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Carmem Cassia Velloso e Silva

Marcos Esdras Leite


Yara Maria Soares Costa da Silveira

2ª edição atualizada por


Yara Maria Soares Costa da Silveira

Cartografia

2ª EDIÇÃO

Montes Claros/MG - 2014


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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES

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2014
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Maria da Luz Alves Ferreira
Autores
Carmem Cassia Velloso e Silva
Mestrado em Educação pela Universidade Vale do Rio Verde (2008). Atualmente efetivado da
Universidade Estadual de Montes Claros. Tem experiência na área de Geografia, com ênfase
em Geografia, atuando principalmente nos seguintes temas: Geografia Regional do Brasil,
Geografia da População, Demografia e Prática de Formação e Estágio supervisionado. Possui
também experiência como professora de cursos de Educação à Distância – EAD –, em especial
a cursos ligados à Universidade Aberta do Brasil – UAB. Orientação de Trabalhos de Conclusão
de Curso, TCC, nas áreas de ensino de geografia, educação ambiental e áreas afins.

Marcos Esdras Leite


Professor do Departamento de Geociências Universidade Estadual de Montes Claros -
Unimontes. Professor do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social/ Unimontes.
Doutor em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU. Mestre em Geografia
nessa mesma instituição. Tem experiência na área de ensino e pesquisa em Geografia, com
ênfase em SIG e Sensoriamento Remoto aplicado à estudos socioambientais. Coordenador do
Laboratório de Geoprocessamento/Unimontes. Realizou estágio técnico de doutoramento na
Universidade Nova de Lisboa com bolsa da FAPEMIG. Bolsista de produtividade da FAPEMIG.

Yara Maria Soares Costa da Silveira


Doutora em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU. Mestre em Geografia
pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU. Especialista em Geografia e Meio Ambiente e
em Saneamento e Meio Ambiente pela Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes.
Também especialista em Geografia Humana pela Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais – PUC-Minas – e em Psicologia do Trabalho e Desenvolvimento Social – UNB/
Unimontes. Atualmente é professora do Departamento de Geociências da Unimontes.
Sumário
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Evolução histórica da cartografia e orientação cartográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.2 A cartografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.3 Uma incursão histórica sobre os mapas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

1.4 A moderna cartografia brasileira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

1.5 Os mapas e a orientação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

1.6 Orientação geográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Cartografia básica: sistemas de referências, escala e fuso horário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

2.2 Sistemas de referência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

2.3 Escala cartográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

2.4 Fusos horários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Projeções cartográficas, mapas e cartas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

3.2 Projeção cartográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

3.3 Cartas e mapas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

Referências básicas, complementares e suplementares . . . . . 61

Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Geografia - Cartografia

Apresentação
A história da Cartografia confunde-se com a origem da Geografia, como observamos no de-
correr da disciplina História do Pensamento Geográfico. Essa interação entre essas duas ciências
ocorre em função da proximidade do objeto de estudo de ambas. A Geografia tem como objeto
de estudo o espaço geográfico, e a Cartografia visa mapear esse espaço, ou seja, transferir para
um mapa as representações que se encontram no espaço. Dessa forma, para entender o espaço,
é importante o auxílio de um mapa que sintetiza as informações.
Diante dessa cumplicidade científica entre a Cartografia e a Geografia, é necessário que o
geógrafo domine muito bem as técnicas cartográficas. Nesse sentido, este material foi elaborado
com noções clássicas da ciência cartográfica que proporcionarão a você entender pontos fun-
damentais sobre as técnicas de orientação, de localização e de representação do espaço real em
um mapa.
Para tornar esse processo de aprendizagem interessante e, dessa forma, mais fácil para o
aluno, optamos por uma divisão dos tópicos dessa disciplina em três unidades, como podemos
observar na estrutura abaixo.

Bons estudos!

9
Geografia - Cartografia

Unidade 1
Evolução histórica da cartografia e
orientação cartográfica
Carmém Cássia Velloso e Silva

1.1 Introdução
Desde os primórdios, o homem já se preocupava em conhecer e dominar o espaço para, as-
sim, garantir a sua sobrevivência. PARA SABER MAIS
Partindo dessa premissa, esta unidade tem por objetivo ampliar seus conhecimentos no Estudar cartografia é
que se refere à história dos mapas e também explicitar a importância de saber localizar-se e importante, pois pro-
orientar-se no tempo e no espaço, questão que não é uma prerrogativa só da Geografia, mas é porciona mecanismos
que auxiliam na orien-
também uma necessidade do cidadão. tação e na localização.
Para facilitar o processo de aprendizagem, foi definida uma divisão dos temas por tópicos. No mundo contempo-
Desse modo, é apresentada, primeiramente, a história da cartografia e, em seguida, são aponta- râneo, onde a ciência se
das a noções de orientação, como mostra a estrutura: desenvolve num ritmo
• A Cartografia bastante acelerado, sa-
ber analisar e interpre-
• Uma incursão histórica sobre os mapas tar mapas gráficos e ta-
• Mapas e religiosidade belas é imprescindível.
• A cartografia no mundo Para mais informações,
• Idade Média: a cartografia também decai assistam aos vídeos as
• Mapas chineses linguagens dos mapas
parte 1, 2 e 3, disponí-
• A influência grega na cartografia veis no sítio http://geo-
• A influência do belga Mercartor na cartografia tecnologias.wordpress.
• Portugal e o nascimento da cartografia brasileira com/2008/07/25/por-
• A moderna cartografia brasileira tal-dominio-publico-vi-
• A comissão de cartografia deos-sobre-cartografia/
• Diretoria de Serviço Geográfico – DSG
• Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
• Os mapas e a orientação
• Orientação, o que é isso afinal?
• Orientação geográfica
• Orientação pelo sol
• Orientação pelas estrelas
• Orientação pela lua
• Orientação pela bússola.
• Tecendo comentários curiosos
• Orientação pelo método da sombra da vara
• Orientação pelo método das sombras iguais
• Conversa afiada
• Orientação por indícios

1.2 A cartografia
Numa pesquisa sobre a definição de Cartografia, encontramos vários conceitos, mas, de for-
ma geral, podemos entender a Cartografia como uma ciência que trata da percepção, elabora-
ção, transmissão e utilização de mapas para estudos diversos.

11
UAB/Unimontes - 2º Período

Em Paris, no ano de 1839, foi usada pela primeira vez, pelo historiador Manuel Francisco Car-
valhosa, em uma carta escrita ao colega brasileiro Francisco Adolfo de Varnhagen. A partir desse
Glossário momento, o termo Cartografia passa a ser internacionalmente consagrado pelo uso. (ANDER-
Sensoriamento SON, 1982).
remoto: é a técnica Das várias definições de Cartografia propostas na literatura, vamos nos basear na concepção
que possibilita obter
informação de um de Duarte, que a define a seguir:
objeto sem o contato
físico com ele. Conjunto de operações científicas, artísticas e técnicas produzidas a partir de
resultados de observações diretas ou de explorações de documentação, tendo
em vista a elaboração de cartas, plantas e outros tipos de apresentação e tam-
bém a sua utilização (DUARTE, 2002 p. 15).

DICA
Não se preocupe agora
com essas novas tecno-
logias aplicadas à car-
tografia, pois veremos
esse tema na disciplina
Cartografia Temática.

Figura 1: Carta Imagem ►


do bairro Ibituruna em
Montes Claros-MG.
Fonte: Leite, 2008

12
Geografia - Cartografia

Diante dessa revisão conceitual, podemos dizer também que a Cartografia é a arte de re-
presentar, através de desenho, parte ou totalidade da superfície terrestre, tendo esta uma forma
esférica aproximada. A representação é elaborada com um sistema de projeção reduzida a uma
dada escala.
Nos estudos de Cartografia, é preciso compreender que essa ciência passa, especialmente
na pós-modernidade, por uma grande revolução nos seus princípios tecnológicos e metodológi-
cos, como aconteceu nos séculos XV e XVI, com o período do Renascimento. Entre os conteúdos
a ela somados, encontram-se os estudos baseados em fotografias aéreas, sensoriamento remoto,
avanços tecnológicos nos métodos de gravação e impressão. Hoje, com as tecnologias incremen-
tadas com a utilização da computação, os estudos desta ciência são processados, representados,
interpretados e explorados pelos profissionais e populações que dela dependem.
No entanto, a essência da cartografia está preservada, independentemente dos avanços tec-
nológicos, uma vez que o seu objetivo não sofreu alteração, pois continua sendo o de represen-
tar a superfície terrestre em um plano.
Para compreender, com maior clareza, a revolução pela qual a ciência cartográfica passou,
é necessário fazermos uma incursão na história dos mapas, já que a história desse tipo de repre-
sentação gráfica é a mesma história da Cartografia.
Para exemplicar os escritos acima, a figura 01 demonstra a modernização desta ciência. Leite
(2008) reproduziu via satélite a Carta Imagem do bairro Ibituruna, em Montes Claros-MG, como
um dos seus focos de estudo.

1.3 Uma incursão histórica sobre


os mapas
Desde os primórdios das civilizações, os mapas eram considerados uma fonte inesgotável
de informações sobre a superfície terrestre.
No período em questão, por absoluta escassez de recursos, esses mapas eram muito rudi-
mentares, mas foram a alavanca para a Cartografia contemporânea.
Por terem sua história fundida à história da humanidade, os mapas tinham como função
conhecer, administrar e, ainda, racionalizar o uso do espaço geográfico que nos envolve. Duarte
(2002) informa que há muitos registros que comprovam que os mais variados povos nos legaram
mapas, tais como: os babilônios, os egípcios, os maias, os esquimós, os astecas, os chineses, além
de outros, cada qual refletindo aspectos culturais próprios de sua sociedade.
A partir da necessidade econômica do mundo atual, que redunda no avanço das tecnolo-
gias, é possível afirmar que a ciência cartográfica se torna indispensável como ferramenta de
auxilio à exploração do espaço geográfico. Tais palavras podem ser melhor compreendidas com
Duarte (2002, p. 20), pois: “Sentado em sua poltrona, um mapa pode servir-lhe de tapete mágico
para conduzir sua mente, com a rapidez de um relâmpago, a qualquer lugar onde você queira ir.”
É importante salientar que as sociedades imprimem aos mapas características próprias, ou
seja, um mapa é um lugar. Ainda que seja construído com as mais modernas tecnologias, um
mapa será também uma construção social. Duarte (2002, p. 21) ratifica essa concepção quando
afirma que: “Certos mapas europeus da época em que se desenvolviam as viagens marítimas co-
lonialistas atribuíam fabulosas riquezas minerais às ‘terras virgens’, procurando, com isso, encora-
jar e justificar financiamentos às expedições de explorações.”.
Também não podemos relegar a planos inferiores os mapas antigos. Esses mapas eram con-
feccionados com material disponível no lugar, reservando aí, uma forte identidade local. Entre
eles, podemos citar o mapa de Ga-Sur, (figuras 2 e 3), uma confecção dos babilônios, entre os
anos 2500 a 4500 a.C. (sig.).

13
UAB/Unimontes - 2º Período

▲ ▲
Figura 2: Mapa de Ga-Sur. Figura 3: Mapa de Ga-Sur.
Fonte: Disponível em <http://www.ufrgs.br/museu- Fonte: Disponível em <http://www.ufrgs.br/museudeto-
detopografia/museu/museu/mapa_ga_sur_p.jpg> pografia/museu/museu/images/int_mapa_ga_sur_p.jpg>
acesso 30 set. 2013. acesso em 30 jul. 2013.

O mapa de Ga-Sur é uma placa de argila cozida que representa a região da Mesopotâmia.
Também serve de ilustração, nesse caso, o mapa das ilhas Marshall, aqui representado pela fi-
gura 4. Sua construção é composta de tiras de palhas e conchas que representam as ilhas da
região daquele arquipélago.
Para Joly (1990), os homens sempre procuraram conservar a memória dos lugares e dos
caminhos úteis às suas ocupações. Aprenderam a gravar os seus detalhes em placas de argi-
la, madeira ou metal, ou ainda a desenhá-los nos tecidos, nos papiros e nos pergaminhos. As-
sim, apareceram, no Egito, na Assíria, na Fenícia e na China, os primeiros esboços cartográficos.
Além disso, os mapas antigos também preservam traços marcantes desta ciência através de
representações por intermédio dos seguidores do Budismo, Hinduísmo e Jainismo.
Em todos os momentos históricos, o homem produziu conhecimento geográfico e carto-
gráfico. Os deslocamentos humanos impulsionaram o desenvolvimento de técnicas e de ins-
Figura 4: Mapa ilhas
Marshall. trumentos de orientação e a criação dos mapas que registrassem as rotas de navegação. Estas
Fonte: Disponível em eram importantes ferramentas para o sucesso das ações pretendidas: militares, comerciais ou
<http://www.ufrgs.br/ religiosas.
museudetopografia/mu- O primeiro mapa-múndi conhecido da Idade Antiga foi elaborado por Anaximandro de
seu/museu/mapa_ilhas_
marshall_p.jpg> acesso 30 Mileto (611-547 a.C.). Anaximandro foi discípulo de Tales de Mileto que, no século VI a.C., ten-
jul. 2013. tou representar o mundo como um disco que flutuava na água. Ao contrário de Tales, Anaxi-
▼ mandro acreditava na esfericidade da Terra.
Os filósofos da Antiguidade tiveram ideias variadas sobre a forma
e o tamanho da Terra. Homero, Pitágoras, Anaxímenes, Platão e Aristó-
teles foram alguns dos filósofos que se preocuparam com esse campo
de estudo. Aristóteles utilizou, pela primeira vez, o termo “geodésia”
(do grego Γεωδαισία, composto de γη, “terra”, e δαιζω, “dividir”), para
definir esse campo de estudo.
Porém, todas as tentativas anteriores não passaram de estudos
especulativos. Coube, então, a Eratóstenes, com a utilização de opera-
ções matemáticas mais precisas, realizar o cálculo da circunferência da
Terra. Segundo Rosa (2004), Eratóstenes, no século II a.C., determinou
o tamanho da Terra usando medidas objetivas. Ele notou que, no dia
do solstício de verão, os raios solares atingiam o fundo de um poço em
Siena (atual Assuan, no Egito) ao meio-dia. No mesmo instante, contu-
do, o Sol não estava exatamente no zênite, na cidade de Alexandria, a
norte de Siena; o Sol projetava uma sombra tal que ele pode determi-
nar o ângulo de incidência de seus raios: 7° 12’, correspondendo a 1/50
de um círculo. Conhecido o arco de circunferência entre as duas cida-
des, ou seja, a distância entre elas, Eratóstenes pode, então, estimar a
circunferência do globo. Como a distância era cerca de 500 milhas (na
direção norte-sul), a Terra deveria ter 50 x 500 = 25.000 milhas de cir-

14
Geografia - Cartografia

cunferência. Esse é um valor bastante próximo do raio equatorial terrestre (24.901 milhas, valor
adotado no World Geodetic System).
A precisão de medida de Eratóstenes é incrível considerando todas as aproximações embu-
tidas no seu cálculo. Siena, na verdade, não está exatamente no trópico de Câncer (ou seja, os
raios solares não são estritamente perpendiculares à superfície no solstício de verão), sua distân-
cia de Alexandria é de 453 milhas (em vez de 500 milhas), e as duas cidades não estão alinhadas
na direção norte-sul, como mostra a figura 5.

◄ Figura 5: modelo
usado para o cálculo
da circunferência da
Terra, realizado por
Eratóstenes.
Fonte: Acervo Particular.

Glossário
Hiparco de Nicéia (160-120 a.C.) define a rede de paralelos e meridianos da Terra por meio Solstício: Época em
de conhecimentos babilônicos sobre a graduação sexagenal do círculo. Sodré (1984) esclare- que o sol encontra-se
em um dos trópicos e
ce que esse avanço revelou a precisão dos equinócios e apresentou os primeiros elementos ocupa o ponto mais
da geometria da esfera e da resolução dos triângulos esféricos, fazendo avançar o sistema de alto ou mais baixo
localização dos acidentes geográficos pelas coordenadas terrestres, meridianos e paralelos. Fi- sobre o horizonte. Para
cava estabelecido, nesse momento, o princípio de que a diferença de longitude de dois pontos o trópico de Câncer, a
é igual à diferença dos ângulos horários, isto é, a diferença das horas locais simultâneas desses data é 21-22 de junho.
Para o trópico de
dois pontos. Capricórnio, é 21-22 de
Cláudio Ptolomeu viveu na Alexandria entre os séculos I e II d.C. e realizou importantes es- dezembro.
tudos nas áreas de Astronomia e Geografia. Em sua obra mais conhecida, “Almagesto”, apresen- Equinócio: Época
ta um tratado de Astronomia, no qual elabora um sistema cosmológico geocêntrico, ou seja, do ano na qual o Sol
apresenta a Terra como o centro do universo. corta o equador celeste,
fazendo com que a du-
ração do dia seja igual
a da noite em toda a
Terra no hemisfério
sul. O Equinócio de
Primavera inicia-se em
23 de setembro e o de
outono 21 de março. No
hemisfério norte, essas
datas invertem-se.
Zênite: O ponto em
que a vertical de
um lugar encontra a
esfera celeste acima
do horizonte. Quando
tratarmos do oposto,
será a nadir.

◄ Figura 6: Mapa de
Ptolomeu.
Fonte: Disponível em
<http://www.cabecade-
cuia.com/imagem/mate
rias/95de0d1c288df3d6
50abe1a5a4b2ae84.jpg>
acesso em 30 jul. 2013.

15
UAB/Unimontes - 2º Período

Em “Geographia”, obra de oito volumes


e vinte e sete mapas, Ptolomeu adotou o mé-
todo desenvolvido por Hiparco, que dividiu o
Equador em 360 graus e traçou os meridianos
e os paralelos dos lugares importantes da épo-
Figura 7: Quadrante. ► ca. Porém, cometeu erros de cálculo longitu-
Fonte: Disponível em
dinais, devido à adoção incorreta da medida
<http://www.iep.uminho. de circunferência da Terra, como mostra seu
pt/aac/hsi/a2005/Desco- mapa na figura 6.
brimentos/images/qua-
drante.jpg> acesso em: 30
Em vez de adotar a medida encontrada
jul.2013. por Eratóstenes no século XI a.C., que dava o
valor da circunferência da Terra muito próximo
ao que hoje é aceito, Ptolomeu achou melhor
adotar a medida de Possidônio (135-50 a.C.),
30% inferior à medida encontrada por Eratós-
tenes. Sua contribuição fundamentou as bases
cartográficas até o século XVI, quando Copér-
nico mostrou que o universo segue o modelo
heliocêntrico, ou seja, apresenta o sol como o
centro do sistema solar.
Algumas invenções importantes datam da
Antiguidade, como a bússola, instrumento de
orientação inventada pelos chineses, o astrolá-
bio, muito utilizado no período das grandes na-
vegações e o quadrante (figura 7), instrumento
utilizado para tomar as altura dos astros.

1.3.1 Mapas e religiosidade

A religiosidade e o misticismo também podem ser considerados importantes componentes


de um mapa, fatores que, por sua vez, influenciaram os rumos da Cartografia, a ponto de cidades
como Jerusalém, Meca e Meru ocuparem pontos de destaque nos mapas antigos. Também em
relação ao ponto central dos mapas, notamos, nas mais diferentes culturas, que esse é um fato
bastante presente. Tomando como base a visão eurocêntrica, não parece comum um mapa não
apresentar a Europa no centro, tendo o meridiano de Greenwich como linha divisória entre o les-
te e o oeste.

