Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Aprendizagem
Motora
ISBN - 978-85-7739-678-8
2015
Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro, s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG) - Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-
089
Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214
Ministro da educação diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde -
Renato Janine Ribeiro CCBS/ Unimontes
Maria das Mercês Borem Correa Machado
Presidente Geral da CAPeS
Jorge Almeida Guimarães diretora do Centro de Ciências Humanas - CCH/Unimontes
Mariléia de Souza
diretor de educação a distância da CAPeS
Jean Marc Georges Mutzig diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA/Unimontes
Paulo Cesar Mendes Barbosa
Governador do estado de Minas Gerais
Fernando Damata Pimentel Chefe do departamento de Comunicação e Letras/Unimontes
Maria Generosa Ferreira Souto
Secretário de estado de Ciência, Tecnologia e ensino Superior
Vicente Gamarano Chefe do departamento de educação/Unimontes
Maria Cristina Freire Barbosa
Reitor da Universidade estadual de Montes Claros - Unimontes
João dos Reis Canela Chefe do departamento de educação Física/Unimontes
Rogério Othon Teixeira Alves
vice-Reitor da Universidade estadual de Montes Claros -
Unimontes Chefe do departamento de Filosofia/Unimontes
Antônio Alvimar Souza Alex Fabiano Correia Jardim
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Compreendendo a Natureza do Movimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Classificação das Habilidades Motoras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23
Teorias da Aprendizagem Motora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28
Unidade 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
Aprendizagem Motora Preparando a Experiência de Aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . .31
4.5 Feedback . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Unidade 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37
Ambiente de Aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37
Referência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39
Resumo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Apresentação
Caro (a) acadêmico (a),
Bons estudos!
Os autores.
9
Educação Física - Aprendizagem
Motora
UnidAde 1
Compreendendo a Natureza do
Movimento
Andréia Luciana Ribeiro de Freitas
Alex Sander Freitas
Aníbal Ribeiro Júnior
1.1 Introdução
O movimento é um elemento básico na interação entre o ser humano e o ambiente, consti-
tui-se num fenômeno bastante abrangente que envolve a interpretação de várias informações. GLOSSáRiO
Essas informações podem ter origem em diferentes meios internos e externos ao executante. O Aprendizagem Moto-
ato de produzir movimento só é possível, quando o indivíduo adquire a capacidade de integrar ra: aquisição de com-
estruturas corporais com processos cerebrais, ou seja, somar a ação (conhecimento), percepção petência na realização
de um ato motor que
(informações sensoriais significativas) e cognição (interpretação das informações, objetivos) resulta em uma melhora
(MA- GILL, 1984; GALLAHUE, OZMUN e GOODWAY, 2013). permanente na sua
O processo de desenvolvimento motor e aprendizagem motora são percebidos através das execução.
mudanças significativas na eficiência da produção de movimento, para isso é relevante a com- desenvolvimento Mo-
preensão dos vários significados do movimento e suas funções. O movimento humano como tor: série de mudanças
na capacidade de movi-
meio de aprendizagem implica o uso do movimento como meio para alcançar um fim. O objeti- mento do ser humano
vo do uso do movimento, nessa perspectiva, é a aprendizagem de várias competências do indiví- apresenta-se como um
duo, entre elas cognitivas, afetivas ou motoras. O movimento como fim implica a aprendizagem processo progressivo,
do próprio ato motor. Envolve o contínuo desenvolvimento da capacidade de utilizar o corpo organizado e interde-
com crescente eficiência no controle e qualidade do movimento. pendente que resultará
na aprendizagem/reali-
A Aprendizagem Motora tem como objetivo compreender como a prática, o feedback e as zação/aprimoramento
diferenças individuais influenciam na aquisição, retenção e na transferência de uma habilidade. de um movimento ao
Para que você, acadêmico(a), compreenda o processos que permeiam a aprendizagem de uma longo do ciclo de vida.
habilidade motora, é necessário que relembremos alguns princípios do desenvolvimento hu-
mano, os domínios do comportamento humano e informações básicas sobre o sistema nervoso
central com ênfase no controle motor.
11
O encéfalo consiste em três partes principais: cérebro, cerebelo e tronco encefálico. O cé-
GLOSSáRiO rebro constitui 70% sistema nervoso e controla pensamento, memória, linguagem e emoções;
Mielinização: é o pro- ele se divide em dois hemisférios cada hemisfério se subdivide em quatro setores ou lobos: lobo
cesso de revestimento occipital (processa informações visuais); lobo temporal (auxilia na audição e linguagem); lobo pa-
dos neurônios por uma rietal (recebe informações táteis e espaciais, e facilita coordenação óculo-manual); lobo frontal
substancia gordurosa (permite funções de nível superior como fala e raciocínio).
(mielina) que permite
O córtex cerebral é a parte externa do cérebro formado pela massa cinzenta que é responsá-
maior rapidez de comu-
nicação entre as células. vel pelo processamento de informações e atividades mentais. Já o córtex sensório-motor,
tálamo, hipocampo e gânglios basais controlam os movimentos e funções básicas à
sobrevivência. O cór- tex cerebral é responsável por funções mentais complexas e
desenvolvidas, como a linguagem, percepção, cognição, memória e emoções. Nele estão
armazenadas as representações simbólicas que permitem ao sujeito responder com uma ação
às solicitações do meio, ou seja, a estímulos propostos pelo ambiente .
O cérebro é composto de neurônios e células gliais. Neurônios ou células nervosas enviam
e recebem informações. As Células Gliais sustentam e protegem os neurônios. As principais
funções das células da glia são cercar os neurônios e mantê-los no seu lugar; fornecer nutrien-
tes e oxigênio para os neurônios; isolar um neurônio do outro; destruir patógenos e remover
neurônios mortos. Mantêm a homeostase, formam mielina e participam na transmissão de sinais
no sistema nervoso.
Figura 2: Neurônio e ►
células gliais
Fonte: Disponível em
<http://www.colegiovas-
codagama.pt/ciencias3c/
decimo/unidade41.html>.
Acesso em 20 jun .2015.
GLOSSáRiO
Sinapse: lacunas dimi-
nuídas preenchidas por
neurotransmissores que Os axônios e dendritos também são partes integrantes do neurônio, formando extensões
executam a transmissão estreitas e ramificações. Os axônios enviam mensagens para outro neurônio, que são recebidas
de mensagem de um pelos dendritos através da sinapse. Um neurônio pode ter de 5 a 100mil conexões sinápticas. A
neurônio para o outro.
multiplicação de dendritos e conexões ocorre especialmente entre o 2º mês de gestação até 2
anos de vida.
De acordo com Ma-
gill (2011), existem três
classes funcionais de
neurônios; são eles: os
neurônios aferentes ou
Figura 3: Neurônio ► neurônios sensoriais,
visualização da fenda neurônios eferentes ou
sináptica neurônios motores e in-
Fonte: Disponível em terneurônios. Os neurô-
<ht tp://ww w.sobiologia.
com.br/conteudos/His- nios sensoriais também
tologia/epitelio29.php>. chamados de aferentes
Acesso em 20 jun. 2015. são células nervosas que
enviam impulsos ner-
vosos para o Sistema
Nervoso Central (SNC).
Os neurônios motores
também chamados de
eferentes enviam impulsos nervosos do SNC para os músculos esqueléticos. Enquanto os inter-
neurônios, também
chamados de neurônio
de associação,
conduzem os impulsos
nervosos dos neurônios
sensoriais para os
neurônios motores
localizados no SNC.
