Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Geomorfologia
Ambiental
1ª EDIÇÃO
2015
Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro, s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG) - Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089
Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214
Ministro da educação diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS/
Cid Gomes Unimontes
Maria das Mercês Borem Correa Machado
Presidente Geral da CAPeS
Jorge Almeida Guimarães diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH/Unimontes
Antônio Wagner Veloso Rocha
diretor de educação a distância da CAPeS
Jean Marc Georges Mutzig diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA/Unimontes
Paulo Cesar Mendes Barbosa
Governador do estado de Minas Gerais
Fernando Damata Pimentel Chefe do departamento de Comunicação e Letras/Unimontes
Mariléia de Souza
Secretário de estado de Ciência, Tecnologia e ensino Superior
Vicente Gamarano Chefe do departamento de educação/Unimontes
Maria Cristina Freire Barbosa
Reitor da Universidade estadual de Montes Claros - Unimontes
João dos Reis Canela Chefe do departamento de educação Física/Unimontes
Rogério Othon Teixeira Alves
Vice-Reitor da Universidade estadual de Montes Claros -
Unimontes Chefe do departamento de Filosofia/Unimontes
Antônio Alvimar Souza Alex Fabiano Correia Jardim
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Geomorfologia Ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.4 Geossistemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Planejamento ambiental e Impactos Ambientais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.2 Planejamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.7 Desertificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Geografia - Geomorfologia Ambiental
Apresentação
Caro(a) acadêmico(a):
Nesta disciplina, vamos abordar diversos assuntos de grande importância para a socieda-
de atual, pois queremos que você perceba que a Geomorfologia Ambiental é uma das áreas das
Geociências que aplica os conhecimentos geomorfológicos ao levantamento dos recursos natu-
rais, à avaliação das formas de relevo, ao monitoramento dos processos geomorfológicos, ao pla-
nejamento ambiental, entre outros. Enfim, possui papel relevante a desempenhar nos estudos
ambientais.
A questão ambiental tornou-se uma preocupação mundial, fazendo com que várias nações
percebam a emergência dos problemas relacionados ao ambiente. A ausência e a deficiência de
planejamento em diversas áreas, principalmente nas áreas rurais e urbanas, provocam diversos
impactos negativos aos ambientes local e regional.
A geomorfologia ambiental busca a integração dos aspectos naturais e das atividades trans-
formadoras desenvolvidas pela sociedade.
As atividades antrópicas estão diretamente relacionadas à maioria das alterações ambien-
tais. O crescimento populacional tem como uma de suas consequências o uso e a ocupação do
solo, que, na maior parte das vezes, não utiliza critérios técnicos e são realizados sem nenhum
tipo de planejamento.
A utilização do ambiente de forma desordenada só potencializa os impactos negativos das
diversas atividades produtivas, comprometendo ainda mais as condições da biosfera. Os impac-
tos das atividades antrópicas têm uma relação direta com as características físicas, químicas e
biológicas do ambiente, portanto, dependem diretamente da sua geomorfologia.
Ao elaborar este material, tentamos incentivar você a desenvolver um olhar bem prático
para a Geomorfologia, ou seja, a perceber que alguns assuntos abordados estão presentes nos
dias atuais.
A disciplina tem como objetivos:
Geral:
Proporcionar o conhecimento dos conceitos, definições, objetivos, da compreensão e análi-
se dos processos que caracterizam a Geomorfologia Ambiental.
Específicos:
• desenvolver em sala de aula e no campo a observação sistemática dos processos geomorfo-
lógicos;
• conhecer os padrões de organização natural e a utilização adequada dos recursos naturais, a
fim de se evitar um desequilíbrio do meio ambiente;
• adquirir noções básicas de planejamento ambiental;
• conhecer as metodologias de avaliação de impacto ambiental;
• avaliar impactos ambientais decorrentes das atividades antrópicas;
• conhecer as formas e os processos de movimento de massas;
• conhecer os processos de desertificação.
9
Geografia - Geomorfologia Ambiental
Unidade 1
Geomorfologia Ambiental
Guilherme Augusto Guimarães Oliveira
Rachel Inêz Castro de Oliveira
1.1 Introdução
Nota-se atualmente que há um desequilíbrio entre as atividades humanas e a dinâmica am-
biental; isso, muitas vezes, é devido ao desconhecimento e à desconsideração da natureza do
meio físico e dos fatores que regulam sua dinâmica. O sistema ambiental não é visto como um
“todo”, ou seja, não há uma visão holística e integradora do meio em que cada componente pos-
sui características próprias, mas que formam um conjunto no qual há interação entre as partes
que exercem influência sobre as demais. É Importante compreender isso, um sistema como um
conjunto de componentes que possui uma rede de ligações entre si.
Segundo Guerra e Marçal (2006), a geomorfologia contribui significativamente para a ques-
tão ambiental, no sentido de que possibilita a identificação prévia de possíveis impactos decor-
GLOSSÁRIO
rentes das atividades antrópicas, ao estabelecer fragilidades do ambiente natural.
Então, nesta unidade, vamos estudar esses sistemas ambientais. Vamos procurar compreen- Geomorfologia am-
der a natureza, suas variáveis, sua característica própria de organização, por meio do estudo dos biental: é o ramo da
ciência que dá suporte
sistemas geomorfológicos, dos geossistemas, dos recursos naturais e da conservação de recursos. teórico e conceitual
para o levantamento de
questões relacionadas
11
UAB/Unimontes - 4º Período
1 .3 Sistemas geomorfológicos
Christofolleti (1980, p . 1) define que o sistema é o conjunto dos elementos e das relações en-
tre si e seus atributos . Esta teoria foi introduzida por Arthur Strahler (1950; 1952) e ampliada por
outros como Chorley (1962) e Alan D . Howay (1965), comenta Christofolleti (1980) .
Para Christofolleti (1980, p . 2), uma das principais atribuições e dificuldades está em iden-
tificar os elementos, seus atributos e suas relações, quando se conceituam os fenômenos como
sistemas . A totalidade dos sistemas que é interessante ao geomorfólogo não age de maneira
isolada, mas funciona dentro de um ambiente e faz parte de um conjunto maior (que pode ser
denominado de universo) . No âmbito do universo, podem-se considerar os primeiros como sis-
temas antecedentes e os segundos como sistemas subsequentes, esses podem voltar a exercer
influências uns sobre os outros e interagir como universo através de um mecanismo de retroali-
mentação (feedback) .
Ao estudar a composição dos sistemas, vários aspectos relevantes devem ser ressaltados,
como matéria, energia e estrutura .
A matéria compreende o material que vai ser mobilizado por meio do sistema . Por exem-
plo, no sistema hidrográfico, a matéria é representada pela água e detritos . Com relação à ener-
gia, esta corresponde às forças que fazem o sistema funcionar . É bom revermos os conceitos de
energia que foram trabalhados na disciplina Fundamentos de Geologia I . A energia potencial é
aquela armazenada, representada pela força inicial, que leva ao funcionamento do sistema, já a
energia cinética é aquela cuja própria força agrupa-se à potencial, é a em movimento . E a energia
total é a soma das duas energias .
Nas palavras de Christofolleti (1980, p . 2), a estrutura é composta pelos elementos e suas
relações, mostrando-se por meio do arranjo de seus componentes . Um rio é um elemento do sis-
tema hidrográfico, mas pode ser considerado um sistema em si mesmo, dependendo da escala .
As três características principais das estruturas são o tamanho, que é determinado pelo nú-
mero de variáveis que o compõem; a correlação, que demonstra o modo como as variáveis se
relacionam e a causalidade, que esclarece qual variável é independente e qual é dependente .
Christofolleti (1999, p .5) enfatiza que os sistemas podem ser classificados conforme vários
critérios, mas, para análise ambiental, os critérios funcionais e o da composição integrativa são os
mais relevantes .
Considerando o critério funcional, distinguem-se os seguintes tipos de sistemas:
• Sistemas isolados - são aqueles que, por serem isolados, não sofrem mais nenhuma perda
nem recebem energia ou matéria do ambiente que os rodeia . Para Chorley (1962), a con-
cepção de David (1889), quando trata do ciclo de erosão (ciclo de David foi estudado em
Geomorfologia), ilustra isso de uma maneira clara, ou seja, inicia-se com um soerguimento
brusco, antes que os processos tenham tempo para modificar a paisagem . Há uma energia
inicial livre que vai perdendo força até chegar à uniformidade da área em que a energia é
diminuta .
• Sistemas não-isolados - são aqueles sistemas que possuem relações com os outros sistemas
do universo, sendo:
• Fechado - quando há troca de energia (recebimento e perda), mas não de matéria . Um
exemplo clássico é a Terra, que recebe energia solar, mas não recebe nem fornece qua-
se nada de matéria para outros astros . Outro exemplo é o ciclo hidrológico no qual os
processos que estão relacionados com as passagens para os estados sólido, líquido e
gasoso, além de representar troca de energia, representa a transferência da mesma en-
tre as regiões da superfície terrestre, como também das regiões quentes para as tempe-
radas, porém com volume constante de água existente no globo, isto é, sem mudança .
• Abertos - são aqueles nos quais ocorrem constantes trocas de energia e matéria, tanto
recebendo quanto perdendo . São os sistemas mais comuns e, como exemplo disso, te-
mos a bacia hidrográfica, cidade, indústria, e muitos outros .
12
Geografia - Geomorfologia Ambiental
1 .4 Geossistemas
Com o objetivo de integração dos diversos elementos que compõem os sistemas naturais,
surgiu no âmbito da Geografia o conceito de Geossistema . Mas, antes de apresentarmos os prin-
cipais conceitos de Geossistemas, vamos tentar compreender o que é abordagem sistêmica .
Para Christofoletti (1999, p . 5), a abordagem sistêmica conceitual e analítica iniciou-se a
partir da década de 1930, de forma clara na Biologia Teórica . Os primeiros autores a aplicarem
esse conceito de sistema foram Chorley (1962); Kennedy (1971); Strahler (1980); Hugget (1985) e
Scheidegger (1991) .