1.3.2 A cartografia no mundo

Vários países do mundo dedicaram-se à ciência cartográfica. Cada povo, com um objetivo
distinto, imprimiu a ela sua devida importância.
Os franceses, juntamente com ingleses, holandeses e portugueses evoluídos com as gran-
des navegações, que tinham por objetivo conquistar e explorar novas terras, impuseram ao mun-
do um novo estilo cartográfico.
É de domínio público que os povos maia e asteca, no México, tinham informações bastan-
te evoluídas em relação à Cartografia. Conforme apontado por Duarte, vale destacar, entretanto,
que: "Em boa parte dos mapas maias e astecas estudados, não foram encontradas evidências de
utilização de escalas, sendo comum o exagero nas dimensões de certos documentos representa-
dos". (DUARTE, 2002, p. 42).
A partir do envolvimento com as conquistas territoriais, os povos árabes tiveram que rever
seus conceitos de administração, com vistas a um melhor sistema fiscal e tributário, o que favore-
ceu o desenvolvimento de diversas ciências, entre elas, a Cartografia. Podemos também atribuir
à evolução da Cartografia árabe a índole aventureira desse povo de conseguir transformar sim-
ples peregrinação em arrojadas viagens de estudo, comércio e exploração.
Alguns exploradores relegaram, a planos secundários, a contribuição dos árabes ao desen-
volvimento da cartografia universal, porém, numa visão mais geral, esses povos transmitiram sua

16
Geografia - Cartografia

contribuição para o desenvolvimento da cartografia, sobretudo quando conservaram a obra de


Ptolomeu durante a Idade Média.
DICA
1.3.3 Idade média: a cartografia também decai 1
Frade da Idade Média.

O período Medieval teve início na Europa com as invasões bárbaro-germânicas, no século V,


sobre o Império Romano, estendendo-se até o século XV. Esse período caracteriza-se pelo enfra-
quecimento comercial, pela supremacia da Igreja Católica, pelo sistema
de produção feudal e pela sociedade hierarquizada.
A Igreja Católica Romana detinha e manipulava os conhecimentos
científicos, estagnando ou reduzindo essas atividades no Ocidente.
Na Idade Média, a Teologia era sustentáculo da sociedade. Portan-
to, tudo que a contradizia era rechaçado, tal fato acabou causando a pa-
ralisação da cartografia ao ponto de, na obra de Cosmas Indicopleustes1,
a Topografia cristã ser negada das antípodas e da esfericidade dos céus
e da Terra, por absoluta crença de que tais ideias contradiziam os ensina-
mentos cristãos.
Outra maneira de comprovar a estagnação da Cartografia pode ser
notada na análise dos mapas que primavam pela simplicidade na distri-
buição das terras, fato que agradava a Igreja Romana, principalmente
quando se preocupava com a centralidade da Terra Santa.
Esses mapas, em forma de círculo – que foram denominados Orbis
Terrarum ou mapas ‘T’ no ‘O’ (figura 8) – foram divulgados pelos romanos
na Idade Média. A partir da concepção de Duarte, vemos que:

Tais mapas, traçado bastante simples, eram uma espécie de anagrama com Figura 8: Mapa de
uma letra dentro da outra, em que a parte vertical do ‘T’ representava o Mar Isidoro de Sevilha
Mediterrâneo (o braço esquerdo era o rio Dom; o braço direito era o rio Nilo). (Século VII, impresso
Por sua vez o ‘O’ correspondia ao Oceano Circundante (DUARTE, 2002, p. 33). em 1472).
Fonte: Disponível em
Informações sobre a estrutura do universo e a posição da Terra sempre foram alvo de inte- <http://images1.wikia.
nocookie.net/fantasia/pt/
resse dos povos, portanto, nunca deixaram de ser considerados ao longo da história da humani- images/6/64/Map_isodo-
dade, mesmo no período concernente à Idade Média. re_TO.jpg> acesso em: 30
Durante esse período, tem início, na Europa, a elaboração do “portulano”, um mapa consi- jul.2013.
derado mais científico e utilitário. Esse mapa apresenta algumas controvérsias em relação à sua
origem, mas todos indicam uma tendência europeia na sua porção ocidental, até mesmo pelo
fato de representar regiões do Mar Mediterrâneo e suas áreas limítrofes, incluindo também o Mar
Negro e o Oceano Atlântico. Também, demonstraram preocupação em valorizar o norte magné-
tico, apresentar informações geográficas sobre o litoral e a rosa dos ventos, mas inexistiam infor-
mações sobre o interior dos continentes.
Para melhor compreender um portulano, recorremos às palavras de Cortesão,(1960, p.39),
citado por Duarte:

Embora impropriamente atribuído, o emprego da palavra portulano - que os


marinheiros do Mediterrâneo aplicavam apenas às suas instruções escritas de
navegação, com as distâncias entre portos, sua configuração e descrição das
costas, ou seja, aquilo que nós chamamos de roteiros - de tal modo se genera-
lizou , havendo até autores que chamavam portulano a qualquer carta náuti-
ca ou atlas antigos, que os historiadores da cartografia contemporizaram com
a designação carta-portulano, não sem deixar de apontar o desconchavo. Do
mesmo modo, o tipo primitivo da carta-portulano mediterrâneo que com ligei-
ras variantes foi reproduzido até o século XV, têm frequentemente sido chama-
do portulano normal (DUARTE, 2002, p. 36).

Com o objetivo de fazer propaganda para a cruzada, o maior mapa-múndi medieval conhe-
cido (mostrado na figura 9) foi criado por Gervais de Tilbury, que o desenhou em 1236. É com-
posto por 30 peças de pergaminho com 3,5 m de diâmetro. O mapa foi desenhado sobre o corpo
de Jesus crucificado. No centro do mapa, figura a Jerusalém. A superfície da Terra sobrepõe-se ao
corpo de Cristo.

17
UAB/Unimontes - 2º Período

Figura 9: Mapa ►
medieval
confeccionado por
Gervais de Tilbury, em
1236.
Fonte: Disponível em
<http://fotola.com/
fotola/2004/Nov/
parroula41871d025ca90-
-web.jpg> acesso em
30/07/2013.

As Cruzadas aceleraram o comércio entre Oriente e Ocidente, e o conhecimento acumulado


pelos povos árabes foi transmitido para os demais povos, gerando a reformulação da Cartogra-
fia e da Astronomia. Houve, também, o aperfeiçoamento da bússola no século XIII e do astrolá-
bio, difundindo seu uso no início da Idade Moderna. A criação das caravelas também contribuiu
enormemente para essa época de extraordinária expansão geográfica que deu início ao período
mercantilista.

1.3.4 Mapas Chineses

Outra região em que a Cartografia teve contribuições históricas foi a China. Existem relatos
que dão conta que a cartografia chinesa já era evoluída antes mesmo de a Europa iniciar seus
estudos nesse campo. Foram encontrados, em diversos pontos do território chinês, documentos
bastante antigos e de grande valor que ratificaram a preocupação dos governantes em mapear
os recursos naturais daquele país.
Um nome que se destaca na cartografia chinesa é o do almirante Zheng He (1371-1433).
Ele cartografou uma área, de acordo com Duarte (2002, p. 28), que compreende “[...] o porto de
Nanquim na China, passando pelo estreito de Ortnuz e os portos da costa oriental da África num
percurso de mais ou menos 12 mil quilômetros.” Esse mapa (figura 10) é datado do século XV da
Era cristã, trata-se, portanto, de um mapa náutico.
Nesse mapa, conforme nos relata Duarte:

18
Geografia - Cartografia

Além de uma série de informações e símbolos representando acidentes geo-


gráficos, um dos aspectos mais interessantes diz respeito às rotas marítimas
mostradas com linhas pontilhadas e diversas instruções de navegação (DUAR-
TE, 2002, p. 28).

Esse mapa pode ser considerado uma coletânea de diversas expedições exploratórias em-
preendidas por Zheng He e por seus antecessores.
Para os povos antigos da China, os mapas tinham diversas fun-
ções, entre elas, podemos demarcar: políticas, militares, econômicas
e burocráticas. Buscamos, ainda, nas palavras de Duarte, meio para
esclarecer tal pensamento.

[...] muitos mapas tinham finalidades cadastrais,


demarcatórias de fronteiras, como documen-
tos burocráticos, planos para observação das
águas, meios para fixação de impostos, estra-
tégias militares, reconstrução da geografia, tes-
temunhos da continuidade cultural (DUARTE,
2002, p. 28-29).

Além de todas as funções presentes, nos mapas chineses, tam-


bém era retratada uma forte ligação com o mundo espiritual, cósmi-
co e fenômenos celestes.

Figura 10: Mapa Zeng
1.3.5 A influência Grega na cartografia He.
Fonte: Disponível em
<http://www.ufrgs.br/
museudetopografia/mu-
A cartografia adotada pelos estudiosos gregos alavancou o processo evolutivo da Cartogra- seu/museu/mapa_zheng_
fia ocidental. Muitos homens contribuíram para esse feito, entre eles, merecem destaque Anaxi- he_p.jpg> acesso em 30
mandro de Mileto (611-547 a.C), Hecateu - seu contemporâneo -, Eratóstenes de Cirene (276-196 jul.2013.
a.C) e Ptolomeu (90-168 d.C.).
Entre os gregos, merece destaque Cláudio Ptolomeu que escreveu sobre as ciências da Ter-
ra e da Astronomia. Entre os volumes, uma parte considerável dedicava-se à cartografia, em es-
pecial, às projeções. Estava incluso, em sua literatura, um mapa-múndi e diversos outros mapas,
os quais são indicados como uns dos atlas mais antigos.
É inegável a contribuição dos gregos, com especial destaque, a Ptolomeu, com a cartografia
do mundo ocidental.

1.3.6 A influência do Belga Mercartor na cartografia

O belga Geraldo Mercator (1512-1594) foi um dos grandes cartógrafos no período das gran-
des navegações, e suas projeções ainda são utilizadas nos tempos atuais.
Para Duarte (2002), sem sombra de dúvida, a contribuição de Mercator na condição de re-
formador da geografia é inégavel, podendo-se considerar também que, a partir dele, foi inau-
gurada uma nova época para a Cartografia. Muitos trabalhos de Mercator reformularam concep-
ções estabelecidas por Ptolomeu, como o mapa da Europa, feito em 1554, que reduziu o mar
Mediterrâneo para 53 graus de comprimento. Ele é mais conhecido pelo seu trabalho sobre a
projeção cartográfica, com meridianos retos e equidistantes e paralelos também retos, porém
cada vez mais espaçados entre si na direção dos polos. Essa projeção é datada de 1569 (figura
11) para seu grande mapa-múndi de dezoito folhas. A sua colaboração para a cartografia justi-
fica-se na popularidade do termo ‘Atlas” que é usado até os dias atuais. Mas é importante saber
que a edição do “atlas” de Mercator só correu por iniciativa do seu filho, após a sua morte.

19
UAB/Unimontes - 2º Período

Figura 11: Mapa de ►


Mercator.
Fonte: Disponível em
<http://www.apm.pt/gt/
gthem/PedroNunes/Mer-
cator.jpg> acesso em 30
jul.2013.

1.3.7 Portugal e o nascimento da cartografia brasileira

A Cartografia brasileira tem suas origens na expansão das grandes navegações preconizada
por Portugal. De acordo com (Duarte 2002), a expansão ultramarinha e a navegação marcaram
profundamente o caráter utilitário da cartografia portuguesa da época da política colonialista,
sendo intensa a produção de mapas marítimos que mostravam a configuração das costas e o de-
DICA lineamento de continentes e ilhas.
Por ocasião da transmigração da família real de Portugal para o Brasil, houve a oportunidade
2
05/05/1808
3
07/04/1808 da criação de uma cartografia nacional, mais ainda sob técnicas oriundas da Europa. A partir de
4
13/05/1808 1808, com as criações da Academia Marinha2, do Arquivo Militar3, da Tipografia Régia4 e da Aca-
5
04/12/1810 demia de Artilharia e Fortificação5, deu-se a criação de uma cartografia imperial que tinha como
função capacitar técnicos especialistas nas áreas geográficas e cartográficas. Isso serviu de apoio
à impressão de novos mapas, entre os quais podemos citar a planta de São Sebastião do Rio de
Janeiro, em 1812.
No século XIX, a cartografia náutica no Brasil conheceu especial destaque, pois teve início
o levantamento hidrográfico do litoral brasileiro cujo objetivo era a representação do fundo do
mar, na proximidade da costa.
A construção de cartas náuticas do litoral brasileiro foi efetuada a partir de levantamentos
da costa do Brasil pelos hidrógrafos franceses Roussin, Barral, Tardy de Montravel e Monchez.
Conforme apontado por Souza:

Em 1857, Manoel Antonio Vital Oliveira (1829-1867), no comando do iate “Parai-


bano”, arcou início das Campanhas Hidrográficas da Marinha do Brasil, fazendo
o levantamento do litoral, desde a foz do rio Mossoró, no Rio Grande do Norte,
até a foz do rio São Francisco no limite do sul de Alagoas. (SOUZA, 2002, p. 40).

Quanto à cartografia terrestre, verificam-se os esforços do Estado-Maior do Exército para a


construção de uma carta básica. Segundo Souza (2002, p. 40), “[...] o Serviço Geográfico do Exér-
cito (SGE) foi criado em maio de 1890, sendo o pioneiro da Cartografia Sistemática Terrestre do
Brasil.”
O SGE tem participado ativamente do mapeamento do território brasileiro há mais de um
século, tendo em vista a busca de produtos e soluções que levem a modernidade ao Exército e be-
nefícios à sociedade civil. São empregadas pessoas capacitadas, equipamentos de alta tecnologia
e metodologias próprias e adequadas na execução de vários projetos como levantamentos geo-
désicos e topográficos para estados e municípios, assessoria técnica para órgãos governamentais,
demarcação de terras indígenas, elaboração de cartas em diversas escalas para a Sudene, demar-
cação voltada para o programa de reforma agrária, definição de áreas de preservação ecológica e
ambiental, levantamento do canal de derivação das águas do rio São Francisco, entre outros.
O quadro funcional do SGE é basicamente constituído por engenheiros formados pelo Ins-

20
Geografia - Cartografia

tituto Militar de Engenharia e técnicos formados na Escola de Instrução Especializada, que são
aperfeiçoados por essas mesmas instituições ou por outras, como o INPE, no Brasil e por órgãos
fora do país.
O desenvolvimento da cartografia brasileira está diretamente relacionado com os órgãos de
defesa e de planejamento do governo federal, por isso, para entendermos a moderna cartografia
brasileira, é necessário discutir o papel desses órgãos.

1.4 A moderna cartografia


brasileira
O Governo Federal criou, em 1936, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
com o objetivo de coordenar as atividades estatísticas, censitárias e geográficas do país. Segun- Glossário
do Oliveira (1983), ao visar ao Recenseamento de 1940, o IBGE, através de um de seus órgãos,
Aerotriangulações: é a
o Conselho Nacional de Geografia, iniciou, em 1939, a preparação do projeto Carta do Brasil ao inserção de coordena-
Milionésimo, tendo 46 folhas de 4X6 graus. O conselho promoveu uma coleta de mapas e de le- das em fotos áreas para
vantamentos em todo território nacional a fim de que a carta fosse compilada, paralelamente, se ter uma imagem
instituía ao conselho da campanha das coordenadas geográficas, a qual, até 1945, sob a chefia georreferenciada, ou
de engenheiros qualificados na área da geodésia, determinou milhares de coordenadas em to- seja, “amarrada” em um
sistema de coordena-
dos os estados brasileiros. das.
Em 1922, o clube de Engenharia organizou, em 46 folhas, a Carta do Brasil em 1:100000, em Estereofotograme-
comemoração ao 1° Centenário de Independência do Brasil. tria: é o nome dado ao
Após 1945, surge uma melhor documentação, pois os Estados Unidos, à frente de operações seguinte fenômeno:
estratégicas em todo o mundo, promoveu uma extensa cobertura aerofotogramétrica, com o sis- Uma pessoa observa
simultaneamente duas
tema Trimetrogon, sobretudo em áreas pouco desenvolvidas cartograficamente. Foi constatado fotos aéreas de uma
que, após as duas Guerras Mundiais, dois terços do território brasileiro estavam fotografados. O área, tomadas de dois
Brasil teve acesso a todo esse material, uma vez que ele foi cedido ao país pelos Estados Unidos. pontos de vista diferen-
De posse dessa documentação, áreas como a região norte e a centro-oeste, até então sem mape- tes (distintos). Vendo
amento regular, puderam, então, ser finalizadas, completando as 46 folhas da carta ao milionési- cada foto com um olho,
o objeto será visto em
mo, editada em 1960. três dimensões (como
A direção do Conselho Nacional de Geografia, após 1945, enviou aos Estados Unidos um se- uma visão real da pai-
leto grupo de servidores para realização de um estágio, no Coast and Geodetic Survey. Após um sagem).
ano de estágio, esse grupo regressou com um excelente padrão de aprendizagem teórica e práti- Fotogramétrico:
ca em operações que conduzem elaboração de cartas e mapas. levantamento realizado
com fotos aéreas de
De acordo com Oliveira (1983), a partir da conclusão da Carta do Brasil ao Milionésimo, o uma área.
IBGE sentiu-se no dever de participar da cobertura sistemática de cartas topográficas, indispen-
sáveis ao desenvolvimento econômico e social do país.
Hoje, o Brasil encontra-se perfeitamente equipado para qualquer tipo de levantamento e de
execução de projetos fotogramétricos, desde a mais exata carta cadastral até o mais exigente
projeto de engenharia.
Existem hoje, no Brasil, um considerável número de órgãos, empresas e sociedades traba-
lhando com atividades cartográficas. Apesar de especializadas, poucas realizam todo o processo
cartográfico.
Com base no livro de Anderson (1982), que trata da cartografia básica, podemos afirmar
que, na área da cartografia topográfica brasileira, existem três entidades muito importantes
como COCAR (Comissão de Cartografia), a DSG (Diretoria de Serviço Geográfico) e o IBGE (Institu-
to Brasileiro de Geografia e Estatística).

1.4.1 A comissão de cartografia

A Comissão de Cartografia – COCAR – foi criada em 28 de fevereiro de 1967, através do De-


creto-Lei 243. Está sediada em Brasília e é responsável pela coordenação de toda a cartografia
topográfica do Brasil, apesar de não ter produzido nenhuma carta.
De acordo com Anderson:

21
UAB/Unimontes - 2º Período

Nesse papel de coordenação, a COCAR é a melhor fonte de informação sobre a


disponibilidade de cartas de qualquer parte do Brasil, seja de qualquer origem,
ano, escala, tema sistemático e método de reprodução (impressas, heliográfi-
cas, ou ainda inéditas quanto à confecção). A COCAR também está encarrega-
da de implementar e distribuir os recursos financeiros cartográficos fornecidos
pela Secretária de Planejamento (SEPLAN), incluindo os dos programas no
grande plano de dinamização (ANDERSON, 1982, p. 23).

Esse plano de dinamização da Cartografia, de acordo com Anderson (1982), tinha por ob-
jetivo o aumento dos esforços, com a finalidade de estabelecer uma programação destinada a
completar o mapeamento topográfico do país, o mais rápido possível. Então, foram aprovados os
programas Espaciais de Dinamização das Cartografias Terrestres, Náuticas e Aeronáuticas, visan-
do concluir o mapeamento topográfico do Brasil na escala 1:100000 e da Amazônia em 1:250000.
Conforme apontado por Anderson:

A Comissão de Cartografia, encarregada da coordenação e avaliação desses


programas, estabeleceu estratégias que incluem (1) a introdução progressiva
de novas tecnologias, bem como o (re)aparelhamento dos órgãos do governo
executores de mapas, mobilizando ainda mais as empresas privadas do ramo;
e (2) a implantação de métodos modernos de gestão empresarial, inclusive re-
lativos à estimativa de custos em todas as fases da atividade de mapeamento e
os referentes ao acompanhamento de sua execução (ANDERSON, 1982, p. 23).

Tais programas visam apoiar, com cartas topográficas, áreas do poloamazônia do polocen-
tro que se encontram desprovidas dessas cartas e objetivam, ainda, garantir a segurança do trá-
fego marítimo e aéreo, através de cartas mais atuais.
A COCAR foi desativada em 1990, após reforma administrativa executada pelo Governo
Federal.