O cerebelo é a segunda maior porção do encéfalo; entre as funções realizadas por ele,
pode- mos citar: É “aplicado ao
• Compara o movimento pretendido programado pelas áreas motoras no telencéfalo com o estudo do
que realmente está ocorrendo. comportamento
• Recebe informações sensitivas dos músculos, tendões, articulações, receptores de equilíbrio motor, envolvendo a
e receptores visuais. relação entre mente e
• Auxilia a coordenar sequências complexas de contrações dos músculos esqueléticos. cor- po” (GALLAHUE,
Segundo Tortora (2001, p.237), “o cerebelo é a principal região do encéfalo que regula a OZMUN e GOODWAY,
pos- tura e o equilíbrio e torna possível todas as atividades motoras, desde apanhar uma bola de 2013, p.31). As
bei- sebol até dançar.” atividades intelectuais
O tronco encefálico interpõe-se entre a medula e o diencéfalo, situando-se ventralmente ao caracterizadas pela
cerebelo. Possui três funções gerais: capacidade do
• Recebe informações sensitivas de estruturas cranianas e controla os músculos da cabeça; organismo de utilizar
• Contém circuitos nervosos que transmitem informações da medula espinhal até outras re- informações formam
giões encefálicas e, em direção contrária, do encéfalo para a medula espinhal (lado esquer- o domínio cognitivo.
do do cérebro, controla os movimentos do lado direito do corpo; lado direito do cérebro Nesse domínio, o
controla os movimentos do lado esquerdo do corpo); indivíduo deve ser
• Regula a atenção, função esta que é mediada pela formação reticular (agregação mais ou capaz de: descobrir
menos difusa de neurônios de tamanhos e tipos diferentes, separados por uma rede de fi- ou reconhecer a
bras nervosas que ocupa a parte central do tronco encefálico). informação; reter ou
Além destas três funções gerais, as várias divisões do tronco encefálico desempenham fun- armazenar infor-
ções motoras e sensitivas específicas. mações, ou seja,
Segundo Papalia, Olds e Feldmann (2006), mudanças típicas da 1ª e 2ª infância parecem memória; gerar
vin- culadas à maturação do corpo e do cérebro – o desdobramento de uma sequência informações; tomar
geneticamente influenciada e, muitas vezes relacionada à idade, de mudanças físicas e padrões decisão, ou seja,
de comportamen- to, incluindo a prontidão para adquirir novas habilidades. O crescimento do interpretar as
cérebro ocorre antes e após o nascimento, sendo o período da infância fundamental para seu informações.
futuro desenvolvimento.
O cérebro no nascimento possui 25% do seu peso na idade adulta, que é de aproximada-
mente 1,5kg. Atingindo 70% do seu peso quando o individuo completa 3 anos de idade, já aos 6
anos ele aproxima do seu tamanho máximo. O crescimento cerebral não ocorre de maneira regu-
lar e contínua, e sim de forma intermitente, apresentando surtos de crescimento que coincidem
com a aprendizagem de um novo comportamento.
1.3 Domínios do
Comportamento
Humano
A taxionomia das respostas humanas às exigências do ambiente para fins educacionais foi
popularizada por Bloom e colaboradores em 1956; o objetivo era melhorar o estudo do desen-
volvimento humano e seus comportamentos. O comportamento humano é dividido em três do-
mínios: cognitivo, afetivo e psicomotor ou simplesmente motor. Compreender os domínios do
comportamento humano nos ajuda a entender como indivíduo interage com o ambiente, esta-
belece uma meta, elabora um plano de ação para atingir o objetivo, faz a verificação experimen-
tal de seu movimento, avalia os resultados e apreende os aspectos relevantes para novas apren-
dizagens.
diCA
Para melhor entendi- mento do desenvol- vimento do cérebro
e o desenvolvimento cognitivo leia capítulos
4 e 5 do livro: PAPALIA, D.E.; OLDS, S.W.; FELDMAN, R.D. Desenvolvimento Humano. 8. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2006.
1.3.2 Domínio Afetivo
São comportamentos que envolvem sentimentos e emoções. Para Gallahue, Ozmun e Goo-
dway (2013), o domínio afetivo está ligado ao estudo que envolve os sentimentos e emoções
aplicadas ao próprio indivíduo e aos outros por meio do movimento. Nesse domínio, deve-se le-
var em consideração alguns aspectos como: segurança nos movimentos; competência percebi-
da; autoconceito; capacidade de socialização e aspectos culturais.
O movimento é a
base desse domínio, que
inclui o entendimento
dos processos de mu-
dança, controle, estabili-
zação nas estruturas físi-
cas e no funcionamento
Figura 4: Aspectos ► neuromuscular durante
presentes no contexto
a realização de um ato
da realização de uma
habilidade motora. motor. Para que ocorra
Fonte: Adaptado a partir um movimento, é neces-
de GALLAHUE, OZMUN E sário interação entre três
GOODWAY, 2013, p.22. fatores: Individuais: com-
posto pela hereditarie-
dade, biológicos, natu-
reza, que são os fatores
intrínsecos. Ambientais:
composto pela experiên-
cia, o aprendizado, en-
corajamento, que são os
fatores extrínsecos. Fatores da Tarefa: que são as exigências físicas e dificuldades mecânicas da
tarefa (MAGILL, 2011; SCHMIDT e WRISBERG, 2010).
A aquisição de um
ato ou tarefa motora de-
pende da realização do
movimento, que pode
ser considerada como a
menor parte de uma ha-
bilidade motora. Segun-
Figura 5: Fases do ►
desenvolvimento motor do Magill (2011, p.29),
representado pela “movimentos indica
imagem da ampulheta. caracteristicas compor-
Fonte: GALLAHUE, OZMUN tamentais da cabeça,-
& GOODWAY, 2013, p.69
corpo e/ou um membro
específico ou combina-
ções de membros”.Os
movimentos são formas
de conduta global que
devem ser amplamente
exploradas por meio das
percepções visuais,táteis,auditivas e sinetésicas. O indivíduo para realizar um movimento neces-
sita de um propósito a ser atingido, que pode ser: comunicar uma ideia ou conceito; expressar
sentimentos ou emoções, relacionar-se com os outros e com o mundo.
Para entendermos a complexidade do movimento humano, é necessário conhecermos a
forma como o movimento é classificado durante as fases do desenvolvimento humano; para
isso vamos entender a taxionomia proposta por David L. Gallahue que atende bem a nossa
proposta de estudo.
Taxonomia de David L. Gallahue Art- med, 2006.
• Movimento reflexos do útero até 4 meses de vida: São as primeiras formas de movimento
humano; através dos reflexos, a criança recém-nascida obtém informações sobre o ambien- SCHIMIDT, R. A;
te (sons, luz, toque, etc.). Esses movimentos involuntários e a maturação do SNC ajudam a WRISBERG, C. A.
criança a conhecer seu corpo e seu mundo. Aprendizagem e
• Movimentos rudimentares dos 4 meses ao 2º ano de vida: Caracterizam-se pelo apare- Performance
Motora: Uma
cimento dos primeiros movimentos voluntários; eles são determinados de forma matu-
Abordagem da
racional por uma seqüência aparentemente previsível. O nível com que essas habilidades
A
aparecem depende de fatores biológicos, ambientais e da tarefa. Envolvem movimentos
p
estabilizadores, como controle da cabeça, pescoço; movimentos manipulativos de alcançar,
r
agarrar e soltar; e movimentos locomotores de arrastar, engatinhar e andar. e
• Movimentos Fundamentais dos 2 aos 7 anos de vida: A criança na idade pré-escolar de- n
senvolve movimentos básicos (andar, correr, pular, lançar, agarrar, etc.) que serão d
necessá- rios para habilidades motoras posteriores. Esta fase é a mais crítica para que as i
formas mo- toras básicas sejam desenvolvidas corretamente. Para que a criança possa z
aperfeiçoar os padrões desses movimentos, é necessária a participação em atividades ao a
ar livre, jogos e brincadeiras que envolvam a utilização dos movimentos fundamentais. g
• Movimentos especializados: nesta fase, as habilidades locomotoras, manipulativas e esta- e
bilizadoras são progressivamente refinadas, combinadas e elaboradas, para serem utilizadas m
em situações cada vez mais exigentes. Um movimento especializado exige a capacidade de
executar uma ação complexa ou uma forma motora com alto grau de eficiência, B
combinando vários elementos do ato motor e incorporando todos os fatores relativos ao a
desenvolvimento motor previamente aprendido. Os movimentos especializados se dividem s
em três estágios: estágio transitório dos 7 aos 10 anos de vida: combina e amplia e
habilidades motoras fun- a
damentais para o esporte em ambientes recreacionais. Estágio de aplicação dos 11 aos 13 anos d
de vida: ocorre um aumento das habilidades cognitivas e das experiências, tornando o indivíduo a
capaz de decisões sobre os fatores inerentes à tarefa, ao indivíduo e ao ambiente para participar
de atividades cada vez mais complexas. Essa é a época para refinar e usar habilidades mais com- n
plexas em jogos mais difíceis, atividades de liderança e de esportes. Estágio de utilização perma- a
nente acima dos 14 anos: a especialização representa o ápice do processo de desenvolvimento,
sendo caracterizada pelo uso do repertório de movimentos adquiridos pelo indivíduo em toda a S
i
vida (GALLAHUE, OZMUN e GOODWAY, 2013).
t
A análise dos vários modelos sequenciais de desenvolvimento motor é importante por for-
u
necer subsídios na estruturação de programas de atividade motora, além de servir de base para a
a
formulação de teorias a respeito do processo de desenvolvimento motor (GALLAHUE, OZMUN e
ç
GOODWAY, 2013). ã
Para Wallon (1975), em seus estudos sobre o desenvolvimento infantil, o movimento corpo- o
ral é um elemento importante para a constituição do sujeito. O movimento representa ao mes- .
mo tempo uma manifestação corporal e psíquica, pois, através do movimento, a criança constrói
significações para o mundo exterior, desenvolvendo-se em seus aspectos afetivos, cognitivos e 4
motores. Entender os significados e objetivos do movimento no processo de aprendizagem de .
uma habilidade é que torna necessário o estudo da aprendizagem e do desenvolvimento motor.
e
d
Referências
.
