azov, Mar Egeu, Mar Tirreno,
Mar Jônico e o Mar Mediterrâneo.
▲
Figura 08: Mapa político Em relação ao limite geográfico territorial, a Europa a leste limita com a Ásia, tem inclusive
da Europa os territórios da Rússia e da Turquia com áreas nos dois continentes. Os Montes Urais represen-
Fonte: Simielli, 2007 tam o divisor natural da Rússia europeia e asiática. A Rússia europeia limita também como o país
asiático Cazaquistão. O Estreito de Bósforo interliga a Turquia asiática à europeia. Outro impor-
tante Estreito é o de Gibraltar que separa o território da África (Marrocos) da Europa (Espanha).
Os territórios da Armênia e Arzerbaijão também limitam com o Irã (país asiático).
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Geografia - Organização do Espaço Mundial II
O litoral da Europa é bastante recortado, o que faz aparecer inúmeras ilhas e penínsulas.
Ilhas de formação recente, Córsega, Sardenha, Sicília. A Figura 09 representa o relevo e o litoral
da Europa.
▲
Figura 09: Mapa Físico
da Europa
Fonte: Simielli, 2007
21
UAB/Unimontes - 7º Período
Existem muitas críticas à geração de energia nuclear devido ao destino do lixo atômico, pe-
rigo de acidente, a disseminação da radiação contaminando áreas. Os países com maiores produ-
ções de energia nuclear na Europa são: França, Alemanha, Reino Unido e Rússia.
Ter riquezas minerais e energéticas é muito importante para uma sociedade, contudo o fun-
damental é fazer uso de forma a beneficiar a todos e ser sustentável. Como estudamos em Orga-
nização do Espaço Mundial I, a África e América Latina têm muitas reservas de riquezas minerais
e energéticas e as mesmas não significaram necessariamente crescimento econômico e social.
Na Europa existem muitos rios que são bem aproveitados na dinâmica econômica, especial-
mente como meio de transporte, além de ser mais barato que o transporte rodoviário tem maior
capacidade de carga.
Alguns rios merecem serem destacados: Rio Reno – muito utilizado no escoamento de pro-
dutos industriais na Europa Central. O rio Pó ocupa importante papel para as áreas industriais
da Itália. O rio Sena (FIGURA 08) atravessa a capital da França Paris. O rio Tibre tem em suas mar-
gens a cidade de Roma. O rio Danúbio percorre territórios da Áustria, Eslováquia, Hungria e Sér-
via. Em Portugal e Espanha os rios principais são Tejo e Douro que deságua no Oceano Atlântico.
Em Londres destaca-se o rio Tâmisa, que pode ser exemplo de despoluição. Na Rússia europeia
destacam-se os rios Volga, Dvina , Dnieper, Don e Ural.
22
▲
A Figura 11 mostra o rio Sena percorrendo a cidade de Paris (França), observamos também o Figura 11: Rio Sena
fluxo de turistas nas embarcações . Conforme Sucena et all. (2010a, p. 34): Fonte: Magalhães, 2010
Os rios europeus não possuem a mesma extensão e volume de água dos gran-
des rios americanos ou africanos, mas têm grande importância para a navega-
ção. Muitos deles são usados há séculos para a circulação de pessoas e merca-
dorias. Além dos rios, existe na Europa um grande número de lagos e mares
interiores.
No que se refere ao clima da Europa, podemos pontuar que é variado: Temperado Oceânico,
Temperado Continental, Frio de montanha, Mediterrâneo, Frio e o Polar (apenas na Rússia). As
áreas de clima Mediterrâneo apresentam as maiores temperaturas da Europa (áreas do território
da Espanha, França, Itália, Grécia. Na Rússia o clima polar marca baixas temperaturas o ano todo
(devido à posição geográfica – elevada latitude). Nas áreas de clima Frio de Montanha, as baixas
temperaturas se devem às elevadas altitudes.
O clima frio presente na Suécia, Noruega e Finlândia se deve a localização geográfica, ou
seja, elevada latitude, portanto parte do território destes países fica em média seis meses sem
ver a luz do sol. Entretanto, a maior parte da Europa tem climas Temperado Oceânico ou Conti-
nental, onde as quatro estações são bem definidas, verões quentes e invernos rigorosos. A cor-
rente marítima do Golfo ou do Atlântico é quente e tem a função natural de amenizar o inverno
da Europa, contudo estudos apontam que a corrente tem sofrido alterações na sua temperatura,
o que tem feito que a Europa tenha invernos mais frios a cada ano.
A vegetação de uma área está diretamente ligada ao clima, relevo e hidrografia, portanto
a Europa apresenta como vegetação natural: Floresta Temperada (clima Temperado); Vegetação
Mediterrânea (clima Mediterrâneo); Vegetação de Altitude (clima Frio de Montanha) Tundra e
Floresta Boreal (clima Frio); Estepe (clima polar na Rússia).
A vegetação natural da Europa quase não existe, devido ao intenso processo de ocupação
humana, uma vez que os europeus ocuparam os espaços, construíram cidades, instalaram pro-
priedades agrícolas, industriais, entre outras obras.
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UAB/Unimontes - 7º Período
Unidade da
Países integrantes
regionalização
Europa Ocidental Irlanda, Reino Unido, França, Bélgica, Países Baixos, Alemanha, Luxemburgo,
Suíça, Áustria, Liechtenstein e Mônaco.
Europa Meridional Portugal, Espanha, Itália, Grécia, Andorra, Malta, San Marino, Vaticano, Al-
bânia, Croácia, Bósnia –Herzegovina, Montenegro, Sérvia, Kosovo, Bulgária,
Eslovênia e Turquia (europeia)
Europa Centro Rússia (europeia), Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, República Tcheca,
Oriental Eslováquia, Belarus, Ucrânia, Moldávia, Hungria, Romênia, Geórgia, Armênia e
Azerbaijão.
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Geografia - Organização do Espaço Mundial II
Unidade da
Países integrantes
regionalização
Europa Oriental Albânia, Croácia, Bósnia –Herzegovina, Montenegro, Sérvia, Kosovo, Bulgária,
Eslovênia, Rússia (europeia), Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, República
Tcheca, Eslováquia, Belarus, Ucrânia, Moldávia, Hungria, Romênia, Geórgia,
Armênia e Azerbaijão.
Europa Ocidental Dinamarca, Suécia, Noruega, Finlândia, Irlanda, Reino Unido, França, Portugal,
Espanha, Turquia (europeia), Itália, Bélgica, Países Baixos, Alemanha, Luxem-
burgo, Suíça, Áustria, Liechtenstein, Mônaco, Grécia, Andorra, Malta, San
Marino e Vaticano.
25
UAB/Unimontes - 7º Período
480 a.C Batalha de Salamina Criação das bases para o fortalecimento da Grécia e conse-
quentemente da Europa.
380 d.C Cristianismo como reli- Fim da perseguição aos cristãos e punição ao exercício de
gião de estado do império cultos pagãos.
romano
529 d.C Constituição do primeiro re- Durante vários séculos foi a fonte decisiva do direito na
gistro sistemático do Direito Europa.
Romano.
842 d.C Juramentos de Estrasburgo Nesse ano foi documentado pela primeira vez que os ha-
selaram surgimento de dois bitantes das metades leste e oeste do antigo Reino Franco
Estados. não conseguiam mais se entender em uma língua comum.
1514 Martinho Lutero (1483- Reinterpretação do Evangelho por Martinho Lutero que
1546) e a reforma da igreja consequentemente vai abalar a estrutura da Igreja Católi-
romana ca, resultando na tradução do Novo Testamento para ale-
mão. Posteriormente culminou na Guerra dos Trinta Anos
(1618-1648) findada em liberdade religiosa na Alemanha e
finalmente na Europa.
1648 Fim da guerra dos trinta Ampliação da influência dos príncipes eleitores, culminan-
anos do na diminuição do poderio alemão.
1789 Revolução Francesa Abolição dos privilégios da nobreza, redução das taxas
(Liberdade, igualdade e eclesiásticas, confisco dos bens da Igreja e a Declaração
fraternidade) dos Direitos do Homem e do Cidadão.
1813 O confronto decisivo entre a Fim da hegemonia francesa sobre o continente europeu.
aliança europeia e Napoleão
quando o exército francês
lutou contra as forças da
Áustria, Prússia, Rússia e
Suécia, vencendo a aliança,
o que pôs fim à hegemonia
francesa na Europa.
26
Geografia - Organização do Espaço Mundial II
1917 Revolução Russa Criação do novo foco de poder dentro da Europa (Durante
mais de sete décadas os bolcheviques dominaram a Rússia
e grande parte do leste europeu).
1939 -1945 Segunda Guerra Mundial Divisão do continente europeu (Leste sob domínio da Dica
União Soviética e oeste sob domínio dos Estados Unidos).
Início da guerra fria Para aprender mais
Construção do muro de Berlim. sobre o contexto his-
tórico da Europa apre-
1957 Tratado de Roma Início da formação da União Europeia. sentado no Quadro 06
consulte o site: http://
1989 Queda do muro de Berlim Primeiro passo de reunificação europeia. www.dw-world.de/dw/
article/0,,4229995,00.
1992 Tratado de Maastricht Estabelecimento das quatro liberdades (livre circulação de html.
mercadorias, serviços, pessoas e capital).
Os conflitos por expansão territorial na Europa têm raízes históricas, podendo ser notadas
desde o século V a.C., quando os persas batalhavam em busca de anexar aos seus territórios áre-
as sob domínio dos gregos. Essas investidas foram por diversas vezes fracassadas em função da
organizada tropa grega, porém sempre deixaram rastro de destruição. Um momento decisivo na
história da Europa ocorreu na batalha de Salamina, quando, ao se posicionar estrategicamente a
oeste da ilha de Salamina, em um estreito braço de mar (FIGURA 13), assim os gregos impediram
o avanço dos persas sobre o território europeu.
Estudiosos do assunto afirmam que o des- da luta de classes, quando plebeus reivindica-
tino da Europa seria traçado nesse momento, ram através de”plebis scitum” a inclusão no di-
pois essa batalha representou um marco na sua reito romano de novo princípio legal garantin-
história, uma vez que impediu a destruição da do os seus direitos. Esse novo princípio legal é
cultura grega e do império romano, que são até hoje o principal instrumento de participa-
responsáveis pela Europa moderna. Se, ao con- ção popular europeia.
trário, os persas fossem vencedores na batalha, Prosseguindo com a abordagem dos prin-
possivelmente a Europa se chamaria hoje Ásia cipais acontecimentos ocorridos na Europa
Ocidental com maioria da população muçulma- ao longo da sua história, chamamos a atenção
na (HELLFELD, 2011). para um período bastante conturbado, quando
Outro marco importante da história euro- igrejas eram incendiadas, bens confiscados e
peia ocorreu em 287 a.C. e diz respeito ao fim cristãos perseguidos em nome da cultura pagã.
27
UAB/Unimontes - 7º Período
Entretanto, após longos debates entre impera- ta Anos. O fim dessa guerra só foi possível após
dores da época e dirigentes da igreja, ocorreu a paz de Vestfália, quando todos passam a ter
o consenso de que Deus e Jesus constituiriam liberdade religiosa, tanto os católicos, como os
uma mesma entidade. Porém, algumas décadas protestantes e os calvinistas.
depois, um decreto põe fim a este consenso, Na Revolução Gloriosa, chamamos a aten-
declarando o cristianismo religião de estado e ção para os diversos direitos adquiridos naque-
punindo o exercício de cultos pagãos. le momento e que se encontram em vigor até
Em 533 é concluído o primeiro registro sis- os dias atuais como: eleição livre do Parlamen-
temático do Direito Romano, documento utili- to, direito de livre debate e imunidade para os
zado durante vários séculos como fonte decisi- deputados, cobrança de impostos somente
va do direito na Europa, ainda que utilizado em com a aprovação parlamentar e proibição de
combinação com princípios locais, sendo ela- manter um Exército regular sem o consenti-
borados outros códigos a partir desse, como o mento do Parlamento.
código prussiano de 1794. Esse código foi utili- Diversos outros momentos marcaram a
zado na Alemanha até 1.900, sendo substituído história da Europa como a Revolução Francesa
nesse ano pelo Código civil da nação. que, com o slogan “Liberdade, Igualdade, Fra-
Em meados de 780, Carlos Magno, ao reu- ternidade”, pôs fim aos privilégios da nobre-
nir e compilar todo o saber produzido até então za, induziu a redução das taxas eclesiásticas e
na Europa, estabelece a base do florescimento o confisco dos bens da Igreja. Em função disso,
cultural na França. Isso o responsabiliza pela em 1789 foi proclamada a Declaração dos Direi-
transmissão da herança cultural da antiguidade tos do Homem e do Cidadão e em 1791 esses
ao mundo moderno. direitos passaram a fazer parte da nova Consti-
Outro momento importante na história tuição francesa.
europeia diz respeito ao período das cruzadas Após a Revolução Francesa, diversos acon-
que marcaram uma época de sangrentos confli- tecimentos continuam a desestruturar o conti-
tos, na tentativa de reverter as barbáries e mor- nente, como o avanço napoleônico, as guerras
tes violentas realizadas pelos pagãos. Entretan- de libertação e, por fim, o término da hegemo-
to, justificadas pelos fatos acima discutidos, no nia francesa na Europa, que dá outros rumos à
período observado ocorreram também gran- geopolítica europeia.
des massacres com uma infinidade de mortes No Congresso de Viena é restabelecido o
em nome da religião. equilíbrio entre as potências europeias, França,
Quando mencionamos os conflitos religio- Inglaterra, Prússia, Rússia e Áustria, quando os
sos na Europa, o nome de Martim Lutero não territórios anexados a França nas investidas de
pode ser esquecido, pois, ao tentar combater Napoleão Bonaparte voltam aos seus territórios
os desmandos da Igreja Católica, aprofundou de origem. A Figura 14 mostra a divisão política
esses conflitos, culminando na Guerra dos Trin- da Europa após o Congresso de Viena.