1.4.2 Diretoria de Serviço Geográfico – DSG


Criado em 31 de maio de 1890, com o nome de Serviço Geográfico – SG – e anexo ao Ob-
servatório do Rio de Janeiro, o SG foi transferido, mais tarde, para o Ministério do Exército, então
Ministério da Guerra. Apresentou, como primeiro trabalho de mapeamento, em junho de 1903, o
Projeto de triangulação do Brasil, que cobria inicialmente todo o estado do Rio Grande do Sul. “A
Carta Geral do Brasil” foi elaborada pelo Estado-Maior do Exército, com a instalação da Comissão
da Carta Geral, em Porto Alegre – RS.
Contratada pelo Estado-Maior do Exército, chega ao Brasil, em 1920, a Missão Cartográfica
Austríaca, com a finalidade de introduzir as técnicas de levantamentos topográficos à prancheta
usada na Europa. Tal missão tinha como objetivo fornecer embasamento técnico necessário ao
mapeamento do território brasileiro, com a impressão de Cartas of-set e modernos métodos fo-
togramétricos.
Nesse sentido, Anderson ressalta que:

À Missão Austríaca coube, ainda, o estudo do sistema de projeção mais ade-


quado para o mapeamento do nosso território e a criação da escola de enge-
nheiros Geógrafos Militares, marco da evolução cartográfica brasileira (ANDER-
SON, 1982, p. 23).

A partir de 1932, o Serviço Geográfico Militar que executava o mapeamento de áreas do en-
tão Distrito Federal passa a denominar-se, a partir de tal data, de Serviço Geográfico do Exército
(SGE), e a Comissão da Carta Geral, que realizava levantamentos no Rio Grande do Sul, dá origem
à Primeira Divisão de Levantamento – DL.
De acordo com o IBGE, em 1946, regularizam-se as atividades da Diretoria do Serviço Ge-
ográfico do Exército, que funcionaria nas instalações históricas do Antigo Palácio Episcopal da
Conceição, no Rio de Janeiro-RJ, até ser transferida para o Quartel General do Exército, em Brasí-
lia em 1972.
A Diretoria de Serviço Geográfico (DSG) recebe essa denominação em 1953, através da Por-
taria Ministerial, devido à nova estrutura de organização do Exército. A DSG atua há mais de um
século no mapeamento do Brasil e, juntamente com o IBGE, é responsável pela execução do ma-
peamento sistemático do país, ao estabelecer normas para a Cartografia Básica Terrestre, nas es-
calas 1:250000 e maiores.

22
Geografia - Cartografia

De acordo com Anderson (1982, p.23-24), a DSG abriga cinco Organizações Militares Direta-
mente Subordinadas (OMDS/DSG) que são responsáveis pela execução de levantamentos e do
suprimento cartográfico, nas áreas denominadas de áreas de suprimento cartográfico (ASC): a 1ª
Divisão de Levantamento (1ª DL), sediada em Porto Alegre (RS); a 2ª Divisão de Levantamento (2ª
DL), com sede em Ponta Grossa (PR); a 3ª Divisão de Levantamento (3ª DL), localizada em Olinda
(PE); a 4ª Divisão de Levantamento (4ª DL), com sede em Manaus (AM); a 5ª Divisão de Levanta-
mento (5ª DL), localizada no Rio de Janeiro (RJ) e o Centro de Imagens e Informações Geográficas
do Exército (CIGEx), sediado em Brasília (DF).
Para manter as atividades cartográficas, o Serviço Geográfico dispõe hoje de recursos huma-
nos qualificados, tecnologias modernas, equipamentos, programas e viaturas, que contribuem
com o mapeamento do território nacional.

1.4.3 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE


O IBGE, criado na década de 1930, no governo de Getúlio Vargas, tem como objetivo, segun-
do Anderson:

Assegurar a produção de informação estatística, geográficas, cartográficas, geo-


désicas, demográficas, socioeconômicas, de recursos naturais e de condições de
meio ambiente, inclusive poluição, necessárias ao conhecimento da realidade fí-
sica, econômica e social do País, em seus aspetos considerados essenciais ao pla-
nejamento econômico e social e à segurança nacional. (ANDERSON, 1982, p. 25).

Ainda de acordo com Anderson (1982), cabem às Superintendências de Geodésia e Cartogra-


fia executarem as atividades técnicas de pesquisas, análise e estudos geodésicos, cartográficos e
os levantamentos geodésicos e topográficos, mapeamento e outras atividades cartográficas.
O Conselho Nacional de Geografia, criado em 1939, levou o IBGE a iniciar suas atividades
cartográficas no país.
Nesse período, a Superintendência de Geodésia recebeu do Governo Federal atribuição es-
pecífica de estabelecer a Rede Geodésica de Apoio Fundamental, propiciando o estabelecimen-
to, em 1945, dos primeiros. Desse modo, Anderson afirma que:

A partir de então, num trabalho de notável envergadura, essa rede vem sendo
extraordinariamente densificada, principalmente nas regiões economicamente
importantes do Brasil. O país já dispõe de uma vasta rede geodésica cobrindo
mais de 4.6 milhões de km² de área do nosso território, estendendo-se do Pará
ao Rio Grande do Sul e, no sentido Leste-Oeste, até a fronteira com a Argenti-
na, o Paraguai e Bolívia, interligando-se à rede geodésica continental (ANDER-
SON, 1982, p. 25).

Quadro 01 - Política cartográfica e a coordenação da cartografia nacional

PRINCIPAIS AÇÕES
2000/2005
• Reativação da CONCAR, no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, pelo Decreto
s/n° de 10 de maio de 2000 e pelo Decreto 4.781 de 16 de julho de 2003.
• Retomada dos trabalhos da Comissão Nacional de Cartografia (CONCAR), com a elaboração
de Plano Cartográfico, integrando os planos do IBGE, da DSG, do IGA e da DHN.
• Reativação dos trabalhos da Comissão Nacional de Cartografia (CONCAR).
• Elaborado o planejamento estratégico da CONCAR.
1990/1999
• A reforma administrativa executada pelo governo federal desativou a CONCAR e, conse-
quentemente, as interações no âmbito do Sistema Cartográfico Nacional. Início da absor-
ção de novas tecnologias na produção cartográfica nacional por parte dos órgãos integran-
tes do SCN.
• IBGE elabora normas para levantamento GPS e implanta a Rede Brasileira de Monitoramen-
to Contínuo (RBMC).
• Reativação da Comissão Nacional de Cartografia, pelo Decreto s/n° de 21 de junho de 1994,
no Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), desta vez denominada CONCAR.
• Com a extinção do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), ao qual a CONCAR
achava-se vinculada, a comissão foi, consequentemente, desativada.
23
UAB/Unimontes - 2º Período

1984
• Instruções Reguladoras das Normas Técnicas da Cartografia Nacional (Decreto n° 89.817)
1974/1978
• O Presidente da República determina estudos para conclusão do mapeamento topográfi-
co do Brasil no mais curto prazo possível.
• Criação do Plano de Dinamização da Cartografia - PDC/78, para intensificar o mapeamen-
to sistemático brasileiro, visando à cobertura plena do território na escala de 1:250.000 e o
incremento da cobertura na escala 1:100.000 (nas regiões Centro-Oeste e Nordeste e em
parte das regiões Sudeste e Norte), na escala 1:50.000 (nas regiões Sul e parte do Sudeste
e Nordeste) e na escala 1:25.000 (em capitais estaduais).
1962/1967
• Publicação da primeira edição completa do álbum da Carta Internacional ao Milionésimo -
CIM (46 folhas na escala 1:1.000.000 que recobrem totalmente o país).
• Estabelecimento das diretrizes e bases da Cartografia brasileira pelo Decreto-Lei 243 de 28
de fevereiro de 1967. Criada a Comissão de Cartografia (COCAR).
1942/1946
• Estabelecimento das diretrizes e bases da Cartografia brasileira pelo Decreto-Lei 243 de 28
de fevereiro de 1967. Criada a Comissão de Cartografia (COCAR).
• Estabelecimento de Normas para Uniformização da Cartografia Brasileira (Decreto-Lei
9.210).
1932/1938
• É feita a fusão do Serviço Geográfico Militar, sediado no Rio de Janeiro, e a Comissão da
Carta Geral do Brasil, sediada em Porto Alegre, constituindo o novo Serviço Geográfico do
Exército.
• Instalado o Instituto Nacional de Estatística, que fora criado em 1934, dando início ao pro-
cesso de fusão das atividades estatísticas e cartográficas no país, pois o sucesso dos levan-
tamentos estatísticos dependia da existência de documentos cartográficos confiáveis.
• Surge o Sindicato Condor, embrião do grupo empresarial brasileiro ligado à atividade car-
tográfica.
• O Instituto Nacional de Estatística e o Conselho Nacional de Geografia são incorporados ao
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com os nomes de Conselho Nacional de
Geografia e Conselho Nacional de Estatística.
1920
• A Missão Cartográfica Austríaca contratada para organizar o Serviço Geográfico do Exército
chega ao Brasil, trazendo as técnicas fotogramétricas de desenho cartográfico e de impres-
são off-set.
1903
• A Comissão da Carta Geral do Brasil instala-se em Porto Alegre (RS), para dar início ao pro-
jeto “A Carta do Brasil”, apresentado em 1900 pela 3ª Seção do Estado Maior do Exército,
como o primeiro projeto de caráter sistemático para a cartografia terrestre.
1890
• É criado o Serviço Geográfico, anexo ao Observatório Astronômico do Rio de Janeiro, para
a execução de trabalhos geodésicos e geográficos, a qual teve pouca duração.
1873/1877
• Primeira tentativa de dotar o país de documentos cartográficos terrestres confiáveis, com a
Comissão da Carta Geral do Império (extinta em 1874).
• A Carta do Império resultante do trabalho da Comissão da Carta Geral do Império é apre-
sentada na exposição internacional de Filadélfia, nos Estados Unidos.
• Institucionalizada a repartição Hidrográfica do Ministério da Marinha, atual Diretoria Hidro-
gráfica de Navegação (DHN).
• Iniciados, pelo Rio Grande do Sul, os trabalhos da Carta Itinerária, com austríacos contra-
tados pelo imperador Pedro II, tiveram pouca direção.

24
Geografia - Cartografia

1830
• Primeiros trabalhos de Cartográfica Náutica realizados por iniciativa de entusiastas brasi-
leiros.
1544
• Primeira representação cartográfica com o rio Amazonas (Planisfério de Caboto).
1519
• Primeira representação cartográfica do território brasileiro de forma integrada (Carta
Atlântica do Atlas Miller).
1502
• Primeira representação cartográfica do território brasileiro (Planisfério de Cantino).
Fonte: Disponível em <http://www.concar.ibge.gov.br/panoramaHist.aspx> acesso em 30 jul. 2013. Adaptado por: SILVA
(2009)

1.5 Os mapas e a orientação


Partindo do princípio de que os mapas são produtos da cultura de um povo, convencionou-
-se adotar, como orientação dos mapas, que o norte seria a parte superior, e o sul, a inferior, se-
guida do leste à direita e do oeste à esquerda. Tal convenção deve-se à soberania europeia, no
aspecto militar, político, econômico e principalmente cultural que compunha aquele momento
histórico.
Considerando o aspecto cultural impresso nas representações geográficas, é fundamental
que se perceba, nos mapas, a prevalência do padrão europeu de orientação. Contudo, houve
quem tentasse construir mapas com critérios de orientação que contrariavam o padrão ditado
pelos moldes da Europa, chegando a apresentar, segundo Oliveira (2004, p. 8): “O sul na parte su-
perior ou até mesmo o leste, como faziam os árabes durante a chamada Idade Média.”
A preponderância do leste como principal ponto de orientação segue lógica do desloca-
mento do sol sobre a Terra, que é de leste para oeste, também deve ser observado o significado
do verbo orientar volta-se para oriente, posição em que o sol nasce, por consequência, oposto
ao ocidente.
Daí, concluímos que o norte e o sul foram criados posteriormente, ou seja, são criações se-
cundárias dos antepassados que tomaram, como referência, as terras já conhecidas por eles.

1.5.1 Orientação, o que é isso, afinal?

Orientação quer dizer: procura do oriente. Orientar-se no espaço e no tempo sempre foi
uma preocupação do homem. Os povos antigos aprenderam a situar-se e a orientar-se com auxí-
lio dos elementos da natureza.

Estrela = noite
Sol = dia
Lua = sombras

Por causa da extensão da superfície terrestre e do dinamismo social e econômico inerente


ao desenvolvimento da sociedade moderna, houve, então, a necessidade de criar rotas que au-
xiliassem na orientação e na localização dos lugares e das pessoas. Daí, surgiram vários meios de
orientação. Nos primórdios da civilização, essa orientação dava-se através dos astros, da bússola
e do astrolábio e, hoje, dá-se pelos rádios, radares e computadores.
É importante lembrar que, para nos orientar, tomamos por base os pontos cardeais, os cola-
terais e os subcolaterais, que são representados pelas siglas e aparecem na Rosa dos Ventos.
A Rosa dos Ventos, representada na figura 12, é o referencial de orientação dos mapas. Ela
indica os pontos cardeais, colaterais e subcolaterais.

25
UAB/Unimontes - 2º Período

Ponto Cardeais

Pontos Subcolaterais

Figura 12: Rosa dos ► Pontos Colaterais Pontos Colaterais


ventos.
Fonte: FERREIRA, 1994.
p.05.
Pontos Colaterais Pontos Subcolaterais

Ponto Cardeais Ponto Cardeais

Pontos Colaterais Pontos Subcolaterais

Pontos Colaterais Pontos Colaterais

Pontos Colaterais Pontos Colaterais

Ponto Cardeais

Quadro 2 - Pontos cardeais e colaterais

CARDEAIS COLATERAIS
N= Norte NW = Noroeste
S = Sul NE = Nordeste
E = Leste SE = Sudeste
W = Oeste SW = Sudoeste
SUBCOLATERAIS
NNO = Nor-Noroeste ENE = Es-Nordeste
NNE = Nor-Nordeste ESE = ES-Sudeste
SSE = Su-Sudeste OSO = Oes-Sudoeste
SSO = Su-Sudoeste ONO = Oes-Noroeste
Fonte: Adaptado por SILVA (2009)

1.6 Orientação geográfica


O primeiro passo para termos uma boa noção de cartografia básica é sabermos nos localizar
no espaço. O geógrafo que não domina as técnicas de localização não terá bom desempenho no
campo, haja vista que, a todo o momento, terá que usar a referência para orientar seus alunos
sobre a relação entre a localização e as relações socioambientais.
A noção sobre localização tem que ser despertada no ser humano ainda durante seu perí-
odo de aluno do Ensino Fundamental, ou seja, ainda criança. Mesmo quando não têm nenhum
grau de escolaridade, as crianças desenvolvem esses sentidos de localização, através da aprendi-
zagem pela observação.
Portanto, para saber se localizar, é imprescindível ficar atento aos pequenos detalhes que
ocorrem no espaço, pois aprenderemos, aqui, que informações, inicialmente irrelevantes, pode-
rão nos dar uma localização de onde estamos.

26
Geografia - Cartografia

Quando nos deslocamos dos espaços onde vivemos, damos preferência aos pontos fixos,
como: construções, quadras, ruas, estradas ou ainda àqueles ligados à natureza como os rios, as
florestas, as montanhas etc.
Porém, ainda que não sejam constantes, as referências representadas pelos pontos cardeais
são muito presentes no cotidiano da vida urbana. Quando nos referimos a alguma área como
zona norte, zona leste, etc., podem servir de exemplo: Brasília (Asa norte, Asa Sul) ou ainda Goiâ-
nia os setores Sul, Oeste, Norte Ferroviário, e leste universitário.
Oliveira (2004) ressalta que a nossa falta de hábito em manusear mapas reflete na dificulda-
de em interpretá-los, o que faz com que alguns cartógrafos lancem mão de elementos estratégi-
cos como referências fixas e conhecidas (praças, monumentos, igrejas etc.).

1.6.1 Orientação pelo sol

É estabelecido pelo movimento aparente


◄ Figura 13: Orientação
do sol, ou seja, o movimento de rotação que é pelo Sol. A figura acima
exercido pela Terra, de oeste para leste, em que ilustra como podemos
se tem a impressão de que o sol está se mo- nos orientar tendo o sol
vimentando no sentido inverso. Para compre- como referência.
ender melhor, basta posicionar-se com a mão Fonte: Ferreira. 1994. p.06.
direita estendida para o nascente, que é o leste.
A mão esquerda para o oeste, à frente da pes-
soa, é o norte, e suas costas, o sul (figura 13).

DICA
1.6.2 Orientação pelas estrelas Ao observar a figura 14,
temos a ideia clara de
como nos localizar com
Outras estrelas, além do Sol, são usadas o auxílio da constelação
do Cruzeiro do Sul.
na orientação. No hemisfério sul, por exemplo,
utiliza-se constantemente o Cruzeiro do Sul.
Para orientar-se por ele, é necessário prolon-
gar quatro vezes e meia a parte maior da cruz
(a partir da Estrela de Magalhães) e, na sequên-
cia, estender uma linha imaginária perpendi- ◄ Figura 14: Orientação
cular até o horizonte, onde se acha o sul. Já no pelo cruzeiro do sul.
hemisfério norte, o ponto de referência usado Fonte: Ferreira. 1994. p. 07.
com frequência é a Estrela Polar. Para tal, basta
traçar uma linha perpendicular entre a estrela e
a superfície (figura 14).

◄ Figura 15: As fases da


1.6.3 Orientação pela lua Lua
Fonte: Disponível em
<http://alaum.net/info/
images/stories/noti-
Tal como o Sol, a Lua nasce a leste, só que cias/2007/agosto/orien-
a hora em que nasce depende da sua fase. A tacao> acesso em 09 jul.
fase da Lua depende da posição do sol. A parte 2013.
da Lua que está iluminada indica a direção em
que se encontra o sol (figuras 15 e 16).
Para saber se a face iluminada da Lua está
a crescer (a caminho da Lua Cheia), ou a min-
◄ Figura 16: Indicação da
guar (a caminho da Lua Nova), basta seguir o orientação pela lua
dizer popular de que “a Lua é mentirosa”. Assim, Fonte: Ferreira, 1994. p. 06.
se a face iluminada parecer um «D» (de decres-
cer) então está a crescer. Se parecer um «C» (de
crescer) então está a decrescer (ou minguar).

27
UAB/Unimontes - 2º Período

1.6.4 Orientação pela bússola

Conta a história que os chineses foram os primeiros a notar que um minério carregado de
íons indicava o norte. Partindo desse princípio, foi criada a bússola.
Existem, na literatura, indícios de que as primeiras bússolas foram usadas por volta do ano
de 850. A utilidade do novo invento difundiu-
-se pelos quatro cantos do mundo e suas ma-
ravilhas passaram a ser usadas por profissionais
de diversas áreas.
Figura 17: Bússola ► Ao longo dos séculos, a bússola foi gra-
Fonte: Ferreira. 1994. p. 07. dativamente melhorada, apresentando, assim,
um avanço considerável. Atualmente, ela tem a
forma de uma caixinha circular confeccionada
em um material transparente.
O seu funcionamento é baseado no mag-
netismo terrestre. A radioatividade existente
no núcleo da Terra é responsável pelo fenôme-
no. A bússola apresenta uma agulha imantada
que aponta sempre na direção aproximada do
polo norte geográfico (figura 17).

