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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARNHÃO

CENTRO DE ESTUDOS SUPERIOES DE PRESIDENTE DUTRA

CURSO: LETRAS LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURAS DA LÍNGUA


PORTUGUESA

DISCIPLINA: METODOLOGIA DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

DOCENTE: JONH JEFFERSON

RESENHA DESCRITIVA: POR QUE (NÃO) ENSINAR GRAMÁTICA NA ESCOLA

TÁSSIO FERNANDO DE MADEIRA SANTOS

PRESIDENTE DUTRA – MA

2022
POSSENTI, Sírio; Por que (não) ensinar gramática na escola; 97 páginas;
Campinas, SP: Mercado de Letras: Associação de Leitura do Brasil, 1996. (Coleção
Leituras no Brasil)

Sírio Possenti é escritor, pesquisador e professor brasileiro, e um dos mais


respeitados linguistas do Brasil. É licenciado em filosofia pela Universidade Católica
do Paraná e em letras pela faculdade de filosofia, ciências e letras de Ijuí; tem
mestrado e doutorado em linguística pela Universidade estadual de Campinas. Sua
pesquisa é com ênfase na análise do discurso, principalmente nas áreas de humor e
mídia.

O livro Por que não ensinar gramática na escola é sobre o ensino de gramática
na escola, sobre como o aluno recebe esse ensino, como ele é ensinado e por que
não é ensinado da forma correta.

Possenti inicialmente em seu livro apresentava cinco princípio que em sua


visão eram indispensáveis para o ensino de língua portuguesa, ou seja, eram
essenciais para os discentes do curso de letras. Mais tarde esses cinco princípios para
a ser dez, dez teses básicas que foram apresentadas por Possenti.

Sabendo que a norma padrão é a que usada pelas classes mais favorecidas,
logo na primeira parte ele justifica essas dez teses e fala sobre cada uma delas,
começando pelo primeiro princípio que é “O papel da escola é ensinar a língua
padrão”, neste princípio ele fala que é dever da escola ensinar o português padrão e
que pretexto nenhum deve ser usado para justificar o não ensinamento dessa norma,
apesar de que o ensinamento torna-se difícil para as classes menos favorecidas
devido usarem regularmente o português não padrão. O autor ainda critica a visão
que se tem de violência e injustiça em impor a norma padrão para os menos
favorecidos, uma vez que eles só têm a ganharem com a dominação tanto da língua
padrão e não padrão. Possenti termina o primeiro princípio dizendo que ler e escrever
não deveria ser tarefas ou lições de casa, mas sim atividades essências no ensino de
língua e que devem ser pregadas para que tenham mais chances no mercado onde
se faz necessário ter um conhecimento refinado.

O segundo princípio é “Damos aula de quem a quem?” ou “Como nós


pensamos que os seres humanos aprendem? Como os animais, ou de maneira
diferente e específica?”. Os animais aprendem, segundo estudos, por imitação e
repetição, ou seja, executando os mesmos movimentos várias vezes. O autor
questiona se pra ser bom não é através da repetição, como um esportista que se
aperfeiçoa através de exaustivos exercícios. Mas há também a aprendizagem criativa,
como aprender algo apenas por observação e por convivência.

Terceiro princípio “Não há línguas fáceis ou difíceis”, todas a línguas segundo


o autor têm suas complexidades dentro de seus determinados campos. Não há língua
ou dialeto superior ou inferior, o que na verdade existe são diferenças entre eles.

Quarto princípio “Todos os que falam sabem falar”. Aqui se ver presente o
preconceito por parte daqueles que falam a norma padrão ou certos dialetos que se
consideram superiores e julgam de errado os que não falam o português padrão ou
que falam diferente. O autor cita até que aceitamos quem que fala outra língua fale
diferente da gente, mas não aceitamos que alguém da mesma nacionalidade fale um
dialeto diferente. Possenti ainda defende que todos que falam é porque sabem falar.

Quinto princípio é “Não existem línguas uniformes”, ou seja, em todas as


línguas há variedades, dentro da mesma sociedade ou até mesmo dentro da mesma
comunidade existem variações linguísticas. Assim como existem níveis sociais
diferentes e regiões diferentes, existem dialetos diferentes e esses são reflexos
dessas variedades sociais e culturais, assim afirma Possenti.

O sexto princípio é “Não existem línguas imutáveis”, começando pelo latim que
originou o português e outras línguas. O que Possenti diz é que não existe língua que
se preserva totalmente pura, que seja uniforme, pois todas as línguas mudam e que
é indiscutível. Para Possenti não há lógica em ensinar formas arcaicas, tendo como
base literaturas antigas, que não são mais utilizadas, que nem sequer fazem-se
necessárias no cotidiano.

Sétimo princípio é “Falamos mais corretamente do que pensamos”. Possenti


sugere que a melhore o nosso senso crítico e saibamos corrigir melhor. As vezes
julgamos errado alguém por falar diferente da gente, mas que fala igual, mas com
variações linguísticas diferentes. Possenti ainda sugere que os professores
classifiquem os tipos de erros e só então, a partir dessa classificação, passe a contar
quantos erros foram cometidos pelo indivíduo.
Oitavo princípio “língua não se ensina, aprende-se”, um aprendizado contínuo.
Pois a língua não é ensinada, e sim aprendida a partir dos 3 anos de idade
(normalmente), a língua, a fala, vai saindo espontânea fundamentada na observação
aos adultos. Possenti diz que propor tarefas como: “completar, procurar palavras de
um certo tipo num texto, construir uma frase com palavras dispersas, separar sílabas,
fazer frases interrogativas, afirmativas, negativas, dar diminutivos, aumentativos, dizer
alguma coisa vinte ou cem vezes, copiar, repetir, decorar conjugações verbais, etc.
Não ajuda em nada a criança aprender a língua. Por fim, no processo de
aprendizagem fora da escola existe apenas correção, e não reprovação. Na escola o
processo de aprendizagem é um trabalho; falar, ler e escrever são trabalhos que são
corrigidos e rescritos, e sempre esse mesmo processo.

Nono princípio “Sabemos o que os alunos ainda não sabem?”. Se trata de


ensinar o óbvio, ou seja, seguir os programas ou currículos cegamente, ensinar o que
as crianças já sabem? Seguir o currículo sem fazer um diagnóstico do aluno para
saber o que ele sabe ou não, o que é necessário ou não, é ignorar os conhecimentos
prévios dos alunos ou as necessidades deles. A proposta é que os programas e
currículos poderiam ser voltados mais uma avaliação de cada aluno, com o intuito de
ter uma aprendizagem mais efetiva.

Décimo e último princípio “Ensinar língua ou ensinar gramática”, dois campos


diferentes, onde a gramática é as regras da língua. A escola por sua vez tem o dever
se ensinar a língua padrão, isto é, a gramática normativa. Entretanto, o autor ainda
coloca que é possível sim conhecer uma língua sem conhecer suas regras, e em
relação a isso ele fala das séries inicias, na qual ele não vê necessidade de ensinar
regras para quem sequer conhece a própria língua, então ele propõe que se der
importância, igualmente, tanto para gramática quanto para língua, através de estudos
de textos literários e produções textuais, pois nem sempre o ensino de gramática se
faz efetivo.

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