28
Geografia - Organização do Espaço Mundial II
29
UAB/Unimontes - 7º Período
A Figura 16 mostra a delimitação atual (2011) dos países membros da União Européia, as-
sim como a data de inserção de cada um no bloco, conforme já apresentado na Unidade 01.
A formação do bloco União Européia teve início em 1944 com a constituição do BENELUX
através do Tratado de Londres. Os membros eram a Bélgica, Luxemburgo e Países Baixos, cujo
objetivo foi, através da união, reestruturar-se e fortalecer-se economicamente, garantindo assim
a competitividade. Essa organização foi o embrião que, após passar por diversos estágios apoia-
dos em uma infinidade de tratados (FIGURA 17), transformou-se no que atualmente é a União
Européia.
30
Geografia - Organização do Espaço Mundial II
Em 1951 é criada a Comunidade Européia minações, com regras comuns, porém limitan-
do Carvão e do Aço (CECA) pelo Tratado de Pa- do o poder de Estado (MAGNOLI, 2004).
ris, além dos países da BENELUX é incorporada Outras organizações são criadas ou pro-
a Alemanha, França e Itália. Essa fusão objeti- postas após a constituição da CECA, como
vava a união de duas potências responsáveis a Comunidade Européia de Defesa (CED), A
pelas riquezas em carvão e minério de ferro, União da Europa Ocidental (UEO) Comunidade
a Alemanha (Ruhr e Sarre) e França (Alsácia e Européia da Energia Atômica (EURATOM), que
Lorena) região de instabilidade, já envolvida posteriormente foram fundidas na Comunida-
anteriormente em conflitos e guerras por dis- de Econômica Européia ou fracassadas. Mag-
putas territoriais. Consistia em um mercado noli (2004, p. 149) confirma essa assertiva pon-
comum, sem barreiras alfandegárias ou discri- tuando que,
31
UAB/Unimontes - 7º Período
amparados nas políticas institucionais dos Apesar disso, diversos problemas são vi-
Estados europeus, ou seja, as fusões, aqui- síveis no interior do bloco, como, por exem-
sição e incorporação entre empresas euro- plo, a falta de uma política coesa para o setor
peias. Nesse conturbado momento de rees- industrial que, diferentemente do agrícola,
truturação, a Grécia passa a fazer parte da desde o início da formação do bloco foi am-
comunidade em 1981. parado pela Política Agrícola Comum (PAC).
Em 1985 o Tratado de Roma é revisto, Assim há divergências entre os países per-
mudando o rumo do sistema vigente, é es- tencentes à comunidade, apresentando en-
tabelecida “a suspensão de 300 barreiras al- foques bem diferentes entre si, como é o
fandegárias, a harmonização de padrões de caso da Alemanha, França e Grã-Bretanha. A
bens industriais e a regulamentação da con- Alemanha desenvolveu uma indústria de alta
corrência tanto para o setor privado como competitividade nos setores de siderurgia e
também para os subsídios estatais” (BARBO- química. A França optou pelo setor de alta
SA, 1998, p. 155). Faz parte ainda das mudan- tecnologia aeroespacial, informática e nu-
ças a adesão da Espanha e de Portugal ao clear. E, por fim, a Grã-Bretanha, que ganha
bloco em 1986, assegurando a expansão ter- espaço através da atração de empresas ame-
ritorial e a consolidação da CEE. ricanas e japonesas, ou seja, os conglomera-
Em 1992 pelo Tratado de Maastricht, as- dos transnacionais. Toda essa fragmentação
sinado na cidade de Maastricht – Holanda, impossibilita o desenvolvimento de empre-
representou um avanço para o bloco, pois sas de aptidão comunitárias.
estabeleceu as quatro liberdades: a livre cir- A Romênia e Bulgária são os últimos
culação de mercadorias, serviços, pessoas países a fazer parte do bloco, sendo incor-
(transitar livremente na maioria dos territó- porados ao bloco no ano de 2007. Os desa-
rios sem o uso de passaporte e sem contro- fios para os novos participantes são imensos,
le de fronteiras), e capitais, além de alterar o pois, conforme discutido anteriormente, a
nome do bloco de CEE para União Européia. unificação trará muitos benefícios, mas as
O Tratado de Maastricht também estabele- disparidades dentro do próprio bloco devem
ceu a criação da zona do euro. deixar atentos os países na luta pela concen-
Com o fim da guerra fria representada tração de forças para sanar essas adversida-
pela queda do muro de Berlim em 1989 e a des.
supressão da União Soviética, certamente é A Croácia, Macedônia, Islândia, Montene-
bem maior a possibilidade de novas adesões, gro e Turquia são países candidatos à partici-
suposição confirmada posteriormente pela pação na comunidade, devendo passar por
adesão da Suécia, Finlândia e Áustria (paí- todas as regras de negociação para possível
ses neutros durante a guerra fria), à União inserção.
Européia em 1995. Ainda nesse contexto pa- Alguns países dessa associação utilizam
íses do antigo bloco soviético não medem ainda moeda única, e tem perspectiva do
esforços para se integrar à União Européia. uso de uma única Constituição Federal. Nes-
Empenho esse consumado com a integração se caso a União Européia é o único bloco no
da Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, Repú- mundo que passou por quase todos os está-
blica Tcheca, Eslováquia, Hungria em 2004, gios de integração, faltando apenas a Consti-
além de Chipre e Malta que não pertenciam tuição Federal única que se encontra em an-
ao mundo socialista na chamada “Europa damento no parlamento europeu. (BEZERRA
dos 25”. É interessante pontuar que geogra- JÚNIOR, 2001).
ficamente o Chipre não faz parte da Europa e A adoção da moeda única, ou seja, o
sim da Ásia. euro (FIGURA 18) facilita aos cidadãos da
De acordo com Magnoli (2004) o bloco União Européia, podendo consumir produtos
econômico comunitário apresenta relativo su- de qualquer país que adote a mesma moe-
cesso, se analisado a longo prazo, pois o seu da. Isso possibilita a comparação de preços
produto interno bruto (PIB), se comparado ao e a escolha da melhor oferta. O aumento da
dos Estados Unidos, mostra que em 1970, a Eu- concorrência propiciou a melhoria da quali-
ropa dos 15 possuía um PIB que não chegava dade dos produtos e a redução dos preços.
a três quartos da riqueza dos Estados Unidos, O cidadão da União Européia pode trabalhar,
porém em 2004 composto por 25 membros morar, estudar ou se aposentar em qualquer
ele quase se iguala ao PIB desse país. país membro desse bloco.
32
Geografia - Organização do Espaço Mundial II
É válido ressaltar que nem todos os países participantes do bloco utilizam o euro, apenas Figura 18 : O euro
17 fazem uso dessa moeda, Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Ir- Fonte: Centro de Infor-
mação Européia Jacques
landa, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Portugal, Estônia, Chipre, Malta, Eslovénia e Eslová- Delors - Disponível em
quia. Três países optaram em não adotar o euro, Suécia, Reino Unido e Dinamarca, os demais http://www.eurocid.pt/
países estão adaptando-se às exigências para adoção do euro, uma vez que é um critério de pls/wsd/wsdwhom0.inicio
- Acesso em 18 de agosto
inserção no bloco. de 2011.
33
UAB/Unimontes - 7º Período
34
Geografia - Organização do Espaço Mundial II
Diversas medidas vêm sendo tomadas no das comuns em diversas áreas, essas medidas
sentido de minimizar a pobreza e a exclusão repercutem em ações de melhoria da qualida-
social, como a qualificação de recursos huma- de ambiental, fazendo com que “[...] os rios e as
nos com vista ao combate do desemprego, praias da Europa estejam mais limpos, que os
além de investimentos em áreas específicas veículos sejam menos poluentes e que a elimi-
como na região do Danúbio para melhoria das nação de resíduos obedeça a regras mais estri-
condições ambientais e desenvolvimento do tas” (COMISSÃO EUROPEIA, p. 02, 2009). Outro
seu grande potencial econômico, além de in- ponto positivo é em relação à transferência
vestir na superação das desigualdades sociais e de resíduos perigosos para países pobres, que
infraestruturais. atualmente é proibido. Regras mais rígidas
O lançamento da Estratégia Europa 2020, quanto aos produtos químicos utilizados pelas
com o objetivo de assegurar a saída da União empresas, também garante maior segurança à
Européia da crise e garantir o reequilíbrio da população e ao ambiente. (COMISSÃO EURO-
economia não só do bloco como também na- PEIA, 2009).
cional, poderá reestruturar a economia eu- Sendo assim, verificamos que os setores
ropeia e sanar as dificuldades em que se en- que alavancam a economia da região, como o
contram diversos países desse continente. De setor de transportes, indústria, agricultura e tu-
acordo com o Relatório da Comissão Europeia rismo fluem normalmente e que, na medida do
(2010), “A melhoria do mercado único é um pi- possível, agridem o menos possível os recursos
lar da estratégia <<Europa 2020>> e uma con- naturais, apesar de serem extremamente de-
dição prévia para o seu sucesso”. pendentes de combustíveis fósseis.
O sucesso do plano é assegurado a partir Para sanar essa problemática, foram in-
do tripé: (I) crescimento inteligente, ou seja, a cluídas no plano “Europa 2020”, ações que, se
promoção do conhecimento, da inovação, da realizadas na íntegra, diminuirão ainda mais os
educação e da sociedade digital; (II) Crescimen- impactos negativos sobre o meio ambiente eu-
to sustentável, através do reforço da competi- ropeu. O documento contém uma infinidade
tividade, melhorando a eficiência do aparelho de ações voltadas pra o crescimento sustentá-
produtivo; (III) Crescimento inclusivo, com in- vel do bloco. As metas incluem: (I) redução das
vestimento em qualificação, aumento da taxa emissões de gases do efeito estufa em 20%,
de participação no mercado de trabalho e luta sendo que serão utilizados como base os níveis
contra a pobreza. Todas essas medidas têm de 1990 até 2020. Porém o compromisso da
como objetivos: (I) Assegurar emprego a 75% União Européia é reduzir em até 30% se outros
da população com idade de 20 a 64 anos; (II) países desenvolvidos assumirem também essa
disponibilizar um mínimo de 3% do PIB em In- postura de redução; (II) aumento da cota de
vestigação e Desenvolvimento (I&D); (III) inves- energias renováveis em 20% no consumo final;
tir em ações no que se refere às questões re- (III) aumento em 20% da eficiência em energia;
lacionadas ao clima/energia; (IV) redução para (IV) redução das emissões de CO²; (V) política
menos de 10% da taxa de evasão escolar; (V) industrial de apoio às empresas, especialmente
incentivo ao ensino superior; (VI) retirada de 20 as pequenas.
milhões de indivíduos da pobreza. Conforme é afirmado no Relatório da Co-
A extrema preocupação com o meio am- missão Europeia (2010), o bloco desempenha
biente orienta os europeus a adotarem medi- papel ativo junto aos organismos internacio-
35
UAB/Unimontes - 7º Período
nais como no Conselho dos Direitos Humanos ambiental. Na Figura 19 podemos observar a
das Nações Unidas e de outros órgãos humani- extensão em que a UE abrange, principalmen-
tários, sendo bem representada em encontros te em países asiáticos e africanos ou na própria
estratégicos de cooperação. Apoia as ações Europa, como Afeganistão, Congo, Somália,
das Nações Unidas em diversos países em crise Atlanta, Guiné-Bissau, Kosovo, Bósnia Herzego-
no mundo, seja econômico, político, social ou vina, Moldávia, Ucrânia, Iraque, entre outros.
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Geografia - Organização do Espaço Mundial II
◄ Gráfico 03:
Exportadores e
importadores da União
Européia
Fonte: Comissão Europeia
A UE tem como principal fornecedor a China (18,93%), seguido por EUA (11,43%) e depois
a Rússia (10,37%), tem ainda uma infinidade de outros países dos quais esse bloco é comprador
direto (41,11%). Quanto às suas exportações, tem os EUA como principal comprador dos seus
produtos (18,15%), com o desequilíbrio da economia estadunidense, esse bloco terá consequên-
cias bem acentuadas. O segundo maior comprador da UE é a China (8,34%), seguido pela Rússia
(6,35%), possui ainda diversos compradores dos produtos do bloco (48,52%). Não sabemos ainda
a intensidade dos reflexos da atual crise mundial com foco nos Estados Unidos sobre a UE, isso
só o futuro dirá, porém sabemos que somente os países de economias bem equilibradas con-
seguirão ultrapassar o turbilhão de problemas decorrentes da crise, pois, como já afirmado an-
teriormente, o desequilíbrio econômico de um país (principalmente EUA) produz efeito cascata,
desequilibrando toda a economia mundial.