Christofoletti (1999) acrescenta ainda que Chorley e Kennedy (1971) são autores que ressal-
tam o aspecto conectivo do conjunto, formando uma unidade, definindo que:
14
Geografia - Geomorfologia Ambiental
É bom frisarmos o que comenta Zacharias (2003), isto é, que Sotchava, em 1960, introdu-
ziu o termo geossistema na literatura soviética com a preocupação de estabelecer uma tipolo-
gia aplicável aos fenômenos geográficos, a fim de substituir o termo Ecossistemas, adotado pe-
los biólogos . Nesse caso, os geossistemas são considerados como sistemas dinâmicos, flexíveis,
abertos e hierarquicamente organizados, com estágios de evolução temporal, fato pelo qual
alerta que todos os fatores devem ser considerados .
Zacharias (2003) comenta que devemos fazer algumas considerações em relação ao con-
ceito de geossistemas . Inicialmente, ao criar o termo geossistema, Sotchava o fez com base na
vivência, na pesquisa e na interpretação do espaço geográfico de seu país, a ex-União Soviéti-
ca . Posterior- mente alegou que o geossistema abrangia sempre áreas grandes com centenas
ou mesmo milhares de quilômetros . A literatura geográfica das escolas russas deixa claro que o
geossistema funciona em escala regional .
Em 1978, Bertrand, aplicando a mesma teoria para a realidade francesa, levando em consi-
deração as dimensões e as escalas daquele país, adotou as áreas relativamente pequenas para
definir os geossistemas . Dessa maneira, ele define o termo geossistema como resultado da com-
binação dinâmica de elementos físicos, biológicos e antrópicos, que fazem da paisagem um con-
junto único e indissociável em constante evolução . Infelizmente, ao criar o termo geossistema,
Sotchava o deixou bastante vago e flexível . Sendo assim, vários geógrafos utilizaram e emprega-
ram o termo com conteúdo, método, escala e enfoque diferentes, conforme alertam Christofolet-
ti (1999) e Troppmair e Galina (2006) .
Portanto, com base no conceito elaborado por Christofoletti (1999), os geossistemas são
sistemas abertos, ou seja, neles ocorrem constantes trocas de energia e de matéria, e são hie-
rarquicamente organizados, desde uma área elementar da superfície até o planeta . Christofoletti
(1999) lembra também que Sotchava (1962) frisa o tempo e o espaço como fatores a serem con-
siderados em geossistema, sendo o espaço o elemento básico para a classificação, e tudo que se
encontra dentro desse espaço está em integração funcional .
Também Monteiro, citado por Christofoletti, atenta para o fato de que
Dessa forma, na concepção de Monteiro (1978), citado por Christofoletti (1999), o geossiste-
ma é composto por elementos bióticos, abióticos e antrópicos, cuja relação é dinâmica, portanto
instável .
Zacharias (2003) ainda enfatiza que Troppmair (2006), no livro “Geossistemas e Geossistemas
Paulistas”, considera o geossistema como sendo um sistema aberto, uma unidade complexa, um
espaço amplo que se caracteriza por certa homogeneidade de seus componentes que, integra-
dos, formam o ambiente físico onde há exploração biológica e humana .
É importante ressaltar as palavras de Troppmair e Galina ao frisarem que:
O estudo dos Geossistemas, por meio da integração de seus elementos, adotando uma vi-
são holística do meio, é de fundamental importância para um planejamento correto da utilização
e organização do espaço .
15
UAB/Unimontes - 4º Período
1 .5 Recursos naturais
Já na década de sessenta, a comunidade internacional incluiu em sua agenda a problemá-
tica ambiental, que se transformou em objeto de estudo . A publicação “Limites de Crescimento”
(MEADOWS et al, 1973), do Clube de Roma, transformou-se no marco do movimento ambienta-
lista mundial, ao lançar uma discussão sobre o desenvolvimento econômico e a capacidade da
biosfera em supri-lo com recursos naturais . A partir da segunda metade do século XX, no início
da década de 60, emergiu por todo o mundo industrializado, um novo ambientalismo, crítico da
sociedade industrial, questionador dos valores e das visões do mundo sedimentadas por menos
de dois séculos de desenvolvimento da modernidade (ALMEIDA, 2003) .
A busca de desenvolvimento sustentável tem acarretado uma nova visão na gestão dos re-
cursos naturais, propiciando aos países a eficácia e eficiência na atividade econômica, confirman-
do que não há incompatibilidade entre proteção ambiental e desenvolvimento (DONAIRE, 1999) .
O ser vivo retira da natureza os materiais e a energia necessária para sua sobrevivência .
Segundo Odum (1988), o ser humano dá pouco valor aos produtos e “serviços” da natureza, os
quais garantem os benefícios para a sociedade . Recursos naturais são as substâncias da natureza
e as condições naturais que o ser humano utiliza para suprir suas necessidades de sobrevivência
e de melhoria do nível de vida .
Por serem os bens utilizados pelo homem para atender a suas demandas, os recursos natu-
rais constituem-se das substâncias encontradas na natureza, como os minérios, a água, os solos,
a fauna e a vegetação . Eles podem ser considerados como recursos minerais (minérios), recursos
biológicos (fauna e flora), recursos ambientais (ar, água e solo) e recursos incidentais (radiação
solar, ventos e correntes oceânicas) .
Muito embora a maioria da população entenda os recursos naturais como matéria-prima e
insumos para serem incorporados ao processo de transformação, os mesmos só se tornam rique-
za, propriamente dita, quando utilizados pelo homem . Entretanto, os recursos naturais não são
apenas fonte de energia e produtos para o ser humano, mas um importante componente para o
equilíbrio do meio .
Os organismos vivos e não vivos e o seu ambiente não vivo são indissociáveis e estão inse-
paravelmente inter-relacionados, interagindo entre si, de tal forma que o fluxo de energia produ-
za estruturas bióticas claramente definidas e uma ciclagem de materiais entre as partes vivas e
não vivas . Essas relações ocorrem na biosfera, que, segundo Mota (1995), é o conjunto de todas
as partes da Terra, onde é possível haver vida permanente e a ocorrência dos processos naturais
de alimentação e reprodução . A biosfera possui uma espessura de aproximadamente 12 km, sen-
do possível existir vida a uma distância máxima de 6 km acima do nível do solo (atmosfera) e a 6
km abaixo do nível do mar .
A biosfera é formada pelas três regiões (fig . 1):
• Litosfera - camada superficial sólida da Terra, composta de rochas e solo;
• Hidrosfera - ambiente líquido, constituído por oceanos, rios, lagos e demais corpos d’água;
• Atmosfera - camada de ar que envolve a Terra .
Figura 1: Representação ►
dos componentes da
Biosfera.
Fonte: Disponível em
<http://www.sobiologia.
com.br/figuras/Ecologia/
biosfera.jpg>. Acesso em
12 jan. 2010.
16
Geografia - Geomorfologia Ambiental
A água apresenta algumas propriedades peculiares . Uma delas diz respeito a sua tempera-
tura de maior densidade, que é a 4°C . Dessa forma, o seu volume diminui quando é elevada de 0
a 4°C, para depois voltar a aumentar, a partir desta temperatura . Por causa dessa propriedade, as
águas dos rios e mares, ao se congelarem, formam uma camada superficial e a água, à tempera-
tura próxima de 4°C, por ser mais densa, permanece no fundo, garantindo a existência da parte
líquida nesses locais . Caso o elemento água não possuísse essa propriedade, possivelmente os
rios e lagos se congelariam por inteiro, impedindo a manutenção da vida nos períodos de inver-
no mais rigorosos, formando um depósito de gelo no leito dos corpos d’água .
Além das suas propriedades para a manutenção do equilíbrio da biosfera, a água é um re-
curso natural essencial para o desenvolvimento das principais atividades socioeconômicas e cul-
turais . Segundo Philippi Jr . (2004), em relação aos seus usos consultivos, a atividade agrícola con-
some cerca de 69% da água captada, as indústrias utilizam 23% e 8% são utilizados nas diversas
atividades domésticas .
O ciclo da água (fig . 2) garante a sua circulação entre os meios físicos e biológicos, propor-
cionando a manutenção do equilíbrio dos principais ecossistemas . Por ser um ciclo, não tem
17
UAB/Unimontes - 4º Período
início, nem término. A água, evaporada dos oceanos, lagos, rios, vegetais e animais, forma as
nuvens. Em seguida, as nuvens, atingindo regiões mais frias, condensam-se e precipitam- se na
superfície terrestre, na forma de chuvas. Ao atingir a superfície, parte escoa-se pelo solo, atingin-
do os corpos d’água. Outra parte infiltra-se nele, recarregando os aquíferos subterrâneos e o len-
çol freático. A água pode ainda ser utilizada pelos organismos vivos, que a absorvem, apesar de
também perderem parte dela através do processo de transpiração. O ciclo fecha-se com a evapo-
ração de parte da água.
A água, como recurso natural, é importante, tanto para as necessidades do homem, como
para a manutenção da vida no planeta, que também é importante para a manutenção do ser
humano .
Os principais usos da água são:
• Abastecimento humano;
• Dessedentação animal;
• Abastecimento industrial;
• Uso agrícola;
• Recreação;
• Navegação;
• Geração de energia;
• Preservação da fauna e da flora;
• Diluição e transporte de poluentes .
18
Geografia - Geomorfologia Ambiental
Portanto, esta camada de gases é importante para a existência de vida no planeta, em de-
corrência da manutenção da temperatura, entretanto, pode ser prejudicial, caso retenha uma
quantidade de calor que altere significativamente o clima (fig. 3).
As plantas, para o seu crescimento, realizam a fotossíntese, que é o processo no qual os or-
ganismos autótrofos captam energia luminosa e a transformam em energia de ligações químicas
nos carboidratos. A fotossíntese une quimicamente dois compostos inorgânicos comuns, o dióxi-
do da carbono (CO2) e a água (H2O), para formar o açúcar glicose (C6H12O6) com a liberação de
oxigênio (O2). Nesse sentido, as plantas participam ativamente no ciclo do carbono (Fig. 4).
◄ Figura 4: Ciclo do
Carbono.
Fonte: Disponível em
<http://library.thinkquest.
org/C0126481/cicloC.jpg>.
Acesso em 12 jan. 2010.
19
UAB/Unimontes - 4º Período
A vegetação, na condição de paisagem natural, também deve ser considerada entre os re-
cursos naturais de uma determinada região, na medida em que o turismo é uma importante
atividade econômica. Nesse sentido, a vegetação preservada também garante recursos.
Portanto, a vegetação possui muita importância como um recurso natural, não apenas nas
atividades econômicas, mas, sobretudo, na manutenção dos ecossistemas. No quadro, estão rela-
cionadas as ações das áreas naturais em relação aos ecossistemas.
