Você está na página 1de 58

Guilherme Augusto Guimarães Oliveira

Rachel Inêz Castro de Oliveira

Geomorfologia
Ambiental

1ª EDIÇÃO

Montes Claros/MG - 2014


Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES

REITOR César Henrique de Queiroz Porto


João dos Reis Canela Cláudia Regina Santos de Almeida
Fernando Guilherme Veloso Queiroz
VICE-REITORA Luciana Mendes Oliveira
Antônio Alvimar Souza Maria Ângela Lopes Dumont Macedo
Maria Aparecida Pereira Queiroz
DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES Maria Nadurce da Silva
Jânio Marques Dias Mariléia de Souza
Priscila Caires Santana Afonso
EDITORA UNIMONTES Zilmar Santos Cardoso
Conselho Consultivo
Antônio Alvimar Souza REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA
César Henrique de Queiroz Porto Carla Roselma Athayde Moraes
Duarte Nuno Pessoa Vieira Waneuza Soares Eulálio
Fernando Lolas Stepke
Fernando Verdú Pascoal REVISÃO TÉCNICA
Hercílio Mertelli Júnior Karen Torres C. Lafetá de Almeida
Humberto Guido Káthia Silva Gomes
José Geraldo de Freitas Drumond Viviane Margareth Chaves Pereira Reis
Luis Jobim
Maisa Tavares de Souza Leite DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
Manuel Sarmento Andréia Santos Dias
Maria Geralda Almeida Camilla Maria Silva Rodrigues
Rita de Cássia Silva Dionísio Sanzio Mendonça Henriques
Sílvio Fernando Guimarães Carvalho Wendell Brito Mineiro
Siomara Aparecida Silva
CONTROLE DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO
CONSELHO EDITORIAL Camila Pereira Guimarães
Ângela Cristina Borges Joeli Teixeira Antunes
Arlete Ribeiro Nepomuceno Magda Lima de Oliveira
Betânia Maria Araújo Passos Zilmar Santos Cardoso
Carmen Alberta Katayama de Gasperazzo

Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge - Unimontes


Ficha Catalográfica:

2015
Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.

EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro, s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG) - Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089
Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214
Ministro da educação diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS/
Cid Gomes Unimontes
Maria das Mercês Borem Correa Machado
Presidente Geral da CAPeS
Jorge Almeida Guimarães diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH/Unimontes
Antônio Wagner Veloso Rocha
diretor de educação a distância da CAPeS
Jean Marc Georges Mutzig diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA/Unimontes
Paulo Cesar Mendes Barbosa
Governador do estado de Minas Gerais
Fernando Damata Pimentel Chefe do departamento de Comunicação e Letras/Unimontes
Mariléia de Souza
Secretário de estado de Ciência, Tecnologia e ensino Superior
Vicente Gamarano Chefe do departamento de educação/Unimontes
Maria Cristina Freire Barbosa
Reitor da Universidade estadual de Montes Claros - Unimontes
João dos Reis Canela Chefe do departamento de educação Física/Unimontes
Rogério Othon Teixeira Alves
Vice-Reitor da Universidade estadual de Montes Claros -
Unimontes Chefe do departamento de Filosofia/Unimontes
Antônio Alvimar Souza Alex Fabiano Correia Jardim

Pró-Reitor de ensino/Unimontes Chefe do departamento de Geociências/Unimontes


João Felício Rodrigues Neto Anete Marília Pereira

diretor do Centro de educação a distância/Unimontes Chefe do departamento de História/Unimontes


Fernando Guilherme Veloso Queiroz Claudia de Jesus Maia

Coordenadora da UAB/Unimontes Chefe do departamento de estágios e Práticas escolares


Maria Ângela lopes Dumont Macedo Cléa Márcia Pereira Câmara

Coordenadora Adjunta da UAB/Unimontes Chefe do departamento de Métodos e Técnicas educacionais


Betânia Maria Araújo Passos Helena Murta Moraes Souto

Chefe do departamento de Política e Ciências Sociais/Unimontes


Carlos Caixeta de Queiroz
Autores
Guilherme Augusto Guimarães Oliveira
Mestre em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela Universidade
Federal de Minas Gerais - UFMG; Especialização em Saneamento e Meio Ambiente
pela Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes; Graduação em Engenharia
Civil pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG; Professor do Departamento
de Geo-Ciências da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes

Rachel Inêz Castro de Oliveira


Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU; Especialização
em Gemologia pela Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP; Graduação em
Engenharia Geológica pela Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP; Professora
do Departamento de Geo-Ciências da Universidade Estadual de Montes Claros -
Unimontes
Sumário
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Geomorfologia Ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.2 Sistemas geomorfológicos e geossistemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.3 Sistemas geomorfológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

1.4 Geossistemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

1.5 Recursos naturais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

1.6 Conservação de recursos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Planejamento ambiental e Impactos Ambientais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

2.2 Planejamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

2.3 Planejamento ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

2.4 Impactos ambientais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

2.5 Avaliação de impactos ambientais - AIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

2.6 Movimentos de massas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

2.7 Desertificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

2.8 Geomorfologia litorânea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

Referências básicas, complementares e suplementares . . . . . 55

Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Geografia - Geomorfologia Ambiental

Apresentação
Caro(a) acadêmico(a):
Nesta disciplina, vamos abordar diversos assuntos de grande importância para a socieda-
de atual, pois queremos que você perceba que a Geomorfologia Ambiental é uma das áreas das
Geociências que aplica os conhecimentos geomorfológicos ao levantamento dos recursos natu-
rais, à avaliação das formas de relevo, ao monitoramento dos processos geomorfológicos, ao pla-
nejamento ambiental, entre outros. Enfim, possui papel relevante a desempenhar nos estudos
ambientais.
A questão ambiental tornou-se uma preocupação mundial, fazendo com que várias nações
percebam a emergência dos problemas relacionados ao ambiente. A ausência e a deficiência de
planejamento em diversas áreas, principalmente nas áreas rurais e urbanas, provocam diversos
impactos negativos aos ambientes local e regional.
A geomorfologia ambiental busca a integração dos aspectos naturais e das atividades trans-
formadoras desenvolvidas pela sociedade.
As atividades antrópicas estão diretamente relacionadas à maioria das alterações ambien-
tais. O crescimento populacional tem como uma de suas consequências o uso e a ocupação do
solo, que, na maior parte das vezes, não utiliza critérios técnicos e são realizados sem nenhum
tipo de planejamento.
A utilização do ambiente de forma desordenada só potencializa os impactos negativos das
diversas atividades produtivas, comprometendo ainda mais as condições da biosfera. Os impac-
tos das atividades antrópicas têm uma relação direta com as características físicas, químicas e
biológicas do ambiente, portanto, dependem diretamente da sua geomorfologia.
Ao elaborar este material, tentamos incentivar você a desenvolver um olhar bem prático
para a Geomorfologia, ou seja, a perceber que alguns assuntos abordados estão presentes nos
dias atuais.
A disciplina tem como objetivos:
Geral:
Proporcionar o conhecimento dos conceitos, definições, objetivos, da compreensão e análi-
se dos processos que caracterizam a Geomorfologia Ambiental.

Específicos:
• desenvolver em sala de aula e no campo a observação sistemática dos processos geomorfo-
lógicos;
• conhecer os padrões de organização natural e a utilização adequada dos recursos naturais, a
fim de se evitar um desequilíbrio do meio ambiente;
• adquirir noções básicas de planejamento ambiental;
• conhecer as metodologias de avaliação de impacto ambiental;
• avaliar impactos ambientais decorrentes das atividades antrópicas;
• conhecer as formas e os processos de movimento de massas;
• conhecer os processos de desertificação.

Esta disciplina tem duas unidades:


Unidade I- Geomorfologia Ambiental
Os sistemas Geomorfológicos Geossistemas
Recursos Naturais Conservação de recursos
Unidade II- Planejamento ambiental e Impactos Ambientais
Avaliação de Impactos Ambientais - AIA Movimentos de Massas
Desertificação Geomorfologia litorânea

9
Geografia - Geomorfologia Ambiental

Unidade 1
Geomorfologia Ambiental
Guilherme Augusto Guimarães Oliveira
Rachel Inêz Castro de Oliveira

1.1 Introdução
Nota-se atualmente que há um desequilíbrio entre as atividades humanas e a dinâmica am-
biental; isso, muitas vezes, é devido ao desconhecimento e à desconsideração da natureza do
meio físico e dos fatores que regulam sua dinâmica. O sistema ambiental não é visto como um
“todo”, ou seja, não há uma visão holística e integradora do meio em que cada componente pos-
sui características próprias, mas que formam um conjunto no qual há interação entre as partes
que exercem influência sobre as demais. É Importante compreender isso, um sistema como um
conjunto de componentes que possui uma rede de ligações entre si.
Segundo Guerra e Marçal (2006), a geomorfologia contribui significativamente para a ques-
tão ambiental, no sentido de que possibilita a identificação prévia de possíveis impactos decor-
GLOSSÁRIO
rentes das atividades antrópicas, ao estabelecer fragilidades do ambiente natural.
Então, nesta unidade, vamos estudar esses sistemas ambientais. Vamos procurar compreen- Geomorfologia am-
der a natureza, suas variáveis, sua característica própria de organização, por meio do estudo dos biental: é o ramo da
ciência que dá suporte
sistemas geomorfológicos, dos geossistemas, dos recursos naturais e da conservação de recursos. teórico e conceitual
para o levantamento de
questões relacionadas

1.2 Sistemas geomorfológicos e


ao uso dos recursos na-
turais e análise das pro-
priedades do terreno,
como também aponta

geossistemas medidas a serem


tomadas para amenizar
a ação impactante das
ações humanas sobre
De forma bem simples a Geomorfologia estuda as formas da Terra, sendo o termo geo (Ter- o ambiente. Fonte:
Disponível em <http://
ra), morfo (forma) e logia (estudo). www.geo.ufv.br/simpo-
De acordo com Christofolleti (1980, p.1), a Geomorfologia é a ciência que estuda as formas sio/ simposio/trabalhos/
de relevo. Cassetti (2001) comenta que é uma ciência que tem por objetivo analisar as formas de resumos_ex pandidos/
relevo, tentando buscar compreender as relações processuais pretéritas e atuais. Para outros au- eixo9/001.pdf> Acesso
tores, é a ciência das paisagens superficiais e de suas interpretações, tendo como pano de fundo em 12 jan. 2010.
a Geologia e a Climatologia.
Percebe-se, então, que existem várias definições para a Geomorfologia, portanto devemos
frisar que as formas de relevo constituem o objeto da Geomorfologia, como salienta Christofol-
leti (1980, p. 1). Esse mesmo autor argumenta também que as formas de relevo foram esculpidas
pela ação de determinados processos. Sendo assim, existe uma relação entre essas formas e os
processos, por esta razão o estudo de ambos pode ser considerado como o objetivo central des-
te ramo do conhecimento, bem como as características fundamentais do sistema geomorfológi-
co. Tanto Christofolleti (1980) como Penteado (1989) advogam que o sistema geomorfológico é
um sistema aberto, pois recebe influência e também atua sobre outros sistemas componentes
de seu universo.

11
UAB/Unimontes - 4º Período

1 .3 Sistemas geomorfológicos
Christofolleti (1980, p . 1) define que o sistema é o conjunto dos elementos e das relações en-
tre si e seus atributos . Esta teoria foi introduzida por Arthur Strahler (1950; 1952) e ampliada por
outros como Chorley (1962) e Alan D . Howay (1965), comenta Christofolleti (1980) .
Para Christofolleti (1980, p . 2), uma das principais atribuições e dificuldades está em iden-
tificar os elementos, seus atributos e suas relações, quando se conceituam os fenômenos como
sistemas . A totalidade dos sistemas que é interessante ao geomorfólogo não age de maneira
isolada, mas funciona dentro de um ambiente e faz parte de um conjunto maior (que pode ser
denominado de universo) . No âmbito do universo, podem-se considerar os primeiros como sis-
temas antecedentes e os segundos como sistemas subsequentes, esses podem voltar a exercer
influências uns sobre os outros e interagir como universo através de um mecanismo de retroali-
mentação (feedback) .
Ao estudar a composição dos sistemas, vários aspectos relevantes devem ser ressaltados,
como matéria, energia e estrutura .
A matéria compreende o material que vai ser mobilizado por meio do sistema . Por exem-
plo, no sistema hidrográfico, a matéria é representada pela água e detritos . Com relação à ener-
gia, esta corresponde às forças que fazem o sistema funcionar . É bom revermos os conceitos de
energia que foram trabalhados na disciplina Fundamentos de Geologia I . A energia potencial é
aquela armazenada, representada pela força inicial, que leva ao funcionamento do sistema, já a
energia cinética é aquela cuja própria força agrupa-se à potencial, é a em movimento . E a energia
total é a soma das duas energias .
Nas palavras de Christofolleti (1980, p . 2), a estrutura é composta pelos elementos e suas
relações, mostrando-se por meio do arranjo de seus componentes . Um rio é um elemento do sis-
tema hidrográfico, mas pode ser considerado um sistema em si mesmo, dependendo da escala .
As três características principais das estruturas são o tamanho, que é determinado pelo nú-
mero de variáveis que o compõem; a correlação, que demonstra o modo como as variáveis se
relacionam e a causalidade, que esclarece qual variável é independente e qual é dependente .

1 .3 .1 Classificação dos sistemas em Geomorfologia e noções de


equilíbrio em Geomorfologia

Christofolleti (1999, p .5) enfatiza que os sistemas podem ser classificados conforme vários
critérios, mas, para análise ambiental, os critérios funcionais e o da composição integrativa são os
mais relevantes .
Considerando o critério funcional, distinguem-se os seguintes tipos de sistemas:
• Sistemas isolados - são aqueles que, por serem isolados, não sofrem mais nenhuma perda
nem recebem energia ou matéria do ambiente que os rodeia . Para Chorley (1962), a con-
cepção de David (1889), quando trata do ciclo de erosão (ciclo de David foi estudado em
Geomorfologia), ilustra isso de uma maneira clara, ou seja, inicia-se com um soerguimento
brusco, antes que os processos tenham tempo para modificar a paisagem . Há uma energia
inicial livre que vai perdendo força até chegar à uniformidade da área em que a energia é
diminuta .
• Sistemas não-isolados - são aqueles sistemas que possuem relações com os outros sistemas
do universo, sendo:
• Fechado - quando há troca de energia (recebimento e perda), mas não de matéria . Um
exemplo clássico é a Terra, que recebe energia solar, mas não recebe nem fornece qua-
se nada de matéria para outros astros . Outro exemplo é o ciclo hidrológico no qual os
processos que estão relacionados com as passagens para os estados sólido, líquido e
gasoso, além de representar troca de energia, representa a transferência da mesma en-
tre as regiões da superfície terrestre, como também das regiões quentes para as tempe-
radas, porém com volume constante de água existente no globo, isto é, sem mudança .
• Abertos - são aqueles nos quais ocorrem constantes trocas de energia e matéria, tanto
recebendo quanto perdendo . São os sistemas mais comuns e, como exemplo disso, te-
mos a bacia hidrográfica, cidade, indústria, e muitos outros .

12
Geografia - Geomorfologia Ambiental

Observando o critério para a complexidade da composição integrativa, Christofolleti (1999,


p . 6) enfatiza que Chorley e Kenndey (1971) propõem uma classificação estrutural que distingue
onze tipos de sistemas, porém entre eles os mais significativos para a Geomorfologia são os se-
guintes:
• Sistemas morfológicos - compostos simplesmente pela associação das propriedades físicas
dos fenômenos (como a geometria, a composição, etc .), sendo os sistemas menos comple-
xos das estruturas naturais . Por exemplo, as vertentes, as redes de drenagem, as dunas, os DICA
canais fluviais que podem distinguir, medir e se correlacionar às variáveis geométricas e às
Para saber mais sobre
de composição . sistemas geomofoló-
• Sistemas em sequência - tais sistemas são compostos por cadeia de subsistemas; é impor- gicos, consulte o site:
tante salientar que existe tanto a magnitude espacial quanto a localização geográfica, que <http://www.ugb.
são dinamicamente relacionadas a uma cascata de matéria ou energia . Por exemplo, a se- org.br/home/artigos/
quência entre os subsistemas, atmosfera, vertente, lençol subterrâneo, vegetação, rios e mar . SEPARATAS_RBG_
Ano_5_n_1_2004/
• Sistemas processos-respostas - são formados pela combinação de sistemas morfológicos RGB_Ano_5_n_1_1
(forma) e sistemas em sequência (processo) . Por exemplo, aumentando-se a capacidade de 1_18.pdf>
infiltração de determinada área, ocorrerá diminuição no escoamento superficial e na drena-
gem, o que refletirá na diminuição da declividade das vertentes . Essa diminuição facilita a
capacidade de infiltração e diminui o escoamento superficial . Ao contrário, reduzindo a ca-
pacidade de infiltração de uma área, haverá aumento do escoamento superficial e da densi-
dade de drenagem, o que se refletirá na maior declividade das vertentes . Este aumento, por
sua vez, dificultará a capacidade de infiltração e aumentará o escoamento superficial (CH-
RISTOFOLLETI, 1999, p . 7) .
A propriedade de que o efeito de uma alteração volte a atuar sobre a variável ou elemento
inicial é denominada mecanismo de retroalimentação (feedback) . Existem quatro tipos de retroa-
limentação mais comuns:
• Retroalimentação direta - existe um relacionamento direto entre ida e volta da ação entre
duas variáveis;
• Retroalimentação em circuito - quando envolve mais de duas variáveis e a retroalimentação
volta ao ponto inicial, completando um círculo ou arco;
• Retroalimentação negativa - é o mais comum, quando há uma variação extremamente pro-
duzida, estabilizando o efeito da mudança original;
• Retroalimentação positiva - quando os circuitos entre as variáveis reforçam o efeito da ação,
ação em “bola de neve” . Por exemplo, o desmatamento (ação externa) diminui a capacidade
de infiltração e aumenta o escoamento superficial (correlação negativa) .
Sistemas controlados - são aqueles que apresentam a atuação do homem sobre os sistemas
de processos-respostas . A complexidade é aumentada pela intervenção humana .
Com relação ao equilíbrio em geomorfologia, Christofolleti afirma que:

o conceito de equilíbrio em Geomorfologia significa que materiais, processos


e a geometria do modelo, compõem um conjunto auto-regulador, sendo que
toda forma é o produto do ajustamento entre materiais e processos . [ . . .] O equi-
líbrio de um sistema representa o ajustamento completo das suas variáveis in-
ternas às condições externas . Isso significa que as formas e os seus atributos
apresentam valores dimensionais de acordo com as influências exercidas pelo
ambiente, que controla a qualidade e quantidade de matéria e energia a fluir DICA
pelo sistema (CHRISTOFOLLETI, 1999, p . 7) .
Entre no site <http://
Por exemplo, uma bacia de drenagem constitui um sistema aberto . Na organização interna www.ig.ufu.br/pos-
grad/disserta/2007/
do sistema bacia de drenagem, os elementos de forma e os processos característicos influenciam rachel_inez.pdf> e leia a
as relações de entrada e saída . Assim, mudanças externas no suprimento de energia e massa fundamentação teórica-
conduzem a um auto-ajuste das formas e dos processos, de modo a se ajustarem a essas mudan- metodológica sobre sis-
ças . Então, no caso da bacia de drenagem, a partir da quebra do equilíbrio do sistema, ocorrem temas e geossistemas.
modificações dos elementos e, posteriormente, um ajuste, o que leva a um tempo de readapta-
ção . É bom destacarmos também que as ações antrópicas provocam um desequilíbrio dos siste-
mas (CHRISTOFOLLETI, 1999) .
Para Christofolleti (1999, p . 10), podemos distinguir os seguintes sistemas antecedentes, que
são os mais significativos para a compreensão das formas de relevo, o sistema climático, que por
meio do calor, umidade e dos movimentos atmosféricos sustenta e mantém o dinamismo dos
processos . O biogeográfico, que representa a cobertura vegetal e vida animal . O geológico, que
por meio da disposição e variação litológica, é o principal fornecedor do material, e o antrópico,
representado pela ação humana, é o fator responsável por mudanças na distribuição de matéria
e energia dentro do sistema, modificando seu equilíbrio .
13
UAB/Unimontes - 4º Período

1 .4 Geossistemas
Com o objetivo de integração dos diversos elementos que compõem os sistemas naturais,
surgiu no âmbito da Geografia o conceito de Geossistema . Mas, antes de apresentarmos os prin-
cipais conceitos de Geossistemas, vamos tentar compreender o que é abordagem sistêmica .
Para Christofoletti (1999, p . 5), a abordagem sistêmica conceitual e analítica iniciou-se a
partir da década de 1930, de forma clara na Biologia Teórica . Os primeiros autores a aplicarem
esse conceito de sistema foram Chorley (1962); Kennedy (1971); Strahler (1980); Hugget (1985) e
Scheidegger (1991) .
Christofoletti (1999) acrescenta ainda que Chorley e Kennedy (1971) são autores que ressal-
tam o aspecto conectivo do conjunto, formando uma unidade, definindo que:

um sistema é um conjunto estruturado de objetos e/ou atributos . Esses obje-


tos e atributos consistem em componentes ou variáveis (isto é, fenômenos que
DICA são passíveis de assumir magnitudes variáveis) que exibem relações discerní-
veis uns com os outros e operam conjuntamente como um todo complexo, de
Não se esqueçam de acordo com determinado padrão (CHORLEY; KENNEDY, 1971 apud CHRISTOFO-
que o ecossistema LETTI, 1999, p . 5) .
ressalta as característi-
cas das comunidades É de fundamental importância compreender um sistema como um conjunto de componen-
biológicas, ou seja, a de-
pendência entre os se- tes que possui uma rede de ligações entre si, dando ênfase à interação entre as partes do conjun-
res vivos e o seu habitat, to que exercem influência sobre os demais .
enquanto o geossiste- Tricart (1977) compreende o valor da abordagem sistêmica como instrumento para se estu-
ma trata da organização dar os problemas ambientais, pois existem fluxos de matéria e de energia no sistema, que geram
dos elementos físicos relações de dependência mútua entre os fenômenos . Consequentemente, o sistema apresenta
e biogeográficos, pos-
suindo uma abrangên- propriedades que lhe são coerentes e diferem da soma das propriedades dos seus componentes .
cia espacial maior do É oportuno compreender os significados de unidade, totalidade e complexidade .
que a do ecossistema. Conforme Christofoletti,

a unidade representa a qualidade do que é único, só ou sem partes, sendo


tudo o que pode ser considerado individualmente, [ . . .] a totalidade aplica-se às
entidades constituídas por um conjunto de partes, cuja interação resulta numa
composição diferente e específica, independente da somatória dos elemen-
tos componentes, [ . . .] um sistema complexo pode ser definido como sendo
composto por uma grande quantidade de componentes interatuantes, capa-
zes de intercambiar informações condicionantes e capazes com seu entorno,
também, de adaptar sua estrutura interna como sendo consequências ligadas
a tais interações (CHRISTOFOLETTI, 1999, p . 2-3) .

