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Linguística
1ª EDIÇÃO ATUALIZADA
2014
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
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Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Linguística pré-saussuriana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2 Na antiguidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Movimentos linguísticos do século XX: polo formalista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.3 Estruturalismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.4 Gerativismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Movimentos linguísticos do século XX: polo pragmático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.3 Funcionalismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.5 Pragmática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.9 Sociolinguística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.10 Neurolinguística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.11 Psicolinguística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Referências básicas, complementares e suplementares . . . . . 41
Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Letras Português - Linguística
Apresentação
Olá! Neste semestre ocorre a segunda disciplina de estudos linguísticos do curso, intitulada
Linguística, e nosso propósito, agora, a partir dos conhecimentos básicos adquiridos na discipli-
na anterior, é suscitar discussão a respeito dos movimentos linguísticos que corroboraram para o
delineamento do objeto língua/linguagem.
Para tanto, refletiremos sobre as abordagens sócio-históricas da linguagem e seus efeitos no
modo de o homem compreendê-la, enfocando as correntes linguísticas propostas a partir do sé-
culo XX, e confrontaremos as diversas tomadas de posicionamento de estudiosos/ pesquisadores
da língua, ao longo da história.
É interessante já ressaltar que, assim como a língua traz em si germes de mudança, visto que
ela é dinâmica, também o modo de entendê-la e/ou de investigá-la é dado a mudanças. Dessa
forma, várias foram as perspectivas através das quais se tentou explicar e analisar o fenômeno da
linguagem, ainda que elas instaurem uma relação de confronto, de reforço e/ou de complemen-
tação. Obviamente, cada prisma investigativo é, inevitavelmente, marcado por fatores históricos,
culturais, ideológicos, sociais, entre outros, que acabam orientando o olhar do sujeito na ativida-
de analítica.
Ora, saber em que consistem tais correntes e identificar as possíveis variações entre elas tor-
nam-se imprescindíveis para aqueles que se interessam pelos estudos linguísticos. Acreditamos
que o quadro configurado por tais movimentos linguísticos nos permite compreender a língua
de uma maneira mais engajada, coerente e aprofundada. Portanto, mais adequada à demanda
educacional da atualidade.
A nossa proposta, então, é apresentar os movimentos linguísticos, buscando levar o leitor a
perceber o objeto língua/linguagem de maneira crítica e global, compreendendo-o não só por
um viés, mas pela multiplicidade de ângulos que lhe é peculiar.
Por fim, pretendemos cooperar para a sua formação, profissionais e futuros profissionais
da educação, elucidando conceitos, teorias e reflexões que estejam focados no objeto língua/
linguagem. Desejamos que tais estudos possam, de fato, auxiliá-los nos trabalhos a serem em-
preendidos na prática docente.
Objetivamos:
• Realizar um levantamento crítico das ideias que dominaram e/ou dominam a ciência Lin-
guística;
• Confrontar as circunstâncias sócio-históricas com a emergência de uma determinada cor-
rente linguística;
• Discutir os efeitos de uma dada corrente linguística para a compreensão da atividade comu-
nicativa;
• Elucidar questões epistemológicas relacionadas aos movimentos linguísticos do século XX.
O texto está estruturado a partir do desenvolvimento das unidades e subunidades. Você de-
verá perceber que as questões para discussão e reflexão que acompanham os textos são muito
importantes, bem como as sugestões para ir ao ambiente de aprendizagem, ao fórum, acessar
bibliotecas virtuais na web, etc. As sugestões, informações, atividades e dicas estão localizadas
nos textos, aparecendo com os seguintes ícones:
DICA, ATIVIDADE E GLOSSÁRIO
A leitura dos textos também é importante, pois eles indicam os possíveis desenvolvimentos
e ampliações para o estudo e a discussão, além de, em determinadas ocasiões, serem os textos
a que nos remeteremos durante nossa abordagem neste caderno. São recursos que podem ser
explorados por você de maneira eficaz, pois buscam promover atividades de observação e de
investigação que permitam desenvolver habilidades próprias da análise linguística e exercitar a
leitura e a interpretação de fenômenos linguísticos e culturais. Ao planejar este material, consi-
deramos que você se familiarizaria, paulatinamente, com a visão e os procedimentos próprios da
disciplina.
Agora é com você. Explore tudo, abra espaços para a interação comunicativa com os colegas,
para o questionamento, para a leitura crítica dos textos, bem como para as atividades e leituras.
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UAB/Unimontes - 3º Período
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Letras Português - Linguística
UNIDADE 1
Linguística pré-saussuriana
1.1 Introdução
A curiosidade faz parte da natureza humana; é intrínseca ao homem. E, em relação à lin-
guagem, não é diferente. Assim, questões como “por que falamos”?”, “como e para que falamos?”,
“como a língua é estruturada?”, “por que se fala de maneiras diferentes uma mesma língua?”, etc.
são de interesse daqueles que se sentem atraídos pelo funcionamento da lingua(gem).
A partir de questionamentos como esses, elaboramos este Caderno Didático, cujo objetivo
principal é oferecer uma visão panorâmica dos movimentos linguísticos a partir do século XX.
Porém, para tanto, torna-se necessário, antes de tudo, colocar as investigações linguísticas no seu
contexto histórico, a fim de que saibamos quais motivos e intuições do passado serviram de ba-
ses a teorias e orientações atuais e possamos formular uma série de propostas satisfatórias a res-
peito do que seja linguagem.
Em razão disso, nosso enfoque, nesta primeira Unidade, são as investigações linguísticas no
Ocidente, de Platão às propostas do século XIX. Faremos referência a poucas investigações lin-
guísticas ocorridas no Oriente, apenas àquelas que interferiram no pensamento ocidental.
Esta primeira unidade, Linguística Pré-Saussuriana, foi dividida nas seguintes subunidades:
• Na Antiguidade
• Na Índia
• Na Grécia Antiga
• No Período Alexandrino
• Em Roma
• Da Idade Média ao século XVI
• Do século XVII ao século XIX
1.2 Na antiguidade
1.2.1 Na Índia
Os hindus são povos da civilização oriental; por razões religiosas, foram os primeiros povos
levados a estudar sua língua - o sânscrito. Preocuparam-se com os textos sagrados, reunidos nos
Vedas, pois não queriam que sofressem alteração alguma no momento de serem cantados ou
recitados durante os rituais religiosos. Acreditavam que essas alterações constituíam sacrilégios.
Depois, os gramáticos – dos quais o mais célebre é Panini (século IV a.C) - dedicaram-se ao
estudo do valor e do empréstimo das palavras do sânscrito e fizeram descrições fonéticas que
são consideradas modelo no gênero. Por muito tempo esquecidas, foram elas descobertas pelos
sábios ocidentais nos fins do século XVIII e constituíram, como veremos ainda nesta unidade, o
ponto de partida indispensável à criação da gramática comparada.
A descoberta do sânscrito, no século XVIII, possibilitou aos estudiosos ocidentais reconhe-
cer a estrutura interna das palavras, depreendendo suas unidades mínimas. Porém, cumpre res-
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UAB/Unimontes - 3º Período
Dica saltar que os estudos hindus eram puramente estáticos, relativos apenas ao sânscrito, efetuados
A Panini é creditada a
por homens totalmente destituídos de senso histórico, os quais se limitavam a classificar os fatos,
descoberta dos concei- sem procurar a explicação para eles.
tos de fonemas, mor-
femas e raiz, conceitos
apenas entendidos
por alguns linguistas
1.2.2 Na Grécia antiga
ocidentais no século
XVIII:
Fonema - unidade Os primeiros questionamentos no mundo ocidental feitos sobre a lingua(gem) tentavam
estrutural da língua determinar se ela era fonte de conhecimento ou a lingua(gem) era, simplesmente, um meio de
falada, a sua mudança comunicação convencionado pelo homem.
em uma palavra con- E foi Platão (século V a. C.), o primeiro estudioso da lingua(gem), em seu livro Crátilo, quem
duz a um significado
escreveu sobre essas indagações: Qual seria a origem das palavras? Elas provinham da natureza
diferente;
Morfema - menor ou da convenção?
unidade estrutural Nesse diálogo Crátilo, três personagens debatiam a questão: Crátilo (a língua espelha exa-
da língua que tem tamente o mundo), Hermógenes (a língua é arbitrária) e Sócrates (conciliador das duas propos-
significado e raiz - tas anteriores). Estabeleceu-se, com isso, que a relação das palavras com as coisas não era direta,
forma mais simples
mas indireta, entretanto, faltava ainda determinar a natureza delas.
de uma palavra, que
transmite a maior Aristóteles, um seguidor de Platão, propôs três etapas para a descrição da relação palavras e
parte das informações coisas: “os signos escritos representam os signos falados; os signos falados representam impres-
sobre o significado. Na sões na alma, e as impressões na alma são a aparência das coisas reais“ (WEEDWOOD, 2002, p.
descrição da gramática 27). Os estudiosos estoicos acrescentaram à sua pesquisa mais uma etapa entre a fala e a impres-
sânscrita, cuja visão era
são, o conceito (lógos), como sendo uma noção que pode ser expressa por meio da língua.
normativa, Panini tam-
bém utilizou conceitos Também surgiu o léxis, que não tinha que obrigatoriamente ter significados. Com as pesqui-
de transformações e re- sas se aprofundando, os enunciados foram sendo estudados cada vez mais em partes menores.
cursividade (conceitos Platão foi o primeiro a classificar essas partes, numa perspectiva funcional (sintática) e se-
utilizados por Chomsky mântica, e não formal. Ele delimitou a ónoma (nome) correspondente ao sujeito, e a rhema (pala-
no século XX).
vra, frase), ao predicado (verbo mais adjetivo).