O solo constitui a camada superficial da superfície terrestre, constituída por rocha em desa-
gregação, misturada à matéria orgânica em decomposição, ar, água e substâncias químicas em
dissolução (MOTA, 1995) .
O solo é o recurso natural que suporta toda a cobertura vegetal e as construções, além de
ser fonte de inúmeras substâncias minerais fundamentais para o ser humano . Dessa forma, o solo
é responsável pelo fornecimento de grande parte da matéria-prima industrial e também da ali-
mentação do homem e da maioria dos animais, pelo fato de ser o sustentáculo da vegetação . O
solo também tem influência sobre o clima, na medida em que suas características determinam a
fisiologia da vegetação, que terão maior ou menor capacidade de reter umidade, que regulari-
zam a temperatura .
Os solos apresentam-se com composições físicas e químicas diversificadas em decorrência
das rochas que lhes deram origem . Um solo leva vários séculos ou até milhões de anos para for-
mar-se em decorrência do intemperismo, que é ação de agentes naturais .
O solo, para ser utilizado como ambiente para o desenvolvimento de plantas,deverá apre-
sentar uma composição adequada de substâncias minerais, água, ar e matéria orgânica . Algumas
ações antrópicas têm alterado essas condições, degradando-o, tornando-o inadequado para di-
versos usos e, em alguns casos, desertificando-o .
Os solos são classificados como:
• Residuais - quando o produto do processo de decomposição permanece no próprio local
em que se deu o fenômeno;
• Transportados - quando em seguida a sua formação são carregados pela ação da água ou
dos ventos;
20
Geografia - Geomorfologia Ambiental
• Coluvionais - formados pela movimentação lenta da parte mais superficial da crosta da Ter-
ra, sob ação de agentes diversos;
• Orgânicos - formados pela parte mineral argilosa adicionada de uma proporção variada de
matéria orgânica, predominantemente vegetal .
Segundo Barros et al . (1995), as propriedades gerais do solo dependem de suas caracterís-
ticas físicas, químicas e biológicas, portanto, sua formação depende da participação dos demais
recursos naturais no processo, como a água, a vegetação e a fauna . Ou seja, os processos naturais
estão em constante interação e qualquer desequilíbrio em seus componentes poderá desenca-
dear transformações indesejáveis .
21
UAB/Unimontes - 4º Período
22
Geografia - Geomorfologia Ambiental
Referências
ALMEIDA, J. G. A., A construção da gestão ambiental dos recursos minerais. Tese (doutorado)
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, 2003.
Brasil, Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Institui o Sistema Nacional de Unidades de Con-
servação e dá outras providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/
L9985.htm> Acesso em 10 jan. 2010
CHRISTOFOLETTI. Modelagem de sistemas ambientais. São Paulo: Edgard Blücher, p. 23, 1999.
MOTA, S. Preservação e conservação dos recursos hídricos. Rio de Janeiro: ABES, 1995.
PHILIPPI JR. et. all. Curso de Gestão Ambiental. Barueri-SP: Manole, 2004.
23
UAB/Unimontes - 4º Período
TROPPMAIR, H; GALINA, M.H. Geossistemas. ano 05, n. 10, Revista de Geografia da UFC, 2006.
Disponível em <http://www.mercator.ufc.br/index.php/mercator/article/view/69/44> Acesso em
10 jan. 2010.
VIVAS AGUERO, P. H. Avaliação econômica dos recursos naturais, 1996, Tese de Doutorado,
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo,
1996. Disponível em <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12138/tde09032004-221702>
Acesso em 10 jan. 2010.
24
Geografia - Geomorfologia Ambiental
Unidade 2
Planejamento ambiental e
impactos ambientais
Guilherme Augusto Guimarães Oliveira
Rachel Inêz Castro de Oliveira
2 .1 Introdução
A intensificação das atividades econômicas como a mineração, a agropecuária, a urbaniza-
ção, o transporte, entre outras, tem gerado impactos negativos diretos sobre o meio natural . A
ausência de estudos prévios, da identificação de impactos e, sobretudo, de um planejamento
ambiental adequado, proporcionam, na maioria das vezes, a degradação do meio ambiente as-
sociada à poluição das águas, do solo e do ar, à modificação da paisagem, doenças, entre outros
problemas .
A realização do planejamento ambiental possibilita a identificação prévia dos impactos e a
antecipação dos problemas, preservando as condições adequadas na medida do possível .
2 .2 Planejamento
O termo planejamento representa a ideia de organização, de direção e método para se atin-
gir objetivos . Segundo Ferrari (1979), planejamento é um método a ser utilizado para resolver
problemas que afetam uma sociedade situada em determinado espaço, em determinada época,
buscando também antecipar consequências de ações executadas a partir de uma tomada de de-
cisão .
Planejar é, talvez, a principal característica que distingue as atividades humanas das dos ou-
tros animais . Por ser racional, o homem pode analisar o que ocorreu em situações semelhantes
para prever o que é necessário fazer no futuro, repetindo o que deu certo e evitando os erros do
passado; a este processo de organizar previamente as atividades futuras com base no conheci-
mento do passado chamamos “planejamento” .
De acordo com Santos (2004), a finalidade do planejamento é a de alcançar metas especí-
ficas no futuro, garantindo a melhoria de uma determinada situação e o desenvolvimento das
sociedades . Portanto, para o cumprimento da sua função, o planejamento deve ser ordenado e
seguir procedimentos metodológicos, iniciando-se com a identificação do problema, sua deter-
minação, passando por diagnósticos prévios para sua compreensão e chegando às proposições
para sua resolução .
Ferrari (1979) destaca alguns aspectos importantes para uma melhor compreensão do pro-
cesso de planejamento . O planejamento é um método, um processo de pensamento . É um meio
para alcançar um objetivo, atingir um fim . O planejamento não é um fim em si mesmo . O pla-
neja- mento, como processo de tomada de decisão, é um método de pesquisar, analisar, avaliar,
prever e definir ações . No planejamento busca-se a definição de soluções com racionalidade . Por
ser racional, destaca ainda Ferrari (1979) a solução deve ser:
• Exequível - quando apresenta condições de ser implantada, tanto economicamente, quanto
sob o aspecto técnico, ou seja, entre o início e o final da sua execução existe uma sequência
ininterrupta de estágios intermediários, de forma que a mudança sequencial de etapas não
exija recursos econômicos superiores aos disponíveis, nem conhecimentos tecnológicos
inexistentes ou inaplicáveis para o caso específico .
25
UAB/Unimontes - 4º Período
• Adequada - ao seu próprio fim, ou seja, apresenta condições de cumprir as funções para as
quais é destinada;
• Eficaz - ou seja, permite maximizar os resultados, minimizando os custos . Entendo o proces-
so de planejamento como um processo que busca a máxima eficiência das ações;
• Coerente - não colidindo com outros objetivos da proposta, seja ela decorrente do próprio
processo, ou de outros planos integrados ou relacionados, não destruindo a integridade do
plano;
• Politicamente - aceitável, ou seja, quando busca atender aos anseios da sociedade .
26
Geografia - Geomorfologia Ambiental
Definições de
objetivo e metas
Seleção de alternativas
e tomada de decisão
Aplicação de
recursos
Dessa forma, o planejamento é uma habilidade que envolve ações para o alcance de resul-
tados futuros, com o intuito de se obter benefícios. E o planejamento exige a visão do futuro.
De acordo com Philippi Jr. et. all. (2004), as dificuldades do processo de tomada de decisão de-
correm de uma definição incorreta ou de uma insuficiência metodológica. Dessa forma, o enten- GLOSSÁRIO
dimento do problema a ser resolvido, bem como a identificação dos aspectos relacionados ao
mesmo, constituem-se nas bases do planejamento. Capacidade de supor-
te do meio: representa
O planejamento pode ser realizado nas escalas local, regional ou global. O processo de pla- o nível máximo de in-
nejamento deve abranger tanto a escala local como a regional, ou seja, considerando todos os tervenção nos recursos
níveis territoriais, para que ocorra o equilíbrio de todo o sistema por ele abrangido. naturais que um sistema
De acordo com Santos (2004), determinados planejamentos são definidos pela sua abran- ambiental ou um ecos-
gência espacial. Existem aqueles de caráter local, que estudam uma área pontual; os que traba- sistema pode suportar,
garantindo a conser-
lham com os limites territoriais legais, municípios, estados, bacias hidrográficas, que são denomi- vação de tais recursos
nados como planejamento regional; e, ainda, os de caráter global, que analisam problemas que e a manutenção dos
afetam grande parte ou toda a Terra. padrões satisfatórios de
Como exemplo de planejamento regional, Philippi Jr. et all (2004) cita duas grandes verten- qualidade ambiental.
tes que acontecem no Brasil:
• Como consequência e desdobramento de grandes investimentos públicos em infraestrutu-
ra, a exemplo das hidrelétricas implantadas onde havia recursos hídricos e que terminaram
por levar a ações mais amplas de deslocamento de populações e projetos de irrigação e de
navegação.
• Como política compensatória do desequilíbrio crônico no desenvolvimento brasileiro, que
leva inexoravelmente à concentração espacial, tanto regional quanto urbana. É exemplo
dessa vertente a criação de entidades interestaduais cuja ação principal é subsidiada para
empresas que investem em suas regiões.
Considerando-se que a questão do meio ambiente se encontra presente nas principais
ações antrópicas, desenvolveu-se uma ferramenta que tenta conciliar os interesses do desenvol-
vimento com a sustentabilidade, que se trata do Planejamento Ambiental.
27
UAB/Unimontes - 4º Período
28
Geografia - Geomorfologia Ambiental
Segundo Philippi Jr at all. (2004), o planejamento ambiental é realizado em três níveis, cada
um apresentando problemas específicos e, portanto, devendo utilizar técnicas e instrumentos
próprios .
No nível macro se desenvolvem as seguintes atividades:
• Análise e diagnóstico do sistema socioeconômico, inclusive das necessidades e desejos da
população, tanto no que diz respeito aos objetivos do desenvolvimento quanto nas atitudes
diante dos problemas ambientais;
• Diagnóstico dos principais problemas de desenvolvimento e do meio ambiente existentes;
• Realização de inventário de recursos naturais, financeiros e humanos existentes em geral;
• Avaliação comparativa das diferentes políticas de desenvolvimento e de seus impactos am-
bientais;
• Definição de objetivos e prioridades de desenvolvimento, abrangendo, com igual importân-
cia, os objetivos ambientais, econômicos e sociais .
