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Cartografia
2ª EDIÇÃO
2014
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
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Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Evolução histórica da cartografia e orientação cartográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2 A cartografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Cartografia básica: sistemas de referências, escala e fuso horário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Projeções cartográficas, mapas e cartas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Geografia - Cartografia
Apresentação
A história da Cartografia confunde-se com a origem da Geografia, como observamos no de-
correr da disciplina História do Pensamento Geográfico. Essa interação entre essas duas ciências
ocorre em função da proximidade do objeto de estudo de ambas. A Geografia tem como objeto
de estudo o espaço geográfico, e a Cartografia visa mapear esse espaço, ou seja, transferir para
um mapa as representações que se encontram no espaço. Dessa forma, para entender o espaço,
é importante o auxílio de um mapa que sintetiza as informações.
Diante dessa cumplicidade científica entre a Cartografia e a Geografia, é necessário que o
geógrafo domine muito bem as técnicas cartográficas. Nesse sentido, este material foi elaborado
com noções clássicas da ciência cartográfica que proporcionarão a você entender pontos fun-
damentais sobre as técnicas de orientação, de localização e de representação do espaço real em
um mapa.
Para tornar esse processo de aprendizagem interessante e, dessa forma, mais fácil para o
aluno, optamos por uma divisão dos tópicos dessa disciplina em três unidades, como podemos
observar na estrutura abaixo.
Bons estudos!
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Geografia - Cartografia
Unidade 1
Evolução histórica da cartografia e
orientação cartográfica
Carmém Cássia Velloso e Silva
1.1 Introdução
Desde os primórdios, o homem já se preocupava em conhecer e dominar o espaço para, as-
sim, garantir a sua sobrevivência. PARA SABER MAIS
Partindo dessa premissa, esta unidade tem por objetivo ampliar seus conhecimentos no Estudar cartografia é
que se refere à história dos mapas e também explicitar a importância de saber localizar-se e importante, pois pro-
orientar-se no tempo e no espaço, questão que não é uma prerrogativa só da Geografia, mas é porciona mecanismos
que auxiliam na orien-
também uma necessidade do cidadão. tação e na localização.
Para facilitar o processo de aprendizagem, foi definida uma divisão dos temas por tópicos. No mundo contempo-
Desse modo, é apresentada, primeiramente, a história da cartografia e, em seguida, são aponta- râneo, onde a ciência se
das a noções de orientação, como mostra a estrutura: desenvolve num ritmo
• A Cartografia bastante acelerado, sa-
ber analisar e interpre-
• Uma incursão histórica sobre os mapas tar mapas gráficos e ta-
• Mapas e religiosidade belas é imprescindível.
• A cartografia no mundo Para mais informações,
• Idade Média: a cartografia também decai assistam aos vídeos as
• Mapas chineses linguagens dos mapas
parte 1, 2 e 3, disponí-
• A influência grega na cartografia veis no sítio http://geo-
• A influência do belga Mercartor na cartografia tecnologias.wordpress.
• Portugal e o nascimento da cartografia brasileira com/2008/07/25/por-
• A moderna cartografia brasileira tal-dominio-publico-vi-
• A comissão de cartografia deos-sobre-cartografia/
• Diretoria de Serviço Geográfico – DSG
• Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
• Os mapas e a orientação
• Orientação, o que é isso afinal?
• Orientação geográfica
• Orientação pelo sol
• Orientação pelas estrelas
• Orientação pela lua
• Orientação pela bússola.
• Tecendo comentários curiosos
• Orientação pelo método da sombra da vara
• Orientação pelo método das sombras iguais
• Conversa afiada
• Orientação por indícios
1.2 A cartografia
Numa pesquisa sobre a definição de Cartografia, encontramos vários conceitos, mas, de for-
ma geral, podemos entender a Cartografia como uma ciência que trata da percepção, elabora-
ção, transmissão e utilização de mapas para estudos diversos.
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UAB/Unimontes - 2º Período
Em Paris, no ano de 1839, foi usada pela primeira vez, pelo historiador Manuel Francisco Car-
valhosa, em uma carta escrita ao colega brasileiro Francisco Adolfo de Varnhagen. A partir desse
Glossário momento, o termo Cartografia passa a ser internacionalmente consagrado pelo uso. (ANDER-
Sensoriamento SON, 1982).
remoto: é a técnica Das várias definições de Cartografia propostas na literatura, vamos nos basear na concepção
que possibilita obter
informação de um de Duarte, que a define a seguir:
objeto sem o contato
físico com ele. Conjunto de operações científicas, artísticas e técnicas produzidas a partir de
resultados de observações diretas ou de explorações de documentação, tendo
em vista a elaboração de cartas, plantas e outros tipos de apresentação e tam-
bém a sua utilização (DUARTE, 2002 p. 15).
DICA
Não se preocupe agora
com essas novas tecno-
logias aplicadas à car-
tografia, pois veremos
esse tema na disciplina
Cartografia Temática.
12
Geografia - Cartografia
Diante dessa revisão conceitual, podemos dizer também que a Cartografia é a arte de re-
presentar, através de desenho, parte ou totalidade da superfície terrestre, tendo esta uma forma
esférica aproximada. A representação é elaborada com um sistema de projeção reduzida a uma
dada escala.
Nos estudos de Cartografia, é preciso compreender que essa ciência passa, especialmente
na pós-modernidade, por uma grande revolução nos seus princípios tecnológicos e metodológi-
cos, como aconteceu nos séculos XV e XVI, com o período do Renascimento. Entre os conteúdos
a ela somados, encontram-se os estudos baseados em fotografias aéreas, sensoriamento remoto,
avanços tecnológicos nos métodos de gravação e impressão. Hoje, com as tecnologias incremen-
tadas com a utilização da computação, os estudos desta ciência são processados, representados,
interpretados e explorados pelos profissionais e populações que dela dependem.
No entanto, a essência da cartografia está preservada, independentemente dos avanços tec-
nológicos, uma vez que o seu objetivo não sofreu alteração, pois continua sendo o de represen-
tar a superfície terrestre em um plano.
Para compreender, com maior clareza, a revolução pela qual a ciência cartográfica passou,
é necessário fazermos uma incursão na história dos mapas, já que a história desse tipo de repre-
sentação gráfica é a mesma história da Cartografia.
Para exemplicar os escritos acima, a figura 01 demonstra a modernização desta ciência. Leite
(2008) reproduziu via satélite a Carta Imagem do bairro Ibituruna, em Montes Claros-MG, como
um dos seus focos de estudo.
13
UAB/Unimontes - 2º Período
▲ ▲
Figura 2: Mapa de Ga-Sur. Figura 3: Mapa de Ga-Sur.
Fonte: Disponível em <http://www.ufrgs.br/museu- Fonte: Disponível em <http://www.ufrgs.br/museudeto-
detopografia/museu/museu/mapa_ga_sur_p.jpg> pografia/museu/museu/images/int_mapa_ga_sur_p.jpg>
acesso 30 set. 2013. acesso em 30 jul. 2013.
O mapa de Ga-Sur é uma placa de argila cozida que representa a região da Mesopotâmia.
Também serve de ilustração, nesse caso, o mapa das ilhas Marshall, aqui representado pela fi-
gura 4. Sua construção é composta de tiras de palhas e conchas que representam as ilhas da
região daquele arquipélago.
Para Joly (1990), os homens sempre procuraram conservar a memória dos lugares e dos
caminhos úteis às suas ocupações. Aprenderam a gravar os seus detalhes em placas de argi-
la, madeira ou metal, ou ainda a desenhá-los nos tecidos, nos papiros e nos pergaminhos. As-
sim, apareceram, no Egito, na Assíria, na Fenícia e na China, os primeiros esboços cartográficos.
Além disso, os mapas antigos também preservam traços marcantes desta ciência através de
representações por intermédio dos seguidores do Budismo, Hinduísmo e Jainismo.
Em todos os momentos históricos, o homem produziu conhecimento geográfico e carto-
gráfico. Os deslocamentos humanos impulsionaram o desenvolvimento de técnicas e de ins-
Figura 4: Mapa ilhas
Marshall. trumentos de orientação e a criação dos mapas que registrassem as rotas de navegação. Estas
Fonte: Disponível em eram importantes ferramentas para o sucesso das ações pretendidas: militares, comerciais ou
<http://www.ufrgs.br/ religiosas.
museudetopografia/mu- O primeiro mapa-múndi conhecido da Idade Antiga foi elaborado por Anaximandro de
seu/museu/mapa_ilhas_
marshall_p.jpg> acesso 30 Mileto (611-547 a.C.). Anaximandro foi discípulo de Tales de Mileto que, no século VI a.C., ten-
jul. 2013. tou representar o mundo como um disco que flutuava na água. Ao contrário de Tales, Anaxi-
▼ mandro acreditava na esfericidade da Terra.
Os filósofos da Antiguidade tiveram ideias variadas sobre a forma
e o tamanho da Terra. Homero, Pitágoras, Anaxímenes, Platão e Aristó-
teles foram alguns dos filósofos que se preocuparam com esse campo
de estudo. Aristóteles utilizou, pela primeira vez, o termo “geodésia”
(do grego Γεωδαισία, composto de γη, “terra”, e δαιζω, “dividir”), para
definir esse campo de estudo.
Porém, todas as tentativas anteriores não passaram de estudos
especulativos. Coube, então, a Eratóstenes, com a utilização de opera-
ções matemáticas mais precisas, realizar o cálculo da circunferência da
Terra. Segundo Rosa (2004), Eratóstenes, no século II a.C., determinou
o tamanho da Terra usando medidas objetivas. Ele notou que, no dia
do solstício de verão, os raios solares atingiam o fundo de um poço em
Siena (atual Assuan, no Egito) ao meio-dia. No mesmo instante, contu-
do, o Sol não estava exatamente no zênite, na cidade de Alexandria, a
norte de Siena; o Sol projetava uma sombra tal que ele pode determi-
nar o ângulo de incidência de seus raios: 7° 12’, correspondendo a 1/50
de um círculo. Conhecido o arco de circunferência entre as duas cida-
des, ou seja, a distância entre elas, Eratóstenes pode, então, estimar a
circunferência do globo. Como a distância era cerca de 500 milhas (na
direção norte-sul), a Terra deveria ter 50 x 500 = 25.000 milhas de cir-
14
Geografia - Cartografia
cunferência. Esse é um valor bastante próximo do raio equatorial terrestre (24.901 milhas, valor
adotado no World Geodetic System).