Assim, ao analisarmos um sistema ambiental, é interessante entendermos que cada um dos


componentes é único, possuindo características próprias, mas, ao mesmo tempo, no sistema,
eles estão relacionados ou conectados de tal modo, que formam um “todo”, que não deixa de
ser complexo em si mesmo . Complexo aqui não significa apenas a não linearidade, mas também
uma diversidade de características próprias do conjunto (OLIVEIRA, 2007) .
Nessa mesma linha de raciocínio, Bertalanffy afirma que:

é necessário estudar, não somente partes e processos isoladamente, mas tam-


bém resolver os decisivos problemas encontrados na organização e na ordem
que os unifica, resultante da interação dinâmica das partes, tornando o com-
portamento das partes diferentes quando estudado isoladamente e quando
tratado no todo (BERTALANFFY, 1977, p . 53) .

Retomando Christofoletti (1999), os ecossistemas e geossistemas são entidades represen-


tativas de sistemas ambientais . O ecossistema relaciona-se aos sistemas ambientais biológicos
e ecológicos, o qual enfatiza as inter-relações que os organismos de determinado local estabe-
lecem entre si e o meio abiótico . A ideia de geossistema, introduzida na literatura soviética por
Sotchava (1962),citado por Christofoletti (1999, p . 42), tem “a preocupação de estabelecer uma
tipologia aplicável aos fenômenos geográficos, enfocando aspectos integrados dos elementos
naturais numa entidade espacial em substituição aos aspectos da dinâmica biológica dos ecos-
sistemas” .
Conforme salienta Sotchava, citado por Christofoletti:

14
Geografia - Geomorfologia Ambiental

os geossistemas são sistemas dinâmicos, flexíveis, abertos e hierarquicamente


organizados, com estágios de evolução temporal, numa mobilidade cada vez
maior, sob a influência do homem . O elemento básico para a classificação é o
espaço e tudo o que nele está contido em integração funcional e do ponto de
vista geográfico em três escalas: topológica, regional e planetária (SOTCHAVA,
1962, citado por CHRISTOFOLETTI, 1999, p . 42) .

É bom frisarmos o que comenta Zacharias (2003), isto é, que Sotchava, em 1960, introdu-
ziu o termo geossistema na literatura soviética com a preocupação de estabelecer uma tipolo-
gia aplicável aos fenômenos geográficos, a fim de substituir o termo Ecossistemas, adotado pe-
los biólogos . Nesse caso, os geossistemas são considerados como sistemas dinâmicos, flexíveis,
abertos e hierarquicamente organizados, com estágios de evolução temporal, fato pelo qual
alerta que todos os fatores devem ser considerados .
Zacharias (2003) comenta que devemos fazer algumas considerações em relação ao con-
ceito de geossistemas . Inicialmente, ao criar o termo geossistema, Sotchava o fez com base na
vivência, na pesquisa e na interpretação do espaço geográfico de seu país, a ex-União Soviéti-
ca . Posterior- mente alegou que o geossistema abrangia sempre áreas grandes com centenas
ou mesmo milhares de quilômetros . A literatura geográfica das escolas russas deixa claro que o
geossistema funciona em escala regional .
Em 1978, Bertrand, aplicando a mesma teoria para a realidade francesa, levando em consi-
deração as dimensões e as escalas daquele país, adotou as áreas relativamente pequenas para
definir os geossistemas . Dessa maneira, ele define o termo geossistema como resultado da com-
binação dinâmica de elementos físicos, biológicos e antrópicos, que fazem da paisagem um con-
junto único e indissociável em constante evolução . Infelizmente, ao criar o termo geossistema,
Sotchava o deixou bastante vago e flexível . Sendo assim, vários geógrafos utilizaram e emprega-
ram o termo com conteúdo, método, escala e enfoque diferentes, conforme alertam Christofolet-
ti (1999) e Troppmair e Galina (2006) .
Portanto, com base no conceito elaborado por Christofoletti (1999), os geossistemas são
sistemas abertos, ou seja, neles ocorrem constantes trocas de energia e de matéria, e são hie-
rarquicamente organizados, desde uma área elementar da superfície até o planeta . Christofoletti
(1999) lembra também que Sotchava (1962) frisa o tempo e o espaço como fatores a serem con-
siderados em geossistema, sendo o espaço o elemento básico para a classificação, e tudo que se
encontra dentro desse espaço está em integração funcional .
Também Monteiro, citado por Christofoletti, atenta para o fato de que

o geossistema é um sistema singular, complexo, onde interagem os elementos


humanos, físicos, químicos e biológicos, e onde os elementos socioeconômicos
não constituem um sistema antagônico e oponente, mas sim incluídos no fun-
cionamento do próprio sistema (MONTEIRO, 1978, citado por CHRISTOFOLETTI,
1999, p . 43) .

Dessa forma, na concepção de Monteiro (1978), citado por Christofoletti (1999), o geossiste-
ma é composto por elementos bióticos, abióticos e antrópicos, cuja relação é dinâmica, portanto
instável .
Zacharias (2003) ainda enfatiza que Troppmair (2006), no livro “Geossistemas e Geossistemas
Paulistas”, considera o geossistema como sendo um sistema aberto, uma unidade complexa, um
espaço amplo que se caracteriza por certa homogeneidade de seus componentes que, integra-
dos, formam o ambiente físico onde há exploração biológica e humana .
É importante ressaltar as palavras de Troppmair e Galina ao frisarem que:

no momento em que na maior parte da superfície terrestre se verifica o caos


na Organização do Espaço com a degradação acentuada do meio ambiente,
desertificação, redução e poluição dos recursos hídricos, desmatamentos, ur-
banização caótica, desequilíbrios sociais e econômicos, redução da qualidade
de vida, o estudo dos geossistemas, através da integração de seus elementos,
oferecendo visão e ação holística, adquire importância fundamental para um
planejamento correto da utilização e organização do espaço, ou seja, para a
Ciência Geográfica (TROPPMAIR e GALINA, 2006, p . 86) .

O estudo dos Geossistemas, por meio da integração de seus elementos, adotando uma vi-
são holística do meio, é de fundamental importância para um planejamento correto da utilização
e organização do espaço .

15
UAB/Unimontes - 4º Período

1 .5 Recursos naturais
Já na década de sessenta, a comunidade internacional incluiu em sua agenda a problemá-
tica ambiental, que se transformou em objeto de estudo . A publicação “Limites de Crescimento”
(MEADOWS et al, 1973), do Clube de Roma, transformou-se no marco do movimento ambienta-
lista mundial, ao lançar uma discussão sobre o desenvolvimento econômico e a capacidade da
biosfera em supri-lo com recursos naturais . A partir da segunda metade do século XX, no início
da década de 60, emergiu por todo o mundo industrializado, um novo ambientalismo, crítico da
sociedade industrial, questionador dos valores e das visões do mundo sedimentadas por menos
de dois séculos de desenvolvimento da modernidade (ALMEIDA, 2003) .
A busca de desenvolvimento sustentável tem acarretado uma nova visão na gestão dos re-
cursos naturais, propiciando aos países a eficácia e eficiência na atividade econômica, confirman-
do que não há incompatibilidade entre proteção ambiental e desenvolvimento (DONAIRE, 1999) .
O ser vivo retira da natureza os materiais e a energia necessária para sua sobrevivência .
Segundo Odum (1988), o ser humano dá pouco valor aos produtos e “serviços” da natureza, os
quais garantem os benefícios para a sociedade . Recursos naturais são as substâncias da natureza
e as condições naturais que o ser humano utiliza para suprir suas necessidades de sobrevivência
e de melhoria do nível de vida .
Por serem os bens utilizados pelo homem para atender a suas demandas, os recursos natu-
rais constituem-se das substâncias encontradas na natureza, como os minérios, a água, os solos,
a fauna e a vegetação . Eles podem ser considerados como recursos minerais (minérios), recursos
biológicos (fauna e flora), recursos ambientais (ar, água e solo) e recursos incidentais (radiação
solar, ventos e correntes oceânicas) .
Muito embora a maioria da população entenda os recursos naturais como matéria-prima e
insumos para serem incorporados ao processo de transformação, os mesmos só se tornam rique-
za, propriamente dita, quando utilizados pelo homem . Entretanto, os recursos naturais não são
apenas fonte de energia e produtos para o ser humano, mas um importante componente para o
equilíbrio do meio .
Os organismos vivos e não vivos e o seu ambiente não vivo são indissociáveis e estão inse-
paravelmente inter-relacionados, interagindo entre si, de tal forma que o fluxo de energia produ-
za estruturas bióticas claramente definidas e uma ciclagem de materiais entre as partes vivas e
não vivas . Essas relações ocorrem na biosfera, que, segundo Mota (1995), é o conjunto de todas
as partes da Terra, onde é possível haver vida permanente e a ocorrência dos processos naturais
de alimentação e reprodução . A biosfera possui uma espessura de aproximadamente 12 km, sen-
do possível existir vida a uma distância máxima de 6 km acima do nível do solo (atmosfera) e a 6
km abaixo do nível do mar .
A biosfera é formada pelas três regiões (fig . 1):
• Litosfera - camada superficial sólida da Terra, composta de rochas e solo;
• Hidrosfera - ambiente líquido, constituído por oceanos, rios, lagos e demais corpos d’água;
• Atmosfera - camada de ar que envolve a Terra .

Figura 1: Representação ►
dos componentes da
Biosfera.
Fonte: Disponível em
<http://www.sobiologia.
com.br/figuras/Ecologia/
biosfera.jpg>. Acesso em
12 jan. 2010.

16
Geografia - Geomorfologia Ambiental

É na biosfera que ocorrem os processos metabólicos dos organismos vivos e as principais


transformações, que são responsáveis pela composição e pela decomposição dos recursos natu-
rais . Segundo Ricklefs (2003), durante milhões de anos da história terrestre, têm ocorrido mudan-
ças nos aspectos climáticos e em outras condições físicas, rearranjo dos continentes, crescimento
e desgaste de áreas montanhosas, entre outros, e conclui que a consequência dessas transfor-
mações é a distribuição não uniforme de formas animais e vegetais, que dependem das carac-
terísticas do ambiente para sobreviver . Ou seja, os recursos naturais são determinantes para a
adaptação das espécies .
Ricklefs (2003) afirma, ainda, que a morfologia, a fisiologia e o comportamento dos orga-
nismos refletem também as condições dos recursos naturais disponíveis, e não apenas as ca-
racterísticas impostas pela ancestralidade . Ao longo da sua história, a Terra passou por muitas
transformações, decorrentes dos processos biogeoquímicos . Os processos biogeoquímicos são
as transformações das substâncias na biosfera, entre os meios bióticos e abióticos (MOTA, 1995) .
Os ciclos biogeoquímicos, que ocorrem de forma cíclica e contínua e que se utilizam da
energia existente, sobretudo daquela originada do sol, compõem-se das seguintes característi-
cas:
• Biológicas - as transformações das substâncias têm a participação dos organismos vivos;
• Químicas - os processos de transformação acontecem através de sucessivas reações quími-
cas;
• Geológicas - a fonte dos elementos químicos, que participam das transformações químicas,
é a superfície da Terra .
O equilíbrio do ambiente é resultado dos ciclos biogeoquímicos, que mantêm a constância
de proporção entre os diversos elementos do meio . Dessa forma, na biosfera, os ciclos proporcio-
nam a transformação de vários elementos, entretanto, alguns ciclos se destacam mais em decor-
rência da importância desses recursos naturais para as atividades humanas .
O elemento água representa o constituinte inorgânico mais abundante na matéria viva .
Segundo Branco (1993), há duas hipóteses para explicar a presença de água na Terra . A primei-
ra sustenta que alguns cometas, de origem fora do sistema solar, e que possuíam partículas de
água no estado na sua composição, chocaram com a superfície da Terra, que aprisionou essas
partículas de água . A segunda hipótese afirma que a água se formou, na própria superfície ter-
restre, a partir da poeira cósmica, que apresentava na sua constituição silicatos e outros minerais
hidratados, e que, ao passar por processos de transformações físicas e químicas, liberaram suas
moléculas de água sob a forma de vapor que, ao se resfriarem, passaram para a forma líquida .
A importância da água como recurso natural não é só para o uso nas principais atividades
econômicas . A água em estado líquido contribuiu decisivamente para o resfriamento do planeta,
dissolvendo a maior parte do gás carbônico atmosférico e transformando-o em carbonatos, que
se precipitaram nos oceanos na forma de rocha calcária .

O gás carbônico é responsável pelo efeito estufa, pois tem a propriedade de


absorver as radiações que vêm do sol e aprisionar as radiações infravermelhas,
que são as mais quentes, tendendo a manter temperaturas muito elevadas na
superfície do planeta . Por esse motivo é que Vênus, por exemplo, possui uma
temperatura da ordem dos 400°C . Na Terra, porém, a dissolução do gás carbô-
nico pela água permitiu o seu resfriamento até as temperaturas atuais (BRAN-
CO, 1993, p . 25) .

A água apresenta algumas propriedades peculiares . Uma delas diz respeito a sua tempera-
tura de maior densidade, que é a 4°C . Dessa forma, o seu volume diminui quando é elevada de 0
a 4°C, para depois voltar a aumentar, a partir desta temperatura . Por causa dessa propriedade, as
águas dos rios e mares, ao se congelarem, formam uma camada superficial e a água, à tempera-
tura próxima de 4°C, por ser mais densa, permanece no fundo, garantindo a existência da parte
líquida nesses locais . Caso o elemento água não possuísse essa propriedade, possivelmente os
rios e lagos se congelariam por inteiro, impedindo a manutenção da vida nos períodos de inver-
no mais rigorosos, formando um depósito de gelo no leito dos corpos d’água .
Além das suas propriedades para a manutenção do equilíbrio da biosfera, a água é um re-
curso natural essencial para o desenvolvimento das principais atividades socioeconômicas e cul-
turais . Segundo Philippi Jr . (2004), em relação aos seus usos consultivos, a atividade agrícola con-
some cerca de 69% da água captada, as indústrias utilizam 23% e 8% são utilizados nas diversas
atividades domésticas .
O ciclo da água (fig . 2) garante a sua circulação entre os meios físicos e biológicos, propor-
cionando a manutenção do equilíbrio dos principais ecossistemas . Por ser um ciclo, não tem

17
UAB/Unimontes - 4º Período

início, nem término. A água, evaporada dos oceanos, lagos, rios, vegetais e animais, forma as
nuvens. Em seguida, as nuvens, atingindo regiões mais frias, condensam-se e precipitam- se na
superfície terrestre, na forma de chuvas. Ao atingir a superfície, parte escoa-se pelo solo, atingin-
do os corpos d’água. Outra parte infiltra-se nele, recarregando os aquíferos subterrâneos e o len-
çol freático. A água pode ainda ser utilizada pelos organismos vivos, que a absorvem, apesar de
também perderem parte dela através do processo de transpiração. O ciclo fecha-se com a evapo-
ração de parte da água.

Figura 2: Ciclo da água. ►


Fonte: Disponível em
<http://www.infoescola.
com/files/2009/08/ciclo-
da-agua.jpg>. Acesso em
12 jan. 2010.

A água, como recurso natural, é importante, tanto para as necessidades do homem, como
para a manutenção da vida no planeta, que também é importante para a manutenção do ser
humano .
Os principais usos da água são:
• Abastecimento humano;
• Dessedentação animal;
• Abastecimento industrial;
• Uso agrícola;
• Recreação;
• Navegação;
• Geração de energia;
• Preservação da fauna e da flora;
• Diluição e transporte de poluentes .

A despeito da importância do recurso “água”, o homem tem interferido no ambiente, de tal


forma, que os mananciais estão se tornando impróprios para o uso . O lançamento de águas resi-
duárias, o barramento de cursos d’água, a alteração da topografia, o desmatamento e a imper-
meabilização do solo estão nas intervenções mais frequentes que alteram significativamente o
ciclo da água . Esta alteração, também, tem como consequência prejuízos sobre outros recursos
naturais como, por exemplo, a erosão do solo .
As áreas verdes são recursos naturais muito valorizados . A vegetação possui valor, não so-
mente para o fornecimento de matéria-prima para diversos usos antrópicos, mas também para a
manutenção dos ecossistemas . A preservação da vegetação está diretamente relacionada à qua-
lidade e quantidade das águas superficiais e subterrâneas, conservação do solo, manutenção da
fauna, entre outros .
A vegetação é um recurso natural que depende de outros fatores naturais, como o clima, a
quantidade e disponibilidade de água, bem como as características do solo . Essas características
serão determinantes para a fisionomia vegetal de uma região .
Outro aspecto importante da vegetação é sua participação nos diversos ciclos biogeoquí-
micos, destacando-se o ciclo do carbono, no qual as plantas aprisionam o CO, que é considerado
gás de efeito estufa .

18
Geografia - Geomorfologia Ambiental

O efeito estufa é o aumento da temperatura da Terra, provocado pela maior re-


tenção na atmosfera da radiação infravermelha por ela refletida, em função do
aumento da concentração de determinados gases que têm essa propriedade,
como o gás carbônico, o metano, os clorofluorcarbonos e o óxido nitroso. A ca-
mada de gases, que envolve a Terra, tem uma função importante na manuten-
ção da vida no planeta pela retenção de calor que ela proporciona (PHILIPPI Jr.
et all, 2004).

Portanto, esta camada de gases é importante para a existência de vida no planeta, em de-
corrência da manutenção da temperatura, entretanto, pode ser prejudicial, caso retenha uma
quantidade de calor que altere significativamente o clima (fig. 3).

◄ Figura 3: Efeito Estufa.


Fonte: Disponível em
<http://geographi-
cae.files.wordpress.
com/2007/05/efeitoestu-
fa2.gif>. Acesso em 12 jan.
2010.

As plantas, para o seu crescimento, realizam a fotossíntese, que é o processo no qual os or-
ganismos autótrofos captam energia luminosa e a transformam em energia de ligações químicas
nos carboidratos. A fotossíntese une quimicamente dois compostos inorgânicos comuns, o dióxi-
do da carbono (CO2) e a água (H2O), para formar o açúcar glicose (C6H12O6) com a liberação de
oxigênio (O2). Nesse sentido, as plantas participam ativamente no ciclo do carbono (Fig. 4).