O planejamento ambiental deve ser realizado por profissionais que componham uma equi-
pe multidisciplinar, formada por diferentes especialistas, porém, trabalhando integradamente,
buscando harmonizar as diferentes visões de cada área . A escala do planejamento ambiental
também atende ao problema que se busca solucionar, podendo ser no nível local, regional ou
global .
O processo de planejamento ambiental compreende as seguintes etapas:
• Definição do objeto de planejamento;
• Descrição dos problemas;
• Delimitação da área geográfica de interesse;
• Definição dos parâmetros e aspectos relevantes;
• Organização dos dados coletados;
• Integração das informações obtidas;
• Prognósticos e identificação das alternativas;
• Construção dos diferentes cenários;
• Tomada de decisão com a escolha de uma das alternativas;
• Definição de diretrizes e políticas para implementar a solução escolhida;
• Acompanhamento e monitoramento dos resultados obtidos com a implementação das
ações .
Cabe destacar que o objeto do planejamento é o seu propósito . Trata-se do tema central do
planejamento . A seguir são destacados alguns temas de planejamento ambiental:
• Bacia hidrográfica;
• Unidade de conservação;
• Paisagem;
• Educação ambiental;
• Sistema de gestão ambiental de empresa;
29
UAB/Unimontes - 4º Período
• Tratamento de efluentes;
• Redução de impactos ambientais na fabricação de produtos;
• Barragem hidrelétrica;
• Empreendimento minerário.
Segundo Santos (2004), no planejamento ambiental define-se uma área geográfica para co-
letar determinadas informações, as quais serão interpretadas de maneira holística. A definição
da delimitação da área de influência dos impactos, das pressões e dos fenômenos é uma tarefa
difícil.
A bacia hidrográfica (fig. 6) é um território definido pelos aspectos naturais e que tem sua
área superficial drenada por redes de águas superficiais, que se direcionam para os fundos de
vale, que se trata do curso d’água principal. A bacia representa os usos que se dão dentro dos
seus limites, cujas características são determinadas pelas condições físicas, biológicas, sociais,
econômicas e culturais às quais ela está exposta.
Figura 6: Representação ►
de uma bacia
hidrográfica
Fonte: BARROS et all, 1995
30
Geografia - Geomorfologia Ambiental
31
UAB/Unimontes - 4º Período
ações, para que possa haver a prevenção da qualidade de determinado ambiente que poderá
sofrer a execução de certos projetos ou ações, ou logo após a implementação dos mesmos.
A necessidade de produzir bens de consumo em escala cada vez maior tem provocado alte-
rações contínuas nos processos tecnológicos de produção. Segundo Branco (1980), o avanço tec-
nológico deve ser planejado e orientado no sentido de atender o homem nas suas necessidades,
porém, evitando resultados secundários nocivos.
Atividades como a urbanização de uma cidade ou a implantação de uma cultura agrícola
geram impactos ambientais. Os processos de transformação, principalmente os relacionados às
atividades minerárias (fig. 7) e industriais, são potencialmente degradadores do meio ambiente.
A extração mineral se caracteriza como uma das atividades antrópicas que causam os maiores
impactos ambientais, considerando-se o seu dano sobre a topografia, a vegetação, com conse-
quências negativas sobre os recursos hídricos. O impacto da extração mineral em áreas próxi-
mas a corpos d’água impõe muito mais risco ao ambiente. Alteração da mata ciliar, poluição das
águas e destruição da biota nativa são alguns dos possíveis impactos negativos, para os quais
devem ser previstas medidas de prevenção e controle ambiental, cujas ações estão relacionadas
às características geomorfológicas do local.
Figura 7: Extração de ►
areia
Fonte: Disponível em
<http://guiaecologi-
co.files.wordpress.
com/2009/10/019-vista-
-da-passarela-abaixo-da-
-leste-oeste.jpg>. Acesso
em 12 jan. 2010.
Ao implantar um novo bairro, por exemplo, faz-se necessária a realização de diversos ser-
viços, como o desmatamento para a implantação da urbanização, a modificação da topografia
para a conformação das ruas e lotes, a movimentação da terra, tanto no próprio local, quanto nos
locais que servirão de áreas de empréstimos de material, estando essas ações presentes somente
na fase de implantação.
Após a conclusão da urbanização, iniciam-se os impactos decorrentes do uso do local, como
geração de resíduos sólidos urbanos, lançamento de esgoto sanitário, poluição do ar pelos veícu-
los na queima de combustíveis e na movimentação dos mesmos. Ou seja, são diversos os impac-
tos, alguns inevitáveis.
Da mesma forma, as atividades minerárias, as industriais, a pecuária, a agricultura, e muitas
outras, também são responsáveis por impactos significativos. Daí a importância de se buscar ma-
neiras de se desenvolver gerando o menor impacto possível.
Em relação aos esgotos domésticos, produzidos nas residências, o seu lançamento nos cor-
pos d’água altera os seus parâmetros de qualidade da água, modificando ou impedindo seu uso
(fig. 8). Na maioria das vezes, os poluentes são sólidos e, desta forma, devem ser retirados no
tratamento prévio, na estação de tratamento de esgoto. Segundo Von Sperling (1996), todos os
contaminantes da água, com exceção dos gases dissolvidos, contribuem para a carga de sólidos.
Dessa forma, os processos eficientes de tratamento de águas residuárias têm como produto final
um efluente líquido passível de ser lançado no meio ambiente.
32
Geografia - Geomorfologia Ambiental
33
UAB/Unimontes - 4º Período
Para Branco (1980), a poluição pode ser definida como qualquer alteração da composição e
das características do meio que causem perturbações nos ecossistemas . A poluição pode ter efei-
tos sobre os meios físico, antrópico e biótico .
A poluição ambiental é devido à presença, lançamento ou liberação no meio ambiente, de
toda e qualquer forma de matéria ou energia, com intensidade, quantidade, concentração ou ca-
racterísticas em desacordo com os padrões de qualidade ambiental estabelecidos pela legislação
(DERÍSIO, 1992) .
De acordo com a Lei n° 6 .938, de 31/8/1981, que instituiu a Política Nacional do Meio Am-
biente, “poluição é a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou
indiretamente:
• Prejudiquem a saúde, a segurança ou o bem-estar da população;
• Criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
• Ocasionem danos à flora, fauna e a qualquer recurso natural;
• Lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos” .
Dessa forma, devem ser tomadas medidas para se evitar a degradação do meio ambiente
e, para isso, é necessária a elaboração de estudos ambientais, a partir da avaliação dos possíveis
impactos no meio ambiente .
2 .5 Avaliação de Impactos
Ambientais - AIA
A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) compreende todos os esforços e trabalhos no sen-
tido de determinar quais são os possíveis riscos envolvidos em determinada atividade antrópica .
A AIA é, portanto, o processo de identificar, prognosticar, avaliar e mitigar os efeitos biofísicos e
sociais de propostas de desenvolvimento, antes que decisões sejam tomadas e comprometimen-
tos sejam feitos .
Segundo Macedo (1995), a avaliação ambiental tem como objetivo fundamentar e otimi-
zar os processos decisórios, envolvendo as atividades transformadoras, antrópicas ou não . Essas
decisões devem estar orientadas para o desenvolvimento de planos capazes de tornar eficaz o
desempenho ambiental dessas atividades, minimizando alterações negativas e maximizando os
benefícios delas decorrentes .
Segundo Almeida (2004), as informações obtidas por ocasião da avaliação prévia dos im-
pactos ambientais prováveis de determinada atividade devem ser levadas em consideração no
processo decisório, tanto quanto as de caráter financeiro, técnico, legal, político, garantindo sua
máxima compatibilização com as questões ambientais .
O tratamento dos esgotos sanitários em uma estação de tratamento (fig . 9) é uma medida
de controle da degradação ambiental, que deve ser implantada antes da construção das casas de
uma determinada urbanização, conforme
Figura 9: Estação de ►
tratamento de esgoto
de uma cidade .
Fonte: Disponível em
<http://3 .bp .blogspot .
com/_glyLfBk9Cic/SN-
QTQ2llApI/AAAAAAAA-
Ds8/7
4Fr9yAmRPU/s400/ETE_
Barueri_gde .gif> . Acesso
em 12 jan . 2010 .
34
Geografia - Geomorfologia Ambiental
35
UAB/Unimontes - 4º Período
Descrição do projeto:
Nesta fase, levantam-se todas as informações sobre o empreendimento em estudo. Os da-
dos dizem respeito ao empreendimento propriamente dito e a sua localização. Quanto ao em-
preendimento, o relatório deve conter sua localização detalhada, sua concepção, a característica
da operação, objetivos, sua demanda de matéria-prima, de insumos, de energia, de recursos na-
turais, nas diversas fases do processo. Ainda deverá ser informada a geração de efluentes líqui-
dos, resíduos sólidos e emissões atmosféricas. Quanto aos aspectos socioeconômicos, o número
de empregos, diretos e indiretos gerados com o empreendimento, a estimativa da renda gerada,
da previsão dos impostos, do crescimento e de sua vida útil.
O empreendimento deve ser bem caracterizado, de tal forma que se possa identificar seus
impactos positivos e negativos, além de justificar as opções tecnológicas adotadas e as alternati-
vas locacionais.
Meio Físico:
• Clima e condições meteorológicas;
• Geomorfologia;
• Geologia;
• Ruído;
• Solos;
• Recursos hídricos.
36
Geografia - Geomorfologia Ambiental
Meio Antrópico:
• Uso e ocupação do solo;
• Dinâmica populacional;
• Infraestrutura existente, como redes de água, esgoto, energia elétrica, telefonia e estradas;
• Nível de vida, que inclui estrutura ocupacional, educacional, saúde, lazer;
• Estrutura econômica;
• Organização social.
A partir da análise dos impactos, devem ser definidos os mais significativos e estabelecidas
medidas de controle ambiental, que serão detalhadas na forma de plano ou projeto. Todas as al-
terações que não atendem aos padrões estabelecidos pela legislação, ou seja, que efetivamente
alteram a qualidade do meio ambiente,devem ser passíveis de medidas mitigadoras, indepen-
dentemente da sua magnitude.