A precisão de medida de Eratóstenes é incrível considerando todas as aproximações embu-
tidas no seu cálculo. Siena, na verdade, não está exatamente no trópico de Câncer (ou seja, os
raios solares não são estritamente perpendiculares à superfície no solstício de verão), sua distân-
cia de Alexandria é de 453 milhas (em vez de 500 milhas), e as duas cidades não estão alinhadas
na direção norte-sul, como mostra a figura 5.
◄ Figura 5: modelo
usado para o cálculo
da circunferência da
Terra, realizado por
Eratóstenes.
Fonte: Acervo Particular.
Glossário
Hiparco de Nicéia (160-120 a.C.) define a rede de paralelos e meridianos da Terra por meio Solstício: Época em
de conhecimentos babilônicos sobre a graduação sexagenal do círculo. Sodré (1984) esclare- que o sol encontra-se
em um dos trópicos e
ce que esse avanço revelou a precisão dos equinócios e apresentou os primeiros elementos ocupa o ponto mais
da geometria da esfera e da resolução dos triângulos esféricos, fazendo avançar o sistema de alto ou mais baixo
localização dos acidentes geográficos pelas coordenadas terrestres, meridianos e paralelos. Fi- sobre o horizonte. Para
cava estabelecido, nesse momento, o princípio de que a diferença de longitude de dois pontos o trópico de Câncer, a
é igual à diferença dos ângulos horários, isto é, a diferença das horas locais simultâneas desses data é 21-22 de junho.
Para o trópico de
dois pontos. Capricórnio, é 21-22 de
Cláudio Ptolomeu viveu na Alexandria entre os séculos I e II d.C. e realizou importantes es- dezembro.
tudos nas áreas de Astronomia e Geografia. Em sua obra mais conhecida, “Almagesto”, apresen- Equinócio: Época
ta um tratado de Astronomia, no qual elabora um sistema cosmológico geocêntrico, ou seja, do ano na qual o Sol
apresenta a Terra como o centro do universo. corta o equador celeste,
fazendo com que a du-
ração do dia seja igual
a da noite em toda a
Terra no hemisfério
sul. O Equinócio de
Primavera inicia-se em
23 de setembro e o de
outono 21 de março. No
hemisfério norte, essas
datas invertem-se.
Zênite: O ponto em
que a vertical de
um lugar encontra a
esfera celeste acima
do horizonte. Quando
tratarmos do oposto,
será a nadir.
◄ Figura 6: Mapa de
Ptolomeu.
Fonte: Disponível em
<http://www.cabecade-
cuia.com/imagem/mate
rias/95de0d1c288df3d6
50abe1a5a4b2ae84.jpg>
acesso em 30 jul. 2013.
15
UAB/Unimontes - 2º Período
Vários países do mundo dedicaram-se à ciência cartográfica. Cada povo, com um objetivo
distinto, imprimiu a ela sua devida importância.
Os franceses, juntamente com ingleses, holandeses e portugueses evoluídos com as gran-
des navegações, que tinham por objetivo conquistar e explorar novas terras, impuseram ao mun-
do um novo estilo cartográfico.
É de domínio público que os povos maia e asteca, no México, tinham informações bastan-
te evoluídas em relação à Cartografia. Conforme apontado por Duarte, vale destacar, entretanto,
que: "Em boa parte dos mapas maias e astecas estudados, não foram encontradas evidências de
utilização de escalas, sendo comum o exagero nas dimensões de certos documentos representa-
dos". (DUARTE, 2002, p. 42).
A partir do envolvimento com as conquistas territoriais, os povos árabes tiveram que rever
seus conceitos de administração, com vistas a um melhor sistema fiscal e tributário, o que favore-
ceu o desenvolvimento de diversas ciências, entre elas, a Cartografia. Podemos também atribuir
à evolução da Cartografia árabe a índole aventureira desse povo de conseguir transformar sim-
ples peregrinação em arrojadas viagens de estudo, comércio e exploração.
Alguns exploradores relegaram, a planos secundários, a contribuição dos árabes ao desen-
volvimento da cartografia universal, porém, numa visão mais geral, esses povos transmitiram sua
16
Geografia - Cartografia
Com o objetivo de fazer propaganda para a cruzada, o maior mapa-múndi medieval conhe-
cido (mostrado na figura 9) foi criado por Gervais de Tilbury, que o desenhou em 1236. É com-
posto por 30 peças de pergaminho com 3,5 m de diâmetro. O mapa foi desenhado sobre o corpo
de Jesus crucificado. No centro do mapa, figura a Jerusalém. A superfície da Terra sobrepõe-se ao
corpo de Cristo.
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UAB/Unimontes - 2º Período
Figura 9: Mapa ►
medieval
confeccionado por
Gervais de Tilbury, em
1236.
Fonte: Disponível em
<http://fotola.com/
fotola/2004/Nov/
parroula41871d025ca90-
-web.jpg> acesso em
30/07/2013.
Outra região em que a Cartografia teve contribuições históricas foi a China. Existem relatos
que dão conta que a cartografia chinesa já era evoluída antes mesmo de a Europa iniciar seus
estudos nesse campo. Foram encontrados, em diversos pontos do território chinês, documentos
bastante antigos e de grande valor que ratificaram a preocupação dos governantes em mapear
os recursos naturais daquele país.
Um nome que se destaca na cartografia chinesa é o do almirante Zheng He (1371-1433).
Ele cartografou uma área, de acordo com Duarte (2002, p. 28), que compreende “[...] o porto de
Nanquim na China, passando pelo estreito de Ortnuz e os portos da costa oriental da África num
percurso de mais ou menos 12 mil quilômetros.” Esse mapa (figura 10) é datado do século XV da
Era cristã, trata-se, portanto, de um mapa náutico.
Nesse mapa, conforme nos relata Duarte:
18
Geografia - Cartografia
Esse mapa pode ser considerado uma coletânea de diversas expedições exploratórias em-
preendidas por Zheng He e por seus antecessores.
Para os povos antigos da China, os mapas tinham diversas fun-
ções, entre elas, podemos demarcar: políticas, militares, econômicas
e burocráticas. Buscamos, ainda, nas palavras de Duarte, meio para
esclarecer tal pensamento.
O belga Geraldo Mercator (1512-1594) foi um dos grandes cartógrafos no período das gran-
des navegações, e suas projeções ainda são utilizadas nos tempos atuais.
Para Duarte (2002), sem sombra de dúvida, a contribuição de Mercator na condição de re-
formador da geografia é inégavel, podendo-se considerar também que, a partir dele, foi inau-
gurada uma nova época para a Cartografia. Muitos trabalhos de Mercator reformularam concep-
ções estabelecidas por Ptolomeu, como o mapa da Europa, feito em 1554, que reduziu o mar
Mediterrâneo para 53 graus de comprimento. Ele é mais conhecido pelo seu trabalho sobre a
projeção cartográfica, com meridianos retos e equidistantes e paralelos também retos, porém
cada vez mais espaçados entre si na direção dos polos. Essa projeção é datada de 1569 (figura
11) para seu grande mapa-múndi de dezoito folhas. A sua colaboração para a cartografia justi-
fica-se na popularidade do termo ‘Atlas” que é usado até os dias atuais. Mas é importante saber
que a edição do “atlas” de Mercator só correu por iniciativa do seu filho, após a sua morte.
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UAB/Unimontes - 2º Período
A Cartografia brasileira tem suas origens na expansão das grandes navegações preconizada
por Portugal. De acordo com (Duarte 2002), a expansão ultramarinha e a navegação marcaram
profundamente o caráter utilitário da cartografia portuguesa da época da política colonialista,
sendo intensa a produção de mapas marítimos que mostravam a configuração das costas e o de-
DICA lineamento de continentes e ilhas.
Por ocasião da transmigração da família real de Portugal para o Brasil, houve a oportunidade
2
05/05/1808
3
07/04/1808 da criação de uma cartografia nacional, mais ainda sob técnicas oriundas da Europa. A partir de
4
13/05/1808 1808, com as criações da Academia Marinha2, do Arquivo Militar3, da Tipografia Régia4 e da Aca-
5
04/12/1810 demia de Artilharia e Fortificação5, deu-se a criação de uma cartografia imperial que tinha como
função capacitar técnicos especialistas nas áreas geográficas e cartográficas. Isso serviu de apoio
à impressão de novos mapas, entre os quais podemos citar a planta de São Sebastião do Rio de
Janeiro, em 1812.
No século XIX, a cartografia náutica no Brasil conheceu especial destaque, pois teve início
o levantamento hidrográfico do litoral brasileiro cujo objetivo era a representação do fundo do
mar, na proximidade da costa.
A construção de cartas náuticas do litoral brasileiro foi efetuada a partir de levantamentos
da costa do Brasil pelos hidrógrafos franceses Roussin, Barral, Tardy de Montravel e Monchez.
Conforme apontado por Souza:
20
Geografia - Cartografia
tituto Militar de Engenharia e técnicos formados na Escola de Instrução Especializada, que são
aperfeiçoados por essas mesmas instituições ou por outras, como o INPE, no Brasil e por órgãos
fora do país.
O desenvolvimento da cartografia brasileira está diretamente relacionado com os órgãos de
defesa e de planejamento do governo federal, por isso, para entendermos a moderna cartografia
brasileira, é necessário discutir o papel desses órgãos.