◄ Figura 4: Ciclo do
Carbono.
Fonte: Disponível em
<http://library.thinkquest.
org/C0126481/cicloC.jpg>.
Acesso em 12 jan. 2010.

19
UAB/Unimontes - 4º Período

A vegetação, na condição de paisagem natural, também deve ser considerada entre os re-
cursos naturais de uma determinada região, na medida em que o turismo é uma importante
atividade econômica. Nesse sentido, a vegetação preservada também garante recursos.
Portanto, a vegetação possui muita importância como um recurso natural, não apenas nas
atividades econômicas, mas, sobretudo, na manutenção dos ecossistemas. No quadro, estão rela-
cionadas as ações das áreas naturais em relação aos ecossistemas.

Quadro 1 – Ações e funções de áreas naturais

Ação Funções do Ecossistema Exemplo


Melhoria da qualidade Regulação da composição do ar Balanço do gás carbônico/
do ar oxigênio
Controle climático Influência em processos climáticos Efeito estufa, produção de
como temperatura e precipitação vapor d’água e nuvens
global ou no nível local
Controle e suprimento Reserva e retenção de água, Fornecimento de água para
de água controle do fluxo hidrológico e abastecimento, agricultura ou
reserva de água indústria, reabastecimento de
aquíferos.
Controle de erosão e Retenção de solo no ecossistema Proteção contra a perda de
retenção de sedimen- solo pelo vento, erosão e
tos acúmulo de resíduos em lagos
e áreas úmidas.
Ciclagem de nutrientes Acúmulo, reciclagem, processa- Fixação de nitrogênio (N), fós-
mento e aquisição de nutrientes. foro (P) e outros elementos
Controle biológico Controle trófico dinâmico de Controle de predadores e
populações redução de herbívoros
Refúgio de fauna Habita para populações residentes Viveiros, habita para espécies
e transitórias migratórias ou locais para
atravessar o inverno
Produção de alimentos Resultado do metabolismo primá- Produção de cereais, frutos
rio usado como alimento
Fonte: Adaptado de Philippi Jr . et all . (2004)

O solo constitui a camada superficial da superfície terrestre, constituída por rocha em desa-
gregação, misturada à matéria orgânica em decomposição, ar, água e substâncias químicas em
dissolução (MOTA, 1995) .
O solo é o recurso natural que suporta toda a cobertura vegetal e as construções, além de
ser fonte de inúmeras substâncias minerais fundamentais para o ser humano . Dessa forma, o solo
é responsável pelo fornecimento de grande parte da matéria-prima industrial e também da ali-
mentação do homem e da maioria dos animais, pelo fato de ser o sustentáculo da vegetação . O
solo também tem influência sobre o clima, na medida em que suas características determinam a
fisiologia da vegetação, que terão maior ou menor capacidade de reter umidade, que regulari-
zam a temperatura .
Os solos apresentam-se com composições físicas e químicas diversificadas em decorrência
das rochas que lhes deram origem . Um solo leva vários séculos ou até milhões de anos para for-
mar-se em decorrência do intemperismo, que é ação de agentes naturais .
O solo, para ser utilizado como ambiente para o desenvolvimento de plantas,deverá apre-
sentar uma composição adequada de substâncias minerais, água, ar e matéria orgânica . Algumas
ações antrópicas têm alterado essas condições, degradando-o, tornando-o inadequado para di-
versos usos e, em alguns casos, desertificando-o .
Os solos são classificados como:
• Residuais - quando o produto do processo de decomposição permanece no próprio local
em que se deu o fenômeno;
• Transportados - quando em seguida a sua formação são carregados pela ação da água ou
dos ventos;

20
Geografia - Geomorfologia Ambiental

• Coluvionais - formados pela movimentação lenta da parte mais superficial da crosta da Ter-
ra, sob ação de agentes diversos;
• Orgânicos - formados pela parte mineral argilosa adicionada de uma proporção variada de
matéria orgânica, predominantemente vegetal .
Segundo Barros et al . (1995), as propriedades gerais do solo dependem de suas caracterís-
ticas físicas, químicas e biológicas, portanto, sua formação depende da participação dos demais
recursos naturais no processo, como a água, a vegetação e a fauna . Ou seja, os processos naturais
estão em constante interação e qualquer desequilíbrio em seus componentes poderá desenca-
dear transformações indesejáveis .

1.6 Conservação de recursos


Uma das maiores preocupações da sociedade atual diz respeito ao esgotamento dos recur-
sos naturais, que são classificados como renováveis e não renováveis.
Segundo Vivas Aguero (1996), recursos renováveis são aqueles bens da natureza que po-
dem ser submetidos a um uso contínuo durante longos períodos de tempo, sem que seus es-
toques percam quantidade ou qualidade, nem tampouco sua capacidade para se regenerar na-
turalmente, desde que sejam explorados de modo adequado. Entre eles se encontram: o solo
agrícola, a água doce, os pastos naturais, as florestas, a pesca, etc.
Os recursos não renováveis como os bens da natureza cujos estoques não se podem rege-
nerar naturalmente e que se esgotam a uma velocidade que depende do grau de sua exploração
e das leis da entropia. Entre eles estão os recursos minerais (metálicos e não metálicos), os recur-
sos energéticos (petróleo, carvão e gás natural), etc. (VIVAS AGUERO, 1996).
A sociedade, durante muito tempo, utilizou os recursos naturais sem a preocupação com a
possibilidade do seu esgotamento. Como resultado, temos hoje a destruição de grande parte da
cobertura vegetal do planeta, a degradação dos solos durante séculos e milênios, a exploração
predatória de jazidas minerais e a extinção de espécies animais, seja pela caça, seja pela elimi-
nação dos seus ambientes naturais. Soma-se, ainda, a poluição dos recursos hídricos, através do
lançamento de substâncias químicas e matéria orgânica. A partir do conceito de desenvolvimen-
to sustentável, foram criadas normas de gestão dos recursos naturais, visando ao seu uso e a sua
conservação, garantindo o atendimento a futuras gerações.
As atividades antrópicas, quando não realizadas de forma adequada, causam danos aos re-
cursos naturais, notadamente aos cursos d’água, ao solo, à vegetação, à flora e ao ambiente de
uma forma geral. Uma das formas de se evitar os danos ao ambiente é a adoção de práticas de
conservação dos recursos naturais. Existem técnicas para tal conservação do meio ambiente.
O ambiente aquático tem sido muito degradado em função das diversas atividades huma-
nas. Desde a antiguidade, os rios e mares têm sido o destino de grande parte dos dejetos hu-
manos, que serve para afastá-los e diluí-los. Além disso, a ocupação das áreas de encostas dos
cursos d’água tem contribuído para tornar suas águas com qualidade inadequada para consumo.
A degradação da qualidade da água é decorrente, basicamente, da poluição provocada
pelas diversas atividades antrópicas. A poluição mais característica é o lançamento de despe-
jos industriais e sanitários nos cursos d’água, sem o devido tratamento. Esses despejos contêm
substâncias químicas, matéria orgânica e organismos patogênicos, alterando sua qualidade. As
principais consequências da poluição são a redução do oxigênio dissolvido na água, que tem
como consequência a redução dos peixes, podendo chegar até a eliminação da vida aquática.
Outros problemas estão relacionados à proliferação de organismos patogênicos, que podem
causar epidemias na população usuária dessas águas. Além disso, a concentração elevada de
substâncias químicas pode torná-la imprópria para consumo, em decorrência da sua capacidade
de contaminação, interferindo muitas vezes na cadeia alimentar.
A poluição das águas também pode torná-la imprópria para outros usos, como a irrigação, a
dessedentação de animais, etc. A poluição atinge não somente as águas superficiais, como tam-
bém as águas subterrâneas.
Outra forma de poluição das águas está relacionada à atividade agrícola. A alteração da co-
bertura e das condições do solo no entorno dos cursos d’água, para o desenvolvimento da ati-
vidade agrícola, favorece os processos erosivos, que têm como uma de suas consequências, seu
assoreamento, e, nos casos onde há aplicação de fertilizantes, pode ocorrer a eutrofização. A eu-
trofização também tem como causa o lançamento de esgotos sanitários nos rios e lagos.

21
UAB/Unimontes - 4º Período

O assoreamento é o acúmulo de substâncias minerais (areia, argila) ou orgânicas (lodo) em


um corpo d’água, o que provoca a redução de sua profundidade e de seu volume útil (BARROS et
all, 1995).
Eutrofização é a fertilização excessiva da água por recebimento de nutrientes (nitrogênio,
fósforo), causando o crescimento descontrolado (excessivo) de algas e plantas aquáticas (BAR-
ROS et all, 1995).
A retirada da vegetação ciliar dos rios e lagos é outra causa da sua degradação, provocando
o assoreamento e a redução da quantidade da água, em virtude do aumento da sua evaporação.
Outro ponto a destacar como causa de danos aos rios é a construção de reservatórios, com
seu barramento. Tal ação altera seu regime hídrico, reduzindo o escoamento e, sobretudo, preju-
dicando a dinâmica da sua biota nativa, muitas vezes causando desequilíbrios ambientais.
Segundo Barros et al (1995), as principais técnicas para a conservação dos recursos hídricos
são:
• Implantação de sistema de coleta e tratamento de esgotos sanitários e industriais, antes do
seu lançamento nos cursos d’água;
• Controle dos focos de erosão nas suas margens e na região do entorno;
• Recuperação de rios, o que objetiva seu equilíbrio dinâmico, através da restauração das suas
condições naturais (do sedimento, do escoamento, da geometria do canal, da vegetação ci-
liar e da biota nativa);
• Descarga seletiva de represas;
• Reflorestamento das margens dos rios e lagos;
• Reintrodução de espécies aquáticas nos rios.
Os danos sobre o recurso “solo” também são relevantes. As atividades de mineração e, prin-
cipalmente, a atividade agrícola alteram significativamente suas condições.
A exposição do solo, após a retirada da vegetação de cobertura, provoca efeitos erosivos
que comprometem a integridade do solo e sua capacidade produtiva, além de comprometerem
outros recursos naturais, como a água, citada anteriormente. A contaminação do solo também é
um impacto da atividade antrópica, decorrente basicamente de sua utilização como depósito de
rejeitos sólidos e, também, do uso de agrotóxicos na produção agrícola.
O processo da erosão é provocado pelo impacto da gota de chuva sobre o solo e do escoa-
mento da lâmina de água, deslocando-se sobre as superfícies inclinadas com velocidade cres-
cente. A erosão retira do solo a parte mais fina de argilas e húmus, material dotado de capacida-
de de troca de íons e repositório principal dos elementos nutrientes das plantas. A perda desse
nutriente torna o solo impróprio para o uso agrícola.
A utilização de águas impróprias na agricultura, como aquelas com grande concentração de
sais, pode prejudicar a qualidade do solo, tornando-o improdutivo, até chegar à desertificação
em alguns casos. O uso excessivo de fertilizantes, também, pode gerar essas mesmas consequên-
cias para o solo.
A contaminação do solo por resíduos sólidos, depositados na forma de lixão, compromete
também as águas subterrâneas. O líquido lixiviado no maciço de lixo transporta substâncias quí-
micas e organismos patogênicos que comprometem a qualidade ambiental.
As principais práticas de conservação do solo têm como objetivo protegê-lo dos efeitos de
sua exposição a agentes naturais, como a chuva e o vento. Baseia-se em práticas que diminuam o
poder erosivo das águas correntes, através de plantação em curvas de nível, de faixas protetoras
de vegetação e de coberturas do solo por vegetação compacta.
Segundo Barros et al.(1995), o controle da degradação do solo se dá através de técnicas pre-
ventivas e corretivas, que visam à minimização dos riscos ambientais. Abaixo foram listadas as
mais utilizadas:
• Seleção dos locais e das técnicas mais apropriadas para o desenvolvimento das atividades
humanas;
• Avaliação criteriosa do local escolhido para cada atividade, considerando o uso e o tipo de
solo da região, o relevo, a vegetação, a possibilidade de ocorrência de inundações, as carac-
terísticas do subsolo e a proximidade dos cursos d’água;
• Execução dos sistemas de prevenção da contaminação das águas subterrâneas;
• Implantação de sistemas de prevenção de erosão, tais como alteração de declividade, ope-
ração de curvas de nível, execução de dispositivos de drenagem e manutenção da cobertu-
ra vegetal;
• Execução de sistemas de disposição final de resíduos, considerando critérios rígidos de pro-
jeção do solo.

22
Geografia - Geomorfologia Ambiental

A manutenção da vegetação interfere na conservação dos demais recursos naturais, como


pôde ser constatado anteriormente. Áreas sem vegetação favorecem a degradação do solo e dos
recursos hídricos, bem como a extinção da fauna. Para a conservação da vegetação, faz-se neces-
sária sua exploração sustentável e racional com usos de maior rendimento, replantio das áreas
devastadas, dessa forma, protegendo-a contra os incêndios.
Outro aspecto fundamental para a preservação dos recursos florestais é a criação de uma
unidade de conservação. De acordo com o Sistema nacional de Unidade de Conservação –
SNUC, uma unidade de conservação é: “o espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo-
se as águas jurisdicionais com características relevantes, legalmente instituídas pelo poder pú-
blico, com objetivo de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, à
qual se aplicam garantias adequadas de proteção” (BRASIL, 2000).
Como pode ser visto, os recursos naturais devem ser tratados como elementos imprescin-
díveis para a sociedade, não somente pela sua importância na produção de riquezas e desenvol-
vimento, mas, sobretudo, para a manutenção da vida, em todas as suas formas, garantindo-se o
equilíbrio e a qualidade ambientais, ressaltando-se que todos esses elementos se inter-relacio-
nam e são interdependentes.

Referências
ALMEIDA, J. G. A., A construção da gestão ambiental dos recursos minerais. Tese (doutorado)
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, 2003.

BARROS, R. T de V. et all. Saneamento. Belo Horizonte: Escola de Engenharia da UFMG, 1995.

BRANCO, S. M. Água: Origem, uso e preservação. São Paulo: Moderna, 1993.

Brasil, Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Institui o Sistema Nacional de Unidades de Con-
servação e dá outras providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/
L9985.htm> Acesso em 10 jan. 2010

BERTALANFFY, L. V. Teoria Geral dos Sistemas. Petrópolis: Vozes, 1977.

CASSETI, V. Elementos de Geomorfologia. Goiânia: UFG, 2001.

CHRISTOFOLETTI, Antônio. Geomorfologia. São Paulo: Edgard blucher, 2. ed. 1980.

CHRISTOFOLETTI. Modelagem de sistemas ambientais. São Paulo: Edgard Blücher, p. 23, 1999.

DONAIRE, D. Gestão ambiental na empresa. São Paulo: Atlas, 1999.

GUERRA, A. J. T.; MARÇAL, M. S. Geomorfologia Ambiental. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,


2006.

MEADOWS, D.H. et all. Limites do crescimento. São Paulo: Perspectiva, 1973.

MOTA, S. Preservação e conservação dos recursos hídricos. Rio de Janeiro: ABES, 1995.

ODUM, E. P. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara, 1988.

OLIVEIRA, Rachel I. C. Diagnóstico do Sistema Ambiental da Bacia Hidrográfica do Alto Via-


mão, Mato Verde-MG. 2007. 126f. Dissertação (Mestrado em Geografia) Instituto de Geografia,
Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2007.

PENTEADO, Margarida Maria. Fundamentos de Geomorfologia. 3. ed. Rio de Janeiro: IBGE,1989.

PHILIPPI JR. et. all. Curso de Gestão Ambiental. Barueri-SP: Manole, 2004.

RICKLEFS, R. E. A Economia da Natureza. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.

TRICART, J. Ecodinâmica. Rio de Janeiro: IBGE, SUPREN, 1977, 91p.

23
UAB/Unimontes - 4º Período

TROPPMAIR, H; GALINA, M.H. Geossistemas. ano 05, n. 10, Revista de Geografia da UFC, 2006.
Disponível em <http://www.mercator.ufc.br/index.php/mercator/article/view/69/44> Acesso em
10 jan. 2010.

VIVAS AGUERO, P. H. Avaliação econômica dos recursos naturais, 1996, Tese de Doutorado,
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo,
1996. Disponível em <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12138/tde09032004-221702>
Acesso em 10 jan. 2010.

ZACHARIAS, Andréa Aparecida. Geossistemas físico e técnico-sócio-econômico numa visão


histórica sistêmica e integrada, 2003. Disponível em <http://www.remaatlantico.org/Mem-
bers/suassuna/artigos/geossistemas-fisico-e-tecnico-socio-economico-numa-visao-historica-sis-
temica-e-integrada-artigo-de-andrea-aparecida-zacharias> Acesso em 10 jan. 2010.

24
Geografia - Geomorfologia Ambiental

Unidade 2
Planejamento ambiental e
impactos ambientais
Guilherme Augusto Guimarães Oliveira
Rachel Inêz Castro de Oliveira

2 .1 Introdução
A intensificação das atividades econômicas como a mineração, a agropecuária, a urbaniza-
ção, o transporte, entre outras, tem gerado impactos negativos diretos sobre o meio natural . A
ausência de estudos prévios, da identificação de impactos e, sobretudo, de um planejamento
ambiental adequado, proporcionam, na maioria das vezes, a degradação do meio ambiente as-
sociada à poluição das águas, do solo e do ar, à modificação da paisagem, doenças, entre outros
problemas .
A realização do planejamento ambiental possibilita a identificação prévia dos impactos e a
antecipação dos problemas, preservando as condições adequadas na medida do possível .

2 .2 Planejamento
O termo planejamento representa a ideia de organização, de direção e método para se atin-
gir objetivos . Segundo Ferrari (1979), planejamento é um método a ser utilizado para resolver
problemas que afetam uma sociedade situada em determinado espaço, em determinada época,
buscando também antecipar consequências de ações executadas a partir de uma tomada de de-
cisão .
Planejar é, talvez, a principal característica que distingue as atividades humanas das dos ou-
tros animais . Por ser racional, o homem pode analisar o que ocorreu em situações semelhantes
para prever o que é necessário fazer no futuro, repetindo o que deu certo e evitando os erros do
passado; a este processo de organizar previamente as atividades futuras com base no conheci-
mento do passado chamamos “planejamento” .
De acordo com Santos (2004), a finalidade do planejamento é a de alcançar metas especí-
ficas no futuro, garantindo a melhoria de uma determinada situação e o desenvolvimento das
sociedades . Portanto, para o cumprimento da sua função, o planejamento deve ser ordenado e
seguir procedimentos metodológicos, iniciando-se com a identificação do problema, sua deter-
minação, passando por diagnósticos prévios para sua compreensão e chegando às proposições
para sua resolução .
Ferrari (1979) destaca alguns aspectos importantes para uma melhor compreensão do pro-
cesso de planejamento . O planejamento é um método, um processo de pensamento . É um meio
para alcançar um objetivo, atingir um fim . O planejamento não é um fim em si mesmo . O pla-
neja- mento, como processo de tomada de decisão, é um método de pesquisar, analisar, avaliar,
prever e definir ações . No planejamento busca-se a definição de soluções com racionalidade . Por
ser racional, destaca ainda Ferrari (1979) a solução deve ser:
• Exequível - quando apresenta condições de ser implantada, tanto economicamente, quanto
sob o aspecto técnico, ou seja, entre o início e o final da sua execução existe uma sequência
ininterrupta de estágios intermediários, de forma que a mudança sequencial de etapas não
exija recursos econômicos superiores aos disponíveis, nem conhecimentos tecnológicos
inexistentes ou inaplicáveis para o caso específico .

25
UAB/Unimontes - 4º Período

• Adequada - ao seu próprio fim, ou seja, apresenta condições de cumprir as funções para as
quais é destinada;
• Eficaz - ou seja, permite maximizar os resultados, minimizando os custos . Entendo o proces-
so de planejamento como um processo que busca a máxima eficiência das ações;
• Coerente - não colidindo com outros objetivos da proposta, seja ela decorrente do próprio
processo, ou de outros planos integrados ou relacionados, não destruindo a integridade do
plano;
• Politicamente - aceitável, ou seja, quando busca atender aos anseios da sociedade .