37
UAB/Unimontes - 7º Período
Bulgária 7.606.551 -
Chipre 796.875 98
Estônia 1.340.415 62
Grécia 11.260.402 95
Hungria 10.030.975 63
Letônia 2.261.294 49
Lituânia 3.349.872 53
Malta 413.609 78
EU 499.695.154 100
Fonte: http://europa.eu/about-eu/facts-figures/living/index_pt.htm
*Padrão de poder de compra
Analisando o Quadro 06, podemos perceber que a renda per capta é bastante variada entre
os países da União Européia, quando alguns apresentam uma alta renda por pessoa como Lu-
xemburgo com 268, Irlanda com 131 e Países Baixos com 130 euros, outros possuem baixa renda
como Estônia 62, Lituânia 53 e Letônia 49 euros.
O investimento em educação depende também de cada país, ou seja há também diferenças
entre eles quanto ao nível educacional, ainda que a maioria apresente um bom nível de educa-
ção. Há incentivos em programas de capacitação e de intercâmbio para estudos fora do país de
origem, tendo como exemplo o:
• Leonardo da Vinci: programa de apoio a acções de formação profissional, sobretudo estágios
para jovens trabalhadores e formadores em empresas fora do respectivo país de origem e pro-
jetos de cooperação entre estabelecimentos de formação profissional e empresas.
38
Geografia - Organização do Espaço Mundial II
Dica
Para aprender mais
sobre a União Européia
consulte o site oficial:
http://europa.eu/
about-eu/basic-
-information/index_
pt.htm
39
UAB/Unimontes - 7º Período
A Irlanda do Norte, como já foi mencionado, é território da Inglaterra. Para entender as ra-
zões devemos recorrer ao tempo histórico: em 1169 o rei Henrique II da Inglaterra apoderou-se
da Irlanda, a independência política ocorreu somente em 1916, sendo reconhecida pelo então
Reino Unido em 1922, entretanto a porção norte permaneceu como território da Inglaterra.
Neste contexto surge o grupo militar católico Exército Republicano Irlandês -IRA - que bus-
ca a reintegração da Irlanda do Norte a Irlanda, uma vez que a maioria da população é protestan-
te e tem privilégios no governo local. O Ira, com o passar do tempo, passou a praticar ações ter-
roristas no território da Inglaterra (Londres) e da própria Irlanda do Norte. Apesar de anunciarem
o fim do conflito sabe-se que permanecem latentes ações isoladas do grupo.
A Região dos Bálcãs fica na Europa Orien- A Região do Cáucaso também merece
tal (conforme a Regionalização político-econô- destaque, uma vez que é limite geográfico en-
mica), intregam a região: Albânia, Grécia, Bul- tre Europa e Ásia e apresenta constantes atri-
gária, Romênia, Turquia (europeia) e os países tos. Nações com território no Cáucaso: Armê-
que surgiram com a desintegração da Iugoslá- nia, Geórgia, Azerbaijão e Rússia.
via (República da Macedônia, Eslovênia, Mon- A região do Cáucaso é uma área de explo-
Dica
tenegro, Bósnia Herzegovina, Sérvia, Croácia e ração de petróleo e metais não ferrosos, abri-
Para aprender mais Kosovo (2010)). ga nascentes de rios e é estratégica para esco-
sobre o IRA, assista ao É uma região montanhosa, berço de amento de petróleo extraído do Mar Cáspio
filme: Em nome do Pai
grandes civilizações, a saber, a Civilização Gre- (grande quantidade de oleodutos).
ga, o Império Turco Otomano, um verdadei- A Chechênia é uma República da Rússia,
ro mosaico de etnias, fato que gera grandes onde a maioria da população é islâmica, assim
conflitos. Entre eles podemos citar a disputa como na República do Daguestão, ambos que-
pelo Chipre (Turquia e Grécia); na Bósnia- rem independência política e a formação de
-Herzegovínia a limpeza étnica iniciou-se em um Estado islâmico. Entretanto os chechenos
1991 quando o partido muçulmano venceu atuam de forma menos diplomática: em 1991
as eleições e sofreu perseguição de Slobodan os chechenos declaram sua independência
Milosevic. Guerra em Kosovo, a qual resultou política; 1994: Rússia contra ataca e envia 40
na morte de vários kosovares (maioria de etnia mil soldados; 1997: a capital Grózni é destruída
albanesa), o julgamento de Milosevic em Haia, pelos russos; 1998: é declarado o cessar fogo;
contudo foi encontrado morto em 2006. 1999: outro confronto; final de 1999: os cheche-
A região vive nova fase, uma vez que nos invadem o Daguestão que também luta
grande parte dos países integra a UE (Eslovê- por sua independência política.
nia, Romênia, Bulgária e Grécia), há também os Em uma década os russos cometeram
candidatos a fazerem parte (República da Ma- atrocidades como massacres, estupros, tortu-
cedônia, Sérvia, Turquia, Bósnia Herzegovina, ras, entre outros, em resposta às ações terro-
Croácia, Motenegro, Kosovo, os dois últimos já ristas dos chechenos. Em 2000, ocorreu a visi-
fazem uso da moeda euro). ta de representantes da ONU; 2002 atentados
40
Geografia - Organização do Espaço Mundial II
chechenos no Teatro de Dubrovkados – Mos- cola municipal foi tomada pelos chechenos
cou, 200 mortos; 2003: Putin organizou um re- depois de três dias de negociações o resulta-
ferendo, o resultado foi que 96% dos cheche- do foi mais de 330 civis mortos. A Ossétia do
nos aprovaram a permanência da República Sul abriga a população de descendentes dos
da Chechênia como território da Rússia, contu- persas, é um território que busca a indepen-
do a Organização das Nações Unidas conside- dência política, contudo também é foco de
rou o referendo irregular. disputa da Rússia e da Geórgia (área de 4 mil
O ano de 2004 foi marcado com sangue quilometros quadrados, população de apro-
na cidade de Beslan- Ossétia do Sul, uma es- ximadamente 70 mil habitantes).
BOX 3
A EUROPA em 2050
José William Vesentini
Professor Livre Docente no Depto. de Geografia da FFLCH-USP.
41
UAB/Unimontes - 7º Período
A União Européia vai ganhar bastante em termos de território e recursos naturais com a
inclusão da Turquia, Ucrânia e principalmente Rússia. Haverá uma maior autosuficiência em
água potável, petróleo e gás natural, além de minérios e solos agriculturáveis, apesar dos ine-
vitáveis atritos sobre cotas e subsídios agrícolas entre as “novas nações” da UE e as atuais líde-
res (especialmente França). Também o poderio militar vai se expandir bastante com a entrada
da Rússia no bloco (a Turquia nesse aspecto não conta, pois sua força é incomparavelmente
menor e já é parte da Otan). Como a Rússia desde Pedro, o Grande, na virada do século XVII
para o XVIII, optou por ser um Estado europeu e ocidental – e deixando de lado a ilusão de
excepcionalidade representada pela experiência totalitária de 1917 a 1991 –, é bastante prová-
vel que se componha com a França e a Alemanha, líderes políticas da UE, e até com os Estados
Unidos, por enquanto hegemônico na Otan, para ser parte desta organização militar que con-
grega os “países ocidentais” contra ameaças representadas pelo radicalismo islâmico ou pela
Ásia. Mas para isso os Estados Unidos deverão aceitar um papel mais modesto, que por sinal
já vem sendo anunciado pelos candidatos à presidência neste ano de 2008: não mais o líder
incontestável do mundo ocidental e sim um parceiro da nova Europa unificada. Por sinal, essa
já era a recomendação de Huntington – uma união dos Estados Unidos com a Europa face aos
“outros” – desde que anunciou a sua (questionável) tese sobre os “choques de civilizações”.
A Europa alargada de 2050 será ainda mais heterogênea que a atual. Ela não mais será
basicamente anglo-saxônica, germânica e latina, mas sim em grande parte africana, eslava e
turca. Ela não mais será predominantemente cristã e sim em grande parte islâmica. E a lide-
rança da França respaldada pela Alemanha será contrabalançada por um maior poderio do
Leste Europeu, da Turquia e, caso entre na UE, da Rússia, acompanhando o deslocamento do
eixo econômico (e demográfico) do continente do oeste para leste.
O grande desafio da Europa será compatibilizar essas diferenças culturais. Ela será uma
espécie de laboratório do resto do mundo, da necessidade de se construir uma democracia
Para SABER MAIS global multiétnica e multicivilizacional. É a região do globo onde há com maior intensidade
Após a leitura do Texto a tensão entre uma visão ocidental e cristã e uma outra islâmica. É a região onde nasceram
complementar I trace as idéias democráticas modernas com seus valores ou princípios – os direitos humanos com
um panorama da Euro- sua concepção de indivíduo ou cidadão independentemente da família, estamento ou casta,
pa de 2012 e a Europa a liberdade de opinião e de imprensa, a separação entre religião e vida pública, a igualdade
de 2050 conforme o
autor. de todos perante a lei sem levar em conta o gênero, a orientação sexual, a idade, a religião ou
a cor da pele, etc. –, que neste novo século estão sendo colocados em xeque pela convivência
no mesmo espaço político de culturas bastante diferentes. Esse é o grande dilema da Europa,
hoje e mais ainda em 2050. Muitos percalços existem no caminho da construção dessa nova
democracia multiétnica e multicultural. Conflitos já ocorrem e ocorrerão com maior intensi-
dade. Mas se esse feito for alcançado, com certeza indicará um norte para o resto do mundo.
Frente a tudo isso, acreditamos que a Europa ainda será um dos centros mundiais de po-
der, enfim uma grande potência mundial. Mas de forma alguma com países isolados – Ale-
manha, França, Reino Unido –, pois nenhum deles terá qualquer chance em comparação com
China, Estados Unidos ou Índia, ou mesmo com o Japão. Só unida a Europa permanece como
um dos pólos de poder em 2050, embora provavelmente apenas numa posição de terceiro ou
o quarto lugar num mundo cada vez mais multipolar.
Fonte: (Ensaio publicado – com alguns cortes para economizar espaço – no caderno Mais, da Folha de S.Paulo, 21/9/08)
Referências
BARBOSA, Jorge Luiz. União Européia: a utopia do capitalismo tardio. In: HAESBAERT, Rogério
(Org.) Globalização e fragmentação no mundo contemporâneo. Rio de Janeiro: EDUF, 1998.
COMISSÃO EUROPEIA. Relatório Geral sobre a Actividade da União Europeia — 2009. Bélgica
2010. Disponível em <http://europa.eu/generalreport/pt/welcome.htm> Acesso em 28 de julho
de 2011.
42
Geografia - Organização do Espaço Mundial II
MAGNOLI, Demétrio. União Européia: História e Geopolítica. 3ª ed. Ref. São Paulo: Moderna,
2004.
SUCENA, Ivone Silveira et al. Trabalhando com mapas: O mundo desenvolvido. São Paulo: Ática,
2010a.
SUCENA, Ivone Silveira et al. Trabalhando com mapas: Os continentes. São Paulo: Ática, 2010b.
43
Geografia - Organização do Espaço Mundial II
UNIDADE 3
Japão: território em constante
formação
O Japão é pequeno em extensão territorial,
geologicamente instável.
Espaço de grandes catástrofes naturais, Figura 21 : Região de
alvo da demonstração de força estadunidense Torinoumi, antes e
no final da II guerra mundial. depois da tsunam em
Entretanto, abriga uma cultural milenar, 2011.
a disciplina e determinação de sua população
Fonte:Disponível em
que tenta preservar seus costumes, <http://www.inovacaotec-
faz do Japão um arquipélago mágico, a ser desvendado. nologica.com.br/noticias>
(As autoras) Acessado 19 de julho de
2011
▼
Conhecido pelo nome de Nippon ou Nihon pelos japoneses, ou ainda Terra do Sol Nascen-
te, o Japão é um Estado – Nação que por várias vezes em sua história teve parte de seu território
destruído por desastres naturais (FIGURA 21) e humanos, contudo reergueu-se em curto espaço
de tempo, uma vez que tem uma população extremamente disciplinada e determinada.
Estudar sobre o Japão faz com certeza refletir o quanto bons governantes e população
escolarizada representam um avanço na qualidade de vida da população de um determinado
lugar. Arquipélago, geologicamente em formação, com poucos recursos naturais, mas com ele-
vado Índice de Desenvolvimento Humano. O povo japonês vive em pouco espaço, mas com sa-
bedoria sabe aproveitá-lo bem, desenvolvendo alta tecnologia em todos os setores, inclusive do-
minam a robótica (FIGURA 22).