P
o
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C; GOODWAY, J. D. Compreendendo o desenvolvimento motor: r
bebês, crianças, adolescentes e adultos. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, t
2013. o
MAGILL, R.A. Aprendizagem motora: Conceitos e aplicações. São Paulo: Edagard Blucher, 1984. A
l
MAGIL, R. A. Aprendizagem e controle motor: conceitos e aplicações. 8. ed. São Paulo: Phorte, e
2011 g
. r
e
PAPALIA, D.E.; OLDS, S.W.; FELDMAN, R.D. desenvolvimento Humano. 8. ed. Porto Alegre:
15
, 2010.
ATividAde
1) Leia com atenção o
capítulo 1 e identifique
os significados e fun-
ções do movimento na
aprendizagem e desen-
volvimento humano.
2) Explique os aspectos
presentes no contexto
da realização de uma
habilidade motora.
3) Cite as partes do
encéfalo e, em seguida,
descreva as funções
relacionadas à aprendi-
zagem motora.
Acadêmico (a) poste
suas respostas no
fórum.
16
TORTORA, G. J. Corpo Humano: Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 4. ed. Porto Alegre:
Art- med, 2001.
2.1 Introdução
Num belo dia de sol, você anda de bicicleta pelo parque cheio de crianças correndo, irregu- GLOSSáRiO
laridades no piso, ruídos, etc. Para realizar está tarefa, neste ambiente, você vai executar vários
Habilidade: uma tarefa
movimentos e prestar atenção a diferentes informações ambientais. Esta situação é conhecida com uma finalidade
como ambiente aberto, pois o executante deve adaptar seus movimentos às situações mutáveis específica a ser atingida.
do ambiente. O indivíduo produz um movimento para obedecer às demandas da tarefa que está Um indicador de quali-
sendo executada em um ambiente específico. A habilidade executada pelo indivíduo deve cum- dade de desempenho.
prir as demandas da tarefa por meio da interação com o ambiente, determinando sua capacida- Movimentos: caracte-
rísticas comportamen-
de funcional (COOK; WOOLLACOTT, 2002). tais da cabeça, corpo e
A classificação das habilidades motoras em categorias gerais nos permite um melhor enten- ou um membro especí-
dimento das características que distinguem uma habilidade de outra, e a forma como elas são fico ou combinações de
realizadas e aprendidas. membros.
Segundo Schimidt e Wrisberg (2010), os cientistas do movimento têm utilizado para classifi- Ações: respostas a me-
tas que consistem em
car as habilidades na perspectiva de como a tarefa é organizada, o nível de importância dos com- movimentos do corpo
ponentes motores e cognitivos na realização da tarefa e previsibilidade do ambiente, ou seja, o e/ou dos membros.
comportamento do ambiente durante a realização da tarefa. “Existem esquemas unidimencio-
nais e bidimencionais para classificação das habilidades motoras, mas nenhum deles captura
completamente a amplitude,a profundidade e o escopo do movimento humano” (GALLAHUE,
OZMUN e GOODWAY, 2013, p.34).
Para continuarmos nosso estudo sobre a classificação das habilidades motoras, é necessário
esclarecermos os conceitos sobre habilidade motora, pois ela pode ser entendida como:
Habilidade como ato ou tarefa motora: refere-se às ações motoras que devem ser aprendi-
das para serem executadas corretamente (MAGILL, 1984).
Habilidade como indicador de qualidade ou desempenho: refere-se ao executante e sua
competência na realização de uma determinada ação motora, ou seja, está ligada à produtivida-
de, rendimento na execução do movimento (MAGILL, 1984).
Neste capitulo iremos expor vários tipos de classificação das habilidades de movimento, a
fim de proporcionar aos acadêmicos as bases adequadas para estabelecer princípios e ligações
entre os processos de desempenho e aprendizagem do movimento.
19
2) Habilidades classificadas pela importância relativa dos elementos motores e cognitivos
Habilidade motora: é a habilidade na qual o principal determinante do sucesso do movi-
mento é a qualidade do próprio movimento, por exemplo, no salto em altura, a realização corre-
ta e eficiente dos movimentos é que alcançará o objetivo, que é um salto de maior altura vertical.
Habilidade cognitiva: é a habilidade na qual os aspectos perceptivos e de tomada de de-
cisão são mais importante do que a produção do movimento. A estratégia na realização do mo-
vimento é a chave para o sucesso na execução do movimento, por exemplo, decidir qual peça
mover no jogo de xadrez, a concentração do indivíduo na realização de flexão e extensão após
cirurgia de joelho no trabalho de reabilitação de movimento.
3) Habilidades classificadas pelo nível de previsibilidade ambiental
Habilidade aberta: a habilidade é executada em um ambiente imprevisível ou o mesmo
está em movimento exigindo que o executante adapte seus movimentos em resposta às
proprie- dades dinâmicas do ambiente.
Habilidade fechada: a habilidade é executada em um ambiente que é previsível ou estacio-
nário, permitindo que o executante planeje seus movimentos antecipadamente.
21
jetos é se há preensão ou uso do objeto. Por exemplo, com o uso da varra no salto em altura, o GRECO, Pablo J.;
atleta manipula o objeto, segurando-o para realizar a tarefa. Benda, Rodolfo N.
A taxonomia de Gentile tem varias aplicações práticas. Podem ser um guia para avaliação iniciação esportiva
das capacidades e limitações na realização do movimento. Ferramenta didática para seleção de universal - da
atividades funcionais adequadas ao ensino e aprendizagem de habilidades motoras. Instrumen- aprendizagem
to para mapear o desenvolvimento individual. motora: ao
treinamento técnico.
Belo horizonte: UFMG,
Referências
COOK, A. S.; WOOLLACOTT, M. H. Controle motor: teoria e aplicações práticas. São Paulo:
Mano- le, 2002.
FERREIRA, Amarílio; Goellner, Silvana; Bracht, Valter (Orgs.) As ciências do esporte no Brasil. São
Paulo: Editores Associados, 1995.
diCA
Para melhor entendi- mento dos conceitos de classificações das habilidades motoras,
leiam capitulo 1 do livro GALLAHUE, D. L.; OZ- MUN, J. C; GOODWAY,
J. D. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adul- tos.7. ed. Porto
Alegre: AMGH, 2013.
ATividAde
1) Leia com atenção as classificações unidimen- sionais das habilidades motoras e descreva as semelhanças
e diferen- ças entre elas.
2) Cite três exemplos
de habilidades motoras abertas,habilidades mo- toras fechadas,habilida- des motoras discretas, habilidades
motoras seriadas, habilidades motoras contínuas, tarefas de locomoção, tarefas de estabilidade e tarefas de
estabilidade.
3) Explique qual a relevância do esquema multidimensional para profissionais que traba- lham com
processo de ensino-aprendizagem de habilidades motoras. Insira suas observações e análises da atividade
no fórum de discussão.
MAGILL, R. A. Aprendizagem motora: Conceitos e aplicações. São Paulo: Edagard Blucher, 1984.
MAGILL, R. A. Aprendizagem e controle motor: Conceitos e aplicações. 8. ed. São Paulo: Phor-
te, 2011.