Etapas do processo de planejamento:


O processo de planejamento obedece a certas premissas e deve seguir uma metodologia .
As ações de planejar e de executar devem ser independentes, entretanto, as duas atividades es-
tão relacionadas entre si, cabendo ainda outra etapa importante, que se trata da realização do
controle .
O processo de elaboração do planejamento é composto por etapas que, ao final, gerarão
um Plano . De acordo com Friedmann (1987), as etapas são assim descritas:
1 . Definição do problema a ser tratado, de forma que o torne acessível à intervenção de ações
ou políticas;
2 . Modelagem e análise da situação, com o propósito de intervenção através de instrumentos
de políticas específicas, inovações, ou métodos de mobilização social;
3 . Projeção de uma ou mais soluções potenciais na forma de políticas, planos de ação substan-
cial e inovação institucional . Estas soluções são expressas em termos de:
• Futuridade – especificação de metas e objetivos, como também previsões, julgamentos de
probabilidade, sequências de ação, e assim por diante;
• Espaço – localização, organização espacial, projeto físico;
• Necessidade de recursos – estimativas de custo e outras reivindicações de recursos escassos,
como moeda estrangeira, trabalho especializado e outras necessidades especiais;
• Procedimentos de implantação;
• Procedimentos para verificação, monitoramento e avaliação .
• Executar uma avaliação detalhada das alternativas de soluções propostas em termos de exe-
quibilidade técnica, efetividade de custos, efeitos prováveis sobre grupos populacionais e
aceitabilidade política;
• Tomada de decisão baseada na informação obtida;
• Implementação da decisão através das instituições apropriadas;
• Retorno dos resultados alcançados e sua avaliação, a partir da nova situação de decisão .
O Planejamento é uma ferramenta de gestão . É um processo de organização de tarefas para
se chegar a um fim, com fases características e sequenciais que, em geral, estão na seguinte or-
dem: identificação do objeto do planejamento, criação de uma visão sobre o assunto, definição
de seu objetivo, determinação de uma missão ou compromisso, definição de políticas e critérios
de trabalho, estabelecimento de metas, desenvolvimento de um plano de ações necessárias para
se atingir tais metas, cumprir a missão e os objetivos, estabelecendo um sistema de monitora-
mento, controle e análise das ações planejadas, definição de um sistema de avaliação sobre os
dados controlados e, finalmente, prevenção da tomada de medidas para correção dos desvios
que poderão ocorrer em relação ao plano .
Dessa forma, o processo de planejamento não se encerra em si mesmo . Além dos objetivos
pretendidos e das diretrizes estabelecidas, deve-se atentar para as consequências das ações e do
seu monitoramento e para a revisão dos planos .
Segundo Santos (2004), de um processo de planejamento (fig . 5) são formuladas diretrizes,
que são hierarquizadas em até quatro níveis:
• Planos - são formulados como um conjunto de ações a serem adotadas, visando a alcançar
um determinado objetivo ou meta . Tendo como linha mestra as diretrizes estabelecidas;
• Programas - detalham as peculiaridades dos planos e expõem a linha e as regras básicas a
serem seguidas e atingidas nos projetos;
• Normas - referem-se à descrição de procedimento ou medidas que garantam a realização
dos planos e programas;
• Projeto - refere-se a uma atividade ou grupos de atividades correlatas, contendo o roteiro de
ações executivas, obedecendo-se às intenções do plano ou programa .
Cabe destacar aqui que, para o estabelecimento dos planos, normas, programas e projetos,
é necessária a definição das diretrizes, que se trata de um conjunto de instruções de caráter geral .

26
Geografia - Geomorfologia Ambiental

Definições de
objetivo e metas

Programação e previsao Diagnóstico da situação

◄ Figura 5: Fases comuns


de um planejamento.
Fonte: SANTOS, 2004.
Avaliação de conflitos,
probabilidades, incertezas Situação no tempo e no Estabelecimento de
e riscos espaço prioridades

Seleção de alternativas
e tomada de decisão

Aplicação de
recursos

Dessa forma, o planejamento é uma habilidade que envolve ações para o alcance de resul-
tados futuros, com o intuito de se obter benefícios. E o planejamento exige a visão do futuro.
De acordo com Philippi Jr. et. all. (2004), as dificuldades do processo de tomada de decisão de-
correm de uma definição incorreta ou de uma insuficiência metodológica. Dessa forma, o enten- GLOSSÁRIO
dimento do problema a ser resolvido, bem como a identificação dos aspectos relacionados ao
mesmo, constituem-se nas bases do planejamento. Capacidade de supor-
te do meio: representa
O planejamento pode ser realizado nas escalas local, regional ou global. O processo de pla- o nível máximo de in-
nejamento deve abranger tanto a escala local como a regional, ou seja, considerando todos os tervenção nos recursos
níveis territoriais, para que ocorra o equilíbrio de todo o sistema por ele abrangido. naturais que um sistema
De acordo com Santos (2004), determinados planejamentos são definidos pela sua abran- ambiental ou um ecos-
gência espacial. Existem aqueles de caráter local, que estudam uma área pontual; os que traba- sistema pode suportar,
garantindo a conser-
lham com os limites territoriais legais, municípios, estados, bacias hidrográficas, que são denomi- vação de tais recursos
nados como planejamento regional; e, ainda, os de caráter global, que analisam problemas que e a manutenção dos
afetam grande parte ou toda a Terra. padrões satisfatórios de
Como exemplo de planejamento regional, Philippi Jr. et all (2004) cita duas grandes verten- qualidade ambiental.
tes que acontecem no Brasil:
• Como consequência e desdobramento de grandes investimentos públicos em infraestrutu-
ra, a exemplo das hidrelétricas implantadas onde havia recursos hídricos e que terminaram
por levar a ações mais amplas de deslocamento de populações e projetos de irrigação e de
navegação.
• Como política compensatória do desequilíbrio crônico no desenvolvimento brasileiro, que
leva inexoravelmente à concentração espacial, tanto regional quanto urbana. É exemplo
dessa vertente a criação de entidades interestaduais cuja ação principal é subsidiada para
empresas que investem em suas regiões.
Considerando-se que a questão do meio ambiente se encontra presente nas principais
ações antrópicas, desenvolveu-se uma ferramenta que tenta conciliar os interesses do desenvol-
vimento com a sustentabilidade, que se trata do Planejamento Ambiental.

2.3 Planejamento ambiental


O Planejamento Ambiental tem como princípio a valoração e a conservação dos recursos
naturais em determinada região. Essa modalidade de planejamento surge da necessidade de
garantir a manutenção da qualidade ambiental, dentro das condições de cada ecossistema. O
Planejamento ambiental relaciona os diversos aspectos do desenvolvimento, como as questões

27
UAB/Unimontes - 4º Período

econômicas, sociais, e, sobretudo, a ambiental, identificando os conflitos possíveis em decorrên-


cia das intervenções no meio ambiente.
A partir do planejamento ambiental, espera-se que as ações antrópicas não causem dese-
quilíbrio no ambiente, convivendo, assim, harmonicamente com a natureza. Essas condições se
tornam possíveis quando se conhece as fragilidades e potencialidades dos ambientes naturais.
Portanto, para cada região, faz-se necessária uma avaliação das suas características ambientais,
de forma que se possam desenvolver as atividades socioeconômicas naquele local. O conheci-
mento dos fatores físicos como a geologia, os solos, o relevo, o clima, a rede de drenagem, a fau-
na e a vegetação, garante o estabelecimento das fragilidades e potencialidades regionais e es-
tabelece as condições da utilização do ambiente. Daí a necessidade de verificação dos aspectos
geomorfológicos de cada local.
De acordo com Santos (2004), o planejamento ambiental é compreendido como um plane-
jamento de uma região, visando integrar informações, diagnosticar ambientes, prever ações e
normatizar seu uso através de uma linha ética de desenvolvimento. Isso significa que, para que
se alcance o desenvolvimento sustentável, o planejamento ambiental se faz necessário, pois ana-
lisa sistematicamente as potencialidades e riscos inerentes à utilização dos recursos naturais para
o desenvolvimento da sociedade.
Para a sociedade, a importância do planejamento ambiental se deve ao seu funcionamento
enquanto ação preventiva contra os possíveis problemas ambientais decorrentes do desordena-
mento da ocupação territorial da cidade. Nesse sentido, a ocupação planejada tem a função de
beneficiar a população através do desaparecimento ou redução dos problemas ambientais (en-
chentes, inundação, etc.).
Planejamento ambiental, portanto, é a organização do trabalho de uma equipe para conse-
cução de objetivos comuns, de forma que os impactos resultantes, que afetam negativamente o
ambiente em que vivemos, sejam minimizados, e os positivos sejam maximizados. Consiste na
adequação das ações à vocação do local e a sua capacidade suporte, objetivando o desenvolvi-
mento regional harmônico e a manutenção da qualidade do ambiente físico, biológico e social.
Deve prever e indicar mudanças no uso da terra e na exploração de fontes aceitáveis para as co-
munidades locais e regionais, ao mesmo tempo em que contemple as medidas de proteção à na-
tureza. Trabalha sob a lógica da potencialidade e fragilidade do meio, definindo e especializando
ocupações, ações e atividades, de acordo com essas características.
O Planejamento Ambiental tem o papel de estabelecer interconexões entre sistemas ecoló-
gicos, atividades e necessidades econômicas e os processos socioculturais, objetivando manter a
integridade dos ecossistemas. Tem como estratégia o estabelecimento de ações dentro de con-
textos e não isoladamente, resultando em:
• Melhor aproveitamento do espaço físico e dos recursos naturais;
• Economia de energia;
• Alocação e priorização de recursos para necessidades mais prementes;
• Previsão de situação e posicionamento.
O planejamento ambiental se envolve com os programas de utilização dos sistemas am-
bientais, como elemento condicionante de planos nas escalas local, regional, nacional, no uso do
solo urbano e rural, nas intervenções físicas e no planejamento socioeconômico.
Para Santos (2004), o planejamento ambiental surgiu nas últimas décadas em razão do au-
mento drástico da competição pelos recursos naturais, como o solo, as águas, os recursos com
potencial energético, a diversidade biológica, o que gerou a necessidade de se estabelecer as ba-
ses para a exploração do ambiente natural. Dessa forma, o planejamento ambiental é visto como
uma solução de conflitos que pode ocorrer entre os objetivos de manutenção da qualidade am-
biental e o planejamento tecnológico.
O planejamento ambiental é um processo metodológico com uma organização estrutural
que envolve pesquisa, análise e síntese. Como outro processo de planejamento, a pesquisa tem o
objetivo de obter, reunir e organizar dados, que são interpretados. Esses dados obtidos são ava-
liados para a compreensão da região estudada, para o conhecimento das potencialidades, fragi-
lidades e conflitos, atuais e futuros. Em seguida, a partir da análise das informações, estão criadas
as condições para a tomada de decisão sobre determinada intervenção, a partir de possíveis al-
ternativas (SANTOS, 2004).
É importante ressaltar que a sequência de fases para a realização do planejamento ambien-
tal é variável, considerando-se que existem diferentes objetivos e que esses podem alterar a es-
trutura da metodologia.

28
Geografia - Geomorfologia Ambiental

Segundo Philippi Jr at all. (2004), o planejamento ambiental é realizado em três níveis, cada
um apresentando problemas específicos e, portanto, devendo utilizar técnicas e instrumentos
próprios .
No nível macro se desenvolvem as seguintes atividades:
• Análise e diagnóstico do sistema socioeconômico, inclusive das necessidades e desejos da
população, tanto no que diz respeito aos objetivos do desenvolvimento quanto nas atitudes
diante dos problemas ambientais;
• Diagnóstico dos principais problemas de desenvolvimento e do meio ambiente existentes;
• Realização de inventário de recursos naturais, financeiros e humanos existentes em geral;
• Avaliação comparativa das diferentes políticas de desenvolvimento e de seus impactos am-
bientais;
• Definição de objetivos e prioridades de desenvolvimento, abrangendo, com igual importân-
cia, os objetivos ambientais, econômicos e sociais .

No nível meso, as atividades desenvolvidas são:


• Definição e caracterização das atividades a serem promovidas;
• Descrição e representação, em mapas, das características do território considerado e do in-
ventário de seus recursos;
• Avaliação da capacidade, impacto e aptidão do território, em cada um de seus pontos, para
as diferentes atividades . Para isso é preciso aplicar métodos que permitam a integração de
parâmetros muito heterogêneos e dificilmente agregáveis;
• Geração de propostas alternativas de uso do território;
• Avaliação comparativa das diferentes alternativas .

No nível micro, os seguintes procedimentos costumam ocorrer:


• Seleção de localizações específicas para os empreendimentos;
• Desenho de projetos concretos com especificações técnicas detalhadas;
• Avaliação comparativa dos diferentes projetos, incluindo a avaliação de impactos ambien-
tais;
• Determinação de medidas preventivas e corretivas a serem aplicadas para reduzir ou mini-
mizar os impactos que serão gerados;
• Determinação dos sistemas de monitoramento e de controle, além da avaliação continuada
de parâmetros fundamentais que possam servir de indicadores de impactos e que facilitem
o controle e a gestão das atividades .

O planejamento ambiental deve ser realizado por profissionais que componham uma equi-
pe multidisciplinar, formada por diferentes especialistas, porém, trabalhando integradamente,
buscando harmonizar as diferentes visões de cada área . A escala do planejamento ambiental
também atende ao problema que se busca solucionar, podendo ser no nível local, regional ou
global .
O processo de planejamento ambiental compreende as seguintes etapas:
• Definição do objeto de planejamento;
• Descrição dos problemas;
• Delimitação da área geográfica de interesse;
• Definição dos parâmetros e aspectos relevantes;
• Organização dos dados coletados;
• Integração das informações obtidas;
• Prognósticos e identificação das alternativas;
• Construção dos diferentes cenários;
• Tomada de decisão com a escolha de uma das alternativas;
• Definição de diretrizes e políticas para implementar a solução escolhida;
• Acompanhamento e monitoramento dos resultados obtidos com a implementação das
ações .
Cabe destacar que o objeto do planejamento é o seu propósito . Trata-se do tema central do
planejamento . A seguir são destacados alguns temas de planejamento ambiental:
• Bacia hidrográfica;
• Unidade de conservação;
• Paisagem;
• Educação ambiental;
• Sistema de gestão ambiental de empresa;

29
UAB/Unimontes - 4º Período

• Tratamento de efluentes;
• Redução de impactos ambientais na fabricação de produtos;
• Barragem hidrelétrica;
• Empreendimento minerário.
Segundo Santos (2004), no planejamento ambiental define-se uma área geográfica para co-
letar determinadas informações, as quais serão interpretadas de maneira holística. A definição
da delimitação da área de influência dos impactos, das pressões e dos fenômenos é uma tarefa
difícil.
A bacia hidrográfica (fig. 6) é um território definido pelos aspectos naturais e que tem sua
área superficial drenada por redes de águas superficiais, que se direcionam para os fundos de
vale, que se trata do curso d’água principal. A bacia representa os usos que se dão dentro dos
seus limites, cujas características são determinadas pelas condições físicas, biológicas, sociais,
econômicas e culturais às quais ela está exposta.

Figura 6: Representação ►
de uma bacia
hidrográfica
Fonte: BARROS et all, 1995

A utilização da bacia hidrográfica como unidade de planejamento ambiental tem se inten-


sificado. A bacia hidrográfica pode ser descrita como um sistema físico aberto que troca perma-
nentemente matéria e energia com o ambiente circundante. A bacia hidrográfica é uma unidade
de análise adequada porque facilita a identificação das entradas e saídas de água.
A bacia hidrográfica deve ser tomada como unidade de análise e planejamento. Nessa uni-
dade, existem aspectos específicos, que determinam as relações de uso da bacia, destacando-
se a dinâmica da econômica regional, as divisões político-territoriais, o grau de homogeneidade
quanto a determinadas características físico-naturais e, por último, o padrão de drenagem das
águas superficiais. Deve-se levar em conta todas as inter-relações com o meio ambiente.
De acordo com Santos (2004), o tamanho da bacia hidrográfica estudada tem influência so-
bre os resultados. Dessa forma, bacias hidrográficas menores facilitam o planejamento. Uma das
alternativas é dividir as bacias hidrográficas em unidades menores.
Outra dificuldade de se utilizar a bacia hidrográfica como unidade de planejamento diz res-
peito aos dados existentes sobre a região, que são organizados por município, e não pela bacia
hidrográfica, que geralmente é composta por partes de vários municípios. Informações sobre po-
pulação, atividade econômica, entre outras, são coletadas tendo como base o município.
Dessa forma, a avaliação de impacto ambiental é considerada um instrumento de planeja-
mento ambiental, na medida em que utiliza um processo metodológico com etapas de diagnós-
tico, análise e tomada de decisão.

30
Geografia - Geomorfologia Ambiental

2.3.1 Geomorfologia Ambiental Aplicada ao Planejamento

O conhecimento dos aspectos geomorfológicos e dos processos associados possibilita a


identificação prévia de possíveis danos decorrentes das diversas atividades antrópicas. O conhe-
cimento do processo e das fragilidades associados à formação da paisagem auxilia na tomada de
decisão sobre a realização de atividades potencial ou efetivamente degradadoras do meio am-
biente.
Segundo Guerra e Marçal (2006), o conhecimento geomorfológico auxilia na implementa-
ção do desenvolvimento sustentável de uma porção da superfície terrestre, reduzindo os impac-
tos decorrentes de diversas atividades antrópicas, como a ocupação urbana, a exploração rural,
entre outras.
Uma das aplicações importantes diz respeito à possibilidade de uso do mapeamento geo-
morfológico nos estudos de impacto ambiental de empreendimentos transformadores do am-
biente natural. Os mapas geomorfológicos fornecem informações a respeito do ambiente físico a
ser ocupado, indicando a existência de fragilidades.
No quadro 2, são apresentados exemplos de aplicação do mapeamento geomorfológico:

Quadro 2 - Algumas aplicações de mapeamentos geomorfológicos no planejamento e


desenvolvimento econômico
Categoria de Uso Exemplos de aplicações do mapeamento geomorfológico
Uso da Terra Planejamento territorial e regional
Conservação e paisagem naturais e culturais
Agricultura e áreas flores- Potencial de uso
tadas Conservação e controle de erosão dos solos
Dragagem e irrigação
Engenharia Civil aplicada ao Reconstrução e replanejamento de ocupações, especialmente
subsolo e à superfície no caso urbano
Alocação de atividades industriais
Comunicação (estradas, linhas férreas, construção de canais)
Reservatório e represas
Potencial do litoral
Recursos minerais Prospecção, levantamento geológico, exploração e mineração
Dados potenciais e reais causados pela mineração
Fonte: GUERRA e MARÇAL, 2006

2.4 Impactos ambientais


Segundo FEAM (2003), impacto ambiental é qualquer modificação ou alteração do meio
ambiente, adversa ou benéfica, decorrente, no todo ou em parte, de atividades antrópicas. A
maioria das atividades humanas causa impactos ambientais, alterando suas características natu-
rais, com a retirada ou o lançamento de substâncias físicas, químicas ou biológicas do meio. GLOSSÁRIO
O Conselho Nacional de Meio Ambiente define impacto ambiental como qualquer alteração Áreas e empréstimo:
das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma São locais onde foram
de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: retitradas substâncias
• a saúde, a segurança e o bem-estar da população; minerais, como areia e
cascalho, destinadas ao
• as atividade sociais e econômicas;
uso direto na constru-
• a biota; ção civil.
• as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
• a qualidade dos recursos naturais (BRASIL, 1986) .
Portanto, impacto ambiental é a alteração do meio ou de algum de seus componentes por
determinada ação ou atividade. E estas alterações precisam ser quantificadas, pois apresentam
variações relativas, podendo ser positivas ou negativas, grandes ou pequenas. O objetivo de se
estudar os impactos ambientais é, principalmente, o de avaliar as consequências de algumas

31
UAB/Unimontes - 4º Período

ações, para que possa haver a prevenção da qualidade de determinado ambiente que poderá
sofrer a execução de certos projetos ou ações, ou logo após a implementação dos mesmos.
A necessidade de produzir bens de consumo em escala cada vez maior tem provocado alte-
rações contínuas nos processos tecnológicos de produção. Segundo Branco (1980), o avanço tec-
nológico deve ser planejado e orientado no sentido de atender o homem nas suas necessidades,
porém, evitando resultados secundários nocivos.
Atividades como a urbanização de uma cidade ou a implantação de uma cultura agrícola
geram impactos ambientais. Os processos de transformação, principalmente os relacionados às
atividades minerárias (fig. 7) e industriais, são potencialmente degradadores do meio ambiente.
A extração mineral se caracteriza como uma das atividades antrópicas que causam os maiores
impactos ambientais, considerando-se o seu dano sobre a topografia, a vegetação, com conse-
quências negativas sobre os recursos hídricos. O impacto da extração mineral em áreas próxi-
mas a corpos d’água impõe muito mais risco ao ambiente. Alteração da mata ciliar, poluição das
águas e destruição da biota nativa são alguns dos possíveis impactos negativos, para os quais
devem ser previstas medidas de prevenção e controle ambiental, cujas ações estão relacionadas
às características geomorfológicas do local.

