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Gildette Soares Fonseca

Priscilla Caíres Santana Afonso


Sandra Célia Muniz Magalhães

Organização do
Espaço Mundial II

Montes Claros/MG - 2012


© - EDITORA UNIMONTES - 2012
Universidade Estadual de Montes Claros

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

F676o Fonseca, Gildette Soares.


Organização do espaço mundial II / Gildette Soares Fonseca, Priscilla
Caires Santana Afonso, Sandra Célia Muniz Magalhães. – Montes Claros :
Unimontes, 2012.
93 p. : il. color. ; 21 x 30 cm.

Caderno didático do Curso de Licenciatura em Geografia da


Universidade Aberta do Brasil - UAB/Unimontes.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7739-179-0

1. Ensino superior. 2. Geografia humana. 3. África. 4. Ásia. 5. Améri-


ca Latina. I. Afonso, Priscilla Caires Santana. II. Magalhães, Sandra Célia
Muniz. III. Universidade Aberta do Brasil - UAB. IV. Universidade Estadual
de Montes Claros - Unimontes. V. Título.

CDD 378.007

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Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA Coordenadora do Curso a Distância de Pedagogia
Paulo Cesar Mendes Barbosa Maria Narduce da Silva

Chefe do Departamento de Artes


Maristela Cardoso Freitas
Autores
Gildette Soares Fonseca
Graduada em Geografia pela Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES.
Especialista em Geografia e Meio Ambiente pela Universidade Estadual de Montes Claros –
UNIMONTES. Mestre em Geografia pela Pontifícia Universidade Católica - PUC-SP. Professora
de Ensino Superior do Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Montes
Claros – UNIMONTES. Professora da Educação Básica do Colégio Tiradentes – Montes Claros
– MG. Atua nas áreas de Regionalização do Espaço Mundial, Educação
Ambiental e Ensino de Geografia.
Email: gildettes@yahoo.com.br

Priscilla Caires Santana Afonso


Graduada em Geografia pela Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES.
Especialista em Saneamento e Meio Ambiente pela Universidade Estadual de Montes Claros
– UNIMONTES. Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU-MG.
Professora de Ensino Superior do Departamento de Geociências da Universidade Estadual
de Montes Claros – UNIMONTES. Atua nas áreas de Geografia Agrária, Geografia
Regional e Educação Ambiental.
Email: priscillacaires@yahoo.com.br

Sandra Célia Muniz Magalhães


Graduada em Geografia pela Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES.
Especialista em Docência do Ensino Superior pelas Faculdades Santo Agostinho. Especialista
em Gerenciamento de Recursos Hídricos pela Universidade Federal da Bahia - UFBA. Mestre
em Geografia pela PUC-SP. Professora de Ensino Superior do Departamento de Geociências
da Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES. Atua nas áreas de Geografia
Urbana, Geografia Regional e Educação Ambiental.
Email: sandra.muniz@unimontes.br
Sumário
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Blocos econômicos realidade da economia global . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.1 Organização e institucionalização do comércio na economia internacional . . . . . . . 12

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Europa: Berço da humanidade em busca da unidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

2.1 Geografia física da Europa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

2.2 Regionalizações da Europa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

2.3 O cenário histórico da Europa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

2.4 União Européia: da Europa dos 3 à Europa dos 27 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Japão: território em constante formação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

3.1 Geografia física do Japão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

3.2 Caracterização histórico-geográfica do Japão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

3.3 O espaço Japonês após a II guerra mundial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

Unidade 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
América Anglo-Saxônica: Percalços e desafios vivenciados pelos Americanos que
nasceram em “Berço de Ouro” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

4.1 A América dos Americanos (do norte): a prosperidade e os novos desafios . . . . . . . . 62

4.2 As Regionalizações da América . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

4.3 Estrutura Geológica e Relevo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

4.4 Hidrografia, Clima e Vegetação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

4.5 Recursos Minerais e Energéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

4.6 A História da Colonização da América Anglo-Saxônica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

4.7 Nasce os Estados Unidos: os desafios de um gigante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72

4.8 EUA: surge um líder mundial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

4.9 Estados Unidos: os desafios de um líder . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78

4.10 O mundo multipolar e a situação da superpotência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80


4.11 O NAFTA no contexto econômico estadunidense . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

4.12 O Canadá, um gigante de menor expressão na economia-mundo, mas com alta


qualidade de vida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84

Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87

Referências básicas e suplementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89

Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

Apresentação
Caro(a) acadêmico(a):

Bem vindo(a) à Disciplina Organização do Espaço Mundial II!

Organização do Espaço Mundial II é uma disciplina que se propõe a estudar a situação


atual dos países desenvolvidos economicamente e socialmente. O rearranjo dos blocos de
poder e as suas relações com as respectivas áreas de influência: América Anglo-Saxônica
(Estados Unidos e Canadá), Europa e Japão. Utilizamos uma metodologia que pensamos ser
adequada ao aprendizado dos acadêmicos do curso de Geografia no Ensino a Distância, so-
bretudo, por propiciar uma visão crítica da realidade dos espaços mencionados.
Nesta disciplina, abordamos as temáticas relacionadas aos aspectos físicos (estrutura
geológica, relevo, hidrografia, clima...) e humanos (economia, política, conflitos...) da An-
glo-Saxônica, Europa e Japão, como também o arcabouço dos principais blocos econômi-
cos de poder.
Entender a dinâmica do espaço geográfico na contemporaneidade requer conhecer
as configurações dos blocos econômicos de poder e a configuração da Europa (berço das
grandes civilizações), da América Anglo- Saxônica em especial dos Estados Unidos, nação
hegemônica na economia desde o final da primeira guerra mundial e do Japão, país insular
que demonstrou aos demais Estados–Nação que tamanho e poucos recursos naturais não é
empecilho para ser economicamente e socialmente desenvolvido no contexto capitalista.
Assim, para compreender as transformações do espaço geográfico, a disciplina Organiza-
ção do Espaço Mundial II apresenta um panorama geográfico dos fatos.
Consideramos que, para o acadêmico de Geografia, futuro professor da educação bási-
ca, o conhecimento desses espaços é fundamental para a leitura dos fenômenos no contex-
to global, entendendo com mais clareza a realidade socioeconômica.
O material didático foi elaborado de forma didática e contextualizado, de maneira que
o acadêmico possa relacionar os conteúdos das disciplinas Organização do Espaço Mundial
I e Organização do Espaço II. Ao concluir os estudos com certeza terão uma visão crítica da
realidade do mundo em pleno século XXI, além de conhecer todo o contexto histórico.

A disciplina tem como objetivos:


Objetivo geral: Conhecer a Geografia dos países desenvolvidos economicamente e so-
cialmente, as caracteristicas históricas, físicas e econômicas, avaliando a atuação dos blo-
cos econômicos de poder na acumulação das riquezas da América Anglo-saxônica, Europa
e Japão.

Objetivos específicos:
• Analisar as economias centrais, América Anglo-saxônica, Europa e Japão.
• Identificar em mapas a nova configuração geográfica da Nova (des) Ordem Mundial.
• Avaliar a relação dos Organismos Internacionais e dos Blocos Econômicos com países
desenvolvidos e as pespectivas para o futuro incerto.
• Caracterizar os aspectos fisícos da Europa, Estados Unidos e Japão.

Esta disciplina compreende um total de 90 h/aula. A ementa da disciplina é a seguinte:


Organização do Espaço Mundial II: Situação atual dos países desenvolvidos. O rearranjo dos
blocos de poder e as suas relações com as respectivas áreas de influência: América Anglo-Saxô-
nica, Europa e Japão. Para contemplar a ementa, optamos por distribuir o conteúdo em quatro
unidades, com cada unidade dividida em tópicos.
Unidade 1: “Blocos econômicos – realidade da economia global”
Unidade 2: “Europa: berço da humanidade em busca da unidade”
Unidade 3:“Japão: território em constante formação”.
Unidade 4: “América Anglo –Saxônica”
Em cada unidade, aparecem dicas de estudo, curiosidades e sugestões de filmes e do-
cumentários, como também sites e textos complementares que comporão a base para a re-

9
UAB/Unimontes - 7º Período

alização das atividades. As sugestões e dicas estão localizadas junto ao texto, aparecendo
com os seguintes ícones.
• Dicas
• Para saber mais
• Atividades
• Glossário

Finalizamos com uma mensagem para você refletir.

[...] o conhecimento a ser alcançado no ensino, na perspectiva de uma geogra-


fia crítica, não se localiza no professor ou na ciência a ser “ensinada” ou vulgari-
zada, e sim no real, no meio onde aluno e professor estão situados e é fruto da
práxis coletiva dos grupos sociais. Integrar o educando no meio significa dei-
xá-lo descobrir que pode tornar-se sujeito da história. (VESENTINI, 1994, p. 37)

Bons estudos!
As autoras

10
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

UNIDADE 1
Blocos econômicos realidade da
economia global
Antes mundo era pequeno.
Porque Terra era grande.
Hoje mundo é muito grande.
Porque Terra é pequena.
(GIL, 1994)
O “encolhimento” da Terra é resulta-
do do crescimento das ondas tecnológi-
cas (FIGURA 01) que ocuparam o lugar das
chamadas revoluções industriais (1ª, 2ª, 3ª).
As novas gerações vivenciam a rapidez das
informações, o avanço em todos os seto-
res da economia, presenciam em todas as
sociedades líderes políticos em rodadas
de negociações, discussões sobre relações
comerciais, consolidação de blocos econô-
micos, integração entre países com o intui-
to de fortalecer suas economias internas e
externas.
Na contemporaneidade as articulações ◄ Figura 01:
políticas econômicas são justificadas dia- Encolhimento da Terra,
riamente até mesmo pelo senso comum, ondas tecnológicas
já que é corriqueiro ouvir das pessoas: “é a Fonte: <<http://www.
colegio24horas.com.br/
globalização”, “ é resultado da globalização megazine2010/prova.
econômica”, em geral muitos nem sabem o asp?289384520 acessado
real contexto, mas sentem os reflexos das 22 de julho de 2011
negociações políticas no cotidiano. Enfim,
vivemos em uma economia de rede, ou seja,
existe uma interdependência econômica,
socioambiental e política.

Dias (2001, p.148) afirma:

Os fluxos, de todo tipo – das mercadorias às informações pressupõem a exis-


tência de redes. A primeira propriedade das redes é a conexidade – qualidade
de conexo –, que tem ou em que há conexão, ligação. Os nós das redes são as-
sim lugares de conexões, lugares de poder.

Neste contexto, podemos pontuar que os blocos econômicos representam uma rede polí-
tica de poder que busca alavancar a economia dos países membros norteando as demais redes.
Para Paulillo (2000, p. 4-5), “são redes políticas territoriais, porque o território é o resultado de
uma construção social e política, no qual os atores coletivos e individuais trocam recursos de po-
der e articulam interesses”
Assim, nesta Unidade os objetivos são:
• conhecer as modalidades de integração dos blocos econômicos;
• identificar os países membros dos blocos econômicos;
• analisar os objetivos, benefícios e malefícios dos blocos econômicos;
• caracterizar o papel da Organização Mundial de Comércio na economia.
Esta unidade vai oportunizar amplo conhecimento das relações econômicas da contempo-
raneidade, especificamente na configuração dos blocos econômicos. Com certeza passarão a en-
tender melhor a necessidade da economia em agrupar em blocos econômicos, até mesmo para
enfrentar os “efeitos cascata” das crises econômicas.
11
UAB/Unimontes - 7º Período

1.1 Organização e
institucionalização do comércio na
economia internacional
A economia internacional é regida por acordos e tratados comerciais firmados entre os paí-
ses que estabelecem os períodos de vigência e as metas a serem atingidas. Entretanto é bom en-
tendermos que tratado se distingue de acordos. Os tratados envolvem maior número de países,
são normalmente de longa duração, abarcam uma série de cláusulas.
Enquanto os tratados envolvem tamanha complexidade e podem ser bilaterais (envolvem
apenas duas nações) ou multilaterais (abrangem vários países), os acordos são menos comple-
xos, de menor duração, e envolvem negociações comerciais de uma lista específica de produtos.
Neste contexto, para regulamentar mundialmente as relações, temos a Organização Mun-
dial do Comércio – OMC, substituta do Acordo Geral de Tarifas e Comércio –GATT-, criado em
1947 . A OMC foi criada em 1994 e passou a vigorar em 1995, com a proposta de reduzir tari-
fa, eliminar barreiras não tarifárias, abolir práticas de concorrência desleal, aplicar e controlar os
acordos comerciais e arbitrar os contenciosos comerciais, sendo assim, promoveria um comércio
mais livre e mais justo. (JAKOBSEN KJELD, 2005)
A OMC tem sede em Genebra (Suíça), visa promover e regular o comércio entre as nações,
traça as diretrizes básicas dos acordos bilaterais e regionais, impondo políticas de retaliação
àqueles que praticam o protecionismo, isto é, protegem os seus produtos nacionais, proibindo
a entrada de similares importados ou elevando as taxas de importação desses produtos. Con-
denam, ainda, os países que cobram preços muito altos por suas mercadorias no mercado inter-
nacional e aqueles que praticam o dumping. Dumping é a prática de países e ou empresas de
comercializar produtos com o preço abaixo do mercado.
Bezerra Júnior (2001) destaca que a OMC através da redução geral de barreiras alfandegá-
rias promove a ampliação do volume do comércio internacional e pontua que: “Esse movimento,
no entanto, é acompanhado pelo fortalecimento dos blocos econômicos, que buscam manter
maiores privilégios aos países membros”. (BEZERRA JÚNIOR, 2001 p.127)
Os blocos econômicos são associações de países que possuem relações comerciais privile-
giadas entre si, ou seja, quando fazem parte de um mesmo bloco, as alíquotas de importação
deixam de existir ou são inferiores às utilizadas pelos demais países, formando assim uma área
de livre comércio. Além da livre circulação de mercadorias, alguns blocos utilizam ainda a livre
circulação de serviços, de pessoas e de capitais, podendo adotar uma moeda única.

No final do seculo XX, o sistema capitalista se tornou predominate no mundo e


o processo de globalização se acelerou. Uma das mais importantes transforma-
ções do período foi a abertura dos mercados: mercadorias e capitais passaram
a circular mais livremente pelos países que antes protegiam seus mercados.
Uma das formas de os países se fortalecerem para participar do comércio mun-
dial foi se agrupar em blocos econômicos . (SUCENA, et all, 2010 p. 28)

A formação de blocos econômicos é relevante para o fortalecimento da economia interna e


externa dos países membros e se deu pela necessidade de fazer frente ao comércio entre países
de economia forte. Para compreendermos melhor esse processo, é necessário entendermos to-
das as etapas de integração de um bloco.

1.1.1 Integração dos blocos econômicos

A integração dos blocos econômicos ocorre a partir dos acordos estabelecidos entre os paí-
ses membros. Para Foschete (1999, p.131):

A integração econômica regional consiste na formação de um mercado in-


tegrado de dois ou mais países, constituído a partir de uma progressiva elimi-
nação de barreiras ao comércio de bens e serviços, ao movimento de fatores

12
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

de produção e até mesmo da criação de instituições supranacionais voltadas


para a coordenação e uniformização de políticas macroeconômicas dos países-
-contratantes (grifo do autor).

É válido informar que instituições supranacionais significam que pertencem a um organis-


mo ou a um poder posto acima do governo de cada país; que transcende o conceito de nação do
que é nacional.
Os acordos estabelecidos pelos blocos econômicos são agrupados em modalidades de inte-
gração expostas no Quadro 01.

QUADRO 1: Modalidade de Integração dos blocos econômicos

Zona preferencial • Consiste numa região englobando dois ou mais países, caracterizada pela
tarifária doação mútua de tarifas preferenciais (reduzidas). Trata-se do processo
mais simples de integração.

Área de livre • Livre circulação de mercadorias, as tarifas alfandegárias podem ser reduzi-
comércio das ou eliminadas.
• A moeda nacional é mantida.
• Cada país define o imposto para os produtos vindos de nações não perten-
centes ao bloco e as regras para o trânsito de capitais, serviços e pessoas.

União aduaneira • É uma integração mais avançada do que a área de livre comércio e do que a
zona de preferência tarifária.
• Livre circulação de mercadorias.
• Cada país define suas regras para a circulação de capitais, serviços e pes-
soas.
• A moeda nacional é mantida.
• O imposto de importação é comum para as mercadorias vindas de nações
não pertencentes ao bloco.
• Abertura de mercados internos e padronizados das tarifas para diversos
itens relacionados com o comércio com países que não pertencem ao blo-
co.
Mercado comum • Livre circulação de mercadorias, capitais, serviços e pessoas.
• Imposto de importação comum para produtos vindos de nações não per-
tencentes ao bloco.
• A moeda nacional é mantida.

União econômica e • Livre circulação de mercadorias.


monetária • Imposto comum para produtos vindos de fora do bloco.
• Livre circulação de capitais, serviços e pessoas.
• Adoção de políticas macroeconômicas: fiscais, monetárias e tributárias.
• A moeda é comum.

Fonte: Adaptado de Foschete, 1999.

O Quadro 01 deixa claras as modalidades de integração dos blocos econômicos; não signifi-
ca necessariamente que cada bloco tenha que adotar apenas uma.
Os acordos econômicos entre os países membros de cada bloco propiciam reflexos para a
população e para as empresas, uma vez que há a possibilidade de serem disponibilizados produ-
tos com menor custo e geração de empregos. Entretanto, sempre pode ocorrer o oposto, indús-
trias se deslocarem para um país membro do bloco com melhores oportunidades promovendo
o desemprego, outras fecharem por não suportarem a concorrência, portanto as consequências
podem ser positivas ou negativas.
No entender de Foschete (1999, p. 134) existem dois tipos de efeitos estáticos e dinâmicos:

Os efeitos estáticos sobre o bem-estar decorrentes de uma união aduaneira


são medidos em termos de criação e de desvio de comércio. A criação de co-
mércio ocorre quando a produção interna de um país-membro é substituída
por importações do mesmo produto de outro país-membro que o produz de
forma mais eficiente e com custo mais baixo. Em conseqüência, há um aumen-
to ou melhoria do bem-estar da população atingida. (grifo do autor)

No que se refere aos efeitos dinâmicos, Foschete (1999, p. 134) pontua que “[...] os efeitos di-
nâmicos sobre o bem-estar resultam de economias de escala, do aumento da concorrência e de
aumento dos investimentos, possibilitados pela integração econômica”.

13
UAB/Unimontes - 7º Período

Em geral as decisões que regem os blocos são dos líderes governamentais de cada país membro,
contudo existem algumas decisões em que a população é consultada através de plebiscitos, além da
grande influência das transnacionais nas relações de mercado dos blocos econômicos. (FIGURA 02).

Figura 02: ►
Transnacionais na
economia mundo
Fonte: <<http://
geoblog.spaceblo.
gcom.br/ >> acessado
em 22 de
julho de 2011

A Figura 02 dá uma dimensão do controle das transnacionais no sistema de mercado. A so-


ciedade depende diretamente das mesmas, na geração de trabalho, na disponibilidade de pro-
dutos e investimentos em novas tecnologias, assim sendo, os governantes atendem às necessi-
dades dessas, em infraestrutura de transporte, fornecimento de água e energia, entre outros.

Figura 03: Principais 1.1.2 Blocos econômicos e países membros


blocos econômicos
Identificaremos aqui todos os blocos econômicos existentes, contudo abordaremos com maior
Fonte: Sucena et all,
2010, p. 29 ênfase apenas aqueles que têm o Japão, os Estados Unidos e os países da Europa como integrantes.
A Figura 03 representa os principais blocos econômicos da Terra.

14
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

Na Figura 03 visualizamos os blocos econômicos e seus países membros. Para facilitar o


entendimento, listamos cada bloco com seus respectivos membros, além de outros blocos não
mostrados na Figura 01.
A Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico – APEC- é um bloco transcontinental com
vinte e um países membros banhados pelo Oceano Pacífico. Tem como membros: A Austrália,
Nova Zelândia, Papua-Nova Guiné (Oceania); Canadá, Chile, Peru, Estados Unidos, México (Amé-
rica); Brunei, Indonésia, Japão, Coréia do Sul, Tailândia, Vietnã, China, Hong Kong, Taiwan (não se
esqueça dos conhecimentos da disciplina Organização do Espaço Mundial I, onde diferenciamos
país de Estado Nação e pontuamos que Hong Kong e Taiwan pertencem a China) Malásia, Filipi-
nas e Cingapura,( Ásia) e Rússia (Ásia e Europa).
Criada em 1989 e oficializada em 1993, a APEC é um bloco que pretende implantar a livre
troca de mercadorias entre todos os países membros até 2020. Possui grande força no mercado, Dica
pois detém mais de 40% do comércio mundial (SUCENA, et all. 2010). Para aprender mais
O Mercado Comum do Sul – MERCOSUL é um bloco regional da América do Sul, com as mo- sobre a APEC consulte
dalidades de integração Mercado Comum e União Aduaneira, contudo nem todos os acordos já o site oficial:
se concretizaram. É um bloco com seis países membros (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e http://www.apec.org/
Venezuela) e cinco países associados (Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru).
Para aprender mais
Os países associados não participam de todos os acordos do bloco. O Mercosul foi criado sobre o Mercosul
em 1991 (Tratado de Assunção), em 1994 foi assinado o Protocolo de Ouro Preto como seu com- consulte o site oficial:
plemento. A Venezuela passou a integrar o bloco em 2006 através do Protocolo de Adesão da http://www.mercosul.
República Bolivariana da Venezuela ao Mercosul, contudo, depende do consentimento do Para- gov.br/
guai, uma vez que os outros componentes do bloco já aprovaram a sua participação.
A União Européia – U.E-, é um bloco que tem como membros vinte e sete países da Europa.
O alargamento (QUADRO 02) do bloco é uma tendência que tem sido consolidada gradualmente.

QUADRO 2: Cronologia da União uropéia – dos três aos vinte e sete

Ano de inserção Países membros

1944 criação da Benelux: Bélgica (België/Belgique), Luxemburgo (LUXembourg) e


Países Baixos (Nederland ).
1957 Alemanha, França e Itália juntamente com os membros da Benelux formam a
Comunidade européia do Carvão e do Aço –CECA.
1973 Reino Unido, Dinamarca e Irlanda
1981 Grécia
1986 Portugal e Espanha
1995 Suécia, Finlândia e Áustria
2004 Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, República Tcheca, Eslováquia, Eslovênia, Hun-
gria, Chipre e Malta.
2007 Romênia e Bulgária

Fonte: Adaptado de SUCENA, I, S. et all. Trabalhando com Mapas: Mundo desenvolvido. São Paulo: Editora Ática, 2011.

O alargamento do bloco significa mais território, recursos minerais, energéticos, mas tam-
bém problemas em todos os aspectos, econômicos, políticos e socioambientais. Abordamos de-
talhadamente o bloco União Européia na Unidade 2.

◄ Figura 04: Membros do


NAFTA
Fonte: << http://www.gru-
poescolar.com/materia/
nafta.html>> acessado em
22 de julho de 2011

15
UAB/Unimontes - 7º Período

O Acordo de Livre Comércio da América do Norte –NAFTA- é um bloco regional, tem ape-
nas três Nações da América do Norte, Estados Unidos, Canadá e México (FIGURA 03). O NAFTA
foi criado em 1994, é uma Zona Livre de Comércio, discutimos com maiores informações na
Dica Unidade 3.
Para aprender mais A Área de Livre Comércio das Américas –ALCA- ainda não é um bloco institucionalizado,
sobre o NAFTA consulte apesar de ter sido assinado em 1994 por trinta e quatro países da América uma carta de inten-
o site oficial:
http://www.nafta- ções que cria as diretrizes do bloco. O único país da América excluído foi Cuba, devido ao sistema
-sec-alena.org/ socialista e por não manter relações diplomáticas com os Estados Unidos. Existem várias dificul-
dades de formalização, inclusive com protestos por parte da população (FIGURA 04).

Figura 05: Protesto ►


contra a ALCA no Brasil
Fonte: <http://www.pstu.
org.br/jornal_materia.
asp?id=366&ida=0>
acessado em 25 de julho
de 2011

A ALCA, se concretizada, poderá promover uma reorganização nas relações comerciais da


América, não podemos pontuar que seja apenas positiva ou totalmente negativa, uma vez que
a economia é dinâmica, somente o tempo poderá responder. O fato é que, desde o atentado
de 11 de setembro de 2001 aos Estados Unidos, as negociações em torno da criação da ALCA
se reduziram. Para os Estados Unidos surgiram questões internacionais mais relevantes como a
intervenção ao Afeganistão, ao Iraque, a crise econômica de 2008 que ainda afeta sua economia
no presente (2011).
Existem outros blocos não citados na Figura 01, que consideramos que devem ser mencionados:
A Comunidade Andina das Nações, Grupo Andino ou Pacto Andino é um bloco instituciona-
lizado desde 1969 pelo Acordo de Cartagena. Os países membros são: Colômbia, Peru, Equador
e Bolívia. Até 1977 o Chile integrava o bloco, contudo, juntamente com o Brasil, Argentina, Para-
guai e Uruguai representam apenas países associados. O México e Panamá são países observa-
dores. A Venezuela se desligou do bloco em 2006, mesmo ano em que se integrou ao Mercosul.
O Mercado Comum Centro Americano –MCCA- é um bloco criado no ano de 1960 cujos ob-
jetivos são estabelecer uma zona livre de comércio, mercado comum e a união aduaneira, são
membros do bloco Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua.
A Comunidade do Caribe –CARICOM- foi criado em 1973 pelo Tratado de Chaguaramas. Tem
como países membros: Antígua e Barbuda, Bahamas, Barbados, Belize, Dominica, Granada, Guia-
na, Jamaica, Montserrat, Santa Lúcia, São Cristóvão e Nevis, São Vicente e Granadinas, Suriname
e Trinidad e Tobago.
A Associação Latino Americana de Integração –ALADI- criada em 1980 substituiu a Associa-
ção Latina Americana de Livre Comércio. Os países membros são Argentina, Brasil, Bolívia, Chi-
le, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai, Colômbia, Cuba e Venezuela. O intuito principal do
bloco é fortalecer o mercado comum entre os membros, inclusive com a concessão de preferên-
cias tarifárias.
A Comunidade dos Estados Independentes – CEI – é um bloco novo, pois surgiu depois da
fragmentação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas –URSS-, em 1991, é um bloco trans-
continental, uma vez que tem território na Europa e Ásia (FIGURA 05) .