▲
Esta unidade vai oportunizar amplo conhecimento do Japão, um retrato dos aspectos ge-
ográficos que, com certeza, tende a permitir maior entendimento dos fatos (físicos e humanos)
que têm sido noticiados pela mídia mundial sobre o pequeno país insular da Ásia.
45
UAB/Unimontes - 7º Período
46
◄ Figura 25: Japão:
território de terremotos
e vulcões
Fonte: Disponível
em <<http://dalila-
balekjian.wordpress.
com/2011/03/15/
tsunamis-vulcoes-
-terremotos-e-usinas-
-nucleares/>>Acessado 03
de julho de 2011
A Figura 25 deixa claro que as setas vermelhas significam a direção do movimento das pla-
cas tectônicas, o traçado ondulado também em vermelho indica o ponto de junção entre as pla-
cas, enfim a fragilidade geológica do Japão.
Em janeiro de 2011 o vulcão Shinmoe localizado no sudoeste entrou em erupção depois de
52 anos adormecido.
47
UAB/Unimontes - 7º Período
BOX 4
Tremor e Tsunami no Japão
O forte terremoto de magnitude 8,9 que atingiu nesta sexta-feira (11/03/2011) a costa
nordeste do Japão, segundo o Serviço Geológico dos EUA (USGS), gerando um tsunami (onda
gigante com potencial destrutivo) de até dez metros de altura que varreu a costa do país, dei-
xou mais de 300 mortos e quase 600 desaparecidos, além de ter destruído regiões inteiras. O
tremor foi o 7º pior na história, segundo a agência americana, e também o pior já registrado
no Japão. A Polícia Nacional informou que 178 pessoas morreram, 584 estão desaparecidas
e ao menos 947 estão feridas. A polícia da província de Miyagi disse que outros 300 corpos
de vítimas do tsunami foram encontrados na região costeira da cidade de Sendai. As auto-
ridades acreditam que são corpos de residentes que morreram afogados pela onda de dez
metros de altura que atingiu o litoral. A agência Kyodo e outros veículos estimaram que o nú-
mero de mortos pode passar de mil. A maioria deles teria morrido afogada. O abalo provocou
um tsunami que alcançou áreas da cidade japonesa de Sendai, na ilha de Honshu, a principal
do arquipélago japonês.Carros, barcos foram arrastados, casas e outras infraestruturas foram
destruídas, e as imagens da destruição, feitas de helicópteros, são impressionantes. Um vídeo
da TV local mostrou a onda gigante arrastando carros em sua chegada à costa.Em muitos lu-
gares, o mar ultrapassou os diques de proteção e avançou vários quilômetros por terra, recor-
dando cenas do tsunami que ocorreu no Oceano Índico, em 2004. Alerta no Pacífico: O Cen-
tro de Alerta de Tsunamis do Pacífico, agência americana, emitiu um alerta para vários países
na costa do Pacífico, avisando da possibilidade da chegada de ondas de até dez metros, mas
até agora não houve relato de destruição fora do Japão. A Casa Branca avaliou que os EUA,
principalmente o estado do Havaí, escaparam do pior, mas moradores foram retirados da cos-
ta da Califórnia.
Figura 27: Tsunami no
Japão em 2011 Fonte: Disponível em: <<http://g1.globo.com/tsunami-no-pacifico/noticia/2011/03/tremor-e-tsunami-no-japao-
deixam-mais-de-mil-mortos-e-desaparecidos.html>> Acessado em 02 de julho de 2011
Fonte: Disponível em
<http://blog.marco-
lino.com.br/word-
press/2011/03/15/forca- A Figura 27 permite visualizar com clareza que o tsunami foi provocado pelo terremoto que
-japao/> Acessado em 02 aconteceu a 24 km de profundidade das terras emersas, a forma do movimento das águas oceâ-
de julho de 2011. nicas teve o poder de destruição muito rápido.
▼
Geografia - Organização do Espaço Mundial II
A reconstrução do Japão tem custado caro aos cofres públicos, além de afetar a economia
interna do país, contudo o povo japonês, com sua disciplina e organização, tem provado às de-
mais sociedades que vai superar mais uma catástrofe.
No que se refere ao relevo japonês é dominado por cadeias de montanhas, que ocupa cerca
de 80% do território, tendo como maior altimétria o Monte Fuji (Fujiama – símbolo Japonês) com
3.766 m, adormecido desde 1707, no entanto desde 2002 permanece fumegando, o que deixa
as autoridades preocupadas, pois, além de ser o símbolo do país, é também um ponto turístico
mais visitado.
O restante do relevo corresponde a planícies, em geral litorâneas, tal Geografia levou a po-
pulação para o interior (próximo das montanhas) ou nos litorais das ilhas. Assim como nos Países
Baixos, no Japão também é comum a construção de polderes (construções que adentram mar
adentro na faixa litorânea que é mais rasa) pelos governantes, viabilizando a implantação de in-
dústrias e portos.
O litoral japonês é bastante extenso e muito recortado, verdadeiros “portos naturais”, facili-
tando a navegação e o desenvolvimento da pesca. As águas marinhas apresentam diversidade:
moluscos, caranguejos, ostras, corais, tubarões e peixes de várias espécies.
Devido à origem vulcânica e à formação geológica recente, o Japão é um país com pou-
cos recursos minerais e energéticos, porém existem reservas de zinco, chumbo, tungstênio e de
ouro. Quanto à energia é basicamente gerada por termoelétricas, todo o gás natural, petróleo e
carvão mineral utilizados são importados; as hidrelétricas produzem apenas 4% da energia con-
sumida e as usinas nucleares algo em torno de 30%.
O Quadro 07 apresenta as maiores Nações produtoras de energia nuclear, dentre elas o Ja-
pão em terceiro lugar.
QUADRO 07: Maiores produtores de energia nuclear do mundo
Nações Descrição
Estados Maiores produtores de energia nuclear do mundo, de acordo com o ranking da ONG World
Unidos Nuclear Power. Por ano, o país produz em média 798,7 bilhões de kWh de energia em 104 re-
atores distribuídos pelo território nacional. Apesar do volume, o país depende pouco desta
fonte de energia. As usinas nucleares representam apenas 20,2% da matriz energética total
do país. Segundo a ONG, há atualmente um reator em construção, e nove em fase de plane-
jamento. Há ainda outras 23 propostas de construção para os próximos anos.
França É um dos países mais dependentes de energia nuclear do mundo. Cerca de 75% de toda
a energia que usa vem de fontes radioativas. Os franceses ocupam a segunda posição no
ranking dos maiores produtores de energia nuclear do mundo, com 391,7 bilhões de kWh
por ano. No país há 58 reatores em operação, além de um em construção, outro na fase de
planejamento, e um terceiro cuja proposta ainda não foi aprovada.
Japão O país que agora enfrenta uma catástrofe nuclear é também o terceiro do mundo em vo-
lume de produção de energia atômica. Os reatores danificados no terremoto estão entre
os 55 que o Japão possui, responsáveis por gerar 263,1 bilhões de kWh de energia por ano.
Segundo a ONG World Nuclear Power, existem ainda dois reatores em fase de construção
no país, além de 12 em planejamento. Há ainda um outro reator previsto, cuja proposta
aguarda aprovação.
Rússia Em 32 reatores nucleares a Rússia produz anualmente 152,8 bilhões de kWh de energia, a
quarta maior produção do mundo. Esta quantidade representa quase 18% do total de ener-
gia que o país consome. Atualmente, segundo a World Nuclear Power, há 12 reatores em
construção na Rússia, além de 14 em planejamento e outros 30 que aguardam aprovação
do governo.
Coréia do A Coréia do Sul produz anualmente, em média, 141 bilhões de kWh de energia nuclear,
Sul de acordo com informações da ONG World Nuclear Power. Este volume, o quinto maior do
mundo, corresponde a 34,8% da matriz energética do país, e é gerado por 21 reatores em
atividade. Segundo a ONG, cinco reatores estão em construção atualmente no país, e outros
seis estão em fase de planejamento.
Alema- A sexta maior produção de energia nuclear do mundo é alemã. Por ano, o país gera 127,7
nha bilhões de kWh, em 17 reatores em operação. A Alemanha não depende exclusivamente
da matriz nuclear, sendo que apenas 26,1% do total consumido no país vêm destas fontes.
Atualmente, segundo a World Nuclear Power, não há reatores em construção, nem em pla-
nejamento. 49
UAB/Unimontes - 7º Período
Canadá Os canadenses respondem pela sétima maior produção de energia nuclear do mundo. No
país, são gerados por ano 85,3 bilhões de kWh de energia em 18 reatores funcionais. Apenas
14% da energia total que o país consome vêm de fontes nucleares. Segundo a ONG World
Nuclear Power, há dois reatores em construção no Canadá atualmente, além de três em fase
de planejamento e outros três em aprovação.
Ucrânia Palco do pior acidente nuclear da história, a Ucrânia é o oitavo país do mundo que mais
produz este tipo de energia. Por ano, os 15 reatores em atividade produzem 77,9 bilhões de
kWh de energia nuclear, e dão conta de 48,6% do total de energia que a Ucrânia consome.
Em 1986, durante um período de testes, um dos reatores da central nuclear da cidade de
Chernobyl explodiu, liberando na atmosfera uma quantidade de radiação 400 vezes maior
do que a liberada.
China Apesar de depender pouco da energia nuclear, a China está entre os maiores produtores do
mundo. Apenas 1% do que o país consome é gerado de fontes radioativas. Por ano, 13 rea-
tores em atividade produzem 65,7 bilhões de kWh de energia nuclear. Existem atualmente
27 reatores em construção no país, e outros 50 na etapa de planejamento. Segundo a ONG
World Nuclear Power, 110 projetos de reator aguardam aprovação.
Fonte: Disponível em <http://www.grandesconstrucoes.com.br/br/index.php?option=com_conteudo&task=viewNotici
a&id=5406>> Acessado em 19 de julho de 2011 Org: As autoras, 2011
50
Geografia - Organização do Espaço Mundial II
51
UAB/Unimontes - 7º Período
O Japão então inicia longos períodos de domínios de clãs, e imperadores. No século XII, dois
clãs disputaram o poder, uma vez que o imperador estava em decadência, o clã Taira e Minamo-
to. “Desde 1185, os Minamoto ostentaram superioridade política e deram início a um período de
governo com caráter militar, autoritário e centralizador, conhecido como Xogunato Kamakura”
(ATLAS GEOGRAFICO MUNDIAL, 2005, p. 32).
O Xogunato é um sistema ditatorial militar feudal, onde os guerreiros são os samurais. Tam-
bém teve importância para a história do Japão o período do clã Ashikaga (1333 a 1573), que man-
teve o xogunato, assim como o clã da família Tokugawa, é um bom exemplo, governou de 1603
a 1868.
Em meados de 1542 os portugueses chegaram com os primeiros missionários que implan-
taram o cristianismo. Entretanto, ao contrário do que fizeram na América, no Japão os “coloni-
zadores- catequistas” não tiveram sucesso, pois a história do Japão é marcada pela formação de
governos únicos como monarquias, clãs e ou famílias poderosas. Assim, no século XVII os missio-
nários jesuítas da Europa foram expulsos pelos samurais a mando dos xoguns (PERALTA, 1990).
Em 1633 os xoguns adotaram a política de isolamento, posteriormente no ano de 1639 o
fechamento dos portos. No referido período o comércio e a agricultura representavam as prin-
cipais atividades econômicas, entretanto os elevados impostos estabelecidos pelo império pro-
vocaram muitas revoltas internas.
As revoltas internas, o isolamento e o fechamento dos portos no Japão, ao longo do século
XVII, XVIII e XIX, incomodaram os Estados Unidos, país poderoso da América. Sendo assim, em
1854, uma esquadra estadunidense ameaçou bombardear a capital, forçando a abertura do Ja-
pão ao comércio do Ocidente, levando a perda de poder dos xoguns e dos samurais. O último
xogum renunciou em 1867. (ATLAS GEOGRÁFICO MUNDIAL, 2005)
O Japão viveu sete séculos de feudalismo (1192 – 1868). A monarquia foi então restaurada
em 1868 pelo imperador Meiji Mutsuhito (1886 a1912). Fatos que marcaram o governo Meiji:
• findou o feudalismo de vez;
• a transferência da capital de Kyoto para Tóquio;
• distribuição de terras para os camponeses de forma mais justa;
• o ensino primário passou a ser gratuito e obrigatório;
• criação de exército e dos zaibatsus (conglomerados nipônicos estratégicos ao desenvolvi-
mento, que originou as empresas Mitsui, Mitsubishi, Yasuda, Sumimoto entre outras);
• substituição da manufatura para maquinofatura;
• incentivo ao comércio exterior;
• em 1889 foi promulgada a Constituição que oficializou o governo como Monarquia Consti-
tucional;
• expansão imperialista para manter o crescimento, ocupação das ilhas Kurilas em 1875; “con-
quistando” territórios da Coréia e China ( Taiwan) entre 1894 e 1895; também venceram a
Rússia na guerra Russo-japonesa entre 1904 e 1905.