Posteriormente, Aristóteles e os estoicos identificaram mais algumas classes, porém pelo as-
pecto formal, como partes do discurso: o sýndesmo (conjunção), unidade não possuidora de caso
e que une o texto, e o arthron (artigo), unidade possuidora de caso, que distingue os nomes em
número e gênero.
Glossário
Lógos: palavra ou
enunciado visto como
uma entidade signi-
ficativa dirigida pelo
pensamento racional.
Léxis: palavra vista
como forma.
Fonte: WEEDWOOD,
Bárbara. História con-
cisa da linguística. São
Paulo: Parábola, 2002.
Figura 1: Resquícios de ►
arquitetura da Grécia
Antiga
Fonte: Disponível em
http://www.saberweb.
com.br. Acesso em 20 de
nov. de 2008.
12
Letras Português - Linguística
Com os sucessivos estudos e pesquisas, essas classes foram ainda mais refinadas: metoché Dica
(particípio), parte do discurso que recebe artigos, casos (nominais) e flexões de tempo (verbais); A noção de lógos
antonomasía ou antonymia (pronome), usada em substituição ao nome; próthesis (preposição) e como um todo que
epírrhema (advérbio). se compõe de partes,
Todas as definições dessas nomenclaturas gramaticais propostas pelos gregos foram pauta- iniciada por Platão, foi
das nos aspectos de significado do enunciado (caráter semântico). completada especifica-
mente por Aristóteles,
Após essa fase da “nomenclatura”, o estudioso Apolônio Díscolo (séc. II d. C.) fez um estudo adquirindo um novo
mais profundo da sintaxe grega e propôs diferentes níveis de linguagem: as mesmas regras de or- significado quando pas-
ganização aplicam-se “às unidades sonoras mínimas, às sílabas, às palavras e, de fato, aos enuncia- sa “a nomear o discurso
dos completos” (WEEDWOOD, 2002, p. 32). As suas ideias tiveram uma participação indireta nos que expressa os juízos”
autores pré-modernos ocidentais em razão de o grego ter sido ignorado pelo Ocidente entre os sé- (NEVES, 1987, p. 62).
culos VI e XV, e o acesso a seus estudos ter se dado por meio de traduções ou adaptações ao latim.
E uma das ideias gramaticais gregas filtrada pelos romanos nesse período é a da “teoria da
frase autossuficiente”, cujo problema de interpretação/tradução fez com se limitassem a estudar
a frase isoladamente. E essa ideia distorcida permanece até os dias de hoje, quando nas gramáti-
cas tradicionais a sintaxe é estudada em frases soltas.
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UAB/Unimontes - 3º Período
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Letras Português - Linguística
Iniciada pelo movimento de ruptura com esse passado, o século XIX viu esboçar uma nova
etapa nos estudos linguísticos, pois viu surgir o estudo científico da língua no mundo ocidental. Glossário
Tal afirmativa será verdadeira, se dermos ao termo científico o sentido que ele geralmente tem Universais linguís-
hoje; foi no século XIX que os fatos da língua começaram a ser investigados com cuidado e obje- ticos: similaridades
tividade e, depois, explicados por hipóteses indutivas. existentes em todas as
O ponto de partida dessa nova fase de investigações linguísticas foi a redescoberta do sâns- línguas do mundo.
crito pelos sábios ocidentais (século XVIII): o conhecimento dessa língua – além de possibilitar (DUBOIS et al, 2001).
facilmente, pelo menos em certos casos, a análise da palavra em seus elementos constituintes
– dava acesso à obra dos gramáticos hindus, tesouro de observações preciosas, particularmente
instrutivas no tocante à classificação dos fonemas e à teoria da raiz da formação das palavras. Aí
podemos reconhecer as sementes das futuras pesquisas estruturalistas nos domínios da ciência Dica
da linguagem. O linguista Wilhelm von
E o estabelecimento do parentesco do sânscrito com o latim, o grego e as línguas germâ- Humboldt, além de rea-
nicas, pelo inglês William Jones, constituiu o primeiro impulso ao desenvolvimento do estudo lizar investigações his-
tórico-comparativas, é
comparativo e histórico das línguas. reconhecido como sen-
Jones declarou que o sânscrito mostrava, em relação ao latim e ao grego, tanto nas raízes do o primeiro linguista
dos verbos como nas formas gramaticais, uma afinidade tão grande que não seria possível consi- europeu a identificar
derá-la casual: tão forte, em verdade, que nenhum linguista poderia examiná-la sem crer que se a linguagem humana
tinham originado de uma fonte comum que talvez não mais exista. como um sistema
governado por regras, e
Outro grande nome desse período foi Bopp, que publicou em 1816 o seu Sistema de conju- não simplesmente uma
gação do sânscrito em comparação com o grego, latim, persa e germânico, reunindo as provas coleção de palavras e
indiscutíveis do parentesco de tais línguas e fundando, ao mesmo tempo, a gramática compara- frases acompanhadas
da das línguas indo-europeias. de significados (língua
Partindo, geralmente, do sânscrito, Bopp segmentou as palavras e mostrou sua variedade como atividade dinâmi-
ca e mental). Essa ideia
de combinações, expôs suas transformações sofridas e esforçou-se por buscar-lhes a origem. é uma das bases da
Seu objetivo básico era chegar à origem, não por especulações filosóficas, mas pela comparação teoria da Linguagem de
dessas formas em seu arranjo histórico. Vê-se, assim, que o seu método foi o indutivo. Com isso, Noam Chomsky.
Bopp compreendeu que as relações entre as línguas de uma mesma família podiam converter-se Fonte: Disponível em
em matéria de uma ciência autônoma e, ainda mais, que o estudo do desenvolvimento histórico http://pt.wikipedia.org.
Acesso em 20 de nov.
de uma língua e seu parentesco com outras não podia ser feito pela mera coincidência de al- 2008
guns termos isolados, mas pela observação metódica da constituição gramatical da(s) língua(s)
em questão.
Jacob Grimm, outro nome a ser acrescentado aos dos promotores da gramática comparada,
dedicou-se ao estudo dos dialetos germânicos e publicou pesquisas pormenorizadas sobre a his-
tória fonética dos falares germânicos.
Grimm observou, por exemplo, que as línguas germânicas tinham frequentemente:
Tal descoberta, denominada mutação consonântica, foi importante, pois constituiu o pri-
meiro modelo das leis fonéticas, que traduziu a regularidade das transformações fonéticas da lin-
guagem.
Assim, a gramática passou a ser estudada como um conjunto de fatos e fundamentada em
uma visão empírica; não atrelada a uma base lógica.
Nessa nova dinâmica instalada, surgiram muitos estudos sob o fulcro da gramática históri-
co-comparativa que alavancaram a investigação da língua, agora entendida como objeto cien-
tífico. Porém, apesar de prevalecer nessa época a abordagem histórico-comparativa, alguns
linguistas defendiam a ideia de que, paralelamente ao estudo evolutivo da língua, deveria se es-
tabelecer um estudo descritivo da língua.
Assim, Saussure (2001), com a obra Cours de Linguistique Générale, impôs uma visão me-
nos estática e diacrônica (histórica), portanto, mais sincrônica da língua. Surgiu, então, a Escola
Estruturalista, focada no estudo descritivo do sistema linguístico, a qual abordaremos na próxima
Unidade 2. A partir daí, os estudos linguísticos afastaram-se da trilha aberta por Aristóteles.
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UAB/Unimontes - 3º Período
Dica
No período histórico-
comparativo, as investi-
Referências
gações linguísticas pau-
tavam-se na história ARNAULD e LANCELOT. Gramática de Port-Royal. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
das línguas (diacrôni-
cas), ou seja, analisa- BARROS, João de. Grammatica da lingua portuguesa. Organizada por José Pedro Machado, 3.
vam as relações entre ed. Rio de Janeiro: s/d, 1557.
os termos sucessivos
que se substituem uns DUBOIS, Jean et al. Dicionário de linguística. 8. ed. São Paulo: Cultrix, 2001.
aos outros no tempo e
os comparavam entre LYONS, John. Linguagem e linguística: uma introdução. Rio de janeiro: LTC, 1979.
as línguas.