DICA 1.6.5 Tecendo comentários curiosos


Leia mais em:
http://educacao.uol.
com.br/disciplinas/ Localizar-se, estabelecer caminhos e orientar-se para seguir a direção certa: isso sempre
geografia/orientacao- acompanhou a história do homem na Terra. O que mudou, ao longo do tempo, foram os recursos
-e-localizacao-pontos- (equipamentos, instrumentos), as características do espaço geográfico e, por consequência, os
-cardeais-e-outras- referenciais para localização e para orientação.
-referencias.htm

1.6.5.1 Orientação pelo método da sombra da vara

Ainda considerando o Sol como referência, também podemos nos orientar a partir de méto-
dos nada convencionais, mas que podem nos fornecer informações com um alto grau de preci-
são. Entre eles, existe a orientação por sombra de vara, que se trata de uma informação empírica,
largamente usada pelos escoteiros quando aprendem meios de sobrevivência. Tal método con-
siste em observar a sombra de uma vara para, assim, poder orientar ou se localizar no espaço.
Nesse método, o que mais importa é a sombra da extremidade do objeto usado, sendo que
este pode ser um ramo ou ainda uma vara.
Como isso se dá?
Veja como se processa.
Inicialmente, marcamos o chão onde está
a ponta da sombra do objeto em questão, com
uma pedra ou então com uma estaca. Passado
Figura 18: Ilustração do ► algum tempo, observaremos que a sombra se
processo de orientação moveu, então voltaremos a marcar da mesma
por sombra de vara. maneira a ponta da sombra da vara. Se esta-
Fonte: Disponível belecermos uma união entre as duas marcas,
em <http://www.
getibirica.com.br/ concluiremos que elas nos darão a definição da
tecnicas/orientacao/ direção do Leste e do Oeste. Veja na figura 18.
Orienta%C3%A7%C3% Essa figura tem a função de ilustrar a expe-
A3o%20e%20Azimutes.
doc> acesso em 10 riência descrita no texto acima.
jul.2013. Interessante!
Mas, este método demora?
Vai depender do tamanho da vara que
você usar na experiência.

28
Geografia - Cartografia

Por exemplo:
Usando uma vara com 1 metro de comprimento você obterá a resposta em mais ou menos
15 minutos.
Ah! Legal.
Mas, não para por aí...

1.6.5.2 Orientação pelo método das sombras iguais

Nesse método, para se ter um bom resul-


tado, a melhor hora é por volta do meio dia.
◄ Figura 19: Ilustração
Para essa experiência, a vara ou ramo usado 1 do processo de
deverá estar na posição vertical e com uma orientação por sombras
sombra superior a 30 cm. iguais
Como se procede? Fonte: Disponível
Para marcar a ponta da sombra da vara em <http://www.
getibirica.com.br/
pode-se usar algum objeto pontiagudo, com tecnicas/orientacao/
a ajuda de um fio amarrado a uma vara, traça- Orienta%C3%A7%C3%A3
-se um arco tendo como centro a vara e o raio o%20e%20Azimutes.doc>
acesso em 10 jul. 2013.
equivalente ao comprimento da sombra inicial
marcada, como mostra a figura 19.
Essa ilustração é uma demonstração prática da orientação por sombras iguais. À medida
que o tempo passa, a sombra diminui de tamanho e desloca-se, mas depois volta a aumentar o
tamanho e alcança o arco que foi traçado no chão.
E aí, qual é a conclusão?
É simples, ao unirmos as duas marcas, obteremos uma linha que define o leste e oeste,
como está representado na figura 19. Observe que a vara localiza-se na mesma distância entre as
marcas. Aí fica fácil identificar o norte e o sul.
Finalizando a exposição sobre a orientação pelas sombras iguais, podemos, ainda, com uma
forquilha e algumas pedras, montar um alicerce, onde as pedras servirão de sustentáculo para
a ponta da vara. Na sequência, você deverá amarrar um fio a outra extremidade da vara, o qual
deverá ter uma pedra presa a sua ponta, que deverá funcionar como um prumo, o que garantirá
a verticalidade da linha. Assim, teremos, com precisão, os pontos cardeais.

1.6.6 Conversa afiada

Para chegar a um determinado lugar pela primeira vez é preciso ter referências ou o ende-
reço, isso no campo ou na cidade, no entanto, nem sempre temos em nossas mãos instrumentos
ou informações para a orientação. Em áreas naturais como as grandes florestas, desertos e ocea-
nos não têm placas ou endereços para informar qual caminho se deve tomar. Deste modo, pode-
mos seguir alguns indícios.

1.6.6.1 Orientação por indícios

Também podemos usar os elementos presentes na natureza para nos orientar e nos localizar
no espaço geográfico.
Como?
Em nosso cotidiano, podemos identificar, no reino animal ou vegetal, características diferen-
ciadas em função da sua posição em relação a alguns elementos do quadro natural, como o sol,
o vento ou a chuva. A isso podemos chamar de orientação por indício, que significa que a natu-
reza está nos auxiliando na orientação e, consequentemente, na localização. Observe no quadro
03, a seguir.

29
UAB/Unimontes - 2º Período

Quadro 03 - Orientando-se pela natureza

Orientações pela natureza


CARACÓIS

São mais abundantes nos muros e paredes voltados para Leste e para Sul.
FORMIGAS

Os formigueiros possuem suas entradas, especialmente, abrigadas dos ventos frios do norte.
CASCAS DAS ÁRVORES

As cascas das árvores apresentam maior rugosidade e mais fendas do lado que é batido pelas
ATIVIDADE chuvas, ou seja, do lado norte.
Após a conclusão desta FOLHAS DE EUCALIPTO
Unidade, muitos foram
os conhecimentos
adquiridos por você. Contorcem-se de modo a ficarem menos expostas ao sol, apresentando, assim, as faces vira-
Faça uma síntese, pon- das para leste e oeste.
tuando as principais
ideias deste capítulo, INCLINAÇÃO DAS ÁRVORES
que colaborarão para a
fixação da sua apren- Quando sabemos qual é a direção do vento dominante numa região, através da inclinação das
dizagem e domínio do árvores conseguimos determinar os pontos cardeais.
conteúdo, e poste-a no
fórum discussão. MUSGOS E COGUMELOS

São encontrados mais facilmente em locais sombrios, ou seja, do lado norte.


GIRASSÓIS

Voltam a sua flor para sul, em busca do sol.


Fonte: Orientação. Disponível em: http://alaum.net/info/images/stories/noticias/2007/agosto/orientacao acesso em: 09
jul. 2013. Adaptado por: SILVA (2009).

Referências
ANDERSON, Paul S. Princípios de cartografia básica. Tradução Noeli Vettori Anderson e Paulo
Frederico Hald Madsen). Illinois State University,1982 disponível em:http://lilt.ilstu.edu/psanders/
Cartografia-Basica.pdf.

DUARTE, Paulo Araújo. Cartografia básica. Florianópolis: UFSC, 2002.

FERREIRA, Graça Maria Lemos. Geografia em mapas: Noções Básicas Geografia Geral e do Brasil.
Volume 01. 2ª ed. São Paulo: Editora Moderna, 1994.

JOLY, Fernand. A Cartografia. Campinas: Papirus, 1990.

LEITE. Marcos Esdras. Carta imagem do bairro Ibituruna em Montes Claros-MG. 2008.

OLIVEIRA, Cêurio. Curso de cartografia moderna. Rio de Janeiro: IBGE. 1983.

OLIVEIRA, Ivanilton José. A linguagem dos mapas: utilizando a cartografia para comunicar.
Temporis(ação), Cidade de Goiás (GO), v. 1, n. 8, p. 37-62, 2005. Publicado em Revista UNICIEN-
CIA. Goiás. 2004.

ROSA, Roberto. Cartografia básica. Universidade Federal De Uberlândia. Instituto De Geografia.


72 p. 2004.

SODRÉ, N. Introdução à geografia: geografia e ideologia. Petrópolis: Vozes, 1984.

SOUZA. Sônia Magali Alves de. A prática pedagógica do professor de geografia no ensino
dos conteudos cartográficos. (dissertação de Mestrado, UFPE), 2002.

30
Geografia - Cartografia

Unidade 2
Cartografia básica: sistemas de
referências, escala e fuso horário
Marcos Esdras Leite

2.1 Introdução
Nesta unidade, trabalharemos com a parte prática da cartografia. Vamos discutir uma das
áreas mais interessantes dessa ciência, denominada sistema de referência. Nesse tópico, apre-
sentamos quais são os sistemas adotados, através de convenção, para a localização de qualquer
ponto na superfície terrestre. Inclusive, veremos que esses sistemas são extremamente impor-
tantes, pois, no mundo informacional, essa forma de apresentar a informação de localização é DICA
muito comum.
Acesse o glossário do
Outro tópico contemplado, nesta unidade, trata da escala cartográfica e, devido a sua rele- IBGE para mais informa-
vância para a compreensão de um espaço representado no mapa, veremos como calcular e defi- ções. Disponível em
nir a escala. Para finalizar esta unidade, trataremos dos fusos horários, vamos entender como se http://www.ibge.gov.
formulou esse sistema e, principalmente, como definir o fuso a partir das coordenadas. br/home/geociencias/
Diante dessa breve apresentação, podemos afirmar que esta unidade tem como objetivo cartografia/glossario/
glossario_cartografico.
principal qualificar o acadêmico no processo de tratamento de análise das informações cartográ- shtm
ficas.
Para facilitar a processo de aprendizagem desse conteúdo, optamos por uma estrutura do
texto dividida em tópicos e em subtópicos, como está disposto abaixo.
• Sistemas de referência
• Forma da terra.
• Coordenadas geográficas.
• Localização absoluta.
• Coordenadas UTM
• Determinação de coordenadas sobre o mapa.
• Escala cartográfica
• Escala numérica, como calcular?
• Escala Gráfica.
• Fusos horários
• Como calcular os fusos?
• Fuso Horário do Brasil.

2.2 Sistemas de referência


O planeta Terra apresenta uma grande área, um total 510,3 milhões km², com a maior parte
embaixo d’água, ou seja, submersa. Os oceanos e rios são usados como rotas de transporte hi-
droviário ou para empreendimentos como extração de petróleo. Diante dessa extensão do nosso
planeta e das características de algumas áreas que não apresentam pontos de referências para
localização, é fundamental haver um método que possa dar a localização precisa de qualquer
área, ainda que seja uma área pouco ocupada pelo ser humano.
Essa necessidade de localização, em escala planetária, levou a criação de um sistema global
de localização que podemos denominar de sistema de referência.
Podemos usar alguns fatos para exemplificar a importância ou mesmo a utilidade desse sis-
tema nas nossas vidas. A navegação aérea é um bom exemplo, pois o avião é conduzido tanto
pelo piloto humano, como pelo piloto automático, pelo sistema de referência, com base nas co-
31
UAB/Unimontes - 2º Período

ordenadas geográficas. O plano de voo usa como referências coordenadas para guiar o avião, por
isso não há possibilidade de errar a rota ou caminho.
Outro exemplo que podemos usar para ilustrar o uso das coordenadas geográficas para lo-
calização foi a precisão com que os pilotos dos caças a jato, dos Estados Unidos da América, du-
rante a Guerra do Golfo, em 1991, destruíam pontes, pistas de pousos, centrais de energia elétri-
ca, centros de telecomunicações, enfraquecendo o Iraque.
Agora, imagine um navio, navegando pelo Oceano Atlântico em direção à África. De repen-
te, ocorre um defeito nos motores do navio. O comandante tem que pedir socorro. Como ele fará
para que o navio seja localizado na imensidão do Oceano Atlântico? Esses fatos mostram o uso
dos sistemas de referências, ou sistemas de localização geográfica.
Mas, para avançar sobre o estudo dos sistemas de referência, é imprescindível entender um
pouco sobre geodésia, ou seja, sobre a ciência do levantamento e da representação da superfície
e formas da Terra.

2.2.1 Forma da terra

Figura 20: Superfícies ►


da Terra com suas
irregularidades de
relevo, isso mostra o
geoide.
Fonte: Disponível em
<http://professoralexei-
nowatzki.webnode.com.
br/astronomia/formas-da-
-terra> acesso em 13 jul.
2013.

Estudar a forma do Planeta Terra torna-se interessante a partir do momento em que pode-
mos considerar algumas possibilidades. Podemos entender a Terra com sua forma verdadeira
(geoide), ou seja, como uma esfera achatada nos polos com saliências na superfície, pois há, na
crosta terrestre, uma irregularidade no relevo. Como sabemos, a Terra apresenta cadeias elevadas
de montanhas como os Andes na América Latina, o Himalaia na Ásia, entre outras. A Terra tam-
bém apresenta depressões como as fossas das marianas. Portanto, a superfície do planeta tem
Glossário grande diferença na sua superfície como pode ser visto na figura 20.
Geoide: é a “figura Mas essa forma verdadeira da Terra, que foi denominada de Geoide, não permite fazer cálcu-
matemática da Terra”. los, pois a irregularidade não a torna uma figura passível de aplicação de fórmulas matemáticas.
É a superfície equipo- Diante desse impasse, foi necessário pensar em uma maneira de encontrar uma forma da Terra
tencial (superfície de que pudesse ser usada em cálculos matemáticos.
potencial gravitacional
constante) e que, em A busca por métodos para calcular a forma esférica da Terra surge com as ideias de Ptolo-
média, coincide com meu, na Grécia Antiga, mas, no período medieval, essa proposta retroagiu em função das impo-
o valor médio do nível sições da Igreja Católica que pregava a ideia que a Terra era plana. Essa intervenção maléfica da
médio das águas do Igreja retardou o desenvolvimento da ciência geodésica que só foi avançar no século XV.
mar. É o sólido formado O avanço da geodésia, nesse período, ocorreu movido pelo interesse em descobrir novos
pela superfície do nível
médio do mar, hipote- territórios, mas, para isso, era preciso desvendar a forma da Terra para facilitar a navegação.
ticamente prolongado Newton, no século XVII, aplicou as leis da Física e comprovou o achatamento dos polos, explican-
para o interior dos do que isso ocorria em função do movimento de rotação. Para ele, um corpo em movimento age
continentes. sobre si, impulsionando uma força centrífuga que “joga” a massa para fora, o que provoca um
achatamento nos polos.
Mas o geoide não era a forma da Terra que interessava aos geodesistas. Os cálculos necessá-
rios para a representação da Terra, a partir da forma do geoide, seriam complexos. Era necessário,
então, estabelecer uma superfície de referência geometricamente definida. Assim, convencio-
nou-se o elipsoide de revolução, como superfície de referência para a localização geográfica.
Rosa comenta sobre a definição do elipsoide de revolução como figura geométrica para de-
finir a forma matemática da Terra.

32
Geografia - Cartografia

É preciso então buscar um modelo mais simples para representar o nosso pla-
neta. Para contornar o problema lançou-se mão de uma figura geométrica
chamada elipse que, ao girar em torno do seu eixo menor, forma um volume,
o elipsoide de revolução. Assim, o elipsoide é a superfície de referência utili-
zada em todos os cálculos básicos que fornecem subsídios para a elaboração
de uma representação cartográfica. Essa é então a superfície matemática que
mais se aproxima da superfície real da Terra (ROSA, 2004, p. 21).

Portanto, o elipsoide de revolução é o sólido gerado pela rotação de uma elipse em torno
do eixo dos polos. Essa superfície é considerada como a mais próxima da forma real da Terra e foi
proposta como superfície de referência. A figura 21 demonstra uma comparação entre as formas
da Terra.

◄ Figura 21: Comparação


entre as formas da
Terra.
Fonte: ROSA, (2004, p. 21).

Dessa forma, percebemos que, a partir da definição de Ptolomeu sobre a esfericidade da Terra,
os estudos sobre a forma matemática do globo terrestre avançaram. Com esses estudos, constatou-
se que a forma da Terra é esférica, porém irregular. Verificou-se também que, mesmo o geoide, que
é um modelo baseado na média do nível dos oceanos, não era uma forma matematicamente defi-
nida. Esse problema só foi resolvido com a adoção do elipsoide como referência (figura 22).
O elipsoide de referência aproxima-se do geoide, a verdadeira figura da Terra ou de qual-
quer outro corpo planetário. Devido à sua relativa simplicidade, os elipsoides de referência são
usados como uma superfície preferida, a partir dos quais são efetuados os cálculos da rede geo-
désica e são definidas as coordenadas de pontos, tais como latitude, longitude e elevação.
Com novas pesquisas ao longo do tempo, concluiu-se que poderia ser adotada, como su-
perfície de referência, o elipsoide local ou DA-
TUM, isto é, aquele cujos parâmetros reprodu-
zissem a superfície de referência mais próxima ◄ Figura 22: Evolução dos
da superfície terrestre, na região considerada. estudos para definir as
Isso significada que há um sistema de referên- formas matemáticas da
cia que leva em consideração as características Terra.
do relevo de uma determinada área do pla- Fonte: ROSA, (2004, p. 22).
neta. Como exemplo, podemos citar o South
American Datum - SAD 69, que é o sistema de
referência da América do Sul, pois leva em con-
sideração as características hipsométricas (alti- Glossário
tude) dessa região. Datum: É um conjun-
No Brasil, foi adotado o elipsoide de to de pontos e seus
respectivos valores
Hayford, cujas dimensões foram consideradas
de coordenadas, que
as mais convenientes para a América do Sul. definem as condições
Atualmente, no entanto, utiliza-se, com mais iniciais para o estabele-
frequência, o elipsoide da União Astronômica Internacional, homologado em 1969, pela Associa- cimento de um sistema
ção Internacional de Geodésia, que passou a se chamar elipsoide de Referência - SAD-69. geodésico. Com base
nessas condições
Sobre a adoção do Datum oficial do Brasil, Rosa afirma que:
iniciais, um sistema ge-
odésico é estabelecido
O Decreto Presidencial Nº 89.317, de 20 de junho de 1984 que estabelece as Ins- através dos levanta-
truções Reguladoras das Normas Técnicas da Cartografia Nacional especifica, mentos geodésicos.
o Datum “South American Datum - 1969”, SAD-69, como datum oficial (local) a Um sistema geodésico
ser utilizado em toda e qualquer representação cartográfica do Território Na- é um conjunto de
cional .Esse datum utiliza o elipsoide UGGI -67, cujos parâmetros são: estações geodésicas
• ponto no terreno (ponto de contato): Vértice de Chuá (MG). (marcos) e suas coorde-
• A altura geoidal: h=0. nadas.
• elipsoide de referência: Elipsoide Internacional de Referência de 1967.
• As coordenadas do ponto: Latitude 45’ 41,6527” S e Longitude 48º 06’
04,0639” W (ROSA, 2004, p. 24).

33
UAB/Unimontes - 2º Período

Dessa forma, podemos afirmar que a forma da Terra, para fins de cálculos matemáticos
(geodésicos), é o elipsoide, pois apresenta menor irregularidade e, por isso, torna os cálculos
mais fáceis.
Com essa conclusão sobre a forma matematicamente definida da Terra, os cartógrafos en-
contraram outro obstáculo, a saber: como criar referências de localização para todo o planeta?
Daí surgiu a coordenada de localização espacial.