21
UAB/Unimontes - 2º Período
Esse plano de dinamização da Cartografia, de acordo com Anderson (1982), tinha por ob-
jetivo o aumento dos esforços, com a finalidade de estabelecer uma programação destinada a
completar o mapeamento topográfico do país, o mais rápido possível. Então, foram aprovados os
programas Espaciais de Dinamização das Cartografias Terrestres, Náuticas e Aeronáuticas, visan-
do concluir o mapeamento topográfico do Brasil na escala 1:100000 e da Amazônia em 1:250000.
Conforme apontado por Anderson:
Tais programas visam apoiar, com cartas topográficas, áreas do poloamazônia do polocen-
tro que se encontram desprovidas dessas cartas e objetivam, ainda, garantir a segurança do trá-
fego marítimo e aéreo, através de cartas mais atuais.
A COCAR foi desativada em 1990, após reforma administrativa executada pelo Governo
Federal.
A partir de 1932, o Serviço Geográfico Militar que executava o mapeamento de áreas do en-
tão Distrito Federal passa a denominar-se, a partir de tal data, de Serviço Geográfico do Exército
(SGE), e a Comissão da Carta Geral, que realizava levantamentos no Rio Grande do Sul, dá origem
à Primeira Divisão de Levantamento – DL.
De acordo com o IBGE, em 1946, regularizam-se as atividades da Diretoria do Serviço Ge-
ográfico do Exército, que funcionaria nas instalações históricas do Antigo Palácio Episcopal da
Conceição, no Rio de Janeiro-RJ, até ser transferida para o Quartel General do Exército, em Brasí-
lia em 1972.
A Diretoria de Serviço Geográfico (DSG) recebe essa denominação em 1953, através da Por-
taria Ministerial, devido à nova estrutura de organização do Exército. A DSG atua há mais de um
século no mapeamento do Brasil e, juntamente com o IBGE, é responsável pela execução do ma-
peamento sistemático do país, ao estabelecer normas para a Cartografia Básica Terrestre, nas es-
calas 1:250000 e maiores.
22
Geografia - Cartografia
De acordo com Anderson (1982, p.23-24), a DSG abriga cinco Organizações Militares Direta-
mente Subordinadas (OMDS/DSG) que são responsáveis pela execução de levantamentos e do
suprimento cartográfico, nas áreas denominadas de áreas de suprimento cartográfico (ASC): a 1ª
Divisão de Levantamento (1ª DL), sediada em Porto Alegre (RS); a 2ª Divisão de Levantamento (2ª
DL), com sede em Ponta Grossa (PR); a 3ª Divisão de Levantamento (3ª DL), localizada em Olinda
(PE); a 4ª Divisão de Levantamento (4ª DL), com sede em Manaus (AM); a 5ª Divisão de Levanta-
mento (5ª DL), localizada no Rio de Janeiro (RJ) e o Centro de Imagens e Informações Geográficas
do Exército (CIGEx), sediado em Brasília (DF).
Para manter as atividades cartográficas, o Serviço Geográfico dispõe hoje de recursos huma-
nos qualificados, tecnologias modernas, equipamentos, programas e viaturas, que contribuem
com o mapeamento do território nacional.
A partir de então, num trabalho de notável envergadura, essa rede vem sendo
extraordinariamente densificada, principalmente nas regiões economicamente
importantes do Brasil. O país já dispõe de uma vasta rede geodésica cobrindo
mais de 4.6 milhões de km² de área do nosso território, estendendo-se do Pará
ao Rio Grande do Sul e, no sentido Leste-Oeste, até a fronteira com a Argenti-
na, o Paraguai e Bolívia, interligando-se à rede geodésica continental (ANDER-
SON, 1982, p. 25).
PRINCIPAIS AÇÕES
2000/2005
• Reativação da CONCAR, no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, pelo Decreto
s/n° de 10 de maio de 2000 e pelo Decreto 4.781 de 16 de julho de 2003.
• Retomada dos trabalhos da Comissão Nacional de Cartografia (CONCAR), com a elaboração
de Plano Cartográfico, integrando os planos do IBGE, da DSG, do IGA e da DHN.
• Reativação dos trabalhos da Comissão Nacional de Cartografia (CONCAR).
• Elaborado o planejamento estratégico da CONCAR.
1990/1999
• A reforma administrativa executada pelo governo federal desativou a CONCAR e, conse-
quentemente, as interações no âmbito do Sistema Cartográfico Nacional. Início da absor-
ção de novas tecnologias na produção cartográfica nacional por parte dos órgãos integran-
tes do SCN.
• IBGE elabora normas para levantamento GPS e implanta a Rede Brasileira de Monitoramen-
to Contínuo (RBMC).
• Reativação da Comissão Nacional de Cartografia, pelo Decreto s/n° de 21 de junho de 1994,
no Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), desta vez denominada CONCAR.
• Com a extinção do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), ao qual a CONCAR
achava-se vinculada, a comissão foi, consequentemente, desativada.
23
UAB/Unimontes - 2º Período
1984
• Instruções Reguladoras das Normas Técnicas da Cartografia Nacional (Decreto n° 89.817)
1974/1978
• O Presidente da República determina estudos para conclusão do mapeamento topográfi-
co do Brasil no mais curto prazo possível.
• Criação do Plano de Dinamização da Cartografia - PDC/78, para intensificar o mapeamen-
to sistemático brasileiro, visando à cobertura plena do território na escala de 1:250.000 e o
incremento da cobertura na escala 1:100.000 (nas regiões Centro-Oeste e Nordeste e em
parte das regiões Sudeste e Norte), na escala 1:50.000 (nas regiões Sul e parte do Sudeste
e Nordeste) e na escala 1:25.000 (em capitais estaduais).
1962/1967
• Publicação da primeira edição completa do álbum da Carta Internacional ao Milionésimo -
CIM (46 folhas na escala 1:1.000.000 que recobrem totalmente o país).
• Estabelecimento das diretrizes e bases da Cartografia brasileira pelo Decreto-Lei 243 de 28
de fevereiro de 1967. Criada a Comissão de Cartografia (COCAR).
1942/1946
• Estabelecimento das diretrizes e bases da Cartografia brasileira pelo Decreto-Lei 243 de 28
de fevereiro de 1967. Criada a Comissão de Cartografia (COCAR).
• Estabelecimento de Normas para Uniformização da Cartografia Brasileira (Decreto-Lei
9.210).
1932/1938
• É feita a fusão do Serviço Geográfico Militar, sediado no Rio de Janeiro, e a Comissão da
Carta Geral do Brasil, sediada em Porto Alegre, constituindo o novo Serviço Geográfico do
Exército.
• Instalado o Instituto Nacional de Estatística, que fora criado em 1934, dando início ao pro-
cesso de fusão das atividades estatísticas e cartográficas no país, pois o sucesso dos levan-
tamentos estatísticos dependia da existência de documentos cartográficos confiáveis.
• Surge o Sindicato Condor, embrião do grupo empresarial brasileiro ligado à atividade car-
tográfica.
• O Instituto Nacional de Estatística e o Conselho Nacional de Geografia são incorporados ao
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com os nomes de Conselho Nacional de
Geografia e Conselho Nacional de Estatística.
1920
• A Missão Cartográfica Austríaca contratada para organizar o Serviço Geográfico do Exército
chega ao Brasil, trazendo as técnicas fotogramétricas de desenho cartográfico e de impres-
são off-set.
1903
• A Comissão da Carta Geral do Brasil instala-se em Porto Alegre (RS), para dar início ao pro-
jeto “A Carta do Brasil”, apresentado em 1900 pela 3ª Seção do Estado Maior do Exército,
como o primeiro projeto de caráter sistemático para a cartografia terrestre.
1890
• É criado o Serviço Geográfico, anexo ao Observatório Astronômico do Rio de Janeiro, para
a execução de trabalhos geodésicos e geográficos, a qual teve pouca duração.
1873/1877
• Primeira tentativa de dotar o país de documentos cartográficos terrestres confiáveis, com a
Comissão da Carta Geral do Império (extinta em 1874).
• A Carta do Império resultante do trabalho da Comissão da Carta Geral do Império é apre-
sentada na exposição internacional de Filadélfia, nos Estados Unidos.
• Institucionalizada a repartição Hidrográfica do Ministério da Marinha, atual Diretoria Hidro-
gráfica de Navegação (DHN).
• Iniciados, pelo Rio Grande do Sul, os trabalhos da Carta Itinerária, com austríacos contra-
tados pelo imperador Pedro II, tiveram pouca direção.
24
Geografia - Cartografia
1830
• Primeiros trabalhos de Cartográfica Náutica realizados por iniciativa de entusiastas brasi-
leiros.
1544
• Primeira representação cartográfica com o rio Amazonas (Planisfério de Caboto).
1519
• Primeira representação cartográfica do território brasileiro de forma integrada (Carta
Atlântica do Atlas Miller).
1502
• Primeira representação cartográfica do território brasileiro (Planisfério de Cantino).
Fonte: Disponível em <http://www.concar.ibge.gov.br/panoramaHist.aspx> acesso em 30 jul. 2013. Adaptado por: SILVA
(2009)
Orientação quer dizer: procura do oriente. Orientar-se no espaço e no tempo sempre foi
uma preocupação do homem. Os povos antigos aprenderam a situar-se e a orientar-se com auxí-
lio dos elementos da natureza.
Estrela = noite
Sol = dia
Lua = sombras
25
UAB/Unimontes - 2º Período
Ponto Cardeais
Pontos Subcolaterais
Ponto Cardeais
CARDEAIS COLATERAIS
N= Norte NW = Noroeste
S = Sul NE = Nordeste
E = Leste SE = Sudeste
W = Oeste SW = Sudoeste
SUBCOLATERAIS
NNO = Nor-Noroeste ENE = Es-Nordeste
NNE = Nor-Nordeste ESE = ES-Sudeste
SSE = Su-Sudeste OSO = Oes-Sudoeste
SSO = Su-Sudoeste ONO = Oes-Noroeste
Fonte: Adaptado por SILVA (2009)
26
Geografia - Cartografia
Quando nos deslocamos dos espaços onde vivemos, damos preferência aos pontos fixos,
como: construções, quadras, ruas, estradas ou ainda àqueles ligados à natureza como os rios, as
florestas, as montanhas etc.