Para Peralta (1990, p.21):
O governo Meiji foi bastante lúdico para dar prioridade à educação, embora
seja justo reconhecer que, mesmo antes, em meados, do século XIX, a taxa de
alfabetização masculina já era de 50%. Mas o governo compreendeu que po-
pulação tecnicamente competente era imprescindível a um Estado moderno.
O Exercito e a Marinha precisavam de homens capazes de ler e conhecer os ru-
dimentos da ciência ocidental. Os homens de negócio e a indústria necessita-
vam de milhares de técnicos. Criado em 1871 o Ministério da Educação [...].
York (1929). Para complicar mais a economia interna, em 1931 o Japão ocupa a Manchúria,
região da China (o imperador era Hiroíto desde 1926), e em 1936 assinou o Pacto anticomu-
nista com a Alemanha, posteriormente o expansionismo chegou a Indochina e Sudeste da
Ásia (Filipinas, Indonésia, Birmânia).
O conjunto de ações do governo japonês afasta aliados como os Estados Unidos, Rei-
no Unido e França, assim iniciaram protestos contra o expansionismo japonês e os Estados
Unidos suspenderam a venda de petróleo para o Japão. Mediante a suspensão da venda de
petróleo e temendo o domínio dos Estados Unidos no Oceano Pacífico, e especificamente
em seu território, o Japão atacou a base estadunidense de Pearl Harbor (07/12/1941).
Tal ação selou a presença do Japão na 2ª guerra mundial ao lado da Itália e Alemanha. Figura 29: Hiroshima
após a explosão da
Sabemos que o palco das duas grandes guerras mundiais foi a Europa, contudo os Estados
bomba em 1945
Unidos e seus aliados definiram e lançaram bombas atômicas em Hiroshima (6 de agosto de
Fonte: Disponível em
1945) e em Nagasaki (9 de agosto de 1945). “Duas cidades nipônicas foram devastadas por <http://ultimosegundo.
um novo tipo de arma, a bomba atômica, cuja produção foi uma corrida de que participa- ig.com.br/segurancanu-
ram inicialmente três potencias: Alemanha, URSS e EUA” (PERALTA, 1990, p. 44). clear/mudanca+de+men
talidade+e+necessaria+
Em Hiroshima foram aproximadamente 130 mil pessoas mortas e 60% da cidade des- para+alcancar+mundo+
truída e em Nagasaki 66 mil habitantes mortos. Nos anos posteriores vieram as consequ- livre+de+armas+nuclear
ências radioativas, pessoas inocentes pagaram alto por ações inconsequentes dos líderes es/n1237588759629.html>
Acessado em 19 de julho
políticos (Figuras 29). de 2011
▼
53
UAB/Unimontes - 7º Período
A letra da música de Vinícius de Moraes, Rosa de Hiroshima, mostra com clareza um pouco
do sofrimento do povo japonês.
Rosa de Hiroshima
Vinícius de Moraes
Composição: João Apolinário / Gerson Conrradi
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
DICA Sem rosa, sem nada
Sugestão de filme: O
Sol Fonte: http://letras.terra.com.br/vinicius-de-moraes/49279/
Direção: Alexander
Sokurov
País: Rússia Em 2 de setembro de 1945 o imperador Hiroíto (1901 – 1989) pediu armistício e assinou a
Ano: 2005 rendição incondicional, em 1952 os Estados Unidos ocuparam o arquipélago.
Gênero: Drama Em abril de 1958 o Tratado de Paz de San Francisco restabeleceu a soberania do Japão,
Duração: 115m contudo os Estados Unidos mantém bases militares estrategicamente no território japonês.
Sinopse: Em 1945, o
imperador japonês
Em 21 de janeiro de 2011 foi firmado acordo entre Estados Unidos e Japão para manter
havia ordenado ao a base de Okinawa por mais cinco anos. O acordo firmado pelos países estabelece repasse
povo e ao exército que de 188,1 bilhões de ienes (1,2 bilhões de dólares) anuais dos Estados Unidos para o Japão. No
não fossem hostis. Com acordo o Japão se responsabilize por 70% das despesas de manutenção das bases militares.
isso, barcos norte-ame- São aproximadamente 48 mil militares dos EUA distribuídos por todo o território, com mais
ricanos desembarcam
nas ilhas nipônicas. Lá,
da metade em Okinawa (FOLHA DE SÃO PAULO, 2011).
Hirohito é levado para
o tribunal de guerra,
mas o presidente
Roosevelt é desaconse-
3.2.1 Organização política e administrativa do Japão
lhado de convertê-lo a
prisioneiro de guerra.
Fonte: Disponível em
A forma de governo do Japão foi definida pela Constituição de 1947 - Monarquia Consti-
http://melhoresfilmes. tucional Parlamentarista, tem o imperador como chefe de Estado, porém quem efetivamente
com.br/filmes/o-sol governa é o 1º Ministro.
Acessado em 02 de O imperador do Japão desde 1989 é Akihito, ele nasceu em 1933 e é o 125º a ocupar o
julho de 2011 trono no Japão, o primeiro a casar-se com uma plebeia. Tem dois filhos Naruhito e Akishino,
e uma filha Sayako Kuroda. O primeiro na linha de sucessão é Naruhito, o mesmo não tem
filho e sim uma filha Aiko. Akishino é o segundo na linha de sucessão, tem duas filhas e um
filho Hisahito (nasceu em 2006), o terceiro na linha de sucessão, uma vez que a tia Sayako Ku-
roda, ao se casar, renunciou à possiblidde de herdar o trono. O primeiro ministro do Japão é
escolhido pelo Parlamento japonês.
Administrativamente, o país se subdivide em oito regiões com 47 Prefeituras (FIGURA 28).
54
Geografia - Organização do Espaço Mundial II
55
UAB/Unimontes - 7º Período
O Japão é um dos países mais populosos sino infantil e fundamental). As crianças de-
do mundo com cerca de 128 milhões de ha- vem ir para a escola sozinhas (mesmo as de
bitantes e com grande densidade demográfi- três anos de idade) ou com irmãos, colegas
ca 337 habitantes / Km². Desde 1973 o Japão mais velhos. A divisão em escolas primárias,
apresenta queda na taxa de natalidade 1,2 fi- secundárias e universitárias data de 1871, na
lho por mulher, além da elevada expectativa Restauração Meiji.
de vida - uma das maiores do mundo -, sendo Os japoneses, 80%, cursam o ensino se-
a expectativa média de 86 anos para mulhe- cundário (três anos), cursos profissionalizante
res e 84 para homens, o IDH é de 0,966, a pre- e superior; apesar de ser extremamente com-
visão é de que em 2050 o Japão será o país petitivo o ingresso na universidade. Entre-
com o maior número de centenários. (ATLAS tanto é bom lembrar que a disciplina rígida
GEOGRÁFICO MUNDIAL, 2005) resulta em um elevado número de suicídio de
A população do Japão pela cultura mile- crianças e jovens, fato que preocupa o gover-
nar procura manter muitos de seus costumes, no, uma vez que se tornou comum suicídio
apesar da ocidentalização fazer parte da rea- em grupo.
lidade. A vida de grande parte da população No Japão a Agência de Ciência e Tecnolo-
do Japão é muito competitiva, moram em gia solicita aos mais importantes pesquisado-
apartamentos minúsculos, procuram manter res das universidades, institutos e empresas
a religião do xintoísmo ou a filosofia de vida que a cada cinco anos façam uma lista dos
budista. avanços esperados para os próximos anos, es-
No que se refere à educação, é gratuita timulando o desenvolvimento da tecnologia.
e obrigatória dos seis anos aos 15 anos, (en-
56
Geografia - Organização do Espaço Mundial II
produtos industrializados e importador de matéria prima como carvão, ferro, petróleo, bauxita,
entre outros. Desde então, o Japão tem enfrentado crises econômicas com os demais países do
mundo, apresentando dívida pública e aumento no número de desemprego.
O processo de reconstrução do país não foi fácil e rápido, entretanto, devemos salientar
que, ao contrário de outras Nações como Brasil, China, Índia que têm apresentado crescimento
apenas econômico, no Japão o desenvolvimento foi social e econômico. A Figura 29 possibilita
um panorama do comércio internacional do Japão.
A leitura da Figura 31 demonstra as fortes relações comerciais do Japão com demais paí-
ses da Ásia, especialmente os Tigres Asiáticos (estudados na disciplina de Organização do Espaço
Mundial I); países do Oriente Médio; Nações da América (destaque para Estados Unidos e Cana-
dá), Europa, Oceania (principalmente a Austrália) e África. A Figura 29 deixa claras as áreas de ex-
portação, importação e os investimentos japoneses.
O Japão, por ser um país de poucos recursos naturais, pequeno em extensão, instabilidade
geológica poderia ser mais uma economia subdesenvolvida, porém apresenta características bas-
tante peculiares no aproveitamento territorial e ainda no desenvolvimento econômico e social.
O setor agrícola absolve poucos trabalhadores, contudo a agricultura é desenvolvida nas pla-
nícies e nas encostas das montanhas, através da técnica do terraceamento. O principal produto
cultivado é o arroz, há também o cultivo de chá, trigo, soja, cana, amoreira (utilizada para a criação
do bicho-da-seda). O chá pode ser considerado a bebida mais tradicional da cultura japonesa, é
cultivado especialmente na Ilha de Honshu.
A pecuária é pouco desenvolvida, apesar de ser importante para o país, uma vez que tem
aumentado o consumo de produtos de origem animal, a Ilha de Hokkaido se destaca na criação
de bovinos.
A pesca também tem grande importância para o Japão, pois o peixe faz parte do cardápio
podendo ser cru, cozido, seco, salgado, defumado (...), destaca também a comercialização de al-
gas comestíveis, crustáceos, moluscos e pérolas. É o país considerado mais desenvolvido em téc-
nicas de pesca, as frotas de navios pesqueiros são consideradas “fábricas flutuantes”. Em geral, nas
águas do Oceano Pacífico, os japoneses pescam atum, sardinha, cavala e salmão, o último espe-
cialmente no norte na Ilha de Hokkaido.
Os complexos industriais estão localizados nas planícies litorâneas, facilitando a exportação e
importação. O Japão ocupava a posição de 2ª posição na economia mundial em Produto Interno
Bruto –PIB- devido aos conglomerados industriais, mas em 2010 a China ultrapassou a economia
57
UAB/Unimontes - 7º Período
do Japão com previsão para superar os EUA, mas existe sempre oscilação em termos de PIB, por-
tanto o ideal é acompanhar atentamente os noticiários.
A organização das empresas japonesas se divide em dois modelos básicos:
• Redes verticais (keiretsus) – conjunto de empresas que funciona em função de uma grande
empresa especializada, exemplos: Toyota, Toshiba, Nissan, Hitachi e Matsushita. As empre-
sas menores são apenas fornecedoras e prestadoras de serviços – terciarização - .
• Redes horizontais (kigyo shudan) – herdeiras da zaibatsu, funcionam na conexão entre gran-
des empresas, exemplos: Mitsui, Mitsubishi, Sumitomo, Fuyo, Dao-Ichi Kangin e Sanwa.
A indústria japonesa é altamente desenvolvida devido aos investimentos em pesquisas
científicas e novas tecnologias, especialmente a indústria eletrônica, automóveis, robótica, têxtil,
química e informática.
É valido relembrar que o Japão e os Estados Unidos foram os países responsáveis pela 3ª
Revolução Industrial (século XX), onde os principais setores que mais desenvolveram foram in-
formática, robótica, biotecnologia, além é claro de impulsionar outros setores. A 3ª Revolução
Industrial é responsável pela automação industrial substituição de mão-de–obra humana por
máquinas.
Todo o processo de industrialização faz do Japão o país com a maior megalópole da Ter-
ra (cidades e metrópoles das Ilhas Honshu, Shikoku e Kiushu) e a cidade mais populosa Tóquio,
além de ser considerada uma cidade global juntamente com Londres (Inglaterra), Nova York (Es-
tados Unidos) e Paris (França). Entre Tóquio e Fukuoka são 900 km de distância com inúmeras
metrópoles (SUCENA, et al. , 2010a).
Os tecnopolos também fazem parte da realidade do Japão, como Ube, Hiroshima, Tsukuba,
Toyama e Nagaoba. Grande parte das transnacionais do mundo são japonesas (MiItsui, Mitsu-
bishi, Toyota Motor, Itochu, Sumitomo, Nippon Telegraph & Telephone, Marubeni ), assim como
bancos (Sumitomo, Bank of Tókio Mitsubishi)
Para o deslocamento da população e para acompanhar o dinamismo da economia, o Japão
tem um dos sistemas de transporte mais desenvolvido. Destaca o rodoviário, ferrovias de alta
velocidade e o transporte aéreo, o japonês prefere o uso do avião, seguido dos trens que são
modernos, rápidos e seguros.
A infraestrutura portuária também deve ser ressaltada, pois facilita o escoamento dos pro-
dutos industrializados, são também utilizados para receber a grande quantidade de importados.