2.2.2 Coordenadas geográficas

Com a definição da superfície de referên-


Figura 23: Meridianos ► cia, foi possível avançar na criação de novos
Fonte: DUARTE, (2002, sistemas cartográficos. Nesse sentido, foi defi-
p. 48). nido um dos elementos básicos da cartografia,
o sistema de referência, utilizando um sistema
de coordenadas sobre a Terra, de maneira que
cada ponto de sua superfície possa ser refe-
Para saber mais
rido ou localizado a esse sistema. No caso da
Ele tem esse nome, cartografia, cada ponto pode ser referido do
porque é o meridiano ponto de vista locacional a um par de eixos,
que passa sobre um ob-
servatório astronômico que são os meridianos e paralelos, a esse con-
(figura 24) da localida- junto denominamos rede geográfica.
de de Greenwich, na
periferia de Londres, • Meridianos
na Inglaterra. Vamos Os meridianos, de acordo com Duarte,
refletir: o Meridiano
de Greenwich passa são as linhas dispostas no sentido norte-sul
pelo Observatório (vertical), ou seja, são semicircunferências de
Real, onde possui uma círculos máximos, cujas extremidades são os
marcação física no polos geográficos da Terra. O plano de cada meridiano contém o eixo da Terra, e todos eles têm
solo (figura 24). Por um como ponto comum os polos verdadeiros. (Duarte, 2002, p. 48),
acordo internacional
em 1884, o meridiano é Qualquer meridiano divide a Terra em dois hemisférios: leste e oeste, mas, baseando-nos
adotado como referên- em convenção internacional, consideramos o primeiro meridiano o semicírculo imaginário que
cia para as longitudes passa pelo observatório britânico de Greenwich, nas proximidades de Londres. O meridiano tam-
e fusos horários, sendo bém é utilizado para dar início à contagem dos fusos horários e, também, para definir a longitu-
o “primeiro meridiano”. de (figura 23).
Fonte: http://www.
reino-unido.net/gre- A longitude é definida como a distância,
enwich.htm. Acesso em em graus, de qualquer ponto da superfície
fev. 2013. terrestre até o Meridiano de Greenwich. Veja,
na figura 25, que, a leste de Greenwich, os me-
ridianos são medidos por valores crescentes
até + 180°. A oeste, suas medidas são decres-
centes até o limite mínimo de - 180°.
Duarte (2002, p. 49) escreve sobre os me-
ridianos e os divide em:
Meridiano Superior – Refere-se à linha
▲ norte-sul da rede geográfica que passa pelo
Figura 24: Observatório local, sobre o qual fazemos referência. É aque-
de Greenwich, a leste le que contém o Zênite de um lugar. É, na ver-
de Londres. dade, a linha que chamamos.
Fonte: Disponível Meridiano Inferior – É o meridiano que
em <http://images. se encontra diametralmente oposto ao meri-
google.com.br/ ▲
imgres?imgurl=http:// diano superior, é aquele que contém o nadir, e
Figura 25: meridianos mostrando a Longitude.
portalsaofrancisco.com. o chamamos de antimeridiano. Este fica sem-
br/alfa/meridiano-de- Fonte: FERREIRA (1994. p. 11).
pre no hemisfério contrário ao do meridiano
-greenwich/imagens/>
Acesso em fev. 2013. superior.

34
Geografia - Cartografia

A figura 26 ilustra a posição relativa dos


pontos Zênite e Nadir.

• Paralelos
Rosa (2004, p. 32) define os paralelos ◄ Figura 26: Ilustração
como sendo “círculos da esfera cujo plano é da posição relativa do
perpendicular ao eixo dos polos. O Equador é Zénite e do Nadir.
o paralelo que divide a Terra em dois hemis- Fonte: Disponível em
<http://saber.sapo.mz/
férios. O de 0º corresponde ao Equador, o de wiki/Z%C3%A9nite>.
90º, ao polo norte e o de – 90º refere-se ao Acesso em fev. 2013.
polo sul”.
Já Duarte (2002, p. 50) entende que os
paralelos são circunferências que têm seus
planos, em toda sua extensão, a igual distância
do plano do Equador, sendo sempre perpendi-
cular ao eixo da Terra.
Duarte (2002, p. 51) chama a atenção
para o fato de alguns paralelos apresentarem
nomes especiais, sendo definidos a partir de
situações estratégicas relacionadas com o
movimento de rotação da Terra (que define a ◄ Figura 27: Paralelos que
posição do eixo) e o movimento de revolução possuem nomenclatura
(que demarca o plano da eclíptica). própria.
Com base na figura 27, percebemos que, Fonte: ROSA, (2004, p. 33).
diferentemente dos meridianos (com exceção
de Greenwich, que apresenta nome) alguns
paralelos possuem nomes. São eles: Trópico de
Câncer, Trópico de Capricórnio, Círculo Polar
Ártico e Círculo Polar Antártico. O Equador é
GLoSSáRio
o paralelo que divide a Terra em dois hemisfé-
rios (norte e sul), considerado como o paralelo Zênite: é o ponto da
esfera celeste na verti-
de origem (0°). Partindo do Equador em dire- cal da nossa cabeça.
ção aos polos, há vários planos paralelos ao nadir: é o ponto da
Equador, cujos tamanhos diminuem gradati- esfera terrestre direta-
vamente, até se tornarem um ponto nos polos mente abaixo do ob-
norte (+90°) e sul (-90°). servados e diretamente
oposto ao zênite.
A figura 28 mostra que as linhas imaginá-
rias posicionadas paralelamente ao Equador
determinam a latitude que é definida como a
distância em graus de qualquer ponto da su-
◄ Figura 28: Linha
perfície terrestre até a linha do Equador. Ainda imaginária do Equador.
com base na figura 28, observe que a distân- Fonte: Disponível em
cia, em graus, será de 0° na linha do Equador <http://sempreaaprender.
até 90° para o norte ou 90° para o sul. Quando com/7ano/lat_long2.gi>
Acesso em fev. 2013.
a posição estiver acima da linha do Equador,
será latitude norte; se estiver abaixo da linha
do Equador, será latitude sul.

• Rede Geográfica diCA


Como podemos ver, o elipsoide, que é a Para entender melhor
forma matemática da Terra, é cortado por li- sobre os paralelos e
nhas imaginárias tanto na vertical (medianos), meridianos, é inte-
ressante fazer uso do
quanto na horizontal (paralelos). Esse conjun-
globo terrestre, pois
to de linhas é denominado de rede geográfica. A rede geográfica permite determinar a localiza- esse recurso mostra, de
ção de qualquer ponta da superfície terrestre, tendo como base a latitude e a longitude. forma muito próxima, a
Ao explicar os paralelos, vimos que, através deles, podemos definir a latitude e, a partir dos realidade e a disposição
meridianos, definimos a longitude. Por isso, quando temos o conjunto de paralelos e meridia- das linhas imaginárias.
nos, podemos definir as coordenadas geográficas, ou seja, a latitude e a longitude de um ponto,
como podem ser vistas na figura 29.

35
UAB/Unimontes - 2º Período

Portanto, temos de entender que para determinar a posição ou


a localização de um ponto situado na superfície da Terra, utilizamos,
como referência, linhas imaginárias denominadas de paralelos e
meridianos. Essas linhas, na realidade, não existem na superfície da
Terra, elas são imaginárias e estão presentes nos mapas apenas para
orientar seus usuários.

2.2.2.1 Localização absoluta

Com essas informações sobre as coordenadas geográficas, é


possivel encontrar a posição de qualquer local. Para isso, temos de
saber a longitude e a latitude, além do hemisfério. As coordendas
são dadas em Graus, Minutos e Segundos. Quando está no hemisfe-
rio sul, usamos o sinal de subtração (-) para indicar esse hemisfério;
no hemisfério norte, não precisamos usar nenhum sinal. Podemos
optar também por usar a Letra S para sul e N para o norte.
▲ Para indicar que se trata do hemisfério oeste ou leste, usamos
Figura 29: O ponto as letras W e E. Dessa maneira, o W (west) indica que o ponto está no oeste, e o E (este) indica que
“P” tem as seguintes o ponto está a leste.
coordenadas: 50 graus Dessa forma, para indicarmos a localização absoluta de uma área, no município de Montes
de latitude norte e 110 Claros, por exemplo, dizemos que este está localizado entre as coordenadas geográficas 16º 04’
graus de longitude
57” S e 17º 08’ 41” S de Latitude sul e entre as Longitudes 43º 41’ 56” W e 44º 13’ 1” W oeste de Gre-
leste.
Fonte: DUARTE, (2002,
enwich.
p. 57). A figura 30 mostra a localização do referido município no estado de Minas Gerais. Obser-
ve que as coordenadas estão indicadas na borda do mapa e estão representadas em graus (os
minutos e os segundos não aparecem, devido à questão da estética, pois os números ficariam
pouco visíveis).

Para saber mais


Para localizar, com
maior precisão, um
ponto na superfície
terrestre, além das
coordenadas geográ-
ficas, podemos utilizar
outra informação, a
altitude, que é altura ou
a dimensão vertical de
um ponto qualquer da
superfície terrestre em
relação ao nível do mar.
Altitude é diferente de
altura, que é a dimen-
são vertical de um
corpo da base até seu
ponto extremo.

Figura 30: Município ►


de Montes Claros
localizado por
coordenadas.
Fonte: LEITE; PEREIRA,
(2008, p. 30).

O sinal de subtração (-) é colocado em frente aos números para indicar o meridiano (oeste) e
o hemisfério (sul).

36
Geografia - Cartografia

Há outro tipo de coordenada que é, normalmente, usada para referência de área menor,
como, por exemplo, para informarmos a posição de um bairro da cidade de Montes Claros. Para
um maior detalhamento da localização, seria necessário usar outro tipo de sistema de coordena-
das, denominadas de coordenadas planas ou Universal Transversa de Mercator – UTM.

2.2.3 Coordenadas UTM

De acordo com o IBGE (2009), o sistema


de coordenadas UTM é baseado na projeção
cartográfica Universal Transversa de Mercator ◄ Figura 31: Cilindro na
(UTM). Na verdade, essa projeção modifica-se posição transversa.
da projeção de Mercator por usar um cilindro Fonte: ANDERSON, (1982,
secante numa posição transversa, como pode- p. 41).
mos ver na figura 31.
Conforme referido por Anderson (1982, p.
48), o sistema transverso de Mercator foi calcu-
lado por Lambert, sob a denominação de projeção de Gauss. Em 1950, os estudos sobre esse sis-
tema avançaram e, assim, os americanos adaptaram esse modelo para abranger quase todas as
longitudes, baseado na projeção cilíndrica transversa conforme. Com isso, esse sistema foi adota-
do pela União Geofísica Internacional em 1951. Observe a figura 32, a seguir:

◄ Figura 32: Sistema


Universal Transversa de
Mercator.
Fonte: Disponível em
<http://www.professores.
uff.br/cristiane/Estudodi-
rigido/Cartografia.htm>
acesso em 13 jul. 2013

O sistema UTM é composto por 60 fusos de 6º de


longitude. A numeração inicia no antimeridiano de Gre-
enwich e segue de oeste para leste até o encontro com
o ponto de origem. A latitude está entre 80º sul e 84º
norte. O meridiano central estabelece o início do siste-
ma dentro de cada fuso ou zona, como podemos obser- ◄ Figura 33:
representação do Fuso
var na figura 33. 23 no sistema UTM
O sistema UTM possui uma estrutura interessante, Fonte: Disponível em
pois os valores das coordenadas são comuns para todos <http://www.professores.
os fusos, ou seja, o que muda é o fuso apenas. Dessa uff.br/cristiane/Estudodi-
rigido/Cartografia.htm>
forma, ao mencionar uma localização com coordenadas acesso em 13 jul. 2013.
UTM, é obrigatório colocar o fuso, pois os valores pode-
rão ser confundidos com as coordenadas de outros 59
fusos.
Explicando a configuração métrica de uma repre-
sentação em coordenada geográfica, Anderson (1982,
p. 48) coloca que os fusos UTM são divididos em qua-
drículas, e estas possuem um limite de 500 km a oeste
do meridiano central. As medidas são positivas e são
feitas na direção leste a partir da linha zero.
O referido autor chama a atenção para o fato de
que a linha zero nunca aparece em uma carta. Assim,
os lugares mapeados limitam-se a uma faixa de 340
km do meridiano central, como está ilustrado na figu-
ra 34 abaixo.

37
UAB/Unimontes - 2º Período

Anderson (1982, p. 48) frisa, em sua fala, um ponto importante,


pois cada uma das sessenta faixas do sistema UTM tem sua própria “li-
nha zero”. As abcissas (numerações a leste da linha zero) estão anota-
das nas margens horizontais das cartas. Os números pequenos, que
ficam no alto à esquerda, significam as centenas de quilômetros de
separação entre aquele ponto e a linha zero, que está no extremo oes-
te. Eles geralmente não são usados quando se está referindo somente
às coordenadas contidas em uma carta.
No site do IBGE, encontramos a informação de que cada fuso,
na linha do Equador, apresenta aproximadamente 670 km de exten-
são leste-oeste, já que a circunferência da Terra é próxima a 40.000
km. Logo, temos de analisar que o meridiano central possui valor de
500.000 m. Assim, os limites leste e oeste de cada fuso correspondem,
na linha do Equador, respectivamente, a valores próximos a 160.000
m e 830.000 m (IBGE, 2005).
O Brasil, dentro do sistema UTM, apresenta 8 fusos. Inicia-se no
fuso 18, que abrange o extremo oeste do estado do Acre e do Amazo-
nas, e finaliza no fuso 25, que cobre o extremo leste, como podemos
ver na figura 35.


Figura 34: Um fuso de Figura 35: Fusos UTM ►
UTM exagerado dez que atravessam o
vezes em largura para território brasileiro.
mostrar a relação entre Fonte: Disponível em
UTM e coordenadas <http://www.professores.
geográficas. uff.br/cristiane/Estudodi-
Fonte: ANDERSON, (1982, rigido/Cartografia/Figu-
p. 48). ra%2019.JPG> Acesso em
mar. 2013.

Vimos até aqui que o sistema UTM é um sistema de coordenadas em metros, a partir de um
fuso de referência. Apesar de não ser tão complicado, esse sistema é pouco usado, pois, como
é adotado nas grandes escalas, é pouco difundido, uma vez que os materiais cartográficos com
grande detalhamento não são populares. Mas, no meio técnico, esse sistema é amplamente usa-
do. Por isso, como profissionais da Geografia, é necessário termos uma noção clara do funcio-
namento desse sistema de coordenada, e isso inclui sabermos determinar a localização de uma
coordenada.
Então, vamos seguir para essa etapa prática.

2.2.3.1 Determinação de coordenadas sobre o mapa

Apesar de termos à nossa disposição a tecnologia do GPS que fornece a coordenada do


ponto em que o aparelho está localizado, ainda é muito usual encontrar a coordenada a partir de
um mapa. Essa forma de identificação da coordenada é feita usando um simples cálculo. Porém,
é válido salientar que quanto menor for a escala, mais reduções sofrerá o espaço real para ser re-
presentado em um mapa, portanto, menor será a precisão dos valores encontrados.

38
Geografia - Cartografia

Para encontrarmos as coordenadas de um ponto na carta topográfica, é necessário, primei-


ramente, marcar o ponto que queremos identificar nas coordenadas. Depois, ver os valores próxi-
mos de longitude e de latitude, no caso da coordenada geográfica, e o valor em metro da grade,
nas coordenadas UTM.
Com essas informações iniciais na carta topográfica, partimos para etapa de medição, ou
seja, nesse momento, com o uso de uma régua métrica, com centímetros, tiramos a distância en-
tre o ponto escolhido e a linha que mostra a longitude, depois medimos a distância entre o pon-
to escolhido e a linha da latitude.
Como esses valores encontrados na régua estão em centímetros e milímetros, é necessário
transformá-los usando uma regra de três simples. Assim, os valores métricos são transformados
em graus, minutos e segundos, no caso da coordenada geográfica, e, na coordenada UTM, são
transformados em metros.
Para mostrar um exemplo prático de como calcular as coordenadas, vamos usar o exemplo
que está disponivel no site do IBGE. O uso desse exemplo justifica-se pela escassez e dificuldade
de referência que traz essa metodologia de forma ilustrada, como é o caso aqui apresentado.
Portanto, apresentamos, assim como consta no referido site, a metodologia de como encon-
trar uma coordenada em uma carta topográfica na escala de 1:1.250.000. O ponto a ser encontra-
do é Latitude = 22º 50’ 42” S e Longitude = 53º 47’ 34” W.

1º) Marcação de latitude:

Verificar: - Intervalo entre os paralelos: 15’ = 900”


150 mm --------- 900”
Distância gráfica entre eles
150 mm --------- 1mm x
x = 6”

Ou seja, a cada 1 mm correspondem 6”

- Latitude indicada na carta: 22º 45’


- Latitude do ponto a ser encontrado: 22º 50’ 42”

1 mm ------ 6”
Para a latitude desejada faltam: 5’ 42” = 342”
x ------- 342”
Logo, x = 42,222 mm = 57 mm

Com esse resultado encontrado, 57 mm, temos de posicionar a régua e marcar dois pontos afas-
tados um do outro, ligando-os a seguir e traçando uma reta horizontal, ou marcamos um único ponto
e, com um esquadro, traçarmos uma reta horizontal equidistante ao paralelo. (IBGE, 2013)

2º) Marcação da longitude:

Verificar: - Intervalo entre os paralelos: 15’ = 900”

150 mm --------- 900”


Distância gráfica entre eles
150 mm --------- 1mm x
x = 6”

Ou seja, a cada 1 mm correspondem 6”

- Longitude indicada na carta: 53º 45’


- Longitude da Faz.: 53º 47’ 34”

Para a Para a longitude desejada faltam: 1 mm ----- 6”


2’ 34” = 154” x --------- 154”

Logo, x = 25,6 mm

39
UAB/Unimontes - 2º Período

Agora, para a longitude, temos de posicionar a régua e marcar o valor de 25,6mm em dois
pontos diferentes, ligando-os e traçando, assim, uma reta vertical, ou marcamos um único ponto
e, com um esquadro, traçarmos uma reta vertical paralela ao meridiano.
O ponto desejado encontra-se no cruzamento entre as duas retas traçadas, determinado pe-
las coordenadas dadas do ponto que procurávamos, como é mostrado na figura 36.
Para encontrar as coordenadas geográficas de um ponto qualquer em uma carta, o proces-
so é o mesmo. Ao contrário de acharmos a medida em milímetros para marcamos na carta, me-
diremos a distância da referência (linhas da
grade ou paralelos e meridianos) até o ponto
desejado e calcularemos, em graus, minutos e
segundos, obtendo, assim, as coordenadas de-
sejadas.

2.3 Escala
cartográfica
A escala cartográfica é um dos elementos
básicos do mapa, pois permite ao leitor ter a
ideia de quantas vezes a área real é maior do que
a representação que consta no mapa. Por isso,
quando eleboramos um mapa ou uma carta te-
mos de informar, com a máxima prescisão possí-
vel, a escala.
Na definição de Duarte (2002, p. 113),
percebemos a importância da escala, pois ele
afirma que: “todo mapa é uma representação
esquemática e reduzida da superficie terres-
tre.” Dessa forma, para fazer-se um mapea-
mento é imprescidível estabelecer uma escala,
ou seja, definir quantas vezes aquela área que
será mapeada será reduzida. É óbvio a neces-
sidade da escala, pois se não for reduzida uma
área, como mapeá-la? O mapa teria o mesmo
tamanho da área real. Nesse caso, Anderson
informa que:
▲ Se um desenho fosse tão grande a ponto de sua escala ser de 1 por 1, seria
Figura 36: Marcação mais adequado chamá-lo de “planta” ou apenas, um desenho. Por exemplo,
de coordenadas desenhistas de peças mecânicas, muitas vezes, fazem desenhos da dimensão
geográficas. normal do objeto ou maior (ampliado). Contudo, esses desenhos não são ma-
Fonte: Disponível em pas (ANDERSON, 1982, p. 52).
<http://www.ibge.gov.br/
home/geociencias/carto- A escala mostra a redução conforme a proporção entre o desenho e a superfície real. (DUAR-
grafia/manual_nocoes/
imagens/5-1.gif> acesso TE, 2002, p. 113). Essa proporção ou escala aparece no mapa de duas formas, numérica ou gráfi-
em 12 jul. 2013. ca, como podemos ver nos exemplos abaixo.
Numérica - 1:100.000 ------ Gráfica

Esses tipos de escalas apresentam vantagens uma em relação à outra. A escala numérica
oferece, de forma rápida, o valor da redução, mas, em caso de reprodução, em que haverá re-
dução ou ampliação do mapa, a escala numérica sofrerá deformação, pois a área do mapa foi
reduzida ou ampliada enquanto a escala continuou com o mesmo valor. Assim, a escala gráfica é
indicada para os casos de reprodução, pois a área continua proporcional à escala.
Outro cuidado que temos de ter ao trabalhar com escala é a maneira de mencionar o tama-
nho dela. A escala grande refere-se àquelas em que há grande riqueza de detalhes e, para isso,
a redução da área real tem de ser pequena, pois se reduzir uma grande área, como do território

40
Geografia - Cartografia

brasileiro e representá-la num papel A4, teremos poucas informações sobre o território brasileiro.
Logo, essa escala será pequena, pois haverá pouco detalhamento.
Todavia, quando representamos uma área menor como um bairro em uma mapa (em folha
A4), teremos maior detalhes, como ruas, lotes e até informações mais precisas como lojas, por
exemplo. Devido a essa escala, podemos ter um material mais próximo do que está naquele es-
paço e teremos uma escala grande.
O tamanho da escala é dado pela variação do denominador, quanto maior o denominador,
menor é a escala, pois, como o denominador é o tamanho real da área, se tivermos um número
grande como denominador, teremos uma área muito grande para representar, em um espaço
muito pequeno. Dessa forma, a representação da área é feita com pouquíssimos detalhes.