Em alguns casos, quando não é possível mitigar os impactos negativos, e o empreendimen-
to for, de certa forma, considerado adequado à sua implantação, são estabelecidas medidas miti-
gadoras. Segundo Philippi Jr. et all. (2004), as medidas mitigadoras são utilizadas quando as me-
didas mitigadoras ou preventivas não conseguem atenuar os impactos gerados pelo projeto.
Dessa forma, o processo de licenciamento ambiental pode ser considerado como um ins-
trumento de planejamento ambiental, na medida em que realizamos as etapas de diagnóstico,
análise, prognóstico, planificação, projeto, monitoramento dos resultados e revisão daquelas si-
tuações que não atendem aos propósitos do desenvolvimento sustentável.
37
UAB/Unimontes - 4º Período
quências sociais e/ou econômicas adversas, além daquelas naturalmente provocadas por esses
processos (AMARAL JR, 2007). Cabe destacar que as atividades antrópicas estão intensificando a
ocorrência desses fenômenos, ao degradarem o ambiente.
Os movimentos de massa são definidos como o transporte coletivo de material rochoso e/
ou de solo em encostas, onde a ação da gravidade tem papel preponderante, podendo ser po-
tencializado, ou não, pela ação da água. Os movimentos de massa fazem parte da dinâmica da
paisagem. São considerados como um dos principais processos geomorfológicos responsáveis
pela evolução do relevo, sobretudo em áreas montanhosas. Remobilizam materiais ao longo das
encostas, em direção às planícies, e promovem, juntamente com os processos erosivos, o recuo
das encostas e a formação de rampas coluviais.
Os movimentos de massa estão diretamente relacionados aos aspectos físicos como: a es-
trutura geológica, as características de seus materiais constituintes, a morfologia do terreno e os
aspectos relacionados ao uso do solo. A estrutura geológica diz respeito principalmente a falhas
e fraturas. A existência dessas estruturas, associada as suas características (direção e mergulho),
condicionam o surgimento de descontinuidades mecânicas e hidráulicas, as quais contribuem
decisivamente na deflagração de movimentos.
As características dos materiais estão relacionadas à granulometria, porosidade, permeabi-
lidade, resistência ao cisalhamento, entre outros. Essas características determinam a estabilidade
natural dos materiais e também são responsáveis pelo surgimento das descontinuidades men-
cionadas.
Internamente estão ligados à alteração do equilíbrio entre as tensões no interior da massa
(CRUZ, 1974). Esse equilíbrio é controlado principalmente pelo teor de água e pelo teor e estru-
tura interna das argilas. O plano de ruptura dos movimentos geralmente está relacionado a des-
continuidades mecânicas e/ou hidráulicas, localizando-se preferencialmente nos contatos entre
o solo, o saprolito e a rocha sã.
A movimentação do material deve-se a sua condição de instabilidade, por causa da atuação
da gravidade, podendo ser acelerada pela ação de outros agentes, como a água. O deslocamento
de material ocorre em diferentes escalas e velocidades, variando de rastejamentos a movimentos
muito rápidos. Os movimentos rápidos, denominados genericamente de deslizamentos e tom-
bamentos, têm grande importância, devido a sua interação com as atividades antrópicas e à va-
riabilidade de causas e mecanismos (IPT, 1989).
Os deslizamentos e tombamentos são deflagrados pelo aumento de solicitação de mobiliza-
ção de material (erosão, energia cinética da chuva, sismicidade) e pela redução da resistência do
material (ação desagregadora de raízes, rastejamentos, textura e estrutura favoráveis à instabili-
zação). Esses processos são parte da dinâmica natural da formação do modelado, mas se tornam
um problema quando relacionados à ocupação humana, ou seja, quando há ação antrópica, em
áreas naturalmente potenciais, sua ocorrência, além de também serem induzidos por esta ação.
Nessa perspectiva de relação entre eventos naturais e ação antrópica, o fenômeno é enquadrado
como sendo de risco, ou seja, fenômenos de origem natural ou induzidos antropicamente, que
acarretam prejuízos aos componentes do meio biofísico e social.
Os problemas relativos à erosão e aos processos de movimentos de massa estão presentes
em vários lugares do mundo, mas, em países cujo regime pluvial tem as características do am-
biente tropical e cuja situação socioeconômica é considerada como de subdesenvolvimento ou
em desenvolvimento, os problemas se tornam mais acentuados devido à escassa estrutura para
evitar ou controlar tal fenômeno (GUERRA, 1999).
O aumento da população tem levado à ocupação, tanto para moradia (principalmente por
parte da população de baixa renda) quanto para o lazer, de áreas de risco. Essa situação tem leva-
do ao aumento da frequência (repetitividade de um fenômeno ao longo do tempo) e à magnitu-
de (extensão e impacto) dos movimentos de massa.
Algumas variáveis interferem nos processos de movimento de massa, que atuam isolada-
mente ou cumulativamente.
Os aspectos climáticos, notadamente relacionados à precipitação, potencializam os proces-
sos de movimentação de massa. O excesso de umidade, associado à energia transferida pelo im-
pacto, e a velocidade de escoamento das chuvas nos maciços pode causar a desagregação do
material. A intensidade e constância da precipitação propiciam a saturação do solo, reduzindo a
coesão entre suas partículas e favorecendo o arraste de material.
As características e a presença da cobertura vegetal nos maciços também têm uma inter-
ferência direta sobre a maioria dos processos de movimentação de massa. Como visto anterior-
mente, a vegetação protege o solo do impacto da chuva e da erosão, que são fatores que interfe-
rem em sua movimentação.
38
Geografia - Geomorfologia Ambiental
Em relação aos aspectos geológicos, as características litológicas do local e seus traços es-
truturais interferem no potencial de movimentação do maciço. O tipo de formação do terreno,
no que diz respeito aos seus aspectos morfológicos e a sua textura, são determinantes para o
tipo de rocha define a permeabilização e, portanto, o tipo de drenagem e textura, além da resis-
tência ao intemperismo. A presença de fraturas (tectônicas ou resultantes de alívio de pressão)
apresenta importantes pontos de descontinuidade e menor resistência, constituindo-se em ca-
minhos preferenciais à erosão e movimentos de massa.
A ação antrópica tem tido uma interferência cada vez maior sobre a ocorrência de movi-
mentos de massa. A retirada de vegetação, a construção de moradias nas encostas, a alteração
das drenagens naturais, a construção de estradas, entre outros, são ações antrópicas que interfe-
rem na estabilidade dos maciços.
Os aspectos geomorfológicos, como as formas das vertentes, a declividade, a amplitude do
relevo, entre outras, têm influência no deslocamento de material, principalmente no que diz res-
peito à velocidade de deslocamento do material.
Há várias formas de se classificar os movimentos de massa, porém as duas mais comuns são
as que os classificam em rápidos e lentos ou os que envolvem rochas ou material intemperizado
(solo e regolito). Os movimentos de massa rápidos são os desmoronamentos, deslizamentos ou
escorregamentos e avalanches. Os movimentos de massa lentos são o creep e a solifluxão.
Os desmoronamentos ou desabamentos são movimentos repentinos de rochas ou solos,
em geral, provocados pela erosão na base das encostas, neste caso, ocorrem principalmente em
falésias (litorais) e áreas de mineração.
Os deslizamentos, que, quando em pequena escala, são classificados como escorregamen-
tos são os mais comuns no nosso país e, em particular, na região Sudeste. Ocorrem, principal-
mente, na estação chuvosa (entre dezembro e março), quando o solo fica encharcado pela água
das chuvas que se percola até determinada profundidade, encontrando um substrato impermeá-
vel que a impede de continuar se infiltrando e faz com que a parte superior atinja o limite de
fluidez e deslize pela vertente.
O deslizamento ocorre, principalmente, em vertentes antrópicas (cortes em estradas) ou
áreas de colúvio, isto é, materiais que, em períodos passados, desceram da encosta e se acomo-
daram na base ou na superfície da vertente e são facilmente remobilizados, uma vez que, entre
eles e o material formado na própria vertente, se forma um hiato ou plano de escorregamento
que, a qualquer momento, pode movimentar-se novamente. A principal causa dos deslizamen-
tos se deriva da gravidade, mas é também consequência da infiltração da água, que faz com que
as forças causadoras dos movimentos excedam as que tendem a lhes resistir.
Movimentos lentos - estes processos embora não chamem tanta atenção como os rápidos
e só movimentem o solo ou regolito poucos milímetros por ano, não causando desastres, são
muito importantes para o desenvolvimento da paisagem. Eles são considerados como Movimen-
to de Massa Gravitacional: quedas, escorregamentos, tombamentos, espalhamentos laterais e es-
coamentos (fluxos) (AMARAL JR, 2007).
Quedas são denominadas movimentos por queda livre de materiais, sem ocorrer cisalha-
mento, sendo este descalçado do talude geralmente íngreme (fig 10). São processos de alta velo-
cidade, condicionados à litologia e às estruturas presentes no maciço.
◄ Figura 10:
Esquematização de
uma queda.
Fonte: Disponível em
<http://www.ga.gov.au/
hazards/landslide/gallery.
jsp>. Acesso em 12 jan.
2010
39
UAB/Unimontes - 4º Período
Tombamento é o movimento de massa que se caracteriza pela rotação (para dentro ou para
fora da encosta) de uma unidade ou unidades em torno de um ponto situado abaixo do centro
de gravidade das mesmas, por meio da ação da gravidade ou forças adjacentes (fig 11). Este pro-
cesso está combinado à existência de planos de fraqueza subvertical no maciço, com velocidade
relativamente alta.
Figura 11: ►
Esquematização de
rastejos.
Fonte: Disponível em
<http://www.ga.gov.au/
hazards/landslide/gallery.
jsp>. Acesso em 12 jan.
2010.
O processo de escoamento tem várias formas de ocorrer que são classificados conforme a
velocidade do evento.
Rastejos são movimentos de escoamento muito lentos, distinguíveis por elementos lineares
(em geral) particulares (como cercas, postes, trilhos, etc.) (fig 12).
Figura 12: ►
Esquematização de
tombamento
Fonte: Disponível em
<http://www.ga.gov.au/
hazards/landslide/gallery.
jsp>. Acesso em 12 jan.
2010.
As corridas são movimentos de escoamento rápidos que envolvem conteúdo de água mo-
derado a alto e material geológico (geralmente detritos) no processo.
Fluxos são movimentos de escoamento rápidos que envolvem a presença de água (meca-
nismos relativos à viscosidade e à geologia) e que têm a forma de lóbulos (fig. 13).