16

Figura 06:
Integram a CEI doze países membros da antiga URSS: Armênia, Azerbaijão, Bielorrússia, Ca- Comunidade
zaquistão, Quirguistão, Moldávia, Rússia, Tajiquistão, Turcomenistão, Ucrânia, Uzbequistão e Ge- dos Estados
órgia. A Letônia, Lituânia e Estônia que pertenciam a antiga URSS não fazem parte do bloco, to- Independentes (CEI)
divisão politica
dos pertencem a União Européia. “A CEI tem objetivos econômicos (cooperação entre os países),
Fonte: Sucena et al, 2010,
políticos e militares (controle do grande número de armas, inclusive nucleares, espalhados por p. 49.
várias das novas repúblicas)”(SUCENA,et all. 2010 p.48).
A Comunidade da África Meridional para o Desenvolvimento – SADC – é um bloco regional
da África criado em 1992, tem como membros: África do Sul, Angola, Botsuana, Lesoto, Malavi,
Maurício, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo, Seicheles, Suazilândia, Tan-
zânia, Zâmbia e Zimbábue. Os principais objetivos do bloco são: incentivar as relações comer-
ciais, criar um mercado comum entre os membros, promover a segurança e paz na região.
A Associação de Nações do Sudeste Asiático ASEAN- foi criada em 1967 pelo Tratado de Bali
(Tailândia), tem como objetivo assegurar a estabilidade política e aumentar o crescimento eco-
nômico da região. Desde 2002 foi estabelecida a eliminação de barreiras alfandegárias entre os
países membros. São Membros: Indonésia, Malásia, Filipinas, Cingapura, Tailândia (1967), Brunei
(1984), Vietnã (1995), Mianmar (1997), Laos (1997) e Camboja (1999).
A descrição feita sobre os blocos econômicos não pretende esgotar o assunto, uma vez que
a economia internacional é extremamente dinâmica e não se sabe ao certo se caminha para uma
liberação global das relações comerciais ou para novas regionalizações, onde uns blocos man-
terão o domínio. O que podemos concluir no momento é que as economias mundiais vivem em
rede, ou seja, interligadas com fragilidade constante, o que promove incertezas. Dentro deste
contexto, segundo a OMC 60% do comércio mundial ocorre dentro dos blocos econômicos, uma
realidade que não se poder negar é a formação e/ou fortalecimento dos blocos econômicos é
uma tendência.

Referências
BEZERRA JÚNIOR. Comércio Internacional e os Blocos Econômicos. Adcontar, Belém, v. 2, nº 1,
126 - 137, maio, 2001.

DIAS, L. C. Redes geográficas nacionais e internacionais. Anais do Encontro Nacional de Pro-


dutores e Usuários de Informações Sociais, Econômicas e Territoriais. Rio de Janeiro: IBGE,
maio de 1996.

17
UAB/Unimontes - 7º Período

GIL, Gilberto. In C.D Unplugged. Parabolicamará. Faixa 10, 1994.

FOSCHETE, Mozart. Relações Econômicas Internacionais. São Paulo: Aduaneira, 1999.

JAKOBSEN, kjeld. Comércio Internacional e Desenvolvimento: Do Gatt à OMC: discurso e prá-


tica. São Paulo: Editora Fundação Perseu abramo, 2005.

PAULILLO, Luiz Fernando. Redes de Poder & Territórios Produtivos. São Paulo: Rima, 2000.

SUCENA, Ivone Silveira et al. Trabalhando com Mapas: O mundo desenvolvido. São Paulo: Ática,
2010.

ENCOLHIMENTO DA TERRA, ONDAS TECNOLÓGICAS. Disponível em <<http://www.colegio24ho-


ras.com.br/megazine2010/prova.asp?289384520 acessado 22 de julho de 2011.

TRANSNACIONAIS NA ECONOMIA MUNDO. Disponível em <<http://geoblog.spaceblo.gcom.br/


>> acessado em 22 de julho de 2011.

MEMBROS DO NAFTA. Disponível em << http://www.grupoescolar.com/materia/nafta.html>>


acessado em 22 de julho de 2011.

PROTESTO CONTRA A ALCA NO BRASIL. Disponível em <http://www.pstu.org.br/jornal_materia.


asp?id=366&ida=0> acessado em 25 de julho de 2011.

18
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

UNIDADE 2
Europa: berço da humanidade em
busca da unidade
A Europa dos grandes impérios chega ao século XXI com elevada expectativa
de vida, pessoas qualificadas, desenvolvimento econômico e social expressivo,
mas com a certeza de que só o alargamento do bloco dará à população maior
tranquilidade nos próximos anos.
As autoras

A Europa é considerada uma península Neste contexto, as fronteiras da Europa tive-


da Ásia no contexto físico e geológico, uma ram constantes mudanças (FIGURA 07), impérios
vez que para nós, geógrafos, continente é uma foram desfeitos, países foram criados, territórios
grande porção de terras emersas contínuas, li- foram ora unificados, ora fragmentados.
mitada por mares ou oceanos. Entretanto, pela O mapa da Europa é sem dúvida a área
importância histórica e política no mundo, a Eu- do globo que mais teve alteração na delimi-
ropa é o segundo menor continente em exten- tação de fronteiras dos últimos séculos. Os
são territorial, representa apenas 2% das terras fatores responsáveis por tanta transforma-
emersas do Planeta. Nas palavras de Sucena et ção foram: a disputa por riquezas naturais,
al (2010b, p.16): “Com uma extensão de pouco recursos minerais, etnias distintas e cen-
mais de 10 milhões quadrados, o continente eu- tralização do poder. A Europa é repleta de
ropeu pode ser considerado pequeno, se com- jazidas de diversos minerais, combustíveis
parado a outros continentes (0,03 km²)”. fosseis (carvão mineral, petróleo), entre ou-
Apesar de ser pequena em território, a tros, também rica em povos de cultura dis-
Europa em várias fases da história da humani- tinta que bravamente tentaram dominar
dade foi o centro das atenções. Palco de gran- uns aos outros, além de conquistarem terras
des impérios, reinos, civilizações, paisagens na América, Ásia, Oceania e África. Na con-
exuberantes, cerne da formação do Estado – temporaneidade a realidade da Europa é a
Nação, da 1ª Revolução Industrial, das grandes busca da unidade na diversidade através do
navegações (...), mas, também, foi á área foco bloco econômico União Européia.
das duas grandes guerras mundiais e muitos Diante do exposto, nesta Unidade os
outros conflitos, alguns já resolvidos e outros objetivos são:
ainda latentes. • conhecer a geografia física da Europa;
• avaliar os efeitos da crise econômica de
2008 na economia da Europa;
• caracterizar o processo histórico de for-
mação da União Européia;
• analisar os desafios e as perceptivas da
União Européia.
A Unidade vai possibilitar conhecer a
geografia da Europa em todos os aspectos,
físicos, políticos, econômicos e socioam-
bientais. Esperamos que ao final do estudo
da Unidade você, enquanto futuro professor
▲ de Geografia, tenha maior entendimento da
Figura 07: Delimitação do mapa da Europa formação do espaço europeu.
Fonte: http://www.fisicafacil.pro.br/enem9.htm>> acessa-
do em 19 de agosto de 2011

2.1 Geografia física da Europa


Geograficamente, se considerarmos a posição da Europa em relação à linha do Equador, ela
fica totalmente no hemisfério Norte. Em relação ao Meridiano de Greenwich pertence ao hemis-
fério Ocidental e Oriental. O meridiano percorre territórios da Inglaterra, França e Espanha.
19
UAB/Unimontes - 7º Período

A Europa (FIGURA 08) é um continente banhado pelos Oceanos Glacial Ártico (ao norte) e
Atlântico (a oeste). Quanto aos mares que banham a Europa são eles: Mar de Berents, Mar do
Norte, Mar Báltico, Mar Adriático, Mar Cáspio, Mar Negro, Mar de Azov, Mar Egeu, Mar Tirreno,
Mar Jônico e o Mar Mediterrâneo.


Figura 08: Mapa político Em relação ao limite geográfico territorial, a Europa a leste limita com a Ásia, tem inclusive
da Europa os territórios da Rússia e da Turquia com áreas nos dois continentes. Os Montes Urais represen-
Fonte: Simielli, 2007 tam o divisor natural da Rússia europeia e asiática. A Rússia europeia limita também como o país
asiático Cazaquistão. O Estreito de Bósforo interliga a Turquia asiática à europeia. Outro impor-
tante Estreito é o de Gibraltar que separa o território da África (Marrocos) da Europa (Espanha).
Os territórios da Armênia e Arzerbaijão também limitam com o Irã (país asiático).

2.1.1 Estrutura geológica e relevo da Europa

Geologicamente a Europa é formada por escudos cristalinos, dobramentos modernos e


antigos e bacias sedimentares, ou seja, apresentam áreas estáveis e outras instáveis, inclusi-
ve com atividade tectônica ativa, vulcões ativos, adormecidos e inativos. O Etna e Vesúvio são
exemplos de vulcões situados nos Montes Apenimos na Itália.
No que se refere ao relevo europeu, apresenta altitude máxima nos picos Elbrus 5.642 m
(Cáucaso) e de 4.810, Monte Branco (França e Itália). As formas de relevo que se destacam são
os Maciços Antigos (Alpes Escandinavos, Montes Peninos, Meseta Espanhola, Maciço Central
Francês, Montes Urais). Os Alpes Escandinavos localizam-se na Noruega e Suécia; os Montes
Peninos na Escócia; a Meseta Espanhola na Espanha; o Maciço Central Francês na França; e os
Montes Urais, limite geográfico natural do território russo da Europa e Ásia.
Também há Montanhas recentes (Pireneus, Alpes Dináricos, Cárpatos, Bálcãs, Alpes suíços,
Cáucaso e Apeninos). Os Pireneus ficam entre Espanha e França; os Alpes Dinários abrangem
territórios da Eslovénia, da Croácia, da Bósnia Herzegovina, da Sérvia, do Montenegro e da Al-
bânia; os Cárpatos ficam nos países do leste da Europa; Os Bálcãs são formações alpinas na
península Balcânica, os Alpes suíços na Suíça; o Cáucaso fica entre o Mar Negro e o Cáspio; os
Apeninos ficam na Itália e as Montanhas Pindo na Grécia.
Existe um grande número de planícies: Parisiense, Germano Polonesa, Húngara e Russa.
Na Rússia europeia há também o Planalto Central Russo e depressão no território da Geórgia e
Rússia.

20
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

O litoral da Europa é bastante recortado, o que faz aparecer inúmeras ilhas e penínsulas.
Ilhas de formação recente, Córsega, Sardenha, Sicília. A Figura 09 representa o relevo e o litoral
da Europa.


Figura 09: Mapa Físico
da Europa
Fonte: Simielli, 2007

◄ Figura 10: Relevo da


Europa
Fonte: Fonte: Sucena et al.
(201oa), p.85

21
UAB/Unimontes - 7º Período

A Figura 08 evidencia as penínsulas da Escandinava (Noruega e Suécia); Ibérica (Portugal e


Espanha); Itálica (Itália) e a Balcânica (Grécia, Albânia, Sérvia, Montenegro, Macedônia e Bulgária),
representada respectivamente pelas letras A, B, C e D.

2.1.2 Recursos minerais e energéticos da Europa

A estrutura geológica da Europa favoreceu a disponibilidade de recursos energéticos e mi-


nerais, contudo o elevado uso ao longo dos séculos tem reduzindo significativamente tais recur-
sos. Núcleo da 1ª Revolução Industrial (Inglaterra segunda metade do século XVIII), na 2ª Revo-
lução (Alemanha e Estados Unidos (América) na segunda metade do século XIX). Os principais
recursos energéticos e minerais da Europa são: petróleo, gás natural, carvão mineral, alumínio
(bauxita), cobre, ferro, zinco, linhito; potássio, níquel, chumbo, urânio, cromo e manganês.
A grande variedade de recursos minerais e a dinâmica econômica da Europa propiciaram a
construção de importantes portos: Roterdã (Países Baixos); Antuérpia (Bélgica), Marselha (Fran-
ça) e Hamburgo (Alemanha). Devemos também destacar que o Reino Unido, Alemanha e França
abrigam os principais tecnopolos – polos de tecnologia aliada à pesquisa. Entretanto, é válido
salientar que, apesar de ter grande variedade de recursos minerais, a Europa importa matérias
primas minerais.
A Europa também é a área do planeta Terra que mais faz uso de energia nuclear.

Fortes concentrações industriais necessitam de grande produção de energia. A


Europa é a região do mundo que mais utiliza a energia nuclear. Alguns países
europeus que figuram entre os maiores produtores mundiais consomem prati-
camente quase tudo o que produzem, como exemplo, França e Alemanha. Na
França, por exemplo, quase 80% da energia gerada é nuclear. (SUCENA el all.
2010a, p.28)

Existem muitas críticas à geração de energia nuclear devido ao destino do lixo atômico, pe-
rigo de acidente, a disseminação da radiação contaminando áreas. Os países com maiores produ-
ções de energia nuclear na Europa são: França, Alemanha, Reino Unido e Rússia.
Ter riquezas minerais e energéticas é muito importante para uma sociedade, contudo o fun-
damental é fazer uso de forma a beneficiar a todos e ser sustentável. Como estudamos em Orga-
nização do Espaço Mundial I, a África e América Latina têm muitas reservas de riquezas minerais
e energéticas e as mesmas não significaram necessariamente crescimento econômico e social.

2.1.3 Hidrografia e clima da Europa

Na Europa existem muitos rios que são bem aproveitados na dinâmica econômica, especial-
mente como meio de transporte, além de ser mais barato que o transporte rodoviário tem maior
capacidade de carga.
Alguns rios merecem serem destacados: Rio Reno – muito utilizado no escoamento de pro-
dutos industriais na Europa Central. O rio Pó ocupa importante papel para as áreas industriais
da Itália. O rio Sena (FIGURA 08) atravessa a capital da França Paris. O rio Tibre tem em suas mar-
gens a cidade de Roma. O rio Danúbio percorre territórios da Áustria, Eslováquia, Hungria e Sér-
via. Em Portugal e Espanha os rios principais são Tejo e Douro que deságua no Oceano Atlântico.
Em Londres destaca-se o rio Tâmisa, que pode ser exemplo de despoluição. Na Rússia europeia
destacam-se os rios Volga, Dvina , Dnieper, Don e Ural.

22

A Figura 11 mostra o rio Sena percorrendo a cidade de Paris (França), observamos também o Figura 11: Rio Sena
fluxo de turistas nas embarcações . Conforme Sucena et all. (2010a, p. 34): Fonte: Magalhães, 2010

Os rios europeus não possuem a mesma extensão e volume de água dos gran-
des rios americanos ou africanos, mas têm grande importância para a navega-
ção. Muitos deles são usados há séculos para a circulação de pessoas e merca-
dorias. Além dos rios, existe na Europa um grande número de lagos e mares
interiores.

No que se refere ao clima da Europa, podemos pontuar que é variado: Temperado Oceânico,
Temperado Continental, Frio de montanha, Mediterrâneo, Frio e o Polar (apenas na Rússia). As
áreas de clima Mediterrâneo apresentam as maiores temperaturas da Europa (áreas do território
da Espanha, França, Itália, Grécia. Na Rússia o clima polar marca baixas temperaturas o ano todo
(devido à posição geográfica – elevada latitude). Nas áreas de clima Frio de Montanha, as baixas
temperaturas se devem às elevadas altitudes.
O clima frio presente na Suécia, Noruega e Finlândia se deve a localização geográfica, ou
seja, elevada latitude, portanto parte do território destes países fica em média seis meses sem
ver a luz do sol. Entretanto, a maior parte da Europa tem climas Temperado Oceânico ou Conti-
nental, onde as quatro estações são bem definidas, verões quentes e invernos rigorosos. A cor-
rente marítima do Golfo ou do Atlântico é quente e tem a função natural de amenizar o inverno
da Europa, contudo estudos apontam que a corrente tem sofrido alterações na sua temperatura,
o que tem feito que a Europa tenha invernos mais frios a cada ano.

2.1.4 Vegetação da Europa

A vegetação de uma área está diretamente ligada ao clima, relevo e hidrografia, portanto
a Europa apresenta como vegetação natural: Floresta Temperada (clima Temperado); Vegetação
Mediterrânea (clima Mediterrâneo); Vegetação de Altitude (clima Frio de Montanha) Tundra e
Floresta Boreal (clima Frio); Estepe (clima polar na Rússia).
A vegetação natural da Europa quase não existe, devido ao intenso processo de ocupação
humana, uma vez que os europeus ocuparam os espaços, construíram cidades, instalaram pro-
priedades agrícolas, industriais, entre outras obras.

23
UAB/Unimontes - 7º Período

A vegetação de Tundra é composta de líquenes, plantas resultantes da associação de fun-


gos e algas, que crescem muito lentamente e extraordinariamente resistentes à falta de água,
que conseguem sobreviver nos ambientes mais hostis; musgos, ervas e arbustos baixos. O solo
permanece congelado e coberto de neve durante a maior parte do ano.
A Taiga ou Floresta Boreal é homogênea e aciculifoliada, espécies como as coníferas e pi-
nheiros possuem suas folhas com superfícies pequenas para reduzir o processo de evapotranspi-
ração, uma vez que a água é escassa, pois a que está presente no solo está congelada. O formato
cônico (pinheiros, por exemplo) das copas ajuda a evitar o acúmulo de neve. E as folhas são re-
vestidas por uma espécie de resina que evita que as folhas congelem e facilita o retorno ao pro-
cesso de fotossíntese logo que se inicia o verão.
As Florestas Temperadas são típicas do hemisfério norte, ao contrário das florestas tropicais,
que são “sempre verdes”, as árvores perdem as suas folhas no outono. Solos mais férteis da Terra,
onde as quatro estações são bem definidas.
As estepes apresentam formação vegetal sem árvores, composta basicamente por herbá-
ceas. Clima seco e frio, onde os verões são quentes e os invernos frios chegando até a cair neve.
Na europa ficam em uma área de transição vegetativa (Floresta Temperada e Vegetação de Ati-
tude).
A vegetação Mediterrânea apresenta espécies arbustivas e esclerófilas (folhas duras) bem
características da oliveira (árvore que frutifica a azeitona). A vegetação de Altitude apresenta es-
pécies orófilas , ou seja, adaptam-se à grande altura.
Na Europa as poucas áreas da vegetação natural aqui descritas ficam em parques que ser-
vem de pontos turísticos.

2.2 Regionalizações da Europa


As regionalizações variam conforme os critérios físicos, geográficos, econômicos, socioeco-
nômicos, entre outros. No caso da Europa, apesar da pequena extensão territorial, não apresenta
uniformidade, pois como vimos, a geografia física é plural assim como os aspectos políticos, eco-
nômicos e sociais.
Abordaremos aqui apenas duas regionalizações da Europa, a Divisão regional e a Regionali-
zação político-econômica.
A Divisão regional geográfica utiliza os critérios de localização e as características dos ele-
mentos naturais, apresenta quatro unidades: Europa Setentrional, Europa Ocidental, Europa Me-
ridional e Europa Centro Oriental.
O Quadro 03 apresenta os países de cada área, a elaboração do mesmo foi feita com base na
leitura cartográfica da fonte citada abaixo do Quadro 03.

QUADRO 3: Divisão regional da Europa

Unidade da
Países integrantes
regionalização

Europa Setentrional Dinamarca, Suécia, Noruega e Finlândia.

Europa Ocidental Irlanda, Reino Unido, França, Bélgica, Países Baixos, Alemanha, Luxemburgo,
Suíça, Áustria, Liechtenstein e Mônaco.

Europa Meridional Portugal, Espanha, Itália, Grécia, Andorra, Malta, San Marino, Vaticano, Al-
bânia, Croácia, Bósnia –Herzegovina, Montenegro, Sérvia, Kosovo, Bulgária,
Eslovênia e Turquia (europeia)

Europa Centro Rússia (europeia), Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, República Tcheca,
Oriental Eslováquia, Belarus, Ucrânia, Moldávia, Hungria, Romênia, Geórgia, Armênia e
Azerbaijão.

Fonte: Adaptado de SUCENA el all, (2010b, p.17).

A Regionalização político-econômica da Europa tem como critérios os aspectos políticos


e econômicos apresentados na Europa Ocidental e Europa Oriental, é bom lembrar que não
tem relação com a divisão, conforme o Meridiano de Geenwinch, como pontuam Sucena el all
(2010 a p.38):

24
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

Uma outra forma de regionalizar o continente europeu baseou-se em critérios


político-econômicos. Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os países da
Europa oriental, dominados militarmente pela União Soviética, adotaram o so-
cialismo. A divisão da Europa ocidental e oriental, não era só geográfica, mas
político – ideológica: a parte ocidental, capitalista, era aliada dos Estados Uni-
dos, e a parte oriental, socialista, era aliada a União Soviética.

Mesmo com o fim da União Soviética na década de 1990, a regionalização da Europa em


Ocidental e Oriental permanece. O Quadro 04 demonstra os países de cada região, a elaboração
do mesmo foi feita com base na leitura cartográfica da fonte citada abaixo do Quadro 04.

QUADRO 4: Regionalização político –econômica da Europa

Unidade da
Países integrantes
regionalização

Europa Oriental Albânia, Croácia, Bósnia –Herzegovina, Montenegro, Sérvia, Kosovo, Bulgária,
Eslovênia, Rússia (europeia), Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, República
Tcheca, Eslováquia, Belarus, Ucrânia, Moldávia, Hungria, Romênia, Geórgia,
Armênia e Azerbaijão.

Europa Ocidental Dinamarca, Suécia, Noruega, Finlândia, Irlanda, Reino Unido, França, Portugal,
Espanha, Turquia (europeia), Itália, Bélgica, Países Baixos, Alemanha, Luxem-
burgo, Suíça, Áustria, Liechtenstein, Mônaco, Grécia, Andorra, Malta, San
Marino e Vaticano.

Fonte: Adaptado de SUCENA el all, (2010a, p.39)

É bom lembrar que Eslovênia, Sérvia, Mon-


tenegro, Bósnia, Macedônia e Kosovo originaram-
-se da fragmentação da Iugoslávia. Assim como a
República Tcheca e Eslováquia, que surgiram da
fragmentação da Tchecoslováquia. Outro dado
importante é a pequena extensão territorial de ◄ Figura 12: Ilhas
Mônaco (0,002 km²), San Marino (0,06 km²), Lie- Britânicas
chtenstein (0,2 km²), Malta (0,3 km²), Andorra (0,5 Fonte: Disponível <<
http://www.algosobre.
km²) e o Vaticano (0.44 km²). com.br/geografia/arit-
Consideramos importante destacar tam- metica- britanica-enten-
bém na regionalização da Europa a diferenciação dendo-as-ilhas-britanicas.
html>>Acessado 28 de
de Reino Unido, Ilhas Britânicas e Grã- Bretanha. julho de 2011
A Grã-Bretanha corresponde ao território da
Escócia, Países de Gales e Inglaterra. Enquanto
o Reino Unido é formado por Escócia, Países de
Gales e Inglaterra e Irlanda do Norte (território
da Inglaterra). O arquipélago denominado Ilhas
Britânicas envolve o Reino Unido e a República
da Irlanda, a Figura 09 facilita a visualização.
Na Figura 10 o número um (1) corresponde As regionalizações aqui descritas facilitam
à República da Irlanda; o dois (2) ao território da compreender as informações dos aspectos his-
Irlanda do Norte que pertence a Inglaterra; o tóricos, assim como a formação do bloco União
número três (3) é a Escócia; o quatro (4) a Ingla- Européia abordados nos próximos tópicos.
terra e, por fim, o cinco (5) País de Gales.

2.3 O cenário histórico da Europa


O continente europeu, ao longo da sua formação, passou por diversas tranformações, foi o
território mais fragmentado e (re)construído do mundo. Essas modificações que ocorreram em
função de expansão territorial e lutas de poder incitaram conflitos locais e regionais sangrentos,
guerras mundiais, colonizações e reunificação por consenso ou através de tratados. No Quadro
05 são apresentados fatos marcantes da história europeia, responsáveis pela configuração atual
(2011) do continente.

25
UAB/Unimontes - 7º Período

QUADRO 5: Momentos Históricos marcante da configuração da Europa

PERÍODO MOMENTO HISTÓRICO DESDOBRAMENTOS

480 a.C Batalha de Salamina Criação das bases para o fortalecimento da Grécia e conse-
quentemente da Europa.

287 a.C Introdução do “Plebis Modelo de todos os plebiscitos. Principal instrumento de


scitum” participação do cidadão nas decisões políticas da moder-
na democracia europeia.

380 d.C Cristianismo como reli- Fim da perseguição aos cristãos e punição ao exercício de
gião de estado do império cultos pagãos.
romano

529 d.C Constituição do primeiro re- Durante vários séculos foi a fonte decisiva do direito na
gistro sistemático do Direito Europa.
Romano.

800 d.C Carlos Magno é coroado Estabelecimento da base do florescimento cultural na


imperador de Roma França.

842 d.C Juramentos de Estrasburgo Nesse ano foi documentado pela primeira vez que os ha-
selaram surgimento de dois bitantes das metades leste e oeste do antigo Reino Franco
Estados. não conseguiam mais se entender em uma língua comum.

1096 Início das cruzadas Época de grande mortandade de pessoas decorrente de


conflitos entre as cruzadas e países contra as cruzadas.
Porém a Europa entendia esse movimento como união
da coletividade cristã, tendo sido responsável pela união
europeia por muito tempo.

1514 Martinho Lutero (1483- Reinterpretação do Evangelho por Martinho Lutero que
1546) e a reforma da igreja consequentemente vai abalar a estrutura da Igreja Católi-
romana ca, resultando na tradução do Novo Testamento para ale-
mão. Posteriormente culminou na Guerra dos Trinta Anos
(1618-1648) findada em liberdade religiosa na Alemanha e
finalmente na Europa.

1648 Fim da guerra dos trinta Ampliação da influência dos príncipes eleitores, culminan-
anos do na diminuição do poderio alemão.

1689 Revolução Gloriosa (início Entrada em vigor da Declaração de direitos, incluindo aí a


da democracia parlamentar ratificação do Habeas Corpus com regras que fundamen-
europeia) tam até hoje o moderno sistema constitucional europeu.

1751 a Invalidação do modelo Período de grandes descobertas: relações do sistema


1780 explicativo da vida baseado planetário; emprego da força hidráulica; novos continen-
na fé. (Iluminismo). tes foram explorados; ficara provado que a Terra não era
plana e imposição de que o saber, e não a fé, deveria nor-
tear a busca de respostas às questões da vida.

1789 Revolução Francesa Abolição dos privilégios da nobreza, redução das taxas
(Liberdade, igualdade e eclesiásticas, confisco dos bens da Igreja e a Declaração
fraternidade) dos Direitos do Homem e do Cidadão.

1813 O confronto decisivo entre a Fim da hegemonia francesa sobre o continente europeu.
aliança europeia e Napoleão
quando o exército francês
lutou contra as forças da
Áustria, Prússia, Rússia e
Suécia, vencendo a aliança,
o que pôs fim à hegemonia
francesa na Europa.

1814 Congresso de Viena Instituição da Confederação Germânica.

1848 Revolução Alemã Fracasso da tentativa de estabelecer um estado nacional


alemão no centro da Europa.

1914 Atentado de Sarajevo Deflagração da 1ª Guerra mundial.

26
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

1917 Revolução Russa Criação do novo foco de poder dentro da Europa (Durante
mais de sete décadas os bolcheviques dominaram a Rússia
e grande parte do leste europeu).

1939 -1945 Segunda Guerra Mundial Divisão do continente europeu (Leste sob domínio da Dica
União Soviética e oeste sob domínio dos Estados Unidos).
Início da guerra fria Para aprender mais
Construção do muro de Berlim. sobre o contexto his-
tórico da Europa apre-
1957 Tratado de Roma Início da formação da União Europeia. sentado no Quadro 06
consulte o site: http://
1989 Queda do muro de Berlim Primeiro passo de reunificação europeia. www.dw-world.de/dw/
article/0,,4229995,00.
1992 Tratado de Maastricht Estabelecimento das quatro liberdades (livre circulação de html.
mercadorias, serviços, pessoas e capital).

2002 Adoção do euro Garantia de paz no continente.

Fonte: Matthias Von Hellfeld, 2011 – Disponível em http://www.dw-world.de/dw/article/0,,4229995,00.html – Acesso em


01/09/2011. Org.: As autoras.