3.1 Introdução
GLOSSáRiO
Na vida cotidiana, realizamos várias habilidades motoras que exigem a ação simultânea de O TR aumenta
braços, mãos e pernas; em outras apenas o trabalho de mãos e dedos. Mas em todas as habilida- quando a
des motoras temos que coordenar vários músculos e articulações ao mesmo tempo. Como isso duração dos
é possível? Como nosso corpo organiza as informações para execução de uma diversidade de movimentos
habilidades motoras que podem ser aplicadas numa infinidade de situações? torna-se mais
A coordenação é definida como “ajuste de padrões de movimentos da cabeça, corpo ou longa.
membros em relação ao padrão dos objetos e eventos do ambiente”(MAGILL,1984, p.38). Na 2) O controle em
coordenação, o organismo deve organizar a ação dos músculos e articulações em padrões de movimentos
movimento que atendam às exigências da ação motora, bem como do contexto no qual o mo- balísticos:
vimento será realizado. O sistema nervoso deve controlar vários componentes para realizar um Alguns
padrão de movimento. Mas cada componente do movimento realiza mais de uma ação, movimentos são
exemplo a articulação do joelho executa flexão ou extensão. Como controlar cada componente muito rápidos, onde
que parti- cipa da tarefa motora? O sistema nervoso coordena o organismo, de modo a resolver o os padrões de ação
problema dos graus de liberdade para que cada articulação e músculo só executem a ação dos músculos e
necessária à realização da habilidade pretendida. membros são
Para respondermos às indagações que permeiam o contexto do controle motor, é importan- ativados e
te conhecermos as teorias que explicam a aprendizagem motora. Segundo Magill (2011, p.111), completam a
“na ciência uma teoria nos ajuda a entender os fenômenos e explica as razões por que esses fe- execução em 100 a
nômenos existem e se comportam de determinada forma.” As teorias da aprendizagem 200 milissegundos,
motora buscam explicar como o organismo controla a execução de movimento. tempo insuficiente
para
24
atuação de um feedback ser recebido e processado. Nessa linha de pensamento, temos a deafe-
rentação, procedimento cirúrgico no qual uma via aferente (aquela que leva informações senso-
riais em direção ao SNC) é cortada, evitando que os impulsos nervosos da periferia cheguem até
a medula espinhal, mas, mesmo assim, o movimento ocorre.
3) efeito de bloquear mecanicamente um membro:
Quando um movimento de extensão de cotovelo é realizado em alta velocidade e ocorre
um bloqueio inesperado, a atividade elétrica dos músculos envolvidos no movimento tende a
GLOSSáRiO continuar, ou seja, o programa para executar o movimento existe, e tem como objetivo continuar
Programa motor: é um a realização do movimento.
grupo de comandos O controle de circuito aberto é composto pelo input (entrada da informação), o impulso
motores pré-estrutura-
dos, capazes de condu- para o início da ação motora. O input é enviado para o centro de controle ou executivo onde será
zir um movimento. processado. Ocorre a decisão sobre o plano motor que será utilizado na realização da ação moto-
Feedback: informações ra. A informação é transmitida ao efetor, no caso os músculos que irão realizar o movimento.
vindas dos sistemas
sensoriais que indicam
as consequências de um Figura 6: Circuito ►
movimento, ou seja, os aberto de controle de
resultados do movi- movimento
mento. Fonte: Elaboração própria.
Ecológica
corpo, após a realização
do movimento.
Essa teoria propõe que, durante a prática, existe uma busca de estratégias ideais para a exe-
cução da tarefa, dadas às restrições. As restrições aqui abordadas são: as ambientais e as relativas
à própria realização do movimento. A aprendizagem de um dado movimento está relacionada
com o aumento da coordenação entre a percepção e a ação.
O sistema de percepção e ação busca uma resposta motora adequada para a tarefa, identi-
ficando as dicas perceptivas do ambiente e do corpo. O sistema incorpora e mapeia as soluções
para execução do movimento através das dicas reguladoras que são dicas perceptivas essen-
ciais. A exploração do espaço perceptivo motor é essencial para a busca de estratégias ideais.
A exploração do espaço perceptivo requer a investigação de todas as dicas perceptivas
possíveis, de modo que o executante identifique aquelas que são mais relevantes para o
desempenho de uma tarefa específica. As dicas perceptivas essenciais para a maneira como uma
tarefa é executa- da também são chamadas de dicas reguladoras. Da mesma forma, a exploração
do espaço motor envolve a investigação da amplitude de movimentos possíveis para selecionar
os movimentos ideais, ou mais eficientes, para a tarefa. As soluções incorporam dicas perceptivas
relevantes e as estratégias ideais de movimentos para uma tarefa específica.
A visão prática desta teoria no ambiente escolar seria que, para um aluno realizar um drible
no basquete, ele deve: conhecer as dimensões da quadra; analisar a presença de outros alunos
na quadra; ignorar informações perceptivas que não são importantes no momento da execução
do movimento.
De acordo com a teoria eco-
lógica, as informações percepti-
vas cumprem várias funções na
aprendizagem motora, pois ocor-
re a associação do objetivo da é outra função das
tarefa com o movimento apren- informações perceptivas.
dido. Essas informações são pas- Durante o movimen- to,
sadas para o aprendiz através de ocorre a construção do
demonstrações práticas do movi- fee- dback de
mento. A construção do feedback conhecimento do de-
sempenho e, após, o movimento ◄ Figura 7: Drible no
basquete; o indivíduo
deve estar atento às
dicas reguladoras do
ambiente.
Fonte: Disponível em
<ht tp://por taldoprofessor.
mec.gov.br>. Acesso em 27
jun. 2015.
feedback de conhecimento dos resultados. Em resumo, esta abordagem da aprendizagem mo-
tora enfatiza a atividade exploradora e dinâmica do espaço perceptivo/motor, com vistas a criar
estratégias ideais para execução de uma tarefa motora.
Figura 8: Esquema ►
do processamento
de informação.
Fonte: Elaboração
Própria.
26
3.8 Teorias Associadas
aos Estágios de
Habilidade na
Aprendizagem Motora
Nas teorias a seguir, a aprendizagem de uma habilidade motora é descrita em estágios, os
quais levam em consideração a aquisição da habilidade e como ocorre o aprimoramento desta
aprendizagem com o passar do tempo.
Este modelo foi proposto por Fitts e Posner em 1967; a aprendizagem de uma nova tarefa
motora se divide em três estágios:
1º estágio cognitivo: O aprendiz está envolvido na compreensão da natureza da tarefa,
desenvolve e experimenta estratégias para execução da tarefa. Neste estágio o aspecto verbal/
cognitivo (orientações do professor e demonstrações do ato ou tarefa) é primordial para a apren-
dizagem motora, temos a seguir as características do estágio cognitivo:
• Exige alto grau de atenção do executante;
• Execuções imperfeitas do movimento/ato motor;
• Baixo rendimento;
• Os números de tentativas e erros são elevados;
• Período onde o executante apresenta muita insegurança.
Neste estágio, o executante sabe que está errando o movimento, mas não sabe localizar
onde está o erro.
2º estágio associativo: O aprendiz já selecionou a melhor estratégia para a execução do
ato ou tarefa motora. A concentração do executante voltar-se-á para o refinamento da habilida-
de. Esse estágio pode durar dias, semanas ou meses, dependendo do aprendiz e da intensidade
da prática (SCHMIDT; WRISBERG, 2010). Características do estágio associativo:
• A execução corresponde ao plano motor;
• Bom rendimento;
• Menor número e frequência de erros.
Os erros se tornam menos grosseiros, e o aprendiz já consegue identificar e localizar alguns
dos erros cometidos por ele.
3º estágio autônomo: O aprendiz já executa a habilidade, utilizando o mínimo de atenção
exigida, o movimento é realizado com automatismo. Neste estágio a atenção do indivíduo está
voltada para outros aspectos da tarefa, como, por exemplo: identificar os obstáculos que pos-
sam impedir o desempenho da tarefa motora; ou concentra-se em uma tarefa secundária, como
conversar com um amigo enquanto realiza a habilidade. O aprendiz desenvolve não somente a
capacidade de detectar seus erros na execução da tarefa, como também, a capacidade de ajustar
a tarefa a novas exigências. Características do estágio autônomo:
• A habilidade é executada, mesmo em condições de dificuldade;
• A habilidade torna-se quase automática ou habitual;
• A execução do ato ou tarefa exige pouca atenção e concentração do executante.
Adams propôs um modelo de estágios da aprendizagem motora que pode ser relacionado
ao modelo de Fitts e Posner, este modelo é conhecido como Modelo dos dois estágios de Adams:
1º estágio verbal-motor: é a soma dos estágios cognitivo e associativo do modelo de Fitts
e Posner. Adams coloca que, neste estágio, o aprendiz executa o movimento com número signi-
ficativo de erros, não conseguindo identificar onde está errando. Outra característica deste está-
27
gio, segundo Adams, é a necessidade de um nível elevado de concentração do executante.
2º estágio motor: é o estágio autônomo proposto por Fitts e Posner, onde o executante,
segundo Adams, já consegue identificar o erro do movimento e realizá-lo com menor nível de
atenção e menor número de erros.