Além disso, na última NEVES, Maria Helena Moura. A vertente grega da gramática tradicional. São Paulo: Hucitec,
parte do século XIX,
alguns jovens linguis- 1987.
tas, os Neogramáticos,
decidiram que dispu- SAUSSURE, Ferdinand. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 2001.
nham de evidência
suficiente para declarar WEEDWOOD, Bárbara. História concisa da linguística. Trad. Marcos Bagno. São Paulo: Parábola,
que a mudança foné- 2002.
tica é invariavelmente
regular – isto é, que
um determinado som,
em um determinado
ambiente numa deter- Sites:
minada língua sempre
muda da mesma forma
(leis fonéticas regulares http://pt.wikipedia.org/wiki/Lingu%C3%ADstica_hist%C3%B3ricocomparativa Acesso em: 20 de
- fixas). Para as mudan- nov. de 2008.
ças sonoras que cons-
tituíam exceções às http://purl.pt Acesso em: 20 de nov. de 2008.
leis fonéticas regulares
(analogias), propuse- http://viatgeixarxa.blogspot.com Acesso em: 20 de nov. de 2008.
ram que se davam em
razão de associações http://www.saberweb.com.br Acesso em: 20 de nov. de 2008.
estabelecidas pelo ho-
mem entre formas dis- http://mundoestranho.abril.com.br Acesso em: 20 de nov. de 2008.
tintas que interfeririam
no desenvolvimento
natural do sistema so-
noro, contrariando uma
lei fonética regular.
Fonte: Disponível em
http://pt.wikipedia.org/
wiki/Lingu%C3%ADs-
tica_hist%C3%B3rico-
comparativa. Acesso
em 20 de nov. 2008
16
Letras Português - Linguística
UNIDADE 2
Movimentos linguísticos do século
XX: polo formalista
2.1 Introdução
Na segunda unidade deste Caderno Didático, continuaremos a discussão sobre a lingua- DICA
gem, porém na visão da Linguística Moderna, ciência que investiga a linguagem verbal humana/
língua, e seus efeitos para a compreensão da prática comunicativa. A ciência que investi-
ga os signos em geral
Como, no século XX, houve dois grandes polos de propostas de investigação linguística: o (linguagem verbal e
polo formalista, que analisa a linguagem verbal/língua em si mesma, desvinculada de fatores não verbal) é denomi-
não linguísticos, e o polo pragmático, que considera as condições de uso da linguagem verbal nada de Semiologia
em situações reais de uso, nesta Unidade 2, abordaremos, especificamente, os movimentos lin- (segundo Saussure) ou
guísticos entendidos como Estruturalismo e Gerativismo, os quais constituem o polo formalista Semiótica (segundo
Sanders Pierce).
de investigações da linguagem. Evidenciaremos tanto em que consistem suas propostas, como Daí a Linguística ser
os pontos divergentes/convergentes e os posicionamentos tomados. parte dessa ciência
Essa segunda unidade foi estruturada a partir das seguintes subunidades: mais abrangente,
já que se propõe a
• Polo formalista investigar apenas a
linguagem verbal oral
• Estruturalismo ou escrita.
• Estruturalismo europeu
• Estruturalismo funcionalista
• Estruturalismo norte-americano
• Gerativismo
Figura 4: Ferdinand
Saussure
Fonte: Disponível em
17
UAB/Unimontes - 3º Período
2.3 Estruturalismo
2.3.1 Estruturalismo Europeu
Segundo Saussure, (2001) a língua (langue) é ao mesmo tempo um sistema de valores que se
opõem uns aos outros e um conjunto de convenções necessárias adotadas por uma comunidade
linguística para se comunicar. Ela está depositada como produto social na mente de cada falante de
uma comunidade, que não pode criá-la, nem modificá-la; é, pois, de natureza homogênea.
A fala (parole) é a realização, por parte do indivíduo, das possibilidades que lhe são ofereci-
das pela língua. É, pois, um ato individual e momentâneo em que interferem muitos fatores ex-
tralinguísticos e se fazem sentir a vontade e a liberdade individuais, portanto, heterogênea.
Mesmo que tenha reconhecido a interdependência entre língua e fala, Saussure considerou
como objeto da Linguística a língua – por seu caráter homogêneo – procurando não só entendê
-la, mas também descrevê-la do ponto de vista de sua estrutura interna.
Segundo Alkimim,
“É Saussure quem define a língua, por oposição à fala como o objeto central
da Linguística. Na visão do autor, a língua é o sistema subjacente à atividade
da fala, mais concretamente, é o sistema invariante que pode ser abstraído das
múltiplas variações observáveis da fala. Da fala se ocupará a estilística ou, mais
amplamente, a Linguística Externa. A Linguística, propriamente dita, terá como
tarefa descrever o sistema formal, a língua. Inaugura-se, assim, a chamada abor-
dagem imanente da língua, que, em termos saussurianos, significa afastar ‘tudo
o que lhe seja estranho ao organismo, ao seu sistema” (ALKIMIM, 2001, p. 23).
Para Saussure (2001, p. 96), “é sincrônico tudo quanto se relacione com o aspecto estático
da nossa ciência”, ou seja, esse ponto de vista vê a língua como uma estrutura cujos elementos
constitutivos se opõem; “diacrônico tudo o que diz respeito às evoluções”, ou seja, analisa as mu-
danças que ocorrem nas línguas através do tempo. “Do mesmo modo, sincronia e diacronia de-
signarão, respectivamente, um estado de língua e uma fase de evolução.”
Nessa perspectiva, o estruturalismo proposto por Saussure não apenas apontou as diferen-
ças entre essas duas formas de investigação, mas, sobretudo, priorizou o estudo sincrônico. Ou
seja, para Saussure, o linguista deve estudar, principalmente, o sistema da língua, observando
como se configuram as relações internas entre seus elementos em um determinado momento
18
Letras Português - Linguística
do tempo. Esse tipo de estudo é possível porque os falantes não possuem informações acerca
da história de sua língua e não precisam ter informações etimológicas a respeito dos termos que
utilizam no dia a dia: para os falantes, a realidade da língua é seu estado sincrônico.
As relações entre os elementos linguísticos, segundo Saussure, podem ocorrer em dois do-
mínios distintos, mas que se completam. Essas relações dependem de uma seleção (escolhe-se
um elemento em detrimento de outros que poderiam ocupar um mesmo ponto do enunciado)
desses elementos e, ao mesmo tempo, de uma combinação entre os elementos selecionados.
Dessa maneira, podemos dizer que a linguagem possui dois eixos: um eixo paradigmático (sele-
ção) e um eixo sintagmático (combinação).
Nesse exemplo, temos, na vertical, o eixo paradigmático (com as palavras que poderíamos
selecionar para ocupar as posições indicadas) e, na horizontal, o eixo sintagmático (com as com-
binações estabelecidas entre as palavras selecionadas):
Eixo sintagmático
-------------------------------------------------------------→
eixo paradigmático
Eu Amo José.
Saussure (2001) afirmou que o signo linguístico é arbitrário, ou seja, não há relação necessá-
ria (natural) entre o seu significante e o seu significado, pois é convencionado por um grupo so-
cial, não cabendo a um indivíduo alterá-lo. Isso é comprovado pela diversidade das línguas (em
português, temos o significante casa e, em inglês, house para o significado moradia), isto é, em
sociedades diferentes, as convenções linguísticas dos grupos sociais são, também, diferentes.
19
UAB/Unimontes - 3º Período
Propôs, além disso, que o significante é linear, uma vez que os sons (psíquicos) ocorrem um
após o outro, sucessivamente, em forma de linha.
Entre outros, esses são pressupostos linguísticos do pensamento saussuriano, os quais figu-
ram como alicerce da linguística estrutural.
A propensão a analisar a língua do ponto de vista de uma unidade encerrada em si mes-
ma, como uma estrutura sui generis, também esteve presente no Grupo Copenhague que teve
Hjelmslev à frente. Assim considerada, a língua apresenta um caráter abstrato e estático, já que é
dissociada do ato comunicativo.
A Escola de Copenhague focalizou o aspecto formal das línguas, deixando sua função num
plano secundário. Ou seja, essa escola adotou a concepção saussuriana de língua como um siste-
ma autônomo e, através de Hjelmslev, desenvolveu uma teoria chamada de Glossemática, apro-
fundando principalmente os conceitos de forma e substância (expressão e conteúdo).
Hjelmslev, partindo do princípio de que a língua é uma estrutura, isto é, uma entidade de
dependências internas, construiu uma teoria que se realiza numa rede abstrata de inter-relações.
O expediente de análise utilizado é o da comutação aplicável tanto ao plano da expressão (subs-
tância fônica) como ao plano do conteúdo (substância semântica), admitindo-se que há o mes-
mo tipo de relações operando nesses dois planos. As unidades são isoláveis pela comutação, mas
são definidas formalmente, isto é, por meio de relações combinatórias. Nesse ponto, o tratamen-
to é puramente dedutivo.
Sabe-se que, durante a primeira metade do século XX, privilegiando diferentes aspectos das
ideias de Saussure, surgiram na Europa, não apenas a Escola de Copenhague, mas também a Es-
cola de Genebra e a Escola de Londres, as quais não se limitaram ao estudo meramente formal,
adotando a visão de que a língua devia ser vista como um sistema funcional, no sentido que é
utilizada para um determinado fim: a comunicação; ao contrário da Escola de Copenhague.