Porém, ainda que não sejam constantes, as referências representadas pelos pontos cardeais
são muito presentes no cotidiano da vida urbana. Quando nos referimos a alguma área como
zona norte, zona leste, etc., podem servir de exemplo: Brasília (Asa norte, Asa Sul) ou ainda Goiâ-
nia os setores Sul, Oeste, Norte Ferroviário, e leste universitário.
Oliveira (2004) ressalta que a nossa falta de hábito em manusear mapas reflete na dificulda-
de em interpretá-los, o que faz com que alguns cartógrafos lancem mão de elementos estratégi-
cos como referências fixas e conhecidas (praças, monumentos, igrejas etc.).
DICA
1.6.2 Orientação pelas estrelas Ao observar a figura 14,
temos a ideia clara de
como nos localizar com
Outras estrelas, além do Sol, são usadas o auxílio da constelação
do Cruzeiro do Sul.
na orientação. No hemisfério sul, por exemplo,
utiliza-se constantemente o Cruzeiro do Sul.
Para orientar-se por ele, é necessário prolon-
gar quatro vezes e meia a parte maior da cruz
(a partir da Estrela de Magalhães) e, na sequên-
cia, estender uma linha imaginária perpendi- ◄ Figura 14: Orientação
cular até o horizonte, onde se acha o sul. Já no pelo cruzeiro do sul.
hemisfério norte, o ponto de referência usado Fonte: Ferreira. 1994. p. 07.
com frequência é a Estrela Polar. Para tal, basta
traçar uma linha perpendicular entre a estrela e
a superfície (figura 14).
27
UAB/Unimontes - 2º Período
Conta a história que os chineses foram os primeiros a notar que um minério carregado de
íons indicava o norte. Partindo desse princípio, foi criada a bússola.
Existem, na literatura, indícios de que as primeiras bússolas foram usadas por volta do ano
de 850. A utilidade do novo invento difundiu-
-se pelos quatro cantos do mundo e suas ma-
ravilhas passaram a ser usadas por profissionais
de diversas áreas.
Figura 17: Bússola ► Ao longo dos séculos, a bússola foi gra-
Fonte: Ferreira. 1994. p. 07. dativamente melhorada, apresentando, assim,
um avanço considerável. Atualmente, ela tem a
forma de uma caixinha circular confeccionada
em um material transparente.
O seu funcionamento é baseado no mag-
netismo terrestre. A radioatividade existente
no núcleo da Terra é responsável pelo fenôme-
no. A bússola apresenta uma agulha imantada
que aponta sempre na direção aproximada do
polo norte geográfico (figura 17).
Ainda considerando o Sol como referência, também podemos nos orientar a partir de méto-
dos nada convencionais, mas que podem nos fornecer informações com um alto grau de preci-
são. Entre eles, existe a orientação por sombra de vara, que se trata de uma informação empírica,
largamente usada pelos escoteiros quando aprendem meios de sobrevivência. Tal método con-
siste em observar a sombra de uma vara para, assim, poder orientar ou se localizar no espaço.
Nesse método, o que mais importa é a sombra da extremidade do objeto usado, sendo que
este pode ser um ramo ou ainda uma vara.
Como isso se dá?
Veja como se processa.
Inicialmente, marcamos o chão onde está
a ponta da sombra do objeto em questão, com
uma pedra ou então com uma estaca. Passado
Figura 18: Ilustração do ► algum tempo, observaremos que a sombra se
processo de orientação moveu, então voltaremos a marcar da mesma
por sombra de vara. maneira a ponta da sombra da vara. Se esta-
Fonte: Disponível belecermos uma união entre as duas marcas,
em <http://www.
getibirica.com.br/ concluiremos que elas nos darão a definição da
tecnicas/orientacao/ direção do Leste e do Oeste. Veja na figura 18.
Orienta%C3%A7%C3% Essa figura tem a função de ilustrar a expe-
A3o%20e%20Azimutes.
doc> acesso em 10 riência descrita no texto acima.
jul.2013. Interessante!
Mas, este método demora?
Vai depender do tamanho da vara que
você usar na experiência.
28
Geografia - Cartografia
Por exemplo:
Usando uma vara com 1 metro de comprimento você obterá a resposta em mais ou menos
15 minutos.
Ah! Legal.
Mas, não para por aí...
Para chegar a um determinado lugar pela primeira vez é preciso ter referências ou o ende-
reço, isso no campo ou na cidade, no entanto, nem sempre temos em nossas mãos instrumentos
ou informações para a orientação. Em áreas naturais como as grandes florestas, desertos e ocea-
nos não têm placas ou endereços para informar qual caminho se deve tomar. Deste modo, pode-
mos seguir alguns indícios.
Também podemos usar os elementos presentes na natureza para nos orientar e nos localizar
no espaço geográfico.
Como?
Em nosso cotidiano, podemos identificar, no reino animal ou vegetal, características diferen-
ciadas em função da sua posição em relação a alguns elementos do quadro natural, como o sol,
o vento ou a chuva. A isso podemos chamar de orientação por indício, que significa que a natu-
reza está nos auxiliando na orientação e, consequentemente, na localização. Observe no quadro
03, a seguir.
29
UAB/Unimontes - 2º Período
São mais abundantes nos muros e paredes voltados para Leste e para Sul.
FORMIGAS
Os formigueiros possuem suas entradas, especialmente, abrigadas dos ventos frios do norte.
CASCAS DAS ÁRVORES
As cascas das árvores apresentam maior rugosidade e mais fendas do lado que é batido pelas
ATIVIDADE chuvas, ou seja, do lado norte.
Após a conclusão desta FOLHAS DE EUCALIPTO
Unidade, muitos foram
os conhecimentos
adquiridos por você. Contorcem-se de modo a ficarem menos expostas ao sol, apresentando, assim, as faces vira-
Faça uma síntese, pon- das para leste e oeste.
tuando as principais
ideias deste capítulo, INCLINAÇÃO DAS ÁRVORES
que colaborarão para a
fixação da sua apren- Quando sabemos qual é a direção do vento dominante numa região, através da inclinação das
dizagem e domínio do árvores conseguimos determinar os pontos cardeais.
conteúdo, e poste-a no
fórum discussão. MUSGOS E COGUMELOS
Referências
ANDERSON, Paul S. Princípios de cartografia básica. Tradução Noeli Vettori Anderson e Paulo
Frederico Hald Madsen). Illinois State University,1982 disponível em:http://lilt.ilstu.edu/psanders/
Cartografia-Basica.pdf.
FERREIRA, Graça Maria Lemos. Geografia em mapas: Noções Básicas Geografia Geral e do Brasil.
Volume 01. 2ª ed. São Paulo: Editora Moderna, 1994.
LEITE. Marcos Esdras. Carta imagem do bairro Ibituruna em Montes Claros-MG. 2008.
OLIVEIRA, Ivanilton José. A linguagem dos mapas: utilizando a cartografia para comunicar.
Temporis(ação), Cidade de Goiás (GO), v. 1, n. 8, p. 37-62, 2005. Publicado em Revista UNICIEN-
CIA. Goiás. 2004.
SOUZA. Sônia Magali Alves de. A prática pedagógica do professor de geografia no ensino
dos conteudos cartográficos. (dissertação de Mestrado, UFPE), 2002.
30
Geografia - Cartografia
Unidade 2
Cartografia básica: sistemas de
referências, escala e fuso horário
Marcos Esdras Leite
2.1 Introdução
Nesta unidade, trabalharemos com a parte prática da cartografia. Vamos discutir uma das
áreas mais interessantes dessa ciência, denominada sistema de referência. Nesse tópico, apre-
sentamos quais são os sistemas adotados, através de convenção, para a localização de qualquer
ponto na superfície terrestre. Inclusive, veremos que esses sistemas são extremamente impor-
tantes, pois, no mundo informacional, essa forma de apresentar a informação de localização é DICA
muito comum.
Acesse o glossário do
Outro tópico contemplado, nesta unidade, trata da escala cartográfica e, devido a sua rele- IBGE para mais informa-
vância para a compreensão de um espaço representado no mapa, veremos como calcular e defi- ções. Disponível em
nir a escala. Para finalizar esta unidade, trataremos dos fusos horários, vamos entender como se http://www.ibge.gov.
formulou esse sistema e, principalmente, como definir o fuso a partir das coordenadas. br/home/geociencias/
Diante dessa breve apresentação, podemos afirmar que esta unidade tem como objetivo cartografia/glossario/
glossario_cartografico.
principal qualificar o acadêmico no processo de tratamento de análise das informações cartográ- shtm
ficas.
Para facilitar a processo de aprendizagem desse conteúdo, optamos por uma estrutura do
texto dividida em tópicos e em subtópicos, como está disposto abaixo.
• Sistemas de referência
• Forma da terra.
• Coordenadas geográficas.
• Localização absoluta.
• Coordenadas UTM
• Determinação de coordenadas sobre o mapa.
• Escala cartográfica
• Escala numérica, como calcular?
• Escala Gráfica.
• Fusos horários
• Como calcular os fusos?
• Fuso Horário do Brasil.
ordenadas geográficas. O plano de voo usa como referências coordenadas para guiar o avião, por
isso não há possibilidade de errar a rota ou caminho.
Outro exemplo que podemos usar para ilustrar o uso das coordenadas geográficas para lo-
calização foi a precisão com que os pilotos dos caças a jato, dos Estados Unidos da América, du-
rante a Guerra do Golfo, em 1991, destruíam pontes, pistas de pousos, centrais de energia elétri-
ca, centros de telecomunicações, enfraquecendo o Iraque.
Agora, imagine um navio, navegando pelo Oceano Atlântico em direção à África. De repen-
te, ocorre um defeito nos motores do navio. O comandante tem que pedir socorro. Como ele fará
para que o navio seja localizado na imensidão do Oceano Atlântico? Esses fatos mostram o uso
dos sistemas de referências, ou sistemas de localização geográfica.