28
3.8.2 Modelo dos Três Estágios dos Sistemas
Este modelo é baseado na teoria dos sistemas motores proposta por Bernstein. A teoria dos
sistemas motores coloca que um aprendiz, quando realiza um ato motor pela primeira vez, não
tem controle dos graus de liberdade, o que tornaria o movimento menos econômico em ter-
mos energéticos, exigindo mais do organismo para realização da tarefa (MAGILL, 2011). Nesta
perspectiva o indivíduo contrai os músculos exageradamente e utiliza musculaturas desneces-
sárias ao ato ou tarefa motora, causando fadiga no sistema, o que torna o ato ou tarefa motora
menos eficiente no aspecto motor.
1º estágio - novato: O aprendiz simplifica o movimento com intuito de reduzir o grau de
autonomia. A explicação é que, quando um ato ou tarefa motora envolve a utilização de várias
articulações, as mesmas devem realizar o movimento em uníssono, buscando manter os ângulos
articulares, por isso, o movimento é feito à custa da eficiência mecânica, energética e flexibili-
dade. Grau de autonomia é a liberdade, leveza com que um indivíduo consegue realizar um ato
motor com habilidade.
2º estágio – avançado: O aprendiz começa a liberar graus adicionais de autonomia, permi-
tindo a realização de movimentos com maior número de articulações envolvidas no ato/tarefa
motora. Neste momento, o indivíduo já é capaz de controlar a articulações independentemente,
de acordo com o que a tarefa motora requer. O estágio avançado já permite ao aprendiz realizar
um movimento bem coordenado, com maior capacidade de adaptação às demandas da tarefa e
diCA do meio ambiente.
3º estágio – especializado: Neste estágio, o aprendiz já liberou todos os graus de autono-
Leia mais sobre produ-
ção de movimento e mia necessários para executar a tarefa motora de maneira mais eficiente e coordenada possível.
programas motores no Essa teoria se baseia na linha de raciocínio Neuoromaturacional. Sendo assim, o desenvol-
capítulo 4 do livro SCHI- vimento motor pode ser observado a partir de uma perspectiva biomecânica, como a liberação
MIDT, R.A; WRISBERG, gradual dos graus de autonomia. Outro aspecto importante desta teoria surge da necessidade
C.A. Aprendizagem e de fornecer um apoio externo, durante a primeira fase da aprendizagem de uma habilidade mo-
Performance Motora:
Uma Abordagem da tora para alunos com problema de coordenação. O fornecimento de tal apoio restringe os graus
Aprendizagem Baseada de autonomia que o aluno deve inicialmente aprender a controlar. À medida que a coordenação
na Situação. 4ª edição. aumenta o suporte externo deve ser sistematicamente retirado.
Porto Alegre, 2010.
ATividAde Essa teoria propõe dois estágios para a aprendizagem de uma habilidade motora, eles des-
1) Descreva a diferença crevem o objetivo do aprendiz em cada estágio.
entre a teoria do circui- 1º estágio de compreensão da ideia: o aprendiz pretende adquirir uma ideia básica sobre
to aberto e do circuito as exigências do movimento. O objetivo é desenvolver o conhecimento da dinâmica da tarefa,
fechado. compreensão do objetivo da tarefa e o desenvolvimento de estratégias motoras adequadas para
2) Liste e explique os atingi-lo. O aprendiz também deve conhecer as características do ambiente para a organização
estágios do modelo de
Fitts e Posner. do movimento. Dentro desta perspectiva, o aprendiz deve distinguir aspectos relevantes/regu-
3) Cite e explique as ladores do ambiente daqueles que não têm importância para a execução da tarefa (GALLAHUE;
teorias da aprendiza- OZMUN; GOODWAY, 2013).
gem motora que são 2º estágio fixação/diversificação: o aprendiz tem como objetivo refinar o movimento. O
baseadas no programa aprendiz deve desenvolver a capacidade de adaptar o movimento às demandas inconstantes da
motor generalizado.
4) Explique o que são tarefa e do ambiente. A habilidade ou tarefa deve ser executada de forma consistente e eficiente
graus de liberdade. (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013).
5) Conceitue coor-
denação e explique
a importância deste
componente para a
aprendizagem de uma
habilidade motora.
Referências
Poste tudo no fórum de
discussão. ADAMS, J. A. A closed-loop theory fo motor learning. Journal of a Motor Behavior. 3, 111-150,
1971.
COOK, A. S.; WOOLLACOTT, M. H. Controle motor: teoria e aplicações práticas. São Paulo:
29
Mano- le, 2002.
30
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C; GOODWAY, J. D. Compreendendo o desenvolvimento motor:
bebês, crianças, adolescentes e adultos. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
MAGILL, R. A. Aprendizagem motora: conceitos e aplicações. São Paulo: Edgard Clucher, 1999.
MAGIL, R. A. Aprendizagem e controle motor: conceitos e aplicações. 8. ed. São Paulo: Phorte,
2011.
KEELE,S. Movement Control in Skilled Motor Performance. Psychological Bulletin. 70(6), 387-
403, 1968.
SCHIMIDT, R. A; A Schema theory of discrete motor skill learning. Psychological Review. 82(4),
225-260, 1975.
UnidAde 4
Aprendizagem Motora
Preparando a Experiência de
Aprendizagem
Andréia Luciana Ribeiro de Freitas
Luciana Mendes Oliveira
Sarah Carine Gomes Aragão
4.1 Introdução
Durante a experiência de aprendizagem de uma habilidade motora, existe a presença de vá-
rios aspectos que influenciam a capacidade e a perfomance do indivíduo na execução da tare-
fa. A capacidade de aprender permite ao organismo adaptar-se às características particulares do
ambiente, utilizando a experiência para execução da ação pretendida.
Segundo Schmidt e Wrisberg (2010, p.213), “a aprendizagem humana parece ocorrer
quase continuamente como se todas as coisas que fazemos gerassem conhecimento ou
capacidades que afetam o modo como faremos as coisas amanhã e depois”. A experiência de
aprendizagem é a inte- ração entre o instrutor e o aprendiz, enfatizando o alcance da meta
pretendida pelo aprendiz. Para que isto aconteça, o instrutor deve conhecer os conceitos sobre
estabelecimento de metas, trans- ferência de aprendizagem, motivação e atenção. Neste capítulo,
iremos entender todos os compo- nentes que participam da experiência de aprendizagem de uma
habilidade de movimento.
4.3 Transferência de
dizagem: situação na
qual a pessoa faz ten-
tativas para aumentar
sua performance de um
movimento.
Comportamentos
alvos: ações que as pes-
Aprendizagem
soas devem ser capazes
de produzir, a fim de É o processo de ganho ou perda de eficiência na execução de uma habilidade moto-
executarem com suces-
so habilidades alvos em ra do ambiente de aprendizagem para o contexto alvo de aplicação da habilidade preten-
contextos alvos. dida. O importante neste conceito é a relação do que o indivíduo aprende no processo de
Performance motora: a ensino; e o que ele é capaz de executar quando solicitado em diferentes ambientes e situa-
produção observável de ções. De acordo com Schmidt e Wrisberg (2010), um tipo de transferência muito frequente
ações voluntárias ou ha- é a transferência próxima ou generalização, que consiste na transferência da aprendizagem
bilidade motora. O nível
de performance motora de uma habilidade ou situação para outra muito semelhante. Um exemplo prático é o saque
é suscetível a variações, por cima no voleibol e o saque no tênis, ambas as habilidades possuem exigências motoras
devido a fatores como semelhantes. O aprendiz que já joga voleibol terá mais facilidade de aprender o saque no
motivação,ativação e tênis. A transferência para longe consiste na transferência da aprendizagem de uma habili-
condição física. dade ou situação para outra muito diferente.
Para Magill (2011), a aprendizagem de uma nova habilidade sofre a influência positiva, ne-
gativa ou neutra de experiências anteriores. A transferência positiva ocorre quando a experiên-
cia anterior favorece a aprendizagem de uma nova habilidade. A transferência negativa ocorre
quando a experiência anterior de uma habilidade interfere negativamente na aprendizagem de
uma nova habilidade. A transferência negativa pode ocorrer, principalmente, em situações que
envolvam alterações na localização espacial do movimento e alterações nas características do es-
tímulo e resposta. A transferência neutra é quando a experiência com uma habilidade anterior
não tem efeito ou influência na aprendizagem de uma nova habilidade. Transferência bilateral
diz respeito a aprender a mesma tarefa, mas com membros colaterais, ou seja, a “transferência
de aprendizagem que ocorre entre dois membros” (MAGILL, 2011, p.353).
Os princípios da transferência de aprendizagem têm sua importância numa metodologia
educacional, pois ajudam o professor a elaborar seu planejamento, por meio de uma sequência
lógica das habilidades a serem aprendidas, facilitando o processo de aprendizagem de novas ha-
bilidades.