20
Letras Português - Linguística
a linguagem é um sistema de sinais que funciona como um instrumento por meio do qual os
indivíduos se comunicam: (i) função cognitiva, consiste no emprego da linguagem, objetivando
a transmissão de informação factual; (ii) função expressiva, relaciona-se à disposição de ânimo Glossário
(vontade) ou atitude do locutor (ou escritor); (iii) função conativa (ou instrumental), voltada para Teoria distribuciona-
o uso calcado em influenciar a pessoa a quem se dirige a fala ou quais as estratégias linguísticas lista: teoria que propõe
a serem empreendidas para provocar determinado efeito de sentido. que os enunciados de
uma língua são cons-
Essas funções foram repensadas por Jakobson, que ampliou o quadro para seis funções: tituídos de elementos
emotiva, conativa, referencial, fática, metalinguística e poética, apresentando um inter-relaciona- que se acham em posi-
mento entre as funções da linguagem e os elementos de comunicação. Essa sua proposta tor- ções particulares com
nou-se o mais divulgado esquema do processo de comunicação linguística. relação aos outros.
Outra colaboração importante da Escola de Praga foi, sob seu ponto de vista funcional, dis-
tinguir Gramática e Estilística, destacando-se, neste aspecto, Vilem Mathesius, que desenvolveu
o estudo da perspectiva oracional funcional, mostrando maneiras diferentes pelas quais uma lín-
gua é capaz de manifestar suas funções: por meio de uma estruturação dada pelo padrão grama-
tical (estrutura formal) ou de uma estruturação portadora de informação do enunciado.
Nesse período, temos, ainda, André Martinet (1970), linguista que, com interesse em uma
linguística mais prática e fácil de ser compreendida, formulou a dupla articulação da linguagem.
Segundo ele, toda língua natural possui dos níveis de oposição - a uma primeira articulação, re-
presentada por unidades significativas (morfemas), acrescenta-se uma segunda articulação, de
unidades distintivas (fonemas).
21
UAB/Unimontes - 3º Período
2.4 Gerativismo
As ideias de Saussure (2001) tiveram grande repercussão e marcaram uma nova fase da his-
tória da Linguística. Entretanto, já na segunda metade do século XX, iniciou-se nos Estados Uni-
dos uma reação ao estruturalismo tradicional, visto como essencialmente limitado à análise de
dados observáveis e de objetivos quase sempre taxionômicos. Essa reação ganhou força e foi en-
cabeçada por Chomsky com a publicação da obra intitulada Syntactic Structures (1957).
Chomsky se posicionou contra o Estruturalismo em razão de a gramática estrutural se pau-
tar na fragmentação dos enunciados, restringindo-se à estrutura superficial, a um corpus, logo,
desconsiderando a capacidade do falante de produzir sentenças.
Syntactic Structures (1957) é a obra em que Chomsky descreve a base da chamada gramá-
tica gerativo-transformacional, cujo objetivo foi explicar a capacidade criadora que permite ao
falante nativo produzir (ou gerar) e compreender um número infinito de frases a partir de um
conjunto finito, a maioria das quais nunca ouviu ou emitiu antes (fato já observado por Hum-
boldt, no século XIX).
O programa gerativista reflete sobre os mecanismos internos envolvidos no pensamento e
na ação humana, pois assumem que a linguagem deve ser entendida como um órgão - compo-
nente do cérebro -, cujo caráter básico é um reflexo dos genes. Interessa-lhes os aspectos inatos
22
Letras Português - Linguística
Ressalta-se que a abordagem gerativa calcada no aspecto biológico não contraria a relevân-
cia do fator social e interacional no processamento da linguagem, pois, como se sabe, cada ser
utiliza a linguagem de forma particular, sob a influência do meio social em que está inserido. Po-
de-se afirmar, consequentemente, que a linguagem, ao mesmo tempo em que está relacionada
a um órgão natural, garante, à medida que novos dados são incorporados em sua constituição, a
singularidade do sujeito. Salienta-se, no entanto, que a abordagem gerativista foca-se no aspec-
to natural (língua interna) e não no social (língua externa) da linguagem, pois, segundo Chomsky
(2005, p. 121), “sem estrutura inata não há efeito do ambiente externo no processo de incremen-
tação da língua (ou outro)”.
Para os gerativistas, só é possível saber uma língua, se a priori tivermos uma representação
mental (abstrata) do procedimento gerativo. Glossário
Determina-se como língua-I esse procedimento gerativo, que se trata de uma propriedade Língua-I (internali-
do cérebro/mente. Segundo Chomsky (2005, p. 66), língua-I é “um elemento de estados transitó- zada): competência
linguística
rios da faculdade da linguagem relativamente estável” e “cada expressão linguística (de) gerada”
por ela “inclui instruções para os sistemas de desempenho nos quais a língua-I está inserida”.
Essa mudança de prisma do programa gerativista, em relação ao Estruturalismo, consiste,
mais especificamente, em não focar o estudo da língua-E (língua externa) e, sim, da língua-I (es-
tudo da língua representada na mente/cérebro).
23
UAB/Unimontes - 3º Período
Figura 7: O cérebro e as
Assim, a perspectiva gerativista caracteriza-se pelo reconhecimento de estruturas inerentes
funções orgânicas às operações mentais, princípios inatos na aprendizagem da linguagem. Ao considerar os está-
Fonte: Disponível gios da faculdade da linguagem, propõe que há o estado inicial, definido geneticamente, e que,
em http://www.guia. ao longo do seu desenvolvimento, passa por várias etapas até chegar a um estado relativamente
heu.nom.br/fun%- estável, propício a poucas mudanças, exceto quanto ao léxico. Isso, então, evidencia que as lín-
C3%A7oes_o_cerebro.
htm. Acesso em 27 de nov. guas são muito semelhantes e que suas diferenças são apenas marginais. Tal posição contradiz a
2008 proposta empirista, que defende o papel preponderante da experiência e do controle de aspec-
▼ tos ambientais na aprendizagem.
Ora, buscando construir uma teoria mais
abrangente, que explique não apenas as es-
truturas superficiais, mas também as estrutu-
ras profundas da língua, Chomsky se reapro-
xima da Filosofia, pois vê a necessidade de
estabelecer universais linguísticos, e chega
à conclusão de que as teorias racionalistas
são as capazes de explicar a faculdade hu-
mana da linguagem. Assim, embora partin-
do de Saussure e aproximando-se das ideias
de Humboldt, Chomsky liga-se, também, aos
princípios norteadores das gramáticas gerais
e, portanto, à doutrina de Port-Royal, que, ape-
sar de baseada em Descartes, conserva, como
já foi dito, alguma influência do pensamento
aristotélico.
Podemos dizer que os linguistas gerativo-
transformacionalistas, conforme Silveira (1998,
p. 139), progridem em relação à visão estrutu-
ralista, na medida em que procuram explicar
a linguagem humana pela noção de produ-
tividade; contudo, numa visão unidisciplinar,
Glossário propõem-se a buscar a gramática da competência linguística (conjunto finito de regras capaz de
Desempenho (per- gerar, transformar, e supervisionar um conjunto infinito de orações) de um falante ideal, mas não
formance): uso dessas real, permanecendo, assim, no plano abstrato por terem desprezado a língua em uso.
regras linguísticas inter- Apesar de suas limitações, não se pode deixar de reconhecer a apreciável contribuição me-
nalizadas, resultado da todológica do Estruturalismo: ampliou o conhecimento das mais diversas estruturas linguísticas,
competência linguística
do falante e de outros aperfeiçoou técnicas de coleta e de controle de dados e demonstrou como certas estruturas são
fatores, tais como passíveis de um estudo mais abstrato e generalizante; por sua vez, a teoria gerativa estimula as
convenções sociais, discussões mais amplas a respeito da natureza intrínseca da linguagem e dos traços fundamen-
atitudes, crenças, etc. tais que deverão/deveriam compor uma gramática universal. Isto é, essas duas tendências se
Estrutura profunda: completam, pois os linguistas formalistas (estruturalistas e gerativistas) limitaram os seus estu-
segundo a gramática
gerativa, é o primeiro dos à língua em si mesma e por si mesma e excluíram as variadas implicações que são inerentes
elemento, na produção ao uso da língua, ou seja, aspectos como o lugar e o momento da ocorrência, o envolvimento do
de uma dada frase, falante e do ouvinte, as suas características, as suas interpretações, o espaço de interação entre
que contém todos os os interlocutores, os aspectos sociais; enfim, não contemplaram em seus estudos o homem na e
dados semânticos, isto pela linguagem.
é, o próprio sentido da
mensagem (NIVETTE, Segundo Orlandi (2009, p. 48), “os recortes e exclusões feitos por Saussure e por Chomsky
1975, p. 43). deixam de lado a situação real de uso (a fala e o desempenho) para ficar com o que é virtual e
Estrutura superficial: abstrato (a língua e a competência)”.
segundo a gramática Muitos linguistas, contudo, passaram a voltar sua atenção para a linguagem enquanto ativi-
gerativa, é o último dade e, portanto, para as relações entre a língua e seus usuários e para as ações que se realizam
elemento no processo
transformacional da quando se usa a língua em determinadas situações de enunciação. Assim, pouco a pouco, vai
frase, representado por ganhando terreno a linguística pragmática, a qual estuda os fatores que regem nossas escolhas
um indicador sintag- linguísticas na interação social e os efeitos de nossas escolhas sobre as pessoas, assunto sobre o
mático, ao qual, porém, qual falaremos na próxima Unidade.
todas as regras já se
aplicaram (NIVETTE,
1975, p. 43).