Os conflitos por expansão territorial na Europa têm raízes históricas, podendo ser notadas
desde o século V a.C., quando os persas batalhavam em busca de anexar aos seus territórios áre-
as sob domínio dos gregos. Essas investidas foram por diversas vezes fracassadas em função da
organizada tropa grega, porém sempre deixaram rastro de destruição. Um momento decisivo na
história da Europa ocorreu na batalha de Salamina, quando, ao se posicionar estrategicamente a
oeste da ilha de Salamina, em um estreito braço de mar (FIGURA 13), assim os gregos impediram
o avanço dos persas sobre o território europeu.

◄ Figura 13: Conflito de


Salamina
Fonte: http://umolhar-
sobreaarte.blogs.sapo.
pt/5732.html. Acessado
em 20 de agosto de 2011.

Estudiosos do assunto afirmam que o des- da luta de classes, quando plebeus reivindica-
tino da Europa seria traçado nesse momento, ram através de”plebis scitum” a inclusão no di-
pois essa batalha representou um marco na sua reito romano de novo princípio legal garantin-
história, uma vez que impediu a destruição da do os seus direitos. Esse novo princípio legal é
cultura grega e do império romano, que são até hoje o principal instrumento de participa-
responsáveis pela Europa moderna. Se, ao con- ção popular europeia.
trário, os persas fossem vencedores na batalha, Prosseguindo com a abordagem dos prin-
possivelmente a Europa se chamaria hoje Ásia cipais acontecimentos ocorridos na Europa
Ocidental com maioria da população muçulma- ao longo da sua história, chamamos a atenção
na (HELLFELD, 2011). para um período bastante conturbado, quando
Outro marco importante da história euro- igrejas eram incendiadas, bens confiscados e
peia ocorreu em 287 a.C. e diz respeito ao fim cristãos perseguidos em nome da cultura pagã.

27
UAB/Unimontes - 7º Período

Entretanto, após longos debates entre impera- ta Anos. O fim dessa guerra só foi possível após
dores da época e dirigentes da igreja, ocorreu a paz de Vestfália, quando todos passam a ter
o consenso de que Deus e Jesus constituiriam liberdade religiosa, tanto os católicos, como os
uma mesma entidade. Porém, algumas décadas protestantes e os calvinistas.
depois, um decreto põe fim a este consenso, Na Revolução Gloriosa, chamamos a aten-
declarando o cristianismo religião de estado e ção para os diversos direitos adquiridos naque-
punindo o exercício de cultos pagãos. le momento e que se encontram em vigor até
Em 533 é concluído o primeiro registro sis- os dias atuais como: eleição livre do Parlamen-
temático do Direito Romano, documento utili- to, direito de livre debate e imunidade para os
zado durante vários séculos como fonte decisi- deputados, cobrança de impostos somente
va do direito na Europa, ainda que utilizado em com a aprovação parlamentar e proibição de
combinação com princípios locais, sendo ela- manter um Exército regular sem o consenti-
borados outros códigos a partir desse, como o mento do Parlamento.
código prussiano de 1794. Esse código foi utili- Diversos outros momentos marcaram a
zado na Alemanha até 1.900, sendo substituído história da Europa como a Revolução Francesa
nesse ano pelo Código civil da nação. que, com o slogan “Liberdade, Igualdade, Fra-
Em meados de 780, Carlos Magno, ao reu- ternidade”, pôs fim aos privilégios da nobre-
nir e compilar todo o saber produzido até então za, induziu a redução das taxas eclesiásticas e
na Europa, estabelece a base do florescimento o confisco dos bens da Igreja. Em função disso,
cultural na França. Isso o responsabiliza pela em 1789 foi proclamada a Declaração dos Direi-
transmissão da herança cultural da antiguidade tos do Homem e do Cidadão e em 1791 esses
ao mundo moderno. direitos passaram a fazer parte da nova Consti-
Outro momento importante na história tuição francesa.
europeia diz respeito ao período das cruzadas Após a Revolução Francesa, diversos acon-
que marcaram uma época de sangrentos confli- tecimentos continuam a desestruturar o conti-
tos, na tentativa de reverter as barbáries e mor- nente, como o avanço napoleônico, as guerras
tes violentas realizadas pelos pagãos. Entretan- de libertação e, por fim, o término da hegemo-
to, justificadas pelos fatos acima discutidos, no nia francesa na Europa, que dá outros rumos à
período observado ocorreram também gran- geopolítica europeia.
des massacres com uma infinidade de mortes No Congresso de Viena é restabelecido o
em nome da religião. equilíbrio entre as potências europeias, França,
Quando mencionamos os conflitos religio- Inglaterra, Prússia, Rússia e Áustria, quando os
sos na Europa, o nome de Martim Lutero não territórios anexados a França nas investidas de
pode ser esquecido, pois, ao tentar combater Napoleão Bonaparte voltam aos seus territórios
os desmandos da Igreja Católica, aprofundou de origem. A Figura 14 mostra a divisão política
esses conflitos, culminando na Guerra dos Trin- da Europa após o Congresso de Viena.

Figura 14: Mapa ►


da Europa após o
Congresso de Viena
Fonte: http://www.his-
toriadigital.org/2010/06/
mapa-congresso-de-
-viena-historia-atlas.
html>> Acessado em 20
de agosto de 2011.

28
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

Outros acontecimentos, como o atentado (1961-1989) foi erguido em 1961 dividindo a


de Sarajevo, (atentado de extremistas sérvios Alemanha. A Alemanha Ocidental (RDA), re-
contra o casal herdeiro da coroa austríaca) põe presentando o bloco capitalista e a Alemanha
fim à paz na Europa, contribuindo para a eclo- Oriental (RFSA) o socialista. A crise do socia-
são da Primeira Guerra Munidial. lismo, no final da década de 1980, pôs fim ao
Primeira Guerra Mundial, Revolução Rus- muro em 09 de novembro de 1989, findando
sa, consolidação da União das Repúblicas So- assim a era do socialismo. Ainda hoje exis-
cialistas Soviéticas (1922) e a deflagração da tem alguns países ditos socialistas no mun-
Segunda Guerra Mundial são momentos cru- do, como Cuba, Coréia do Norte, entre outros
ciais para a delimitação das fronteiras políticas que adotam ideologias socialistas e capita-
do continente europeu. listas, a exemplo da China, com políticas de
Após a segunda guerra mundial, foi ou- mercado livre, enfraquecendo ainda mais
tro período bastante conturbado política, esse sistema.
militar, tecnológica, ideológica, economica
e socialmente, não só para a Europa como
para todo o mundo, quando as duas gran-
des potências econômicas da época se di-
vidiram, com posições contrárias acerca da
reconstrução do equilíbrio econômico mun- ◄ Figura 15: Muro de
dial (período conhecido como Bipolaridade Berlim
ou Guerra Fria). Fonte: Disponível em
Os Estados Unidos (capitalista) e a União <<http://furoskateboards.
Soviética (socialista) nunca chegaram à guerra blogspot.com/2010/03/
banda-pedreragen.
de fato em seus territórios, mas sim em outros html>> Acesso em 18 de
territórios. Com a corrida armamentista, no agosto de 2011.
decorrer das décadas de 1950 e 1960, quando
o poder estava ligado à capacidade de pro-
dução tecnológica bélica moderna, ou seja,
quem a possuísse seria o mais poderoso, os
dois blocos se armavam para tal fim. A conse-
quência disso era a grande tensão mundial, já
que a deflagração da guerra poderia ocorrer Desde a queda do muro Berlim, a Europa
a qualquer momento e as duas potências al- vivenciou novas delimitação territoriais, uma
tamente armadas poderiam provocar grande vez que a porção oriental socialista passa a
destruição mundial. Vale ressaltar que nesse integrar a ótica capitalista. A década de 1990
período ocorreram diversas guerras, como a ficou marcada pela fragmentação da União
do Vietnã, da Coréia, em países africanos, cri- Soviética, emancipação das Repúblicas per-
se cubana, entre outras, todas deixando ônus tencentes à União Soviética, conflitos nos Bal-
bastante negativos para o mundo. cãs que deram origem a novos Estados. Neste
Como maior símbolo da guerra fria, o contexto, o bloco União Européia já institucio-
muro de Berlim (FIGURA 15), também conhe- nalizado passa por novas transformações, as-
cido por alguns como “muro da vergonha” sunto melhor discutido a seguir.

2.4 União Européia: da Europa dos


3 à Europa dos 27
A União Européia (FIGURA 16) é o maior segunda guerra mundial, como também de fa-
bloco econômico institucionalizado da atu- tos atrelados a acontecimentos no período da
alidade (2011), foi também o primeiro a ser Guerra Fria.
implantado no mundo. Sua formação é resul- Em função desses processos ocorreram
tante de processos históricos de universali- grandes transformações nesse continente. Es-
zação da igreja católica, do nacionalismo ex- sas alterações apontaram a necessidade de
pansionista de Napoleão, mas principalmente uma unificação como estratégia de mudança
das transformações decorrentes da primeira e do quadro em que se encontrava a Europa.

29
UAB/Unimontes - 7º Período

Figura 16: Evolução da ►


União Européia
Fonte: Centro de Infor-
mação Européia Jacques
Delors – Disponível em
http://www.eurocid.pt/
pls/wsd/wsdwhom0.
inicio - Acesso em 18 de
agosto de 2011.

A Figura 16 mostra a delimitação atual (2011) dos países membros da União Européia, as-
sim como a data de inserção de cada um no bloco, conforme já apresentado na Unidade 01.
A formação do bloco União Européia teve início em 1944 com a constituição do BENELUX
através do Tratado de Londres. Os membros eram a Bélgica, Luxemburgo e Países Baixos, cujo
objetivo foi, através da união, reestruturar-se e fortalecer-se economicamente, garantindo assim
a competitividade. Essa organização foi o embrião que, após passar por diversos estágios apoia-
dos em uma infinidade de tratados (FIGURA 17), transformou-se no que atualmente é a União
Européia.

Figura 17: Tratados para ►


formação do bloco
Fonte: Centro de Infor-
mação Européia Jacques
Delors - Disponível em
http://www.eurocid.pt/
pls/wsd/wsdwhom0.inicio
- Acesso em 18 de agosto
de 2011.

30
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

Em 1951 é criada a Comunidade Européia minações, com regras comuns, porém limitan-
do Carvão e do Aço (CECA) pelo Tratado de Pa- do o poder de Estado (MAGNOLI, 2004).
ris, além dos países da BENELUX é incorporada Outras organizações são criadas ou pro-
a Alemanha, França e Itália. Essa fusão objeti- postas após a constituição da CECA, como
vava a união de duas potências responsáveis a Comunidade Européia de Defesa (CED), A
pelas riquezas em carvão e minério de ferro, União da Europa Ocidental (UEO) Comunidade
a Alemanha (Ruhr e Sarre) e França (Alsácia e Européia da Energia Atômica (EURATOM), que
Lorena) região de instabilidade, já envolvida posteriormente foram fundidas na Comunida-
anteriormente em conflitos e guerras por dis- de Econômica Européia ou fracassadas. Mag-
putas territoriais. Consistia em um mercado noli (2004, p. 149) confirma essa assertiva pon-
comum, sem barreiras alfandegárias ou discri- tuando que,

Acompanhando o movimento de expansão dos mercados, os organismos


criados com objetivos parciais de unificação - CECA, EURATOM E MCE – fu-
sionam-se para instituir a Comissão das Comunidades e o conselho de mi-
nistros, órgãos executivos e consultivos que assumem a tarefa de regulação
institucional do “território econômico” comunitário.

As sérias dificuldades energéticas da portadora no mercado mundial (BARBOSA,


Europa, atrelada à grande dependência do 1998).
petróleo árabe, demonstram a urgência da Em 1973 o bloco é ampliado com a
resolução dessas questões, problemas acirra- participação do Reino Unido, Irlanda e Di-
dos com a nacionalização do Canal de Suez. namarca. Período de grandes turbulências,
Sendo assim os Estados Unidos se dispõem principalmente pela crise do petróleo de-
a resolver a situação, difundindo suas tecno- corrente da cartelização deste pelos países
logias de energia atômica, implicando certa da Organização dos Países Exportadores de
insegurança para os Estados-Nação da Euro- Petróleo – OPEP, sendo imprescindível a am-
pa. Quase que concomitantemente, ocorre a pliação do bloco. No início da década, como
sangrenta invasão da União Soviética ao ter- pontua Barbosa (1998, p. 151), aparentemen-
ritório Húngaro. Esses dois fatos referendam te a unificação seguia seu curso natural com
a necessidade da integração europeia. As- “o crescimento industrial num ritmo superior
sim em 1957 o Tratado de Roma estabeleceu ao apresentado pelos EUA; o abrandamen-
a formação do Mercado Comum Europeu to da guerra fria na Europa com o “pacto de
(MCE), também conhecido como Comunida- coexistência pacífica” com a URSS [...]”, além
de Econômica Européia (CEE), , com sede em do que uma nova organização das empre-
Bruxelas. (MAGNOLI, 2004). sas europeias, seguindo o inovador padrão
A formação desse mercado comum técnico-organizador e a complementaridade
trouxe dois grandes benefícios aos europeus, da CEE confirmam a consolidação dessa co-
a aproximação franco-germânica e a desti- munidade.
tuição do projeto de dominação dos Estados Contudo, nos anos posteriores, com a
Unidos em relação à Europa. Esses fatos fo- primeira recessão do capitalismo, diversos
ram essenciais para o desenvolvimento polí- problemas de ordem econômica e política
tico-econômico do bloco. como sinais de colapso do modelo fordista,
Eram perceptíveis os avanços econômi- acompanhado pela queda da produtividade
cos, entretanto começavam a ficar visíveis as das empresas e, consequentemente, demis-
disparidades que ocorriam nesse continente. são de trabalhadores, penetração de produ-
Enquanto o Ocidente, seguindo o regime de tos manufaturados norte americanos e asiáti-
acumulação dos Estados Unidos, apresenta- cos, desmistifica a visão de solidez do bloco.
va grande crescimento, principalmente no Os Estados-membros da Comunidade Econô-
que se refere à indústria baseada no modelo mica Européia decidem adiar os projetos fir-
fordista, o Oriente começava a ficar deprimi- mados anteriormente. Nesse período fica cla-
do e a apresentar o desigual desenvolvimen- ra também a divisão do bloco entre um setor
to do espaço europeu. sólido e outro instável. As disparidades que
No que se refere às políticas agrícolas, ocorrem entre os países membros do bloco
a “Europa dos Seis” também apresentou sig- confirmam a necessidade de políticas de en-
nificativos progressos nesse período, tendo frentamento da crise, não apenas em nível do
auto-suficiência na produção de diversos bloco e sim no investir na reestruturação em
produtos como os derivados de leite e de escala Europa-oeste. ( BARBOSA, 1998).
cereais como também na criação de animais, É válido ressaltar ainda que é desse pe-
sendo possível ingressar como grande ex- ríodo o início da expansão dos oligopólios

31
UAB/Unimontes - 7º Período

amparados nas políticas institucionais dos Apesar disso, diversos problemas são vi-
Estados europeus, ou seja, as fusões, aqui- síveis no interior do bloco, como, por exem-
sição e incorporação entre empresas euro- plo, a falta de uma política coesa para o setor
peias. Nesse conturbado momento de rees- industrial que, diferentemente do agrícola,
truturação, a Grécia passa a fazer parte da desde o início da formação do bloco foi am-
comunidade em 1981. parado pela Política Agrícola Comum (PAC).
Em 1985 o Tratado de Roma é revisto, Assim há divergências entre os países per-
mudando o rumo do sistema vigente, é es- tencentes à comunidade, apresentando en-
tabelecida “a suspensão de 300 barreiras al- foques bem diferentes entre si, como é o
fandegárias, a harmonização de padrões de caso da Alemanha, França e Grã-Bretanha. A
bens industriais e a regulamentação da con- Alemanha desenvolveu uma indústria de alta
corrência tanto para o setor privado como competitividade nos setores de siderurgia e
também para os subsídios estatais” (BARBO- química. A França optou pelo setor de alta
SA, 1998, p. 155). Faz parte ainda das mudan- tecnologia aeroespacial, informática e nu-
ças a adesão da Espanha e de Portugal ao clear. E, por fim, a Grã-Bretanha, que ganha
bloco em 1986, assegurando a expansão ter- espaço através da atração de empresas ame-
ritorial e a consolidação da CEE. ricanas e japonesas, ou seja, os conglomera-
Em 1992 pelo Tratado de Maastricht, as- dos transnacionais. Toda essa fragmentação
sinado na cidade de Maastricht – Holanda, impossibilita o desenvolvimento de empre-
representou um avanço para o bloco, pois sas de aptidão comunitárias.
estabeleceu as quatro liberdades: a livre cir- A Romênia e Bulgária são os últimos
culação de mercadorias, serviços, pessoas países a fazer parte do bloco, sendo incor-
(transitar livremente na maioria dos territó- porados ao bloco no ano de 2007. Os desa-
rios sem o uso de passaporte e sem contro- fios para os novos participantes são imensos,
le de fronteiras), e capitais, além de alterar o pois, conforme discutido anteriormente, a
nome do bloco de CEE para União Européia. unificação trará muitos benefícios, mas as
O Tratado de Maastricht também estabele- disparidades dentro do próprio bloco devem
ceu a criação da zona do euro. deixar atentos os países na luta pela concen-
Com o fim da guerra fria representada tração de forças para sanar essas adversida-
pela queda do muro de Berlim em 1989 e a des.
supressão da União Soviética, certamente é A Croácia, Macedônia, Islândia, Montene-
bem maior a possibilidade de novas adesões, gro e Turquia são países candidatos à partici-
suposição confirmada posteriormente pela pação na comunidade, devendo passar por
adesão da Suécia, Finlândia e Áustria (paí- todas as regras de negociação para possível
ses neutros durante a guerra fria), à União inserção.
Européia em 1995. Ainda nesse contexto pa- Alguns países dessa associação utilizam
íses do antigo bloco soviético não medem ainda moeda única, e tem perspectiva do
esforços para se integrar à União Européia. uso de uma única Constituição Federal. Nes-
Empenho esse consumado com a integração se caso a União Européia é o único bloco no
da Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, Repú- mundo que passou por quase todos os está-
blica Tcheca, Eslováquia, Hungria em 2004, gios de integração, faltando apenas a Consti-
além de Chipre e Malta que não pertenciam tuição Federal única que se encontra em an-
ao mundo socialista na chamada “Europa damento no parlamento europeu. (BEZERRA
dos 25”. É interessante pontuar que geogra- JÚNIOR, 2001).
ficamente o Chipre não faz parte da Europa e A adoção da moeda única, ou seja, o
sim da Ásia. euro (FIGURA 18) facilita aos cidadãos da
De acordo com Magnoli (2004) o bloco União Européia, podendo consumir produtos
econômico comunitário apresenta relativo su- de qualquer país que adote a mesma moe-
cesso, se analisado a longo prazo, pois o seu da. Isso possibilita a comparação de preços
produto interno bruto (PIB), se comparado ao e a escolha da melhor oferta. O aumento da
dos Estados Unidos, mostra que em 1970, a Eu- concorrência propiciou a melhoria da quali-
ropa dos 15 possuía um PIB que não chegava dade dos produtos e a redução dos preços.
a três quartos da riqueza dos Estados Unidos, O cidadão da União Européia pode trabalhar,
porém em 2004 composto por 25 membros morar, estudar ou se aposentar em qualquer
ele quase se iguala ao PIB desse país. país membro desse bloco.

32
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

É válido ressaltar que nem todos os países participantes do bloco utilizam o euro, apenas Figura 18 : O euro
17 fazem uso dessa moeda, Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Ir- Fonte: Centro de Infor-
mação Européia Jacques
landa, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Portugal, Estônia, Chipre, Malta, Eslovénia e Eslová- Delors - Disponível em
quia. Três países optaram em não adotar o euro, Suécia, Reino Unido e Dinamarca, os demais http://www.eurocid.pt/
países estão adaptando-se às exigências para adoção do euro, uma vez que é um critério de pls/wsd/wsdwhom0.inicio
- Acesso em 18 de agosto
inserção no bloco. de 2011.

2.4.1 Panorama atual da União Européia

Como consequência da crise econômica mundial ocorrida em 2008, a União Européia


apresentou quedas bastante significativas do PIB (GRÁFICO 01), principalmente nas maiores
economias da área do euro naquele momento, a Alemanha, Itália e Espanha. Os reflexos des-
sa crise continuaram a afetar os países desse bloco no ano de 2009, quando os seus indicado-
res econômicos continuaram a apresentar quedas significativas. Ressaltamos que geralmente
são os países em desenvolvimento que sofrem com maior rapidez os reflexos dessas crises,
porém, nesse caso, até as estruturas das grandes potências mundiais foram abaladas. Entre-
tanto, isso oportunizou avaliar a solidez da União Européia e demonstrou também que os
efeitos de uma crise em qualquer Estado participante dessa União repercute negativamente
em todos os outros, necessitando de estratégias para reequilibrar a economia de todos os pa-
íses membros para, consequentemente, fortalecer as estruturas do bloco.

33
UAB/Unimontes - 7º Período

Gráfico 01: Crescimento ►


e Crise
Fonte: Comissão Européia

Algumas estratégias foram utilizadas Monetário Internacional (FMI) e Banco Central


pela União Européia na tentativa de vencer Europeu (BCE) foi fundamental para reequi-
ou mesmo minimizar os impactos negativos librar a situação financeira da Grécia. A rees-
da crise, tendo obtido êxito, pois, apesar da truturação partiu inicialmente da disponibili-
taxa de câmbio apresentar certa volatilida- dade de 110 mil milhões de euros para o país
de, resistiu bem às pressões exercidas pelo para reformas estruturais, além do acompa-
mercado. Dados do Relatório da Comissão nhamento contínuo até o equilíbrio das suas
Europeia (2010) apontam que o euro é uma finanças públicas.
moeda com bases sólidas, por permitir uma Assim como na Grécia, a crise econô-
baixa inflação, uma balança de transações mica da Irlanda também mereceu atenção
equilibrada e um crescimento econômico sig- especial da União Européia como também
nificativo, além de ser moeda de reserva de dos Organismos responsáveis pela reestrutu-
grande parte do mundo. O relatório aponta ração de economias desequilibradas. A crise
ainda que não ocorreu crise do euro e que só que atingiu a Irlanda em 2009 causou certa
em alguns Estados membros do bloco houve agitação do mercado mundial, com maiores
dificuldades expressivas. implicações para os países membros do blo-
O auxílio dos Estados membros da área co regional, especialmente os que nesse mo-
do euro, para garantir a estabilidade financei- mento se encontravam com economia menos
ra dos países em crise foi fundamental para a forte, como Portugal, Grécia, Espanha e Itália.
estabilidade da sua economia. Por exemplo, Os investimentos de 85 mil milhões de eu-
a grave crise financeira da Grécia iniciada em ros para a Irlanda fez parte do apoio dado ao
2009, colocou em risco o equilíbrio financeiro país como estratégia de restabelecimento do
dos países da União Européia, principalmente equilíbrio econômico.
Portugal, Espanha, Irlanda e Itália, que nesse Apesar de o Relatório da Comissão Euro-
período já se encontravam com suas econo- peia apontar alguns avanços do bloco e não
mias enfraquecidas em função da crise de apresentar uma situação alarmante, constata-
2008. As implicações em escala mundial, de- mos que a situação também não é das mais
correntes da falta de pagamento foram ab- animadoras, principalmente no que se refere
sorvidas pelos países credores da Grécia. à taxa de desemprego, que se encontra bem
A rapidez na assistência oferecida pelos alta e com tendência a aumentar como mos-
Estados Membro, como também pelo Fundo tra o Gráfico 02.

34
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

◄ Gráfico 02: Crescimento


e Crise
Fonte: Comissão Européia

Diversas medidas vêm sendo tomadas no das comuns em diversas áreas, essas medidas
sentido de minimizar a pobreza e a exclusão repercutem em ações de melhoria da qualida-
social, como a qualificação de recursos huma- de ambiental, fazendo com que “[...] os rios e as
nos com vista ao combate do desemprego, praias da Europa estejam mais limpos, que os
além de investimentos em áreas específicas veículos sejam menos poluentes e que a elimi-
como na região do Danúbio para melhoria das nação de resíduos obedeça a regras mais estri-
condições ambientais e desenvolvimento do tas” (COMISSÃO EUROPEIA, p. 02, 2009). Outro
seu grande potencial econômico, além de in- ponto positivo é em relação à transferência
vestir na superação das desigualdades sociais e de resíduos perigosos para países pobres, que
infraestruturais. atualmente é proibido. Regras mais rígidas
O lançamento da Estratégia Europa 2020, quanto aos produtos químicos utilizados pelas
com o objetivo de assegurar a saída da União empresas, também garante maior segurança à
Européia da crise e garantir o reequilíbrio da população e ao ambiente. (COMISSÃO EURO-
economia não só do bloco como também na- PEIA, 2009).
cional, poderá reestruturar a economia eu- Sendo assim, verificamos que os setores
ropeia e sanar as dificuldades em que se en- que alavancam a economia da região, como o
contram diversos países desse continente. De setor de transportes, indústria, agricultura e tu-
acordo com o Relatório da Comissão Europeia rismo fluem normalmente e que, na medida do
(2010), “A melhoria do mercado único é um pi- possível, agridem o menos possível os recursos
lar da estratégia <<Europa 2020>> e uma con- naturais, apesar de serem extremamente de-
dição prévia para o seu sucesso”. pendentes de combustíveis fósseis.
O sucesso do plano é assegurado a partir Para sanar essa problemática, foram in-
do tripé: (I) crescimento inteligente, ou seja, a cluídas no plano “Europa 2020”, ações que, se
promoção do conhecimento, da inovação, da realizadas na íntegra, diminuirão ainda mais os
educação e da sociedade digital; (II) Crescimen- impactos negativos sobre o meio ambiente eu-
to sustentável, através do reforço da competi- ropeu. O documento contém uma infinidade
tividade, melhorando a eficiência do aparelho de ações voltadas pra o crescimento sustentá-
produtivo; (III) Crescimento inclusivo, com in- vel do bloco. As metas incluem: (I) redução das
vestimento em qualificação, aumento da taxa emissões de gases do efeito estufa em 20%,
de participação no mercado de trabalho e luta sendo que serão utilizados como base os níveis
contra a pobreza. Todas essas medidas têm de 1990 até 2020. Porém o compromisso da
como objetivos: (I) Assegurar emprego a 75% União Européia é reduzir em até 30% se outros
da população com idade de 20 a 64 anos; (II) países desenvolvidos assumirem também essa
disponibilizar um mínimo de 3% do PIB em In- postura de redução; (II) aumento da cota de
vestigação e Desenvolvimento (I&D); (III) inves- energias renováveis em 20% no consumo final;
tir em ações no que se refere às questões re- (III) aumento em 20% da eficiência em energia;
lacionadas ao clima/energia; (IV) redução para (IV) redução das emissões de CO²; (V) política
menos de 10% da taxa de evasão escolar; (V) industrial de apoio às empresas, especialmente
incentivo ao ensino superior; (VI) retirada de 20 as pequenas.
milhões de indivíduos da pobreza. Conforme é afirmado no Relatório da Co-
A extrema preocupação com o meio am- missão Europeia (2010), o bloco desempenha
biente orienta os europeus a adotarem medi- papel ativo junto aos organismos internacio-

35
UAB/Unimontes - 7º Período

nais como no Conselho dos Direitos Humanos ambiental. Na Figura 19 podemos observar a
das Nações Unidas e de outros órgãos humani- extensão em que a UE abrange, principalmen-
tários, sendo bem representada em encontros te em países asiáticos e africanos ou na própria
estratégicos de cooperação. Apoia as ações Europa, como Afeganistão, Congo, Somália,
das Nações Unidas em diversos países em crise Atlanta, Guiné-Bissau, Kosovo, Bósnia Herzego-
no mundo, seja econômico, político, social ou vina, Moldávia, Ucrânia, Iraque, entre outros.