4.4 O
Aprendiz
Para que os profissionais envolvidos no processo de ensino de habilidades motoras plane-
jem situações eficientes de aprendizagem, é necessário conhecer características do aprendiz,
como: motivação, capacidades, experiências anteriores e estágio de aprendizagem.
A motivação para aprender uma habilidade é diretamente proporcional à aplicabilidade
desta habilidade no cotidiano do aprendiz. Profissionais que trabalham com ensino de habili-
dades motoras e modalidades esportivas que exigem a realização de gestos técnicos percebem
que as pessoas motivadas dedicam maior esforço à tarefa, são mais atentas durante as sessões e
disponibilizam mais tempo para treinos. Já pessoas menos motivadas dedicam menos tempo à
aprendizagem e prática de uma habilidade.
No âmbito
escolar, nas aulas de
Educação Física,
educandos que são
obrigados a fazerem
as aulas podem não
entender a relevância
pessoal das atividades
que estão sendo
solicitados a produzir.
Atletas lesionados e
indivíduos em estágio
de reabilitação de
movimento são
menos motivados às
solicitações dos
treinos ou sessões,
cabendo ao professor
de Educação Física
ou terapeuta fazer de
forma criativa a
ligação entre o
indivíduo e sua
habilidade alvo. Uma
maneira eficiente de
elevar a motivação
dos aprendizes é
envolvê-los no
processo de
estabelecimento de
metas a serem
atingidas.
As capacidades são conjuntos de condições necessárias à realização de uma atividade, evi- GLOSSáRiO
denciam a existência de diferenças individuais, uma vez que o potencial para aprendizagem e
diferenças individuais:
performance de uma habilidade é diferenciado para cada indivíduo (GRECO; BENDA, 1998). Ca- diferenças duradouras
pacidade motora é um traço ou qualidade geral do indivíduo relacionada ao seu desempenho e estáveis na perfor-
numa diversidade de habilidades ou tarefas. Referem-se à potencialidade individual para a exe- mance entre pessoas,
cução de habilidades motoras, que podem ser desenvolvidas pelo treinamento. geralmente atribuídas
Todos nascemos com um potencial para desenvolvermos a força, ou a resistência. Acredita- à diferença de capaci-
dades.
se que as capacidades motoras sejam determinadas geneticamente, mas não podem ser quanti-
ficadas, ou seja, não se pode afirmar até onde um indivíduo pode desenvolver a velocidade ou a
flexibilidade, porque, para atingir o potencial individual, existem muitos fatores a considerar. No
contexto educacional, o desafio do professor de Educação física está em entender as diferenças
indiviuais para poder planejar o processo de ensino, a fim de atender às especificidades de cada
aprendiz e da natureza da tarefa a ser aprendida (COOK ; WOOLLACOTT, 2002).
As experiências anteriores são compostas por padrões de movimentos, predisposição à
inter- pretação de estímulos e estratégias conceituais já conhecidas do aprendiz. O processo de
transfe- rência de aprendizagem se torna mais eficiente quando o professor utiliza as
experiências prévias de movimento do aprendiz na aprendizagem de uma nova habilidade
(GRECO; BENDA, 1998).
Os estágios de aprendizagem remetem à situação de aprendizagem onde cada pessoa
inicia sua experiência de aprendizagem em determinado estágio; de acordo com Schmidt e
Wrisberg (2010), o aprendiz pode estar no:
1º estágio verbal/cognitivo onde o aprendiz está envolvido na compreensão da natureza geral
da tarefa. Desenvolve e experimenta estratégias para execução da tarefa.
2º estágio motor onde o aprendiz já selecionou a melhor estratégia para a execução do ato ou
tarefa motora.
3º estágio autônomo no qual o aprendiz já executa a habilidade, utilizando o mínimo de aten-
ção exigida. O movimento é realizado com automatismo.
O processo de ensino de um movimento ou gesto técnico a um iniciante deve ser cuidado-
samente planejado, a fim de atender às características do aprendiz e da habilidade alvo.
4.5 Feedback
O sucesso na performance de uma habilidade motora frequentemente depende de quão
eficazmente o participante detecta, percebe e utiliza as informações relevantes ao ato ou tarefa
motora. O Feedback é essencial para que a aprendizagem ocorra, pois inclui todas as
informações sensoriais disponíveis como resultado de um movimento. As fontes de
informações sensoriais podem ser:
1) exteriocepção: informação sensorial que vem principalmente de fontes externas ao corpo,
principalmente visão e audição.
2) interiocepção: informação sensorial que vem principalmente de fontes internas do corpo,
como sensação de fome, sede, saciedade, etc.
3) Cinestesia: informação sensorial vinda do sistema motor que sinaliza contrações e movi-
mentos dos membros, similar à propriocepção.
4) Propriocepção: informação sensorial que vem principalmente de movimentos corporais e
de proprioceptores localizados nos músculos e articulações.
O Feedback é caracterizado como informação sensorial que indica algo sobre o estado real
do movimento de uma pessoa. Essa classe de informação pós-movimento pode ser dividida em
duas categorias principais: Feedback intrínseco e Feedback extrínseco.
O Feedback Extrínseco é um instrumento relevante para ser utilizado por instrutores e pro-
fessores no planejamento de situações de ensino- aprendizagem de habilidades motoras; cabe
ao profissional ter discernimento para utilizar estas informações. No cotidiano escolar o profes-
sor de Educação Física pode auxiliar o aprendizado dos seus alunos, fazendo o uso eficiente do
feedback extrínseco.No entanto, a forma e o momento certo para fornecer esta informação deve
ser observado. Segundo Chiviacowsky (2015), o fornecimento do conhecimento dos resultados
(CR) da tarefa é mais eficiente no 1º estágio cognitivo e 2º estágio associativo da aprendizagem
de uma habilidade motora. No estágio cognitivo, o aprendiz não é capaz de identificar onde está
errando. Já no estágio associativo, o aprendiz já estabeleceu uma forma eficiente de realizar a
tarefa e fazer ajustes. “O CR é, essencialmente, uma informação verbal e terminal, isto é,
fornecida após a resposta, sobre o resultado de um movimento relativamente ao objetivo
ambiental” (CHI- VIACOWSKY, 2015, p.188).
Durante o planejamento das atividades de aprendizagem, o professor deve levar em consi-
deração as características da tarefa, pois, em situação de jogo propriamente dito, o fornecimento
do feedback extrínseco como conhecimento da performance (CP) será mais eficaz para o apren-
dizado e melhoramento da execução da habilidade.
Segundo Carlet (2012), a qualidade da informação fornecida tanto no CR quanto no CP vai
depender de como o professor/ treinador detecta os erros fundamentais da tarefa motora. Iden-
tifica o nível do aprendiz. Adapta a prática ao nível do aprendiz, à habilidade alvo e ao contexto
onde será realizada a habilidade.
Tanto no processo de aprendizagem quanto no processo de aperfeiçoamento de uma habi-
lidade motora, o papel do professor é primordial no fornecimento de instruções. Seja instrução
inicial relativa à demonstração da habilidade, execução e utilização da habilidade e/ou informa-
ção sobre o resultado da habilidade (TERTULIANO et al, 2008).
4.7 Ativação e
Ansiedade
Segundo Schmidt e Wrisberg (2010, p.61), “ativação e ansiedade são aspectos comuns de
muitas situações de performance”. Mudanças no nível de ansiedade são sempre acompanhadas
por mudanças de ativação.