24
Letras Português - Linguística
Referências Glossário
Racionalismo carte-
siano: doutrina que
ALKMIM, Tânia. Sociolingüística. In: MUSSALIM Fernanda; BENTES, Anna Christina (orgs). Introdu- atribui à Razão humana
ção à lingüística: domínios e fronteiras. vol. 1. Ed. São Paulo: Cortez, 2001. a capacidade exclusi-
va de conhecer e de
BLOOMFIELD, Leonard. Language. London: George Allen e Unwin Ltd, 1933. estabelecer a Verdade.
Opõe-se ao empirismo,
CARVALHO, Castelar de. Para compreender Saussure. Rio de Janeiro: Vozes, 2000. colocando a Razão
independente da expe-
CHOMSKY, Noam. Syntatic structures. The Hague: Mounton, 1957. riência sensível, ou seja,
rejeita toda interven-
. Aspects of the theory of syntax. Cambridge: MIT Press, 1965. ção de sentimentos,
somente a Razão.
. Novos horizontes no estudo da linguagem e da mente. Trad. Marco Antônio Fonte: Disponivel em
Sant’Anna. São Paulo: Ed. UNESP, 2005. http://www.infoescola.
br.
ILARI, Rodolfo. Perspectiva funcional da frase portuguesa. 2. ed. Campinas: Unicamp, 1992.
MARTELOTTA, Mário Eduardo et al. Manual de linguística. São Paulo: Contexto, 2008.
NEVES, Maria Helena Moura. A gramática funcional. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
NIVETTE, Joseph. Princípios de gramática gerativa. Tradução de Nilton Vasco da Gama. São
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PIETROFORTE, Antonio Vicente. A língua como objeto da linguística. In: FIORIN, Luiz José et al.
Introdução à linguística. v. 1. São Paulo: Ed. Contexto, 2002.
SAPIR, Edward. A linguagem: introdução ao estudo da fala. Rio de Janeiro: Acadêmica, 1971.
SILVEIRA, Regina Célia P. Leitura: produção interacional de conhecimentos. In: BASTOS, Neusa B.
(Org.). Língua portuguesa: história, perspectiva, ensino. São Paulo: IP – PUCSP/EDUC, 1998.
WEEDWOOD, Bárbara. História concisa da linguística. Trad. Marcos Bagno. São Paulo: Parábola,
2002.
Sites
25
Letras Português - Linguística
UNIDADE 3
Movimentos linguísticos do século
XX: polo pragmático
3.1 Introdução
Mantendo nosso objeto de estudo, a linguagem verbal humana, voltaremos nosso olhar,
nesta Unidade 3, para a segunda tendência de investigações linguísticas do século XX, o polo
pragmático, cujas pesquisas se pautam, segundo Martelotta et al (2008, p. 88), na análise das
“condições de uso da língua em situações reais de comunicação, ou seja, o momento em que se
põe em evidência a chamada competência comunicativa ou pragmática, considerando agora as
relações entre forma e função, entre os fatores gramaticais e sociais.”
Esta terceira unidade está estruturada da seguinte maneira:
• Polo pragmático
• Funcionalismo
• Teoria dos atos de fala
• Pragmática
• Linguística textual
• Análise da conversação
• Análise do discurso
• Sociolinguística
• Neurolinguística
• Psicolinguística
3.3 Funcionalismo
dos usos linguísticos
nas situações de comu-
nicação.
Essa vertente tem raízes antigas. Mas, também, retoma as ideias propostas pelos estru-
turalistas funcionalistas e as desenvolve de uma maneira incrível. De um modo geral, pode-
se afirmar que o funcionalismo reflete uma oposição ao estudo da forma linguística (fono-
logia, morfologia, sintaxe e semântica), proposto pelas teorias formalistas (Estruturalismo e
Gerativismo), ao investigar as funções que essa forma desempenha na comunicação diária
(DILLINGER, 1991).
27
UAB/Unimontes - 3º Período
28
Letras Português - Linguística
Quando se propôs a discutir a materialidade e a historicidade das palavras, Austin (1990) re-
fletiu sobre a possibilidade de se elaborar uma teoria que explicasse construções interrogativas,
exclamativas, sentenças que expressassem comandos, desejos e concessões. Glossário
Noções interessantes propostas por Austin foram os enunciados performativos (realizam Pragmática: estudo da
ações, a partir do dizer) e os enunciados constativos (realizam uma afirmação, falam de algo). relação dos usuários da
linguagem com a lin-
Austin propôs, ainda, níveis de ação linguística que atuam simultaneamente no enunciado: guagem (GUIMARÃES,
1983, p. 15).
• atos locucionários (dizem alguma coisa);
• atos ilocucionários (refletem a posição do/a locutor/a em relação ao que ele/a diz);
• atos perlocucionários (produzem certos efeitos e consequências sobre os/as alocutários/as,
sobre o/a próprio/a locutor/a ou sobre outras pessoas).
Essa nova teoria, ao conceber a linguagem como forma de ação, não analisa a sentença, a
estrutura da frase, mas sim o ato de fala, o uso da linguagem em determinada situação, junta-
mente com seus efeitos e consequências.
3.5 Pragmática
A Pragmática foi definida, em um momento inicial, como a ciência do uso linguístico, ou
seja, ciência que analisa o uso concreto da linguagem, considerando os seus usuários e as condi-
ções que dominam essa prática comunicativa.
Ao se voltar para os estudos da fala, a língua em uso social, considerando as inovações e situa-
ções criativas no processo de uso da linguagem, a Pragmática opõe-se às propostas formalistas.
Na Pragmática, há que se destacar os estudos de Mey (1985), que discute o papel da lin-
guagem na sociedade e aborda o conceito de manipulação linguística, segundo o ponto de vista
marxista; as contribuições de Austin, na sua proposição sobre os atos de fala, conceito entendido
como a relação entre o que se diz e o que se faz; a ampliação dos estudos de Austin por Émile
Benveniste, ao classificar os atos de fala (ordenar, comandar, decretar, etc.); o francês Ducrot; e o
americano Grice.
Alguns desses estudiosos que, inicialmente, estavam inseridos nos estudos da Pragmática,
com o desenvolvimento de suas pesquisas, migraram para outros campos de investigação.
29
UAB/Unimontes - 3º Período
O objeto de estudo, nos três momentos propostos pela autora, foi assim situado.
No primeiro momento, o objeto de indagação não foi o texto em si mesmo, mas os tipos de
ligação entre enunciados em uma série de enunciados - pesquisa transfrástica.
Nesse sentido, colocou-nos Conte que a maior parte das pesquisas transfrásticas diz respei-
to às relações referenciais em particular, à identidade referencial ou correferência, considerada
como constitutiva da coerência de um texto: vários constituintes linguísticos denotam uma úni-
ca entidade (referência).
Entretanto, ao analisar a noção de coerência tal como foi proposta nesse momento, limita-
da à questão da correferência, Conte destacou que a abordagem textual proposta sob essa ótica
não dá conta de outros fatores também responsáveis pela coerência textual e assim resume esse
momento:
Conte (1977) apontou como responsáveis pelo desenvolvimento dos principais modelos da
Gramática Textual, Van Dijk (1972), Rieser e Petöfi (1973), cujos modelos compreenderam três ca-
racterísticas: um quadro teórico gerativo, instrumentos conceituais e operativos da lógica e a in-
tegração da gramática dos enunciados na gramática textual.
Abandonou-se, pois, o método ascendente – da frase para o texto. É a partir da unidade
mais hierarquizada – o texto – que se pretende chegar, por meio da segmentação, às unidades
menores.
Segundo Conte, o terceiro momento referiu-se ao tratamento do texto em seu contexto
pragmático e, nesse âmbito, a pesquisa se estende do texto ao contexto, ou, no dizer de Petöfi
(1973), “do co-texto (regularidade interna ao texto) ao contexto (conjunto de condições externas
ao texto, da produção do texto, de sua recepção, de sua interpretação)”.
Fávero e Koch (1983, p.15), ao se referirem a esse terceiro momento da Linguística Textual,
destacaram que, “para o surgimento das teorias de texto, contribuíram, de maneira relevante, a
teoria dos atos de fala, a lógica das ações e a teoria lógico-matemática dos modelos”.
Afirmaram, ainda, as autoras que a abertura da Linguística à Pragmática propiciou posicio-
namentos diversos entre os vários autores que desenvolveram seus trabalhos nessa área, desta-
cando, especialmente, as posturas de Dressler e Schmidt.
No que se refere ao trabalho de Dressler, Fávero e Koch enfatizaram que, para ele, a Pragmá-
tica é apenas um componente adicional do modelo de gramática textual preexistente, cabendo-
lhe tão somente dar conta da situação comunicativa na qual o texto é introduzido.