Figura 19: Nações que ►


recebem assistência da
União Européia.
Fonte: Comissão Europeia

BOX 1 - A União Européia no mundo


O Tratado de Lisboa introduz uma nova coerência nas relações externas da União Euro-
péia (UE). Um novo alto-representante e vice-presidente da Comissão passou a ser responsá-
vel pela política externa da União. Neste papel, Catherine Ashton preside ao Conselho de Ne-
gócios Estrangeiros e dirige o novo serviço diplomático. Isto confere à União capacidade para
falar a uma só voz e os meios necessários para melhor projetar os seus valores no mundo: o
respeito pelos direitos humanos e a democracia, a cooperação para fazer face aos desafios
comuns e o empenho a favor do multilateralismo. Acrescentado aos seus trunfos — primeiro
bloco comercial do mundo e principal doador mundial de ajuda, dispondo de uma densa teia
de relações políticas e culturais e de uma importante divisa internacional — a UE melhorou o
seu potencial para desempenhar um papel importante na cena mundial que corresponda ao
seu peso econômico. A sua nova capacidade de empenho integrado manifestou-se ao lon-
go de todo o ano, através das respostas construtivas que deu a situações tão diversas como
no Haiti, nos Territórios Ocupados da Palestina ou no Darfur. A criação do Serviço Europeu
para a Acção Externa (SEAE), com delegações da União em todo o mundo, constitui a espinha
dorsal de um novo impulso para as relações externas da União. O Conselho Europeu instituiu,
em Setembro, uma nova abordagem, em que os instrumentos e as políticas nacionais e da UE
são mobilizados em apoio aos interesses estratégicos da União Européia. Foi, por outro lado,
estabelecida uma nova forma de liderança nas cimeiras internacionais com o presidente da
Comissão Européia e o presidente do Conselho Europeu a trabalharem também. A UE apoia
abordagens multilaterais, mantém relações estreitas com os seus parceiros estratégicos e ten-
ta aprofundar as suas relações bilaterais e os diálogos regionais em todo o mundo. A UE pro-
jetou a sua estratégia «Europa 2020» de recuperação e de crescimento no mercado mundial,
nomeadamente através do G20. Abordou os desafios da geopolítica em matéria de energia.
Prosseguiu a agenda de desenvolvimento internacional e demonstrou através de ações con-
cretas a sua solidariedade para com os mais vulneráveis no mundo.
Fonte: Comissão Europeia, 2010

36
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

Quanto às suas relações comerciais, no Gráfico 03 podemos observar os maiores fornecedo-


res da UE, como também os principais compradores.

◄ Gráfico 03:
Exportadores e
importadores da União
Européia
Fonte: Comissão Europeia

A UE tem como principal fornecedor a China (18,93%), seguido por EUA (11,43%) e depois
a Rússia (10,37%), tem ainda uma infinidade de outros países dos quais esse bloco é comprador
direto (41,11%). Quanto às suas exportações, tem os EUA como principal comprador dos seus
produtos (18,15%), com o desequilíbrio da economia estadunidense, esse bloco terá consequên-
cias bem acentuadas. O segundo maior comprador da UE é a China (8,34%), seguido pela Rússia
(6,35%), possui ainda diversos compradores dos produtos do bloco (48,52%). Não sabemos ainda
a intensidade dos reflexos da atual crise mundial com foco nos Estados Unidos sobre a UE, isso
só o futuro dirá, porém sabemos que somente os países de economias bem equilibradas con-
seguirão ultrapassar o turbilhão de problemas decorrentes da crise, pois, como já afirmado an-
teriormente, o desequilíbrio econômico de um país (principalmente EUA) produz efeito cascata,
desequilibrando toda a economia mundial.

BOX 2 - Comércio: negociar em todo o mundo


Como maior bloco comercial do mundo, a UE depende de um sistema comercial aberto
e defende firmemente a liberalização das trocas comerciais. A Organização Mundial do Co-
mércio (OMC) e o sistema comercial multilateral assumem uma importância essencial para a
política comercial da UE, que considera que uma regulamentação mundial constitui a melhor
forma de garantir trocas comerciais equitativas e uma prosperidade amplamente partilhada.
A Comissão apresentou em Novembro uma política comercial renovada e mais assertiva. A
nova política baseia-se num programa já por si pesado de conversações comerciais multilate-
rais e bilaterais, mas adapta a abordagem, particularmente para defender melhor os interes-
ses da Europa, ao mesmo tempo que promove também os seus valores e os seus objectivos.
O comércio faz parte integrante do plano de recuperação da Europa e, por conseguinte, está
no centro da estratégia «Europa 2020». O crescimento e a recuperação econômicos são, com
efeito, condicionados por mercados abertos, integrados e justos. Durante o ano, a UE criou
novas oportunidades no estrangeiro e assegurou que as regras que regulam o comércio fo-
ram reforçadas e respeitadas, garantindo um comércio equitativo.
Fonte: Comissão Europeia, 2010

A União Européia possui 499.695.154 milhões de habitantes, representando a terceira po-


sição mundial em número absoluto, inferior apenas a China e Índia. Desde o final do século
passado (XX), a Europa vem apresentando queda na taxa de natalidade, apesar do número de
nascimentos continuar sendo superior às mortes (crescimento natural). Outro ponto a ser consi-
derado é o fato de ser área de atração populacional, sendo a migração bastante representativa
no acréscimo populacional, principalmente dos grandes centros urbanos europeus. Conforme
pode ser observado no Quadro 06, a população de cada país e sua renda per capita. O país com
o maior número de habitantes é a Alemanha com 82.002.356 habitantes, seguido pela França
com 64.366.962; e o país do bloco com menor número é Malta com 413.609 (EUROPA.EU, 2009).

37
UAB/Unimontes - 7º Período

QUADRO 6: População e PIB da União Européia - 2009

PAÍS POPULAÇÃO PIB per capita em PPC ⃰

Alemanha 82.002.356 116

Áustria 8 355 260 124

Bélgica 10.750.000 115

Bulgária 7.606.551 -

Chipre 796.875 98

Dinamarca 5.505.504 117

Eslováquia 5 412 254 72

Eslovênia 2 032 362 86

Espanha 45.828.172 104

Estônia 1.340.415 62

Finlândia 5 326 314 110

França 64.366.962 107

Grécia 11.260.402 95

Hungria 10.030.975 63

Irlanda 4.450.030 131

Itália 60.045.068 102

Letônia 2.261.294 49

Lituânia 3.349.872 53

Luxemburgo 493.500 268

Malta 413.609 78

Países Baixos 16.485.787 130

Polônia 38 135 876 -

Portugal 10 627 250 78

Reino Unido 61 595 961 -

República Checa 10.467.542 80

Romênia 21 498 616 -

Suécia 9 256 347 120

EU 499.695.154 100
Fonte: http://europa.eu/about-eu/facts-figures/living/index_pt.htm
*Padrão de poder de compra

Analisando o Quadro 06, podemos perceber que a renda per capta é bastante variada entre
os países da União Européia, quando alguns apresentam uma alta renda por pessoa como Lu-
xemburgo com 268, Irlanda com 131 e Países Baixos com 130 euros, outros possuem baixa renda
como Estônia 62, Lituânia 53 e Letônia 49 euros.
O investimento em educação depende também de cada país, ou seja há também diferenças
entre eles quanto ao nível educacional, ainda que a maioria apresente um bom nível de educa-
ção. Há incentivos em programas de capacitação e de intercâmbio para estudos fora do país de
origem, tendo como exemplo o:
• Leonardo da Vinci: programa de apoio a acções de formação profissional, sobretudo estágios
para jovens trabalhadores e formadores em empresas fora do respectivo país de origem e pro-
jetos de cooperação entre estabelecimentos de formação profissional e empresas.

38
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

• Erasmus: programa de mobilidade e de cooperação entre universidades. Desde que foi


criado em 1987, o programa Erasmus contou com a participação de um milhão e meio de
estudantes. Um programa mais recente, denominado Erasmus Mundus, permite a jovens li-
cenciados e universitários de todo o mundo obter um mestrado em cursos que envolvem
consórcios de, pelo menos, três universidades europeias.
• Grundtvig: programa de apoio a programas de educação para adultos, especialmente par-
cerias, redes e acções de mobilidade transnacionais.
• Comenius: programa de cooperação entre estabelecimentos de ensino e professores.
A Espanha, França, Reino Unido e Alemanha com respectivamente 32.447, 23.955, 20.364 e
20.177 estudantes, são os países com a maior quantidade de alunos fazendo intercâmbio estu-
dantil em outros países.
Outro grande incentivo dado aos estudantes na UE é a possibilidade de estudar duas ou três
línguas, deixando os jovens europeus capacitados para o trabalho em qualquer país pertencente
à comunidade, ou demais regiões do mundo, já que há uma grande diversidade linguística entre
os países do bloco (FIGURA 20), além do que a globalização encurta as distâncias e se faz presen-
te em todos os espaços terrestres.

◄ Figura 20: Línguas


oficiais da UE
Fonte: https://infoeuropa.
eurocid.pt/opac - Acesso
em 25 de agosto de 2011.

Dica
Para aprender mais
sobre a União Européia
consulte o site oficial:
http://europa.eu/
about-eu/basic-
-information/index_
pt.htm

39
UAB/Unimontes - 7º Período

2.5 Os conflitos internos dilemas


no contexto da União Européia
Não apresentaremos aqui uma discussão ampla da geopolítica da Europa, uma vez que te-
rão um Caderno Didático específico sobre Geopolítica. Entretanto deixamos uma abordagem de
áreas conflituosas que diretamente dificultam a consolidação de alguns acordos e tratados da
União Européia. São questões pontuais que representam no cenário do bloco entraves, pois a
tendência é que os países membros busquem eliminar fronteiras políticas, comerciais e econô-
micas, e quando ocorrem atritos dentro de um Estado Nação e ou entre Estados Nação o êxito
nas relações do bloco interno e externo são inviabilizadas.

2.5.1 Irlanda do Norte e o IRA

A Irlanda do Norte, como já foi mencionado, é território da Inglaterra. Para entender as ra-
zões devemos recorrer ao tempo histórico: em 1169 o rei Henrique II da Inglaterra apoderou-se
da Irlanda, a independência política ocorreu somente em 1916, sendo reconhecida pelo então
Reino Unido em 1922, entretanto a porção norte permaneceu como território da Inglaterra.
Neste contexto surge o grupo militar católico Exército Republicano Irlandês -IRA - que bus-
ca a reintegração da Irlanda do Norte a Irlanda, uma vez que a maioria da população é protestan-
te e tem privilégios no governo local. O Ira, com o passar do tempo, passou a praticar ações ter-
roristas no território da Inglaterra (Londres) e da própria Irlanda do Norte. Apesar de anunciarem
o fim do conflito sabe-se que permanecem latentes ações isoladas do grupo.

2.5.2 Região dos Bálcãs e do Cáucaso

A Região dos Bálcãs fica na Europa Orien- A Região do Cáucaso também merece
tal (conforme a Regionalização político-econô- destaque, uma vez que é limite geográfico en-
mica), intregam a região: Albânia, Grécia, Bul- tre Europa e Ásia e apresenta constantes atri-
gária, Romênia, Turquia (europeia) e os países tos. Nações com território no Cáucaso: Armê-
que surgiram com a desintegração da Iugoslá- nia, Geórgia, Azerbaijão e Rússia.
via (República da Macedônia, Eslovênia, Mon- A região do Cáucaso é uma área de explo-
Dica
tenegro, Bósnia Herzegovina, Sérvia, Croácia e ração de petróleo e metais não ferrosos, abri-
Para aprender mais Kosovo (2010)). ga nascentes de rios e é estratégica para esco-
sobre o IRA, assista ao É uma região montanhosa, berço de amento de petróleo extraído do Mar Cáspio
filme: Em nome do Pai
grandes civilizações, a saber, a Civilização Gre- (grande quantidade de oleodutos).
ga, o Império Turco Otomano, um verdadei- A Chechênia é uma República da Rússia,
ro mosaico de etnias, fato que gera grandes onde a maioria da população é islâmica, assim
conflitos. Entre eles podemos citar a disputa como na República do Daguestão, ambos que-
pelo Chipre (Turquia e Grécia); na Bósnia- rem independência política e a formação de
-Herzegovínia a limpeza étnica iniciou-se em um Estado islâmico. Entretanto os chechenos
1991 quando o partido muçulmano venceu atuam de forma menos diplomática: em 1991
as eleições e sofreu perseguição de Slobodan os chechenos declaram sua independência
Milosevic. Guerra em Kosovo, a qual resultou política; 1994: Rússia contra ataca e envia 40
na morte de vários kosovares (maioria de etnia mil soldados; 1997: a capital Grózni é destruída
albanesa), o julgamento de Milosevic em Haia, pelos russos; 1998: é declarado o cessar fogo;
contudo foi encontrado morto em 2006. 1999: outro confronto; final de 1999: os cheche-
A região vive nova fase, uma vez que nos invadem o Daguestão que também luta
grande parte dos países integra a UE (Eslovê- por sua independência política.
nia, Romênia, Bulgária e Grécia), há também os Em uma década os russos cometeram
candidatos a fazerem parte (República da Ma- atrocidades como massacres, estupros, tortu-
cedônia, Sérvia, Turquia, Bósnia Herzegovina, ras, entre outros, em resposta às ações terro-
Croácia, Motenegro, Kosovo, os dois últimos já ristas dos chechenos. Em 2000, ocorreu a visi-
fazem uso da moeda euro). ta de representantes da ONU; 2002 atentados

40
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

chechenos no Teatro de Dubrovkados – Mos- cola municipal foi tomada pelos chechenos
cou, 200 mortos; 2003: Putin organizou um re- depois de três dias de negociações o resulta-
ferendo, o resultado foi que 96% dos cheche- do foi mais de 330 civis mortos. A Ossétia do
nos aprovaram a permanência da República Sul abriga a população de descendentes dos
da Chechênia como território da Rússia, contu- persas, é um território que busca a indepen-
do a Organização das Nações Unidas conside- dência política, contudo também é foco de
rou o referendo irregular. disputa da Rússia e da Geórgia (área de 4 mil
O ano de 2004 foi marcado com sangue quilometros quadrados, população de apro-
na cidade de Beslan- Ossétia do Sul, uma es- ximadamente 70 mil habitantes).

BOX 3
A EUROPA em 2050
José William Vesentini
Professor Livre Docente no Depto. de Geografia da FFLCH-USP.

A história é plena de surpresas – basta lembrar da rápida e inesperada crise terminal do


mundo socialista entre 1989 e 91 – e toda previsão para um prazo como este (até 2050), corre
o risco de ser desmentida pelo desenrolar dos acontecimentos, pois nestes não há somente
uma lógica (as determinações), mas também o contingente, o indeterminado. Mesmo assim,
não se pode deixar de realizar prognósticos, construir cenários possíveis, que são sempre pro-
visórios e devem ser reavaliados em função de novos acontecimentos e reflexões. Isso posto,
vamos tentar posicionar a Europa, ou melhor, a União Européia, no contexto do mundo pre-
visto – por estudos ou projeções estatísticas da ONU, do Banco Mundial, da PriceWaterhouse
Coopers e de acadêmicos diversos - para 2050.
Determinados fatores são fundamentais para se avaliar e comparar o poderio geopolítico
dos países ou regiões: população, economia, território (tamanho e formato, localização relati-
va, disponibilidade de recursos naturais), poderio militar, instituições e influência cultural – o
softpower na acepção de Joseph Nye.
As projeções para a população mundial em 2050 indicam 9,2 bilhões de pessoas, sendo
que toda a Europa contará com cerca de 660 milhões ou apenas 7,2% do total, algo bem dis-
tante dos 21,6% que o continente detinha em 1950. Além de ter uma população proporcio-
nalmente bem menor frente ao resto do mundo, a Europa também estará mais envelhecida.
A idade média (não confundir com expectativa de vida) de um europeu hoje é de 39 anos,
sendo que em 2050 já será de 50 anos. A idade média no mundo hoje é de 28 anos e em 2050
será de 31. A Europa atual já conta com 20,6% de sua população com 60 anos ou mais de ida-
de, e em 2050 essa proporção chegará a 35%, enfim, uma das populações mais envelhecidas
do mundo junto com a Rússia e com o Japão. Sem dúvida que a escolaridade média da popu-
lação européia é uma das maiores do mundo, algo fundamental numa época em que o que
mais conta são os recursos humanos ou o “poder cerebral” na expressão de Lesler Thurow.
Isso é essencial para o softpower - para influenciar os outros através de idéias, livros, softwa-
res, invenções, exposição na mídia, filmes e séries de TV, sites na internet, boas universidades,
etc. Mas provavelmente nesse quesito a Europa em 2050 já terá sido superada (ou em vias de)
pelo maior avanço da China e até da Índia, recuando para a quarta potência cultural atrás dos
Estados Unidos e desses países asiáticos.
Vejamos agora o poderio econômico. Hoje a União Européia com 27 Estados membros
possui o maior PIB do mundo, na casa dos 17 trilhões de dólares contra 16 dos Estados Unidos,
4,5 do Japão e 4 da China. Projeções para 2050 indicam que a China terá o maior PIB do globo
(quase 60 trilhões), seguida pelos Estados Unidos (45 trilhões) e pela Índia (40 trilhões). Cada
um desses três países sozinho terá uma produção econômica anual maior do que todo o con-
tinente europeu somado, mesmo incluíndo a Rússia (que será a maior economia da Europa em
2050) e a Turquia (a terceira após a Rússia e a Alemanha, embora já quase ultrapassando esta).
Provavelmente a União Européia de 2050 abrangerá a Geórgia e Turquia, além de outros
Estados do leste europeu, e talvez a Rússia, a Ucrânia e outros países da antiga União Soviética.
Essa é inclusive uma condição para o bloco continuar sendo uma das quatro potências eco-
nômicas e militares do globo. Com isso, o equilíbrio de poder na organização penderá para o
leste, com uma maior importância relativa dos países da atual Europa Oriental (incluindo a Tur-
quia) e logicamente da Rússia, se ela aderir ao bloco. Haverá um maior equilíbrio entre o leste e
o oeste do continente ao invés da atual supremacia inquestionável da parte ocidental.

41
UAB/Unimontes - 7º Período

A União Européia vai ganhar bastante em termos de território e recursos naturais com a
inclusão da Turquia, Ucrânia e principalmente Rússia. Haverá uma maior autosuficiência em
água potável, petróleo e gás natural, além de minérios e solos agriculturáveis, apesar dos ine-
vitáveis atritos sobre cotas e subsídios agrícolas entre as “novas nações” da UE e as atuais líde-
res (especialmente França). Também o poderio militar vai se expandir bastante com a entrada
da Rússia no bloco (a Turquia nesse aspecto não conta, pois sua força é incomparavelmente
menor e já é parte da Otan). Como a Rússia desde Pedro, o Grande, na virada do século XVII
para o XVIII, optou por ser um Estado europeu e ocidental – e deixando de lado a ilusão de
excepcionalidade representada pela experiência totalitária de 1917 a 1991 –, é bastante prová-
vel que se componha com a França e a Alemanha, líderes políticas da UE, e até com os Estados
Unidos, por enquanto hegemônico na Otan, para ser parte desta organização militar que con-
grega os “países ocidentais” contra ameaças representadas pelo radicalismo islâmico ou pela
Ásia. Mas para isso os Estados Unidos deverão aceitar um papel mais modesto, que por sinal
já vem sendo anunciado pelos candidatos à presidência neste ano de 2008: não mais o líder
incontestável do mundo ocidental e sim um parceiro da nova Europa unificada. Por sinal, essa
já era a recomendação de Huntington – uma união dos Estados Unidos com a Europa face aos
“outros” – desde que anunciou a sua (questionável) tese sobre os “choques de civilizações”.
A Europa alargada de 2050 será ainda mais heterogênea que a atual. Ela não mais será
basicamente anglo-saxônica, germânica e latina, mas sim em grande parte africana, eslava e
turca. Ela não mais será predominantemente cristã e sim em grande parte islâmica. E a lide-
rança da França respaldada pela Alemanha será contrabalançada por um maior poderio do
Leste Europeu, da Turquia e, caso entre na UE, da Rússia, acompanhando o deslocamento do
eixo econômico (e demográfico) do continente do oeste para leste.
O grande desafio da Europa será compatibilizar essas diferenças culturais. Ela será uma
espécie de laboratório do resto do mundo, da necessidade de se construir uma democracia
Para SABER MAIS global multiétnica e multicivilizacional. É a região do globo onde há com maior intensidade
Após a leitura do Texto a tensão entre uma visão ocidental e cristã e uma outra islâmica. É a região onde nasceram
complementar I trace as idéias democráticas modernas com seus valores ou princípios – os direitos humanos com
um panorama da Euro- sua concepção de indivíduo ou cidadão independentemente da família, estamento ou casta,
pa de 2012 e a Europa a liberdade de opinião e de imprensa, a separação entre religião e vida pública, a igualdade
de 2050 conforme o
autor. de todos perante a lei sem levar em conta o gênero, a orientação sexual, a idade, a religião ou
a cor da pele, etc. –, que neste novo século estão sendo colocados em xeque pela convivência
no mesmo espaço político de culturas bastante diferentes. Esse é o grande dilema da Europa,
hoje e mais ainda em 2050. Muitos percalços existem no caminho da construção dessa nova
democracia multiétnica e multicultural. Conflitos já ocorrem e ocorrerão com maior intensi-
dade. Mas se esse feito for alcançado, com certeza indicará um norte para o resto do mundo.
Frente a tudo isso, acreditamos que a Europa ainda será um dos centros mundiais de po-
der, enfim uma grande potência mundial. Mas de forma alguma com países isolados – Ale-
manha, França, Reino Unido –, pois nenhum deles terá qualquer chance em comparação com
China, Estados Unidos ou Índia, ou mesmo com o Japão. Só unida a Europa permanece como
um dos pólos de poder em 2050, embora provavelmente apenas numa posição de terceiro ou
o quarto lugar num mundo cada vez mais multipolar.
Fonte: (Ensaio publicado – com alguns cortes para economizar espaço – no caderno Mais, da Folha de S.Paulo, 21/9/08)

Referências
BARBOSA, Jorge Luiz. União Européia: a utopia do capitalismo tardio. In: HAESBAERT, Rogério
(Org.) Globalização e fragmentação no mundo contemporâneo. Rio de Janeiro: EDUF, 1998.

BEZERRA JÚNIOR. Comércio internacional e Os blocos econômicos. Adcontar, Belém, v. 2, nº 1,


126 - 137, maio, 2001.

COMISSÃO EUROPEIA. Relatório Geral sobre a Actividade da União Europeia — 2009. Bélgica
2010. Disponível em <http://europa.eu/generalreport/pt/welcome.htm> Acesso em 28 de julho
de 2011.

42
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

____________________. Relatório Geral sobre a Actividade da União Europeia — 2010.


Bélgica, 2011. Disponível em <http://europa.eu/generalreport/pt/welcome.htm> Acesso em 28
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CONFLITO DE SALAMINA. Disponível em http://umolharsobreaarte.blogs.sapo.pt/5732.html.


Acessado em 20 de agosto de 2011.

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acessado em 19 de agosto de 2011.

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HELLFELD, Matthias von. Especial: Os europeus. Disponível em http://www.dw-world.de/dw/ar-


ticle/0,,4275708,00.html. Acesso em 29 de julho de 2011.

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-entendendo-as-ilhas-britanicas.html>>Acessado 28 de julho de 2011.

LÍNGUAS OFICIAIS DA UE. Disponível em https://infoeuropa.eurocid.pt/opac - Acesso em 25 de


agosto de 2011.

MAGNOLI, Demétrio. União Européia: História e Geopolítica. 3ª ed. Ref. São Paulo: Moderna,
2004.

MAPA DA EUROPA APÓS O CONGRESSO DE VIENA. Disponível em http://www.historiadigital.


org/2010/06/mapa-congresso-de-viena-historia-atlas.html>> Acessado em 20 de agosto de 2011.

MURO DE BERLIM – Disponível em <<http://furoskateboards.blogspot.com/2010/03/banda-pe-


dreragen.html>> Acesso em 18 de agosto de 2011.

O EURO. Disponível em http://www.eurocid.pt/pls/wsd/wsdwhom0.inicio - Acesso em 18 de


agosto de 2011.

SUCENA, Ivone Silveira et al. Trabalhando com mapas: O mundo desenvolvido. São Paulo: Ática,
2010a.

SUCENA, Ivone Silveira et al. Trabalhando com mapas: Os continentes. São Paulo: Ática, 2010b.

TRATADOS PARA FORMAÇÃO DO BLOCO.- Disponível em http://www.eurocid.pt/pls/wsd/ws-


dwhom0.inicio - Acesso em 18 de agosto de 2011.

43
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

UNIDADE 3
Japão: território em constante
formação
O Japão é pequeno em extensão territorial,
geologicamente instável.
Espaço de grandes catástrofes naturais, Figura 21 : Região de
alvo da demonstração de força estadunidense Torinoumi, antes e
no final da II guerra mundial. depois da tsunam em
Entretanto, abriga uma cultural milenar, 2011.
a disciplina e determinação de sua população
Fonte:Disponível em
que tenta preservar seus costumes, <http://www.inovacaotec-
faz do Japão um arquipélago mágico, a ser desvendado. nologica.com.br/noticias>
(As autoras) Acessado 19 de julho de
2011

Conhecido pelo nome de Nippon ou Nihon pelos japoneses, ou ainda Terra do Sol Nascen-
te, o Japão é um Estado – Nação que por várias vezes em sua história teve parte de seu território
destruído por desastres naturais (FIGURA 21) e humanos, contudo reergueu-se em curto espaço
de tempo, uma vez que tem uma população extremamente disciplinada e determinada.
Estudar sobre o Japão faz com certeza refletir o quanto bons governantes e população
escolarizada representam um avanço na qualidade de vida da população de um determinado
lugar. Arquipélago, geologicamente em formação, com poucos recursos naturais, mas com ele-
vado Índice de Desenvolvimento Humano. O povo japonês vive em pouco espaço, mas com sa-
bedoria sabe aproveitá-lo bem, desenvolvendo alta tecnologia em todos os setores, inclusive do-
minam a robótica (FIGURA 22).

Nesta Unidade, os objetivos são: Figura 22: Mulher


cibernética no Japão
• conhecer a fragilidade física do arquipélago japonês.;
Fonte: Disponível <http://
• analisar a formação cultural e econômica do Japão; www.google.com.br/
• avaliar a relação Estados Unidos e Japão ao longo dos tempos; imgres?q=japa%>>
• caracterizar a economia do Japão frente ao crescimento econômico dos BRICS, especial- Acessado em 19 de junho
de 2011
mente da China.

Esta unidade vai oportunizar amplo conhecimento do Japão, um retrato dos aspectos ge-
ográficos que, com certeza, tende a permitir maior entendimento dos fatos (físicos e humanos)
que têm sido noticiados pela mídia mundial sobre o pequeno país insular da Ásia.