Então, com essas informações, temos de lembrar que quanto maior


o denominador menor é a escala:

Denominador grande = Escala pequena (menos detalhes)


Denominador pequeno = Escala grande (mais detalhes)

Comparando os mapas A e B, observamos que há maior riqueza de


detalhes no mapa B e sua escala é duas vezes maior do que no mapa A.
Observe então, conforme mostra a figura 37, que quanto menor for
o denominador da escala, maior ele será, e mais detalhes ela nos dará.
Sobre a escala numérica, Anderson escreve:

É importante lembrar que a escala numérica não tem unidade desde que qual-
quer que sejam as unidades elas se anulam numa fração. Este tipo de escala é Figura 37: Mapas em
a mais precisa para uso no cálculo de distâncias exatas. Portanto esse é o tipo diferentes escalas
mais utilizado nas ciências, especialmente na cartografia, geodésia, topografia, Fonte: Disponível em
geografia e em qualquer estudo detalhado de uma área terrestre (ANDERSON, <http://www.professores.
1982, p. 52). uff.br/cristiane/Estudodiri-
gido/Cartografia/figura10.
jpg> acesso em mar. 2013.

2.3.1 A escala numérica, como calcular?

A própria definição de escala nos permite estabelecer uma fórmula para calcular a escala,
pois, para Rosa (2004), a escala é a relação de proporção (E) entre uma distância medida no mapa
(M) e uma distância medida no terreno (T). Diante dessa definição, se temos duas dessas três va-
riáveis, podemos encontrar a terceira.

E=T/M
T=ExM
M=T/E

Assim, o E representa o denominador da escala, enquanto o M representa a distância no


mapa, e o T equivale à distância no terreno. Outra forma de trabalhar com o cálculo de escala é
usar a forma geométrica do triângulo e dividi-lo em três partes, da seguinte forma:

◄ Figura 38: Forma


geométrica do
triângulo
Fonte: IBGE, 2009.

Com essa tática, basta tampar a variável que queremos encontrar e, a partir daí, teremos a
forma para obter o valor desejado. Seguem os casos para calcularmos a escala:

41
UAB/Unimontes - 2º Período

Figura 39: Cálculo da ►


forma geométrica
Fonte: IBGE, 2009.

Calcular a medida no Terreno:

Figura 40: Cálculo da ►


medida do terreno
Fonte: IBGE, 2009.

Calcular a medida no Mapa

Figura 41: Cálculo da ►


medida no mapa
Fonte: IBGE, 2009

Outro ponto importante lembrado por Anderson (1982, p. 52) trata-se da conversão de uni-
dade de medida, pois, ao lermos que uma escala de “2 cm equivale a 500 m”, não devemos tradu-
zir como 2cm:500m. O correto é escrevê-la 1:25.000 ou 1/25.000 (pois, 500m = 50.000 cm, por-
tanto, a relação é 2/50.000 que simplificada resulta em (2/50.000) / 2 = 1/25.000).

2.3.2 Escala gráfica

Para Rosa, escala gráfica:

é a que representa as distâncias no terreno sobre uma linha graduada. Nor-


malmente, uma das porções da escala está dividida em décimos, para que se
possam medir as distâncias com maior precisão. É mais indicada para se visu-
alizar a escala e para medir distâncias. Podemos tomar qualquer comprimento
no mapa e lê-lo na escala gráfica em quilômetros, metros, etc. Necessitando-
-se medir ao longo de uma estrada curva, usa-se um compasso ou instrumento
chamado curvímetro. (ROSA, 2004, p. 29).

Anderson (1982, p. 52) também afirma que esse tipo de escala é constituído por um seg-
mento de reta graduado, a partir de uma marca zero que ainda indica o valor das distâncias ter-
restres correspondentes às medidas no mapa. Essa graduação normalmente aparece em partes
iguais, podendo ainda ter o primeiro intervalo subdividido em valores menores que os dos inter-
valos normais. (ver exemplo abaixo).

A cada 1cm no mapa corresponde a 100km na superfície real

42
Geografia - Cartografia

Essa representação gráfica é constituída de um segmento à direita da referência zero, co-


nhecida como escala primária. Consiste também de um segmento à esquerda da origem, deno-
minada de Talão ou escala de fracionamento, que é dividido em submúltiplos da unidade esco-
lhida, graduada da direita para à esquerda. (ANDERSON, 1982, p. 52)
Veja a figura 42 que mostra os tipos de escalas gráficas. Nessa figura, podemos observar que
a escala começa pequena (1:25000) e aumenta (1:250000).

◄ Figura 42: Escalas


gráficas.
Fonte: Disponível em
<http://n.i.uol.com.br/lica-
odecasa/ensfundamental/
geografia/escala.jpg>
acesso em mar. 2013.

O quadro 04 mostra os valores mais encontrados nas escalas dos mapas. Essa tabela facilita
a conversão das unidades de medida.

Quadro 4 - Escalas comuns e seus equivalentes


Escala do mapa 1 cm representa 1 km é representado por

1:10.000 100 m 10 cm
1:50.000 500 m 2 cm
1:100.000 1.000 m (1 km) 1 cm
1:500.000 5 km 2 mm
1:1.000.000 10 km 1 mm
Fonte: ROSA, (2004, p. 29).

Como nos lembra Anderson, a lista de alguns pontos de grande relevância tem de ser lem-
brada quando trabalhamos com escala. Seguem esses pontos, como escreve o autor supracitado.

1) Quanto maior o denominador de uma escala numa fração representativa,


menor ela é. A escala de 1:50.000, por exemplo, é somente um quinto da escala
de 1:10.000.
2) Quanto menor o denominador, maior é a escala. A escala de 1:2.000 é cinco
vezes maior que a de 1:10.000.
3) Se um mapa numa escala, por exemplo, de 1:50.000 for ampliado para uma
escala de 1:10.000, passará a ser cinco mais extenso e cinco vezes mais largo. O
novo mapa terá vinte e cinco vezes o tamanho da folha requerida para o mapa
originalmente numa escala menor.
4) Quanto maior for a escala do mapa, menor será a porção da superfície da
Terra que pode ser representada numa folha de tamanho conveniente, porém
maior o número de detalhes (número de características, etc.) podem ser apre-
sentados.
5) Quanto menor a escala, maior a porção da superfície terrestre que pode ser
representada numa folha do tamanho conveniente, porém, será menor o nú-
mero de detalhes que poderão ser apresentados (ANDERSON, 1982, p. 56).

43
UAB/Unimontes - 2º Período

2.4 Fusos horários


A criação de um sistema global de fuso horário surgiu da necessidade de maior integração
entre os vários países do nosso planeta. A comunicação e o transporte entre os países depen-
diam muito da questão do horário local, ou seja, teria de haver conhecimento sobre as horas em
cada parte do planeta.
Nesse sentido, houve estudos para propor
um sistema que apresentasse horários definidos
com base na localização. Logicamente, isso respei-
tava a dinâmica de movimento da Terra em torno
do seu próprio eixo, o movimento de rotação.
Essa proposta foi oficializada, em 1884, na
cidade de Washington d.C. quando 25 países
estabeleceram uma divisão do planeta Terra
em 24 fusos, sendo esse número adotado com
relação ao movimento de rotação, que gasta
quase 24 horas para ser realizado.
Foi adotado como fuso referencial para a
determinação das horas o meridiano de Gre-
enwich, que é delimitado pelos meridianos
7º30’ leste e 7º30’ oeste. Por isso, dizemos que
a hora mais correta é a hora de Londres, onde
fica Greenwich. Inclusive foi instalado um reló-
gio gigante nessa cidade, o Big Bang.
▲ Como qualquer circunferência tem 360º, foi
Figura 43: Divisão do dividida a circunferência terrestre por 24, que é
mundo em fusos. o número de fusos, daí temos então 15º, que é a
Fonte: Disponível em medida de cada fuso horário. O limite de um fuso
<http://pcdsh01.on.br/ é feito por dois meridianos e, assim, toda a área,
fusoshor.htm> acesso em
mar. 2013.
dentro desse limite de dois fusos, tem a mesma
hora. A figura 43, demonstra o que foi dito quanto
à divisão do mundo em fusos.
Com essa definição da quantidade de fusos e
o valor em graus para cada fuso, 15º, foi necessá-
rio buscar um ponto para a mudança de data, ou
seja, a partir de um determinado ponto, teríamos
um novo dia ou uma nova data. Nesse contexto,
e seguindo a lógica pela localização, foi definida
como linha internacional de mudança de data a
Figura 44: Linha ► linha que acompanha, mas não coincide rigorosa-
Internacional de Datas.
mente, com o meridiano de 180º, que é oposto ao
Fonte: Disponível em
<http://topazio1950.blogs. meridiano de Greenwich.
sapo.pt/266203.html> Depois dessa convenção, temos a situação
acesso em mar. 2013. de quando se chega à Linha Internacional de
Data (figura 44), mudamos a data ou o calendá-
rio, e não o relógio, portanto, quem a atravessa
de leste para oeste (Sibéria para o Alasca, por
exemplo), volta de “hoje para ontem” e quem
atravessa de oeste para leste (Alasca para Sibé-
ria) adianta um dia, mas sem mexer nas horas.
Essa situação é interessante, pois, sempre na
virada de um ano para outro, a Nova Zelândia, as
Ilhas Fiji e a ilha de Tonga, no continente da Oce-
ania, são as primeiras a comemorar o Ano Novo.
Isso pelo fato de estarem muito próximo da linha
internacional de data, pelo lado oeste. Com isso,
os últimos serão as áreas que estão próximas à li-
nha internacional de data pelo lado leste.

44
Geografia - Cartografia

2.4.1 Como calcular os fusos?


Para saber mais
A Terra está dividida
Não podemos esquecer que cada fuso horário corresponde a uma faixa de 15º, na qual são em 360 meridianos,
numerados desde o fuso zero, seguido de mais 12 fusos para o leste (+) e 12 para oeste (-). um a cada grau. Tendo,
Assim, se em Nova Iorque (EUA), que está no fuso 90º w são 10h, qual é a hora em Montes portanto, 180 para leste
Claros que está no fuso 45ºw? e 180 para oeste.
A resposta é simples, basta diminuir os fusos das cidades e dividir o resultado dessa subtra- Cada fuso horário
corresponde a 15º de
ção por 15, pois esse é o valor de cada hora. longitude, ou seja, de
15º em 15º temos uma
90º-45º= 45º/ 15 = 3 horas nova hora.
10+3= 13 horas em Montes Claros O fuso de referên-
cia (0º) passa sobre
Greenwich e, dessa
• Outro exemplo referência, é retirada a
hora mundial, devendo
A diferença de horário entre a cidade de Belo Horizonte, localizada no fuso 45º w (-3 horas) e a diminuir uma hora a
cidade de Madri, localizada no fuso 15º E (+1 hora), pode ser calculada usando a seguinte fórmula: cada fuso para quem
está a oeste e acres-
centar uma hora para
(fuso de Belo Horizonte) - (Fuso de Madri) quem está a leste. Leia
= (-3 horas) - (1 hora) = - 4 horas. mais sobre o Meridia-
no de Greenwich na
Portanto, o horário de Belo Horizonte são quatro horas a menos (mais cedo) em relação ao Revista Super Interes-
horário de Madri. Por isso, se em Madri forem 10 horas da manhã, em Belo Horizonte serão 6 ho- sante. Disponível em:
http://www.superin-
ras da manhã. teressante.pt/index.
Vamos agora pensar na seguinte situação: você vai viajar para Madri e quer saber a que ho- php? option=com_
ras chegará à capital espanhola. content&view=
Você tem algumas informações: article&id=51:o-
• O voo sai de BH às 6h da manhã. -meridiano-de-
-greenwich&catid=
• O tempo de viagem é de 10 horas. 33:cacadores -de-estre-
• A diferença do fuso são 4 horas, mas como você está indo para o leste, as horas aumentam, las& Itemid=124.
ou seja, são mais 4 horas.
Figura 45: Fusos
Assim temos o seguinte raciocínio: horários do Brasil.
• 10 (tempo de viagem) + 4 (diferença do fuso) = 14 horas + 6 ( (hora de saída) = a hora de Fonte: Disponível em
chegada à Madri será 20 horas, claro, caso não aconteça nenhum atraso. <http://rogeografo.files.
wordpress.com/2008/05/
fuso-horario-do-brasil-
-novo.jpg> acesso em mar.
2.4.2 Fuso horário do Brasil 2013.

A Lei N° 11.662, de 24/04/2008, modificou a quanti-


dade de fusos horários no Brasil e, como é uma lei recente,
é comum aparecerem informações com os fusos antigos
do Brasil. Esse fator aumenta a necessidade de divulgação
dessa informação e, isso, você, como iniciante da Geogra-
fia, poderá fazer em seu ciclo de convivência.
A figura 45 mostra a nova configuração dos fusos
sobre o território brasileiro, de acordo com a nova legis-
lação.
O território brasileiro está localizado a oeste do me-
ridiano de Greenwich (fuso zero), abrangendo o fuso (-2),
fuso (-3) e fuso (-4). Isso quer dizer que, em virtude da sua
grande extensão territorial, o Brasil tem 3 fusos horários.
O primeiro fuso (-2 horas GMT) está sobre as ilhas
oceânicas do Atlântico, e os outros 2 fusos (-3 e -4 horas
em relação a GMT) estão sobre o território brasileiro. O
horário de Brasília (horário oficial brasileiro) está no fuso
menos -3 horas, em relação ao GMT. Portanto, todo ho-
rário sob o território brasileiro é atrasado em relação à
hora GMT.

45
UAB/Unimontes - 2º Período

O estado de Minas Gerais apresenta a mesma hora de Brasília, ou seja, a hora oficial. Isso se
deve ao fato de estar no mesmo fuso da capital federal.
A grande mudança com esse novo fuso horário brasileiro trata do fim do fuso (-5) que
abrangia o estado do Acre e parte do estado do Amazonas, além da integração de todo o estado
do Pará em um único fuso. Essa medida legal foi tomada com a justificativa de que essa nova
configuração de fuso horário, no território brasileiro, provoca maior integração nacional.

Referências
ANDERSON, Paul S. Princípios de cartografia básica. Tradução Noeli Vettori Anderson e Paulo
Frederico Hald Madsen. Illinois State University, Springfield, 1982.

DUARTE, Paulo Araújo. Cartografia básica. Florianópolis: UFSC, 2002.

LEITE, Marcos Esdras; PEREIRA, Anete Marília. Metamorfoses do espaço intra-urbano de Mon-
tes Claros. Montes Claros: Editora da Unimontes, 2008.

ROSA, Roberto. Cartografia. Uberlândia: UFU, 2004.

46
Geografia - Cartografia

Unidade 3
Projeções cartográficas, mapas e
cartas
Yara Maria Soares Costa da Silveira

3.1 Introdução
Depois de estudarmos a origem dos mapas, as técnicas de orientação, os sistemas de re-
ferências, a escala e os fusos horários, chegamos a outro tema básico da cartografia, a projeção
geográfica, o que nos permitirá compreender como os mapas são elaborados e quais as formas
de representar a terra em um plano, buscando minimizar as distorções.
Compreender as projeções não é complicado, pelo contrário, é prazeroso entender que de-
pendendo da finalidade e da área a ser mapeada, podemos utilizar um tipo específico de proje-
DICA
ção que nos trará resultados satisfatórios.
Além das projeções, esta unidade aborda também os tipos de mapas e carta. Veremos que, Antes de iniciar os seus
estudos da Unidade III,
apesar desses termos serem próximos, costumamos diferenciá-los de acordo com a escala. Os assista e reflita sobre as
mapas e as cartas são classificados pelo tipo de informação contida, e isso está relacionado com informações do Vídeo
a escala, como vimos na unidade anterior. Mapas e Projeções Car-
Apesar de ser uma unidade que envolve poucos tópicos, veremos que há uma grande quan- tográficas. Disponível
tidade de informações nesta unidade e, para aperfeiçoar o processo de leitura e a consequente em: http://www.geo-
grafia.seed.pr.gov.br/
aprendizagem, apresentamos a seguinte estrutura: modules/video/showVi-
• Projeção cartográfica deo.php?video=10358.
• Tipos mais comuns de projeções cartográficas Acesso em mar. 2013.
• Cartas e mapas Reflita: De agora em
• Conceitos e características diante, quando algum
mapa lhe for apresen-
• Classificação de cartas e mapas tado para suas análises,
• Séries cartográficas reflita antes sobre
• Carta internacional ao milionésimo os porquês das suas
formas e localizações.
Observe se ele não está

3.2 Projeção cartográfica


alterando a sua noção
do mundo.

É importante compreendermos que os sistemas de projeções cartográficas foram de-


senvolvidos para dar uma solução ao problema da transferência de uma imagem da superfí-
cie curva da esfera terrestre para um plano da carta, o que sempre acarreta deformações.
Dessa forma, não poderemos esquecer que a representação de uma superfície curva, no
caso a Terra, sobre um plano, gera distorções, já que não é possível representar uma super-
fície esférica em uma superfície plana sem causar “extensões” ou “contrações” da superfície
original. Assim, todo mapa apresenta uma deformação ou a combinação de mais de uma
dos seguintes tipos de deformação:
• Linear.
• Angular.
• Superficial.

Essa possibilidade de representação da Terra torna a projeção cartográfica um instrumen-


to importante. O tipo de projeção cartográfica utilizada na confecção do mapa é que determina
as deformações presentes no mapa. Assim, a projeção escolhida deve possuir propriedades que
atendam aos objetivos da sua utilização. Por isso, os tipos de propriedades geométricas que carac-
terizam as projeções cartográficas, em suas relações entre a esfera (Terra) e um plano (mapa), são:

47
UAB/Unimontes - 2º Período
Propriedades Geométricas das Projeções

a. Conformes – os ângulos são mantidos idên-


ticos (na esfera e no plano) e as áreas são de-
formadas.
b. Equivalentes – quando as áreas apresentam-
-se idênticas e os ângulos deformados.
c. Afiláticas – quando as áreas e os ângulos
apresentam-se deformados.

Uma ou duas dessas propriedades po-


dem estar contidas em um mapa, caso a Terra
▲ seja envolvida por uma superfície desenvolví-
Figura 46: Ilustração da vel, que funciona como uma superfície intermediária que auxilia na projeção dos elementos
projeção cônica. da área a ser mapeada no plano. A seleção da superfície sobre a qual se projeta depende da
Fonte: Disponível em finalidade do mapa e da situação geográfica da área a ser mapeada.
<http://egsc.usgs.gov/isb/ Outro ponto importante nas projeções é a superfície a ser projetada. É a partir dessa su-
pubs/MapProjections/gra-
phics/conic2.gif> acesso
perfície que podemos classificar as projeções como:
em 14 jul. 2013
Projeção cônica – nesse tipo, os meri-
dianos e paralelos geográficos são projetados
em um cone tangente, ou secante, à superfí-
cie de referência, desenvolvendo, a seguir, o
cone num plano (observe a figura 46). Essa
projeção é utilizada para representar partes
da superfície terrestre, como o trecho de um
continente, boa para representar regiões de
latitudes médias. O problema é que apresenta
deformações na base e no vértice do cone, ou
seja, nas zonas mais próximas ao Equador.