Figura 7: Extração de ►
areia
Fonte: Disponível em
<http://guiaecologi-
co.files.wordpress.
com/2009/10/019-vista-
-da-passarela-abaixo-da-
-leste-oeste.jpg>. Acesso
em 12 jan. 2010.

Ao implantar um novo bairro, por exemplo, faz-se necessária a realização de diversos ser-
viços, como o desmatamento para a implantação da urbanização, a modificação da topografia
para a conformação das ruas e lotes, a movimentação da terra, tanto no próprio local, quanto nos
locais que servirão de áreas de empréstimos de material, estando essas ações presentes somente
na fase de implantação.
Após a conclusão da urbanização, iniciam-se os impactos decorrentes do uso do local, como
geração de resíduos sólidos urbanos, lançamento de esgoto sanitário, poluição do ar pelos veícu-
los na queima de combustíveis e na movimentação dos mesmos. Ou seja, são diversos os impac-
tos, alguns inevitáveis.
Da mesma forma, as atividades minerárias, as industriais, a pecuária, a agricultura, e muitas
outras, também são responsáveis por impactos significativos. Daí a importância de se buscar ma-
neiras de se desenvolver gerando o menor impacto possível.
Em relação aos esgotos domésticos, produzidos nas residências, o seu lançamento nos cor-
pos d’água altera os seus parâmetros de qualidade da água, modificando ou impedindo seu uso
(fig. 8). Na maioria das vezes, os poluentes são sólidos e, desta forma, devem ser retirados no
tratamento prévio, na estação de tratamento de esgoto. Segundo Von Sperling (1996), todos os
contaminantes da água, com exceção dos gases dissolvidos, contribuem para a carga de sólidos.
Dessa forma, os processos eficientes de tratamento de águas residuárias têm como produto final
um efluente líquido passível de ser lançado no meio ambiente.

32
Geografia - Geomorfologia Ambiental

◄ Figura 8: Corpo d’água


com lançamento de
dejetos.
Fonte: Disponível em
<http://3.bp.blogspot.
com/poluição dos rios.
jpg>. Acesso em 12 jan.
2010.

A partir da intensificação da discussão sobre os problemas ambientais decorrentes das ati-


vidades humanas, foram criados instrumentos para redução ou minimização de impactos dessa
natureza.
Na década de 1990, é possível identificar que a sociedade aumentou o seu interesse pelas
questões ambientais e, dessa forma, intensificou o questionamento sobre os modelos de desen-
volvimento adotados. O termo desenvolvimento sustentável compreende a coexistência harmô-
nica do desenvolvimento tecnológico, a manutenção das condições ambientais adequadas para
a existência das diferentes formas de vida no planeta e a garantia da continuidade em tempos
futuros, tanto deste desenvolvimento tecnológico, como das condições ambientais necessárias à
continuidade da vida.
Então, temos de entender que, ainda que o objetivo da humanidade seja seu desenvolvi-
mento, cada local deve implementar estratégias próprias para a manutenção do equilíbrio am-
biental. A implementação dos princípios do desenvolvimento sustentável é um desafio para a
comunidade internacional, tendo em vista as diferenças sociais e econômicas entre as nações.
O Estudo de Impacto Ambiental – EIA, constitui-se num instrumento preventivo e avaliador,
destinado a identificador os benefícios e malefícios decorrentes de uma atividade antrópica. O
EIA tem como objetivo principal identificar os riscos de determinada ação, visando antever pro-
blemas futuros e, assim, reduzir, eliminar ou compensar danos ao meio ambiente.
Meio Ambiente é a circunvizinhança em que uma organização opera e executa suas funções
operacionais, incluindo o ar, a água, o solo, os recursos naturais, a flora, a fauna, os seres huma-
nos e suas inter-relações (ABNT, 1996).
De acordo com Branco (1980), meio ambiente é o conjunto de condições que afetam a exis-
tência, desenvolvimento e bem-estar dos seres vivos. Portanto, não se trata apenas de um espa-
ço físico, mas de todas as condições físicas, químicas e biológicas que favorecem ou desfavore-
cem o desenvolvimento dos seres vivos.
Para Baird (2002), a humanidade acreditava que os produtos químicos emitidos para o am-
biente seriam assimilados pela natureza, que os transformava em substâncias de ocorrência
natural, ou seriam diluídos de tal maneira, que não causariam riscos para a vida. Dessa forma, a
emissão contínua de substâncias químicas tornou-se prática comum, entretanto a atenuação na-
tural em diversas situações não ocorreu, seja pela sua concentração, seja pela presença de subs-
tâncias persistentes.
Como consequência dessa prática, as concentrações de substâncias químicas prejudiciais à
saúde e ao meio ambiente alcançaram níveis elevados, causando enormes problemas à popula-
ção. Diante disso, a poluição do meio ambiente tornou-se assunto de interesse público, não ape-
nas nos países desenvolvidos, mas também nos países em desenvolvimento (BRAILE e CAVAL-
CANTI, 1993).
Dessa forma, temos a chamada crise ambiental, provocada pela geração de padrões de cres-
cimento que se traduzem pela incorporação predatória dos recursos naturais e, simultaneamen-
te, produzindo poluições e degradação ambiental (SACHS, 1993).

33
UAB/Unimontes - 4º Período

Para Branco (1980), a poluição pode ser definida como qualquer alteração da composição e
das características do meio que causem perturbações nos ecossistemas . A poluição pode ter efei-
tos sobre os meios físico, antrópico e biótico .
A poluição ambiental é devido à presença, lançamento ou liberação no meio ambiente, de
toda e qualquer forma de matéria ou energia, com intensidade, quantidade, concentração ou ca-
racterísticas em desacordo com os padrões de qualidade ambiental estabelecidos pela legislação
(DERÍSIO, 1992) .
De acordo com a Lei n° 6 .938, de 31/8/1981, que instituiu a Política Nacional do Meio Am-
biente, “poluição é a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou
indiretamente:
• Prejudiquem a saúde, a segurança ou o bem-estar da população;
• Criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
• Ocasionem danos à flora, fauna e a qualquer recurso natural;
• Lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos” .
Dessa forma, devem ser tomadas medidas para se evitar a degradação do meio ambiente
e, para isso, é necessária a elaboração de estudos ambientais, a partir da avaliação dos possíveis
impactos no meio ambiente .

2 .5 Avaliação de Impactos
Ambientais - AIA
A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) compreende todos os esforços e trabalhos no sen-
tido de determinar quais são os possíveis riscos envolvidos em determinada atividade antrópica .
A AIA é, portanto, o processo de identificar, prognosticar, avaliar e mitigar os efeitos biofísicos e
sociais de propostas de desenvolvimento, antes que decisões sejam tomadas e comprometimen-
tos sejam feitos .
Segundo Macedo (1995), a avaliação ambiental tem como objetivo fundamentar e otimi-
zar os processos decisórios, envolvendo as atividades transformadoras, antrópicas ou não . Essas
decisões devem estar orientadas para o desenvolvimento de planos capazes de tornar eficaz o
desempenho ambiental dessas atividades, minimizando alterações negativas e maximizando os
benefícios delas decorrentes .
Segundo Almeida (2004), as informações obtidas por ocasião da avaliação prévia dos im-
pactos ambientais prováveis de determinada atividade devem ser levadas em consideração no
processo decisório, tanto quanto as de caráter financeiro, técnico, legal, político, garantindo sua
máxima compatibilização com as questões ambientais .
O tratamento dos esgotos sanitários em uma estação de tratamento (fig . 9) é uma medida
de controle da degradação ambiental, que deve ser implantada antes da construção das casas de
uma determinada urbanização, conforme

Figura 9: Estação de ►
tratamento de esgoto
de uma cidade .
Fonte: Disponível em
<http://3 .bp .blogspot .
com/_glyLfBk9Cic/SN-
QTQ2llApI/AAAAAAAA-
Ds8/7
4Fr9yAmRPU/s400/ETE_
Barueri_gde .gif> . Acesso
em 12 jan . 2010 .

34
Geografia - Geomorfologia Ambiental

O processo de avaliação de impacto ambiental (AIA) se iniciou como um instrumento de


planejamento ambiental no final da década de 1960, nos Estados Unidos com a aprovação da
National Environmental Policy Act, atendendo às pressões da sociedade que, cada vez mais, preo-
cupava-se com os rumos da qualidade ambiental, sobretudo, nas áreas industrializadas. A referi-
da lei colocava os aspectos ambientais como um dos componentes a serem analisados e consi-
derados na tomada de decisão sobre a implantação de projetos capazes de causar significativo
impacto ambiental.
Segundo Philippi Jr. et all (2004), o grande mérito daquela norma legal foi alterar o conceito
de qualidade de vida que, até aquela época, era ligado ao nível de desenvolvimento econômico
de determinada população, identificada com seu crescimento econômico e consumo de bens. A
partir de então, a qualidade de vida foi associada também à qualidade ambiental.
Inicialmente, a legislação estabelecia a responsabilidade somente nas obras públicas, que
deveria analisar os empreendimentos considerando não só os seus aspectos ambientais, mas
também os componentes sociais e culturais. Para o alcance dos seus objetivos, foram incluídos, à
legislação, dispositivos que lhe dariam efetividade. Destaca-se no instrumento legal a necessida-
de de se fazer a análise interdisciplinar do empreendimento e a relevância de se assegurar que os
aspectos ambientais tenham um peso na avaliação, quanto aos aspectos econômicos e técnicos.
A partir dessas análises, deveria ser gerado um relatório, contendo os impactos prováveis,
bem como as medidas para minimizar ou eliminar a degradação ambiental decorrente da ativi-
dade.
Posteriormente, outros países começaram a utilizar a avaliação de impacto ambiental como
um instrumento de política ambiental. No Brasil, a primeira norma legal que exige a AIA para
aprovação de empreendimentos potencial ou efetivamente degradadores do meio ambiente é
a Lei nº 6.803 de 1980, que dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento industrial de
áreas críticas de poluição.
Posteriormente, a Lei nº 6.938 de 1981, que instituiu a Política Nacional do meio Ambien-
te, estabeleceu os instrumentos de gestão ambiental e, no seu artigo 9°, define a Avaliação de
Impacto Ambiental como sendo um deles. A Avaliação de Impacto Ambiental talvez seja o ins-
trumento de maior importância na gestão ambiental, pois o que se define a partir dela produz
efeitos sobre o meio ambiente, com a exata correspondência ao Princípio da Prevenção e da Pre-
caução.
A AIA é, antes de tudo, um instrumento de previsão dos impactos ambientais. Mas, também,
deve ser entendida como um documento de orientação na concepção dos projetos, apoiando
definições importantes, como o processo tecnológico a ser utilizado e a área a ser escolhida para
sua implantação. Uma boa decisão em relação aos aspectos ambientais do empreendimento, na
maioria das vezes, implica a redução de gastos e investimentos futuros, trazendo benefícios eco-
nômicos. A ausência da AIA prévia pode resultar em passivos ambientais futuros, além de exigir
alterações nos empreendimentos já prontos, implicando custos ao empreendedor.
A AIA, por ser um método, deve seguir procedimentos capazes de assegurar, desde o iní-
cio do processo, um exame sistemático dos impactos ambientais de uma ação proposta (proje-
to, programa, plano ou política) e de suas alternativas, assegurando, também, que os resultados
sejam apresentados de forma adequada ao público e aos responsáveis, pela tomada de decisão,
e que por eles sejam considerados. Além disso, os procedimentos devem garantir a adoção das
medidas determinadas de proteção ao meio ambiente, no caso de decisão sobre implantação
do projeto (MOREIRA, 1992). Os procedimentos devem seguir um roteiro pré-estabelecido, ini-
ciando-se com a coleta de dados sobre o empreendimento e o entorno da área destinada a sua
implantação. Em seguida, faz-se a análise dos dados, elaborando-se um relatório contendo os as-
pectos importantes que devem servir como base para a tomada de decisão.
Segundo Sanchez (2006), o passo seguinte à AIA é a realização do Estudo de Impacto Am-
biental – EIA, que se trata de uma etapa que possui maior conteúdo técnico-científico do que o
processo de AIA e, normalmente, a que consome mais tempo e recursos; no entanto, ela é ape-
nas um dos documentos elaborados. Os resultados deste estudo, apresentados em relatórios téc-
nicos, em geral extensos e complexos, constituem a principal base para a análise da viabilidade
ambiental da ação proposta e tomada de decisão. Devido à complexidade dos relatórios do estu-
do de impacto ambiental, é usual a elaboração de outro relatório, em linguagem acessível ao pú-
blico em geral. O referido relatório deve ficar disponível para a sociedade como um todo, sendo
denominado de RIMA.
Além de ter como objetivo verificar os possíveis impactos decorrentes da atividade, o Estu-
do de Impacto Ambiental tem a função de subsidiar o processo de licenciamento ambiental. Este
é o procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização,

35
UAB/Unimontes - 4º Período

instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos


ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, que sob qualquer forma, pos-
sam causar degradação ambiental. O licencia- mento é uma exigência legal, e vem se constituin-
do no principal instrumento de controle ambiental.
O processo de licenciamento ambiental compreende três fases:
Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento
ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e esta-
belecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua
implementação. Nesta fase se discute os Estudos de Impacto Ambiental e o respectivo Relatório
de Impacto Ambiental.
Licença de Instalação (LI) - Trata-se da segunda fase, quando se autoriza a instalação do
empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, progra-
mas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes,
decorrentes dos impactos identificados nos estudos prévios.
Licença de Operação (LO) - É nessa fase que se autoriza a operação da atividade ou em-
preendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores,
com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação, ou seja,
deve estar instalados e preparados para operação as soluções para evitar ou mitigar os impactos
do empreendimento.
Portanto, para a obtenção das autorizações legais para se implantar e operar empreendi-
mentos potenciais ou efetivamente poluentes, devem ser elaborados estudos ambientais e apre-
sentados aos órgãos ambientais para sua análise. A realização de um Estudo de Impacto Ambien-
tal se divide nas seguintes etapas:

Descrição do projeto:
Nesta fase, levantam-se todas as informações sobre o empreendimento em estudo. Os da-
dos dizem respeito ao empreendimento propriamente dito e a sua localização. Quanto ao em-
preendimento, o relatório deve conter sua localização detalhada, sua concepção, a característica
da operação, objetivos, sua demanda de matéria-prima, de insumos, de energia, de recursos na-
turais, nas diversas fases do processo. Ainda deverá ser informada a geração de efluentes líqui-
dos, resíduos sólidos e emissões atmosféricas. Quanto aos aspectos socioeconômicos, o número
de empregos, diretos e indiretos gerados com o empreendimento, a estimativa da renda gerada,
da previsão dos impostos, do crescimento e de sua vida útil.
O empreendimento deve ser bem caracterizado, de tal forma que se possa identificar seus
impactos positivos e negativos, além de justificar as opções tecnológicas adotadas e as alternati-
vas locacionais.

Descrição do meio ambiente na área de influência do empreendimento:


Nesta fase, é necessário delimitar a área de influência do empreendimento. Essa definição
depende diretamente das características do projeto e está relacionada ao alcance dos impactos
do empreendimento. Sendo ele de grande porte, localizado em uma região com baixo desenvol-
vimento, pode ter uma área de influência bem maior, tendo em vista que exercerá na região uma
atração populacional significativa, alterando as relações sociais.
A área de influência pode ser direta ou indireta. Segundo Philippi Jr. et all (2004), a primeira
é aquela mais próxima do empreendimento e que sofre diretamente seus efeitos, enquanto na
área de influência indireta, os efeitos são menos evidentes e mais diluídos.
Na descrição da área de influência, devem ser contemplados os aspectos do meio físico, bio-
lógico e antrópico, relacionados a seguir:
Meio biológico:
• Ecossistemas terrestres;
• Ecossistemas aquáticos;
• Ecossistemas de transição.

Meio Físico:
• Clima e condições meteorológicas;
• Geomorfologia;
• Geologia;
• Ruído;
• Solos;
• Recursos hídricos.

36
Geografia - Geomorfologia Ambiental

Meio Antrópico:
• Uso e ocupação do solo;
• Dinâmica populacional;
• Infraestrutura existente, como redes de água, esgoto, energia elétrica, telefonia e estradas;
• Nível de vida, que inclui estrutura ocupacional, educacional, saúde, lazer;
• Estrutura econômica;
• Organização social.

Determinação e avaliação dos impactos:


A partir das informações coletadas na fase inicial, que dizem respeito ao empreendimento,
associadas aos dados da área de influência, é feita a identificação dos impactos decorrentes das
suas diversas fases: implantação, operação e desativação.
Os impactos são definidos não somente pela atividade do empreendimento, mas devido às
condições do local onde se pretende implantá-lo, no caso de análise prévia, ou de empreendi-
mentos já instalados, que necessitam fazer os estudos para a ampliação ou regularização do seu
funciona- mento. Ou seja, cada situação é específica, havendo uma interação entre o projeto e
sua localização.
Existem diversas metodologias para a determinação e classificação dos impactos. No qua-
dro 3, são apresentadas algumas classificações de impactos, conforme Weitzenfeld apud Philippi
Jr. (2004).

Quadro 3 - Classificação de impactos potenciais e suas características


Classificação Tipo
Em relação aos impactos Positivos ou negativos
Planejados ou acidentais
Diretos ou indiretos
Cumulativos ou simples
Em relação ao tempo de duração Reversíveis ou irreversíveis
Curto ou longo prazo
Temporários ou contínuos
Em relação à área de abrangência Local
Regional
Nacional
Em relação ao potencial de mitigação Mitigáveis ou não mitigáveis
Fonte: PHILIPPI Jr et all (2004).

A partir da análise dos impactos, devem ser definidos os mais significativos e estabelecidas
medidas de controle ambiental, que serão detalhadas na forma de plano ou projeto. Todas as al-
terações que não atendem aos padrões estabelecidos pela legislação, ou seja, que efetivamente
alteram a qualidade do meio ambiente,devem ser passíveis de medidas mitigadoras, indepen-
dentemente da sua magnitude.
Em alguns casos, quando não é possível mitigar os impactos negativos, e o empreendimen-
to for, de certa forma, considerado adequado à sua implantação, são estabelecidas medidas miti-
gadoras. Segundo Philippi Jr. et all. (2004), as medidas mitigadoras são utilizadas quando as me-
didas mitigadoras ou preventivas não conseguem atenuar os impactos gerados pelo projeto.
Dessa forma, o processo de licenciamento ambiental pode ser considerado como um ins-
trumento de planejamento ambiental, na medida em que realizamos as etapas de diagnóstico,
análise, prognóstico, planificação, projeto, monitoramento dos resultados e revisão daquelas si-
tuações que não atendem aos propósitos do desenvolvimento sustentável.