Chega-se, assim, à fase da Teoria do Texto ou da Linguística Textual propriamente dita, que
se propõe a investigar a constituição, o funcionamento, a produção e a compreensão dos textos.
30
Letras Português - Linguística
Os textos passam a ser estudados dentro de um contexto pragmático, isto é, o âmbito de inves-
tigação se estende do texto ao contexto, entendido, de modo geral, como o conjunto de condi-
ções externas – da produção, recepção e interpretação dos textos.
Não se pode deixar de assinalar que, na Europa, a Linguística Textual teve seu impulso inicial, de
maneira implícita ou explícita, com os trabalhos desenvolvidos pelos membros da Escola de Praga,
entre os quais Jakobson. Procedendo à análise dos enunciados, os linguistas dessa escola ressaltaram
a importância da distinção entre tema (ou tópico) e rema (ou comentário), que só se torna admissível,
levando-se em conta um contexto mais extenso que o da frase. Muitas de suas ideias foram posterior-
mente adotadas por outros estudiosos como Halliday e Hasan (1976), cuja obra Cohesion in English
define e explicita o conceito de coesão, básico para os estudos textuais.
Contudo, além dessas investigações já descritas que consideram o texto como objeto de
análise, temos outras propostas, conforme subunidades a seguir.
Além disso, para uma análise da conversação, vários fatores precisam ser considerados, tais
como contexto, relações estabelecidas na interação entre os envolvidos na conversação, tipo de inter-
locutores, tipo de conversação, elementos estruturadores da conversação, aptidão linguística, além de
conhecimento partilhado e domínio das situações sociais vivenciadas pelos interlocutores.
31
UAB/Unimontes - 3º Período
do homem concretiza-se por meio de cada enunciado e reiterou que o processo de interação
verbal constitui realidade fundamental da língua, sendo o interlocutor um sujeito ativo na consti-
tuição do significado.
Outra contribuição importante desse linguista está na concepção do signo como uma en-
tidade dialética, viva e dinâmica; visão diferente em relação a Saussure já que, para este, o signo
advém da análise da língua como sistema sincrônico e abstrato.
Isto é, para Bakhtin (1929), a linguagem é interação social, em que o outro desempenha pa-
pel fundamental na constituição do significado. Além disso, ela é foco da manifestação concreta
da ideologia, pois “a palavra é o signo ideológico por excelência” - produto da interação social.
A linguagem, segundo ele, caracteriza-se pela plurivalência, por isso é o elemento privilegia-
do para a manifestação da ideologia, já que retrata as diferentes formas de significar a realidade,
não podendo ser estudada fora da sociedade, dos processos sócio-históricos, ou seja, seu estudo
não pode ser desvinculado de suas condições de produção, daqueles que a empregam.
Cunhou-se, a partir disso, o termo discurso como o ponto de articulação dos processos ideo-
lógicos e dos fenômenos linguísticos, reconhecido como uma instância que comporta um plano
linguístico e um extralinguístico.
Esse termo discurso é dispersão (formado por elementos que não se relacionam por princípio
de unidade), segundo Foucault (2002), ou seja, um conjunto de enunciados que remetem a uma
mesma formação discursiva, nos seus princípios de regularidades. E a Formação Discursiva (FD)
seria a composição de certa regularidade discursiva, de um sistema comum de temas e teorias.
Foucault considera que “o sujeito é uma função vazia”, isto é, “um espaço a ser preenchido
por diferentes indivíduos que o ocuparão ao formularem o enunciado”, por isso “deve-se rejeitar
qualquer concepção unificante do sujeito” (BRANDÃO, 1988, p. 30).
O discurso é atravessado pela dispersão do sujeito, segundo ele, “em que diversas posições
de subjetividade podem se manifestar”, redimensionando “o papel desse sujeito no processo da
organização da linguagem, eliminando-o como fonte geradora de significações” (IDEM).
O outro termo muito explorado em AD, ideologia, numa abordagem mais ampla, correspon-
de à visão/concepção de mundo de uma determinada sociedade numa determinada circunstân-
cia histórica. O estado dos fenômenos da linguagem e da ideologia é predominante em razão de
se concretizar na linguagem.
A ideologia, para Ricoeur, tem como função geral intervir na interação social. Segundo ele, a
ideologia:
Esses três espaços são atravessados e articulados por uma teoria da subjetividade, cujo cará-
ter é psicanalítico.
3.9 Sociolinguística
Apesar da indiscutível relação entre linguagem e sociedade, há estudos que não privilegiam
essa relação (o polo formalista, por exemplo), o que motiva muitos estudiosos, atualmente, a se
32
Letras Português - Linguística
voltarem para a natureza social, histórica e cultural na observação, descrição e análise do fenô-
meno linguístico.
Glossário
E a Sociolinguística é uma das vertentes linguísticas do polo pragmático que exerce esse Variação: fenômeno
compromisso, tanto que busca contribuições na Etnologia, Psicologia, Sociologia, etc. para eluci- linguístico que corres-
ponde ao fato de as lín-
dar seu objeto de estudo: a língua falada. guas possuírem várias
Essa vertente linguística, que tem como um de seus representantes Labov, propõe-se a formas linguísticas com
analisar a língua em seu uso real, considerando as relações existentes entre língua e sociedade o mesmo significado
(aspectos sociais e culturais da produção linguística), partindo do princípio de que a língua é coexistindo em um
constituída de um conjunto de variedades linguísticas (heterogênea), cujas regras podem variar mesmo tempo.
Mudança: fenômeno
(coexistência de formas linguísticas) e alterar-se com o passar do tempo - características ineren- linguístico que corres-
tes às línguas. ponde ao fato de as lín-
Nesse sentido, a Sociolinguística considera os fatores internos e os fatores externos à língua guas selecionarem uma
que podem interferir nos fenômenos linguísticos. Entende-se por fatores internos os aspectos gra- das diferentes formas
maticais de uma língua: fonético, fonológico, morfológico, sintático e semântico; além do compo- linguísticas coexisten-
tes, em detrimento
nente lexical. Já por fatores externos os aspectos não linguísticos, tais como sexo, faixa etária, grau das outras, em tempos
de escolaridade, posição geográfica, classe social, ocupação, graus de formalidade, etc. diferentes.
Importante frisar que essa vertente consi-
dera a variedade e mudança linguísticas como
fenômenos constitutivos da linguagem, e não
um problema ou desvio da língua, postulados
que, segundo eles, devem ser adotados no en-
sino. ◄ Figura 8: William Labov
Contudo, apesar de a Sociolinguística de- Fonte: Disponível em
http://humanities.sas.
fender que todos os padrões linguísticos de- upenn.edu/Images/08-09_
vam ser trabalhados na escola, sem nenhuma change/Labov.jpg. Acesso
conotação de valor, pertencendo ao professor em 27 de nov.2008
o papel de conscientizar o aluno da necessi-
dade de adequação das formas às exigências
comunicativas, a tradição pedagógica no Bra-
sil ainda supervaloriza a variedade padrão, em
detrimento de outras variedades, na eleição
do correto em oposição ao tido como incor-
reto; ainda idealiza a língua escrita, especial-
mente, do modelo padrão.
3.10 Neurolinguística
Retoma à Antiguidade a preocupação do homem em relação ao cérebro, considerando-o
um órgão relacionado à sensação e à inteligência. Contudo, apenas no período do Iluminismo,
surgiu o interesse pela cognição, em um momento em que a psique deixa de ser considerada um
atributo divino e se torna um atributo humano e, somente no século XIX, o cérebro passou a ser
investigado cientificamente.
Em 1861, o francês Paul Broca descreve os primeiros casos de afasia motora, que afeta a ex-
pressão da linguagem.
No entanto, Gall foi o primeiro, no início
◄ Figura 9: áreas do
do século XIX, a relacionar a “área cerebral le-
cérebro: Broca e
sada“ pela afasia a “manifestações clínicas de Wernicke
pacientes neurológicos”(apud MORATO in Fonte: Disponível em
MUSSALIM e BENTES, 2001, p. 150), introdu- http://wapedia.mobi/
zindo, assim, a linguagem entre as faculdades pt/%C3%81rea_de_Broca.
Acesso em 27 de nov.2008
mentais localizadas no cérebro.
E, na primeira metade do século XX, os
linguistas, acanhadamente, começaram a es-
tudar a afasia, com o objetivo de comprovar
ou testar suas teorias, desenvolvendo pesqui-
sas para se compreender melhor o funcionamento da cognição humana, os métodos diagnósti-
cos e terapêuticos.