4.8
Atençã
O nível de ativação é componente importante no desempenho de habilidade motora, prin-
cipalmente das que necessitam de velocidade e tomada de decisão. Para Schmidt e Wrisberg
(2010), a ativação das pessoas pode variar de baixos níveis associados ao estado de sono e altos
o
níveis associados com estados de agitação e alerta extremos. O princípio de U-invertido respalda
a relação do nível de ativação com a performance. Esse princípio diz que o aumento em ativação
(iniciando no nível baixo) são acompanhados de aumento da performance, mas somente até cer-
to ponto. Uma vez que a performance chegue ao ápice num nível médio, caso haja um aumento
da ativação além dos níveis ótimos, a performance decresce. A atenção está
O nível ótimo de ativação para a performance de uma tarefa depende de três fatores: a relacionada às
pes- soa que executa a tarefa (nível de ansiedade de traço); a natureza da tarefa (coordenação capacidades de
motora fina ou global) e o ambiente. Segundo Schmidt e Wrisberg (2010, p.65), “quando o nível processamento de
de ativação é baixo o campo perceptivo é relativamente amplo e a pessoa tem acesso a um informações e pode
grande numero de dicas”. Todavia, uma vez que somente poucas dessas dicas são relevantes para limitar a performance
a tarefa que está sendo executada, o executante pode captar algumas dicas irrelevantes e perder motora, pois trata-se
outras dicas rele- vantes, resultando em uma performance inferior. No entanto, com o aumento de um recurso mental
do nível de atuação, a atenção se estreita. Então o indivíduo passa a selecionar melhor as dicas, limitado. O desafio do
de forma a priorizar as dicas relevantes e eliminar as irrelevantes para execução da tarefa executante é
(SCHMIDT e WRISBERG, 2010). administrar o espaço
Para aprendizagem de uma habilidade motora ou esporte de alto rendimento, a utilização de atenção, tomando
da zona de funcionamento ótimo (limites de ativação associados à performance máxima do indi- decisões corretas
víduo) é relevante para melhorar o desempenho da tarefa e, consequentemente, o desempenho sobre qual informação
geral do indivíduo. é relevante
GLOSSáRiO
Ativação: refere-se ao nível de estimulação ou excitação do sistema nervoso central de uma pessoa.
Ansiedade: diz res- peito a como a pessoa interpreta uma situação específica e as emoções resultantes que
estão associadas àquela inter- pretação.
ATividAde e merece o foco da atenção. O foco da atenção é o direcionamento da atenção para caracterís-
ticas específicas num ambiente de desempenho ou para atividade de preparação da ação. Já a
1) Cite e explique os atenção seletiva refere-se à detecção e à seleção de informações relacionadas ao desempenho
tipos de feedback pre-
sentes no execução de
no seu ambiente. Um aspecto importante da aprendizagem é que a capacidade de atenção do
uma tarefa motora. aprendiz pode limitar seu desempenho. Cabe ao professor, instrutor ou técnico propor ativida-
2) Quais aspectos des de aprendizagem que ajudem o indivíduo a melhorar sua atenção seletiva e a interpretação
são importantes para de informações relevantes à realização das habilidades motoras.
estabelecimento das
metas de aprendizagem
de uma habilidade
motora?
3) Executantes mais
experientes são mais
Referências
proficientes do que ini-
ciantes na percepção e
ação sobre informações CARLET, R. Feedback extrínseco e sua expressão no futebol de base. 2012. Trabalho de con-
relevantes do ambien- clusão de curso Educação Fisica Bacharelado – UFRGS, Porto Alegre, 2012. Disponível em
te. Como explicar esta <http:// ww w.lume.ufrgs.br.pdf>. Acesso em 27 jul. 2015.
afirmação, levando
em consideração a CHIVIACOWSKY, S. Frequência de feedback extrínseco e aprendizagem motora em crian-
perspectiva do tempo ças: a pesquisa como subsídio à intervenção profissional nesta população. 2015. Disponível em
de reação?
<http://ww w.researchgate.net/publication/236230746>. Acesso em 27 Jul
4) Explique como a
motivação influencia 2015.
no processo de ensino-
aprendizagem de uma COOK, A. S.; WOOLLACOTT, M. H. Controle motor: teoria e aplicações práticas. São Paulo:
habilidade motora. Mano- le, 2002.
5) Cite e explique os
tipos de transferência GRECO, P. J.; BENDA, R. N. iniciação esportiva universal - da aprendizagem motora ao
de aprendizagem. treina- mento técnico. Belo horizonte: UFMG, 1998.
Poste no fórum de
discussão. MAGILL, R. A. Aprendizagem motora: conceitos e aplicações. São Paulo: Edgard Clucher, 1984.
MAGIL, R. A. Aprendizagem e controle motor: conceitos e aplicações. 8. ed. São Paulo: Phorte,
2011
.
5.1 Introdução
No processo de ensino aprendizagem de uma habilidade motora, é relevante estabelecer
metas a serem alcançadas, planejar o tipo de prática utilizada no ensino e aperfeiçoamento da
habilidade, bem como preparar o ambiente de aprendizagem. Um desafio para profissionais
que trabalham com aprendizagem de habilidades motoras é criar um ambiente de prática que
seja eficiente para aprendizagem inicial e no aprimoramento futuro da tarefa motora. Segundo
Schmidt e Wrisrberg (2010), para que as experiências de aprendizagem sejam recompensadoras
e produtivas, os aprendizes devem saber aonde querem chegar e os profissionais do movimento
devem ser capazes de auxiliá-los em seus esforços para alcançarem seus objetivos.
No cotidiano das aulas da Educação Física e treinamento de gestos técnicos, o professor de-
termina a quantidade de tempo para a execução prática, organiza e estrutura as sessões, espe-
rando alcançar um nível de proficiência satisfatório. Mas, às vezes, isto não acontece devido a
equívocos na escolha do tipo de prática utilizado na aula. Abordaremos neste capítulo os vários
tipos de práticas e suas aplicabilidades no ambiente de aprendizagem.
1) Prática inicial é o início da prática. Acontece quando o aluno tem o primeiro contato, a
ideia mais primitiva sobre a tarefa. Nesta prática será aprendido o aspecto rudimentar do
movimento, ou seja, os principais aspectos para que se consiga a execução.
2) Prática do todo ou maciça: o professor apresenta a habilidade, o movimento completo,
todo de uma única vez ao aluno. O professor passa toda a tarefa para o aluno, mas ele tem
um descanso entre uma tentativa e outra. Exemplo: fazer 30 arremessos numa cesta de bas-
quete com intervalo de 30 segundos entre uma tentativa e outra.
3) Prática em blocos: das diversas maneiras de se organizar a prática, uma tem se destacado
nos últimos estudos sobre aprendizagem motora, a prática em blocos, pois resulta em uma
rápida aquisição, mas há variação no nível de retenção e performance. Ela consiste em divi-
dir a tarefa em partes, unidades, que podem ser isoladas. Em seguida, integrar as unidades
uma a uma, até formar a habilidade total, ou seja, dividir a tarefa em partes, ou unidades.
Ensinar a primeira unidade, até que todos aprendam. Passe, então, para a segunda, ensine
até que todos aprendam e assim por diante; consistem em muitas repetições da mesma ha-
bilidade (SCHIMIDT; WRISBERG, 2010).
A prática em blocos é dividida em partes para um melhor entendimento dos aprendizes e
uma melhor execução, guardando movimento por movimento para formar a habilidade.
4) Prática randômica: Esta prática é feita de maneira generalizada, tarefas diversas, mistura-
das, mas com objetivo definido. Por exemplo, treinar impulsão vertical; elaboram-se vários
exercícios organizados num circuito. De maneira que não haja repetição do movimento, as
atividades não podem ser repetidas, executa-se apenas uma vez.
Os executantes são levados a variar as estratégias de realização do movimento durante a
prática, isto é, quando a tarefa é alterada a cada tentativa, a performance do sujeito envolve
mais operações cognitivas. O resultado será representações mais significativas da tarefa e uma
melhor distinção entre as suas variações. No início da aprendizagem, pode haver menor
desempenho na execução, porém a alternância de plano motor resulta na retenção, longo prazo,
mais evidenciada.
5) Prática constante: é aquela em que se repete o movimento (plano motor) várias vezes. O
principal objetivo desta prática é o desempenho, desenvolver a capacidade de realizar a ha-
bilidade. No modelo de aquisição de habilidades motoras, propõe que o referido processo
ocorra em dois estágios:
Primeiro estágio: o indivíduo toma ideia do movimento, ou seja, aprende a relação meio/
indivíduo, com a qual será alcançada a meta. Para que o aprendiz obtenha ideia do movimento, a
prática constante é necessária.
Segundo estágio: ocorre fase de acomodação e fixação do plano motor, Onde o objetivo é
alcançar um nível particular de habilidade, aperfeiçoar a habilidade. No caso de habilidades fe-
chadas (realizadas em condições ambientais estáveis e estacionárias), isso será feito através da
manutenção e refinamento do padrão motor geral adquirido no primeiro estágio. Portanto, para
aquisição de habilidades motoras fechadas, a prática constante é a mais indicada também no se-
gundo estágio.
6) Prática variável: é a prática, como o próprio nome diz, variável, ensaiando muitas variações
possíveis do movimento. Por exemplo, o arremesso, no basquete, é uma classe de
movimen- tos, para o executante ser eficiente, habilidoso, ele precisa produzir arremessos
de distâncias diferentes e trajetórias variadas.
Nas últimas décadas, as formulações teóricas relacionadas ao processo de aquisição de
habilidades motoras têm considerado superior a eficácia da prática variada sobre a constante.