Mas, para avançar sobre o estudo dos sistemas de referência, é imprescindível entender um
pouco sobre geodésia, ou seja, sobre a ciência do levantamento e da representação da superfície
e formas da Terra.
Estudar a forma do Planeta Terra torna-se interessante a partir do momento em que pode-
mos considerar algumas possibilidades. Podemos entender a Terra com sua forma verdadeira
(geoide), ou seja, como uma esfera achatada nos polos com saliências na superfície, pois há, na
crosta terrestre, uma irregularidade no relevo. Como sabemos, a Terra apresenta cadeias elevadas
de montanhas como os Andes na América Latina, o Himalaia na Ásia, entre outras. A Terra tam-
bém apresenta depressões como as fossas das marianas. Portanto, a superfície do planeta tem
Glossário grande diferença na sua superfície como pode ser visto na figura 20.
Geoide: é a “figura Mas essa forma verdadeira da Terra, que foi denominada de Geoide, não permite fazer cálcu-
matemática da Terra”. los, pois a irregularidade não a torna uma figura passível de aplicação de fórmulas matemáticas.
É a superfície equipo- Diante desse impasse, foi necessário pensar em uma maneira de encontrar uma forma da Terra
tencial (superfície de que pudesse ser usada em cálculos matemáticos.
potencial gravitacional
constante) e que, em A busca por métodos para calcular a forma esférica da Terra surge com as ideias de Ptolo-
média, coincide com meu, na Grécia Antiga, mas, no período medieval, essa proposta retroagiu em função das impo-
o valor médio do nível sições da Igreja Católica que pregava a ideia que a Terra era plana. Essa intervenção maléfica da
médio das águas do Igreja retardou o desenvolvimento da ciência geodésica que só foi avançar no século XV.
mar. É o sólido formado O avanço da geodésia, nesse período, ocorreu movido pelo interesse em descobrir novos
pela superfície do nível
médio do mar, hipote- territórios, mas, para isso, era preciso desvendar a forma da Terra para facilitar a navegação.
ticamente prolongado Newton, no século XVII, aplicou as leis da Física e comprovou o achatamento dos polos, explican-
para o interior dos do que isso ocorria em função do movimento de rotação. Para ele, um corpo em movimento age
continentes. sobre si, impulsionando uma força centrífuga que “joga” a massa para fora, o que provoca um
achatamento nos polos.
Mas o geoide não era a forma da Terra que interessava aos geodesistas. Os cálculos necessá-
rios para a representação da Terra, a partir da forma do geoide, seriam complexos. Era necessário,
então, estabelecer uma superfície de referência geometricamente definida. Assim, convencio-
nou-se o elipsoide de revolução, como superfície de referência para a localização geográfica.
Rosa comenta sobre a definição do elipsoide de revolução como figura geométrica para de-
finir a forma matemática da Terra.
32
Geografia - Cartografia
É preciso então buscar um modelo mais simples para representar o nosso pla-
neta. Para contornar o problema lançou-se mão de uma figura geométrica
chamada elipse que, ao girar em torno do seu eixo menor, forma um volume,
o elipsoide de revolução. Assim, o elipsoide é a superfície de referência utili-
zada em todos os cálculos básicos que fornecem subsídios para a elaboração
de uma representação cartográfica. Essa é então a superfície matemática que
mais se aproxima da superfície real da Terra (ROSA, 2004, p. 21).
Portanto, o elipsoide de revolução é o sólido gerado pela rotação de uma elipse em torno
do eixo dos polos. Essa superfície é considerada como a mais próxima da forma real da Terra e foi
proposta como superfície de referência. A figura 21 demonstra uma comparação entre as formas
da Terra.
Dessa forma, percebemos que, a partir da definição de Ptolomeu sobre a esfericidade da Terra,
os estudos sobre a forma matemática do globo terrestre avançaram. Com esses estudos, constatou-
se que a forma da Terra é esférica, porém irregular. Verificou-se também que, mesmo o geoide, que
é um modelo baseado na média do nível dos oceanos, não era uma forma matematicamente defi-
nida. Esse problema só foi resolvido com a adoção do elipsoide como referência (figura 22).
O elipsoide de referência aproxima-se do geoide, a verdadeira figura da Terra ou de qual-
quer outro corpo planetário. Devido à sua relativa simplicidade, os elipsoides de referência são
usados como uma superfície preferida, a partir dos quais são efetuados os cálculos da rede geo-
désica e são definidas as coordenadas de pontos, tais como latitude, longitude e elevação.
Com novas pesquisas ao longo do tempo, concluiu-se que poderia ser adotada, como su-
perfície de referência, o elipsoide local ou DA-
TUM, isto é, aquele cujos parâmetros reprodu-
zissem a superfície de referência mais próxima ◄ Figura 22: Evolução dos
da superfície terrestre, na região considerada. estudos para definir as
Isso significada que há um sistema de referên- formas matemáticas da
cia que leva em consideração as características Terra.
do relevo de uma determinada área do pla- Fonte: ROSA, (2004, p. 22).
neta. Como exemplo, podemos citar o South
American Datum - SAD 69, que é o sistema de
referência da América do Sul, pois leva em con-
sideração as características hipsométricas (alti- Glossário
tude) dessa região. Datum: É um conjun-
No Brasil, foi adotado o elipsoide de to de pontos e seus
respectivos valores
Hayford, cujas dimensões foram consideradas
de coordenadas, que
as mais convenientes para a América do Sul. definem as condições
Atualmente, no entanto, utiliza-se, com mais iniciais para o estabele-
frequência, o elipsoide da União Astronômica Internacional, homologado em 1969, pela Associa- cimento de um sistema
ção Internacional de Geodésia, que passou a se chamar elipsoide de Referência - SAD-69. geodésico. Com base
nessas condições
Sobre a adoção do Datum oficial do Brasil, Rosa afirma que:
iniciais, um sistema ge-
odésico é estabelecido
O Decreto Presidencial Nº 89.317, de 20 de junho de 1984 que estabelece as Ins- através dos levanta-
truções Reguladoras das Normas Técnicas da Cartografia Nacional especifica, mentos geodésicos.
o Datum “South American Datum - 1969”, SAD-69, como datum oficial (local) a Um sistema geodésico
ser utilizado em toda e qualquer representação cartográfica do Território Na- é um conjunto de
cional .Esse datum utiliza o elipsoide UGGI -67, cujos parâmetros são: estações geodésicas
• ponto no terreno (ponto de contato): Vértice de Chuá (MG). (marcos) e suas coorde-
• A altura geoidal: h=0. nadas.
• elipsoide de referência: Elipsoide Internacional de Referência de 1967.
• As coordenadas do ponto: Latitude 45’ 41,6527” S e Longitude 48º 06’
04,0639” W (ROSA, 2004, p. 24).
33
UAB/Unimontes - 2º Período
Dessa forma, podemos afirmar que a forma da Terra, para fins de cálculos matemáticos
(geodésicos), é o elipsoide, pois apresenta menor irregularidade e, por isso, torna os cálculos
mais fáceis.
Com essa conclusão sobre a forma matematicamente definida da Terra, os cartógrafos en-
contraram outro obstáculo, a saber: como criar referências de localização para todo o planeta?
Daí surgiu a coordenada de localização espacial.
34
Geografia - Cartografia
• Paralelos
Rosa (2004, p. 32) define os paralelos ◄ Figura 26: Ilustração
como sendo “círculos da esfera cujo plano é da posição relativa do
perpendicular ao eixo dos polos. O Equador é Zénite e do Nadir.
o paralelo que divide a Terra em dois hemis- Fonte: Disponível em
<http://saber.sapo.mz/
férios. O de 0º corresponde ao Equador, o de wiki/Z%C3%A9nite>.
90º, ao polo norte e o de – 90º refere-se ao Acesso em fev. 2013.
polo sul”.
Já Duarte (2002, p. 50) entende que os
paralelos são circunferências que têm seus
planos, em toda sua extensão, a igual distância
do plano do Equador, sendo sempre perpendi-
cular ao eixo da Terra.
Duarte (2002, p. 51) chama a atenção
para o fato de alguns paralelos apresentarem
nomes especiais, sendo definidos a partir de
situações estratégicas relacionadas com o
movimento de rotação da Terra (que define a ◄ Figura 27: Paralelos que
posição do eixo) e o movimento de revolução possuem nomenclatura
(que demarca o plano da eclíptica). própria.
Com base na figura 27, percebemos que, Fonte: ROSA, (2004, p. 33).
diferentemente dos meridianos (com exceção
de Greenwich, que apresenta nome) alguns
paralelos possuem nomes. São eles: Trópico de
Câncer, Trópico de Capricórnio, Círculo Polar
Ártico e Círculo Polar Antártico. O Equador é
GLoSSáRio
o paralelo que divide a Terra em dois hemisfé-
rios (norte e sul), considerado como o paralelo Zênite: é o ponto da
esfera celeste na verti-
de origem (0°). Partindo do Equador em dire- cal da nossa cabeça.
ção aos polos, há vários planos paralelos ao nadir: é o ponto da
Equador, cujos tamanhos diminuem gradati- esfera terrestre direta-
vamente, até se tornarem um ponto nos polos mente abaixo do ob-
norte (+90°) e sul (-90°). servados e diretamente
oposto ao zênite.
A figura 28 mostra que as linhas imaginá-
rias posicionadas paralelamente ao Equador
determinam a latitude que é definida como a
distância em graus de qualquer ponto da su-
◄ Figura 28: Linha
perfície terrestre até a linha do Equador. Ainda imaginária do Equador.
com base na figura 28, observe que a distân- Fonte: Disponível em
cia, em graus, será de 0° na linha do Equador <http://sempreaaprender.
até 90° para o norte ou 90° para o sul. Quando com/7ano/lat_long2.gi>
Acesso em fev. 2013.
a posição estiver acima da linha do Equador,
será latitude norte; se estiver abaixo da linha
do Equador, será latitude sul.