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UAB/Unimontes - 3º Período
Jakobson foi o primeiro a dedicar-se a esse estudo, em uma abordagem linguística. Esse lin-
Glossário
guista almejou elaborar uma teoria geral que abordasse aspectos da aquisição, funcionamento,
Área de Broca: parte estrutura e alterações da linguagem.
do cérebro responsável
Segundo Morato,
pela nossa expressão
verbal e escrita. É com
essa parte do cérebro [...] Jakobson ampliou, tendo como pano de fundo o estruturalismo e o fun-
que juntamos as sílabas cionalismo linguístico (sob sua forma mais produtiva, o Círculo Linguístico de
de cada palavra de uma Praga), algumas das ideias de Saussure; no entendimento dos tipos de afasia
forma coerente. descritos e metodologicamente com dicotomias clássicas, estabelecendo dois
Área de Wernicke: par- grandes eixos de relações (simbólicas) projetadas um sobre o outro, duas for-
te do cérebro responsá- mas de organização da linguagem, sintagmático/metafórico (responsável pela
vel pela compreensão combinação de unidades). Essa combinação conferiria unidade linguística ao
e pela escolha das sistema de linguagem (MORATO 2004, p. 157).
palavras que usamos.
Afasia: perturbação da Os estudos de Jakobson serviram de incentivo aos linguistas, que passaram a se interessar
linguagem em que há pelas patologias e, por outro lado, contribuíram para a interface Linguística e Neurociências.
alteração de meca-
Dessa interface, configurou-se a Neurolinguística, que, segundo Caplan (1987), é “o estudo
nismos linguísticos
em todos os níveis, das relações entre cérebro e linguagem, com enfoque no campo das patologias cerebrais, cuja
tanto no seu aspecto investigação relaciona determinadas estruturas do cérebro com distúrbios ou aspectos específi-
produtivo (relacionado cos da linguagem”.
com a produção da Entre tantos interesses, essa área estuda a organização normal ou patológica da linguagem;
fala) quanto interpre-
os efeitos dos estados patológicos do/no funcionamento da linguagem; os processos de inter-
tativo (relacionado
com a compreensão e câmbios de significação, sejam verbais, sejam não verbais, em indivíduos acometidos por pato-
com o reconhecimento logias cerebrais, cognitivas ou sensoriais, tais como afasia, demência, surdez, etc.; os caracteres
de sentidos), causada éticos, sociais e culturais relacionados aos casos patológicos, à cognição; os metadiscursos clíni-
por lesão estrutural co-médicos em relação às patologias e o pensamento sobre as indicações de procedimentos te-
adquirida no Sistema
rapêuticos; a organização discursiva que relaciona linguagem e cognição; os aspectos interativos
Nervoso Central, em
virtude de acidentes das atividades humanas e as condições histórico-discursivas que mobilizam essas atividades, etc.
vasculares cerebrais Porém, mesmo com tanto progresso nessa área, ainda há muitas indagações não respondi-
(AVCs), traumatismos das, principalmente, as relacionadas à atividade cerebral e aos processos da memória, visto que a
crânio-encefálicos (TCE) linguagem e a memória são fenômenos cognitivos muito complexos, que abrangem várias áreas
ou tumores (COUDRY,
cerebrais e distintas operações simbólicas humanas e as associam a experiências da vida em so-
1998 apud MORATO,
2001, p. 154). ciedade, subjetividade, consciência, cultura, arte, ciência, etc.
Fonte: Disponível em
http://drauziovarella.ig.
3.11 Psicolinguística
com.br/ cerebro/pala-
vracerebro.asp. Acesso
27 de nov. 2008
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Letras Português - Linguística
Referências
mações de maneira
independente, havendo
mecanismos de interfa-
ce entre esses módulos;
e a não modularista
ALKMIM, Tânia. Sociolinguística: Parte I. In: MUSSALIM Fernanda; BENTES, Anna Christina (orgs). concebe que não há
Introdução à linguística: domínios e fronteiras. vol. 1. São Paulo: Cortez, 2001. limites definidos entre
os níveis de conheci-
AUSTIN, John Langshaw. Quando dizer é fazer. Tradução de Danilo Marcondes de Souza Filho. mentos linguísticos, e
Porto Alegre: Artes Médicas, 1990. que há trocas ativas de
informações entre esses
BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. Tradução M. Lahud e Y. F. Vieira. 4 ed. São níveis.
Paulo: Hucitec, 1988. (título original, 1929).
BALIEIRO JR, Ari Pedro. Psicolinguística. In: MUSSALIM Fernanda; BENTES, Anna Christina (orgs).
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CAPLAN, D. Neurolinguistics and linguistics aphasiology: an introducti- on. New York: Cam-
bridge University Press, 1987.
COSERIU, Eugênio. Lições de linguística geral. Tradução de Evanildo Bechara. Rio de Janeiro: Ao
Livro Técnico, 1980.
COUDRY, M. I. Diário de Narciso: discurso e afasia. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
DIK, Simon C. The theory of functional grammar. Dordrecht- Holland/Providence RI, 1989.
DIONÍSIO, Ângela Paiva. Análise da Conversação. In: MUSSALIM Fernanda; BENTES, Anna Christina
(orgs). Introdução à linguística: domínios e fronteiras. vol. 2. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2001.
DUBOIS, Jean et al. Dicionário de linguística. 8. ed. São Paulo: Cultrix, 2001.
FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense Fluminense, 2002.
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UAB/Unimontes - 3º Período
MARTELOTTA, Mário Eduardo et al. Manual de linguística. São Paulo: Ed. Contexto, 2008.
MEY, J. L. Whose language? a study in linguistic pragmatics. Amsterdam: John Benjamins, 1985.
MORATO, Edwiges. Psicolinguística. In: MUSSALIM Fernanda; BENTES, Anna Christina (orgs). In-
trodução à linguística: domínios e fronteiras. vol. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2001.
MUSSALIM, Fernanda. Análise do discurso. In: MUSSALIM, Fernanda e BENTES, Anna Christina
(org.). Introdução à linguística: domínios e fronteiras. v. 2. 2. ed. São Paulo: Ed. Cortez, 2001.
NEVES, Maria Helena de Moura. A gramática funcional. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
PETÖFI, J. Towards in empirically motivated grammatical: theorie of verbal texts. In: PETÖFI, J.
e RIESER (org.). 1973, p. 205-275.
VAN DIJK, T. A. Some aspects of text grammar. Mounton: The Hague, 1972.
Sites
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Letras Português - Linguística
Resumo
• Os hindus, embora com objetivos basicamente religiosos, são os primeiros povos a estudar
a língua em si mesma – língua do sânscrito.
• Tendo como ponto de partida a lógica de Aristóteles, os estudos gramaticais gregos, no
mundo ocidental, desenvolveram-se a princípio dentro da Filosofia. A preocupação primor-
dial deles centrava-se no que regia a natureza da língua. Mais adiante, com os sábios ale-
xandrinos, a gramática constituiu-se como disciplina independente; o autor da mais antiga
gramática grega que se conhece, Dionísio da Trácia, assumiu uma pesquisa empírica e nor-
mativa, formulando suas teorias com base no uso de escritores ditos consagrados. Contudo,
os gramáticos especulativos da Alta Idade Média e, mais tarde, os racionalistas dos séculos
XVII e XVIII voltaram a encarar os estudos de língua como um pensamento da Lógica.
• Na Idade Média, aparece a gramática especulativa, que partia do princípio de que a língua
é um espelho que reflete a realidade subjacente aos fenômenos do mundo físico, e tentava
determinar como a palavra se relaciona com a inteligência e com a coisa que ela represen-
ta. Na verdade, sustentavam esses gramáticos que a palavra não representa diretamente a
natureza da coisa significada, mas apenas como ela existe de uma determinada maneira ou
modo: uma substância, uma ação, uma qualidade. Os ideais dessa gramática serão revividos
na França, no século XVII, entre os sábios de Port-Royal quando publicaram sua Grammaire
Générale et Raisonnée para demonstrar que a estrutura da língua é um produto da razão e
que as línguas são apenas variedades de um sistema lógico e racional mais geral.
• A influência e o prestígio dos ensinamentos gregos atingem os romanos, que os assimilam e
os propagam, garantindo uma tradição gramatical que será repensada no século XVII e que
tomará novos rumos a partir do século XIX.
• A tradição gramatical greco-latina prolonga-se no Ocidente por toda a época medieval e
é assimilada na Renascença. A pressão do latim continua, e a filologia é a ciência de maior
prestígio, com o intuito de tornar a literatura mais acessível. Esse espírito transparece não só
nas gramáticas latinas, mas também nas escritas em vernáculo, destacando a Gramática de
Fernão de Oliveira e a Gramática de João de Barros.
• No século XVII, os estudos linguísticos vão reviver as especulações de caráter filosófico.
Assim é que Claude Lancelot escreve em colaboração com Antoine Arnaud uma Grammaire
Géneral et Raisonée, obra que passa a ser conhecida como Grammaire de Port-Royal e cujo
objetivo é estabelecer certos princípios lógicos gerais a que todas as línguas obedeceriam
e, ainda, fornecer explicações lógicas para o seu uso. Nesse contexto, a gramática não é o
manual de um legislador da língua, mas uma disciplina que enuncia as regras pelas quais a
língua se ordena para poder existir. Além disso, para os teóricos de Port-Royal, a gramática
tem uma tarefa complexa: não basta descrever claramente as regras, é preciso explicá-las.
A gramática geral, que transcende todas as línguas, vai, então, marcar o privilégio absoluto
que a gramática latina desfrutava havia séculos.