A distribuição da indústria, os portos, as principais cidades a megalópole e a ferrovia de alta velo-
cidade é fruto da industrialização intensa. A espacialização das indústrias coincide com os portos
nas principais cidades e também com a megalópole.
A abordagem sobre o Japão deixa claro que é um país desenvolvido economicamente e so-
cialmente com cultura milenar, um povo que enfrenta diversas adversidades naturais, palco de
duas bombas atômicas, contudo a determinação dos governantes e da população possibilitou a
construção de uma sociedade competitiva e vitoriosa na ótica capitalista, apresentando elevada
escolaridade, alta expectativa de vida e uma população extremamente consumidora. Esperamos
que cada acadêmico tenha apreendido mais sobre o país do “Sol Nascente”.
Referências
ATLAS GEOGRÁFICO MUNDIAL – Para conhecer melhor o mundo em que vivemos – Ásia e
Oceania I. Barcelona (Espanha): Editora Sol 90. 3ª edição, 2005.
58
Geografia - Organização do Espaço Mundial II
LIMA, Ivaldo. A inserção do Japão na nova ordem mundial. In HAESBAERT, Rogério.(Org.) Globa-
lização e fragmentação no mundo contemporâneo. Rio de janeiro: EDUF, 1998.
VOGEL, Ezra F. – O Japão como Primeira Potência. Brasília: Universidade de Brasília, 2007.
TREMOR E TSUNAMI NO JAPÃO MATAM MAIS DE 300; CENTENAS ESTÃO SUMIDOS. FORTE ABALO
DE MAGNITUDE 8,9 ATINGIU A COSTA PRÓXIMO À ILHA DE HONSHU.HOUVE DESTRUIÇÃO NO LI-
TORAL DA PRINCIPAL ILHA DO PAÍS, E HÁ QUASE MIL FERIDOS.Disponível em: <<http://g1.globo.
com/tsunami-no-pacifico/noticia/2011/03/tremor-e-tsunami-no-japao-deixam-mais-de-mil-mor-
tos-e-desaparecidos.html>> Acessado em 02 de julho de 2011.
59
Geografia - Organização do Espaço Mundial II
UNIDADE 4
América Anglo-Saxônica:
percalços e desafios vivenciados
pelos Americanos que nasceram
em “Berço de Ouro”
Era um garoto / Que como eu / Amava os Beatles / E os Rolling Stones. Girava o
mundo / Sempre a cantar / As coisas lindas / Da América...
Composição: Migliacci / Lusini
61
UAB/Unimontes - 7º Período
O trecho da música “Era um Garoto”, cantada no Brasil pelo grupo musical Engenheiros do
Havaí (que também é responsável pela tradução da música), retrata como o mundo viu os Es-
tados Unidos durante muitos séculos, pelo menos, esse foi o objetivo desse país ao criar heróis
como o Capitão América (FIGURA 32) e o Super Homem que têm em suas roupas a estilização da
bandeira desse país.
Sua soberania no continente e no mundo foi evidenciada também através de seu papel de
defensor dos mais pobres, como os países da América Central e do Oriente Médio, pois um dos
ideais desse país é a defesa dos diretos humanos, a democracia e a liberdade. Entretanto, sabe-
mos que a sua história aponta para várias contradições no tocante à liberdade, democracia e di-
reitos igualitários entre os seus próprios cidadãos.
Nesse sentido, trabalharemos nesse capítulo não só a história os Estados Unidos – EUA, mas
também da América Anglo-Saxônica (EUA e Canadá), indicando a você os percalços e desafios
desse pedaço da América.
62
Geografia - Organização do Espaço Mundial II
2%
Norte
América do
Sul
América
Central
63
UAB/Unimontes - 7º Período
▲
Apesar das distorções apresentadas na Figura 34, devemos entender que essa forma de
Figura 34: Ilustração
da distorção da
regionalizar tem como finalidade apontar os países desenvolvidos da América, que possuem
regionalização por os melhores indicadores sociais e condições econômicas. Veja o Quadro 09 que aponta a
colonização: países porcentagem de analfabetos na população dos países da América.
de língua latina na
America Anglo- QUADRO 8: Índice de Analfabetismo nos Países Americanos em 2009
Saxônica e de língua
anglo-saxônica na
Menos de 4% Entre 5% a 10% Entre 11% e 20% Mais de 21%
América Latina.
Fonte: http://trabalho-
derecuperaao.blogspot. Estados Unidos México Jamaica Guatemala
com/2009/12/geografia.
html acesso em ju- Canadá Paraguai Honduras Haiti
lho/2011.
Cuba Brasil República Dominicana
64
Geografia - Organização do Espaço Mundial II
Mortalidade infantil
Países Expectativa de vida (em anos)
(por mil nascidos vivos)
Canadá 83 5
Estados Unidos 81 6
Chile 82 7
Brasil 76 22
Bolívia 68 43
Haiti 63 62
Fonte: FNUAP – Fundo de População das Nações Unidas, 2009.
65
UAB/Unimontes - 7º Período
66
Geografia - Organização do Espaço Mundial II
Os picos de altitude expressiva se concentram na parte oeste, pelas razões já expostas. En-
tre esses podemos destacar: Monte Mchinley (6.187m), Monte Logan (6.050m) e Monte Whitney
(4.418m).
As características do relevo aliadas às influencias do clima e da hidrografia determinaram o
tipo de vegetação encontrada ao longo do território em questão, como veremos a seguir.
67
UAB/Unimontes - 7º Período
68
Geografia - Organização do Espaço Mundial II
Segundo dados da CIA The World Fac- Toda a riqueza natural aqui retratada Dica
tbook (2010), o país é responsável pela pro- permitiu que esse país se desenvolvesse Assista ao documentário
dução de 10% do petróleo, 17% do gás na- nos setores de metalurgia e papel. Quanto de Annie Leonard sobre
tural e 22% do carvão vegetal extraídos no à última podemos inferir que 35% de toda a o consumo no padrão
dos Estados Unidos. O
mundo. Apesar de todo esse potencial ener- produção mundial de papel de jornal ocor- documentário é dublado.
gético, 55% do petróleo consumido nos EUA rem no Canadá. Todo esse crescimento foi Não deixe de assistir!
são importados. Isso se deve ao aumento possível também em função da exploração Parte 1: http://
www.youtube.com/
considerável do consumo interno no país da Floresta Boreal, abundante no território watch?v=ZpkxCpxKilI
nos últimos anos, que possui a maior frota canadense. Parte 2: http://
de veículos do mundo. Todo o desenvolvimento exposto teve www.youtube.com/
watch?v=ZgyNw5pIX
Outro ponto que merece destaque é a um alto custo ambiental. O Canadá e os EUA E8&NR=1
sua produção mineral que garante seus gran- contam com grandes e graves problemas am- Parte 3: http://www.
des parques industriais. Os EUA é o segundo bientais. Nas áreas de intensa concentração in- youtube.com/watch?v=K
9WRHwn4Kdg&feature=
produtor de cobre, atende a 26% do fosfato dustrial, como na região dos Grandes Lagos e related
utilizado no mundo para fabricação de fertili- grande parte da porção oeste da América An-
zantes e estão entre os cinco maiores produto- glo-Saxônica, há o predomínio da poluição do
res de chumbo e zinco do mundo. ar e, consequentemente, aumento da incidên- Para saber mais
Outros minérios como ferro, cobre, bau- cia de chuvas ácidas (Figura 37 e 38) que com- A poluição na atmosfera,
xita, urânio, ouro e prata são explorados ao prometem o solo, a água, a vegetação e os além de contribuir para o
aumento do tão conhe-
longo de todo território estadunidense. monumentos históricos das grandes cidades, cido fenômeno do efeito
O Canadá também conta com um sub- como em Nova York, Boston, Washington, De- estufa, também contribui
solo rico, mas em recursos energéticos. Sua troit, Montreal, Quebec e Toronto. Áreas que para a acidez da água,
ocorrendo a precipitação
produção de carvão e petróleo é significati- praticam a agricultura mecanizada e intensiva de chuva ácida. Forma-
va e é o terceiro país na produção mundial sofrem com solos muito degradados sujeitos ção: A Chuva ácida é
gás natural. O país extrai um terço de todo à desertificação e erosão. A intensa atividade caracterizada por um pH
abaixo de 4,5. É causada
o urânio e potássio produzidos no mundo. petrolífera e a grande movimentação dos por- pelo enxofre proveniente
Quanto à produção de níquel e zinco, esse tos (os mais movimentados do mundo) cola- das impurezas da queima
ocupa a terceira colocação no rancking mun- boram para a poluição das águas litorâneas do dos combustíveis fósseis
(carvão ou derivados de
dial. Destaca-se, também, pela grande pro- Atlântico, do Pacífico e do golfo do México. petróleo) e pelo nitro-
dução de ferro, cobre e cobalto. gênio do ar, que se com-
binam com o oxigênio
para formar dióxido de
enxofre (SO2) e dióxido de
nitrogênio (NO2). Estes se
difundem pela atmosfera
e reagem com a água para
formar ácido sulfúrico
(H2SO4) e ácido nítrico
(HNO3), que são solúveis
em água. Um pouco de
ácido clorídrico (HCl)
também é formado.
Fonte: http://amanature-
za.com/conteudo/artigos/
chuva-acida acesso em
julho de 2011.
69
▲
Figura 38: Monumento A partir de agora, discutiremos como aconteceu todo o processo de desenvolvimento desses dois
corroído pela chuva
ácida.
países, que não contam apenas com aspectos positivos, como pudemos perceber nessa breve análise.
Fonte: http://amanatu-
reza.com/conteudo/arti-
Dica
América Anglo-Saxônica
Leia mais sobre o A história da colonização da América Anglo-Saxônica tem início em 1492 com a chegada do ge-
assunto no final desse
capítulo. Texto: EUA e
novês Cristóvão Colombo, que servia à coroa espanhola. O desbravador tinha o objetivo de descobrir
Meio Ambiente. um novo caminho para as Índias, nome que dimensionava todo o Oriente, como alternativa para rea-
lizar o comércio. Entretanto, o navegador chegou em 12 de outubro à Ilha de Guanahaní, batizada por
Colombo com o nome de San Salvador e que atualmente (2011) tem o nome de Bahamas.
Atividade
1. Leia a charge e in-
terprete como o autor
interpreta a relação
entre europeus e ame-
ricanos.
70
Geografia - Organização do Espaço Mundial II
◄ Figura 39
Fonte: http://www.
portalsaofrancisco.com.
br/alfa/colonizacao-da-
-america/descobrimen-
to-da-america-10.php
acesso em julho/2011
71
UAB/Unimontes - 7º Período
Para saber mais portação, segundo o interesse da metrópole. As terras que lhe couberam nesse conti-
A Inglaterra iniciou seu
Para melhor compreender como acon- nente formam o atual Canadá chamado pela
processo de expansão tece a colonização no território anglo-sa- metrópole francesa de Nova França. A Fran-
marítima no final do sé- xão, é preciso que haja uma contextualiza- ça conseguiu se fixar ainda em algumas ilhas
culo XV, após a Guerra ção com o que se passava na Inglaterra e na do Caribe (América Central) e em um país da
das Duas Rosas, com a França nesse período histórico. América do Sul, a Guiana Francesa. Várias ten-
ascensão da Dinastia
Tudor, que deu início à
A Inglaterra vivia um momento favorá- tativas foram realizadas no intuito de tomar
formação do absolutis- vel à colonização, uma vez que a burguesia posse das terras brasileiras, mas não houve
mo e desenvolveu uma estava enriquecida pela prosperidade nos sucesso.
política mercantilista. negócios e a frota de navios havia sido re- Para entender o declínio do domínio
No entanto, as expe- forçada pelo reinado da rainha Elizabeth francês em terras americanas, devemos vol-
dições que, a princípio
pretendiam encontrar
I que governou no período mercantilista. tar à análise de que esse país se envolveu
uma passagem para o Por outro lado, nas cidades inglesas havia em diversas guerras com grandes potências
Oriente, não tiveram uma quantidade considerável de homens da época colonial, como Espanha e Ingla-
resultados efetivos, pobres, que deu origem ao fenômeno do terra. A Guerra dos Sete Anos (1756-1765) é
seja pelos conflitos êxodo rural, provocada pelos cercamentos exemplo disso, pois o resultado foi a perda
com a Espanha, ou com
os povos indígenas na
e ainda uma parte da burguesia que sofria progressiva de território do Canadá, o leste
América do Norte. com perseguições religiosas. Essas foram as do Mississipi (EUA) e as pequenas Antilhas
Fonte: http://www. pessoas que se aventuraram nas novas ter- na América Central, que passaram para o
historianet.com.br/ ras descobertas na América. domínio inglês e espanhol.
conteudo/default. Como podemos perceber o objetivo de No caso canadense podemos inferir
aspx?codigo=145 aces-
so em julho de 2011.