35
UAB/Unimontes - 2º Período
O sinal de subtração (-) é colocado em frente aos números para indicar o meridiano (oeste) e
o hemisfério (sul).
36
Geografia - Cartografia
Há outro tipo de coordenada que é, normalmente, usada para referência de área menor,
como, por exemplo, para informarmos a posição de um bairro da cidade de Montes Claros. Para
um maior detalhamento da localização, seria necessário usar outro tipo de sistema de coordena-
das, denominadas de coordenadas planas ou Universal Transversa de Mercator – UTM.
37
UAB/Unimontes - 2º Período
▲
Figura 34: Um fuso de Figura 35: Fusos UTM ►
UTM exagerado dez que atravessam o
vezes em largura para território brasileiro.
mostrar a relação entre Fonte: Disponível em
UTM e coordenadas <http://www.professores.
geográficas. uff.br/cristiane/Estudodi-
Fonte: ANDERSON, (1982, rigido/Cartografia/Figu-
p. 48). ra%2019.JPG> Acesso em
mar. 2013.
Vimos até aqui que o sistema UTM é um sistema de coordenadas em metros, a partir de um
fuso de referência. Apesar de não ser tão complicado, esse sistema é pouco usado, pois, como
é adotado nas grandes escalas, é pouco difundido, uma vez que os materiais cartográficos com
grande detalhamento não são populares. Mas, no meio técnico, esse sistema é amplamente usa-
do. Por isso, como profissionais da Geografia, é necessário termos uma noção clara do funcio-
namento desse sistema de coordenada, e isso inclui sabermos determinar a localização de uma
coordenada.
Então, vamos seguir para essa etapa prática.
38
Geografia - Cartografia
1 mm ------ 6”
Para a latitude desejada faltam: 5’ 42” = 342”
x ------- 342”
Logo, x = 42,222 mm = 57 mm
Com esse resultado encontrado, 57 mm, temos de posicionar a régua e marcar dois pontos afas-
tados um do outro, ligando-os a seguir e traçando uma reta horizontal, ou marcamos um único ponto
e, com um esquadro, traçarmos uma reta horizontal equidistante ao paralelo. (IBGE, 2013)
Logo, x = 25,6 mm
39
UAB/Unimontes - 2º Período
Agora, para a longitude, temos de posicionar a régua e marcar o valor de 25,6mm em dois
pontos diferentes, ligando-os e traçando, assim, uma reta vertical, ou marcamos um único ponto
e, com um esquadro, traçarmos uma reta vertical paralela ao meridiano.
O ponto desejado encontra-se no cruzamento entre as duas retas traçadas, determinado pe-
las coordenadas dadas do ponto que procurávamos, como é mostrado na figura 36.
Para encontrar as coordenadas geográficas de um ponto qualquer em uma carta, o proces-
so é o mesmo. Ao contrário de acharmos a medida em milímetros para marcamos na carta, me-
diremos a distância da referência (linhas da
grade ou paralelos e meridianos) até o ponto
desejado e calcularemos, em graus, minutos e
segundos, obtendo, assim, as coordenadas de-
sejadas.
2.3 Escala
cartográfica
A escala cartográfica é um dos elementos
básicos do mapa, pois permite ao leitor ter a
ideia de quantas vezes a área real é maior do que
a representação que consta no mapa. Por isso,
quando eleboramos um mapa ou uma carta te-
mos de informar, com a máxima prescisão possí-
vel, a escala.
Na definição de Duarte (2002, p. 113),
percebemos a importância da escala, pois ele
afirma que: “todo mapa é uma representação
esquemática e reduzida da superficie terres-
tre.” Dessa forma, para fazer-se um mapea-
mento é imprescidível estabelecer uma escala,
ou seja, definir quantas vezes aquela área que
será mapeada será reduzida. É óbvio a neces-
sidade da escala, pois se não for reduzida uma
área, como mapeá-la? O mapa teria o mesmo
tamanho da área real. Nesse caso, Anderson
informa que:
▲ Se um desenho fosse tão grande a ponto de sua escala ser de 1 por 1, seria
Figura 36: Marcação mais adequado chamá-lo de “planta” ou apenas, um desenho. Por exemplo,
de coordenadas desenhistas de peças mecânicas, muitas vezes, fazem desenhos da dimensão
geográficas. normal do objeto ou maior (ampliado). Contudo, esses desenhos não são ma-
Fonte: Disponível em pas (ANDERSON, 1982, p. 52).
<http://www.ibge.gov.br/
home/geociencias/carto- A escala mostra a redução conforme a proporção entre o desenho e a superfície real. (DUAR-
grafia/manual_nocoes/
imagens/5-1.gif> acesso TE, 2002, p. 113). Essa proporção ou escala aparece no mapa de duas formas, numérica ou gráfi-
em 12 jul. 2013. ca, como podemos ver nos exemplos abaixo.
Numérica - 1:100.000 ------ Gráfica
Esses tipos de escalas apresentam vantagens uma em relação à outra. A escala numérica
oferece, de forma rápida, o valor da redução, mas, em caso de reprodução, em que haverá re-
dução ou ampliação do mapa, a escala numérica sofrerá deformação, pois a área do mapa foi
reduzida ou ampliada enquanto a escala continuou com o mesmo valor. Assim, a escala gráfica é
indicada para os casos de reprodução, pois a área continua proporcional à escala.
Outro cuidado que temos de ter ao trabalhar com escala é a maneira de mencionar o tama-
nho dela. A escala grande refere-se àquelas em que há grande riqueza de detalhes e, para isso,
a redução da área real tem de ser pequena, pois se reduzir uma grande área, como do território
40
Geografia - Cartografia
brasileiro e representá-la num papel A4, teremos poucas informações sobre o território brasileiro.
Logo, essa escala será pequena, pois haverá pouco detalhamento.
Todavia, quando representamos uma área menor como um bairro em uma mapa (em folha
A4), teremos maior detalhes, como ruas, lotes e até informações mais precisas como lojas, por
exemplo. Devido a essa escala, podemos ter um material mais próximo do que está naquele es-
paço e teremos uma escala grande.
O tamanho da escala é dado pela variação do denominador, quanto maior o denominador,
menor é a escala, pois, como o denominador é o tamanho real da área, se tivermos um número
grande como denominador, teremos uma área muito grande para representar, em um espaço
muito pequeno. Dessa forma, a representação da área é feita com pouquíssimos detalhes.
A própria definição de escala nos permite estabelecer uma fórmula para calcular a escala,
pois, para Rosa (2004), a escala é a relação de proporção (E) entre uma distância medida no mapa
(M) e uma distância medida no terreno (T). Diante dessa definição, se temos duas dessas três va-
riáveis, podemos encontrar a terceira.
E=T/M
T=ExM
M=T/E
Com essa tática, basta tampar a variável que queremos encontrar e, a partir daí, teremos a
forma para obter o valor desejado. Seguem os casos para calcularmos a escala:
41
UAB/Unimontes - 2º Período
Outro ponto importante lembrado por Anderson (1982, p. 52) trata-se da conversão de uni-
dade de medida, pois, ao lermos que uma escala de “2 cm equivale a 500 m”, não devemos tradu-
zir como 2cm:500m. O correto é escrevê-la 1:25.000 ou 1/25.000 (pois, 500m = 50.000 cm, por-
tanto, a relação é 2/50.000 que simplificada resulta em (2/50.000) / 2 = 1/25.000).
Anderson (1982, p. 52) também afirma que esse tipo de escala é constituído por um seg-
mento de reta graduado, a partir de uma marca zero que ainda indica o valor das distâncias ter-
restres correspondentes às medidas no mapa. Essa graduação normalmente aparece em partes
iguais, podendo ainda ter o primeiro intervalo subdividido em valores menores que os dos inter-
valos normais. (ver exemplo abaixo).
42
Geografia - Cartografia
O quadro 04 mostra os valores mais encontrados nas escalas dos mapas. Essa tabela facilita
a conversão das unidades de medida.
1:10.000 100 m 10 cm
1:50.000 500 m 2 cm
1:100.000 1.000 m (1 km) 1 cm
1:500.000 5 km 2 mm
1:1.000.000 10 km 1 mm
Fonte: ROSA, (2004, p. 29).
Como nos lembra Anderson, a lista de alguns pontos de grande relevância tem de ser lem-
brada quando trabalhamos com escala. Seguem esses pontos, como escreve o autor supracitado.
43
UAB/Unimontes - 2º Período
44
Geografia - Cartografia
45
UAB/Unimontes - 2º Período
O estado de Minas Gerais apresenta a mesma hora de Brasília, ou seja, a hora oficial. Isso se
deve ao fato de estar no mesmo fuso da capital federal.
A grande mudança com esse novo fuso horário brasileiro trata do fim do fuso (-5) que
abrangia o estado do Acre e parte do estado do Amazonas, além da integração de todo o estado
do Pará em um único fuso. Essa medida legal foi tomada com a justificativa de que essa nova
configuração de fuso horário, no território brasileiro, provoca maior integração nacional.
Referências
ANDERSON, Paul S. Princípios de cartografia básica. Tradução Noeli Vettori Anderson e Paulo
Frederico Hald Madsen. Illinois State University, Springfield, 1982.
LEITE, Marcos Esdras; PEREIRA, Anete Marília. Metamorfoses do espaço intra-urbano de Mon-
tes Claros. Montes Claros: Editora da Unimontes, 2008.
46
Geografia - Cartografia
Unidade 3
Projeções cartográficas, mapas e
cartas
Yara Maria Soares Costa da Silveira
3.1 Introdução
Depois de estudarmos a origem dos mapas, as técnicas de orientação, os sistemas de re-
ferências, a escala e os fusos horários, chegamos a outro tema básico da cartografia, a projeção
geográfica, o que nos permitirá compreender como os mapas são elaborados e quais as formas
de representar a terra em um plano, buscando minimizar as distorções.
Compreender as projeções não é complicado, pelo contrário, é prazeroso entender que de-
pendendo da finalidade e da área a ser mapeada, podemos utilizar um tipo específico de proje-
DICA
ção que nos trará resultados satisfatórios.