Projeção cilíndrica – trata-se da proje-


ção dos meridianos e paralelos geográficos
▲ num cilindro tangente, ou secante, à superfície de referência, desenvolvendo, a seguir, o cilin-
Figura 47: Ilustração da dro num plano. Essa projeção é, sem dúvida, a mais utilizada. Pode ser usada para represen-
projeção cilíndrica. tar planisférios, conservando as proporções das superfícies próximas da Linha do Equador. Ela
Fonte: Disponível em apresenta o inconveniente de deformar as superfícies nas altas latitudes. Observe a figura 47.
<http://egsc.usgs.gov/isb/
pubs/MapProjections/gra-
phics/miller.gif> acesso Projeção plana ou azimutal – é uma projeção construída com base num plano tangente
em 14 jul. 2013. ou secante a um ponto na superfície de referência (observe a Figura 48). A projeção azimutal
é usada, em geral, para representar as regiões polares e suas proximidades e para localizar um
país na posição central, tornando possível o cálculo de sua distância em relação a qualquer
ponto da superfície terrestre. Note a figura 48
abaixo.
Independentemente do tipo de projeção,
haverá deformações, mas essas deformações
podem ser minimizadas quando se usa o tipo
certo de projeção para uma área específica. Por
isso, é importante conhecer os tipos clássicos
de projeções, mas já podemos adiantar que o
tipo mais usado é a projeção de Mercator.

Figura 48: Ilustração
da projeção Azimutal 3.2.1 Tipos mais comuns de projeções cartográficas
Equidistante
Fonte: Disponível em
<http://egsc.usgs.gov/ a. Projeção de Mercator
isb/pubs/MapProjections/ Essa projeção foi apresentada em 1569, por Gerardus Mercator (nascido Gerhard Kremer). É
graphics/azimuthal.gif>
acesso em 14 jul. 2013.
um tipo de projeção cilíndrica, dirigida originalmente ao uso da navegação marítima. Essa é, sem
dúvida, a projeção mais utilizada. O problema é que as áreas são deformadas progressivamente,
a partir do Equador. A figura 49 mostra que a área da Groenlândia, por exemplo, é representada
como sendo igual a da África, sendo que, na verdade, é treze vezes menor. O exagero é extrema-

48
Geografia - Cartografia

mente visível quando da observação das áreas


polares. ◄ Figura 49: Ilustração da
Pelo problema de formação de áreas, cau- projeção de Mercator.
sado pela projeção do globo e sua larga utiliza- Fonte: Disponível em
<http://erg.usgs.gov/isb/
ção, um grupo de organizações aprovou uma pubs/MapProjections/gra-
recomendação da não utilização de projeções phics/mercator.gif> acesso
cilíndricas. em 14 jul. 2013.

b. Projeção de Peters
É caracterizada por ser uma representação
mais fiel à área, em detrimento da forma. É no-
tável, na figura 50, a diminuição do tamanho da ◄ Figura 50: Mapa-múndi
Europa, por exemplo, e o destaque dado à Amé- com a projeção de
rica Latina e à África, tendo sido batizado pelo Peters.
próprio Arno Peters como “mapa para um mundo Fonte: Disponível em
<http://www.curso-
mais solidário.” Mesmo sendo mais correta para -objetivo.br/vestibular/
noções de tamanho dos continentes e oceanos, é roteiro_estudos/projeco-
uma projeção pouco difundida. es_cartograficas.aspx>
acesso em 13 jul. 2013.

c. Projeção Ortográfica
A Terra aparece como em uma fotografia
tirada do espaço, como nota-se na figura 51. É ◄ Figura 51: Projeções
ortográficas centradas
uma projeção em perspectiva, e as áreas e for- no pólo norte (Polar),
mas ficam deformadas por ela. A escala dimi- América do Norte
nui gradativamente enquanto se distancia do (Oblíqua) e Américas
ponto central da projeção. (Equatorial).
Fonte: Disponível em
<http://egsc.usgs.gov/isb/
d. Projeção Cônica pubs/MapProjections/gra-
Nesse tipo de projeção, os meridianos irra- phics/orthographic.gif>
diam-se em linhas retas de um mesmo ponto. acesso em 14 jul. 2013.
Podem ser realizadas com cones tangentes ou
secantes. É utilizada para projeção de regiões ◄ Figura 52: Mapa-múndi
do globo. com a projeção de
Mollweide.
e. Projeção de Mollweide Fonte: Disponível em
<http://www.curso-
Criada para corrigir as distorções causadas -objetivo.br/vestibular/
pela projeção de Mercator. A Terra é represen- roteiro_estudos/projeco-
tada dentro de uma elipse, na qual os parale- es_cartograficas.aspx>
acesso em 13 jul. 2013.
los são linhas retas, e os meridianos são curvos
(exceto o central). A distorção aumenta quanto
mais se aproxima das extremidades do mapa ◄ Figura 53: Mapa-múndi
(figura 52). com a projeção de
Goode.
f. Projeção de Goode (modifica a de Mo- Fonte: Disponível em
<http://www.curso-
olweide) -objetivo.br/vestibular/
Como faz menção à forma da Terra e des- roteiro_estudos/projeco-
privilegia áreas do oceano, a projeção Goode es_cartograficas.aspx>
acesso em 13 jul. 2013.
faz mais sentido quando utilizada na projeção
do planisfério (note a figura 53).
◄ Figura 54: Mapa-
g. Projeção Dymaxion (ou de Fuller) múndi com a projeção
Essa projeção consiste em projetar a su- Dymaxion.
perfície terrestre em um icosaedro (ver figura Fonte: Disponível em
<http://www.grunch.net/
54) e o planificar. Essa projeção, ao contrário da synergetics/map/dymax.
maioria das outras, foi concebida apenas para a html> acesso em 13 jul.
projeção do globo terrestre. 2013.
A projeção Dymaxion possui vantagens sobre as projeções de Mercator (menor distorção
de áreas) e de Peters (menor distorção da forma). A projeção reforça a ideia da não adoção de
convenções como norte-sul ou leste-oeste, pois não existe uma orientação padrão para posicio-
namento.

49
UAB/Unimontes - 2º Período

h. Projeção de Robinson
Essa projeção foi concebida para tentar corrigir as distorções da projeção cilíndrica de Mer-
cator. É baseada nas coordenadas e não em padrões matemáticos, como acontece em outros
modelos. É considerada como uma das melhores projeções para representação do globo terres-
tre. Distorce todas as características, mas tenta equilibrar as distorções de forma a representar a
todas de forma aceitável (observe a figura 55).
Com essa breve visão dos tipos mais usados das projeções, percebemos que, dependendo
da finalidade e da área de estudo, é necessário usar um tipo específico de projeção, pois, assim,
as distorções serão minimizadas no momento de criar um mapa ou uma carta. E por falar em car-
ta e mapas, quais são as diferenças existentes entre elas?

Figura 55: Mapa-múndi ►


com a projeção de
Robinson.
Fonte: Disponível em
<http://www.mundo-
dosmapas.com/projeco-
es#!__projecoes> Acesso
em 13 jul. 2013

3.3 Cartas e mapas


Para iniciarmos essa discussão, é válido esclarecer que a Sociedade Internacional de
Cartografia considera esses termos como sinônimos. Mas, no Brasil, há certa tendência em
usar o termo mapa quando o mesmo se trata de um documento mais simples. Por outro
lado, o documento mais complexo e detalhado tende à denominação de Carta.
Dessa forma, nós, geógrafos brasileiros, convencionamos tratar os mapas como produ-
tos cartográficos que têm pequena escala, como o mapa-múndi, por exemplo, em que não
podem aparecer muitos detalhes. As cartas têm grande escala, portanto representam áre-
as menores, mas com grandes detalhes. Então, com base nessa ideia, podemos apresentar
uma série de características desses produtos.

3.3.1 Conceitos e características

MAPA (Características):
• representação plana;
• geralmente em escala pequena;
• área delimitada por acidentes naturais (bacias, planaltos, chapadas etc.), político-administra-
tivos;
• destinação a fins temáticos, culturais ou ilustrativos.
O mapa representado pela figura 56 trata de um mapa político do Brasil. Esse mapa é deno-
minado político, por mostrar a divisão por unidade da federação. O fato da escala ser pequena
não nos permite obter informações detalhadas sobre esse território.

50
Geografia - Cartografia

◄ Figura 56: Mapa político


do Brasil.
Fonte: Disponível em
<http://atlasescolar.ibge.
gov.br/images/atlas/ma-
pas_brasil/brasil_politico.
pdf> Acesso em:10 jul.
2013.

CARTA (Características):
• representação plana;
• escala média ou grande;
• desdobramento em folhas articuladas de maneira sistemática;
• limites das folhas constituídos por linhas convencionais, destinada à avaliação precisa de di-
reções, de distâncias e de localização de pontos, áreas e detalhes.
• Analisando a figura 57, que mostra uma carta topográfica, você percebe que a carta diferen-
cia-se visivelmente do mapa, pois, como a escala dela é grande, há uma maior riqueza de
detalhes. Além disso, as curvas de nível (na disciplina cartografia temática do próximo mó-
dulo, vocês aprenderão a construir uma representação em curva de nível) são encontradas
nas cartas para representar a altitude do relevo (hipsometria).

◄ Figura 57: Pedaço de


uma carta topográfica
(ITCG) na Serra do
Marumbi
Fonte: Disponível em
<http://professoralexei-
nowatzki.webnode.com.
br/sobre-mim/cartografia/
cartas-topograficas/>
acesso em 13 jul. 2013.

51
UAB/Unimontes - 2º Período

PLANTA
A planta é um caso particular de carta. A representação restringe-se a uma área muito limi-
tada e escala muito grande. Consequentemente, o número de detalhes é bem maior.
A planta é uma “Carta que representa uma área de extensão suficientemente restrita para
que a sua curvatura não precise ser levada em consideração, e que, em consequência, a escala
possa ser considerada constante.”
Dependendo da escala das cartas e dos mapas, além de suas finalidades, eles são classifica-
dos. Por isso, fique atento ao uso correto da classificação dos mapas e da carta, pois o uso correto
dos termos é importante na cartografia.

3.3.2 Classificação de cartas e mapas

Quanto à natureza da representação, as cartas e os mapas classificam-se em:

a) GERAL CADASTRAL - Até 1:25.000


b) TEMÁTICA TOPOGRÁFICA - De 1:25.000 até 1:250.000
c) ESPECIAL GEOGRÁFICA - 1:1:000.000 e menores (1:2.500.000, 1:5.000.000 até 1:30.000.000)

Observe o quadro 5, elaborado por Rosa (2000), pois, além da subdivisão dos tipos de ma-
pas, ela mostra os objetivos de cada tipo e os respectivos exemplos.

Quadro 5 - Tipos de mapas

Divisão Subdivisão Objetivo Básico Exemplos


Conhecimento da super- Plantas de cidades; cartas de
• Cadastral fície topográfica em seus mapeamento sistemático; mapas
Geral • Topográfico fatos concretos; os aciden- de países; continentes; mapas-
• Geográfico tes geográficos naturais e -múndi.
as obras do homem.

Expressar determinados Mapa geológico; pedológico;


• Estatística conhecimentos particula- precipitação; população; econô-
Temático
• Síntese res para uso geral. mico.

• Aeronáutico Servir exclusivamente a Cartas aeronáuticas de voo, de


• Náutico um determinado fim; a aproximação de aeroportos.
• Meteorológico uma técnica ou ciência. navegação marítima; mapas do
Especial tempo; previsão; mapa da qua-
• Turismo
• Geotécnica lidade do subsolo para constru-
ção; proteção de encostas.
• Astronomia
Fonte: ROSA, (2000, p. 23). (com adaptações)

a) Geral

São documentos cartográficos elaborados sem um fim específico. A finalidade é fornecer ao


usuário uma base cartográfica com possibilidades de aplicações generalizadas, de acordo com a
precisão geométrica e tolerâncias permitidas pela escala.
Apresentam os acidentes naturais e artificiais e servem, também, de base para os demais
tipos de cartas.

• Cadastral
Representação em escala grande, geralmente planimétrica e com maior nível de detalha-
mento, apresentando grande precisão geométrica. Normalmente é utilizada para representar
bairros, cidades e regiões metropolitanas, nas quais a densidade de edificações e arruamento é
grande.

52
Geografia - Cartografia

As escalas mais usuais na representação cadastral são normalmente: 1:1.000, 1:2.000,


1:5.000, 1:10.000 e 1:15.000. O Mapa de Localidade é considerado um mapa cadastral, pois uti-
liza a Base Territorial dos Censos para identificar o conjunto de plantas em escala cadastral, que
compõe o mapeamento de uma localidade (região metropolitana, cidade ou vila).

• Topográfica
Carta elaborada a partir de levantamentos aerofotogramétrico e geodésico original ou com-
pilada de outras cartas topográficas em escalas maiores. Inclui os acidentes naturais e artificiais,
em que os elementos planimétricos (sistema viário, obras etc.) e altimétricos (relevo através de
curvas de nível, pontos colados etc.) são geometricamente bem representados. As aplicações das
cartas topográficas variam de acordo com sua escala:
a. 1:25.000 - Representa cartograficamente áreas específicas, com forte densidade demográ-
fica, fornecendo elementos para o planejamento socioeconômico e bases para antepro-
jetos de engenharia. Esse mapeamento, pelas características da escala, está dirigido para
as áreas das regiões metropolitanas e outras que se definem pelo atendimento a projetos
específicos. Cobertura Nacional: 1,01%.
b. 1:50.000 - Retrata cartograficamente zonas densamente povoadas, sendo adequada
ao planejamento socioeconômico e à formulação de anteprojetos de engenharia. A sua
abrangência é nacional, tendo sido cobertos, até agora, 13,9% do território nacional, con-
centrando-se, principalmente, nas regiões sudeste e sul do país.
c. 1:100.000 - Objetiva representar as áreas com notável ocupação, priorizadas para os inves-
timentos governamentais, em todos os níveis de governo - Federal, Estadual e Municipal.
A sua abrangência é nacional, tendo sido cobertos, até o momento, 75,39% do território
nacional.
d. 1:250.000 - Subsidia o planejamento regional, além da elaboração de estudos e de proje-
tos que envolvam ou modifiquem o meio ambiente. A sua abrangência é nacional, tendo
sido cobertos, até o momento, 80,72% do território nacional.
Mapa Municipal: Entre os principais produtos cartográficos produzidos pelo IBGE, encontra-
-se o mapa municipal, que é a representação cartográfica da área de um município, contendo os
limites estabelecidos pela Divisão Político-Administrativa, acidentes naturais e artificiais, toponí-
mia, rede de coordenadas geográficas, UTM etc.
Essa representação é elaborada em bases cartográficas mais recentes e em documentos
cartográficos auxiliares, na escala das referidas bases. O mapeamento dos municípios brasileiros
ocorre para fins de planejamento e gestão territorial, em especial, para dar suporte às atividades
de coleta e disseminação de pesquisas do IBGE.

• Geográfica
Carta em que os detalhes planimétricos e altimétricos são generalizados, os quais oferecem
uma precisão de acordo com a escala de publicação. A representação planimétrica é feita atra-
vés de símbolos que ampliam muito os objetos correspondentes, alguns dos quais, muitas vezes,
têm de ser bastante deslocados.
A representação altimétrica é feita através de curvas de nível, cuja equidistância apenas
dá uma ideia geral do relevo e, em geral, são empregadas cores hipsométricas. São elaboradas
na escala 1:500.000 e menores, como, por exemplo, a Carta Internacional do Mundo ao Milio-
nésimo (CIM).
Mapeamento das Unidades Territoriais: representa, a partir do mapeamento topográfico,
o espaço territorial brasileiro através de mapas elaborados, especificamente, para cada unidade
territorial do país.
Produtos gerados:
• Mapas do Brasil (escalas 1:2.500.000,1:5.000.000,1:10.000.000 etc.).
• Mapas Regionais (escalas geográficas diversas).
• Mapas Estaduais (escalas geográficas e topográficas diversas).

b) Temática

São as cartas, mapas ou plantas em qualquer escala, destinadas a um tema específico, ne-
cessário às pesquisas socioeconômicas, de recursos naturais e de estudos ambientais. A repre-
sentação temática, distintamente da geral, exprime conhecimentos particulares para uso geral.
Com base no mapeamento topográfico ou de unidades territoriais, o mapa temático é ela-
borado, em especial, pelos Departamentos da Diretoria de Geociências do IBGE, que associa ele-

53
UAB/Unimontes - 2º Período

mentos relacionados às estruturas territoriais, à geografia, à estatística, aos recursos naturais e


aos estudos ambientais. Principais produtos:
• Cartogramas temáticos das áreas social, econômica, territorial etc.
• Cartas do levantamento de recursos naturais (volumes RADAM).
• Mapas da série Brasil 1:5.000.000 (Escolar, Geomorfológico, Vegetação, Unidades de Relevo,
Unidades de Conservação Federais).
• Atlas nacional, regional e estadual.

c) Especial

São as cartas, mapas ou plantas para grandes grupos de usuários muito distintos entre si e,
cada um deles, concebido para atender a uma determinada faixa técnica ou científica. São do-
cumentos muito específicos e, sumamente, técnicos que se destinam à representação de fatos,
dados ou fenômenos típicos, tendo assim que se cingir rigidamente aos métodos e aos objetivos
do assunto ou da atividade a que está ligado.
Por exemplo: Cartas náuticas, aeronáuticas, para fins militares, mapa magnético, astronômi-
co, meteorológico e outros.

a. Náuticas:
Representa as profundidades, a natureza do fundo do mar, as curvas batimétricas, bancos
de areia, recifes, faróis, boias, as marés e as correntes de um determinado mar ou áreas terrestres
e marítimas.
São elaboradas de forma sistemática pela Diretoria de Hidrografia e Navegação-DHN, do Mi-
nistério da Marinha. O Sistema Internacional exige que a navegação marítima, seja de carga, seja
de passageiros, mantenha atualizado o mapeamento do litoral e hidrovias.

b. Aeronáuticas:
Representação particularizada dos aspectos cartográficos do terreno, ou parte dele, destina-
da a apresentar, além de aspectos culturais e hidrográficos, informações suplementares necessá-
rias à navegação aérea, pilotagem ou ao planejamento de operações aéreas.

c. Para fins militares:


Em geral, são elaboradas na escala 1:25.000, representando os acidentes naturais do terreno,
indispensáveis ao uso das forças armadas. Podem representar uma área litorânea, características
topográficas e náuticas, a fim de que ofereça a máxima utilidade em operações militares, sobre-
tudo no que se refere às operações anfíbias (na terra e na água).

3.3.3 Séries cartográficas

Uma série cartográfica significa a sistematização de um conjunto de mapas, a fim de definir


a padronização de sua representação. Tal sistematização faz-se necessária quando a escala ado-
tada não é capaz de abranger toda a região a ser mapeada, seja um Estado, seja um país, ou
mesmo o mundo inteiro, quando então a área será coberta por diversas folhas.
Do dicionário cartográfico temos: “Série (cartográfica). Conjunto de folhas de formato uni-
forme e na mesma escala, com título e índice de referência, cobrindo uma região, um Estado, um
País, um continente ou o globo terrestre. Em geral, usa-se, abreviadamente, série.”

3.3.3.1 Carta Internacional ao Milionésimo

Uma das séries mais utilizadas pelos geógrafos é a da Carta Internacional do Mundo (CIM)
ou Carta do Mundo ao Milionésimo, da qual se derivou a Carta do Brasil ao Milionésimo. Esta
faz parte de um plano mundial que teve origem numa convenção internacional, realizada em
Londres, Inglaterra, no mês de novembro de 1909, quando foram estabelecidos padrões técnicos
para a confecção de folhas na escala de 1:1.000.000 (daí a expressão milionésimo), cobrindo boa
parte da superfície terrestre. As dimensões das folhas foram fixadas em 6 graus de longitude por
4 graus de latitude.