Figura 13: ►
Esquematização de um
fluxo.
Fonte: Disponível em
<http://www.ga.gov.au/
hazards/landslide/gallery.
jsp>. Acesso em 12 jan.
2010.
40
Geografia - Geomorfologia Ambiental
2.7 Desertificação
ração potencial excede
a taxa de precipitação
pluviométrica e o vento
é o agente geológico
mais importante nos
Segundo Nóbrega, Lima e Nóbrega (2003), a desertificação é um processo resultante de um processos de erosão e
aumento da pressão das atividades humanas pelo uso inadequado do solo, ocasionado, princi- sedimentação. Então,
palmente, pela remoção da cobertura vegetal associada a condições edafoclimáticas, reduzindo quando se refere a
e até impossibilitando, em alguns casos, sua capacidade de regeneração. deserto independe da
ação humana sobre o
De acordo com Alves, Souza e Nascimento (2009), existem mais de 130 definições recobrin-
meio ambiente (SU-
do os diversos campos transdisciplinares que tratam da desertificação. Porém, a Conferência das GUIO, 1980, p. 310).
Nações Unidas sobre o assunto inicia, a partir do ano de 1977, seus estudos conceituais e, em ju-
lho de 1992, conclui que a desertificação é a “degradação das terras em áreas áridas, semi-áridas
e subúmidas secas, resultante de vários fatores, inclusive das variações climáticas e das ativida-
des humanas” (fig. 14)
◄ Figura 14:
Desertificação
Fonte: Disponível
em <http://www.
vivaterra.org.br/
desertificacao_13.1.jpg>.
Acesso em 12 jan. 2010.
Ao termo degradação da terra foi atribuído um sentido amplo por estar relacionado aos re-
cursos hídricos, dos solos, da vegetação, à biodiversidade e à redução da qualidade de vida da
população afetada.
A partir dessa definição, algumas considerações podem ser feitas, de acordo com Nóbrega,
Lima e Nóbrega (2003):
• A desertificação não ocorre em todos os climas e ecossistemas, mas, principalmente, nas re-
giões de clima árido, semiárido e subúmido seco. Sendo assim, estão fora dessa definição as
zonas polares, as desérticas, subúmidas e úmidas;
• Tem como agente causador não somente os fatores de ordem física, mas a interação desses
com as atividades humanas;
41
UAB/Unimontes - 4º Período
• É bom ficar claro que, embora desertificação e deserto tenham a mesma etimologia, eles
significam fenômenos diferentes e não se aplicam ao mesmo espaço geográfico .
Nóbrega, Lima e Nóbrega (2003) salientam que a preocupação com a degradação das terras
secas e ecossistemas a eles associados surge do número de pessoas que vive nessas áreas, mais
de um sexto da população mundial, as mais miseráveis do planeta; da importância econômica
que possuem, responsáveis por cerca de 22% da produção mundial de alimentos e da fragilidade
ambiental que apresentam, comparados a outros ecossistemas, quando mal manejados .
A desertificação é um problema global, já que pode ocorrer em todos os continentes . Mas a
grande maioria dos países em desenvolvimento, especialmente no continente africano, é direta-
mente afetada pela situação de miséria, comentam Nóbrega, Lima e Nóbrega (2003) .
A razão pela qual há tanta preocupação em relação à desertificação, deve-se ao fato não so-
mente dos problemas econômicos, sociais e ambientais que esse processo pode ocasionar, mas,
principalmente, de que todas as terras passíveis de sofrer tal processo se encontrem em estágio
bem avançado .
Segundo Primavesi (2006), a desertificação dos solos em uso agrícola e pastoril ocorre,
anualmente, em cerca de 10 milhões de hectares, por causa da compactação da superfície dos
solos, da erosão hídrica e eólica .
Com relação ao Brasil, Cunha & Guerra comentam que:
Figura 15: ►
Desertificação no Brasil
Fonte: Disponível em
<http://www.sapo.
salvador.ba.gov.br/arq/
mudancas_arquivos/
slide0061_image131.jpg>.
Acesso em 12 jan. 2010.
42
Geografia - Geomorfologia Ambiental
Retomando Nóbrega, Lima e Nóbrega (2003) no Brasil, de acordo com a definição contida
na Convenção Internacional de Combate à Desertificação, as áreas suscetíveis a tal processo en-
contram-se na região do Polígono das secas, envolvendo parte da Região Nordeste e de vários
municípios do Norte do estado de Minas Gerais, em especial o Vale do Jequitinhonha, com área
total de 980.711,58 Km2.
Alves, Souza e Nascimento (2009) comentam também que As Áreas Susceptíveis à Deserti-
ficação (ASD), no Brasil, envolvem uma área superior à compreendida pela Região Semiárida ou
ao espaço do Polígono das Secas. Na prática, são os meios semiáridos e seus entornos. As ASD
cobrem uma superfície de 1.340.863 km², como mostra a Tabela 1.
As causas da degradação das terras secas no mundo podem se dever a duas classes . A de-
gradação pode provir tanto de fatores climáticos quanto de atividades humanas . Embora par-
te da desertificação seja atribuída a causas naturais que fazem com que os ecossistemas sejam
mais vulnerais aos processos, as atividades humanas são consideradas as maiores responsáveis
por tal processo . Essas causas humanas estão indiretamente ligadas a fatores de natureza so-
cioeconômica .
Rodrigues (1987), Mendes (1994) e Dregne (1998), citados por Nóbrega et al . (2003), desta-
caram como causas da desertificação, principalmente:
• A remoção da vegetação, em especial, da cobertura arbórea nas margens dos rios, nas áreas
de vegetação nativa, etc ., em decorrência dos interesses de madeireiras, indústrias de car-
vão e outros;
• Uso frequente de queimadas que destroem a cobertura florestal;
• Sistema inadequado de manejo do solo;
• Cultivo em áreas impróprias;
43
UAB/Unimontes - 4º Período
• Uso irracional dos recursos aquíferos disponíveis como, por exemplo, a prática inadequada
de irrigação .
• Pecuária extensiva que exerça uma pressão sobre a vegetação nativa e, também, a compac-
tação do solo devido ao pisoteio excessivo de animais;
• Uso e transferência de tecnologia que não se adaptam, na maioria das vezes, às restrições
dos recursos naturais característicos dessas áreas .
44
Geografia - Geomorfologia Ambiental
Zona Costeira - é o espaço geográfico de interação do ar, do mar e da terra, in- DICA
cluindo seus recursos ambientais, abrangendo as seguintes faixas:
Faixa Marítima - é a faixa que se estende mar afora distando 12 milhas maríti- Tenha sempre em mãos
mas das Linhas de Base estabelecidas de acordo com a Convenção das Nações o dicionário Geológico-
Unidas sobre o Direito do Mar, compreendendo a totalidade do Mar Territorial; geomorfológico para
Faixa Terrestre - é a faixa do continente formada pelos municípios que sofrem estudar a Geomorfolo-
influência direta dos fenômenos ocorrentes na Zona Costeira (PNGC - constituí- gia Litorânea, pois há
do pela Lei 7 .661, de 16/05/88) . vários conceitos novos.
É importante, também, observarmos que, como o relevo terrestre, que foi trabalhado na dis-
ciplina Geomorfologia, no período passado, os fundos dos oceanos apresentam uma variedade
de formas . Assim, criaram- se as divisões do relevo submarino . Algumas dessas feições são apre-
sentadas a seguir (figura 16) .
Segundo Guerra e Guerra (1997), a Plataforma continental é um planalto submerso que orla
todos os continentes. A região da plataforma continental é praticamente uma continuação do
continente. Atinge uma profundidade de até 200 metros a partir do nível do mar. É uma área de
deposição de sedimentos, a maior parte vinda do continente. Local onde ficam as maiores re-
giões pesqueiras e também as bacias petrolíferas.
Talude continental é uma região marinha que se estende de 200 a 1000 metros de profun-
didade e se forma imediatamente após a plataforma continental. O relevo do talude continental
não é regular, sendo frequente a presença de cânions e vales submersos.
Elevação continental são áreas que se estendem em profundidade de 3000 a 5000 metros e
apresentam declividades intermediárias entre as observadas nas plataformas e nos taludes conti-
nentais, é o que comenta Teixeira et al (2000).
Planície abissal são áreas extensas e profundas, construídas de relevo plano, que se esten-
dem da base das elevações continentais até os relevos íngremes das cordilheiras oceânicas.
Cordilheira oceânica é um compartimento fisiográfico, constituído, principalmente, pelos
processos vulcânicos e tectônicos de formação da crosta oceânica.
Segundo Teixeira et all (2000), a maioria dos sedimentos gerados pelo intemperismo e ero-
didos nos continentes é depositado nas áreas oceânicas. Sendo importante ressaltar que grande
parte dos depósitos sedimentares marinhos é composta por um tipo de predominante ou mistu-
ra, provinda de várias fontes como, por exemplo, os precipitados de sais a partir de água do mar,
produtos de vulcanismo, conchas e matéria orgânica derivada da vida marinha e terrestre, entre
outros.
Teixeira et al (2000) comentam também que, nos fundos marinhos de áreas costeiras e nas
plataformas continentais, ocorre a ação de processos hidrodinâmicos que são importantes nos
mecanismos de erosão, transporte e deposição de sedimentos, que são as ondas, as marés e as
correntes costeiras.
As ondas oceânicas são as grandes responsáveis pela remobilização de sedimentos nas
áreas da plataforma continental e na formação das praias.
45
UAB/Unimontes - 4º Período
De acordo com Jatobá e Lins (1998), a maior parte das ondas é superficial, mas o seu movi-
mento muda de um dia para o outro ou em função do estado do mar . Há dois tipos de ondas que
atuam geomorfologicamente sobre a linha de costa, que são as ondas de longo comprimento e
ondas de tempestades .
As ondas de longo comprimento surgem a longa distância e em águas profundas, dirigem-
se em direção à praia, exercendo maior influência sobre o fundo . Já as ondas de tempestades são
mais fortes e se formam pela ação dos ventos que sopram do mar .
As ondas podem ser destrutivas ou construtivas . As destrutivas quebram-se bem próximo
da linha d’água, caindo verticalmente segundo um movimento circular, ocorrendo próximas
umas das outras . Tais ondas decorrem de fortes ventos soprando do mar para a terra e apresen-
tando uma tendência à erosão . As ondas construtivas são provocadas pelos ventos que se for-
mam longe da terra firme, aproximam-se da costa com ondulações longas e regulares e vão se
quebrar a uma distância mais afastada da linha d’água, caindo, ao contrário das anteriores, obli-
quamente para a frente . Provocam uma adição de sedimentos à praia .