quem migrava para a terra nova, era cons- que a região do entorno de Quebec, Mon-
truir um novo lar, realidade muito diferente treal, Balttie Harbour e Fort Chimo tiveram
da vivenciada na América Latina. colonização francesa. Nas demais áreas do
Glossário Quanto ao domínio francês na América, país não aconteceu o mesmo e na atualida-
esse se iniciou ainda no século XVI no con- de essas áreas adotam o inglês como língua
Cercamentos - pro-
cesso de exclusão dos texto das grandes navegações europeias. oficial, o que demonstra suas origens colo-
trabalhadores de seu Entretanto, as diversas guerras em que esta- niais.
meio de sustento, as va imerso esse país causaram grandes pro- Veremos nos tópicos a seguir, um pou-
terras produtivas, na blemas de ordem financeira, o que inibiu co mais sobre a história das grandes nações
transição do feudalis- sua atuação como colonizador da América. anglo-saxônicas (EUA e Canadá).
mo para o capitalismo,
mediante sua transfor-
mação em proprieda-
72
Geografia - Organização do Espaço Mundial II
frágil cadeia de treze colônias que se estendia pelas transformações estruturais, tecnológicas predominante do
ao longo do litoral leste dos atuais Estados e econômicas ocorridas durante a Revolução capitalismo. Historica-
mente, a propriedade
Unidos, desde Nova Hampshire até a Geórgia, Industrial na Inglaterra, como pelo processo
foi introduzida na
povoada por ingleses e europeus, transfor- de revolução política em curso na Europa, que transição do feudalis-
mou-se, a partir da independência, num pre- culminaria no fim do Antigo Regime e que mo para o capitalismo
cário Estado independente americano. teve, posteriormente, na Revolução Francesa, para controlar o acesso
A lenda de Sleepy Hollow, ou a estória uma das suas maiores expressões. às terras produtivas,
que de feudo ou terra
de Rip Van Winkle, nos serve, nos dias atuais Fonte: NARO, N.P.S. A formação dos Esta-
comunal passaram a
como uma divertida ilustração do processo dos Unidos. São Paulo: Atual, 1994. constituir propriedade.
relativamente rápido pelo qual as treze colô- Conheça a estória na integra no site: A transformação do
nias inglesas passaram a conduzir a ruptura do http://thebigrocks.com/5-questions-about- feudo em propriedade
pacto colonial com a Inglaterra. Ganharam sua -your-change/rip-van-winkle/ transformou os senho-
res feudais em capita-
soberania durante um período marcado tanto
listas. A transformação
das terras comunais em
propriedade - através
do processo de cerca-
mentos (enclosures) na
Inglaterra, que durou
do século XVI ao século
XVIII - privou os traba-
lhadores da possibilida-
de de produzirem seus
meios de subsistência,
obrigando-os a vender
sua força de trabalho
e assim transformou
os servos e pequenos
produtores indepen-
dentes em assalariados,
a relação de produção
predominante no capi-
talismo.
Fonte: http://www.
usp.br/fau/docentes/
depprojeto/c_deak/
CD/4verb/cercamentos/
index.html acesso em
julho de 2011.
73
UAB/Unimontes - 7º Período
A “marcha para oeste” foi outra forma de do século XIX. Esse alargamento de fronteiras
se alargar o território do país, antes composto só foi possível graças à grande massa de mi-
pelas 13 Colônias (veja FIGURA 41). A conquista grantes vindos da Europa (que se encontrava
do território a oeste desse país independente em crise) com o objetivo de construir um novo
foi iniciada em meados do século XVIII e início lar em terras americanas.
74
Geografia - Organização do Espaço Mundial II
◄ Figura 43:
Representação
Progresso Americano
Fonte: http://
pt.wikipedia.org/wiki/
Evolu%C3%A7%C3%A3o_
territorial_dos_Estados_
Unidos
75
UAB/Unimontes - 7º Período
Glossário Pintura de 1872 que representa a Marcha para o Oeste dos EUA. A obra foi intitulada Pro-
gresso Americano e é de autoria do pintor John Gast. Na cena, uma mulher angelical, algumas
Anuência - s.f. ação ou
efeito de anuir; apro- vezes identificada como Colúmbia, (uma personificação dos Estados Unidos do século XIX) carre-
vação, consentimento: gando a luz da “civilização” juntamente a colonizadores americanos, prendendo cabos telégrafo
isso foi feito com a por onde passa. Há também Índios Americanos e animais selvagens do oeste “oficialmente” sen-
anuência de todos. do afugentados pela personagem.
Fonte: http://www.
Com o fim da Guerra da Independência e com o início da ocupação do novo território (o
dicio.com.br/anuencia/
oeste estadunidense), a questão fundamental para os EUA passou a ser a organização de um
poder central, ou seja, a instituição do governo nacional federalista. Esse passou a contar com a
Para saber mais anuência dos governadores dos estados antes independentes.
Os benefícios advindos da criação de uma forte autoridade central atraíram o apoio de co-
O sonho americano
Em geral, o sonho ame- merciantes e agricultores interessados em ganhos particulares como “ajuda” na comercialização
ricano pode ser defini- de sua produção. Outras classes sociais privilegiadas também aceitavam o novo governo, em tro-
do como a igualdade ca de barganhas financeiras e posições políticas favoráveis aos seus negócios.
de oportunidades e de Entretanto, devemos ressaltar que a história oficial descreve que todo o processo de inde-
liberdade que permite pendência e instituição do Estado-Nação EUA, foi balizado em valores democráticos, dos quais
que todos os residen-
tes dos Estados Unidos destacamos os princípios de liberdade e igualdade, o que nos remete a outro quesito da receita
atinjam seus objetivos da criação de um Estado-Nação forte.
na vida somente com A proposta de liberdade era desconhecida em outros lugares naquela época, mas pareciam
seu esforço e determi- garantidos e abrangentes nos EUA. Isso atraiu grande número de migrantes para o território,
nação. Hoje, essa ideia principalmente europeus, que se sentiam oprimidos em seus países (como já discutimos ante-
expressa pela primei-
ra vez em 1931 por riormente). Essa era uma terra “aberta”, “despovoada”, e que queria imigrantes e oferecia a seus
James Truslow Adams, filhos cidadania imediata (jus soli).
refere-se que a pros- Entretanto, Wallwestein (2002, p. 201), autor americano que trabalha a história e geopolítica
peridade depende de dos EUA em sua obra, argumenta que a história oficial dessa nação omite que os princípios de
suas habilidades e seu liberdade - igualdade e a acolhida aos migrantes eram válidas somente para brancos, europeus
trabalho, e não em uma
rígida hierarquia social, ocidentais e protestantes.
embora o significado
da frase tenha mudado Esta primazia política dos brancos europeus não era exclusiva dos Estados Uni-
ao longo história dos dos. O fato é que, apesar de suas afirmações de liberdade universal, os Estados
Estados Unidos. Para Unidos não se diferiam de outros países neste particular. (...) Os Estados Unidos
alguns, é a oportu- sempre tiveram muito a oferecer para este grupo privilegiado. As fronteiras se
nidade de conseguir ampliaram, os confins foram colonizados, os migrantes assimilados e o país se
mais riqueza do que manteve, como George Washington o conclamava, livre das “insídias engana-
eles poderiam ter nos doras da influência estrangeira (...)”.
seus países de origem,
para outros é a chance Liberdade e escravidão foram um dilema emblemático vivido durante toda a história dos
para os seus filhos de EUA. Aos negros vindos da África (desde o período colonial) para a prática do trabalho escravo
crescer com uma boa
educação e grandes nunca couberam os princípios que balizavam a nação.
oportunidades e, final- Nesse contexto, o que mais nos chama atenção é que, na atualidade (2011), não houve ne-
mente, alguns o veem nhum esforço por parte da sociedade ou do Estado para se diminuir os problemas raciais e so-
como a oportunidade ciais entre os negros pobres e os brancos ricos desse país.
de ser um indivíduo O modelo de “desenvolvimento” e “prosperidade” criado e praticado por essa sociedade
sem restrições base-
adas em raça, classe, serve como modelo para o mundo, desde seu apogeu como líder mundial. Exemplo disso é a ex-
religião, etc. Embora o pressão amplamente utilizada “sonho americano”. Ela retrata as oportunidades e a liberdade go-
termo seja associado zada pelos cidadãos estadunidenses, desde que trabalhem por uma vida melhor. Todos os anos
frequentemente com a milhares de pessoas são atraídas a esse país com o objetivo de melhorar sua qualidade de vida
imigração nos Estados e daqueles que ficaram em seus países de origem. Mas a realidade aponta que o preço da liber-
Unidos, os america-
nos nativos também dade foi à escravidão, o preço da prosperidade foi à miséria e o da inclusão foi à exclusão nesse
descrevem-no como “à país, e o sonho americano é alcançado por poucos.
procura do sonho ame- Nesse sentido, podemos afirmar que, até os dias atuais, existe um “apartheid” no Sul do país,
ricano” ou “vivendo o como também na maioria das grandes cidades e universidades do Norte.
sonho americano”. Após refletir sobre o exposto, você deve estar se perguntando: mas, afinal, como esse país
Fonte: http://www.
historianet.com.br/ se tornou o gigante mencionado no título dessa seção, o líder mundial que estamos acostuma-
conteudo/default. dos a ver na mídia?
aspx?codigo=756 aces- Aqui devemos analisar que foram os ideais de liberdade, prosperidade e oportunidade
so em agosto de 2011 (mesmo que de parte da população) que contribuíram de fato para que esse país se tornasse
uma superpotência mundial.
A história nos revela que a I Guerra Mundial (1914-1918) foi o detonador do processo de as-
censão dessa Nação.
76
Geografia - Organização do Espaço Mundial II
A quebra da bolsa aconteceu porque havia uma diferença cada vez maior entre
os preços das mercadorias e produtos comercializados no mercado, e os preços
das ações das companhias e empresas produtoras. Os preços das mercadorias
caíam, mas os das ações eram negociados a valores mantidos artificialmente,
pelo puro jogo especulativo. Um simples boato de que tal empresa havia, por
exemplo, encontrado petróleo no Texas poderia aumentar em muito o seu valor.
77
UAB/Unimontes - 7º Período
(...) a política dos Estados Unidos é determinada por uma bipolaridade que, em
circunstâncias distintas, sempre marcou a política americana: a tensão entre
“individualistas” – os que defendem o primado do “cada um por si” – e “socia-
listas” – os que têm certas preocupações com o bem-estar da sociedade como
condição para a evolução da nação como um todo. (...) a vida política dos Es-
tados Unidos é determinada por uma série de ciclos, em que os dois pólos se
sucedem. Quando a economia está mal, como na Grande Depressão, e o país
tem de se recuperar, são os “sociais” que ganham predominância. Atingindo
▲ novamente um estágio de equilíbrio e abastança, os conservadores passam à
frente, e começa um novo ciclo de individualismo.
Figura 44: Franklin
Delano Roosevelt, 32º
presidente democrata Nesse sentido, a política do New Deal foi amplamente discutida e alterada, principalmen-
dos Estados Unidos te após a reorganização econômica desse país. Entretanto, podemos afirmar que essa política
(1933-1945) que foi tão importante para o nascimento da potência mundial que podemos dizer, em consonância
governou esse país com a obra dos autores citados nesse capítulo, que a história contemporânea dos EUA se resume
por quatro mandatos a uma luta entre facções políticas que eram a favor ou contra as reformas econômicas e sociais
falecendo durante o
último. criadas pelo presidente Roosevelt.
Fonte: http://pt.wikipedia.
org/wiki/Franklin_Dela-
de um líder
produtivo estavam em pleno funcionamento,
graças às políticas adotadas no New Deal e o
estímulo da indústria bélica. O “detalhe” mais
importante desse novo cenário é que esse país
saiu ileso da guerra, uma vez que em seu terri-
tório não houve confronto, já a Europa estava
destruída.
O mundo capitalista em ruínas foi então
liderado por este país. Para Arbex Jr. (1997)
essa nova realidade foi internacionalmen-
te formalizada com as conferências de Yalta
(União Soviética) e Potsdam (Alemanha) em
fevereiro e agosto de 1945. Nesses eventos, a
“União Soviética, Estados Unidos e Grã-Breta-
nha dividiram o mundo em esferas de influên-
cia, tendo como pólos opostos Moscou e Wa-
shington.” (ARBEX JR., 1997, p. 32)
A criação das Nações Unidas foi um des-
dobramento dessas conferências. Em 25 de
abril de 1945, 48 Estados se reuniram em São
Francisco (Califórnia) com o objetivo de criar
tal organização que trabalharia no intuito de
pacificar o mundo. Entretanto, nenhum acor-
do foi suficiente para apaziguar ambos os la-
▲ dos que tinham desconfianças mútuas sobre
Figura 45: A Ordem Como discutimos até aqui, durante a Primei- os planos rivais de domínio do mundo.
Bipolar ra Guerra os EUA conseguiram uma posição de Depois da Segunda Guerra esse país pas-
Fonte: http://www. destaque no cenário mundial como seu líder. sou a ser o único capaz de fazer frente à ame-
infoescola.com/historia/
guerra-fria/
Nesse momento da história, os Estados aça socialista representada pela União das
Unidos passava por um crescimento econômi- Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS. Era o
co invejável e sua infraestrutura e maquinário início da Ordem Bipolar (FIGURA 45).