45
UAB/Unimontes - 7º Período

3.1 Geografia física do Japão


Geograficamente o Japão (FIGURA 23) pertence à Ásia, especifica-
mente na Região Oriental ou Extremo Oriente. É um arquipélago com
aproximadamente 377.750 km², compreende ilhas de vários tamanhos,
sendo quatro maiores: Honshu ou Hondo (a maior delas que abriga a
capital Tóquio); Hokkaido (área setentrional); Kyushu (ao sul de Honshu)
e Shikoku (a menor das quatro, situa-se entre Honshu e Kyshu). (ATLAS
GEOGRÁFICO MUNDIAL, 2005).
Segundo Sucena el al. (2010 a, p. 82):

O Japão é um arquipélago de origem vulcânica, constituído por cerca de 4 mil


ilhas. Quatro ilhas desse arquipélago - Hokkaido, Honshu, Shikoku e Kiushu-
ocupam 90% da superfície total do país {...}.

O Japão limita-se ao norte com o Estreito de Perusa; a leste e sul com o Oceano Pacífico e o
Figura 23: Quatro
maiores Ilhas do Japão mar da China Oriental; a oeste com o Mar do Japão, Estreito da Coréia e Mar Amarelo.
Fonte: <<http://www.
portalsaofrancisco.com.
br/alfa/japao/japao.php>
Acessado em 19 de junho
3.1.1 Estrutura geológica e relevo
de 2011

O Japão é constituído por um arquipélago em forma de arco vulcânico e montanhoso do


Círculo do Fogo, contato das placas Eurasiana e do Pacífico (FIGURA 24).

Figura 24: Detalhe da ►


Placa tectônica do
Japão
Fonte: http://labf5.
blogspot.com/2011/06/
abalo-sismico.html>>
Acessado em 19 de julho
de 2011

O arquipélago se estende ao longo da costa oriental da Ásia, no Pacífico, resultante do vul-


canismo ocorrido no fundo do Pacífico em tempos geológicos recentes – Terciário. O vulcanismo
e o tectonismo (FIGURA 25) continuam ativos no Japão, provocando milhares de tremores de
terra de intensidade variáveis. Alguns desses tremores causam danos de grandes proporções:
• Em 1923 um tremor destruiu Tóquio matando cerca de 140.000 pessoas.
• Um outro grande abalo foi o de Kobe, matando mais de 4.500 pessoas (1995).
O vulcanismo também é intenso, havendo mais de 200 vulcões ativos dos quais se desta-
cam o Sakura–Jima, na ilha de Kyushu, o Asmo, Honshu e o Usu em Hokkaido. A erupção do vul-
cão Unzen –Ilha de Kyushu- em 1792 matou mais de 15 mil pessoas.

46
◄ Figura 25: Japão:
território de terremotos
e vulcões
Fonte: Disponível
em <<http://dalila-
balekjian.wordpress.
com/2011/03/15/
tsunamis-vulcoes-
-terremotos-e-usinas-
-nucleares/>>Acessado 03
de julho de 2011

A Figura 25 deixa claro que as setas vermelhas significam a direção do movimento das pla-
cas tectônicas, o traçado ondulado também em vermelho indica o ponto de junção entre as pla-
cas, enfim a fragilidade geológica do Japão.
Em janeiro de 2011 o vulcão Shinmoe localizado no sudoeste entrou em erupção depois de
52 anos adormecido.

Tsunamis (ondas gigantes), abalos sísmicos e vulcanismo são fenômenos tec-


tônicos que abalam o arquipélago japonês. {...} grande terremoto, ocorrido em
1995 na cidade de Kobe, provocou a morte de milhares de pessoas, além de
grandes prejuízos materiais. No Japão, em virtude das constantes ameaças de
abalo sísmico, o governo determinou o uso obrigatório de estruturas “à prova Figura 26: Área no
de terremotos” na construção civil. (SUCENA et al., 2011 p.82) Japão do terremoto
seguido de tsunami em
2011
Apesar do monitoramento dos fenômenos físicos das autoridades governamentais, a po- Fonte: <http://www.
pulação do Japão sofre com a grande instabilidade geológica. Em março de 2011, mais uma vez blogintellectus.com.
ocorreu um terremoto na costa norte do Japão, o que provocou um grande tsunami, muitas pes- br/atualidades/index.
php/2011/04/japao-
soas morreram, cidades inteiras foram destruídas e, o pior, as Usinas de Fukushima foram atingi- instabilidade-geologica/>
das, o que gerou temor no mundo todo, uma vez que o risco de vazamento de produtos radioa- Acessado em 18 de julho
tivos poderia espalhar pela atmosfera e ou pelas águas do Oceano Pacífico. A Figura 26 mostra a de 2011
área do epicentro e da localização das Usinas de Fukushima. ▼

47
UAB/Unimontes - 7º Período

BOX 4
Tremor e Tsunami no Japão

Leia a reportagem do portal da Rede Globo:


Tremor e tsunami no Japão matam mais de 300; centenas estão sumidos. Forte abalo de
magnitude 8,9 atingiu a costa próximo à ilha de Honshu.Houve destruição no litoral da princi-
pal ilha do país, e há quase mil feridos.

O forte terremoto de magnitude 8,9 que atingiu nesta sexta-feira (11/03/2011) a costa
nordeste do Japão, segundo o Serviço Geológico dos EUA (USGS), gerando um tsunami (onda
gigante com potencial destrutivo) de até dez metros de altura que varreu a costa do país, dei-
xou mais de 300 mortos e quase 600 desaparecidos, além de ter destruído regiões inteiras. O
tremor foi o 7º pior na história, segundo a agência americana, e também o pior já registrado
no Japão. A Polícia Nacional informou que 178 pessoas morreram, 584 estão desaparecidas
e ao menos 947 estão feridas. A polícia da província de Miyagi disse que outros 300 corpos
de vítimas do tsunami foram encontrados na região costeira da cidade de Sendai. As auto-
ridades acreditam que são corpos de residentes que morreram afogados pela onda de dez
metros de altura que atingiu o litoral. A agência Kyodo e outros veículos estimaram que o nú-
mero de mortos pode passar de mil. A maioria deles teria morrido afogada. O abalo provocou
um tsunami que alcançou áreas da cidade japonesa de Sendai, na ilha de Honshu, a principal
do arquipélago japonês.Carros, barcos foram arrastados, casas e outras infraestruturas foram
destruídas, e as imagens da destruição, feitas de helicópteros, são impressionantes. Um vídeo
da TV local mostrou a onda gigante arrastando carros em sua chegada à costa.Em muitos lu-
gares, o mar ultrapassou os diques de proteção e avançou vários quilômetros por terra, recor-
dando cenas do tsunami que ocorreu no Oceano Índico, em 2004. Alerta no Pacífico: O Cen-
tro de Alerta de Tsunamis do Pacífico, agência americana, emitiu um alerta para vários países
na costa do Pacífico, avisando da possibilidade da chegada de ondas de até dez metros, mas
até agora não houve relato de destruição fora do Japão. A Casa Branca avaliou que os EUA,
principalmente o estado do Havaí, escaparam do pior, mas moradores foram retirados da cos-
ta da Califórnia.
Figura 27: Tsunami no
Japão em 2011 Fonte: Disponível em: <<http://g1.globo.com/tsunami-no-pacifico/noticia/2011/03/tremor-e-tsunami-no-japao-
deixam-mais-de-mil-mortos-e-desaparecidos.html>> Acessado em 02 de julho de 2011
Fonte: Disponível em
<http://blog.marco-
lino.com.br/word-
press/2011/03/15/forca- A Figura 27 permite visualizar com clareza que o tsunami foi provocado pelo terremoto que
-japao/> Acessado em 02 aconteceu a 24 km de profundidade das terras emersas, a forma do movimento das águas oceâ-
de julho de 2011. nicas teve o poder de destruição muito rápido.

Geografia - Organização do Espaço Mundial II

A reconstrução do Japão tem custado caro aos cofres públicos, além de afetar a economia
interna do país, contudo o povo japonês, com sua disciplina e organização, tem provado às de-
mais sociedades que vai superar mais uma catástrofe.
No que se refere ao relevo japonês é dominado por cadeias de montanhas, que ocupa cerca
de 80% do território, tendo como maior altimétria o Monte Fuji (Fujiama – símbolo Japonês) com
3.766 m, adormecido desde 1707, no entanto desde 2002 permanece fumegando, o que deixa
as autoridades preocupadas, pois, além de ser o símbolo do país, é também um ponto turístico
mais visitado.
O restante do relevo corresponde a planícies, em geral litorâneas, tal Geografia levou a po-
pulação para o interior (próximo das montanhas) ou nos litorais das ilhas. Assim como nos Países
Baixos, no Japão também é comum a construção de polderes (construções que adentram mar
adentro na faixa litorânea que é mais rasa) pelos governantes, viabilizando a implantação de in-
dústrias e portos.
O litoral japonês é bastante extenso e muito recortado, verdadeiros “portos naturais”, facili-
tando a navegação e o desenvolvimento da pesca. As águas marinhas apresentam diversidade:
moluscos, caranguejos, ostras, corais, tubarões e peixes de várias espécies.

3.1.3 Recursos minerais e energéticos

Devido à origem vulcânica e à formação geológica recente, o Japão é um país com pou-
cos recursos minerais e energéticos, porém existem reservas de zinco, chumbo, tungstênio e de
ouro. Quanto à energia é basicamente gerada por termoelétricas, todo o gás natural, petróleo e
carvão mineral utilizados são importados; as hidrelétricas produzem apenas 4% da energia con-
sumida e as usinas nucleares algo em torno de 30%.
O Quadro 07 apresenta as maiores Nações produtoras de energia nuclear, dentre elas o Ja-
pão em terceiro lugar.
QUADRO 07: Maiores produtores de energia nuclear do mundo
Nações Descrição

Estados Maiores produtores de energia nuclear do mundo, de acordo com o ranking da ONG World
Unidos Nuclear Power. Por ano, o país produz em média 798,7 bilhões de kWh de energia em 104 re-
atores distribuídos pelo território nacional. Apesar do volume, o país depende pouco desta
fonte de energia. As usinas nucleares representam apenas 20,2% da matriz energética total
do país. Segundo a ONG, há atualmente um reator em construção, e nove em fase de plane-
jamento. Há ainda outras 23 propostas de construção para os próximos anos.

França É um dos países mais dependentes de energia nuclear do mundo. Cerca de 75% de toda
a energia que usa vem de fontes radioativas. Os franceses ocupam a segunda posição no
ranking dos maiores produtores de energia nuclear do mundo, com 391,7 bilhões de kWh
por ano. No país há 58 reatores em operação, além de um em construção, outro na fase de
planejamento, e um terceiro cuja proposta ainda não foi aprovada.

Japão O país que agora enfrenta uma catástrofe nuclear é também o terceiro do mundo em vo-
lume de produção de energia atômica. Os reatores danificados no terremoto estão entre
os 55 que o Japão possui, responsáveis por gerar 263,1 bilhões de kWh de energia por ano.
Segundo a ONG World Nuclear Power, existem ainda dois reatores em fase de construção
no país, além de 12 em planejamento. Há ainda um outro reator previsto, cuja proposta
aguarda aprovação.

Rússia Em 32 reatores nucleares a Rússia produz anualmente 152,8 bilhões de kWh de energia, a
quarta maior produção do mundo. Esta quantidade representa quase 18% do total de ener-
gia que o país consome. Atualmente, segundo a World Nuclear Power, há 12 reatores em
construção na Rússia, além de 14 em planejamento e outros 30 que aguardam aprovação
do governo.

Coréia do A Coréia do Sul produz anualmente, em média, 141 bilhões de kWh de energia nuclear,
Sul de acordo com informações da ONG World Nuclear Power. Este volume, o quinto maior do
mundo, corresponde a 34,8% da matriz energética do país, e é gerado por 21 reatores em
atividade. Segundo a ONG, cinco reatores estão em construção atualmente no país, e outros
seis estão em fase de planejamento.

Alema- A sexta maior produção de energia nuclear do mundo é alemã. Por ano, o país gera 127,7
nha bilhões de kWh, em 17 reatores em operação. A Alemanha não depende exclusivamente
da matriz nuclear, sendo que apenas 26,1% do total consumido no país vêm destas fontes.
Atualmente, segundo a World Nuclear Power, não há reatores em construção, nem em pla-
nejamento. 49
UAB/Unimontes - 7º Período

Canadá Os canadenses respondem pela sétima maior produção de energia nuclear do mundo. No
país, são gerados por ano 85,3 bilhões de kWh de energia em 18 reatores funcionais. Apenas
14% da energia total que o país consome vêm de fontes nucleares. Segundo a ONG World
Nuclear Power, há dois reatores em construção no Canadá atualmente, além de três em fase
de planejamento e outros três em aprovação.

Ucrânia Palco do pior acidente nuclear da história, a Ucrânia é o oitavo país do mundo que mais
produz este tipo de energia. Por ano, os 15 reatores em atividade produzem 77,9 bilhões de
kWh de energia nuclear, e dão conta de 48,6% do total de energia que a Ucrânia consome.
Em 1986, durante um período de testes, um dos reatores da central nuclear da cidade de
Chernobyl explodiu, liberando na atmosfera uma quantidade de radiação 400 vezes maior
do que a liberada.

China Apesar de depender pouco da energia nuclear, a China está entre os maiores produtores do
mundo. Apenas 1% do que o país consome é gerado de fontes radioativas. Por ano, 13 rea-
tores em atividade produzem 65,7 bilhões de kWh de energia nuclear. Existem atualmente
27 reatores em construção no país, e outros 50 na etapa de planejamento. Segundo a ONG
World Nuclear Power, 110 projetos de reator aguardam aprovação.
Fonte: Disponível em <http://www.grandesconstrucoes.com.br/br/index.php?option=com_conteudo&task=viewNotici
a&id=5406>> Acessado em 19 de julho de 2011 Org: As autoras, 2011

3.1.4 Hidrografia, clima e vegetação

A maior bacia hidrográfica do Japão é a Os tipos climáticos sofrem influência


de Rio Tone que abastece parte da popula- de diversos fatores: latitude, altitude, cor-
ção de Tóquio. Em geral, os rios têm pouca rentes marítimas, maritimidade e massas de
extensão, sendo o maior com aproximada- ar. A Corrente Oiasivo ou Kurilas é fria e atua
mente 367 km – Shinamo – localizado na ilha no sentido norte – sul, provocando o declí-
de Honshu (ATLAS GEOGRÁFICO MUNDIAL, nio térmico no verão, enquanto a Corrente
2005). Na ilha de Hokkaido destacam “os rios Kuro Shivo ou do Japão é quente e percor-
Ishakari e Tokachi que escavam profundos va- re a costa do Japão no sentido sul - norte, é
les e formaram planícies litorâneas” ( ATLAS responsável por suavizar o inverno japonês.
GEOGRÁFICO MUNDIAL, 2005 p.28) Quanto às massas de ar durante o inverno,
Os rios são pouco extensos e estreitos, as monções frias e secas atravessam o país e
com baixo volume de água, fluxo rápido, no verão a atuação é das monções quentes e
contudo são bem aproveitados na irrigação e úmidas.
produção de energia elétrica, apesar de não No que se refere à vegetação natural pre-
atenderem às necessidades do país que tem dominante, é de floresta boreal, subtropical
muitas usinas nucleares, conforme mencio- e temperada – fato que dá ao Japão o título
nado anteriormente. (ATLAS GEOGRÁFICO de país mais arborizado do mundo. Na ilha de
MUNDIAL, 2005). Hokkaido e no norte da ilha de Honshu predo-
No Japão há apenas três tipos climá- mina a floresta boreal com bosques de conífe-
ticos (frio, temperado e subtropical), uma ras como abeto, pinheiros e cedro-japonês. Nas
vez que o território é pequeno e fica inseri- ilhas de Kiushu, Shikoku e no sul de Honshu
do na Zona Temperada do Norte. Na ilha de concentram a floresta temperada e subtropical
Hokkaido o clima é frio com invernos rigoro- com espécies como carvalho, magnólias, camé-
sos. No extremo norte da ilha de Honshu o lias e bambuzais. Na área de floresta temperada
clima é temperado e na porção central e nas ocorrem as quatro estações bem definidas.
ilhas de SHikoku e Kiushu predomina o clima A Figura 28 representa o clima e a vegeta-
subtropical, com verões quentes. ção originais do Japão:

50
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

Japão Clima e vegetação original

◄ Figura 28: Clima e


Vegetação original do
Japão
Fonte: Sucena et all.
(201oa), p.85

Ao observamos a Figura 28 percebemos que o território do Japão, apesar de pequeno, apre-


senta grande variedade de clima e vegetação, como também a área de atuação das Correntes,
tanto a fria como a quente. A Corrente de Oiasivo (fria) favorece a pesca no Japão, importante
atividade para a economia local.

3.2 Caracterização histórico-


geográfica do Japão
O Japão foi ocupado durante a Pré-História por povos da Ásia central – os altaicos-, que con-
viveram com os imigrantes malaios e polinésios – cultura paleolítica. A cultura neolítica ou de Jo-
mon ocorreu por volta de 7500 e 300 a.C. Para Peralta (1990 p. 12) “[...] as ilhas nipônicas tinham
uma cultura peculiar, qualificada de Jomon, devido ao uso de uma cerâmica com esse nome e que
possibilitou cozinhar os alimentos”.
No século III a.C a III os povos Yahoi introduziram o cultivo do arroz e o uso de instrumentos
de ferro na ilha de Kyushu. Foi na ilha de Kyushu também que se iniciou o precário Estado japo-
nês que desapareceu no século VI, período de grande influência chinesa que introduziu a orga-
nização imperial em lugar dos clãs que retornaram no século XII (clãs Taira e Minamoto). (ATLAS
GEOGRAFICO MUNDIAL, 2005)
Por volta de 604 foi criada a 1ª Constituição que estabelecia um Estado centralizador e hierar-
quização aristocrática. No Período conhecido como Nara (710 a 794), quando o imperador Tenchi
Tendo apoderou-se das terras dos senhores feudais e promoveu a divisão entre os camponeses.
O fato de os camponeses não suportarem pagar tantos impostos foi motivo para o agrupa-
mento das terras em lote – shoen-, um dos fatores responsáveis pelo Estado feudal. “Com o sis-
tema de shoen, os colonos passaram a depender dos nobres e monastérios. O processo de posse
e uso da terra evoluiu até ser estabelecido um sistema similar ao feudalismo europeu”. (ATLAS
GEOGRAFICO MUNDIAL, 2005, p. 32).

51
UAB/Unimontes - 7º Período

Nas palavras de Peralta (1990, p. 16):

A fim de se consolidar o feudalismo, estruturando-o, o shogunato dividiu a po-


pulação em quatro classes – samurais, camponeses e dois chonin (artesãos e
comerciantes). Inferiores a esse nível somente os etas e hinins, espécie de into-
cáveis, marginais da sociedade. (itálico do autor)

O Japão então inicia longos períodos de domínios de clãs, e imperadores. No século XII, dois
clãs disputaram o poder, uma vez que o imperador estava em decadência, o clã Taira e Minamo-
to. “Desde 1185, os Minamoto ostentaram superioridade política e deram início a um período de
governo com caráter militar, autoritário e centralizador, conhecido como Xogunato Kamakura”
(ATLAS GEOGRAFICO MUNDIAL, 2005, p. 32).
O Xogunato é um sistema ditatorial militar feudal, onde os guerreiros são os samurais. Tam-
bém teve importância para a história do Japão o período do clã Ashikaga (1333 a 1573), que man-
teve o xogunato, assim como o clã da família Tokugawa, é um bom exemplo, governou de 1603
a 1868.
Em meados de 1542 os portugueses chegaram com os primeiros missionários que implan-
taram o cristianismo. Entretanto, ao contrário do que fizeram na América, no Japão os “coloni-
zadores- catequistas” não tiveram sucesso, pois a história do Japão é marcada pela formação de
governos únicos como monarquias, clãs e ou famílias poderosas. Assim, no século XVII os missio-
nários jesuítas da Europa foram expulsos pelos samurais a mando dos xoguns (PERALTA, 1990).
Em 1633 os xoguns adotaram a política de isolamento, posteriormente no ano de 1639 o
fechamento dos portos. No referido período o comércio e a agricultura representavam as prin-
cipais atividades econômicas, entretanto os elevados impostos estabelecidos pelo império pro-
vocaram muitas revoltas internas.
As revoltas internas, o isolamento e o fechamento dos portos no Japão, ao longo do século
XVII, XVIII e XIX, incomodaram os Estados Unidos, país poderoso da América. Sendo assim, em
1854, uma esquadra estadunidense ameaçou bombardear a capital, forçando a abertura do Ja-
pão ao comércio do Ocidente, levando a perda de poder dos xoguns e dos samurais. O último
xogum renunciou em 1867. (ATLAS GEOGRÁFICO MUNDIAL, 2005)
O Japão viveu sete séculos de feudalismo (1192 – 1868). A monarquia foi então restaurada
em 1868 pelo imperador Meiji Mutsuhito (1886 a1912). Fatos que marcaram o governo Meiji:
• findou o feudalismo de vez;
• a transferência da capital de Kyoto para Tóquio;
• distribuição de terras para os camponeses de forma mais justa;
• o ensino primário passou a ser gratuito e obrigatório;
• criação de exército e dos zaibatsus (conglomerados nipônicos estratégicos ao desenvolvi-
mento, que originou as empresas Mitsui, Mitsubishi, Yasuda, Sumimoto entre outras);
• substituição da manufatura para maquinofatura;
• incentivo ao comércio exterior;
• em 1889 foi promulgada a Constituição que oficializou o governo como Monarquia Consti-
tucional;
• expansão imperialista para manter o crescimento, ocupação das ilhas Kurilas em 1875; “con-
quistando” territórios da Coréia e China ( Taiwan) entre 1894 e 1895; também venceram a
Rússia na guerra Russo-japonesa entre 1904 e 1905.
Para Peralta (1990, p.21):

O governo Meiji foi bastante lúdico para dar prioridade à educação, embora
seja justo reconhecer que, mesmo antes, em meados, do século XIX, a taxa de
alfabetização masculina já era de 50%. Mas o governo compreendeu que po-
pulação tecnicamente competente era imprescindível a um Estado moderno.
O Exercito e a Marinha precisavam de homens capazes de ler e conhecer os ru-
dimentos da ciência ocidental. Os homens de negócio e a indústria necessita-
vam de milhares de técnicos. Criado em 1871 o Ministério da Educação [...].

A história do Japão deixa claro o valor dado ao sistema educacional, ao contrário de


muitos outros países.
Na 1ª guerra mundial (1914-1928) o Japão foi aliado dos Estados Unidos, Reino Unido,
Rússia e França o que facilitou dominar territórios de posse da Alemanha: ilhas Marianas,
Carolinas e Marshall, localizada em pleno Oceano Pacífico.
No período de 1920 a 1930 as dificuldades econômicas no país do “Sol Nascente” cres-
ceram em função do expansionismo territorial, juntamente com a crise na bolsa de Nova
52
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

York (1929). Para complicar mais a economia interna, em 1931 o Japão ocupa a Manchúria,
região da China (o imperador era Hiroíto desde 1926), e em 1936 assinou o Pacto anticomu-
nista com a Alemanha, posteriormente o expansionismo chegou a Indochina e Sudeste da
Ásia (Filipinas, Indonésia, Birmânia).
O conjunto de ações do governo japonês afasta aliados como os Estados Unidos, Rei-
no Unido e França, assim iniciaram protestos contra o expansionismo japonês e os Estados
Unidos suspenderam a venda de petróleo para o Japão. Mediante a suspensão da venda de
petróleo e temendo o domínio dos Estados Unidos no Oceano Pacífico, e especificamente
em seu território, o Japão atacou a base estadunidense de Pearl Harbor (07/12/1941).
Tal ação selou a presença do Japão na 2ª guerra mundial ao lado da Itália e Alemanha. Figura 29: Hiroshima
após a explosão da
Sabemos que o palco das duas grandes guerras mundiais foi a Europa, contudo os Estados
bomba em 1945
Unidos e seus aliados definiram e lançaram bombas atômicas em Hiroshima (6 de agosto de
Fonte: Disponível em
1945) e em Nagasaki (9 de agosto de 1945). “Duas cidades nipônicas foram devastadas por <http://ultimosegundo.
um novo tipo de arma, a bomba atômica, cuja produção foi uma corrida de que participa- ig.com.br/segurancanu-
ram inicialmente três potencias: Alemanha, URSS e EUA” (PERALTA, 1990, p. 44). clear/mudanca+de+men
talidade+e+necessaria+
Em Hiroshima foram aproximadamente 130 mil pessoas mortas e 60% da cidade des- para+alcancar+mundo+
truída e em Nagasaki 66 mil habitantes mortos. Nos anos posteriores vieram as consequ- livre+de+armas+nuclear
ências radioativas, pessoas inocentes pagaram alto por ações inconsequentes dos líderes es/n1237588759629.html>
Acessado em 19 de julho
políticos (Figuras 29). de 2011

53
UAB/Unimontes - 7º Período

A letra da música de Vinícius de Moraes, Rosa de Hiroshima, mostra com clareza um pouco
do sofrimento do povo japonês.

Rosa de Hiroshima
Vinícius de Moraes
Composição: João Apolinário / Gerson Conrradi
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
DICA Sem rosa, sem nada
Sugestão de filme: O
Sol Fonte: http://letras.terra.com.br/vinicius-de-moraes/49279/
Direção: Alexander
Sokurov
País: Rússia Em 2 de setembro de 1945 o imperador Hiroíto (1901 – 1989) pediu armistício e assinou a
Ano: 2005 rendição incondicional, em 1952 os Estados Unidos ocuparam o arquipélago.
Gênero: Drama Em abril de 1958 o Tratado de Paz de San Francisco restabeleceu a soberania do Japão,
Duração: 115m contudo os Estados Unidos mantém bases militares estrategicamente no território japonês.
Sinopse: Em 1945, o
imperador japonês
Em 21 de janeiro de 2011 foi firmado acordo entre Estados Unidos e Japão para manter
havia ordenado ao a base de Okinawa por mais cinco anos. O acordo firmado pelos países estabelece repasse
povo e ao exército que de 188,1 bilhões de ienes (1,2 bilhões de dólares) anuais dos Estados Unidos para o Japão. No
não fossem hostis. Com acordo o Japão se responsabilize por 70% das despesas de manutenção das bases militares.
isso, barcos norte-ame- São aproximadamente 48 mil militares dos EUA distribuídos por todo o território, com mais
ricanos desembarcam
nas ilhas nipônicas. Lá,
da metade em Okinawa (FOLHA DE SÃO PAULO, 2011).
Hirohito é levado para
o tribunal de guerra,
mas o presidente
Roosevelt é desaconse-
3.2.1 Organização política e administrativa do Japão
lhado de convertê-lo a
prisioneiro de guerra.
Fonte: Disponível em
A forma de governo do Japão foi definida pela Constituição de 1947 - Monarquia Consti-
http://melhoresfilmes. tucional Parlamentarista, tem o imperador como chefe de Estado, porém quem efetivamente
com.br/filmes/o-sol governa é o 1º Ministro.
Acessado em 02 de O imperador do Japão desde 1989 é Akihito, ele nasceu em 1933 e é o 125º a ocupar o
julho de 2011 trono no Japão, o primeiro a casar-se com uma plebeia. Tem dois filhos Naruhito e Akishino,
e uma filha Sayako Kuroda. O primeiro na linha de sucessão é Naruhito, o mesmo não tem
filho e sim uma filha Aiko. Akishino é o segundo na linha de sucessão, tem duas filhas e um
filho Hisahito (nasceu em 2006), o terceiro na linha de sucessão, uma vez que a tia Sayako Ku-
roda, ao se casar, renunciou à possiblidde de herdar o trono. O primeiro ministro do Japão é
escolhido pelo Parlamento japonês.
Administrativamente, o país se subdivide em oito regiões com 47 Prefeituras (FIGURA 28).