Além das projeções, esta unidade aborda também os tipos de mapas e carta. Veremos que, Antes de iniciar os seus
estudos da Unidade III,
apesar desses termos serem próximos, costumamos diferenciá-los de acordo com a escala. Os assista e reflita sobre as
mapas e as cartas são classificados pelo tipo de informação contida, e isso está relacionado com informações do Vídeo
a escala, como vimos na unidade anterior. Mapas e Projeções Car-
Apesar de ser uma unidade que envolve poucos tópicos, veremos que há uma grande quan- tográficas. Disponível
tidade de informações nesta unidade e, para aperfeiçoar o processo de leitura e a consequente em: http://www.geo-
grafia.seed.pr.gov.br/
aprendizagem, apresentamos a seguinte estrutura: modules/video/showVi-
• Projeção cartográfica deo.php?video=10358.
• Tipos mais comuns de projeções cartográficas Acesso em mar. 2013.
• Cartas e mapas Reflita: De agora em
• Conceitos e características diante, quando algum
mapa lhe for apresen-
• Classificação de cartas e mapas tado para suas análises,
• Séries cartográficas reflita antes sobre
• Carta internacional ao milionésimo os porquês das suas
formas e localizações.
Observe se ele não está
47
UAB/Unimontes - 2º Período
Propriedades Geométricas das Projeções
48
Geografia - Cartografia
b. Projeção de Peters
É caracterizada por ser uma representação
mais fiel à área, em detrimento da forma. É no-
tável, na figura 50, a diminuição do tamanho da ◄ Figura 50: Mapa-múndi
Europa, por exemplo, e o destaque dado à Amé- com a projeção de
rica Latina e à África, tendo sido batizado pelo Peters.
próprio Arno Peters como “mapa para um mundo Fonte: Disponível em
<http://www.curso-
mais solidário.” Mesmo sendo mais correta para -objetivo.br/vestibular/
noções de tamanho dos continentes e oceanos, é roteiro_estudos/projeco-
uma projeção pouco difundida. es_cartograficas.aspx>
acesso em 13 jul. 2013.
c. Projeção Ortográfica
A Terra aparece como em uma fotografia
tirada do espaço, como nota-se na figura 51. É ◄ Figura 51: Projeções
ortográficas centradas
uma projeção em perspectiva, e as áreas e for- no pólo norte (Polar),
mas ficam deformadas por ela. A escala dimi- América do Norte
nui gradativamente enquanto se distancia do (Oblíqua) e Américas
ponto central da projeção. (Equatorial).
Fonte: Disponível em
<http://egsc.usgs.gov/isb/
d. Projeção Cônica pubs/MapProjections/gra-
Nesse tipo de projeção, os meridianos irra- phics/orthographic.gif>
diam-se em linhas retas de um mesmo ponto. acesso em 14 jul. 2013.
Podem ser realizadas com cones tangentes ou
secantes. É utilizada para projeção de regiões ◄ Figura 52: Mapa-múndi
do globo. com a projeção de
Mollweide.
e. Projeção de Mollweide Fonte: Disponível em
<http://www.curso-
Criada para corrigir as distorções causadas -objetivo.br/vestibular/
pela projeção de Mercator. A Terra é represen- roteiro_estudos/projeco-
tada dentro de uma elipse, na qual os parale- es_cartograficas.aspx>
acesso em 13 jul. 2013.
los são linhas retas, e os meridianos são curvos
(exceto o central). A distorção aumenta quanto
mais se aproxima das extremidades do mapa ◄ Figura 53: Mapa-múndi
(figura 52). com a projeção de
Goode.
f. Projeção de Goode (modifica a de Mo- Fonte: Disponível em
<http://www.curso-
olweide) -objetivo.br/vestibular/
Como faz menção à forma da Terra e des- roteiro_estudos/projeco-
privilegia áreas do oceano, a projeção Goode es_cartograficas.aspx>
acesso em 13 jul. 2013.
faz mais sentido quando utilizada na projeção
do planisfério (note a figura 53).
◄ Figura 54: Mapa-
g. Projeção Dymaxion (ou de Fuller) múndi com a projeção
Essa projeção consiste em projetar a su- Dymaxion.
perfície terrestre em um icosaedro (ver figura Fonte: Disponível em
<http://www.grunch.net/
54) e o planificar. Essa projeção, ao contrário da synergetics/map/dymax.
maioria das outras, foi concebida apenas para a html> acesso em 13 jul.
projeção do globo terrestre. 2013.
A projeção Dymaxion possui vantagens sobre as projeções de Mercator (menor distorção
de áreas) e de Peters (menor distorção da forma). A projeção reforça a ideia da não adoção de
convenções como norte-sul ou leste-oeste, pois não existe uma orientação padrão para posicio-
namento.
49
UAB/Unimontes - 2º Período
h. Projeção de Robinson
Essa projeção foi concebida para tentar corrigir as distorções da projeção cilíndrica de Mer-
cator. É baseada nas coordenadas e não em padrões matemáticos, como acontece em outros
modelos. É considerada como uma das melhores projeções para representação do globo terres-
tre. Distorce todas as características, mas tenta equilibrar as distorções de forma a representar a
todas de forma aceitável (observe a figura 55).
Com essa breve visão dos tipos mais usados das projeções, percebemos que, dependendo
da finalidade e da área de estudo, é necessário usar um tipo específico de projeção, pois, assim,
as distorções serão minimizadas no momento de criar um mapa ou uma carta. E por falar em car-
ta e mapas, quais são as diferenças existentes entre elas?
MAPA (Características):
• representação plana;
• geralmente em escala pequena;
• área delimitada por acidentes naturais (bacias, planaltos, chapadas etc.), político-administra-
tivos;
• destinação a fins temáticos, culturais ou ilustrativos.
O mapa representado pela figura 56 trata de um mapa político do Brasil. Esse mapa é deno-
minado político, por mostrar a divisão por unidade da federação. O fato da escala ser pequena
não nos permite obter informações detalhadas sobre esse território.
50
Geografia - Cartografia
CARTA (Características):
• representação plana;
• escala média ou grande;
• desdobramento em folhas articuladas de maneira sistemática;
• limites das folhas constituídos por linhas convencionais, destinada à avaliação precisa de di-
reções, de distâncias e de localização de pontos, áreas e detalhes.
• Analisando a figura 57, que mostra uma carta topográfica, você percebe que a carta diferen-
cia-se visivelmente do mapa, pois, como a escala dela é grande, há uma maior riqueza de
detalhes. Além disso, as curvas de nível (na disciplina cartografia temática do próximo mó-
dulo, vocês aprenderão a construir uma representação em curva de nível) são encontradas
nas cartas para representar a altitude do relevo (hipsometria).
51
UAB/Unimontes - 2º Período
PLANTA
A planta é um caso particular de carta. A representação restringe-se a uma área muito limi-
tada e escala muito grande. Consequentemente, o número de detalhes é bem maior.
A planta é uma “Carta que representa uma área de extensão suficientemente restrita para
que a sua curvatura não precise ser levada em consideração, e que, em consequência, a escala
possa ser considerada constante.”
Dependendo da escala das cartas e dos mapas, além de suas finalidades, eles são classifica-
dos. Por isso, fique atento ao uso correto da classificação dos mapas e da carta, pois o uso correto
dos termos é importante na cartografia.
Observe o quadro 5, elaborado por Rosa (2000), pois, além da subdivisão dos tipos de ma-
pas, ela mostra os objetivos de cada tipo e os respectivos exemplos.
a) Geral
• Cadastral
Representação em escala grande, geralmente planimétrica e com maior nível de detalha-
mento, apresentando grande precisão geométrica. Normalmente é utilizada para representar
bairros, cidades e regiões metropolitanas, nas quais a densidade de edificações e arruamento é
grande.
52
Geografia - Cartografia
• Topográfica
Carta elaborada a partir de levantamentos aerofotogramétrico e geodésico original ou com-
pilada de outras cartas topográficas em escalas maiores. Inclui os acidentes naturais e artificiais,
em que os elementos planimétricos (sistema viário, obras etc.) e altimétricos (relevo através de
curvas de nível, pontos colados etc.) são geometricamente bem representados. As aplicações das
cartas topográficas variam de acordo com sua escala:
a. 1:25.000 - Representa cartograficamente áreas específicas, com forte densidade demográ-
fica, fornecendo elementos para o planejamento socioeconômico e bases para antepro-
jetos de engenharia. Esse mapeamento, pelas características da escala, está dirigido para
as áreas das regiões metropolitanas e outras que se definem pelo atendimento a projetos
específicos. Cobertura Nacional: 1,01%.
b. 1:50.000 - Retrata cartograficamente zonas densamente povoadas, sendo adequada
ao planejamento socioeconômico e à formulação de anteprojetos de engenharia. A sua
abrangência é nacional, tendo sido cobertos, até agora, 13,9% do território nacional, con-
centrando-se, principalmente, nas regiões sudeste e sul do país.
c. 1:100.000 - Objetiva representar as áreas com notável ocupação, priorizadas para os inves-
timentos governamentais, em todos os níveis de governo - Federal, Estadual e Municipal.
A sua abrangência é nacional, tendo sido cobertos, até o momento, 75,39% do território
nacional.
d. 1:250.000 - Subsidia o planejamento regional, além da elaboração de estudos e de proje-
tos que envolvam ou modifiquem o meio ambiente. A sua abrangência é nacional, tendo
sido cobertos, até o momento, 80,72% do território nacional.
Mapa Municipal: Entre os principais produtos cartográficos produzidos pelo IBGE, encontra-
-se o mapa municipal, que é a representação cartográfica da área de um município, contendo os
limites estabelecidos pela Divisão Político-Administrativa, acidentes naturais e artificiais, toponí-
mia, rede de coordenadas geográficas, UTM etc.
Essa representação é elaborada em bases cartográficas mais recentes e em documentos
cartográficos auxiliares, na escala das referidas bases. O mapeamento dos municípios brasileiros
ocorre para fins de planejamento e gestão territorial, em especial, para dar suporte às atividades
de coleta e disseminação de pesquisas do IBGE.