78
Geografia - Organização do Espaço Mundial II
Nasce então a Guerra Fria, uma guerra com caráter político, econômico, social e ideológico
entre as superpotências, que tinha o objetivo de ampliar suas áreas de influência no mundo.
Uma das estratégias aplicadas para a conquista de territórios pelas superpotências teve ca-
ráter econômico. A consequência imediata dessa estratégia foi a globalização das economias do
mundo, o que significa dizer que qualquer mudança na política interna americana passava a ter
consequências para o mundo inteiro. A recíproca também passou a ser verdadeira, havendo oci-
lações na economia mundial, haverá também repercussões na estadunidense.
O marco desse processo foi o Plano Marshall (FIGURA 46), criado em 5 de julho de 1947, com
o objetivo de contribuir na reconstrução econômica da Europa Ocidental e o Plano Colombo
para o Sul e Sudeste da Ásia (Japão e os Tigres foram beneficiados). Esse planos eram uma forma
de “defendê-los” do socialismo.
79
UAB/Unimontes - 7º Período
O conflito em Los Angeles (Califórnia – oeste dos EUA) foi a revolta de jovens, velhos, mulhe-
res, negros, hispânicos e alguns americanos brancos que saíram as ruas para protestar contra o
racismo das autoridades que inocentaram quatro policiais que haviam espancado brutalmente
um motorista negro que dirigia em alta velocidade. Os manifestantes saquearam supermercados
e enfrentaram a polícia em três dias de conflito. Vale ressaltar que esse não foi o único momento
marcante da história desse país de ordem racista, mas de fato foi o que tomou proporções mais
graves, uma vez que a cidade foi transformada em um espaço de guerra e posteriormente Nova
Iorque e outras importantes cidades do país foram tomadas por manifestações similares.
80
Geografia - Organização do Espaço Mundial II
A economia mundial não caminha bem nesse período, a recessão está presente constante-
mente. A receita para a já declarada crise do capitalismo e por consequência de sua superpotên-
cia foi a união de dois fatores: a recessão econômica mundial (pouca circulação de dinheiro) e o
grande liberalismo econômico dos EUA (abandono da economia às leis de mercado).
▲
O Chile é um dos associados no acordo de livre comércio e as expectativas são para que em Figura 48: bandeira dos
breve esse país venha a fazer parte como um membro efetivo do tratado. países pertencentes ao
O objetivo do NAFTA é eliminar barreiras alfandegárias, tentando fazer frente à concorrência NAFTA ( EUA, Canadá e
mercadológica da União Européia, mercado comum que, em geral, têm dado bons frutos. México).
O Nafta entrou em vigor em 1994, mas existe desde 1989 quando foi assinado um acordo de Fonte: http://www.ustr.
gov/trade-agreements/
liberalização econômica entre Canadá e EUA. Esse foi o seu embrião. free-trade-agreements/
O México foi convidado a participar do tratado por ser esse um grande consumidor de pro- north-american-free-tra-
dutos made in EUA e Canadá. O prazo para que haja total eliminação das tarifas alfandegárias de-agreement-nafta
entre esses é de 15 anos.
Para alguns estudiosos do tema, esse acordo foi benéfico para a economia do México por
ter contribuído para a concorrência de seus produtos frente aos de origem japonesa e da União
Européia. Outros defendem a tese de que o tratado transformou o Canadá e o México em “colô-
nias” dos EUA.
81
UAB/Unimontes - 7º Período
O Canadá, apesar de ser um dos países mais desenvolvidos do mundo quanto à economia e
qualidade de vida (quarta posição quanto ao IDH e o oitavo lugar no índice de PIB por habitante),
tem uma forte dependência dos recursos financeiros dos EUA.
82
Geografia - Organização do Espaço Mundial II
O Canadá foi colonizado em meados do Século XVI por ingleses (a maioria do território) e por
franceses. Entretanto, somente em meados do Século XVIII teve início a colonização da costa do
Pacífico. O interior do país manteve-se inexplorado até o Século XIX, quando foram construídas as
primeiras ferrovias. Os canadenses de origem francesa se concentram especialmente na província
de Quebec, onde são a maioria da população. Outros grupos de origem francesa vivem em Nova
Brunswick e Ontário.
Essa dupla colonização marcou a vida política e cultural desse país. A província de Quebec, já cita-
da região de colonização francesa, orgulha-se por ter um forte movimento separatista com a intenção
de se tornar um país independente.
As línguas oficiais desse país são o francês e o inglês, mas apenas em 1969 a primeira passa a ser
considerada oficial. Do total de sua população 31.271.000 habitantes, 22,5% fala o francês e 64% o in-
glês (CANADA’S NATIONAL STATISTICAL AGENCY, 2010).
Os EUA e Canadá são tradicionais sócios. Como já discutido, a partir de 1989, com a assinatura do
Acordo de Livre Comércio, as relações comerciais se estreitam.
Para saber mais
Quanto à economia, esse país mantém uma balança comercial favorável exportando 66,4% de
produtos manufaturados, 13,3% de produtos agrícolas e 10,3% energéticos e minerais (EDITORIAL SOL Capital: Ottawa
GO, 2005). O aumento das exportações e o desenvolvimento de sua economia se traduziram em um (1.125.000 habitantes)
Densidade demográfi-
crescimento econômico recorde de 4,2% em 1999. Foi o maior índice entre os países do G-7. ca: 3,1 habitantes/km2
O índice de desemprego de 6,6% não era observado desde meados dos anos 1970. A inflação Moeda: dólar cana-
está sob controle e os cofres públicos apresentam superávit (2,9%) (EDITORIAL SOL GO, 2005). dense
Constituição do país:
1867 (criação da
Federação do Canadá)
e 1931 (Reino Unido
reconhece indepen-
decia)
Forma de Governo:
monarquia (chefe de
eestado é o sobera-
no do Reino Unido,
reprsentado por um
governador-geral)
Sistema de governo:
parlamentarismo
Fonte: EDITORIAL SOL
GO, 2005, p. 54-55.
83
UAB/Unimontes - 7º Período
Referências
ARBEX JÚNIOR, J. A Outra América: apogeu, crise e decadência dos Estados Unidos. São Paulo:
Moderna, 1993. (Coleção Polêmica).
84
Geografia - Organização do Espaço Mundial II
EDITORIAL SOL GO, et aL. Atlas Geográfico Mundial: América do Norte e Caribe. São Paulo: Áti-
ca, 2005.
FRANKLIN DELANO ROOSEVELT, 32º PRESIDENTE DEMOCRATA DOS ESTADOS UNIDOS (1933-
1945) QUE GOVERNOU ESSE PAÍS POR QUATRO MANDATOS FALECENDO DURANTE O ÚLTIMO.
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Franklin_Delano_Roosevelt. Acesso em julho de
2011.
FUNDO DE POPULAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – FNUAP, 2009. Disponível em: http://www.unfpa.
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IMAGEM DE GEORGE W. BUSH E BIN LADEN. AO FUNDO EDIFÍCIO WORLD TRADE CENTER NO
CHOQUE COM AVIÕES SEQÜESTRADO PELA AL-QAEDA.
NARO, N.P.S. A Formação dos Estados Unidos. São Paulo: Atual, 1994. (Discutindo a história).
PEREGALLI, E. A América que os europeus encontraram. São Paulo: Atual, 1994. (Discutindo a
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RUA, J. Estados Unidos: crise e recuperação da potência imperial. In: HAESBAERT, R. (org.). Globa-
lização e Fragmentação no mundo contemporâneo. Rio de Janeiro: EDUF, 1998.
SCHLESINGER JR., A. Os ciclos da História americana. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1992.
SUCENA, Ivone Silveira et al.Trabalhando com mapas: os continentes. São Paulo: Ática, 2008.
Resumo
A disciplina Organização do Espaço Mundial II, retratada nesse Caderno Didático, é de gran-
de heterogeneidade:
• Na Unidade I foram abordados os blocos econômicos, as modalidades de suas configura-
ções e suas relações com a economia internacional, além do papel da OMC no controle do
comércio mundial.
• Na Unidade II foi apresentada a Europa e suas múltiplas paisagens, assim como a complexi-
dade da formação do bloco União Européia, o alargamento, as dificuldades nos períodos de
crise mundial e as perspectivas para um futuro incerto.
• Na Unidade III foi descrito o panorama japonês, uma sociedade de alto nível intelectual, tra-
balhadora, que enfrenta várias adversidades devido à geografia física, além de compreen-
der a participação do Japão nas duas guerras mundiais, as consequências pelo alargamento
territorial, a história desde o feudalismo japonês.
• Na Unidade IV tratou-se da América Anglo- Saxônica, a formação da potência Estados Uni-
dos, os dilemas vividos na contemporaneidade, além de entender-se melhor a importância
do bloco NAFTA para cada país membro; e um pouco da história do gigante Canadá.
Nas Unidades I, II, III e IV você compreendeu a formação dos principais blocos econômicos,
os espaços da América Anglo-Saxônica (Estados Unidos e Canadá), Europa, Japão (Ásia). Desco-
briu que há nesses espaços uma geografia física bastante diversificada, desertos, montanhas,
vulcões ativos, grandes terremotos, ou seja, instabilidade geológica, lugar de grandes civili-
zações, palco de guerras, conflitos que vão desde questões territoriais a religiosas, cultura que
influenciou e influencia a formação de outras sociedades. Nações de imperadores, reinados,
governos, líderes competentes que atuam como atores na economia mundial, população que
transforma as riquezas naturais em melhoria das condições sociais. A América Anglo-Saxônica
(Estados Unidos e Canadá), a Europa e o Japão (Ásia) apresentam territórios altamente industria-
lizados, responsáveis pelas revoluções industriais (1ª (Inglaterra), 2ª (Estados Unidos e Alemanha)
e 3ª (Estados Unidos e Japão)), pelas ondas tecnológicas. Nações desenvolvidas economica-
mente e socialmente e, ainda, você entendeu que o alargamento da União Européia é questão
de manutenção das economias, assim como o fortalecimento dos demais blocos econômicos.
Aprendeu que a OMC, as transacionais e governos competentes fazem toda a diferença na forma
de viver da população, entretanto compreendeu que toda a dinâmica das relações comerciais
visa unicamente à maximização do lucro, ou seja, atende aos moldes do capitalismo.
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Geografia - Organização do Espaço Mundial II
Referências
Básicas
ARBEX JÚNIOR, J. A Outra América: apogeu, crise e decadência dos Estados Unidos. São Paulo:
Moderna, 1993. (Coleção Polêmica).
ANDRADE, Manuel Corrêa de. O Brasil e a América Latina. São Paulo. Contexto, 1991.
MAGNOLI, Demétrio. União Européia: História e Geopolítica. 3ª ed. Ref. São Paulo: Moderna,
2004.
PAULILLO, Luiz Fernando. Redes de Poder & Territórios Produtivos. São Paulo: Rima, 2000.
PEREGALLI, E. A América que os europeus encontraram. São Paulo: Atual, 1994. (Discutindo a
história).
SCHLESINGER JR., A. Os ciclos da História americana. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1992.
SUCENA, Ivone Silveira et al.Trabalhando com mapas: os continentes. São Paulo: Ática, 2008.
VOGEL, Ezra F. – O Japão como Primeira Potência. Brasília: Universidade de Brasília, 2007.
Suplementares
ATLAS GEOGRÁFICO MUNDIAL – Para conhecer melhor o mundo em que vivemos – Ásia e
Oceania I. Barcelona (Espanha): Editora Sol 90. 3ª edição, 2005.
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UAB/Unimontes - 7º Período
COMISSÃO EUROPEIA. Relatório Geral sobre a Actividade da União Europeia — 2009. Bélgica
2010. Disponível em <http://europa.eu/generalreport/pt/welcome.htm> Acesso em 28 de julho
de 2011.
EDITORIAL SOL GO, et aL. Atlas Geográfico Mundial: América do Norte e Caribe. São Paulo: Áti-
ca, 2005.
FUNDO DE POPULAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – FNUAP, 2009. Disponível em: http://www.unfpa.
org.br/novo/index.php. Acesso em setembro de 2011.
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Geografia - Organização do Espaço Mundial II
Atividades de
Aprendizagem - AA
1) Identifique dez países membros da União Européia.
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UAB/Unimontes - 7º Período
3) Discuta de forma contextualizada o liberalismo, o papel da OMC na formação dos blocos eco-
nômicos.
4) Produza uma abordagem sobre o processo de formação do bloco União Européia, o alarga-
mento até 2007, os desafios e perspectivas depois da crise econômica de 2008.
7) O NAFTA é um bloco formado por Estados Unidos, México e Canadá, todos da América do
Norte, contudo com realidades econômicas sociais bem distintas. Avalie as vantagens para o Mé-
xico de pertencer ao bloco.
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Geografia - Organização do Espaço Mundial II
9) Com base em todas as Unidades desse Caderno Didático faça uma leitura do Mapa, considere
as regiões industrializadas e os fluxos indicados pela setas.
10) A figura evidencia o consumo e produção de petróleo na Terra. Observe com atenção e dis-
cuta a relação de dependência do Japão e da Europa.
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