54
Geografia - Cartografia

Quanto à denominação e localização das folhas, foi estabelecido um código combinando


letras e números:
• N ou S para indicar norte e sul;
• Letras A ou V para indicar os limites de latitude;
• Números de 1 a 60 para indicar os fusos que partem do antimeridiano de Greenwich na di-
reção oeste-leste.

A projeção cartográfica escolhida inicialmente foi a policônica, com a modificação do traça-


do dos meridianos para retas a fim de que a junção das folhas adjacentes pudesse ser facilitada.
Apesar de tudo, ainda foram encontrados problemas para essa junção. Hoje em dia, está sendo
usada a projeção cônica, conforme exposto por Lambert, a qual é matematicamente mais sim-
ples e está de acordo com a recomendação da Conferência das Nações Unidas sobre a CIM, em
agosto de 1962. A projeção de Lambert é usada até as latitudes de 84 graus norte e 80 graus sul.
As folhas das regiões polares utilizam a projeção Estereográfica Polar.

• Especificações para carta internacional ao milionésimo

As especificações estabelecidas para a Carta Internacional ao Milionésimo tiveram algumas


finalidades gerais, tais como:
1. Fornecer uma carta de uso geral, de modo a permitir estudos preliminares relativos a in-
vestimentos e planejamentos de várias ordens;
2. Satisfazer as necessidades de especialistas ligados a vários campos do conhecimento hu-
mano;
3. Permitir o desencadeamento de outras séries a partir da CIM;
4. Fornecer uma base através da qual possam ser elaborados mapas temáticos de várias or-
dens, tais como recursos naturais, população, solo, geologia etc.

Em abril de 1956, a Organização das Nações Unidas (ONU), através do Conselho Econômico
e Social, juntamente com a Organização Internacional de Aviação Civil (ICAO), promoveu uma
reunião dos Estados membros para discutir a importância da CIM em seus vários aspectos, espe-
cialmente para o desenvolvimento econômico das nações.
Em 1958, foi feita outra reunião, em Tóquio-Japão, tendo sido discutidas questões idênticas,
durante a qual também foi reconhecida a necessidade de investimentos, no sentido de manter
as cartas atualizadas, bem como um intercâmbio de informações.
Atualmente, o órgão responsável pelas edições das folhas da Carta do Brasil ao Milionésimo
é a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE –, através da Diretoria de Ge-
ociências do Departamento de Cartografia, que as reedita a cada decênio, obedecendo às nor-
mas do acordo da CIM, assinado em Bonn (Alemanha), em 22 de agosto de 1962, na Conferência
Técnica das Nações Unidas. Tais folhas são em número de quarenta e seis, sendo cinco delas no
hemisfério norte. Cada folha pode ser identificada pelo nome ou por uma indicação formada por
letras e números.

• Padronização da CIM

A Carta Internacional do Mundo ao Milionésimo (figura 58) estabeleceu o seguinte para


confecção padronizada das folhas:
1. Formato das folhas com 6 graus de longitude por 4 graus de latitude;
2. Código para denominação e localização das folhas formado por um conjunto de letras e
números. As letras são N e S para indicar a localização da folha, respectivamente, no he-
misfério norte ou sul. Em seguida, aparecem as letras maiúsculas de A até V para indicar
a faixa de quadrículas por latitude. A letra A, por exemplo, indica a primeira faixa, ou seja,
aquela que fica após o Equador, entre 0 e 4 graus de latitude, seja para norte ou para sul.
A letra B indica a segunda faixa, que vai de 4 a 8 graus de latitude e assim por diante.
Quanto aos números, que vão de 1 a 60, indicam as zonas de longitude de 6 graus que
partem do meridiano de 180 graus (antimeridiano de Greenwich) na direção oeste-leste;
3. Cada país autor da folha escolhe um nome para identificá-la, o qual é, geralmente, o de
um acidente geográfico que for considerado relevante dentro da quadrícula;
4. Os paralelos e meridianos são traçados de grau em grau;
5. A moldura interna deverá conter uma subdivisão com equidistância de 5 minutos, envol-
vendo cada folha;

55
UAB/Unimontes - 2º Período

6. A contar do ângulo noroeste para leste, são inseridos números romanos de 1 a 12, dentro
de um círculo, com espaçamento de 30 minutos. Na direção da latitude, são inseridas le-
tras de “a” a “h”. No índice dos Topônimos da Carta do Brasil ao Milionésimo, os acidentes
geográficos são indicados segundo as coordenadas formadas por essas letras e números.

Figura 58: 46 folhas da ►


CIM na área do Brasil.
Fonte: Disponível em
http://www.geominas.
mg.gov.br/kit_desktop/
kit2/imagens/mapas/
series/br_cimgif> (com
adaptações) acesso em 13
jul. 2013.

Exemplo: se o índice de topônimos fornece, em relação à Atajona (povoado e farol no muni-


cípio de Rio de Janeiro), as coordenadas d e II, torna-se fácil encontrarmos o referido povoado e o
farol, uma vez que “d” corresponde ao eixo das abscissas e “II”, ao eixo das ordenadas.

• Desdobramento das folhas

O mapeamento sistemático consiste no desdobramento da carta ao milionésimo, ou seja, a


carta é subdividida em escalas maiores que também são oficiais e obedecem a uma regulamen-
tação.
A carta ao milionésimo é dividida em outras quatro folhas que agora ficam com 2º de la-
titude e 3º de longitude e recebem as letras maiúsculas V, X, Y e Z para sua identificação. Essas
cartas apresentam uma escala de 1:500.000. Uma dessas quatro folhas resultantes, dividindo-se
em outras quatro de 1º de latitude e 1º e 30’ de longitude, obtém uma escala de 1:250.000 com a
identificação sendo feita pelas letras maiúsculas A, B, C e D.
A próxima escala do mapeamento sistemático é 1:100.000, que é obtida pela divisão da car-
ta na escala 1:250.000 em seis folhas, sendo elas denominadas I, II, III, IV, V e VI, em algarismos ro-
manos. Os dois últimos desdobramentos se dão pela divisão das escalas antecedentes, em qua-
tro partes nas quais são encontradas as escalas 1:50.000 (denominadas 1, 2, 3 e 4), com intervalos
de 15’ de latitude e de longitude e, 1:25.000 (denominadas NO, NE, SO e SE) com intervalos de 7’
e 30” de latitude e longitude.

56
Geografia - Cartografia

Referências
FUNDAÇÃO IBGE. Noções básicas de cartografia. Disponível em http://www.ibge.gov.br/home/
geociencias/cartografia. Acesso em 05 jul. 2012.

ROSA, Roberto. Cartografia. Uberlândia: UFU, 2000.

57
Geografia - Cartografia

Resumo
UNIDADE I

Todos os cartógrafos conhecem e aplicam as bases de cartografia, porém, às vezes, devido


ao entusiasmo por suas especializações, eles se esquecem de destacar que essas bases estão re-
lacionadas à grandeza global e a todos os componentes da ciência cartográfica. Elas são as se-
guintes:
• A cartografia é, ao mesmo tempo, arte e ciência;
• A história da cartografia mostra suas bases culturais, científicas e sua importância econômica;
• A comunicação é um dos grandes objetivos da cartografia; outra finalidade é a análise espa-
cial cartográfica;
• Todos os mapas têm distorções; contudo, geralmente elas são controladas, conhecidas e
aceitáveis, desde que os usuários as entendam;
• Existem três atributos imprescindíveis de qualquer carta ou mapa:

a. um é a projeção, que permite a representação em papel plano das coordenadas geográfi-


cas e de outras características da Terra esférica;
b. outro atributo é a escala, que determina obrigatoriamente a generalização da realidade;
c. o terceiro atributo inevitável é a simbolização, frequentemente associada à classificação
para simplificar o processo de comunicação através de símbolos.

UNIDADE II

Estudar a forma do Planeta Terra torna-se interessante a partir do momento em que pode-
mos considerar algumas possibilidades. Podemos entender a Terra com sua forma verdadeira
(geoide), ou seja:
• Como uma esfera achatada nos polos com saliências na superfície, pois há, na crosta terres-
tre, uma irregularidade no relevo.
• A Terra apresenta cadeias elevadas de montanhas como os Andes na América Latina, o Hi-
malaia na Ásia, entre outras.

A busca por métodos para calcular a forma esférica da Terra surge com as ideias de Ptolo-
meu, na Grécia Antiga, mas, no período medieval, essa proposta retroagiu em função das imposi-
ções da Igreja Católica que pregava a ideia que a Terra era plana.
• A partir da definição de Ptolomeu sobre a esfericidade da Terra, os estudos sobre a forma
matemática do globo terrestre avançou.
• Com esses estudos, constatou-se que a forma da Terra é esférica, porém irregular.
• Verificou-se também que, mesmo o geoide, que é um modelo baseado na média do nível
dos oceanos, não era uma forma matematicamente definida, esse problema só foi resolvido
com adoção do elipsoide como referência.

Para fins de cálculos matemáticos (geodésicos), podemos afirmar que a forma da Terra é
elipsoide, pois apresenta menor irregularidade e, por isso, torna os cálculos mais fáceis. Com a
definição da superfície de referência, foi possível avançar na criação de novos sistemas cartográ-
ficos. Nesse sentido, foi definido um dos elementos básicos da cartografia, o sistema de referên-
cia, utilizando um sistema de coordenadas sobre a Terra, de maneira que cada ponto de sua su-
perfície possa ser referido ou localizado a esse sistema. Desse modo, conhecer os Meridianos, os
Paralelos, as Redes Geográficas, Localização Absoluta, Coordenadas UTM, Fusos Horários, tornará
sua compreensão sobre o espaço no planeta Terra mais fácil. Mãos a obra e se dedique a esse
estudo.

UNIDADE III

É importante compreendermos que os sistemas de projeções cartográficas foram desenvol-


vidos para dar uma solução ao problema da transferência de uma imagem da superfície curva da
esfera terrestre para um plano da carta, o que sempre acarretará deformações.
59
UAB/Unimontes - 2º Período

Assim, todo mapa apresenta uma deformação ou a combinação de mais de uma dos se-
guintes tipos de deformação:
• Linear
• Angular
• Superficial

Por isso, os tipos de propriedades geométricas que caracterizam as projeções cartográficas,


em suas relações entre a esfera (Terra) e um plano (mapa), são:
a. Conformes – os ângulos são mantidos idênticos (na esfera e no plano) e as áreas são de-
formadas.
b. Equivalentes – quando as áreas apresentam-se idênticas e os ângulos deformados.
c. Afiláticas – quando as áreas e os ângulos apresentam-se deformados.

AS projeções são classificadas como:


Projeção cônica; Projeção cilíndrica; Projeção plana ou azimutal.
Tipos mais comuns de Projeções Cartográficas
• Projeção de Mercator
• Projeção de Peters
• Projeção Ortográfica
• Projeção Cônica
• Projeção de Mollweide
• Projeção de Goode (modifica a de Moolweide)
• Projeção Dymaxion (ou de Fuller)
• Projeção de Robinson

Nós, geógrafos brasileiros, convencionamos tratar os mapas como produtos cartográficos


que têm pequena escala, como o mapa-múndi, por exemplo, no qual não podem aparecer mui-
tos detalhes. As cartas têm grande escala, portanto representam áreas menores, mas com gran-
des detalhes. Então, com base nessa ideia, podemos apresentar uma série de características des-
ses produtos.
A cartografia é um ramo da Ciência Geográfica preponderante para entendermos a espacia-
lidade do Planeta Terra, portanto, DEDICAÇÃO aos estudos é um mecanismo importante para o
sucesso nessa disciplina. Boa Sorte!

60
Geografia - Cartografia

Referências
Básicas

DUARTE, Paulo Araújo. Cartografia básica. Florianópolis: UFSC, 1986.

Complementares

ANDERSON, Paul S. Princípios de cartografia básica. Tradução Noeli Vettori Anderson e Paulo
Frederico Hald Madsen). Illinois State University, 1982.

DUARTE, Paulo Araújo. Cartografia básica. Florianópolis: UFSC, 2002.

FERREIRA, Graça Maria Lemos. Geografia em mapas: noções básicas Geografia geral e do Brasil.
Volume 01. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1997.

FUNDAÇÃO IBGE. Noções básicas de cartografia. Disponível em http://www.ibge.gov.br/


home/geociencias/cartografia. Acesso em 12/07/2005.

OLIVEIRA, Cêurio. Curso de cartografia moderna. Rio de Janeiro: IBGE, 1988.

OLIVEIRA, Ivanilton José. A linguagem dos mapas: utilizando a cartografia para comunicar.
Temporis(ação), Cidade de Goiás (GO), v. 1, n. 8, p. 37-62, 2005. Publicado em Revista Uniciên-
cia. Goiás. 2004.

ROSA, Roberto. Cartografia. Uberlândia: UFU, 2004.

SOUZA. Sônia Magali Alves de. A prática pedagógica do professor de geografia no ensino
dos conteudos cartográficos. (dissertação de Mestrado, 2002) UFPE.

Suplementares

DUARTE, Paulo Araújo. Cartografia básica. Florianópolis: UFSC, 2002.

FRANÇA, Júnia Lessa. Manual para normalização de publicaçõaes técnico-cientificas/ Júnia


Lessa França, Ana Cristina de Vasconcellos; colaboração: Maria Helena de Andrade Magalhães,
Stela Maris Borges, 8. edição. Rev. E ampl. Por Júnia Lessa França e Ana Cristina de Vasconcellos. –
Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2007. 255 p..

LIBAULT, André. Geocartografia. São Paulo: Edusp, 1975.

MARTINELLI, Marcelo. Gráficos e mapas: construa-os você mesmo. São Paulo: Moderna, 1999.

________. Noções básicas de cartografia. Rio de Janeiro: IBGE, 1999.

RAMOS, Christiane da Silva. Visualização cartográfica e cartografia multimídia: Conceitos e


tecnologias. São Paulo: UNESP, 2005.

SIMIELLI, Maria Helena & Biase. Moderno atlas geográfico escolar. São Paulo: Ed. Ática, 2000.

61
UAB/Unimontes - 2º Período

Sites consultados

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CARTOGRAFIA BÁSICA. Disponível em: http://lilt.ilstu.edu/psanders/Cartografia-Basica.pdf Aces-


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Geografia - Cartografia

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html Acesso em: 13 jul. 2013.

PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS. Disponível em: http://www.cursoobjetivo.br/vestibular/roteiro_es-


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RADAR CONSULTORIA. Disponível em: http://www.radarconsultoria.com/blog/2011/10/o-mundo-


-nao-tem-acima-nem-abaixo/ Acesso em: 14 jul. 2013.

TOPOGRAFIA. Disponível em: http://www.ufrgs.br/museudetopografia/museu/museu/mapa_


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UNIVERSIDADE NACIONAL DE BRASÍLIA. Sistema de Coordenadas UTM. Disponível em: www.


unb.br/ig/glossario/verbete/coordenadas_utm.htm Acesso em: 10 jun. 2013.

63
Geografia - Cartografia

Atividades de
Aprendizagem - AA
1) Considerando a importância de estudar mapas, marque Verdadeiro ou Falso.

a. ( ) Desde a antiguidade, os mapas tinham como função conhecer, administrar e ainda


racionalizar o uso do espaço geográfico que nos envolvem.
b. ( ) Na atualidade, os mapas passaram a ser construídos com modernas tecnologias e, por
isso, deixaram de ser uma construção social.

2) Partindo do princípio de que informações, inicialmente irrelevantes, poderão nos dar uma loca-
lização de onde estamos, marque quais os elementos da natureza que nos auxiliam nessa tarefa.

1. Constelação do Cruzeiro do Sul


2. Estrela Polar
3. Movimento Aparente do Sol.
4. A Lua Nova
5. Via Láctea
6. Equinócio de Inverno

Marque a sequência CORRETA.


a. 1, 2, 3.
b. 1, 2, 4.
c. 2, 4, 5.
d. 4, 5, 6.

3) Sobre a cartografia brasileira, assinale a alternativa CORRETA.

a. O mapeamento do território brasileiro foi realizado, pela primeira vez, com a descoberta de
ouro na Amazônia.
b. O exército brasileiro tem pouco interesse pela cartografia, pois não é seu foco de ação.
c. A produção de carta topográfica ainda é pequena em relação a outros países que possuem
todo território mapeado.
d. O Estado brasileiro é o maior responsável pela produção de produtos cartográficos.

4) Comente sobre a importância da cartografia para a Geografia.

5) Marque V (verdadeiro) ou F (falso):

( ) Os paralelos são linhas imaginárias traçadas paralelamente à Linha do Equador.


( ) A Linha do Equador divide a Terra em dois hemisférios: norte e sul.
( ) Os meridianos são linhas imaginárias traçadas de um polo ao outro.
( ) A latitude é a distância em graus de qualquer ponto da superfície terrestre ao Meridiano de
Greenwich.
( ) A longitude é a distância, em graus, de qualquer ponto da superfície terrestre à Linha do
Equador.
( ) Por meio das coordenadas geográficas, não é possível a localização exata de qualquer ponto
na superfície terrestre.

Assinale a sequência CORRETA.


a. V, V, V, F, F, F.
b. V, V, V, V, V, F.
c. V, F, F, V, V, F.
d. V, F, F, F, F, V.

65
UAB/Unimontes - 2º Período

6) Em consequência da grande extensão territorial da posição geográfica e da configuração do


seu território, o Brasil é abrangido por 03 fusos horários. Assim, quando, em São Paulo forem 12
horas, em Manaus e em São Luís, serão respectivamente:

a. ( ) 12 e 11 horas.
b. ( ) 11 e 12 horas.
c. ( ) 12 e 13 horas.
d. ( ) 13 e 12 horas.
e. ( ) 12 e 14 horas.

7) Associe a segunda coluna de acordo com a primeira.

a) Superfície equipotencial (superfície de potencial gravitacional constante) e que, ( ) DATUM


em média, coincide com o valor médio do nível médio das águas do mar.
b) Sólido gerado pela rotação de uma elipse em torno do eixo dos polos. Essa su- ( ) Elipsoide
perfície é considerada como a mais próxima da forma real da Terra e foi proposta
como superfície de referência.
c) Sistema de referência que leva em consideração as características do relevo de ( ) Geoide
uma determinada área do planeta.

8) Sobre a Carta Internacional do Mundo ao Milionésimo, assinale a alternativa INCORRETA.

a. ( ) É um documento feito com diversas contribuições de variadas fontes.


b. ( ) A parte brasileira da carta foi concluída no século XX.
c. ( ) Hoje, a parte brasileira é integrada, atualizada e moderna.
d. ( ) É um fruto do trabalho da ONU, que contratou geógrafos especialmente para essa tarefa.

9) Sobre as projeções cartográficas, assinale a alternativa INCORRETA.

a. ( ) A projeção de Peters deforma as formas, enquanto prima por representar as áreas da


melhor forma possível.
b. ( ) A projeção de Mercator distorce muito as áreas, principalmente nas zonas periféricas.
c. ( ) A melhor projeção é a de Mollweide, pois é a única que representa a Terra tal como ela é.
d. ( ) Nenhuma projeção pode ser considerada a melhor, todas têm suas vantagens e desvanta-
gens.

10) “Mapa para um mundo mais solidário”. Essa definição para a projeção de Peters, dada por ele
mesmo, é justificada por:

a. ( ) Retratar as áreas dos países por grau decrescente de riqueza.


b. ( ) A projeção de Peters, ao representar mais corretamente as áreas, coloca em evidência a
extensão territorial dos países historicamente “pobres”.
c. ( ) Privilegiar os países mais populosos e mais pobres, relacionando diretamente à área com
o número de habitantes de cada região.
d. ( ) Não fazer uso de ferramentas matemáticas, sendo uma projeção afilática.

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