• No século XVIII, a redescoberta do sânscrito mostrava sua analogia com a maioria das lín-
guas europeias, antigas e modernas. A partir daí, os comparativistas evidenciam que, entre
aquelas línguas, não há mera semelhança, mas um autêntico parentesco, elas podem ser re-
construídas por transformações naturais de uma língua-mãe.
• Na primeira metade do século XIX, desenvolveram-se, na Alemanha, importantes pes-
quisas linguísticas – denominadas de gramática comparada, linguística histórica ou
comparativismo – realizadas por Bopp e Grimm, entre outros, cuja preocupação era com
a história das línguas e com a análise sistemática das correspondências entre as diversas
formas de diferentes línguas.
• Na segunda metade do século XIX, um grupo de linguistas, principalmente alemães – impreg-
nados pelas ideias positivistas da época –, tentou levá-las para a linguística histórica, com a
intenção de renovar a gramática. São os Neogramáticos, para quem a linguística histórica deve
ser explicativa; assim, não se trata apenas de constatar mudanças e evoluções linguísticas, mas
de explicar suas causas – explicação que deve ser positivista, desacreditando-se as outras de
cunho filosófico. Os neogramáticos vão sustentar que, para chegar às causas, é preciso estudar
as mudanças dentro de uma duração limitada: deve-se comparar um estado da língua, isto é,
um momento da evolução linguística abstraído do tempo com outro que o segue.
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Letras Português - Linguística
• Para os estudiosos da AD, o sentido não existe por si, mas vai sendo construído à proporção
que o discurso se constrói e as posições ideológicas vão sendo colocadas nas formações dis-
cursivas.
• A Sociolinguística analisa a língua em seu uso real, considerando as relações existentes en-
tre língua e sociedade (aspectos sociais e culturais da produção linguística), partindo do
princípio de que a língua é constituída de um conjunto de variedades linguísticas (hetero-
gênea), cujas regras podem variar (coexistência de formas linguísticas) e alterar-se com o
passar do tempo - caracteres inerentes às línguas.
• Neurolinguística, segundo Caplan (1987), é “o estudo das relações entre cérebro e lingua-
gem, da investigação no campo das patologias cerebrais, concebendo que determinadas
estruturas do cérebro têm relação com os distúrbios ou aspectos específicos da linguagem”.
• Atualmente, a Psicolinguística trata da questão da realidade psicológica do processamento
da linguagem e do funcionamento da mente humana.
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Letras Português - Linguística
Referências
Básicas
NEVES, Maria Helena de Moura. Gramática. história, teoria e análise, ensino. São Paulo: Contex-
to, 2002.
LYONS, John. Linguagem e linguística: uma introdução. Rio de janeiro: LTC, 1979.
Complementares
ALKMIM, Tânia. Sociolinguística: Parte I. In: MUSSALIM Fernanda; BENTES, Anna Christina (orgs).
Introdução à linguística: domínios e fronteiras. vol. 1. São Paulo: Cortez, 2001.
ARNAULD e LANCELOT. Gramática de Port-Royal. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
AUSTIN, John Langshaw. Quando dizer é fazer. Tradução de Danilo Marcondes de Souza Filho.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
BALIEIRO JR, Ari Pedro. Psicolinguística. In: MUSSALIM Fernanda; BENTES, Anna Christina (orgs).
Introdução à linguística: domínios e fronteiras. vol. 2. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2001.
BARROS, João de. Grammatica da lingua portuguesa. Organizada por José Pedro Machado, 3.
ed. Rio de Janeiro: s/d, 1557.
CAPLAN, D. Neurolinguistics and linguistics aphasiology: an introducti- on. New York: Cam-
bridge University Press, 1987.
CARVALHO, Castelar de. Para compreender Saussure. Rio de Janeiro: Vozes, 2000.
COSERIU, Eugênio. Lições de linguística geral. Tradução de Evanildo Bechara. Rio de Janeiro: Ao
Livro Técnico, 1980.
COUDRY, M. I. Diário de Narciso - discurso e afasia. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
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DIONÍSIO, Ângela Paiva. Análise da conversação. In: MUSSALIM Fernanda; BENTES, Anna Christina
(orgs). Introdução à linguística: domínios e fronteiras. vol. 2. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2001.
FIORIN, Luiz José et al. Introdução à linguística. v. 1. São Paulo: Ed. Contexto, 2002.
FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense Fluminense, 2002.
(título original, 1969).
ILARI, Rodolfo. Perspectiva funcional da frase portuguesa. 2. ed. Campinas: Unicamp, 1992.
MARTELOTTA, Mário Eduardo et al. Manual de linguística. São Paulo: Ed. Contexto, 2008.
MEY, J. L. Whose language? a study in linguistic pragmatics. Amsterdam: John Benjamins, 1985.
MORATO, Edwiges. Psicolinguística. In: MUSSALIM Fernanda; BENTES, Anna Christina (orgs). In-
trodução à linguística: domínios e fronteiras. vol. 2. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2001.
MUSSALIM, Fernanda. Análise do discurso. In: MUSSALIM, Fernanda e BENTES, Anna Christina
(org.). Introdução à linguística: domínios e frontei- ras. v. 2. 2 ed. São Paulo: Ed. Cortez, 2001.
NEVES, Maria Helena de Moura. A gramática funcional. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
NIVETTE, Joseph. Princípios de gramática gerativa. Tradução de Nilton Vasco da Gama. São
Paulo: Livraria Pioneira Ed., 1975.
ORLANDI, Eni Puccinelli. O que é linguística. 2. Ed. São Paulo: Brasiliense, 2009.
PETÖFI, J. Towards in empirically motivated grammatical: theorie of verbal texts. In: PETÖFI, J.
e RIESER (Org.). 1973, p. 205-275.
PIETROFORTE, Antonio Vicente. A língua como objeto da linguística. In: FIORIN, Luiz José et al.
Introdução à linguística. v. 1. São Paulo: Ed. Contexto, 2002.
SAPIR, Edward. A linguagem - introdução ao estudo da fala. Rio de Janeiro: Acadêmica, 1971.
SILVEIRA, Regina Célia P. Leitura: produção interacional de conhecimentos. In: BASTOS, Neusa B.
(Org.). Língua portuguesa – história, perspectiva, ensino. São Paulo: IP – PUCSP/EDUC, 1998.
VAN DIJK, T. A. Some aspects of text grammar. Mounton: The Hague, 1972.
42
Letras Português - Linguística
Suplementares
DUBOIS, Jean et al. Dicionário de linguística. 8. ed. São Paulo: Cultrix, 2001.
LYONS, John. Linguagem e linguística: uma introdução. Rio de Janeiro: LTC, 1979.
Sites
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Letras Português - Linguística
Atividades de
Aprendizagem - AA
1) Comente as ideologias presentes nos enunciados abaixo (charge).
I. Sob a ótica da teoria funcionalista, a língua não deve ser analisada apenas formal e abstra-
tamente, sem levar em conta as relações pragmáticas que fundamentam a interação verbal.
É mister abarcar na análise linguística a produção de interlocutores reais, pois o Funcionalis-
mo percebe a linguagem como um instrumento de interação social entre os seres humanos,
usado com a intenção de estabelecer comunicação.
II. A gramática funcional não despreza o plano da forma, mas procura descrever o funciona-
mento das unidades gramaticais em situações comunicativas concretas.
III. A teoria gerativista, concebendo a linguagem como um objeto autônomo, independente do
uso, interpreta a língua como uma atividade mental.
IV. No polo pragmático, parece que a cientificidade da linguística caminha da teoria para a prá-
tica, ou seja, criado um modelo teórico, busca a prática linguística para adequá-la ao mo-
delo. Se há elementos de interação comunicativa real que possibilitem esse ajuste, são sim-
plesmente ignorados.
A) IV, apenas.
B) I, II e IV, apenas.
C) I e II, apenas.
D) I, II, III e IV, apenas
E) III, apenas.
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UAB/Unimontes - 3º Período
4) Relacione a tirinha abaixo à seguinte afirmação: “o discurso é o jogo polêmico em que as rela-
ções de poder e saber se articulam” e comente.
A sequência CORRETA é
A) 2, 5, 1, 4, 3.
B) 4, 1, 2, 3, 5.
C) 1, 5, 2, 4, 3.
D) 1, 3, 2, 4, 5.
E) 1, 2, 3, 4, 5.
a) Podemos considerar que a enunciação abaixo constitui um texto? E que aspectos linguísticos
dessa charge poderiam ser explorados pelo polo pragmático de investigações linguísticas?
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Letras Português - Linguística
A) III, apenas.
B) II e III, apenas.
C) I e II, apenas.
D) I, apenas.
E) I, II, e III, apenas.
8) Observe os diferentes efeitos de sentidos que podem transcorrer na tirinha abaixo, a partir da
linguagem verbal, não verbal, do seu conhecimento de mundo, conhecimento de contexto situa-
cional, cultura, bem como os objetivos de quem produziu esse texto e descreva-os.
9) O que se quer dizer quando se afirma que se pode fazer investigação linguística tanto de um
ponto de vista sincrônico quanto de um diacrônico? Comente.
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