• Geográfica
Carta em que os detalhes planimétricos e altimétricos são generalizados, os quais oferecem
uma precisão de acordo com a escala de publicação. A representação planimétrica é feita atra-
vés de símbolos que ampliam muito os objetos correspondentes, alguns dos quais, muitas vezes,
têm de ser bastante deslocados.
A representação altimétrica é feita através de curvas de nível, cuja equidistância apenas
dá uma ideia geral do relevo e, em geral, são empregadas cores hipsométricas. São elaboradas
na escala 1:500.000 e menores, como, por exemplo, a Carta Internacional do Mundo ao Milio-
nésimo (CIM).
Mapeamento das Unidades Territoriais: representa, a partir do mapeamento topográfico,
o espaço territorial brasileiro através de mapas elaborados, especificamente, para cada unidade
territorial do país.
Produtos gerados:
• Mapas do Brasil (escalas 1:2.500.000,1:5.000.000,1:10.000.000 etc.).
• Mapas Regionais (escalas geográficas diversas).
• Mapas Estaduais (escalas geográficas e topográficas diversas).
b) Temática
São as cartas, mapas ou plantas em qualquer escala, destinadas a um tema específico, ne-
cessário às pesquisas socioeconômicas, de recursos naturais e de estudos ambientais. A repre-
sentação temática, distintamente da geral, exprime conhecimentos particulares para uso geral.
Com base no mapeamento topográfico ou de unidades territoriais, o mapa temático é ela-
borado, em especial, pelos Departamentos da Diretoria de Geociências do IBGE, que associa ele-
53
UAB/Unimontes - 2º Período
c) Especial
São as cartas, mapas ou plantas para grandes grupos de usuários muito distintos entre si e,
cada um deles, concebido para atender a uma determinada faixa técnica ou científica. São do-
cumentos muito específicos e, sumamente, técnicos que se destinam à representação de fatos,
dados ou fenômenos típicos, tendo assim que se cingir rigidamente aos métodos e aos objetivos
do assunto ou da atividade a que está ligado.
Por exemplo: Cartas náuticas, aeronáuticas, para fins militares, mapa magnético, astronômi-
co, meteorológico e outros.
a. Náuticas:
Representa as profundidades, a natureza do fundo do mar, as curvas batimétricas, bancos
de areia, recifes, faróis, boias, as marés e as correntes de um determinado mar ou áreas terrestres
e marítimas.
São elaboradas de forma sistemática pela Diretoria de Hidrografia e Navegação-DHN, do Mi-
nistério da Marinha. O Sistema Internacional exige que a navegação marítima, seja de carga, seja
de passageiros, mantenha atualizado o mapeamento do litoral e hidrovias.
b. Aeronáuticas:
Representação particularizada dos aspectos cartográficos do terreno, ou parte dele, destina-
da a apresentar, além de aspectos culturais e hidrográficos, informações suplementares necessá-
rias à navegação aérea, pilotagem ou ao planejamento de operações aéreas.
Uma das séries mais utilizadas pelos geógrafos é a da Carta Internacional do Mundo (CIM)
ou Carta do Mundo ao Milionésimo, da qual se derivou a Carta do Brasil ao Milionésimo. Esta
faz parte de um plano mundial que teve origem numa convenção internacional, realizada em
Londres, Inglaterra, no mês de novembro de 1909, quando foram estabelecidos padrões técnicos
para a confecção de folhas na escala de 1:1.000.000 (daí a expressão milionésimo), cobrindo boa
parte da superfície terrestre. As dimensões das folhas foram fixadas em 6 graus de longitude por
4 graus de latitude.
54
Geografia - Cartografia
Em abril de 1956, a Organização das Nações Unidas (ONU), através do Conselho Econômico
e Social, juntamente com a Organização Internacional de Aviação Civil (ICAO), promoveu uma
reunião dos Estados membros para discutir a importância da CIM em seus vários aspectos, espe-
cialmente para o desenvolvimento econômico das nações.
Em 1958, foi feita outra reunião, em Tóquio-Japão, tendo sido discutidas questões idênticas,
durante a qual também foi reconhecida a necessidade de investimentos, no sentido de manter
as cartas atualizadas, bem como um intercâmbio de informações.
Atualmente, o órgão responsável pelas edições das folhas da Carta do Brasil ao Milionésimo
é a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE –, através da Diretoria de Ge-
ociências do Departamento de Cartografia, que as reedita a cada decênio, obedecendo às nor-
mas do acordo da CIM, assinado em Bonn (Alemanha), em 22 de agosto de 1962, na Conferência
Técnica das Nações Unidas. Tais folhas são em número de quarenta e seis, sendo cinco delas no
hemisfério norte. Cada folha pode ser identificada pelo nome ou por uma indicação formada por
letras e números.
• Padronização da CIM
55
UAB/Unimontes - 2º Período
6. A contar do ângulo noroeste para leste, são inseridos números romanos de 1 a 12, dentro
de um círculo, com espaçamento de 30 minutos. Na direção da latitude, são inseridas le-
tras de “a” a “h”. No índice dos Topônimos da Carta do Brasil ao Milionésimo, os acidentes
geográficos são indicados segundo as coordenadas formadas por essas letras e números.
56
Geografia - Cartografia
Referências
FUNDAÇÃO IBGE. Noções básicas de cartografia. Disponível em http://www.ibge.gov.br/home/
geociencias/cartografia. Acesso em 05 jul. 2012.
57
Geografia - Cartografia
Resumo
UNIDADE I
UNIDADE II
Estudar a forma do Planeta Terra torna-se interessante a partir do momento em que pode-
mos considerar algumas possibilidades. Podemos entender a Terra com sua forma verdadeira
(geoide), ou seja:
• Como uma esfera achatada nos polos com saliências na superfície, pois há, na crosta terres-
tre, uma irregularidade no relevo.
• A Terra apresenta cadeias elevadas de montanhas como os Andes na América Latina, o Hi-
malaia na Ásia, entre outras.
A busca por métodos para calcular a forma esférica da Terra surge com as ideias de Ptolo-
meu, na Grécia Antiga, mas, no período medieval, essa proposta retroagiu em função das imposi-
ções da Igreja Católica que pregava a ideia que a Terra era plana.
• A partir da definição de Ptolomeu sobre a esfericidade da Terra, os estudos sobre a forma
matemática do globo terrestre avançou.
• Com esses estudos, constatou-se que a forma da Terra é esférica, porém irregular.
• Verificou-se também que, mesmo o geoide, que é um modelo baseado na média do nível
dos oceanos, não era uma forma matematicamente definida, esse problema só foi resolvido
com adoção do elipsoide como referência.
Para fins de cálculos matemáticos (geodésicos), podemos afirmar que a forma da Terra é
elipsoide, pois apresenta menor irregularidade e, por isso, torna os cálculos mais fáceis. Com a
definição da superfície de referência, foi possível avançar na criação de novos sistemas cartográ-
ficos. Nesse sentido, foi definido um dos elementos básicos da cartografia, o sistema de referên-
cia, utilizando um sistema de coordenadas sobre a Terra, de maneira que cada ponto de sua su-
perfície possa ser referido ou localizado a esse sistema. Desse modo, conhecer os Meridianos, os
Paralelos, as Redes Geográficas, Localização Absoluta, Coordenadas UTM, Fusos Horários, tornará
sua compreensão sobre o espaço no planeta Terra mais fácil. Mãos a obra e se dedique a esse
estudo.
UNIDADE III
Assim, todo mapa apresenta uma deformação ou a combinação de mais de uma dos se-
guintes tipos de deformação:
• Linear
• Angular
• Superficial
60
Geografia - Cartografia
Referências
Básicas
Complementares
ANDERSON, Paul S. Princípios de cartografia básica. Tradução Noeli Vettori Anderson e Paulo
Frederico Hald Madsen). Illinois State University, 1982.
FERREIRA, Graça Maria Lemos. Geografia em mapas: noções básicas Geografia geral e do Brasil.
Volume 01. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1997.
OLIVEIRA, Ivanilton José. A linguagem dos mapas: utilizando a cartografia para comunicar.
Temporis(ação), Cidade de Goiás (GO), v. 1, n. 8, p. 37-62, 2005. Publicado em Revista Uniciên-
cia. Goiás. 2004.
SOUZA. Sônia Magali Alves de. A prática pedagógica do professor de geografia no ensino
dos conteudos cartográficos. (dissertação de Mestrado, 2002) UFPE.
Suplementares
MARTINELLI, Marcelo. Gráficos e mapas: construa-os você mesmo. São Paulo: Moderna, 1999.
SIMIELLI, Maria Helena & Biase. Moderno atlas geográfico escolar. São Paulo: Ed. Ática, 2000.
61
UAB/Unimontes - 2º Período
Sites consultados
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Geografia - Cartografia
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Geografia - Cartografia
Atividades de
Aprendizagem - AA
1) Considerando a importância de estudar mapas, marque Verdadeiro ou Falso.
2) Partindo do princípio de que informações, inicialmente irrelevantes, poderão nos dar uma loca-
lização de onde estamos, marque quais os elementos da natureza que nos auxiliam nessa tarefa.
a. O mapeamento do território brasileiro foi realizado, pela primeira vez, com a descoberta de
ouro na Amazônia.
b. O exército brasileiro tem pouco interesse pela cartografia, pois não é seu foco de ação.
c. A produção de carta topográfica ainda é pequena em relação a outros países que possuem
todo território mapeado.
d. O Estado brasileiro é o maior responsável pela produção de produtos cartográficos.
65
UAB/Unimontes - 2º Período
a. ( ) 12 e 11 horas.
b. ( ) 11 e 12 horas.
c. ( ) 12 e 13 horas.
d. ( ) 13 e 12 horas.
e. ( ) 12 e 14 horas.
10) “Mapa para um mundo mais solidário”. Essa definição para a projeção de Peters, dada por ele
mesmo, é justificada por:
66