2.6 Movimentos de massas


Processos de movimentos de massa em regiões montanhosas são processos naturais de
evolução do relevo, do meio físico, que alteram a configuração da paisagem. Evoluções estas
que podem ser aceleradas ou diminuídas por atividades do homem, potencializando as conse-

37
UAB/Unimontes - 4º Período

quências sociais e/ou econômicas adversas, além daquelas naturalmente provocadas por esses
processos (AMARAL JR, 2007). Cabe destacar que as atividades antrópicas estão intensificando a
ocorrência desses fenômenos, ao degradarem o ambiente.
Os movimentos de massa são definidos como o transporte coletivo de material rochoso e/
ou de solo em encostas, onde a ação da gravidade tem papel preponderante, podendo ser po-
tencializado, ou não, pela ação da água. Os movimentos de massa fazem parte da dinâmica da
paisagem. São considerados como um dos principais processos geomorfológicos responsáveis
pela evolução do relevo, sobretudo em áreas montanhosas. Remobilizam materiais ao longo das
encostas, em direção às planícies, e promovem, juntamente com os processos erosivos, o recuo
das encostas e a formação de rampas coluviais.
Os movimentos de massa estão diretamente relacionados aos aspectos físicos como: a es-
trutura geológica, as características de seus materiais constituintes, a morfologia do terreno e os
aspectos relacionados ao uso do solo. A estrutura geológica diz respeito principalmente a falhas
e fraturas. A existência dessas estruturas, associada as suas características (direção e mergulho),
condicionam o surgimento de descontinuidades mecânicas e hidráulicas, as quais contribuem
decisivamente na deflagração de movimentos.
As características dos materiais estão relacionadas à granulometria, porosidade, permeabi-
lidade, resistência ao cisalhamento, entre outros. Essas características determinam a estabilidade
natural dos materiais e também são responsáveis pelo surgimento das descontinuidades men-
cionadas.
Internamente estão ligados à alteração do equilíbrio entre as tensões no interior da massa
(CRUZ, 1974). Esse equilíbrio é controlado principalmente pelo teor de água e pelo teor e estru-
tura interna das argilas. O plano de ruptura dos movimentos geralmente está relacionado a des-
continuidades mecânicas e/ou hidráulicas, localizando-se preferencialmente nos contatos entre
o solo, o saprolito e a rocha sã.
A movimentação do material deve-se a sua condição de instabilidade, por causa da atuação
da gravidade, podendo ser acelerada pela ação de outros agentes, como a água. O deslocamento
de material ocorre em diferentes escalas e velocidades, variando de rastejamentos a movimentos
muito rápidos. Os movimentos rápidos, denominados genericamente de deslizamentos e tom-
bamentos, têm grande importância, devido a sua interação com as atividades antrópicas e à va-
riabilidade de causas e mecanismos (IPT, 1989).
Os deslizamentos e tombamentos são deflagrados pelo aumento de solicitação de mobiliza-
ção de material (erosão, energia cinética da chuva, sismicidade) e pela redução da resistência do
material (ação desagregadora de raízes, rastejamentos, textura e estrutura favoráveis à instabili-
zação). Esses processos são parte da dinâmica natural da formação do modelado, mas se tornam
um problema quando relacionados à ocupação humana, ou seja, quando há ação antrópica, em
áreas naturalmente potenciais, sua ocorrência, além de também serem induzidos por esta ação.
Nessa perspectiva de relação entre eventos naturais e ação antrópica, o fenômeno é enquadrado
como sendo de risco, ou seja, fenômenos de origem natural ou induzidos antropicamente, que
acarretam prejuízos aos componentes do meio biofísico e social.
Os problemas relativos à erosão e aos processos de movimentos de massa estão presentes
em vários lugares do mundo, mas, em países cujo regime pluvial tem as características do am-
biente tropical e cuja situação socioeconômica é considerada como de subdesenvolvimento ou
em desenvolvimento, os problemas se tornam mais acentuados devido à escassa estrutura para
evitar ou controlar tal fenômeno (GUERRA, 1999).
O aumento da população tem levado à ocupação, tanto para moradia (principalmente por
parte da população de baixa renda) quanto para o lazer, de áreas de risco. Essa situação tem leva-
do ao aumento da frequência (repetitividade de um fenômeno ao longo do tempo) e à magnitu-
de (extensão e impacto) dos movimentos de massa.
Algumas variáveis interferem nos processos de movimento de massa, que atuam isolada-
mente ou cumulativamente.
Os aspectos climáticos, notadamente relacionados à precipitação, potencializam os proces-
sos de movimentação de massa. O excesso de umidade, associado à energia transferida pelo im-
pacto, e a velocidade de escoamento das chuvas nos maciços pode causar a desagregação do
material. A intensidade e constância da precipitação propiciam a saturação do solo, reduzindo a
coesão entre suas partículas e favorecendo o arraste de material.
As características e a presença da cobertura vegetal nos maciços também têm uma inter-
ferência direta sobre a maioria dos processos de movimentação de massa. Como visto anterior-
mente, a vegetação protege o solo do impacto da chuva e da erosão, que são fatores que interfe-
rem em sua movimentação.

38
Geografia - Geomorfologia Ambiental

Em relação aos aspectos geológicos, as características litológicas do local e seus traços es-
truturais interferem no potencial de movimentação do maciço. O tipo de formação do terreno,
no que diz respeito aos seus aspectos morfológicos e a sua textura, são determinantes para o
tipo de rocha define a permeabilização e, portanto, o tipo de drenagem e textura, além da resis-
tência ao intemperismo. A presença de fraturas (tectônicas ou resultantes de alívio de pressão)
apresenta importantes pontos de descontinuidade e menor resistência, constituindo-se em ca-
minhos preferenciais à erosão e movimentos de massa.
A ação antrópica tem tido uma interferência cada vez maior sobre a ocorrência de movi-
mentos de massa. A retirada de vegetação, a construção de moradias nas encostas, a alteração
das drenagens naturais, a construção de estradas, entre outros, são ações antrópicas que interfe-
rem na estabilidade dos maciços.
Os aspectos geomorfológicos, como as formas das vertentes, a declividade, a amplitude do
relevo, entre outras, têm influência no deslocamento de material, principalmente no que diz res-
peito à velocidade de deslocamento do material.
Há várias formas de se classificar os movimentos de massa, porém as duas mais comuns são
as que os classificam em rápidos e lentos ou os que envolvem rochas ou material intemperizado
(solo e regolito). Os movimentos de massa rápidos são os desmoronamentos, deslizamentos ou
escorregamentos e avalanches. Os movimentos de massa lentos são o creep e a solifluxão.
Os desmoronamentos ou desabamentos são movimentos repentinos de rochas ou solos,
em geral, provocados pela erosão na base das encostas, neste caso, ocorrem principalmente em
falésias (litorais) e áreas de mineração.
Os deslizamentos, que, quando em pequena escala, são classificados como escorregamen-
tos são os mais comuns no nosso país e, em particular, na região Sudeste. Ocorrem, principal-
mente, na estação chuvosa (entre dezembro e março), quando o solo fica encharcado pela água
das chuvas que se percola até determinada profundidade, encontrando um substrato impermeá-
vel que a impede de continuar se infiltrando e faz com que a parte superior atinja o limite de
fluidez e deslize pela vertente.
O deslizamento ocorre, principalmente, em vertentes antrópicas (cortes em estradas) ou
áreas de colúvio, isto é, materiais que, em períodos passados, desceram da encosta e se acomo-
daram na base ou na superfície da vertente e são facilmente remobilizados, uma vez que, entre
eles e o material formado na própria vertente, se forma um hiato ou plano de escorregamento
que, a qualquer momento, pode movimentar-se novamente. A principal causa dos deslizamen-
tos se deriva da gravidade, mas é também consequência da infiltração da água, que faz com que
as forças causadoras dos movimentos excedam as que tendem a lhes resistir.
Movimentos lentos - estes processos embora não chamem tanta atenção como os rápidos
e só movimentem o solo ou regolito poucos milímetros por ano, não causando desastres, são
muito importantes para o desenvolvimento da paisagem. Eles são considerados como Movimen-
to de Massa Gravitacional: quedas, escorregamentos, tombamentos, espalhamentos laterais e es-
coamentos (fluxos) (AMARAL JR, 2007).
Quedas são denominadas movimentos por queda livre de materiais, sem ocorrer cisalha-
mento, sendo este descalçado do talude geralmente íngreme (fig 10). São processos de alta velo-
cidade, condicionados à litologia e às estruturas presentes no maciço.

◄ Figura 10:
Esquematização de
uma queda.
Fonte: Disponível em
<http://www.ga.gov.au/
hazards/landslide/gallery.
jsp>. Acesso em 12 jan.
2010

39
UAB/Unimontes - 4º Período

Tombamento é o movimento de massa que se caracteriza pela rotação (para dentro ou para
fora da encosta) de uma unidade ou unidades em torno de um ponto situado abaixo do centro
de gravidade das mesmas, por meio da ação da gravidade ou forças adjacentes (fig 11). Este pro-
cesso está combinado à existência de planos de fraqueza subvertical no maciço, com velocidade
relativamente alta.

Figura 11: ►
Esquematização de
rastejos.
Fonte: Disponível em
<http://www.ga.gov.au/
hazards/landslide/gallery.
jsp>. Acesso em 12 jan.
2010.

O processo de escoamento tem várias formas de ocorrer que são classificados conforme a
velocidade do evento.
Rastejos são movimentos de escoamento muito lentos, distinguíveis por elementos lineares
(em geral) particulares (como cercas, postes, trilhos, etc.) (fig 12).

Figura 12: ►
Esquematização de
tombamento
Fonte: Disponível em
<http://www.ga.gov.au/
hazards/landslide/gallery.
jsp>. Acesso em 12 jan.
2010.

As corridas são movimentos de escoamento rápidos que envolvem conteúdo de água mo-
derado a alto e material geológico (geralmente detritos) no processo.
Fluxos são movimentos de escoamento rápidos que envolvem a presença de água (meca-
nismos relativos à viscosidade e à geologia) e que têm a forma de lóbulos (fig. 13).

Figura 13: ►
Esquematização de um
fluxo.
Fonte: Disponível em
<http://www.ga.gov.au/
hazards/landslide/gallery.
jsp>. Acesso em 12 jan.
2010.

40
Geografia - Geomorfologia Ambiental

Avalanches são movimentos de escoamento muito rápidos, com enorme quantidade de


material de várias granulometrias, mais comumente relacionados à presença de gelo em regiões
de clima frio.
Os escorregamentos são movimentos caracterizados pela deformação e deslocamento cisa-
lhantes, ao longo de uma ou várias superfícies facilmente observáveis, ou ainda dentro de uma
zona estreita que pode ser bem definida. Os escorregamentos se dividem em dois tipos: rotacio-
nais e translacionais.
O escorregamento é um movimento que envolve material sólido (solo e/ou rocha) e que
ocorre ao longo de uma superfície de cisalhamento, apresentando uma fricção constante. A
corrida de massa, devido à maior participação da água, possui menor viscosidade e maior mo-
bilidade que o escorregamento e apresenta vários planos de cisalhamento. Ela possui gradien-
te vertical de velocidade, decrescendo com a profundidade, o que produz diferenciais de deslo-
camentos internos na massa e sua deformação. Os movimentos de queda livre independem da
precipitação pluvial, já para os escorregamentos e corrida de massa, essa variável é importante,
uma vez que a umidade e/ou encharcamento do solo deflagram a desagregação e transporte
desse material. GLOSSÁRIO
Deserto: é uma área
onde a taxa de evapo-

2.7 Desertificação
ração potencial excede
a taxa de precipitação
pluviométrica e o vento
é o agente geológico
mais importante nos
Segundo Nóbrega, Lima e Nóbrega (2003), a desertificação é um processo resultante de um processos de erosão e
aumento da pressão das atividades humanas pelo uso inadequado do solo, ocasionado, princi- sedimentação. Então,
palmente, pela remoção da cobertura vegetal associada a condições edafoclimáticas, reduzindo quando se refere a
e até impossibilitando, em alguns casos, sua capacidade de regeneração. deserto independe da
ação humana sobre o
De acordo com Alves, Souza e Nascimento (2009), existem mais de 130 definições recobrin-
meio ambiente (SU-
do os diversos campos transdisciplinares que tratam da desertificação. Porém, a Conferência das GUIO, 1980, p. 310).
Nações Unidas sobre o assunto inicia, a partir do ano de 1977, seus estudos conceituais e, em ju-
lho de 1992, conclui que a desertificação é a “degradação das terras em áreas áridas, semi-áridas
e subúmidas secas, resultante de vários fatores, inclusive das variações climáticas e das ativida-
des humanas” (fig. 14)

◄ Figura 14:
Desertificação
Fonte: Disponível
em <http://www.
vivaterra.org.br/
desertificacao_13.1.jpg>.
Acesso em 12 jan. 2010.

Ao termo degradação da terra foi atribuído um sentido amplo por estar relacionado aos re-
cursos hídricos, dos solos, da vegetação, à biodiversidade e à redução da qualidade de vida da
população afetada.
A partir dessa definição, algumas considerações podem ser feitas, de acordo com Nóbrega,
Lima e Nóbrega (2003):
• A desertificação não ocorre em todos os climas e ecossistemas, mas, principalmente, nas re-
giões de clima árido, semiárido e subúmido seco. Sendo assim, estão fora dessa definição as
zonas polares, as desérticas, subúmidas e úmidas;
• Tem como agente causador não somente os fatores de ordem física, mas a interação desses
com as atividades humanas;

41
UAB/Unimontes - 4º Período

• É bom ficar claro que, embora desertificação e deserto tenham a mesma etimologia, eles
significam fenômenos diferentes e não se aplicam ao mesmo espaço geográfico .
Nóbrega, Lima e Nóbrega (2003) salientam que a preocupação com a degradação das terras
secas e ecossistemas a eles associados surge do número de pessoas que vive nessas áreas, mais
de um sexto da população mundial, as mais miseráveis do planeta; da importância econômica
que possuem, responsáveis por cerca de 22% da produção mundial de alimentos e da fragilidade
ambiental que apresentam, comparados a outros ecossistemas, quando mal manejados .
A desertificação é um problema global, já que pode ocorrer em todos os continentes . Mas a
grande maioria dos países em desenvolvimento, especialmente no continente africano, é direta-
mente afetada pela situação de miséria, comentam Nóbrega, Lima e Nóbrega (2003) .
A razão pela qual há tanta preocupação em relação à desertificação, deve-se ao fato não so-
mente dos problemas econômicos, sociais e ambientais que esse processo pode ocasionar, mas,
principalmente, de que todas as terras passíveis de sofrer tal processo se encontrem em estágio
bem avançado .
Segundo Primavesi (2006), a desertificação dos solos em uso agrícola e pastoril ocorre,
anualmente, em cerca de 10 milhões de hectares, por causa da compactação da superfície dos
solos, da erosão hídrica e eólica .
Com relação ao Brasil, Cunha & Guerra comentam que:

até aos anos 70, ao tratarmos de desertificação em território brasileiro, as ob-


servações restringiam-se ao Nordeste, em particular ao semi-árido nordestino .
A partir dos anos 70 a discussão sobre desertificação, que emerge da Confe-
rência de Nairóbi (1977), chega ao Brasil . Data deste período a discussão con-
ceitual sobre desertificação em nosso país, bem como a divulgação de áreas
em território brasileiro caracterizadas por este processo (CUNHA & GUERRA,
2004, p . 261) .

Na perspectiva brasileira, é necessário ressaltar a contribuição de vários autores a respei-


to do conceito sobre desertificação como, por exemplo, Vasconcelos Sobrinho (1978), Nimmer
(1988), Conti (1989) e o trabalho clássico em escala nacional, denominado “A Problemática da De-
sertificação e da Savana no Brasil Intertropical”, de Ab’Saber (1977), é o que comentam Cunha e
Guerra (2004) .
No trabalho de Ab’Saber (1977), citado por Cunha & Guerra (2004), foi feita uma tipolo-
gia das áreas de desertificação do Nordeste . Para esse autor, em todos os casos, o meio frágil
do Nordeste está em processo de desertificação, devido à estrutura geo-ecológica e, na maior
parte das vezes, intensificado por ações antrópicas diretas e indiretas . Ele também reconhece
feições de degradação antrópica no domínio dos cerrados e os ravinamentos do domínio dos
morros (figura 15) .

Figura 15: ►
Desertificação no Brasil
Fonte: Disponível em
<http://www.sapo.
salvador.ba.gov.br/arq/
mudancas_arquivos/
slide0061_image131.jpg>.
Acesso em 12 jan. 2010.

42
Geografia - Geomorfologia Ambiental

Cunha & Guerra ressaltam também que:

No Atlas do Meio Ambiente do Brasil (1994), é dedicado um espaço a questões


de erosão e desertificação, no qual se afirma que “ são várias as regiões do Bra-
sil onde já se podem localizar seus primeiros sinais” (EMBRAPA, 1994). Ao tratar
deste processo, são reconhecidas como áreas desertificadas: a região nordeste
(semi-árido nordestino), cujas causas estão associadas ao desmatamento, à mi-
neração, ao sobrepastoreio, ao cultivo excessivo, à irrigação inadequada e ao
latifúndio (CUNHA & GUERRA, 2004, p. 264).

Retomando Nóbrega, Lima e Nóbrega (2003) no Brasil, de acordo com a definição contida
na Convenção Internacional de Combate à Desertificação, as áreas suscetíveis a tal processo en-
contram-se na região do Polígono das secas, envolvendo parte da Região Nordeste e de vários
municípios do Norte do estado de Minas Gerais, em especial o Vale do Jequitinhonha, com área
total de 980.711,58 Km2.

Nas áreas suscetíveis à desertificação, estudos considerados pelo MMA na


elaboração de seu mapa de ocorrência consideram que 60,47% da região do
Polígono das Secas no Nordeste encontram-se efetivamente afetadas pela de-
sertificação, com níveis variados de intensidade (NÓBREGA, LIMA e NÓBREGA,
2003, p. 96).

Alves, Souza e Nascimento (2009) comentam também que As Áreas Susceptíveis à Deserti-
ficação (ASD), no Brasil, envolvem uma área superior à compreendida pela Região Semiárida ou
ao espaço do Polígono das Secas. Na prática, são os meios semiáridos e seus entornos. As ASD
cobrem uma superfície de 1.340.863 km², como mostra a Tabela 1.

Tabela 1 - As Áreas Susceptíveis à Desertificação (ASD) no Brasil

Fonte: Disponível em <http://ojs .c3sl .ufpr .br/ojs2/index .php/raega/article/viewPDFInterstitial/12314/10672> .


Acesso em 12 jan . 2010 .

As causas da degradação das terras secas no mundo podem se dever a duas classes . A de-
gradação pode provir tanto de fatores climáticos quanto de atividades humanas . Embora par-
te da desertificação seja atribuída a causas naturais que fazem com que os ecossistemas sejam
mais vulnerais aos processos, as atividades humanas são consideradas as maiores responsáveis
por tal processo . Essas causas humanas estão indiretamente ligadas a fatores de natureza so-
cioeconômica .
Rodrigues (1987), Mendes (1994) e Dregne (1998), citados por Nóbrega et al . (2003), desta-
caram como causas da desertificação, principalmente:
• A remoção da vegetação, em especial, da cobertura arbórea nas margens dos rios, nas áreas
de vegetação nativa, etc ., em decorrência dos interesses de madeireiras, indústrias de car-
vão e outros;
• Uso frequente de queimadas que destroem a cobertura florestal;
• Sistema inadequado de manejo do solo;
• Cultivo em áreas impróprias;

43
UAB/Unimontes - 4º Período

• Uso irracional dos recursos aquíferos disponíveis como, por exemplo, a prática inadequada
de irrigação .
• Pecuária extensiva que exerça uma pressão sobre a vegetação nativa e, também, a compac-
tação do solo devido ao pisoteio excessivo de animais;
• Uso e transferência de tecnologia que não se adaptam, na maioria das vezes, às restrições
dos recursos naturais característicos dessas áreas .

Nóbrega, Lima e Nóbrega (2003, p . 97) declaram que:


• A transferência de tecnologia, em alguns países, tem gerado grandes desastres ecológicos,
como no caso do Paquistão, com 70% de seus solos agrícolas salinizados, e do Iraque e Síria,
com 50% . No Nordeste, a desertificação associada à salinização dos solos ocorre, em diferen-
tes níveis, em quase todos os perímetros irrigados;
• Sistemas de propriedade de terra altamente concentrada nessas regiões, gerando com isso
graves problemas socioeconômicos;
• Mineração que promove mudança significativa na paisagem e na topografia das áreas, re-
sultando na contaminação do solo e da água;
• A integração econômica dessas regiões aos mercados nacionais e internacionais tem esti-
mulado os produtores, geralmente descapitalizados, e que usam práticas agrícolas de baixo
nível tecnológico, para uma maior exploração dos recursos naturais;
• Falta de política voltada para o uso racional dos recursos naturais nesses ecossistemas;
• Elevada densidade populacional nessas regiões, criando-se, assim, um forte fator de pressão
sobre o ambiente . O autor ressalta que a zona rural do Nordeste abriga o maior contingente
populacional rural do país .
Ainda, segundo os autores supracitados, a desertificação implica consequências sociais e
econômicas nos recursos naturais e no clima . Como exemplos, podemos enumerar:
• Redução da qualidade de vida, aumento da mortalidade infantil, redução da expectativa de
vida e aumento do êxodo rural;
• Perda da produção e produtividade, aumento do desemprego, redução da renda de consu-
mo, desorganização dos mercados, estados e cidades, aumento da poluição em áreas urba-
nas, crescimento da pobreza e instabilidade política;
Perda da biodiversidade, perda de solo por erosões hídrica e eólica, redução da disponibili-
dade efetiva de recursos hídricos por assoreamento de rios e reservatórios, abaixamento do nível
do lençol freático, aumento das secas edáficas, formação de tempestades de areias, contamina-
ção das águas por pesticidas e metais pesados e aumento da pressão antrópica em outros ecos-
sistemas .
Diante do quadro de tamanha complexidade, vários autores comentam que o controle da
desertificação deve envolver ações que controlem o processo nas áreas onde o fenômeno está
ocorrendo, sendo necessário que sejam criadas ações para prevenir seu avanço para outras áreas .
Entre as soluções técnicas, podemos citar:
• O manejo das terras cultivadas com uso de práticas adequadas às terras secas para conser-
vação do solo e da água;
• Controle da erosão eólica;
• Sistema de captação de água das chuvas;
• Manejo de pastagens;
dICA • Manejo de áreas afetadas por sais;
• Controle de pragas e doenças;
Para compreender mais
sobre desertificação, vi- • Domesticação de espécies nativas;
site o site: <http://www. • Reabilitação de áreas degradadas pela mineração.
fao.org/docrep/V0265E/
v0265e00.htm>. Paralelamente a essas, outras novas tecnologias como o Sistema de Informações Geográfi-
cas, Sistema de Posicionamento Global, biotecnologia, etc., vêm auxiliando tanto na prevenção
como na contenção da desertificação.