54
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

◄ Figura 30: Divisão


Administrativa do Japão
Fonte: Disponível em
http://www.facebook.com/
pages/Prefeituras-do-Jap%
C3%A3o/102960739745937
?sk=info>> Acessado em 3
de julho de 2011

A Figura 30 mostra o território do Japão legislativo e uma burocracia administrativa. O


regionalizado em oito regiões (Hokkaido, termo Prefeitura é similar ao que chamamos
Tohoku, Kanto, Chubu (Hokuriku - Koshi- no Brasil de Estado (Brasil: 26 Estados e um
netsu - Tokai - Chunkyo), Kansai, Chugoku, Distrito Federal, especificamente em Minas
Shikoku, Kyushu) e as quarenta e sete Pre- Gerais 853 municípios, logo 853 cidades sede
feituras (Aichi, Akita, Aomori, Chiba, Ehime, destes, cada município pode ter distritos, co-
Fukui, Fukuoka, Fukushima, Gifu, Gunma, munidades, povoados). No Japão cada Prefei-
Hiroshima, Hokkaido, Hyogo, Ibaraki, Ishika- tura tem cidades com distritos e aldeias, o sis-
wa, Iwate, Kagawa, Kagoshima, Kanagawa, tema administrativo é desde a Era Meiji com
Kochi, Kumamoto, Quioto, Mie, Miyagi, Miya- adaptações ao longo do tempo.
zaki, Nagano, Nagasaki , Nara, Niigata, Oita, A moeda do Japão é o Iene, pode ser
Okayama, Okinawa, Osaka, Saga, Saitama, considerada uma moeda forte comparada
Shiga, Shimane, Shizuoka, Tochig, Tokushi- com outras, contudo o valor é menor que o
ma, Tóquio, Tottori ,Toyama, Wakayama, Ya- Dólar americano (moeda dos Estados Unidos)
magata, Yamaguchi, Yamanashi). e o Euro (moeda da União Européia).
Cada Prefeitura tem um governador, um

55
UAB/Unimontes - 7º Período

3.2.2 Japão: um país populoso e povoado que investe em educação

O Japão é um dos países mais populosos sino infantil e fundamental). As crianças de-
do mundo com cerca de 128 milhões de ha- vem ir para a escola sozinhas (mesmo as de
bitantes e com grande densidade demográfi- três anos de idade) ou com irmãos, colegas
ca 337 habitantes / Km². Desde 1973 o Japão mais velhos. A divisão em escolas primárias,
apresenta queda na taxa de natalidade 1,2 fi- secundárias e universitárias data de 1871, na
lho por mulher, além da elevada expectativa Restauração Meiji.
de vida - uma das maiores do mundo -, sendo Os japoneses, 80%, cursam o ensino se-
a expectativa média de 86 anos para mulhe- cundário (três anos), cursos profissionalizante
res e 84 para homens, o IDH é de 0,966, a pre- e superior; apesar de ser extremamente com-
visão é de que em 2050 o Japão será o país petitivo o ingresso na universidade. Entre-
com o maior número de centenários. (ATLAS tanto é bom lembrar que a disciplina rígida
GEOGRÁFICO MUNDIAL, 2005) resulta em um elevado número de suicídio de
A população do Japão pela cultura mile- crianças e jovens, fato que preocupa o gover-
nar procura manter muitos de seus costumes, no, uma vez que se tornou comum suicídio
apesar da ocidentalização fazer parte da rea- em grupo.
lidade. A vida de grande parte da população No Japão a Agência de Ciência e Tecnolo-
do Japão é muito competitiva, moram em gia solicita aos mais importantes pesquisado-
apartamentos minúsculos, procuram manter res das universidades, institutos e empresas
a religião do xintoísmo ou a filosofia de vida que a cada cinco anos façam uma lista dos
budista. avanços esperados para os próximos anos, es-
No que se refere à educação, é gratuita timulando o desenvolvimento da tecnologia.
e obrigatória dos seis anos aos 15 anos, (en-

3.3 O espaço Japonês após a II


guerra mundial
Após o final da II guerra (1945), o Japão passa por mudanças que afetaram a economia e os
aspectos sociais, a começar pelas imposições dos Estados Unidos:
• a indústria bélica foi proibida;
• acabou o monopólio dos Zaibatsus (dentre eles os quatro principais conhecidos internacio-
nalmente Mitsubishi, Mitsui, Sumitomo e Yasuda);
• perdas do controle de áreas produtoras de matérias-primas industriais;
• controle das atividades econômicas pelos Estados Unidos até 1951;
• destruição de grande parte de seu parque industrial, das instalações portuárias e das ferrovias;
Em 1947 uma nova Constituição entrou em vigor com a implantação do sistema de demo-
cracia parlamentar, limitando o poder do imperador, além de deixar clara a renúncia à guerra e o
respeito aos direitos do cidadão.
O Japão, para superar a crise, investiu em educação e tecnologia e contou com a massa de
trabalhadores que se sacrificaram para reverter o quadro de destruição. A produção tinha preço
baixo e alta qualidade para exportação, ou seja, valorização do mercado externo, priorizando a
poupança interna. Desenvolveram o método de trabalho just-in-time ou toyotismo e o governo
também incentivou a implantação da indústria naval.
O governo liberou recursos aos camponeses para retomarem a produção agrícola; implan-
tou leis de proteção ao emprego; recuperação da indústria pesada; reabertura da indústria de
bens de consumo; boa gestão dos investimentos estadunidenses do Plano Colombo.
Entretanto podemos pontuar que a reconstrução do parque fabril no Japão vai acontecer
depois de 1950. A década de 1960 fica então conhecida como o período do “milagre japonês”;
nas décadas posteriores, 1970 e 1980, o país passa a ser considerado um dos maiores produtores
industriais, juntamente com os Estados Unidos e países da Europa Ocidental.
Na década de 1990 a economia do Japão chegou ao ponto de estabilização, ou seja, já não
apresentava crescimento tão vertiginoso, mantendo apenas a dinâmica de país exportador de

56
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

produtos industrializados e importador de matéria prima como carvão, ferro, petróleo, bauxita,
entre outros. Desde então, o Japão tem enfrentado crises econômicas com os demais países do
mundo, apresentando dívida pública e aumento no número de desemprego.
O processo de reconstrução do país não foi fácil e rápido, entretanto, devemos salientar
que, ao contrário de outras Nações como Brasil, China, Índia que têm apresentado crescimento
apenas econômico, no Japão o desenvolvimento foi social e econômico. A Figura 29 possibilita
um panorama do comércio internacional do Japão.

Japão: relações comerciais

◄ Figura 31: Japão:


relações comerciais
Fonte: Sucena et al., 2010, p.

A leitura da Figura 31 demonstra as fortes relações comerciais do Japão com demais paí-
ses da Ásia, especialmente os Tigres Asiáticos (estudados na disciplina de Organização do Espaço
Mundial I); países do Oriente Médio; Nações da América (destaque para Estados Unidos e Cana-
dá), Europa, Oceania (principalmente a Austrália) e África. A Figura 29 deixa claras as áreas de ex-
portação, importação e os investimentos japoneses.

3.3.1 Aspectos econômicos do Japão

O Japão, por ser um país de poucos recursos naturais, pequeno em extensão, instabilidade
geológica poderia ser mais uma economia subdesenvolvida, porém apresenta características bas-
tante peculiares no aproveitamento territorial e ainda no desenvolvimento econômico e social.
O setor agrícola absolve poucos trabalhadores, contudo a agricultura é desenvolvida nas pla-
nícies e nas encostas das montanhas, através da técnica do terraceamento. O principal produto
cultivado é o arroz, há também o cultivo de chá, trigo, soja, cana, amoreira (utilizada para a criação
do bicho-da-seda). O chá pode ser considerado a bebida mais tradicional da cultura japonesa, é
cultivado especialmente na Ilha de Honshu.
A pecuária é pouco desenvolvida, apesar de ser importante para o país, uma vez que tem
aumentado o consumo de produtos de origem animal, a Ilha de Hokkaido se destaca na criação
de bovinos.
A pesca também tem grande importância para o Japão, pois o peixe faz parte do cardápio
podendo ser cru, cozido, seco, salgado, defumado (...), destaca também a comercialização de al-
gas comestíveis, crustáceos, moluscos e pérolas. É o país considerado mais desenvolvido em téc-
nicas de pesca, as frotas de navios pesqueiros são consideradas “fábricas flutuantes”. Em geral, nas
águas do Oceano Pacífico, os japoneses pescam atum, sardinha, cavala e salmão, o último espe-
cialmente no norte na Ilha de Hokkaido.
Os complexos industriais estão localizados nas planícies litorâneas, facilitando a exportação e
importação. O Japão ocupava a posição de 2ª posição na economia mundial em Produto Interno
Bruto –PIB- devido aos conglomerados industriais, mas em 2010 a China ultrapassou a economia

57
UAB/Unimontes - 7º Período

do Japão com previsão para superar os EUA, mas existe sempre oscilação em termos de PIB, por-
tanto o ideal é acompanhar atentamente os noticiários.
A organização das empresas japonesas se divide em dois modelos básicos:
• Redes verticais (keiretsus) – conjunto de empresas que funciona em função de uma grande
empresa especializada, exemplos: Toyota, Toshiba, Nissan, Hitachi e Matsushita. As empre-
sas menores são apenas fornecedoras e prestadoras de serviços – terciarização - .
• Redes horizontais (kigyo shudan) – herdeiras da zaibatsu, funcionam na conexão entre gran-
des empresas, exemplos: Mitsui, Mitsubishi, Sumitomo, Fuyo, Dao-Ichi Kangin e Sanwa.
A indústria japonesa é altamente desenvolvida devido aos investimentos em pesquisas
científicas e novas tecnologias, especialmente a indústria eletrônica, automóveis, robótica, têxtil,
química e informática.
É valido relembrar que o Japão e os Estados Unidos foram os países responsáveis pela 3ª
Revolução Industrial (século XX), onde os principais setores que mais desenvolveram foram in-
formática, robótica, biotecnologia, além é claro de impulsionar outros setores. A 3ª Revolução
Industrial é responsável pela automação industrial substituição de mão-de–obra humana por
máquinas.
Todo o processo de industrialização faz do Japão o país com a maior megalópole da Ter-
ra (cidades e metrópoles das Ilhas Honshu, Shikoku e Kiushu) e a cidade mais populosa Tóquio,
além de ser considerada uma cidade global juntamente com Londres (Inglaterra), Nova York (Es-
tados Unidos) e Paris (França). Entre Tóquio e Fukuoka são 900 km de distância com inúmeras
metrópoles (SUCENA, et al. , 2010a).
Os tecnopolos também fazem parte da realidade do Japão, como Ube, Hiroshima, Tsukuba,
Toyama e Nagaoba. Grande parte das transnacionais do mundo são japonesas (MiItsui, Mitsu-
bishi, Toyota Motor, Itochu, Sumitomo, Nippon Telegraph & Telephone, Marubeni ), assim como
bancos (Sumitomo, Bank of Tókio Mitsubishi)
Para o deslocamento da população e para acompanhar o dinamismo da economia, o Japão
tem um dos sistemas de transporte mais desenvolvido. Destaca o rodoviário, ferrovias de alta
velocidade e o transporte aéreo, o japonês prefere o uso do avião, seguido dos trens que são
modernos, rápidos e seguros.
A infraestrutura portuária também deve ser ressaltada, pois facilita o escoamento dos pro-
dutos industrializados, são também utilizados para receber a grande quantidade de importados.
A distribuição da indústria, os portos, as principais cidades a megalópole e a ferrovia de alta velo-
cidade é fruto da industrialização intensa. A espacialização das indústrias coincide com os portos
nas principais cidades e também com a megalópole.
A abordagem sobre o Japão deixa claro que é um país desenvolvido economicamente e so-
cialmente com cultura milenar, um povo que enfrenta diversas adversidades naturais, palco de
duas bombas atômicas, contudo a determinação dos governantes e da população possibilitou a
construção de uma sociedade competitiva e vitoriosa na ótica capitalista, apresentando elevada
escolaridade, alta expectativa de vida e uma população extremamente consumidora. Esperamos
que cada acadêmico tenha apreendido mais sobre o país do “Sol Nascente”.

Referências
ATLAS GEOGRÁFICO MUNDIAL – Para conhecer melhor o mundo em que vivemos – Ásia e
Oceania I. Barcelona (Espanha): Editora Sol 90. 3ª edição, 2005.

ÁREA NO JAPÃO DO TERREMOTO SEGUIDO DE TSUNAMI EM 2011. Disponível em <http://www.


blogintellectus.com.br/atualidades/index.php/2011/04/japao-instabilidade-geologica/> Acessa-
do em 18 de julho de 2011.

DETALHE DA PLACA TECTÔNICA DO JAPÃO. Disponível em http://labf5.blogspot.com/2011/06/


abalo-sismico.html>> Acessado em 19 de julho de 2011.

HIROSHINA APÓS A EXPLOSÃO DA BOMBA EM 1945. Disponível em <http://ultimosegundo.


ig.com.br/segurancanuclear/mudanca+de+mentalidade+e+necessaria+para+alcancar+mundo+
livre+de+armas+nucleares/n1237588759629.html> Acessado em 19 de julho de 2011.

58
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

JAPÃO: TERRITÓRIO DE TERREMOTOS E VULCÕES. Disponível em <<http://dalilabalekjian.word-


press.com/2011/03/15/tsunamis-vulcoes-terremotos-e-usinas-nucleares/>>.Acessado 03 de julho
de 2011.

LIMA, Ivaldo. A inserção do Japão na nova ordem mundial. In HAESBAERT, Rogério.(Org.) Globa-
lização e fragmentação no mundo contemporâneo. Rio de janeiro: EDUF, 1998.

MULHER CIBERNÉTICA NO JAPÃO. Disponível em <<http://www.google.com.br/


imgres?q=japa%>> Acessado em 19 de junho de 2011.

PERALVA, Osvaldo. Um retrato do Japão. São Paulo: Moderna, 1990

REGIÃO DE TORINOUMI, ANTES E DEPOIS DA TSUNAM EM 2011.Disponível em <http://www.ino-


vacaotecnologica.com.br/noticias> . Acessado 19 de julho de 2011.
SUCENA, Ivone Silveira et al. Trabalhando com mapas: O mundo desenvolvido. São Paulo: Ática,
2010a.

QUADRO 04 MAIORES PRODUTORES DE ENERGIA NUCLEAR DO MUNDO. Disponível em <http://


www.grandesconstrucoes.com.br/br/index.php?option=com_conteudo&task=viewNoticia&
id=5406>> Acessado em 19 de julho de 2011.
QUATRO MAIORES ILHAS DO JAPÃO. Disponível em <<http://www.portalsaofrancisco.com.br/
alfa/japao/japao.php>> Acessado em 19 de junho de 2011.

VOGEL, Ezra F. – O Japão como Primeira Potência. Brasília: Universidade de Brasília, 2007.

TREMOR E TSUNAMI NO JAPÃO MATAM MAIS DE 300; CENTENAS ESTÃO SUMIDOS. FORTE ABALO
DE MAGNITUDE 8,9 ATINGIU A COSTA PRÓXIMO À ILHA DE HONSHU.HOUVE DESTRUIÇÃO NO LI-
TORAL DA PRINCIPAL ILHA DO PAÍS, E HÁ QUASE MIL FERIDOS.Disponível em: <<http://g1.globo.
com/tsunami-no-pacifico/noticia/2011/03/tremor-e-tsunami-no-japao-deixam-mais-de-mil-mor-
tos-e-desaparecidos.html>> Acessado em 02 de julho de 2011.

TSUNAMI NO JAPÃO EM 2011. Disponível em <http://blog.marcolino.com.br/word-


press/2011/03/15/forca-japao/> Acessado em 02 de julho de 2011.

59
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

UNIDADE 4
América Anglo-Saxônica:
percalços e desafios vivenciados
pelos Americanos que nasceram
em “Berço de Ouro”
Era um garoto / Que como eu / Amava os Beatles / E os Rolling Stones. Girava o
mundo / Sempre a cantar / As coisas lindas / Da América...
Composição: Migliacci / Lusini

◄ Figura 32: Capitão


América
Fonte: http://revistaogrito.
com/papodequadrinho/
page/15/ acesso em julho
de 2011

61
UAB/Unimontes - 7º Período

O trecho da música “Era um Garoto”, cantada no Brasil pelo grupo musical Engenheiros do
Havaí (que também é responsável pela tradução da música), retrata como o mundo viu os Es-
tados Unidos durante muitos séculos, pelo menos, esse foi o objetivo desse país ao criar heróis
como o Capitão América (FIGURA 32) e o Super Homem que têm em suas roupas a estilização da
bandeira desse país.
Sua soberania no continente e no mundo foi evidenciada também através de seu papel de
defensor dos mais pobres, como os países da América Central e do Oriente Médio, pois um dos
ideais desse país é a defesa dos diretos humanos, a democracia e a liberdade. Entretanto, sabe-
mos que a sua história aponta para várias contradições no tocante à liberdade, democracia e di-
reitos igualitários entre os seus próprios cidadãos.
Nesse sentido, trabalharemos nesse capítulo não só a história os Estados Unidos – EUA, mas
também da América Anglo-Saxônica (EUA e Canadá), indicando a você os percalços e desafios
desse pedaço da América.

4.1 A América dos Americanos (do


norte): a prosperidade e os novos
desafios
Pensar a diversidade em um continente como o americano é tarefa de vários estudiosos da
história, da geografia e das ciências sociais e políticas. A nós, geógrafos, cabe interpretar esse
espaço que é palco de grandes desigualdades sociais, região conhecida como América Latina
(como discutido na disciplina Organização do Espaço Mundial I) e compreender as diferenças, os
desafios e as oportunidades enfrentados pela parte mais abastada da América, a América Anglo-
-Saxônica.
Países como Canadá e Estados Unidos têm em comum a prerrogativa de fazerem parte do
mundo desenvolvido e por esse motivo grande parte de sua população conta com uma boa qua-
lidade de vida. Entretanto, estar em condição privilegiada também implica responsabilidades para
a manutenção dessa situação num mundo onde poucos têm muito e muitos têm pouquíssimo.
Tendo clara essa perspectiva, idealizamos essa unidade com os seguintes objetivos:
• caracterizar as diferentes regionalizações da América ao Norte;
• conhecer as características físicas e sociais da América Anglo-Saxônica;
• entender a formação histórico-cultural dos Estados-Nações que compõem essa região (EUA
e Canadá);
• discutir o papel dos EUA dentro do sistema mundo;
• analisar os novos desafios que os EUA têm que enfrentar para se manter como líder mundial;
• conhecer o Canadá, um país tido como um dos mais desenvolvidos do mundo.
Esperamos que, ao final da leitura, você terá uma visão panorâmica desses países.
Uma excelente leitura!

4.2 As regionalizações da América


Devemos iniciar nossas análises sobre a América relembrando que existem diversas formas
de regionalizá-la. Mais uma vez nos reportamos ao caderno didático da disciplina Organização
do Espaço Mundial I. Nesse Caderno podemos verificar que uma das formas de se regionalizar
esse continente é considerar a sua posição geográfica (veja o mapa da p. 42 do caderno didático
citado). Nessa perspectiva, temos a divisão das Américas em: América do Norte (detém 54% da
área), América do Sul (com 44% do continente) e América Central (2% das terras), veja o Gráfico 4

62
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

Percentual de Terras entre as Américas

2%

54% ◄ Gráfico 4: Percentual de


Terras entre as Américas
44% Fonte: SUCENA, et all.,
América do 2010, p. 6.

Norte
América do
Sul
América
Central

dos e Canadá). O aspecto populacional tam-


bém é considerável. Nesse quesito, a Amé-
rica do Norte conta com um adensamento
populacional de aproximadamente 450 mi-
lhões de habitantes. Quanto a América do
Sul, essa tem a expressiva marca de 390 mi-
lhões de habitantes e a América Central 90
milhões de habitantes (dados do Banco Mun-
dial – 2009).
Outra forma de se regionalizar o con-
tinente diz respeito a sua forma de coloni-
zação. Parte da América foi povoada por
ingleses e tem laços étnicos, linguísticos e
culturais com a Inglaterra. A outra parte foi
colonizada por povos de língua e cultura lati-
nas (principalmente portugueses, espanhóis
e franceses). Desse ponto de vista, conside-
ramos que a América pode ser dividida em
América Anglo-Saxônica (FIGURA 33), com-
posta por dois dos maiores países do mundo
em extensão territorial, Estados Unidos e Ca-
nadá e América Latina (já discutida na disci-
plina Organização do Espaço Mundial I).
Essa forma de regionalização do conti-
▲ nente é imperfeita, pois existem países como
Figura 33: América Anglo-Saxônica: Divisão Política a Guiana, na América do Sul, e diversas ilhas
Fonte: SUCENA, et all., 2010, p. 37. como Belize na América Central que são pa-
íses de língua anglo-saxônica, mas que não
costumam ser considerados parte do que se
Podemos perceber, ao analisar o Gráfico 1, convencionou chamar de América Anglo-Sa-
que o percentual de terras da América do xônica. A província de Quebec, no Canadá,
Norte é considerável, apesar ser composta fala o francês, uma língua latina. Veja a FIGU-
por apenas três países (México, Estados Uni- RA 34, que demonstra essas distorções.

63
UAB/Unimontes - 7º Período


Apesar das distorções apresentadas na Figura 34, devemos entender que essa forma de
Figura 34: Ilustração
da distorção da
regionalizar tem como finalidade apontar os países desenvolvidos da América, que possuem
regionalização por os melhores indicadores sociais e condições econômicas. Veja o Quadro 09 que aponta a
colonização: países porcentagem de analfabetos na população dos países da América.
de língua latina na
America Anglo- QUADRO 8: Índice de Analfabetismo nos Países Americanos em 2009
Saxônica e de língua
anglo-saxônica na
Menos de 4% Entre 5% a 10% Entre 11% e 20% Mais de 21%
América Latina.
Fonte: http://trabalho-
derecuperaao.blogspot. Estados Unidos México Jamaica Guatemala
com/2009/12/geografia.
html acesso em ju- Canadá Paraguai Honduras Haiti
lho/2011.
Cuba Brasil República Dominicana

Fonte: Relatório do Desenvolvimento Humano, 2010.

64
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

O Quadro 08 apresenta a realidade social diferenciada dos países da América Anglo-Sa-


xônica. Devemos observar que, quanto maior a população alfabetizada de um país, maior
será sua capacidade de se desenvolver, pois contará com um grande número de trabalhado-
res com potencial para se especializar e conseguirem melhores condições de vida.
Outro indicador relevante que indica a homogeneidade entre os países que compõem a
América Anglo-Saxônica é a expectativa de vida e mortalidade infantil (TABELA 1).

TABELA 1: Expectativa de Vida e Mortalidade Infantil nos Países Americanos em 2009

Mortalidade infantil
Países Expectativa de vida (em anos)
(por mil nascidos vivos)
Canadá 83 5
Estados Unidos 81 6
Chile 82 7
Brasil 76 22
Bolívia 68 43
Haiti 63 62
Fonte: FNUAP – Fundo de População das Nações Unidas, 2009.

Verificamos na Tabela 1 que a maior expectativa de vida e a menor mortalidade infantil


são do Canadá e dos EUA, respectivamente. A intenção de inserirmos essa discussão ainda
na introdução de nossos estudos é de que você perceba que, seja qual for o indicador socio-
econômico que usemos, esses dois países se saíram bem em detrimento dos demais países
da América Latina.
Esse é um dos motivos que levam à grande proteção da fronteira dos Estados Unidos
com o México. Por ser um país com problemas sociais característicos dos países em desen-
volvimento, vários mexicanos historicamente migram clandestinamente para o país vizinho
em busca de melhores condições de vida. Em outubro de 2006, o Senado estadunidense
aprovou uma lei que instituiu a construção de um muro de 1.100 Km de extensão nessa fron-
teira, com o objetivo de impedir que os latinos (principalmente os mexicanos) adentrassem
o país clandestinamente. Outros problemas diplomáticos entre países em desenvolvimento
e EUA aconteceram no mundo nos vários anos de prosperidade que vivenciou esse país.
A seguir, entretanto, iniciaremos outras análises sobre esse espaço privilegiado dentro
do nosso continente.

4.3 Estrutura geológica e relevo


A estrutura geológica da América Anglo-Saxônica apresenta escudos cristalinos em sua
porção norte e nordeste, bacias sedimentares em sua parte central e dobramentos moder-
nos com incidência de cadeias montanhosas em sua porção oeste (Motanhas Rochosas, Ca-
deia da Costa, Serra Nevada, entre outras).
A área de dobramentos modernos apresenta grande instabilidade geológica, pois o
choque entre a placa do Pacífico, a placa Euro-Asiática e a placa Americana é responsável
pela origem das cadeias montanhosas modernas. Esse processo se iniciou há 65 milhões de
anos e resultou em diversos abalos sísmicos (terremotos), vulcanismo, além de falhas geoló-
gicas (Falha de San Andreas). Veja na Figura 35 como acontece o processo na área em ques-
tão que é parte do Círculo de Fogo do Pacífico.

65
UAB/Unimontes - 7º Período

Figura 35: As placas ►


tectônicas e o relevo do
continente americano.
Fonte: SUCENA, et all.,
2010, p. 17.

Quanto ao relevo, a América Anglo-Saxônica apresenta diversificações ao longo de seu ex-


tenso território. Na parte oeste, os dobramentos modernos deram origem a elevadas cadeias
montanhosas (Cadeia das Cascatas, Serra Nevada e Cadeia da Costa), como já discutimos; na par-
te central predominam as grandes planícies sobre as bacias sedimentares (planície do Kansas)
onde ocorre petróleo, gás natural e carvão vegetal, e a leste aparecem planaltos (Planalto Cana-
dense e Montes Apalaches) nas áreas de escudos cristalinos (veja a Figura 36).

66
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

◄ Figura 36: Relevo da


América do Norte
Fonte: SUCENA, et all.,
2010, p. 21.

Os picos de altitude expressiva se concentram na parte oeste, pelas razões já expostas. En-
tre esses podemos destacar: Monte Mchinley (6.187m), Monte Logan (6.050m) e Monte Whitney
(4.418m).
As características do relevo aliadas às influencias do clima e da hidrografia determinaram o
tipo de vegetação encontrada ao longo do território em questão, como veremos a seguir.