Devido a essa alternância de plano motor, a retenção em longo prazo é evidenciada. A prática
variável aumenta a capacidade de adaptar e generalizar a aprendizagem. Por exemplo, em um
experimento, um grupo de indivíduos praticou uma tarefa cronometrada (eles precisavam pres-
sionar um botão quando um padrão de luzes móveis chegava a um determinado ponto) e em
velocidades variáveis de oito, onze, quinze e dezoito quilômetros por hora, enquanto o segundo
grupo (prática constante) praticava em apenas uma dessas velocidades. Então, todos os indiví-
duos executaram um teste de transferência, no qual a velocidade das luzes móveis era diferente
de todas as experiências prévias. Os erros absolutos foram menores para o grupo de: prática va-
riável do que para o grupo constante (MAGILL, 2011).
Sendo assim, a prática variável parece ser mais importante para as tarefas que, provavel-
mente, serão executadas em condições variáveis e a prática constante para as que exigem varia-
ção mínima e serão executadas em condições constantes.
7) Prática mental, segundo Magill (1984, p.116), “Quando a expressão prática mental é usada
na literatura de pesquisa, ela se refere à repetição cognitiva de uma habilidade física na au-
sência de movimentos manifestos .
Para Schmidt (1993), uma ideia antiga era de que a prática mental facilitava os elementos
simbólicos, cognitivos da habilidade. Outra teoria se preocupava com a avaliação de movimen-
tos possíveis e com as consequências de suas experiências mentais. É a repetição mental do mo-
vimento. O executante pensa,memoriza e executa mentalmente as habilidades que estão sendo
aprendidas. Usada para aumentar a eficiência.
Para Magill (1984, p.101), “[...] a memória é um componente importante em nosso proces-
39
samento de informação para produzir a resposta desejada”. A memória deve ser considerada
em termos de sua estrutura e processos de controle. Estrutura envolve características fixas e
perma-
38
nentes, que nunca mudam, qualquer que seja a tarefa. A prática mental é o ensaio cognitivo de
ATividAde
uma habilidade física, sem manifestação de movimento propriamente dito, essa prática é eficien-
te no processo de ensino. 1) Explique o motivo
pelo qual, nas últimas
8) Prática compacta: é definida como uma sessão na qual a quantidade de tempo de prática décadas, as formulações
em uma tentativa é maior do que a quantidade de repouso entre as tentativas. Isso pode teóricas relacionadas ao
levar à fadiga em algumas tarefas. processo de aquisição
9) Prática distribuída: é definida como uma sessão em que a quantidade de repouso entre as de habilidades moto-
tentativas é igual ou maior do que a quantidade de tempo empregado na execução de uma ras têm considerado
superior a eficácia da
tentativa da habilidade. prática variada sobre a
A aquisição de uma habilidade motora está associada à aprendizagem dos componentes constante?
que formam a habilidade, e da interação que existe entre esses componentes. Considerando que 2) Defina prática mental
a aprendizagem da habilidade remete a um dispêndio de tempo de prática, diferentes formas de e explique como ela
executar uma habilidade gerando resultados distintos. pode ser eficiente para
o processo de ensino
Cabe ao professor de Educação Física, técnico ou instrutor a responsabilidade e o compro- -aprendizagem de uma
misso de fazer as melhores escolhas priorizando a eficiência do processo de aprendizagem. Para habilidade motora.
que estas finalidades educativas sejam alcançadas, é preciso o conhecimento sobre os conceitos 3) Qual é a relevância do
da aprendizagem motora e suas aplicabilidades; escolher o tipo de prática; organizar a experiên- conhecimento dos tipos
cia de aprendizagem; considerar a complexidade da tarefa motora; considerar as características de prática para o coti-
diano pedagógico do
do executante, a fim de melhorar a performance motora dos aprendizes. professor de Educação
Física?
Poste suas respostas no
Referências
fórum de discussão.
MAGILL, R. A. Aprendizagem motora: conceitos e aplicações. São Paulo: Edgard Clucher, 1984.
MAGIL, R. A. Aprendizagem e controle motor: conceitos e aplicações. 8. ed. São Paulo: Phorte,
2011
.
39
Educação Física - Aprendizagem
Motora
Resumo
Unidade 1
Unidade 2
Habilidade motora deve ser entendida como: habilidade como ato ou tarefa motora refere-
se às ações motoras que devem ser aprendidas para serem executadas corretamente (MAGILL,
1984). Habilidade como indicador de qualidade ou desempenho refere-se ao executante e sua
competência na realização de uma determinada ação motora, ou seja, está ligada à produtivida-
de, rendimento na execução do movimento (MAGILL, 1984).
Os esquemas para classificação das habilidades de movimento proporcionam aos acadêmi-
cos as bases adequadas para estabelecer princípios e ligações entre os processos de desempe-
nho e aprendizagem do movimento.
Unidade 3
Na ciência, uma teoria nos ajuda a entender os fenômenos e explica as razões por que esses
fenômenos existem e se comportam de determinada forma. As teorias da aprendizagem motora
buscam explicar como o aprendiz controla a execução de movimento.
Unidade 4
Unidade 5
41
Educação Física - Aprendizagem
Motora
Referência
s
Básicas
COOK, A. S.; WOOLLACOTT, M. H. Controle motor: teoria e aplicações práticas. São Paulo:
Mano- le, 2002.
FERREIRA, A.; GOELLNER, S.; BRACHT, V. (Orgs.) As ciências do esporte no Brasil. São Paulo: Edi-
tores Associados, 1995.
Complementares
CARLET, R. Feedback extrínseco e sua expressão no futebol de base. 2012. Trabalho de con-
clusão de curso Educação Física Bacharelado – UFRGS, Porto Alegre, 2012. Disponível em
<http:// ww w.lume.ufrgs.br.pdf>. Acesso em 27 jul. 2015.
KEELE,S. Movement Control in Skilled Motor Performance. Psychological Bulletin. 70(6), 387-
403, 1968.
MAGILL, R. A. Aprendizagem motora: conceitos e aplicações. São Paulo: Edgard Clucher, 1999.
MAGIL, R .A. Aprendizagem e controle motor: conceitos e aplicações. 8. ed. São Paulo: Phorte,
2011
.
PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. desenvolvimento Humano. 8. ed. Porto Alegre:
Art- med, 2006.
43
UAB/Unimontes - 5º
Período
225-260,
1975.
44
Educação Física - Aprendizagem
Motora
45
UAB/Unimontes - 5º
Período
Atividades
de
Aprendizagem -
AA
1) Fitts e Posner (1967) propuseram um modelo para a aprendizagem de uma nova tarefa
motora, este modelo se divide em 3 estágios, cite-os e explique-os.
2) Segundo Schmidt, os programas motores não contêm normas específicas para os movimen-
tos, mas, sim, normas gerais para uma classe de movimentos específicos. A base desta teoria é o
conceito de esquema, portanto, conceitue esquemas.
3) Cite que aspectos são armazenados após a realização de um movimento, segundo a teoria do
esquema.
4) Analise a teoria do circuito aberto e cite e explique quais as evidências apoiam os programas
motores.
6) O Feedback é essencial para que a aprendizagem ocorra, pois inclui todas as informações sen-
soriais disponíveis como resultado de um movimento. Cite quais são as fontes de informações
sensoriais que compõem o feedback .
7) Na vida cotidiana, como nos esportes, os executantes habilidosos são peritos em analisar a
informação ambiental, tomando boas decisões e produzindo movimentos eficientes. Partindo
desta informação, explique a importância do tempo de reação para formar um atleta habilidoso.
8) O movimento é o elemento básico de interação entre o ser humano e o ambiente. Para que
ocorra o movimento, é necessário interação entre três fatores, cite e explique cada um deles.
10) Classifique as tarefas motoras no quadro assinalando com um “X” a qual aspecto de
classifica- ção o movimento pertence. De acordo com a classificação unidimensional de
Gallahue, Ozmun e Goodway (2013):
46
peteca
rolante
basquete
Movimentos
Tocar piano
no basquete
Rebater uma
Nadar no mar
Correr na praia
Fazer uma cesta
Digitar um texto
Nadar na piscina
Salto em distância
Fazer um drible no
Habilidades Motoras Amplas:
QUAdRO de CLASSiFiCAÇÃO
Aspectos Musculares
Habilidades motoras finas
Tarefa de estabilidade
Tarefa de Manipulação
47
~
Unimontes
WCAPE Ministerio da
Educa~ao
ead.Unimontesbr UniversidodeEstodualde MontesClaros