2.8 Geomorfologia litorânea


De acordo com Carvalho (2007), a região litorânea se situa no limite dos dois maiores am-
bientes do planeta: continente e oceano, onde ocorre uma interação entre os aspectos bioló-

44
Geografia - Geomorfologia Ambiental

gicos, químicos, físicos, geológicos e meteorológicos e de visíveis contrastes na paisagem . Em


todos esses locais, a tectônica, a erosão e a sedimentação atuam juntas para criar esta grande
variedade de formas e materiais .
O Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC) define região litorânea ou costeira
como:

Zona Costeira - é o espaço geográfico de interação do ar, do mar e da terra, in- DICA
cluindo seus recursos ambientais, abrangendo as seguintes faixas:
Faixa Marítima - é a faixa que se estende mar afora distando 12 milhas maríti- Tenha sempre em mãos
mas das Linhas de Base estabelecidas de acordo com a Convenção das Nações o dicionário Geológico-
Unidas sobre o Direito do Mar, compreendendo a totalidade do Mar Territorial; geomorfológico para
Faixa Terrestre - é a faixa do continente formada pelos municípios que sofrem estudar a Geomorfolo-
influência direta dos fenômenos ocorrentes na Zona Costeira (PNGC - constituí- gia Litorânea, pois há
do pela Lei 7 .661, de 16/05/88) . vários conceitos novos.

É importante, também, observarmos que, como o relevo terrestre, que foi trabalhado na dis-
ciplina Geomorfologia, no período passado, os fundos dos oceanos apresentam uma variedade
de formas . Assim, criaram- se as divisões do relevo submarino . Algumas dessas feições são apre-
sentadas a seguir (figura 16) .

◄ Figura 16: Perfil


esquemático das
margens continentais
Fonte: TEIXEIRA et al,
2000, p. 265

Segundo Guerra e Guerra (1997), a Plataforma continental é um planalto submerso que orla
todos os continentes. A região da plataforma continental é praticamente uma continuação do
continente. Atinge uma profundidade de até 200 metros a partir do nível do mar. É uma área de
deposição de sedimentos, a maior parte vinda do continente. Local onde ficam as maiores re-
giões pesqueiras e também as bacias petrolíferas.
Talude continental é uma região marinha que se estende de 200 a 1000 metros de profun-
didade e se forma imediatamente após a plataforma continental. O relevo do talude continental
não é regular, sendo frequente a presença de cânions e vales submersos.
Elevação continental são áreas que se estendem em profundidade de 3000 a 5000 metros e
apresentam declividades intermediárias entre as observadas nas plataformas e nos taludes conti-
nentais, é o que comenta Teixeira et al (2000).
Planície abissal são áreas extensas e profundas, construídas de relevo plano, que se esten-
dem da base das elevações continentais até os relevos íngremes das cordilheiras oceânicas.
Cordilheira oceânica é um compartimento fisiográfico, constituído, principalmente, pelos
processos vulcânicos e tectônicos de formação da crosta oceânica.
Segundo Teixeira et all (2000), a maioria dos sedimentos gerados pelo intemperismo e ero-
didos nos continentes é depositado nas áreas oceânicas. Sendo importante ressaltar que grande
parte dos depósitos sedimentares marinhos é composta por um tipo de predominante ou mistu-
ra, provinda de várias fontes como, por exemplo, os precipitados de sais a partir de água do mar,
produtos de vulcanismo, conchas e matéria orgânica derivada da vida marinha e terrestre, entre
outros.
Teixeira et al (2000) comentam também que, nos fundos marinhos de áreas costeiras e nas
plataformas continentais, ocorre a ação de processos hidrodinâmicos que são importantes nos
mecanismos de erosão, transporte e deposição de sedimentos, que são as ondas, as marés e as
correntes costeiras.
As ondas oceânicas são as grandes responsáveis pela remobilização de sedimentos nas
áreas da plataforma continental e na formação das praias.

45
UAB/Unimontes - 4º Período

Quanto à formação das ondas, Fleury enfatiza que:

A energia do vento, impulsionando a superfície das águas dos oceanos, de-


termina a formação de ondas, cuja altura é de dois metros, podendo haver
ondas muito grandes, quando a força do vento é muito forte, chegando a 30
metros de altura . Quando começa o atrito com o fundo, no caso das ondas do
litoral, sua velocidade de fundo é diminuída e a da superfície continua rápida,
de modo que a onda sobe e enrola-se até quebrar-se nas praias . Esta atividade
do mar tem maior efeito erosivo sendo, portanto, do tipo destrutivo (FLEURY,
1995, p . 124) .

De acordo com Jatobá e Lins (1998), a maior parte das ondas é superficial, mas o seu movi-
mento muda de um dia para o outro ou em função do estado do mar . Há dois tipos de ondas que
atuam geomorfologicamente sobre a linha de costa, que são as ondas de longo comprimento e
ondas de tempestades .
As ondas de longo comprimento surgem a longa distância e em águas profundas, dirigem-
se em direção à praia, exercendo maior influência sobre o fundo . Já as ondas de tempestades são
mais fortes e se formam pela ação dos ventos que sopram do mar .
As ondas podem ser destrutivas ou construtivas . As destrutivas quebram-se bem próximo
da linha d’água, caindo verticalmente segundo um movimento circular, ocorrendo próximas
umas das outras . Tais ondas decorrem de fortes ventos soprando do mar para a terra e apresen-
tando uma tendência à erosão . As ondas construtivas são provocadas pelos ventos que se for-
mam longe da terra firme, aproximam-se da costa com ondulações longas e regulares e vão se
quebrar a uma distância mais afastada da linha d’água, caindo, ao contrário das anteriores, obli-
quamente para a frente . Provocam uma adição de sedimentos à praia .
Jatobá e Lins (1998) enfatizam que, para que possamos compreender a ação geomorfoló-
GLOSSÁRIO gica das ondas, precisamos ter uma visão dos seguintes aspectos: corrente de deriva litorânea e
refração das ondas .
Tsunâmis: (termo em
Japonês) são ondas A primeira se forma paralelamente à praia, resultando da aproximação das ondas, de forma
marítimas gigantescas, oblíqua, da costa . Essa corrente segue, grosso modo, a direção dos ventos .
geradas após fortes As correntes de deriva litorânea surgem quando as ondas não atingem perpendicularmente
terremotos, grandes o litoral . O ângulo de incidência das ondas propicia a movimentação de água e material em sus-
deslizamentos sub-
pensão numa trajetória em zigue-zague, cujo resultante é um transporte paralelo à costa .
marinos, muitas vezes
induzidos por sismos ou A refração das ondas consiste num fenômeno físico de mudança de direção da frente das
erupções vulcânicas, no ondas, à proporção que estas vão se aproximando da costa . Quando esta é recortada, com baías
mar ou na costa. e cabos (figura 17), as ondas concentram-se nas partes salientes, erodindo-as . O poder erosivo
nas baías é muito pequeno . A ação erosiva das ondas é influenciada, também, por outros fatores
que participam direta ou indiretamente da abrasão, como, por exemplo:
• Os tipos de rocha que compõem a costa;
• Amplitude das marés;
• Configuração da costa;
• Estabilidade do nível do mar;
• Estrutura geológica .

Figura 17: A refração ►


das ondas. A
concentração da
energia das ondas se dá
no Cabo.
Fonte: JATOBÁ e LINS
1998, p. 107.

As Tsunâmis geram grandes danos quando varrem áreas costeiras baixas. Uma das mais des-
trutivas ocorreu em 26 de dezembro de 2004, provocada pelo terremoto de Sumatra-Andaman,

46
Geografia - Geomorfologia Ambiental

com a ruptura das placas da Eurásia e a Australiana, a 20km de profundidade, que estenderam-se
por cerca de 1200 km, num período de 7 minutos (MACEDO et al, 2008, p. 41).
Com relação às marés, Fleury (1995) frisa que são alçamentos e rebaixamentos da superfície
das águas dos oceanos, e esse processo ocorre em decorrência das forças de atração da lua e do
sol, que tendem a anular, parcialmente, a força da gravidade. As marés acontecem duas vezes ao
dia, sendo preamar a maré alta, e baixamar, a maré baixa. Quando as forças de atração da lua e
do sol ocorrem no mesmo sentido, formam as grandes marés. É bom lembrar que as marés altas
e baixas têm papel de erosão importante e de sedimentação nas costas.
Conforme Teixeira et all, as correntes costeiras:

Constituem alguns dos mais importantes agentes de remobilização de sedi-


mentos. Essas correntes são responsáveis pelo transporte de material ao longo
da costa, a partir de uma fonte,tal como um rio. Constituem, também, o gran-
de mecanismo de circulação responsável pela manutenção da estabilidade e
equilíbrio dos ambientes de praia. Além das correntes de deriva, ocorrem, em
regiões costeiras, as chamadas correntes de retorno, que constituem um fluxo
transversal à costa, no sentido do mar aberto [...] estas correntes permitem o
transporte de sedimentos costeiros em direção a porções mais profundas dos
oceanos (TEIXEIRA et al, 2000, p. 274).

É importante ressaltarmos neste momento algumas formas de relevos litorâneos que ad-
vêm de ação erosiva e de deposição, que são: as praias, as restingas, as falésias, os recifes, os atóis
e os deltas.
Conforme Guerra e Guerra (1997), as praias são conjuntos de sedimentos, comumente are-
nosos, acumulados por ação de ondas, que se encontram em constante movimento e que se de-
positam ao longo do litoral.
O material mais comum de uma praia é a areia, sendo formada principalmente por quartzo
e pelo feldspato. As areias das praias litorâneas são, geralmente, originárias de rios que erodem
os continentes e transportam seus fragmentos até o litoral, onde o mar encarrega-se de distri-
buí-los pela costa. Pode-se também encontrar praias formadas por conchas ou outros materiais,
que compõem uma praia e que podem também ser de várias cores. Nas ilhas do Havaí (EUA), por
exemplo, há praias de areias brancas, compostas por fragmentos de corais, e praias de areias pre-
tas, nas quais o material é derivado de lava vulcânica.
Restinga é uma língua de areia, paralela à linha da costa, graças ao dinamismo destrutivo e
construtivo das águas oceânicas. Esses depósitos são elaborados com o apoio em pontas ou ca-
bos que, frequentemente, podem barrar uma série de pequenos lagos.
Segundo Guerra e Guerra (1997), falésia é um termo usado indistintamente para designar as
formas abruptas de relevo litorâneo ou escarpadas ou, ainda, o desnivelamento de igual aspecto no
interior do continente. O trabalho do mar nas falésias se faz pelo solapamento da base (figura 18).

◄ Figura 18: Falésia.


Fonte: Disponível em
<http://media.photobu-
cket.com/image/falesia/
Lbnu/rs-falesia.jpg>.
Acesso em 12 jan. 2010.

47
UAB/Unimontes - 4º Período

O desenvolvimento e as feições das falésias dependem da ação das ondas e dos processos
GLOSSÁRIO geomorfológicos que operam na vertente. Distinguem-se dois tipos de falésias: vivas e mortas.
Falésia Viva: é aquela Recifes são formações litorâneas que aparecem próximas da costa.
que se desenvolve ain- Eles podem ser classificados, segundo sua origem, em recife de arenito e de corais. Os pri-
da na atualidade, uma meiros resultam da consolidação de antigas praias pela cimentação de quartzo e os outros pelo
vez que experimenta o
embate das ondas na
acúmulo de corais.
sua base. Segundo Guerra e Guerra (1997, p. 69), atol é um termo regional das Ilhas Maldivas que de-
Falésia Morta: encon- signa recifes mais ou menos circulares, em forma de coroa fechada, contendo uma laguna central
tra-se a salvo da ação que, com o tempo, será colmatada de vasa, transformando o arquipélago numa ilha.
das ondas, inclusive Conforme Guerra e Guerra (1997) e Fleury (1995), delta é uma massa de sedimentos, que
durante as tempesta-
des. Esse tipo de falésia
aparece na foz de certos rios, avançando em direção ao mar o lago. A maior parte dos sedimen-
pode indicar um antigo tos depositada está imersa e, de modo geral, os sedimentos deltaicos possuem características
nível mais elevado que servem para identificá-los. As camadas superiores, ou top-set, são horizontais e de litologia
do mar. Com o passar semelhante às dos depósitos fluviais. Nas camadas emersas, há a presença de restos orgânicos
do tempo, a falésia de forma lenticular. Nas camadas do top-set imersas, os sedimentos são finos, como argila e silte.
morta vai perdendo
os principais traços da
As camadas intermediárias são as camadas frontais ou fore-set e estão dispostas de forma inclina-
escarpa de abrasão, da no mesmo sentido da correnteza. Os sedimentos desta porção do delta contêm sedimentos
transformando-se numa marinhos, principalmente, pela natureza dos fósseis. Por fim, temos a camada de bottom-set ou
vertente mais ou menos camada do fundo, que está mais distante da desembocadura do rio, caracterizada, exclusivamen-
suavizada (JATOBÁ e te, por sedimentos marinhos (figura 19).
LINS, 1998, p.108).

Figura 19: Delta ►


Fonte: Disponível em
<http://content.answers.
com/main/content/
img/oxford/Oxford_Ge-
ography/019 8606737.
bottomset-beds.1.jpg>.
Acesso em 12 jan. 2010.

Como faremos um breve resumo das principais formas de relevo encontradas no litoral bra-
Dica sileiro, é importante ressaltar, também, as seguintes feições: barreira, mangue, duna e laguna.
Vídeos sugeridos para De acordo com Guerra e Guerra (1997), consideram-se barreiras litorais típicas de falésias, do
debate: Produção: Re- ponto de vista geomorfológico. Mangue é um terreno baixo, junto à costa, sujeito às inundações
presentação do IICA no das marés. Duna é considerada uma elevação de areias móveis, depositadas pela ação do vento
Brasil. Documentário dominante, enquanto laguna seria uma depressão contendo água salobra ou salgada, localizada
sobre desertificação
no Piauí. Tempo: 30 mi-
na borda litorânea.
nutos. O documentário De acordo com Silva (2005), no litoral brasileiro, são classicamente reconhecidas cinco re-
mostra um testemunho giões fisiográficas, definidas, principalmente, por elementos geológicos, oceanográficos e climá-
da degradação ambien- ticos. A região que se estende da foz do rio Oiapoque até o Maranhão oriental é caracterizada
tal e o envolvimento da pela ocorrência de extensas áreas de manguezal; o litoral nordestino ou de Barreiras que vai da
comunidade na busca
de formas sustentáveis
foz do rio Parnaíba ao Recôncavo Baiano e tem como principais características o predomínio dos
de convívio com o meio depósitos sedimentares da Formação Barreiras, as falésias e arenitos de praia, os recifes de coral
ambiente. Acesse o site e extensas áreas com dunas de grande porte; o litoral oriental que se limita do Recôncavo Baiano
<www.youtube.com>, até o sul do Espírito Santo, com muitas características comuns ao litoral nordestino, mas com o
e na barra de busca, aparecimento das escarpas da Serra do Mar, ainda, relativamente interiorizadas e que atingem a
escreva: Desertificação.
Esses vídeos abordam
costa, próximo da região de Vitória; o litoral sudeste ou das escarpas cristalinas é uma área que se
tal processo. Produção: estende do sul do Espírito Santo ao Cabo de Santa Marta, em Santa Catarina, os principais aspec-
Representação do IICA tos físicos são a proximidade das escarpas cristalinas da Serra do Mar do oceano, a presença de
no Brasil. grandes reentrâncias na linha de costa e algumas lagunas com extensão e grau de sedimentação
variáveis; o litoral meridional ou subtropical engloba o trecho que vai do Cabo de Santa Marta,
na região de Laguna, até a desembocadura do rio Chuí, no limite do Brasil com o Uruguai, obser-
vam-se como características marcantes a ocorrência de amplas planícies sedimentares arenosas
associadas a um conjunto de lagunas com diferentes níveis de comunicação com o oceano.

48
Geografia - Geomorfologia Ambiental

Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR ISO 14001: Sistemas de Gestão
Ambiental - Especificação e Diretrizes para Uso. Rio de Janeiro, 1996.

ALVES, J. J. A; SOUZA, E. N e NASCIMENTO, S. S. Núcleos de desertificação no Estado da Pa-


raíba, 2009. Disponível em <http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/raega/article/viewPDFIntersti-
tial/12314/10672>. Acesso em 12 jan. 2010.

ALMEIDA, J. R. de et al. Política e planejamento ambiental. 3. ed. Rio de Janeiro: Thex.,2004.

AMARAL Jr, A. F. Mapeamento geotécnico aplicado a análise de processos de movimentos


de massa gravitacionais: Costa Verde - RJ - escala 1:10.000. Dissertação de Mestrado. Univer-
sidade de São Paulo - Escola de Engenharia de São Carlos (EESC). 2007. Disponível em <http://
www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18132/tde-05042007-151540/> Acesso em 10 jan. 2010.

BAIRD, V. Química Ambiental. BOOKMAN Porto Alegre, 2002.

BARROS, R. T de V. et all. Saneamento. Belo Horizonte: Escola de Engenharia da UFMG, 1995.

BRAILE, P. M. e CAVALCANTI, J. E. W. A. Manual de Tratamento de Águas Residuárias Indus-


triais. São Paulo: CETESB, 1993.

BRANCO, S. M. & ROCHA, A. A. Ecologia ambiental: Ciências do ambiente para universitários.


São Paulo: CETESB, 1980.

BRASIL. Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA). Resolução nº 01 de 23 de janeiro de


1986. Disponível em <http//mma.gov.br/Conama>. Acesso em 10 jan. 2010.

BRASIL, Lei n.º 6.803, de 2 de julho de 1980. Dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento
industrial nas áreas críticas de poluição, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília-DF, 3 jul. 1980. Disponível em <http://www.planalto.gov.br>. Aces-
so em 10 jan. 2010.

BRASIL, Lei n.º 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambien-
te, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário Oficial
[da] República Federativa do Brasil, Brasília-DF, 2 set. 1981. Disponível em <http://www.planal-
to.gov.br>. Acesso em 10 Jan. 2010.

CARVALHO, C. M. B. de. Geomorfologia. 2007. Disponível em <http://www.ead.ftc.br/portal/


upload/geo/5p/04-Geomorfologia.pdf>. Acesso em 12 jan. 2010.

CRUZ, O. A Serra do Mar e o Litoral na Área de Caraguatatuba. Contribuição à Geomorfologia


Tropical Litorânea. São Paulo: IGEO/USP, 1974.

CUNHA, S. B.; GUERRA, A. J. T. (Org). Geomorfologia e Meio Ambiente. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2004.

FERRARI, C. Curso de planejamento municipal integrado. São Paulo: Pioneira, 1979.

FLEURY, José Maria. Curso de Geologia Básica. Goiânia: UFG, 1995.

GUERRA, Antônio José. T (org). Erosão e conservação dos solos: conceitos, temas e aplicações.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.

GUERRA, A. T. GUERRA, A. J. T. Novo Dicionário Geológico-Geomorfológico. Rio de Janeiro:


Bertrand Brasil, 1997.

GUERRA, A. J. T.; MARÇAL, M. S. Geomorfologia Ambiental. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,


2006.

IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S.A. Controle de erosão. DAEE
-IPT, São Paulo, 1989.

49
UAB/Unimontes - 4º Período

JATOBÁ, Lucivânio; LINS, Rachel Caldas. Introdução á Geomorfologia. Recife: Bagaço, p. 140,
1998.

MINAS GERAIS. Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEAM. Iniciação ao desenvolvimento


sustentável. Belo Horizonte-MG, 2003.

MOREIRA, I. V. D. Origem e Síntese dos Principais Métodos de Avaliação de impacto am-


biental (AIA), Manual de Avaliação de Impactos Ambientais – MAIA, 2. ed. Curitiba-PR, 1992.

MACEDO, Ricardo Kohn de. A importância da avaliação ambiental. In: TAUK, S. M. (org). Análise
Ambiental: Uma visão multidisciplinar. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 2.
ed, 1995.