67
UAB/Unimontes - 7º Período

4.4 Hidrografia, clima e vegetação


O litoral da América Anglo-Saxônica é Quanto à porção central, essa sofre
muito recortado, apresentando grande nú- grande ação dos fenômenos da continen-
mero de golfos, baias, penínsulas e ilhas. talidade e da proximidade do círculo Polar
Apresenta, ainda, densa rede hidrográfica. Ártico. Por isso os climas predominantes
A bacia dos rios Mississípi-Missouri é a mais são polar, frio e temperado. Já a parte leste
extensa e a mais importante delas. Juntos, apresenta, além dos climas já citados, o cli-
esses dois rios têm uma extensão de 6.270 ma subtropical, devido à proximidade das
km, ocupando a quarta posição no mundo. terras com o Trópico de Câncer. Merece des-
Outro ponto relevante no tocante à hidro- taque em nossas análises a ação da corrente
grafia da área é a expressiva quantidade de do golfo que, por ser quente, ameniza os in-
lagos, dentre os quais se destacam o conjun- vernos das áreas de climas temperados, mais
to denominado de Grandes Lagos (1. Lago próximas ao litoral, como em Washington,
Superior, 2. Lago Michigan, 3. Lago Huron, 4. capital dos EUA.
Lago Erie e 5. Lago Ontário) que são inten- Sabemos que a vegetação e o clima es-
samente utilizados para a navegação, por se tão intrinsecamente relacionados, e na área
situarem entre os Estados Unidos e a maior em estudo não é diferente. A porção oeste,
área industrializada do Canadá, ligando es- onde há predominância dos climas frios e
ses países ao oceano Atlântico através do rio polares, devido à latitude ou da altitude,
São Lourenço. possui uma vegetação caracterizada pela
Quanto ao clima, podemos analisar que Tundra, Floresta Boreal, Vegetação de Mon-
a grande extensão territorial aliada a sua po- tanha, Desértica e Semidesértica. Ainda nes-
sição geográfica (as terras se estendem des- sa área deve ser destacada a região de São
de o círculo Polar Ártico até as proximidades Francisco, que conta com o clima e a vege-
do trópico de Câncer), as grandes altitudes, tação Mediterrânea. A porção central con-
a continentalidade (áreas situadas no inte- ta com a ocorrência da Floresta Boreal, da
rior dos continentes) e as correntes maríti- Tundra e das Estepes e Pradarias. Na poção
mas permitem uma variedade climática sig- mais a leste desse território, ocorre a Vege-
nificativa. tação Desértica e Semidesértica, a Tundra,
Entre as correntes frias que agem no a Floresta Boreal e a Floresta Sub-Tropical e
território, devemos destacar a de Labrador Temperada, essa última apresenta as quatro
que age na porção leste e da Califórnia que estações bem definidas.
age a oeste. Quanto às quentes destacamos Devemos discutir, entretanto, que essa
a corrente do Golfo que se origina no Golfo classificação fitográfica diz respeito à co-
do México. bertura original dessa parte do continente.
Na parte oeste do continente há o pre- Atualmente (2011), grande parte da fauna e
domínio dos climas polar, frios, temperados, da flora foram extintas em função do desen-
chegando a semi-áridos e desérticos. Com volvimento de diversos setores produtivos
exceção do clima predominante na região (indústria e agricultura) e do crescimento
de São Francisco caracterizado como medi- das cidades.
terrâneo. Isso se deve às grandes latitudes O “progresso” se deu em parte, em fun-
(posição geográfica: próximo ao círculo Po- ção do uso predatório dos recursos naturais
lar Ártico), à altitude, à continentalidade e à (minerais e energéticos).
influência da corrente da Califórnia.

4.5 Recursos minerais e


energéticos
Uma das razões do grande desenvolvi- muitas décadas, foi o maior produtor mun-
mento industrial dos Estados Unidos é seu dial. Seu subsolo também é rico em carvão
potencial energético. Em 1854, esse país mineral, o que possibilitou a instalação de
descobriu que possuía petróleo e, durante inúmeras siderúrgicas.

68
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

Segundo dados da CIA The World Fac- Toda a riqueza natural aqui retratada Dica
tbook (2010), o país é responsável pela pro- permitiu que esse país se desenvolvesse Assista ao documentário
dução de 10% do petróleo, 17% do gás na- nos setores de metalurgia e papel. Quanto de Annie Leonard sobre
tural e 22% do carvão vegetal extraídos no à última podemos inferir que 35% de toda a o consumo no padrão
dos Estados Unidos. O
mundo. Apesar de todo esse potencial ener- produção mundial de papel de jornal ocor- documentário é dublado.
gético, 55% do petróleo consumido nos EUA rem no Canadá. Todo esse crescimento foi Não deixe de assistir!
são importados. Isso se deve ao aumento possível também em função da exploração Parte 1: http://
www.youtube.com/
considerável do consumo interno no país da Floresta Boreal, abundante no território watch?v=ZpkxCpxKilI
nos últimos anos, que possui a maior frota canadense. Parte 2: http://
de veículos do mundo. Todo o desenvolvimento exposto teve www.youtube.com/
watch?v=ZgyNw5pIX
Outro ponto que merece destaque é a um alto custo ambiental. O Canadá e os EUA E8&NR=1
sua produção mineral que garante seus gran- contam com grandes e graves problemas am- Parte 3: http://www.
des parques industriais. Os EUA é o segundo bientais. Nas áreas de intensa concentração in- youtube.com/watch?v=K
9WRHwn4Kdg&feature=
produtor de cobre, atende a 26% do fosfato dustrial, como na região dos Grandes Lagos e related
utilizado no mundo para fabricação de fertili- grande parte da porção oeste da América An-
zantes e estão entre os cinco maiores produto- glo-Saxônica, há o predomínio da poluição do
res de chumbo e zinco do mundo. ar e, consequentemente, aumento da incidên- Para saber mais
Outros minérios como ferro, cobre, bau- cia de chuvas ácidas (Figura 37 e 38) que com- A poluição na atmosfera,
xita, urânio, ouro e prata são explorados ao prometem o solo, a água, a vegetação e os além de contribuir para o
aumento do tão conhe-
longo de todo território estadunidense. monumentos históricos das grandes cidades, cido fenômeno do efeito
O Canadá também conta com um sub- como em Nova York, Boston, Washington, De- estufa, também contribui
solo rico, mas em recursos energéticos. Sua troit, Montreal, Quebec e Toronto. Áreas que para a acidez da água,
ocorrendo a precipitação
produção de carvão e petróleo é significati- praticam a agricultura mecanizada e intensiva de chuva ácida. Forma-
va e é o terceiro país na produção mundial sofrem com solos muito degradados sujeitos ção: A Chuva ácida é
gás natural. O país extrai um terço de todo à desertificação e erosão. A intensa atividade caracterizada por um pH
abaixo de 4,5. É causada
o urânio e potássio produzidos no mundo. petrolífera e a grande movimentação dos por- pelo enxofre proveniente
Quanto à produção de níquel e zinco, esse tos (os mais movimentados do mundo) cola- das impurezas da queima
ocupa a terceira colocação no rancking mun- boram para a poluição das águas litorâneas do dos combustíveis fósseis
(carvão ou derivados de
dial. Destaca-se, também, pela grande pro- Atlântico, do Pacífico e do golfo do México. petróleo) e pelo nitro-
dução de ferro, cobre e cobalto. gênio do ar, que se com-
binam com o oxigênio
para formar dióxido de
enxofre (SO2) e dióxido de
nitrogênio (NO2). Estes se
difundem pela atmosfera
e reagem com a água para
formar ácido sulfúrico
(H2SO4) e ácido nítrico
(HNO3), que são solúveis
em água. Um pouco de
ácido clorídrico (HCl)
também é formado.
Fonte: http://amanature-
za.com/conteudo/artigos/
chuva-acida acesso em
julho de 2011.

◄ Figura 37: Causas e


conseqüências das
chuvas ácidas
Fonte: http://mundoedu-
cacao.uol.com.br/geo-
grafia/chuvas-acidas.htm
acesso em julho de 2011.

69

Figura 38: Monumento A partir de agora, discutiremos como aconteceu todo o processo de desenvolvimento desses dois
corroído pela chuva
ácida.
países, que não contam apenas com aspectos positivos, como pudemos perceber nessa breve análise.
Fonte: http://amanatu-
reza.com/conteudo/arti-

4.6 A história da colonização da


gos/chuva-acida acesso
em julho de 2011

Dica
América Anglo-Saxônica
Leia mais sobre o A história da colonização da América Anglo-Saxônica tem início em 1492 com a chegada do ge-
assunto no final desse
capítulo. Texto: EUA e
novês Cristóvão Colombo, que servia à coroa espanhola. O desbravador tinha o objetivo de descobrir
Meio Ambiente. um novo caminho para as Índias, nome que dimensionava todo o Oriente, como alternativa para rea-
lizar o comércio. Entretanto, o navegador chegou em 12 de outubro à Ilha de Guanahaní, batizada por
Colombo com o nome de San Salvador e que atualmente (2011) tem o nome de Bahamas.

Atividade
1. Leia a charge e in-
terprete como o autor
interpreta a relação
entre europeus e ame-
ricanos.

70
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

◄ Figura 39
Fonte: http://www.
portalsaofrancisco.com.
br/alfa/colonizacao-da-
-america/descobrimen-
to-da-america-10.php
acesso em julho/2011

Para saber mais


A Origem do Homem
nas Américas
Quando pensamos so-
bre a origem dos seres
humanos na América
muitas são as hipóte-
ses que se erguem. Há
estudiosos que tratam
do aparecimento do
primeiro grupo huma-
no na América acerca
de 15 mil anos. Outros
trabalham com a hipó-
tese de 30 mil anos; e
há um grupo que fala
em 50 mil anos. Outra
questão que merece
nossa reflexão é enten-
der como esses grupos
chegaram. Sobre isso
existem duas hipóte-
ses: a primeira diz que
os primeiros grupos
humanos vieram da
Ásia, terra mais próxi-
ma desse continente,
passaram pelo estreito
de Bering, chegando
primeiramente ao
Alasca. O outro diz que
No ano de 1500 é descoberto o Brasil. o Tratado de Tordesilhas em 1494, que dividiu a esses vieram da Oce-
Américo Vespúcio junto a outros navegado- América do Sul entre esses povos. ania, em canoas, pelo
oceano Pacífico.
res são incumbidos pela coroa espanhola de Prosseguido em nossas análises, destaca- Apesar das intensas
explorarem a região hoje (2011) chamada de mos que os objetivos da colonização da Amé- pesquisas realizadas
Antilhas e o litoral atlântico na parte mais ao rica não foram iguais. Na América Latina, o por especialistas, ainda
não foi possível saber
sul dos territórios descobertos. Em 1508, esses processo aconteceu com uma só finalidade, a com precisão como
desbravadores chegam à península de Yuca- exploração (colonização de exploração). Isso esses homens viviam e
tán – México, e no ano de 1512 chegam à Fló- significa que o território conquistado teve o que teoria seria a mais
correta. Isso porque
rida e ao delta do rio Mississipi (EUA). Diante desígnio de abastecer a metrópole coloniza- resta pouco material
de toda a vastidão da área recém-descoberta, dora com as riquezas naturais encontradas. para estudo como,
concluem que descobriram um novo conti- Quanto a América Anglo-Saxônica a história por exemplo, pinturas
rupestres e objetos
nente. O nome América é dado à nova terra é diferente, apesar de não menos conflituo- de pedras (machados,
em homenagem a Américo Vespúcio. (SANTA- sa. Povos ingleses e franceses (anglo-saxões) pontas de flechas,
NA, 2001) invadiram o território dos povos Esquimós, etc.). Os vestígios mais
antigos de grupos hu-
É preciso ressaltar, no entanto, que ou- Comanches, Apaches, Sioux, Iroqueses, com o manos no continente
tros povos de origem europeia – portugue- objetivo de ocupar e povoar o território. foram encontrados no
ses, ingleses e franceses – também chegaram Mas nem todo o território anglo-saxão estado do Piauí (Brasil),
e pelos testes realiza-
à América e contribuíram com o processo de foi colonizado com o esse objetivo. Algumas dos parecem ter mais
colonização do continente. Como sabemos, colônias da região sul dos EUA (Maryland [em de 40 mil anos.
esse processo não foi pacífico e resultou em 1632], Carolina do Norte e Carolina do Sul Fonte: SUSCENA, 2010,
p. 14-15.
sangrentas lutas pela posse do território, seja [1663] e Geórgia [1733]) foram colonizadas sob
entre nativos e colonizadores ou entre povos forte influência de todas as atividades que ca-
colonizadores de diferentes nacionalidades. racterizam a colonização de exploração, como
Para resolver o conflito por terras entre a coroa o domínio da estrutura tradicional de produ-
portuguesa e espanhola, por exemplo, criou-se ção, o latifúndio monocultor voltado para ex-

71
UAB/Unimontes - 7º Período

Para saber mais portação, segundo o interesse da metrópole. As terras que lhe couberam nesse conti-
A Inglaterra iniciou seu
Para melhor compreender como acon- nente formam o atual Canadá chamado pela
processo de expansão tece a colonização no território anglo-sa- metrópole francesa de Nova França. A Fran-
marítima no final do sé- xão, é preciso que haja uma contextualiza- ça conseguiu se fixar ainda em algumas ilhas
culo XV, após a Guerra ção com o que se passava na Inglaterra e na do Caribe (América Central) e em um país da
das Duas Rosas, com a França nesse período histórico. América do Sul, a Guiana Francesa. Várias ten-
ascensão da Dinastia
Tudor, que deu início à
A Inglaterra vivia um momento favorá- tativas foram realizadas no intuito de tomar
formação do absolutis- vel à colonização, uma vez que a burguesia posse das terras brasileiras, mas não houve
mo e desenvolveu uma estava enriquecida pela prosperidade nos sucesso.
política mercantilista. negócios e a frota de navios havia sido re- Para entender o declínio do domínio
No entanto, as expe- forçada pelo reinado da rainha Elizabeth francês em terras americanas, devemos vol-
dições que, a princípio
pretendiam encontrar
I que governou no período mercantilista. tar à análise de que esse país se envolveu
uma passagem para o Por outro lado, nas cidades inglesas havia em diversas guerras com grandes potências
Oriente, não tiveram uma quantidade considerável de homens da época colonial, como Espanha e Ingla-
resultados efetivos, pobres, que deu origem ao fenômeno do terra. A Guerra dos Sete Anos (1756-1765) é
seja pelos conflitos êxodo rural, provocada pelos cercamentos exemplo disso, pois o resultado foi a perda
com a Espanha, ou com
os povos indígenas na
e ainda uma parte da burguesia que sofria progressiva de território do Canadá, o leste
América do Norte. com perseguições religiosas. Essas foram as do Mississipi (EUA) e as pequenas Antilhas
Fonte: http://www. pessoas que se aventuraram nas novas ter- na América Central, que passaram para o
historianet.com.br/ ras descobertas na América. domínio inglês e espanhol.
conteudo/default. Como podemos perceber o objetivo de No caso canadense podemos inferir
aspx?codigo=145 aces-
so em julho de 2011.
quem migrava para a terra nova, era cons- que a região do entorno de Quebec, Mon-
truir um novo lar, realidade muito diferente treal, Balttie Harbour e Fort Chimo tiveram
da vivenciada na América Latina. colonização francesa. Nas demais áreas do
Glossário Quanto ao domínio francês na América, país não aconteceu o mesmo e na atualida-
esse se iniciou ainda no século XVI no con- de essas áreas adotam o inglês como língua
Cercamentos - pro-
cesso de exclusão dos texto das grandes navegações europeias. oficial, o que demonstra suas origens colo-
trabalhadores de seu Entretanto, as diversas guerras em que esta- niais.
meio de sustento, as va imerso esse país causaram grandes pro- Veremos nos tópicos a seguir, um pou-
terras produtivas, na blemas de ordem financeira, o que inibiu co mais sobre a história das grandes nações
transição do feudalis- sua atuação como colonizador da América. anglo-saxônicas (EUA e Canadá).
mo para o capitalismo,
mediante sua transfor-
mação em proprieda-

4.7 Nasce os Estados Unidos: os


de. Esse processo acon-
teceu na Inglaterra.
Fonte: http://www.
usp.br/fau/docentes/
depprojeto/c_deak/
CD/4verb/cercamentos/
index.html, acesso em
desafios de um gigante
julho de 2011.
A lenda de Rip Van Winkle cidadão livre, americano da recém-formada
Para saber mais federação dos Estados Unidos da América. Em
Uma famosa lenda norte-americana do vez de prestar homenagem a um rei, ele agora
Para entender melhor a século XVIII conta a estória do preguiçoso jo- tinha o direito de agir, de se expressar e de re-
questão dos cercamen-
tos é preciso entender vem Rip Van Winkle, que, fugindo das tarefas zar conforme estipulavam os direitos que por
que a propriedade é domésticas impostas pela esposa rabugenta, lei haviam sido decretados. E, de quatro em
precisamente a institui- foi passear com seu cachorro nas montanhas quatro anos, ele poderia votar para um novo
ção fundamental do ca- Catskill, no atual estado de Nova Iorque. Lá presidente que, como o de então, George
pitalismo, que permite ele encontrou um grupo de homens velhos Washington, exercia poderes delimitados por
vedar ao trabalhador o
acesso aos meios (terra, que se divertiam e bebiam cerveja holande- uma Constituição respaldada no consenso dos
recursos naturais) e dos sa. Rip Van Winkle exagerou na bebida e caiu governos, os cidadãos.
instrumentos (maqui- num sono profundo. Ao acordar, deparou-se Contaram para Rip Van Winkle que seus
nário) de produção, com uma mudança total – a aldeia com outra amigos tinham deixado a pequena aldeia
obrigando-o a vender aparência, as pessoas vestidas de outra ma- para se alistar, juntamente com os moradores
o que lhe resta, a
força de trabalho - por neira e, entre elas, nenhum conhecido. Deva- de outras aldeias, nas forças coloniais que lu-
um salário. Assim a garinho, Rip percebeu que tinha dormido por taram pela liberdade, contra a metrópole in-
propriedade é uma vinte anos. Ele, que era agora velho, tinha sido, glesa. Falaram para Rip sobre lugares que ele
condição sine qua non antes de dormir, um fiel súdito do rei Jorge III desconhecia no passado, mas que todos pas-
do assalariamento, a da Inglaterra e um amável membro da colô- saram a conhecer então, mesmo sendo distan-
relação de produção
nia inglesa de Nova Iorque. Agora, via-se um tes da aldeia. Ao longo do período colonial, a

72
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

frágil cadeia de treze colônias que se estendia pelas transformações estruturais, tecnológicas predominante do
ao longo do litoral leste dos atuais Estados e econômicas ocorridas durante a Revolução capitalismo. Historica-
mente, a propriedade
Unidos, desde Nova Hampshire até a Geórgia, Industrial na Inglaterra, como pelo processo
foi introduzida na
povoada por ingleses e europeus, transfor- de revolução política em curso na Europa, que transição do feudalis-
mou-se, a partir da independência, num pre- culminaria no fim do Antigo Regime e que mo para o capitalismo
cário Estado independente americano. teve, posteriormente, na Revolução Francesa, para controlar o acesso
A lenda de Sleepy Hollow, ou a estória uma das suas maiores expressões. às terras produtivas,
que de feudo ou terra
de Rip Van Winkle, nos serve, nos dias atuais Fonte: NARO, N.P.S. A formação dos Esta-
comunal passaram a
como uma divertida ilustração do processo dos Unidos. São Paulo: Atual, 1994. constituir propriedade.
relativamente rápido pelo qual as treze colô- Conheça a estória na integra no site: A transformação do
nias inglesas passaram a conduzir a ruptura do http://thebigrocks.com/5-questions-about- feudo em propriedade
pacto colonial com a Inglaterra. Ganharam sua -your-change/rip-van-winkle/ transformou os senho-
res feudais em capita-
soberania durante um período marcado tanto
listas. A transformação
das terras comunais em
propriedade - através
do processo de cerca-
mentos (enclosures) na
Inglaterra, que durou
do século XVI ao século
XVIII - privou os traba-
lhadores da possibilida-
de de produzirem seus
meios de subsistência,
obrigando-os a vender
sua força de trabalho
e assim transformou
os servos e pequenos
produtores indepen-
dentes em assalariados,
a relação de produção
predominante no capi-
talismo.
Fonte: http://www.
usp.br/fau/docentes/
depprojeto/c_deak/
CD/4verb/cercamentos/
index.html acesso em
julho de 2011.

◄ Figura 40: Rip-Van-


Winkle
Fonte: http://thebigrocks.
com/5-questions-about-
-your-change/rip-van-
-winkle/ acesso em julho
de 2011

A passagem de um país colonial para um tência”. Em conformidade com as palavras da


país independente e soberano (1776) repre- autora acrescentamos que, para se tornar Na-
senta um dos passos fundamentais no pro- ção, o país deve ter coesão social, consciência Para saber mais
cesso que levou à formação do líder mundial, coletiva e atores sociais conscientes de seu o Canadá é um país que
o Estado-Nação Estados Unidos da América papel (cidadania). Ter instituições e cidadãos, adotou oficialmente o
- EUA. Apesar de termos discutido um pouco além do território, é a fórmula básica para se bilingüismo (francês e
inglês) para se manter fiel
sobre o que é ser Estado-Nação no Caderno “criar” um Estado-Nação. as suas origens francesas
Didático da disciplina Organização do Espaço Os EUA vão em busca dessa fórmula, e britânicas. As línguas
Mundial I (veja página 52-53), devemos deixar dando início ao processo de conquista de seu esquimó, atabasca e
misquito-mategalpa ainda
clara nossa posição sobre o tema, pois existe vasto território. O Tratado de Paris de 1783 de- são idiomas falados pelas
uma ampla e diversificada literatura sobre o monstra a vitória desse país sob esse aspecto, populações do extremo
assunto. pois a assinatura desse acordo foi o fim vito- norte do país até sua área
central.
Para Naro (1994, p. 06) “o Estado é um rioso do Norte na Guerra da Independência Fonte: Atlas Geográfico
conjunto de arranjos de natureza institucional (1775-1783). Agora os confederados do Sul Mundial: para melhor
que disputam o direito de reproduzir a eco- (Alabama, Geórgia, Flórida, Texas, Carolina do conhecer o mundo em
que vivemos – América
nomia, de exercer a coerção e de estabelecer Norte, Carolina do Sul e Virgínia) eram parte do Norte e Caribe, 2005,
normas ideológicas que legitimam sua exis- de uma só nação. p. 36.

73
UAB/Unimontes - 7º Período

A “marcha para oeste” foi outra forma de do século XIX. Esse alargamento de fronteiras
se alargar o território do país, antes composto só foi possível graças à grande massa de mi-
pelas 13 Colônias (veja FIGURA 41). A conquista grantes vindos da Europa (que se encontrava
do território a oeste desse país independente em crise) com o objetivo de construir um novo
foi iniciada em meados do século XVIII e início lar em terras americanas.

Figura 41: As Treze ►


Colônias
Fonte:http://www.
ostreze.net/2011/06/as-
-treze-colonias-inglesas-
-na-america.html acesso
em julho de 2011.

Para saber mais


Os Estados Unidos da
América foram forma-
dos por treze colônias:
Nova Hampshire (que
incluía o atual estado
de Maine), Massa-
chustts, Connecticut,
Rhode Island, Nova
Iorque, Nova Jersey,
Pensilvânia, Delaware,
Maryland, Virgínia,
Carolina do Norte,
Carolina do Sul e Geór-
gia. Leia mais sobre o
assunto no site http://
www.culturabrasil.org/
indepeua.htm. Graças a esse exército atraído pelos ideais de liberdade e igualdade, foi possível aumentar
Fonte: http://www. o tamanho do país de 2,3 milhões de quilômetros quadrados (em 1790) para 9,8 milhões de qui-
culturabrasil.org/inde- lômetros quadrados (território atual), estendendo-se desde as margens do oceano Atlântico até
peua.htm acesso em o Pacífico (NARO, 1994). Entretanto, essa conquista territorial (FIGURA 42) significou a dizimação
julho de 2011
de outros povos, os indígenas americanos que viviam nesse espaço entendido pelos “chegantes”
como “vazio”.

74
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

dos EUA eram protestantes que viam o lucro e


as riquezas como consequência de uma esco-
lha divina e do trabalho, e não como um peca-
do. Essa ética protestante foi um importante
fator cultural que justificou a expansão territo-
rial norte-americana, sendo considerada natu-
ral e benéfica, e não uma agressão aos povos
que já habitavam o território.
Na realidade, a doutrina do Destino Mani-
festo justificou, no início, a conquista de terras
até o limite natural imposto pelo Rio Mississipi
(área original das Treze Colônias inglesas); pos-
teriormente, foram conquistados novos terri-
tórios que se estendem até o oceano Pacífico.

A incorporação de novos territórios fez parte
Figura 42: A Expansão do Território dos EUA do periodo do imperialismo interno, que se
Fonte: http://marlivieira.blogspot.com/2009/07/estados- iniciou na independência que a nação ameri-
-unidos-da-america.html
cana obteve em relação à Inglaterra em 1776,
e continuou durante o século XIX, no período
O Destino Manifesto conhecido como Marcha para o Oeste. A fome
de terras dos imigrantes e as agressões come-
Depois de conquistar a independência em tidas em nome do Destino Manifesto dos EUA
1776, a nova nação inicou sua expansão terri- contribuíram para empurrar suas fronteiras
torial tendo como justificativa a ideologia do desde o rio Mississípi até a costa oeste.
Destino Manifesto, ou seja, a certeza de que o O presidente James Buchanan, no discur-
povo norte-americano fora predestinado por so de sua posse em 1857 deixou bem clara a
Deus a ocupar e colonizar as terras que se es- determinação do domínio norte-americano:
tendiam até o Pacífico; havia sido escolhido por “A expansão dos Estados Unidos sobre o
Deus para levar seus valores a territórios sob o continente americano, desde o Ártico até a Amé-
poder de outros Estados ou dos “peles verme- rica do Sul, é o destino de nossa raça (...) e nada
lhas”. A maior parte dos primeiros habitantes pode detê-la”.