Jatobá e Lins (1998) enfatizam que, para que possamos compreender a ação geomorfoló-
GLOSSÁRIO gica das ondas, precisamos ter uma visão dos seguintes aspectos: corrente de deriva litorânea e
refração das ondas .
Tsunâmis: (termo em
Japonês) são ondas A primeira se forma paralelamente à praia, resultando da aproximação das ondas, de forma
marítimas gigantescas, oblíqua, da costa . Essa corrente segue, grosso modo, a direção dos ventos .
geradas após fortes As correntes de deriva litorânea surgem quando as ondas não atingem perpendicularmente
terremotos, grandes o litoral . O ângulo de incidência das ondas propicia a movimentação de água e material em sus-
deslizamentos sub-
pensão numa trajetória em zigue-zague, cujo resultante é um transporte paralelo à costa .
marinos, muitas vezes
induzidos por sismos ou A refração das ondas consiste num fenômeno físico de mudança de direção da frente das
erupções vulcânicas, no ondas, à proporção que estas vão se aproximando da costa . Quando esta é recortada, com baías
mar ou na costa. e cabos (figura 17), as ondas concentram-se nas partes salientes, erodindo-as . O poder erosivo
nas baías é muito pequeno . A ação erosiva das ondas é influenciada, também, por outros fatores
que participam direta ou indiretamente da abrasão, como, por exemplo:
• Os tipos de rocha que compõem a costa;
• Amplitude das marés;
• Configuração da costa;
• Estabilidade do nível do mar;
• Estrutura geológica .
As Tsunâmis geram grandes danos quando varrem áreas costeiras baixas. Uma das mais des-
trutivas ocorreu em 26 de dezembro de 2004, provocada pelo terremoto de Sumatra-Andaman,
46
Geografia - Geomorfologia Ambiental
com a ruptura das placas da Eurásia e a Australiana, a 20km de profundidade, que estenderam-se
por cerca de 1200 km, num período de 7 minutos (MACEDO et al, 2008, p. 41).
Com relação às marés, Fleury (1995) frisa que são alçamentos e rebaixamentos da superfície
das águas dos oceanos, e esse processo ocorre em decorrência das forças de atração da lua e do
sol, que tendem a anular, parcialmente, a força da gravidade. As marés acontecem duas vezes ao
dia, sendo preamar a maré alta, e baixamar, a maré baixa. Quando as forças de atração da lua e
do sol ocorrem no mesmo sentido, formam as grandes marés. É bom lembrar que as marés altas
e baixas têm papel de erosão importante e de sedimentação nas costas.
Conforme Teixeira et all, as correntes costeiras:
É importante ressaltarmos neste momento algumas formas de relevos litorâneos que ad-
vêm de ação erosiva e de deposição, que são: as praias, as restingas, as falésias, os recifes, os atóis
e os deltas.
Conforme Guerra e Guerra (1997), as praias são conjuntos de sedimentos, comumente are-
nosos, acumulados por ação de ondas, que se encontram em constante movimento e que se de-
positam ao longo do litoral.
O material mais comum de uma praia é a areia, sendo formada principalmente por quartzo
e pelo feldspato. As areias das praias litorâneas são, geralmente, originárias de rios que erodem
os continentes e transportam seus fragmentos até o litoral, onde o mar encarrega-se de distri-
buí-los pela costa. Pode-se também encontrar praias formadas por conchas ou outros materiais,
que compõem uma praia e que podem também ser de várias cores. Nas ilhas do Havaí (EUA), por
exemplo, há praias de areias brancas, compostas por fragmentos de corais, e praias de areias pre-
tas, nas quais o material é derivado de lava vulcânica.
Restinga é uma língua de areia, paralela à linha da costa, graças ao dinamismo destrutivo e
construtivo das águas oceânicas. Esses depósitos são elaborados com o apoio em pontas ou ca-
bos que, frequentemente, podem barrar uma série de pequenos lagos.
Segundo Guerra e Guerra (1997), falésia é um termo usado indistintamente para designar as
formas abruptas de relevo litorâneo ou escarpadas ou, ainda, o desnivelamento de igual aspecto no
interior do continente. O trabalho do mar nas falésias se faz pelo solapamento da base (figura 18).
47
UAB/Unimontes - 4º Período
O desenvolvimento e as feições das falésias dependem da ação das ondas e dos processos
GLOSSÁRIO geomorfológicos que operam na vertente. Distinguem-se dois tipos de falésias: vivas e mortas.
Falésia Viva: é aquela Recifes são formações litorâneas que aparecem próximas da costa.
que se desenvolve ain- Eles podem ser classificados, segundo sua origem, em recife de arenito e de corais. Os pri-
da na atualidade, uma meiros resultam da consolidação de antigas praias pela cimentação de quartzo e os outros pelo
vez que experimenta o
embate das ondas na
acúmulo de corais.
sua base. Segundo Guerra e Guerra (1997, p. 69), atol é um termo regional das Ilhas Maldivas que de-
Falésia Morta: encon- signa recifes mais ou menos circulares, em forma de coroa fechada, contendo uma laguna central
tra-se a salvo da ação que, com o tempo, será colmatada de vasa, transformando o arquipélago numa ilha.
das ondas, inclusive Conforme Guerra e Guerra (1997) e Fleury (1995), delta é uma massa de sedimentos, que
durante as tempesta-
des. Esse tipo de falésia
aparece na foz de certos rios, avançando em direção ao mar o lago. A maior parte dos sedimen-
pode indicar um antigo tos depositada está imersa e, de modo geral, os sedimentos deltaicos possuem características
nível mais elevado que servem para identificá-los. As camadas superiores, ou top-set, são horizontais e de litologia
do mar. Com o passar semelhante às dos depósitos fluviais. Nas camadas emersas, há a presença de restos orgânicos
do tempo, a falésia de forma lenticular. Nas camadas do top-set imersas, os sedimentos são finos, como argila e silte.
morta vai perdendo
os principais traços da
As camadas intermediárias são as camadas frontais ou fore-set e estão dispostas de forma inclina-
escarpa de abrasão, da no mesmo sentido da correnteza. Os sedimentos desta porção do delta contêm sedimentos
transformando-se numa marinhos, principalmente, pela natureza dos fósseis. Por fim, temos a camada de bottom-set ou
vertente mais ou menos camada do fundo, que está mais distante da desembocadura do rio, caracterizada, exclusivamen-
suavizada (JATOBÁ e te, por sedimentos marinhos (figura 19).
LINS, 1998, p.108).
Como faremos um breve resumo das principais formas de relevo encontradas no litoral bra-
Dica sileiro, é importante ressaltar, também, as seguintes feições: barreira, mangue, duna e laguna.
Vídeos sugeridos para De acordo com Guerra e Guerra (1997), consideram-se barreiras litorais típicas de falésias, do
debate: Produção: Re- ponto de vista geomorfológico. Mangue é um terreno baixo, junto à costa, sujeito às inundações
presentação do IICA no das marés. Duna é considerada uma elevação de areias móveis, depositadas pela ação do vento
Brasil. Documentário dominante, enquanto laguna seria uma depressão contendo água salobra ou salgada, localizada
sobre desertificação
no Piauí. Tempo: 30 mi-
na borda litorânea.
nutos. O documentário De acordo com Silva (2005), no litoral brasileiro, são classicamente reconhecidas cinco re-
mostra um testemunho giões fisiográficas, definidas, principalmente, por elementos geológicos, oceanográficos e climá-
da degradação ambien- ticos. A região que se estende da foz do rio Oiapoque até o Maranhão oriental é caracterizada
tal e o envolvimento da pela ocorrência de extensas áreas de manguezal; o litoral nordestino ou de Barreiras que vai da
comunidade na busca
de formas sustentáveis
foz do rio Parnaíba ao Recôncavo Baiano e tem como principais características o predomínio dos
de convívio com o meio depósitos sedimentares da Formação Barreiras, as falésias e arenitos de praia, os recifes de coral
ambiente. Acesse o site e extensas áreas com dunas de grande porte; o litoral oriental que se limita do Recôncavo Baiano
<www.youtube.com>, até o sul do Espírito Santo, com muitas características comuns ao litoral nordestino, mas com o
e na barra de busca, aparecimento das escarpas da Serra do Mar, ainda, relativamente interiorizadas e que atingem a
escreva: Desertificação.
Esses vídeos abordam
costa, próximo da região de Vitória; o litoral sudeste ou das escarpas cristalinas é uma área que se
tal processo. Produção: estende do sul do Espírito Santo ao Cabo de Santa Marta, em Santa Catarina, os principais aspec-
Representação do IICA tos físicos são a proximidade das escarpas cristalinas da Serra do Mar do oceano, a presença de
no Brasil. grandes reentrâncias na linha de costa e algumas lagunas com extensão e grau de sedimentação
variáveis; o litoral meridional ou subtropical engloba o trecho que vai do Cabo de Santa Marta,
na região de Laguna, até a desembocadura do rio Chuí, no limite do Brasil com o Uruguai, obser-
vam-se como características marcantes a ocorrência de amplas planícies sedimentares arenosas
associadas a um conjunto de lagunas com diferentes níveis de comunicação com o oceano.
48
Geografia - Geomorfologia Ambiental
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR ISO 14001: Sistemas de Gestão
Ambiental - Especificação e Diretrizes para Uso. Rio de Janeiro, 1996.
BRASIL, Lei n.º 6.803, de 2 de julho de 1980. Dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento
industrial nas áreas críticas de poluição, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília-DF, 3 jul. 1980. Disponível em <http://www.planalto.gov.br>. Aces-
so em 10 jan. 2010.
BRASIL, Lei n.º 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambien-
te, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário Oficial
[da] República Federativa do Brasil, Brasília-DF, 2 set. 1981. Disponível em <http://www.planal-
to.gov.br>. Acesso em 10 Jan. 2010.
CUNHA, S. B.; GUERRA, A. J. T. (Org). Geomorfologia e Meio Ambiente. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2004.
GUERRA, Antônio José. T (org). Erosão e conservação dos solos: conceitos, temas e aplicações.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.
IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S.A. Controle de erosão. DAEE
-IPT, São Paulo, 1989.