MACEDO, E. S. de., MIRANDA, F. A., GRAMANI, M. F., OGURA, A. T. Desastres naturais:situação


mundial e brasileira. In: MACHADO, R (Org.) As Ciências da Terra e sua importância para a Hu-
manidade. A contribuição brasileira para o Ano Internacional do Planeta Terra - AIPT. São Paulo,
Sociedade Brasileira de Geologia, Livros Textos, 2008.

NÓBREGA, Júlio Cézar Azevedo; LIMA, José Maria de; NÓBREGA, Rafaela Simão Abrahão. Deserti-
ficação: áreas de ocorrência e ações mitigadoras. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 24, n.
220, p. 94-102, 2003.

PHILIPPI JR. et. all. Curso de Gestão Ambiental. Barueri-SP: Manole, 2004.

Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC) - constituído pela Lei 7.661, de 16/05/88.
Disponível em <http://www.semarh.ba.gov.br/gercom/pngcII.pdf>. Acesso em 12 jan. 2010.

PRIMAVESI, Ana. Cartilha do solo. São Paulo: Fundação MoKiti OKada, 2006.

SACHS, I. Estratégias de transição para o século XXI: desenvolvimento e meio ambiente. São
Paulo: Studio Nobel: Fundação do desenvolvimento administrativo (FUNDAP), 1993.

SANCHEZ, L. E. Avaliação de Impacto Ambiental: Conceitos e Métodos. São Paulo: Oficina de


Textos, 2006.

SANTOS, R. F. Planejamento Ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de Texto, 2004.

SILVA. S. M. Diagnóstico das restingas no Brasil, 2005. Disponível em <http://www.anp.gov.br/


brasil-rounds/round8/round8/guias_r8/perfuracao_r8/%C3%81reas_Priorit%C3%A1rias/Restin-
gas.pdf>. Acesso em 12 jan. 2010.

SUGUIO, Kenitiro. Rochas Sedimentares: propriedades, gênese, importância econômica. São


Paulo: Edgard Blücher, 1980.

TEIXEIRA, Wilson. TOLEDO, M. Cristina Motta. FAIRCHILD, Thomas Rich. TAIOLI, Fabio. Decifrando
a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2000.

VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. v. 1. Belo


Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, 1996.

50
Geografia - Geomorfologia Ambiental

Resumo
• As formas de relevo foram esculpidas pela ação de determinados processos. Existe uma
relação entre essas formas e os processos, assim o estudo de ambos pode ser considerado
como o objetivo central deste ramo do conhecimento, bem como as características funda-
mentais do sistema geomorfológico. O sistema geomorfológico é um sistema aberto, pois
recebe influência e também atua sobre outros sistemas componentes de seu universo.
• A totalidade dos sistemas que são interessantes ao geomorfólogo não age de maneira iso-
lada, mas funciona dentro de um ambiente e faz parte de um conjunto maior (que pode ser
denominado de universo). No âmbito do universo, podem-se considerar os primeiros como
sistemas antecedentes e os segundos como sistemas subsequentes, estes podem voltar a
exercer influências uns sobre os outros e interagir como universo através de um mecanismo
de retroalimentação (feedback). Ao estudar a composição dos sistemas, vários aspectos rele-
vantes devem ser ressaltados, como matéria, energia e estrutura.
• Os sistemas podem ser classificados conforme vários critérios, mas, para análise ambiental, o
critério funcional e o da composição integrativa são os mais relevantes. Considerando o cri-
tério funcional, distinguem os seguintes tipos de sistemas. Sistemas Isolados, Sistemas não
Isolados, Fechados e Abertos. Observando o critério para a complexidade da composição
integrativa, distinguem onze tipos de sistemas, porém entre eles os mais significativos para
a Geomorfologia são os seguintes; Sistemas morfológicos, Sistemas em sequência, Sistemas
processos-respostas e Sistemas controlados.
• Os sistemas antecedentes, que são os mais significativos para a compreensão das formas de
relevo, são: o sistema climático, o biogeográfico, o geológico e o antrópico.
• O ecossistema ressalta as características das comunidades biológicas, ou seja, a dependên-
cia entre os seres vivos e o seu habitat, enquanto o geossistema trata da organização dos
elementos físicos e biogeográficos, possuindo uma abrangência espacial maior do que o
ecossistema.
• A busca de desenvolvimento sustentável tem acarretado uma nova visão na gestão dos re-
cursos naturais, propiciando aos países a eficácia e eficiência na atividade econômica, con-
firmando que não há incompatibilidade entre proteção ambiental e desenvolvimento.
• O ser vivo retira da natureza os materiais e a energia necessária para a sua sobrevivência, e
dá pouco valor aos produtos e “serviços” da natureza, os quais garantem os benefícios para
a sociedade. Recursos naturais são as substâncias da natureza e as condições naturais que o
ser humano utiliza para suprir as suas necessidades de sobrevivência e de melhoria do nível
de vida.
• A maioria da população entende os recursos naturais como matéria-prima e insumos para
ser incorporados nos processo de transformação, porém os mesmos só se tornam riqueza
propriamente dita quando utilizados pelo homem. Entretanto, os recursos naturais não são
apenas fonte de energia e produtos para o ser humano, mas um importante componente
para o equilíbrio do meio.
• Os organismos vivos e não vivos e o seu ambiente não vivo são indissociáveis, e estão inse-
paravelmente inter-relacionados, interagindo entre si, de tal forma que o fluxo de energia
produza estruturas bióticas claramente definidas e uma ciclagem de materiais entre as par-
tes vivas e não vivas.
• Os recursos naturais devem ser utilizados de acordo com as condições de sustentabilidade
ambiental. As atividades antrópicas devem garantir o descarte dos seus resíduos de forma a
não afetar o equilíbrio ambiental.
• Existem técnicas para o tratamento dos despejos produzidos pelo homem. O lançamento
dos esgotos no curso d’água causa uma série de problemas para o ambiente hídrico e para a
saúde humana.
• A utilização do solo e a retirada da vegetação devem seguir normas de proteção ambiental,
para evitar uma série de problemas, entre eles, destaca-se a erosão, a desertificação, a conta-
minação das águas subterrâneas, a extinção de espécies faunísticas e florísticas.
• A maioria das atividades antrópicas gera impactos ambientais e deve ser avaliada previa-
mente sob os aspectos ambientais, econômicos, sociais, entre outros, antes da sua implan-
tação.

51
UAB/Unimontes - 4º Período

• O planejamento ambiental é um processo metodológico com uma organização estrutural


que envolve pesquisa, análise e síntese. Como outro processo de planejamento, a pesquisa
tem o objetivo de obter, reunir e organizar dados, que são interpretados. Esses dados obti-
dos são avaliados para a compreensão da região estudada, para o conhecimento das poten-
cialidades, fragilidades e conflitos, atuais e futuros.
• Para a sociedade, a importância do planejamento ambiental deve-se ao seu funcionamen-
to enquanto uma ação preventiva contra os possíveis problemas ambientais decorrentes do
desordenamento da ocupação territorial da cidade. Nesse sentido, a ocupação planejada
tem a função de beneficiar a população através do desaparecimento ou redução dos pro-
blemas ambientais (enchentes, inundação, etc.).
• O planejamento ambiental deve ser realizado por profissionais compondo uma equipe mul-
tidisciplinar, formada por diferentes especialistas, porém, trabalhando integradamente, bus-
cando harmonizar as diferentes visões de cada área. A escala do planejamento ambiental
também atende ao problema que se busca solucionar, podendo ser no nível local, regional
ou global.
• A geomorfologia ambiental pode contribuir significativamente para o desenvolvimento sus-
tentável, na medida em que identifica fragilidades do ambiente físico, que podem inviabili-
zar a implantação de empreendimentos, tais como a urbanização de determinados locais, a
instalação de atividades industriais e minerárias, a construção de hidrelétricas, entre outras.
• O conhecimento das formações e das suas fragilidades possibilita a implementação de téc-
nicas de controle ambiental prévias, evitando a geração de danos irreparáveis e passivos
para as futuras gerações.
• A avaliação ambiental tem como objetivo fundamentar e otimizar os processos decisórios
envolvendo as atividades transformadoras, antrópicas ou não. Essas decisões devem estar
orientadas para o desenvolvimento de planos capazes de tornar eficaz o desempenho am-
biental dessas atividades, minimizando alterações negativas e maximizando os benefícios
delas decorrentes.
• A avaliação de impacto ambiental determina as ações a serem realizadas na fase de implan-
tação e operação dos empreendimentos, garantindo licenciamentos ambientais mais efi-
cientes e um controle ambiental mais eficaz.
• Os movimentos de massa são definidos como o transporte coletivo de material rochoso e/
ou de solo em encostas, onde a ação da gravidade tem papel preponderante, podendo ser
potencializada, ou não, pela ação da água.
• Os movimentos de massa fazem parte da dinâmica da paisagem. São considerados como
um dos principais processos geomorfológicos responsáveis pela evolução do relevo, sobre-
tudo em áreas montanhosas. Remobilizam materiais ao longo das encostas em direção às
planícies e promovem, juntamente com os processos erosivos, o recuo das encostas e a for-
mação de rampas coluviais.
• A ação antrópica tem acentuado a ocorrência da movimentação de maciços, em decorrên-
cia principalmente da retirada da vegetação, a alteração das drenagens e a ocupação do
solo nas encostas de morros.
• A desertificação é um processo resultante de um aumento da pressão das atividades huma-
nas, pelo uso inadequado do solo, ocasionado, principalmente, pela remoção da cobertura
vegetal associada a condições edafoclimáticas, reduzindo e até impossibilitando, em alguns
casos, sua capacidade de regeneração.
• No Brasil, de acordo com a definição contida na Convenção Internacional de Combate à De-
sertificação, as áreas suscetíveis à desertificação encontram-se na região do Polígono das
secas, envolvendo parte da Região Nordeste e de vários municípios do Norte do estado de
Minas Gerais, em especial o Vale do Jequitinhonha, com área total de 980.711,58 Km2.
• As causas da degradação das terras secas no mundo podem ser devido a duas classes. A
degradação pode provir tanto de fatores climáticos como de atividades humanas. Embora
parte da desertificação seja atribuída a causas naturais que fazem com que os ecossistemas
sejam mais vulnerais aos processos, as atividades humanas são consideradas as maiores res-
ponsáveis pela desertificação. Essas causas humanas estão indiretamente ligadas a fatores
de natureza socioeconômica.
• A desertificação implica consequências sociais, econômicas, nos recursos naturais e no cli-
ma. O controle da desertificação deve envolver ações que controlem o processo nas áreas
onde estão ocorrendo o fenômeno e é necessário que sejam criadas ações que previnam o
avanço para outras áreas. Paralelamente a essas tecnologias, outras novas tecnologias como

52
Geografia - Geomorfologia Ambiental

Sistema de Informações Geográficas, Sistema de Posicionamento Global, biotecnologia, etc.,


vem auxiliando tanto na prevenção como na contenção da desertificação.
• A região litorânea se situa no limite dos dois maiores ambientes do planeta: continente e
oceano. É uma região de onde ocorre uma interação entre os aspectos biológicos, químicos,
físicos, geológicos e meteorológicos e de visíveis contrastes na paisagem. Em todos estes
locais, a tectônica, a erosão e a sedimentação atuam juntas para criar esta grande variedade
de formas e materiais.
• Os fundos dos oceanos apresentam uma variedade de formas, como a Plataforma continen-
tal, Talude continental, Elevação continental, Planície abissal e Cordilheira oceânica.
• Os fundos marinhos de áreas costeiras e as plataformas continentais são as áreas dos ocea-
nos onde há a interação entre os processos meteorológicos, oceanográficos e astronômicos
com os processos sedimentares de forma mais intensa. Nessas regiões, ocorre também a
ação de processos hidrodinâmicos que são importantes nos mecanismos de erosão, trans-
porte e deposição de sedimentos, que são as ondas, as marés e as correntes costeiras.
• É importante ressaltarmos algumas formas de relevo litorâneo que advêm de ação erosiva
e de deposição, que são: as praias, as restingas, as falésias, os recifes, os atóis e os deltas. As
principais formas de relevo encontradas no litoral brasileiro são também: barreira, mangue,
duna e laguna.

53
Geografia - Geomorfologia Ambiental

Referências
Básicas

FRANCO. Maria de Assunção Ribeiro. Planejamento Ambiental para a cidade sustentável. São
Paulo: Annblume: FAPESP, 2000.

GUERRA, Antônio José. T (org). Erosão e conservação dos solos: conceitos, temas e aplicações.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.

_________. (Org). Geormorfologia e Meio Ambiente. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
1998.

Complementares

ALVES, J. J. A; SOUZA, E. N e NASCIMENTO, S. S. Núcleos de desertificação no Estado da Pa-


raíba, 2009. Disponível em <http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/raega/article/viewPDFIntersti-
tial/12314/10672>. Acesso em 12 jan. 2010.

BAIRD, V. Química Ambiental. BOOKMAN Porto Alegre, 2002.

BRAILE, P. M. e CAVALCANTI, J. E. W. A. Manual de Tratamento de Águas Residuárias Indus-


triais. São Paulo: CETESB, 1993.

BRANCO, S. M. Água: Origem, uso e preservação. São Paulo: Moderna, 1993.

BRANCO, S. M. & ROCHA, A.A. Ecologia ambiental: Ciências do ambiente para universitários.
São Paulo, CETESB, 1980.

BERTALANFFY, L. V. Teoria Geral dos Sistemas. Petrópolis: Vozes, 1977.

CARVALHO, C. M. B. de. Geomorfologia. 2007. Disponível em <http://www.ead.ftc.br/portal/


upload/geo/5p/04-Geomorfologia.pdf>. Acesso em 12 jan. 2010.

CASSETI, V. Elementos de Geomorfologia. Goiânia: UFG, 2001.

CHRISTOFOLETTI, Antônio. Geomorfologia. São Paulo: Edgard blucher, 2. ed. 1980.

CHRISTOFOLETTI, Antônio. Modelagem de sistemas ambientais. São Paulo: Edgard Blücher, 23


p. 1999.

CUNHA, S.B; GUERRA, A.J. T. (Org). Geomorfologia e Meio Ambiente. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2004.

FLEURY, José Maria. Curso de Geologia Básica. Goiânia: UFG, 1995.

GUERRA, A. T. GUERRA, A. J. T. Novo Dicionário Geológico-Geomorfológico. Rio de Janeiro:


Bertrand Brasil, 1997.

JATOBÁ, Lucivânio; LINS, Rachel Caldas. Introdução à Geomorfologia. Recife: Bagaço, 1998,
p.140

MACEDO, E.S. de., MIRANDA, F. A., GRAMANI, M.F., OGURA, A.T. Desastres naturais: situação mun-
dial e brasileira. In: MACHADO, R(Org.) As Ciências da Terra e sua importância para a Humani-
dade. A contribuição brasileira para o Ano Internacional do Planeta Terra- AIPT. São Paulo, Socie-
dade Brasileira de Geologia, Livros Textos, 2008.

55
UAB/Unimontes - 4º Período

NÓBREGA, Júlio Cézar Azevedo; LIMA, José Maria de; NÓBREGA, Rafaela Simão Abrahão. Deserti-
ficação: áreas de ocorrência e ações mitigadoras. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 24, n.
220, p. 94-102, 2003.

OLIVEIRA, Rachel I. C. Diagnóstico do Sistema Ambiental da Bacia Hidrográfica do Alto Via-


mão, Mato Verde-MG. 2007. 126f. Dissertação (Mestrado em Geografia) Instituto de Geografia,
Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2007.

PENTEADO, Margarida Maria. Fundamentos de Geomorfologia. 3. ed. Rio de Janeiro: IBGE,


1989.

Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC), Lei 7.661, de 16/05/88. Disponível em


<http://www.semarh.ba.gov.br/gercom/pngcII.pdf>. Acesso em 12 jan. 2010.

PRIMAVESI, Ana. Cartilha do solo. São Paulo: Fundação MoKiti OKada. p.118 , 2006.

SILVA. S. M. Diagnóstico das restingas no Brasil, 2005. Disponível em <http://www.anp.gov.br/


brasil-rounds/round8/round8/guias_r8/perfuracao_r8/%C3%81reas_Priorit%C3%A1rias/Restin-
gas.pdf> Acesso em 10 jan. 2010.

SUGUIO, Kenitiro. Rochas Sedimentares: propriedades, gênese, importância econômica. São


Paulo: Edgard Blücher, 1980.

TEIXEIRA, Wilson. TOLEDO, M. Cristina Motta. FAIRCHILD, Thomas Rich. TAIOLI, Fabio. Decifrando
a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2000.

TRICART, J. Ecodinâmica. Rio de Janeiro: IBGE, SUPREN, 1977, 91p.

TROPPMAIR, H; GALINA, M.H. Geossistemas. Disponível em <http://www.mercator.ufc.br/index.


php/mercator/article/view/69/44> Acesso em 10 jan. 2010.

VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. v. 1. Belo


Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, 1996.

ZACHARIAS, Andréa Aparecida. Geossistemas físico e técnico-sócio-econômico numa visão


histórica sistêmica e integrada. Disponível em <http://www.remaatlantico.org/Members/suas-
suna/artigos/geossistemas-fisico-e-tecnico-socio-economico-numa-visao-historica-sistemica-e
-integrada-artigo-de-andrea-aparecida-zacharias> Acesso em 10 jan. 2010.

Suplementares

BRANSO S.M. Hidrobiologia aplicação à engenharia sanitária. 2. ed. São Paulo: CETESB. 1984.

DERISIO, J. C. Introdução ao Controle da Poluição Ambiental. São Paulo: CETESB, 1992.

LEINZ, Viktor ; AMARAL, Sergio Stanislau. Geologia Geral. 12. ed. rev. São Paulo: Nacional, 1995.

MOTA, S. Introdução à Engenharia Ambiental. 3. ed. Rio de Janeiro: ABES, 2000.

56
Geografia - Geomorfologia Ambiental

Atividades de
Aprendizagem - AA
1) Sobre Sistemas, assinale a alternativa INCORRETA.
a) ( ) A totalidade dos sistemas que é interessante ao geomorfólogo não age de maneira isolada,
mas funciona dentro de um ambiente e faz parte de um conjunto maior (que pode ser denomi-
nado de universo).
b) ( ) No âmbito do universo, pode-se considerar os sistemas antecedentes e os sistemas subse-
quentes, estes podem voltar a exercer influências uns sobre os outros e interagir como universo
através de um mecanismo de retroalimentação (feedback).
c) ( ) Ao estudar a composição dos sistemas, vários aspectos relevantes devem ser ressaltados,
como matéria, energia e estrutura.
d) ( ) Os sistemas fechados são aqueles em que ocorrem constantes trocas de energia e matéria,
tanto de recepção quanto de perda.

2) Sucintamente, explique o que o ecossistema e o geossistema ressaltam.

3) Cite quatro causas da desertificação.

4) Associe a segunda coluna de acordo com a primeira.

1. Litoral nordestino ou de Barreiras, que vai da foz do rio Parnaíba ao Recôncavo Baiano.
2. Litoral oriental, que se limita do Recôncavo Baiano até o sul do Espírito Santo.
3. O litoral sudeste ou das escarpas cristalinas é uma área que se estende do sul do Espírito Santo
ao Cabo de Santa Marta, em Santa Catarina.
4. O litoral meridional ou subtropical engloba o trecho do litoral que vai do Cabo de Santa Marta,
na região de Laguna, até a desembocadura do rio Chuí, no limite do Brasil com o Uruguai.

( ) Os principais aspectos físicos são a proximidade das escarpas cristalinas da Serra do Mar do
oceano, a presença de grandes reentrâncias na linha de costa e algumas lagunas com extensão e
grau de sedimentação variáveis.
( ) As principais características do predomínio dos depósitos sedimentares da Formação de Bar-
reiras, as falésias e arenitos de praia, os recifes de coral e extensas áreas com dunas de grande
porte.
( ) Como características marcantes da ocorrência de amplas planícies sedimentares arenosas as-
sociadas a um conjunto de lagunas com diferentes níveis de comunicação com o oceano.
( ) Com muitas características comuns ao litoral nordestino, mas com o aparecimento das escar-
pas da Serra do Mar, ainda relativamente interiorizadas e que atingem a costa próxima à região
de Vitória.

5) Quais as áreas mais suscetíveis à desertificação no Brasil, de acordo com a definição contida na
Convenção Internacional de Combate à Desertificação?

6) Defina recursos naturais.

7) Quais as regiões que constituem a Biosfera?

8) Qual a importância dos ciclos biogeoquímicos?

9) Explique as características dos processos que compõem os ciclos biogeoquímicos.

10) Qual a relação da temperatura de densidade máxima da água com a vida nos ambientes
aquáticos?

57

Você também pode gostar