◄ Figura 43:
Representação
Progresso Americano
Fonte: http://
pt.wikipedia.org/wiki/
Evolu%C3%A7%C3%A3o_
territorial_dos_Estados_
Unidos

75
UAB/Unimontes - 7º Período

Glossário Pintura de 1872 que representa a Marcha para o Oeste dos EUA. A obra foi intitulada Pro-
gresso Americano e é de autoria do pintor John Gast. Na cena, uma mulher angelical, algumas
Anuência - s.f. ação ou
efeito de anuir; apro- vezes identificada como Colúmbia, (uma personificação dos Estados Unidos do século XIX) carre-
vação, consentimento: gando a luz da “civilização” juntamente a colonizadores americanos, prendendo cabos telégrafo
isso foi feito com a por onde passa. Há também Índios Americanos e animais selvagens do oeste “oficialmente” sen-
anuência de todos. do afugentados pela personagem.
Fonte: http://www.
Com o fim da Guerra da Independência e com o início da ocupação do novo território (o
dicio.com.br/anuencia/
oeste estadunidense), a questão fundamental para os EUA passou a ser a organização de um
poder central, ou seja, a instituição do governo nacional federalista. Esse passou a contar com a
Para saber mais anuência dos governadores dos estados antes independentes.
Os benefícios advindos da criação de uma forte autoridade central atraíram o apoio de co-
O sonho americano
Em geral, o sonho ame- merciantes e agricultores interessados em ganhos particulares como “ajuda” na comercialização
ricano pode ser defini- de sua produção. Outras classes sociais privilegiadas também aceitavam o novo governo, em tro-
do como a igualdade ca de barganhas financeiras e posições políticas favoráveis aos seus negócios.
de oportunidades e de Entretanto, devemos ressaltar que a história oficial descreve que todo o processo de inde-
liberdade que permite pendência e instituição do Estado-Nação EUA, foi balizado em valores democráticos, dos quais
que todos os residen-
tes dos Estados Unidos destacamos os princípios de liberdade e igualdade, o que nos remete a outro quesito da receita
atinjam seus objetivos da criação de um Estado-Nação forte.
na vida somente com A proposta de liberdade era desconhecida em outros lugares naquela época, mas pareciam
seu esforço e determi- garantidos e abrangentes nos EUA. Isso atraiu grande número de migrantes para o território,
nação. Hoje, essa ideia principalmente europeus, que se sentiam oprimidos em seus países (como já discutimos ante-
expressa pela primei-
ra vez em 1931 por riormente). Essa era uma terra “aberta”, “despovoada”, e que queria imigrantes e oferecia a seus
James Truslow Adams, filhos cidadania imediata (jus soli).
refere-se que a pros- Entretanto, Wallwestein (2002, p. 201), autor americano que trabalha a história e geopolítica
peridade depende de dos EUA em sua obra, argumenta que a história oficial dessa nação omite que os princípios de
suas habilidades e seu liberdade - igualdade e a acolhida aos migrantes eram válidas somente para brancos, europeus
trabalho, e não em uma
rígida hierarquia social, ocidentais e protestantes.
embora o significado
da frase tenha mudado Esta primazia política dos brancos europeus não era exclusiva dos Estados Uni-
ao longo história dos dos. O fato é que, apesar de suas afirmações de liberdade universal, os Estados
Estados Unidos. Para Unidos não se diferiam de outros países neste particular. (...) Os Estados Unidos
alguns, é a oportu- sempre tiveram muito a oferecer para este grupo privilegiado. As fronteiras se
nidade de conseguir ampliaram, os confins foram colonizados, os migrantes assimilados e o país se
mais riqueza do que manteve, como George Washington o conclamava, livre das “insídias engana-
eles poderiam ter nos doras da influência estrangeira (...)”.
seus países de origem,
para outros é a chance Liberdade e escravidão foram um dilema emblemático vivido durante toda a história dos
para os seus filhos de EUA. Aos negros vindos da África (desde o período colonial) para a prática do trabalho escravo
crescer com uma boa
educação e grandes nunca couberam os princípios que balizavam a nação.
oportunidades e, final- Nesse contexto, o que mais nos chama atenção é que, na atualidade (2011), não houve ne-
mente, alguns o veem nhum esforço por parte da sociedade ou do Estado para se diminuir os problemas raciais e so-
como a oportunidade ciais entre os negros pobres e os brancos ricos desse país.
de ser um indivíduo O modelo de “desenvolvimento” e “prosperidade” criado e praticado por essa sociedade
sem restrições base-
adas em raça, classe, serve como modelo para o mundo, desde seu apogeu como líder mundial. Exemplo disso é a ex-
religião, etc. Embora o pressão amplamente utilizada “sonho americano”. Ela retrata as oportunidades e a liberdade go-
termo seja associado zada pelos cidadãos estadunidenses, desde que trabalhem por uma vida melhor. Todos os anos
frequentemente com a milhares de pessoas são atraídas a esse país com o objetivo de melhorar sua qualidade de vida
imigração nos Estados e daqueles que ficaram em seus países de origem. Mas a realidade aponta que o preço da liber-
Unidos, os america-
nos nativos também dade foi à escravidão, o preço da prosperidade foi à miséria e o da inclusão foi à exclusão nesse
descrevem-no como “à país, e o sonho americano é alcançado por poucos.
procura do sonho ame- Nesse sentido, podemos afirmar que, até os dias atuais, existe um “apartheid” no Sul do país,
ricano” ou “vivendo o como também na maioria das grandes cidades e universidades do Norte.
sonho americano”. Após refletir sobre o exposto, você deve estar se perguntando: mas, afinal, como esse país
Fonte: http://www.
historianet.com.br/ se tornou o gigante mencionado no título dessa seção, o líder mundial que estamos acostuma-
conteudo/default. dos a ver na mídia?
aspx?codigo=756 aces- Aqui devemos analisar que foram os ideais de liberdade, prosperidade e oportunidade
so em agosto de 2011 (mesmo que de parte da população) que contribuíram de fato para que esse país se tornasse
uma superpotência mundial.
A história nos revela que a I Guerra Mundial (1914-1918) foi o detonador do processo de as-
censão dessa Nação.

76
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

4.8 EUA: surge um líder mundial


Podemos inferir que, durante a I Guerra Mundial, o presidente Woodrow Wilson decretou
várias medidas de grande impacto econômico que contribuíram para a emergência dos EUA
como líder no cenário mundial. Algumas metas formam impostas aos empresários industriais,
aos operários e agricultores; houve campanhas para incentivar a produção e o engajamento do
país na guerra, além do controle e intervenção do Estado nas ferrovias e telégrafos do país.
Essas medidas desencadearam um rápido crescimento de importantes setores produtivos
como a agricultura (25%) e o carvão mineral (40%) (RUA, 1998). Esse aumento produtivo signifi-
cou um aumento de arrecadação de impostos, o que permitiu mais investimentos nos diversos
setores do país e mais dinheiro para financiar a Guerra.
Ao final da I Guerra (1918) o país estava transformado, pois se ampliaram as bases para o
crescimento produtivo e o resultado foi a sua emergência como potência internacional.
As indústrias automobilística, do cinema e do rádio contribuíram para o crescimento econô-
mico e para uma imagem mundial positiva dos EUA. Esses três itens (automóveis, cinema e rádio)
tornaram-se rapidamente em elementos fundadores do modo de vida estadunidense e todo o
mundo queria acompanhar esse ritmo de crescimento e prosperidade. Todos conheciam o Char-
les Chaplin, queriam um carro e um rádio em casa.
Os produtos produzidos pelos EUA eram avidamente consumidos (interna e externamente),
a construção civil crescia e renovava as cidades em um ritmo frenético e as empresas americanas
subiam de preço a cada dia. A Bolsa de Valores atingia cifras exorbitantes, deixando uns muito ri-
cos da noite para o dia e outros muito pobres no mesmo ritmo. O capital produtivo (que deveria
ser investido na indústria, por exemplo,) se tornou especulativo (investimentos em papéis – títu-
los de empresas, comprados de acordo com o interesse momentâneo do investidor) e multiplica-
ram-se as instituições financeiras em Wall Street.
Como resultado da superprodução de mercadorias aconteceu a Crise de 1929 ou a quebra
da bolsa de Nova York em 29 de outubro de 1929. Arbex Júnior (1993, p. 23) explica que

A quebra da bolsa aconteceu porque havia uma diferença cada vez maior entre
os preços das mercadorias e produtos comercializados no mercado, e os preços
das ações das companhias e empresas produtoras. Os preços das mercadorias
caíam, mas os das ações eram negociados a valores mantidos artificialmente,
pelo puro jogo especulativo. Um simples boato de que tal empresa havia, por
exemplo, encontrado petróleo no Texas poderia aumentar em muito o seu valor.

A crise da economia estadunidense significou a perda das economias de milhares de famí-


lias. Significou, ainda, o fechamento de 5 mil estabelecimentos bancários e 32 mil casas comer-
ciais. Houve a falência de milhares de indústrias e os serviços públicos entraram em colapso (AR-
BEX JR., 1993).
Só em 1932, com a eleição de Franklin Delano Roosevelt os Estados Unidos começam a ven-
cer a crise. Esse presidente democrata assumiu quatro vezes o cargo de presidente da república
nesse país. Ele foi o responsável pela instituição da política do New Deal (Novo Acordo) consi-
derado por muitos autores, como Arthur Schelesinger Jr (1992, p.54), como “a maior revolução
norte americana do Século XX”.
O Presidente Roosevelt (FIGURA 44) foi o responsável pelas maiores reformas econômicas e
sociais da história dos EUA. A partir do New Deal foi criada uma estrutura nacional de seguridade
social, foram “civilizadas” as relações entre capital e trabalho e assegurou-se um mínimo de bem-
-estar aos pobres, além de estabilizar uma sólida classe média, que, para Arbex Jr. (1993, p. 27),
era “a coluna dorsal do capitalismo americano”. Como podemos analisar, o referido presidente
pensou nos interesses comuns em uma sociedade altamente individualista e que apostava na
iniciativa privada.
O presidente Roosevelt deixa o poder em 1945, ano de sua morte. O legado deixado por
ele foi um país com a economia estruturada e com trabalhadores amparados pela previdência
social, além de moralizar o serviço público e ter criado projetos públicos que captavam preciosos
recursos para o Estado.
Toda a reestruturação do país do período Roosevelt permitiu que esse tivesse força o sufi-
ciente para emergir pós II Guerra Mundial como a potência econômica e militar do mundo ca-
pitalista capaz de fazer frente à ameaça do socialismo soviético. Mas temos que ressaltar que o
referido presidente enfrentou diversas oposições, tanto dos membros mais conservadores do

77
UAB/Unimontes - 7º Período

Partido Democrata quanto do Republicano, que acreditavam estar se tratando de um presidente


“socialista”.
Aqui abriremos aspas para voltar à obra de Arbex Jr (1997, p. 27) que analisa a política esta-
dunidense na seguinte perspectiva,

(...) a política dos Estados Unidos é determinada por uma bipolaridade que, em
circunstâncias distintas, sempre marcou a política americana: a tensão entre
“individualistas” – os que defendem o primado do “cada um por si” – e “socia-
listas” – os que têm certas preocupações com o bem-estar da sociedade como
condição para a evolução da nação como um todo. (...) a vida política dos Es-
tados Unidos é determinada por uma série de ciclos, em que os dois pólos se
sucedem. Quando a economia está mal, como na Grande Depressão, e o país
tem de se recuperar, são os “sociais” que ganham predominância. Atingindo
▲ novamente um estágio de equilíbrio e abastança, os conservadores passam à
frente, e começa um novo ciclo de individualismo.
Figura 44: Franklin
Delano Roosevelt, 32º
presidente democrata Nesse sentido, a política do New Deal foi amplamente discutida e alterada, principalmen-
dos Estados Unidos te após a reorganização econômica desse país. Entretanto, podemos afirmar que essa política
(1933-1945) que foi tão importante para o nascimento da potência mundial que podemos dizer, em consonância
governou esse país com a obra dos autores citados nesse capítulo, que a história contemporânea dos EUA se resume
por quatro mandatos a uma luta entre facções políticas que eram a favor ou contra as reformas econômicas e sociais
falecendo durante o
último. criadas pelo presidente Roosevelt.
Fonte: http://pt.wikipedia.
org/wiki/Franklin_Dela-

4.9 Estados Unidos: os desafios


no_Roosevelt

de um líder
produtivo estavam em pleno funcionamento,
graças às políticas adotadas no New Deal e o
estímulo da indústria bélica. O “detalhe” mais
importante desse novo cenário é que esse país
saiu ileso da guerra, uma vez que em seu terri-
tório não houve confronto, já a Europa estava
destruída.
O mundo capitalista em ruínas foi então
liderado por este país. Para Arbex Jr. (1997)
essa nova realidade foi internacionalmen-
te formalizada com as conferências de Yalta
(União Soviética) e Potsdam (Alemanha) em
fevereiro e agosto de 1945. Nesses eventos, a
“União Soviética, Estados Unidos e Grã-Breta-
nha dividiram o mundo em esferas de influên-
cia, tendo como pólos opostos Moscou e Wa-
shington.” (ARBEX JR., 1997, p. 32)
A criação das Nações Unidas foi um des-
dobramento dessas conferências. Em 25 de
abril de 1945, 48 Estados se reuniram em São
Francisco (Califórnia) com o objetivo de criar
tal organização que trabalharia no intuito de
pacificar o mundo. Entretanto, nenhum acor-
do foi suficiente para apaziguar ambos os la-
▲ dos que tinham desconfianças mútuas sobre
Figura 45: A Ordem Como discutimos até aqui, durante a Primei- os planos rivais de domínio do mundo.
Bipolar ra Guerra os EUA conseguiram uma posição de Depois da Segunda Guerra esse país pas-
Fonte: http://www. destaque no cenário mundial como seu líder. sou a ser o único capaz de fazer frente à ame-
infoescola.com/historia/
guerra-fria/
Nesse momento da história, os Estados aça socialista representada pela União das
Unidos passava por um crescimento econômi- Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS. Era o
co invejável e sua infraestrutura e maquinário início da Ordem Bipolar (FIGURA 45).
78
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

Nasce então a Guerra Fria, uma guerra com caráter político, econômico, social e ideológico
entre as superpotências, que tinha o objetivo de ampliar suas áreas de influência no mundo.
Uma das estratégias aplicadas para a conquista de territórios pelas superpotências teve ca-
ráter econômico. A consequência imediata dessa estratégia foi a globalização das economias do
mundo, o que significa dizer que qualquer mudança na política interna americana passava a ter
consequências para o mundo inteiro. A recíproca também passou a ser verdadeira, havendo oci-
lações na economia mundial, haverá também repercussões na estadunidense.
O marco desse processo foi o Plano Marshall (FIGURA 46), criado em 5 de julho de 1947, com
o objetivo de contribuir na reconstrução econômica da Europa Ocidental e o Plano Colombo
para o Sul e Sudeste da Ásia (Japão e os Tigres foram beneficiados). Esse planos eram uma forma
de “defendê-los” do socialismo.

◄ Figura 46: países que


receberam benefícios
do Plano Marshall e
datas dos acordos
Fonte: Arbex Jr., 1997,
p. 34

A reconstrução econômica da Europa Ocidental e Japão significou a garantia de uma mas-


sa expressiva de clientes estrangeiros para as empresas estadunidenses e a conquista de aliados
confiáveis. A resposta soviética não tardou e houve a criação do Conselho para Assistência Mú-
tua – COMECOM (1949).
Outra estratégia tem um teor militar: foi a institucionalização da Organização do Tratado do
Atlântico Norte – OTAN (1949), estendendo sua proteção militar aos países a ele aliados. A res-
posta soviética não tardou e houve a criação da Organização do Tratado do Sul e Sudeste da Ásia Dica
- OTASE (1954) e do Pacto de Varsóvia. O resultado foi a corrida armamentista que beneficiou so-
Você sabia?
bremaneira a economia dos Estados Unidos. Significa dizer que as tecnologias de guerra foram A expressão Segundo
revertidas para o setor civil que as transformavam em máquinas altamente sofisticadas. Exemplo Mundo entrou em
mais marcante pode ser dado pelo setor de informática. Em um curto espaço de tempo os com- desuso com o fim do
putadores passaram a fazer parte da vida do cidadão médio estadunidense. Socialismo
http://www.usp.
O mundo entra então na era da comunicação de massa, com a internet, a televisão, os apa-
br/fau/docentes/
relhos celulares. O mundo socialista se tornou a parte obscura da aldeia global que se comunica- depprojeto/c_deak/
va em tempo real graças a essas tecnologias não existentes no segundo mundo. CD/4verb/cercamentos/
Muitos autores apontam que o fim simbólico da Guerra Fria foi a queda do muro de Berlim index.html, acesso em
(Alemanha) em 1989. Para Arbex Jr. (1997, p. 88) significou também “a passagem de problemas, julho de 2011.
ou, mais concretamente, da crise do sistema socialista”. Entretanto, não podemos dizer que havia
um sistema no mundo ocidental que poderia resolver os problemas dos países socialistas. Aliás,
um dos indícios de que o capitalismo estava também em crise era a sua incapacidade de resolver
tais problemas como salários baixos, desemprego, baixa qualidade de vida.
Na década de 1990, os EUA nada tinham a fazer, além de proclamar sua superioridade. En-
tretanto, o conflito de Los Angeles em maio de 1992 demonstra como o sistema capitalista em
seu berço estava fragilizado.

79
UAB/Unimontes - 7º Período

O conflito em Los Angeles (Califórnia – oeste dos EUA) foi a revolta de jovens, velhos, mulhe-
res, negros, hispânicos e alguns americanos brancos que saíram as ruas para protestar contra o
racismo das autoridades que inocentaram quatro policiais que haviam espancado brutalmente
um motorista negro que dirigia em alta velocidade. Os manifestantes saquearam supermercados
e enfrentaram a polícia em três dias de conflito. Vale ressaltar que esse não foi o único momento
marcante da história desse país de ordem racista, mas de fato foi o que tomou proporções mais
graves, uma vez que a cidade foi transformada em um espaço de guerra e posteriormente Nova
Iorque e outras importantes cidades do país foram tomadas por manifestações similares.

4.10 O mundo multipolar e a


situação da superpotência
O conflito de Los Angeles serve para demonstrar que não houve vitoriosos na guerra fria. Os
Estados Unidos, objeto de nossas análises, tiveram na década de 1990 um sério impacto econô-
mico com o fim do “equilíbrio do terror”. O investimento no setor bélico não significava apenas a
construção de armas. O projeto criado por Ronald Reagan chamado de Guerra nas Estrelas (1983)
significava na verdade investimentos em tecnologia de ponta, pesquisas nas áreas da informá-
tica, da física quântica e biológica, entre outros. Com o fim desse modelo de economia, o líder
capitalista tem que encontrar um novo caminho para fazer frente aos países como Japão e a Eu-
ropa Ocidental que, ao contrário do cenário do Pós II Guerra, encontram-se em plena expansão
econômica.
A solução encontrada por George W. Bush foi manter a “agressividade”. Houve invasões no
Figura 47: Imagem
Panamá (1989), no Golfo Pérsico (1992), na Somália (1992), todas planejadas e executadas a par-
de George W. Bush e tir das mais diversas desculpas como declarar guerra aos narcóticos, brecar o novo “Hitler” ou
Bin Laden. Ao fundo socorrer as vítimas da fome (respectivamente). Foi a forma encontrada por esse presidente para
edifício World Trade manter a indústria bélica ativa.
Center no choque com É válido relembrar que nunca houve uma guerra em solo estadunidense. O atentado terro-
aviões seqüestrados
pela Al-Qaeda.
rista de 11 de Setembro de 2001 (FIGURA 47) teve uma grande repercussão no mundo devido a
Fonte: http://www.
sua violência, ao grande número de vítimas e por ser a primeira vez na história em que essa na-
essaseoutras.com.br/ ção precisou enfrentar uma situação de guerra em seu solo.
dez-anos-da-tragedia- Sem dúvida, o 11 de Setembro foi o marco na história mundial que demonstra que todos os
-de-11-de-setembro-nos-
-estados-unidos-fotos
países do mundo precisam se preparar para combater o terror. A guerra contra o terrorismo é a
nova forma de se fazer a guerra no mundo contemporâneo.

80
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

A economia mundial não caminha bem nesse período, a recessão está presente constante-
mente. A receita para a já declarada crise do capitalismo e por consequência de sua superpotên-
cia foi a união de dois fatores: a recessão econômica mundial (pouca circulação de dinheiro) e o
grande liberalismo econômico dos EUA (abandono da economia às leis de mercado).

4.11 O NAFTA no contexto


econômico estadunidense
Uma das formas de fortalecimento das economias do mundo multipolar foi a construção de blo-
cos econômicos. Nesse sentido, o que marca a América Anglo-Saxônica é a criação do North American
Free Trade Agreement ou Tratado Norte Americano de Livre Comércio - NAFTA (FIGURA 48).


O Chile é um dos associados no acordo de livre comércio e as expectativas são para que em Figura 48: bandeira dos
breve esse país venha a fazer parte como um membro efetivo do tratado. países pertencentes ao
O objetivo do NAFTA é eliminar barreiras alfandegárias, tentando fazer frente à concorrência NAFTA ( EUA, Canadá e
mercadológica da União Européia, mercado comum que, em geral, têm dado bons frutos. México).
O Nafta entrou em vigor em 1994, mas existe desde 1989 quando foi assinado um acordo de Fonte: http://www.ustr.
gov/trade-agreements/
liberalização econômica entre Canadá e EUA. Esse foi o seu embrião. free-trade-agreements/
O México foi convidado a participar do tratado por ser esse um grande consumidor de pro- north-american-free-tra-
dutos made in EUA e Canadá. O prazo para que haja total eliminação das tarifas alfandegárias de-agreement-nafta
entre esses é de 15 anos.
Para alguns estudiosos do tema, esse acordo foi benéfico para a economia do México por
ter contribuído para a concorrência de seus produtos frente aos de origem japonesa e da União
Européia. Outros defendem a tese de que o tratado transformou o Canadá e o México em “colô-
nias” dos EUA.

81
UAB/Unimontes - 7º Período

O Canadá, apesar de ser um dos países mais desenvolvidos do mundo quanto à economia e
qualidade de vida (quarta posição quanto ao IDH e o oitavo lugar no índice de PIB por habitante),
tem uma forte dependência dos recursos financeiros dos EUA.

4.12 O Canadá, um gigante de


menor expressão na economia-
mundo, mas com alta qualidade
Figura 49: Paisagem das
montanhas canadenses
de Alberta.
de vida
Fonte: http://www.cana-
daporgenymorais.blogger. Atualmente (2011) o Canadá ocupa uma área de 9.984.670 km2, e é considerado o segundo
com.br/2010_05_01_archi-
ve.html maior país do mundo (superado apenas pela Rússia). É o país que possui maior extensão no con-

tinente americano e está dividido em onze províncias e dois territórios (FIGURA 49).

82
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

O Canadá foi colonizado em meados do Século XVI por ingleses (a maioria do território) e por
franceses. Entretanto, somente em meados do Século XVIII teve início a colonização da costa do
Pacífico. O interior do país manteve-se inexplorado até o Século XIX, quando foram construídas as
primeiras ferrovias. Os canadenses de origem francesa se concentram especialmente na província
de Quebec, onde são a maioria da população. Outros grupos de origem francesa vivem em Nova
Brunswick e Ontário.
Essa dupla colonização marcou a vida política e cultural desse país. A província de Quebec, já cita-
da região de colonização francesa, orgulha-se por ter um forte movimento separatista com a intenção
de se tornar um país independente.
As línguas oficiais desse país são o francês e o inglês, mas apenas em 1969 a primeira passa a ser
considerada oficial. Do total de sua população 31.271.000 habitantes, 22,5% fala o francês e 64% o in-
glês (CANADA’S NATIONAL STATISTICAL AGENCY, 2010).
Os EUA e Canadá são tradicionais sócios. Como já discutido, a partir de 1989, com a assinatura do
Acordo de Livre Comércio, as relações comerciais se estreitam.
Para saber mais
Quanto à economia, esse país mantém uma balança comercial favorável exportando 66,4% de
produtos manufaturados, 13,3% de produtos agrícolas e 10,3% energéticos e minerais (EDITORIAL SOL Capital: Ottawa
GO, 2005). O aumento das exportações e o desenvolvimento de sua economia se traduziram em um (1.125.000 habitantes)
Densidade demográfi-
crescimento econômico recorde de 4,2% em 1999. Foi o maior índice entre os países do G-7. ca: 3,1 habitantes/km2
O índice de desemprego de 6,6% não era observado desde meados dos anos 1970. A inflação Moeda: dólar cana-
está sob controle e os cofres públicos apresentam superávit (2,9%) (EDITORIAL SOL GO, 2005). dense
Constituição do país:
1867 (criação da
Federação do Canadá)
e 1931 (Reino Unido
reconhece indepen-
decia)
Forma de Governo:
monarquia (chefe de
eestado é o sobera-
no do Reino Unido,
reprsentado por um
governador-geral)
Sistema de governo:
parlamentarismo
Fonte: EDITORIAL SOL
GO, 2005, p. 54-55.

◄ Figura 50: Informações


sobre Economia
Canadá
Fonte: EDITORIAL SOL GO,
2005.

83
UAB/Unimontes - 7º Período

Figura 51: Estados ►


Unidos e o meio
ambiente
Fonte: Mundo Jovem: um
jornal de idéias, Ano 48, n.º
417, jun/2011.

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________________. Após o liberalismo: em busca da reconstrução do mundo. Tradução de
Ricardo Anibal Rosenburch. Petrópolis/RJ: Vozes, 2002.
85
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

Resumo
A disciplina Organização do Espaço Mundial II, retratada nesse Caderno Didático, é de gran-
de heterogeneidade:
• Na Unidade I foram abordados os blocos econômicos, as modalidades de suas configura-
ções e suas relações com a economia internacional, além do papel da OMC no controle do
comércio mundial.
• Na Unidade II foi apresentada a Europa e suas múltiplas paisagens, assim como a complexi-
dade da formação do bloco União Européia, o alargamento, as dificuldades nos períodos de
crise mundial e as perspectivas para um futuro incerto.
• Na Unidade III foi descrito o panorama japonês, uma sociedade de alto nível intelectual, tra-
balhadora, que enfrenta várias adversidades devido à geografia física, além de compreen-
der a participação do Japão nas duas guerras mundiais, as consequências pelo alargamento
territorial, a história desde o feudalismo japonês.
• Na Unidade IV tratou-se da América Anglo- Saxônica, a formação da potência Estados Uni-
dos, os dilemas vividos na contemporaneidade, além de entender-se melhor a importância
do bloco NAFTA para cada país membro; e um pouco da história do gigante Canadá.

Nas Unidades I, II, III e IV você compreendeu a formação dos principais blocos econômicos,
os espaços da América Anglo-Saxônica (Estados Unidos e Canadá), Europa, Japão (Ásia). Desco-
briu que há nesses espaços uma geografia física bastante diversificada, desertos, montanhas,
vulcões ativos, grandes terremotos, ou seja, instabilidade geológica, lugar de grandes civili-
zações, palco de guerras, conflitos que vão desde questões territoriais a religiosas, cultura que
influenciou e influencia a formação de outras sociedades. Nações de imperadores, reinados,
governos, líderes competentes que atuam como atores na economia mundial, população que
transforma as riquezas naturais em melhoria das condições sociais. A América Anglo-Saxônica
(Estados Unidos e Canadá), a Europa e o Japão (Ásia) apresentam territórios altamente industria-
lizados, responsáveis pelas revoluções industriais (1ª (Inglaterra), 2ª (Estados Unidos e Alemanha)
e 3ª (Estados Unidos e Japão)), pelas ondas tecnológicas. Nações desenvolvidas economica-
mente e socialmente e, ainda, você entendeu que o alargamento da União Européia é questão
de manutenção das economias, assim como o fortalecimento dos demais blocos econômicos.
Aprendeu que a OMC, as transacionais e governos competentes fazem toda a diferença na forma
de viver da população, entretanto compreendeu que toda a dinâmica das relações comerciais
visa unicamente à maximização do lucro, ou seja, atende aos moldes do capitalismo.

87
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

Referências
Básicas

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90
Geografia - Organização do Espaço Mundial II

Atividades de
Aprendizagem - AA
1) Identifique dez países membros da União Européia.

2) Identifique as áreas numeradas no mapa.

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UAB/Unimontes - 7º Período

3) Discuta de forma contextualizada o liberalismo, o papel da OMC na formação dos blocos eco-
nômicos.

4) Produza uma abordagem sobre o processo de formação do bloco União Européia, o alarga-
mento até 2007, os desafios e perspectivas depois da crise econômica de 2008.

5) Apresente um panorama da Geografia física dos Estados Unidos, Japão e da Europa.

6) Descreva as características econômicas dos Estados Unidos e Japão, considere o crescimento


econômico da China, que ocupa o primeiro lugar como credor dos Estados Unidos e superou o
Japão, segundo a segunda economia no cenário global.

7) O NAFTA é um bloco formado por Estados Unidos, México e Canadá, todos da América do
Norte, contudo com realidades econômicas sociais bem distintas. Avalie as vantagens para o Mé-
xico de pertencer ao bloco.

8) Considere seus estudos em Organização do Espaço Mundial I e Organização do Espaço Mun-


dial II e faça uma leitura da charge e da tirinha.

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Geografia - Organização do Espaço Mundial II

9) Com base em todas as Unidades desse Caderno Didático faça uma leitura do Mapa, considere
as regiões industrializadas e os fluxos indicados pela setas.

10) A figura evidencia o consumo e produção de petróleo na Terra. Observe com atenção e dis-
cuta a relação de dependência do Japão e da Europa.

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