49
UAB/Unimontes - 4º Período
JATOBÁ, Lucivânio; LINS, Rachel Caldas. Introdução á Geomorfologia. Recife: Bagaço, p. 140,
1998.
MACEDO, Ricardo Kohn de. A importância da avaliação ambiental. In: TAUK, S. M. (org). Análise
Ambiental: Uma visão multidisciplinar. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 2.
ed, 1995.
NÓBREGA, Júlio Cézar Azevedo; LIMA, José Maria de; NÓBREGA, Rafaela Simão Abrahão. Deserti-
ficação: áreas de ocorrência e ações mitigadoras. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 24, n.
220, p. 94-102, 2003.
PHILIPPI JR. et. all. Curso de Gestão Ambiental. Barueri-SP: Manole, 2004.
Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC) - constituído pela Lei 7.661, de 16/05/88.
Disponível em <http://www.semarh.ba.gov.br/gercom/pngcII.pdf>. Acesso em 12 jan. 2010.
PRIMAVESI, Ana. Cartilha do solo. São Paulo: Fundação MoKiti OKada, 2006.
SACHS, I. Estratégias de transição para o século XXI: desenvolvimento e meio ambiente. São
Paulo: Studio Nobel: Fundação do desenvolvimento administrativo (FUNDAP), 1993.
SANTOS, R. F. Planejamento Ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de Texto, 2004.
TEIXEIRA, Wilson. TOLEDO, M. Cristina Motta. FAIRCHILD, Thomas Rich. TAIOLI, Fabio. Decifrando
a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2000.
50
Geografia - Geomorfologia Ambiental
Resumo
• As formas de relevo foram esculpidas pela ação de determinados processos. Existe uma
relação entre essas formas e os processos, assim o estudo de ambos pode ser considerado
como o objetivo central deste ramo do conhecimento, bem como as características funda-
mentais do sistema geomorfológico. O sistema geomorfológico é um sistema aberto, pois
recebe influência e também atua sobre outros sistemas componentes de seu universo.
• A totalidade dos sistemas que são interessantes ao geomorfólogo não age de maneira iso-
lada, mas funciona dentro de um ambiente e faz parte de um conjunto maior (que pode ser
denominado de universo). No âmbito do universo, podem-se considerar os primeiros como
sistemas antecedentes e os segundos como sistemas subsequentes, estes podem voltar a
exercer influências uns sobre os outros e interagir como universo através de um mecanismo
de retroalimentação (feedback). Ao estudar a composição dos sistemas, vários aspectos rele-
vantes devem ser ressaltados, como matéria, energia e estrutura.
• Os sistemas podem ser classificados conforme vários critérios, mas, para análise ambiental, o
critério funcional e o da composição integrativa são os mais relevantes. Considerando o cri-
tério funcional, distinguem os seguintes tipos de sistemas. Sistemas Isolados, Sistemas não
Isolados, Fechados e Abertos. Observando o critério para a complexidade da composição
integrativa, distinguem onze tipos de sistemas, porém entre eles os mais significativos para
a Geomorfologia são os seguintes; Sistemas morfológicos, Sistemas em sequência, Sistemas
processos-respostas e Sistemas controlados.
• Os sistemas antecedentes, que são os mais significativos para a compreensão das formas de
relevo, são: o sistema climático, o biogeográfico, o geológico e o antrópico.
• O ecossistema ressalta as características das comunidades biológicas, ou seja, a dependên-
cia entre os seres vivos e o seu habitat, enquanto o geossistema trata da organização dos
elementos físicos e biogeográficos, possuindo uma abrangência espacial maior do que o
ecossistema.
• A busca de desenvolvimento sustentável tem acarretado uma nova visão na gestão dos re-
cursos naturais, propiciando aos países a eficácia e eficiência na atividade econômica, con-
firmando que não há incompatibilidade entre proteção ambiental e desenvolvimento.
• O ser vivo retira da natureza os materiais e a energia necessária para a sua sobrevivência, e
dá pouco valor aos produtos e “serviços” da natureza, os quais garantem os benefícios para
a sociedade. Recursos naturais são as substâncias da natureza e as condições naturais que o
ser humano utiliza para suprir as suas necessidades de sobrevivência e de melhoria do nível
de vida.
• A maioria da população entende os recursos naturais como matéria-prima e insumos para
ser incorporados nos processo de transformação, porém os mesmos só se tornam riqueza
propriamente dita quando utilizados pelo homem. Entretanto, os recursos naturais não são
apenas fonte de energia e produtos para o ser humano, mas um importante componente
para o equilíbrio do meio.
• Os organismos vivos e não vivos e o seu ambiente não vivo são indissociáveis, e estão inse-
paravelmente inter-relacionados, interagindo entre si, de tal forma que o fluxo de energia
produza estruturas bióticas claramente definidas e uma ciclagem de materiais entre as par-
tes vivas e não vivas.
• Os recursos naturais devem ser utilizados de acordo com as condições de sustentabilidade
ambiental. As atividades antrópicas devem garantir o descarte dos seus resíduos de forma a
não afetar o equilíbrio ambiental.
• Existem técnicas para o tratamento dos despejos produzidos pelo homem. O lançamento
dos esgotos no curso d’água causa uma série de problemas para o ambiente hídrico e para a
saúde humana.
• A utilização do solo e a retirada da vegetação devem seguir normas de proteção ambiental,
para evitar uma série de problemas, entre eles, destaca-se a erosão, a desertificação, a conta-
minação das águas subterrâneas, a extinção de espécies faunísticas e florísticas.
• A maioria das atividades antrópicas gera impactos ambientais e deve ser avaliada previa-
mente sob os aspectos ambientais, econômicos, sociais, entre outros, antes da sua implan-
tação.
51
UAB/Unimontes - 4º Período
52
Geografia - Geomorfologia Ambiental
53
Geografia - Geomorfologia Ambiental
Referências
Básicas
FRANCO. Maria de Assunção Ribeiro. Planejamento Ambiental para a cidade sustentável. São
Paulo: Annblume: FAPESP, 2000.
GUERRA, Antônio José. T (org). Erosão e conservação dos solos: conceitos, temas e aplicações.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.
_________. (Org). Geormorfologia e Meio Ambiente. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
1998.
Complementares
BRANCO, S. M. & ROCHA, A.A. Ecologia ambiental: Ciências do ambiente para universitários.
São Paulo, CETESB, 1980.
CUNHA, S.B; GUERRA, A.J. T. (Org). Geomorfologia e Meio Ambiente. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2004.
JATOBÁ, Lucivânio; LINS, Rachel Caldas. Introdução à Geomorfologia. Recife: Bagaço, 1998,
p.140
MACEDO, E.S. de., MIRANDA, F. A., GRAMANI, M.F., OGURA, A.T. Desastres naturais: situação mun-
dial e brasileira. In: MACHADO, R(Org.) As Ciências da Terra e sua importância para a Humani-
dade. A contribuição brasileira para o Ano Internacional do Planeta Terra- AIPT. São Paulo, Socie-
dade Brasileira de Geologia, Livros Textos, 2008.
55
UAB/Unimontes - 4º Período
NÓBREGA, Júlio Cézar Azevedo; LIMA, José Maria de; NÓBREGA, Rafaela Simão Abrahão. Deserti-
ficação: áreas de ocorrência e ações mitigadoras. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 24, n.
220, p. 94-102, 2003.
PRIMAVESI, Ana. Cartilha do solo. São Paulo: Fundação MoKiti OKada. p.118 , 2006.
TEIXEIRA, Wilson. TOLEDO, M. Cristina Motta. FAIRCHILD, Thomas Rich. TAIOLI, Fabio. Decifrando
a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2000.
Suplementares
BRANSO S.M. Hidrobiologia aplicação à engenharia sanitária. 2. ed. São Paulo: CETESB. 1984.
LEINZ, Viktor ; AMARAL, Sergio Stanislau. Geologia Geral. 12. ed. rev. São Paulo: Nacional, 1995.
56
Geografia - Geomorfologia Ambiental
Atividades de
Aprendizagem - AA
1) Sobre Sistemas, assinale a alternativa INCORRETA.
a) ( ) A totalidade dos sistemas que é interessante ao geomorfólogo não age de maneira isolada,
mas funciona dentro de um ambiente e faz parte de um conjunto maior (que pode ser denomi-
nado de universo).
b) ( ) No âmbito do universo, pode-se considerar os sistemas antecedentes e os sistemas subse-
quentes, estes podem voltar a exercer influências uns sobre os outros e interagir como universo
através de um mecanismo de retroalimentação (feedback).
c) ( ) Ao estudar a composição dos sistemas, vários aspectos relevantes devem ser ressaltados,
como matéria, energia e estrutura.
d) ( ) Os sistemas fechados são aqueles em que ocorrem constantes trocas de energia e matéria,
tanto de recepção quanto de perda.
1. Litoral nordestino ou de Barreiras, que vai da foz do rio Parnaíba ao Recôncavo Baiano.
2. Litoral oriental, que se limita do Recôncavo Baiano até o sul do Espírito Santo.
3. O litoral sudeste ou das escarpas cristalinas é uma área que se estende do sul do Espírito Santo
ao Cabo de Santa Marta, em Santa Catarina.
4. O litoral meridional ou subtropical engloba o trecho do litoral que vai do Cabo de Santa Marta,
na região de Laguna, até a desembocadura do rio Chuí, no limite do Brasil com o Uruguai.
( ) Os principais aspectos físicos são a proximidade das escarpas cristalinas da Serra do Mar do
oceano, a presença de grandes reentrâncias na linha de costa e algumas lagunas com extensão e
grau de sedimentação variáveis.
( ) As principais características do predomínio dos depósitos sedimentares da Formação de Bar-
reiras, as falésias e arenitos de praia, os recifes de coral e extensas áreas com dunas de grande
porte.
( ) Como características marcantes da ocorrência de amplas planícies sedimentares arenosas as-
sociadas a um conjunto de lagunas com diferentes níveis de comunicação com o oceano.
( ) Com muitas características comuns ao litoral nordestino, mas com o aparecimento das escar-
pas da Serra do Mar, ainda relativamente interiorizadas e que atingem a costa próxima à região
de Vitória.
5) Quais as áreas mais suscetíveis à desertificação no Brasil, de acordo com a definição contida na
Convenção Internacional de Combate à Desertificação?
10) Qual a relação da temperatura de densidade máxima da água com a vida nos ambientes
aquáticos?
57